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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS

ESCOLA DE ENFERMAGEM
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM
LINHA DE PESQUISA GESTÃO E EDUCAÇÃO NA SAÚDE E ENFERMAGEM

MODELO DE GESTÃO HOSPITALAR: estudo de caso do


Hospital Risoleta Tolentino Neves
Mestranda: Larissa Lucas Rocha
Orientadora: Prof.ª Dra. Kênia Lara da Silva

Belo Horizonte, 19 de julho de 2022


1- INTRODUÇÃO
Obstáculos/desafios para manutenção
de modelos inovadores de gestão

Gestão em Gestão nos


saúde hospitais

Insuficiência
dos
modelos
tradicionais
de gestão
1- INTRODUÇÃO
Obstáculos/desafios para manutenção
de modelos inovadores de gestão

LACUNA: É recorrente a constatação de que a gestão em saúde ainda está ancorada em métodos e
estratégias tradicionais, oriundas da teoria clássica da administração (LORENZETTI, 2014). Construir
novos modos de fazer gestão na área da saúde, fundadas na participação, práticas cooperativas e
interdisciplinares onde trabalhadores e usuários atuem como sujeitos ativos, permanece como
desafio (SANTOS e SENNA, 2017; BRAVO, PELAEZ e PINHEIRO, 2018).
1- INTRODUÇÃO: pergunta de pesquisa

É fundamental revelar os fatores que impactam no “desalinhamento” entre as


definições macro institucionais e a forma de executar a gestão nas dimensões
meso e micropolítica, com foco no que é definido e praticado.
1- INTRODUÇÃO: pergunta de pesquisa

É fundamental revelar os fatores que impactam no “desalinhamento” entre as


definições macro institucionais e a forma de executar a gestão nas dimensões
meso e micropolítica, com foco no que é definido e praticado.

Como se configura o modelo de gestão do Hospital Risoleta Tolentino Neves?


Quais os elementos intervenientes no modelo de gestão?
2- OBJETIVO

Analisar a configuração do modelo de gestão do Hospital


Risoleta Tolentino Neves na perspectiva dos coordenadores.
3- FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Modelos de
gestão

Hospital: uma
instituição
complexa

Macro, meso e
micropolítica
na gestão
hospitalar
3- FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Conceito
Modelos de
gestão Tipos de gestão: participativa, cogestão, autogestão

Classificação dos modelos de gestão: autoritário, centralizador,


participativo, democrático e compartilhado
3- FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Conceito
Modelos de
gestão Tipos de gestão: participativa, cogestão, autogestão

Classificação dos modelos de gestão: autoritário, centralizador,


participativo, democrático e compartilhado
O cerne está em atender as
necessidades dos usuários, a
partir de um cuidado de
qualidade e centrado na
singularidade dos sujeitos.

Observação: essas denominações são para fins didáticos e de compreensão.


3- FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Hospital: uma
instituição
complexa

(CARAPINHEIRO, 1998;
CECÍLIO e MENDES, 2004;
VENDEMIATTI et al., 2010)
3- FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Hospital: uma Corpo


Corpo
instituição de
especi
geren
cial
complexa
alistas

(CARAPINHEIRO, 1998;
CECÍLIO e MENDES, 2004;
VENDEMIATTI et al., 2010)
3- FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Hospital: uma Corpo


Corpo
instituição de
especi
geren
cial
complexa
alistas

estabelecidas na
micropolítica
Relações
(CARAPINHEIRO, 1998;
CECÍLIO e MENDES, 2004;
VENDEMIATTI et al., 2010)
3- FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Macro, meso e Macro


micropolítica política
na gestão
hospitalar

Meso
política

Micropolítica

Gestão hospitalar operacionalizada em três dimensões interdependentes (CECÍLIO, 2007)


3- FUNDAMENTAÇÃO Macro
TEÓRICA
política

Macro, meso e
micropolítica
na gestão
hospitalar
Meso
polític
a

Conjunto de práticas voltadas ao Micropolítica


planejamento, organização, direção e
avaliação.
(STEPHAN-SOUZA et al., 2006; CHIAVENATO, 2014)

