Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Desenvolvimento
QUINTA EDIÇÃO
Biologia do
Desenvolvimento
QUINTA EDIÇÃO
Scott F. Gilbert
Swarthmore College
Tradução e Revisão
Encontrando mensagens raras pela reação da polimerase Identificando moléculas de adesão celular e seu
em cadeia 66 papel no desenvolvimento 92
Determinando a função do gene: células e organismos Caderinas 92
transgênicos 69 CAMs da superfamília de imunoglobulinas 95
Técnicas de inserção de DNA novo em uma célula 69 Moléculas da junção celular: proteínas da junção em
Camundongos quiméricos 70 fenda 97
Experimentos com genes com endereçamento A base molecular da afinidade célula-substrato 99
(Gene targeting ou Knockout) 70 Afinidade diferencial a substrato 99
Determinando a função de uma mensagem: RNA antisense 73 A matriz extracelular 99
Reinvestigação de velhos problemas com novos métodos 73 Receptores celulares para moléculas da matriz
Uma conclusão e um alerta 75 extracelular 104
Adesão diferencial resultante de sistemas de
Base celular da morfogênese: adesão múltipla 106
Q
Indução Vulvar no Nematóide Caenorhabditis
elegans 690
Informações adicionais & Especulações
desenvolvimento 733 19
Interações Célula-Célula e Possibilidade na Metamorfose: o direcionamento hormonal do
Determinação de Tipos Celulares 692 desenvolvimento 733
Metamorfose anfíbia 734
Controle hormonal da metamorfose de anfíbios 735
Desenvolvimento do membro
de tetrápode 701 18 Q
Respostas Moleculares aos Hormônios da Tireóide
Durante a Metamorfose 740
Informações adicionais & Especulações
Padronização no membro 701 Heterocronia 743
Formação do broto do membro 702 Metamorfose em insetos 746
O campo do membro 702 Eversão e Diferenciação dos Discos Imaginais 746
Especificação dos campos do membro: Genes Q Informações adicionais & Especulações
Hox e ácido retinóico 703 A determinação dos discos imaginais da perna
Crescimento do broto de membro precoce: fatores e da asa 750
Remodelação do sistema nervoso 753
xiv Tabela dos Conteúdos
da Quinta Edição inicia com uma visão geral das famílias do fator de cres-
cimento fibroblástico, TGF-β, Wnt e Hedgehog dos fatores de crescimento
e diferenciação.
Quarto, este livro está conectado a um website onde estudantes e pro-
fessores podem encontrar mais material em muitos tópicos selecionados.
Tal material inclui (1) detalhes de experimentos que são extremamente
especializados para serem colocados no texto, (2) informação histórica so-
bre áreas particulares da biologia do desenvolvimento e personalidades
envolvidas, (3) implicações médicas de fenômenos particulares do desen-
volvimento, (4) debates ou comentários em questões relevantes para o cam-
po, e (5) atualizações do material do texto nessa área da biologia de cresci-
mento cada vez mais rápido. Filmes e entrevistas gravadas estão incluídas
e esses artigos de destaque poderão ser expandidos à medida que a tecnologia
os tornar mais fáceis para serem usados. Esse website está conectado tam-
bém a outros websites e podem ser usados para enriquecer a perspectiva de
alguém sobre o que está acontecendo no desenvolvimento animal. A presen-
ça de um website nos permite manter o direcionamento deste livro às pesso-
as para as quais isso foi originalmente pretendido: estudantes dos últimos
anos da graduação e do início da pós-graduação. Ele também me ajudou a
não deixar o livro tornar-se um substituto para peso de papel.
A visão de Roux foi que a biologia do desenvolvimento “algum dia cons-
tituiria a base de todas as outras disciplinas biológicas e, em continuada
simbiose com essas disciplinas, desempenharia uma parte proeminente nas
soluções dos problemas da vida.” Essas foram palavras audaciosas, até mes-
mo arrogantes há cem anos atrás; hoje, elas expressam uma aceitação ampla-
mente sustentada. O desenvolvimento integra todas as áreas da biologia e
desempenha um papel crucial em relacionar o genótipo ao fenótipo. O desen-
volvimento pode ser estudado usando qualquer organismo e em qualquer
nível de organização, de moléculas a filos.
À medida que o campo continuar a se expandir e se aprofundar , uma
palavra de advertência é requerida: a biologia do desenvolvimento não pode
ser aprendida ou ensinada em um único semestre. Este texto é uma tentati-
va para prover cada pessoa com material suficiente para seu curso, mas um
instrutor não necessita se sentir culpado por não determinar todos os capí-
tulos, e os estudantes não necessitam se sentir privados se eles não lerem
todos os capítulos. Isto é o começo do caminho, não sua conclusão.
http://zygote.swarthmore.edu/intro2.html
Agradecimentos
Esta edição, como suas precursoras, deve muito às sugestões e críticas dos
estudantes em minhas classes de biologia do desenvolvimento e genética
do desenvolvimento. O grupo de funcionários e docentes extremamente
corporativo da Universidade Swarthmore também desempenharam pa-
péis importantes na produção deste livro, e os bibliotecários da área de
ciência E. Horikawa e M. Spencer merecem agradecimentos especiais por
terem segurado volumes recentes na biblioteca enquanto eu estava escre-
vendo o livro. Os cientistas que revisaram estes capítulos forneceram enor-
me ajuda tanto na precisão técnica dos capítulos quanto nas sugestões
para trabalho futuro. Esses investigadores incluem: S. Carroll, J. Cebra-
Thomas, E. M. De Robertis, S. DiNardo, E. Eicher, C. Emerson, G. Grunwald,
D. J. Grunwald, M. Hollyday, L. A. Jaffe, W. Katz, R. Keller, K. Kemphues, D.
Kirk, G. Martin, H. F. Nijhout, D. Page, R. Raff, R. Schultz, C. Stern, S.
Tilghman, R. Tuan e M. Wickens. Eu também quero agradecer aos muitos
cientistas que desviaram do seu caminho para ajudar a tornar esta edição
melhor lendo porções específicas dos capítulos. Eles incluem: M. Bronner-
Fraser, J. Fallon, N. M. Le Douarin, E. McCloud, J. Opitz, K. Sainio, H. Sariola,
I. Thesleff e T. Valente. Se eu deixei alguém fora, por favor me desculpem. É
desnecessário dizer que os julgamentos editoriais finais foram de minha
responsabilidade. Meus agradecimentos especiais a Judy Cebra-Thomas
que não somente me aconselhou em certos capítulos mas quem deu exce-
lente ajuda durante meu período sabático permitindo-me terminar este
livro. Agradecimentos também aos cientistas e filósofos, especialmente: C.
van der Weele, R. Amundson, L. Nyhart, R. Burian, H. F. Nijhout, A. F.
Sterling, K. Smith e A. I. Tauber, que participaram nos workshops de biolo-
gia do desenvolvimento da Sociedade Internacional para a História, Filo-
sofia e Estudos Sociais da Biologia. Algumas das melhores críticas cons-
trutivas deste livro-texto vieram dessas pessoas.
Andy Sinauer uma vez mais conseguiu reunir as mesmas e extraor-
dinárias pessoas neste projeto, e foi um privilégio trabalhar com eles. Meus
agradecimentos a ele e aos editores Nan Sinauer e Carol Wigg, coordenador
de produção Chris Small, artistas John Woolsey e Gary Welch, designer
Susan Schmidler, editor de texto Janet Greenblatt, e artista de layout Janice
Holabird. As habilidades editoriais de Tinsley Davis são extremamente re-
conhecidas. Devido ao fato de que os prazos finais devem ser cumpridos e
outro trabalho posto de lado, eu tenho que agradecer minha família por
mais uma vez me permitir prosseguir com isso. Em particular, este livro
nunca poderia ter sido completado se não fosse pelo encorajamento de mi-
nha esposa, Anne Raunio, que, como uma obstetra, gosta do lado mais prá-
tico da biologia do desenvolvimento. Meus agradecimentos a todos vocês.
SCOTT F. GILBERT
1 DE MARÇO DE 1997
Introdução à Biologia
do Desenvolvimento
1 Introdução ao desenvolvimento animal 1
2 Genes e desenvolvimento: Introdução e técnicas 35
3 Base celular da morfogênese: Afinidade celular diferencial 79
I
CAPÍTULO 1 Introdução ao Desenvolvimento Animal 1
1
2 PARTE I Introdução à Biologia do Desenvolvimento
níveis molecular e químico (p. ex., Como os genes globina são transcritos, e como os
fatores que ativam sua transcrição interagem uns com os outros e com o DNA?), a níveis
celular e tissular (p. ex., Quais são as células capazes de produzir globina, e como o
mRNA da globina deixa o núcleo?), a nível de órgãos ou sistema de órgãos (p. ex., Como
vasos capilares são formados em cada tecido, e como são instruídos a se conectarem e
ramificarem?) e, até mesmo, a níveis ecológicos e evolucionários (p. ex., Como diferenças
na ativação do gene globina permitem o fluxo de oxigênio da mãe para o feto, e como
fatores ambientais acionam a diferenciação de mais hemácias?). Biologistas do desen-
volvimento podem estudar qualquer organismo e todo tipo de célula.
Biologia do desenvolvimento é um dos campos que mais tem crescido e também
um dos mais emocionantes da biologia. Parte dessa emoção vem dos assuntos estu-
dados, porque estamos apenas começando a entender o mecanismo molecular do
desenvolvimento animal. Outra parte da emoção vem do papel unificador que a biolo-
gia do desenvolvimento assume nas ciências biológicas. A biologia do desenvolvi-
mento está criando uma estrutura que integra a biologia molecular, fisiologia, biologia
celular, anatomia, pesquisa do câncer, neurobiologia, imunologia, ecologia, e biologia
evolucionária. O estudo do desenvolvimento tornou-se essencial para a compreensão
de qualquer área da biologia.
Esperma-
tozóide
Mórula
Blástula
Oócito Local das células
embrionárias
Célula germinativa
(“Germ plasm”)
Esperma- Blastocele
tozóide
(gameta Oócito
masculino) (gameta
feminino)
GAMETOGÊNESE
Adulto
sexualmente maduro
Blastóporo
Ectoderma
Gônada
Mesoderma
Estágios
Endoderma
larvais
imaturos
INCUBAÇÃO (NASCIMENTO)
Figura 1.1
Histórico do desenvolvimento de um repre-
sentante animal, um sapo. Estágios que vão
da fertilização até o nascimento são coletiva-
mente conhecidos como embriogênese. As
regiões responsáveis por produzir células em-
brionárias são mostradas em cores. Gameto-
gênese, que é completa no adulto sexualmen-
te maduro, começa em épocas diferentes, de-
pendendo da espécie. revestimento do tubo digestivo e órgãos associados (pâncreas, fígado, pul-
mões, etc.); e o mesoderma, camada do meio, dá origem a diversos órgãos
(coração, rins, gônadas), tecidos conjuntivos (ossos, músculos, tendões, va-
sos sangüíneos) e células sangüíneas.
3. Uma vez que as três camadas embrionárias estão estabelecidas, as células
interagem umas com as outras e se reorganizam para produzir tecidos e órgãos.
Esse processo é chamado organogênese. (Nos vertebrados, a organogênese é
iniciada quando uma série de interações celulares induzem as células ectodér-
micas da porção mediana do dorso a formar o tubo neural. Esse tubo originará
o cérebro e a coluna vertebral). Muitos órgãos contêm células de mais de uma
camada embrionária, e não é incomum o exterior de um órgão ser derivado de
uma determinada camada e o interior de outra. Também durante a organogênese,
CAPÍTULO 1 Introdução ao Desenvolvimento Animal 5
algumas células sofrem longas migrações do seu lugar de origem até sua loca-
lização final. Essas células migrantes incluem os precursores das células san-
güíneas, células linfáticas, células pigmentadas e gametas. A maior parte dos
ossos de nossa face são provenientes de células que migraram ventralmente
da região dorsal da nossa cabeça.
4. Como observado na Figura 1.1, em muitas espécies, uma parte especializada
do citoplasma do ovo dá origem às células que são precursoras dos gametas.
Essas células são chamadas de células germinativas, sendo destinadas à
função reprodutiva. Todas as outras células do corpo são chamadas células
somáticas. Essa separação entre células somáticas (que dão origem a um
corpo individual) e células germinativas (que contribuem para a formação de
uma nova geração) é freqüentemente uma das primeiras diferenciações que
ocorrem durante o desenvolvimento animal. As células germinativas final-
mente migram para as gônadas, onde se diferenciam em gametas. O desen-
volvimento de gametas, chamado de gametogênese, normalmente não é com-
pletado até que o organismo tenha se tornado fisicamente maduro. Na matu-
ridade, os gametas podem ser liberados e participar de uma fertilização dando
início a um novo embrião. O organismo adulto finalmente sofre envelheci-
mento e morre.
Processamento de RNA
mRNA mRNA
Tradução
Citoplasma Tradução
mRNA mRNA
Proteína Proteína
Prófase:
O envoltório nuclear
quebra e um fuso se forma
entre dois centríolos.
Prometáfase:
Interfase: DNA é duplicado em Os cromossomos se
preparação para a divisão celular. ligam às fibras dos fusos.
Cromatídeos do
cromossomo
Núcleo Cromatina Nucléolo
Região do centrômero
Fuso em
desenvolvimento
Centríolos
Áster
Envoltório Envoltório
nuclear nuclear
Nucléolo rompe
Cromossomos filhos
Metáfase:
Os cromossomos se
alinham no equador da célula.
Telófase:
Os cromossomos atingem
os pólos mitóticos e a célula
começa a invaginar.
Figura 1.3
Diagrama de mitose em células animais. Du-
Anáfase:
Os cromossomos duplicados
rante a interfase o DNA é duplicado em pre-
(chamados cromatídeos) são paração para a divisão celular. Durante a
separados. prófase, o envoltório nuclear quebra e for-
ma-se um fuso entre os dois centríolos. Na
nucleados e anucleados (revisão por Wilson, 1986). Quando vários protistas foram metáfase, os cromosssomos se alinham no
equador da célula e se inicia a anáfase, os
fragmentados, quase todas as partes morreram. No entanto, os fragmentos que conti-
cromossomos duplicados (cada duplicata de
nham núcleo foram capazes de sobreviver, regenerando todo a complexa estrutura cromossomo é um cromatídeo) são separa-
celular (Figura 1.5) dos. Na telófase os cromossomos atingem
O controle nuclear da morfogênese celular e a interação do núcleo e citoplasma os pólos mitóticos e a célula começa a
estão muito bem demonstrados nos estudos da Acetabulária. Essa enorme célula invaginar. Cada pólo contém o mesmo núme-
individual (2 a 4 cm de comprimento) consiste de três partes: o disco reprodutivo, o ro e tipos de cromossomos que continha a
pedúnculo e o rizóide (Figura 1.6A). O rizóide está localizado na base da célula onde célula antes da divisão.
essa é presa ao substrato. O núcleo individual da célula se localiza dentro do rizóide. O
tamanho da Acetabulária e a localização do seu núcleo permitiram que pesquisadores
8 PARTE I Introdução à Biologia do Desenvolvimento
Figura 1.4
Transcrição e tradução simultânea em procariotos. Uma porção de DNA de Escherichia coli se
estende horizontalmente por essa microfotografia eletrônica. Transcrições de RNA mensageiro
podem ser vistas dos dois lados. Ribossomos se juntaram ao mRNA e estão sintetizando
proteínas (que não podem ser vistas). O mRNA pode ser visto aumentando de tamanho, da
esquerda para a direita, indicando a direção da transcrição. (Cortesia de O. L. Miller, Jr.)
removessem o núcleo de uma célula e o substituísse por outro, de outra célula. Nos
anos 30, J. Hämmerling tirou proveito dessa singular característica e trocou núcleos
entre duas espécies morfologicamente distintas, A. mediterranea e A. crenulata. Como
é mostrado na fotografia, essas duas espécies têm discos reprodutivos muito diferen-
tes. Hämmerling descobriu que quando um núcleo de uma determinada espécie era
transplantado para o pedúnculo de outra, o novo disco em formação finalmente assu-
mia a forma associada com o núcleo do doador (Figura 1.6B). Assim, foi considerado
que o núcleo era o controlador do desenvolvimento da Acetabulária.
A formação de um disco reprodutivo é um evento morfogênico complexo, envol-
vendo a síntese de um grande número de proteínas, que devem ser acumuladas em
certa porção da célula e então organizadas em estruturas complexas específicas da
espécie. O núcleo transplantado da célula realmente direciona a síntese de seu disco
reprodutivo espécie-específico, mas é uma tarefa que pode levar semanas para ser
realizada. Além disso, se o núcleo for removido da célula de Acetabulária em estágio
inicial do desenvolvimento, antes de formar o disco reprodutivo, um disco normal se
formará semanas depois, ainda que o organismo irá morrer. Esses estudos sugerem
que (1) o núcleo contém informação específica sobre o tipo de disco reprodutivo
produzido (isto é, contém informação genética que especifica as proteínas necessári-
as para a produção de um certo tipo de disco reprodutivo), e (2) o material contendo
essa informação entra no citoplasma muito antes dessa produção ocorrer. A informa-
ção no citoplasma não será usada por várias semanas.
Fragmento
anucleado morre
Corte
Fragmento
Núcleo nucleado
se regenera
Corte
Figura 1.5
Regeneração do fragmento nucleado do protista unicelular
Stylonychia. Os fragmentos anucleados sobrevivem por al- Fragmento
gum tempo, mas finalmente morrem. anucleado morre
CAPÍTULO 1 Introdução ao Desenvolvimento Animal 9
(B)
Disco
reprodutivo
(A)
Disco
reprodutivo
Pedúnculo
A. crenulata A. mediterranea
Pedúnculo Núcleos transplantados
Núcleo Núcleo
Rizóide
Rizóide Rizóide
1 cm 1 cm A estrutura do disco
reprodutivo é a do
núcleo doador
Figura 1.6
(A) Acetabulária mediterranea (esquerda) e A.
crenulata (direita). Cada unidade é uma célula singu-
lar. O rizóide contém o núcleo. (B) Efeitos da troca de
núcleos entre duas espécies de Acetabulária. Núcleos
foram transplantados para fragmentos de rizóides
anucleados. Estruturas de A. crenulata estão sombre-
adas; estruturas de A. mediterranea não estão som-
breadas. (Fotografias cortesia de H. Harris.)
Uma hipótese atual, proposta para explicar essas observações, é que o núcleo sintetiza
um mRNA estável, posicionado em estado dormente no citoplasma até a formação do
disco reprodutivo. Essa hipótese é amparada por uma observação publicada por Hämmerling
em 1934. Hämmerling fracionou uma Acetabulária jovem em diversas partes (Figura 1.7). A
porção com o núcleo finalmente formou um novo disco, conforme esperado; da mesma
forma o fez a extremidade apical do pedúnculo. No entanto, a parte intermediária do pedún-
culo não formou o disco reprodutivo. Por isso, Hämmerling postulou (aproximadamente 30
anos antes de sabermos da existência do mRNA), que as instruções para a formação do
disco reprodutivo se originavam no núcleo, sendo de alguma forma guardadas dormen-
tes próximo à extremidade do pedúnculo. Muitos anos mais tarde, Kloppstech e
Schweiger (1975) estabeleceram que o mRNA derivado do núcleo se acumula nessa
região. Ribonuclease, uma enzima que cliva RNA, inibe completamente a formação do
disco reprodutivo quando adicionada à água marinha na qual cresce a Acetabulária. Em
células anucleadas, esse efeito é permanente; uma vez que o RNA é destruído, não pode
mais haver a formação do disco reprodutivo. Em células nucleadas, no entanto, um novo
disco pode ser formado após a eliminação da ribonuclease, presumivelmente porque um
novo mRNA é então produzido pelo núcleo. Garcia e Dazy (1986) também demonstraram
que a síntese da proteína é especialmente ativa no ápice da Acetabulária.
Fica claro pela discussão anterior, que a transcrição nuclear tem um papel impor-
tante na formação do disco reprodutivo da Acetabulária. Mas deve ser notado que o
10 PARTE I Introdução à Biologia do Desenvolvimento
Disco reprodutivo e
pedúnculo regenerados
Extremidade
apical do
pedúnculo
Porção central
do pedúnculo Sem regeneração
Rizóide
e núcleo
Regeneração total
Figura 1.7
Habilidade regenerativa de diferentes fragmentos da A. mediterranea
citoplasma também cumpre uma parte essencial na formação desse disco. O mRNA
não é traduzido durante semanas, mesmo estando no citoplasma. Algo no citoplasma
controla quando as mensagens devem ou não ser utilizadas. Portanto, a expressão do
disco reprodutivo é controlada não somente pela transcrição nuclear como também
pelo controle de tradução do RNA citoplasmático. Nesse organismo unicelular, o
“desenvolvimento” é controlado em ambos estágios de transcrição e de tradução.
Figura 1.8
Transformação de Naegleria gruberi da forma
em seu estágio de ameba. É produzida de novo (“desde o começo”), começando com amebóide ao estado flagelado. Linha superior
uma nova transcrição no núcleo. Para mostrar isso, os pesquisadores manipularam corada com Iodo/Lugol; linha inferior corada
com um anticorpo fluorescente à proteína tu-
transcrições em vários estágios com actinomicina D, uma droga antibiótica que seleti-
bulina dos microtúbulos. A transformação é
vamente inibe a síntese do RNA. Quando adicionada anteriormente à diluição do iniciada pela eliminação do alimento (bactéri-
alimento, esse antibiótico previne a síntese da tubulina. No entanto, se a actinomicina as) da colônia de Naegleria. (A) 0 minutos;
D é adicionada 20 minutos após a diluição, a tubulina ainda é produzida em tempo (B) 25 minutos, mostrando síntese de nova
normal (aproximadamente 30 minutos mais tarde). Portanto, parece que o mRNA para tubulina; (C) 70 minutos, emergência de
a tubulina foi produzido durante os primeiros vinte minutos após a diluição e usado flagelos visíveis (D) 120 minutos, mostrando
logo em seguida. Essa interpretação foi confirmada quando foi demonstrado que o flagelos maduros e forma aerodinâmica do cor-
mRNA extraído da ameba não continha mensagem alguma, detectável para tubulina po (de Walsh, 1984, cortesia de C. Walsh.)
flagelar, ao passo que mRNA extraído de células diferenciadas continha muitas mensa-
gens desse tipo (Walsh, 1984).
Então, temos aqui um excelente exemplo de controle transcricional de um proces-
so de desenvolvimento: O núcleo da Naegleria responde a mudanças ambientais
sintetizando o mRNA para tubulina flagelar. Notamos também um outro processo que
permanece extremamente importante no desenvolvimento de todos os outros animais
e plantas, que é o agrupamento de moléculas de tubulina para a produção do flagelo.
Esse arranjo, pelo qual a tubulina é polimerizada em microtúbulos, e esses por sua vez
agrupados de forma ordenada, é visto em toda a natureza. Em mamíferos, está evidente
no flagelo do espermatozóide e nos cílios da medula espinhal e do trato respiratório.
Mais ainda, não é somente a tubulina que produz o flagelo. Existem em torno de 300
outras proteínas em cada flagelo, e o movimento flagelar depende da orientação ade-
quada dessas proteínas uma em relação a outra. Até mesmo processos celulares têm a
sua própria “morfogênese” baseada em interações moleculares entre os fragmentos
de proteína. Tal controle pós-tradução, onde uma proteína não é funcional até que
esteja ligada a outras moléculas, será discutido melhor mais tarde. Vimos então, que o
desenvolvimento em eucariotos unicelulares pode ser controlado nos estágios de
transcrição, tradução e pós-tradução.
12 PARTE I Introdução à Biologia do Desenvolvimento
Figura 1.9 os
Diferenciação do fenótipo flagelado em rp
co m
Naegleria. Amebas que vinham crescendo a de po ça
in o or lar an
em um meio enriquecido com bactéria são ul t
en las
c c
b
tu e ç a ei
s
de ag
e al n t o
lavadas afim de se eliminar as bactérias no da o m p am élu dam s ív o a fl l os m e
u c n v i ã e i
e c
es r gr s, o aç rm ag r
tempo 0. Aos 80 minutos, praticamente toda
í nt e l a A asai rred e lo
s
rm fo Fl o m p l
o
a população desenvolveu flagelo. (Segundo S ag b a ag F m c ta
fl se Fl co to
Fulton, 1977.)
100
40
20
0
0 20 40 60 80 100
Tempo após suspensão (minutos)
Micronúcleo Fuso
meiótico
Macronúcleo
Ponte
citoplasmática
Dois paramécios Micronúcleos passam Todos menos um
formam por meiose, formando 8 dos micronúcleos de
ponte citoplasmática núcleos haplóides por célula; cada parceiro degeneram
macronúcleos degeneram
Micronúcleo
estacionário
Micronúcleo
migratório
Figura 1.11
União de paramécios através da ponte citoplasmática, onde dois paramécios podem trocar
material genético, deixando cada um com genes que diferem daqueles com os quais iniciaram o
processo. (Strickberger, 1985.)
Acasalamento
Fusão citoplasmática
Zigoto (diplóide)
Maturação (meiose)
Germinação
Figura 1.13
Sumário da meiose. O DNA e as proteínas associadas replicam durante a interfase. Durante a
prófase, o envoltório nuclear se rompe e os cromossomos homólogos (cada cromossomo é
duplicado, com os cromatídeos juntos no centrômero) se alinham em pares. Reagrupamentos
cromossômicos podem ocorrer entre quatro cromatídeos homólogos nesse estágio. Após a
primeira metáfase, os dois cromossomos homólogos originais são segregados em células dife-
rentes. Durante a segunda divisão, o centrômero se divide, deixando cada nova célula com uma
cópia de cada cromossomo.
MEIOSE I
Esse tubo conecta e se funde com um local específico no indivíduo menos. É interes-
sante que o mecanismo usado para estender esse tubo - polimerização da proteína
actina - também é usado para estender processos do espermatozóide e óvulo do
ouriço-do-mar. No Capítulo 4, veremos que o reconhecimento e fusão de espermato-
zóide e óvulo ocorrem de uma maneira espantosamente semelhante a desses protistas.
Eucariotos unicelulares parecem ter os elementos básicos do processo de desen-
volvimento que caracterizam os organismos mais complexos: a síntese celular é con-
trolada pela regulação transcricional, por tradução e pós-tradução; existe um mecanis-
mo para processar o RNA através da membrana nuclear; as estruturas de genes indi-
viduais e cromossomos são como serão através da evolução eucariótica; mitose e
meiose são aperfeiçoadas; e a reprodução sexual existe, envolvendo a cooperação
entre células individuais.Tal cooperação intercelular se torna ainda mais importante
com a evolução de organismos multicelulares.
MEIOSE II
As Volvocaceanas
Os organismos mais simples entre as volvocaceanas são reuniões ordenadas de nu-
merosas células, cada uma parecida ao protista unicelular Chlamydomonas. Um único
organismo de volvocacea do gênero Gonium (Figura 1.15), por exemplo, consiste de
uma placa plana contendo de 4 a 16 células, cada uma com seu próprio flagelo. Em um
gênero relacionado, Pandorina, 16 células formam uma esfera; e no Eudorina, a esfe-
ra contém 32 ou 64 células organizadas em um padrão regular. Nesses organismos, um
princípio muito importante tem-se desenvolvido: a divisão ordenada de uma célula
para gerar um número de células que são organizadas de uma maneira previsível.
Como ocorre na maioria dos embriões animais, as divisões celulares pelo qual uma
única célula de volvocacea produz um organismo de 4 a 64 células ocorrem em uma
seqüência muito rápida e com ausência de crescimento celular.
Os dois próximos gêneros da série volvocacea exibem um outro princípio impor-
tante do desenvolvimento: a diferenciação de tipos celulares em organismo indivi-
dual. As células reprodutivas se diferenciam das células somáticas. Em todos os
gêneros já mencionados, toda a célula pode, e normalmente o faz, produzir um organis-
mo novo completo por mitose (Figura 1.16 A,B). Nos gêneros Pleodorina e Volvox,
porém, relativamente poucas células podem se reproduzir. Na Pleodorina californica,
as células da região anterior são restritas à uma função somática; somente aquelas
Figura 1.15
Representante da ordem dos Volvocales. (A)
o protista unicelular Chlamydomonas rei-
nhardtii. (B) Gonium pectorale com oito cé-
lulas Chlamydomonas-símiles em um disco
convexo. (C) Pandorina morum. (D) Eudo-
rina elegans. (E) Pleodorina californica. Aqui
todas as 64 células são originalmente simila-
res, mas as posteriores desdiferenciam e redi- (A) (B) (C)
ferenciam como células assexuadas reprodu-
tivas chamadas gonídios, enquanto as células
anteriores permanecem pequenas e biflagela-
das, como o Chlamydomonas. (F) Volvox
carteri. Aqui, células destinadas a se torna-
rem gonídios são separadas no começo do
desenvolvimento e nunca desenvolvem carac-
terísticas somáticas. As células menores,
somáticas, lembram Chlamydomonas. Todas,
menos o Chlamydomonas, são membros da
família das Volvocaceas. A complexidade au-
menta do Chlamydomonas unicelular ao
Volvox pluricelular. Barra em A é de 5µm; B-
D, 25µm; E, F, 50µm (Cortesia de D. Kirk.) (D) (E) (F)
CAPÍTULO 1 Introdução ao Desenvolvimento Animal 17
Figura 1.16
Reprodução assexuada nas volvocaceanas. (A)
Colônia madura de Eudorina elegans. (B) Cada
uma das células de E. elegans se divide e pro-
duz uma nova colônia. (C) Volvox carteri ma-
duro. A maioria das células são incapazes de se
reproduzir. Células germinativas (gonídia) co-
meçaram a se dividir em novos organismos. (A
e B segundo Hartmann,1921; C de Kirk et al.,
(A) (B) (C)
1982, cortesia de D. Kirk.)
Informações adicionais
& Especulações
Adulto com
juvenis
Adulto com
gonídios maduros
Maturação
dos gonídios Expansão continuada
da matriz extracelular
(E) (J)
Indutor
sexual
Espermatozóide
Indutor
Zigotos
sexual
Óvulo
sexual indutiva de 30-kDa. Essa proteína tando placas com V. carteri à temperaturas de aparecer, multiplicar-se, realizando uma
é tão poderosa que concentrações meno- que poderiam ser encontradas em um reser- orgia sexual reprodutiva em poças de água
res que 6x10-17 fazem com que os gonídios vatório raso durante o fim do verão. Quan- da chuva de apenas duas semanas”
sofram um padrão modificado de desen- do isso era feito, as células somáticas dos (Powers, 1908). Ainda que reservatórios tem-
volvimento embrionário que resulta na volvox assexuados produziam a proteína porários formados pela água das chuvas se-
produção de óvulos ou espermatozóides, sexual indutora. Sendo a quantidade da pro- quem sob o calor do verão, Volvox encon-
dependendo do sexo genético do indiví- teína secretada por um indivíduo suficiente trou um meio de sobrevivência: usa o calor
duo (Sumper et al.,1993). Os espermato- para iniciar o desenvolvimento sexual em para induzir a formação de indivíduos sexu-
zóides são liberados para nadar para a fê- mais de 500 milhões de volvox assexuados, ados cujo acasalamento produz zigotos ca-
mea onde fertilizam os óvulos para pro- um único volvox indutor pode converter um pazes de sobreviver sob condições que ma-
duzir zigotos dormentes (Figura 1.21). reservatório inteiro para a sexualidade. Essa tam o organismo adulto. Observamos, tam-
Qual é a fonte dessa proteína indutora descoberta explica uma observação feita há bém, que o desenvolvimento está critica-
sexual? Kirk e Kirk (1986), descobriram que quase 90 anos, de que “na intensa radiação mente ligado ao ecossistema ao qual o or-
o ciclo sexual poderia ser iniciado esquen- solar do verão de Nebraska, Volvox é capaz ganismo se adaptou para sobreviver.
Lesma
(Pseudoplasmódio; grex)
15 h
16 h
14 h
17 h
CULMINAÇÃO 20 h
MIGRAÇÃO
12 h
Esporos
23 h
10 h
AGREGAÇÃO
Mixamebas Fluxos
9 h celulares
Corpo de frutificação maduro
6 h
24h
Figura 1.22
Ciclo vital de Dictyostelium discoideum. Esporos haplóides originam mixamebas, que podem
reproduzir-se assexualmente para formar mais mixamebas haplóides. A medida que diminui o
suprimento alimentar, ocorre agregação em pontos centrais, e forma-se um agregado de
pseudoplasmódio. Finalmente, esse pára de se movimentar e forma um corpo de frutificação
que libera mais esporos. Os números referem-se às horas decorridas desde que a diluição
nutricional iniciou a seqüência desenvolvimental.
(C)
(D)
Figura 1.23
Quimiotaxia de amebas de Dictyostelium de-
vida à ondas espirais de cAMP. (A) estrutura
resultado é uma onda giratória em espiral de cAMP, que se propaga através da química do cAMP. (B) Visualização de várias
população de células (Figura 1.23B-D). À medida que chega cada onda, as células dão “ondas” de cAMP no meio. Células centrais
secretam cAMP em intervalos regulares, e
mais um passo para o centro.*
cada secreção difunde para fora como um onda
A diferenciação de amebas individuais em células pedunculares (somáticas) ou concêntrica. As ondas são mapeadas saturan-
esporos (reprodutivas) é uma questão complexa. Raper (1940) e Bonner (1957) de- do-se papel de filtro com cAMP radioativo e
monstraram que as células anteriores normalmente formam pedúnculo, enquanto as colocando-o sobre uma colônia em agregação.
células remanescentes, posteriores, em geral estão destinadas a formar esporos. No O cAMP das células secretoras dilui o cAMP
entanto, a remoção cirúrgica da parte anterior da lesma não elimina a capacidade do radiativo. Quando a radioatividade no papel
grex formar um pedúnculo. Em vez disso, as células que agora se encontram no final é registada (colocando-o sobre filme de raios-
anterior após a cirurgia (e que originalmente estavam destinadas a formar esporos), X), as regiões de alta concentração de cAMP
agora formam o pedúnculo (Raper, 1940). De alguma maneira, é tomada uma decisão de na cultura aparecem mais claras que aquelas
de baixa concentração de cAMP. (C,D) On-
modo tal, que células anteriores virem células pedunculares e células posteriores
das espirais de amebas movendo-se em dire-
virem esporos. Essa habilidade de células mudarem seus destinos desenvolvimentais, ção à fonte inicial de cAMP. (C) Essa
microfotografia em campo escuro processa-
da digitalmente mostra cerca de 107 células.
* A bioquímica dessa reação envolve um receptor que liga o cAMP. Quando essa ligação Como células móveis e imóveis dispersam a
ocorre, realiza-se transcrição específica de genes, é iniciada movimentação em direção à fonte de luz diferentemente, a fotografia reflete movi-
cAMP, e enzimas adenilciclases (que sintetizam cAMP a partir de ATP) são ativadas. O cAMP mento celular. As bandas claras são compos-
recém-formado ativa seus receptores próprios, assim como aqueles de seus vizinhos. As células tas de células migratórias alongadas; as ban-
na área permanecem insensíveis às novas ondas de cAMP até que o cAMP ligado seja removido das escuras são células que pararam de se
dos receptores por outra enzima da superfície celular, a fosfodiesterase (Johnson et al., 1989). mover e se arredondaram. (D) As células for-
A matemática de tais reações de oscilação prevê que a difusão de cAMP seria inicialmente mam correntes, a espiral de movimento ainda
circular. Porém, à medida que o cAMP interage com as células que recebem e propagam o sinal, pode ser vista movendo-se em direção ao cen-
as células que recebem a parte frontal da onda começam a migrar com uma velocidade diferente
daquela das células atrás delas. O resultado é a espiral rotatória de cAMP e a migração vistas na tro. (B de Tomchick e Devreotes, 1981, cor-
Figura 1.23. É interessante que as mesmas fórmulas matemáticas predizem o comportamento de tesia de P. Devreotes; C e D de Siegert e Weijer,
certas reações químicas e a formação de novas estrelas em galáxias espirais rotatórias (Tyson e 1989, cortesia de F. Siegert.)
Murray, 1989).
24 PARTE I Introdução à Biologia do Desenvolvimento
Figura 1.24
Células de Dictyostelium sintetizam um adesivo, glicoproteína 24-kDa, pouco após a inanição
nutricional. Células de Dictyostelium foram coradas com um anticorpo fluorescente que se liga
à glicoproteína 24-kDa e foram em seguida observada sob luz ultravioleta. Essa proteína não foi
vista em amebas que tinham apenas parado de se dividir. No entanto, como mostrado aqui – 10
horas após o fim da divisão celular – amebas individuais são vistas apresentando essa proteína
em suas membranas celulares e são capazes de aderir umas às outras.
de acordo com sua localização dentro do organismo inteiro, e assim compensar por
partes faltantes, é chamada regulação. Veremos esse fenômeno em muitos embriões,
inclusive naqueles dos mamiferos.
Informações adicionais
& Especulações
Evidência e Anticorpos
A Biologia, tal como qualquer outra Como então ir para além da mera cor- teínas de membrana em geral). Nesse
ciência, não trata de fatos; antes, relação? No estudo da adesão celular em caso, bloquear a glicoproteína também
trata de evidências. Vários tipos Dictyostelium, o próximo passo foi usar causaria a inibição da agregação celu-
de evidência serão apresentados neste li- aqueles mesmos anticorpos para bloque- lar. Assim, a evidência perda-de–função
vro; não são todos de equivalente vigor. ar a adesão de mixamebas. Usando uma precisa ser amparada por muitos con-
Como exemplo, vamos usar a análise da técnica introduzida pelo laboratório de troles demonstrando que agentes cau-
adesão celular em Dictyostelium. O primei- Gerisch (Beug et al., 1970), Knecht e cola- sadores de perda de função derrubam
ro e mais fraco tipo de evidência é a evi- boradores (1987) tomaram os anticorpos especificamente aquela função em par-
dência correlativa. Aqui, são feitas corre- que ligam essa glicoproteína 24-kDa e iso- ticular, e nada mais.
lações entre dois ou mais eventos, e infe- laram seus sítios ligantes de antígeno (as O tipo mais forte de evidência é evi-
re-se que um evento estimule o outro. partes da molécula do anticorpo que re- dência-de-ganho-de-função. Aqui, o iní-
Como vimos, anticorpos marcados com flu- conhecem o antígeno). Isso foi necessá- cio do primeiro evento estimula um segun-
orescência para uma certa glicoproteína de rio porque o todo da molécula de anticor- do e mesmo em situações onde nenhum
24 kDa, não marcam células vegetativas em po contém dois sítios ligantes de antígeno desses eventos ocorre usualmente. Recen-
divisão; porém, esses mesmos anticorpos que iriam ligar-se artificialmente de manei- temente, da Silva e Klein (1990) e Faix e
acham a proteína em membranas celulares ra cruzada e aglutinar as mixamebas. Quan- colaboradores (1990) obtiveram tal evidên-
de mixameba logo que as células param de do esses fragmentos ligantes de antígeno cia para mostrar que a glicoproteína 80-kDa
se dividir e tornam-se competentes para (chamados Fragmentos Fab) foram adici- é uma molécula adesiva. Isolaram o gene
agregar (veja Figura 1.24). Assim, existe uma onados às células competentes para agre- para essa proteína e o modificaram de uma
correlação entre a presença dessa glico- gação, as células não puderam se agre- maneira a motivá-lo ser expresso continu-
proteína da membrana celular e a capaci- gar. Os fragmentos de anticorpo impedi- amente. Em seguida, recolocaram-no em
dade de agregação. ram as células de aderir entre si, presu– mixameba bem-alimentada, crescendo ve-
Evidência correlativa dá um ponto de mivelmente por ligar–se a glicoproteína getativamente, que usualmente não expres-
partida para investigações, mas não se 24-kDa, bloqueando sua função. Esse tipo sa essa proteína e não tem capacidade de
pode afirmar com certeza que um evento de evidência é chamado evidência-de- adesão. A presença dessa proteína na mem-
estimula outro somente baseado em cor- perda-de-função. Se bem que mais forte brana celular dessas células em divisão foi
relações. Embora se possa inferir que a que a evidência correlativa, ela ainda não confirmada por marcação com anticorpos.
síntese dessa proteína causa a adesão das exclui outras inferências. Por exemplo, é Tais células agora aderiram umas às outras
células, é também possível que adesão ce- possível que os anticorpos tenham mata- mesmo nos estados vegetativos, o que nor-
lular leve as células a sintetizar essa nova do a célula (o que poderia acontecer se a malmente não fazem. Assim, elas tinham
glicoproteína, ou que a adesão celular e a glicoproteína 24-kDa for um crítico canal ganho uma função adesiva somente por
síntese da glicoproteína 24-kDa sejam de transporte). Isso também impediria a expressar essa glicoproteína em particular
eventos separados, iniciados pela mesma adesão celular. Ou talvez, a glicoproteína nas suas superfícies celulares. Essa evi-
causa subjacente. A ocorrência simultâ- 24-kDa nada tinha a ver com a adesão pro- dência de ganho-de-função é mais convin-
nea dos dois eventos pode mesmo ser co- priamente, mas é necessária para o funci- cente que outros tipos de análise. Experi-
incidência e os eventos não terem relação onamento da verdadeira molécula adesi- mentos semelhantes foram recentemente
um com o outro.* va (como através da estabilização de pro- realizados em células de mamíferos (veja
capítulo 3), para demonstrar a presença de
* Em uma carta irônica, caçoando de tais inferências correlativas, Sies (1988) demonstrou uma determinadas moléculas adesivas celula-
notável boa correlação entre o número de cegonhas vistas na Alemanha Ocidental de 1965 até 1980 res no embrião em desenvolvimento.
e o número de bebês nascidos durante esses mesmos anos.
26 PARTE I Introdução à Biologia do Desenvolvimento
(A)
(B)
Figura 1.25
Substâncias químicas que controlam a diferenciação em Dictyostelium. (A) e (C)
(B) mostram os efeitos de se colocar lesmas Dictyostelium em um meio
contendo enzimas que destroem cAMP extracelular. (A) Grex (pseudoplas-
módio) corado para presença de uma proteína pré-esporo específica (regiões
claras). (B) Grex semelhante corado após tratamento com enzimas que de-
gradam cAMP. Não é visto produto pré-esporo específico. (C) Amplifica-
ção maior de uma lesma tratada com DIF (na ausência de amônia). O corante
usado liga-se à parede de celulose das células pedunculares. Todas as células
do grex tornaram-se células pedunculares. (A e B de Wang et al., 1988a; C de
Wang e Schaap, 1989; cortesia dos autores.)
CAPÍTULO 1 Introdução ao Desenvolvimento Animal 27
Informações adicionais
& Especulações
Pré-pedúnculo B Pré-pedúnculo B
grex migram para as bordas da região pré- (Gross et al., 1983; Wang et al., 1990). passa a fosforilar um repressor que esta-
esporo e diferenciam-se no invólucro dos Bonner e colaboradores (1985), sugeriram va inibindo a expressão dos genes de di-
esporos e disco basal (Williams e Jermyn, que como a luz causa difusão mais rápida ferenciação do pedúnculo. No estado fos-
1991; Harwood et al., 1992). Finalmente, da amônia, remove o inibidor permitindo forilado, o inibidor é inativo. Portanto, uma
os esporos são levantados 2 mm acima assim, o progresso da culminação. vez que os níveis de cAMP se elevam (pela
do solo, de onde podem ser dispersos A amônia parece inibir a produção do remoção da amônia), a PKA pode inativar
pelo vento ou um animal que passa. pedúnculo pelos menos de duas manei- o inibidor dos genes formadores do pe-
O gatilho para a culminação parece ser ras. Inibe a ação de DIF (Wang e Schaap, dúnculo (Figura 1.27). [intro.4html]
a luz solar ou a baixa umidade. Experimen- 1989), e inibe a produção de cAMP nas
tos recentes sugerem que esses dois fa- células pré-pedúnculo (Schindler e Sus- Figura 1.27
tores causam a difusão de amônia da les- sman, 1977; Harwood et al., 1992). Esse Uma hipótese para a iniciação coordenada da
ma. A amônia é produzida copiosamente cAMP é necessário para ativar a proteína culminação e diferenciação de células
por lesmas migratórias e reprime a culmi- quinase cAMP-dependente (PKA). Célu- pedunculares em Dictyostelium. A luz solar
dissipa a amônia na parte anterior do grex,
nação. Sempre que a amônia estiver exau- las pré-pedúnculo contendo PKA não- permitindo maior produção de cAMP nas cé-
rida (quer naturalmente ou experimental- funcional, não fosforilam certas proteínas. lulas pré-pedúnculo. A concentração mais alta
mente), a culminação começa (Schindler e Essas células não migram para a região de cAMP ativa a PKA, que fosforila um
Sussman, 1977; Newell e Ross, 1982; central anterior, nem se diferenciam em inibidor da expressão gênica do pedúnculo. O
Bonner et al., 1985). A amônia inibe a con- células do pedúnculo (Firtel e Chapman, inibidor fosforilado não pode mais inibir os
versão de células pstA em pstB e proíbe a 1990; Harwood et al., 1992). Os dados genes pedúnculo-específicos. A seqüência pela
qual a formação de esporos é inibida, não está
continuação da formação do pedúnculo sugerem que quando PKA é ativada, clara. (Baseado em modelos de Bonner et al.,
1985, e Harwood et al., 1992)
cAMP
Amônia
Repressor ativo da
diferenciação e de Migração
genes de migração continuada
peduncular do grex
PKA
ativa
Transcrição
do gene da proteína B
da matriz extracelular;
Repressor inativo
migração de células
(fosforilado)
pré-pedúnculo;
diferenciação e
culminação peduncular
DEUTEROSTOMATAS PROTOSTOMATAS
Segmentados Não-segmentados
Larva
trocófora
Clivagem em
a
ad
espiral gastrulação
m
lo
protostosomal da
ce
ma
do
lo
eu
ce
Larva dipleura
ps
a
izo
ad
em
(tornária)
m
qu
elo
ag
es
ac
nh
em
Li
em
ag
ag
nh
Clivagem radial
nh
Li
gastrulação Li
deuterostomal
L
DIA
RA
SIMETRIA Platelmintos primitivos RIA
ET
BILATERAL (acelomados) SIM
Larvas planulóides
Protozoários coloniais
primitivos
Protistas flagelados
Figura 1.28
Principiais divergências evolucionárias em animais existentes. (Outros modelos são possíveis,
porém, os esquemas em geral são todos semelhantes ao mostrado aqui.)
Os Poríferos
Considera-se que os protistas coloniais deram origem, ao menos, a dois grupos de
metazoários, ambos passando por estágios embrionários. Um desses grupos é o Porífero
(esponjas). Esses animais desenvolvem-se de um modo tão diferente daquele de qual-
quer outro grupo de animais, que alguns taxonomistas sequer consideram-nos
metazoários (chamando-os, “parazoários”). Uma esponja tem três tipos principais de
células somáticas, mas um deles, o arqueócito, pode se diferenciar em todos os outros
30 PARTE I Introdução à Biologia do Desenvolvimento
tipos. As células de uma esponja quando passadas por uma peneira, podem regenerar
novas esponjas a partir de células individuais. Ainda mais, em alguns casos, tal re-
agregação é espécie-específica: se células individuais de esponja de duas espécies
diferentes forem misturadas, cada uma que se re-forma contém somente células de
uma espécie (Wilson, 1907). Nesses casos, admite-se que os arqueócitos móveis cole-
cionam células de sua espécie, mas não das outras (Turner, 1978). Esponjas não con-
tém mesoderma, não havendo portanto verdadeiros sistemas de órgãos em Porífero;
esses seres não têm tubo digestivo, sistema circulatório, nervos ou músculos. Assim,
apesar de passarem por estágios embrionários e larvais, esponjas são muito pouco
parecidos com a maioria dos metazoários (veja Fell, 1997).
Protostomatas e Deuterostomatas
O outro grupo de metazoários emergindo dos protistas coloniais é caracterizado pela
presença de três camadas germinativas durante o desenvolvimento. Alguns membros
do grupo constituem os Radiatas, assim chamados porque têm simetria radial tal como
um tubo ou uma roda. Os Radiatas incluem os cnidários (medusas, corais e hidras) e
ctenóforos (medusas de crista). Nesses animais, o mesoderma é rudimentar, consistin-
do de células escassamente disseminadas em uma matriz gelatinosa. Porém, a maioria
dos metazoários tem simetria bilateral, constituindo assim, os Bilaterias. Esses filos
bilaterais são classificados como platelmintos, protostomatas ou deuterostomatas.
Pensa-se que todos os Bilateria descendam de um tipo primitivo de platelminto. Esses
platelmintos foram os primeiros a ter mesoderma verdadeiro (embora não tivessem
ficado ocos para formar uma cavidade corpórea), e foram considerados parecidos com
as larvas de certos celenterados contemporâneos. Enquanto os platelmintos são des-
providos de celoma (cavidade corpórea), os nematelmintos (e rotiferas) têm uma cavi-
dade corpórea diferente daquela de todos os outros animais, por ser desprovida de
revestimento mesodérmico. A maioria dos filos são celomados, isto é, possuem uma
cavidade corporal revestida por mesoderma.
As diferenças entre as duas divisões de Bilateria estão ilustradas na Figura 1.29.
Protostomatas (do Grego, “boca primeiro”), incluem os filos dos moluscos, artrópodos
e vermes; são assim chamados porque a boca é formada em primeiro lugar, junto ou
próximo da abertura intestinal, produzida durante a gastrulação. O ânus se forma mais
tarde em outro local.
A cavidade corpórea desses animais se forma a partir de uma previamente sólida
corda de células mesodérmicas, tornadas ocas. A outra grande divisão dos Bilateria é
a linhagem dos deuterostomatas. Os filos nessa divisão incluem os chordatas e os
equinodermos. Embora possa parecer estranho classificar seres humanos e cavalos
no mesmo grupo que estrelas-do-mar e ouriços-do-mar, alguns traços embriológicos
acentuam esse parentesco. Em primeiro lugar, nos deuterostomatas (do Grego signifi-
cando “boca depois”), a abertura bucal é formada depois da abertura anal. Também,
enquanto prostostomatas em geral formam suas cavidades corpóreas tornando oco
um bloco sólido de mesoderma (formação esquizelóide), a maioria dos deuterostomatas
formam suas cavidades corpóreas a partir de bolsas mesodérmicas estendendo-se do
intestino (formação enterocélica). Porém, deve-se mencionar que há muitas exceções
a essas generalizações.
Protostomatas e deuterostomatas diferem na maneira pela qual são clivados. Na
maioria dos deuterostomatas, os blastômeros são perpendiculares ou paralelos uns aos
outros. Isso é chamado clivagem radial. Protostomatas ao contrário, têm uma extensa
variedade de tipos de clivagem. Muitas espécies formam blástulas compostas por célu-
las que estão em ângulos agudos relativamente ao eixo polar do embrião. São por isso
considerados sofrer clivagem espiral. Além disso, os blastômeros em estágio de clivagem,
na maioria dos deuterostomatas, têm maior capacidade de regular seu desenvolvimento
do que os prostostomatas. Se um único blastômero é removido de um embrião
quadricelular de ouriço-do-mar ou camundongo, tal blastômero irá desenvolver-se em
um organismo inteiro, e os três-quartos restantes do embrião também irão se desenvolver
CAPÍTULO 1 Introdução ao Desenvolvimento Animal 31
Celoma Celoma
Bolsa
Blastocele Blastocele
Intestinal
Mesoderma Bolsas se
se divide destacam
Mesoderma Mesoderma
Figura 1.29
Tendências principais dos prostostomatas e
normalmente. Porém, se a mesma operação fosse realizada em um embrião de lesma ou de deuterostomatas. Exceções à todas essas ten-
verme, tanto o blastômero isolado como os restantes se desenvolveriam em embriões dências gerais evoluíram secundariamente em
certos membros de cada grupo. (A maioria dos
parciais – cada um carente daquilo que foi formado a partir dos outros.
vertebrados por exemplo, não tem uma forma-
A evolução dos organismos depende de alterações herdadas em seu desenvolvi- ção estritamente enterocélica da cavidade cor-
mento. Um dos maiores avanços evolucionários – o ovo amniótico – ocorreu entre os poral; e os embriões de certos deuterostomatas,
deuterostomatas. Esse tipo de ovo, exemplificado pelo da galinha (Figura 1.30), é como os tunicados, não sofrem regulação se os
considerado ter-se originado dos ancestrais anfíbios dos répteis, há cerca de 255 blastômeros são deles removidos.)
milhões de anos. O ovo amniótico permitiu aos vertebrados vagar pela terra longe de
suprimentos de água existentes. Ao passo que a maioria dos anfíbios é obrigada a
voltar para a água para procriar e permitir o desenvolvimento de seus ovos, o ovo
amniótico carrega seu próprio suprimento de água e nutrientes. O ovo é fertilizado
internamente e contém a gema para nutrir o embrião em desenvolvimento. Ainda,
contém quatro bolsas: o saco vitelínico, que armazena proteínas nutrientes, o âmnio,
que contém fluido banhando o embrião, a alantóide, na qual restos do metabolismo
embrionário são coletados, e o cório, que interage com o ambiente externo, seletiva-
mente permitindo materiais chegar ao embrião. O todo dessa estrutura está contido em
uma casca que permite a difusão de oxigênio, ao mesmo tempo sendo suficientemente
dura para proteger o embrião de agressões ambientais. Desenvolvimento semelhante
de proteções do ovo permitiram aos artrópodes serem os primeiros invertebrados
sobre a terra. Assim, a travessia final dos limites entre água e terra ocorreu com a
modificação do estágio mais precoce do desenvolvimento – o ovo.
32 PARTE I Introdução à Biologia do Desenvolvimento
LITERATURA CITADA
Bergman, K., Goodenough, U. W., Coodenough, Bonner, J., Hay, A. and John, D. 1985. pH Firtel, R. A. and Chapman, A. L. 1990. A role
D. A., Jawitz, J. and Martin, H. 1975. Gametic affects fruiting and slug orientation in Dictyos- for cAMP-dependent protein kinase A in early
differentiation in ChIamydomonas reinhardtii. telium discoideum. J. Embryol. Exp. Morphol. Dictyostelium development. Genes Dev. 4:18-28.
II. Flagellar membranes and the agglutination 87: 207-213.
Fulton, C. 1977. Cell differentiation in Naegleria
reaction. J. Cell Biol. 67: 606-622.
da Silva, A. M. and Klein, C. 1990. Cell adhesion gruberi. Annu. Rev. Microbiol. 31: 597-629.
Beug, H., Gerisch, G., Kempff, S., Riedel, V. and transformed D. discoideum cells: Expression of
Fulton, C. and Walsh, C. 1980. Cell differentia-
Cremer, G. 1970. Specific inhibition of cell gp80 and its biochemical characterization. Dev.
tion and flagellar elongation in Naegleria
contact formation in Dictyostelium by univalent Biol. 140: 139-148.
gruberi: Dependence on transcription and
antibodies. Exp. Cell Res. 63: 147-158.
Early, A., Abe, T. and Williams, J. 1995. Evidence translation. J. Cell Biol. 85: 346-360.
Bonner, J. T. 1947. Evidence for the formation for positional differentiation of prestalk celIs
Garcia, E. and Dazy, A.-C. 1986. Spatial
of cell aggregates by chemotaxis in the develop- and for a morphogenetic gradient in Dictyoste-
distribution of poly(A) + RNA and protein
ment of the slime mold Dictyostelium discoi- lium. Cell 83: 91-99.
synthesis in Acetabularia mediterranea. Biol.
deum. J. Exp. Zool. 106: 1-26.
Faix, J., Gerisch, G. and Noegel, A. A. 1990. Cell 58: 23-29.
Bonner, J. T. 1957. A theory of the control of Constitutive overexpression of the contact A
Gilbert, S. F. aned Raunio, A. M. 1997. Embryo-
differentiation in the cellular slime molds. Q. glycoprotein enables growth-phase celIs of Dic-
logy: Constructing the Organism. Sinauer
Rev. Biol. 32: 232-246. tyostelium discoideum to aggregate. EMBO J. 9:
Associates, Sunderland, MA.
2709-2716.
Bonner, J. T., Berkley, D. S., Hall, E. M., Konijn,
Goodenough, U. W. and Weiss, R. L. 1975,
T. M., Mason, J. W., O’Keefe, G. and Fell, P. 1997. Porifera, the sponges. In S. F.
Gametic differentiation in ChIamydomonas rei-
Gilbert and A. M. Raunio (eds.), Embryology:
Wolfe, P. B. 1969. Acrasin, acrasinase and the nhardtii. III. Cell wall lysis and microfilament
Constructing the Organism. Sinauer Associates,
sensitivity to acrasin in Dictyostelium discoi- associated mating structure activation in wild-type
Sunderland, MA.
deum. Dev. Biol. 20: 72-87. and mutant strains. I. Cell Biol. 67: 623-637.
CAPÍTULO 1 Introdução ao Desenvolvimento Animal 33
Cross, J., Bradbury, J, Kay, R. and Peacey, M. Krutch, J. W. 1956. The Great Chain of Life. Shaffer, B. M. 1975. Secretion of cyclic AMP
1983. Intracellular pH and the control of cell Houghton Mifflin, Boston. [pp. 28-29] induced by cyclic AMP in the cellular slime mold
differentiation in Dictyostelium discoideum. Dictyostelium discoideum. Nature 255: 549-552.
Loormis, W. F. 1988. Cell-cell adhesion in Dic-
Nature 303: 244-245.
tyostelium discoideum. Dev. Genet. 9: 549-559. Shaulsky, G. and Loomis, W. F. 1995. Mitochon-
Hämmerling, J. 1934. Über formbildended drial DNA replication but no nuclear DNA
Matsukuma, S. and Durston, A. J. 1979. replication during development. Proc. Natl.
Substanzen bei Acetabularia mediterranea, ihre
Chemotactic cell sorting in Dictyostelium dis- Acad. Sci. USA 92: 5660-5663.
rãumliche und zeitfiche Verteilung und ihre
coideum. J. Embryo1. Exp. Morphol, 5O:
Herkunft. Wílhelm Roux Arch. Entwicklungs- Siegert, F. and Weijer, C. J. 1989. Digital image
243-251.
mech. Org. 131: 1-81. processing of optical density wave propagation
McDonald, S. A. and Durston, A. J. 1984. The in Dictyostelium discoideum and analysis of the
Hartmann, M. 1921. Die dauernd agame Zucht
cell cycle and sorting out behaviour in Dictyos- effects of caffeine and ammonia. J. Cell Sci. 93:
von Eudorina elegans, experimentelle Beiträge
telium discoideum. J. Cell Sci. 66: 196-204. 325-335.
zum Be–fruchtungs-und Todproblem. Arch.
Protistk. 43: 223-286. Mee, J. D., Tortolo, D. M. and CoukelI, M. B. Siegert, F. and Weijer, C. J. 1991. Analysis of
1986. Chemotaxis -associated properties of optical density wave propagation anel cell
Harwood, A. J., Hopper, N. A., Simon, M.-N.,
separated prestalk and prespore celIs of Dic- movement in the cellular slime mould Disctyos-
Driscoll, D. M., Veron, M. and Williams, J. G.
tyostelium discoideum. Biochem. Cell Biol. telium discoideum. Physica D 49: 224-232.
1992. Culmination in Dictyostelium is regulated
64:722-732.
by the cAMP-dependent protein kinase. Cell Sies, H. 1988. A new parameter for sex education.
69: 615-624. Morris, H. R., Taylor, G. W., Masento, M. S., Nature 332: 495.
Jermyn, K. A. and Kay, R. R. 1987. Chemical Singer, S. 1997. Plant development. In S. F.
Jermyn, K. A. and Williams, J. 1991. An analysis
structure of the morphogen differentiation-in- Gilbert and A. M. Raunio (eds.), Embryology:
of culmination in Dictyostelium using prestalk
ducing factor from Dictyostelium discoideum. Constructing the Organism. Sinauer Associates,
and stalk-specific cell autonomous markers. De-
Nature 328: 811-814. Sunderland, MA.
velopment 111: 779-787.
Müllier, K. and Gerisch, G. 1978. A specific gly- Strickberger, M. W. 1985. Genetics, 3rd Ed.
Johnson, R. L., Gundersen, R., Lilly, P., Pitt, G.
coprotein as the target of adhesion blocking Fab Macmillan, New York.
S., Pupillo, M., Sun, T. J, Vaughan, R. A. and
in aggregating Dictyostelium cells. Nature 274:
Devreotes, P. N. 1989. G-protein-linked signal Sumper, M., Berg, E., WenzI, S. and Gocil, K.
445-447.
transduction systems control development in 1993. How a sex pheromone might act at a
Dictyostelium. Development [Supp1.1: 75-80. NewelI, P. and Ross, F 1982. Genetic analysis of concentration below 10-16 M. EMBO J. 12:
the slug stage of Dictyostelium discoideurn. J. 831-836.
Kay, R. R. and Jermyn, K. A. 1983. A possible
Genet. Microbiol. 128: 1639-1652.
morphogen controlling differentiation in Dic- Takeuchi, 1. 1991. Cell sorting and pattern for-
tyostelium. Nature 303: 242-244. Ohmori, T. and Maeda, Y. 1987. The develop- mation in Dictyostelium discoideum. In J.
mental fate of Dictyostelium discoideum cells Gerhart (ed.), Ce11-Cell Interactions in Early
Kay, R. R., Berks, M. and Traynor, D. 1989.
depends greatly on the cell-cycle position at the Development. Wiley-Liss, New York, pp.
Morphogen hunting in Dictyostelium. Develop-
onset of starvation. Cell Differ. 22:11-18. 249-259.
ment [Supp1.1: 81-90.
Pommerville, J. and Kochert, G. 1982. Effects Tomchick, K. J. and Devreotes, P. N. 1981.
Keller, E. F. and Segal, L. A. 1970. Initiation of Adenosine 3',5' monophosphate waves in Dictyos-
of senescence on somatic cell physiology in the
slime mold aggregation viewed as an instability. telium discoideum: A demonstration by isotope
green alga Volvox carteri. Exp. Cell Res. 14:
J. Theoret. Biol. 26: 399-415. dilution -fluorography. Science 212: 443-446.
39-45.
Kirk, D. L. 1988. The ontogeny and phylogeny Turner, R. S. Jr. 1978. Sponge cell adhesions. In
Powers, J. H. 1908. Further studies on Volvox,
of cellular differentiation in Volvox. Trends D. R. Garrod (ed.), Specificity of Embryological
with description of three new species. Trans.
Genet. 4: 32-36. Interactions. Chapman and HalI, London, pp.
Am. Micros. Soc. 28: 141-175.
Kirk, D. L. and Kirk, M. M. 1986. Heat shock 199-232.
elicits production of sexual inducer in Volvox. Raper, K. B. 1940. Pseudoplasmodium formati-
Tyson, J. J. and Murray, J. D. 1989. Cyclic AMP
Science 231: 51-54. on and organization in Dietyostelium discoi-
waves during aggregation of Dictyostelium
deum. J. Elisha Mitchell Sci. Soc. 56: 241-282.
Kirk, D. L., Viamontes, G. I., Green, K. J. and amoebae. Development 106: 421-426.
Bryant, J. L. Jr. 1982. Integrated morphogene- Robertson, A., Drage, D. J. and Cohen, M. H. 1972. Walsh, C. 1984. Synthesis and assembly of the
tic behavior of cell sheets: Volvox as a model. In Control of aggregation in Dictyostelium discoi- cytoskeleton of Naegleria gruberi flagellates.
S. Subtelny and P. B. Green (eds.), Developmen- deum by an external periodic pulse of cyclic J. Cell Biol. 98: 449-456.
tal Order: Its Origin and Regulation. Alan R. adenosine monophosphate. Science 175: 333-335.
Liss, New York, pp. 247-274. Wang, M. and Schaap, P. 1989. Ammonia
Schaap, P. and van Driel, R. 1985. The induction depletion and DIF trigger stalk cell differentia-
Kloppstech, K. and Schweiger, H. G. 1975. of post-aggregative differentiation in Dictyos- tion in intact Dictyostelium discoideum slugs.
Polyadenylated RNA from Acetabularia. Diffe- teiíum discoideum by cAMP. Evidence for in- Development 105: 569-574
rentiation 4:115-123. volvement of the cell surface cAMP receptor.
Exp. Cell Res. 159: 388-398. Wang, M., van Driel, R. and Schaap, P. 1988a.
Knecht, D. A., Fuller, D. and Loomis, W. F. Cyclic AMP-phosphodiesterase induces dediffe-
1987. Surface glycoprotein gp24 involved in Schindier, J. and Sussman, M. 1977. Ammonia rentiation of prespore celIs in Dictyostelium
early adhesion of Dictyostelium discoideum. Dev. determines the choice of morphogenetic discoideum slugs: Evidence that cyclic AMP is
Biol. 121: 277-283. pathways in Dictyostelium discoideum. J. Mol. the morphogenetic signal for prespore differen-
Biol. 116:161-169. tiation. Development 103: 611-618.
Konijn, T. M., van der Meene, J. G. C., Bonner,
J. T. and Barkley, D. S. 1967. The acrasin activity Shaffer, B. M. 1953. Aggregation in cellular
Wang, M., Aerts, R. J., Spek, W. and Schaap,
of adenosine -3´,5'-cyclic phosphate. Proc. Natl. slime molds: In vitro isolation of acrasin.
P. 1988b. Cell cycle phase in. Dictyostelium
Acad. Sei. USA 58: 1152-1154. Nature 171: 975.
34 PARTE I Introdução à Biologia do Desenvolvimento
discoideum is correlated with the expression of Williams, J. G. and Jermyn, K. A. 1991. Cell Williams, J. G., Duffy, K. T., Lane, D. P.,
cyclic AMP production, detection and degrada- sorting and positional differentiation during Dic- McRobbie, S. J., Harwood, A. J., Traynor, D.,
tion. Involvement of cAMP signalling in cell tyostelium morphogenesis. In J. Gerhart (ed.), Kay, R. R. and Jermyn, K. A. 1989. Origins of
sorting. Dev. Biol. 125:410-416. Ce11-Cell Interactions in Early Development. the prestalk-prespore pattern in Dictyostelium
Wiley-Liss, New York, pp. 261-272. development. Cell 59: 1157-1163.
Wang, M., Roelfsema, J. H., Williams, J. G. and
Schaap, P. 1990. Cytoplasmic acidification Williams, J. C., Ceccarelli, A., McRobbie, S., Wilson, E. B. 1896. The Cell in Development
facilitates but does not mediate DIF-induced Mahbubani, H., Kay, R. R., Early, A., Berks, M. and Inheritance. Macmillian, New York.
prestalk gene expression in Dictyostelium dis- and Jermyn, K. A. 1987. Direct induction of
Wilson, H. V. 1907. On some phenomena of
coideum. Dev. Biol. 140: 182-188. Dictyostelium pre-staIk gene expression. of DIF
coalescence and regeneration. in sponges. J. Exp.
provides evidence that DIF is a morphogen. Cell
Weijer, C. J., DuschI, G. and David, C. N. 1984. Zool. 5: 245-258.
49: 185-192.
Dependence of cell-type proportioning and
sorting on cell cycle phase in Dictyostelium dis-
coideum. Exp. Cell Res. 70: 133-145.
Genes e desenvolvimento:
Introdução e técnicas 2
O que gostaríamos de saber é se a estrutura
é determinada diretamente pela informação
codificada no DNA, gravada no ovo... na
extensão em que estrutura pode ser ex-
pressa por informação. JONATHAN
“E NTRE OS CARACTERES que fornecem os dados para a teoria, e os
genes postulados, aos quais os caracteres se referem, está todo o cam-
po do desenvolvimento embrionário”. Aqui Thomas Hunt Morgan (1926)
estava verificando que o único caminho de genótipo para fenótipo, passava através
de processos desenvolvimentais. No começo do século vinte, embriologia e genética
BARD (1990) não eram consideradas ciências separadas. Divergiram na década de 1920, quando
Morgan redefiniu a genética como a ciência que estuda a transmissão dos traços em
Os segredos que me enlaçam e cativam são oposição à embriologia, a ciência que estuda a expressão desses traços. Durante a
em geral segredos da hereditariedade: como última década, porém, as técnicas da biologia molecular realizaram uma reaproximação
uma semente de pêra vira uma pereira em entre embriologia e genética. Na realidade, os dois campos se ligaram novamente a tal
vez de um urso polar. CYNTHIA
ponto que se torna necessário uma discussão prévia da genética molecular neste
OZICK (1989)
texto. Questões do desenvolvimento animal que não poderiam ser consideradas há
uma década, estão sendo agora resolvidas por um conjunto de técnicas envolvendo
síntese de ácidos nucléico e hibridização. Este capítulo procura situar essas novas
técnicas dentro do contexto do diálogo, ora em curso, entre genética e embriologia.
35
36 PARTE I Introdução à Biologia do Desenvolvimento
(B)
Figura 2.1
(A) E. B. Wilson (1856-1939; mostrado aqui em
aproximadamente 1899), um embriologista cujo
trabalho, na fase precoce da embriologia e da de-
terminação sexual, muito avançou as hipóteses
cromossômicas do desenvolvimento. (Wilson era
também reconhecido como um dos melhores vio-
loncelistas amadores do país.) (B) Thomas Hunt
Morgan (1866-1945), que desenvolveu a teoria
dos genes a partir da embriologia. Essa fotografia
- tomada em 1915, quando os elementos básicos
da teoria dos genes estavam se encontrando –
mostra Morgan usando uma lente manual para
identificar moscas. (A) cortesia de W. N. Timmins;
(B) cortesia de G. Allen.)
(A)
Quando Morgan e Wilson entraram nesse debate, a disputa já estava bem ativa.
Uma escola associada a Oskar Hertwig, Wilhelm Roux e Theodor Boveri, propunha
que os cromossomos do núcleo continham os elementos construtores de formas.
Esse grupo era desafiado por Eduard Pflüger, T. L. W. Bischoff, Wilhelm His e seus
colegas, que acreditavam que estruturas pré-formadas não poderiam causar tão enor-
mes mudanças durante o desenvolvimento; ao contrário, eles acreditavam que os
padrões herdados de desenvolvimento eram causados pela criação de novas molécu-
las do gameta interativo, citoplasmas. Morgan aliou-se a esse último grupo e obteve
dados que interpretou com sendo consistentes com o modelo citoplasmático da he-
rança. Em seu experimento mais crucial, ele removeu citoplasma do récem-fertilizado
ovo ctenóforo (geléia de crista). Em 1897 Morgan relatou:
Esse fato presume que o núcleo é, se não o local da formação de energia, ao menos,
o fator controlador dessa energia e, por isso, o fator controlador da herança. Essa
conjectura transforma-se em certeza quando nos voltamos para os fatos da matu-
ração (meiose), fertilização e divisão celular. Todos convergem em direção da
conclusão de que a cromatina é o elemento essencial para o desenvolvimento.
Wilson pensou que o material formador de órgãos que Morgan havia removido do
citoplasma de ovos de ctenóforo, já havia sido para ali secretado pelos cromossomos
nucleares (Wilson, 1894, 1904). Para Wilson (1905) “Os materiais citoplasmáticos pare-
cem ser apenas o meio imediato ou a causa eficiente da diferenciação, e ainda procu-
ramos sua determinação primária nas causas que residem mais profundamente.”
Parte do maior apoio para a hipótese cromossômica da herança estava vindo dos
estudos embriológicos de Theodor Boveri (Figura 2.2 A), um pesquisador na Estação
Biológica de Nápoles. Boveri fertilizou óvulos de ouriço-do-mar com altas concentra-
ções de seu espermatozóide e obteve ovos que haviam sido fertilizados por dois
espermatozóides. Na primeira clivagem, esses ovos formaram quatro pólos mitóticos e
dividiram o ovo em quatro, em vez de duas células (veja capítulo 4). Boveri então
separou os blastômeros e demonstrou que cada célula se desenvolvia anormalmente
e de maneiras diferentes por ter cada célula diferentes tipos de cromossomos. Assim,
Boveri declarou que cada cromossomo tinha uma natureza individual e o controle de (B)
diferentes processos vitais.
Figura 2.2
O Cromossomo X como uma Ponte Entre Genes e Desenvolvimento O caráter singular do cromossomo foi mostra-
do por Boveri e Stevens. (A) Theodor Boveri
Em adição à evidência de Boveri, E. B. Wilson (1905) e Nettie Stevens (1905a,b) de- (1862-1915) cujo trabalho Wilson (1918) co-
monstraram uma correlação crítica entre cromossomos nucleares e o desenvolvimento mentou: “conseguiu a verdadeira fusão de
organizacional. Stevens (Figura 2.2B), uma ex- estudante de Morgan, mostrou que em citologia, embriologia e genética – um feito bi-
92 espécies de insetos (e um cordato primitivo), as fêmeas tinham dois cromossomos ológico que... não fica atrás de qualquer outro
sexo-específicos em cada núcleo (XX), enquanto machos tinham somente um cromos- de nosso tempo.” Fotografia tirada em 1908,
somo X (XY ou XO). Parecia que uma estrutura nuclear, o cromossomo X, estava quando os estudos cromossômicos e embrio-
controlando o desenvolvimento sexual** . Morgan discordou da interpretação de que lógicos de Boveri estavam no seu apogeu. (B)
Nettie M. Stevens (1861-1912), que treinou
tanto com Boveri como com Morgan, vista
*Note-se que Wilson está escrevendo sobre unidades construtoras de forma na cromatina aqui em 1904 quando era estudante de pós-
em 1896 – antes da redescoberta do trabalhos de Mendel ou do estabelecimento da teoria dos doutorado, realizando a pesquisa que correla-
genes. Para uma análise mais detalhada das interações entre Morgan e Wilson que levaram à cionou o número de cromossomos X com o
teoria dos genes, veja Gilbert (1978, 1987) e Allen (1986). desenvolvimento sexual. [(A) cortesia de
**
Baltzer, 1967; (B) cortesia do Instituto
Wilson era um dos amigos mais íntimos de Morgan, que considerava Stevens sua melhor
estudante de pós-graduação. Ambos estavam contra Morgan nessa questão. Mesmo assim,
Carnegie de Washington.]
Morgan apoiou inteiramente o pedido de Stevens para fundos de pesquisa, confirmando suas
qualidades como as melhores possíveis. Wilson escreveu uma elogiosa carta de recomendação,
apesar de saber que ela seria uma rival na pesquisa (veja Brush, 1978).
38 PARTE I Introdução à Biologia do Desenvolvimento
(A) (B)
Ao mesmo tempo, Waddington (1939) isolava diversos genes que causavam mal-
formações alares na mosca das frutas, Drosophila. Também analisava como esses
genes podiam afetar os primórdios que dão origem a essas estruturas. A asa da Droso-
phila, conforme proclamou corretamente, “parecia favorável para pesquisas sobre a
ação desenvolvimental dos genes”. Assim, uma das principais objeções ao modelo
genético do desenvolvimento levantadas pelos embriologistas - que os genes atuam
somente sobre a modelagem final do embrião e não sobre seus principais esquemas de
construção – foi contrariada. [gene3.html]
Metaplasia
A primeira evidência para equivalência genômica veio após a 2a Guerra Mundial, por
parte de embriologistas que estavam estudando a regeneração de tecidos excisados.
O estudo da regeneração do olho da salamandra demonstrou que mesmo células
adultas diferenciadas podem reter o seu potencial de produzir outros tipos celulares.
Portanto, os genes para os produtos desses outros tipos de células devem ainda estar
presentes, embora normalmente não expressos. Na salamandra, a remoção da retina
neural promove sua regeneração a partir da retina pigmentada, e uma nova lente pode
ser formada a partir das células da íris dorsal. A regeneração do tecido lenticular da íris
(a assim chamada regeneração Wolffiana a partir da pessoa que primeiro a observou
em 1894) foi intensamente estudada. Yamada e seus colegas (Yamada, 1966, Dumont e
Yamada, 1972) acharam que após a remoção de uma lente, uma série de acontecimentos
leva à produção de uma nova lente a partir da íris (Figura 2.4). Os núcleos do lado
dorsal da íris começam a sintetizar quantidades enormes de ribossomos, seu DNA se
replica, e divisões mitóticas se sucedem. As células da íris pigmentada começam, em
seguida, a se desdiferenciar expelindo seus melanossomos (os grânulos pigmentados
que dão ao olho a sua cor; esses melanossomos são ingeridos por macrófagos que
entram no local da ferida). A íris dorsal continua a se dividir, formando um globo de
tecido desdiferenciado na região da lente removida. Essas células começam então a
sintetizar os produtos diferenciados de células lenticulares, as proteínas do cristali-
no. Essas proteínas são fabricadas na mesma ordem que no desenvolvimento normal
da lente. Uma vez formada uma nova lente, as células do lado dorsal da íris cessam sua
atividade mitótica.