Gestão hospitalar operacionalizada em três dimensões interdependentes (CECÍLIO, 2007)


4- METODOLOGIA
Pesquisa de
abordagem
qualitativa
4- METODOLOGIA
Delineamento
Pesquisa de
metodológico
abordagem
estudo de caso
qualitativa
único holístico
4- METODOLOGIA
Delineamento
Pesquisa de
metodológico Cenário da
abordagem
estudo de caso pesquisa: HRTN
qualitativa
único holístico
4- METODOLOGIA
Delineamento
Pesquisa de
metodológico Cenário da
abordagem
estudo de caso pesquisa: HRTN
qualitativa
único holístico

Participantes da
pesquisa:
coordenadores
do HRTN
4- METODOLOGIA
Delineamento
Pesquisa de
metodológico Cenário da
abordagem
estudo de caso pesquisa: HRTN
qualitativa
único holístico

Participantes da
pesquisa:
coordenadores
do HRTN
4- METODOLOGIA
Definição dos participantes Delineamento
Pesquisa de
Critérioabordagem
de inclusão: 45 coordenadores ativos
metodológico Cenário da
estudo de caso pesquisa: HRTN
qualitativa
Definição da ordem das entrevistas: sorteio único holístico
Teste do roteiro de entrevista

Maioria do sexo feminino


Participantes da
5 médicos, 3 enfermeiros e os demais das categorias da área de saúde ou pesquisa:
educação
coordenadores
A maioria dos entrevistados possui mais de dez anos de atuação no Risoleta, do HRTN
independente da função

Maior tempo de experiência como coordenador: 20 anos

Maior tempo na função de coordenador no Risoleta: 14 anos

Total de entrevistados até a saturação dos dados: 12, sendo oito coordenadores
da área assistencial e quatro da área administrativa
4- METODOLOGIA
Delineamento
Pesquisa de
metodológico Cenário da
abordagem
estudo de caso pesquisa: HRTN
qualitativa
único holístico

Coleta de dados: Participantes da


análise pesquisa:
documental e coordenadores
entrevistas do HRTN
4- METODOLOGIA
Delineamento
Pesquisa de
metodológico Cenário da
abordagem
estudo de caso pesquisa: HRTN
qualitativa
único holístico

Coleta de dados: Participantes da


Análise dos
análise pesquisa:
dados: ADC de
documental e coordenadores
Fairclough
entrevistas do HRTN
4- METODOLOGIA
Delineamento
Pesquisa de
metodológico Cenário da
abordagem
estudo de caso pesquisa: HRTN
qualitativa
único holístico

Período: dez. 2021 e jan. 2022


Coleta de dados: Participantes da
Análise dos
Presenciais: disponibilidade dos entrevistados análise pesquisa:
dados:
e diretrizes para ADC de da covid-19
enfrentamento documental e coordenadores
Fairclough
Não houve recusa em participar da pesquisa entrevistas do HRTN
4- METODOLOGIA
Delineamento
Pesquisa de
metodológico Cenário da
abordagem
estudo de caso pesquisa: HRTN
qualitativa
único holístico

Período: dez. 2021 e jan. 2022


Coleta de dados: Participantes da
Análise dos
Presenciais: disponibilidade dos entrevistados análise pesquisa:
dados:
e diretrizes para ADC de da covid-19
enfrentamento documental e coordenadores
Fairclough
Não houve recusa em participar da pesquisa entrevistas do HRTN

TEXTO

PRÁTICA DISCURSIVA

PRÁTICA SOCIAL
4- METODOLOGIA
Delineamento
Pesquisa de
metodológico Cenário da
abordagem
estudo de caso pesquisa: HRTN
qualitativa
único holístico

Coleta de dados: Participantes da


Análise dos
análise pesquisa:
dados: ADC de
documental e coordenadores
Fairclough
entrevistas do HRTN

Resolução 466/12 e 510/16 do MS


Aspectos éticos
Parecer CEP/UFMG 4.864.748
5- RESULTADOS E DISCUSSÃO

Análise documental
5.1 O PRESCRITO SOBRE O MODELO DE GESTÃO DO
RISOLETA
Documentos Procedimentos para
Escolha dos documentos
institucionais analisados análise
• Coordenador • Cartilha de Gestão de • Leitura livre
Pessoas por
• Coordenação Competências • Leitura crítica

• Líder • Manual de Conduta e • Destaques


Ética
• Gestor • Análise das informações
• Planejamento
• Modelo Estratégico 2016-2020 • Codificação
• Planejamento
• Gestão
Estratégico 2020-2024

• Regimento Interno

• Site
5.1.1 Definição de modelo de gestão no Risoleta
Descrição do modelo localizada em três dos seis documentos analisados.

Tabela 1: Frequência de aparecimento/repetição de palavras e suas variações por tipo de documento


Frequência de
Palavras ou expressão Tipo de documento
aparecimento/repetição
Conjuntamente 18 vezes Regimento Interno
Participar 18 vezes Regimento Interno
Articular 11 vezes Regimento Interno
Regimento Interno (5 vezes)
Site do Risoleta (4 vezes)
Colegiado 11 vezes
Planejamento Estratégico 2020-2024
(2 vezes)
Em conjunto 7 vezes Regimento Interno

Fonte: documentos analisados na pesquisa. Elaborado pela pesquisadora.


5.1.1 Definição de modelo de gestão no Risoleta

Descrever as atribuições ou expectativas do Risoleta em relação aos coordenadores


quanto ao modelo de gestão.

“Elaborar e analisar conjuntamente com as equipes assistencias a definição,


implantação e acompanhamento dos indicadores gerais e específicos de avaliação da
assistência prestada” (REGIMENTO INTERNO HRTN, 2016).

“Participar da padronização e processos de compra e avaliação de equipamentos,


materiais médico hospitalares e medicamentos” (REGIMENTO INTERNO HRTN, 2016).
5.1.1 Definição de modelo de gestão no Risoleta

Conceito adotado pela instituição localizado em dois dos seis documentos analisados.

“... as atividades do hospital integrar-se-ão administrativamente, sob direção geral única,


adotando modelo descentralizado de gestão...” (REGIMENTO INTERNO HRTN, 2016).

“... o Risoleta vem trabalhando para consolidar um modelo de gestão participativa, cujo
principal objetivo é o de promover um processo de democratização institucional,
incorporando o conjunto dos atores (trabalhadores e usuários) na gestão e nos processos
decisórios da Instituição” (SITE HRTN, 2022).
5.1.2 Estratégias para colocar em prática o modelo de
gestão do Risoleta

Conse Planej
Coleg Ou lho amen
iado
Gest vid Local to
de Estrat
or oria Saúde égico
5.1.2 Estratégias para colocar em prática o modelo de
gestão do Risoleta

Conse Planej
Coleg Ou lho amen
iado
Gest vid Local to
de Estrat
or oria Saúde égico

1- Planejar o processo de trabalho


2- Modificar as relações de poder por meio da cogestão
3- Influir sobre a constituição dos sujeitos
(CAMPOS, 2007)
5.1.2 Estratégias para colocar em prática o modelo de
gestão do Risoleta

Conse Planej
Coleg Ou lho amen
iado
Gest vid Local to
de Estrat
or oria Saúde égico

Se constitui um instrumento de apoio a gestão


e fortalecimento do controle social
(CALIARI; RICARDI; MOREIRA, 2022)
5.1.2 Estratégias para colocar em prática o modelo de
gestão do Risoleta

Conse Planej
Coleg Ou lho amen
iado
Gest vid Local to
de Estrat
or oria Saúde égico

Participação das pessoas na gestão, fiscalização, no


monitoramento e controle das ações do poder público
(BISPO JÚNIOR E MARTINS 2012)
5.1.2 Estratégias para colocar em prática o modelo de
gestão do Risoleta

Conse Planej
Coleg Ou lho amen
iado
Gest vid Local to
de Estrat
or oria Saúde égico