Esses eventos não são a via normal pela qual a lente dos vertebrados é formada.
Como será visto em detalhe mais tarde, a lente normalmente se desenvolve a partir de
uma camada de células epiteliais da cabeça, induzida pelas células retinais precursoras
subjacentes. A formação da lente por células diferenciadas da íris representa metaplasia
(ou transdiferenciação), a transformação de um tipo celular diferenciado em outro
(Okada, 1991). A íris da salamandra, portanto, não havia perdido gene algum daqueles
usados na diferenciação das células da lente.
Retina Retina
pigmentada neural
Íris dorsal
Figura 2.4
Lente Regeneração Wolffiana da lente da salamandra
a partir da margem dorsal da íris. (A) Olho
normal, não-operado no estágio larval da sala-
Íris mandra Notophtalmus viridiscens. (B-G) Re-
ventral generação da lente, vista respectivamente nos
dias 5, 7, 9, 16, 18 e 30. A nova lente estará
completa no dia 30. (de Reyer, 1954, cortesia
de R. W. Reyer.)
(A) (B) (C)
Fuso Grânulos Remoção dos cromossomos Ovo ativado Extração e lise da Núcleo doador
meiótico pigmentados e do fuso da célula enucleado célula doadora inserido na célula
enucleada
Figura 2.5
Procedimento para o transplante de núcleos da Membrana
blástula para ovos ativados enucleados de Rana cicatriza
pipiens. As dimensões relativas do fuso meiótico
foram exageradas para demonstrar a técnica. A
bela R. pipiens na fotografia foi derivada dessa
maneira. (Segundo King, 1966; fotografia corte-
sia de M. DiBerardino e N. Hoffner.)
CAPÍTULO 2 Genes e Desenvolvimento 43
r di ec r di m co o c
pr
Porcentagem de embriões de transplantes
Horas a 18oC
RESULTADOS
Girino Girino
(morre)
Embrião
anormal
Rã adulta
(Cepa 1 – nu)
de gerar girinos natatórios (Orr et al., 1986; DiBerardino, 1989). Embora DiBerardino
(1987) tenha observado que “até o presente, núcleo algum de uma célula
documentadamente especializada, nem de uma célula adulta tenha mostrado ser
totipotente”, tal núcleo pode no entanto instruir a formação de todos os órgãos do
girino natatório.
Algumas das diferenças entre os resultados dos laboratórios de Briggs e de Gurdon,
podem envolver diferenças na fisiologia do desenvolvimento das rãs Rana e Xenopus.
Quando se transfere um núcleo de uma célula diferenciada para o citoplasma do oócito,
se está pedindo ao núcleo para reverter para condições fisiológicas às quais ele não
está acostumado. Os núcleos da clivagem das rãs dividem-se rapidamente, enquanto
alguns núcleos de células diferenciadas dividem-se raramente, se tanto. Falhas em
replicar DNA rapidamente podem levar a quebras cromossômicas: tais anormalidades
foram vistas em muitas células de girinos clonados. Sally Hennen (1970) mostrou que
o sucesso desenvolvimental de núcleos doadores pode ser ampliado tratando-se
esses núcleos com espermina e resfriando os ovos para dar tempo ao núcleo de se
adaptar ao citoplasma do ovo. Acredita-se que a espermina remova histonas da
cromatina podendo “re-acertar” a atividade dos núcleos. Quando núcleos do endoderma
de girinos de Rana pipiens, no estágio de broto caudal, foram tratados dessa maneira,
62 porcento daqueles núcleos que iniciaram desenvolvimento normal, prosseguiram
até a geração de girinos normais. Em animais controle, nenhum dos núcleos conse-
guiu gerar tais girinos. Assim, os genes para o desenvolvimento do girino completo
não pareceram ter sido perdidos pelas células do endoderma.
Podemos olhar para esses experimentos de clonagem de anfíbios de duas manei-
ras. Primeiro, reconhecer uma restrição geral de potência concomitante ao desenvolvi-
mento. Segundo, facilmente ver que o genoma da célula diferenciada é notavelmente
potente em sua habilidade de produzir todos os tipos celulares do girino anfíbio. Em
outras palavras, mesmo existindo um debate sobre a totipotência de tais núcleos,
existe pouca dúvida de que eles são extremamente pluripotentes. Certamente, muitos
genes não usados na pele ou em células sangüíneas, podem ser reativados para
produzir os nervos, o estômago, ou o coração de um girino natatório. Assim, cada
núcleo no corpo contém a maioria (se não todos) dos mesmos genes.
Informações adicionais
& Especulações
Figura 2.9
Experimento de Steward demonstrando a
totipotência de células do floema da cenoura.
Corte Planta
Planta de Proliferação de
transversal jovem
cenoura massa celular
da raiz
madura (calo) em meio Planta embrionária
de cultura de transferida para meio Planta de cenoura
leite de coco de cultura de agar madura no agar
CAPÍTULO 2 Genes e Desenvolvimento 47
desorganizada chamada calo. A continu- de cenoura completa e fértil (Steward et são destacadas como uma linhagem dis-
ação da rotação leva ao desbastamento al., 1964; Steward, 1970). tinta de células no início do desenvol-
de células individuais do calo para o meio Porém, plantas e animais se desen- vimento), as plantas normalmente deri-
de suspensão. Essas células dão origem volvem de maneira diferente; a propa- vam seus gametas de células somáticas.
a nódulos celulares semelhantes a raízes gação vegetativa de plantas por corte Portanto, não é tão surpreendente que
que continuam a crescer enquanto per- (i.e, porções de plantas que quando nu- uma única célula de uma planta possa
manecem em suspensão. A partir desses tridas, regeneram as partes faltantes) é se diferenciar em outros tipos de célu-
nódulos, colocados em um meio solidifi- uma prática agrícola comum. Além dis- las e formar um clone geneticamente
cado com agar, o resto da planta é capaz so, em contraste com anfíbios e mamífe- idêntico (clone, do grego klon, signifi-
de se desenvolver, formando uma planta ros (nos quais as células germinativas cando “ramo”).
a maior lacuna, ainda para ser preenchida, entre dois campos da pesquisa em
biologia é provavelmente aquela entre a genética e a embriologia. É o problema
repetidas vezes declarado, porém, até agora não resolvido, de como células com
genomas idênticos podem se tornar diferenciadas, adquirir a propriedade de
confeccionar moléculas com novos, ou no mínimo, diferentes padrões ou confi-
gurações específicos.
*A grande exceção a essa regra da constância dos genes – os genes das imunoglobulinas – é
discutida no Capítulo 10. Cada célula tem todas as subunidades gênicas das imunoglobulinas, mas em
linfócitos, algumas dessas subunidades estão rearranjadas ou mesmo suprimidas do genoma. O
terceiro desafio - a explicação de como o ambiente pode direcionar o desenvolvimento – foi
prontamente compreendida, uma vez que a explicação geral para a expressão diferencial da expres-
são gênica foi estabelecida. Conforme veremos, o modelo do operon demonstrou como uma
substância do ambiente podia efetuar a expresão gênica diferenciada.
48 PARTE I Introdução à Biologia do Desenvolvimento
Monod não foi o único cientista a achar que micróbios unicelulares poderiam
explicar a diferenciação multicelular. O microbiologista Sol Spiegelman (1947) declarou
que a embriologia estava sendo prejudicada por sua própria terminologia. O problema
da diferenciação não podia mais ser visto como uma propriedade estrutural dos teci-
dos, mas passar a ser considerado uma propriedade bioquímica de células individuais.
A diferenciação deveria ser vista não em termos anatômicos, mas como “produção
controlada de padrões enzimáticos únicos”. Essa redefinição focaliza a atenção para a
relação entre os genes do núcleo e as propriedades do citoplasma. Além disso, a
síntese de uma enzima adaptativa em presença do seu substrato deveria ser discutida
como uma “indução”. Esse é o termo técnico usado em embriologia para descrever a
habilidade de uma célula produzir uma substância capaz de influenciar a diferenciação
de outra. O agente molecular responsável deveria ser chamado “o indutor”. Spiegelman
via uma semelhança fundamental entre a indução de novos tipos celulares no embrião
e a indução de novas enzimas em microorganismos. [gene5.html]
No fim da década de 1950, um grupo de pesquisadores acreditava que micróbios
eram um excelente (e facilmente estudado) modelo para diferenciação embrionária.
Muitos geneticistas microbianos explicitamente ligaram enzimas indutivas a concei-
tos embriológicos. Julgavam ser válida a extrapolação, e apelaram para a unidade da
natureza e, em última análise, as regras simples que esperavam encontrar. Como suge-
rido por Monod (veja Judson, 1979), se alguém entender a bactéria, entenderá o ele-
fante. Muitos embriologistas, porém, permaneceram cépticos a respeito da extrapolação
de bactérias a embriões, enfatizando a complexidade do desenvolvimento e a diversi-
dade da performance embriológica.
Em 1961, Jacob e Monod sintetizaram dados sobre a indução da β-galactosidase
levando à construção do modelo do operon. Esse modelo postula que a pequena
molécula do indutor causava a transcrição de diferentes genes em E. coli (Figura 2.10).
Em sistemas indutivos, uma proteína repressora codificada por genes liga-se ao sítio
operador adjacente aos genes estruturais, impedindo a ligação da RNA polimerase ao
sítio promotor que inciaria a transcrição. Estando presente, o indutor liga-se à proteína
repressora alterando sua conformação de forma a impedir a ligação ao operador. Com
isso, o gene torna-se capaz de transcrever mRNA, que pode ser traduzido formando
proteína. Dessa maneira, o mesmo genoma pode sintetizar diferentes enzimas, depen-
dendo da presença ou não do respectivo indutor. Em um importante trabalho de 1961,
Jacob e Monod enfatizaram que o mecanismo de controle do operon-símile pode ser
parte da regulação gênica universal. Eles conectaram seus resultados ao “problema
fundamental da embriologia química que é a compreensão do porquê células dos
tecidos não expressam constantemente todos os potenciais contidos em seu genoma”.
O modelo do operon foi imediatamente introduzido nos textos de embriologia por
cientistas que procuravam a síntese da genética com a embriologia. O livro de
Waddington (1962), Novos Padrões na Genética e no Desenvolvimento, começa com
um capítulo relacionando o modelo do operon de Jacob e Monod com o controle da
expressão gênica no desenvovimento dos anfíbios. Waddington aprovou especial-
mente esse modelo porque significava que os genes não são apenas ativos, mas
reativos, respondendo às mudanças no citoplasma. Waddington considerou genes e
citoplasma como mutuamente interativos. Essa perspectiva foi também salientada em
Hereditariedade e Desenvolvimento (1963), síntese de embriologia com genética por
John Moore, que conclui:
Lactose
RNA
mRNA polimerase
β-galactosidase
mRNA é transcrito
Lactose combinando
com o repressor,
previne ligação a o
Genes estruturais
Genes estruturais
Figura 2.11
Cromossomos politênicos. (A) Cromossomos politênicos de células da glândula salivar de
Drosophila melanogaster. Os quatro cromossomos estão conectados em seus centrômeros,
formando um denso cromocentro. Os genes estruturais para a álcool desidrogenase (ADH),
aldeído oxidase (Aldox) e octanol desidrogenase (ODH) foram mapeados nas posições designa-
das nesses cromossomos. (B) Fotografia ao microscópio eletrônico de uma pequena região de
um cromossomo politênico de Drosophila. As bandas escuras estão altamente condensadas
comparadas com as regiões interbandas. (A de Ursprung et al., 1968, cortesia de H. Ursprung;
B de Burkholder, 1976, cortesia de G. D. Burkholder.)
Aldox
CAPÍTULO 2 Genes e Desenvolvimento 51
estimulados ou inibidos por certas mudanças fisiológicas causadas pelo calor ou por
hormônios (Clever, 1966; Ashburner, 1972; Ashburner e Berondes, 1978).
Beermann (1961) apresentou evidências que esses tufos representam um afrouxa-
mento localizado de cromossomos politênicos (Figura 2.14) e que são sítios de síntese
ativa de RNA. Duas espécies intercruzadas diferentes de Chiromonus foram encon-
tradas: uma produzindo grande quantidade de proteína salivar e a outra não (Figura
2.15). Os produtores tinham uma tufo grande (anel de Balbiani) em determinada banda;
esse tufo não existia nos não-produtores. O cruzamento de produtor com não-produ-
tor resultou em larvas produzindo quantias intermediárias de proteína salivar. Cruzan-
do duas moscas híbridas, a capacidade de produzir proteína salivar segregou-se de
forma Mendeliana: 1 alto produtor: 2 intermediários:1 não-produtor. Altos produtores
tinham dois tufos (um em cada cromossomo homólogo), produtores intermediários
tinham apenas um, e não-produtores nenhum tufo. Beermann concluiu que a informa-
ção genética necessária para a síntese dessa proteína salivar está presente nessa
banda distal do cromossomo e que sua produção dependia de transformação em uma
região estufada.
(A)
(B)
Figura 2.12
Identidade genômica em cromossomos politênicos. (A) Uma região do
conjunto cromossômico da mosca Chiromonus tentans. Notar a constân-
cia do número de bandas nos diferentes tecidos. (B) Hibridização do RNA
de uma proteína da gema com um cromossomo da glândula salivar larval
de Drosophila. Os grãos escuros (flexa) mostram onde a mensagem da
proteína radioativa da gema se ligou aos cromossomos. Notar que o gene
para a proteína está presente no cromossomo da glândula salivar, apesar
da proteína não ser aí sintetizada. (A) Segundo Beermann, 1952; (B) De
Barnett et al., 1980; fotografia cortesia de P. C. Wensink.
52 PARTE I Introdução à Biologia do Desenvolvimento
Figura 2.13
Seqüência de estufamentos de uma porção do cro-
mossomo 3 da glândula salivar de Drosophila mela-
nogaster. (A,B) larva de 110 horas; (C) larva de 115
horas; (D,E) estágio pré-pupa (após 4 horas). Notar
o estufamento e a regressão das bandas 74EF e 75B.
Outras bandas (71DE, 78D) estufam mais tarde, po-
rém, a maioria não estufa de modo algum durante o
período. (Cortesia de M. Ashburner.)
(A)
(B)
Figura 2.14
Terminação proximal do cromossomo 4 da glândula sali-
var de Chiromonus pallidivitatus, mostrando o enorme
tufo BR2. (A) Fotomicrografia em contraste de fase, de
preparações coradas, mostrando o extenso tufo no cro-
mossomo politênico. (B) Diagrama da região passando
por estufamento. (A de Grossbach, 1973, cortesia de U.
Grossbach; B segundo Beermann, 1963)
CAPÍTULO 2 Genes e Desenvolvimento 53
BR4(SZ)
Alto Não-produtor
produtor
BR2
Todos produtos
intermediários
BR1
BR3
Figura 2.15
Correlação de padrões de estufamento com fun-
ções especializadas nas células das glândulas
salivares de Chironomus pallidivitatus. (A)
radioativos. O RNA radioativo pôde, em seguida, ser extraído da porção BR2 do Cromossomo de uma célula produzindo uma
cromossomo dissecado (Lambert, 1972). Esse RNA era excepcionalmente grande – secreção granular e mostrando um anel de
cerca de 50.000 bases. O grande segmento de RNA radioativo, especificamente Balbiani adicional [BR4(SZ)]. (B) Cromosso-
hibridizado para a região BR2 do cromossomo, mostrou que o DNA estufado (Puff mo 4 de uma célula salivar, mostrando somen-
de DNA) - e nenhum outro local - tinha-o transcrito ativamente (Figura 2.16C). Esse te anéis de Balbiani 1, 2 e 3 (BR1, BR2, BR3).
mesmo RNA pôde ser isolado de polissomos sintetizadores de proteínas, indicando (C) Evidência genética que a síntese de uma
importante proteína salivar depende da for-
que é ativo na síntese protéica (Wieslander e Daneholt, 1977). Assim, um RNA
mação de tufos BR4(SZ). Larvas com altos
transcrito de uma banda específica de DNA, que estufa na glândula salivar larval, níveis de secreções granulares têm células sali-
pode posteriormente ser visto produzindo proteínas em ribossomos citoplasmáticos. vares glandulares com tufos BR4(SZ) em am-
bos cromossomos 4 (coloridos), enquanto lar-
vas sem essas secreções não têm tais tufos.
Produtores intermediários têm somente um
cromossomo 4 com uma região estufada
BR4(SZ) em cada célula salivar realizando a
secreção. (A e B segundo Beermann, 1961, cor-
tesia de W. Beermann.)
(A)
(A)
Condições de Condições de
desnaturação re-anelamento
(calor, álcali)
Figura 2.17
Hibridização de ácidos nucléicos. (A) Se a hé- RNA
(B)
lice de DNA for separada em duas fitas, essas
devem se re-anelar sob condições adequadas
de força iônica e tempo. De maneira semelhan-
te, se o DNA for separado em suas duas fitas,
o RNA deve ficar capacitado a se ligar a genes
que o codificam. Se presente em quantidades Desnaturar; adicionar RNA hibridiza
RNA (em grande com uma
suficientemente grandes em comparação com
quantidade em fita de DNA
o DNA, o RNA irá substituir uma das fitas de comparação com DNA)
DNA nessa região.
CAPÍTULO 2 Genes e Desenvolvimento 55
dos precursores radiativos. Além disso, o DNA pode hibridizar tanto com o gene que
produziu o RNA (embora a outra fita) e com o próprio RNA, tornando-o extremamente
mRNA
útil para a detecção de pequenas quantidades de RNAs específicos.[other.html#gene6]
Anelar iniciador
Clonagem de DNA genômico
mRNA
Já em 1904 Theodor Boveri desesperava-se, considerando que as técnicas de sua
época nunca seriam suficientes para permitir-lhe estudar como os genes criam embri- Transcriptase
ões. Havia necessidade de uma técnica especial de amplificação gênica: reversa
Porque não é somente o núcleo, nem mesmo cromossomos individuais, mas cer- mRNA
tas partes de certos cromossomos de certas células que precisam ser isolados e
coletados em quantidades enormes para análise; essa seria uma pré-condição cDNA
para colocar o químico em uma posição a qual lhe permitiria analisar (o mate- Álcali
rial hereditário) com mais minúcias que o morfologista.
cDNA
Entretanto, desde a década de 1970 a hibridização de ácido nucléico permitiu aos
biologistas do desenvolvimento realizar o que Boveri aspirava: isolar e amplificar Figura 2.18
regiões específicas do cromossomo. A técnica principal para isolar e amplificar genes Método para preparar DNA complementar
individuais é chamada clonagem de genes. A primeira fase desse processo consiste no (cDNA). A maioria dos mRNA possui uma
corte de DNA nuclear em pedaços distintos, por incubação de DNA com uma longa cadeia de resíduos de adenosina (AAAn)
endonuclease de restrição (geralmente chamada de enzima de restrição). De modo no terminal 3’ da mensagem (a ser discutida no
geral, essas endonucleases são enzimas bacterianas que reconhecem seqüências es- Capítulo 12); por isso, o pesquisador anela
pecíficas do DNA e o clivam nesses sítios (Tabela 2.1; Nathans e Smith, 1975). Por um iniciador consistindo de 15 resíduos de de-
soxitimidina (dT15) ao final 3' da mensagem.
exemplo, quando DNA humano é incubado com a enzima BamHI (de Bacillus
Transcriptase reversa em seguida, transcreve
amyloliquifaciens, cepa H), o DNA é clivado em cada sítio onde aparece a seqüência uma fita de DNA complementar, começando
GGATCC. Os produtos são fragmentos de DNA de vários tamanhos, todos terminan- no iniciador dT15. O cDNA pode ser separado
do com G em um dos lados e GATCC no outro (Figura 2.19). Esses pedaços são aumentando o pH da solução, dessa maneira,
freqüentemente chamados de fragmentos de restrição. desnaturando o híbrido de dupla fita e clivan-
do o RNA.
*O corante é 5-bromo-4-cloroindol, e é azul a não ser quando está complexado com uma
molécula como galactose. A ß-galactosidase codificada pelo gene do plasmídeo cliva a galactose do
corante permitindo que adquira a conformação azul.
CAPÍTULO 2 Genes e Desenvolvimento 57
Plasmídeo cortado
no gene lacZ
Quebra
endonucleolítica
por BamHI
Fragmentos
de gene Plasmídeo
humano recombinante
incubados e com gene lacZ
ligados em um interrompido
plasmídeo
DNA humano
Figura 2.19
Um protocolo geral para clonar DNA, usando como exemplo a inserção de uma se-
“Colônias
qüência de DNA humano em um plasmídeo com um sítio sensível à BamHI.
incolores”
quer clonar. Em alguns casos, a seqüência do mRNA ou gene não é conhecida, Meio contendo
ampicilina
devendo-se então estimar a seqüência a partir da seqüência de aminoácidos da
proteína). Se o plasmídeo contém aquele gene, seu DNA deve estar no filtro, e
“Colônias azuis”
somente aquele DNA deverá ser capaz de ligar o RNA radioativo ou a sonda de
cDNA. Portanto, somente aquelas áreas serão radioativas. A radioatividade nessas
regiões é determinada por auto-radiografia. Filme sensível a raios-X é colocado Aplicação das colônias
“incolores” nos círculos do
sobre o papel tratado. Os elétrons de alta energia, emitidos pelo RNA radioativo, papel de filtro; lisar para
sensibilizam os grãos de prata no filme, tornando-os escuros quando o filme é reve- expor o DNA
lado. Finalmente, uma mancha escura é produzida sobre cada colônia contendo o
plasmídeo recombinante que carrega o gene específico (veja Figura 2.19). Essa colô-
nia é então isolada e cultivada, produzindo bilhões de bactérias, cada uma contendo
centenas de plasmídeos recombinantes idênticos.
Os plasmídeos recombinantes podem ser separados do cromossomo da E. coli por
centrifugação, e incubando o DNA do plasmídeo com BamHI libera-se o fragmento de
DNA extranho que contém o gene. Esse fragmento pode ser separado do DNA
plasmídico, permitindo ao pesquisador possuir microgramas de seqüências de DNA mRNA
radioativo
purificado contendo o gene específico. Apesar desse procedimento parecer muito
lógico e fácil, freqüentemente o número de colônias a serem selecionadas é astronômi- Papel de filtro incubado com mRNA
co. O número de fragmentos aleatórios que devem ser clonados para a obtenção do radioativo do gene a ser clonado
gene desejado, aumenta com a crescente complexidade do genoma do organismo*.
Para detectar um gene específico de um genoma de mamífero, milhões de clones indi-
viduais devem ser selecionados.
Contatos de
Desnaturar fragmentos de papel de filtro
DNA à fitas simples em álcali
Suporte
Cuba com
Gel
Digestão com restrição solução tampão Colocar filtro de nitrocelulose
e eletroforese Colocar gel no papel de filtro ou membrana de nylon sobre gel:
em gel de agarose úmido entre 2 espaçadores colocar papel-toalha e peso
CAPÍTULO 2 Genes e Desenvolvimento 59
Seqüenciamento de DNA
Dados de seqüência podem dar informações sobre a estrutura da proteína codifi-
cada e podem identificar seqüências regulatórias de DNA que certos genes têm em
comum. A simplicidade da técnica de seqüenciamento “didesoxi” de Sanger (Sanger
et al.,1977) tornou-a um procedimento padrão em muitos laboratórios de biologia
molecular. No início, usa-se um vetor contendo o gene clonado e se isola uma fita
única do DNA circular (Figura 2.22). Funde-se (anela-se) então um iniciador (primer)
radioativo de DNA (aproximadamente 20 pares de bases) complementar ao DNA
do vetor imediatamente 3' ao gene clonado. (Porque essas seqüências dos vetores
são conhecidas, iniciadores oligonucleotídicos podem ser facilmente sintetizados
ou adquiridos comercialmente). O iniciador tem uma ponta 3' livre à qual mais
nucleotídeos podem ser adicionados. Coloca-se o DNA alvo e o iniciador junta-
mente com todos os quatro desoxirribonucleosídeos trifosfatos em quatro tubos
de ensaio. Cada um dos tubos contém a subunidade polimerizante da DNA polime-
rase e um diferente didesoxinucleosídeo trifosfato: um tubo contém didesoxi-G,
outro didesoxi-A e assim por diante. As estruturas dos desoxinucleotídeos e dos
didesoxinucleotídeos estão representadas na Figura 2.23. Enquanto o
desoxirribonucleotídeo não tem um grupo hidroxila (OH) no carbono 2' do seu
açúcar, o didesoxirribonucleotídeo não tem grupos hidroxila em ambos os carbo-
nos, 2' e 3'. Assim, mesmo que um didesoxirribonucleotídeo possa ser ligado a uma
crescente cadeia de DNA pela DNA polimerase, ele interrompe o crescimento da
cadeia por não ter um grupamento 3' ao qual se ligaria um novo nucleotídeo.
Assim, quando a DNA polimerase está sintetizando DNA do iniciador, o novo
DNA será complementar ao gene clonado. No tubo com didesoxi-A, entretanto,
sempre que a polimerase coloca um A na cadeia crescente, existe a possibilidade
de que um didesoxi-A seja colocado em lugar do desoxi-A. Se isso acontecer, a
cadeia pára. Similarmente, no tubo com didesoxi-G, a cadeia tem o potencial de
parar toda vez que um G é inserido. (O processo foi comparado à uma dança
folclórica grega na qual uma pequena porcentagem dos dançarinos em potencial
tem um braço em uma tipóia).
60 PARTE I Introdução à Biologia do Desenvolvimento
Iniciador
Seqüência da fita
do iniciador
Seqüência
complementar
Fragmentos
maiores
Fragmentos
menores
Figura 2.22
O método didesoxi de seqüenciar DNA. A fotografia contém a região da auto-radiografia que
mostra essa seqüência (Cortesia de G. Guild).
Base 1
Adenina Adenina
Base 2
Adenina Desoxiadenosina Didesoxiadenosina
trifosfato (açúcar desoxirribose) trifosfato (açúcar
(A) didesoxirribose) (B)
Figura 2.23
Comparação entre desoxinucleotídeos e didesoxinucleotídeos. (A) Estruturas dos dois tipos de
nucleotídeos. A diferença é evidenciada em cores. (B) O terminal 3' de uma cadeia que terminou
pela incorporação de um didesoxinucleotídeo não tem um grupo hidroxila 3' terminal para
continuar a polimerização do DNA.
CAPÍTULO 2 Genes e Desenvolvimento 61
Em cada tubo estão sendo feitas milhões de cadeias e por essa razão eles conterão
uma população de cadeias, algumas interrompidas no primeiro sítio possível, outras
no último e algumas em sítios intermediários. O tubo com didesoxi-A, por exemplo,
conterá cadeias com diferentes e distintos comprimentos, cada uma terminando com o
resíduo A. Os fragmentos de DNA radioativo resultantes serão separados por eletro-
forese. O resultado é uma “escada” de fragmentos onde cada “degrau” é uma seqüên-
cia de nucleotídeos de comprimento diferente. Lendo escada acima, obtem-se a se-
qüência do DNA complementar àquela do gene clonado.
(A)Preparação de cDNA (B) Inserção de cDNA de dupla fita no vetor viral (bacteriófago λ)
clonável
Região codificadora
mRNA DNA de fago λ
BamHI
Região codificadora
mRNA
cDNA
Não é necessário para
mRNA a replicação do fago
Região codificadora
cDNA
S1 nuclease
Região codificadora
Fita cDNA do
dupla mRNA, agora
cDNA clonado em
vetores virais
Adicionar finais Bam HI
(C) Preparação da biblioteca de clones do fago (D) Seleção da biblioteca de fagos clonados
Transferir alguns
Fago fagos para filtros
híbrido de nitrocelulose
Adicionar à camada de
células de E. coli Filtros de nitrocelulose
Transferências Northern
Podemos também determinar a expressão temporal e espacial de RNAs executando
uma transferência de RNA (freqüentemente chamada transferência Northern). En-
quanto transferências Southern transferem fragmentos de DNA do gel para o papel,
transferências Northern (nome não se relaciona com o inventor) transferem RNA
entre os mesmos suportes e da mesma maneira. O pesquisador pode extrair RNAs
mensageiros do embrião em vários estágios de desenvolvimento e submetê-los à
eletroforese lado a lado, em um gel. Após transferência dos RNAs separados para o
papel de nitrocelulose ou membrana de nylon, o conjunto é incubado em uma solu-
ção contendo um fragmento radioativo, mono-fita, de DNA de um determinado gene.
Esse DNA adere somente às regiões onde está localizado o RNA complementar.
Assim, se o mRNA para aquele gene está presente em um determinado estágio
embrionário, o DNA radioativo se liga a ele e pode ser detectado por auto-radiogra-
fia. Autoradiogramas desse tipo, onde vários estágios são comparados simultanea-
mente, são denominados transferências Northern de desenvolvimento. A Figura
2.26A mostra uma transferência Northern de desenvolvimento para a expressão de
um gene endoderma-específico durante o desenvolvimento do ouriço-do-mar. Po-
demos ver que o mRNA para essa proteína endodérmica é inicialmente sintetizado
durante o estágio de blástula mesenquimatosa e continuamente durante todo o
resto do desenvolvimento. A transferência Northern na Figura 2.26B mostra que a
acumulação desse mRNA no estágio de prisma é restrita ao endoderma (Wessel et
al.,1989). Hibridização in situ e transferências Northern fornecem as melhores evi-
dências em favor da transcrição diferencial de RNA, no espaço e no tempo. A trans-
crição de certos genes pode ser específica para tecidos ou tempo.
A distribuição temporal na transcrição de vários genes pode ser visualizada por
transferência de mancha. Por exemplo, Sargent e Dawid (1983) isolaram da gástrula de
Xenopus um mRNA que não estava presente no ovo. Para isso eles extraíram o mRNA
da gástrula e fizeram cópias cDNA dessas mensagens. Os cDNAs da gástrula foram
misturados com grandes quantidades de mRNA de oócitos. Se houvesse hibridização
entre o mRNA dos oócitos e o cDNA da gástrula, significaria que o cDNA era derivado
CAPÍTULO 2 Genes e Desenvolvimento 65
(B)
(A)
(C)
Figura 2.25
Hibridação in situ. (A,B) Fotomicrografias,
em fundo escuro, de hibridação in situ, mos-
trando a localização de mRNA endoderma-
específico em embrião de ouriço-do-mar. O
cDNA radioativo usado como sonda foi pre-
parado do gene clonado, feito a partir de
mRNA endoderma-específico (veja Figura
2.24). Esse cDNA radioativo se liga ao mRNA
do endoderma da gástrula precoce do ouriço-
do-mar (A) e ao endoderma do intestino mé-
dio e posterior da gástrula tardia do ouriço-
do-mar (B). (C) Hibridização in situ, em mon-
tagem integral, de um embrião de camundon-
go de 9.5-10.5 dias corado para mRNA de
Brachyury. Essa mensagem é transcrita em
células formando novo mesoderma, e nesse
estágio é encontrada na porção posterior do
embrião. Embriões fixados foram incubados
Enzima em uma sonda para mRNA de Brachyury (a
fosfatase Corante fita antisense complementar ao mRNA) que
alcalina (precipitado azul escuro) foi sintetizada usando uridina biotinilada.
Núcleo Após eliminar a parte da sonda que não se
Corante ligou ao mRNA de Brachyury (e inativar qual-
Anticorpo (incolor) quer atividade endógena de fosfatase alcalina
para biotina do embrião), o embrião foi tratado com anti-
Sonda complementar a mRNA de Brachyury corpos para biotina. Esses anticorpos foram
Biotina ligados às enzimas do tipo fosfatase alcalina.
tendo resíduos de biotina em suas uridinas
Colorir para a presença de fosfatase alcalina
permite que se determine a localização de um
mRNA específico. Fotografias coloridas da
mRNA de Brachyury hibridização in situ, em montagem integral,
estão nas Pranchas 22, 23 e 25. (A e B de
Wessel et al.,1989, cortesia de G. Wessel; C
do laboratório do autor.)
66 PARTE I Introdução à Biologia do Desenvolvimento
(A) Ovo de um mRNA presente em ambos os estágios, oócito e gástrula. Essas moléculas
Clivagem híbridas com dupla fita foram removidas por filtração, deixando uma população de
cDNAs gástrula-específico. Os cDNAs foram transformados na forma de dupla fita
Blástula
(pela DNA polimerase) e inseridos em veículos de clonagem. Essa técnica é denomina-
Blástula da de clonagem de subtração. Como a seleção dupla de bibliotecas de cDNA, a
Mesenquimatosa clonagem de subtração gera um conjunto de clones estágio-específicos cujo mRNA é
Blástula precoce
encontrado em alguns estágios, mas não em outros, ou em alguns tecidos mas não em
Blástula tardia outros (Figura 2.27).
Sargent e Dawid usaram embriões, dos estágios de zigoto a broto caudal do
Prisma
girino e, separadamente, isolaram seus RNAs. Os RNAs foram aplicados direta-
Plúteo mente (sem prévia eletroforese em gel) a filtros de nitrocelulose de modo que cada
filtro tinha RNAs de todos os estágios. Após a fixação (calor) dos RNAs no filtro,
(B) Ectoderma / mesoderma
DNA de fita única derivado de um específico clone “gastrular”, foi marcado radi-
oativamente e incubado com os filtros. Se um gene estava sendo transcrito em um
Endoderma determinado estágio, o cDNA radioativo daquele gene encontraria seu comple-
mento nos mRNAs daquele estágio, no filtro. Após eliminacão do cDNA não liga-
Figura 2.26 do, a ligação do cDNA radioativo foi observado por auto-radiografia. A transfe-
Transferência Northern para um gene especí- rência de manchas na Figura 2.28 mostra o esquema temporal de expressão para 17
fico no endoderma do ouriço-do-mar, Lytechi-
genes que são ativos em vários estágios da gastrulação. Nenhum deles é expresso
nus variegatus. (A) Transferência Northern
de desenvolvimento, mostrando acumulação antes da transição da blástula mediana em 7 horas. Alguns genes (DG64, DG39)
de mRNA de acordo com o estágio específico são expressos imediatamente depois, enquanto outros (DG72, DG81) começam a
desse gene. mRNA total (10 µg por estágio) ser transcritos na gástrula mediana, após aproximadamente 7 horas. Alguns genes
foi submetido à eletroforese em gel de agarose. (DG76, DG81) são mantidos após a ativação, enquanto a atividade de outros (DG56,
O gel foi transferido para papel tratado e os DG21) é muito mais transitória.
mRNAs aderidos ao papel, que foi em seguida
incubado com cDNA radioativo de um clone
endoderma-específico. Mostrou-se que esse
Encontrando mensagens raras pela
mRNA é sintetizado durante o estágio de blás-
reação da polimerase em cadeia
tula do mesênquima e aumentado ao longo do
desenvolvimento. (B) Transferência Northern A reação da polimerase em cadeia (PCR) é um método de clonagem in vitro que pode
no estágio de prisma, mostrando que o mRNA produzir enormes quantidades de um fragmento específico de DNA a partir de uma
está presente no endoderma (com algum me- pequena quantidade de material de partida (Saiki et al.,1985). Esse método pode ser
soderma aderido) mas não no ectoderma. RNA usado para clonar um gene específico ou para determinar se um gene específico está
total do endoderma foi eletroforisado (pista 2) ativamente transcrevendo RNA em um determinado órgão ou tipo de célula. O método
próximo ao mRNA do resto do ouriço-do-mar padrão de clonagem usa microorganismos vivos para amplificar o DNA recombinante.
(pista1). Ligação com cDNA radioativo detec-
PCR, no entanto, pode amplificar uma única molécula de DNA por um fator de vários
tou mRNA somente no endoderma. (de Wessel
et al., 1989, cortesia de G. Wessel.) milhões em poucas horas e o faz em um tubo de ensaio. Essa técnica tem sido extrema-
mente útil em casos onde a quantidade de ácido nucléico para estudo é muito peque-
na. Embriões de camundongos, por exemplo, na fase de pré-implantação têm muito
pouco mRNA e não se pode obter milhões desses embriões para estudo. Se fosse
necessário saber se o embrião de camundongo na fase de pré-implantação contém o
mRNA para uma proteína determinada, seria muito difícil descobrir usando os méto-
dos padrão de clonagem. Entretanto, a técnica do PCR permite encontrar essa mensa-
gem com poucos embriões, por amplificar especificamente somente aquela mensagem,
um milhão de vezes (Rappolee et al., 1988).
O uso de PCR para encontrar mRNAs raros está ilustrado na Figura 2.29. Os
mRNAs de um grupo de células são purificados e convertidos a cDNA por transcriptase
reversa. Usando DNA polimerase e S1 nuclease, a população de DNAs de fita única é
transformada em uma população de fita dupla. Em seguida, escolhe-se um DNA para
ser amplificado. Para isso, separam-se as duplas hélices do DNA, às quais são adici-
onados dois pequenos oligonucleotídeos iniciadores que são complementares a
uma porção da mensagem procurada. Se os oligonucleotídeos reconhecem seqüên-
cias no DNA, então o mRNA estava presente originalmente. Os oligonucleotídeos
foram preparados de forma a permitir uma hibridização com fitas opostas e lados
opostos da seqüência alvo. (Se a tentativa é isolar o gene ou mRNA para uma proteína
específica de seqüência conhecida, essas regiões laterais podem ser preparadas,
CAPÍTULO 2 Genes e Desenvolvimento 67
Estágio
Clone
RNA
1 cópia iniciador 1 DNA alvo
Aquecer a 95oC para
desnaturar DNA.
Esfriar a 37oC para RNA
permitir hibridização iniciador 2
dos iniciadores a DNA
Primeiro ciclo
Desnatura DNA
Hibridiza
Segundo ciclo
iniciadores
Estende novas
fitas de DNA
Segundo ciclo de
sínteses resulta em
4 cópias quatro cópias da
seqüência alvo de DNA
Figura 2.29
Protocolo para a reação de polimerase em cadeia (PCR). Para determinar se um tipo particular
de mRNA está presente, todo mRNA é convertido a DNA de dupla fita pela transcriptase
reversa e DNA polimerase. Esse DNA é desnaturado e dois conjuntos de iniciadores são
adicionados. Se a seqüência específica estiver presente, os iniciadores se hibridizarão aos seus
terminais opostos. (Iniciadores específicos são produzidos com base na seqüência que se pro-
cura. Se é conhecida apenas a seqüência da proteína codificada pela mensagem, prepara-se um
conjunto de diferentes iniciadores, cada um possivelmente complementar ao DNA.) Usando
DNA polimerase termoestável de T. aquaticus, cada fita de DNA sintetiza seu complemento.
Essas fitas são, por sua vez, desnaturadas e os iniciadores são hibridizados a elas, iniciando o
ciclo novamente. Dessa maneira, o número de fitas novas com a sequência entre os dois
iniciadores aumenta exponencialmente.
Adulto
em fontes de água quente (como aquelas do Yellowstone National Park) ou nos respi- Ovário de camundongo
radouros térmicos de submarinos, onde a temperatura atinge valores próximos de
900C. Essas DNA polimerases podem suportar temperaturas próximas à ebulição e o Rim de camundongo
PCR se utiliza dessa adaptação evolucionária. Uma vez sintetizada a segunda fita, ela
Rim de camundongo
Embrião de 14 dias
é separada de seu complemento por desnaturação em alta temperatura. O segundo
iniciador é adicionado e agora ambas as fitas podem sintetizar novo DNA. Sucessivos Salivares de camundongo
ciclos de desnaturação e síntese amplificarão essa região do DNA de forma geométri-
ca. Após vinte turnos, aquela região específica estará amplificada 220 vezes (um pouco Pâncreas de camundongo
mais de um milhão). Quando submetido à eletroforese esse fragmento amplificado é Pulmão de camundongo
facilmente detectado. Isso mostra que o mRNA original com essa seqüência estava
presente na amostra. (A confirmação poderia ser feita por transferência Southern,
como na Figura 2.30). Além disso, pode-se usar essas cópias amplificadas para clona- Sem adição de DNA
gem, colocando-as em vetores de clonagem.
Figura 2.30
Determinando a função do gene: Evidência fornecida por PCR, para a síntese
de um fator de crescimento, activina, de ór-
células e organismos transgênicos gãos embrionários de camundongo. O mRNA
desses órgãos foi convertido em DNA e am-
Técnicas de inserção de DNA novo em uma célula plificado através de 20 ciclos de replicação.
Apesar de ser importante conhecer a seqüência de um gene e seu esquema temporo- O DNA foi submetido sucessivamente à ele-
espacial de expressão, o que é realmente crucial é conhecer a função daquele gene troforese e transferência Southern usando uma
no desenvolvimento. Técnicas recentes permitem estudar a função do gene, tirando sonda radioativa para uma parte do gene de
e repondo certos genes de células embrionárias. Pedaços de DNA clonados podem activina. mRNA de activina foi encontrado
ser modificados (se desejado), e colocados em células por vários meios. Uma técni- no ovário do camundongo adulto (como es-
ca muito direta é a microinjeção, na qual uma solução contendo o gene clonado é perado) e também em vários órgãos embrio-
nários. A possível função de activina nesses
cuidadosamente injetada no núcleo da célula (Capecchi, 1980). Essa é uma técnica
orgãos será discutida no Capítulo 17. (Corte-
especialmente útil para injetar genes em ovos recentemente fertilizados, pois os sia de O. Ritvos.)
núcleo haplóides do espermatozóide e do óvulo são relativamente grandes (Figura
2.31). Em transfecção, o DNA é incorporado diretamente na célula por incubação em
uma solução determinada onde a célula o incorpora. A probabilidade de incorpora-
ção de tal fragmento de DNA no cromossomo é relativamente pequena, sendo ne-
cessário misturar o DNA com outro gene que permite a sobrevivência das raras
células que o incorporaram, em condições de cultura onde as outras células são
destruídas (Perucho et al.,1980; Robins et al.,1981).
Outra técnica é a eletroporação, onde pulsos de alta voltagem “empurram” o DNA
para dentro da célula. Um método mais “natural” para introduzir genes na célula é
colocar o gene clonado em um elemento transponível ou vetor retroviral. Esses são
regiões móveis de DNA, de ocorrência natural, que podem ser integrados no genoma.
Retrovírus são vírus contendo RNA. Dentro da célula hospedeira eles produzem uma
cópia de seu DNA (usando sua própria transcriptase reversa); a cópia se transforma
em dupla fita e se integra em um cromossomo do hospedeiro. A integração é consuma-
da devido às duas seqüências idênticas (longas repetições terminais) nos terminais
do DNA retroviral. Vetores retrovirais são produzidos removendo os genes do
empacotamento viral (necessários para a saída dos vírus da célula) do centro de um
retrovírus de camundongo. Essa extração cria um sítio vazio onde outros genes po-
dem ser colocados. Usando enzimas de restrição apropriadas, o pesquisador pode
remover genes de um fago ou plasmídeo clonado e reinserir o gene em vetores retrovirais.
Retrovetores virais infectam células de camundongo com eficiência próxima de 100%.
Em Drosophila, novos genes podem ser introduzidos na mosca, via elementos P.
Essas seqüências de DNA, são elementos transponíveis de ocorrência natural que
podem ser integrados como vírus em qualquer região do genoma da Drosophila.
Ainda mais, eles podem ser isolados, e genes clonados inseridos no centro do elemen-
to P. Quando o elemento P recombinado é injetado em um oócito de Drosophila, ele
pode se integrar ao DNA e prover o embrião de um novo gene (Spradling e Rubin, 1982).
70 PARTE I Introdução à Biologia do Desenvolvimento
Camundongos quiméricos
As técnicas descritas têm sido usadas recentemente para transferir genes para to-
das as células do embrião de camundongo (Figura 2.32). Durante o desenvolvimen-
to do camundongo existe um estágio onde somente estão presentes dois tipos de
células: as células externas, que formarão a porção fetal da placenta, e as células
internas, que darão origem ao próprio embrião. Essas células internas são chamadas
células embrionárias precursoras (células tronco), porque cada uma delas pode,
se isolada, gerar todas as células do embrião (Gardner, 1968; Moustafa e Brinster,
1972). Essas células podem ser isoladas do embrião de um camundongo e cultiva-
das. Uma vez em cultura, elas podem ser tratadas como descrito, de modo a incorpo-
rar novo DNA. A nova célula embrionária precursora (não somente o DNA, mas a
célula inteira) pode ser injetada em outro embrião de camundongo em fase precoce.
Assim, a célula precursora tratada estará integrada no embrião do hospedeiro. O
resultado é um camundongo quimérico*. Algumas de suas células são derivadas
das células embrionárias precursoras do hospedeiro, mas outra porção de células é
derivada também das células precursoras tratadas. Se as células tratadas se torna-
ram parte da linha germinal do camundongo, alguns dos seus gametas serão deriva-
dos da célula doadora. Quando cruzado com um camundongo do tipo selvagem,
alguns de seus descendentes levarão, portanto, uma cópia do gene inserido. Os
descendentes heterozigotos, no acasalamento produzirão 25% de embriões carre-
Figura 2.31 gando duas cópias do gene inserido em cada célula de seu corpo (Gossler et al.,1986).
Injeção de DNA (de genes clonados) em um
Assim, em três gerações — o camundongo quimérico, o camundongo heterozigoto
núcleo (neste caso, um pronúcleo de um ovo
de camundongo). (de Wagner et al.,1981, cor- e o camundongo homozigoto — um gene que foi clonado de um outro indivíduo,
tesia de T. E. Wagner.) está agora presente em ambas as cópias dos cromossomos dentro do genoma do
camundongo. Camundongos com genes estáveis de outros indivíduos são chama-
dos camundongos transgênicos. Essas linhagens têm sido particularmente úteis na
determinação das funções de regiões reguladoras que ladeiam os genes.
* É crítico notar a diferença entre uma quimera e um híbrido. Um híbrido resulta da união de dois
genomas diferentes dentro da mesma célula: o descendente de um genitor de genótipo AA e outro de
genótipo aa é um híbrido Aa. Uma quimera resulta quando células de constituição genética diferente
aparecem no mesmo organismo. O termo é apto: refere-se a um monstro mitológico com cabeça de
leão, corpo de bode e cauda de serpente.
CAPÍTULO 2 Genes e Desenvolvimento 71
Células embrionárias
precursoras
Gene clonado
no vetor
Cultura de células
Trofoblasto embrionárias precursoras
Mistura de células Seleção de células
embrionárias precursoras embrionárias precursoras
com o gene clonado que incorporaram o transgene
Figura 2.32
Produção de camundongos transgênicos. Cé-
lulas embrionárias precursoras de um camun-
dongo são cultivadas e o genoma alterado pela
adição de um gene clonado. As células
transgênicas são selecionadas e injetadas em
um embrião hospedeiro de camundongo na sua
fase precoce. Aqui, as células embrionárias
Camundongos precursoras transgênicas se integram às celulas
transgênicos precursoras do hospedeiro. Esse embrião é
homozigotos colocado no útero de um camundongo fêmea
Camundongos
grávida e se desenvolve em um camundongo
transgênicos
heterozigotos quimérico. Se as células precursoras doadoras
contribuíram para a linha germinativa, e o ca-
mundongo quimérico é cruzado com um do
tipo selvagem, parte dos descendentes serão
Uma vez dentro do núcleo dessas células, o gene Hoxa-3 mutado substituiu um heterozigotos ao alelo adicionado. Cruzando
alelo normal desse gene por um processo chamado recombinação homóloga. Aqui, heterozigotos, pode ser gerada uma linhagem
de camundongos que é homozigota ao alelo
as enzimas envolvidas no reparo de DNA e replicação incorporam o gene mutante
adicionado. Essa seria uma linhagem transgê-
em lugar da cópia normal. Esse é um evento raro, mas tais células podem ser nica. O gene adicionado (o transgene) pode
selecionadas cultivando as células precursoras em neomicina. A maioria das células ser de qualquer fonte eucariótica.
morre com a droga, mas aquelas que adquiriram resistência pelo gene incorporado
sobrevivem. As células resultantes têm um gene Hoxa-3 normal e um Hoxa-3 mutado.
As células precursoras heterozigotas são microinjetadas em um blastócito de ca-
mundongo e se integram nas células do embrião. O camundongo resultante é uma
quimera composta de células do tipo selvagem do embrião hospedeiro e de células
heterozigotas Hoxa-3, das células precursoras. As quimeras são acasaladas com
camundongos do tipo selvagem e se algumas das células doadoras se integraram à
linhagem das células germinativas, alguns dos descendentes serão heterozigotos
72 PARTE I Introdução à Biologia do Desenvolvimento
(A)
Massa
celular neo r
interna
Cultura de células
Blastócito embrionárias
precursoras (ES) Recombinação
Eletroporação homóloga
(B) Célula
gene Hoxa-3 precursora
embrionária
Hoxa-3
Endonucleases gene Hoxa-3 mutado
de restrição com o gene neor inserido
gene neor
Figura 2.33
Seleção de células ES
Técnica de endereçamento de genes (gene targeting). Nesse caso o gene alvo é o heterozigotas por sua
Hoxa-3. (A) Células embrionárias precursoras (ES) são cultivadas a partir de uma resistência à neomicína
massa celular interna. (B) Os genes Hoxa-3 clonados são cortados com uma enzima
de restrição, e um gene neomicina-resistente é inserido na região que codifica o sítio
de ligação da proteína ao DNA. Esses genes Hoxa-3 mutantes são eletroporados em
células ES, onde recombinação homóloga troca o gene do tipo selvagem pela cópia Injeção de células ES
mutada. As células são selecionadas pela sua resistência à neomicina. (C) As células heterozigotas no
(C)
blastócito
ES heterozigotas selecionadas são inseridas na massa interna de células de um em-
brião do tipo selvagem, e o blastócito é retornado ao útero. O camundongo resultante
é uma quimera composta de tecidos Hoxa-3 heterozigotos e tecidos Hoxa-3 do tipo
selvagem. Cruzando os animais quiméricos com camundongos do tipo selvagem
produz-se descendentes Hoxa-3 heterozigotos se as células ES contribuíram na
linhagem germinativa. Os animais heterozigotos podem ser cruzados entre si, e Injeção dos
aproximadamente 25% de sua cria deve ser de homozigotos mutantes de Hoxa-3. blastócitos no útero
Produção de
camundongos quiméricos
Cruzamento de
quiméricos com
tipo selvagem
Cruzamento de
camundongos
heterozigotos
Hoxa-3¯/ Hoxa-3+
Heterozigotos Heterozigotos
Hoxa-3¯/ Hoxa-3¯
Homozigoto
para o gene Hoxa-3. Os animais heterozigotos podem ser cruzados entre si, e apro-
ximadamente 25% de seus descendentes devem levar duas cópias do gene mutado
Hoxa-3. Esses camundongos mutantes homozigotos não possuem as glândulas
tireóide, paratireóide e timo! Dessa maneira, endereçando genes pode-se analisar as
funções de determinados genes durante o desenvolvimento de mamíferos.
[gene7.html]
CAPÍTULO 2 Genes e Desenvolvimento 73
promotor
T7
mRNA
antisense Embrião normal
Krüppel
T3 RNA
T3 polimerase polimerase
promotor T7 RNA Embrião normal
infectado com RNA
“antisense” Krüppel
74 PARTE I Introdução à Biologia do Desenvolvimento
o sítio onde se liga a RNA polimerase. Localizada em algum lugar dentro do gene (a
jusante ou a montante, ou ainda em um íntron dentro do gene), está uma segunda
região chamada intensificadora. Fatores protéicos que se ligam ao intensificador per-
mitem sua interação com o promotor e, conseqüentemente, com a transcrição do gene
pela RNA polimerase. Alguns promotores (como aqueles usados por produtos relaci-
onados ao metabolismo geral da célula) não precisam ser ativados por intensificado-
res, mas a maioria dos genes ligados ao desenvolvimento são ativados em tempos e
células específicos. Esses genes precisam ser ativados por fatores que se ligam ao
intensificador e ao promotor. Como veremos no Capítulo 10, a ligação de diferentes
fatores de transcrição aos promotores e intensificadores de genes específicos é um
dos mecanismos que controlam a produção de proteínas diferentes a partir de genomas
idênticos. Um exemplo é a ativação do gene para ZP3.
Como detalharemos no Capítulo 4, ZP3 é a principal proteína ligante de espermato-
zóide na superfície do óvulo de camundongo. É uma glicoproteína sintetisada pelo
oócito durante sua maturação em óvulo (Roller et al.,1989). Uma transferência Northern
mostra que o mRNA para essa proteína é sintetizado somente em oócitos em cresci-
mento e não pode ser detectado em nenhum outro tipo de célula (Figura 2.36). O que
permite a esse gene ser ativado somente nos oócitos? Lira e colaboradores (1990)
isolaram o gene para ZP3, determinaram sua seqüência e encontraram um sítio promo-
tor, 28 pares de bases a montante do sítio onde a transcrição do gene é iniciada. Como
hipótese, consideraram que seqüências responsáveis por ativação oócito-específica
podem existir até mais longe, a montante do gene. Eles usaram enzimas de restrição
para isolar o DNA da região 5', a montante, (com 150 pares de bases) e o fundiram ao
gene para a luciferinase de vaga-lume. (Não é necessário dizer que essa enzima produ-
tora de luz não é encontrada em camundongos. Está sendo usada aqui como um “gene
repórter” para monitorar onde o DNA a montante pode causar sua expressão.) O gene
recém-construído, contendo a região a montante do gene ZP3 ligada ao gene estrutu-
ral para luciferinase, foi injetado em zigotos de camundongo para criar animais
transgênicos, levando em cada núcleo o gene luciferinase com a região regulatória
ZP3. Em camundongos transgênicos fêmeas, a hibridização in situ localizou mRNA de
luciferinase em um único tipo de célula, o oócito (Figura 2.37). Assim, a seqüência de
DNA com 150 pares de bases foi necessária e suficiente para ativar o gene (qualquer
gene!) no oócito. Dentro dessa região de 150 pares de bases (de 99 a 86 pares de bases
a montante do gene estrutural ZP3) existe a seqüência 5’-GATAA-3' que liga uma
proteína chamada OSP-1. OSP-1 é encontrada somente em oócitos em maturação; ela
ativa o gene ZP3 ligando-se a essa sequência de DNA no promotor. Parece, então, que
ZP3 é sintetizado em oócitos porque eles têm a proteína OSP-1 que se liga a certas
seqüências de DNA que são parte de seu promotor (Schickler et al.,1992). No momen-
to, está sendo investigado como é regulado o gene codificador de OSP-1.
Figura 2.35
Estrutura básica de um gene regulado pelo de-
senvolvimento. O promotor da maioria dos
genes codificadores de proteínas é encontrado
no terminal 5' (a montante) do gene. O intensi-
ficador freqüentemente está mais acima, a mon-
tante, mas pode ser encontrado dentro de um Intensificador
íntron ou no terminal 3'. Proteínas que se li- Promotor Éxon Íntron Éxon Íntron Éxon
gam ao promotor e aos intensificadores
interagem para regular a transcrição do gene.
(No exemplo ZP3, o sítio OSP-1, GATAA,
está localizado no promotor, aproximadamen-
te 95 pares de bases a montante do sítio de Intensificador Intensificador
início da transcrição. Um sítio intensificador
sensível a estrogênios é encontrado no primei- “a montante “a jusante”
ro íntron do gene ZP3.) do gene” do gene
CAPÍTULO 2 Genes e Desenvolvimento 75
Depois de quase um século, estamos começando a entender como as células regulam Músculo
a expressão diferenciada de seus genes, permitindo que genes diferentes possam se Testículos
tornar ativos em diferentes células. Esse conhecimento está ajudando a explicar como Útero
a informação herdada é utilizada para construir os planos básicos do corpo e os tipos
específicos de células do organismo em desenvolvimento.
Entretanto, uma palavra de alerta. Caso o tom celebratório deste capítulo deixou a
impressão de que desenvolvimento é somente uma função da atividade gênica é
necessário relembrar do Capítulo 1, que a distinção entre talo e esporo (Dictyoste-
lium), estado amebóide e flagelado (Naegleria) e gonídios sexual e assexual (Volvox)
é determinada pelo ambiente. Em capítulos posteriores (especialmente Capítulo 21),
veremos outros exemplos do controle ambiental do desenvolvimento: determinação
de sexo temperatura-dependente em répteis, desenvolvimento em insetos dependente
da dieta, e a diferenciação, dependente de experiência, dos neurônios e linfócitos em
mamíferos. Nesses casos o organismo herda a habilidade para responder aos sinais
do ambiente, mas não é possível predizer o fenótipo a partir do genótipo.
(A) (B)
Figura 2.37
Hibridização in situ da expressão do gene repórter luciferinase, quando luciferinase foi
ligado ao promotor do gene ZP3. A sonda radioativa era dirigida à mensagem luciferinase,
a qual apareceu onde foi expressa sob a direção do promotor de ZP3. (A) Visão do
ovário inteiro (60x). (B) Magnificação (160x) de dois folículos ovarianos contendo
oócitos em maturação. (de Lira et al., 1990, cortesia de P. Wassarman.)
76 PARTE I Introdução à Biologia do Desenvolvimento
LITERATURA CITADA
Allen, G. E. 1978. Thomas Hunt Morgan: The Brush, S. 1978. Nettie Stevens and the discovery Gilbert, S. F. 1991. Induction and the origins
Man and His Science. Princeton University of sex determination. Isis 69: 132-172. of developmental genetics. In S. Gilbert
Press, Princeton, NJ. (ed.), A Conceptual History of Modern
Burian, R., Gayon, J. and Zallen, D. T. 1991.
E m b r y o l o g y. P l e n u m , N e w Yo r k , p p .
Allen, G. E. 1986. T. H. Morgan and the split Boris Ephrussi and the synthesis of genetics and
181-206.
between embryology and genetics, 1910-1935. embryology. In S. Gilbert (ed.), A Conceptual
In T. J. Horder, J. A. Witkowski and C. C. Wylie History of Modern Embryology. Plenum, New Gilbert, S.F. 1996. Enzyme adaptation and the
(eds.), A History of Embryology. Cambridge York, pp. 207-227. entrance of molecular biology into embryology.
University Press, New York, pp. 113-146. In S. Sarkar (ed.), The Molecular Philosophy
Burkholder, G. D. 1976. Whole mount electron
and History of Molecular Biology: New
Ashburner, M. 1972. Patterns of puffing activity microscopy of polytene chromosome from Dro-
Perspectives, Kluwer Academic Publishers,
in the salivary glands of Drosophila. VI. sophila melanogaster. Can. J. Genet. Cytol. 18:
Dordrecht, pp. 101-123.
Induction by ecdysone in salivary glands of D. 67-77.
melanogaster cultured in vitro. Chromosoma Gluecksohn-Schoenheimer, S. 1938. The deve-
Capecchi, M. R. 1980. High efficiency trans-
38: 255-281. lopment of two tailless mutants in the house
formation by direct microinjection of DNA into
mouse. Genetics 23: 573-584.
Ashburner, M. and Berondes, H. D. 1978. Puffing cultured mammalian cells. Cell 22: 479-488.
of polytene chromosomes. In The Genetics and Gluecksohn-Schoenheimer, S. 1940. The effect
Chisaka, 0. and Capecchi, M. R. 1991. Regionally
Biology of Drosophila, Vol. 2B. Academic Press, of an early lethal (to) in the house mouse. Gene-
restricted developmental defects resulting from
New York, pp. 316-395. tics 25: 391-400.
targeted disruption of the homeobox gene box
Baltzer, F. 1967. Theodor Boveri: Life and Work 1.5. Nature 350: 473-479. Goldschmidt, R. B. 1938. Physiological Gene-
of a Great Biologist. (Trans. D. Rudnick.) tics. McGraw-Hill, New York. [p. 1]
Clever, U. 1966. Induction and repression of
University of California Press, Berkeley.
a puff in Chironomus tentans. Dev. Biol. Gossler, A., Doetschman, T., Korn, R., Serfling,
Barnett, T., Pachl, C., Gergen, J. P. and Wensink, 14:421-438. E. and Kemler, R. 1986. Transgenesis by means
P. C. 1980. The isolation and characterization of blastocyst -derived stem cell lines. Proc. NatI.
Cohen, S. N., Chang, A. C. Y., Boyer, H. W. and
of Drosophila yolk protein genes. Cell 21: Acad. Sci. USA 83: 9065-9069.
Helling, R. B. 1973. Construction of biologically
729-738.
functional bacterial plasmids in vitro. Proc. Natl. Grossbach, U. 1973. Chromosome puffs and gene
Becker, H. J. 1959. Die Puffs der Speicheldrü- Acad. Sci. USA 70: 3240-3244. expressions in polytene cells. Cold Spring
senchromosomen von Drosophila melanogas- Harbor Symp. Quant. Biol. 38: 619-627.
DiBerardino, M. A. 1987. Genomic potential of
ter. I. Beobachtungen zum Verhalten des Puff-
differentiated cells analyzed by nuclear trans- Gurdon, J. B. 1962. The developmental capacity
musters im Normalstamm und bei zwei
plantation. Am. Zool. 27: 623-644. of nuclei taken from intestinal epithelial cells
Mutanten, giant- und lethal-giant Larvae. Chro-
of feeding tadpoles. J. Embryol. Exp. Morphol.
mosoma 10: 654-678. DiBerardino, M. A. 1989. Genomic activation
10: 622-640.
in differentiated somatic cells. In M. A.
Beermann, W. 1952. Chromomerenkonstanz
DiBerardino and L. D. Etkin (eds.), Develop- Gurdon, J. B. 1968. Transplanted nuclei and cell
und spezifische Modifikationen der Chromo-
mental Biology: A Comprehensive Synthesis. differentiation. Sci. Am. 219(6): 24-35.
somenstruktur in der Entwicklung und Organ-
Plenum, New York, pp. 175-198.
differenzierung von Chironomus tentans. Chro- Gurdon, J. B. 1977. Egg cytoplasm and gene
mosoma 5: 139-198. DiBerardino, M. A. and King, T. J. 1967. Deve- control in development. Proc. R. Soc. Lond.
lopment and cellular differentiation of neural [B] 198: 211-247.
Beermann, W. 1961. Ein Balbiani -ring als
nuclear transplants of known karyotypes. Dev.
Locus einer Speicheldrüsen -Mutation. Chro- Gurdon, J. B. and Uehlinger, V. 1966. “Fertile”
Biol. 15:102-128.
mosoma 12: 1-25. intestinal nuclei. Nature 210: 1240-1241.
Dumont, J. N. and Yamada, T. 1972. Dediffe-
Beermann, W. 1963. Cytological aspects of Gurdon, J. B., Laskey, R. A. and Reeves, 0. R.
rentiation of iris epithelial cells. Dev. Biol.
information transfer in cellular differentiation. 1975. The developmental capacity of nuclei
29:385-401.
Am. Zool. 3: 23-28. transplanted from keratinized cells of adult frogs.
Gardner, R. L. 1968. Mouse chimeras obtained J. Embryol. Exp. Morphol. 34: 93-112.
Blattner, F. R. and eight others. 1978. Cloning
by the injection of cells into the blastocyst.
human fetal g-globin and mouse a-type globin Harrison, R. G. 1937. Embryology and its
Nature 220: 596-597.
DNA: Preparation and screening of shotgun relations. Science 85: 369-374.
collections. Science 202:1279-1283. Gilbert, S. F. 1978. The embryological origins
Harwood, J. 1993. Styles of Scientific Thought:
of the gene theory. J. Hist. Biol. 11: 307-351.
Boveri, T. 1904. Ergebmisse über die Konstitu- The German Genetics Community 1900-1933.
tion der chromatischen Substanz des Zelkerns. Gilbert, S. F. 1987. In friendly disagreement: The University of Chicago Press, Chicago.
Gustav Fisher, Jena. [p. 123] Wilson, Morgan, and the embryological origins
Hennen, S. 1970. Influence of spermine and reduced
of the gene theory. Am. Zool. 27: 797-806.
Briggs, R. 1979. Genetics of cell type deter- temperature on the ability of transplanted nuclei to
mination. Int. Rev. Cytol. [Suppl.] 9: Gilbert, S. E 1988. Cellular politics: Ernest Everett promote normal development in eggs of Rana
107-127. just, Richard B. Goldschmidt, and the attempts to pipiens. Proc. Natl. Acad. Sci. USA 66: 630-637.
reconcile embryology and genetics. In R. Rainger,
Briggs, R. and King, T. J. 1952. Transplan- Holland, P. W. H. and Hogan, B. L. M. 1986.
K. R. Benson and J. Maienschein (eds.), The
tation of living nuclei from blastula cells Phylogenetic distribution of Antennapedia-like
American Development of Biology. University of
into enucleated frogs’ eggs. Proc. Natl. Acad. homeoboxes. Nature 321: 251-253.
Pennsylvania Press, Philadelphia, pp. 311-346.
Sci. USA 38:455-463.
CAPÍTULO 2 Genes e Desenvolvimento 77
Jacob, F. and Monod, J. 1961. Genetic regulatory Morange, M. 1996. Construction of the develo- Roller, R. J., Kinloch, R. A., Hiraoka, B. Y.,
mechanisms in the synthesis of proteins. J. Mol. pmental gene concept. The crucial years: Li, S. S.-L. and Wassarman, P. M. 1989. Gene
Biol. 3: 318-356. 1960-1980. Biol. Zent. bl. 115:132-138. expression during mammalian oogenesis and
early embryogenesis: Quantification of three
Jamrich, J., Sargent, T. D. and Dawid, I. 1985. Morgan, I H. 1897. The Frog’s Egg. Macmi- messenger RNAs abundant in fully grown
Altered morphogenesis and its effects on gene llan, New York. [p. 135]. mouse oocytes. Development 106:251-261.
activity in Xenopus laevis embryos. Cold Spring
Morgan, T. H. 1926. The Theory of the Gene. Rosenberg, U. B., Preiss, A., Seifert, E., Jäckle,
Harbor Symp. Quant. Biol. 50: 31-35.
Yale University Press, New Haven. H. and Knüpple, D. C. 1985. Production of
Judson, H. F. 1979. The Eighth Day of Creation. phenocopies by Kriippel antisense RNA
Moustafa, L. A. and Brinster, R. L. 1972. Induced
Simon & Schuster, New York. injection into Drosophila embryos. Nature 313:
chimaerism by transplanting embryonic cells into
Just, E. E. 1939. The Biology of the Cell Surface. mouse blastocysts. J. Exp. Zool. 181: 193-202. 703-706.
Blakiston, Philadelphia. Saiki, R. K., Scharf, S., Faloona, F., Mullis, K.
Nathans, D. and Smith, H. 0. 1975. Restriction
Keller, E. F. 1995. Refiguring Life: Metaphors endonucleases in the analysis and restructuring B., Horn, G. T., Erlich, H. A. and Arnheim, N.
of Twentieth-Century Biology. Colorado of DNA molecules. Annu. Rev. Biochem. 44: 1985. Enzymatic amplification of β-globin
University Press. 273-293. genomic sequences and restriction site analysis
for diagnosis of sickle cell anemia. Science 230:
King, T. J. 1966. Nuclear transplantation in Okada, T. S. 1991. Transdifferentiation. Oxford 1350-1354.
amphibia. Methods Cell Physiol. 2: 1-36. University Press, New York.
Sander, K. 1986. The role of genes in ontogene-
King, T. J. and Briggs, R. 1956. Serial transplan- Oppenheimer, J. M. 1981. Walter Landauer and sisevolving concepts from 1883 to 1983 as
tation of embryonic nuclei. Cold Spring Harbor developmental genetics. In S. Subtelny and U. perceived by an insect embryologist. In T. J.
Symp. Quant. Biol. 21: 271-289. K. Abbott (eds.), Levels of Genetic Control in Horder, J. A. Witkowski and C. C. Wylie (eds.),
Development. Alan R. Liss, New York, pp. 1-13. A History of Embryology. Cambridge University
Lambert, B. 1972. Repeated DNA sequences in
Press, New York, pp. 363-395.
a Balbiani ring. J. Mol. Biol. 72: 65-75. Orr, N. H., DiBerardino, M. A. and McKinnell,
R. G. 1986. The genome of frog erythrocytes Sanger, F., Nicklen, S. and Coulson, A. R.
Lambert, B. and Daneholt, B. 1975. Microa-
displays centuplicate replications. Proc. Natl. 1977. DNA sequencing with chain-termina-
nalysis of RNA from defined cellular compo-
Acad. Sci. USA 83: 1369-1373. ting inhibitors. Proc. Natl. Acad. Sci. USA
nents. Methods Cell Biol. 10: 17-47.
74:5463-5467.
Pardue, M. L. and Gall, J. G. 1970. Chromoso-
Lederman, M. 1989. Research note: Genes on
mal localization of mouse satellite DNA. Science Sapp, J. 1987. Beyond the Gene: Cytoplasm
chromosomes: The conversion of Thomas Hunt
168: 1356-1358. Inheritance and the Struggle for Authority in
Morgan. J. Hist. Biol. 22: 163-176.
Genetics. Oxford Universtiy Press.
Paul, D. B. and Kimmelman, B. A. 1988. Mendel
Lillie, F. R. 1927. The gene and the ontogenetic
in America: Theory and practice, 1900-1919. Sargent, T. D. and Dawid, I. 1983. Differential
process. Science 64: 361-368.
In R. Rainger, K. R. Benson and J. Maienschein gene expression in the gastrula of Xenopus laevis.
Lira, A. A., Kinloch, R. A., Mortillo, S. and Was- (eds.), The American Development of Biology. Science 222: 135-139.
sarman, P. A. 1990. An upstream region of the University of Pennsylvania Press, Philadelphia,
pp. 281-310. Schickler, M., Lira, S., Kinloch, R. A. and
mouse ZP3 gene directs expression of firefly
Wassarman, P. A. 1992. A mouse oocytes-
luciferinase specifically to growing oocytes in
Perucho, M., Hanahan, D. and Wigler, M. 1980. pecific protein that binds to a region of
transgenic mice. Proc. Natl. Acad. Sci. USA 87:
Genetic and physical linkage of exogenous mZP3 promoter responsible for oocyte
7215-7219.
sequences in transformed cells. Cell 22: 309-317. -specific mZP3 gene expression. Mol. Cell
McGinnis, W., Garber, R. L., Wirz, J. Kurioiwa, Biol. 122:120-127.
Prather, R. S. 1991. Nuclear transplantation and
A. and Gehring, W. J. 1984. A homologous
embryo cloning in mammals. Int. Lab. Animal Smith, L. D. 1956. Transplantation of the nuclei
protein-coding sequence in Drosophila homeotic
Res. News 33: 62-68. of primordial germ cells into enucleated eggs of
genes and its conservation in other metazoans.
Rana pipiens. Proc. Natl. Acad. Sci. USA 54:
Cell 37: 403-408. Prather, R. S., Barnes, F. L., Sims, M. M., Robl,
101-107.
J. M., Eyestone, W. H. and First, N L. 1987.
McGrath, J. and Solter, D. 1983. Nuclear trans-
Nuclear transplantation in the bovine embryo: Southern, E. M. 1975. Detection of specific
plantation in the mouse embryo by microsur-
Assessment of donor nuclei and recipient oocyte. sequences among DNA fragments separated by
gery and cell fusion. Science 220: 1300-1302.
Biol. Reprod. 37: 859-866. gel electrophoresis. J. Mol. Biol. 98: 503-517.
McGrath, J. and Solter, D. 1984. Inability of
Prather, R. S., Sims, M. M. and First, N. L. 1989. Spemann, H. 1938. Embryonic Development
mouse blastomere nuclei transferred to enuclea-
Nuclear transplantation in early porcine and Induction. Yale University Press, New
ted zygotes to support development in vitro.
embryos. Biol. Reprod. 41: 414-418. Haven.
Science 226: 1317-1319.
Rappolee, D. A., Brenner, C. A., Schultz, R., Spiegelman, S. 1947. Differentiation as the
McKinnell, R. G. 1978. Cloning: Nuclear Trans-
Mark, D. and Werb, Z. 1988. Developmental controlled production of unique enzymatic
plantation in Amphibia. University of Minne-
expression of PDGF, TGF- α and TGF- β genes patterns. In J. F. Danielli and R. Brown
sota Press, Minneapolis.
in preimplantation mouse embryos. Science 241: (eds.), Growth in Relation to Differentiati-
Monod, J. 1947. The phenomenon of enzymatic 1823-1825. on and Morphogenesis. Cambridge Univer-
adaptation and its bearing on problems of genetics sity Press, Cambridge, p. 287.
Reyer, R. W. 1954. Regeneration in the lens in
and cellular differentiation. Growth Symp. 11:
the amphibian eye. Q. Rev. Biol. 29: 1-46. Spradling, A. C. and Rubin, G. M. 1982.
223-289.
Transposition of cloned P elements into
Robins, D. M., Ripley, S., Henderson, A. S. and
Moore, J. A. 1963. Heredity and Development. Drosophila germ line chromosomes. Science
Axel, R. 1981. Transforming DNA integrates
Oxford University Press, Oxford. [p. 236] 218:341-347.
into the host chromosome. Cell 23: 29-39.
78 PARTE I Introdução à Biologia do Desenvolvimento
Stevens N. M. 1905a. A study of the germ cells Waddington, C. H. 1939. Preliminary notes on Willadsen, S. M. 1986. Nuclear transplantation
of Aphis rosae and Aphis oenotherae. J. Exp. the development of wings in normal and mutant in sheep embryos. Nature 320: 63-65.
Zool. 2: 371-405; 507-545. strains of Drosophila. Proc. NatI. Acad. Sci.
Willadsen, S. M. 1989. Cloning of sheep and
USA 25:299-307.
Stevens, N. M. 1905b. Studies in Spermato- cow embryos. Genome 31: 956-962.
genesis with Especial Reference to the Waddington, C. H. 1962. New Patterns in Gene-
“Accessory Chromosome.” Carnegie Institute Wilmut, I., Schnieke, A. E., McWhir, J., Kind,
tics and Development. Columbia University
of Washington, Washington, D.C. A. J. and Campbell, K. H. S. 1997. Viable
Press, New York, pp. 14-36.
offspring from fetal and adult mammalian cells.
Steward,F. C. 1970. From cultured cells to whole Wagner, T. E., Hoppe, P., Jollick, J. D., Scholl, Nature 385: 810-813.
plants: The induction and control of their growth D. R., Hodinka, R. L. and Gault, J. B. 1981.
Wilson, E. B. 1894. The mosaic theory of de-
and morphogenesis. Proc. R. Soc. Lond. [B] Microinjection of rabbit β-globin gene into
175:1-30. velopment. Biol. Lect. Marine Biol. Lab. Woods
zygotes and its subsequent expression in adult
Hole 2:1-14.
mice and offspring. Proc. Natl. Acad. Sci. USA
Steward, F. C., Mapes, M. 0. and Smith, J. 1958.
78: 6376-6380. Wilson, E. B. 1895. An Atlas of the Fertilization
Growth and organized development of cultured
cells. I. Growth and division of freely suspended and Karyogenesis of the Ovum. Macmillan, New
Wieslander, L. and Daneholt, B. 1977. Demons-
cells. Am. J. Bot. 45: 693-703. York. [p. 4]
tration of Balbiani ring RNA sequence in
polysomes. J. Cell Biol. 73: 260-264. Wilson, E. B. 1896. The Cell in Development
Steward, F. C., Mapes, M. 0., Kent, A. E. and
Holsten, R. D. 1964. Growth and development and Inheritance. Macmillan, New York. [p. 262]
Wessel, G. M., Goldberg, L., Lennarz, W. J.
of cultured plant cells. Science 143: 20-27. and Klein, W. H. 1989. Gastrulation in the sea Wilson, E. B. 1904. Experimental studies on
urchin is accompanied by the accumulation of germinal localization. I. The germ regions in
Stice, S. J. and Robl, J. M. 1988. Nuclear re-
an endoderm-specific mRNA. Dev. Biol. 136: the egg of Dentalium. J. Exp. Zool. 1: 1-72.
programming in nuclear transplant rabbit
526-538.
embryos. Biol. Reprod. 39: 657-664. Wilson, E. B. 1905. The chromosomes in re-
Wetmur, J. G. and Davidson, N. 1968 . Kinetics lation to the determination of sex in insects.