Gestão de
Democratização pessoas por
da gestão competências

Pesquisa de Desenvolvimento
clima das lideranças
Síntese da análise documental

Alguns documentos Alguns documentos


descrevem como é o modelo conceituam o que é o modelo
de gestão do Risoleta de gestão do Risoleta

Nota-se que está em curso o processo


de consolidação deste modelo de
gestão a partir das estratégias
informadas para alcance da meta
5- RESULTADOS E DISCUSSÃO

Análise das entrevistas


semi-estruturadas
5.2 O REAL: MODELO DE GESTÃO DO RISOLETA NO DISCURSO DOS PARTICIPANTES

A Instituição enquanto ator social do modelo de gestão

Entrevistado 2: “Modelo de gestão é [...] assim [...] normalmente, a instituição é


que vai propor isso, né? [hesitação]”.

Entrevistado 4: “O modelo de gestão seria um [...], um jeito escolhido pela


instituição para gerir.”.

ADC: representação de atores sociais


5.2 O REAL: MODELO DE GESTÃO DO RISOLETA NO DISCURSO DOS PARTICIPANTES

O Risoleta enquanto ator social do modelo de gestão

Entrevistado 5: “O Risoleta em si tem uma gestão,


eu acho [hesitação], muito participativa, ela
Entrevistado 8: “Eu entendo o modelo de gestão
envolve muito as áreas, as coordenações, até
do Risoleta de uma forma ainda conservadora;
mesmo os trabalhadores. Eu acho [hesitação] que
que ainda não faz uma análise madura e
o hospital tenta fazer uma gestão quase maternal
consistente de indicadores; e que tem, no
[risos]...”.
cotidiano, uma atuação ainda paternalista e
hierarquizada.”.

ADC: nomeação de atores sociais


5.2 O REAL: MODELO DE GESTÃO DO RISOLETA NO DISCURSO DOS PARTICIPANTES

Dificuldade de dizer da existência de um modelo de gestão

Entrevistado 10: “Eu entendo que existe um


modelo, uma forma de fazer, mas talvez não
esteja totalmente maduro ou implantado.”.

Entrevistado 12: “Eu não acho que tenha um


modelo bem definido. Tem horas em que a gente
ainda fica um pouco sem saber ao certo esse
modelo que está vigente.”.
5.2 O REAL: MODELO DE GESTÃO DO RISOLETA NO DISCURSO DOS PARTICIPANTES

Escolhas lexicais para explicar o que é modelo de gestão

Fonte: entrevistas realizadas. Elaborado no Mentimeter.


5.2 O REAL: MODELO DE GESTÃO DO RISOLETA NO DISCURSO DOS PARTICIPANTES

As palavras “forma”, “metodologia”, trazem a compreensão de modelo de gestão,


fundamentada em uma ótica procedimental das práticas de gestão.

Entrevistado 6: “Eu entendo que seja uma forma, alguma


metodologia, para que as pessoas que exerçam cargos de
liderança possam executar as suas atividades no ambiente onde
ela está inserida...”.
5.2 O REAL: MODELO DE GESTÃO DO RISOLETA NO DISCURSO DOS PARTICIPANTES

Observa-se o emprego da expressão “linha de cuidado” para se referir ao modelo de


gestão.

Entrevistado 10: “A gente ainda percebe vários processos, que


fogem da proposta de modelo de gestão. Eu acho [hesitação] que
tenta ser feito, por exemplo, por linhas de cuidado, a gente tem
isso, mas a gente percebe que esse modelo ainda não está
completamente implantado.”.
5.2 O REAL: MODELO DE GESTÃO DO RISOLETA NO DISCURSO DOS PARTICIPANTES

Modelo
assistencial

Modelo de Entrevistado 7: “Mas as coisas comuns sempre se


gestão
fundiram entre a dupla de coordenação [retratação]. A
Confusão conceitual
minha competência é da Enfermagem, mas em relação a
alguma coisa que seja comum, que se insira no trabalho
do médico, a gente faz uma gestão compartilhada, eu e
Modelo Modelo de
assistencial gestão a minha dupla de coordenador-médico.”.

Diferenciação conceitual
5.2 O REAL: MODELO DE GESTÃO DO RISOLETA NO DISCURSO DOS PARTICIPANTES

Tão importante quanto definir o modelo de gestão é saber como ele se


manifesta na prática
Entrevistado 9:“...o modelo de gestão é importante, mas ele depende da
participação da pessoa no colegiado. A gente tem que procurar uma forma de
fortalecer, mas não sei como a gente pode fazer isso, se através de premiação
(uma folga, um descanso, um bônus), porque quando tem um retorno pessoal, as
pessoas participam mais das coisas... Geralmente são poucas pessoas que vão às
reuniões e, geralmente, as pessoas que vão a todas as reuniões são pessoas que
estão aliadas à diretoria, a algum cargo de gestão, porque têm que ir, é
obrigatório eles irem, e muitas vezes o trabalhador, que não tem esse bônus, que
tem que largar o trabalho para participar, não vai e não fica uma decisão
colegiada no final. O modelo é colegiado, mas a decisão não é colegiada.”.
5.2 O REAL: MODELO DE GESTÃO DO RISOLETA NO DISCURSO DOS PARTICIPANTES

Em síntese:

Dificuldade de reconhecer Conhecimento e pressupostos de


propostas descentralizadoras de modelos alternativos de gestão
(BERNARDES et al., 2007; SERAPIONI e ROMANÍ,
gestão 2006; CECÍLIO e MENDES, 2004).

Nem todas as propostas de


Processo decisório = nó crítico da
mudança funcionam de fato no
gestão participativa
cotidiano (FERREIRA, TELES e COELHO, 2018).
5.3 APRIMORAMENTO DOS INSTRUMENTOS DE GESTÃO E AS IMPLICAÇÕES PARA O MODELO DE GESTÃO DO RISOLETA

Substituição de práticas arcaicas por modos de fazer gestão mais inovadores

Entrevistado 7: “A instituição, no meu ponto de vista, se


profissionalizou, porque eu acho [hesitação] que a gente fazia
muita coisa amadora, muita coisa doméstica. A gestão foi
mudando, a diretoria foi mudando e foram trazendo novos atores
para novas construções e a gente foi se profissionalizando como
uma empresa hospitalar.”.

ADC: uso de metáforas


5.3 APRIMORAMENTO DOS INSTRUMENTOS DE GESTÃO E AS IMPLICAÇÕES PARA O MODELO DE GESTÃO DO RISOLETA

Definição compartilhada dos objetivos estratégicos entre as coordenações e a


alta gestão

Entrevistado 4: “Só lembro de uma primeira reunião que a


gente teve para definir objetivos estratégicos, uma reunião
grande que a gente fez lá na UFMG, que eu pensei assim esse
jeito [...] que juntou todo mundo, todas as coordenações, várias
pessoas de vários setores [...] a gente discutiu tudo em mesas
comuns [...] eu entendo que a partir dali foi tipo um upgrade,
assim, no modelo de gestão, que eu acho [hesitação] que está
cada vez melhorando mais.”.
ADC: sinalizador de tempo
5.3 APRIMORAMENTO DOS INSTRUMENTOS DE GESTÃO E AS IMPLICAÇÕES PARA O MODELO DE GESTÃO DO RISOLETA

Gestão de Pessoas por Competências

Entrevistado 8: “Nós começamos agora a fazer a gestão por


competências dentro do hospital. Num hospital desse tamanho,
até outro dia não tínhamos um norteador para avaliar o
desempenho dos nossos trabalhadores.

ADC: sinalizador de tempo


5.3 APRIMORAMENTO DOS INSTRUMENTOS DE GESTÃO E AS IMPLICAÇÕES PARA O MODELO DE GESTÃO DO RISOLETA

Criação ou fortalecimento dos colegiados

Entrevistado 9: “A diretoria nos solicita que a gente fortaleça os nossos


colegiados, que a gente crie os nossos colegiados (quem ainda não tem) e
fortaleça aqueles que já tem, justamente para tentar abarcar o maior número de
informações possíveis para melhorar a gestão.”.