Ursprung, H., Smith, K. D., Sofer, W. H. and
of renaturation of DNA. J. Mol. Biol. 31:349-370. Science 22: 500-502.
Sullivan, D. T 1968. Assay systems for the study
of gene function. Science 160: 1075-1081. Wilkinson, D. G., Bhatt, S. and Herrmann, B. Yamada, T. 1966. Control of tissue specificity:
G. 1990. Expression pattern of the mouse T The pattern of cellular synthetic activities in
Vierra, J. and Messing, J. 1982. The pUC
gene and its role in mesoderm formation. tissue transformation. Am. Zool. 6:21-31.
plasmids, an M13mp7-derived system for
Nature 343: 657-659.
insertion mutagenesis and sequencing with
synthetic universal primers. Gene 19: 259-268.
A base celular da morfogênese:
Afinidade celular diferencial
3
Mas a natureza não é atomizada. Sua pa-
dronização é inerente e primária, e a ordem
subjacente à beleza é nela demonstrada; mais
ainda, a natureza só pode ser percebida pela
mente humana, porque ela mesmo é parte
U m corpo não é meramente uma coleção de tipos de células distribuídas ao
acaso. Desenvolvimento envolve não só a diferenciação celular, mas tam-
bém sua morfogênese em arranjos multicelulares tais como tecidos e órgãos.
Quando observamos a anatomia detalhada de um tecido como a retina neural, vemos
um arranjo preciso e intrincado de muitos tipos diferentes de células. Neste Capítulo,
integrante e majoritária daquela ordem. introduziremos as vias de mudança pelas quais as células do embrião em desenvolvi-
Paul Weiss (1960) mento criam órgãos funcionais do corpo. Existem quatro questões majoritárias partici-
pando do arcabouço de discussões sobre morfogênese:
Eu fui criado terrivelmente e maravilhosa-
• Como se formam tecidos a partir de células? De que modo células da retina
mente. Salmo 139 (ca. 500 a.c).
neural aderem a outras células da retina neural e não se associam às celulas da
retina pigmentada ou da íris que estão próximas a elas? De que modo, os vários
tipos de células presentes na retina neural (as três camadas distintas de fotore-
ceptores, neurônios bipolares e células ganglionares) estão organizados para
permitir que a retina seja funcional?
• Como são os órgãos construídos a partir de tecidos? As células retinais do
olho estão situadas atrás da córnea e da lente a uma distância exata. A retina
seria inútil se estivesse situada atrás de um osso ou outro lugar qualquer, onde
a lente não pudesse nela focalizar os raios de luz. Além disso, os neurônios da
retina devem penetrar no cérebro para inervar as regiões do córtex cerebral que
analisam a informação visual. Todas essas conexões devem estar precisamente
ordenadas.
• Como células migrantes atingem seu destino, e como se formam órgãos em
determinados locais? Olhos se desenvolvem na cabeça, mas em nenhum ou-
tro lugar. O que impede a formação de um olho em outras partes do corpo, se
todas as células têm o mesmo potencial genético? Em alguns casos, como o de
precursores de nossas células pigmentadas, células germinativas e glândula
supra-renal, as células devem percorrer longas distâncias para alcançar seu
destino final. Como as células são instruídas para percorrer certas rotas e parar
quando atingem uma região específica do corpo?
• Como crescem órgãos e suas células, e como é esse crescimento coordenado
ao longo do desenvolvimento? As células do olho devem crescer juntas, e as
células da retina raramente dividem-se após o nascimento. Nosso intestino,
entretanto, está constantemente descartando células e regenerando outras, e
79
80 PARTE I Introdução à Biologia do Desenvolvimento
Figura 3.1 ➧
Sumário dos principais processos morfogenéticos em células mesenquimatosas e epiteliais
PROCESSO AÇÃO MORFOLOGIA EXEMPLO
CÉLULAS MESENQUIMATOSAS
CÉLULAS EPITELIAIS
Células epidérmicas
presuntivas
Segregação de
tipos de células
Reagregação
espontânea
Dissociação
de células
Figura 3.2
Reagregação de células da nêurula de anfíbi-
os. Células epidérmicas presuntivas de em- Os resultados de seus experimentos foram surpreendentes. Em primeiro lugar,
briões pigmentados e células da placa neural verificaram que células reagregadas se tornavam espacialmente segregadas. Ou seja,
de embriões não pigmentados são dissociadas em lugar de permanecerem misturadas, cada tipo de célula se posicionava em sua
e misturadas entre si. As células reagrupam- própria região. Assim, quando células epidérmicas (ectodérmicas) e mesodérmicas
se de tal forma que um tipo (aqui, a epiderme foram ajuntadas para formar um agregado misto, as células epidérmicas foram encon-
presuntiva) cobre o outro. (Modificado de tradas na periferia do agregado e as células mesodérmicas no seu interior. Em nenhum
Townes e Holtfreter, 1955.) caso as células permaneceram misturadas ao acaso, e na maioria dos casos, um tipo de
tecido envolvia o outro completamente.
Em segundo lugar, os pesquisadores observaram que as posições finais das célu-
las reagregadas refletiam suas posições embriônicas. O mesoderma migra centralmen-
te à epiderme, aderindo à sua superfície interna (Figura 3.3A). O mesoderma também
migra centralmente em relação ao intestino ou endoderma (Figura 3.3B). Entretanto,
quando as três camadas germinativas são misturadas entre si, o endoderma se separa
do ectoderma e mesoderma e é então envolvido por eles (Figura 3.3C). Na sua configu-
ração final, o ectoderma está na periferia, o endoderma é interno e o mesoderma se
situa na região entre eles. Holtfreter interpretou esse fato em termos de afinidade
seletiva. A superfície interna do ectoderma tem uma afinidade positiva pelas células
mesodérmicas e uma afinidade negativa para o endoderma, enquanto o mesoderma
tem afinidades positivas para ambas as células, ectodérmicas e endodérmicas. A
mimetização da estrutura embrionária normal por agregados celulares também pode
ser vista na recombinação de células da epiderme e da placa neural (Figura 3.3D). As
células epidérmicas presuntivas migram para a periferia, como antes; as células da
placa neural migram para o centro, formando uma estrutura reminescente do tubo
neural. Quando células axiais mesodérmicas (notocorda) são adicionadas à suspen-
são de células presuntivas, epidérmicas e neurais, a segregação celular resulta em uma
camada epidérmica externa, um tecido neural localizado centralmente, e uma camada
de tecido mesodérmico entre eles (Figura 3.3E). De alguma maneira, as células têm a
capacidade de distribuirem-se em suas próprias posições embriológicas.
Tais afinidades preferenciais foram também observadas por Boucaut (1974),
que injetou células individuais de específicas camadas germinativas de volta na
cavidade gastrular de anfíbio. Ele verificou que essas células migram para sua
camada germinativa apropriada. Células endodérmicas encontram posições no
endoderma do hospedeiro, enquanto que células ectodérmicas se localizam em seu
CAPÍTULO 3 A base celular da morfogênese 83
Figura 3.3
ectoderma. Assim, afinidade seletiva parece ser importante para fornecer informação Distribuição e reorganização de relacionamen-
posicional às células embrionárias. tos embrionários espaciais em agregados de
A terceira conclusão de Holtfreter e seus colegas foi que afinidades seletivas células embrionárias de anfíbios. (Modificado
mudam durante o desenvolvimento. Isso deveria ser esperado, pois células embrioná- de Townes e Holtfreter, 1955.)
rias não mantêm uma única relação estável com outras células. Para que ocorra o
desenvolvimento, células precisam interagir de forma diferente com outras popula-
ções celulares em tempos específicos. Essas mudanças na afinidade celular foram
dramaticamente confirmadas por Trinkaus (1963), que mostrou uma clara correlação
entre mudanças de adesão in vitro e o comportamento da célula embrionária. Mais
recentemente, os experimentos de Fink e McClay (1985) demonstraram esse comporta-
mento no ouriço-do-mar, durante seu desenvolvimento. Na blástula, todas as células
parecem ter a mesma afinidade umas pelas outras. Cada célula tem também uma alta
afinidade para a matriz extracelular (camada hialina) que cobre o embrião, e uma baixa
afinidade para as proteínas dentro da cavidade embrionária (blastocele). Entretanto,
ao iniciar-se a gastrulação, um grupo específico de células, no pólo vegetal da blástu-
la, perde sua afinidade pelas células vizinhas e pela matriz extracelular externa, en-
quanto adquire simultaneamente afinidade pelas fibrilas protéicas que forram a blasto-
cele (Figura 3.4). Essas mudanças de afinidade causam a perda de contato das células
84 PARTE I Introdução à Biologia do Desenvolvimento
Fibrilas
da
blastocele
com suas vizinhas e a migração para dentro da blastocele, onde elas formarão o
esqueleto da larva. Quando elas começam a formar esse esqueleto, suas proprieda-
des adesivas terão que mudar novamente. Essas células, que tinham sido “anti-
sociais” entre si desde seu ingresso na blastocele, devem agora aderir para formar
os rudimentos do anel esquelético. Essas mudanças na adesão são específicas
temporalmente e também específicas para as células precursoras esqueléticas
(McClay e Ettensohn, 1987). Tais mudanças na afinidade celular são extremamente
importantes nos processos da morfogênese.
A reconstrução de agregados de embriões tardios de aves e mamíferos foi
obtida pelo uso da protease tripsina para dissociar as células entre si (Moscona,
1952). Quando as células isoladas resultantes foram misturadas em um frasco e
agitadas de modo que a força de cisalhamento destruísse adesões não específi-
cas, as células se distribuíram de acordo com seu tipo celular. Dessa maneira, elas
reconstruíram a organização do tecido original (Moscona, 1961; Giudice, 1962). A
Figura 3.5 mostra a “reconstrução” do tecido da pele de um embrião de camundon-
go de 15 dias. As células da pele são separadas por enzimas proteolíticas e depois
agregadas em uma cultura rotatória. As células epidérmicas migram para a perife-
ria, e as dérmicas migram para o centro. Em 72 horas, a epiderme foi reconstituída,
formou-se uma camada de queratina e folículos de pêlo são vistos na região dermal.
Essa reconstrução de tecidos complexos a partir de células únicas é chamada de
agregação histotípica.
(D) Derme
Figura 3.6
Agregados formados pela mistura de células da retina neural (não pigmentada) de um embrião de (E)
galinha de 7 dias com células pigmentadas da retina (escuras). (A) Cinco horas após a mistura Folículos de pêlo
das suspensões de células isoladas, são vistos agregados de células distribuídas ao acaso. (B) Em
19 horas, as células pigmentadas da retina não são mais vistas na periferia. (C) Após dois dias,
a maioria das células pigmentadas da retina estão localizadas em uma massa central interna
rodeadas pelas células da retina neural. (As células pigmentadas espalhadas são provavelmente
células mortas). (de Armstrong, 1989, cortesia de P. B. Armstrong.)
86 PARTE I Introdução à Biologia do Desenvolvimento
Figura 3.7
Espalhamento de um tipo de célula sobre outro tipo. A posição final de agregados compostos de
dois tipos de tecidos é independente de sua posição inicial. Uma condição final idêntica é
Tecido Tecido obtida, se os tecidos são transformados em suspensões de células isoladas e, então, reagregadas
A B ou os tecidos são mantidos intactos e colocados em contato. (De acordo com Armstrong, 1989.)
Células A localizadas
centralmente às células B
(A) DISTRIBUIÇÃO
(B) AO ACASO
(C) SEPARAÇÃO
Figura 3.8
Distribuição como um processo tendendo à estabilidade termodinâmica máxima. (A) Distribui-
ção ocorre quando a força adesiva média entre diferentes tipos de células (ωab) é menor que a
força adesiva média homotípica (A-A ou B-B) (ωaa, ω bb). As células mais adesivas se localizam
centralmente. (B) Se a força das adesões A-B é maior ou igual à média das adesões homotípicas,
não vai haver distribuição, porque o sistema já atingiu o equilíbrio termodinâmico, e a mistura
dos tipos de células será ao acaso. (C) Se as ligações A-B são muito mais fracas que a média das
adesões homotípicas, haverá uma completa separação, como é característico para óleo e água.
CAPÍTULO 3 A base celular da morfogênese 87
Informações adicionais
& Especulações
Figura 3.9
Distribuição quando blastemas de níveis iguais
ou diferentes, de membros anteriores, são co-
locados juntos em cultura. (Um membro de
cada par foi marcado com tritio para distinguí-
lo do outro). Depois de três dias em cultura,
os agregados foram fixados e secionados.
Antebraço
Permitir crescimento
externo dos enxertos
Informações adicionais
& Especulações
TCC ATG T T C GAT CGC GAG ATG GAG GAG ACG CAT TAC CCG CCC TGC ACC TAC AAC GTG ATG TGC
Ser Met Phe Asp Arg Glu Met Glu Glu T h r His Ty r P r o P r o Cys T h r Ty r Asn Val Met Cys
Seqüência esperada
Caderinas
Íons de cálcio são freqüentemente necessários para a adesão celular. Os íons esta-
bilizam as conformações adesivas de certas proteínas da superfície celular chama-
das caderinas. Caderinas têm um papel crítico no estabelecimento e manutenção de
conexões intercelulares, e parecem ser cruciais para a segregação espacial de célu-
las e para a organização da forma animal (Takeichi, 1987). Caderinas interagem com
outras caderinas de células adjacentes e são ancoradas na célula por complexos de
proteínas chamados cateninas (Figura 3.16). O complexo caderina-catenina forma a
clássica junção aderente que liga as células epiteliais entre si. Mais ainda, como as
cateninas se ligam ao citoesqueleto de actina, elas integram as células epiteliais em
uma unidade mecânica. Em embriões de vertebrados, quatro classes principais de
caderinas foram identificadas:
Tipo de agregado Cartilagem Fígado Músculo peitoral Rotação por seis horas
Cartilagem 100 6 48
Fígado 10 100 0
Músculo peitoral 38 49 100 Contar células
radioativas que
* Porcentagem do número médio de células coletadas pelos agregados isotípicos. aderiram ao agregado
CAPÍTULO 3 A base celular da morfogênese 93
Tabela 3.1 Classificação geral das principais moléculas de adesão celular (CAMs)
Caderina
Ligação
caderina-caderina
Caderina
94 PARTE I Introdução à Biologia do Desenvolvimento
(A)
(B)
Figura 3.18
Importância de caderinas em manter a coesão entre células em desenvolvimento. (A) Quando
oócitos são injetados com oligonucleotídeos antisense contra uma mensagem de caderina herda-
da maternalmente, as células centrais dispersam quando o hemisfério animal é removido. Em
embriões controle (direita), as células internas permanecem juntas. (B) No estágio de quatro
células, os blastômeros que formam o lado esquerdo do sapo são injetados com um mRNA para
N-caderina que não tem a região extracelular da caderina. Durante a neurulação as células com a
proteína mutante não formam uma camada coerente. (de Heasman et al., 1994; B de acordo com
Kintner et al, 1992; fotografias cortesia de J. Heasman e C. Kintner.)
et al., 1990; Fujimori et al., 1990). Assim, as caderinas estão, provavelmente, tendo um
papel principal na organização das células em tecidos. [cell2.html]
N N N
N N
Domínios semelhantes
à imunoglobulina
Domínios semelhantes N
à fibronectina
Extracelular
ou ou
Citoplasma CC
C C C
IgM N-CAM ou fasciclina II L1 ou neurogliana Interações de N-CAM célula-célula
Figura 3.21
Distribuição de diferentes CAMs em bordas tissulares. Enquanto as células mesodérmicas se
reúnem para induzir o broto das penas no ectoderma, as células mesenquimatosas recém-
agregadas expressam N-CAM (A) e as células ectodérmicas expressam E-caderinas (B) nas
suas respectivas membranas celulares. (de Chuong e Edelman, 1985a, cortesia de G. Edelman).
(B) (D)
Figura 3.22
Proteínas das junções em fenda. (A) Micro-
grafia eletrônica de uma fileira de junções em
Espaço intracelular
(15-40 nm) fenda ligando duas células justapostas. (B) Mi-
crografia fluorescente de junções em fenda em
túbulo renal de embrião de camundongo de 17
dias. (C) Compartimento formado por prote-
Canais de ínas da junção de fenda entre células que se
comunicação comunicam umas com as outras. Esse com-
partimento na gástrula de camundongo pode
ser visto injetando o corante Lucifer Yellow
em um célula e observando sua transferência a
um pequeno grupo de células. (D) Estrutura
da subunidade da junção em fenda. (A de
Membranas Peracchia e Dulhunty, 1976, cortesia de C.
celulares
Peracchia; B de Sainio et al., 1992, cortesia de
Conexões K. Sainio; C de Kalimi e Lo, 1988, cortesia de
(A) (D) C. Lo; D conforme Darnell et al., 1986.)
98 PARTE I Introdução à Biologia do Desenvolvimento
dos blastômeros precoces estão ligados por junções em fenda, dessa forma permi-
tindo que íons e pequenas moléculas solúveis passem livremente entre eles. A habi-
lidade de células em formar junções em fenda com algumas células, e não com
outras, cria “compartimentos” fisiológicos dentro do embrião em desenvolvimento
(Figura 3.22 C).
A importância de junções em fenda no desenvolvimento foi demonstrada em
embriões de anfíbios e mamíferos (Warner et al., 1984). Quando anticorpos contra
proteínas da junção em fenda foram microinjetados em uma célula específica de uma
blástula de Xenopus de oito células, a progênie daquela célula que usualmente está
ligada por junções de fenda, agora não podia permitir a passagem de íons ou molé-
culas pequenas de uma célula à outra. Ainda mais, os girinos que resultaram das
blástulas tratadas mostraram defeitos especificamente relacionados ao destino de-
senvolvimental da célula injetada (Figura 3.23). A progênie de tal célula não morreu,
mas foi incapaz de se desenvolver de maneira normal (Warner et al., 1984). No em-
brião de camundongo, os oito primeiros blastômeros são conectados entre si por
junções em fenda. Apesar de frouxamente associadas entre si, essas oito células se
movem juntas para formar um embrião compacto. Se a compactação for inibida por
anticorpos contra proteínas da junção em fenda, o desenvolvimento posterior ces-
sa. Os blastômeros tratados continuam a dividir-se, mas a compactação não ocorre
(Lo e Gilula, 1979; Lee et al., 1987). Se RNA antisense contra as mensagens da junção
em fenda é injetado em um dos blastômeros de um embrião normal de camundongo,
aquela célula não formará junções em fenda e não será incluída no embrião (Bevilacqua
et al., 1989).
Os canais da junção em fenda são feitos de proteínas chamadas conexinas. Em
cada célula, seis conexinas idênticas da membrana se agrupam para formar um canal
transmembrana contendo um poro central. O complexo de junção em fenda de uma
célula se conecta ao complexo de junção em fenda de outra célula, permitindo que se
juntem os citoplasmas de ambas as células (Figura 3.22D). Existem aproximadamente
doze tipos de conexinas, e algumas podem ser reguladas por caderinas. Jongen e
colaboradores (1991) observaram que em células acopladas por E-caderina, a comu-
nicação entre células, mediada por junções em fenda, depende da função de caderinas.
Evidências sugerem que caderinas permitem não só o contato entre as células como
também modificam as proteínas tipo conexina. Os diferentes tipos de proteína
conexina têm papéis separados, mas parcialmente sobrepostos, no desenvolvimen-
to normal. Por exemplo, a proteína de junção em fenda conexina-43 é encontrada em
quase todos os tecidos do embrião do camundongo em desenvolvimento. Entretan-
to, se os genes da conexina-43 forem derrubados por endereçamento de genes, o
embrião ainda se desenvolverá. Parece que a função da proteína conexina-43 pode
ser assumida por outras conexinas. Mas, logo após o nascimento, esses camundon-
gos têm respiração convulsiva, se tornam cianóticos e morrem. Autópsia desses
animais mostra que o ventrículo direito – a câmara que bombeia sangue aos pulmões
através da artéria pulmonar – está cheio de tecido que fecha a câmara e impede o
fluxo de sangue (Reaume et al.,1995). Mesmo que a perda da proteína conexina-43
(A) possa ser compensada em muitos tecidos, parece que ela é crítica para o desenvol-
vimento normal do coração. [cell4.html]
A membrana celular tem, então, vários mecanismos pelos quais pode fazer liga-
ções com membranas de outras células. Podem ser usadas CAMs da superfamília de
Figura 3.23
Efeitos da junção em fenda no desenvolvimento. Seção de um girino de Xenopus no qual um dos
blastômeros, no estágio de oito células, foi injetado com (A) um anticorpo controle ou (B) um
anticorpo contra a proteína da junção em fenda. O lado formado pelo blastômero injetado não tem
(B) o olho e tem uma morfologia cerebral anormal. (de Warner et al., 1984, cortesia de A. E. Warner.)
CAPÍTULO 3 A base celular da morfogênese 99
A matriz extracelular
A matriz extracelular consiste de macromoléculas secretadas pelas células no seu
ambiente imediato. Essas moléculas interagem de modo a formar uma estrutura insolú-
vel que pode ter várias funções no desenvolvimento. Em algumas situações, ela pode
separar dois grupos adjacentes de células e prevenir qualquer interação. Em outros
casos, a matriz extracelular pode servir como o substrato no qual as células migram, ou
pode até induzir diferenciação em certos tipos celulares. Um tipo de matriz é mostrado
na Figura 3.24. Aqui, uma lâmina de células epiteliais está adjacente a uma camada de
tecido mesenquimatoso frouxo. As células epiteliais formaram uma apertada camada
extracelular chamada lâmina basal; as células mesenquimatosas secretam uma frouxa
lâmina reticular. Juntas, essas camadas constituem a membrana basal da lâmina de
células epiteliais. Existem três componentes principais na maioria de matrizes
extracelulares: colágeno, proteoglicanos e glicoproteínas grandes que são chamadas
moléculas de adesão a substrato (Tabela 3.2).
COLÁGENOS COLÁGENO IV
Moléculas longas e delgadas (Tipo I é o mais comum; Tipos II, Os componentes estruturais majoritários da lâmina basal. Ao contrá-
III, e V-XIII são também encontradas) que se organizam para rio de outros colágenos, suas fibrilas são como um fino “arame de
formar fibrilas, usualmente com 60-70 nm de diâmetro. galinheiro” e se organizam em um substrato semelhante a feltro.
Colágenos proporcionam força e estabilidade aos tecidos.
PROTEOGLICANOS DA MATRIZ
PROTEOGLICANOS DA MATRIZ
Ácido hialurônico e proteoglicanos sulfatados são freqüentes na lâmi-
Compostos de proteínas e dissacarídeos repetitivos (glicosaminogli- na basal. Sua presença pode facilitar a passagem de produtos
canos). Glicosaminoglicanos incluem ácido hialurônico, uma enorme secretados pela lâmina.
molécula (108 Da) que liga grandes quantidades de água. Proteoglica-
nos sulfatados compreendem uma proteína linear interna à qual estão MOLÉCULAS DE ADESÃO DE SUBSTRATO
ligadas cadeias de um ou mais glicosaminoglicanos sulfatados
(condroitina, heparan, queratan e dermatan sulfato). Laminina, o componente funcional majoritário da lâmina basal. Um
Proteoglicanos estimulam e modulam movimentos celulares; sua trímero de glicoproteína com sítios de adesão para a membrana celu-
disponibilidade sugere que podem ter outras propriedades não lar, colágeno IV e glicosaminoglicanos.
conhecidas. Lâmina basal pode conter fibronectina, tenascina, nidogen e outras
glicoproteínas adesivas.
MOLÉCULAS DE ADESÃO DE SUBSTRATO
Monômeros de proteoglicanos
Pequenos glicosaminoglicanos
(tal como condroitina sulfato)
Proteína
esqueleto
Ácido
hialurônico
Ácido hialurônico
a
Essas são unidades repetitivas típicas desses glicosaminoglicanos. Entretanto, algumas regiões de cada GAG podem ter
sacarídeos ligeiramente modificados.
102 PARTE I Introdução à Biologia do Desenvolvimento
(A)
(B)
(D)
(C)
Proteoglicanos também são importantes como mediadores de conexões entre
Figura 3.26 tecidos adjacentes em um órgão. No órgão, eles reúnem células soltas para formar
Capa de proteoglicanos envolvendo células mó-
uma lâmina epitelial* (San Antonio et al.,1987; Thesleff et al., 1989; Vainio et al.,
veis. (A) Capa de hialuronidato envolve
mioblastos de galinha. Mioblastos em cultura
1989; Bernfield e Sanderson, 1990). Em alguns casos, proteoglicanos secretados por
excluem pequenas partículas (nesse caso, um tipo de célula são essenciais para o crescimento de células vizinhas. Axônios
hemácias fixadas) em distância significante da dos gânglios da raiz dorsal têm proteoglicanos de heparan sulfato entre suas prote-
borda celular. (B) quando os mioblastos são ínas da superfície celular; a remoção desses proteoglicanos impede a proliferação
tratados com hialuronidase (a qual dissolve áci- ao seu redor, das células de Schwann associadas (Ratner et al.,1985). Uma maneira
do hialurônico), essa capa extracelular desapa- pela qual cadeias de glicosaminoglicanos, de proteoglicanos, podem funcionar é
rece. (C) A capa também desaparece quando reter e apresentar fatores de crescimento para receptores celulares. Fatores de cres-
os mioblastos cessam a divisão e se juntam cimento são proteínas semelhantes a hormônios que regulam mitose ou diferencia-
enquanto se diferenciam. (D) Micrografia ele-
ção quando se ligam a determinadas células. Entretanto, o receptor celular para o
trônica de hialuronidato em solução aquosa
mostra uma rede fibrilar ramificada. (A-C de
fator de crescimento freqüentemente não liga o fator com grande afinidade. Na
Orkin et al., 1985, cortesia de B. Toole; D de verdade, o fator é inicialmente ligado pelos carboidratos do proteoglicano, e isso
Hadler et al., 1982, cortesia de N. M. Hadler.) concentra o fator de crescimento localmente, de modo a ser possível a ligação com
o receptor (Massagué, 1991; Yayon et al.,1991).
(A) RGD
Fibronectina
Sítios de
ligação
Sítio de ligação de RGD de cálcio
Subunidade ß
Subunidade ß Subunidade
de integrina
de integrina α de
integrina
Extracelular
Citoplasma
α Actinina Vinculina
Talina
Glicosil transferase
(A) NDP-açúcar + aceptor NDP + açúcar-aceptor
Doador de açúcar
(B) ativado (NDP-açúcar)
(C)
Enzima
glicosil- Aceptor
transferase insolúvel
Procolagenase Colagenase
Plasminogênio
Ativação Colagenase
Uroquinase Plasmina Ativa
transcricional muito ativa
Prostromelisina Estromelisina
Figura 3.31
Cascata de ativação de metaloproteinases de membrana. Uroquinase é um ativador de
plasminogênio, que cliva o plasminogênio dando plasmina. Plasmina ativa as formas precurso-
ras de estromelisinas e colagenases produzindo uma mistura de enzimas muito ativa capaz de
digerir matrizes extracelulares. (Conforme Matrisian, 1992.)
JAK--ST
A via JAK STAAT
No Capítulo 2 discutimos um conjunto de fatores de transcrição inativos até que
um sinal de outra célula produz sua fosforilação. Esses fatores de transcrição são
as proteínas STAT (transdutores de sinais e ativadores de transcrição) (Ihle,1995,
1996). As STATs são fosforiladas pela forma ativa da uma família de quinases, a
JAK. A via JAK-STAT é muito importante na diferenciação de células sangüíneas
e na ativação do gene de caseína na produção de leite (Briscoe et al., 1994; Groner
e Gouilleux, 1995). Nesses casos, um certo fator de diferenciação se liga a seus
receptores membrana-abrangente, fazendo com que esse se dimerize (que forme
dímeros) (Figura 3.32). Proteínas JAK estão ligadas a cada um dos receptores (em
suas respectivas regiões citoplasmáticas), e agora ao serem aproximadas fosforilam
o receptor em vários sítios. Os receptores ativados têm agora sua própria ativida-
de quinásica e podem fosforilar certos STATs inativos, induzindo sua dimerização.
Os dímeros são a forma ativa dos STAT que são translocados para o núcleo onde
se ligam às regiões específicas do DNA.
108 PARTE I Introdução à Biologia do Desenvolvimento
A via RTK
RTK-R-R as
-Ras
A via de transdução de sinais RTK-Ras foi uma das primeiras vias a unir as várias áreas
da biologia do desenvolvimento. Pesquisadores estudando olhos de Drosophila,
vulvas de nematódeos e cânceres humanos chegaram à conclusão que estudavam o
mesmo gene. A via RTK-Ras começa na superfície celular, onde o receptor tirosina
quinase liga seu ligante específico. Ligantes que se ligam a RTKs incluem fatores de
crescimento fibroblásticos, fatores de crescimento epidérmico e fatores de crescimen-
to derivados de plaquetas. O receptor tirosina quinase abrange a membrana e, quando
conectado com seu ligante, sofre uma mudança conformacional que permite sua
dimerização. Esses dímeros têm uma atividade quinásica latente, ativada por mudança
conformacional fazendo com que os receptores se fosforilem um ao outro em resíduos
particulares de tirosina. Assim, a introdução de um ligante no receptor causa uma
autofosforilação no domínio citoplasmático do receptor.
A tirosina fosforilada no receptor é reconhecida por uma proteína adaptiva (Figura
3.33)—especificamente, as tirosinas fosforiladas são reconhecidas por uma porção da
proteína adaptativa chamada domínio SH2. As proteínas adptativas servem como uma
ponte que liga a quinase fosforilada do receptor a um poderoso sistema intracelular de
sinalização. Enquanto ligada ao receptor fosforilado pelo seu domínio SH2, a proteína
adaptativa usa seu domínio SH3 para regular o ativador de uma proteína Ras G. Normal-
mente, a proteína de tipo selvagem Ras está na sua forma inativa e ligante de GDP.
Quando ativada pelo receptor ligante-acoplado, ela troca um fosfato de outro GTP
para transformar o GDP ligado em GTP. Essa catálise é ajudada pelo fator de troca
guanina nucleotídeo. A Ras ligada a GTP é a forma ativa da proteína que transmite o
sinal. Após a transmissão, o GTP é hidrolizado a GDP. Essa catálise é muito estimulada
CAPÍTULO 3 A base celular da morfogênese 109
Núcleo Modulação da
transcrição
* Nomes podem ser perigosamente ilusivos. Muitos compostos têm mais de uma função na
célula, e o que fazem depende do contexto da célula. Certos “fatores de crescimento” podem inibir
o crescimento, e alguns “fatores de transcrição” podem ser utilizados para inibir a transcrição.
Realmente, alguns fatores de transcrição podem ser usados para regular a tradução. Aqui vemos que
moléculas de adesão celular podem ser usadas para transdução de sinais. Proteínas celulares não
respeitam nossas fronteiras disciplinares.
Informações adicionais
& Especulações
FGF
FGFR normal:
FGF se liga causando dimerização
do receptor de FGF
(B) FGFR dominante negativo
FGFR FGFR
tações dominantes negativas de recep- Receptor de FGF normal mutante
tores. Esse tipo de experimento será bem
sucedido se a dimerização for crítica para
a função do receptor. Os receptores FGF
ativos, em um caso, são dímeros de duas
moléculas idênticas embebidas na mem-
brana celular. O mutante dominante ne-
gativo não formará um dímero ativo, mes-
mo com um parceiro do tipo selvagem.
Portanto, quando presente em concen- Receptores
trações suficientemente altas, o receptor sem domínios Excesso do receptor
Domínio
intracelulares mutante pode
mutante compete com receptores FGF da tirosina Sinal
são inativos seqüestrar o receptor
normais impedindo que suas proteínas quinase
normal do fator de
sejam ativadas. Isso pode ocorrer em Sem sinal
crescimento. Esse
mutações naturais ou provocadas. heterodímero é inativo.
Amaya e colaboradores (1991) injetaram
Sem sinal
mRNA de uma forma mutante de um re-
Figura 3.34
ceptor FGF em embriões de duas células
Ensaio para receptor dominante negativo para a importância de um determinado receptor. O
de Xenopus. Essas blástulas não conse-
receptor de FGF (FGFR) é uma RTK transmembrana. (A) Quando dímeros de FGF se ligam à
guem responder ao FGF (Figura 3.34).
porção extracelular desses receptores, esses se dimerizam e seus dois domínios de proteína
Nesse experimento, embriões que não ti- quinase se fosforilam mutuamente. Quando fosforilados, acionam um sinal através do citoplas-
nham receptores FGF funcionais tinham ma. (B) O receptor dominante negativo não tem o domínio da proteína quinase. Quando liga
mesoderma posterior e lateral dramatica- FGF, produz um dímero inativo, mesmo se o outro parceiro é do tipo selvagem. Assim, o efeito
mente reduzido (Prancha 3). de FGF não é transmitido à célula.
CAPÍTULO 3 A base celular da morfogênese 111
Figura 3.35
A via do inositol fosfato. (A) A reação de
(A) fosfolipase C, transformando PIP2 em DAG e
IP3. (B) Essa reação pode ser iniciada em dois
Extracelular pontos principais na membrana celular. Pri-
meiro, a via é iniciada quando o receptor trans-
Fosfolipase C membrana ligado à proteína G é ativado pela
introdução do ligante. Essa ativação resulta na
ligação de GTP à proteína heteromérica G e
Citoplasma sua dissociação em subunidades ativas. Essas
subunidades ativam enzimas fosfolipase C
(PLC) que podem catalizar a formação de DAG
e IP3. Em segundo lugar, a via pode ser ativada
pela via RTK. IP3 pode se ligar a um receptor
para liberar íons cálcio do retículo endoplas-
mático. Neste ínterim, DAG (em presença dos
íons cálcio liberados) ativa a proteína quinase
C. A proteína quinase estimula o transporta-
dor sódio/hidrogênio a trocar íons hidrogênio
celulares por íons sódio extracelulares, assim
levando a um aumento do pH.
(B)
RECEPTORES LIGADOS À PROTEÍNA G RECEPTORES LIGADOS À TIROSINA QUINASE (PDGF, EGF, etc).
Ligante
Ligante
Extracelular
Citoplasma
Proteína G
Via IP 3 PATHWAY
PKC MAP quinase
Atividade
Receptor celular e
IP 3 mitogênese
Retículo
endoplasmático
112 PARTE I Introdução à Biologia do Desenvolvimento
A via pode ter dois pontos iniciais (Figura 3.35; Berridge, 1993; Shilling et al.,
1994). Um ponto de iniciação é o receptor tirosina quinase, mencionado anterior-
mente. Além de ativar a proteína Ras G, as tirosina quinases ativadas podem
interagir com um tipo de enzima, fosfolipase C (PLC1-y1, que também tem um
domínio SH2 que reconhece as tirosinas autofosforiladas). Fosfolipase C pode
catalisar a hidrólise de fosfatidilinositol 4,5-bifosfato (PIP2) em dois segundos
mensageiros: inositol 1,4,5-trifosfato (IP3) e diacilglicerol (DAG). IP3 é capaz de
abrir canais de cálcio do retículo endoplasmático, liberando uma grande quantida-
de de íons cálcio no citoplasma. DAG ativa a proteína quinase C, que por sua vez
ativa a bomba de proteína que troca íons sódio por íons hidrogênio (Swann e
Whitaker, 1986; Nishizuka, 1986). O resultado é a elevação de íons intracelulares
de cálcio e um aumento no pH intracelular.
Um segundo ponto de iniciação é outra classe de receptores, algumas vezes cha-
mado de receptores serpentina, porque têm sete domínios transmembrana e “serpen-
teiam” através da membrana. Esses receptores estão relacionados com outro tipo de
proteína G, a proteína G heteromérica. Quando o ligante liga-se ao seu receptor, esse
ativa a proteína G. Essa ativação dissocia a proteína G em suas subunidades, as quais
ativam outro conjunto de fosfolipase C, ou seja, PLC-β1 e PLC-β2. Esses dois tipos de
fosfolipase C podem clivar PIP2 em inositol 1,4,5-trifosfato e diacilglicerol. Como vere-
mos em capítulos posteriores, as mudanças nos íons hidrogênio e cálcio, efetuadas
por essa via, alteram não somente a transcrição de genes, mas também a tradução de
mRNA e a replicação de DNA.
SINAL 1 SINAL 2
Citoplasma
MHC II
Antígeno Receptor B7
da célula T CD28
Extracelular
Citoplasma
RAF
T-LINFÓCITO
ELK-1 ativa
transcrição de c-fos
Núcleo
Transcrição de IL-2
Figura 3.36
Dois sinais são necessários para efetuar a diferenciação de linfócitos T. O primeiro sinal vem de
receptores que ligam o antígeno apresentado na superfície das células B ou macrófagos. O
segundo sinal vem da ligação da proteína CD28 à proteína B7 que está na superfície da célula
apresentante do antígeno. O primeiro sinal dirige a síntese de uma subunidade do fator de
transcrição AP-1. A outra subunidade é sintetizada sob direção do segundo sinal. As duas
subunidades, c-fos e c-jun, formam o fator de transcrição AP-1 que pode ativar intensificadores
específicos para a célula T como os que regulam a produção de interleucina 2.
pode estimular a via RTK-Ras, como também pode estimular a interação da célula
com o L1, N-CAM e caderinas de uma célula vizinha (Bixby et al., 1994; Williams et
al., 1994a; Clark e Brugge, 1995). Caderinas (mesmo as solúveis) podem dimerizar
receptores FGF exatamente como os ligantes normais de FGF, causando a liberação
de íons cálcio, ativação transcricional e fenômenos de desenvolvimento caracterís-
ticos das respostas do FGF celular (Figura 3.37; Williams et al., 1994b; Doherty et al.,
1995). Comunicação cruzada é quase certa acontecer quando as moléculas de ade-
são celular são também transdutores de sinais.
Citoplasma
Molécula de
adesão celular Receptor FGF
Extracelular
Citoplasma
Sinal
Figura 3.37
Possíveis interações de moléculas de adesão celular com receptores de FGF. Os receptores FGF
podem ser “seqüestrados” pelas moléculas de adesão e colocados juntos. Isso pode ser feito
pela interação de moléculas de adesão opostas, ou “ligações cruzadas” de receptores de FGF das
membranas celulares opostas podem ativar seus domínios quinase.
Receptor
Patched
Proteína
Hedgehog
LITERATURA CITADA
Ayama, E., Musci. T. J. and Kirschner, M. W. contact formation in Dictyostelium by univalent Bronner-Fraser, M. 1988. Distribution of
1991. Expression of a dominant negative mutant antibodies. Exp. Cell Res. 63: 147-158. tenascin during cranial neural crest development
of the FGF receptor disrupts mesoderm forma- in the chick. J. Neurosci. Res. 21: 135-147.
tion in Xenopus embryos. Cell 66: 257-270. Bevilacqua, A., Loch-Caruso, R. and Erick-
son, R. P. 1989. Abnormal development and Brooks, P. C. Montgomery, A. M. P., Rosenfeld,
Armstrong, P. B. 1989. Cell sorting out: The dye coupling produced by antisense RNA to M., Reisfeld, R. A., Hu, T., Klier, G. and Cheresh,
self-assembly of tissues in vitro. CRC Crit. Rev. gap junction protein in mouse preimplanta- D. A. 1994. Integrin α v β 3 antagonists promote
Biochem. Mol. Biol. 24: 119-149. tion embryos. Proc. Natl. Acad. Sci. USA tumor regression by inducing apoptosis of
86: 5444-5448. angiogenic blood vessels. Cell 79: 1157-1164.
Bastiani, M. J., Harrelson, A. L., Snow, P. M.
and Goodman, C. S. 1987. Expression of fasciclin Bissell, M. J., Hall, H. G. and Parry, G. 1982. Brower, D. L. and Jaffe, S. M. 1989. Require-
I and II glycoproteins on subsets of axon How does the extracellular matrix direct gene ment for integrins during Drosophila wing de-
pathways during neuronal development in the expression? J. Theoret. Biol. 99: 31-68. velopment. Nature 342: 285-287.
grasshopper. Cell 48: 745-755.
Bixby, J. L., Grunwald, G. B. and Bookman, R. J. Cales, C., Hancock, J. F., Marshall, C. J. and
Beckerle, M. C., Burridge, K., DeMartino, 1994. Ca++ influx and neurite growthin response Hall, A. 1988. The cytoplasmic protein GAP is
G. N. and Croall, D. E. 1987. Colocalization to purified N-cadherin and laminin. J. Cell Biol. implicated as a target for regulation by the ras
of calcium-dependent protease II and one 127: 1461-1475. gene product. Nature 332: 548-551.
of its substrates and sites of adhesion. Cell
Boucaut, J. C. 1974. Étude autoradiographique Carson, D. D., Tang, J.-P. and Gay, S. 1988.
51: 569-577.
de la distribution de cellules embryonnaires Collagens support embryo attachment and
Behrendsten, 0., Alexander, C. M. and Werb, isolées, transplantées dans le blastocèle chez Pleu- outgrowth in vitro: Effects of the Arg-GlyAsp
Z. 1992. Metalloproteinases mediate extra- rodeles waltii Michah (Amphibien, Urodele). sequence. Dev. Biol. 127: 368-375.
cellular matrix degradation by cells from Ann. Embryol. Morphol. 7: 7-50.
Carson, D. D., Tang, J.-P. and Julian, J. 1993.
mouse blastocyst outgrowths. Development
Boyse, E. A. and Old, L. J. 1969. Some aspects Heparan sulfate proteoglycan (perlecan) expres-
114: 447-456.
of normal and abnormal cell surface genetics. sion by mouse embryos during acquisition of at-
Bernfield, M. and Sanderson, D. 1990. Syndecan, Annu. Rev. Genet. 3: 269-289. tachment competence. Dev. Biol. 155: 97-106.
a morphogenetically regulated cell surface pro-
Brackenbury, R., Thiery, J.-P., Rutishauser, U. Carthew, R.W. and Rubin, G.M. 1990. Seven
teoglycan that binds extracellular matrix and
and Edelman, G. M. 1977. Adhesion among -in-absentia, a gene required for the speci-
growth factors. Philos. Trans. R. Soc. Lond. [A]
neural cells of the chick embryo. I. Immunolo- fication of R7 cell fate in the Drosophila
327: 171-186.
gical assay for molecules involved in cell-cell eye. Cell 63: 561-577
Berridge, M. J. 1993. Inositol triphosphate and binding. J. Biol. Chem. 252: 6835-6840.
Chen, W. T., Hasegawa, E., Hasegawa, T.,
calcium signalling. Nature 361: 315-325.
Briscoe, J., Guschin, D., and Müller, M. 1994. Weinstock, C. and Yamada, K. M. 1985. Deve-
Beug, H., Gerisch, G., Kempff, S., Riedel, V. and Just another signalling pathway. Curr. Biol. 4: lopment of cell-surface linkage complexes in
Cremer, G. 1970. Specific inhibition of cell 1033-1035. cultured fibroblasts. J. Cell Biol. 100: 1103-1114.
116 PARTE I Introdução à Biologia do Desenvolvimento
C h e n e y, C . M . a n d L a s h , J . W. 1 9 8 1 . Edelman, G. M. and Thiery, J.-P. 1985. The Cell early morphogenetic events in chick develop-
Diversification within embryonic chick in Contact: Adhesions and Junctions as Mor- ment. Nature 320: 447-449.
somites: Differential response to notochord. phogenic Determinants. Wiley, New York.
Hatta, K. Takagi, S., Fujisawa, H. and Takeichi,
Dev. Biol. 81: 288-298.
Farach, M. C., Tang, J. P., Decker, G. L. and M. 1987. Spatial and temporal expression
Chuong, C.-M. and Edelman, G. M. 1985a. Ex- Carson, D. D. 1987. Heparin/heparan sulfate is pattern of N-cadherin cell adhesion molecules
pression of cell adhesion molecules in embryo- involved in attachment and spreading of mouse correlated with morphogenetic processes of
nic induction. I. Morphogenesis of nestling embryos in vitro. Dev. Biol. 123: 401-410, chicken embryos. Dev. Biol. 120: 215-227.
feathers. J. Cell Biol. 101: 1009-1026.
Fink, R. and McClay, D. R. 1985. Three cell Heasman, J., Hines, R. D., Swan, A. P., Thomas,
Chuong, C.-M. and Edelman, G. M. 1985b. Ex- recognition changes accompany the ingression V. and Wylie, C. C. 1981. Primordial germ cells
pression of cell adhesion molecules in embryo- of sea urchin primary mesenchyme cells. Dev. of Xenopus embryos: The role of fibronectin in
nic induction. II. Morphogenesis of adult Biol. 107: 66-74. their adhesion during migration. Cell 27: 437-447.
feathers. J. Cell Biol. 101: 1027-1043.
Fraser, S., E., Carhart, M. S., Murray, B. A., Heasman, J., Ginsberg, D., Goldstone, K., Pratt,
Clark, E. A. and Brugge, J. S. 1995. Integrin and Chuong, C.-M. and Edelman, G. E. 1988. T., Yoshidanaro, C., and Wylie, C. 1994. A
signal transduction pathways: The road taken. Alterations in the Xenopus retinotectal functional test for maternally inherited cadherin
Science 268: 233-239. projection by antibodies to Xenopus N-CAM. in Xenopus shows its importance in cell adhesion
Dev. Biol. 129: 217-230. at the blastula stage. Development 120: 49-57.
Covault, J. and Sanes, J. R. 1986. Distribution of
N-CAM in synaptic and extrasynaptic portions Foty, R. A., Forgacs, G., Pfleger, C. M. and Hemler, M. E. 1990. VLA proteins in the integrin
of developing and adult skeletal muscle. J. Cell Steinberg, M. S. 1994. Liquid properties of em- family: Structures, functions, and their role on
Biol. 102: 716-730. bryonic tissues: Measurements of interfacial leukocytes. Annu. Rev. Immunol. 8: 365-400.
tensions. Physic. Rev. Lett. 72: 2298-2301. Hemler, M. E., Huang, C. and Schwartz, L. 1987.
Crawford, K. and Stocum, D. L. 1988. Retinoic
acid coordinately proximalizes regenerate pattern Foty, R. A., Pfleger, C. M., Forgacs, G. and The VLA protein family. Characterization of
and blastema differential affinity in axolotl limbs. Steinberg, M. S. 1996. Surface tensions of em- five distinct cell surface heterodimers each with
Development 102: 687-698. bryonic tissues predict their mutual envelopment a common 130,000 molecular weight β subunit.
behavior. Development 122: 1611-1620. J. Biol. Chem. 262: 3300-3309.
Darnell, J., Lodish, H. and Baltimore, D. 1986.
Molecular Cell Biology. Scientific American Fujimori, T., Miyatani, S. and Takeichi, M. Horwitz, A., Duggan, K., Greggs, R., Decker,
Books, New York. 1990. Ectopic expression of N-cadherin perturbs C. and Buck, C. 1985. The cell substrate
histogenesis in Xenopus embryos. Development attachment (CSAT) antigen has properties
Deng, C., Wynshaw-Boris, A., Zhou, F., Kuo, A. of a receptor for laminin and fibronectin J.
110: 97-104.
and Leder, P. 1996. Fibroblast growth factor Cell Biol. 101: 2134-2144.
receptor-3 is a negative regulator of bone growth. Gibbs, J. B., Scaber, M. D., Allard, W.J., Sigal, I.
Cell 84: 911-921. S. and Scolnick, E. M. 1988. Purification of ras Horwitz, A., Duggan, K., Buck, C., Beckerle,
GTPase activating protein from bovine brain. M. C. and Burridge, K. 1986. Interaction of
Detrick, R. J., Dickey, D. and Kintner, C. R. plasma membrane fibronectin receptor with
Proc. Natt. Acad. Sci. USA 85: 5026-5030.
1990. The effects of N-cadherin misexpres- talin-a actinin transmembrane linkage. Nature
sion on morphogenesis in Xenopus embryos. Giudice, G. 1962. Restitution of whole larvae 320: 531-533.
Neuron 4: 493-506. from disaggregated cells of sea urchin embryos.
Dev. Biol. 5: 402-411. Ingham, P. W. 1994. Hedgehog points the way.
Dickson, B., Sprenger, F, Morrison, D. and Curr. Biol. 4:1-4.
Hafen, E. 1992. Ras1 functions downstream of Graf, J., Ogle, R. C., Robey, F A., Sasaki, M.,
Rasl in the Sevenless signal transduction pathway Martin, G. R., Yamada, Y. and Kleinman, H. K. Jongen, W, M. F. and seven others. 1991.
Nature 360: 600-603. 1987. A pentapeptide from the laminin B1 chain Regulation of connexin 43-mediated gap junction
mediates cell adhesion and binds to the 67000 intercellular communication by Ca2+ in mouse
Diderot, D. 1782. D’Alembert’s Dream. Reprin- epidermal cells is controlled by E-cadherin. J.
laminin receptor. Biochemistry 26: 6896-6900.
ted in J. Barzun and R. H. Bowen (eds.), Cell Biol. 114: 545-555.
Rameau’s Nephew and Other Works (1956). Groner, B. and Gouilleux, F. 1995. Prolactin-
Doubleday, Garden City, NY [p. 114] mediated gene activation in mammary epithelial lhle, J. N. 1995. Cytokine receptor signalling.
cells. Curr. Opin. Genet. Dev. 5: 587-594. Nature 377: 591-594.
Doherty, P., Williams, E. and Walsh, F. S. 1995.
lhle, J. N. 1996. STATs: Signal transducers and
A soluble chimeric form of the Ll glycoprotein Hadler, N. M., Dourmash, R. R., Nermut, M. V.
activators of transcription. Cell 84: 331-334.
stimulates neurite outgrowth. Neuron 14: 57-66. and Williams, L. D. 1982. Ultrastructure of a
hyaluronic acid matrix. Proc. Natl. Acad. Sci. Just, E. E. 1939. The Biology of the Cell Surface.
Dufour, S., Duband, J.-L., Humphries, M. J.,
USA 79: 307-309. Blackiston, Philadelphia.
Obara, M., Yamada, K. M. and Thiery, J. P. 1988.
Attachment, spreading and locomotion of avian Hakomori, S., Fukuda, M., Sekiguchi, K. and Kadokawa, Y., Fuketa, I., Nose, A., Takeichi,
neural crest cells are mediated by multiple Carter, W. G. 1984. Fibronectin, laminin, and M. and Nakatsuji, N. 1989. Expression of E-
adhesion sites on fibronectin molecules. EMBO other extracellular glycoproteins. In K. A. Picz and P-cadherin in mouse embryos and uteri du-
J. 7: 2661-2671. and A. H. Reddi (eds.), Extracellular Matrix Bio- ring the periimplantation period. Dev. Growth
chemistry. Elsevier, New York, pp. 229-275. Diff. 31: 23-30.
Dutt, A., Tang, T.-P. and Carson, D. D. 1987. Lacto-
saminoglycans are involved in uterine epithelial cell Harrelson, A. L. and Goodman, C. S. 1988. Kalimi, G. H. and Lo, C. 1988. Communication
adhesion in vitro. Dev, Biol. 119: 27-37. Growth cone guidance in insects: FasciclinII is a compartments in the gastrulating mouse embryo.
member of the immunoglobulin superfamily. J. Cell Biol. 107: 241-255.
Eckstein, D. J. and Shur, B. D. 1989. Laminin
Science 242: 700-708.
induces the stable expression of surface glycosyl- Kintner, C. 1992. Regulation of embryonic cell
transferases on lamellipodia of migrating cells. Hatta, K. and Takeichi, M. 1986. Expression of adhesion by the cadherin cytoplasm domain. Cell
J. Cell Biol. 108: 2507-2517. N-cadherin adhesion molecules associated with 69: 225-236.
CAPÍTULO 3 A base celular da morfogênese 117
Knudsen, K., Horwitz, A. F. and Buck, C. 1985. Liu, J-K., Di Persio, M. C., and Zaret, K. S. Nose, A., Nagafuchi, A. and Takeichi, M.
A monoclonal antibody identifies a glycopro- 1991. Extracellular signals that regulate liver 1988. Expressed recombinant cadherins
tein complex involved in cell-substratum transcription factors during hepatic differentia- mediate cell sorting in model systems. Cell
adhesion. Exp. Cell Res. 157: 218-226. tion in vitro. Mol. Cell Biol. 11: 773-784. 54: 993-1001.
Köhler, G. and Milstein, C. 1975. Continuous Lo, C. and Gilula, N. B. 1979. Gap junctional Notenboom, R. G. E., de Poer, P. A. J.,
cultures of fused cells secreting antibody of communication in the preimplantation mouse Moorman, A. F. M. and Lamers, W. H. 1996.
predefined specificity. Nature 256: 495-497. embryo. Cell 18: 399-409. The establishment of the hepatic architecture
is a prerequisite for the development of a
Lander, A. D. 1989. Understanding the Luna, E. J. and Hitt, A. L. 1992. Cytoskele-
lobular pattern of gene expression. Develop-
molecules of neural cell contacts: Emerging ton-plasma membrane interactions. Science
ment 122: 321-332.
patterns of structure and function. Trends 258: 955-964.
Neurosci. 12: 189-195. Orkin, R. W., Knudson, W. and Toole, P. T. 1985.
Martins-Green, M. and Bissell, M. J. 1995. Cell-
Loss of hyaluronidate-clependent coat during
Landmesser, L., Dahm, L., Schultz, K. and Ru- ECM interactions in development. Semin. Dev.
myoblast fusion. Dev. Biol. 107: 527-530.
tishauser, U. 1988. Distinct roles for adhesion Biol. 6: 149-159.
molecules during innervation of embryonic Peracchia, C. and Dulhunty, A. F. 1976. Low
chick muscle. Dev. Biol, 130: 645-670. Massagué, J. 1991. A helping hand from
resistance junctions in crayfish: Structural
proteoglycans. Curr. Biol. 1: 117-119.
changes with functional uncoupling. J. Cell Biol.
Lazarides, E. 1976. Actin, a actinin, and
Matrisian, L. M. 1992. The matrix-degrading 70: 419-439.
tropomyosin interaction in the structural
organization of actin filaments in nonmuscle metalloproteinases. BioEssays 14: 455-463.
Pierce, M., Turley, E. A. and Roth, S. 1980. Cell
cells. J. Cell Biol. 68: 202-219. McClay, D. R. and Ettensohn, C. A. 1987. Cell surface glycosyltransferase activities. Int. Rev.
recognition during sea urchin gastrulation. In W. Cytol. 65: 1-47.
Lee, C.-H. and Gumbiner, B. M. 1995. Disruption
of gastrulation movements in Xenopus by a F. Loomis (ed.), Genetic Regulation of Deve-
Ratner, N., Bunge, R. P. and Glaser, L. 1985. A
dominant-negative mutant for C-cadherin. Dev. lopment. Alan R. Liss, New York, pp. 111-128.
neuronal cell surface heparan sulfate proteogly-
Biol. 171: 363-373. McCormick, F. 1989. ras GTPase activating can is required for dorsal root ganglion neuron
Lee, S., Gilula, N. B. and Warner, A. E. 1987. protein: Signal transmitter and signal terminator. stimulation of Schwann cell proliferation. J. Cell
Gap junctional communication and compaction Cell 56: 5-8. Biol. 101: 744-754.
during preimplantation stages of mouse deve- Monroy, A. and Moscona, A. A. 1979. Intro- Reaurne, A. G. and eight others. 1995. Cardiac
lopment. Cell 51: 851-860. ductory Concepts in Developmental Biology. malformation in neonatal mice lacking connexin
Leevers, S. J., Paterson, H. F., and Marshall, C. University of Chicago Press, Chicago. 43. Science 267: 1831-1834.
J. 1994. Requirement for Ras in Raf activation Montgomery, A. M. P., Reisfeld, R. A., and Roth, S. 1968. Studies on intracellular adhesive
is overcome by targeting Raf to the plasma Cheresh, D. A. 1994. Integrin α v β 3 rescues selectivity. Dev. Biol. 18: 602-631.
membrane. Nature 369: 411-414. melanoma cells from apoptosis in a threedimen-
Roth, S., McGuire, E. J. and Roseman, S. 1971.
Lemmon, V., Farr, K. L., and Lagenauer, C. sional dermal collagen. Proc. NatI. Acad. Sci.
An assay for intercellular adhesive specificity. J.
1989). Ll-mediated axon growth occurs via USA 91: 8856-8860.
Cell Biol. 51: 525-535.
homophilic binding mechanism. Neuron 2: Moscona, A. A. 1952. Cell suspension from
1597-1603. Rousseau, F. and seven others. 1994. Muta-
organ rudiments of chick embryos. Exp. Cell
tions in the gene encoding fibroblast growth
Leonard, C. M., Bergman, M., Frenz, D. A., Res. 3: 535-539.
factor receptor-3 in achondroplasia. Nature
Macreery, L. A. and Newman, S. A. 1989. Moscona, A. A. 1961. Rotation-mediated 371: 252-254.
Abnormal ambient glucose levels inhibit pro- histogenetic aggregation of dissociated cells: A
teoglycan core protein gene expression and Ruoslahti, E. and Pierschbacher, M. D. 1987.
quantifiable approach to cell interaction in vitro.
reduce proteoglycan accumulation during chon- New perspectives in cell adhesion: RGD and
Exp. Cell Res. 22: 455-475.
drogenesis: Possible mechanism for teratogenic integrins. Science 238: 491-497.
effects of maternal diabetes. Proc. Natl. Acad. Nagafuchi, A., Shirayoshi, Y., Okazaki, K.,
Rutishauser, U., Acheson, A., Hall, A., Mann, D.
Sci. USA 86: 10113-10117. Yasuda, K. and Takeichi, M. 1987. Transforma-
M. and Sunshine, J. 1988. The neural cell
tion of cell adhesion properties of exogenously
Leptin, M., Bogaert, T., Lehmann, R. and Wilcox, adhesion molecule (N-CAM) as a regulator of
introduced E-cadherin cDNA. Nature 329: 341-343.
M. 1989. The function of PS integrins during cell-cell interactions. Science 240: 53-57.
Drosophila embryogenesis. Cell 56: 401-408. Nardi, J. B. and Stocum, D. L. 1983. Surface
Sainio, K., Gilbert, S. F., Lehtonen, E., Nishi,
properties of regenerating limb cells: Evidence
Li, W., Whaley, C. D., Mondino, A. and Mueller, M., Kumar, N. M., Gilula, N. B. and Saxén, L.
for gradation along the proximodistal axis. Dif-
D. L. 1996. Blocked signal transduction to the 1992. Differential expression of gap junction
ferentiation 25: 27-31.
ERK and JNK protein kinases in anergic CD4+ mRNAs and proteins in the developing murine
T cells. Science 271: 1272-1274. Nishizuka, Y. 1986. Studies and perspectives of kidney and in experimentally induced nephric
protein kinase C. Science 233: 305-312. mesenchymes. Development 115: 827-837.
Linask, K. L. and Lash, J. W. 1988a. A role for
fibronectin in the migration of avian precardiac Niswander, L., Jeffrey, S., Martin, G. R. and San Antonio, J. D., Winston, B. M. and Tuan, R.
cells. I. Dose-dependent effects of fibronectin Tickle, C. 1994. A positive feedback loop S. 1987. Regulation of chondrogenesis by
antibody. Dev. Biol. 129: 315-323. coordinates growth and patterning in the verte- heparan sulfate and structurally related glycosa-
brate limb. Nature 371, 609-612. minoglycans. Dev. Biol. 123: 17-24.
Linask, K. L. and Lash, J. W. 1988b. A role for
fibronectin in the migration of avian precardiac Nose, A. and Takeichi, M. 1986. A novel cadherin Sato H., Takino, T, Okada, Y., Cao, J., Shinagawa,
cells. II. Rotation of the heartforming region adhesion molecule: Its expression patterns A., Yamamoto, E. and Seiki, M. 1994. A matric
during different stages and its effects. Dev. Biol. associated with implantation and organogenesis metalloproteinase expressed on the surface of
129: 324-329. of mouse embryos. J. Cell Biol. 103: 2649-2658. invasive tuomour cells. Nature 370: 61-65.
118 PARTE I Introdução à Biologia do Desenvolvimento
Shiang, R. and seven others. 1994. Mutations in nipulation of cell surface to affect cellular re- Warner, A. E., Guthrie, S. C. and Gilula, N. B.
the transmembrane domain of FGFR3 cause the cognition mechanisms. Dev. Biol. 70: 195-205. 1984. Antibodies to gap junctional protein selectively
most common genetic form of dwarfism, achon- disrupt junctional communication in the early
Tamkun, J. W., DeSimone, D. W., Fonda, D.,
droplasia. Cell 78: 335-342. amphibian embryo. Nature 311: 127-131.
Patel, R. S., Buck, C, Horwitz, A. F. and Hynes,
Shih, C. and Weinberg, R. A. 1982. Isolation of R. 0. 1986. Structure of integrin, a glycoprotein Webster, M. K. and Donoghue, D. J. 1996.
a transforming sequence from a human bladder involved in transmembrane linkage between fi- Constitutive activation of fibroblast growth
carcinoma cell line. Cell 29: 161-169. bronectin and actin. Cell 46: 271-282. factor receptor 3 by the transmembrane
domain point mutation found in achondro-
Shilling, F. M., Carroll, D. J., Muslin, A. J., Tan, S.-S., Crossin, K. L., Hoffman, S. and Edelman,
plasia. EMBO J. 15: 520-527.
Escobodo, J. A., Williams, L. T. and Jaffe, G. M. 1987. Asymmetric expression of somites of
L. A. 1994. Evidence for both tyrosine kinase cytotactin and its proteoglycan ligand is correlated Wehrle, B. and Chiquet, M. 1990. Tenascin is
and G-protein-coupled pathways leading to with neural crest cell migration. Proc. Natl. Acad. accumulated along developing peripheral nerves
starfish egg activation. Dev. Biol. 162: 590-599. Sci. USA 84: 7977-7981. and allows neurite outgrowth in vitro. Develop-
ment 110: 401-415.
Shur, B. D. 1977a. Cell surface glycosyl- Thesleff, I., Vainio, S. and Jalkanen, M. 1989.
transferases in gastrulating chick embryos. Cell-matrix interactions in tooth development. Weiss, P. 1945. Experiments on cell and
I. Temporally and spatially specific patterns Int. J. Dev. Biol. 33: 91-95. axon orientation in vitro: The role of
of four endogenous glycosyltransferase colloidal exudates in tissue organization. J.
Toole, B. P. 1976. Morphogenetic role of glycosa-
activities. Dev. Biol. 58: 23-29. Exp. Zool. 100: 353-386.
minoglycans (acid mucopolysaccharides) in brain and
Shur, B. D. 1977b. Cell surface glycosyltransfe- other tissues. In S. H. Barondes (ed.), Neuronal Re- Werb, Z., Tremble, P. and Damsky, C. H. 1990.
rases in gastrulating chick embryos. II. Bioche- cognition. Plenum, New York, pp. 276-329. Regulation of extracellular matrix degradation
mical evidence for a surface localization of by cell-extracellular matrix interaction. Cell
Tosney, K. W., Watanabe, M., Landmesser, L. and
endogenous glycosyltransferase activities. Dev. Differ. Dev. 32: 299-306.
Rutishauser, U. 1986. The distribution of N-CAM in
Biol. 58: 40-55.
the chick hindlimb during axon outgrowth and Wilcox, M., DiAntonio, A. and Leptin, M.
Spring, J., Beck, K. and Chiquet-Ehrismann, R. synaptogenesis. Dev. Biol. 114: 468-481. 1989. The functions of the PS integrins in
1989. Two contrary functions of tenascin: Drosophila wing morphogenesis. Develop-
Townes, P. L. and HoItfreter, J. 1955. Directed
Dissection of the active sites by recombinant ment 107: 891-897.
movements and selective adhesion of embryo-
tenascin fragments. Cell 59: 325-334.
nic amphibian cells. J. Exp. Zool. 128: 53-120. Wilder, E. L. and Perrimon, N. 1995. Dual
Steinberg, M. S. 1964. The problem of functions of wingless in the Drosophila leg
Trahey, M. and McCormick, F. 1987. A cyto-
adhesive selectivity in cellular interactions. imaginal disc. Development 121: 477-488.
plasmic protein stimulates normal N-ras p2l.
In M. Locke (ed.), Cellular Membranes in
GTPase, but does not affect oncogenic mutants. Williams, A. F. and Barclay, A. N. 1988. The
Development. Academic Press, New York,
Science 238: 542-544. immunoglobulin superfamily: Domains for
pp. 321-434.
cell surface recognition. Annu. Rev. Immu-
Trinkaus, J. P. 1963. The cellular basis of
Steinberg, M. S. 1970. Does differential adhesion nol. 6: 381-405.
Fundulus epiboly. Adhesivity of blastula and
govern self-assembly processes in histogenesis?
gastrula cells in culture. Dev. Biol. 7: 513-532. Williams, E. J., WaIsch, F. S. and Doherty, P.
Equilibrium configurations and the emergence
1994a. Tyrosine kinase inhibitors can differen-
of a hierarchy among populations of embryonic Turley, E. A. and Roth, S. 1979. Spontaneous
tially inhibit integrin-dependent and CAM-
cells. J. Exp. Zool. 173: 395-434. glycosylation of glycosaminoglycan substrates
dependent neurite outgrowth. J. Cell Biol. 124:
by adherent fibroblasts. Cell 17: 109-115.
Stokoe, D., Macdonald, S. G., Cadwallader, K., 1029-1037.
Symons, M. and Hancock, J. F. 1994. Activation Tyler, A. 1946. An auto-antibody concept of
Williams, E. J., Furness, J., Walsh, F. S. and
of raf as well as recruitment to the plasma cell structure, growth, and differentiation. Growth
Doherty, P. 1994b. Activation of the FGF
membrane. Science 264: 1463-1467. 10 (Symposium 6):7-19.
receptor underlies neuriote outgrowth stimu
Streuli, C. H., Bailey, N. and Bissell, M. J. 1991. Vainio, S., Jalkanen, M., Lehtonen, E. and lated by L1, N-CAM, and N-cadherin.
Control of mammary epithelial differentiation: Bernfield, M. 1989. Epithelial-mesenchymal in- Neuron 13: 583-594.
Basement membrane induces tissue specific gene teractions regulate stage-specific expression of
Yayon, A., Klagsbrun, M., Esko, J. D., Leder, P.
expression in the absence of cell-cell interacti- a cell surface proteoglycan, syndecan, in the
and Ornitz, D. M. 1991. Cell surface heparin-
ons and morphological polarity J. Cell Biol. 115: development kidney. Dev. Biol. 134: 382-391.
like molecules are required for binding of basic
1383-1395.
Venkatesh, T. R., Zipursky, S. L. and Benzer, S. fibroblast growth factor to its high affinity re-
Swann, K. and Whitaker, M. 1986. The part 1985. Molecular analysis of the development ceptor. Cell 64: 841-849.
played by inositol trisphosphate and calcium in of the compound eye in Drosophila. Trends
Yelton, D. E. and Scharff, M. D. 1980. Mono-
the propagation of the fertilization wave in sea Neurosci. 8: 251-257.
clonal antibodies. Am. Sci. 68: 510-516.
urchin eggs. J. Cell Biol. 103: 2333-2342.
Vits, L., Van Camp, G., Couke, P., Wilson, G.,
Yow H., Wong, J. M., Chen, H. S., Lee, C., Steei,
Takeichi, M. 1987. Cadherins: A molecular Schrander-Stumpel;C., Schwarz, C. and Willems,
G. D. Jr. and Chen, L. B. 1988. Increased mRNA
family essential for selective cell-cell P. J. 1994. MASA syndrome is due to mutations
expression of a lamininbinding protein in human
adhesion and animal morphogenesis. Trends in the LlCAM gene. Nature Genet. 7: 408-413.
colon carcinoma: Complete sequence of a full-
Genet. 3: 213-217.
Vuorio, E. 1986. Connective tissue diseases: length cDNA encoding the protein. Proc. Natl.
Takeichi, M. 1991. Cadherin cell adhesion Mutations of collagen genes. Ann. Clin. Res. Acad. Sci.. USA 85: 6394-6398.
receptors as a morphogenetic regulator. Science 18: 234-241.
Zipursky, S. L., Venkatesh, T. R., Teplow, D. B.
251: 1451-1455.
Wang, N., Butler, J. P. and Ingber, D. E. 1993. and Benzer, S. 1984. Neuronal development in
Takeichi, M., Ozaki, H. S., Tokunaga, K. Mechanotransduction across the cell surface and the Drosophila retina: Monoclonal antibodies
and Okada, T. S. 1979. Experimental ma- through the cytoskeleton. Science 260: 1124-1127. as molecular probes. Cell 36: 15-26.
Padrões de Desenvolvimento
4 Fertilização: Iniciando um novo organismo
167
Fertilização:
Iniciando um novo organismo
4
Desejo e desejo e desejo
Sempre o desejo procriativo do mundo.
Saindo da obscuridade iguais opostos
avançam,
Sempre substância e aumento, sempre sexo,
F ERTILIZAÇÃO (FECUNDAÇÃO) é o processo pelo qual duas células sexuais
(gametas) se fundem para criar um novo indivíduo com potenciais genéticos
derivados dos dois genitores. A fecundação, portanto, realiza duas atividades
separadas: sexo (a combinação de genes derivados dos dois pais) e a reprodução
(criação de novos organismos). Assim, a primeira função da fecundação é a de trans-
Sempre uma tessitura de identidade, sempre mitir genes dos pais para a prole, e a segunda é a de iniciar no citoplasma do ovo
distinção, aquelas reações que permitem o desenvolvimento.
Sempre uma criação de vida.
WALT WHITMAN (1855)
Embora os detalhes da fecundação variem de espécie para espécie, os eventos da
concepção consistem, em geral, de quatro atividades principais:
O objetivo final de todas as intrigas amoro- • Contato e reconhecimento entre espermatozóide e óvulo. Na maioria dos
sas, sejam elas cômicas ou trágicas, é na casos, isso assegura que o espermatozóide e o óvulo sejam da mesma espécie.
realidade mais importante que todas as ou- • Regulação da entrada do espermatozóide para o interior do óvulo. Somente
tras finalidades na vida humana. um espermatozóide pode, em última análise, fecundar um óvulo. Isso é geral-
Ele se volta para nada menos que a compo- mente conseguido com a permissão de somente um espermatozóide entrar no
sição da próxima geração. óvulo e a inibição da entrada de qualquer outro.
A SCHOPENHAUER • Fusão do material genético do espermatozóide e do óvulo.
(CITADO POR C. DARWIN, 1871)
• Ativação do metabolismo do ovo para começar o desenvolvimento.
Espermatozóide
Foi somente no século XIX que o papel do espermatozóide na fertilização tornou-se
conhecido. Anton van Leeuwenhoek, o microbiologista holandês que co-descobriu o
espermatozóide em 1678, acreditou inicialmente que ele continha animais parasitas vi-
vendo em seu interior (daí o termo espermatozóides, significando “animais do esper-
ma”). Assumiu originalmente que esses nada tinham a haver com a reprodução do
organismo onde se encontravam, porém, posteriormente chegou a acreditar que cada
espermatozóide continha um embrião pré-formado. Leeuwenhoek (1685) escreveu que
121
122 PARTE II Padrões de Desenvolvimento
ser considerado como uma vesícula secretória modificada. Essas enzimas armazena-
das são usadas para lisar os invólucros externos do óvulo. Em muitas espécies, tais
como os ouriços-do-mar, existe uma região de moléculas globulares de actina entre o
núcleo e a vesícula acrossômica. Essas proteínas são usadas para estender um pro-
cesso de forma semelhante a um dedo durante os estágios precoces da fertilização. Em
ouriços-do-mar e várias outras espécies, o reconhecimento mútuo entre espermatozói-
de e óvulo envolve moléculas desse processo acrossômico. Juntos, o acrossomo e o
núcleo constituem a cabeça do espermatozóide.
Os meios pelos quais o espermatozóide é impulsionado variam de acordo com o
modo pelo qual a espécie se adaptou às condições ambientais. Em algumas espécies
(como o nematelminto parasitário Ascaris), o espermatozóide viaja por movimentação
amebóide de extensões lamelipodiais da membrana celular. Na maioria das espécies,
porém, um espermatozóide é capaz de viajar por longas distâncias agitando o seu
flagelo. Os flagelos são estruturas complexas. A sua principal porção motora é chama-
da axonema. Um axonema é formado pelos microtúbulos que emanam do centríolo na
base do núcleo do espermatozóide (Figuras 4.2 e 4.3). O centro do axonema consiste
de dois túbulos centrais rodeados por uma fileira de nove duplas de microtúbulos.
Realmente, só um microtúbulo está completo, contendo 13 protofilamentos; o outro
tem forma de C e tem apenas 11 protofilamentos (Figura 4.3B). Um modelo tridimensi-
onal de um microtúbulo completo está apresentado na Figura 4.3C. Aqui vemos os 13
protofilamentos interligados; os quais consistem exclusivamente da proteína dimérica,
a tubulina.
Embora a tubulina seja a base da estrutura do flagelo, outras proteínas também
são críticas para a função do flagelo. A força para a propulsão do espermatozóide é
proporcionada pela dineína, uma proteína apensa aos microtúbulos (Figura 4.3B). A
dineína hidrolisa moléculas de ATP e pode converter a energia química liberada em
Golgi
remanescente
Centríolo
Flagelo
Microtúbulos
Centríolo
Flagelo
Vesícula Porção
acrossômica final
e grânulo
Núcleo
Aparelho Mitocôndrias
de Golgi Cauda
Mitocôndrias
Figura 4.2
Axonema A modificação de uma célula germinativa para formar um espermatozóide de ma-
Mitocôndrias mífero. O centríolo produz um longo flagelo na parte que virá a ser a extremidade
Porção mediana
Centríolo posterior do espermatozóide, e o aparelho de Golgi forma a vesícula acrossômica
Pescoço na futura extremidade anterior. As mitocôndrias (pontos abertos) agrupam-se ao
Núcleo Cabeça do redor do flagelo perto da base do núcleo haplóide e são incorporadas na parte
espermatozóide mediana do espermatozóide. O citoplasma remanescente é descartado e o núcleo
Membrana plasmática
se condensa. O tamanho do espermatozóide maduro foi aumentado em relação às
Vesícula acrossômica outras figuras. (Segundo Clermont e Leblond, 1955.)
124 PARTE II Padrões de Desenvolvimento
O óvulo
Todo o material necessário para o começo do crescimento e desenvolvimento tem
que estar armazenado no óvulo maduro. Enquanto o espermatozóide eliminou a
maior parte do seu citoplasma, o óvulo em desenvolvimento (chamado de oócito
antes de tornar-se haplóide) não somente conserva seu material, mas continua a
acumulá-lo ativamente. Sintetiza ou absorve proteínas, como a gema, que atuam
como reservatórios de alimento para o embrião em desenvolvimento. Assim, game-
tas femininos das aves são enormes células singulares que se tornaram entumecidas
pela acumulação de gema. Mesmo óvulos com gema relativamente esparsa são com-
parativamente grandes. O volume do óvulo do ouriço-do-mar é de aproximadamente
2 x 10-4 µm3, mais de 10.000 vezes aquele do espermatozóide. A representação do
óvulo do ouriço-do-mar e do espermatozóide na Figura 4.4 mostra seus tamanhos
relativos, assim como os vários componentes do óvulo maduro. Assim, enquanto o
espermatozóide e o óvulo têm componentes nucleares haplóides iguais, o óvulo tem
ainda um notável reservatório citoplasmático acumulado durante seu amadureci-
mento. Esse armazém citoplasmático inclui proteínas, RNAs, substâncias químicas
protetoras e fatores morfogenéticos:*
• Proteínas. Será longo o período a transcorrer antes do embrião ser capaz de se
alimentar ou obter alimento de sua mãe. As células embrionárias precoces
precisam de um certo suprimento armazenável de energia e aminoácidos. Em
muitas espécies isso é conseguido pelo acúmulo de proteínas na gema do ovo.
Muitas proteínas da gema são sintetizadas em outros órgãos (fígado, corpo
gorduroso) e viajam através do sangue materno para o ovo.
• Ribossomos e tRNA. O embrião precoce precisa produzir muitas de suas própri-
as proteínas; em algumas espécies, ocorre um surto de síntese protéica pouco
após a fecundação. A síntese protéica é conseguida pelos ribossomos e tRNA,
preexistentes no óvulo. O óvulo em desenvolvimento tem mecanismos especi-
ais para sintetizar ribossomos, e certos oócitos de anfíbios produzem até 1012
ribossomos durante a prófase meiótica.
• RNA mensageiro. Na maioria dos organismos, as mensagens para proteínas
sintetizadas durante o desenvolvimento inicial já estão acondicionadas no
oócito. Estima-se que os óvulos do ouriço-do-mar contêm de 25.000 a 50.000
tipos diferentes de mRNA. Porém, esse mRNA permanece dormente até após a
fertilização (veja Capítulo 12).
• Fatores morfogenéticos. Essas moléculas dirigem a diferenciação celular
em certos tipos de células. Parecem estar localizadas em diferentes regiões
do óvulo e se segregam em células diferentes durante a clivagem (veja
Capítulo 13).
* Os conteúdos do óvulo variam muito de espécie para espécie. A síntese e a colocação desses
materiais será tratada no Capítulo 22, quando discutirmos a diferenciação das células germinativas.
126 PARTE II Padrões de Desenvolvimento
Grânulo cortical
Espermatozóide
Mitocôndria
Núcleo
*Em mamíferos, as coberturas extracelulares do óvulo estão divididas em duas regiões: A zona
pelúcida e o cumulus. O termo corona radiata refere-se àquelas células foliculares imediatamente
adjacentes à zona pelúcida; são as células mais internas do cumulus.
CAPÍTULO 4 Fertilização: Iniciando um novo organismo 127
Corpos
polares Pronúcleo
Vesícula
germinal feminino
Figura 4.5
para formar longos fios de actina conhecidos como microfilamentos. Microfilamentos Estágios de maturação do óvulo no momento
são necessários para a divisão celular, e são também usados para estender a superfície da entrada do espermatozóide em diferentes
do óvulo para o interior das microvilosidades, que ajudam a entrada do espermatozói- animais. (Segundo Austin, 1965.)
de para dentro da célula (veja Figura 4.6; veja também a Figura 4.19). Ainda, dentro
desse córtex estão os grânulos corticais (veja Figuras 4.4 e 4.6). Essas estruturas
Cumulus
Óvulo
Zona
pelúcida
(A) (B)
Figura 4.7
Óvulos de hamster imediatamente antes da fecundação. (A) O ovo do hamster, ou óvulo, está
encaixado na zona pelúcida. Essa, por sua vez, está envolvida por células do cumulus. Uma célula
do corpo polar, produzida durante a meiose, também está dentro da zona pelúcida. (B) Em menor
aumento, um oócito de camundongo é mostrado em relação ao cumulus. Partículas de carbono
coloidal (tinta Nanquim) são excluídas pela matriz de hialuronidase. (Cortesia de R. Yanagimachi.)
Atração do Espermatozóide
A atração espécie-específica do espermatozóide (um tipo de quimiotaxia) foi docu-
mentada em numerosas espécies, incluindo cnidários, moluscos, equinodermos e
urocordados (Miller, 1985; Yoshida et al., 1993). Em 1978, Miller demonstrou que os
óvulos do cnidário Orthopyxis caliculata não somente secretam um fator quimiotáti-
co mas também regulam o período de sua liberação. Oócitos em desenvolvimento, em
CAPÍTULO 4 Fertilização: Iniciando um novo organismo 129
Figura 4.8
vários estágios de amadurecimento, foram fixados sobre lâminas microscópicas, e Quimiotaxia do espermatozóide em Arbacia.
espermatozóides foram adicionados a uma certa distância dos óvulos. Miller encon- Um nanolitro de uma solução 10-nM de
trou que quando o espermatozóide era adicionado a oócitos que ainda não haviam resact é injetado em uma gota de 20ml de
suspensão de espermatozóide. A posição da
completado sua segunda divisão meiótica, não havia atração de espermatozóide pelos
micropipeta está indicada em (A). (A) Uma
óvulos. Porém, após o término da segunda divisão meiótica e os óvulos estarem fotografia de 1 segundo, mostrando esper-
prontos para ser fertilizados, o espermatozóide migrava em sua direção. Assim, esses matozóide nadando em círculos estreitos an-
oócitos não controlam somente o tipo de espermatozóide que atraem, mas também o tes da adição de resact. (B-D) Exposições
momento em que o atraem. semelhantes de 1 segundo mostrando a mi-
Os mecanismos de quimiotaxia são diferentes em outras espécies (veja Metz, 1978; gração do espermatozóide para o centro do
Ward e Kopf, 1993). Uma dessas moléculas quimiotáticas, um peptídio de 14 aminoácidos gradiente de resact 20, 40 e 90 segundos após
chamado resact foi isolado da geléia do óvulo do ouriço-do-mar Arbacia punctulata a injeção. (de Ward et al., 1985, cortesia de
(Ward et al., 1985). Resact difunde facilmente na água do mar e tem um profundo efeito V. D. Vacquier.)
quando adicionado a uma suspensão de espermatozóide de Arbacia, mesmo em con-
centração muito baixa (Figura 4.8). Quando uma gota de água do mar, contendo esper-
matozóide de Arbacia, é colocada em uma lâmina de microscópio, o espermatozóide
geralmente nada em círculos de aproximadamente 50 µm de diâmetro. Se uma quantida-
de mínima de resact for introduzida na gota, em segundos o esperma migra para a
região da injeção e ali se congrega. À medida que o resact continua a difundir-se, mais
espermatozóide é recrutado para dentro do crescente agrupamento. Resact é específi-
co para A. punctulata e não atrai espermatozóide de outras espécies. Espermatozóide
de A. punctulata liga resact a receptores na sua membrana celular (Ramarao e Garbers,
1985; Bentley et al., 1986) e pode nadar através de um gradiente crescente de concen-
tração desse composto até alcançar o óvulo.
Resact também age como um peptídio ativador de espermatozóide. Esses peptídios
(mais de 70 foram isolados de diferentes espécies de ouriços-do-mar) causam au-
mentos dramáticos e imediatos da motilidade espermática e do consumo de oxigênio
(Hardy et al., 1994). O receptor para resact é uma proteína transmembrana. Quando
ela liga o resact ao lado externo da célula, resact causa uma mudança conformacional
que ativa a atividade de guanidil ciclase no lado citoplasmático. Isso aumenta a
concentração de GMP cíclico do óvulo (Shimomura et al., 1986), que parece ativar a
ATPase da dineína estimulando a agitação da cauda no espermatozóide (Cook e
Babcock, 1993).
Membrana
acrossômica
Enzimas
acrossômicas
Bindina
Membrana do
espermatozóide
Actina
globular Microfilamentos
de actina
Núcleos
Figura 4.9
Reação acrossômica em espermatozóide de Em ouriços-do-mar, o contato com a geléia do óvulo causa a exocitose da vesícula
equinoderma. (A-C) A porção da membrana acrossômica e a liberação de enzimas digestoras de proteínas que podem digerir um
acrossômica diretamente abaixo da membra- caminho através da geléia de revestimento até a superfície do óvulo (Dan, 1967; Franklin,
na do espermatozóide funde-se com essa li- 1970; Levine et al., 1978). A seqüência desses eventos está esquematizada na Figura
berando o conteúdo da vesícula acrossômica. 4.9. A reação acrossômica é considerada ser iniciada por um oligossacarídeo ligado a
(D) Enquanto as moléculas de actina se agre-
uma proteína na geléia do óvulo que permite a entrada de cálcio na cabeça do esperma-
gam para produzir microfilamentos, o pro-
cesso acrossômico se estende para fora. Fo-
tozóide (SeGall e Lennarz, 1979; Schackmann e Shapiro, 1981; Keller e Vacquier, 1994
tografias reais da reação acrossômica no es- a,b). A exocitose da vesícula acrossômica é causada por uma fusão, mediada pelo
permatozóide do ouriço-do-mar são mostra- cálcio, da membrana acrossômica com a membrana plasmática adjacente do esperma-
das em seguida. (Segundo Summers e Hylan- tozóide (Figuras 4.9 e 4.10). Essa exocitose permite que a vesícula acrossômica libere
der, 1974; fotografias por cortesia de G. L. seu conteúdo na cabeça do espermatozóide*.
Decker e W. J. Lennarz.) A segunda parte da reação acrossômica envolve a extensão do processo
acrossômico (veja Figura 4.9). Essa protrusão se origina da polimerização de molécu-
las globulares de actina em filamentos de actina (Tilney et al., 1978). A exposição do
espermatozóide do ouriço-do-mar à geléia do óvulo também ocasiona a rápida utiliza-
ção de ATP e um aumento de 50% da respiração mitocondrial. A energia gerada é
usada primordialmente para motilidade flagelar (Tombes e Shapiro, 1985).
Os fatores da geléia do óvulo que iniciam a reação acrossômica em ouriços-do-mar
são muitas vezes muito específicos. Os espermatozóides dos ouriços-do-mar Arbacia
punctulata e Strongylocentrotus drobachiensis reagem somente com a geléia de
seus próprios óvulos. No entanto, o espermatozóide de S. purpuratus também pode
ser ativado pela geléia de Lytechinus variegatus (mas não de A. punctulata) (Summers
e Hylander, 1975). Portanto, a geléia do óvulo pode prover reconhecimento espécie-
específico em algumas espécies, mas não em outras.
* Tais reações exocitóticas podem ser vistas na liberação de insulina das células pancreáticas e
na liberação de neurotransmissores de terminais sinápticos. Em todos os casos, há uma fusão
mediada pelo cálcio entre a vesícula secretória e a membrana celular. Realmente, a semelhança entre
a exocitose da vesícula acrossômica e a exocitose da vesícula sináptica pode ser bastante profunda.
Estudos recentes de reações acrossômicas em ouriços-do-mar e mamíferos (Florman et al., 1992;
González-Martínez et al., 1992) sugerem que quando os receptores para os ligantes ativadores do
espermatozóide ligam essas moléculas, causam a despolarização da membrana que poderia abrir
canais de cálcio voltagem-dependentes de maneira reminescente à transmissão sináptica. As prote-
ínas que atracam os grânulos corticais à membrana celular também parecem ser homólogas àquelas
usadas na ponta do axônio (Bi et al., 1995).
CAPÍTULO 4 Fertilização: Iniciando um novo organismo 131
Membrana celular do
espermatozóide
Fusão entre a
membrana celular
Membrana
do espermatozóide
acrossômica
e a membrana
acrossômica adjacente
Núcleo
Centríolo
Figura 4.10
Reação acrossômica em espermatozóide de hamster. (A) Micrografia de transmissão eletrônica
de um espermatozóide de hamster passando pela reação acrossômica. A membrana acrossômica
pode ser vista formando vesículas. (B) Diagrama interpretativo de micrografias eletrônicas
mostrando a fusão de membranas acrossômica e celular na cabeça do espermatozóide. (A de
Meizel, 1948, cortesia de S. Meizel; B, segundo Yanagimachi e Noda, 1970.)
Informações adicionais
& Especulações
pode se alterar, mudando sua composi- Hiperativação e Quimiotaxia possibilidade de que o efeito fosse devido
ção de lipídios. A concentração de As diferentes regiões do trato reproduti- a uma estimulação geral do movimento ou
colesterol no espermatozóide é diminuída vo feminino podem secretar fatores dife- do metabolismo do espermatozóide. No en-
durante a capacitação do espermatozóide rentes, regionalmente específicos. Esses tanto, essas investigações revelaram uma
em várias espécies (Davis, 1981), e duas fatores podem influenciar a motilidade correlação fascinante: o fluido de somente
proteínas encontradas tanto no soro como espermática assim como a capacitação. Por a metade dos folículos testados mostrou
no trato reprodutivo feminino (albumina exemplo, quando os espermatozóides de um efeito quimiotático, e em quase todos
e proteína 1 de transferência lipídica), fo- certos mamíferos (especialmente hams- os casos, o óvulo só era fertilizável se, e
ram verificadas remover colesterol do es- ters, cobaias e algumas variedades de ca- somente se, o fluido demonstrasse habili-
permatozóide humano (Langlais et al., mundongos) passam do útero para os dade quimiotática (P < 0,0001). É possível,
1988; Ravnik et al., 1992). Em segundo lu- ovidutos, ficam “hiperativados”, passan- portanto, que tal como certos óvulos de
gar, certas proteínas ou carboidratos na do a nadar com maior velocidade e geran- invertebrados, o óvulo humano secrete um
superfície do espermaozóide são perdidos do maior força. Suarez e colaboradores fator quimiotático somente quando estiver
durante a capacitação (Poirier e Jackson, (1991) mostraram que enquanto essas re- capacitado para a fertilização.
1981; Lopez et al., 1985; Wilson e Oliphant, ações não são conducentes a viagens em Deve-se notar que “o prêmio da corri-
1987). É possível que essas entidades per- fluidos de baixa viscosidade, parecem ser da não vai sempre para o mais rápido”. Em-
didas durante a capacitação estivessem muito adequadas para o movimento line- bora algum espermatozóide possa alcan-
bloqueando locais de reconhecimento ar do espermatozóide no fluido viscoso çar a região ampolar do oviduto (onde ocor-
para as proteínas que se ligam à zona que poderá encontrar no oviduto. re a fertilização) dentro de meia hora após a
pelúcida. Em terceiro lugar, certas proteí- Além de aumentar a atividade do es- relação sexual, aquele espermatozóide pode
nas são fosforiladas por um caminho permatozóide, fatores solúveis no oviduto ter poucas chances de fertilizar o óvulo.
cAMP-dependente. O AMP cíclico pode também podem prover o componente dire- Wilcox e colaboradores (1995) acharam que
induzir artificialmente a competência atra- cional do movimento do espermatozóide. quase todas os engravidamentos humanos
vés da proteína quinase cAMP-depen- Especulou-se que o óvulo (ou, mais pro- resultam de relacionamento sexual duran-
dente (PKA), que é necessária tanto para vavelmente, o folículo ovariano no qual o te um período de seis dias, terminando no
a aquisição de competência como para a óvulo se desenvolve) pode estar secretan- dia da ovulação. Isso significa que o es-
fosforilação de tirosino-quinases. É pos- do substâncias quimiotáticas que poderi- permatozóide fertilizador poderia demorar
sível que o trato reprodutivo feminino es- am atrair o espermatozóide em direção ao até seis dias para fazer a jornada. Eisenbach
timule a adenilciclase do espermatozóide óvulo durante os últimos estágios da mi- (1995) propôs a hipótese pela qual a
a produzir mais cAMP e que esse ative a gração (veja Hunter, 1989). Ralt e colabora- capacitação é um acontecimento transitó-
proteína quinase que inicia a cascata de dores (1991) testaram essa hipótese usan- rio, e que é dada ao espermatozóide uma
fosforilação, terminando na fosforilação do fluido de folículos humanos cujos óvu- janela de competência relativamente bre-
e ativação das proteínas envolvidas na los estavam sendo usados para fertiliza- ve, durante a qual pode ter sucesso na fer-
ligação do espermatozóide à zona pelúcida ção in vitro. Realizando um experimento tilização do óvulo. Quando os espermato-
e mediando a exocitose da vesícula acros- semelhante aquele descrito anteriormente zóides atingem a ampola, adquirem com-
sômica (Leyton e Saling, 1989a; Visconti com ouriços-do-mar, os autores microinje- petência, mas se aí ficam por um período
et al., 1995a,b). Em quarto lugar, o poten- taram uma gota do fluido folicular em uma demasiadamente longo, perdem-na. O es-
cial da membrana do espermatozóide é gota maior da suspensão de espermato- permatozóide pode também ter diferentes
dramaticamente reduzido (de cerca de – zóides. Feito isso, observaram que parte prazos de sobrevivência, dependendo da
30 para –50 mV; Zeng et al., 1995). Porém, do espermatozóide mudou sua direção de sua localização dentro do trato reproduti-
ainda é incerto se esses eventos são in- movimentação, passando a migrar ao en- vo; isso pode permitir que algum esperma-
dependentes um do outro e até que pon- contro da fonte de fluido folicular. A tozóide chegue mais tarde, porém com uma
to cada um deles produz capacitação do microinjeção de outras soluções não teve melhor probabilidade de sucesso do que
espermatozóide. esse efeito. Esses estudos não eliminam a aquele que chegou dias antes.
Figura 4.11
Contato do processo acrossômico do espermatozóide do ouriço-do-mar com uma Figura 4.12
microvilosidade do óvulo. (de Epel, 1977, cortesia de F. D. Collins e D. Epel.) Aglutinação espécie-específica por bindi-
na de óvulos desgeleificados . (A) aglutina-
ção promovida pela adição de 212 µg de
bindina em um recipiente plástico conten-
ligar a óvulos desgeleificados de S. purpuratus (Figura 4.12; Vacquier e Moy, 1977).
do 0.25 ml de suspensão a 2% (volume/
Ainda mais, sua interação com óvulos é relativamente espécie-específica (Glabe e volume) de óvulos. Após 2-5 min de agita-
Vacquier, 1977; Glabe e Lennarz, 1979); a bindina isolada dos acrossomos de S. ção branda, os recipientes foram fotografa-
Purpurata aglutina seus próprios óvulos desgeleificados, mas não aqueles de Arbacia dos. Cada bindina somente se ligou a seus
puctulata. Usando técnicas imunológicas, Moy e Vacquier (1979) demonstraram que próprios óvulos. (B) Fotomicrografia de
a bindina está especificamente localizada no processo acrossômico, exatamente onde fluorescência de óvulos de S. purpuratus
deve estar para o reconhecimento espermatozóide-óvulo (Figura 4.13). ligados entre si por partículas de bindina
Estudos bioquímicos mostraram que as bindinas de espécies proximamente relaci- de S. purpuratus marcadas por fluorescên-
onadas de ouriço-do-mar são mesmo diferentes. Esse achado implica na existência de cia. As partículas de bindina estavam inva-
riavelmente nos lugares onde dois óvulos
se encontravam. (A baseado em fotografias
de Glabe e Vacquier, 1977; B de Glabe e
(A) BINDINA DO ESPERMATOZÓIDE (B) Lennarz, 1979, cortesia dos autores.)
S. purpuratus S. fransciscanus
S. purpuratus
Partículas
de bindina
OVOS DESGELEIFICADOS
Bindina
Espermatozóide
Figura 4.13
Localização de bindina no processo acrossômico. (A) a técnica de localização
imunoquímica coloca um anticorpo de coelho nos lugares onde a bindina está exposta.
Os anticorpos do coelho foram produzidos contra a proteína bindina, e esses anticorpos
foram incubados com espermatozóide que tinha sofrido a reação acrossômica. Quando a
bindina estava presente, os anticorpos do coelho permaneciam ligados ao espermato-
zóide. Depois de todo anticorpo não-ligado ser removido por lavagem, o espermatozói-
de foi tratado com anticorpos de porco capazes de ligar-se a anticorpos de coelho.
Esses anticorpos de porco haviam sido ligados covalentemente à enzima peroxidase.
Dessa maneira, moléculas de peroxidase foram colocadas em todos os lugares onde havia
bindina. Peroxidase catalisa a formação de um precipitado escuro de diaminobenzidina
(DAB) e água oxigenada. O precipitado só se forma onde há bindina. (B) Localização de
bindina no processo acrossômico após a reação acrossômica (33.200x). (C) Localização
de bindina no processo acrossômico na junção do espermatozóide com o óvulo. (B e C de
Moy e Vacquier, 1979, cortesia de V. D. Vacquier.)
(A)
Figur
Figuraa 4.14
Receptores de bindina no óvulo. (A) Mi-
crografia eletrônica de varredura do esper-
matozóide do ouriço-do-mar ligado ao
envoltório vitelínico de um óvulo. (B) liga-
ção do espermatozóide de S. purpuratus a
partículas de polistireno que foram cober-
tas com a proteína purificada do receptor de
bindina. (A cortesia de C. Glabe, L. Perez e
W. J. Lennarz; B de Foltz et al., 1993.)
(B)
CAPÍTULO 4 Fertilização: Iniciando um novo organismo 135
ZP3 sem
carboidratos
ZP3
GALACTOSILTRANSFERASE SP 56 P95
(proteína
Ligação periférica da Ativação
cruzada ativa membrana) de
proteínas G tirosinoquinase Figura 4.16
Ligação de espermatozóide à zona pelúcida do
Ativação de síntese Regulação de camundongo: alguns possíveis participantes.
de IP3 na canais iônicos A proteína ZP3 da zona pelúcida liga esper-
membrana ou síntese matozóide. Há evidência da ligação de três pro-
acrossômica de IP3 teínas espermáticas – a galactosiltransferase
da superfície, sp56 e P95 – à ZP3. Essa liga-
Liberação de Ca++ ção induz a reação acrossômica através da ati-
vação do fluxo de cálcio. Os detalhes ainda
terão que ser elucidados. (Segundo Snell e
Reação acrossômica White, 1996.)
CAPÍTULO 4 Fertilização: Iniciando um novo organismo 137
Figura 4.17
Sp56 purificada liga-se à zona pelúcida e ini-
be a ligação de espermatozóide a óvulos de
camundongo. (A) Ligação de sp56 à zona
pelúcida de ovos não-fertilizados. A pista 1 é
o resultado da lise de ovos não-fertilizados,
fazendo migrar as proteínas extraídas em um
gel, transferindo o gel, e sondando para a pre-
sença de sp56 com anticorpo marcado. Não
se vê sp56. A pista 2 mostra o resultado po-
sitivo obtido quando o ovo não-fertilizado é
pré-incubado com sp56, indicando que sp56
se liga aos óvulos. A pista 3 mostra os resul-
tados negativos obtidos quando sp56 foi adi-
cionada a embriões bicelulares. A pista 4 mos-
tra o controle quando sp56 purificada é feita
migrar no gel. (O anticorpo reconhece a for-
ma não-reduzida de sp56, que migra em 40
ZP3 à uma coluna de afinidade, passando em seguida, por essa coluna, as proteínas kDa). (B) Espermatozóide ligando-se normal-
isoladas da membrana de espermatozóides de camundongo (Bleil e Wassarman, mente a ovos não-fertilizados de camundon-
1990). A maioria das proteínas passou pela coluna; porém um peptídio de 56- go (aproximadamente 76 espermatozóides
kDa, ligou-se às partículas recobertas com ZP3, mas não se ligou a partículas por óvulo). Os embriões bicelulares (aqui
recobertas com ZP2 em experimento semelhante. Essa proteína foi encontrada marcados por asteriscos) são controles inter-
nos mostrando não ocorrer ligação. (C ) Na
exposta na membrana espermática; ligava-se a resíduos de galactose, sugerin-
presença de sp56, o espermatozóide foi im-
do fortemente ser um receptor de espermatozóide ligante à entidade terminal de pedido de se ligar à zona. (de Bookbinder et
galactose na glicoproteína ZP3. A proteína sp56 liga-se à zona pelúcida de al., 1995; cortesia de J.D. Bleil.)
ovos não-fertilizados (porém não dos fertilizados), bloqueando a ligação es-
permatozóide-óvulo (Figura 4.17; Bookbinder et al., 1995).
contraceptivo perdurou por vários meses, após os quais a fertilidade foi restabelecida.
Os animais foram temporariamente esterilizados por esses anticorpos. O análogo
humano da proteína PH-20 não é ainda conhecido, porém, certos antígenos do es-
permatozóide apresentam um padrão semelhante de localização no espermatozóide.
As proteínas da zona pelúcida humana e suas funções ainda não foram estabeleci-
das tão claramente como no camundongo. Ainda assim, esses experimentos mos-
tram que o princípio da contracepção imunológica está bem fundamentado.
(A) (B)
Figura 4.19
Varredura ao microscópio eletrônico da entrada
do espermatozóide em óvulo de ouriço-do-mar.
(A) Contato da cabeça do espermatozóide com
microvilosidades do óvulo através do processo
acrossômico. (B) Formação do cone de fertili-
zação. (C) Internalização do espermatozóide no
óvulo. (D) Micrografia de transmissão ao mi-
croscópio eletrônico da internalização do es-
permatozóide através do cone de fertilização.
(A-C de Schatten e Mazia, 1976, cortesia de G.
Schatten; D cortesia de F. J. Longo.)
(C) (D)
140 PARTE II Padrões de Desenvolvimento
Prevenção da Polispermia
Assim que um espermatozóide tiver penetrado o óvulo, a capacidade de fusão da
membrana do óvulo, que fora tão necessária para conseguir a penetração, torna-se
um risco. No ouriço-do-mar, como na maioria dos animais estudados, qualquer es-
permatozóide que penetra o óvulo, pode prover um núcleo haplóide e um centríolo
para o óvulo. Na monospermia normal, na qual somente um espermatozóide penetra
o óvulo, um núcleo haplóide do espermatozóide e um do óvulo se combinam para
formar o núcleo diplóide do ovo fertilizado (zigoto), restaurando o número de cro-
mossomos apropriado para a espécie. O centríolo, provindo do espermatozóide, se
dividirá para formar os dois pólos do fuso mitótico durante a clivagem.
A entrada de múltiplos espermatozóides – polispermia – conduz à conse-
qüências desastrosas na maioria dos organismos. No ouriço-do-mar, a fertiliza-
ção por dois espermatozóides resulta em um núcleo triplóide, no qual cada
cromossomo está representado não duas, mas três vezes. Pior ainda, como o
centríolo se divide para formar os dois pólos do aparelho mitótico, aqui, em
vez de um fuso mitótico bipolar separar os cromossomos em duas células, os
cromossomos triplóides se dividiriam em quatro células. Como não há meca-
nismos para assegurar que cada uma das quatro células receba o número e o
tipo apropriado de cromossomos, esses serão distribuídos de maneira desigual.
Algumas células receberiam cópias extra de certos cromossomos e outras cé-
lulas não os teriam. Theodor Boveri demonstrou em 1902 que tais células ou
morreriam ou se desenvolveriam anormalmente (Figura 4.21). [fert6.html]
As espécies desenvolveram maneiras de prevenir a união de mais de dois
núcleos haplóides. A mais comum é a de impedir a entrada de mais de um
espermatozóide no óvulo. O óvulo do ouriço-do-mar tem dois mecanismos que
evitam a polispermia: uma reação rápida, efetivada por uma mudança elétrica
na membrana plasmática do óvulo, e uma reação mais lenta, causada pela
exocitose dos grânulos corticais.
CAPÍTULO 4 Fertilização: Iniciando um novo organismo 141
Zona
Segmento
(E) Núcleo equatorial do
Membrana
acrossomo
acrossômica
interna
Figura 4.20
Entrada de espermatozóide no óvulo do hamster dourado. (A) Micrografia eletrônica de
varredura do ato da fusão. O ponto “calvo” (sem microvilosidades) é o local abandona-
do pelo corpo polar. (B) Vista próxima da ligação espermatozóide-zona. (C ) Microgra-
fia eletrônica de transmissão mostrando a cabeça do espermatozóide atravessando a
zona. (D) Micrografia eletrônica de transmissão, do espermatozóide fundindo em para-
lelo a membrana do plasma do óvulo. (E) Diagrama da fusão do acrossomo do esper-
matozóide e membranas plasmáticas com as microvilosidades do óvulo. (Segundo
Yanagimachi e Noda, 1970; Yanagimachi, 1994; fotografias cortesia de R. Yanagimachi.)
Fusão pronuclear
(B)
Figura 4.22
Potencial de membrana de óvulos de ouriço-do-mar antes
e após a fertilização. (A) antes da adição do espermato-
zóide, a diferença de potencial através da membrana celu-
lar do óvulo é de aproximadamente –70 mV. De 1 a 3 se-
gundos após o espermatozóide fertilizante ter entrado em
Adição de contato com o óvulo, o potencial se desloca na direção
espermatozóide positiva. (B) Ovos controle desenvolvendo-se em Na+
490 mM. (C) Polispermia em ovos fertilizados em Na+
(A) 120 mM (colina foi substituída por sódio). Os ovos de
Segundos Lytechinus foram fotografados durante a primeira
clivagem. (D) Tabela mostrando a elevação da polispermia
com o decréscimo da concentração do íon sódio. (de Jaffe,
1980, fotografias cortesia de L. A. Jaffe.)
Porcentagem de
[Na+] (mM) ovos polispérmicos
zona pelúcida de maneira que esses não mais podem ligar-se a espermatozóide (Bleil
e Wassarman, 1980). Essa modificação é chamada reação da zona. Durante essa
reação, tanto ZP3 como ZP2 são modificadas. Florman e Wassarman (1985), propu-
seram que os grânulos corticais do óvulo do camundongo contêm uma enzima que
corta os resíduos terminais de açúcares de ZP3, com isso liberando espermatozóide
ligado à zona e evitando a fixação de mais espermatozóide. Esses grânulos corticais
contêm N-acetilglicosaminidases capazes de clivar N-acetilglicosamina de cadeias
de carboidrato de ZP3. Miller e colaboradores (1992, 1993) demonstraram que após
a fertilização, o resíduo de N-acetilglicosamina é removido, ZP3 não serve como
substrato para a ligação de galactosiltransferase. ZP2 é cortada pelas proteases
granulares perdendo também sua habilidade de ligar espermatozóide (Moller e Was-
sarman, 1989). Assim, o espermatozóide não pode mais iniciar ou manter sua ligação
à zona pelúcida e é rapidamente descartado.
Microfilamentos
Hialina
(iv) Envoltório de (D)
fertilização
Espermatozóide é liberado
Membrana
Camada hialina celular
(A) (E)
espermatozóide um feixe de luz atravessa a célula (Steinhardt et al., 1977; Gilkey et al.,
1978; Hafner et al., 1988). Como documentado pelas fotografias, os íons de cálcio não
se difundem simplesmente através do óvulo a partir do ponto da entrada do esperma-
tozóide. Ao contrário, a liberação de cálcio inicia-se de um lado da célula e termina do
outro. O mecanismo dessa onda será discutido logo adiante (veja Informações adici-
onais & Especulações, página 147). A total liberação de íons de cálcio é completada, a
grosso modo, em 30 segundos no ovo do ouriço-do-mar; os íons livres de cálcio são
re-seqüestrados pouco após sua liberação. Quando dois espermatozóides entram no
citoplasma do óvulo, a liberação de cálcio pode ser vista começando em dois pontos
separados da superfície celular (Hafner et al., 1988).
Vários experimentos demonstraram que íons de cálcio são responsáveis diretos
pela propagação da reação cortical e que são armazenados dentro do próprio óvulo.
A droga A23187 é um ionóforo que transporta íons de cálcio através de membranas,
permitindo a esses cátions atravessar barreiras antes impermeáveis. A colocação de
146 PARTE II Padrões de Desenvolvimento
Figura 4.25
Retículo endoplasmático rodeando grânu-
lo cortical no óvulo de ouriço-do-mar. (A)
O retículo foi corado com ósmio-iodeto de
zinco para permitir a visualização por mi-
crografia de transmissão eletrônica. O grâ-
nulo é visto rodeado pelo retículo. (B) Re-
trato de um óvulo inteiro corado por anti-
corpos fluorescentes para os canais de li-
beração de cálcio. Os anticorpos mostram
esses canais no retículo endoplasmático
cortical. (A de Luttmer e Longo, 1985, cor-
tesia de S. Luttmer; B de McPherson et
al., 1992, cortesia de F. J. Longo.) (A) (B)
CAPÍTULO 4 Fertilização: Iniciando um novo organismo 147
Informações adicionais
& Especulações
celular foram sintetizados e foram de- Entretanto, a cascata ligada à proteí- PDGF) foi injetado em oócitos de estre-
tectados na membrana celular do óvu- na-G não é o único caminho capaz de ge- la-do-mar, o receptor PDGF foi sintetiza-
lo. Os óvulos puderam ser “fertilizados” rar IP3 (veja Capítulo 3). Evidências re- do e incorporado nas membranas celula-
por serotonina e acetilcolina e foi ob- centes (Moore et al., 1994; Shilling et al., res desse organismo. Quando, após a
servado a reação cortical. Experimentos 1994; Yim et al., 1994) demonstram que a maturação dos oócitos, PDGF foi adicio-
semelhantes mostraram que quando ativação do receptor da tirosinoquinase nado à água banhando os óvulos, esses
neurotransmissores ativam o caminho também produz IP3 e ativa a onda de cál- apresentaram aumento de cálcio intrace-
da proteína G–IP3 em oócitos de camun- cio e a reação granular cortical (Figura lular livre, exocitose de grânulos corticais
dongo, são induzidos os eventos da fer- 4.26b). Quando o mRNA para o receptor e síntese de DNA. Alguns se desenvol-
tilização (Williams et al., 1992; Moore et dessa quinase (o receptor para o fator de veram em larvas. Quando o mRNA con-
al., 1993). crescimento derivado das plaquetas, tinha um ponto de mutação que impedia
Figura 4.26
Mecanismos possíveis da ativação do óvulo. (A) Trajetória do fosfatidilinositol medi-
ado pela G-proteína. (B) Trajetória do receptor da tirosinoquinase (RTK). (C) Trajetó-
ria da tirosinoquinase citoplasmática. (D) Trajetória na qual a G proteína ou
tirosinoquinase ativadas na membrana espermática ativam trajetórias no óvulo. (E)
Trajetórias de ativadores solúveis.
Fosfolipase C (PLC)
Receptor
G-proteína
Receptor de Tirosinoquinase
Tirosinoquinase
Receptor de IP3
Retículo endoplasmático
G-proteína
Receptor de IP3
Retículo endoplasmático
CAPÍTULO 4 Fertilização: Iniciando um novo organismo 149
o receptor interagir com a fosfolipase C, Outra possibilidade é que a ativa- gura 4.26 D, a bindina meramente liga o
nenhuma dessas reações ocorreu (Shilling ção do caminho do IP3 não é devida à óvulo ou, talvez, motive a fosforilação
et al., 1994). Assim, tanto o caminho liga- ligação do espermatozóide e óvulo, mas de proteínas necessárias em fases mais
do ao receptor proteína-G como aquele à fusão das membranas do óvulo e do avançadas do desenvolvimento.)
do receptor da tirosinoquinase, parecem espermatozóide. Mc Culloch e Chambers Ainda outra possibilidade é que o
ser capazes de ativar essa fosfolipase, (1992) obtiveram evidência eletrofisio- agente ativo na liberação de cálcio ligado
criar IP3 e induzir o fluxo de cálcio no lógica que a ativação dos óvulos do venha do citosol do espermatozóide.
óvulo. O receptor da bindina não ofere- ouriço-do-mar não ocorre até depois da Parrington e colaboradores (1996) isola-
ce pistas para explicar como ocorre essa junção do espermatozóide com o óvulo. ram uma proteína de 33-kDA, chamada
ativação, por não ter semelhante em ou- Eles sugerem que os componentes oscilina, localizada no escasso citoplas-
tras proteínas transmembrana. No entan- ativadores do óvulo se localizam na ma da cabeça do espermatozóide (Figura
to, 5 segundos após ligar a bindina, fica membrana ou no citoplasma do esper- 4.26 E). A microinjeção dessa proteína em
fosforilado em um dos seus resíduos matozóide. É até mesmo possível que óvulos de camundongo pode iniciar libe-
tirosina citoplasmáticos (Abassi e Foltz, por ocasião da fusão das membranas, ração de cálcio, porém, os outros parâme-
1994). Isso sugere que o receptor de as proteínas G da membrana espermáti- tros da ativação do óvulo (exocitose dos
bindina ligado, pode interagir com a ca ou as tirosinoquinases (ativadas pela grânulos, recrutamento de mRNA e reto-
tirosinoquinase plasmática tal como geléia do óvulo para iniciar a reação a- mada do ciclo celular) não são observa-
aqueles que medeiam a liberação de cál- crossômica) ativem a cascata polifosfo- dos. Não é conhecido qual o papel que
cio durante a ativação de células T (Fi- inositídica para liberação de cálcio do essa proteína pode ter na fisiologia da ati-
gura 4.26 C; Hall et al., 1993). óvulo. (No cenário apresentado na Fi- vação do óvulo.
Respostas precoces
O contato entre o espermatozóide do ouriço-do-mar ativa dois principais bloqueios à
polispermia: o bloqueio rápido, iniciado pelo influxo de sódio na célula, e o bloqueio
lento, iniciado pela liberação intracelular de íons de cálcio. A ativação de todos os
óvulos parece depender do aumento da concentração de íons livres de cálcio dentro
do óvulo. Em protostomatas, como lesmas e vermes, ao menos parte do cálcio geral-
mente entra no óvulo vindo de fora. Em deuterostomatas, tais como: peixes, rãs,
ouriços-do-mar e mamíferos, a ativação é acompanhada pela liberação de íons de
cálcio do retículo endoplasmático, resultando na onda de cálcio varrendo o óvulo
(Jaffe, 1983; Terasaki e Sardet, 1991).
*Em certas salamandras, essa função desenvolvimental da fertilização está totalmente divor-
ciada da função genética. A salamandra prateada (Ambystoma platineum) é uma espécie híbrida
que consiste somente de fêmeas. Cada uma produz um ovo com um número não-reduzido de
cromossomos. Esse ovo, porém, não pode se desenvolver sozinho; assim, a salamandra prateada
copula com o macho da salamandra Jefferson (A. jeffersonianum). O espermatozóide desse macho
somente estimula o desenvolvimento do ovo; não contribui com material genético (Uzzell,
1964). Para detalhes desse complexo mecanismo de procriação veja Bogart et al., 1989.
150 PARTE II Padrões de Desenvolvimento
Ativação da Conversão de
NAD+ quinase NAD+ em NADP+
Respostas tardias
Pouco tempo após o aumento dos níveis de íons cálcio, o pH intracelular também
aumenta. Acredita-se que essas duas condições iônicas (> [Ca2+], < [H+] ajam em
conjunto para fornecer o espectro completo dos eventos da fertilização, incluindo a
síntese de proteínas e de DNA (Winkler et al., 1980; Whitaker e Steinhardt, 1982). O
aumento do pH intracelular começa com o segundo influxo de íons de sódio, causan-
do uma troca 1:1 entre íons de sódio da água do mar e os íons hidrogênio do óvulo*.
Essa perda de hidrogênio faz o pH elevar-se de 6.8 a 7.2, ocasionando enormes mudan-
ças na fisiologia do ovo (Shen e Steinhardt, 1978).
As respostas tardias da fertilização produzidas por essas alterações iônicas, inclu-
em a ativação da síntese de DNA e da proteína. O surto de síntese de proteína ocorre
vários minutos após a entrada do espermatozóide e não depende da síntese de novo
RNA mensageiro (Figura 4.28). Em seu lugar, a síntese de proteína nova utiliza mRNAs
já presentes no citoplasma do oócito (muito mais sobre isso será mencionado no
Capítulo 12). Esses RNAs incluem aqueles que codificam proteínas como histonas,
tubulinas, actinas e fatores morfogenéticos que são utilizados durante o desenvolvi-
mento precoce. Tal surto de síntese protéica pode ser induzido pelo aumento artificial
do pH citoplasmático por íons amônio (Winkler et al., 1980). Reciprocamente, agentes
que bloqueiam o aumento do pH inibem eventos da fertilização tardia como a síntese
de DNA e proteína. Quando ovos recém-fertilizados são colocados em soluções con-
tendo baixas concentrações de íons de sódio e amiloride (uma droga que inibe a troca
Na+/H+), a síntese protéica falha, os movimentos dos pronúcleos do óvulo e do esper-
matozóide são prevenidos, e a divisão celular não ocorre (Dube et al., 1985).
Figura 4.28
Incorporação de valina[14C] na
do no citoplasma do oócito. (A) Síntese protéica em óvulos do ouri- água do mar
normal
ço-do-mar Arbacia punctulata fertilizada na presença ou ausência
de actinomicina D, um inibidor da transcrição. Durante as primeiras
horas, a síntese protéica ocorre sem nova transcrição dos núcleos
do zigoto ou embrião. Um segundo surto de síntese protéica ocorre
durante os estágios medianos de blástula, e isso representa tradu-
ção de mensagens recém-transcritas (e, portanto, não é visto em
embriões crescendo em actinomicina). (B) Aumento na porcenta- Água do mar tratada
gem de ribossomos recrutados para polissomos durante as primei- por actinomicina
ras horas do desenvolvimento do ouriço-do-mar, especialmente du-
rante o primeiro ciclo celular. (A segundo Gross et al., 1964; B
segundo Humphreys, 1971.)
Horas após a fertilização
Porcentagem de ribossomos
em polissomos
(A) (B)
Pronúcleo do óvulo
Ponte internuclear
Figura 4.29
histonas espermatozóide-específicas, que se ligam fortemente ao DNA. Esse pro- Eventos nucleares na fertilização do ouriço-
do-mar. (A) Migração dos pronúcleos do
cesso começa quando o espermatozóide entra em contato com uma glicoproteína na
óvulo e do espermatozóide em um ovo de
geléia do óvulo que eleva o nível da atividade proteinoquinase cAMP-dependente. Clypeaster japonicus. O pronúcleo do es-
(Tais proteino-quinases cAMP-dependentes foram mencionadas no Capítulo 1.) permatozóide está rodeado por microtúbu-
Essas quinases fosforilam vários resíduos básicos das histonas espermatozóide- los do seu áster. (B) Fusão de pronúcleos no
específicas interferindo, desse modo, com sua ligação ao DNA (Garbers et al., 1980, ovo do ouriço-do-mar. (A de Hamaguchi e
1983; Porter e Vacquier, 1986). Esse afrouxamento é considerado facilitar a substitui- Hiramoto, 1980, cortesia dos autores; B cor-
ção das histonas espermatozóide-específicas por outras histonas que haviam sido tesia de F. J. Longo.)
estocadas no citoplasma do oócito (Poccia et al., 1981; Green e Poccia, 1985). Uma
vez descondensado, o DNA pode iniciar a transcrição e a replicação. [fert9.html]
Depois que o espermatozóide do ouriço-do-mar entra no citoplasma do óvulo, o
pronúcleo masculino gira 180o fazendo com que o centríolo fique entre o pronúcleo do
espermatozóide e o pronúcleo do óvulo. Em seguida, o centríolo espermático age
como um centro organizador de microtúbulos, estendendo seus próprios microtúbu-
los e integrando-os com os microtúbulos do óvulo formando um áster*. Esses
microtúbulos se estendem através de todo o óvulo, contatam o pronúcleo feminino, e
trazem os dois pronúcleos um para perto do outro (Hamaguchi e Hiramoto, 1980;
Bestor e Schatten, 1981). A fusão forma o núcleo zigótico diplóide (Figura 4.19). A
iniciação da síntese de DNA pode ocorrer no estágio pronuclear (durante a migração)
ou depois da formação do núcleo zigótico.
Em mamíferos, o processo da migração pronuclear dura aproximadamente 12
horas, comparado com menos de uma hora no ouriço-do-mar. O espermatozóide do
mamífero entra quase tangencialmente à superfície do óvulo em vez de aproximá-la
perpendicularmente, e funde com numerosas microvilosidades (veja Figura 4.20). O
núcleo do espermatozóide mamífero também se parte quando sua cromatina
descondensa, sendo depois reconstruído por vesículas coalescentes. O DNA do
núcleo espermático é ligado por proteínas básicas chamadas protaminas; essas
proteínas nucleares estão firmemente compactadas através de ligações dissulfeto.
Uma vez no óvulo, a glutationa reduz essas ligações de dissulfeto, permitindo o
desdobramento da cromatina do espermatozóide (Calvin e Bedford, 1971; Kvist et
*Quando Oskar Hertwig observou esse arranjo radial de ásteres de espermatozóide no seu
recém-fertilizado ovo de ouriço-do-mar, chamou-o de “sol dentro do ovo”, e considerou-o feliz
indicação de uma fertilização bem-sucedida (Hertwig, 1877). Mais recentemente, Simerly e
colaboradores (1994) descobriram que certos tipos de infertilidade em homens eram devidos a
defeitos na capacidade do centrossoma formar esses ásteres microtubulares. Essa deficiência
causa a falência da migração pronuclear e a interrupção do desenvolvimento.
154 PARTE II Padrões de Desenvolvimento
Figura 4.30
Movimento pronuclear em hamster. (A)
Entrada de espermatozóide na célula e al., 1980). O pronúcleo masculino dos mamíferos aumenta enquanto o núcleo do
tumefação do pronúcleo do espermatozói- oócito completa sua segunda divisão meiótica (Figura 4.30 A).
de. (B) Aposição dos pronúcleos do es- O centrossomo que acompanha o pronúcleo masculino produz seus ásteres
permatozóide e do óvulo. (C ) Estágio
(principalmente a partir de proteínas armazenadas no oócito) e contata o pronú-
bicelular mostrando duas células de tama-
nhos iguais com núcleos bem definidos.
cleo feminino. Então, cada pronúcleo migra ao encontro do outro, replicando seu
Entulho no espaço perivitelínico são os cor- DNA ao longo do trajeto. No encontro, os dois envoltórios nucleares se desinte-
pos polares em degeneração. (de Bavister, gram (Figura 4.30B). No entanto, em lugar de produzir um núcleo zigótico comum
1980, cortesia de B. D. Bavister.) (como acontece na fertilização do ouriço-do-mar), a cromatina condensa-se para
formar cromossomos que se orientam num fuso mitótico comum. Assim, um núcleo
zigótico verdadeiro em mamíferos é visto primeiro não no zigoto, mas no estágio
bicelular (Figura 4.30 C). [fert10.html]
Informações adicionais
& Especulações
G
ERALMENTE ASSUME-SE que lizando um óvulo no qual o pronúcleo óvulos se desenvolvam na ausência de
machos e fêmeas portam geno- feminino está ausente. Após penetrar no espermatozóide. A habilidade de desen-
mas haplóides equivalentes. óvulo, os cromossomos do espermato- volver um embrião sem contribuição es-
Um dos princípios fundamentais da ge- zóide se duplicam restaurando seu nú- permática é chamada partenogênese (do
nética Mendeliana é que os genes deri- mero diplóide. Assim, todo o genoma é grego, significando “nascimento vir-
vados do espermatozóide são funcional- derivado do espermatozóide (Jacobs et gem”). Os óvulos de muitos invertebra-
mente equivalentes aqueles derivados al., 1980; Ohama et al., 1981). Aqui ve- dos e de alguns vertebrados são capa-
do óvulo. No entanto, estudos recentes mos uma situação em que as células so- zes de se desenvolver normalmente na
mostram que em mamíferos o genoma de- brevivem, se dividem e têm um número ausência do espermatozóide se o óvulo
rivado do óvulo pode ser funcionalmen- normal de cromossomos, porém, apre- for ativado artificialmente. Nessas situa-
te diferente e ter papel complementar du- sentam um desenvolvimento anormal. Em ções, a contribuição do espermatozóide
rante certos estágios do desenvolvimen- vez de formar um embrião, o ovo se trans- para o desenvolvimento parece dispen-
to. A primeira evidência dessa não-equi- forma numa massa de células placento- sável. Os mamíferos, no entanto, não a-
valência veio de estudos de um tumor símiles. Não há desenvolvimento normal presentam a partenogênese. A colocação
humano chamado mola hidatidiforme. quando o genoma inteiro vem do paren- de oócitos de camundongo em um meio
Esses tumores parecem tecido placentá- te masculino. Evidência para a não-equi- de cultura que artificialmente ativa o
rio. A maioria dessas molas se desenvol- valência dos pronúcleos mamíferos vem oócito, ao mesmo tempo suprimindo a for-
ve de um espermatozóide haplóide ferti- também de tentativas de conseguir que mação do segundo corpo polar, produz
CAPÍTULO 4 Fertilização: Iniciando um novo organismo 155
Pólo animal
Citoplasma Núcleo do Material do
Cortical oócito núcleo do oócito
Citoplasma
amarelo claro
Gema cinzenta
(A) (B)
Ponto de
entrada do
espermatozóide Crescente
cinzento
Córtex
Citoplasma
interno Zona de
deslizamento
Figura 4.33
Reorganização do citoplasma no ovo recém-fertilizado da rã. (A) Corte transversal
esquemático de um ovo na metade do primeiro ciclo de clivagem. O ovo tem simetria
radial em torno do seu eixo animal-vegetal. O espermatozóide entrou por um lado e
seu núcleo está migrando para o interior. O córtex está representado como o de Rana,
com um hemisfério animal altamente pigmentado e um hemisfério vegetal transparen-
te. (B) Quando está aproximadamente em 80% de seu caminho na primeira clivagem,
o citoplasma cortical gira cerca de 30 o em relação ao citoplasma interno. Essa rotação é
importante porque a gastrulação irá começar na região oposta ao ponto de entrada do
espermatozóide onde ocorre o maior deslocamento do citoplasma. (Segundo Gerhart
et al., 1989.)
Em rãs como Xenopus, nas quais não se vê um crescente cinzento, podemos assim
mesmo, observar a rotação do citoplasma cortical em relação à camada interna,
subcortical. Esse movimento foi demonstrado por Vincent e seus colaboradores (1986).
Esses investigadores imprimiram uma grade hexagonal de corante (Azul Nilo) sobre o
citoplasma abaixo do córtex enquanto aplicavam outro tipo de corante (uma lectina
ligada à fluoresceína) à superfície do ovo. Quando o ovo foi mantido em sua posição
por inclusão em gelatina, os pontos de Azul Nilo puderam ser vistos rodar de 30° em
relação às manchas da lectina fluorescente (Figura 4.34). Em ovos normais, não inclu-
sos, a superfície do ovo é considerada girar enquanto o citoplasma subcortical, torna-
do pesado pelas plaquetas de gema, permanece estabilizado por gravidade.
O motor para esses movimentos citoplasmáticos em ovos de anfíbios parece ser
um conjunto de microtúbulos paralelos que ficam entre os citoplasmas interno e cortical
do hemisfério vegetal, na direção da rotação citoplasmática. Os rastros dos
microtúbulos são primeiramente vistos imediatamente antes do começo da rotação, e
desaparecem quando esse movimento cessa (Figura 4.35; Elinson e Rowning, 1988).
Tratamento do ovo com colchicina ou radiação ultravioleta interrompe a formação
desses microtúbulos, com isso parando as rotações citoplasmáticas. Usando anticorpos
ligantes desses microtúbulos, Houliston e Elinson (1991a) acharam que esses rastros
eram formados por microtúbulos derivados do espermatozóide e do óvulo, e que o
centríolo espermático direciona sua polimerização, fazendo com que cresçam para o
interior da região vegetal do ovo. Ao atingir o córtex vegetal, esses microtúbulos se
desviam do ponto de entrada do espermatozóide, em direção ao pólo vegetal. A posi-
ção descentralizada do centríolo espermático quando esse inicia a polimerização
microtubular, proporciona direção à rotação. A força motriz para a rotação é possivel-
mente, fornecida pela ATPase cinesina. Tal como a dineína e a miosina, a cinesina
pode fixar-se às fibras e produzir energia pela hidrólise de ATP. Essa ATPase está
localizada nos microtúbulos vegetais e nas membranas do retículo endoplasmático
cortical (Houliston e Elinson, 1991b).
O movimento do citoplasma cortical relativo ao citoplasma interno causa profunda
movimentação nesse último. Danilchik e Denegre 1991) marcaram plaquetas da gema
158 PARTE II Padrões de Desenvolvimento
(A) (B)
(C) (D)
Figura 4.34
Rotação do citoplasma subcortical relativa ao citoplasma de superfície da célula. (A)
Um ovo recentemente fertilizado foi marcado com uma grade hexagonal de corante
Azul Nilo (que cora os lípidios nas plaquetas de gema). O ovo foi embebido em
gelatina, e as posições originais de alguns dos pontos marcados na superfície celular
com fluoresceína (círculos em A). O ponto de entrada do espermatozóide está marcado
com um S. (B,C) Com o progredir do primeiro ciclo, os pontos do citoplasma
subcortical mudaram de aproximadamente 30 o em relação à superfície externa imobili-
zada do ovo. O local no ovo designando a futura superfície dorsal do embrião está
marcado com um D. (D) Sumário desses movimentos na região vegetal (inferior) do
ovo. (de Vincent et al., 1986, fotografias cortesia de J. C. Gerhart.)
com Azul Nilo e observaram seu movimento por microscopia fluorescente (o corante
ligado emite fluorescência vermelha). Durante a parte intermediária do primeiro ciclo
celular, a massa do citoplasma central do ovo flui do presumível lado ventral (abdome),
para o futuro lado dorsal (posterior) do embrião (Prancha 7). Ao fim da primeira divi-
são, o citoplasma presumivelmente do lado dorsal do embrião, é distintamente diferen-
te daquele do provável lado ventral. O que havia sido um embrião radialmente simétri-
co, é agora um embrião bilateralmente simétrico.
Como veremos nos Capítulos 6 e 15, esses movimentos citoplasmáticos iniciam
uma cascata de eventos que determina o eixo dorso-ventral da rã. Realmente, os
microtúbulos paralelos que permitem esses rearranjos parecem estender-se ao longo
do futuro eixo dorso-ventral (Klag e Ubbels, 1975; Gerhart et al., 1983).
Figura 4.35
Arranjo paralelo de microtúbulos se esten-
dem ao longo do hemisfério vegetal, ao longo
do futuro eixo dorso-ventral. (A) Arranjo pa-
ralelo de microtúbulos vistos na segunda par-
te do primeiro ciclo celular por anticorpos
fluorescente à tubulina. (B) Antes da rotação
citoplasmática (cerca de metade do ciclo) ne-
nhum arranjo pode ser visto. (C) No término
da rotação do citoplasma, os microtúbulos
despolimerizam. (de Elinson e Rowning,
(B) 1988, cortesia de R. Elinson.)
(A) (C)
LITERATURA CITADA
Abassi, Y. A. and Foltz, K. R. 1994. Tyrosine Amos, L. A. and Klug, A. 1974. Arrangement Asai, D. J. 1996. Functional and molecular
phosphorylation of the sperm receptor at ferti- of subunits in flagellar microtubules. J. Cell diversity of dynein heavy chains. Semin. Cell
lization. Dev. Biol. 164: 430-443. Sci. 14: 523-549. Dev. Biol. 7: 311-320.
Afzelius, B. A. 1976. A human syndrome caused Ancel, P. and Vintenberger, P. 1948. Re- Austin, C. R. 1952. The “capacitation” of
by immotile cilia. Science 193: 3173-19. cherches sur le determinisme de la mammalian sperm. Nature 170: 326.
symmetrie bilatérale dans l’oeuf des
Almeida, E. A. C. and ten others. 1995. Mouse Austin, C. R. 1960. Capacitation and the
amphibiens. Bull. Biol. Fr. Belg. [Suppl.]
egg integrin a α P β functions as a sperm recep- release of hyaluronidase. J. Reprod. Fert. 1:
31: 1-182.
tor. Cell 81: 1095-1104. 310-311.
160 PARTE II Padrões de Desenvolvimento
Austin, C. R. 1965. Fertilization. PrenticeHall, 1992. A potential fusion peptidle and an integrin Ciapa, B. and Whitaker, M. 1986. Two
Englewood Cliffs, New Jersey. domain in a protein active in spermegg fusion. phases of inositol polyphosphate and
Nature 356: 248-251. diacylglycerol production at fertilization.
Ayabe, T., Kopf, G. S. and Schultz, R. M. 1995. FEBS Lett. 195: 347-351.
Regulation of mouse egg activation: presence Bogart, J. P., Elinson, R. P. and Licht, L. E.
of ryanodine receptors and effects of microin- 1989. Temperature and sperm incorporation in Clermont, Y. and Leblond, C. P. 1955. Spermi-
jected ryanodine and cyclic ADP ribose on polyploid salamanders. Science 246: 1032-1034. ogenesis of man, monkey, and other animals as
uninseminated and inseminated eggs. Develop- shown by the “periodic acidSchiff” technique.
ment 121: 2233-2244. Bookbinder, L. H., Cheng, A., and Bleil, J. D. Am. J. Anat. 96: 229-253.
1995. Tissue- and species-specific expression
Baltz, J. M., Katz, D. F. and Cone, R. A. 1988. of sp56, a mouse sperm fertilization protein. Colwin, A. L. and Colwin, L. H. 1963. Role of
The mechanics of sperm-egg interaction at the Science 269: 86-87. the gamete membranes in fertilization in
zona pellucida. Biophys. J. 54: 643-654. Saccoglossus kowalevskii (Enteropneustra). I.
Boveri, T. 1902. On multipolar mitosis as a means The acrosome reaction and its changes in early
Barlow, D. P., Stöger, R., Herrmann, B. G., Saito, of analysis of the cell nucleus. (Translated by S. stages of fertilization. J. Cell Biol. 19: 477-500.
K. and Schweifer, N. 1991. The mouse insulin- Gluecksohn-Waelsch.) In B. H. Willier and J. M.
like growth factor type-2 receptor is imprinted Oppenheimer (eds.), Foundations of Experimen- Colwin, L. H. and Colwin, A. L. 1960. Formation of
and closely linked to the Time locus. Nature tal Embryology. Hafner, New York, 1974. sperm entry holes in the vitelline membrane of
349: 84-87. Hydroides hexagonis (Annelida) and evidence of their
Boveri, T. 1907. Zellenstudien VI. Die Entwi- lytic origin. J. Biophys. Biochem. Cytol. 7: 315-320.
Bavister, B. D. 1980. Recent progress in the cklung dispermer Seeigeleier. Ein Beiträge zur
study of early events in mammalian fertilizati- Befruchtungslehre und zur Theorie des Kernes. Conklin, E. G. 1905. The orientation and cell-
on. Dev. Growth Differ. 22: 385-402. Jena Z. Naturwiss. 43: 1-292. lineage of the ascidian egg. J. Acad. Nat. Sci.
Phila. 13: 5-119.
Bentley, J. K., Shimomura, H. and Garbers, D. L. Braden, A. W. H. and Austin, C. R. 1954. The
1986. Retention of a functional resact receptor number of sperm about the eggs in mammals Cook, S. P. and Babcock, D. F. 1993. Selective
in isolated sperm plasma membranes. Cell 45: modulation by cGMP of the K+ channel activated
and its significance for normal fertilization. Aust.
281-288. by speract. J. Biol. Chem. 268: 22402-22407.
J. Biol. Sci. 7: 543-551.
Berridge, M. J. 1993. Inositol triphosphate and Corselli, J. and Talbot, P. 1987. In vivo
Burks, D. J., Carballacla, R., Moore, H. D. M.
calcium signalling. Nature 361: 315-325. penetration of hamster oocyte-cumulus com-
and Saling, P. M. 1995. Interaction of a tyrosine
plexes using physiological numbers of sperm.
Bestor, T. M. and Schatten, G. 1981. Antitubulin kinase from human sperm with the zona pellucida
Dev. Biol. 122: 227-242.
immunofluorescence microscopy of microtubu- at fertilization. Science 269: 83-86.
les present during the pronuclear movements of Cross, N. L. and Elinson, R. P. C. 1980. A fast
Busa, W. B., Ferguson, J. E., Joseph, S. K.,
sea urchin fertilization. Dev. Biol. 88: 80-91. block to polyspermy in frogs mediated by
Williamson, J. R. and Nuccitelli, R. 1985. changes in the membrane potential. Dev. Biol.
Bi, G.-Q., Alderton, J.M. and Steinhardt, R.A. 1995. Activation of frog (Xenopus laevis) eggs by 75:187-198.
Calcium-mediated exocytosis is required for cell inositol triphosphate. I. Characterization of Ca2+
membrane resealing. J. Cell Biol. 131:1747-1758. release from intracellular stores. J. Cell Biol. Dan, J. C. 1967. Acrosome reaction and lysins. In
100: 677-682. C. B. Metz and A. Monroy (eds.), Fertilization,
Bleil, J. D. and Wassarman, P. M. 1980. Vol. 1. Academic Press, New York, pp. 237-367.
Mammalian sperm and egg interaction: Identi- Calvin, H. I. and Bedford, J. M. 1971. Formati-
fication of a glycoprotein in mouseegg zonae on of disulfide bonds in the nucleus and accessory Danilchik, M. V. and Denegre, J. M. 1991. Deep
pellucidae possessing receptor activity for sperm. structures of mammalian spermatozoa during cytoplasmic rearrangements during early deve-
Cell 20: 873-882. maturation in the epididymis. J. Reprod. Fertil. lopment in Xenopus laevis, Development Ill:
[Suppl.] 13: 65-75. 845-856.
Bleil, J. D. and Wassarman, P. M. 1986.
Autoradiographic visualization of the mouse Carroll, E. J. and Epel, D. 1975. Isolation and Davis, B. K. 1981. Timing of fertilization in
egg’s sperm receptor bound to sperm. J. Cell biological activity of the proteases released by mammals: Sperm cholesterol/ phospholipid ratio
Biol. 102:1363-1371. sea urchin eggs following fertilization. Dev. Biol. as determinant of capacitation interval. Proc.
44: 22-32. Nall. Acad. Sci. USA 78: 7560-7564.
Bleil, J. D. and Wassarman, P. M. 1988.
Galactose at the nonreducing terminus of O- Chambers, E. L., Pressman, B. C. and Rose, B. Dawid, I. B. and Blackler, A. W. 1972. Maternal
1974. The activity of sea urchin eggs by the and cytoplasmic inheritance of mitochondria in
linked oligosaccharides of mouse egg zona
divalent ionophores A23187 and X 537A. Xenopus. Dev. Biol. 29: 152-161.
pellucida glycoprotein ZP3 is essential for the
glycoprotein’s sperm receptor activity. Proc. Biochem. Biophys. Res. Commun. 60: 126-132. DeChiara, T. M., Robertson, E. J. and Efstradiatis,
Natl. Acad. Sci. USA 85: 6778-6782. A. 1991. Parental imprinting of the mouse insulin-
Chandler, D. E. and Heuser, J. 1979. Membrane
fusion during secretion: Cortical granule exocytosis like growth factor II gene. Cell 64: 849-859.
Bleil, J. D. and Wassarman, P. M. 1990. Identi-
fication of a ZP3-binding protein on acrosome- in sea urchin eggs as studied by quick-freezing and De Robertis, E. D. P., Saez, F. A. and De Robertis,
intact mouse sperm by photoaffinity crosslin- freeze fracture. J. Cell Biol. 83: 91-108. E. M. F. 1975. Cell Biology, 6th Ed., Saunders,
king. Proc. Natl. Acad. Sci. USA 87: 5563-5567. Philadelphia.
Chang, M. C. 1951. Fertilizing capacity of
Bleil, J. D., Greve, J. M. and Wassarman, P, M. spermatozoa deposited into the fallopian tubes. Dube, F., Schmidt, T., Johnson, C. H. and Epel,
1988. Identification of a secondary sperm re- Nature 168: 697-698. D. 1985. The hierarchy of requirements for an
ceptor in the mouse egg zona pellucida: Role in elevated pH during early development of sea
Cherr, G. N., Lambert, H., Meizel, S. and Katz,
maintenance of binding of acrosome-reacted urchin embryos. Cell 40: 657-666.
D. F. 1986. In vitro studies of the golden hamster
sperm to eggs. Dev. Biol. 28: 376-385.
sperm acrosomal reaction: Completion on zona Eisen, A . and Reynolds, G. T. 1985. Sources and
Blobel, C. P, Wolfsberg, T. G., Turck, C. W., pellucida and induction by homologous zonae sinks for the calcium release during fertilization of
Myles, D. G., Primakoff, P. and White, J. M. pellucidae. Dev. Biol. 114:119-131. single sea urchin eggs. J. Cell Biol. 100: 1522-1527.
CAPÍTULO 4 Fertilização: Iniciando um novo organismo 161
Eisenbach, M. 1995. Sperm changes enabling Fol, H. 1877. Sur le commencement de I’hémo- Glabe, C. G. 1985. Interaction of the sperm
fertilization in mammals. Curr. Opin. Endocri- génie chez divers animaux. Arch. Zool. Exp. Gén. adhesive protein, bindin, with phospholipid
nol. Diabetes 2: 468-475. 6: 145-169. vesicles. II. Bindin induces the fusion of mixed-
phase vesicles that contain phosphatidylcholine
Elinson, R. P. 1985. Changes in levels of Foltz, K. R., Partin, J. S. and Lennarz, W. J.
and phosphatidylserine in vitro. J. Cell Biol.
polymeric tubulin associated with activation and 1993. Sea urchin egg receptor for sperim:
100: 800-806.
dorsoventral polarization of the frog egg. Dev. Sequence similarity of binding domain to hsp70.
Biol. 109: 224-233. Science 259: 1421-1425. Glabe, C. G. and Lennarz, W. J. 1979. Species-
specific sperm adhesion in sea urchins: A
Elinson, R. P. 1986. Fertilization in amphibians: Franklin, L. E. 1970. Fertilization and the role
quantitative investigation of bindin-mediated egg
The ancestry of the block to polyspermy. Int. of the acrosomal reaction in non-mammals.
agglutination. J. Cell Biol. 83: 595-604.
Rev. Cytol. 101: 59-100. Biol. Reprod. [Suppl.] 2:159-176.
Glabe, C. G. and Vacquier, V. D. 1977. Species-
Elinson, R. P. and Rowning, B. 1988. A transient Fulton, B. P. and Whittingham, D. G. 1978.
specific agglutination of eggs by bindin isolated
array of parallel microtubules in frog eggs: Activation of mammalian oocytes by intracellu-
from sea urchin sperm. Nature 267: 836-838.
Potential tracks for a cytoplasmic rotation that lar injection of calcium. Nature 273: 149-151.
specifies the dorso-ventral axis. Dev. Biol. Glabe, C. G. and Vacquier, V. D. 1978. Egg
Furuichi, T., Yoshikawa, S., Miyawaki, A., Wada,
128:185-197. K., Maeda, N. and Mikoshiba, K. 1989. Primary surface glycoprotein receptor for sea urchin
structure and functional expression of the sperm bindin. Proc. Natl. Acad. Sci. USA
Endo, Y. G., Kopf, G. S. and Schultz, R. M.
inositol 1,4,5-trisphosphatebinding protein 75: 881-885.
1987. Effects of phorbol ester on mouse eggs:
Dissociation of sperm receptor activity from P400. Nature 342: 32-38. Gong, X., Dubois, D.H., Miller, D. J., and Shur, B.
acrosome reaction-inducing activity of the Garbers, D. L., Tubb, D. J. and Kopf, G. S. 1980. D. 1995. Activation of a G protein complex by
mouse zona pellucida protein, ZP3. Dev. Biol Regulation of sea urchin sperm cAMP-dependent aggregation of β -1,4-galactosyltransferase on the
123: 574-577 protein kinases by an egg associated factor. Biol. surface of sperm. Science 269: 1718-1721.
Epel, D. 1977. The program of fertilization. Reprod. 22: 526-532. González-Martfnez, M. T., Guerrero, A.,
Sci. Am. 237(5): 128-138. Garbers, D. L., Kopf, G. S., Tubb, D, J, and Olson, Morales, E., de la Torre, L. and Darszon, A.
G. 1983. Elevation of sperm adenosine 3':5'- 1992. A depolarization can trigger Ca2+ uptake
Epel, D. 1980. Fertilization. Endeavour N.S. 4: and the acrosome reaction when preceded by a
26-31. monophosphate concentrations by a fucose
sulfate-rich complex associated with eggs. I. hyperpolarization in L. pictus sea urchin sperm.
Epel, D., Patton, C., Wallace, R. W. and Cheung, Structural characterization. Biol. Reprod. 29: Dev. Biol. 150: 193-202.
W. Y. 1981. Calmodulin activates NAD kinase 1211-1220. Gould, M. and Stephano, J. L. 1987. Electrical
of sea urchin eggs: An early response. Cell 23: response of eggs to acrosomal protein similar to
543-549. Gardiner, D. M. and Grey, R. D. 1983. Membrane
junctions in Xenopus eggs: Their distribution those induced by sperm. Science 235: 1654-1656.
Ferris, C. D., Huganir, R. L., Supattapone, S. and suggests a role in calcium regulation. J. Cell Biol. Gould, M. and Stephano, J. L. 1991. Peptides
Snyder, S. H. 1989. Purified inositol 1,4,5- 96: 1159-1163. from sperm acrosomal protein that activate de-
trisphosphate receptor mediates calcium flux in velopment. Dev. Biol. 146: 509-518.
reconstituted lipid vesicles. Nature 342: 87-89. Gerhart, J., Ubbels, G., Black, S., Hara, K. and
Kirschner, M. 1981. A reinvestigation of the Gould-Somero, M., Jaffe, L. A. and Holland, L.
Florman, H. M. 1995. Sequential focal and glo- role of the grey crescent in axis formation in Z. 1979. Electrically mediated fast polyspermy
bal elevations of sperm intracellular Ca2+ are Xenopus laevis. Nature 292: 511-516. block in eggs of the marine worm, Urechis
initiated by the zona pellucida during acrosomal caupo. J. Cell Biol. 82: 426-440.
exocytosis. Dev. Biol. 165: 152-164. Gerhart, J., Black, S., Gimlich, R. and Scharf, S.
1983. Control of polarity in the amphibian egg. Green, G. R. and Poccia, E. L. 1985. Phos-
Florman, H. M. and Storey, B. T. 1982. Mouse In W. R. Jeffery and R. A. Raft (eds.), Time, phorylation of sea urchin sperm H1 and H2B
gamete interactions: The zona pellucida is the Space, and Pattern in Embryonic Development. histories precedes chromatin decondensation
site of the acrosome reaction leading to fertili- Alan R. Liss, New York, pp. 261-286. and H1 exchange during pronuclear formation.
zation in vitro. Dev. Biol. 91:121-130. Dev. Biol. 108: 235-245.
Gerhart, J., Danilchik, M., Doniach, T.,
Florman, H. M. and Wassarman, P. M. 1985. Roberts, S., Rowning, B. and Stewart, R. 1989. Gross, P. R., Malkin, L. I., and Moyer, W. 1964.
O-linked oligosaccharides of mouse egg ZP3 Cortical rotation of the Xenopus egg: Conse- Templates for the first proteins of embryonic
account for its sperm receptor activity. Cell quences for the anterioposterior pattern of development. Proc. Natl. Acad. Sci. USA 51:
41: 313-324. embryonic dorsal development. Development 407-414.
1989 [Suppl.]: 37-51.
Florman, H. M., Bechtol, K. B. and Wassarman, Gundersen, G. G., Medill, L. and Shapiro, B. M.
P. M. 1984. Enzymatic dissection of the Giles, R. E., Blanc, H., Cann, H. M. and Wallace, 1986. Sperm surface proteins are incorporated
functions of the mouse egg’s receptor for sperm. D. C. 1980. Maternal inheritance of human into the egg membrane and cytoplasm after fer-
Dev. Biol. 106: 243-255. mitochondrial DNA. Proc. Natl, Acad. Sci. USA tilization. Dev. Biol. 113: 207-217.
77: 6715-6719.
Florman, H, M., Corron, M. E., Kim, T. D. H. Gwatkin, R. B. L. 1976. Fertilization. In G.
and Babcock, D. F. 1992. Activation of voltage- Gilkey, J. C., Jaffe, L. F., Ridgway, E. G. and Poste and G. L. Nicolson (eds.), The Cell
dependent calcium channels of mammalian Reynolds, G. T. 1978. A free calcium wave Surface in Animal Embryogenesis and
sperm is required for zona pellucida-induced traverses the activating egg of the medaka, Deveopment. Elsevier North-Holland, New
acrosomal exocytosis. Dev. Biol. 152: 304-314. Oryzias latipes. J. Cell Biol. 76: 448-466. York, pp. 1-53.
Foerder, C. A. and Shapiro, B. M. 1977. Release Ginzburg, A. S. 1985. Phylogenetic changes in Gyllensten, U., Wharton, D., Josefson, A.
of ovoperoxiclase from sea urchin eggs hardens the type of fertilization. In J. Mlékovsky and V. and Wilson, A. 1991. Paternal inheritance
fertilization membrane with tyrosine crosslinks. J. A. Novák (eds.), Evolution and Morphogene- of mitochondrial DNA in mice. Nature 352:
Proc. Natl. Acad. Sci. USA 74: 4214-4218. sis. Academia, Prague, pp. 459-466. 255-258.
162 PARTE II Padrões de Desenvolvimento
Hafner, M., Petzelt, C., Nobiling, R., Pawley, J. Jacobs, P. A., Wilson, C. M., Sprenkle, J. A., Kvist, U., Afzelius, B. A. and Nilsson, L. 1980.
B., Kramp, D. and Schatten, G. 1988. Wave of Rosenshein, N. B. and Migeon, B. R. 1980. The intrinsic mechanism of chromatin decon-
free calcium at fertilization in the sea urchin egg Mechanism of origin of complete hydatidiform densation and its activation in human sperma-
visualized with Fura-2. Cell Motil. Cytoskel. 9: moles. Nature 286: 714-716. tozoa. Dev. Growth Differ. 22: 543-554.
271-277.
Jaffe, L. A. 1976. Fast block to polyspermy Langlais, J., Kan, F. W. K., Granger, L.,
Hall, C. G., Sancho, J., and Terhorst, C. 1993. in sea urchins is electrically mediated. Nature Raymond, L., Bleau, G. and Roberts, K. D.
Reconstitution of T cell receptor ζ -mediated 261: 68-71. 1988. Identification of sterol acceptors that
calcium mobilization in nonlymphoid cells. stimulate cholesterol efflux from human
Jaffe, L. A. 1980. Electrical polyspermy block
Science 261: 915-918. spermatozoa during in vitro capacitation.
in sea urchins: Nicotine and low sodium
Gamete Res, 20: 185-201.
Hamaguchi, M. S. and Hiramoto, Y. 1980. Fertili- experiments. Dev. Growth Differ. 22: 503-507.
zation process in the heart-urchin, Clypaester Lechleiter, J. D. and Clapham, D. E. 1992. Molecular
Jaffe, L. A. 1996. Egg membranes during fertili-
japonicus, observed with a differential interferen- mechanisms of intracellular calcium excitability in
zation. In S. G. Schultz et al. (eds.), Molecular
ce microscope. Dev. Growth Differ. 22: 517-530. X. laevis oocytes. Cell 69: 283-294.
Biology of Membrane Transport Disorders.
Hamaguchi, M. S. and Hiramoto, Y. 1981. Plenum, NY, pp. 367-378. Leeuwenhoek, A. van. 1685. Letter to the Royal
Activation of sea urchin eggs by microinjection Society of London. Quoted in E. G. Ruestow,
Jaffe, L. A. and Cross, N. L. 1983. Electrical
of calcium buffers. Exp. Cell Res, 134: 171-179. 1983, Images and ideas: Leeuwenhoek’s
properties of vertebrate oocyte membranes. Biol.
perception of the spermatozoa. J. Hist. Biol.
Hardy, D. M., Harumi, T. and Garbers, D. L. Reprod. 30: 50-54.
16:185-224.
1994. Sea urchin sperm receptors for egg
Jaffe, L. A. and Gould, M. 1985. Polyspermy-
peptides. Sem. Dev. Biol. 5: 217-224. Levine, A. E., Walsh, K. A. and Fodor, E. J. B.
preventing mechanisms. Biol. Fert. 3: 223-250.
1978. Evidence of an acrosin-like enzyme in
Hartsoeker, N. 1694. Essai de dioptrique. Paris.
Jaffe, L. F. 1983. Sources of calcium in egg sea urchin sperm. Dev. Biol. 63: 299-306.
Heinecke, J. W. and Shapiro, B. M. 1989. activation: A review and hypothesis. Dev, Biol.
Leyton, L. and Saling, P. 1989a. 95 kd sperm
Respiratory oxygen burst of fertilization. Proc. 99: 265-276.
proteins bind ZP3 and serve as tyrosine kinase
Natl. Acad. Sci. USA 86: 1259-1263.
Jones, R., Brown, C. R. and Lancaster, R. T. substrates in response to zona binding. Cell 57:
Hertwig, 0. 1877. Beiträge zur Kenntniss der 1988. Carbohydrate-binding properties o boar 1123-1130.
Bildung, Befruchtung, und Theilung des sperm proacrosin and assessment of its role in
Leyton, L. and Saling, P. 1989b. Evidence that
theirischen Eies. Morphol. Jahr. 1: 347-452. sperm-egg recognition and adhesion during fer-
aggregation of mouse sperm receptors by ZP3
tilization. Development 102: 781-792.