Entrevistado 10: “Quando a gente começou a falar do colegiado, falaram:


"esse é o nosso modelo, temos colegiado. O ideal é que todos os setores
tenham colegiado". De certa forma, para mim foi uma surpresa... Eu já tinha
pensado de a gente ter um fórum, nem que fosse para as tomadas de decisão.
Achei uma ótima ideia dos setores terem um colegiado.”.
5.3 APRIMORAMENTO DOS INSTRUMENTOS DE GESTÃO E AS IMPLICAÇÕES PARA O MODELO DE GESTÃO DO RISOLETA

Desafios da implementação de colegiados

Entrevistado 5: “A gente está tentando implementar o colegiado do


XXX e eu falei para a minha equipe: nós vamos ter um representante,
eu quero que vocês participem", mas eu vejo as pessoas com um
envolvimento tão pouco. Em que hospital a gente tem um colegiado
para debater problema do setor? Onde tem essa abertura? Então, as
pessoas não valorizam a instituição, é esse o meu sentimento e a
minha tristeza.”.

ADC: modalidade deôntica


5.3 APRIMORAMENTO DOS INSTRUMENTOS DE GESTÃO E AS IMPLICAÇÕES PARA O MODELO DE GESTÃO DO RISOLETA

Dificuldade de reconhecer a relação entre o aprimoramento das práticas e o


modelo de gestão

Entrevistado 1: “Eu não sei, não sei te falar em qual momento, mas
houve uma mudança [silêncio], nesse processo aqui dentro do Risoleta
que dá pra gente perceber. Tô fazendo parte de uma formação que eu
acho [hesitação] que tá sendo ofertada aí, mas um pouco antes disso
já vinha sendo mudado.”.

Entrevistado 3: “Apesar de não existir um modo definido entre as


coordenações para dizer o que está sendo praticado, muitas das coisas
que foram postas no planejamento estratégico tem sido executadas.”.
5.3 APRIMORAMENTO DOS INSTRUMENTOS DE GESTÃO E AS IMPLICAÇÕES PARA O MODELO DE GESTÃO DO RISOLETA

Mudanças e volume de experiências vivenciadas pelos gestores

Entrevistado 2: “A gente está passando por muitas mudanças, a


questão da gestão por competências, a proposta dos colegiados, é
tudo muito novo...”.

Entrevistado 3: “A gente tem uma certa dificuldade nas constâncias


das ações, principalmente relacionadas a gestão. A gente nunca
consegue desdobrar isso da coordenação para as áreas”.

Entrevistado 6: “O número de informações é muito grande. As


mudanças contínuas em muitos processos confundem às vezes...”
5.3 APRIMORAMENTO DOS INSTRUMENTOS DE GESTÃO E AS IMPLICAÇÕES PARA O MODELO DE GESTÃO DO RISOLETA

Em síntese:

O aprimoramento dos instrumentos de gestão apontados pelos participantes


auxiliam os coordenadores na prática cotidiana, entretanto diante do volume
de experiências vividas ao mesmo tempo, não conseguem estabelecer uma
relação efetiva entre esse processo e a busca pela consolidação do modelo de
gestão participativa colocado pela instituição em seus documentos.
5.4 FACILITADORES E DIFICULTADORES DO MODELO DE GESTÃO
DO RISOLETA: DISCURSO E MUDANÇA SOCIAL

RUÍDOS DE
ACESSO
COMUNICAÇÃO
5.4 FACILITADORES E DIFICULTADORES DO MODELO DE GESTÃO
DO RISOLETA: DISCURSO E MUDANÇA SOCIAL

ACESSO
Entrevistado 4: “O facilitador eu acho que é a tecla Entrevistado 7: “Eu acho que um facilitador é
que eu sempre bato, é o acesso que a gente tem aos o apoio da gestão, eu acho que a direção
gestores, tanto a diretoria quanto o acesso que eu apoia muito, apoia a tomada de decisões,
tenho às outras equipes, inclusive administrativo. É está sempre aberta para a gente poder fazer
sempre muito direto e muito rápido. É um modelo as discussões, trabalhar com as
que exige menos intermediação e eu acho que isso é necessidades. Eu acho que esse é um ponto
bom. Então a sensação que eu tenho aqui é que a positivo.”.
diretoria é muito mais acessível às coordenações. E
não foi uma mudança de gestão. Quando eu assumi
aqui, quando tudo começou, desde sempre era
muito fácil esse acesso”. ADC: modalidade epistêmica
5.4 FACILITADORES E DIFICULTADORES DO MODELO DE GESTÃO
DO RISOLETA: DISCURSO E MUDANÇA SOCIAL

Entrevistado 8: “A diretoria tem um acesso significativo.