Hollinger, T. G. and Schuetz, A. W. 1976. triggers the acrosome reaction. J. Cell Biol. 108:
“Cleavage” and cortical granule breakdown in Just, E. E. 1919. The fertilization reaction in 2163-2168.
Rana pipiens oocytes induced by direct micro- Echinarachinus parma. Biol. Bull. 36: 1-10.
Leyton, L., Leguen, P., Bunch, D. and Saling, P.
injection of calcium. J. Cell Biol. 71: 395-401.
Kaufman, M. H., Barton, S.C. and Surani, M. A. M. 1992. Regulation of mouse gametic interac-
Hong, K. and Vacquier, V. D. 1986. Fusion of H. 1977. Normal postimplantation development tion by a sperm tyrosine kinase. Proc. Natl. Acad.
liposomes induced by a cationic protein from of mouse parthenogenetic embryos to the Sci. USA 93: 1164-1169.
the acrosomal granule of abalone spermatozoa. forelimb bud stage. Nature 265: 53-55.
Longo, F. J. 1986. Surface changes at fertilizati-
Biochemistry 25: 543-549.
Keller, S. H. and Vacquier, V. D. 1994a. Nlinked on: Integration of sea urchin (Arbacia punctu-
Houliston, E. and Elinson, R. P. 1991a. Patterns oligosaccharides of sea urchin egg jelly induces lata) sperm and oocyte plasma membranes. Dev.
of microtubule polymerization relating to the sperm acrosome reaction. Dev. Growth Biol. 116: 143-159.
cortical rotation in Xenopus laevis eggs. Deve- Differ. 36: 551-556.
Longo, F. J. and Kunkle, M. 1978. Transforma-
lopment 112:107-117.
Keller, S. H. and Vacquier, V. D. 1994b. The tion of sperm nuclei upon insemination. In A.
Houliston, E. and Elinson, R. P. 1991b. isolation of acrosome-reaction-inducing A. Moscona and A. Monroy (eds.), Current Topics
Evidence for the involvement of microtubu- glycoproteins from sea urchin egg jelly. Dev. in Developmental Biology, Vol. 12. Academic
les, endoplasmic reticulum, and kinesin in Biol. 162: 304-312. Press, New York, pp. 149-184.
cortical rotation of fertilized frog eggs. J. Cell
Klag, J. J. and Ubbels, G. A. 1975. Regional Longo, F. J., Lynn, J. W., McCulloh, D. H. and
Biol. 114: 1017-1028.
morphological and cytochemical differentiati- Chambers, E. L. 1986. Correlative ultrastructural
Humphreys, T. 1971. Measurements of mes- on of the fertilized egg of Discoglossus pictus and electrophysiological studies of sperm-egg
senger RNA entering polysomes upon fertiliza- (Anura). Differentiation 3: 15-20. interactions of the sea urchin Lytechinus
tion in sea urchins. Dev. Biol. 26: 201-208. variegatus. Dev. Biol. 118: 155-166.
Kline, D. 1988. Calcium-dependent events
Hunter, R. H. F. 1989. Ovarian programming at fertilization of the frog egg: Injection of Lopez, L. C., Bayna, E. M., Litoff, D., Shaper,
of gamete progression and maturation in the a calcium buffer blocks ion channel opening, N. L., Shaper, J. H. and Shur, B. D. 1985. Recep-
female genital tract. Zool. J. Linn. Soc. 95: exocytosis, and formation of pronuclei. Dev. tor function of mouse sperm surface galactosyl-
117-124. Biol. 126: 346-361. transferase during fertilization. I. Cell Biol. 101:
1501-1510.
Hylander, B. L. and Summers, R. G. 1982. An Kline, D., Simoncini, L., Mandel, G., Maue, R., Kado,
ultrastructural and immunocytochemical locali- R. T. and Jaffe. L. A. 1988. Fertilization events Luttmer, S. and Longo, F. J. 1985. Ultrastructural
zation of hyaline in the sea urchin egg. Dev. induced by neurotransmitters after injection of and morphometric observations of cortical
Biol. 93: 368-380. mRNA into Xenopus eggs. Science 241: 464-467. endoplasmic reticulum in Arbacia, Spisula, and
mouse eggs. Dev. Growth Differ. 27: 349-359.
Iwao, Y. and Jaffe, L. A. 1989. Evidence that Kline, D, Kopf, G., Muncy, L. F. and Jaffe, L. A.
the voltage-dependent component in the ferti- 1991. Evidence for the involvement of a pertussis Manes, M.E. and Elinson, R.P. 1980. Ultraviolet
lization porcess is contributed by the sperm. Dev. toxin-insensitive G-protem in egg activation of light inhibits gray crescent formation in the frog
Biol. 134: 446-451. the frog Xenopus laevis. Dev. Biol. 143: 218-229. egg. Wilhelm Roux Arch. Dev. Biol. 189: 73-76.
CAPÍTULO 4 Fertilização: Iniciando um novo organismo 163
Manes, M. E., Elinson, R. P. and Barbieri, F. D. pellucida glycoprotein ZP2 following activation Poirier, G. R. and Jackson, J. 1981. Isolation
1978. Formation of the amphibian gray crescent: of mouse eggs. Dev. Biol. 132: 103-112. and characterization of two proteinase inhibitors
Effects of colchicine and cytochalasin-B. from the male reproductive tract of mice.
Moore, G. D., Kopf, G. S. and Schultz, R M. 1993. Gamete Res. 4: 555-569.
Wilhelm Roux Arch. Dev. Biol. 185: 99-104.
Complete mouse egg activation in the absence of
McCulloh, D. H. and Chambers, E. L. 1992. sperm by stimulation of an exogenous G protein- Porter, D. C. and Vacquier, V. D. 1986. Phos-
Fusion of membranes during fertilization. J. Gen. coupled receptor. Dev. Biol. 159: 669-678. phorylation of sperm histone HI is induced by
Physiol. 99:137-175. the egg jelly layer in the sea urchin Strongylo-
Moore, G. D., Ayabe, T., Visconti, P. E., Schultz, centrotus purpuratus. Dev. Biol. 116: 203-212.
McGrath, J. and Solter, D. 1984. Completion of R. M. and Kopf, G. 1994. Roles of heteromeric
mouse embryogenesis requires both the mater- and monomeric G proteins in sperm-induced Prevost, J. L. and Dumas, J. B. 1824.
nal and paternal genome. Cell 37: 179-183. activation of mouse eggs. Development 120: Deuxieme mémoire sur la génération. Ann.
3313-3323. Sci. Nat. 2: 129-149.
McPherson, S. M., McPherson, P. S., Mathews,
L., Campbell, K. P. and Longo, F. J. 1992. Moy, G. W. and Vacquier, V. D. 1979. Immuno- Primakoff, P., Hyatt, H. and Tredick-Kline, J.
Cortical localization of a calcium release channel peroxidase localization of bindin during the 1987. Identification and purification of a sperm
in sea urchin eggs. J. Cell Biol. 116: 111-1121. adhesion of sperm to sea urchin eggs. Curr. Top. cell surface protein with a potential role in
Dev. Biol. 13: 31-44. sperm-egg membrane fusion. 1. Cell Biol. 104:
Mead, K. S. and Epel, D. 1995. Beakers and 141-149.
breakers: how fertisation in the laboratory differs Mozingo, N. M. and Chandler, D. E. 1991.
from fertisation in nature. Zygote 3: 95-99. Evidence for the existence of two assembly Primakoff, P., Lathrop, W., Woolman, L.,
domains within the sea urchin fertilization en- Cowan, A. and Myles, D. 1988. Fully effective
Meizel, S. 1984. The importance of hydro- contraception in male and female guinea pigs
velope. Dev. Biol. 146: 148-157.
lytic enzymes to an exocytotic event, the immunized with the sperm protein PH-20.
mammalian sperm acrosome reaction. Biol. Multigner, L., Gagnon, J., Dorsselaer, A. van Nature 335: 543-546.
Rev. 59: 125-157. and Job, D. 1992. Stabilization of sea urchin
flagellar microtubules by histone H1. Nature 360: Ralt, D. and eight others. 1991. Sperm attraction
Metz, C. B. 1978. Sperm and egg receptors to a follicular factor(s) correlates with human
33-39.
involved in fertilization. Curr. Top. Dev. Biol. egg fertilizability. Proc. Natl. Acad. Sci. USA
12:107-148. Myles, D. G., Kimmel, L. H., Blobel, C. P., 88: 2840-2844.
White, J. M. and Primakoff, P. 1994. Identifi-
Miller, D. J., Macek, M. B. and Shur, B. D. 1992. Ramarao, C. S. and Garbers, D. L. 1985. Recep-
cation of a binding site in the disintegrin domain
Complementarity between sperm surface β-1,4- tor-mediated regulation of guanylate cyclase
of fertilin required for sperm-egg fusion. Proc.
galactosyltransferase and egg-coat ZP3 mediates activity in spermatozoa. J. Biol. Chem. 260:
Natl. Acad. Sci. USA 91: 4195-4198.
sperm-egg binding. Nature 357: 589-593. 8390-8396.
Nishizuka, Y. 1986. Studies and perspectives of
Miller, D.L., Gong, X., Decker, G. and Shur, B. Ravnik, S. E., Zarutskie, P. W. and Muller, C. H.
protein kinase C. Science 233: 305-312.
D. 1993. Egg cortical granule N-acetylglucosa- 1992. Purification and characterization of a
minidase is required for the mouse zona block to Ogawa, K., Mohri, T. and Mohri, H. 1977. Iden- human follicular fluid lipid transfer protein that
polyspermy. J. Cell Biol. 123: 1431-1440. tification of dynein as the outer arms of sea stimulates human sperm capacitation. Biol.
urchin sperm axonomes. Proc. Natl. Acad. Sci. Reprod. 47: 1126-1133.
Miller, R. L. 1978. Site-specific agglutination
USA 74: 5006-5010.
and the timed release of a sperm chemoattractant Roegiers, F., McDougall, A. and Sardet, C. 1995.
by the egg of the leptomedusan, Orthopyxis Ohama, K., Kajii, T., Okamoto, E., Fukada Y., The sperm entry point defines the orientation
caliculata. J. Exp. Zool. 205: 385-392. Imaizumi, K., Tsukahara, M., Kobayashi, K. and of the calcium-induced contraction wave that
Hagiwara, K. 1981. Dispermic origin of XY directs the first phase of cytoplasmic reorgani-
Miller, R. L. 1985. Sperm chemo-orientation in
hydaticliform moles. Nature 292: 551-552. zation in the ascidian egg. Development 121:
the metazoa. In C. B. Metz, Jr. and A. Monroy
3457-3466.
(eds.), Biology of Fertilization, Vol. 2. Academic Olds, J. L. and thirteen others. 1995. Imaging
Press, New York, pp. 275-337. protein kinase C activation in living sea urchin Rossignol, D. P., Earles, B. J., Decker, G. L. and
eggs after fertilization. Dev. Biol. 172: 675-682. Lennarz, W. J. 1984. Characterization of the sperm
Miyazaki, S. and Igusa, Y. 1981. Fertilizati-
receptor on the surface of eggs of Strongylocen-
on potential in golden hamster eggs consists Parrington, J., Swann, K., Shevchenko V. I., Sesay,
trotus purpuratus. Dev. Biol. 104: 308-321.
of recurring hyperpolarizations. Nature 290: A. K. and Lai, F. A. 1996. Calcium os cillations
702-704. in mammalian eggs triggered by a soluble sperm Roux, W. 1887. Beiträge zur Entwicklungsmecha-
protein. Nature 379: 364-368. nik des Embryo. Arch. Mikrosk. Anat. 29: 157-212.
Miyazaki, S.-I, Yuzaki, M., Nakada, K.,
Shirakawa, H., Nakanishi, S., Nakade, S. and Perreault, S. D., Barbee, R. R., and Slott, V. L. Saling, P. M. 1989. Mammalian sperm interac-
Mikoshiba, K. 1992. Block of Ca2+ wave and 1988. Importance of glutathione in the acquisi- tion with extracellular matrices of the egg.
Ca2+ oscillation by antibody to the inositol 1,4,5- tion and maintainance of sperm nuclear Oxford Rev. Reprod. Biol. 11: 339-388.
trisphosphate receptor in fertilized hamster eggs. decondensing activity in maturing hamster
Saling, P. M., Sowinski, J. and Storey, B. T. 1979.
Science 257: 251-255. oocytes. Dev. Biol. 125: 181-186.
An ultrastructural study of epididymal mouse
Mohri, T., Ivonnet, P. I. and Chambers, E. Pinto-Correia, C. 1997. The Ovary of Eve: Eggs spermatozoa binding to zonae pellucida in vitro:
L. 1995. Effect of sperm-induced activation and Sperm and Preformation. University of Sequential relationship to acrosome reaction. J.
current and increase of cytosolic Ca 2+ by Chicago Press, Chicago. Exp. Zool. 209: 229-238.
agents that modify the mobilization of
Poccia, D., Salik, J. and Krystal, G. 1981. Sawada, T. and Schatten, G. 1989. Effects of
[Ca 2+] i I. Heparin and pentosan polysulfate.
Transitions in histone variants of the male cytoskeletal inhibitors on ooplasmic segregation
Dev. Biol. 172: 139-157.
pronucleus following fertilization and evidence and microtubule organization during fertilizati-
Moller, C. C. and Wassarman, P. M. 1989. Cha- for a maternal store of cleavagestage histones on and early development in the ascidian
racterization of a proteinase that cleaves zona in the sea urchin egg. Dev. Biol. 82: 287-296. Molgula occidentalis. Dev. Biol. 132: 331-342.
164 PARTE II Padrões de Desenvolvimento
Schackmann, R. W. and Shapiro, B. M. 1981. A Simerly, C. and ten others. 1994. The paternal Swann, K. and Whitaker, M. 1986. The part
partial sequence of ionic changes associated with inheritance of the centrosome, the cell’s micro- played by inositol trisphosphate and calcium in
the acrosome reaction of Strongylocentrotus tubule-organizing center, in humans, and the the propagation of the fertilization wave in sea
purpuratus. Dev. Biol. 81: 145-154. implications for infertility. Nat. Med. 1: 1-10. urchin eggs. J. Cell Biol. 103: 2333-2342.
Schatten, G. and Mazia, D. 1976. The penetration Sluder, G., Miller, F. J., Lewis, K., K., Davison, Terasaki, M. and Sardet, C. 1991. Demonstrati-
of the spermatozoan through the sea urchin egg E. D. and Reider, C. L. 1989. Centrosome on of calcium uptake and release by sea urchin
surface at fertilization: Observations from the inheritance in starfish zygotes: Selective loss of egg cortical endoplasmic reticulum. J. Cell Biol.
outside on whole eggs and from the inside on isolated the maternal centrosome after fertilization. Dev. 115: 1031-1037.
surfaces. Exp. Cell Res. 98: 325-337. Biol. 131: 567-579.
Tilney, L. G., Bryan, J., Bush, D. J., Fujiwara, K.,
Schatten, G. and Schatten, H. 1983. The Sluder, G., Miller, F. J. and Lewis, K. 1993. Mooseker, M. S., Murphy, D. B. and Snyder, D.
energetic egg. The Sciences 23(5): 28-35. Centrosome inheritance in starfish zygotes II. H. 1973. Microtubules: Evidence for 13
Selective suppression of the maternal centrosome protofilaments. J. Cell Biol. 59: 267-275.
Schatten, H. and Schatten, G. 1980. Surface activity
during meiosis. Dev. Biol. 155: 58-67.
at the plasma membrane during sperm incorporation Tilney, L. G., Kiehart, D. P., Sardet, C. and
and its cytochalasin-B sensitivity: Scanning electron Snell, W. J. and White, J. M. 1996. The molecules Tilney, M. 1978. Polymerization of actin.
micrography and time-lapse video microscopy du- of mammalian fertilization. Cell 85: 629-637. IV. Role of Ca 2+ and H + in the assembly of
ring fertilization of the sea urchin Lytechinus actin and in membrane fusion in the
Speksnijder, J. E., Sardet, C. and Jaffe, L. F. 1990.
variegatus. Dev. Biol. 78: 435-449. acrosomal reaction of echinoderm sperm. J.
The activation wave of calcium in the ascidian
Cell Biol. 77: 536-560.
Schroeder, T. E. 1979. Surface area change at egg and its role in ooplasmic segregation. J. Cell
fertilization: Resorption of the mosaic Biol. 110: 1589-1598. Tombes, R. M. and Shapiro, B. M. 1985.
membrane. Dev. Biol. 70: 306-326. Metabolite channeling: A phosphocreatine
Steinhardt, R. A. and Epel, D. 1974. Activation
shuttle to mediate high-energy phosphate
SeGall, G. K. and Lennarz, W. J. 1979. Chemical of sea urchin eggs by a calcium ionophore. Proc.
transport between sperm mitochondrion and tail.
characterization of the component of the jelly Natl. Acad. Sci. USA 71: 1915-1919.
Cell 41: 325-334.
coat from sea urchin eggs responsible for
Steinhardt, R., Zucker, R. and Schatten, G. 1977.
induction of the acrosome reaction. Dev. Biol. Turner, P. R., Jaffe, L. A. and Fein,A. 1986.
Intracellular calcium release at fertilization in
71: 33-48. Regulation of cortical vesicle exocytosis in sea
the sea urchin egg. Dev. Biol. 58: 185-196.
urchin eggs by inositol 1,4,5-trisphosphate and
Shen, S. S. and Buck, W. R. 1990. A synthestic
Storey, B. T. 1995. Interactions between gametes GTP-binding protein. J. Cell Biel. 102: 70-76.
peptide of the pseudosubstrate domain of protein
leading to fertilization: The sperm’s eye view.
kinase C blocks cytoplasmic alakalinization du- Turner, P. R., Jaffe, L. A. and Primakoff, P.
Reprod. Fert. Dev. 7: 927-942.
ring activation of the sea urchin egg. Dev. Biol. 1987. A cholera toxin-sensitive G-protein
140: 272-280. Suarez, S. S. and Dai, X. 1995. Intracellular stimulates exocytosis in sea urchin eggs. Dev.
calcium reaches different levels of elevation in Biol. 120: 577-583.
Shen, S. S. and Burgart, L. J. 1986. 1,2-
hyperactivated and ac rosome-reacted hamster
Diacylglycerols mimic phorbol 12-myristate 13- Uzzell, T. M. 1964. Relations of the diploid and
sperm. Mol. Reprod. Dev. 42: 325-333.
acetate activation of the sea urchin egg. J. Cell. triploid species of the Ambystoma jeffersonia-
Physiol. 127: 330-340. Suarez, S. S., Katz, D. F., Owen, D. H., Andrew, J. num complex. Copeia 1964: 257-300.
B. and Powell, R. L. 1991. Evidence for the
Shen, S. S. and Steinhardt, R. A. 1978. Direct Vacquier, V D. 1979. The interaction of sea
function of hyperactivated motility in sperm.
measurement of intracellular pH during meta- urchin gametes during fertilization. Am.
Biol. Reprod. 44: 375-381.
bolic depression of the sea urchin egg. Nature Zool. 19: 839-849.
272: 253-254. Summers, R. G. and Hylander, B. L. 1974. An
Vacquier, V. D. and Moy, G. W. 1977. Isolation
ultrastructural analysis of early fertilization in
Shilling, F. M., Carroll, D. J., Muslin, A. J., of bindin: The protein responsible for adhesion
the sand dollar, Echinarachnius parma. Cell Tiss.
Escobodo, J. A., Williams, L. T. and Jaffe, L. A. of sperm to sea urchin eggs. Proc. Natl. Acad.
Res. 150: 343-368.
1994. Evidence for both tyrosine kinase and G- Sci. USA 74: 2456-2460.
protein-coupled pathways leading to starfish egg Summers, R. G. and Hylander, B. L. 1975. Vacquier, V. D. and Payne, J. E. 1973. Methods
activation. Dev. Biol. 162: 590-599. Species-specificity of acrosome reaction and for quantitating sea urchin sperm in egg binding.
Shimomura, H., Dangott, L. J. and Garbers, primary gamete binding in echinoids. Exp. Cell Exp. Cell Res. 82: 227-235.
D. L. 1986. Covalent coupling of a resact Res. 96: 63-68.
Vacquier, V. D., Tegner, M. J. and Epel, D.
analogue to guanylate cyclase. J. Biol. Chem. Summers, R. G., Hylander, B. L., Colwin L H. 1973. Protease release from sea urchin eggs
261: 15778-15782. and Colwin, A. L. 1975. The functional anatomy at fertilization alters the vitelline layer and
Shur, B. D. and Hall, N. G. 1982a. Sperm surface of the echinoderm spermatozoon and its inte- aids in preventing polyspermy. Exp. Cell Res.
galactosyltransferase activities during in vitro raction with the egg at fertilization. Am. Zool. 80: 111-119.
capacitation. J. Cell Biol. 95: 567-573. 15: 523-551.
Vincent, J. P., Oster, G. F. and Gerhart, J. C.
Shur, B. D. and Hall, N. G. 1982b. A role for Surani, M. A. H. and Barton, S. C. 1983. Deve- 1986. Kinematics of gray crescent formation in
mouse sperm surface galactosyltransferase in lopment of gynogenetic eggs in the mouse: Im- Xenopus eggs. The displacement of subcortical
sperm binding for the egg zona pellucida. J. Cell plications for parthenogenetic embryos. Science cytoplasm relative to the egg surface. Dev. Biol,
Biol. 95: 574-579. 222: 1034-1036. 113: 484-500.
Shur, B. D. and Neely, C. A. 1988. Plasma Surani, M. A. H., Barton, S. C. and Norris, M. L. Visconti, P. E., Bailey, J. L., Moore, G. D., Pan, D.,
membrane association, purification, and 1986. Nuclear transplantation in the mouse: Olds-Clarke, P. and Kopf, G. S. 1995a. Capacitation
partial characterization of mouse sperm β Hereditable differences between parental of mouse spermatozoa I. Correlation between
1,4-galactosyltransferase. J. Biol. Chem. genomes after activation of the embryonic capacitation state and protein tyrosine phospho-
263: 17706-17714. genome. Cell 45: 127-136. rylation. Development 121: 1129-1137.
CAPÍTULO 4 Fertilização: Iniciando um novo organismo 165
Visconti, P. E. and seven others. 1995b. Whitaker, M. and Irvine, R. F. 1984. Inositol Xu, Z., Kopf, G. S. and Schultz, R. M. 1994.
Capacitation of mouse spermatozoa II. Protein 1,4,5-triphosphate microinjection activates sea Involvement of inositol-1,4,5-trisphospha-
tyrosine phosphorylation and capacitation are urchin eggs. Nature 312: 636-639. te-mediated Ca 2+ release in early and late
regulated by a cAMP-dependent pathway. De- events of mouse egg activation. Develop-
velopment 121: 1139-1150. Whitaker, M. and Steinhardt, R. 1982. Ionic ment 120: 1851-1859.
regulation of egg activation. Q. Rev. Biophys.
von Kolliker, A. 1841. Beiträge zur Kenntnis 15: 593-666. Yanagimachi, R. 1994. Mammalian fertilizati-
der Geschlectverhdltnisse und der Samenflüssi- on. In E. Knobil and J. D. Neill (eds.), The
gkeit wirbelloser Thiere, nebst einem Versuch Wilcox, A. J., Weinberg, C. R. and Baird, D. D. Physiology of Reproduction, 2nd Ed. Raven
Über Wesen und die Bedeutung der sogenannten 1995. Timing of sexual intercourse in relation Press, NY.
Samenthiere, Berlin. to ovulation: Effects on the probability of con-
ception, survival of pregnancy, and the sex of Yanagimachi, R. and Noda, Y. D. 1970.
Ward, C. R. and Kopf, G. S. 1993. Molecular Electron microscope studies of sperm
the baby. N. Engl. J. Med. 333: 1517-121.
events mediating sperm activation. Dev. Biol. incorporation into the golden hamster egg.
158: 9-34. Williams, C. J., Schultz, R. M. and Kopf, G. S. Am. J. Anat. 128: 429-462.
1992. Role of G proteins in mouse egg activation:
Ward, G. E., Brokaw, C. J., Garbers, D. L. and Yirn, D. L., Opresko, L. K., Wiley, H. S. and
Stimulatory effects of acetylcholine on the ZP2
Vacquier, V. D. 1985. Chemotaxis of Arbacia Nuccitelli, R. 1994. Highly polarized EGF re-
to ZP2f conversion and pronuclear formation ceptor tyrosine kinase activity initiates egg
punctulata spermatozoa to resact, a pepticle from in eggs expressing a functional ml muscarinic
the egg jelly layer. J. Cell Biol. 101: 2324-2329. activation in Xenopus. Dev. Biol. 162: 41-55.
receptor. Dev. Biol. 151: 288-296.
Wassarman, P. 1987. The biology and chemistry Yoshida, M., Inabar, K. and Morisawa, M. 1993.
Wilson, W. L. and Oliphant, G. 1987. Isolation Sperm chemotaxis during the process of fertili-
of fertilization. Science 235: 553-560. and biochemical characterization of the subunits zation in the ascidians Ciona savignyi and Ciona
Wassarman, P. M. 1989. Fertilization in mam- of the rabbit sperm acrosome stabilizing factor. intestinalis. Dev. Biol. 157: 497-506.
mals. Sci. Am. 256(6): 78-84. Biol. Reprod. 37: 159-169.
Zeng, Y., Clark, E. N. and Florman, H. M.
Watanabe, N., Hunt, T., Ikawa, Y. and Sagata, Winkler, M. M., Steinhardt, R. A., Grainger, J. 1995. Sperm membrane potential: Hyper-
N. 1991. Independent inactivation of MPF and L. and Minning, L. 1980. Dual ionic controls polarization during capacitation regulates
cytostatic factor (Mos) upon fertilization of for the activation of protein synthesis at ferti- zona pellucida-dependent acrosomal secre-
Xenopus eggs. Nature 352: 247-249. lization. Nature 287: 558-560. tion. Dev. Biol, 171: 554-563.
CAPÍTULO 5 Clivagem: Criando multicelularidade 167
167
168 PARTE II Padrões de Desenvolvimento
Figura 5.1
Formação de novas células du- Clivagem Gastrulação
rante o desenvolvimento preco-
Horas a 150C
Simetria
Padrão de clivagem Posição do vitelo de clivagem Animais representativos
A holotúria, Synapta
A clivagem padrão da holotúria, Synapta digita, é ilustrada na Figura 5.2. Após a
união dos pronúcleos, o eixo da primeira haste mitótica é formado perpendicularmen-
te ao eixo animal-vegetal do ovo. Para esse fim, o primeiro sulco da clivagem passa
diretamente através dos pólos animal e vegetal, criando duas células filhas do mesmo
tamanho. Essa clivagem é conhecida como meridional porque passa pelos dois pólos
como um meridiano no globo. Os sulcos da segunda clivagem estão no ângulo reto
dos sulcos da primeira clivagem, mas continuam perpendiculares ao eixo animal-ve-
getal do ovo. Os dois sulcos da clivagem aparecem simultaneamente em ambos
blastômeros e também passam pelos dois pólos. Dessa maneira, as primeiras duas
divisões são, ao mesmo tempo, meridional e perpendicular uma com a outra. A terceira
divisão é equatorial: as hastes mitóticas de cada blastômero estão agora em posição
170 PARTE II Padrões de Desenvolvimento
Pólo vegetal
Blástula oca
Metade Vegetal (aberta por corte) Pólo vegetal
Ouriço--do
Ouriço -Mar
do-Mar
O ouriço-do-mar também apresenta clivagem holoblástica radial, mas com algumas
importantes modificações. A primeira e a segunda clivagem são similares as da
Synapta; ambas são meridionais e perpendiculares em relação a outra. Similarmen-
te, a terceira clivagem é equatorial, separando os dois pólos um do outro (Figura
5.3). Na quarta clivagem, no entanto, os eventos são bem diferentes. As quatro
células da camada animal se dividem meridionalmente em oito blastômeros, cada
qual com o mesmo volume. Essas células são chamadas mesômeros. A camada
vegetal, no entanto, sofre uma clivagem equatorial desigual para produzir no pólo
vegetal quatro células grandes, os macrômeros, e quatro pequenas, os micrômeros
(Figura 5.4; Summers et al., 1993). Assim que a célula com 16 embriões clivar, os
oito mesômeros se dividem para formar duas camadas “animais”, an1 e an2, uma se
equilibrando em cima da outra. Os macrômeros se dividem meridionalmente, for-
mando uma camada de oito células abaixo de an2. Os micrômeros também se divi-
dem, produzindo um pequeno grupo abaixo da camada maior. Todos os sulcos de
clivagem da sexta divisão são equatoriais; a sétima clivagem é meridional, produzin-
do uma blástula com 128 células.
CAPÍTULO 5 Clivagem: Criando multicelularidade 171
veg1
veg2
Metade vegetal
Micrômeros Macrômeros
Figura 5.4
Formação de micrômeros durante a quarta di-
visão de embriões de ouriços-do-mar. Os pó-
los vegetais dos embriões são visualizados por
baixo. (A) A localização e orientação do fuso
mitótico na parte baixa das células vegetais
são visualizadas com luz polarizada no em-
brião vivo. (B) A clivagem através desses fu-
sos, colocados assimetricamente, produziu mi-
crômeros e macrômeros. (de Inoué, 1982, cor-
(A) (B) tesia de S. Inoué.)
172 PARTE II Padrões de Desenvolvimento
Cílio
Blastocele
Figura 5.5
Blástulas de ouriço-do-mar. (A) Esquema de um corte controle através de uma blástula precoce
de ouriço-do-mar, mostrando uma camada única de células arredondadas rodeando uma grande
blastocele. (B) Com a contínua divisão, as células da blástula tardia mostram diferenças de forma
à medida que as células da placa vegetal se alongam, (C) Junções apertadas (flecha) formando–
se entre células de uma blástula de equinodermo com 1024 células. (A e B segundo Giudice,
1973; C de Dan-Sohkawa e Fujisawa, 1980, cortesia dos autores.)
algum tempo após a fertilização, que direcionam os fusos formados para uma certa
direção; (2) deve haver material formador de micrômero no citoplasma vegetal; e (3)
deve haver algum mecanismo pelo qual o material formador de micrômeros seja ativa-
do no tempo correto (Hörstadius,1973).
No desenvolvimento do ouriço-do-mar, o estágio de blástula começa na fase de
128 células. Nesse estágio, as células formam uma esfera oca circundando a blastocele
central (Figura 5.5A,B). Nessa altura, todas as células são do mesmo tamanho, os
micrômeros tendo diminuída sua divisão celular e clivando menos freqüentemente.
Toda a célula está em contato com o fluido proteináceo da blastocele e com a camada
hialina dentro do envoltório de fertilização. Durante esse tempo, os contatos entre as
células são estreitados. Dan-Sohkawa a Fujisawa (1980) analisaram esse método em
embriões de estrela-do-mar e mostraram que o fechamento da cavidade esférica é
contemporânea com a formação de junções apertadas entre os blastômeros. Essas
junções unem as células frouxamente conectadas num tecido epitelial onde a blastocele
é isolada do ambiente externo (Figura 5.5C). Dando prosseguimento a sua divisão, a
camada celular é expandida e se afina. Durante esse período, a blástula permanece
como uma camada unicelular grossa.
Duas teorias surgiram para explicar a concomitante proliferação de células e
formação da blastocele. Dan (1960) conjeturou que o motivo maior dessa expan-
são é o influxo de água na cavidade da blastocele. Já que o blastômero secreta
proteína na blastocele, seu fluido torna-se espesso. Esse fluido absorve grandes
quantidades de água por osmose, exercendo pressão nos blastômeros para se ex-
pandirem. Essa pressão também alinha o longo eixo de cada célula para que a
divisão nunca seja para dentro da blastocele. Isso criaria uma expansão adicional
fazendo com que a população fosse orientada somente para um plano. Wolpert e
Gustafson (1961) e Wolpert e Mercer (1963) propuseram que a pressão da
blastocele não é necessária para se conseguir esse efeito. Eles enfatizaram o papel
de adesividade das células entre si e a camada hialina. Eles mostraram que en-
quanto permanecessem fortemente atracadas na camada hialina, as células não
têm alternativa a não ser a de se expandir. Essa expansão cria a blástula ao invés
do contrário. Certamente, a camada hialina é vital para expansão da blastocele, e
se a adesão de células da camada hialina é inibida por anticorpos para a hialina,
então a expansão da blastocele cessa (Adelson e Humphreys, 1988). Em um tra-
balho recente (Ettensohn e Ingersoll, 1992) concluíram que é provável que ambos
CAPÍTULO 5 Clivagem: Criando multicelularidade 173
Anfíbios
Clivagem na maioria dos embriões de rãs e salamandras é radialmente simétrica e
holoblástica, como na clivagem do equinodermo. O ovo do anfíbio, no entanto, con-
tém muito mais vitelo. Esse vitelo, que é concentrado no hemisfério vegetal, é um
impedimento à clivagem. Sendo assim, a primeira divisão começa no pólo animal e
vagarosamente se estende até a região vegetal (Figura 5.7). Na salamandra axolotle, o
sulco da clivagem se estende através do hemisfério animal a uma velocidade próxima
de 1mm/min. O sulco da clivagem seciona o crescente cinzento e depois diminui para
menos de 0.02-0.03mm/min ao se aproximar do pólo vegetal (Hara, 1977).
A Figura 5.8A é uma varredura no microscópio eletrônico, mostrando a primeira
clivagem em um ovo de rã. Podemos notar as dobras nos sulcos da clivagem e a
diferença entre os sulcos nos hemisférios animal e vegetal. A Figura 5.8B mostra que
enquanto o sulco da primeira clivagem ainda está tentando clivar o vitelo
citoplasmático do hemisfério vegetal, a segunda clivagem já começou próxima ao
pólo animal. Essa clivagem está em ângulos retos em relação à primeira, e é também
meridional. A terceira clivagem, como era de se esperar, é equatorial. No entanto,
por causa do vitelo vegetalmente colocado, esse sulco da clivagem em ovos anfíbios
é muito mais próximo do pólo animal. Ele divide o embrião de rã em quatro
blastômeros animais pequenos (micrômeros) e quatro grandes blastômeros
(macrômeros) na região vegetal. Essa clivagem holoblástica desigual estabelece duas Figura 5.6
regiões embrionárias principais: uma de divisão rápida de micrômeros, próxima ao Células ciliadas da blástula. Cada célula desen-
volve um único cílio. (Cortesia de W. J.
pólo animal, e outra de macrômeros, mais lenta (Figura 5.8C). Assim que a clivagem
Humphreys.)
progride, a região animal se torna abarrotada com numerosas células pequenas,
enquanto a região vegetal contém uma pequena quantidade de grandes macrômeros
carregados de vitelo (ver Figura 5.7).
Embriões anfíbios contendo de 16 a 64 células são freqüentemente chamados
mórulas (do Latim “amora”, da qual sua forma é vagamente reminiscente). No estágio
de 128 células a blastocele se torna aparente e o embrião é considerado uma blástula.
Figura 5.7
Clivagem de um ovo de rã. Sulcos de clivagem,
designados por números romanos, estão enu-
Crescente merados por ordem de aparecimento. (A, B)
Cinzento O vitelo vegetal impede a clivagem fazendo
(E) (F) (G) (H) com que a segunda divisão comece na região
Blastocele animal do ovo, antes da primeira divisão ter
dividido o citoplasma vegetal. (C) A terceira
divisão é deslocada em direção ao pólo animal.
(D-H) No final, o hemisfério vegetal contém
blastômeros mais longos e mais escassos que
os da metade animal. (Segundo Carlson, 1981.)
174 PARTE II Padrões de Desenvolvimento
Figura 5.9
Formação da blastocele num ovo de rã. (A)
Primeiro plano de clivagem mostrando uma
pequena fenda, que posteriormente se desen-
volve na blastocele. (B) embrião de oito célu-
las mostrando uma pequena blastocele (fle-
cha) na junção de três planos de clivagem. (de
Kalt, 1971, cortesia de M. R. Kalt.) (A) (B)
CAPÍTULO 5 Clivagem: Criando multicelularidade 175
(A) (B)
Figura 5.10
Depleção de EP-caderina mRNA no oócito de Xenopus, resultando na perda de adesão entre os
blastômeros e na obliteração da blastocele. Oligonucleotídeos antisense complementares à men-
sagem da EP-caderina foram injetados no embrião unicelular, prevenindo a expressão da EP-
caderina. A blastocele é obliterada em embriões depletados de EP-caderina, mas (B) não pelos
controles. (de Heasman et al., 1994; fotografia, cortesia de J. Heasman.)
Figura 5.12
Clivagem em espiral do molusco Trochus vista
do pólo animal (A) e de um lado (B). Em B,
as células derivadas do blastômero A estão
coloridas. Os fusos mitóticos, esquematizados o macrômero 1A se divide para formar o macrômero 2A e o micrômero 2a; e o micrômero
nos estágios precoces, dividem as células de- 1a se divide para formar mais dois micrômeros, 1a1 e 1a2. Mais clivagens irão produzir
sigualmente e em ângulo aos eixos vertical e
blastômeros 3A e 3a a partir do macrômero 2A; e micrômeros, como por exemplo o 1a2,
horizontal.
se dividem para produzir células tais como as 1a21 e 1a22.
A orientação da clivagem plana para a esquerda ou para a direita é controlada por
fatores citoplasmáticos dentro do oócito. Isso foi descoberto analisando mutações da
espiral do caracol. Alguns caracóis têm sua espiral aberta à direita da concha, enquan-
to outros têm sua abertura para à esquerda. Normalmente, a rotação da espiral é a
mesma para todos os membros de uma determinada espécie. Todavia, ocasionalmen-
te, ainda são encontrados mutantes. Exemplificando, em espécies em que a espiral
abre para a direita, serão encontrados alguns indivíduos com a abertura espiral para a
esquerda. Crampton (1984) analisou os embriões desses caracóis aberrantes e obser-
vou que sua clivagem precoce difere da normal.
Figura 5.13
Clivagem espiral do caracol Ilyanassa. O blas-
tômero D é maior que os outros, permitindo a
identificação de cada célula. A clivagem é dextra.
(A) estágio de 8 células. PB é o corpo polar.
(B) Metade da quarta clivagem; os macrômeros
já se dividiram em células grandes e pequenas
orientadas espiralmente. (de Craig e Morrill,
1986, cortesia dos autores.)
CAPÍTULO 5 Clivagem: Criando multicelularidade 177
Figura 5.14
Olhando do pólo animal de caracóis enrolados para a direita e para a esquerda. A origem do
enrolamento para direita e para a esquerda do caracol pode ser reconhecida pela orientação do
fuso mitótico na segunda clivagem. Os caracóis sinistrogiros e dextrogiros se desenvolvem como
imagens espelhares uma da outra. (Segundo Morgan, 1927.)
A orientação das células após a segunda clivagem estava diferente (Figura 5.14),
graças a uma orientação diferente do aparelho mitótico nos caracóis com enrolamento
sinistrogiro. Todas as subseqüentes divisões em embriões de espiral para a esquerda
são imagens espelhares daqueles embriões com espirais dextras. Na Figura 5.14, pode-
mos notar que a posição do blastômero 4d (o qual é muito importante, já que sua
progênie irá formar os órgãos mesodérmicos) é diferente nos dois tipos de espirais
dos embriões. Geralmente, os dois caracóis são formados com seus corpos em lados
diferentes da abertura da espiral.
A direção da abertura na espiral da concha do caracol é controlada por um único
par de genes (Sturtevant, 1923; Boycott et al., 1930). No caracol Limnaea peregra a
maioria dos indivíduos são espiralados para a direita. Raros mutantes, exibindo aber-
tura esquerda, foram encontrados e acasalados com caracóis tipo-selvagem. Esses
acasalamentos mostraram que existe um alelo D “dextrogiro” que é dominante em
relação ao alelo d “sinistrogiro”. No entanto, a direção da clivagem não é determinada
pelo genótipo do caracol em desenvolvimento, mas pelo genótipo da mãe do caramujo.
Caramujo fêmea do tipo dd pode produzir somente herdeiros de espiral sinistra, mes-
mo quando o genótipo dos herdeiros é Dd. Um indivíduo Dd irá se espiralar tanto
para a direita quanto para a esquerda dependendo do genoma de sua mãe. Esses cru-
zamentos produzem o seguinte quadro:
178 PARTE II Padrões de Desenvolvimento
*Não se preocupe, daremos no Capítulo 16 mais informações sobre embriões de moluscos com
blastômeros de tamanhos desiguais.
Informações adicionais
& Especulações
ras ou barbatanas dos peixes que por ali Figura 5.16 Peixe falso sobre o molusco
estiverem passando. Elas “pegam uma ca- unionídeo lampsilis ventricosa. O “peixe” é,
rona” com o peixe até estarem prontas para na verdade, a bolsa da cria e o manto do
cair e, através de metamorfose, transformar- molusco. (Fotografia, cortesia de J. H. Welsh.)
se em moluscos adultos. Dessa maneira,
podem se espalhar correnteza acima. imitam o comportamento e a forma de pe-
Em algumas espécies, as gloquídias são quenos peixes nadando. Para tornar a ilu-
liberadas da bolsa de criação da fêmea e são mais completa, desenvolveram uma
meramente aguardam um peixe passar. Ou- mancha preta em forma de olho (ocelo) de
tras espécies, tal como a Lampsilis ventri- um lado e uma nadadeira do outro. O “pei-
cosa, aumentaram as chances de suas lar- xe” visto na Figura 5.16 não é um peixe real,
vas encontrarem um peixe realizando outra mas sim a bolsa de criação e o manto abaixo
modificação no seu desenvolvimento dela. Quando o peixe que estiver ao alcance
(Welsh, 1969). Muitos moluscos desenvol- for atraído, o molusco despeja as gloquídias
vem um manto fino e saliente em volta da da bolsa de criação. Dessa maneira, a modi-
concha circundando a bolsa de criação. Em ficação de padrões de comportamentos já
alguns unionídeos, a forma da bolsa de cri- existentes permitiram moluscos unionídeos
ação (marsúpio) e as ondulações do manto sobreviver em ambientes hostis.
Ectoderma
Ectoderma
neural
Músculo
Notocorda
Mesênquima
Endoderma
Estágio de 2 células
Zona pelúcida
Útero
Primeira clivagem
Figura 5.18 Oviduto
Desenvolvimento de um embrião humano des-
de a fertilização até a implantação. A compac- Mórula
tação em embriões humanos ocorre no dia 4,
quando ele está no estágio de 10 células. O ovo Blastocisto
“eclode” da zona quando alcança o útero, e é Ovário
provável que a zona evite a adesão das células Estágio precoce Fertilização
em clivagem de se colarem ao oviduto, em lu- da implantação
Ovulação
gar de viajar para o útero. (Segundo Tuchmann-
Duplessis et al., 1972.)
CAPÍTULO 5 Clivagem: Criando multicelularidade 181
Compactação
Talvez a diferença mais crucial entre a clivagem de mamífero e todos os outros tipos
envolva o fenômeno da compactação. Como mostra a Figura 5.20, blastômeros mamí-
feros, atravessando o estágio de 8 células, formam um arranjo solto com espaço sufi-
ciente entre eles. Seguindo a terceira clivagem, no entanto, os blastômeros passam
(A) (B) (C )
Figura 5.20
Clivagem de um único embrião de camundon-
go in vitro. (A) estágio de 2 células. (B) estágio
de 4 células. (C) início do estágio de 8 células.
(D) Estágio de 8 células compactado. (E)
Mórula. (F) Blastocisto. (de Mulnard, 1967,
(D) (E) (F) cortesia de J. G. Mulnard.)
182 PARTE II Padrões de Desenvolvimento
(A) (B)
Figura 5.21
Micrografia ao microscópio eletrônico de embriões de camundongos de 8 células. (A) não-
compactados e (B) compactados. (Cortesia de C. Ziomek.)
(A) Estágio precoce de 8 células: não-polar, porém com efeitos de contato local Figura 5.22
Compactação e formação do blastocisto de
camundongo. (A,B) embrião de 8 células, (C)
mórula de 16 células, (D) blastocisto de 32
células. O lado esquerdo representa o organis-
mo inteiro ou sua visão em corte. O lado direi-
to detalha as mudanças associadas com o ama-
durecimento do trofoblasto. (Figuras à direita
segundo Fleming, 1992.)
Apical
Junções apertadas
Lateral
Basal
(C) 16 células:
Adesão basolateral intensificada, laminina, cingulina, mitocôndria, vesículas lipídicas.
Basal: lisossomos, Golgi
Junções apertadas
entre células exteriores
Junções de fendas
entre células interiores
Microvilosidades
Massa celular
interna (ICM)
Blastocele
Trofoblasto
Figura 5.23
Implantação de blastocistos de mamíferos
no útero. (A) Blastocistos de camundongo
entrando no útero. (B) Implantação inicial
do blastocisto no útero de um macaco
Rhesus. (A de Rugh, 1967; B cortesia da
Carnegie Institution of Washington, Chester
Reather, fotógrafo.)
(A) (B)
Informações adicionais
& Especulações
* As células internas mostraram virem mais freqüentemente da primeira célula a se dividir no estágio
de 2 células. Essa célula normalmente produz o primeiro par de blastômeros a alcançar o estágio de 8
células, e essas células se dividem de tal modo que elas estão soltas dentro dos blastômeros agregados
(Graham e Kelly, 1977).
186 PARTE II Padrões de Desenvolvimento
Informações adicionais
& Especulações
Âmnio
(A)
2 Âmnios
Massa celular interna
1 Cório
(B)
2 Âmnios
Embrião
bicelular
Blastocele
1 Cório
(C)
1 Âmnio
Cório
Figura 5.27
Diagrama mostrando a relação entre a formação de gêmeos monozigóticos humanos e as mem-
branas extra-embrionárias. (A) A cisão ocorre antes da formação da trofectoderma, de modo que
cada gêmeo tem o seu próprio cório e âmnio. (B) A cisão ocorre após a formação da trofectoderma,
porém, antes da formação do âmnio, resultando em gêmeos que têm sacos amnióticos individu-
ais, porém, compartilhando um cório. (C) Cisão após a formação do âmnio conduz a gêmeos em
um saco amniótico, e um único cório. (Segundo Langman, 1981.)
dongos quiméricos são o resultado de duas humanos podem formar quimeras (de la Além disso, eles mostraram que cada um
ou mais clivagens precoces (normalmente Chappelle et al.,1974; Mayr et al.,1979). Es- dos três embriões deram origem a precur-
4- ou 8-células) de embriões que foram agre- ses indivíduos têm dois tipos de células di- sores dos gametas. Quando um quiméri-
gados artificialmente para formar um embrião ferentes (XX e XY) dentro do mesmo cor- co (preto/marrom/branco) fêmea de ca-
composto. Como é mostrado na Figura po, cada uma com o seu conjunto de carac- mundongo acasalava com um macho de
5.28A, as zonas pelúcidas de dois embriões terísticas genéticas. A explicação mais sim- pelugem de cor branca (recessivo), a ni-
geneticamente diferentes são removidas e ples para tal fenômeno é que esses indiví- nhada era um de cada cor.
os embriões são unidos para formar um duos resultaram da agregação de dois em- De acordo com nossas observações
blastocisto em comum. Esses blastocistos briões, um macho e outro fêmea, que esta- sobre formação de gêmeos e camundon-
preparados são implantados no útero da mãe vam se desenvolvendo ao mesmo tempo. gos quiméricos, cada blastômero da mas-
adotiva. Quando nascem, os descendentes Se essa explicação estiver correta, então dois sa celular interna deve ser capaz de pro-
quiméricos têm algumas células de cada em- gêmeos fraternos se fundem para criar um duzir qualquer célula do corpo. Essa hi-
brião. Isso é prontamente observado quan- único indivíduo composto. pótese tem sido confirmada, e terá impor-
do os blastômeros agregados vêm de uma Markert e Petters (1978) mostraram que tantes conseqüências no estudo do de-
linhagem que difere na cor da pelugem. embriões precoces de 8-células podem se senvolvimento dos mamíferos.
Quando blastômeros de linhagem preta e unir para formar uma mórula compactada Quando as massas celulares internas
branca são agregados o resultado é normal- comum (Figura 5.29) e que o camundon- são isoladas e crescem sob certas condi-
mente um camundongo malhado (Figura go resultante pode ter a cor da pelugem ções, permanecem indiferentes e continu-
5.28B). Existe até evidência que embriões de três linhagens diferentes (prancha 21). am a se dividir em cultura (Evans e Kaufman,
188 PARTE II Padrões de Desenvolvimento
(B)
(C )
Figura 5.29
Agregação e compactação de três embriões de ca-
mundongo, no estágio de 8 células, para formar um
única mórula compactada. Células de três diferen-
tes embriões (A) são agregadas para formar uma
mórula (B) que sofre compactação para formar um
blastocisto único (C). O camundongo quimérico re-
sultante é mostrado na Prancha 21. (de Markert e
Petters, 1978, cortesia de C. Markert.)
Clivagem Meroblástica
Como já foi mencionado anteriormente, concentrações de vitelo cumprem um papel
importante na clivagem celular. Em parte alguma isso está tão aparente como nos tipos
de clivagem meroblástica. Aqui, as grandes concentrações de vitelo proíbem a clivagem
no seu todo, exceto em uma pequena porção do citoplasma do ovo. Na clivagem
CAPÍTULO 5 Clivagem: Criando multicelularidade 189
Clivagem discoidal
Clivagem discoidal é uma característica de aves, peixes e répteis.
AVES. A Figura 5.30 mostra a clivagem de um ovo de ave. A massa do oócito é Sulcos de clivagem
tomada pelo vitelo, permitindo que a clivagem ocorra somente no blastodisco, uma
região de citoplasma ativo de aproximadamente 2-3mm de diâmetro no pólo animal
do ovo. Porque essas clivagens não se estendem para o vitelo citoplasmático, as
células da clivagem precoce são, na realidade, contínuas nas suas bases. O primeiro
sulco de clivagem aparece centralizado no blastodisco, e outras clivagens se seguem
para criar um blastoderma de camada única. Num primeiro instante, essa camada
celular está incompleta, já que as células permanecem contínuas ao vitelo subjacente.
Daí por diante, clivagens equatoriais e verticais dividem o blastoderma em um teci-
do de cinco a seis camadas celulares. Essas células permanecem ligadas com jun-
ções apertadas (Bellairs et al.,1975; Eyal-Giladi, 1991). Entre o blastoderma e o
vitelo existe um espaço chamado cavidade subgerminal, criado quando uma célula
blastodérmica absorve fluido da albumina (“branco do ovo”) e secreta-o entre si e o
vitelo (New, 1956). Nesse estágio, as células mais profundas do centro do blastoderma
são descartadas para criar uma zona pelúcida unicelular (as células descartadas
Blastoderma
parecem morrer). O anel periférico das células blastodérmicas que não são descarta-
das constituem a zona opaca.
Quando uma galinha se considera pronta para botar um ovo, o blastoderma já
contém 60.000 células. Algumas dessas células são delaminadas em cavidades
subgerminais para formar uma segunda camada (Figura 5.31). Dessa maneira, logo
após a galinha ter botado o ovo, esse contém duas camadas de células: a superior
epiblasto e a inferior hipoblasto. Entre elas está a blastocele. Detalharemos a forma- Figura 5.30
ção do hipoblasto no próximo capítulo. Clivagem discoidal em um ovo de galinha,
vista do pólo animal. Os sulcos de clivagem
PEIXES. Nos últimos anos, o peixe zebra, Danio rerio, se tornou o organismo favo- não penetram no vitelo, e é produzido um
rito para quem deseja estudar o desenvolvimento dos vertebrados. Esses peixes têm blastoderma formado por uma única camada
grandes crias, procriam o ano inteiro, são facilmente mantidos, têm embrião transpa- de células.
rente que se desenvolve fora da mãe (uma característica importante para a microscopia),
e pode ser criado para que mutantes possam ser protegidos e propagados. Ademais,
eles se desenvolvem rapidamente, para que 24 horas após a fertilização, o embrião já
tenha formado a maior parte de seus tecidos e órgãos primordiais, apresentando como
característica a forma semelhante ao girino (veja Granato e Nüsslein-Volhard, 1996;
Langeland e Kimmel, 1997).
Os ovos de peixes com muito vitelo desenvolvem-se similarmente aos das aves,
Figura 5.31
com a divisão celular ocorrendo somente no blastodisco do pólo animal. Observa-
Formação de um embrião do pinto com duas
ções da clivagem de ovos de peixe através de micrografia ao microscópio eletrônico camadas. Essa seção sagital próxima à margem
posterior, mostra uma camada superior con-
sistindo de um epiblasto central que irá entrar
nas células da foice de Koller (ks) e na zona
marginal posterior (mz). Certas células do epi-
blasto caem (delaminam) da camada superior
para formar ilhas de polinvaginação (pi) com 5
a 20 células cada. Essas células serão acresci-
das por aquelas células hipoblásticas (hyp)
que migraram anteriormente da foice de Koller
para formar a camada inferior (hipoblástica).
(Sc é a cavidade subgerminal; gwm é a margem
da parede germinal). (de Eyal-Giladi et al.,
1992, cortesia de H. Eyal-Giladi.)
190 PARTE II Padrões de Desenvolvimento
(D)
Figura 5.32
Clivagem discoidal em um peixe-zebra, cri-
ando uma região celular acima do vitelo den- (E) (F)
so. Em (A), BD significa a região do
blastodisco. (de Beams e Kessel, 1976, cor-
tesia dos autores.)
de varredura mostram, de uma bela maneira, a natureza incompleta da clivagem
discoidal (Figura 5.32). Como nos embriões de anfíbios e de ouriços-do-mar, divi-
sões com clivagens precoce seguem um padrão altamente reprodutível de clivagem
meridional e equatorial. Essas divisões são rápidas, com periodicidade de aproxima-
damente 15 minutos cada. As primeiras 12 divisões ocorrem sincronicamente, for-
mando um monte celular situado no pólo animal de uma grande célula de vitelo.
Inicialmente, todas as células mantêm conexões abertas umas com as outras e com a
célula de vitelo subjacente para que células de tamanho moderado (17-kDa) passem
livremente de um blastômero ao outro (Kimmel e Law, 1985). Começando por vol-
ta da décima divisão, pode ser detectado o início da transição da blástula intermedi-
ária: começa a transcrição do gene zigótico, desaceleração das divisões celulares e o
movimento celular é evidente (Kane e Kimmel, 1993).
Neste ponto, duas populações de células podem ser distinguidas. A primeira é a
camada de vitelo sincicial (YSL). A YSL é formada no nono ou décimo ciclo, quan-
do as células da parte vegetal do blastoderma se fundem com a célula do vitelo adja-
cente. Isso produz um anel de núcleos com essa parte do citoplasma da célula do
vitelo localizado bem embaixo do blastoderma. Expandindo vegetalmente, o
blastoderma envolve a célula do vitelo, parte do vitelo sincicial se moverá para baixo
do blastoderma, para formar a YSL interna e parte dos núcleos se moverá vegetalmente,
ficando à frente da margem do blastoderma, para formar a YSL externa (Figura 5.33A,B).
A função da YSL ainda não foi esclarecida.
A segunda população celular distinguida na transição da blástula intermediária é a
camada envolvente (EVL; veja Figura 5.33A). Essas são as células mais superficiais do
CAPÍTULO 5 Clivagem: Criando multicelularidade 191
(A) (B)
Camada
envolvente (EVL)
Blastoderma
Células
profundas
YSL interna
Núcleos
sinciciais
do vitelo
YSL externa
Microtúbulos
Célula do vitelo
Figura 5.33
(C) Pólo animal A blástula do peixe–zebra. (A) antes da gastrulação, células profun-
Nariz, das estão rodeadas pelo EVL. A superfície animal do vitelo é achatada
olho e contém os núcleos do YSL. Microtúbulos se estendem através do
citoplasma vitelínico e da região externa do YSL. (B) Estágio tardio de
Epiderme Cérebro
Ectoderma blástula, mostrando a YSL. Os núcleos dessas células são derivados
Crista neural Medula espinhal de células da margem do blastoderma, que liberou seus núcleos para o
Mesoderma citoplasma vitelínico. (C) Mapa do destino das células profundas
Somito do músculo Cabeça depois que a mistura de células cessou. A vista lateral é mostrada, e
Ventral Prônefron Dorsal
Sangue Nadadeiras Coração Músculo Notocorda não todos os destinos dos órgãos estão identificados (para clareza). O
Intestino Faringe Endoderma mapa é gerado injetando células com corante de alto peso molecular,
Fígado
Margem do blastoderma
determinando em seguida, quais órgãos as células carregadas de corante
geraram. (A e C segundo Langeland e Kimmel, 1996; B de Trinkaus,
1993, cortesia do autor.)
Célula do vitelo
Pólo vegetal
blastoderma, e a EVL é uma cobertura epitelial fina composta apenas de uma camada
de células. A EVL finalmente forma a periderme, uma proteção extra-embrionária co-
brindo o que se pensa ser descartado mais tarde durante o desenvolvimento.
Entre a EVL externa e a YSL interna estão as células profundas, das quais surgirá
o embrião propriamente dito. Os destinos das células blastodérmicas precoces não
estão determinados, e os estudos de linhagem celular (onde um corante fluorescente
não difusível é injetado em uma das células e os descendentes daquela célula podem
ser seguidos) mostram que existe muita mistura de células durante a clivagem. Além
do mais, qualquer célula pode dar origem a uma variedade imprevisível de descenden-
tes de tecido (Kimmel e Warga, 1987; Helde et al., 1994). O destino da célula
blastodérmica parece ser fixado pouco antes do começo da gastrulação. Nesse perío-
do, células em regiões específicas do embrião originam certos tecidos de uma maneira
altamente previsível, permitindo que um mapa do destino possa ser traçado (Figura
5.33C; Kimmel et al., 1990).
O processo pelo qual a célula contribui para o tecido envolve uma narrativa progressi-
va de possíveis destinos para o desenvolvimento de uma determinada célula. Esse com-
portamento pode ser observado em algumas das primeiras células a terem seu destino
estabelecido - as células precursoras do coração (Stainer et al., 1993; Lee et al., 1994).
192 PARTE II Padrões de Desenvolvimento
Núcleos
(enérgides)
Superfície do ovo
Fuso mitótico
Sulco de clivagem
Áster
Núcleo
Canal do sulco
Microtúbulos
Figura 5.36
Alongamento nuclear e celularização do blas-
toderma de Drosophila. (Segundo Fullilove e
Membrana vitelínica Jacobson, 1971.)
194 PARTE II Padrões de Desenvolvimento
Figura 5.37
Localização do citoesqueleto em volta de núcleos no blastoderma sincicial de Drosophila. Um
embrião de Drosophila entrando na prófase da décima-segunda divisão mitótica, foi secionado
e corado triplamente. (A) Os núcleos foram localizados por um corante que se liga ao DNA. (B)
Microfilamentos foram identificados usando anticorpo fluorescente para actina. (C) Microtú-
bulos foram reconhecidos por um anticorpo fluorescente para tubulina. Domínios do citoesque-
leto podem ser vistos em volta de cada núcleo. (de Karr e Alberts, 1986, cortesias de T. L. Karr.)
Informações adicionais
& Especulações
Exceções, Generalizações,
e Clivagem Parasítica da Vespa
O QUE CONSIDERAMOS “nor-
mal” e o que marginalizamos
como “exceções”, freqüentemen-
te reflete quais animais são mais acessí-
volvimento conhecem apenas o desenvol-
vimento de uma espécie: Drosophila me-
lanogaster. A Drosophila ganhou proe-
minência somente depois que se fez ne-
tro do ovo de uma outra espécie. Com o
desenvolvimento do ovo hospedeiro (nor-
malmente de uma mariposa), o mesmo acon-
tece com o ovo do parasita. No entanto,
veis para o estudo e mais facilmente do- cessário relacionar fenômenos embrioló- enquanto o ovo do hospedeiro começa o
mesticados para o laboratório. Não é ne- gicos com genes particulares. Em 1941, o seu desenvolvimento no padrão superfici-
cessário dizer, que isso não reflete neces- maior compêndio do desenvolvimento de al usual, o ovo da vespa divide holoblas-
sariamente as condições do mundo natu- insetos (Embriologia dos insetos e ticamente. Ademais, ao invés de diferenci-
ral. Pelo contrário, nossas discussões de Miriápodes, Johannsen e Butt) sequer ar o eixo do corpo, as células do embrião
desenvolvimento animal são freqüente- mencionava essa espécie em seu índice. parasita dividem-se repetidamente para se
mente dificultadas por certos organismos Insetos são um excepcionalmente bem- tornar uma massa de células não diferenci-
em particular. O desenvolvimento de anfí- sucedido e espalhado subfilo, não sendo adas chamadas poligerme. Em duas sema-
bios é geralmente representado pelo Xe- surpreendente encontrar uma grande vari- nas, a poligerme em crescimento fica
nopus laevis, e o camundongo e o ho- abilidade no seu desenvolvimento. O de- suspensa no hospedeiro, permanecendo
mem são os únicos mamíferos cujos de- senvolvimento da vespa parasita Copido- frouxamente atada ao cérebro e traquéia
senvolvimentos são usualmente estuda- somopsis tanytmemus difere marcadamente larvais (Figura 5.38A; Cruz, 1986a).
dos. Similarmente, embora haja mais de daquele da Drosophila canônica. Como Figura 5.38 Desenvolvimento de vespas
800.000 espécies de insetos conhecidas, muitas outras espécies parasitárias, a fê- parasitárias (Encyrtidae). (A) Clivagem
a maior parte dos biologistas do desen- mea C. tanytmemus deposita seu ovo den- holoblástica do ovo de Copidosomopsis
tanytmenus produz uma poligerme de células
não-diferenciadas. (B) Larvas precoces de um
Olho/cabeça da gênero relacionado, Pentalitomastix, atacam a
lagarta hospedeira larva de Trathala dentro do mesmo hospedei-
ro. A fotografia é de um hospedeiro recém-
aberto. (A segundo Cruz, 1986a; B de Cruz,
1981, cortesia de Y. Cruz.)
Mórula de Esôfago
4 dias
Corpo gorduroso
do hospedeiro
Ovo
(A)
Poligerme
Poligerme
precoce
(B)
Poligerme em expansão
196 PARTE II Padrões de Desenvolvimento
Com o crescimento, a poligerme se divi- reproduzem, morrendo assim que as larvas pulam (a maioria das vezes sobre o corpo
de em dúzias (às vezes milhares, dependen- normais se formam. Enquanto elas vivem, no do hospedeiro morto), acham um novo
do da espécie) de discretos grupos de célu- entanto, vão até o embrião hospedeiro ma- hospedeiro para depositar os seus ovos
las. Cada um desses grupos se torna um tando as larvas parasitas de outros indivídu- e morrem logo em seguida.
embrião! A vespa poliembrionária Copido- os (de espécies diferentes e de outros clones Tal ciclo de vida incomodava Charles
soma floridanum produz até 2000 indivídu- da mesma espécie). Em outras palavras, as Darwin, fazendo-o questionar o conceito de
os de um único ovo fertilizado (Grbic et al., larvas precoces são formas predatórias que uma divindade benigna conhecida por to-
1996). Essa habilidade que um ovo tem para eliminam possíveis competidores (Cruz, 1981, dos. Em 1860 ele escreveu ao biologista
se transformar em uma massa de células, 1986b; Grbic and Strand, 1992). americano Asa Gray: “Eu não consigo me
que rotineiramente forma numerosos embri- Com a morte das larvas precoces (e convencer de que o benevolente e onipo-
ões, é chamada de poliembrionia. (Poliem- suas presas), a larva normal emerge da tente Deus tenha planejado e criado a
brionia é característica de certos grupos de sua primeira mudança de pele, começa a Ichneumonidae com a expressa intenção
insetos e certas espécies de mamíferos, tais se alimentar vorazmente dos órgãos da delas se alimentarem dentro dos corpos vi-
como o tatu de nove bandas, cujos ovos larva hospedeira. Em 40 dias, a criação vos de lagartas”. No entanto, além de sua
formam quádruplos idênticos.) A maior par- parasita já se alimentou dos músculos do utilidade de provocar noções de descon-
te desses embriões de vespa parasita se de- hospedeiro, gordura corporal, gônadas, forto no que se refere a ordem natural e na-
senvolvem em larvas normais que levam glândulas de seda, intestinos, cordões tureza da “individualidade”, as vespas pa-
aproximadamente 30 dias para se desenvol- nervoso e hemolinfa, e o hospedeiro é um rasitas podem ter conseqüências econômi-
ver. Um grupo menor, de cerca de 10 pouco mais do que um saco de pele segu- cas importantes. Macrocentrus grandii é
porcento do número total de embriões, se rando cerca de 70 larvas pupantes de ves- uma vespa poliembrionária que parasita a
tornam larvas precoces (Figura 5.38B), que pa. Após outros 5 ou 6 dias, os novos broca Européia do milho. A habilidade de
se desenvolvem em uma semana. Elas não adultos perfuram o tegumento do hospe- um inseto se formar de um embrião por cli-
só se desenvolvem precocemente, como têm deiro e, em uma cena recordando o filme vagem holoblástica, deve também nos en-
muito pouca estrutura e não sofrem meta- Alien, provocam a abertura e a saída do corajar a apreciar a plasticidade da natureza,
morfose. São essencialmente um conjunto hospedeiro, literalmente por comer o seu desencorajando generalizações precipitadas
de mandíbulas móveis. Essas larvas não se corpo. Esses adultos freqüentemente co- sobre um completo subfilo de organismos.
■ MECANISMO DE CLIVAGEM
Regulando o ciclo da clivagem
O ciclo celular das células somáticas é funcionalmente dividido em quatro estágios
(Figura 5.39A). Após a mitose (M), temos o intervalo da pré-replicação (G1), em
seguida acontecendo a síntese do DNA (S). Após o período da síntese, temos o inter-
valo pré-mitótico (G2), seguido pela mitose. A progressão dessas fases é regulada por
fatores de crescimento. Em blastômeros de clivagem precoce, no entanto, a divisão
celular pode ser muito simples. Blastômeros precoces de ouriço-do-mar não têm G1
replicando o seu DNA durante a última parte (telófase) da mitose prévia (Hinegardner
et al., 1964). Os núcleos de Xenopus e Drosophila eliminaram as fases G1 e G2 duran-
te a clivagem precoce. (Embriões de Xenopus adicionam essas fases ao ciclo celular,
algum tempo após a décima segunda clivagem. Drosophila adiciona G2 durante o ciclo
14 e G1 durante o ciclo 17.) Nas primeiras 12 divisões, Xenopus divide-se sincronica-
mente em um ciclo celular bifásico: S para M e M para S (Figura 5.39B; Laskey et al.,
1977; Newport e Kirschner, 1982a).
Os fatores que regulam esse ciclo bifásico estão localizados no citoplasma. Oócitos
normais de Xenopus, quando aumentam, são detidos na primeira prófase meiótica. São
incapazes de se dividirem. Se os núcleos de células divididas forem transplantados
para esses oócitos, também param a divisão. Quando oócitos normais são estimulados
por progesterona, retomam sua divisão meiótica e param na metáfase da segunda
meiose. Se o núcleo de células não divididas (como neurônios) são colocados no
citoplasma de oócitos tratados com progesterona, também iniciam a divisão e param
CAPÍTULO 5 Clivagem: Criando multicelularidade 197
(A) (B)
Ciclina B
Ciclina D
Ciclina A
Ciclina E
Ciclina A
Figura 5.39
Ciclos celulares de células somáticas e blastômeros precoces. (A) Ciclo celular de uma célula
somática típica. A Mitose (M) é seguida por uma condição de “interfase”. Esse último período
é subdividido em fases G1, S (síntese) e G2. Células que estão se diferenciando são geralmente
“removidas” do ciclo celular e estão numa fase G1 estendida chamada G0. As ciclinas e suas
respectivas quinases, responsáveis para progressão através do ciclo celular, são mostradas no
seu ponto de regulação do ciclo celular. (B) Ciclo celular bifásico mais simples dos blastômeros
precoces de anfíbios, tendo somente dois estados, S e M. (A segundo Nigg, 1995.)
Informações adicionais
& Especulações
Degradação da ciclina
Mitose Mitose Mitose Mitose
Quinase ativa de Ciclo dirigido pela tradução de Ciclo dirigido pela cdc25/fosfatase de cordão
proteínas maternas nova ciclina de mRNA materno
(limita substrato)
Ciclo
Divisões nucleares
CAPÍTULO 5 Clivagem: Criando multicelularidade 199
em treonina-161 (T-161) e desfosforilada em xo MPF. A ciclina permite a subunidade ximo ciclo, o cordão mRNA materno é de-
tirosina-15 (Y-15). Ambas condições são quinase cdc2 tornar-se fosforilada nos re- gradado; se o núcleo não transcrever seu
importantes para a atividade da quinase síduos treonina-14 (T14), tirosina-15 (Y15) próprio cordão mRNA, as células não se
(Gould e Nurse, 1989; Solomon, 1993). e treonina-161 (Figura 5.40). A fosforilação dividirão. Edgard e O’Farrel (1989) mos-
no T-161 é necessária para a atividade do traram que aquelas células que se divi-
A maior subunidade do MPF: MPF, mas fosforilações nos T-14 e Y-15 a dem estão sintetizando a sua própria
Ciclina inibem. Dessa forma, quando fosforilada fosfatase cdc25, enquanto aquelas que
Então, como é regulado o MPF? Desde que nessas posições a quinase permanece ina- não são capazes de se juntar a esse ciclo,
a clivagem de Xenopus parecia ser regulada tiva, porém, potencialmente funcional. O não realizarão a divisão (Figura 5.41). Essa
por uma proteína similar àquela que regula a suprimento de moléculas MPF potencial- degradação e a necessidade de re-sinteti-
divisão celular da levedura, pensou-se que mente funcionais (pré-MPF) acumula du- zar essa proteína explicariam a mudança
qualquer regulador da proteína da levedura rante o período tardio de S. de controle citoplasmático para controle
teria contrapartida no embrião animal. Um nuclear da divisão como visto no ciclo 14.
dos principais reguladores da proteína MPF A Fosfatase cdc25: Em Drosophila, existe uma maturação
de levedura é o produto do gene cdc13, uma Iniciadora de Mitose desenvolvimental da regulação da quinase
proteína 56-kDa chamada p56cdc13. Esse gene A mitose se inicia com uma abrupta MPF ativa (veja Figura 5.40; Edgard et al.,
foi clonado, e a seqüência de sua proteína co- desfosforilação de todas essas subunidades 1994). Na ovulação, o complexo pré-MPF
dificada foi considerada muito semelhante às MPF quinase na posição 15. Isso é conse- armazenado no ovo é desfosforilado em T-
proteínas ciclina B encontradas em numero- guido pelo aparecimento da fosfatase cdc25 14 e Y-15 pelo recém-traduzido cordão
sos animais (Goebl e Byers, 1988; Solomon (Edgar e O’Farrell, 1989; Gautier et al., (cdc25) da proteína. Durante os primeiros
et al., 1988). As proteínas ciclina B em célu- 1991; Jessus e Beach, 1992; Lee et al., sete ciclos nucleares, o MPF ativo perma-
las em estágio de clivagem mostram um com- 1992). Dessa maneira, a acumulação gra- nece em níveis altos, e o núcleo divide-se
portamento periódico, acumulando duran- dual do MPF é convertida em uma breve tão rapidamente quanto as enzimas sinte-
te a fase S e sendo degradada durante a explosão de atividade quinase que inicia tizadoras de DNA permitem. Durante os
mitose (Evans et al., 1983; Swenson et al., a mitose. Essa fosfatase (que tem sido en- ciclos 8-13, a ciclina começa a ser degrada-
1986). Ciclinas são freqüentemente codifi- contrada em inúmeros organismos) é ela da na metáfase, levando a flutuações peri-
cadas pelo mRNA armazenado no citoplas- própria regulada pelo desenvolvimento. ódicas de atividade MPF-quinase. A sínte-
ma do oócito, e se sua transformação em Na Drosophila, a fosfatase cdc25 (pro- se da ciclina do mRNA armazenado no
proteínas é seletivamente inibida, a célula duto do gene string, de cordão) é inicial- oócito armazenado se torna o passo
não entrará em mitose (Minshull et al., mente sintetizada pelo mRNA armazena- limitante para a mitose. A degradação do
1989). A proteína ciclina B combina com a do no oócito durante os 13 primeiros ci- cordão da oócito-proteína leva à parada
quinase cdc2 do MPF para criar o comple- clos celulares. No entanto, durante o pró- do ciclo celular na interfase do ciclo 14.
(B) (C)
200 PARTE II Padrões de Desenvolvimento
Grandes concentrações de pré-MPF se replicação do DNA (Duronio e O’Farrell, começo da mitose; mas a própria monta-
acumulam. As mitoses para as divisões 14, 1994). Certamente, quando as células saem gem do fuso é necessária para o funciona-
15 e 16 são iniciadas somente quando essa normalmente do ciclo para começar a se di- mento apropriado da ciclina B (Minshull et
pré-MPF é desfosforilada nas posições T- ferenciarem, expressam a proteína Dacapo, al., 1994). Se os fusos são formados incor-
14 e Y-15 pela proteína cordão. Essa prote- um inibidor de ciclina E/cdk2 (Lane et al., retamente, a ciclina B cessa seu funciona-
ína é derivada de transcrição nuclear ao 1996; de Nooij et al., 1996). mento, e a mitose pára. Também parece ha-
final de cada período G2. A mitose passou A regulação das ciclinas é uma função ver retroalimentação entre a cromatina re-
do controle citoplasmático para o nuclear. crítica no desenvolvimento. Primeiro, ima- plicante e as quinases ciclina-dependen-
gine as células da cartilagem de nossas per- tes, fazendo com que a mitose não comece
Outras ciclinas e quinases ciclina- nas sofrendo mais uma divisão celular; serí- até que o DNA tenha começado a replicar-
dependentes amos muito maiores do que agora. Pior, ima- se, e somente uma rodada de replicação é
MPF é o primeiro membro descoberto de gine que essa desregulação ocorresse em normalmente permitida durante a divisão
uma família de proteínas diméricas que têm somente uma de nossas pernas. Ainda pior, celular (Chong et al., 1995; Madine et al.,
estruturas muito similares. Cada uma des- imagine se a divisão da cartilagem não fos- 1995). As moléculas que mediam essas tro-
sas proteínas contém uma ciclina e uma se coordenada com a divisão da pele e dos cas estão agora sendo estudadas.
quinase ciclina-dependente, que quando de- vasos sangüíneos. A regulação desses
pendente do MPF é chamada cdk1. Pelo eventos é coordenada através de hormôni- Fator Citostático
menos outras sete quinases ciclina-depen- os e fatores de crescimento que, por fim, A síntese e a degradação do MPF leva a
dentes estão envolvidas em células madu- regulam as ciclinas que controlam a passa- ciclagem das células. No entanto, se a de-
ras de vertebrados, e mais de uma dúzia de gem através dos ciclos das células. Segun- gradação da ciclina for prevenida, o MPF
ciclinas foram identificadas. Os papéis de do, quando a ciclina se torna ativa sem re- permanece ativo e a célula é travada na
algumas dessas quinases foram determina- gulação externa ou quando ciclinas se tor- metáfase (Murray et al., 1989). Isso é o que
dos (como mostra a Figura 5.39). Entre es- nam estimuladas por proteínas mutantes, o acontece, aparentemente, durante o desen-
sas enzimas, uma das mais críticas é a ciclina crescimento das células continua sem con- volvimento do oócito da rã. O oócito ma-
E/cdk2. Enquanto MPF (ciclina B/cdk1) é trole externo, e se desenvolve um tumor. Em duro da rã cessa a divisão celular produ-
crítica para a entrada na mitose (M), ciclina células maduras de vertebrados, as ciclino- zindo uma proteína chamada fator citostá-
E/cdk2 é crítica para a habilidade da célula enzimas D/cdk4,6 cumprem um papel crucial tico (CSF), que mantém o oócito preso na
entrar na fase S, permitindo a ocorrência de no desenvolvimento. Em diversos tipos de metáfase da segunda divisão meiótica (Fi-
síntese do DNA. A regulamentação do de- células, controlam a dicotomia entre a divi- gura 5.42). Essa proteína contém os pro-
senvolvimento dessa proteína é uma fase são e a diferenciação celular. [cleave6.html] dutos dos genes c-mos e cdk-2, e parece
crítica no desenvolvimento da Drosophila. agir bloqueando a degradação da ciclina
Embriões de Drosophila adicionam um Pontos de Controle para Divisão Ce- (veja o Capítulo 22). Uma vez que a ciclina
estágio G2 antes da mitose, quando a prote- lular: DNA e Fusos não é degradada, MPF permanece ativo, e
ína de cordão se torna limitante no ciclo 14. O ciclo celular exige uma excepcional intri-
A fase G1 é adicionada ao ciclo 17 quando cada coreografia da citocinese, replicação
ciclina E se torna o fator limitante para a de DNA, montagem de fusos e metabolis-
replicação do DNA. Em embriões precoces, mo celular. Nesse conjunto, ciclinas e Figura 5.42
ciclina E e cdk2 estão sempre presentes, quinases ciclina-dependentes são alvos e Níveis do fator promotor de amadurecimento
seus mRNA sendo fornecidos pelo oócito e causadores da regulação. O sistema ciclina- (MPF) durante o desenvolvimento precoce da
traduzidos através de todos os primeiros 15 quinase parece coordenar esses eventos. rã Xenopus laevis. O sinal normal de matura-
ciclos de divisão. A mensagem para ciclina Por exemplo, a fibra do fuso mitótico não ção é o hormônio progesterona, que estimula a
é degradada durante o ciclo 16, levando à pode formar até a ciclina B/cdk1 sinalizar o ovulação dos oócitos e o início da meiose. (Se-
deficiência dessa proteína no ciclo 17. Des- gundo Murray e Kirschner, 1989.)
sa forma, a maioria das células param no G1
desse ciclo, não entrando no período de sín- Entrada de espermatozóide, aumento
Estímulo para amadurecimento de Ca2+ livre, inativação de CSF
tese do DNA. Aí começam a diferenciar-se. (progesterona ou MPF)
(As exceções são as células precursoras CSF estabiliza MPF
dos nervos que continuam a proliferar, e as Alta
células do intestino, que continuam a pro-
duzir DNA na ausência de divisão celular. Atividade
Nesses casos, a ciclina E é derivada dos de MPF
genes zigóticos.) Se ciclina E é induzida
ectopicamente, as células retidas sofrem uma Baixa
nova rodada de síntese de DNA (Knoblich
et al., 1994). Pensa-se que a ciclina E contro-
la a síntese do DNA, fosforilando certos
fatores de transcrição que regulam as trans- Oócito Meiose Meiose Oócito Primeira Segunda
crições das proteínas necessárias para a Imaturo I II maduro clivagem clivagem
CAPÍTULO 5 Clivagem: Criando multicelularidade 201
o oócito permanece na metáfase. A libera- liberação de íons de cálcio na fertilização é Enquanto os íons de cálcio estão ocupa-
ção de íons de cálcio durante a fertilização de iniciar a degradação da ciclina e permitir dos desligando a mitose, os sinais da fer-
ativa a protease que especificamente inati- que a célula comece a replicação do DNA. tilização que ativam a proteína quinase C
va o CSF (Watanabe et al., 1991). Quando Em seguida, os ritmos da divisão celular estão estabelecendo condições de inter-
o CSF é degradado, a ciclina pode então são controlados pela atividade do MPF, fase: descondensação da cromatina e re-
ser degradada, e a célula pode retornar à que por sua vez é baseada nos ritmos forma do envoltório nuclear (Bement e
fase S. Dessa maneira, um dos efeitos da cíclicos da síntese e degradação da ciclina. Capco, 1991).
a
Como foi verificado que a colchicina inibe independentemente várias funções da membrana, incluindo a osmorregulação e o transporte de íons e
nucleosídeos, nocodazol tornou-se a principal droga usada para inibir processos mediados por microtúbulos (veja Hardin, 1987).
202 PARTE II Padrões de Desenvolvimento
LITERATURA CITADA
Adeslon, D. C. and Humphreys, T. 1988. Sea Boycott, A. E., Diver, C., Garstang, S. L. and development in embryos of Ilyanassa obsoleta.
urchin morphogenesis and cell-hyalin adhesion Turner, F. M. 1930. The inheritance of sinestrality Int. J. Invert. Reprod. Dev. 9: 209-228.
are perturbed by a monoclonal antibody specific in Limnaea peregra (Mollusca: Pulmonata).
Crampton, H. E. 1894. Reversal of cleavage
for hyalin. Development 104: 391-402. Philos. Trans. R. Soc. Lond. [B] 219: 51-131. in a sinistral gastropod. Ann. N.Y. Acad. Sci.
Arion, D., Meijer, L., Brizuela, L. and Beach, Brenner, C. A., Adler, R. R., Rappolee, D. A., 8: 167-170.
D. 1988. cdc2 is a component of the M phase- Pedersen, R. A. and Werb, Z. 1989. Genes for Cruz, Y. R. 1981. A sterile defender morph in a
specific histone H1 kinase: Evidence for identity extracellular matrix-degrading metalloproteases
polyembryonic hymenopteran parasite. Nature
with MPF. Cell 55: 371-378. and their inhibitor, TIMP, are expressed during
294: 446-447.
early mammalian development. Genes Dev. 3:
Balinsky, B. 1. 1981. Introduction to Embryology, 848-859. Cruz, Y. P. 1986a. Development of the polyem-
5th Ed. Saunders, Philadelphia. bryonic parasite Copidosomopsis tanytmemus
Byers, T. J. and Armstrong, P. B. 1986. (Hymenoptera: Encyrtidae). Ann. Entomol. Soc.
Barlow, P., Owen, D. A. J. and Graham, C. 1972. Membrane protein redistribution during Xenopus
DNA synthesis in the preimplantation mouse Am. 79: 121-127.
first cleavage. J. Cell Biol. 102: 2176-2184.
embryo. J. Embryol. Exp. Morphol. 27: 432-445. Cruz, Y. P. 1986b. The defender role of the
Carlson, B. M. 1981. Patten’s Foundations of
Beams, H. W. and Kessel, R. G. 1976. Cytoki- precocious larvae of Copidosomopsis tanytmemus
Embryology. McGraw-Hill, New York. Caltagirone (Encyrtidae, Hymenoptera). J. Exp.
nesis: A comparative study of cytoplasmic
division in animal cells. Am. Sci. 64: 279-290. Carson, D. D., Tang, J.-P. and Julian, J. 1993. Zool. 237: 309-318.
Heparan sulfate proteoglycan (perlecan) ex- Dan, K. 1960. Cytoembryology of echinoderms
Bellairs, R., Breathnach, A. S. and Gross, M. pression by mouse embryos during acquisiti-
1975. Freeze-fracture replication of junctional and amphibia. Int. Rev. Cytol. 9: 321-367.
on of attachment competence. Dev. Biol. 155:
complexes in unincubated and incubated chick 97-106. Danilchik, M. and Funk, C. 1996. Abstracts of
embryos. Cell Tissue Res. 162: 235-252. the Sixth InternatI. Xenopus Conference. Wind
Chong, J. P. J., Mahbubani, H. M., Khoo,
Bement, W. M. and Capco, D. G. 1991. Parallel Rivers Lodge, Estes Park, CO.
C.Y., and Blow, J. J. 1995. Purification of
pathways of cell cycle control during Xenopus an MCM-containing complex as a compo- Dan-Sohkawa, M. and Fujisawa, H. 1980. Cell
egg activation. Proc. Natl. Acad. Sci. USA 88: nent of the replication licensing system. dynamics of the blastulation process in the starfish,
5172-5176. Nature 375: 418-421. Asterina pectinifera. Dev. Biol. 77: 328-339.
Bonder, E. M., Fishkind, D. J., Henson, J. H., Cisek, L. J. and Corden, J. L. 1989. Phosphory- Darwin, C. 1860. Letter to Asa Gray, May 22,
Cotran, N. M. and Begg, D. A. 1988. Actin in lation of RNA polyrnerase by the murine homo- 1860. In F. Darwin (ed.), The Life and Letters
cytokinesis: Formation of the contractile logue of the cell-cycle control protein cdc2. of Charles Darwin, Vol. 2. Appleton, New York.
apparatus. Zool. Sci. 5: 699-711. Nature 339: 679-684 [p.105]
Borland, R. M. 1977. Transport processes in the Craig, M. M. and Morrill, J. B. 1986. Cellular de Laat, S. W. and Bluemink, J. G. 1974. New
mammalian blastocyst. Dev. Mammals 1: 31-67. arrangements and surface topography during early membrane formation during cytokinesis in
CAPÍTULO 5 Clivagem: Criando multicelularidade 205
normal and cytochalasin B-treated eggs of Ferrell, J. E., Wu, M., Gergart, J. C. and Martin, velopment of the mouse. In M. Karkinen-
Xenopus laevis. II. Electrophysical observa- G. S. 1991. Cell cycle tyrosine phosphorylation Jaaskelainen, L. Saxén and L. Weiss (eds.),
tions. J. Cell Biol. 60: 529-540. of p34cdc2 and a microtubule associated protein Cell Interactions in Differentiation. Academic
kinase hornologue in Xenopus oocytes and eggs. Press, New York, pp. 45-57.
de Laat, S. W., Tertoelen, L. G. J., Dorresteijn, A.
Mol. Cell. Biol. 11: 1965-1971.
W. C and van der Biggelaar, J. A. M. 1980. Granato, M. and Nüsslein-Volhard, C. 1996.
Intercellular communication patterns are involved Fleming, I P. 1987. Quantitative analysis of cell Fishing for genes controlling development. Curr.
in cell determination in early muscular develop- allocation to trophectoderm and inner cell mass Opin. Gen. Dev. 6: 461-468.
ment. Nature 287: 546-548. in the mouse embryo. Dev. Biol. 119: 520-531.
Grbic, M. and Strand, M. R. 1992. Sibling rivalry
de la Chappelle, A., Schroder, J., Rantanen, Fleming, T. P. 1992. Trophectoderm biogenesis and brood sex ratios in polyembryonic wasps.
P., Thomasson, B., Niemi, M., Tilikainen, A., in the preimplantation mouse embryo. In T. P. Nature 360: 254-256.
Sanger, R. and Robson, E. E. 1974. Early Fleming, (ed.) Epithelial Organization and De-
fusion of two human embryos? Ann. Hum. velopment. Chapman and Hall, London, pp. Grbic, M., Nagy, L. M., Carroll, S. B. and Strand,
Genet. 38: 63-75. 111-134. M. 1996. Polyernbryonic development: insect
pattern formation in a cellularized environment.
de Nooij, J.C., Letendre, M.A. and Hariharan, Fleming, T. P., Pickering, S. J., Qasim, F. and Maro
Development 122: 795-804.
I.K. 1996. A cyclin-dependent kinase inhibitor, B. 1986. The generation of cell surface polarity in
Dacapo, is necessary for timely exit from the cell mouse 8-cell blastomeres: The role of cortical Gulyas, B. J. 1975. A reexamination of the
cycle during Drosophila embryogenesis. Cell 87: microfilaments analyzed using cytochalasin D. J. cleavage patterns in eutherian mammalian
1237-1247. Embryol. Exp. Morphol. 95: 169-191. eggs: Rotation of the blastomere pairs during
Foe, V. 1989. Mitotic domains reveal early second cleavage in the rabbit. J. Exp. Zool.
Dunphy, W. G., Brizuela, L., Beach, D. and
committment of cells in Drosophila embryos. 193: 235-248.
Newport, J. 1988. The Xenopus cdc2 protein is
a component of MPF, a cytoplasmic regulator of Development 107: 1-25. Gurdon, J. B. 1968. Changes in somatic nuclei
mitosis. Cell 54: 423-431. Foe, V. E., Odell, G. M., and Edgar, B. A. 1994. inserted into growing and maturing amphibian
Duronio, R. J. and O’Farrell, P. 1994. Develop- Mitosis and morphogenesis in the Drosophila oocytes. J. Embryol. Exp. Morphol. 20: 401-414.
mental control of a GI-S transcription program embryo: point and counterpoint. In The Deve- Hara, K. 1977. The cleavage pattern of the axolotl
in Drosophila. Development 120: 1503-1515. lopment of Drosophila melanogaster, B. M. egg studied by cinematography and cell counting.
Bate, (ed.). Cold Spring Harbor Press, Cold Wilhelm Roux Arch. Entwicklungsmech. Org.
Dyce, J., George, M., Goodall, H. and Fleming, Spring Harbor.
T. P. 1987. Do trophectoderm and inner cell mass 181: 73-87.
cells in the mouse blastocyst maintain discrete Freeman, G. and Lundelius, J. W. 1982. The de-
Hara, K., Tydeman, P. and Kirschner, M. W.
lineages? Development 100:685-698. velopmental genetics of dextrality and sinistrality
1980. A cytoplasmic clock with the same period
in the gastropod Limnea peregra. Wilhelm Roux
Edgar, B. A. and O’Farrell, P. H. 1989. Genetic Arch. Dev. Biol. 191: 69-83. as the division cycle in Xenopus eggs. Proc. Natl.
control of cell division patterns in the Drosophi- Acad. Sci. USA 77: 462-466.
la embryo. Cell 57: 177-187. Fullilove, S. L. and Jacobson, A. G. 1971. Nu-
clear elongation and cytokinesis in Drosophila Hardin, J. D. 1987. Archenteron elongation in
Edgar, B. A., Kiehle, C. P. and Schubiger, G. montana. Dev. Biol. 26: 560-577. the sea urchin embryo is a microtubule indepen-
1986. Cell cycle control by the nucleo-cytoplas- dent process. Dev. Biol. 121: 253-262.
mic ratio in early Drosophila development. Cell Gardiner, R. C. and Rossant, J. 1976. Determi-
nation during embryogenesis in mammals. Ciba Harland, R. M. and Laskey, R. A. 1980. Regula-
44: 365-372.
Found. Symp. 40: 5-18. ted replication of DNA microinjected into eggs
Edgar, B., Sprenger, F., Duronio, R. J., Leopold, of X. laevis. Cell 21: 761-771.
P. and O’Farrell, P. 1994. MPF regulation during Gautier, C., Norbury, C., Lohka, M., Nurse, P.
and Maller, J. 1988. Purified maturationpromo- Heasman, J., Ginsberg, D., Goldstone, K., Pratt,
the embryonic cell cycles of Drosophila. Genes
ting factor contains the product of Xenopus T., Yoshidanaro, C. and Wylie, C. 1994. A
Dev. 8: 440-453.
homolog of the fission yeast cell cycle control functional test for maternally inherited cadherin
Ettensohn, C. A. and Ingersoll, E. P. 1992. gene cdc2. Cell 54: 433-439. in Xenopus shows its importance in cell adhesion
Morphogenesis of the sea urchin embryo. In E. at the blastula stage. Development 120: 49-57.
F. Rossomondo and S. Alexander (eds.), Gautier, J., Solomon, M. J., Booher, R. N.,
Morphogenesis. Marcel Dekker, New York, pp. Bazan, J. F. and Kirschner, M. W. 1991. cdc25 Helde, K. A., Wilson, E. T., Cretekos, C, J. and
189-262. is a specific tyrosine phosphatase that directly Grunwald, D. J. 1994. Contribution of early cells
activates p34cdc2. Cell 67: 197-211. to the fate map of the zebrafish gastrula. Science
Evans, M.J. and Kaufman, M. H. 1981. Esta- 265: 517-520.
blishment in culture of pluripotent cells from Gerhart, J. C., Wu, M. and Kirschner, M. 1984.
mouse embryos. Nature 292: 154-156. Cell dynamics of an M-phase-specific cytoplas- Hillman, N., Sherman, H. I. and Graham, C. F.
mic factor in Xenopus laevis oocytes and eggs. 1972. The effects of spatial arrangement of cell
Evans, T., Rosenthal, E., Youngblom, J., Distel, J. Cell Biol. 98: 1247-1255. determination during mouse development. J.
D. and Hunt, T. 1983, Cyclin: A protein speci- Embryol. Exp. Morphol. 28: 263-278.
fied by maternal mRNA in sea urchin eggs that Giudice, A. 1973. Developmental Biology of the
is destroyed at each cleavage division. Cell 33: Sea Urchin Embryo. Academic Press, New York. Hinegardner, R. T., Rao, B. and Feldman, D. E.
389-396. Goebl, M. and Byers, B. 1988. Cyclin in fission 1964. The DNA synthetic period during early
yeast. Cell 54: 739-740. development of the sea urchin egg. Exp. Cell Res.
Eyal-Giladi, H. 1991. The early embryonic de-
36: 53-61.
velopment of the chick, an epigenetic process. Gould, K. and Nurse, P. 1989. Tyrosine phos-
Crit. Rev. Poultry Biol. 3: 143-166. phorylation of the fission yeast cdc2 protein Hörstadius, S. 1939. The mechanics of sea urchin
kinase regulates entry into mitosis. Nature 342: development, studied by operative methods. Biol.
Eyal-Giladi, H., Debby, A. and Harel, N. 1992.
39-45. Rev. 14: 132-179.
The posterior section of the chick’s area pellucida
and its involvement in hypoblast and primitive Graham, C. F. and Kelly, S. J. 1977. Interacti- Hörstadius, S. 1973. Experimental Embryology
streak formation. Development 116: 819-830. ons between embryonic cells during early de- of Echinoderms. Clarendon Press, Oxford.
206 PARTE II Padrões de Desenvolvimento
Inoué, S. 1982. The role of self-assembly in the proliferation during Drosophila development. Mayr, W. R., Pausch, V. and Schnedl, W. 1979.
generation of biologic form. In S. Subtelny and Cell 87: 1225-1235. Human chimaera detectable only by investigation
B. P. Green (eds.), Developmental Order: Its Langman, J. 1981. Medical Embryology, 4th Ed. of her progeny. Nature 277: 210-211.
Origin and Regulation, Alan R. Liss, New York,
Williams & Wilkins, Baltimore. Miake-Lye, R. and Kirschner, M. W. 1985.
pp. 35-76. Induction of early mitotic events in a cellfree
Laskey, R. A., Mills, A. D. and Morris, N. R.
Jessus, C. and Beach, D. 1992. Oscillation of system. Cell 41: 165-175.
1977. Assembly of SV40 chromatin in a cellfree
MPF is accomplished by periodic association system from Xenopus eggs. Cell 10: 237-243. Minshull, J., Blow, J. J. and Hunt, T. 1989.
between cdc25 and cdc2-cyclin B. Cell 68: Translation of cyclin mRNA is necessary for
323-332. Lee, M. and Nurse, P. 1987. Complementation
used to clone a human homologue of the fission extracts of activated
Joharnnsen, O.A. and Butt, F.H. 1941. Embryo- yeast cell cycle control gene cdc2+. Nature 335: Xenopus eggs to enter mitosis. Cell 56: 947-956.
logy of Insects and Myriapods. McGrawHill, NY.
251-254. Minshull, J., Sun, H., Tonks, N. K. and Murray,
Johnson, M. H. and Selwood, L. 1996. The
Lee, M. S., Ogg, S., Xu, M., Parker, M., A. W. 1994. A MAP kinase-dependent spindle
nomenclature of early development in mammals.
Donoghue, D. J., Maller, J. L. and Piwnica- assembly checkpoint in Xenopus egg extracts.
Reprod. Fert. Dev. 8: 759-764. Worms, H. 1992. cdc25 encodes a protein Cell 79: 475-486.
Johnson, M. H., Chisholm, J. C., Fleming, T. P. phosphatase the dephosphorylates p34cdc2. Mol. Mintz, B. 1970. Clonal expression in allophenic
and Houliston, E. 1986. A role for cytoplasmic Biol. Cell 3: 73-84. mice. Symp. Int. Soc. Cell Biol. 9: 15.
determinants in the development of the early
Lee, R. K., Stainier, D. Y. R., Weinstein, B. M. Morgan, T. H. 1927. Experimental Embryology.
mouse embryo. J. Embryol. Exp. Morphol. and Fishman, M. C. 1994. Cardiovascular deve-
[Suppl.]: 97-117. Columbia University Press, New York.
lopment in the zebrafish. II. Endocardial
Kalt, M. R. 1971. The relationship between progenitors are sequestered within the heart field. Mulnard, J. G. 1967. Analyse microcinematogra-
cleavage and blastocoel formation in Xenopus Development 120: 3361-3366. phique du developpement de l’oeuf de souris du
laevis. I. Light microscopic observations. J. stade II au blastocyste. Arch. Biol. (Liege) 78:
Lepage, T., Sardet, C. and Gache, C. 1992. 107-138.
Embryol. Exp. Morphol. 26: 37-49. Spatial expression of the hatching enzyme gene
Kane, D. and Kimmel, C. B. 1993. The midblas- in the sea urchin embryo. Dev. Biol. 150: 23-32. Murray, A. W. and Kirschner, M. W. 1989. Cyclin
tula transition in zebrafish. Development 119: synthesis drives the early embryonic cell cycle.
Levy, J. B., Johnson, M. H., Goodall, H. and
447-456. Nature 339: 275-280.
Maro, B. 1986. The timing of compaction:
Karr, T. L. and Alberts, B. M. 1986. Organization Control of a major developmental transition in Murray, A. W., Solomon, M. J. and Kirschner,
of the cytoskeleton in early Drosophila embryos. mouse early embryogenesis. J. Embryol. Exp. M. W. 1989. The role of cyclin synthesis and
J. Cell Biol. 102: 1494-1509. Morphol. 95: 213-237. degradation in the control of maturation
promoting factor activity. Nature 339: 280-286.
Karsenti, E., Newport, J., Hubble, R. and Lillie, F. R. 1898. Adaptation in cleavage.
Kirschner, M. 1984. The interconversion of In Biological Lectures of the Marine Biolo- New, D. A. T. 1956. The formation of subblasto-
metaphase and interphase microtubule arrays, as gical Laboratory of Woods Hole. Ginn, dermic fluid in hens’ eggs. 1. Embryol. Exp.
studied by the injection of centrosomes and nuclei Boston, pp. 43-67. Morphol. 43: 221-227.
into Xenopus eggs. J. Cell Biol. 98: 1730-1745. Newport, J. W. and Kirschner, M. W. 1982a. A
Lillie, F. R. 1902. Differentiation without
Kimelman, D., Kirschner, M. and Scherson, T. cleavage in the egg of the annelid Chaetopterus major developmental transition in early Xenopus
1987. The events of the midblastula transition in pergamentaceous. Wilhelm Roux Arch. Entwi- embryos: I. Characterization and timing of
Xenopus are regulated by changes in the cell cklungsmech. Org. 14: 477-499. cellular changes at midblastula stage. Cell 30:
cycle. Cell 48: 399-407. 675-686.
Lutz, B. 1947. Trends towards non-aquatic and
Kimmel, C.B. and Law, R.D. 1985. Cell lineage direct development in frogs. Copeia 4: 242-252. Newport, J. W. and Kirschner, M. W. 1982b. A
of zebrafish blastomeres. II. Formation of the yolk major developmental transition in early Xenopus
Madine, M. A., Khoo, C.-Y., Mills, A. D. and embryos: II. Control of the onset of transcripti-
syncytial layer. Dev. Biol. 108: 86-93. Laskey, R. A. 1995. MCM3 complex required on. Cell 30: 687-696.
Kimmel, C. B. and Warga, R. M. 1987. Indeter- for cell cycle regulation of DNA replication in
minate cell lineage of the zebrafish embryo. Dev. vertebrate cells. Nature 375: 421-424. Newport, J. W. and Kirschner, M. W. 1984.
Biol. 124: 269-280. Regulation of the cell cycle during Xenopus laevis
Mark, W. H., Signorelli, K. and Lacy, E. 1985.
development. Cell 37: 731-742.
Kimmel, C. B., Warga, R. M. and Schilling, T. An inserted mutation in a transgenic mouse line
F. 1990. Origin and organization of the zebrafish results in developmental arrest at day 5 of Nieuwkoop, P. D. 1973. The “organization
fate map. Development 108: 581-594. gestation. Cold Spring Harbor Symp. Quant. center” of the amphibian embryo: Its origin,
Biol. 50: 453-463. spatial organization, and morphogenetic action.
Knoblich, J. A., Sauer, K., Jones, L., Richardson,
Adv. Morphogenet. 10: 1-39.
H., Saint, R. and Lehner, C. F. 1994. Cyclin E Markert, C. L. and Petters, R. M. 1978.
controls S phase progression and its down- Manufactured hexaparental mice show that adults Nigg, E. A. 1995. Cyclin-dependent protein
regulation during Drosophila embryogenesis is are derived from three embryonic cells. Science kinases: key regulators of the eukaryotic cell
required for the arrest of cell proliferation. Cell 202: 56-58. cycle. BioEssays 17: 471-480.
77: 107-120. Martin, G. R. 1981. Isolation of a pluripotent cell Pedersen, R. A., Wu, K. and Batakier, H. 1986.
Langeland, J. and Kimmel, C. 1997. The line from early mouse embryos cultured in Origin of the inner cell mass in mouse embryos:
embryology of fish. In S. F. Gilbert and A. M. medium conditioned by teratocarcinoma stem Cell lineage analysis by microinjection. Dev. Biol.
Raunio (eds.), Embryology: Constructing the cells. Proc. Natl. Acad. Sci. USA 78: 7634-7638. 117: 581-595.
Organism. Sinauer Associates, Sunderland, MA. Masui, Y. and Markert, C. L. 1971. Cytoplasmic Perona, R. M. and Wassarman, P. M. 1986.
Lane, M.E., Sauer, K., Wallace, K., Jan, Y N., control of nuclear behavior during meiotic Mouse blastocysts hatch in vitro by using a
Lehner, C.F. and Vaessin, H. 1996. Dacapo, a maturation of frog oocytes. J. Exp. Zool. 177: trypsin-like proteinase associated with cells of
cyclin-dependent kinase inhibitor, stops cell 129-146. mural trophectoderm. Dev. Biol, 114: 42-52.
CAPÍTULO 5 Clivagem: Criando multicelularidade 207
Peter, M., Nakagawa, J., Dorée, M., Labbé, J. Säugetierei. Naturwissenschaften 39: 355-356. van den Biggelaar, J. A. M. and Guerrier, P. 1979.
C. and Nigg, E. A. 1990. In vitro disassembly of Smith, L. D. and Ecker, R. E. 1969. Role of the Dorsoventral polarity and mesentoblast determi-
the nuclear lamina and M phasespecific phos- oocyte nucleus in the physiological maturation nation as concomitant results of cellular
phorylation of lamins by cdc2 kinase. Cell 61: interactions in the mollusc Patella vulgata. Dev.
in Rana pipiens. Dev. Biol. 19: 281-309.
591-602. Biol. 68: 462-471.
Smythe, C. and Newport, J. W. 1992. Coupling
Peyrieras, N., Hyafil, F., Louvard, D., Ploegh, H. Ward, G. E. and Kirschner, M. W. 1990. Identi-
of mitosis to the completion of S phase in
L. and Jacob, F. 1983. Uvomorulin: A non-inte- Xenopus occurs via modulation of the tyrosine fication of cell cycle-regulated phosphorylation
gral membrane protein of early mouse embryo. kinase that phosphorylates p34cdc2. Cell 68: cites on nuclear lamin C. Cell 61: 561-577.
Proc. NatI. Acad. Sci. USA 80: 6274-6277.
787-797. Watanabe, N., Hunt, T., Ikawa, Y. and Sagata,
Piko, L. and Clegg, K. B. 1982. Quantitative Solomon, M. J. 1993. Activation of the various N. 1991. Independent inactivation of MPF and
changes in total RNA, total poly(A), and cytostatic factor (Mos) upon fertilization of
cyclin/cdc2 protein kinases. Curr. Opin. Cell
ribosomes in early mouse embryos. Dev. Biol. Biol. 5: 180-186. Xenopus eggs. Nature 352: 247-249.
89: 362-378. Welsh, J. H. 1969. Mussels on the move. Nat.
Solomon , M., Booher, R., Kirschner, M. and
Pflüger, E. 1884. Uber die Einwirkung der Beach, D. 1988. Cyclin in fission yeast. Cell 54: Hist. 78: 56-59.
Schwerkraft und anderer Bedingungen auf die
738-739. White, J. C., Amos, W. B. and Fordham, M. 1987.
Richtung der Zeiltheilung. Arch. Ges. Physiol. 3: 4.
Stainier, D. Y. R., Lee, R. K. and Fishman, M. An evaluation of confocal versus conventional
Prather, R. S. 1989. Nuclear transfer in mammals imaging of biological structures by fluorescence
C. 1993. Cardiovascular development in the
and amphibia. In H. Schatten and G. Schatten zebrafish. I. Myocardial fate map and heart tube light microscopy. J. Cell Biol. 105: 41-48.
(eds.), The Molecular Biology of Fertilization. formation. Development 119: 31-40. Whittaker, J. R. 1979. Cytoplasmic determinants
Academic Press, New York, pp. 323-340.
Strickland, S., Reich, E. and Sherman, M. I. 1976. of tissue differentiation in the ascidian egg. In S.
Pratt, H. P. M., Ziomek, Z. A., Reeve, W. J. D. Plasminogen activator in early embryogenesis: Subtelny and 1. R. Konigsberg (eds.), Determi-
and Johnson, M. H. 1982. Compaction of the nants of Spatial Organization. Academic Press,
Enzyme production by trophoblast and parietal
mouse embryo: An analysis of its components. J. endoderm. Cell 9: 231-240. New York, pp. 29-51.
Embryol. Exp. Morphol. 70: 113-132. Wiley, L. M. 1984. Cavitation in the mouse pre-
Sturtevant, M. H. 1923. Inheritance of direction
Raff, J. W. and Glover, D. M. 1989. Centrosomes, of coiling in Limnaea. Science 58: 269-270. implantation embryo: Na/K ATPase and the
not nuclei, initiate pole cell formation in Droso- origin of nascent blastocoel fluid. Dev. Biol. 105:
phila embryos. Cell 57: 611-619. Summers, R. G., Morrill, J. B., Leith, A., Marko, 330-342.
M., Piston, D. W. and Stonebraker, A. T. 1993.
Raff, R. A. and Kaufman, T. C. 1983. Embryos, Wilson, E. B. 1898. Cell lineage and ancestral
A stereometric analysis of karyogenesis, cytoki-
Genes, and Evolution: The Developmental- reminiscences. In Biological Lectures of the
nesis, and cell arrangements during and following
Genetic Basis of Evolutionary Change. Macmi- fourth cleavage period in the sea urchin, Lyte- Marine Biological Laboratory of Woods Hole.
llan, New York. chinus variegatus. Dev. Growth Diff. 35: 41-57. Ginn, Boston, pp. 21-42.
Rappaport, R. 1961. Experiments concerning Sutherland, A. E. and Calarco-Gillam, P. G. 1983. Wilson, E. B. 1901. Experiments in cytology.
cleavage stimulus in sand dollar eggs. J. Exp. II. Some phenomena of fertilization and cell
Analysis of compaction in the preimplantation
Zool. 148: 81-89. division in etherized eggs. III. The effect on
mouse embryo. Dev. Biol. 100: 327-338.
Rugh, R. 1967. The Mouse. Burgess, Minnea- cleavage of artificial obliteration of the first
Sutherland, A. E., Speed, T. P. and Calarco, P. G. cleavage furrow. Wilhelm Roux Arch. Entwi-
polis. 1990. Inner cell allocation in the mouse morula: cklungsmech. Org. 13: 353-395.
Satterwhite, L. L., Lohka, M. J., Wilson, K. L., The role of oriented division during fourth
Winkel, G. K., Ferguson, J. E., Takeichi, M. and
Scherson, T. Y., Cisek, L. J. and Pollard, T. D. cleavage. Dev. Biol. 137: 13-25.
1992. Phosphorylation of myosin-II light chain Nuccitelli, R. 1990. Activation of protein kinase
Swenson, K. L., Farrell, K. M. and Ruderman, C triggers premature compaction in the 4-cell
by cyclin-p34cdc2: A mechanism for the timing of
J. V. 1986. The clam embryo protein cyclin A stage mouse embryo. Dev. Biol. 138: 1-15.
cytokinesis. J. Cell Biol. 118: 595-605. induces entry into M phase and the resumption
Saunders, J. W., Jr. 1982. Developmental of meiosis in Xenopus oocytes. Cell 47: 861-870. Wolpert, L. and Gustafson, T. 1961. Studies in
the cellular basis of morphogenesis of the sea
Biology. Macmillan, New York. Sze, L. C. 1953. Changes in the amount of urchin embryo: The formation of the blastula.
Schejter, E. D. and Wieschaus, E. 1993. deoxyribonucleic acid in the development of Rana Exp. Cell Res. 25: 374-382.
Bottleneck acts as a regulator of the microfila- pipiens. J. Exp. Zool. 122: 577-601.
Wolpert, L. and Mercer, E.H. 1963. An electron
ment network governing cellularization. of the
Tarkowski, A. K. and Wróblewska, J. 1967. De- microscope study of the development of the
Drosophila embryo. Cell 75: 373-385.
velopment of blastomeres of mouse eggs isolated blastula of the sea urchin embryo and its radial
Schroeder, T. E. 1972. The contractile ring. II. at the 4- and 8-cell stage. J. Embryol. Exp. polarity. Exp. Cell Res. 30: 280-300.
Determining its brief existence, volumetric Morphol. 18: 155-180.
Yamazaki, K. and Kato, Y. 1989. Sites of zona
changes, and vital role in cleaving Arbacia eggs. Trinkaus, J. P. 1993. The yolk syncytial layer of pellucida shedding by mouse embryo other
J. Cell Biol. 53: 419-434.
Fundulus: Its origin and history and its signifi- than mural trophectoderm. J. Exp. Zool. 249:
Schroeder, T. E. 1973. Cell constriction: cance for early embryogenesis. J. Exp. Zool. 265: 347-349.
Contractile role of microfilaments in division and 258-284.
Ziomek, C. A. and Johnson, M. H. 1980. Cell
development. Am. Zool. 13: 687-696. Tuchmann-Duplessis, H., David, G. and Haegel, surface interactions induce polarization of
Seidel, F. 1952. Die Entwicklungspotenzen einer P. 1972. Illustrated Human Embryology, Vol. 1. mouse 8-cell blastomeres at compaction. Cell
isolierten Blastomere des Zweizellenstadiums im Springer-Verlag, New York. 21: 935-942.
Gastrulação:
Reorganizando as células embrionárias
6
Meu querido amigo..... a vida é infinitamen-
te mais complexa do que qualquer coisa que
a mente humana possa imaginar. Não ou-
saríamos sequer conceber as coisas que são
meros detalhes da existência.
G ASTRULAÇÃO é o processo pelo qual movimentos altamente integrados
de células e tecidos, dramaticamente, reorganizam as células da blástula. A
blástula consiste de numerosas células, cujas posições foram estabelecidas
durante a clivagem. Durante a gastrulação, essas células recebem novas posições e
novos vizinhos, e é estabelecido o multifacetado plano do corpo do organismo. As
A. CONAN DOYLE (1891) células que formarão os órgãos endodérmicos e mesodérmicos são trazidas para den-
tro do embrião, ao passo que as precursoras da pele e do sistema nervoso são distri-
Não é o nascimento, o casamento ou a mor- buídas na superfície externa. Assim, as três camadas germinativas – ectoderma exter-
te, mas é a gastrulação que é verdadeira- no, endoderma interno e mesoderma intersticial – são produzidas inicialmente durante
mente a parte mais importante de nossa vida. a gastrulação. Ainda, o palco está montado para as interações desses tecidos recém-
LEWIS WOLPERT (1986)
posicionados.
Os movimentos da gastrulação envolvem o embrião inteiro, e migrações celula-
res em uma parte do organismo gastrulante devem estar intimamente coordenadas
com outros movimentos ocorrendo simultaneamente. Mesmo que o padrão de
gastrulação seja extremamente variado em todo o reino animal, relativamente pou-
cos mecanismos estão envolvidos. A gastrulação, geralmente, envolve os seguintes
tipos de movimentos:
• Epibolia. O movimento de camadas epiteliais (usualmente de células ectodér-
micas) que se espalham como uma unidade e não individualmente, para envol-
ver as camadas mais profundas do embrião.
• Invaginação. O dobrar para dentro de uma região de células, de maneira seme-
lhante à cavidade formada quando se empurra com o dedo a superfície de uma
bola de borracha macia.
• Involução. A internação ou movimento de interiorizarão de uma camada exter-
na em expansão, de modo a se espalhar na superfície interna das células exter-
nas remanescentes.
• Ingresso de células. A migração de células individuais da camada superficial
para o interior do embrião.
• Delaminação. A separação de uma camada celular em duas ou mais camadas
mais ou menos paralelas.
Ao considerarmos gastrulação em diferentes tipos de embrião, devemos levar em
conta as seguintes questões (Trinkaus, 1984a):
• Qual é a unidade da atividade migratória? É a migração dependente do
movimento de células individuais, ou são as células parte de uma camada
migrante? Por mais extraordinário que possa parecer, propriedades migratórias
regionais podem ser totalmente controladas por fatores citoplasmáticos que
209
210 PARTE II Padrões de Desenvolvimento
Gastrulação em ouriço-do-mar
A blástula do ouriço-do-mar consiste de uma única camada de mais ou menos 1000
células. Essas células derivadas de diferentes regiões do zigoto têm tamanhos e pro-
priedades diferentes. As Figuras 6.1 e 6.2 mostram o destino das várias regiões do
zigoto enquanto ele se desenvolve através da clivagem e da gastrulação na larva
pluteus, característica dos ouriços-do-mar. O destino de cada camada pode ser visto
através de seus movimentos durante a gastrulação.
*A discussão da gastrulação de Drosophila será transferida para o Capítulo 14, quando ela ocorre
no contexto da formação do eixo. Lembre-se do alerta feito pelo pesquisador de gastrulação, Ray
Keller (comunicação pessoal) “Estudantes NÃO deveriam ler esse material apressadamente, ao
contrário uma cena típica é aquela em que um pobre coitado está debruçado sobre este texto às 2.30
horas da madrugada com uma xícara de café, examinando desesperadamente as figuras para ver se ele
ou ela podem entender o que está se passando”. Gastrulação é (como diz Wolpert na citação no
começo deste capítulo) a época mais importante da sua vida. Vale a pena examiná-la criticamente
e apreciá-la vagarosamente.
CAPÍTULO 6 Gastrulação: Reorganizando as células embrionárias 211
Animal
(A) (B) (C) (D) (E) (F) (G)
Mesômeros
Macrômeros
veg1
Vegetal Micrômetros veg2
Tufo ciliar
(H) (I) (J) (K) (L)
Mesênquima (Vista lateral)
secundário Estomodeu
Mesênquima (boca)
primário
Envoltório
Endoderma (M) ectodérmico
invaginante
Bastonetes
Figura 6.1 esqueléticos
Desenvolvimento normal do ouriço-do-mar, seguindo o destino das camadas celulares da blás- (mesoderma)
tula. (A-F) Clivagem até o estágio de 60 células (omitindo o estágio de 2-células). (G) Blástula Intestino
precoce com cílios. (H) Blástula tardia com tufo ciliar e placa vegetal achatada. (I) Blástula com (endoderma)
mesênquima primário. (J) Gástrula com mesênquima secundário. (K) Larva em estágio prismático.
(L,M) Larva pluteus. Os destinos do citoplasma zigótico podem ser seguidos pelas variações
no sombreamento. (N) Fotomicrografia de uma larva pluteus viva de ouriço-do-mar. (A-M (Vista ventral)
segundo Hörstadius, 1939; N cortesia de G. Watchmaker.) (N)
Boca
Ânus
Bastonetes
esqueléticos
Figura 6.2
Seqüência completa da gastrulação em
Lytechinus variegatus. O tempo mostra
15 hs. 17 hs. 18 hs.
a duração do desenvolvimento a 25oC.
13.5 hs. (Cortesia de J. Morrill.)
212 PARTE II Padrões de Desenvolvimento
(A)
(B)
Figura 6.3
Formação dos cordões sinciciais por células mesenquimatosas do ouriço-do-mar. (A) Células
mesenquimatosas primárias da gástrula precoce se alinham e se fundem para depositar a matriz
da espícula de carbonato de cálcio. (B) microfotografia eletrônica de varredura de espículas
formadas pela fusão das células mesenquimatosas primárias para formar os cordões sinciciais.
(C) Anel de células mesenquimatosas em volta do arquêntero (intestino primitivo). A metade
animal e todo o arquêntero foram removidos. (D) Colocação das células mesenquimatosas
primárias na larva precoce de Lytechinus variegatus. (A e D de Ettensohn, 1990; B e C de
Morrill e Santos, 1985; todas as fotografias, cortesia dos autores.)
(A)
(B)
Figure 6.4 (C)
Fotografias ao estéreo-microscópio eletrônico de varredura de células mesenquimatosas primá-
rias dentro da matriz extracelular de fibrilas da blastocele. (A) Células mesenquimatosas primá-
rias enredadas na matriz extracelular da gástrula precoce de Strongylus centrotus. (B,C) migra-
ção de células mesenquimatosas em estágio de gástrula. As fibrilas da matriz extracelular da
blastocele ficaram paralelas ao eixo animal-vegetal e estão intimamente associadas com as célu-
las mesenquimatosas primárias. (de Cherr et al., 1992; cortesia de G. Cherr.)
Enquanto outras células mantêm sua forte ligação à camada hialina e às células vizi-
nhas, as precursoras do mesênquima primário perdem sua afinidade a essas estruturas
(para aproximadamente 2% do valor original), enquanto que sua afinidade aos compo-
nentes da lâmina basal e matriz extracelular aumenta 100 vezes. Essa mudança na
afinidade faz com que os micrômeros percam suas ligações com a camada hialina
externa e com as células circundantes e, atraídos pela lâmina basal, migram para o
interior da blastocele (Figura 6.5). As modificações na afinidade celular foram
Micrômeros em
estágio de 16 células 5.8 x 10-5 6.8 x 10-5 4.8 x 10-7
Células mesenquimatosas
em estágio migratório 1.2 x 10-7 1.2 x 10-7 1.5 x 10-5
Ectoderma e
endoderma gastrular 5.0 x 10-5 5.0 x 10-5 5.0 x 10-7
Fonte: Segundo Fink e McClay, 1985.
a
Células testadas foram colocadas em placas contendo hialino, lâmina basal extracelular, ou
monocamadas celulares. As placas foram invertidas e centrifugadas a várias forças para deslocar
as células. A força de deslocamento é calculada pela força centrífuga necessária para remover as
células teste do substrato.
214 PARTE II Padrões de Desenvolvimento
Matriz Células
extracelular fibrilar Mesenquimatosas primárias
Blastocele
Lâmina basal
e contribui para a formação das espículas embrionárias (Prancha 35). Se células mesen-
quimatosas primárias de embriões mais velhos são injetadas em gástrulas mais jovens,
elas atrasarão sua diferenciação, migrarão como as células mais jovens e serão incorpo-
radas normalmente no mesênquima do hospedeiro. Além disso, se todas as células
mesenquimatosas do hospedeiro são removidas antes da injeção de células mesenqui-
matosas mais velhas, essas repetirão os estágios iniciais de sua migração, formando um
anel mesenquimatoso e o esqueleto, normalmente (Ettensohn, 1990). Considera-se que
essa informação posicional é fornecida pelas futuras células ectodérmicas e suas lâmi-
nas basais (von Übisch, 1939; Harkey e Whiteley, 1980). Somente células mesenquima-
tosas primárias (e não outros tipos de células ou partículas de látex) são capazes de
responder a esses sinais modeladores (Ettensohn e McClay, 1986). Miller e colegas
(1995) observaram a existência de filopódios extremamente delgados (0.3 µm de diâme-
tro) no mesênquima esqueletogênico (skeletonogenic); esses parecem explorar e sentir
a parede da blastocele (Figura 6.7). Esses filopódios contêm actina e não são considera-
dos como locomotores. Em lugar disso, são considerados como sensores do ambiente,
da mesma maneira que os filopódios nas pontas dos cones de crescimento axonal. Essas
extensões delgadas podem ser responsáveis pela captação de sinais modeladores
dorsoventral e animal-vegetal, a partir do ectoderma (Malinda et al., 1995).
Figura 6.7
Videomicrografia de Nomarski mostrando um filopódio longo e fino estendendo-se
de uma célula mesenquimatosa primária até a parede ectodérmica da gástrula,
assim como um filopódio mais curto estendendo-se para dentro do ectoderma. Os
filopódios mesenquimatosos estendem-se através da matriz extracelular e contatam
diretamente a membrana celular das células ectodérmicas. (de Miller et al., 1995;
fotografia cortesia de D. McClay.)
216 PARTE II Padrões de Desenvolvimento
placa vegetativa. Essas células permanecem ligadas umas às outras e à camada hialina
do ovo, e se movem para ocupar os vazios deixados pelo ingresso do mesênquima;
portanto, a placa vegetal se achata ainda mais. Verifica-se, também, que a placa vegetal
se dobra para dentro e se estende por um quarto ou até a metade do seu caminho para
a blastocele (veja Figura 6.2, 10.5-11.5 horas; Figura 6.8A). Então, repentinamente, a
invaginação cessa. A região invaginada é chamada de arquêntero (intestino primitivo)
e sua abertura no pólo vegetal chamada de blastóporo.
Quais forças atuam para invaginar essas células? Lane e colaboradores (1993)
mostraram que o envergamento é semelhante aquele produzido pelo aquecimento de
uma faixa bimetálica. A camada hialina é, na verdade, formada de duas lâminas: uma
externa, formada primariamente de proteína hialina, e uma interna, composta de prote-
ínas fibropelinas* (Hall e Vacquier. 1982; Bisgrove et al., 1991). As células da placa
vegetal (e somente essas células) secretam um proteoglicano de condroitina sulfato
na lâmina interna da camada hialina, diretamente abaixo delas. Essa molécula
higroscópica (absorvente de água) incha a lâmina interna mas não a externa. Isso
causa o envergamento da camada hialina (Figura 6.8B,C). Um pouco mais tarde, uma
*Fibropelinas são armazenadas em grânulos secretores dentro dos oócitos. São secretadas desses
grânulos após a liberação da proteína hialina pela exocitose granular cortical. No estágio de blástula,
as fibropelinas já formaram um envoltório, tipo rede, sobre a superfície do embrião.
(A)
Figura 6.8
Invaginação da placa vegetal. (A) Invaginação da placa vegetal de Lytechinus variegatus vista
por micrografia eletrônica de varredura da superfície externa da gástrula precoce. O blastóporo
está claramente visível. (B) a camada hialina consiste de lâminas internas e externas. Microvi-
losidades da placa vegetal estendem-se através da camada hialina e seu citoplasma contém
vesículas secretoras que armazenam um proteoglicano de sulfato de condroitina (CSPG). (C)
Os grânulos de armazenamento secretam o proteoglicano para dentro da lâmina interna da
camada hialina. O proteoglicano absorve água e entumece a lâmina interna, enquanto a lâmina
externa, ao qual está fixado, não entumece. Isso ocasiona a curvatura para dentro do envoltório
hialino e do epitélio a ele ligado. (A de Morrill e Santos, 1985, cortesia de J. B. Morrill e C
segundo Lane et al., 1993.)
Blastocele interior
segunda força resultante dos movimentos das células epiteliais adjacentes à placa
vegetal, pode facilitar essa invaginação puxando para dentro a camada envergada
(Burke et al., 1991).
Figura 6.10
Estágio de gástrula intermediária do ouriço-
do-mar Lytechinus pictus, mostrando exten-
sões de filopódios do mesênquima secundá-
rio estendendo-se da ponta do arquêntero até
a parede da blastocele. (A) Células mesen-
quimatosas estendendo filopódios da ponta
do arquêntero. (B) Cabos de filopódios
conectando a parede da blastocele à ponta do
arquêntero. A tensão nos cabos pode ser ava-
liada pela tração exercida sobre a parede da
blastocele no ponto de fixação. (Fotografias
(A) (B) cortesia de C. Ettensohn.)
218 PARTE II Padrões de Desenvolvimento
Gastrulação em peixes
A transição da blástula intermediária
e a aquisição de motilidade celular
Célula do vitelo
Núcleo do vitelo
Pólo vegetal
(B) (C)
ESCUDO (6.0 HS.) Pólo animal Ingresso celular
Epiblasto
Hipoblasto
Camada Camada
envolvente envolvente
Somito #1
Ventral Dorsal
Ventral Dorsal
Mesoderma
Ectoderma,
neuroectoderma Coto caudal Região do
Pólo vegetal Mesendoderma: precursores tronco
para mesoderma e endoderma Posterior
fortemente ligada à YSL e é arrastada junto com ela. As células mais profundas do
blastoderma enchem o espaço entre a YSL e a EVL enquanto a epibolia se desenvolve.
Isso pode ser demonstrado cortando a ligação entre YSL e EVL. Quando isso é feito,
as células blastodérmicas retornam ao topo do vitelo enquanto YSL continua sua
expansão ao redor da célula do vitelo (Trinkaus, 1984b, 1992). A expansão de YSL tem
como base uma rede de microtúbulos em sua estrutura, e radiação ou drogas que
220 PARTE II Padrões de Desenvolvimento
Figura 6.12
(A) Pólo animal
Convergência e extensão no peixe-zebra. (A) Vista dorsal de movimentos de
Extensão convergência e extensão durante a gastrulação do peixe-zebra. A epibolia es-
tende o blastoderma sobre o vitelo; a involução ou o ingresso geram o hipoblasto;
Escudo convergência e extensão trazem células do hipoblasto e epiblasto para o lado
embrionário dorsal para formar o escudo embrionário. Dentro do escudo, a intercalação
estende o cordomesoderma em direção ao pólo animal. (B,C) Extensão con-
vergente do cordomesoderma é mostrada por aquelas células exprimindo o
Convergência
gene no tail (sem cauda), um gene que é expresso pelas células da notocorda.
(D,E) Extensão convergente de células mesodérmicais adaxiais (marcadas pela
Involução
sua expressão de gene snail para flanquear a notocorda. (de Langeland e
Epibolia Kimmel, 1997.)
Célula do
vitelo
Embrião
Gastrulação de anfíbios
O estudo da gastrulação em anfíbios é ao mesmo tempo uma das mais antigas e uma
das mais novas áreas da embriologia experimental; mesmo considerando que gastru-
lação de anfíbios foi estudada extensamente no século passado, a maior parte de
nossas teorias relacionadas aos mecanismos do movimento no desenvolvimento,
foram revisadas na década passada. O estudo da gastrulação em anfíbios foi compli-
cado pelo fato de existir mais de um tipo de gastrulação nos anfíbios. Espécies diferen-
tes empregam diferentes maneiras para atingir o mesmo objetivo (Smith e Malacinski,
1983; Lundmark, 1986). Nos últimos anos, a pesquisa mais intensa se concentrou em
Xenopus, portanto, daremos ênfase ao seu processo de gastrulação.
Figura 6.15
Movimentos celulares durante a gastrulação da rã. As seções são cortadas através da
metade do embrião, e são posicionadas de modo que o pólo vegetal seja inclinado na
direção do observador e ligeiramente para a esquerda. Os principais movimentos celula-
res estão indicados por flechas, e as células superficiais do hemisfério animal estão
coloridas para permitir o seguimento de sua movimentação. (A,B) Gastrulação precoce.
Células de garrafa da margem movem-se para o interior para formar o lábio do blastóporo,
e precursores mesodérmicos involuem sob o teto da blastocele. AP marca a posição do
Figura 6.16
pólo animal, que irá mudar à medida que a gastrulação prossegue. (C,D) Gastrulação
Estrutura do lábio do blastóporo. (A) Dia-
intermediária. O arquêntero se forma e desloca a blastocele, e as células migram dos
grama de células de uma seção da gastrula-
lábios lateral e ventral do blastóporo para dentro do embrião. As células do hemisfério
ção do embrião da salamandra, mostrando a
animal migram em direção da região vegetal, movendo o blastóporo para região próxima
extensão das células-garrafa do blastóporo.
do pólo vegetal. (E,F) Perto do fim da gastrulação, a blastocele é obliterada, o embrião
(B) Visão de superfície de um lábio dorsal
fica envolvido pelo ectoderma, o endoderma foi internalizado, e as células mesodérmicas
precoce do blastóporo de Xenopus. A dife-
se posicionaram entre o ectoderma e o endoderma. (Segundo Keller, 1986.)
rença de tamanho entre os blastômeros ani-
mais e vegetais está claramente aparente. (C)
Detalhe da região onde as células do hemis-
fério animal estão involuindo através do lá-
bio do blastóporo. (A segundo Holtfreter,
1943; B e C, micrografias de varredura ele-
(A) (B)
trônica cortesia de C. Phillips.)
(C)
Células-
garrafa
Blastóporo
224 PARTE II Padrões de Desenvolvimento
Lábio do
blastóporo iv v
Figura 6.17
Epibolia do ectoderma. (A) Movimentos morfogenéticos de células migrando para o interior do
blastóporo e em seguida sob a superfície. (B) Mudanças na região ao redor do blastóporo
quando se formam sucessivamente os lábios dorsal, lateral e ventral. Quando o lábio ventral
completa o círculo, o endoderma torna-se progressivamente internalizado. Números ii-v corres-
pondem às Figuras 6.15B-E, respectivamente. (B de Balinsky, 1975, cortesia de B. I. Balinsky.)
Posicionando o blastóporo
Tendo visto os aspectos gerais da gastrulação em anfíbios, podemos agora nos ocu-
par de cada passo em detalhe. A gastrulação não existe como um processo indepen-
dente na vida do animal. Na verdade, a preparação para a gastrulação já pode ser
visualizada no preciso momento da fusão óvulo-espermatozóide. O óvulo tem uma
polaridade ao longo do eixo animal-vegetal. O destino geral dessas regiões pode ser
previsto antes da fecundação. A superfície do hemisfério animal se transformará nas
células do ectoderma (pele e nervos), o hemisfério vegetal formará as células do intes-
tino e órgãos associados (endoderma), e as células mesodérmicas serão formadas a
partir do citoplasma interno, ao redor do equador. Assim, as camadas germinativas
podem ser mapeadas no óvulo; porém, isso nada diz sobre qual parte do ovo formará
a frente e qual as costas. Os eixos dorsoventral (dorso-frente), ântero-posterior e
direito-esquerdo ainda não foram determinados.
Os eixos dorsoventral e ântero-posterior são especificados pelo deslocamento
do citoplasma do zigoto durante a fecundação. No Capítulo 4 discutimos a rotação
do citoplasma cortical relativo ao citoplasma interno no ovo da rã. O citoplasma
interno permanece orientado em relação à gravidade devido a sua densa acumula-
ção de vitelo, enquanto o citoplasma cortical gira 30o na direção do hemisfério ani-
mal (para cima) em direção ao ponto de entrada do espermatozóide (veja Figura 4.34).
CAPÍTULO 6 Gastrulação: Reorganizando as células embrionárias 225
Essa rotação faz com que o eixo animal-vegetal da superfície do ovo se desloque 30o Normal Girada
relativo ao eixo animal-vegetal do citoplasma interno. Dessa maneira, um novo esta-
Porcentagem de embriões
do de simetria é adquirido. Enquanto que o óvulo era radialmente simétrico em
relação ao eixo animal-vegetal, o ovo fecundado agora tem um eixo dorsoventral e é
bilateralmente simétrico (tem lados direito e esquerdo). O citoplasma interno tam-
bém se move, e microscopia de fluorescência de embriões precoces mostrou que os
padrões citoplasmáticos das células presuntivas dorsais são diferentes daqueles
das células presuntivas ventrais (Prancha 7).
Esses movimentos citoplasmáticos ativam o citoplasma oposto ao ponto de
entrada do espermatozóide, a iniciar a gastrulação (Figura 6.18). O lado pelo qual
entra o espermatozóide marca a futura superfície ventral do embrião; o lado oposto,
onde se inicia a gastrulação, marca o futuro dorso (costas) do embrião (Gerhart et al., Ângulo do lábio do blastóporo
1981; Vincent et al., 1986). Mesmo que o espermatozóide não seja necessário para do ponto de entrada de espermatozóide
induzir esses movimentos no citoplasma do ovo, ele é importante na determinação
da direção dessa rotação. Se um ovo artificialmente estimulado é anucleado, a rota- Figura 6.18
ção cortical ainda se dá no tempo correto. Entretanto, a direção desse movimento é Relação entre o ponto da entrada do esper-
imprevisível. (De fato, em ovos dispérmicos existe uma única direção de rotação.) O matozóide e o lábio dorsal do blastóporo em
espermatozóide parece fornecer um sinal espacial que orienta a rotação autônoma ovos de rã normais e naqueles que sofreram
do citoplasma, mas é a rotação citoplasmática que é essencial para o futuro desen- rotação. Ovos de Xenopus foram fertilizados,
volvimento. Além disso, se essa rotação cortical é bloqueada, não há o desenvolvi- desgeleificados e colocados em Ficoll para de-
sidratar o espaço perivitelino. A entrada do
mento dorsal, e o embrião morre como uma massa de células ventrais (primariamente
espermatozóide foi marcada com corante. Os
intestinais) (Vincent e Gerhart, 1987). A direção do movimento citoplasmático deter- ovos sofreram rotação, foram inclinados em
mina qual lado será o dorsal e qual será o ventral. 900, com o ponto de entrada do espermato-
A direção preferencial fornecida pelo ponto de entrada do espermatozóide pode zóide virado para cima, 50-80 minutos após
ser sobrepujada por um redirecionamento mecânico da relação espacial entre os a fertilização. (Segundo Gerhart et al., 1981.)
citoplasmas cortical e subcortical. Quando se impede a rotação do ovo (por imersão
em um polissacarídeo que provoca o colapso do espaço perivitelino entre o ovo e o
envoltório de fertilização) ele pode sofrer uma rotação de 90o de modo que o eixo
animal-vegetal fique horizontal e não vertical e o ponto de entrada do espermatozói-
de voltado para cima (Gerhart et al., 1981; Kirschner e Gerhart, 1981; Cooke, 1986).
Quando ovos fecundados são inclinados dessa maneira por trinta minutos, partindo
da metade do primeiro ciclo de clivagem, o citoplasma gira de tal maneira que quase
todos os embriões iniciam a gastrulação no mesmo lado da entrada do espermatozói-
de (veja Figura 6.18).
A discussão precedente sugere que deve ser possível ter dois sítios de iniciação
de gastrulação se houver a combinação de rotação orientada pelo espermatozóide
com uma rotação do ovo artificialmente induzida. Black e Gerhart (1985) permitiram a
rotação inicial orientada pelo espermatozóide, mas em seguida imobilizaram os ovos
em gelatina e os centrifugaram levemente, de modo que o citoplasma interno se mo-
vesse para o ponto de entrada do espermatozóide. Quando foi permitido que os ovos
centrifugados se desenvolvessem em água normal, apareceram dois sítios de gastru-
lação, levando ao aparecimento de larvas gêmeas ligadas (Figura 6.19). A hipótese de
Black e Gerhart (1986) é que tal produção de gêmeos é causada pela formação de duas
áreas de interação: um eixo se forma onde a rotação cortical normal deu origem às
interações citoplasmáticas no pólo vegetal da célula; o outro eixo se forma onde o
citoplasma dirigido pela centrifugação interage com os componentes do pólo vegetal.
Gêmeos também podem ser produzidos em gravidade normal, colocando o lado do
ovo onde penetra o espermatozóide voltado para cima, após remover o envoltório de
fertilização (Gerhart et al., 1981).
A possibilidade de se obter dois lábios funcionais dos blastóporos também sugere
que não há nada especial a respeito do crescente cinzento, onde se observa pela
primeira vez o início da gastrulação. Na verdade, os fatores indutores da gastrulação
parecem ser criados pelas interações dos citoplasmas animal e vegetal, interações
essas que, provavelmente, ativam algum componente do citoplasma vegetal. Gimlich
e Gerhart (1984) realizaram uma série de experimentos de transplante que confirmaram
226 PARTE II Padrões de Desenvolvimento
(A) (B)
Figura 6.19
Blastóporos gêmeos produzidos pela rotação
de ovos desgeleificados de Xenopus com o lado
ventral para cima (ponto de entrada do esper-
matozóide), no momento da primeira cliva-
gem. (A) Dois blastóporos são instruídos para
formar: o original (oposto ao ponto de entrada
do espermatozóide) e o novo, criado pelo des-
locamento de material citoplasmático. (B) Es-
ses ovos desenvolvem dois eixos completos, a hipótese de que os fatores que iniciam a gastrulação originalmente estão no cito-
que formam girinos gêmeos, ligados ventral- plasma profundo das células vegetativas dorsais, e não no crescente cinzento. Eles
mente. (Cortesia de J. Gerhart.) demonstraram que em um embrião de Xenopus, no estágio de 64 células, os três
blastômeros vegetais mais dorsais são capazes de induzir a formação do lábio dorsal
do blastóporo e de um eixo dorsal completo em embriões hospedeiros irradiados com
luz ultravioleta (que, de outra maneira, não seriam capazes de iniciar a gastrulação;
Figura 6.20A). Além disso, esses três blastômeros, situados abaixo da região do
prospectivo lábio dorsal, podem também induzir uma invaginação secundária e um
eixo quando transplantados para o lado ventral de um embrião normal, no estágio de
64 células, não irradiado (Figura 6.20B). Esse pequeno grupo de blastômeros vegetais
permite a invaginação de células marginais adjacentes e a formação do eixo mesodér-
mico dorsal do embrião. Holowacz e Elinson (1993) observaram que o citoplasma
cortical, das células vegetativas dorsais do embrião de Xenopus, no estágio de 64
células, era capaz de induzir a formação de eixos secundários quando injetado em
células vegetativas ventrais. Nem o citoplasma cortical de células animais e nem o
citoplasma profundo das células ventrais puderam induzir esses eixos.
Parece, então, que os rearranjos internos do citoplasma, provavelmente orienta-
dos pela entrada do espermatozóide, são responsáveis pela distribuição assimétrica
de fatores subcelulares. Essa assimetria cria uma distinção dorsoventral no ovo que,
em última instância, dirige o posicionamento do blastóporo acima de um conjunto de
blastômeros vegetais e oposto ao ponto de entrada do espermatozóide. As moléculas
que podem estar envolvidas na formação do sítio vegetal de iniciação da gastrulação
(o “centro de Nieuwkoop”) serão discutidas no Capítulo 15.
(A) (B)
UV
Sem transplante
Transplante
Figura 6.20
Experimentos de transplante demonstrando
que as células vegetativas, abaixo das regiões
de recombinação de Holtfreter, nos quais células da zona marginal dorsal (que dariam do futuro lábio dorsal do blastóporo, são res-
origem ao lábio dorsal do blastóporo) foram combinadas com o tecido endodérmico ponsáveis pelo início da gastrulação. (A) Sal-
interno. Quando as células da zona marginal dorsal foram removidas e colocadas no vamento de embriões irradiados pelo trans-
plante de blastômeros do segmento mais dor-
prospectivo tecido endodérmico interno, as células precursoras do blastóporo forma-
sal (cor) de um embrião, no estágio de 64 célu-
ram células garrafas e se aprofundaram abaixo da superfície do endoderma interno las, para uma cavidade criada pela remoção de
(Figura 6.21). Mais ainda, ao se aprofundarem, criaram uma depressão reminiscente do um número semelhante de células vegetais. Um
blastóporo precoce. Sendo assim, Holtfreter sugeriu que a habilidade de invaginar zigoto irradiado sem tal transplante não sofre
com profundidade para dentro do endoderma é uma propriedade inata das células da gastrulação normal. (B) Formação de um novo
zona marginal dorsal. local para gastrulação e eixo corporal pelo trans-
plante das células vegetativas, mais dorsais,
de um embrião de 64 células, para região vege-
tal mais ventral, de outro embrião de 64 célu-
las. (Segundo Gimlich e Gerhart, 1984.)
Células
Implante endodérmicas Sulco no blastóporo
Figura 6.21
Um implante de células de anfíbios da região do lábio dorsal do blastóporo submerge para
dentro de uma camada de células endodérmicas e forma um sulco do blastóporo. (Segundo
Holtfreter, 1944.)
228 PARTE II Padrões de Desenvolvimento
Células
(A) (B) (C) (D)
marginais
profundas
Endoderma
Intercalação Células
radial de células garrafa
profundas
Células
Futuro marginais
mesoderma superficiais
posterior Células- Lábio dorsal
garrafa do blastóporo
Morfologia de O lábio se
Futuro Blastóporo mudanças das extende lateral
IMZ mesoderma anterior células profundas e vegetalmente
profunda
Células garrafa
(E) Precursores do (F) Ectoderma Precursores do
mesoderma cefálico do mesoderma cefálico do
endoderma da faringe endoderma da faringe
Figure 6.22
Modelo integrativo dos movimentos celulares durante a gastrulação precoce de Xenopus.
(A) Estrutura da zona marginal involutiva (IMZ) antes da gastrulação. A IMZ profunda
consiste do futuro mesoderma anterior e do futuro mesoderma posterior. (B) Constrição
das células garrafa arrasta o futuro mesoderma anterior para cima e gira a IMZ para fora. (C)
Os precursores do mesoderma anterior conduzem o movimento do mesoderma para dentro
da blastocele. (D) Ocorre intercalação radial (interdigitação) das células profundas da IMZ.
O mesoderma move-se na direção ao pólo animal, arrastando as células superficiais e as
células garrafa por involução. (E) À medida que continua a gastrulação, as células marginais
profundas se achatam, e as células previamente superficiais formam a parede do arquêntero.
(F) Intercalação como em (D), olhando da superfície dorsal para baixo em direção do lábio
dorsal do blastóporo. Na NIMZ (zona marginal não involutiva) e parte superior da IMZ,
células profundas (mesodérmicas) estão se intercalando radialmente, configurando uma fita
estreita de células achatadas. Esse estreitamento de várias camadas em poucas outras causa
extensão na direção lábio do blastóporo. Imediatamente acima do lábio, intercalação
medianolateral das células produz tensões que arrastam a IMZ por cima do lábio, a interca-
lação medianolateral continua, alongando e estreitando o mesoderma axial. (Segundo Hardin
e Keller, 1988; Wilson e Keller, 1991.)
CAPÍTULO 6 Gastrulação: Reorganizando as células embrionárias 229
Informações adicionais
& Especulações
(A)
(B) (C)
(D) (E)
CAPÍTULO 6 Gastrulação: Reorganizando as células embrionárias 231
tina (Figura 6.23A; Boucaut et al., 1984; cele de gástrulas precoces de salamandra reconheça a fibronectina. Além disso, as
Nakatsuji et al., 1985). O mesoderma e os depositaram em recipientes de plásti- células das DMZ não migraram ao acaso,
involutivo parece migrar nessas fibras de co com suas matrizes extracelulares tocan- mas migraram em direção ao pólo animal
fibronectina. Isso foi confirmado pela sín- do o plástico (Figura 6.24A). O eixo do da matriz extracelular que havia sido ab-
tese química de uma “falsa” fibronectina blastóporo ao pólo animal foi marcado e, sorvida no plástico (Figura 6.24B).
que pode competir com a genuína da ma- após 2 horas, o explante foi removido, dei- Em Xenopus, a extensão convergente
triz extracelular. Células se ligam a uma xando sua matriz extracelular. Um explante empurra as células migratórias para cima,
certa região da proteína fibronectina que menor da zona marginal dorsal foi removi- em direção ao pólo animal. Entretanto, a
contém uma seqüência de três aminoáci- do de outra gástrula precoce e colocado fibronectina parece delinear os limites
dos (Arg-Gly-Asp; RGD). Boucaut e co- sobre a matriz com seu próprio eixo dentro dos quais esses movimentos po-
laboradores injetaram grandes quantida- blastóporo-pólo animal, perpendicular dem ocorrer. A fibronectina das gástrulas
des de um pequeno peptídio contendo àquele da matriz. Seria possível às células de Xenopus não forma grades complexas,
essa seqüência na blastocele de embri- desse explante migrarem na matriz, e se mas se organiza em pequenos aglomera-
ões de salamandra, pouco antes do início migrassem o fariam em uma direção parti- dos fibrilares. Se a fibronectina for sinte-
da gastrulação. Se a fibronectina fosse es- cular? Foi verificado que as células mi- tizada mas não organizada nessas fibrilas,
sencial para a migração celular, então as graram, e que a migração podia ser inibida as células mesodérmicas dorsais vão ade-
células ligadas a esse fragmento solúvel por anticorpos que impedem que a célula rir à superfície basal do ectoderma
de peptídio, em lugar da fibronectina real presuntivo, mas não migrarão (Winklbau-
ligante de células, deveriam parar. Impos- er e Nagel, 1991). As fibrilas de fibronecti-
sibilitadas de encontrar sua “estrada”, as na são necessárias para que as células
células mesodérmicas deveriam cessar sua mesodérmicas da cabeça se achatem e es-
involução. Isso é precisamente o que tendam largos processos (lameliformes)
ocorreu (Figura 6.23B-E). Não foram vis- (A) na direção da migração (Winklbauer et al.,
tas células migratórias ao longo do lado 1991; Winklbauer e Keller, 1996). A impor-
de baixo do ectoderma. Em vez disso, os Pólo animal tância dessas fibrilas de fibronectina é
precursores mesodérmicos permaneceram também vista em híbridos interespecíficos
fora do embrião, formando uma massa ce- que se detém na gastrulação. Delarue e
lular convoluta. Outros pequenos peptí- colegas (1985) mostraram que certos hí-
dios sintéticos (incluindo outros fragmen- bridos inviáveis, entre duas espécies de
tos da molécula de fibronectina) não im- sapos, morrem durante a gastrulação por-
pediram a migração. que não secretam essas fibrilas de fibro-
Considera-se que as células mesodér- nectina. Parece então, que a matriz extra-
micas aderem à fibronectina através da celular do teto da blastocele, e particular-
αvβ1 proteína integrina (Alfandari et al., mente seu componente fibronectina, é im-
1995). A migração mesodérmica pode ser portante na migração das células mesodér-
também interrompida pela microinjeção de micas durante a gastrulação em anfíbios.
anticorpos contra fibronectina ou contra
a subunidade β1 de integrina que funcio-
na como parte do receptor de fibronecti-
na (D’Arribère et al., 1988, 1990). Alfandari Figura 6.24
e colegas (1995) mostraram que logo após A direção da migração das células da zona mar-
a fecundação, a subunidade αv da integri- ginal dorsal (DMZ) depende da orientação da
na é progressivamente perdida das mem- matriz extracelular do teto da blastocele. (A)
branas das células do blastômero. Entre- (B) Explantes do teto da blastocele do blastóforo
tanto, pouco antes e durante a gastrula- (BP) para o pólo animal (AP) foram disseca-
ção, a subunidade αv é expressa na su- dos de embriões de salamandra em estágio pre-
perfície das células mesodérmicas migra- coce de gastrulação e colocados em placas plás-
ticas. A matriz extracelular aderiu à placa, e o
tórias. Parece então, que a síntese desse
tecido foi então removido. Um explante me-
receptor de fibronectina pode sinalizar o
nor de uma gástrula precoce, contendo células
tempo para o mesoderma começar e con-
da DMZ, foi então colocado sobre essa ma-
tinuar a migração. triz, com o seu próprio eixo perpendicular
A matriz extracelular contendo fibro- aquele da matriz. (B) Células da DMZ do
nectina, permite a ligação das células AP
explante migraram para o pólo animal da ma-
mesodérmicas à rede de fibronectina e, triz. A linha pontilhada indica a borda original
além disso, parece fornecer sinais para a do explante, e a flecha branca representa seu
direção da migração celular. Shi e cole- eixo blastóporo-pólo animal. (de Shi et al.,
gas (1989) removeram os tetos da blasto- 1989, fotografia cortesia dos autores.)
232 PARTE II Padrões de Desenvolvimento
Epibolia do ectoderma
Enquanto a involução está ocorrendo no lábios do blastóporo, os precursores
ectodérmicos estão se expandindo sobre todo o embrião. Keller (1980) e Keller e
Schoenwolf (1977) usaram microscopia eletrônica de varredura para observar as mo-
dificações tanto nas células superficiais como nas células profundas das regiões
animal e marginal. O mecanismo principal de epibolia na gastrulação do Xenopus
parece ser um aumento no número de células (através de divisão), acoplado a uma
concomitante integração de várias camadas profundas em uma só (Figura 6.25). Du-
rante a gastrulação precoce, três rodadas de divisão celular aumentam o número de
camadas de células profundas no hemisfério animal. Ao mesmo tempo, completa
integração de numerosas células profundas em uma camada também ocorre. A camada
mais superficial se expande por divisão e achatamento celular. O espalhamento de
células nas zonas marginais dorsal e ventral, se dá provavelmente pelo mesmo meca-
nismo, ainda que mudanças na forma celular parecem ter um papel mais importante do
que no hemisfério animal. O resultado dessas expansões é a epibolia das células
superficiais e profundas do pólo animal e regiões marginais não involutivas sobre a
superfície do embrião (Keller e Danilchik, 1988). A maior parte das células da região
marginal, como mencionado anteriormente, involuem para se juntar à corrente de célu-
las mesodérmicas dentro do embrião.
Gastrulação no Xenopus é uma orquestração de vários eventos distintos. A primei-
ra indicação de gastrulação envolve a invaginação local das células garrafa do
endoderma na zona marginal, em tempo e lugar precisamente definidos. Em seguida, a
involução das células marginais através do lábio do blastóporo, começa a formação
do arquêntero. Essas células involutivas, na margem anterior do manto mesodérmico,
migram ao longo da superfície interna do teto do blastóporo, e o prospectivo cordo-
mesoderma atrás delas, se estreita e se alonga posteriormente, por extensão conver-
gente, na porção dorsal do embrião. Ao mesmo tempo, as células precursoras ectodér-
micas epibolizam vegetalmente por divisão celular e pela integração de camadas celu-
lares previamente independentes. O resultado desses movimentos celulares é o posi-
cionamento adequado das três camadas germinativas em preparação para sua diferen-
ciação em órgãos do corpo. Estudos moleculares (a serem discutidos no Capítulo 15)
estão começando a nos dar pistas relacionadas a mecanismos pelos quais as células
são informadas de como começar e finalizar essas migrações
Estágio
Figura 6.25
Micrografias eletrônicas de varredura do teto da blastocele de Xenopus, mostrando as mudanças
na forma e arranjo das células. Os estágios 8 e 9 são de blástula; estágios 10-11.5 representam
gástrulas progressivamente mais avançadas. (de Keller, 1980, cortesias de R. E. Keller.)
CAPÍTULO 6 Gastrulação: Reorganizando as células embrionárias 233
Gastrulação em aves
Generalidades sobre gastrulação em aves
Blastoderma
Anterior Epiblasto
Zona marginal
posterior
Área opaca
Células do hipoblasto
delaminando-se do epiblasto
Área pelúcida
Figura 6.26
Formação do blastoderma de duas camadas
do embrião da galinha. As primeiras células
hipoblásticas delaminam individualmente,
para formar ilhas de células sob o epiblasto.
Área opaca Área opaca
Células da margem posterior (células de foice
de Koller e células marginais posteriores) pro-
duzem uma população de células que migra
Epiblasto
Blastocele abaixo do blastodisco e incorpora as ilhas
poli-invaginadas. Essa camada inferior torna-
se o hipoblasto. A camada superior é o
epiblasto. À medida que o hipoblasto se move
no sentido anterior, células do epiblasto se
Células do hipoblasto migrando de agregam na região anterior à foice de Koller
células profundas da região posterior para formar a linha primitiva.
234 PARTE II Padrões de Desenvolvimento
Área
pelúcida
Figura 6.27
Linha primitiva
Movimentos celulares da linha primitiva do
tomando forma
embrião de galinha. (A-E) Visão dorsal da for-
(E) Anterior (F) (K) mação e alongamento da linha primitiva. O blas-
toderma é visto em (A) 3-4 horas, (B) 5-6
Nódulo Processo
horas, (C) 7-8 horas, (D) 10-12 horas e (E) 15-
de Hensen cefálico
16 horas. O movimento precoce das células
Área epiblásticas HNK-1+ é mostrado por flechas.
pelúcida (F-H) A formação da notocorda e somitos
mesodérmicos à medida que a linha primitiva
Área regride é mostrada em (F) 19-22 horas, (G)
opaca Nódulo 23-24 horas e (H) no estágio de quatro somitos.
de Hensen (I-K) Mapas do destino do epiblasto em dois
estágios da gastrulação. Extensão convergente
Sulco primitivo é mostrada na linha mediana, e as células pre-
Ectoderma da cursoras endodérmicas ingressam mais rapi-
(G) Borda anterior
do mesoderma dobra cefálica (H) damente que as células precursoras mesodér-
Dobra cefálica
micas. (Adaptado de várias fontes, especial-
Intestino mente Spratt, 1946, e Balinsky, 1975; I-K se-
Dobra neural anterior gundo Vakaet, 1985.)