Nós sabemos que eles não têm muito tempo para
PONTO DE
TENSÃO ficarem lá, acessando os trabalhadores, etc., mas eles
dão essa liberdade para os trabalhadores fazerem esse
acesso direto.”.

ADC: discurso não modalizado


5.4 FACILITADORES E DIFICULTADORES DO MODELO DE GESTÃO
DO RISOLETA: DISCURSO E MUDANÇA SOCIAL

RUÍDOS DE COMUNICAÇÃO

Entrevistado 1: “A comunicação aqui dentro Entrevistado 2: “...Para o modelo de


do Risoleta é de alguma forma falha, apesar gestão funcionar, cada peça do jogo tem
de a gente ter vários meios de comunicação. que saber sua função muito bem clara. Se
Eu acho que todas as pessoas têm que saber os líderes não tiverem sabendo das
como é feita a gestão. Tinha que vir do topo incumbências deles, como que ele vai
para a base, pelo menos a primeira delegar? Tipo cego em tiroteio mesmo... o
apresentação, pra depois a gente ser o agente que aparecer a gente resolve...”.
condutor disso tudo.”.

ADC: modalidade deôntica ADC: uso de metáforas


5.4 FACILITADORES E DIFICULTADORES DO MODELO DE GESTÃO
DO RISOLETA: DISCURSO E MUDANÇA SOCIAL
Reconhecer os elementos intervenientes
CRÍTICA permitirá:
EXPLANATÓRIA
• Propor ações para reduzir distância
entre a teoria e a prática

• Convergir propósitos entre os atores


Problemas Indicativos da
identificados sociais
mudança

Práticas • Pensar maneiras de descentralizar as


intuitivas Acesso práticas de gestão para os profissionais
da “ponta”
Autoritarismo Apoio
• Conhecer o quanto estes elementos são
Centralização Espaços para afetados pelo cenário e momento
discussão
vivido
CONCLUSÃO

 O modelo de gestão do Risoleta é definido como participativo, mas há limites para esse fazer
democrático na instituição, a partir da contradição encontrada entre o prescrito e o real.

 O encontrado na realidade estudada se assemelha ao que é constatado na literatura.

 Contribuições da discussão de modelo de gestão a partir de Luiz Carlos de Oliveira Cecílio e do


método de análise dos dados para a pesquisa.

 Necessidade de apropriação do modelo de gestão pelos coordenadores, clareza quanto ao seu papel e
processo formativo cuidadoso para o exercício da gestão.

 Confirmação do pressuposto dessa dissertação de que existe um distanciamento entre o que é dito e
praticado.

 Contribuições da pesquisa.
REFERÊNCIAS
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institucionalização e efetiva participação. Physis [Internet]. 2012. Disponível em: <http://dx.doi.org/10.1590/S0103-
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Brasília, DF: Ministério da Saúde, 2016. Disponível em: <http://conselho.saude.gov.br/resolucoes/2016/reso510.pdf>. Acesso
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BRASIL. Ministério da Saúde. Conselho Nacional de Saúde. Resolução nº 466/2012 –Aprova as diretrizes e normas
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BRAVO, M. I. S.; PELAEZ, E. J.; PINHEIRO, W. N. As contrarreformas na política de saúde do governo Temer. Argumentum, [S. l.],
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CALIARI, R. V.; RICARDI, L. M.; MOREIRA, M. R. Análise das manifestações à Ouvidoria-Geral do SUS, no período de 2014 a
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OBRIGADA
Não é no silêncio que os homens se fazem, mas na palavra, no trabalho, na ação-reflexão.
(Paulo Freire)

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