Somito
Notocorda
Nódulo Placa
de Hensen segmental
Linha primitiva
da linha primitiva parece ser coincidente com a migração em direção anterior dessas
células do hipoblasto secundário.
Nódulo de Hensen
(B) Linha primitiva
Epiblasto
Blastocele
Hipoblasto
Endoderma
Células migratórias
(mesênquima)
embrionárias, mas contém os precursores das células germinativas, que mais tarde
migram através dos vasos sangüíneos até as gônadas. As próximas células que en-
tram na blastocele através do nódulo de Hensen (e o primeiro quarto anterior da linha
primitiva) também se movem anteriormente, mas não se movem tão ventralmente como
as células presuntivas endodérmicas do intestino anterior. Essas células permanecem
entre o endoderma e o epiblasto para formar as células do mesoderma da cabeça e do
cordomesoderma (notocorda) (veja Psychoyos e Stern, 1996). Essas células de ingres-
so precoce se moveram todas anteriormente, empurrando para cima a região mediano-
anterior do hipoblasto, a fim de formar o processo cefálico (Figura 6.29). Enquanto
isso, as células continuam a migrar para dentro, através da porção lateral da linha
primitiva. Quando entram na blastocele, essas células se separam em duas correntes.
Uma corrente se move mais profundamente e encontra o hipoblasto em sua região
mediana, deslocando as células hipoblásticas para os lados. Essas células de movi-
mento profundo dão origem a todos os órgãos endodérmicos do embrião, assim como
a maioria das membranas extra-embrionárias (o hipoblasto forma o restante). A segun-
da corrente migratória se espalha através da blastocele como uma camada frouxa, mais
ou menos a meio caminho entre o hipoblasto e o epiblasto. Essa camada origina as
porções mesodérmicas do embrião e das membranas extra-embrionárias. Após 22 ho-
ras de incubação, a maior parte das células presuntivas endodérmicas estão no interi-
or do embrião, apesar das células presuntivas mesodérmicas continuarem a migrar
para o interior por um tempo mais longo.
CAPÍTULO 6 Gastrulação: Reorganizando as células embrionárias 237
Endoderma Ilhas
faríngeo de sangue Dobra
cefálica
Processo cefálico Intestino anterior
(notocorda anterior)
Sulco neural
Nódulo de Somito
Hensen
Linha primitiva
Área
pelúcida
Linha primitiva
Área opaca
Alongamento da notocorda
Linha de
referência
Regr
es
da li s ã o
p r i m nha
itiva
Borda posterior da área pelúcida
Horas
(D) (E) Figura 6.29
Gastrulação do embrião de galinha de aproxi-
madamente 24 até perto de 28 horas. (A) A
Agora começa uma nova fase da gastrulação. Enquanto continua o ingresso do linha primitiva totalmente estendida (24 ho-
mesoderma, a linha primitiva começa a regredir, movendo o nódulo de Hensen de uma ras). O processo cefálico (notocorda anterior)
posição próxima do centro da área pelúcida, para uma posição mais posterior (veja pode ser visto estendendo-se a partir do nó-
Figura 6.29). Ela deixa em seu lugar o eixo dorsal do embrião e o processo cefálico. Ao dulo de Hensen. (B) Estágio de dois somitos
mesmo tempo que o nódulo avança posteriormente, a porção remanescente (posteri- (25 horas). Anteriormente vê-se o endoderma
or) da notocorda é estabelecida. Finalmente, o nódulo regride para sua posição mais faríngeo, enquanto a notocorda anterior em-
posterior, formando a região anal. Nesse ponto, o epiblasto é composto inteiramente purra para cima o processo cefálico que estava
de células ectodérmicas presuntivas. embaixo. A linha primitiva está regredindo. (C)
Estágio de quatro somitos (27 horas). (D) Após
Como uma conseqüência desse processo de gastrulação em duas etapas, os em-
28 horas, a linha primitiva regrediu até a por-
briões de aves (e mamíferos) exibem um distinto gradiente de maturidade de desenvol- ção caudal do embrião. (E) Regressão da linha
vimento ântero-posterior. Enquanto células das porções posteriores do embrião estão primitiva, deixando a notocorda em seu rastro.
gastrulando, células da porção anterior já estão começando a formar órgãos. Pelos Vários pontos da linha foram acompanhados
próximos dias, a ponta anterior estará mais avançada no seu desenvolvimento (pode- após atingir seu comprimento máximo. O tem-
se dizer que teve uma “vantagem” inicial) do que a porção posterior. po representa as horas decorridas após atingir
Enquanto as células presuntivas do mesoderma e do endoderma se moviam para o comprimento máximo em aproximadamente
dentro, os precursores ectodérmicos proliferavam para se tornar a única população de 18 horas. (Fotografias cortesia de K. Linask; E
células remanescente na camada superior. Ainda mais, células ectodérmicas migraram segundo Spratt, 1947.)
para fora do blastodisco para envolver o vitelo por epibolia. O enclausuramento do
vitelo (novamente reminiscente da epibolia do ectoderma de anfíbios) é uma tarefa de
Hércules, que dura 4 dias para ser completada e envolve a produção contínua de novo
238 PARTE II Padrões de Desenvolvimento
(A)
Anterior
Zona marginal
Área
opaca
Epiblasto
Cicatriz
Posterior Linhas primitivas
(B)
(C)
Figura 6.30
Experimentos de Khaner e Eyal-Giladi de-
monstrando que a porção posterior da zona
ACUMULAÇÃO CELULAR NA LINHA PRIMITIVA. Evidências dos estudos de marginal (PMZ) contribui para as células
Stern e Canning (1990) sugerem que o epiblasto não é um tecido homogêneo, não- indutoras da linha primitiva do hipoblasto e
diferenciado, como foi assumido por muito tempo. Pelo contrário, parece haver dife- impedem outras regiões marginais de criarem
renciação nas células epiblásticas mesmo antes que a formação da linha primitiva se seus próprios hipoblastos. (Segundo Khaner
inicie. Esses estudos mostram que certas células, dispersas ao acaso no epiblasto, e Eyal-Giladi, 1989.)
podem ser distinguidas por uma molécula específica na superfície celular (HNK-1,
uma forma sulfatada do ácido glucurônico). As células expressando HNK-1 ingres-
sam individualmente na blastocele e migram para a região posterior. É provável que
o tecido marginal posterior secrete uma substância que atrai as células que expres-
sam HNK-1, enquanto o tecido marginal anterior secreta uma molécula repelente
(Jephcott e Stern, citado em Stern, 1991). As células expressando HNK-1, que se
juntam na margem posterior, produzirão o endoderma e o mesoderma, e nenhuma
célula expressando HNK-1 formará derivados ectodérmicos. Se as células HNK-1
são seletivamente destruídas (por anticorpos), enquanto ainda estão no epiblasto,
o embrião não formará mesoderma nem endoderma. Essas células HNK-1 positivas
interagem com as células do epiblasto acima delas, para formar o rudimento inicial da
linha primitiva. Esse rudimento de linha sofre um processo de extensão convergente
que o estreita e alonga. Quando a linha chega ao seu comprimento quase total, as
240 PARTE II Padrões de Desenvolvimento
células HNK-1 positivas dissolvem a lâmina basal do epiblasto central para formar
uma canal através da linha primitiva. Isso permite que células do epiblasto (que
nunca expressaram HNK-1) sejam recrutadas para a linha que está se estendendo
anteriomente e, assim, contribuir (junto com as células HNK-1 positivas) para os
mesoderma e endoderma embrionários.
Movimento dentro da blastocele amniota é feito por células individuais, e não por
uma camada epitelial. Mas, como na gastrulação de anfíbios, células de aves passan-
do pelo blastóporo sofrem uma constrição no seu terminal apical e se tornam células
garrafa (Figura 6.28). Na ponta anterior do canal, nódulo de Hensen, a destruição da
lâmina basal e a liberação dessas células do epiblasto pode ser realizada por uma
proteína de 190-kDa chamada fator de espalhamento (Stern et al., 1990). O fator de
espalhamento é secretado somente no nódulo de Hensen, e tem sido implicado na
dissociação de células nessa região e na indução do tecido neural a partir do epiblas-
to, na vizinhança do nódulo (Streit et al., 1995). Quando se implantam resinas conten-
do o fator de espalhamento abaixo do epiblasto de embriões de galinha, em gastrula-
ção precoce, novas regiões da linha primitiva podem ser induzidas. O fator de
espalhamento se liga a receptores tirosina quinase em células adjacentes, e agindo
através da cascata da proteína G, fosforila as β-cateninas que ancoram as E-caderinas
à membrana celular (Hartmann et al., 1994). Na ausência de E-caderina funcional, a
lâmina epitelial se desmonta naquela região e as células se tornam mesênquima. As
células, uma vez liberadas da linha primitiva, entram na blastocele, são achatadas e
passam a fazer parte de uma corrente de células migratórias independentes.
Polissacarídeos extracelulares podem também ter um papel importante nessa migra-
ção. Um desses complexos polissacarídeos é o ácido hialurônico, um polímero linear
de ácido glucurônico e N-acetilglicosamina (veja Figura 3.35). Esse composto é produ-
zido pelas células ectodérmicas e se acumula na blastocele, onde reveste a superfície
das células que estão chegando. Fisher e Solursh (1977) mostraram que quando esse
material é digerido (injetando a enzima hialuronidase na blastocele), as células mesen-
quimatosas se aglomeram e não conseguem migrar adequadamente. Muito estudos
têm mostrado que o ácido hialurônico é importante para manter as células mesenqui-
matosas migratórias separadas umas das outras. Além disso, o ácido hialurônico co-
meça a se acumular precisamente no momento em que as primeiras células entram na
blastocele. O ácido hialurônico é capaz de manter as células separadas, provavelmen-
te devido a sua capacidade de se expandir em água. Em ambiente aquoso, esse polímero
pode expandir em até 1000 vezes o seu volume original. Portanto, o ácido hialurônico
pode ser um fator importante para manter as células mesenquimatosas dispersas du-
rante sua migração, assegurando que a migração continue.
Ácido hialurônico e outros polissacarídeos facilitam a migração de células indivi-
duais (veja Capítulo 3), mas não parecem dirigir o movimento dessas células (Fisher e
Solursh, 1979). Na verdade, o movimento dessas células está ligado, mais uma vez, à
presença de uma rede de fibronectina na lâmina basal extracelular das células do
epiblasto. Essa camada rica em fibronectina aparece na superfície inferior das células
da camada de cima, pouco antes da formação da linha primitiva e desaparece na região
da linha. Dentro da linha, as células se separam e migram lateralmente ao longo da
membrana basal do epiblasto, rica em fibronectina (Duband e Thiery, 1982). Não existe
evidência clara de que essa fibronectina é essencial para o direcionamento do movi-
mento celular que afasta as células lateralmente da linha primitiva.
Schoenwolf (1991) comentou: “ A despeito de tudo que foi escrito, é certo dizer que o
que sabemos sobre gastrulação e neurulação em aves é consideravelmente menos do
que ainda resta conhecer”.
Gastrulação em mamíferos
Aves e mamíferos são descendentes de espécies de répteis. Portanto, não é sur-
preendente que o desenvolvimento de mamíferos se dá paralelamente ao dos rép-
teis e aves. O que é surpreendente é que os movimentos de gastrulação de embri-
ões de répteis e aves, que evoluíram como uma adaptação a ovos com vitelo, são
mantidos mesmo na ausência de grandes quantidades de vitelo no embrião mamí-
fero. A massa celular interna nos mamíferos pode ser visualizada como assentada
sobre uma bola imaginária de vitelo, seguindo instruções que parecem mais apro-
priadas a seus ancestrais.
TECIDOS
EMBRIONÁRIOS
Ectoderma
embrionário
Epiblasto Mesoderma
embrionário embrionário
TECIDOS
EXTRA-EMBRIONÁRIOS
Trofoblasto Citrofoblasto Sinciciotrofoblasto
Figura 6.32
Diagrama esquemático mostrando a derivação de tecidos de embriões humanos e do macaco
rhesus. (Segundo Luckett, 1978, e Bianchi et al., 1993.)
CAPÍTULO 6 Gastrulação: Reorganizando as células embrionárias 243
Capilar maternal
Epitélio uterino
(endométrio) Sinciciotrofoblasto
proliferando no
tecido uterino
Massa celular interna
Blastocele
Trofoblasto
Epiblasto
Cavidade
amniótica
Lacunas
trofoblásticas
(suprimento de
sangue materno)
Hipoblasto Endoderma
16 dias
Saco
vitelínico
Mesoderma Endoderma
Mesoderma
extra-embrionário
vez completado o revestimento do âmnio, ele se enche com uma secreção chamada
fluido amniótico, que serve como absorvente de choques para o embrião em desen-
volvimento, enquanto impede a sua dessecação.
O epiblasto embrionário parece conter todas as células que vão dar origem ao
próprio embrião e é, de muitas maneiras, semelhante ao epiblasto de ave. Kirstie Lawson
e seus colegas (1991) marcaram células individuais do epiblasto com peroxidase de
rabanete (horseradish) o que lhes permitiu construir um detalhado mapa de destino do
epiblasto de camundongo (Figura 6.35). Como as células do epiblasto de galinha, o
mesoderma e o endoderma de mamífero migram através da linha primitiva. Enquanto
penetram a linha, as células do epiblasto deixam de expressar E-caderina, que mantém
as células unidas, e elas migram como células individuais (Burdsal et al., 1993). As
células migrando através do nódulo de Hensen dão origem à notocorda. Na formação
da notocorda do camundongo, as células devem se integrar no endoderma do intesti-
no primitivo, portanto, de maneira diferente da formação da notocorda da galinha
(Jurand, 1974; Sulik et al., 1994). Essas células podem ser vistas como uma banda de
células pequenas e ciliadas se estendendo para cima do nódulo de Hensen (Figura
6.36). Elas formam a notocorda convergindo mediamente e se dobrando em uma dire-
ção dorsal com afastamento do teto do intestino.
CAPÍTULO 6 Gastrulação: Reorganizando as células embrionárias 245
Tubo neural
presuntivo
Mesênquima
Endoderma
Notocorda
presuntiva
Figura 6.36
Formação da notocorda no camundongo. (A)
A superfície ventral do embrião de 7.5 dias
vista pelo microscópio eletrônico de varredu-
Tubo neural ra. As células presuntivas da notocorda são
pequenas células ciliadas na linha mediana,
flanqueadas pelas células endodérmicas maio-
Notocorda res do intestino primitivo. (B) Formação da
notocorda pela dobra dorsal das pequenas cé-
lulas ciliadas. (de Sulik et al., 1994, cortesia de
(A) (B) K. Sulik e G. C. Schoewolf.)
246 PARTE II Padrões de Desenvolvimento
Figura 6.37
Embrião humano e placenta após 40 dias de gestação. O embrião está deitado
dentro do âmnio, e seus vasos sangüíneos podem ser vistos estendendo-se para
dentro das vilosidades coriônicas. A esfera à direita do embrião é o saco vitelínico.
(Instituto Carnegie de Washington, cortesia de C. F. Reather.)
CAPÍTULO 6 Gastrulação: Reorganizando as células embrionárias 247
Artérias umbilicais
Veia umbilical
Âmnio
Vilosidades
coriônicas
Células trofoblásticas
permitem ao cório ampliar a área exposta ao sangue materno. Assim, apesar de não
haver fusão dos sistemas circulatórios materno e fetal, a difusão de substâncias solú-
veis pode ocorrer através das vilosidades (Figura 6.38). Dessa maneira, a mãe propor-
ciona nutrientes e oxigênio ao feto, e o feto envia seus produtos descartáveis (princi-
palmente dióxido de carbono e uréia) para a circulação materna. Os vasos sangüíneos
das vilosidades coriônicas são formados do mesoderma extra-embrionário que pene-
tra nos pequenos montes de tecido citotrofoblástico chamados vilosidades primárias
(Figura 6.39). As estruturas resultantes, as vilosidades secundárias, se formam na
segunda semana de gestação. No fim da terceira semana, uma parte desse mesoderma
extra-embrionário produziu vasos sangüíneos, e essas vilosidades terciárias estão
aptas a trazer nutrientes e oxigênio da mãe para o embrião. [other.html#gast4]
O trofoblasto é necessário para a aderência e entrada do embrião nos tecidos
uterinos, e o cório permite troca de gases e nutrientes entre a mãe e o feto. Mas o
cório tem uma importância até maior; é também um órgão endócrino. A porção
sinciciotrofoblástica do cório produz três hormônios essenciais para o desenvol-
vimento dos mamíferos. Primeiro, ele produz a gonadotrofina coriônica, um hormô-
nio peptídico que é capaz de induzir outras células da placenta (e do ovário mater-
no) a produzir progesterona. A progesterona é o hormônio esteróide que mantém
a parede uterina espessada e cheia de vasos sangüíneos. Nos primatas, os ovári-
os podem ser removidos depois do primeiro terço da gravidez, sem danos para o
desenvolvimento do feto, porque o cório tem capacidade para produzir os
esteróides necessários para manter a gestação (Zander e von Münstermann, 1956).
A progesterona placentária é também usada pela glândula supra-renal fetal como
um substrato para a produção de hormônios corticosteróides biologicamente
248 PARTE II Padrões de Desenvolvimento
Endométrio Endométrio
Espaço entre
Casca
vilosidades
citotrofoblástica
Sinciciotrofoblasto
Sinciciotrofoblasto
Citotrofoblasto
Espaço entre
Mesoderma extra- vilosidades
embrionário Citotrofoblasto
Capilares das
vilosidades
LITERATURA CITADA
Alfandari, D., Whittaker, C.A., DeSimone, D. Bursdal, C. A., Damsky, C. H. and Pedersen, R. Ettensohn, C. A. and McClay, D. R. 1986.
W. and Darribère, T. 1995. Integrin av subunit is A. 1993. The role of E-cadherin and integrins The regulation of primary mesenchyme cell
expressed on mesodermal cell surfaces during in mesoderm differentiation and migration at migration in the sea urchin embryo: Trans-
amphibian gastrulation. Dev. Biol. 170: 249-261. the mammalian primitive streak. Development plantations of cells and latex beads. Dev. Biol.
Anstrom, J. A., Chin, J. E., Leaf, D. S., Parks, A. 118: 829-844. 117: 380-391.
L. and Raff, R. A. 1987. Localization and Carosella, E.D., Dausset, J. and Kirszenbaum, Eyal-Giladi, H., Debby, A. and Harel, N. 1992.
expression of msp130, a primary mesenchyme M. 1996. HLA-G revisited. Immunol. Today 17: The posterior section of the chick’s area
lineage-specific cell surface protein of the sea 407-409. pellucida and its involvement in hypoblast and
urchin embryo. Development 101: 255-265. primitive streak formation. Development 116:
Chaouat, G. 1990. The Immunology of the Fetus.
Azar, Y. and Eyal-Giladi, H. 1981. Interaction 819-830.
CRC Press, Boca Raton, FL.
of epiblast and hypoblast in the formation of Fink, R. D. and McClay, D. R. 1985. Three cell
the primitive streak and the embryonic axis in Cherr, G. N., Summers, R. G., Baldwin, J. D. and
recognition changes accompany the ingression
chick, as revealed by hypoblast rotation Morrill, J. B. 1992. Preservation and visualization
of sea urchin primary mesenchyme cells. Dev.
experiments. J. Embryol. Exp. Morphol. 61: of the sea urchin blastocoelic extracellular matrix.
Biol. 107: 66-74.
133-141. Microsc. Res. Tech. 22: 11-22.
Fisher, M. and Solursh, M. 1977. Glycosamino-
Balinsky, B. I. 1975. Introduction to Embryolo- Cooke, J. 1986. Permanent distortion of
glycan localization and role in maintenance of
gy, 4th Ed. Saunders, Philadelphia. positional system of Xenopus embryo by brief
tissue spaces in the early chick embryo. J.
early perturbation in gravity. Nature 319: 60-63.
Bellairs, R. 1986. The primitive streak. Anat. Embryol. Exp. Morphol. 42: 195-207.
Embryol. 174: 1-14. Cruz, Y. P. and Pedersen, R. A. 1991. Origin of
Fisher, M. and Solursh, M. 1979. Influence of
Berg, L. K., Chen, S. W. and Wessel, G. M. 1996. embryonic and extraembryonic cell lineages in
local environment on the organization of
An extracellular matrix molecule that is mammalian embryos. In Animal Applications
mesenchymel cells. J. Embryol. Exp. Morphol.
selectively expressed during development is of Research in Mammalian Development. Cold
49: 295-306.
important for gastrulation in the sea urchin Spring Harbor Press, Cold Spring Harbor, pp.
embryo. Development 122: 703-713. 147-204. Fisher, S. J., Cui, T.-Y, Zhang, L., Grahl, K.,
Guo-Yang, Z., Tarpey, J. and Damsky, C. H.
Bianchi, D. W., Wilkins-Haug, L. E., Enders, A. Dan, K. and Okazaki, K. 1956. Cyto-embryolo-
1989. Adhesive and dlegradative properties of
C. and Hay, E. D. 1993. Origin of extraembryo- gical studies of sea urchins. III. Role of secondary
the human placental cytotrophoblast cells in
nic mesoderm in experimental animals: Relevance mesenchyme cells in the formation of the
vitro. J. Cell Biol. 109: 891-902.
to chorionic mosaicism in humans. Am. J. Med. primitive gut in sea urchin larvae. Biol. Bull.
Genet. 46: 542-550. 110: 29-42. Galileo, D. S. and Morrill, J. B. 1985. Patterns
of cells and extracellular material of the sea
Bisgrove, B. W., Andrews, M. E. and Raff, R. A. D’Arribère, T., Yamada, K. M., Johnson, K. E.
urchin Lytechinus variegatus (Echinoderma-
1991. Fibropellins, products of an EGF repeat- and Boucaut, J.-C. 1988. The 140-kD fibronec-
ta; Echinoidea) embryo, from hatched
containing gene, form a unique extracellular tin receptor complex is required for mesodermal
blastula to late gastrula. J. Morphol. 185:
matrix structure that surrounds the sea urchin cell adhesion during gastrulation in the amphibian
387-402.
embryo. Dev. Biol. 146: 89-99. Pleurodeles waltii. Dev. Biol. 126: 182-194.
Gerhart, J., Ubbels, G., Black, S., Hara, K. and
Black, S. D. and Gerhart, J. 1985. Experimental D’Arribère, T., Guida, K., Larjava, H., Johnson,
Kirschner, M. 1981. A reinvestigation of the
control of the site of embryonic axis formation K. E., Yamada, K. M., Thiery, J.-P. and Bou-
role of the grey crescent in axis formation in
in Xenopus laevis eggs centrifuged before first caut, J.-C. 1990. In vivo analysis of integrin β 1
Xenopus laevis. Nature 292: 511-516.
cleavage. Dev. Biol. 108: 310-324. subunit function in fibronectin matrix assembly.
J. Cell Biol. 110: 1813-1823. Gerhart, J. and seven others. 1986. Amphibian
Black, S. D. and Gerhart, J. 1986. High frequency
twinning of Xenopus laevis embryos from eggs early development. BioScience 36: 541-549.
Delarue, M., D’Arribère, T., Aimar, C. and Bou-
centrifuged before first cleavage. Dev. Biol. 116: caut, J.-C. 1985. Bufonid nucleocytoplasmic Gilbert, S. G. 1989. Pictorial Human Embryolo-
228-240. hybrids arrested at the early gastrula stage lack gy. University of Washington Press, Seattle.
a fibronectin-containing fibrillar extracellular
Boucaut, J.-C., D’Arribère, T., Poole, T. J., Gimlich, R. L. and Gerhart, J. C. 1984. Early
matrix. Wilhelm Roux Arch. Dev. Biol. 194:
Aoyama, H., Yamada, K. M. and Thiery, J. P. cellular interactions promote embryonic axis
275-280.
1984. Biologically active synthetic peptides as formation in Xenopus laevis. Dev. Biol. 104:
probes of embryonic development: A competi- Driever, W. 1995. Axis formation in zebrafish. 117-130.
tive peptide inhibition of fibronectin function Curr. Opin. Genet. Dev. 5: 610-618.
inhibits gastrulation in amphibian embryos and Gustafson, T. and Wolpert, L. 1961. Studies on
neural crest cell migration in avian embryos. J. Duband, J. L. and Thiery, J. P. 1982. Appearance the cellular basis of morphogenesis in sea urchin
Cell Biol. 99: 1822-1830. and distribution of fibronectin during chick embryos: Directed movements of primary me-
embryo gastrulation and neurulation. Dev. Biol, senchyme cells in normal and vegetalized larvae.
Boucaut, J.-C., D’Arribère, T., Li, S. D, 94: 337-350. Exp. Cell Res. 24: 64-79.
Boulekbache, H., Yamada, K. M. Q Thiery, J. P.
1985. Evidence for the role of fibronectin in Ettensohn, C. A. 1985. Gastrulation in the sea Gustafson, T. and Wolpert, L. 1967. Cellular
amphibian gastrulation. J. Embryol. Exper. urchin embryo is accompanied by the rearran- movement and contact in sea urchin morpho-
Morphol. 89 [Suppl.]: 211-227. gement of invaginating epithelial cells. Dev, Biol. genesis. Biol. Rev. 42: 442-498.
112: 383-390.
Burke, R. D., Myers, R. L., Sexton, T. L. and Hall, H. G. and Vacquier, V. D. 1982. The apical
Jackson, C. 1991 Cell movements during the Ettensohn, C. A. 1990. The regulation of lamina of the sea urchin embryo: Major glyco-
initial phase of gastrulation in the sea urchin primary mesenchyme cell patterning. Dev. Biol. protein associated with the hyaline layer. Dev.
embryo. Dev. Biol. 146: 542-557. 140: 261-271. Biol. 89: 168-178.
250 PARTE II Padrões de Desenvolvimento
Hardin, J. 1988. The role of secondary mesen- cells and their role in directed migration of the Langeland, J. and Kimmel, C. B. 1997. The
chyme cells during sea urchin gastrulation primary mesenchyme in vitro. Dev. Biol. 112: embryology of fish. In Gilbert, S. F. and Raunio,
studied by laser ablation. Development 103: 276-283. A. M. (eds.), Embryology: Constructing the
317-324. Organism. Sinauer Associates, Sunderland, MA.
Keller, R. E. 1975. Vital dye mapping of the
Hardin, J. 1990. Context-dependent cell gastrula and neurola of Xenopus laevis. I. Larsen, W. J. 1993. Human Embryology.
behaviors during gastrulation. Semin. Dev. Biol. Prospective areas and morphogenetic movements Churchill Livingston, New York.
1: 335-345. of the superficial layer. Dev. Biol. 42: 222-241.
Lash, J. W., Gosfield, E, III, Ostrovsky, D. and
Hardin, J. D. and Cheng, L. Y. 1986. The Keller, R, E. 1976. Vital dye mapping of the Bellairs, R. 1990. Migration of chick blastoderm
mechanisms and mechanics of archenteron gastrula and neurula of Xenopus laevis. I. under the vitelline membrane: The role of fi-
elongation during sea urchin gastrulation. Dev. Prospective areas and morphogenetic move- bronectin. Dev. Biol. 139: 407-416.
Biol. 115: 490-501. ments in the deep layer. Dev. Biol. 51: 118-137.
Lawson, K. A., Meneses, J. J. and Pedersen, R.
Hardin, J. D. and Keller, R. 1988. The behaviour Keller, R. E. 1980. The cellular basis of epiboly: A. 1991. Clonal analysis of epiblast fate during
and function of bottle cells during gastrulation An SEM study of deep cell rearrangement du- germ layer formation in the mouse embryo.
of Xenopus laevis. Development 103: 211-230. ring gastrulation of Xenopus laevis. J. Embryol, Development 113: 891-911.
Exp. Morphol. 60: 201-243. Le Douarin, N., Grapin-Botton, A. and Catala,
Hardin, J. and McClay, D. R. 1990. Target re-
cognition by the archenteron during sea urchin Keller, R. E. 1981. An experimental analysis of M. 1996. Patterning of the neural primordium in
gastrulation. Dev. Biol. 142: 87-105. the role of bottle cells and the deep marginal the avian embryo. Semin. Dev. Biol. 7: 157-167.
zone in the gastrulation of Xenopus laevis. J. Lillie, F. R. 1902. Differentiation without
Harkey, M. A. and Whiteley, A. M. 1980.
Exp. Zool. 216: 81-101. cleavage in the egg of the annelid Chaetopterus
Isolation, culture and differentiation of echinoid
primary mesenchyme cells. Wilhelm Roux Arch. Keller, R. E. 1986. The cellular basis of amphibian pergamentaceous. Wilhelm Roux Arch. Entwi-
Dev. Biol. 189: 111-122. gastrulation. In L. Browder (ed.), Developmental cklungsmech. Org. 14: 477-499.
Biology: A Comprehensive Synthesis, Vol. 2. Lφvtrup, S. 1975. Fate maps and gastrulation in
Hartmann, G., Weidner, K. M., Scharz, H. and
Plenum, New York, pp. 241-327. amphibia: A critique of current views. Can. J.
Birchmeier, W. 1994. The motility signal of
scatter factor /hepatocyte growth factor Keller, R. and Danilchik, M. 1988. Regional Zool. 53: 473-479.
mediated through the receptor tyrosine kinase expression, pattern and timing of convergence Luckett, W. P. 1978. Origin and differentiation
Met requires intracellular action of Ras. J. Biol. and extension during gastrulation of Xenopus of the yolk sac and extraembryonic mesoderm
Chem. 269: 21936-21939. laevis. Development 103: 193-209. in presomite human and rhesus monkey
Herbst, C. 1904. Über die zur Entwicklung des Keller, R. E. and Schoenwolf, G. C. 1977. An embryos. Am. J. Anat. 152: 59-98.
Seeigellarven notwendigen anorganischen Stoffe, SEM study of cellular morphology, contact, and Lundmark, C. 1986. Roles of bilateral zones of
ihre Rolle und Vertretbarkeit. II. Wilhelm Roux arrangement as related to gastrulation in ingressing superficial cells during gastrulation of
Arch. Entwicklungsmech. Org.17: 306-520. Xenopus laevis. Wilhelm Roux Arch. Dev. Biol. Ambystoma mexicanum. J. Embryol. Exp.
182: 165-186. Morphol. 97: 47-62.
Ho, R. K. 1992. Cell movements and cell fate
during zebrafish gastrulation. Development Khaner, 0. 1995. The rotated hypoblast of the Malinda, K. M., Fisher, G.W., and Ettensohn, C.
Suppl. 1992: 65-73. chicken embryo does not initiate an ectopic A. 1995. Four-dimensional microscopic analysis
axisin the epiblast. Proc. Natl. Aca Sci. USA 92: of the filopodial behavior of primary mesenchyme
Holowacz, T. and Elinson, R. P. 1993. Cortical
10733-10737. cells during gastrulation in the sea urchin embryo.
cytoplasm, which induces dorsal axis formation
Dev. Biol. 172: 552-566.
in Xenopus, is inactivated by UV irradiation of Khaner, 0. and Eyal-Giladi, H. 1989. The chick’s
the oocyte. Development 119: 277-285. marginal zone and primitive streak formation. Miller, J. R., Fraser, S. E. and McClay, D. R. 1995.
I. Coordinative effect of induction and inhibiti- Dynamics of thin filopodia during sea urchin
Holtfreter, J. 1943. A study of the mechanics of
on. Dev. Biol. 134: 206-214. gastrulation. Development 121: 2505-2511
gastrulation: Part I. J. Exp. Zool. 94: 261-318.
Kirschner, M. W. and Gerhart, J. C. 1981. Spatial Morrill, J. B. and Santos, L. L. 1985. A scanning
Holtfreter, J. 1944. A study of the mechanics of
and temporal changes in the amphibian egg. electron micrographical overview of cellular and
gastrulation: Part II. J. Exp. Zool. 95: 171-212.
BioScience 31: 381-388. extracellular patterns during blastulation and gas-
Hörstadius, S. 1939. The mechanics of sea urchin trulation in the sea urchin, Lytechinus variegatus.
Kochav, S. M. and Eyal-Giladi, H. 1971. Bilate- In R. H. Sawyer and R. M. Showman (eds.), The
development, studied by operative methods.
ral symmetry in the chick embryo determinati- Cellular and Molecular Biology of Invertebrate
Biol. Rev. 14: 132-179.
on by gravity. Science 171: 1027-1029. Development. University of South Carolina Press,
Jurand, A. 1974. Some aspects of the develop- pp. 3-33.
Lane, M. C. and Solursh, M. 1991. Primary
ment of the notochord in mouse embryos. J.
mesenchyme cell migration requires a chondroi- Nakatsuji, N., Smolira, M. A. and Wylie, C. C.
Embryol. Exp. Morphol. 32: 1-33.
tin sulfate/ dermatan sulfate proteoglycan. Dev. 1985. Fibronectin visualized by scanning electron
Kane, D. A. and Kimmel, C. B. 1993. The Biol. 143: 389-397. microscope immunocytochemistry on the
zebrafish midblastula transition. Development substratum for cell migration in Xenopus laevis
119: 447-456. Lane, M. C. Koehl, M. A. R., Wilt, F. and Keller,
gastrulae. Dev. Biol. 107: 264-268.
R. 1993. A role for regulated secretion of apical
Karp, G. C. and Solursh, M. 1974. Acid matrix during epithelial invagination in the sea New, D. A. T. 1959. Adhesive properties and
mucopolysaccharide metabolism, the cell surface, urchin. Development 117: 1049-1060. expansion of the chick blastoderm. J. Embryol.
and primary mesenchyme cell activity in the Exp. Morphol. 7: 146-164.
sea urchin embryo. Dev. Biol. 41: 110-123. Landstrom, U. and Lφvtrup, S. 1979. Fate maps
and cell differentiation in the amphibian embryo: Oppenheimer, J. M. 1936. Transplantation
Karp, G. C. and Solursh, M. 1985. Dynamic An experimental study. J. Embryol. Exp. experiments on developing teleosts (Fundulus
activity of the filopodia of sea urchin embryonic Morphol. 54: 113-130. and Perca). J. Exp. Zool. 72: 409-437.
CAPÍTULO 6 Gastrulação: Reorganizando as células embrionárias 251
Pazmany, L., Mandelboim, 0., ValésGómez, M., Solursh, M. and Morriss, G. M. 1977. Glycosa- Trinkaus, J. P. 1984a. Cells into Organs: The
Davis, D.M., Reyburn, H.T. and Strominger, J.L. minoglycan synthesis in rat embryos during the Forces that Shape the Embryo, 2nd Ed. Prentice-
1996. Protection from natural killer cell- formation of the primary mesenchyme and Hall, Englewood Cliffs, NJ.
mediated lysis by HLA-G expression on target neural folds. Dev. Biol. 57: 75-86.
Trinkaus, 1984b. Mechanisms of Fundulus
cells. Science 274: 792-795.
Solursh, M. and Revel, J. P. 1978. A scanning epiboly–a current view. Am. Zool. 24: 673-688.
Psychoyos, D. and Stern, C. D. 1996. Fates and electron microscope study of cell shape and
Trinkaus, J. P. 1992. The midblastula transi-
migratory routes of primitive streak cells in the cell appendages in the primitive streak region
tion, the YSL transition, and the onset of gas-
chick embryo. Development 122: 1523-1534. of the rat and chick embryo. Differentiation
trulation in Fundulus. Development Suppl.,
11: 185-190.
Purcell, S. M. and Keller, R. 1993. A different 1992: 75-80.
type of amphibian mesoderm morphogenesis in Spratt, N. T., Jr. 1946. Formation of the pri-
Trinkaus, J.P. 1996. Ingression during early
Ceratophrys ornata. Development 117: 307-317. mitive streak in the explanted chick blastoderm
gastrulation of Fundulus. Dev. Biol. 177:
marked with carbon particles. J. Exp. Zool. 103:
Renfree, M. B. 1982. Implantation and placen- 356-370.
259-304.
tation. In C. R. Austin and R. V. Short (eds.),
Vakaet, L. 1984. The initiation of gastrula
Embryonic and Fetal Development. Cambridge Spratt, N. T., Jr. 1947. Regression and shorte-
ingression in the chick blastoderm. Am. Zool.
University Press, Cambridge, pp. 26-69. ning of the primitive streak in the explanted
24: 555-562.
chick blastoderm. J. Exp. Zool. 104: 69-100.
Rosenquist, G. C. 1966. A radioautographic study
Vakaet, L. 1985. Morphogenetic movements
of labeled grafts in the chick blastoderm. Deve- Spratt, N. T., Jr. 1963. Role of the substratum,
and fate maps in the avian blastoderm. In G.
lopment from primitive-streak stages to stage supracellular continuity, and differential growth
M. Edelman (ed.), Molecular Determinants of
12. Carnegie Inst. Wash. Contrib. Embryol. 38: in morphogenetic cell movements. Dev. Biol.
Animal Form. Alan R. Liss, New York, pp.
31-110. 7: 51-63.
99-109.
Rosenquist, G. C. 1972. Endoderm movements Spratt, N. T. Jr. and Haas, H. 1960. Integrative
Vincent, J. P. and Gerhart, J. C. 1987. Subcor-
in the chick embryo between the short streak mechanisms in development of early chick
tical rotation in Xenopus eggs: An early step
and head process stages. J. Exp. Zool. 180: blastoderm. I. Regulated potentiality of separate
in embryonic axis formation. Dev. Biol. 123:
95-104. parts. J. Exp. Zool. 145: 97-138.
526-539.
Schlesinger, A. B. 1958. The structural signifi- Stern, C. D. 1991. Mesoderm formation in the
Vincent, J. P., Oster, G. F. and Gerhart, J. C.
cance of the avian yolk in embryogenesis. J. chick embryo revisited. In R. Keller, W. H. Clark,
1986. Kinematics of gray crescent formation in
Exp. Zool. 138: 223-258. Jr. and F. Griffin (eds.), Gastrulation: Movements,
Xenopus eggs. Displacement of subcortical
Patterns, and Molecules. Plenum, New York,
Schoenwolf, G. C. 1991. Cell movements in cytoplasm relative to the egg surface. Dev. Biol.
pp. 29-41.
the epiblast during gastrulation and neurulation 113: 484-500.
in avian embryos. In R. Keller, W. H. Clark, Jr. Stern, C. D. and Canning, D. R. 1988. Gastru-
Vogt, W. 1929. Gestaltungsanalyse am Amphi-
and F. Griffin (eds.), Gastrulation: Movements, lation in birds: A model system for the study
bienkeim mit ortlicher Vitalfarbung. II. Teil Gas-
Patterns, and Molecules. Plenum, New York, of animal morphogenesis. Experientia 44:
trulation und Mesodermbildung bei Urodelen und
pp. 1-28. 651-657.
Anuren. Wilhelm Roux Arch. Entwicklungsmech.
Schoenwolf, G. C., Garcia-Martinez, V. and Diaz, Stern, C. D. and Canning, D. R. 1990. Origin of Org. 120: 384-706.
M. S. 1992. Mesoderm movement and fate cells giving rise to mesoderm and endoderm in
von Übisch, L. 1939. Keimblattchimarenfors-
during amphibian gastrulation and neurulation. chick embryo. Nature 343: 273-275.
chung an Seeigellarven. Biol. Rev. Cambr. Philos.
Dev. Dynam. 193: 235-248.
Stern, C. D., Ireland, G. W., Herrick, S. E., Soc. 14: 88-103.
Schroeder, T. 1981. Development of a “primi- Gherardi, E., Gray, J., Perryman, M. and Stoker,
Waddington, C. H. 1932. Experiments in the
tive” sea urchin (Eucidaris tribuloides): Irregu- M. 1990. Epithelial scatter factor and develop-
development of chick and duck embryos
larities in the hyaline layer, micromeres, and ment of the chick embryonic axis. Develop-
cultivated in vitro. Philos. Trans. R. Soc. Lond.
primary mesenchyme. Biol. Bull. 161: 141-151. ment 110: 1271-1284.
[B] 13: 221.
Shi, D.-L., D’Arribère, T., Johnson, K. E. and Strahle, U. and Jesuthasan, S. 1993. Ultraviolet
Warga, R. M. and Kimmel, C. B. 1990. Cell
Boucaut, J.-C. 1989. Initiation of mesodermal irradiation impairs epiboly in zebrafish embryos:
movements during epiboly and gastrulation in
cell migration and spreading relative to gastru- evidence for a microtubule-dependent mecha-
zebrafish. Development 108: 569-580.
lation in the urodele amphibian Pleurodeles nism of epiboly. Development 119: 451-453.
walti. Development 105: 351-363. Wessel, G. M. and McClay, D. R. 1985.
Streit A., Stem, C. D., Thery, C., Ireland, G. W.,
Sequential expression of germ layer specific
Schmidt, B. and Campos-Ortega, J. 1994. Aparicio, S., Sharpe, M. J. and Gherardi, E. 1995.
molecules in the sea urchin embryo. Dev. Biol.
Dorsoventral polarity of the zebrafish embryo A role for HGF/SF in neural induction and its
111: 451-463.
is distinguishable prior to the onset of gastru- expression in Hensen’s node during gastrulation.
lation. Wilhelm Roux Arch. Dev. Biol. 203: Development 121: 813-824. Wessel, G. M., Marchase, R. B. and McClay, D.
374-380. R. 1984. Ontogeny of the basal lamina in the
Sugiyama, K. 1972. Occurrence of mucopoly-
sea urchin embryo. Dev. Biol. 103: 235-245.
Smith, J. C. and Malacinski, G. M. 1983. The saccharides in the early development of the sea
origin of the mesoderm in an anuran, Xenopus urchin embryo and its role in gastrulation. Dev. Wilson, P. and Keller, R. 1991. Cell rearrange-
laevis, and a urodele, Ambystoma mexicanum. Growth Differ. 14: 62-73. ment during gastrulation of Xenopus: Direct
Dev. Biol. 98: 250-254. observation of cultured explants. Development
Sulik, K., Dehart, D. B., Carson, J. L.,
112: 289-300.
Solnica-Krezel, L. and Driever, W. 1994. Mi- Vrablic, T., Gesteland, K. and Schoenwolf,
crotubule arrays of the zebrafish yolk cell: G. C. 1994. Morphogenesis of the murine Winklbauer, R. and Keller, R. E. 1996. Fibro-
organizationand function during epiboly. Deve- node and notochordal plate. Dev. Dynam. nectin, mesoderm migration, and gastrulation
lopment 120: 2443-2455. 201: 260-278. in Xenopus. Dev. Biol. 177: 413-426.
252 PARTE II Padrões de Desenvolvimento
Winklbauer, R. and Nagel, M. 1991. Directional Winklbauer, R., Selchow, A., Nagel, M., Stoltz, Zander, J. and von Miinstermann, A, M. 1956.
mesoderm cell migration in the Xenopus gastrula. C. and Angres, B. 1991. Mesodermal cell migra- Progesteron in menschlichem Blut und Gewe-
Dev. Biol. 148: 573-589. tion in the Xenopus gastrula. In R. Keller, W. H. ben. III. Klin. Wochenschr. 34: 944-953.
Clark, Jr. and F. Griffin (eds.), Gastrulation:
Movements, Patterns, and Molecules. Plenum,
New York, pp. 147-168.
CAPÍTULO 7 Neurulação e o Ectoderma 253
253
254 PARTE II Padrões de Desenvolvimento
Figura 7.1
Ilustração das leis de von Baer. Embriões pre-
coces de vertebrados mostram aspectos co-
I
muns ao subfilo inteiro. Com o progresso do
desenvolvimento, os embriões se tornam re-
conhecíveis como membros de sua classe, sua
ordem, sua família e, finalmente, sua espécie.
(de acordo com Romanes, 1901).
II
III
Von Baer também reconheceu que existe um modelo comum para todo o desenvol-
vimento de vertebrados: as três camadas germinativas originam diferentes órgãos, e
essa derivação dos órgãos é constante se o organismo é um peixe, uma rã ou uma
galinha. O ectoderma forma a pele e os nervos; o endoderma forma os sistemas respi-
ratórios e digestivos; e o mesoderma forma o tecido conjuntivo, as células do sangue,
o coração, o sistema urogenital e partes da maioria dos órgãos internos. Neste capítu-
lo acompanharemos o desenvolvimento precoce do ectoderma; este, e o capítulo
seguinte enfocam a formação do sistema nervoso nos vertebrados. O Capítulo 9 acom-
panhará o desenvolvimento precoce dos órgãos endodérmicos e mesodérmicos.
(B)
Figura 7.3 diagrama da Figura 7.2. Durante a neurulação primária, o ectoderma original é dividido
Quatro vistas da neurulação em um embrião em três conjuntos de células: (1) o tubo neural posicionado internamente, que formará
de anfíbio, mostrando em cada caso nêurulas o cérebro e a medula espinhal, (2) a epiderme da pele posicionada externamente, e (3)
precoce (esquerda), média (centro) e tardia
as células da crista neural, as quais migram da região de conexão entre o tubo neural e
(direita). (A) Seção transversal no centro do
embrião. (B) A mesma seqüência olhando a
a epiderme, e irão gerar os neurônios periféricos e a glia, as células pigmentadas da
superfície dorsal do embrião inteiro, de cima pele e vários outros tipos de células. O fenômeno de indução embrionária, que inicia a
para baixo. (C) Seção sagital pelo plano medi- neurulação na região dorsal do embrião, será detalhada no Capítulo 15. Neste capítulo
ano do embrião. (D) Simulação computadori- estamos considerando a resposta dos variados tecidos ectodérmicos.
zada em três dimensões da constrição, exten-
são e levantamento da placa neural. (A-C de
acordo com Balinsky, 1975; D de acordo com
Jacobson e Gordon, 1976.)
Notocorda Notocorda
Tubo neural
Placa neural Placa neural
Prega neural Prega neural
Prega neural
Epiderme Blastóporo
Blastóporo
(B)
SEÇÃO
SAGITAL Cavidade do Cavidade do
Arquêntero intestino intestino
Mesoderma Mesoderma
Mesoderma Epiderme
Resto da Endoderma Epiderme Endoderma
blastocele Endoderma Divertículo
do fígado
Tubo neural
Placa neural Prega neural Placa neural Prega neural
Pregas
neurais
(C) fundidas
VISTA DA
SUPERFÍCIE
DORSAL
Blastóporo Blastóporo
(D)
SIMULAÇÃO
COMPUTADORIZADA
DA DEFORMAÇÃO
DA LÂMINA DE
ECTODERMA (LINHA C)
CAPÍTULO 7 Neurulação e o Ectoderma 257
(A) Formação das pregas neurais (B) Elevação das pregas neurais (C)
Epiderme
presuntiva Notocorda
Placa neural
presuntiva Formação
de cunha
Zona de
transição Formação
de sulco
Placa neural
Epiderme Ancoragem
Notocorda
Figura 7.4
Representação esquemática do dobramento do
epitélio durante a neurulação na galinha. (A)
Formação das pregas neurais ocorre quando as
O processo de neurulação primária em embriões de rã está descrito na Figura 7.3 e células epidérmicas presuntivas se movem para
parece ser similar em anfíbios, répteis, aves e mamíferos (Galera, 1971). A primeira dentro, na direção da linha média do embrião.
indicação que uma região do ectoderma está destinada a se tornar tecido neural é uma Essa epiderme presuntiva empurra a placa
mudança na forma celular (Figura 7.4). As células ectodérmicas da linha média tornam- neural abaixo dela, enquanto se move. (B) En-
se alongadas, enquanto as células destinadas a formar a epiderme se tornam mais quanto as células da linha média da placa neural
(células da placa do assoalho) são ancoradas à
achatadas. O alongamento das células ectodérmicas dorsais causa a elevação dessas
notocorda, as pregas neurais são elevadas. Es-
regiões neurais presuntivas acima do ectoderma circundante, criando assim, a placa ses movimentos parecem continuar enquanto
neural. Até 50% do ectoderma está incluído nessa placa. Logo após, as bordas da a epiderme, se movendo para o meio, puxa
placa neural se engrossam e se movem para cima formando as pregas neurais, en- com ela a placa neural, resultando na justapo-
quanto um sulco neural, em forma de -U- aparece no centro da placa, dividindo os sição das pregas neurais. (C) Nas três regiões
futuros lados direito e esquerdo do embrião (veja Figuras 7.3 e 7.4). As pregas neurais de articulação (no ponto de articulação media-
migram em direção à linha média do embrião, finalmente se fundindo para formar o no MHP e nos dois pontos de articulação
tubo neural abaixo do ectoderma sobreposto. As células da porção mais dorsal do dorsolateral a -DLHP), as células da placa
tubo neural se tornam as células da crista neural. neural mudam seu comprimento e sofrem uma
constrição nos seus ápices. (De acordo com
Moury e Schoenwolf, 1995.)
A mecânica da neurulação primária
A neurulação ocorre com algumas variações em diferentes regiões do corpo. A cabeça,
o tronco e a cauda formam, cada um, sua região do tubo neural de maneira a refletir a
relação da notocorda com o ectoderma que a ela se sobrepõe. Tanto as regiões da
cabeça como as do tronco, sofrem variantes da neurulação primária, e esse processo
pode ser dividido em cinco estágios distintos, mas espacialmente e temporalmente se
superpondo estágios (Schoenwolf, 1991a; Catala et al., 1996): (1) a formação da placa
neural, (2) a formação do assoalho da placa neural, (3) a modelagem da placa neural, (4)
o dobramento da placa neural para formar o sulco neural, e (5) o fechamento do sulco
neural para formar o tubo neural.
as células se movem em direção ao centro (ou seja, em direção à área onde estava a
placa neural). Se a placa neural é isolada, suas células convergem e se estendem para
formar uma placa mais delgada, mas não se fundem para formar um tubo neural. Esses
movimentos da placa neural e da epiderme originam as pregas neurais. Inicialmente, o
ectoderma é “torcido” e logo a epiderme presuntiva começa a recobrir a placa neural.
(Realmente, se a “região de transição” contendo os dois tecidos é isolada, ela formará
pequenas pregas neurais em cultura). Esses movimentos coordenados finalmente
causarão a elevação e o dobramento do tubo neural (veja Figura 7.4; Jacobson e
Moury, 1995; Moury e Schoenwolf, 1995).
(A)
Figura 7.5
Uma quimera galinha-codorna. (A) Duas quimeras galinha-codorna
e uma galinha controle 4 dias após a eclosão. Nas quimeras, o tubo
neural dorsal anterior da codorna substituiu uma região equivalente
da galinha no embrião de 12-somitos. Melanócitos de codorna,
originários da crista neural, migram para as penas da cabeça, ao
nível do enxerto. (B) Uma região do embrião contendo tanto células
de codorna (com sua cromatina altamente condensada) como célu-
las de galinha (com sua cromatina mais difusa). (de Le Douarin et
al., 1996; fotografias, cortesia de N. M. Le Douarin.)
(B)
Célula de
galinha
Célula
de codorna
CAPÍTULO 7 Neurulação e o Ectoderma 259
Tubo
neural
Somito
Nódulo
de
Hensen
Codorna Galinha
* A idéia de que a notocorda e a placa do assoalho são derivadas da mesma população de células é
de apreciação recente, mas esse fenômeno já havia sido documentado em um famoso livro de
embriologia. O livro Indução embrionária e desenvolvimento de Hans Spemann em 1938 tem uma
ilustração do famoso experimento de enxerto de Spemann e Mangold. Nas páginas 144 e 146 daquele
livro (e reproduzido aqui na Figura 15.12), o enxerto do lábio dorsal do blastóporo é mostrado como
dando origem ao mesoderma dorsal (notocorda e somitos) e à placa do assoalho do tubo neural.
260 PARTE II Padrões de Desenvolvimento
Placa neural
Poço do nódulo de
Hensen
Articulação cordoneural
Figura 7.7
O nódulo de Hensen contribui tanto para a notocorda como para a placa do assoalho neural.
Seção através do nódulo de Hensen no estágio do somito-6, mostrando que esse contribui
para a camada superior das células embrionárias. (de Catala et al., 1996; fotografia, cortesia
de N. M. Le Douarin.)
originando uma articulação em forma de sulco na linha média dorsal. Essas células são
induzidas pela notocorda a diminuir sua altura e adquirir a forma de cunha (van Straaten
et al., 1988; Smith e Schoenwolf, 1989). As células laterais à MHP não sofrem essas
mudanças (Figuras 7.4 e 7.8). Logo após, duas outras regiões de articulações formam
sulcos próximos à conexão da placa neural ao restante do ectoderma. Essas regiões
são chamadas pontos de articulação dorsolateral (DLHPs), e estão ancoradas ao
ectoderma da superfície da prega neural. Essas células aumentam sua altura e adqui-
rem a forma de cunha. Essa transformação (modelagem como cunha) está intimamente
ligada às modificações da forma celular. Nos pontos de articulação dorsolateral, tanto
microtúbulos como microfilamentos estão envolvidos nessas transformações. A
colchicina, um inibidor de polimerização de microtúbulos, inibe o alongamento dessas
células, enquanto citocalasina B, um inibidor da formação de microfilamentos, impede
a constrição apical dessas células impedindo, assim, a formação de cunha (Burnside,
1971, 1973; Karfunkel, 1972; Nagele e Lee, 1980, 1987). Depois da formação inicial de
sulcos, a placa neural se dobra ao redor dessas regiões com articulações. Cada uma
delas age como um eixo que dirige a rotação das células ao seu redor (Smith e
Schoenwolf, 1991).
Enquanto isso, forças extrínsecas também estão em ação. O ectoderma superfícial
do embrião de galinha empurra na direção central do embrião, fornecendo mais uma
força motora para o dobramento da placa neural (veja Figura 7.4 B,C; Alvarez e
Schoenwolf, 1992). Esse movimento da epiderme presuntiva e a ancoragem da placa
neural ao mesoderma subjacente deve ser também importante para assegurar que o
tubo neural se dobre para dentro do embrião e não para fora. Se pequenos pedaços da
placa neural são isolados do resto do embrião (incluindo o mesoderma) eles tendem a
se enrolar para fora (Schoenwolf, 1991a).
(A)
(B)
(C)
Figura 7.8
Micrografia eletrônica de varredura da formação do tubo neural no embrião de galinha. (A) Sulco
neural rodeado por células mesenquimatosas. (B) Células neuroepiteliais alongadas formam um
tubo, enquanto as células epidérmicas achatadas são trazidas à linha média do embrião. As
células MHP formam uma articulação no fundo do tubo, enquanto as células da placa neural,
ligadas à área basal do ectoderma da superfície formam as regiões de articulações dorsolaterais.
Essas três articulações podem ser vistas como sulcos. (C) A formação do tubo neural é comple-
tada. As células que eram a placa neural estão agora dentro do embrião. A epiderme presuntiva
se localiza acima do tubo, e o tubo neural é ladeado pelos somitos mesodérmicos e no fundo
limitado pela notocorda. (Fotografias, cortesia de K. W. Tosney.)
Ilhota Mesoderma
sagüínea
Sulco
Linha primitivo
primitiva
Margem
primitiva
Posterior
Borda
cortada do Sulco
âmnio neural Neuróporo
posterior
22 dias 23 dias Normal Anencefalia Espinha bífida
Figura 7.10
Neurulação em embriões humanos. (A) Seções dorsal e transversal de um embrião humano de 22
dias, iniciando a neurulação. Ambos neuróporos, anterior e posterior, estão abertos ao líquido
amniótico. (B) Vista dorsal de um embrião humano em neurulação, um dia depois. A região do
neuróporo anterior está se fechando, enquanto o neuróporo posterior permanece aberto. (C)
Regiões de fechamento do tubo neural postulado por evidência genética (superimposta ao corpo
do recém-nascido). (D) Anencefalia devido a falta de fusão da placa neural na região 2. (E)
Espinha bífida devida a falta de fusão na região 5 (ou pela falta de fechamento do neuróporo mais
posterior). (C-E de acordo com Van Allen et al., 1993.)
tubo neural anterior resulta em uma condição letal, anencefalia. Aqui, o cérebro
anterior permanece em contato com o líquido amniótico e em seguida degenera. O
desenvolvimento do cérebro anterior fetal cessa, e a abóboda do crânio não se
forma. Essas anormalidades não são raras em humanos, pois estão presentes em
aproximadamente um em cada quinhentos nascimentos viáveis. Defeitos de fecha-
mento do tubo neural podem freqüentemente ser identificados durante a gravidez
por vários testes físicos e químicos.
O fechamento do tubo neural humano envolve uma complexa interação entre fato-
res genéticos e ambientais. Certos genes, Pax3, sonic hedgehog e openbrain, são
essenciais para a formação do tubo neural de mamíferos, mas fatores da dieta como
colesterol e ácido fólico parecem ser críticos.* Foi estimado que aproximadamente
50% dos defeitos do tubo neural poderiam ser evitados se as mulheres grávidas
tomassem suplementos de ácido fólico (vitamina B12), e o Serviço de Saúde Pública
dos Estados Unidos da América recomendam que todas as mulheres em idade fértil
tomem 0.4mg diários de folato para reduzir o risco de defeitos do tubo neural durante
a gravidez (Milunsky et al., 1989; Czeizel e Dudas, 1992; CDC, 1992). [ecto1.html]
O tubo neural finalmente forma um cilindro fechado que se separa do ectoderma da
superfície. Considera-se que essa separação é mediada pela expressão de diferentes
moléculas de adesão celular. As células que se tornarão o tubo neural, originalmente
expressam E-caderina, mas elas param de expressar essa proteína ao se formar o tubo
e, em vez disso, sintetizam N-caderina e N-CAM (veja Figura 3.17). Como resultado,
os dois tecidos não aderem mais um ao outro. Se o ectoderma da superfície passar a
expressar N-caderina (injetando mRNA de N-caderina em uma das células do embrião
de Xenopus de duas cabeças), a separação do tubo neural da epiderme presuntiva é
dramaticamente impedida (Detrick et al., 1990; Fujimori et al., 1990).
*Colesterol parece ser necessário para a autoclivagem da proteína Sonic hedgehog. Mutações da
Sonic hedgehog podem impedir o fechamento do tubo neural em camundongos e no homem (Chiang
et al., 1996; Roessler et al., 1996); a porção ativa da Sonic hedgehog é sua região N-terminal. Essa
região é clivada da molécula precursora em uma reação que requer colesterol como um cofator
(Porter et al., 1996). No homem, certas síndromes envolvendo falhas no fechamento do tubo
neural foram relacionadas às mutações na síntese de colesterol (Kelley et al., 1996).
264 PARTE II Padrões de Desenvolvimento
Informações adicionais
& Especulações
Neurônios
motores
Indução de neurônios
motores ventrolaterais
Placa do assoalho ventral
Neurulação secundária
A neurulação secundária envolve a formação do cordão medular e seu subseqüente
esvaziamento interno formando o tubo neural. Na rã e na galinha, esse tipo de neuru-
lação é geralmente identificado na formação das vértebras lombar e da cauda. Em
ambos os casos, a neurulação secundária pode ser vista como continuação da gastru-
lação. Entretanto, as células do lábio dorsal do blastóporo continuam a crescer
CAPÍTULO 7 Neurulação e o Ectoderma 265
Parede
posterior
Ectoderma Lábio dorsal tardio
(A) (B) (articulação cordoneural) (C)
Ânus Canal neurentérico
Figura 7.12
Movimentos celulares durante a neurulação secundária em Xenopus. (A) Involuçào da mesoder-
ma no estágio de gástrula média.(B) Movimentos do lábio dorsal do blastóporo nos estágios de
gástrula tardia/ gástrula precoce. A involução cessou e ambos, o ectoderma e o mesoderma do
lábio tardio do blastóporo se movem posteriormente. (C) Estágio de girino precoce, onde as
células revestindo o blastóporo formam o canal neurentérico, parte do qual se torna o lúmen do
tubo neural secundário. (de Gont et al., 1993.)
O tubo neural precoce de mamíferos é uma estrutura reta. Entretanto, mesmo antes
(B) que a porção posterior do tubo se forme, a porção mais anterior está sofrendo mudan-
ças drásticas. Nessa região anterior, o tubo neural se expande em três vesículas primá-
rias (Figura 7.14): cérebro anterior (prosencéfalo), cérebro médio (mesencéfalo) e cére-
bro posterior (rombencéfalo). Quando se fecha a ponta posterior do tubo neural,
dilatações secundárias -as vesículas ópticas- se estendem lateralmente de cada lado
do cérebro anterior em desenvolvimento.
O cérebro anterior se subdivide no telencéfalo anterior e o diencéfalo mais cau-
dal. O telencéfalo formará os hemisférios cerebrais, e o diencéfalo formará o tálamo
e o hipotálamo e também a região que recebe os impulsos neurais da retina. Na
(C) verdade, a própria retina é uma derivação do diencéfalo. O mesencéfalo não se
subdivide e seu lúmen se tornará o aqueduto cerebral. O rombencéfalo se subdividi-
rá em um mielencéfalo posterior e um metencéfalo mais anterior. O mielencéfalo vai
dar origem à medula oblongata (Bulbo), cujos neurônios dão origem aos nervos que
regulam os movimentos respiratórios, gastrointestinais e cardiovasculares. O
metencéfalo dá origem ao cerebelo, a parte do cérebro responsável pela coordena-
Notocorda ção dos movimentos, postura e equilíbrio. O cérebro posterior (rombencéfalo) de-
senvolve um modelo segmentado que especifica os lugares de onde se originam
certos nervos. Alargamentos periódicos chamados rombômeros dividem o
(D)
Figura 7.14
Desenvolvimento precoce do cérebro humano. As três vesículas cerebrais primárias são subdi-
vididas enquanto o desenvolvimento continua. A direita estão os derivados em adultos, forma-
dos pelas paredes e cavidades do cérebro. (De acordo com Moore e Persaud, 1993.)
Derivados Adultos
Figura 7.16
Oclusão do tubo neural para permitir a expan-
são da futura região do cérebro. (A) Corante
injetado na porção anterior do tubo neural de
galinha de 3 dias, enche a região do cérebro
mas não passa para a região espinhal. (B,C)
Seção do tubo neural da galinha na base do
cérebro (B) antes da oclusão e (C) durante a
oclusão. (D) A reabertura da oclusão, após au-
mento inicial do cérebro, permite a passagem
do corante da região do cérebro para a da me-
dula espinhal. (Cortesia de M. Desmond.)
268 PARTE II Padrões de Desenvolvimento
Informações adicionais
& Especulações
Determinando as regiões
do cérebro anterior e cérebro médio
A
identidade ântero-posterior de pode ser crítica na modelagem da região Prosencéfalo Mesencéfalo
cada vesícula do cérebro de ma- do cérebro anterior. Essa interface Mes/Met
míferos é especificada durante a corresponde a uma zona limitans e é tam- limite
gastrulação pelo mesoderma precordal e bém a fonte de Sonic hedgehog, uma pro-
pela notocorda. Essa especificação pare- teína difusível considerada indutora de
ce ser estabilizada no estágio de placa modelagem durante a gastrulação e for-
neural, por interações a nível do ectoder- mação de membros (Figura 7.18; Rubens-
Meten-
ma. Somente as moléculas principais en- tein e Puelles, 1994).
céfalo
volvidas na especificação dos cérebros Uma das regiões críticas para o de-
anterior e médio serão aqui discutidas; os senvolvimento do cérebro médio é a bor-
detalhes da especificação do cérebro pos- da entre o metencéfalo/mesencéfalo que Rombencéfalo
terior e da medula espinhal pelo gene Hox normalmente dará origem aos tecidos do
serão discutidos no Capítulo 16. istmo. Aqui não se verifica uma fronteira
As regiões dos cérebros anterior e morfológica, mas ela é marcada pela por-
médio são definidas pelo mesoderma ção mais posterior, onde se expressa o
subjacente e pela notocorda anterior. Os gene Otx2. Quando tecido da junção Medula espinhal
genes Lim1 e Otx2 são expressos por mesencéfalo médio e anterior é transplan-
esses tecidos mesodérmicos anteriores. tado ao diencéfalo ou rombencéfalo, ele En (Engrailed) Fgf8 (Fator de
Se um deles não está presente, o embrião induz as células que o rodeiam a desen- Wnt1 crescimento do fibroblasto)
não forma o cérebro anterior ou o médio. volver destinos mesencefálicos (no shh (Sonic
Na parte caudal, em relação ao rombô- diencéfalo) ou cerebelares (no rombencé- hedgehog)
mero 2, os embriões parecem normais (Fi- falo) (Figura 7.19A; Bally-Cuif e Wassef, Figura 7.18
gura 7.17; Acampora et al., 1995; Shawlot Estrutura neuromérica do cérebro com super-
e Behringer, 1995). posição dos hipotéticos eventos indutivos. A
Rubenstein e Puelles (1994) propu- área limite mesencéfalo/metencéfalo é positi-
seram que o cérebro anterior é composto va para a expressão dos genes Fgf8 e Wnt1. A
por seis regiões neuroméricas chamadas borda p2/p3 é considerada a fonte da proteína
prosômeros. Os prosômeros p1-p3 cor- Sonic hedgehog. (de acordo com Bally-Cuif e
respondem ao diencéfalo e os prosôme- Wassef, 1995.)
ros p4-p6 ao hipotálamo (ventralmente)
e ao telencéfalo (dorsalmente). Os limi-
tes prosoméricos coincidem com os limi-
tes de expressão de vários genes que são
considerados importantes na especifica-
ção neural. Eles também são considera- 1994; Marin e Puelles, 1994). Se a junção
dos como limitantes de respostas a cer- for girada pode se dar uma “triplicação”,
tos estímulos externos. A interface p2/p3 pois tecidos em ambos os lados do enxer-
to são induzidos (Figura 7.19B).
Essa região indutora mes/met parece
ser controlada pelo fator de crescimento
Figura 7.17
de fibroblasto 8 (FGF8). Crossley e cole-
Fenótipo sem cabeça de camundongo defici-
ente em Lim1. Dois camundongos com
gas (1996) verificaram que esse tecido for-
“knockout” de Lim1 estão na parte de baixo mador de istmo secreta FGF8. Mais ainda,
da figura; um filhote do tipo selvagem está na quando transplantaram partículas conten-
parte de cima. A maioria dos mutantes Lim1 do FGF8 para o diencéfalo ou o romben-
morrem antes do nascimento. As pinas do ou- céfalo, eles obtiveram duplicadas as mes-
vido (flechas) são as estruturas mais anterio- mas estruturas do cérebro médio. Partícu-
res nesses mutantes. (de Shawlot e Behringer, las controle embebidas em salina não
1995; cortesia dos autores.) mostraram essa duplicação. As partículas
CAPÍTULO 7 Neurulação e o Ectoderma 269
com FGF8 também induziram a expressão deficientes em Wnt1 não possuem a re- Figura 7.19
de três genes nos tecidos circundantes - gião do cérebro médio e nem o cerebelo A região da junção mesencéfalo/metencéfalo
(“mes/met”) pode agir como um indutor do
Wnt1, Engrailed-2 e o próprio Fgf8. Es- (McMahon e Bradley, 1990; Thomas e
desenvolvimento do cérebro médio e da ex-
ses três genes são normalmente expres- Cappecchi, 1990). Wnt1 parece manter a pressão “engrailed” quando rodada ou trans-
sos na região do istmo. Wnt1 e Engrailed expressão do gene Engrailed nas células plantada a outras regiões do cérebro. (A) O
são considerados importantes na forma- precursoras cerebelares, permitindo a sua transplante da junção mes/met induz a expres-
ção do cerebelo. Mesmo que o cerebelo proliferação (Dickinson et al., 1994; são do gene engrailed e das estruturas do cére-
não expresse genes Wnt1, camundongos Danielian e McMahon, 1996). [ecto3.html] bro médio e cerebelo em posições ectópicas.
(B) Rotação da junção mes/met causa “tripli-
cação” de certas estruturas, como o tectum
óptico. Abreviações: gt, griseum tectale; TS,
torus semicircularis: P1, segmento pre-tectal;
(A) P2, segmento talâmico dorsal; cb, cerebelo; ot,
Mesencéfalo Cérebro médio e cerebelo tectum óptico; ist, istmo; III, terceiro nervo
Tectum
cranial ou oculomotor; IV, quarto nervo cranial
Diencéfalo Mes/Met ou troclear. A polaridade postulada é repre-
limite sentada por flechas. (B de acordo com Ru-
benstein e Puelles, 1994.)
Região expressando En
Telencéfalo Metencéfalo
(B)
Peça
invertida
Diencéfalo
Mesencéfalo
ist/cb
istmo/
cerebelo Indução Duplicação e polarização
da estrutura relativa ao tecido cerebelar
mesencefálica En mais próximo
Rombencéfalo
Mesencéfalo Mesencéfalo
Diencéfalo
Diencéfalo
Eixo longo
Rombencéfalo Rombencéfalo
270 PARTE II Padrões de Desenvolvimento
Os neurônios do córtex cerebral estão organizados em camadas, cada uma tendo dife-
rentes funções e conexões. O tubo neural original é composto de um neuroepitélio
embrionário, formado por uma única camada de células. Essa população de células
divide-se rapidamente. Sauer (1935) e outros mostraram que essas células estão presen-
tes na parede do tubo neural continuamente, da borda luminal até a borda externa, mas
como seus núcleos estão em diferentes alturas, tem-se a impressão que a parede do tubo
neural é composta por diversas camadas de células. A síntese de DNA (fase S) ocorre
quando o núcleo está na borda externa do tubo, e o núcleo migra luminalmente enquanto
a mitose continua (Figura 7.20). A mitose ocorre no lado luminal da camada celular.
Durante o desenvolvimento precoce de mamíferos, 100% das células do tubo neural
incorporam timidina radioativa ao DNA (Fujita, 1964). Logo em seguida, certas células
não mais incorporam esses precursores de DNA, indicando que não estão mais partici-
pando da síntese de DNA e da mitose. Essas células neurônicas e da glia podem, agora,
se diferenciar na periferia do tubo neural (Fujita, 1966; Jacobson, 1968).
Se células em divisão são marcadas com timidina radioativa em um único estágio
de seu desenvolvimento e seus descendentes são identificados no córtex externo
do cérebro adulto, isso significa que os neurônios tiveram que migrar para sua
posição cortical a partir do neuroepitélio embrionário. Isso acontece quando a célu-
la se divide “verticalmente” em lugar de “horizontalmente”. Nesses casos, a célula
adjacente ao lúmen fica ligada à superfície ventricular, enquanto a outra célula filha
se afasta (Chenn McConnell, 1995). Essa divisão é a ultima do neurônio e é chamada
de “aniversário” do neurônio. Diferentes neurônios e células gliais têm seus aniver-
sários em tempos diferentes. Marcação em diferentes pontos do desenvolvimento
mostra que células com aniversários mais precoces migram distâncias mais curtas.
Células com aniversários mais tardios, migram através dessas camadas para formar
as regiões superficiais do córtex. A diferenciação que se segue depende da posição
que esses neurônios ocupam uma vez fora da região de células em divisão
(Letourneau, 1977; Jacbson, 1991).
Figura 7.20
Seção esquemática do tubo neural de um embrião de galinha, mostrando a posição do núcleo de
uma célula neuroepitelial como função do ciclo celular. Células mitóticas são encontradas próxi-
mo ao centro do tubo neural, adjacente ao lúmen. (B) Micrografia eletrônica de varredura de um
tubo neural de galinha, recém-formado, mostrando células em diferentes estágios do ciclo celular. (B)
(A de acordo com Sauer, 1935; B, cortesia de K. Tosney.)
“Camada molecular”
de axônios das
células granulares
Cerebelo
Tubo neural
Camada molecular
Neocórtex
Córtex cerebral
Massa branca
Sulcus
Região Região
limitans
presuntiva basal presuntiva alar
Organização do cerebelo
No encéfalo, a migração celular, o crescimento diferencial e a morte celular seletiva
produzem modificações no modelo de três camadas, especialmente no cerebelo e no
cérebro. Alguns neurônios penetram a massa branca para diferenciarem-se em aglo-
merados de neurônios chamados núcleos. Cada núcleo desempenha o papel de uma
unidade funcional, servindo como uma estação de retransmissão entre as camadas
externas do cerebelo e outras partes do encéfalo. Além disso, as células neurônicas
precursoras, em divisão, neuroblastos, migram para a superfície externa do cerebelo
em desenvolvimento, formando uma nova zona embrionária, camada embrionária
externa, próxima ao limite externo do tubo neural. No limite externo da camada embri-
onária externa (na espessura de uma ou duas células), os neuroblastos proliferam. Na
parte interna da camada estão os neuroblastos pós-mitóticos que são os precursores
dos neurônios mais importantes do córtex do cerebelo, as células granulares. Essas
células neuronais pré-granulares migram de volta para a massa branca do cerebelo em
desenvolvimento para produzir células neurônicas granulares em uma região chamada
camada granular interna. Enquanto isso, a camada ependimária original do cerebelo
origina uma grande variedade de neurônios e células gliais, incluindo os notáveis e
grandes neurônios de Purkinje. Cada um deles tem um enorme aparelho dendrítico,
que se espalha como um leque sobre o corpo celular em forma de bulbo. Uma célula
de Purkinje típica pode formar até 100.000 sinapses com outros neurônios, mais do que
qualquer outro neurônio estudado. Cada neurônio de Purkinje também emite um axônio
delgado que se comunica com outras células nos núcleos cerebelares profundos.
O desenvolvimento de uma organização espacial é crítico para o funcionamento
correto do cerebelo. Todos os impulsos regularão a atividade da células de Purkinje,
que são os únicos neurônios que liberam impulsos para fora do córtex cerebelar. Para
CAPÍTULO 7 Neurulação e o Ectoderma 273
que isso aconteça, as células adequadas devem se diferenciar no tempo e local ade-
quados. Como isso acontece?
Um mecanismo considerado importante para posicionar neurônios jovens dentro
de encéfalo de mamíferos em desenvolvimento é o direcionamento glial (Rakic, 1972;
Hatten, 1990). Através do córtex, os neurônios parecem caminhar no “monotrilho da
glia” para seu respectivo destino. No cerebelo, os precursores das células granulares
caminham nos longos prolongamentos da glia de Bergmann (Figura 7.23; Rakic e
Sidman, 1973; Rakic, 1975). A interação neuroglial consiste em uma complexa e fasci-
nante série de eventos, envolvendo reconhecimento recíproco entre a glia e o
neuroblasto (Hatten, 1990; Komuro e Rakic, 1992). O neurônio mantém sua adesão à
célula da glia através de várias proteínas, a mais importante sendo uma proteína de
adesão chamada astrotactina. Se a astrotactina na célula nervosa é mascarada pelo
seu respectivo anticorpo, a célula nervosa não adere ao prolongamento da glia
(Edmondson et al., 1988; Fishell e Hatten, 1991).
A análise de mutações neurológicas no camundongo poderá, em breve, fornecer Figura 7.23
conhecimentos novos sobre os mecanismos de ordenação espacial. Mais de 30 muta- Migração neurônica em prolongamentos gliais.
ções conhecidas afetam o arranjo de neurônios cerebelares. Muitos dos mutantes (A) Diagrama com um neurônio cortical mi-
cerebelares foram encontrados porque o fenótipo de tais mutantes - principalmente a grando em um prolongamento da célula glial.
(B) Micrografia eletrônica da região onde a
inabilidade de manter o equilíbrio ao andar - pode ser facilmente reconhecido. Por
soma do neurônio adere ao prolongamento glial.
razões óbvias essas mutações são identificadas na língua inglesa com nomes como (C) Fotografias seqüenciais de um neurônio
weaver, reeler, staggerer e waltzer. [ecto4.html], [ecto5.html] migrando em um prolongamento de glia
cerebelar. A extremidade anterior do neurônio
apresenta várias extensões filopódicas. Ela
atinge velocidades de 60 µm/hora em sua mi-
gração nos prolongamentos gliais. (A de acor-
do com Rakic, 1975; B de Gregory et al., 1988;
C de Hatten, 1990, cortesia de M. Hatten.)
(B)
(A)
Processo condutor
do neurônio
(C)
Neurônio em
migração
Processo da
célula glial
274 PARTE II Padrões de Desenvolvimento
Organização cerebral
Camadas
corticais
Massa
branca
Camada
ventricular
Migração neural
do hospedeiro
Migração
neural do
Porcentagem de neurônios marcados com [3H]-timidina
hospedeiro
Camadas corticais
Camada
intermediária
Massa
branca
Camadas corticais
Figura 7.25
Determinação de identidade laminar em cérebro de doninha. (A) Precursores neuronais “pre-
coces” (aniversários no dia embrionário 29) migram para a camada 6. (B) Precursores neuronais
“tardios” (aniversários no dia pós-natal 1) migram mais adiante para as camadas 2 e 3. (C)
Quando os precursores precoces (vermelho) são transplantados em zonas ventriculares mais
velhas, após sua última fase S mitótica, os neurônios que eles formam migram para a camada
Massa 6. (D) Se esses precursores são transplantados antes ou durante sua última fase S, seus
branca neurônios migram (com os neurônios do hospedeiro) para a camada 2. (De acordo com
Camadas corticais McConnell e Kaznowski,1991.)
em qualquer das camadas corticais (Walsh e Cepko, 1988). Mas, como é que a célula
reconhece a camada na qual deve entrar? McConnell e Kaznowski (1991) mostraram
que a determinação da identidade laminar (isto é, para qual camada a célula migrará) é
feita durante a divisão celular final. Células transplantadas de cérebros jovens (onde
elas formariam a camada 6) para cérebros mais velhos, cujos neurônios migratórios
estão formando a camada 2 após sua última divisão, mantêm seu destino e migram
somente para a camada 6. Entretanto, se as células são transplantadas antes de sua
divisão final (na metade da fase S), elas não têm destino fixo e podem migrar para a
camada 2 (Figura 7.25). Os destinos de células progenitoras mais velhas são mais
determinados. As células cerebrais corticais progenitoras precoces têm o potencial
para transformarem-se em qualquer neurônio (nas camada 2 ou 6, por exemplo), mas as
células corticais progenitoras tardias dão origem somente a neurônios da camada
superior (camada 2) (Frantz e McConnell, 1996). Ainda não conhecemos a natureza da
informação transmitida à célula ao ser fixado o seu destino.
Nem todos os neurônios migram radialmente. O’Rourke e seus colegas (1992)
marcaram neurônios jovens com corante fluorescente e seguiram sua migração atra-
vés do cérebro. Enquanto mais ou menos 80% dos jovens neurônios migraram radial-
mente em processos gliais, da zona ventricular para a placa cortical, aproximadamente
12% deles migraram lateralmente de uma região funcional do córtex para outra. Essas
observações estão de acordo com aquelas de Walsh e Cepko (1992), que infectaram
células ventriculares com um retrovírus e conseguiram corar essas células e seus
descendentes após o nascimento. Eles descobriram que os descendentes neurais de
276 PARTE II Padrões de Desenvolvimento
uma única célula ventricular estavam dispersos através das regiões funcionais do
córtex. Quando neurônios do córtex do cérebro anterior foram transplantados para a
região que formaria o corpo estriado, essas células adquiriram a morfologia do estriado
(Fishell, 1995). Portanto, a especificação de funções determinadas pelas áreas corticais
ocorre após a neurogênese. Considera-se que chegando a seu destino final, as células
produzem moléculas adesivas específicas que as organizam e as agrupam como núcle-
os cerebrais (Matsunami e Takeichi, 1995).
O cérebro é bastante plástico e o desenvolvimento do córtex neopáleo humano é
particularmente notável a esse respeito. O cérebro humano continua a se desenvolver
na velocidade do desenvolvimento fetal, mesmo após o nascimento (Holt et al., 1975).
Baseado em critérios morfológicos e de comportamento, Portmann (1941, 1945) suge-
riu que, comparada com outros primatas, a gestação humana deveria durar 21 meses
em lugar de 9. Entretanto, nenhuma mulher poderia dar à luz um feto de 21 meses, pois
sua cabeça não passaria pelo canal do parto; assim a espécie humana dá à luz após 9
meses. Montagu (1962) e Gould (1977) sugeriram que durante o primeiro ano de vida,
somos essencialmente fetos extra-uterinos, e eles especulam que a inteligência huma-
na vem da estimulação do sistema nervoso que está se formando durante aquele
primeiro ano.*
Tipos de neurônios
O cérebro humano consiste de mais de 1011 células nervosas (neurônios) associadas
com mais de 1012 células gliais. Aquelas células que permanecem como componentes
integrais do revestimento do tubo neural se transformam em células ependimárias.
Essas células podem dar origem a precursores de neurônios e células gliais. Conside-
ra-se que a diferenciação dessas células precursoras é principalmente determinada
pelo ambiente no qual elas entram (Rakic e Goldman, 1982) e que, em pelo menos
alguns casos, uma determinada célula precursora pode formar ambos, neurônios e
células gliais (Turner e Cepko, 1987). Existe uma grande variedade de tipos de neurô-
nios e células gliais (como fica evidente pela comparação entre uma célula granular
relativamente pequena e o enorme neurônio de Purkinje). As delgadas extensões das
células, usadas para captar impulsos elétricos são chamadas dendritos (Figura 7.26).
Alguns neurônios desenvolvem somente alguns dendritos, enquanto outras células
(como os neurônios de Purkinje) desenvolvem extensas áreas para interações celula-
res. Muito poucos dendritos são encontrados em neurônios corticais no nascimento,
mas uma das coisas maravilhosas, a respeito do primeiro ano de vida do ser humano,
é o aumento do número dessas regiões receptivas nos neurônios corticais. Durante
esse ano, cada neurônio cortical desenvolve um número suficiente de dendritos (ou
superfície dendrítica) para acomodar até 100.000 conexões com outros neurônios. O
neurônio cortical, em média, se conecta com 10.000 outros neurônios. Esse padrão de
conexões neurais (sinapses) permite ao córtex humano funcionar como o centro para
o aprendizado, raciocínio e memória, e a desenvolver a capacidade de expressão sim-
bólica, bem como a produção de respostas a estímulos interpretados.
Outra característica importante de um neurônio em desenvolvimento é seu axônio
(às vezes chamado um neurito). Enquanto os dendritos são freqüentemente numero-
sos e não se extendem muito além do corpo da célula nervosa, ou soma, os axônios
podem se alongar por vários centímetros. Os receptores da dor no dedo grande (hálux)
do pé, por exemplo, precisam transmitir suas mensagens por um longo caminho até a
Cone do
axônio
Segmento
inicial
do axônio Chegada de impulsos
via axônios de outros
neurônios
CONDUTOR Nó de
Ranvier
Impulso
nervoso
Célula de
Schwann
Bainha de mielina
EFETOR
Músculo esquelético
Microespículas
Cone de crescimento
Figura 7.27
Microespículas de actina em cones de crescimento de axônios como vistos por (A) microscopia
eletrônica de transmissão, (B) microscopia de contraste da interface diferencial e (C) microscopia
de fluorescência com anticorpos fluorescentes à actina. (A de Letourneau,1979; B e C de
Forscher e Smith, 1988. Todas fotografias, cortesia dos autores.)
Figura 7.28
Mielinação nos sistemas nervosos central e periférico. (A) No
Célula oligodendroglial sistema nervoso periférico, as células de Schwann se enrolam ao
redor do axônio; no sistema nervoso central, a mielinaçào é reali-
zada por prolongamentos de oligodendrócitos. (B) O mecanismo
desse enrolamento leva à produção de um enorme complexo de
membrana. (C) Micrografia de um axônio envolvido pela mem-
Axônio MIELINIZAÇÃO brana de mielina de uma célula de Schwann. (Fotografia cortesia
NO SISTEMA
de C. S. Raine.)
NERVOSO CENTRAL
Nó de Ranvier
Axônio MIELINIZAÇÃO NO
SISTEMA NERVOSO PERIFËRICO
Axônio (C)
Ectoderma Parede do
Camada
da cabeça cérebro anterior
pigmentada
Vesícula Camada
óptica neural
primária Vesícula
óptica Cristalino
Vesícula
do
Placódio cristalino
do
cristalino
(A) Embrião de 4-mm (B) Embrião de 4.5-mm (C) Embrião de 5-mm (D) Embrião de 7-mm
Figura 7.29
Desenvolvimento do olho de vertebrado. (A)
A vesícula óptica evagina do cérebro e contata latente na formação do cristalino e o posicionamento do cristalino em relação à retina
o ectoderma sobreposto. (B,C) O ectoderma é realizado pela vesícula óptica. No homem, as vesículas ópticas têm início como duas
sobreposto diferencia-se em células do crista- protuberâncias nas paredes laterais do diencéfalo em embriões de 22 dias (Figura
lino enquanto as vesículas ópticas se dobram 7.29). Essas protuberâncias continuam a crescer lateralmente ao tubo neural e estão
sobre si mesmas e os placódios do cristalino ligadas ao diencéfalo por pedúnculos ópticos. Subseqüentemente, quando essas
se tornam vesículas do cristalino. (C) A vesícula vesículas atingem o ectoderma da cabeça, essa se espessa formando o placódio do
óptica se torna a retina neural e pigmentada,
cristalino. A necessidade de um contato íntimo entre as vesículas ópticas e o ectoder-
enquanto o cristalino é internalizado. (D) A
vesícula do cristalino induz o ectoderma so-
ma superficial é comprovada experimentalmente e em certos mutantes. Por exemplo, no
breposto a se tornar córnea. (Ilustrações su- mutante de camundongo, eyeless, as vesículas ópticas não fazem contato com a su-
periores de acordo com Mann, 1964; micro- perfície e a formação do olho cessa (Webster et al., 1984).
grafias A-C de Hilfer e Yang, 1980, cortesia de Uma vez formado, o placódio do cristalino causa, de maneira recíproca, modifica-
S. R. Hilfer; D, cortesia de K. Tosney.) ções na vesícula óptica que sofre uma invaginação formando um cálice óptico de
parede dupla (veja Figura 7.29C). À medida que a invaginação continua, a conexão
entre o cálice óptico e o cérebro é reduzida, tornando-se alongada e estreita. Ao
mesmo tempo, as duas camadas do cálice óptico começam a se diferenciar em direções
diferentes. As células da camada externa produzem pigmentos e finalmente se trans-
formam na retina pigmentada (um dos poucos tecidos, além das células da crista
neural, que podem sintetizar sua própria melanina). As células da camada interna
proliferam rapidamente e dão origem a uma variedade de glia, neurônios ganglionários,
interneurônios e neurônios fotorreceptores sensíveis à luz. Coletivamente, essas cons-
tituem a retina neural. Os axônios das células ganglionares da retina neural se encon-
tram na base do olho e se dirigem para baixo, pelo pedúnculo óptico. O pedúnculo é
então chamado nervo óptico.
Bastonetes e cones
dos fotorreceptores
Corpos celulares
Camada dos fotorreceptores
neuroblástica
externa Camada
plexiforme externa
Camada dos
nervos bipolares
Camada
neuroblástica Camada
interna plexiforme interna
Camada de células ganglionares
Fibras do nervo óptico
Células ganglionares Luz
(A) (B) (C) (D)
estímulo elétrico dos bastonetes e cones às células ganglionárias. Além disso, existem Figura 7.30
numerosas células gliais de Müller que mantêm a integridade da retina, bem como Desenvolvimento da retina humana. Neurô-
neurônios amácrinos (sem grandes axônios) e neurônios horizontais que transmitem nios da retina se distribuem em camadas fun-
impulsos elétricos no plano da retina. cionais durante o desenvolvimento. (A,B)
Separação inicial de neuroblastos dentro da
Nos estágios iniciais do desenvolvimento da retina, a divisão celular de uma cama-
retina. (C) As três camadas de neurônios na
da embrionária e a migração e morte diferencial das células resultantes formam o retina adulta e as camadas sinápticas entre
padrão laminar, estriado, da retina neural. A formação desse tecido altamente estruturado elas. (D) Uma apresentação funcional dos
é um dos problemas mais intensamente estudado em neurobiologia do desenvolvi- principais caminhos dos neurônios na retina.
mento. Mostrou-se que (Turner e Cepko, 1987) uma única célula precursora do A luz atravessa as camadas até ser recebida
neuroblasto retinal pode dar origem a pelo menos três tipos de neurônios ou dois pelos fotorreceptores. Os axônios dos fotorre-
tipos de neurônios e uma célula glia. Essa análise foi feita usando uma técnica enge- ceptores fazem sinapse com neurônios bipo-
nhosa para marcar as células geradas por uma célula precursora específica. Ratos lares que transmitem a despolarização para
recém-nascidos (cujas retinas ainda estão se desenvolvendo) foram injetados, no os neurônios ganglionares. Os axônios das
células ganglionares se reúnem para formar o
fundo do olho, com um vírus que se integra ao seu DNA. Esse vírus continha um gene
nervo óptico que entra no cérebro. (A e B
da β-galactosidase (não presente na retina do rato) que seria expresso somente nas segundo Mann, 1964; fotografia cortesia de
células infectadas. Um mês após a infecção dos ratos, as retinas foram removidas e G. Grunwald.)
coradas para detectar a presença de β-galactosidase. Somente os descendentes das
células infectadas deveriam ser coradas de azul. A Figura 7.31 mostra uma fita de
células derivadas de uma célula precursora infectada. A coloração pode ser vista em
cinco bastonetes, um neurônio bipolar e uma célula glia (Müller).
Informações adicionais
& Especulações
Figura 7.32
Desenvolvimento de cones fotorreceptores na
região central da retina humana. Seções de
microscopia de luz foram fotografadas e um
cone em cada retina delineado para clareza. O
epitélio pigmentado (PE), a camada plexiforme (A)
externa (OPL), a glia de Müller (M), e os seg-
mentos externos do fotorreceptor (OS) foram
(B)
marcados. (A) Feto de gestação de 22 semanas.
(B) Neonato 5 dias após o nascimento. (C) Pes-
soa de 72 anos. A flecha aponta para a membra-
na limitante externa, que originalmente serviu
como borda para os axônios da retina. O axônio
delineado em (C) é na realidade mais curto que
o normal, permitindo que a sinapse com o
neurônio bipolar possa ser mostrada na figura.
(C)
A sinapse é formada no pedículo sináptico do
cone (CP). (de Yuodelis e Hendrickson, 1986,
cortesia de A. Hendrickson.)
CAPÍTULO 7 Neurulação e o Ectoderma 283
Epitélio
anterior
do cristalino
Região
equatorial
Fibras secundárias
Fibras
do cristalino
primárias
(C) (D) (E)
do cristalino Fibras Cápsula Fibras primárias
secundárias do cristalino posterior do cristalino do cristalino
284 PARTE II Padrões de Desenvolvimento
Q A CRISTA NEURAL
A crista neural e seus derivados
Embora derivada do ectoderma, a crista neural é algumas vezes considerada a quarta
camada germinativa devido à sua importância. Tem sido dito, talvez hiperbolicamente,
que “a única coisa interessante a respeito dos vertebrados é a crista neural” (citado
em Thorogood, 1989). As células da crista neural se originam na região mais dorsal do
tubo neural. Experimentos com transplantes, onde uma placa neural de codorna é
enxertada no ectoderma não-neural de galinha, mostram que justapondo esses teci-
dos se induz a formação de células da crista neural e que ambas, as prospectivas placa
neural e a epiderme, contribuem para a crista neural (Selleck e Bronner-Fraser, 1995;
Mancilla e Mayor, 1996). As células da crista migram extensivamente dando origem a
um incrível número de tipos de células diferenciadas. Esses incluem (1) os neurônios
e células gliais dos sistemas nervosos sensorial, simpático e parassimpático, (2) as
células produtoras de epinefrina (medula) da glândula supra-renal, (3) as células
pigmentares da epiderme, e (4) muitos dos componentes dos tecidos esqueléticos e
conjuntivos da cabeça. O destino das células da crista neural depende, na sua maioria,
do lugar para onde elas migram e onde se instalam. A crista neural pode ser dividida em
quatro principais (mas parcialmente sobrepostos) domínios:
• A crista neural cefálica (cabeça), cujas células migram dorsolateralmente para
produzir o mesênquima craniofacial que se diferencia em cartilagem, osso, neu-
rônios cranianos, glia e tecidos conjuntivos da face. Essas células também
entram nas bolsas faríngeas para originar as células do timo, odontoblastos
dos primórdios dos dentes e a cartilagem do ouvido interno e o queixo.
• A crista neural do tronco, cujas células tomam um de dois caminhos princi-
pais. Células da crista neural, que se tornam os melanócitos sintetizadores de
pigmentos, migram dorsolateralmente para o ectoderma, e continuam em seu
caminho em direção à linha média ventral do abdômen. Entretanto, a maioria da
células da crista neural do tronco passa ventrolateralmente através da metade
anterior de cada esclerótomo. (Esclerótomos são blocos de células mesodérmi-
cas que cercam o tubo neural e diferenciam-se na cartilagem vertebral da espi-
nha.) Essas células da crista neural do tronco que permanecem nos esclerótomos
formam os gânglios dorsais da raiz. As células que continuam mais ventral-
mente formam os gânglios simpáticos, a medula da supra-renal e o agrupa-
mento de nervos circundando a aorta.
• A crista neural cervical e sacral, cujas células dão origem aos gânglios
parassimpáticos (entéricos) do intestino (Le Douarin e Teillet, 1973; Pomeranz
et al., 1991). A crista cervical tem posição oposta aos somitos 1-7 da galinha,
enquanto que a crista neural sacral é posterior ao somito 28. A ausência de
migração da célula da crista neural para o cólon resulta na falta de gânglios
entéricos e, portanto, a ausência de movimento peristáltico nessa região.
Isso resulta na obstrução funcional, dilatação e aumento da região acima do
cólon (“megacólon”).
CAPÍTULO 7 Neurulação e o Ectoderma 285
Como mostra a Figura 7.2, a crista neural do tronco é uma estrutura transitória, pois
suas células se dispersam logo após o fechamento do tubo neural. Existem duas vias
principais seguidas pelas células migratórias da crista neural (Figura 7.34).
A VIA DORSOLATERAL. Uma via possível para migração das células da crista neural
do tronco é a via dorsolateral, pela qual os precursores dos melanócitos se movem
pela periferia do embrião através do mesoderma subjacente à derme. Elas penetram no
ectoderma através de minúsculos orifícios na membrana basal (as quais elas podem
produzir) e colonizam a pele e os folículos, onde elas se diferenciam em melanócitos
286 PARTE II Padrões de Desenvolvimento
Epiderme
Dermomiótomo
Esclerótomo
Notocorda
Células da Via 2 tomam um
rota dorsolateral entre a epiderme
Aorta Post.
e o dermomiótomo
Ant.
Somito
Rostral
Células da Via 1
viajam ventralmente através
Figura 7.34 do miótomo anterior
Migração das células da crista neural no tron-
co do embrião do pinto. Via 1: As células via-
jam ventralmente através do esclerótomo an-
terior (aquela porção do somito que gera a car-
tilagem vertebral). Aquelas células inicialmen-
te opostas às porções posteriores dos
esclerótomos migram ao longo do tubo neural
até alcançar uma região anterior. Essas células
contribuem para os gânglios simpáticos e
parassimpáticos assim como para as células
da medula supra-renal e os gânglios da raiz (Mayer, 1973; Erickson et al., 1992). Essa via foi demonstrada em uma série de experi-
dorsal. Via 2: Algum tempo depois, células pe- mentos clássicos por Mary Rawles e outros (1948), que transplantaram o tubo neural
netram na rota dorsolateral abaixo do ectoder- e a crista de uma linhagem pigmentada de galinha para o tubo neural de um embrião de
ma. Essas células se tornam melanócitos pro- galinha albina. O resultado foi uma galinha branca com penas coloridas em uma região
dutores de pigmento. específica (Figura 7.35A). A crista neural é responsável pela produção de todas as
células contendo melanina no organismo (com exceção de certos derivados neurais
como a retina pigmentada).
A VIA VENTRAL. Enxertando uma parte do tubo neural e a crista associada de embri-
ões de galinha, radioativos ou geneticamente marcados, em outros embriões, foi pos-
sível identificar outra rota principal de migração das células da crista neural do tronco
(Weston, 1963; Le Douarin e Teillet, 1974), investigadores foram capazes de traçar uma
outra rota maior de migração das células da crista neural (Figura 7.35B,C). Estudos
mais recentes estenderam essas pesquisas usando anticorpos fluorescentes, corantes
vitais, ou células transformadas por vírus para marcar e seguir células individuais da
crista neural até seu destino. As células saindo pela via ventral se tornam neurônios
sensoriais (raiz dorsal) e simpáticos, células adrenomedulares e células de Schwann.
Como pode ser visto na Figura 7.36 e Prancha 19, essas células da crista neural do
tronco migram ventralmente através da porção anterior, mas não da porção posterior
dos esclerótomos (Rickmann et al., 1985; Bronner-Fraser, 1986; Loring e Erickson,
1987; Teillet et al. 1987). Teillet e colaboradores associaram o procedimento com
anticorpos a um transplante de células da crista neural de codornas geneticamente
marcadas, a embriões de galinha. O anticorpo marcador reconhece e marca as células
da crista neural de ambas espécies; o marcador genético permite aos pesquisadores
CAPÍTULO 7 Neurulação e o Ectoderma 287
(A) (B)
Hospedeiro
Doador marcado
radioativamente
distinguir entre células de codorna e galinha. Esses estudos mostram que células da
crista neural, antes opostas à região posterior dos somitos, migram anteriormente ou
posteriormente ao longo do tubo neural penetrando, assim, na região anterior de seus
somitos ou de outros adjacentes. Essas células da crista neural se juntam com outras
que inicialmente estavam opostas à porção anterior dos somitos, e formam a mesma
estrutura. Dessa maneira, cada gânglio da raiz dorsal é composto de três populações
de crista neural: uma da crista neural oposta à porção anterior do somito e uma de cada
lado das regiões de crista neural adjacentes, opostas às porções posteriores dos
somitos. Em regiões específicas do tronco, células da crista migrando pela mesma via,
se agregam para formar gânglios simpáticos e as células secretoras de epinefrina da
medula da supra-renal. A divisão parassimpática do sistema nervoso periférico é tam-
bém formada pelas células da crista neural migrando por essa via, mas somente nas
regiões sacral e cervical do embrião.
Esclerótomo Tubo Slug deve ser necessária para que a célula epitelial imóvel se torne um migrante (Nieto
do somito neural et al., 1994). Outro fator em potencial na iniciação da migração da célula da crista neural
é a molécula de adesão N-caderina. Originalmente na superfície da célula da crista
neural, ela é regulada para decrescer na época da migração celular. Células da crista em
Anterior migração não têm N-caderina em sua superfície, mas começam a expressá-la nova-
mente enquanto se agregam para formar a raiz dorsal e os gânglios simpáticos (Takeichi,
1988; Akitaya e Bronner-Fraser, 1992). Ao mesmo tempo que as células da crista neural
Posterior perdem sua N-caderina e se tornam aptas a migrar como células individuais, a superfí-
cie extracelular que as rodeia se torna mais adesiva (Perris et al., 1990). Parece haver
vias específicas que devem ser seguidas pelas células da crista neural e quando as
Anterior células, ou seus derivados, são colocadas (por transplante ou por injeção) em sua via
normal de migração em um embrião hospedeiro, elas migram ao longo dessa (Bronner-
Fraser e Cohen, 1980; Erickson et al., 1980).
O caminho das células da crista neural é controlado pela matriz extracelular do
Posterior
embrião (Newgreen e Gooday, 1985; Newgreen et al., 1986). Pesquisas sobre o desen-
volvimento de salamandra indicaram que a direção de migração das células da crista
neural é determinada pela matriz extracelular sobre a qual elas migram. Em salamandras
Anterior axolotle existe uma mutação onde há formação da crista neural mas suas células não
migram pela via dorsolateral. Isso pode ser visto facilmente pela falta de células
pigmentadas em todos os lugares, com exceção do topo do tubo neural desses ani-
Posterior mais (Figura 7.37), e essas células finalmente degeneram. Quando cristas neurais do
tipo selvagem são transplantadas para embriões mutantes, as células da crista são
incapazes de migrar. Entretanto, quando cristas de embriões mutantes são transplan-
tadas em embriões selvagens, suas células migram normalmente (Spieth e keller, 1984).
Figura 7.36 Assim, o defeito nesse mutante está no ambiente em que as células encontram e não
Migração de células da crista neural. Fotomi- nas próprias células. (A estrada é deficiente mas não o veículo.) Löfberg e colaborado-
crografias de fluorescência de seções longitu- res (1989) usaram essa informação para mostrar que a matriz extracelular contém com-
dinais de um embrião de pinto de dois dias, postos que são críticos na regulação da migração das células da crista neural. Eles
marcadas com anticorpo HNK-1, que reco- adsorveram, em microtransportadores da membrana, a matriz extracelular da região
nhece seletivamente as células da crista neural. subepidérmica da pele (através da qual migrariam as células da crista neural formado-
Extensa marcação é vista na metade anterior,
ras de pigmentos). Os microtransportadores foram então colocados junto às cristas
porém, não na posterior do esclerótomo. (de
neurais de embriões mutantes e do tipo selvagem, pouco antes do momento quando
Bronner-Fraser, 1986, cortesia de M.
Bronner-Fraser.) ocorreria a migração. Os microtransportadores sozinhos não estimularam a migração
em nenhum dos dois embriões. Os microtransportadores contendo matriz extracelular
de mutantes também não estimularam migração primativa de células da crista neural
em nenhum dos embriões. Entretanto, aqueles transportadores contendo a matriz
extracelular do tipo selvagem estimularam a migração de células da crista neural tanto
no embrião mutante como no selvagem, demonstrando assim a importância da matriz
extracelular na migração de células da crista neural.
Uma situação semelhante se dá em embriões de galinha, pois o transplante de
diferentes regiões do mesoderma para a área adjacente à crista neural pode produzir
diferentes modelos de migração (Goldstein et al., 1990; Bronner-Fraser e Stern, 1991).
As regiões que permitem migração de células da crista neural são determinadas no
mesoderma antes que ocorra a migração.
Mas quais são as moléculas que permitem ou impedem a migração de células da
crista neural? A matriz extracelular que suporta essa migração é uma mistura rica em
moléculas como fibronectina, laminina, tenascina, várias moléculas de colágeno e
proteoglicanos. Experimentos programados para estudar esse aspecto devem ser
cuidadosamente planejados, pois as células da crista neural podem ter necessidades
de migração diferentes em diferentes espécies e mesmo em diferentes partes do mes-
mo embrião. Uma solução é preparar anticorpos contra moléculas das regiões da
matriz extracelular às quais as células se ligam. Quando esses anticorpos são injetados
no embrião, bloqueando as regiões da matriz, verifica-se alguma perturbação na migra-
ção das células da crista neural? A migração das células da crista neural craniana de
galinha pode ser severamente alterada quando são injetados, no embrião em desen-
CAPÍTULO 7 Neurulação e o Ectoderma 289
(A) (B)
(C) (D)
Figura 7.37
Deficiência na migração das células da crista neural no mutante d/d do axolotle. (A) As
larvas de axolotles do tipo selvagem são caracterizadas por células pigmentadas por todo o
corpo exceto nas porções mais ventrais. (B) No mutante d/d, as células pigmentadas deri-
vadas da crista neural formam uma estria ao longo da linha mediana dorsal da larva. (C,D)
Micrografias eletrônicas de varredura da crista neural embrionária mostram que (C) as
células da crista dos embriões de tipo selvagem migram sobre o tubo neural para o interior
dos somitos, enquanto (D) aquelas do mutante permanecem sobre o tubo neural. (de Löfberg
et al., 1989, cortesia dos autores.)
Informações adicionais
& Especulações
A S PROPRIEDADES MIGRATÓ-
RIAS e a diferenciação das célu-
las da crista neural também estão
sendo estudadas levando em considera-
ção mutações que prejudicam uma ou mais
Lethal-spotting e Piebald-lethal.
Nessas mutações, a deficiência é de
endotelina-3 e seu receptor, o receptor de
endotelina-B. Endotelina-3 é um fator de
crescimento que estimula a proliferação
homem, essa condição é chamada doen-
ça de Hirschsprung. A ausência de
endotelina-3 dá origem ao padrão de man-
chas dos melanócitos e, também, a falta
de gânglios no intestino (Baynish et al.,
linhagens de células da crista neural. As de células como as da crista neural, e é 1994; Hosoda et al., 1994; Puffenberger et
mutações incluem as seguintes: critico para o desenvolvimento de mela- al., 1994; Lahav et al., 1996).
nócitos e neurônios entéricos que cau-
White-spotting. As células da crista sam o peristaltismo no trato digestivo. A Ret e GDNF. Como o receptor de
neural desses camundongos não têm c- ausência homozigótica de genes para o endotelina-B, o receptor tirosina quinase Ret
kit tirosina quinase receptor funcional. A receptor de endotelina-B produz o mega- é necessário para a diferenciação dos neu-
condicão homozigótica é geralmente letal cólon, a distensão do intestino grosso rônios entéricos. Os camundongos que não
mas os heterozigotos sobrevivem e po- devido a impossibilidade de evacuar. No apresentam o receptor não têm neurônios
dem ser reconhecidos pelas manchas sem entéricos nem rins (a importância de Ret para
pigmentos em seu pêlo. No homem, os o desenvolvimento do rim será discutida no
heterozigotos têm um fenótipo com man- Capítulo 17). No homem, a perda de um dos
chas brancas e escuras. onde regiões do genes ret pode produzir outra forma de do-
cabelo e da pele são brancas, por não te- ença de Hirschsprung- um megacólon
rem melanócitos (Spritz et al., 1992). gangliônico (Edery, 1994; Romeo et al., 1994).
O ligante para a proteína Ret parece ser o
Steel. Esses camundongos não têm o fator de crescimento derivado da glia, GDNF
fator da célula germinativa, o ligante para (Pichel et al., 1996). Camundongos sem as
a proteína quinase c-kit. Esse fator é proteínas GDNF também não têm rins nem
secretado por tecidos ao longo da rota de neurônios entéricos.
migração e é usado pelas células migrató-
rias da crista neural, além de estimular a Microphthalmia. Esses camundongos
divisão celular. A condição do homozigo- não têm um fator de transcrição determina-
to é letal na maioria dos casos, e o hetero- do, levando à surdez e deficiências melano-
zigoto tem uma pelagem de cor cinza cíticas. A condição heterozigótica humana
esmaecida (veja White, 1990). induz a síndrome de Waardenburg (tipo II)
(Hemesath et al., 1994; Steingrimsson et al.,
Splotch. Os camundongos não têm o 1994; Tassbehji et al., 1994).
fator de transcrição Pax3. Como já men-
cionado, essa proteína é expressa na re- Silky. Essa mutação na galinha envol-
gião dorsal do tubo neural. Camundon- ve a via da pigmentação. Em adição a um
gos homozigotos para esse gene têm de- fenótipo onde o adulto retém as penas
feitos no fechamento do tubo neural e macias de sua juventude, os órgãos inter-
Figura 7.38
nas estruturas derivadas das células da Superfície ventral de um camundongo heterozi- nos são pigmentados pela migração e pro-
crista neural, especialmente gânglios gótico para a mutação White. O camundongo liferação de melanócitos. Em contraste, as
cranianos e nervos (Figura 7.38). O tem números reduzidos de células sangüíneas, penas permanecem brancas. Estudos com
heterozigoto tem regiões de pigmenta- células germinativas e melanócitos. A mancha transplantes (Hallet e Ferrand, 1984) mos-
ção e outras sem pigmento. No homem, a branca no ventre é característica de heterozigo- traram que esse defeito não é devido aos
condição heterozigótica é conhecida tos, pois esses não têm melanócitos suficientes precursores dos melanócitos, mas sim de-
como síndrome de Waardenburg (tipo I) para circundar o camundongo. Animais White vido ao ambiente para onde migram as
(Tremblay et al., 1995). viáveis não têm pigmento no tronco. células da crista neural. [ecto6.html]
CAPÍTULO 7 Neurulação e o Ectoderma 291
Figura 7.40
Diferenciação final de uma célula da crista
neural destinada a ser uma célula adrenome-
NGF
dular (cromafim) ou um neurônio simpático.
Incapacidade de Neurônio Glicocorticóides parecem agir em dois luga-
Célula NGF responder a
GF simpático res. Primeiro, inibindo as ações daqueles fa-
bF competente glicocorticóides
tores que promovem a diferenciação neural;
segundo, induzindo as enzimas característi-
cas das células adrenais. As células expostas
Gl seqüencialmente ao fator de crescimento fi-
ico
Célula co broblástico básico (bFGF) e ao fator de cres-
Célula rtic
pluripotente óid cimento nervoso (NGF) se diferenciam em
precursora es
da crista bipotente neurônios simpáticos.
neural Glicocorticóides
Inibição da
diferenciação
neural Promoção
Célula de enzimas Célula cromafim
precursora cromafim (adrenomedular)
cromafim especificas
Tubo
neural
Gânglios IX, X
Células migratórias
da crista neural
(C) (D)
Células migratórias
Bolsa faríngea
da crista neural
Cartilagem
facial
e
Tubo neural
Figura 7.41
Migração de células da crista neural na cabeça de mamíferos. (A) Micrografia de varredura
eletrônica de um embrião de rato com parte de seu ectoderma lateral removido da superfície.
A migração da crista neural pode ser vista sobre o mesencéfalo, e a migração da coluna de
células da crista neural migrando para o futuro arco faríngeo é evidente. (B) A análise da
migração de células cranianas da crista neural de rombômeros 4-6 no camundongo sugere que
há uma migração maior para os arcos faríngeos e uma migração menor para formação de
gânglios dos nervos cranianos. (C) Estruturas formadoras na face humana pelas células ecto-
mesenquimatosas da crista neural. Os elementos cartilaginosos das bolsas faríngeas estão
indicados por cores, e a região pontilhada indica o esqueleto facial produzido pelas regiões
anteriores da crista cefálica. (D) Formação do septo tronco-conal (entre a aorta e a veia
pulmonar) das células da crista neural cardíaca. Células da crista do cérebro posterior humano
migram para os arcos faríngeos 4 e 6 durante a quinta semana da gestação e entram no tronco
arterial para gerar os septos. (A de Tan e Morriss-Kay, 1985, cortesia de S.-S. Tan; B, segundo
Sechrist et al. 1993; D segundo Kirby e Waldo, 1990.)
CAPÍTULO 7 Neurulação e o Ectoderma 295
Pela discussão anterior, pode parecer que todas as células da crista neural são
idênticas na sua potência original. Entretanto, este não é o caso. Aqui, novamente
as células da crista neural cranial são diferentes das células do tronco porque so-
mente as primeiras são capazes de formar a cartilagem da cabeça. Quando a crista
neural craniana é transplantada para a região do tronco, ela participa da formação da
cartilagem do tronco, que normalmente não é produzida a partir de componentes da
crista neural. Em alguns casos, essas células da crista neural craniana são instruídas
precocemente a respeito de quais tecidos estarão aptas a formar. Noden (1983)
removeu regiões da crista neural da galinha, que normalmente deveria gerar o se-
gundo arco faríngeo, e as substituiu por células que migrariam para o primeiro arco
faríngeo. Os embriões hospedeiros desenvolveram dois conjuntos de estruturas
Progenitores
unipotentes
Tipos celulares
derivados da
Cartilagem Neurônios Células gliais Células Melanócitos
crista neural
colinérgicos adrenérgicas
pela crista neural do tronco ou pela crista cefálica anterior, ocorrem anormalidades
cardíacas (especialmente a falta da separação aórtica-pulmonar). Fica evidente, que a
crista cardíaca já está determinada para gerar células cardíacas, e outras regiões da
crista neural não podem substituí-la (Kirby, 1989; Kuratani e Kirby, 1991). Defeitos
cardíacos congênitos no homem com freqüência ocorrem com defeitos nas glândulas
paratireóide, tireóide e timo. Não seria surpresa se esses estivessem ligados a defeitos
na migração de células da crista neural. [ecto7.html]
Camada
espinhosa
Camada
de Malpighi
Camada
basal
Lâmina basal
Melanócito
* A maior parte dessa pele se transforma em “poeira de casa” em cima de móveis e no assoalho.
Se você tem alguma dúvida, queime uma porção dessa poeira; o cheiro será de pele chamuscada.
CAPÍTULO 7 Neurulação e o Ectoderma 299
alcançar o estrato córneo e permanece na camada córnea mais ou menos duas sema-
nas. Em indivíduos com psoríase, uma doença caracterizada por esfoliação de uma
enorme quantidade de células epidérmicas, o tempo de permanência na camada córnea
é de somente dois dias (Weinstein e van Scott, 1965; Halprin, 1972). Essa condição
está ligada a uma super expressão de TGF-α (a qual ocorre secundariamente a uma
inflamação imune) (Elder et al., 1989). Analogamente, se o gene TGF-α for ligado a um
promotor para queratina 14 (uma das principais proteínas da pele), e inserido no pro-
núcleo do camundongo, os animais transgênicos ativam o gene TGF-α em suas célu-
las da pele e não podem suprimi-lo. O resultado é um camundongo com pele escamosa,
pouco pêlo e um enorme excesso de epiderme queratinizada sobre uma única camada
de células basais (Figura 7.44C; Vassar e Fuchs, 1991).
O outro fator de crescimento necessário para a produção de epiderme é o fator de
crescimento do queranócito (KGF; também chamado fator de crescimento fibroblásti-
co 7) um fator parácrino que é produzido pelos fibroblastos da derme subjacente
(derivada do mesoderma). O KGF é recebido pelas células basais que estão acima dos
fibroblastos da derme e se considera que ele regula a proliferação dessas células
basais. Se o gene KGF é fundido com o promotor de queratina 14 e são produzidos
camundongos transgênicos, o KGF se torna autócrino. Os animais resultantes (Figura
7.44A) têm uma epiderme espessada, pele solta, muitas células basais e não têm folículos
de pêlo, nem mesmo folículos do bigode (Guo et al., 1993). Essas células basais são
“forçadas” a entrar na via de diferenciação da epiderme. A alternativa para a célula
basal é ajudar a gerar o folículo do pêlo.
Apêndices cutâneos
A epiderme e a derme também interagem em sítios específicos para criar as glândulas
sudoríparas e os apêndices cutâneos: pêlos, escamas ou penas (dependendo da espé-
cie). A primeira indicação de que um folículo do pêlo se formará em um local específico
é uma agregação de células na camada basal da epiderme. Essa agregação é dirigida
pelas células dermais subjacentes e ocorre em diferentes tempos e locais no embrião.
As células basais se alongam, se dividem e penetram na derme. As células dermais
(B) (C)
(A)
Figura 7.44
Fatores de crescimento e proliferação epidér-
mica. (A) Um camundongo transgênico ex-
pressando baixos níveis de KGF em seus que-
ratinócitos. Notar a rarefação do pêlo ao re-
dor das patas, olhos e focinho. (B) Um ca-
mundongo de tipo selvagem. (C) Um compa-
nheiro de ninhada de (B) que está expressan-
do altos níveis de TGF-α em seus queratinó-
citos. Tem pele descamada e muito pouco
pêlo. Abaixo de cada camundongo está um
corte através de sua pele. O animal expres-
sando KGF em excesso não tem folículos
pilosos e um número aumentado de células
epidérmicas basais. O camundongo expres-
sando TGF-α tem camadas muito extensas
de epitélio queratinizado, o qual ele descarta.
(de Vassar e Fuchs, 1991, e Guo et al., 1993.
KGF Tipo selvagem TGF-α Fotografias cortesia de E. Fuchs.)
300 PARTE II Padrões de Desenvolvimento
Bulbo contendo
células germinativas
pluripotentes do
Figura 7.45 folículo piloso
Desenvolvimento de folículos pilosos na pele
fetal humana. (A) Células epidérmicas basais
tornam-se colunares e se abaulam ligeiramente
para dentro da derme. (B) Células epidérmicas
respondem a esse ingresso de células epidérmicas basais formando um pequeno nó-
continuam a proliferar, e células mesenquima-
dulo (a papila dermal) abaixo do tampão epidérmico. A papila dérmica, em um movi-
tosas da derme se agregam na base do germe
primário do pêlo. (C) Começa a diferenciação mento ascendente, estimula as células basais germinativas a dividirem-se mais rapida-
da haste do pêlo no germe piloso alongado. mente e produzir células pós-mitóticas que se diferenciarão na haste queratinizada do
(D) A haste pilosa queratinizada se estende da pêlo (veja Hardy, 1992; Miller et al., 1993). Melanoblastos, que estavam presentes
raiz do pêlo, o broto secundário forma a glân- entre as células epidérmicas enquanto ingressavam, diferenciam-se em melanócitos e
dula sebácea, e por baixo existe uma região que transferiam seu pigmento à haste (Figura 7.45). Enquanto isso ocorre, duas intumes-
pode conter as células germinativas pilosas cências epiteliais começam a crescer nos lados do folículo. As células da intumescên-
para o próximo ciclo produtor de pêlo. (E) cia inferior podem reter uma população de células germinativas que regenerarão a
Fotografia de um germe piloso alongado. (Se-
haste do pêlo periodicamente, quando ela for descartada (Pinkus e Mehregan, 1981;
gundo Hardy, 1992, e Miller et al., 1993. Fo-
Cotsarelis et al., 1990). As células da intumescência superior formarão as glândulas
tografia cortesia de W. Montagna.)
sebáceas que produzem uma secreção oleosa, o sebo. Em muitos mamíferos, incluindo
o homem, o sebo se mistura com células peridérmicas escamadas para formar a vernix
caseosa, esbranquiçada, que envolve o feto no nascimento. [ecto8.html]
Os primeiros pêlos do embrião humano são finos, localizados muito próximos, e
formam o chamado lanugo. Esse tipo de pêlo é geralmente descartado antes do nasci-
mento e substituído (pelo menos em parte, por novos folículos) por pêlos curtos e
sedosos, o velo. Velo permanece em muitas partes do corpo humano, usualmente
consideradas sem pêlos como a testa e as pálpebras. Em outras partes do corpo, o velo
dá lugar para o pêlo “definitivo”. Durante a vida de uma pessoa, alguns dos folículos
que produziram velo podem, mais tarde, formar pêlos definitivos, depois reverter para
a produção de velo. As axilas das crianças, por exemplo, têm folículos que produzem
velo até a adolescência. Nessa fase, as hastes definitivas são produzidas. Inversa-
mente, em calvície normal masculina, os folículos do couro cabeludo voltam a produzir
pêlos velos muito finos e não pigmentados (Montagna e Parakkal, 1974). A localização
e o padrão de pêlos, penas, escamas e glândulas sudoríparas envolve interações da
epiderme e da derme, e essas serão discutidas em detalhe no Capítulo 17. Da mesma
forma que existe uma célula germinativa neural, cuja descendência se torna células
neurais e células gliais, também parece existir uma célula germinativa epidérmica
pluripotente, cujos descendentes podem se tornar epiderme, glândulas sebáceas e
hastes de pêlo.
Conclusões
Neste capítulo acompanhamos a diferenciação do ectoderma embrionário em uma
ampla variedade de tecidos. Vimos que o ectoderma produz três conjuntos de células
durante a neurulação: (1) O tubo neural que dá origem aos neurônios, às células gliais
CAPÍTULO 7 Neurulação e o Ectoderma 301
LITERATURA CITADA
Acampora, D., Mazan, S., Lallemand, Y., Yanagisawa, M. 1994. Interaction of endothelin- Centers for Disease Control. 1992. Recom-
Avantaggiato, V., Maury, M., Simeone, A. and 3 with endothelin-B receptor is essential for mendations for the use of folic acid to reduce
Brulet, P. 1995. Forebrain and midbrain regions development of epidermal melanocytes and the number of cases of spina bifida and other
are deleted in Otx2 -/- mutants due to a defective enteric neurons. Cell 79: 1277-1285. neural tube defects. Morb. Mortal. Wkly. Rep.
anterior neuroectoderm specification during Bloom, W. and Fawcett. D. W. 1975. Textbook 41: 1-7.
gastrulation. Development 121: 3279-3290. of Histology, 10th Ed. Saunders, Philadelphia. Chenn, A. and McConnell, S. K. 1995. Cleavage
Akitaya, T. and Bronner-Fraser, M. 1992. Ex- Bockman, D. E. and Kirby, M. L. 1984. orientation and the asymmetric inheritance of
pression of cell adhesion molecules during Dependence of thymus development on de- Notch1 immunoreactivity in mammalian
initiation and cessation of neural crest cell mi- rivatives of the neural crest. Science 223: neurogenesis. Cell 82: 631-641.
gration. Dev. Dyn. 194: 12-20. 498-500. Chiang, C., Litingung, Y., Lee, E.,Young, K. K.,
Alvarez, I. S. and Schoenwolf, G. C. 1992. Bronner-Fraser, M. 1986. Analysis of the early Corden, J. E., Westphal, H. and Beachy, P. A.
Expansion of surface epithelium provides the stages of trunk neural crest migration in avian 1996. Cyclopia and defective axial patterning
major extrinsic force for bending of the neural embryos using monoclonal antibody HNK-1. in mice lacking Sonic hedgehog gene function.
plate. J. Exp. Zool. 261: 340-348. Dev. Biol. 115: 44-55. Nature 383: 407-413.
Anderson, D. J. and Axel, R. 1986. A bipotential Bronner-Fraser, M. and Cohen, A. M. 1980. Chisaka, 0. and Capecchi, M. 1991. Regionally
neuroendocrine precursor whose choice of cell Analysis of the neural crest ventral pathway using restricted developmental defects resulting from
fate is determined by NGF and glucocorticoids. injected tracer cells. Dev. Biol. 77: 130-141. targeted disruption of the mouse homeobox gene
Cell 47: 1079-1090. Hox1.5. Nature 350: 473-479.
Bronner-Fraser, M. and Fraser, S. E. 1988. Cell
Artinger, K. B. and Bronner-Fraser, M. 1992. lineage analysis reveals multipotentency of some Chun, L. L. Y. and Patterson, P. H. 1977. Role
Partial restriction in the developmental potential avian neural crest cells. Nature 335: 161-164. of nerve growth factor in development of rat
of late emigrating avian neural crest cells. Dev. sympathetic neurons in vitro. Survival, growth,
Biol. 149: 149-157. Bronner-Fraser, M. and Fraser, S. 1989. Deve-
and differentiation of catecholamine producti-
lopmental potential of avian trunk neural crest
Balinsky, B. I. 1975. Introduction to Embryolo- on. J. Cell Biol. 75: 694-704.
cells in situ. Neuron 3: 755-766.
gy, 4th Ed. Saunders, Philadelphia. Ciment, G. 1990. The melanocyte/Schwann cell
Bronner-Fraser, M. and Stern, C. 1991. Effects progenitor: A bipotent intermediate in the
Bally-Cuif, L. and Wassef, M. 1994. Ectopic of mesodermal tissues on avian neural crest cell
induction and reorganization of Wnt-1 expres- neural crest lineage. Commun. Dev. Neurobiol.
migration. Dev. Biol. 143: 213-217.
sion in quail/chick chimeras. Development 120: 1: 207-223.
Burnside, B. 1971. Microtubules and microfi-
3379-3394. Cotsarelis, G., Sun, T.-T. and Lavker, R. M. 1990.
laments in newt neurulation. Dev. Biol. 26:
Bally-Cuif, L. and Wassef, M. 1995. Determi- Label-retaining cells reside in the bulge area of
416-441.
nation events in the nervous system of the pilosebaceous unit: Implications for follicular
Burnside, B. 1973. Microtubules and microfila- stem cells, hair cycle and skin carcinogenesis.
vertebrate embryo. Curr. Opin. Genet. Dev. 5:
ments in amphibian neurulation. Am. Zool. 13: Cell 61: 1329-1337.
450-458.
989-1006.
Banks, M. S. and Bennett, P. J. 1988. Optical Coulombe, J. N. and Bronner-Fraser, M. 1987.
Catala, M., Teillet, M.-A. and Le Douarin, N. Cholinergic neurones acquire adrenergic
and photoreceptor immaturities limit the spatial
M. 1995. Organization and development of the neurotransmitters when transplanted into an
and chromatic vision of human neonates. J. Opt.
tail bud analyzed with the quailchick chimaera
Soc. Am. 5: 2059-2079. embryo. Nature 324: 569-572.
system. Mech. Dev. 51: 51-65.
Baroffio, A., Dupin, E. and Le Douarin, N. M. Coulombre, A. J. 1956. The role of intraocular
Catala, M., Teillet, M.-A., De Robertis, E. M.
1991. Common precursors for neural and pressure in the development of the chick eye. I.
and Le Douarin, N. M. 1996. A spinal cord fate
mesectodermal derivatives in the cephalic neural Control of eye size. J. Exp. Zool. 133: 211-225.
map in the avian embryo: while regressing,
crest. Development 112: 301-305. Hensen’s node lays down the notochord and floor Coulombre, A. J. 1965. The eye. In R. DeHaan
Baynish, A. G., Hosoda, K., Giaid, A., Richard- plate thus joining the spinal cord lateral walls. and H. Ursprung (eds.), Organogenesis. Holt,
son, J. A., Emoto, N., Hammer, R. E. and Development 122: 2599-2610. Rinehart & Winston, New York, pp. 217-251.
302 PARTE II Padrões de Desenvolvimento
Crossin, K. L., Chuong, C.-M. and Edelman, G. Erickson, C. A. and Goins, T. L. 1995. Avian Goldstein, R. S., Teillet, M.-A. and Kalcheim, C.
M. 1985. Expression sequences of cell adhesion neural crest cells can migrate in the dorsolateral 1990. The microenvironment created by
molecules. Proc. Natl. Acad. Sci. USA 82: 6942- path only if they are specified as melanocytes. grafting rostral half-somites is mitogenic for
6946. Development 121: 915-924. neural crest cells. Proc. Natl. Acad. Sci. USA
Crossley, P. H., Martinez, S. and Martin, G. R. Erickson, C. A., Tosney, K. W. and Weston, J. 87: 4476-4480.
1996. Midbrain development induced by FGF8 A. 1980. Analysis of migrating behaviour of Gont, L. K., Steinbeisser, H., Blumberg, B. and
in the chick embryo. Nature 380: 66-68. neural crest and fibroblastic cells in embryonic De Robertis, E. M. 1993. Tail formation as a
tissues. Dev. Biol. 77: 142-156. continuation of gastrulation: The multiple cell
Czeizel, A. and Dudas, I. 1992. Prevention of
first occurence of neural tube defects by Erickson, C. A., Duong, T. D. and Tosney, K. W. populations of the Xenopus tailbud derive from
periconceptional vitamin supplementation. N. 1992. Descriptive and experimenta analysis of the late blastopore lip. Development 119: 991-
Engl. J. Med. 327: 1832-1835. the dispersion of neural crest cells along the 1004.
dorsolateral pathway and their entry into Gould, S. J. 1977. Ontogeny and Phylogeny.
Danielian, P. S. and McMahon, A. P. 1996. En-
ectoderm in the chick embryo. Dev. Biol. 151: Harvard University Press, Cambridge, MA.
grailed-1 as a target of the Wnt-1 signaling
251-272. Graham, A., Heyman, I. and Lumsden, A. 1993.
pathway in vertebrate midbrain development.
Nature 383: 332-334. Ernfors, P., Lee, K. F. and Jaenisch, R. 1994. Even-numbered rhombomeres control the
Mice lacking brain-derived neurotrophic factor apoptotic elimination of neural crest cells from
Davenport, R. W., Dou, P., Rehder, V. and Kater, develop with sensory deficits. Nature 368: 147- odd-numbered rhombomeres of the chick
S. B. 1993. A sensory role for neuronal growth 150. hindbrain. Development119: 233-245.
cone filopodia. Nature 361: 721-724.
Fishell, G. 1995. Striatal precursors adopt cortical Graham, A, Francis-West, P., Brickell, P. and
Desmond, M. E. 1982. A description of the identities in response to local cues. Develop- Lumsden, A. 1994. The signalling molecule
occlusion of the lumen of the spinal cord in ment 121: 803-812. BMP-4 mediates apoptosis in the rhombence-
early human embryos. Anat. Rec. 204: 89-93.
Fishell, G. and Hatten, M. E. 1991. Astrotactin phalic neural crest. Nature 372: 684-686.
Desmond, M. E. and Field, M. C. 1992. provides a receptor system for gliaguided neuronal Guo, L., Yu, Q.-C. and Fuchs, E. 1993. Targetting
Evaluation of neural fold fusion and coincident migration. Development 113: 755-765. expression of keratinocyte growth factor to
initiation of spinal cord occlusion in the chick
Forscher, P. and Smith, S. J. 1988. Actions of keratinocytes elicits striking changes in epithelial
embryo. J. Comp. Neurol. 319: 246-260. differeentiation in transgenic mice. EMBO J.
cytochalasins on the organization of actin
Desmond, M. E. and Schoenwolf, G. C. 1986. filaments and microtubules in a neural growth 12: 973-986.
Evaluation of the roles of intrinsic and cone. J. Cell Biol. 107: 1505-1516. Guthrie, S. and Lumsden, A. 1991. Formation
extrinsic factors in occlusion of the spinal and regeneration of rhombomere boundaries in
Frantz, G. D. and McConnell, S. K. 1996.
neurocoel during rapid brain enlargement in Restriction of late cerebral cortical progenitors the developing chick hindbrain. Development
the chick embryo. J. Embryol. Exp. Morphol. to an upper-layer fate. Neuron 17: 55-61. 112: 221-229.
97: 25-46.
Fujimori, T., Miyatani, S. and Takeichi, M. Gregory, W. A., Edmondson, J. C., Hatten, M.
Detrick, R. J., Dickey, D. and Kintner, C. R. 1990. Ectopic expression of N-cadherin perturbs E. and Mason, C. A. 1988. Cytology and neural-
1990. The effects of N-cadherin misexpression histogenesis in Xenopus embryos. Development glial apposition of migrating cerebellar granule
on morphogenesis in Xenopus embryos. Neuron 110: 97-104. cells in vitro. J. Neurosci. 8: 1728-1738.
4: 493-506.
Fujita, S. 1964. Analysis of neuron differentiati- Halder, G., Callaerts, P. and Gehring, W. J. 1995.
Dickinson, M. E., Krumlauf, R. and McMa- on in the central nervous system by tritiated Induction of ectopic eyes by targeted expressi-
hon, A. P. 1994. Evidence for a mitogenic thymidine autoradiography. J.Comp. Neurol. on of the eyeless gene in Drosophila. Science
effect of Wnt-1 in the developing mammalian 122: 311-328. 267: 1788-1792.
central nervous system. Development 120:
Fujita, S. 1966. Application of light and electron Hallet, M. M. and Ferrand, R. 1984. Quail
1453-1471. melanoblast migration in two breeds of fowl and
microscopy to the study of the cytogenesis of
Edery, P. and nine others. 1994. Mutations of the forebrain. In R. Hassler and H. Stephen (eds.), their hybrids: Evidence for a dominant genic
the RET proto-oncogene in Hirschsprung’s Evolution of the Forebrain. Plenum, New York, control of the mesodermal pigment pattern
disease. Nature 367: 378-380. pp. 180-196. through tissue environment. J. Exp. Zool. 230:
Edmondson, J. C. Liem, R. K. H., Kuster, J. C. Fukada, K. 1980. Hormonal control of neuro- 229-238.
and Hatten, M. E. 1988. Astrotactin: A novel transmitter choice in sympathetic neuron Halprin, K. M. 1972. Epidermal “turnover
neuronal cell surface antigen that mediates cultures. Nature 287: 553-555. time”-a reexamination. J. Invest. Dermatol. 86:
neuronal-astroglial interactions in cerebellar 14-19.
Gallera, J. 1971. Primary induction in birds. Adv.
microcultures. J. Cell Biol. 106: 509-517. Morphogenet. 9: 149-180. Hardy, M. H. 1992. The secret life of the hair
Eichele, G. 1992. Budding thoughts. The Sciences follicle. Trends Genet. 8: 55-61.
Glaser, T., Jepeal, L., Edwards, J. G., Young, S.
(Jan., 1992): 30-36. R., Favor, J. and Maas, R. L. 1994. PAX6 gene Harrison, R. G. 1907. Observations on the living
Elder, J. T. and eight others. 1989. Overexpres- dosage effect in a family with congenital developing nerve fiber. Anat. Rec. 1: 116-118.
sion of transforming growth factor in psoriatic cataracts, aniridia, anophthalmia and central Hatten, M. E. 1990. Riding the glial monorail: A
epidermis. Science 243: 811-814. nervous system defects. Nat. Genet. 7: 463-471. common mechanism for glialguided neuronal
Ericson, J., Morton, S., Kawakami, A., Roelinck, Goddard, J. M., Rossel, M., Manley, N. R. and migration in different regions of the mammalian
H. and Jessell, T. M. 1996. Two critical periods Capecchi, M. R. 1996. Mice with targeted brain. Trends Neurosci. 13: 179-184.
of Sonic hedgehog signaling required for the disruption of Hoxb-1 fail to form the motor Hemesath, T. J. and nine others. 1994. micro-
specification of motor neuron identity. Cell 87: nucleus of the VIIth nerve. Development 122: phthalmia, a critical factor in melanocyte de-
661-673. 3217-3228. velopment defines a discrete transcription factor
Erickson, C. A. and Weston, J. A. 1983. An SEM Golden, J. A. and Chernoff, G. F. 1993. family. Genes Dev. 8: 2770-2780.
analysis of neural crest migration in the mouse. Intermittent pattern of neural tube closure in Henry, E. W. and Sidman, R. L. 1988. Long
J. Embryol. Exp. Morphol. 74: 97-118. two strains of mice. Teratology 47: 73-80. lives for homozygous trembler mutant mic-e
CAPÍTULO 7 Neurulação e o Ectoderma 303
despite virtual absence of peripheral nerve Kahn, C. R., Coyle, J. T. and Cohen, A. M. 1980. Le Douarin, N. M. 1969. Particularités du noyau
myelin. Science 241: 344-346. Head and trunk neural crest in vitro: Autonomic interphasique chez la Caille japonaise (Coturnix
Hilfer, S. R. and Yang, J.-J. W. 1980. Accumula- neuron differentiation. Dev. Biol. 77: 340-348. coturnix japonica). Utilisation de ces particulari-
tion of CPC-precipitable material at apical cell Kalcheim, C. R. and Neufeld, G. 1990. Expressi- tés comme “marquage biologique” dans les
surfaces during formation of the optic cup. Anat. on of basic fibroblast growth factor in the recherches sur les interactions tissulaires et les
Rec. 197: 423-433. nervous system of early avian embryos. Deve- migrations cellulaires au cours de l’ontogenèse.
lopment 109: 203-215. Bull. Biol. Fr. Belg. 103: 435-452.
His, W, 1886. Zur Geschichte des menschlichen
Rückenmarks und der Nervenwurzeln. Ges. Wiss. Kalcheim, C., Barde, Y.-A., Thoenen, H. and Le Le Douarin, N. M., and Teillet, M.-A. 1973. The
BD 13, S. 477. Dourain, N. M. 1987. In vivo effect of brain- migration of neural crest cells to the wall of the
derived neurotrophic factor on the survival of digestive tract in avian embryo. J. Embryol. Exp.
Holt, A. B., Cheek, D. B., Mellitz, E. D. and Morphol. 30: 31-48.
Hill, D. E. 1975. Brain size and the relation of neural crest precursor cells of the dorsal root
the primate to the non-primate. In D. B. ganglia. EMBO J. 6: 2871-2873. Le Douarin, N. M. and Teillet, M.-A. 1974. Ex-
Cheek (ed.), Fetal and Postnatal Cellular Karfunkel, P. 1972. The activity of microtubu- perimental analysis of the migration and diffe-
Growth: Hormones and Nutrition. Wiley, New les and microfilaments in neurulation in the rentiation of neuroblasts of the autonomic
chick. J. Exp. Zool. 181: 289-302. nervous system and of neuroectodermal mesen-
York, pp. 23-44.
chyme derivatives, using a biological cell marking
Hosoda, K., Hammer, R. E., Richardson, J. A., Keller, R., Shih, J., Sater, A. K. and Moreno, C.
technique. Dev. Biol. 41:162-184.
Baynish, A. G., Cheung, J. C., Gialid, A. and 1992. Planar induction of convergence and
extension of the neural plate by the organizer Le Douarin, N. M., Dupin, E. and Ziller, C. 1994.
Yanagisawa, M. 1994. Targeted and natural
of Xenopus. Dev. Dyn. 193: 218-234. Genetic and epigenetic control in neural crest
(Piebald-lethal) mutations of endothelin-B re-
development. Curr. Opin. Genet. Dev. 4: 685-
ceptor gene produce megacolon associate with Kelley, R. I. and seven others. 1996 Holopro-
695.
spotted coat color in mice. Cell 79: 1267-1276. sencephaly in RSH/Smith-Lemli-Opitz syndro-
me: Does abnormal cholesterol metabolism Le Douarin, N. M., Dieterlen-Lièvre, F. and
Huettner, A. F. 1949. Fundamentals of Compa-
affect the function of Sonic hedgehog? Am. J. Teillet, M.-A. 1996. Quail-chick transplantati-
rative Embryology of the Vertebrates, 2nd Ed.
Med. Genet. 66: 478-484. ons. Methods Cell Biol. 51: 23-61.
Macmillan, New York.
Kirby, M. L. 1987. Cardiac morphogenesis: Recent Le Douarin, N. M., Renaud, D., Teillet, M.-A.
Irving, C., Flenniken, A., AlIdus, G. and
research advances. Pediatr. Res. 21: 219-224. and Le Douarin, G. H. 1975. Cholinergic diffe-
Wilkinson, D. G. 1996. Cell-cell interactions
rentiation of presumptive adrenergic neuro-
and segmentation in the developing vertebrate Kirby, M. L. 1989. Plasticity and predetermina-
blasts in interspecific chimeras after heteroto-
hindbrain. Biochem. Soc. Symp. 1996: 85-95. tion of mesencephalic and trunk neural crest
pic transplantation. Proc. Natl. Acad. Sci. USA
Jacobson, A. G. 1981. Morphogenesis of the transplanted into the region of the cardiac neural
72: 728-732.
neural plate and tube. In I. G. Connely et al. crest. Dev. Biol. 134: 401-412.
Le Lièvre, C. S. and Le Douarin, N. M. 1975.
(eds.), Morphogenesis and Pattern Formation. Kirby, M. L. and Waldo, K. L. 1990. Role of Mesenchymal derivatives of the neural crest:
Raven Press, New York, pp. 233-263. neural crest in congenital heart disease. Analysis of chimaeric quail and chick embryos.
Jacobson, A. G. and Moury, J. G. 1995. Tissue Circulation 82: 332-340. J. Embryol. Exp. Morphol. 34: 125-154.
boundaries and cell behavior during neurulation. Komuro, H. and Rakic, P. 1992. Selective role Letourneau, P. C. 1977. Regulation of neuronal
Dev. Biol. 171: 98-110. of N-type calcium channels in neuronal migra- morphogenesis by cell-substratum adhesion. Soc.
Jacobson, A. G. and Sater, A. K. 1988. Features tion. Science 157: 806-809. Neurosci. Symp. 2: 67-81.
of embryonic induction. Development 104: Krull, C. E, Collazo, A., Fraser, S. E. and Letourneau, R C. 1979. Cell substratum adhesion
341-359. Bronner-Fraser, M. 1995. Segmental migration of neurite growth cones, and its role in neurite
Jacobson, M. 1968. Cessation of DNA synthesis of trunk neural crest. Time lapse analysis reveals elongation. Exp. Cell Res. 124: 127-138.
in retinal ganglion cells correlated with the time a role for PNA binding molecules. Development
121: 3733-3743. Liem, K., Tremmi, G., Roelink, H. and Jessell,
of specification of their central connections. T. M. 1995. Dorsal differentiation of neural plate
Dev. Biol. 17: 219-232. Kuratani, S. C. and Kirby, M. L. 1991. Initial cells induced by BMP-mediated signals from
Jacobson, M. 1991. Developmental Neurobio- migration and distribution of the cardiac neural epidermal ectoderm. Cell 82: 969-979.
logy, 2nd Ed. Plenum, New York. crest in the avian embryo: An introduction to
Löfberg, J., Perris, R. and Epperlin, H. H. 1989.
the concept of the circumpharyngeal crest. Am.
Johnston, M. C., Sulik, K. K., Webster, W. S. Timing in the regulation of neural crest cell mi-
J. Anat. 191: 215-227.
and Jarvis, B. L. 1985. Isotretinoin embryopa- gration: Retarded maturation of regional extra-
thy in a mouse model: Cranial neural crest in- Lamoureux, P., Buxbaum, R. E. and Heidemann, cellular matrix inhibits pigment cell migration
volvement. Teratology 31: 26A. S. R. 1989. Direct evidence that growth cones in embryos of the white axolotl mutant. Dev.
pull. Nature 340: 159-162. Biol 131: 168-181.
Jones, K. R., Farinas, I., Backus, C. and Reichart,
L. F. 1994. Targeted disruption of the BDNF Lahav, R., Ziller, C., Dupin, E. and Le Douarin, Loring, J. F. and Erickson, C. A. 1987. Neural
gene perturbs brain and sensory neuron develo- N. M. 1996. Endothelin 3 promotes neural crest crest cell migratory pathways in the trunk of
pment, but not motor neuron development. Cell cell proliferation and mediates a vast increase the chick embryo. Dev. Biol. 121: 220-236.
76: 989-999. in melanocyte number in culture. Proc. Natl.
Lumsden, A. 1988. Multipotent cells in the avian
Acad. Sci. USA. 93:.3892-3897. neural crest. Trends Neurosci. 12: 81-83.
Jones, P. H. and Watt, F. M. 1993. Separation
of human epidermal stem cells from transit Landis, S. C. and Patterson, P. H. 1981. Neural Lumsden, A. and Guthrie, S. 1991. Alternating
amplifying cells of the basis of differences in crest cell lineages. Trends Neurosci. 4: 172-175. patterns of cell surface properties and neural
integrin function and expression. Cell 73: Larsen, W. J. 1993. Human Embryology. crest cell migration during segmentation of the
713-724. Churchill Livingstone, New York. chick embryo. Development [Suppl.] 2: 9-15.
Jordan, T. and seven others. 1992. The human Le Douarin, N. and Smith, J. 1988. Development Lumsden, A. and Keynes, R. 1989. Segmental
PAX6 gene is mutated in two patients with of the peripheral nervous system from the neural patterns of neuronal development in the chick
aniridia. Nat. Genet. 1: 328-332. crest. Annu. Rev. Cell Biol. 4: 375-404. hindbrain. Nature 337: 424-428.
304 PARTE II Padrões de Desenvolvimento
Mancilla, A. and Mayor, R. 1996. Neural crest Microfilament-mediated changes in cell shape specific phenotypes in neural crest cells. Science
formation in Xenopus laevis: Mechanisms of during uplifting of neural folds. J. Exp. Zool. 241: 86-89.
Xslug induction. Dev. Biol. 177: 580-589. 213: 391-398. Perris, R., Löfberg, J. Fällström, C., von Boxburg,
Mann, I. 1964. The Development of the Human Nagele, R. G. and Lee, H. Y. 1987. Studies in the Y, Olsson, L. and Newgreen, D. F. 1990. Structural
Eye. Grune and Stratton, New York. mechanism of neurulation in the chick. and compositional divergencies in the extrace-
Marin, F. and Puelles, L. 1994. Patterning of Morphometric analysis of the relationship llular matrix encountered by neural crest cells in
embryonic avian midbrain after experimental between regional variations in cell shape and the white mutant axlotl embryo. Development
inversion: a polarizing activity for the isthmus. sites of motive force generation. J. Exp. Biol. 109: 533-551.
Dev. Biol. 163: 19-28. 24: 197-205. Piatigorsky, J. 1981. Lens differentiation in
Matsunami, H. and Takeichi, M. 1995. Fetal Newgreen, D. F. and Gooday, D. 1985. Control vertebrates: A review of cellular and molecular
brain subdivisions defined by T- and Ecadherins of onset of migration of neural crest cells in features. Differentiation 19: 134-153.
expressions: evidence for the role of cadherin avian embryos: Role of Ca++-dependent cell Pichel. J. G. and eleven others. 1996. Defects in
activity in region-specific, cell-cell adhesion. adhesions. Cell Tiss. Res. 239: 329-336. enteric innervation and kidney development in
Dev. Biol. 172: 466-478. Newgreen, D. F., Scheel, M. and Kaster, V. 1986. mice lacking GDNF. Nature 382: 73-76.
Mayer, T. C. 1973. The migratory pathway of Morphogenesis of sclerotome and neural crest Pinkus, H. and Mehregan, A. H. H. 1981. A Guide
neural crest cells into the skin of mouse embryos. cells in avian embryos. In vivo and in vitro studies to Dermohistopathology. Appleton Century
Dev. Biol. 34: 39-46. on the role of notochordal extracellular materi- Crofts, New York.
al. Cell Tiss. Res, 244: 299-313.
Maxwell, G. D., Reid, K., Elefanty, A., Bartlett, Pomeranz, H. D., Rothman, T. P. and Gershon,
P. F. and Murphy, M. 1996. Glial cell line- Nichols, D. H. 1981. Neural crest formation in M. D. 1991. Colonization of the postumbilical
derived neurotrophic factor promotes the de- the head of the mouse embryo as observed using bowel by cells derived from the sacral neural
velopment of adrenergic neurons in mouse a new histological technique. J. Embryol. Exp. crest: Direct tracing of cell migration using an
neural crest cultures. Proc. Natl. Acad. Sci. Morphol. 64: 105-120. intercalating probe and a replication-deficient
USA 93: 13274-13279. Nichols, D. H. and Weston, J. A, 1977. retrovirus. Development 111: 647-655.
McConnell, S. K. and Kaznowski, C. E. 1991. Melanogenesis in cultures of peripheral nervous Poole, T. J. and Thiery, J. P. 1986. In H. C.
Cell cycle dependence of laminar determinati- tissue. I. The origin and prospective fates of Slavkin (ed.), Progress in Clinical and Biologi-
on in developing cerebral cortex. Science 254: cells giving rise to melanocytes. Dev. Biol. 60: cal Research, Vol 217. Alan R. Liss, New York,
282-285. 217-225. pp. 235-238.
McMahon, A. P. and Bradley, A. 1990. The Wnt- Nieto, M. A., Sargent, M. G., Wilkinson, D. G. Porter, J. A., Young, K. E. and Beachy, P. A.
1 (int-1) proto-oncogene is required for the de- and Cooke, J. 1994. Control of cell behavior 1996. Cholesterol modification of Hedgehog
velopment of a large region of the mouse brain. during vertebrate development by slug, a zinc signaling proteins in animal development.
Cell 62: 1073-1085. finger gene. Science 264: 835-839. Science 274: 255-259.
Milunsky, A., Jick, H., Jick, S. S., Bruell, C. L., Nievelstein, R. A. J., Hartwig, N. G., Vermeij- Portmann, A. 1941. Die Tragzeiten der Primaten
Maclaughlen, D. S., Rothman, K. J. and Willett, Keers, C. and Valk, J. 1993. Embryonic deve- und die Dauer der Schwangerschaft beim
W. 1989. Multivitamin folic acid supplementa- lopment of the mammalian caudal neural tube. Menschen: Ein Problem der vergleichen
tion in early pregnancy reduces the prevalence Teratology 48: 21-31. Biologie. Rev. Suisse Zool. 48: 511-518.
of neural tube defects. JAMA 262: 2847-2852. Noden, D. M. 1978. The control of avian Portmann, A. 1945. Die Ontogenese des
Miller, S. J., Lavker, R. M. and Sun, T.-T. 1993. cephalic neural crest cytodifferentiation. I. Menschen als Problem der Evolutionsforschung.
Keratinocyte stem cells of corneal, skin, and Skeletal and connective tissue. Dev. Biol. 69: Verh. Schweiz. Naturf. Ges. 125: 44-53.
hair follicle. Semin. Dev. Biol. 4: 217-240. 296-312.
Puffenberger, E. G., Hosoda, K., Washington, S.
Montagna, W. and Parakkal, P. F. 1974. The Noden, D. M. 1983. The role of the neural crest S., Nakao, K., deWilt, D., Yanagisawa, M. and
piliary apparatus. In W. Montagna (ed.), The in patterning of avian cranial skeletal, connec- Chakvarti, A. 1994. A missense mutation of the
Structure and Formation of Skin. Academic tive, and muscle tissues. Dev. Biol. 96: 144-165. endothelin-B receptor gene in multigenic
Press, New York, pp. 172-258. O’Rourke, N. A., Dailey, M. E., Smith, S. J. and Hirschsprung’s disease. Cell 79: 1257-1266.
Montagu, M. F. A. 1962. Time, morphology, McConnell, S. K. 1992. Diverse migratory Quiring, R., Walldorf, U., Kloter, U., and
and neoteny in the evolution of man. In M. F. pathways in the developing cerebral cortex. Gehring, W. J. 1994. Homology of the eyeless
A. Montagu (ed.), Culture and Evolution of Man. Science 258: 299-302. gene of Drosophila to the Small eye gene in
Oxford University Press, New York. Papaconstantinou, J. 1967. Molecular aspects of mice and Aniridia in humans. Science 265:
Moore K. L. and Persaud, T. V. N. 1993. Before lens cell differentiation. Science 156: 338-346. 785-789.
We Are Born: Essentials of Embryology and Birth Pasteels, J. 1937. Etudes sur la gastrulation des Rakic, P. 1972. Mode of cell migration to su-
Defects. W. B. Saunders, Philadelphia. vertébrés méroblastiques. III. Oiseaux. IV. perficial layers of fetal monkey neocortex. J.
Morowitz, H. J. and Trefil, J. S. 1992. The Facts Conclusions générales. Arch. Biol. 48:: 381-488. Comp. Neurol. 145: 61-84.
of Life: Science and the Abortion Controversy. Paton, D. and Craig, J. A. 1974. Cataracts: De- Rakic, P. 1974. Neurons in rhesus visual cortex:
Oxford University Press, New York. velopment, diagnosis, and management. Ciba Systematic relation between time of origin and
Moury, J. D. and Schoenwolf, G. C. 1995. Clin. Symp. 26(3): 2-32. eventual disposition. Science 183: 425-427.
Cooperative model of epithelial shaping and Patten, B. M. 1971. Early Embryology of the Rakic, P. 1975. Cell migration and neuronal
bending during avian neurulation: Autonomous Chick, 5th Ed. McGraw-Hill, New York. ectopias in the brain. In D. Bergsma (ed.), Mor-
movements of the neural plate, autonomous Perris, R. and Bronner-Fraser, M. 1989. Recent phogenesis and Malformations of Face and
movements of the epidermis, and interactions advances in defining the role of the extracellu- Brain. Birth Defects Original Article Series 11(7):
in the neural plate/epidermis transition zone. lar matrix in neural crest development. 95-129.
Dev. Dyn. 204: 323-337. Commun. Dev. Neurobiol. 1: 61-83. Rakic P. and Goldman, P. S. 1982. Develop-
Nagele, R. G. and Lee, H. Y. 1980. Studies on Perris, R., von Boxburg, Y. and Löfberg, J. 1988. ment and modifiability of the cerebral cortex.
the mechanism of neurulation in the chick: Local embryonic matrices determine region- Neurosci. Rev. 20: 429-611.
CAPÍTULO 7 Neurulação e o Ectoderma 305
Rakic, P. and Sidman, R. L. 1973. Organization Selleck, M. A. and Bronner-Fraser, M. 1995. derived. cells of avian embryos. Development
of cerebellar cortex secondary to deficit of gra- Origins of the avian neural crest: the role of 111: 635-645.
nule cells in weaver mutant mice. J. Comp. neural plate-epidermal interactions. Develop- Studer, M., Lumsden, A., Ariza-McNaughton, L.,
Neurol. 152: 133-162. ment 121: 525-538. Bradley, A. and Krumlauf, R. 1996. Altered
Ramón y Cajal, S. 1890. Sur l’origene et les Serbedzija, G. N., Bronner-Fraser, M. and Fraser, segmental identity and abnormal migration of
ramifications des fibres neuveuses de la moelle S. E. 1989. A vital dye analysis of the timing and motor neurons in mice lacking Hoxb-1. Nature
embryonnaire. Anat. Anz. 5: 111-119. pathways of avian trunk neural crest cell 384: 630-634.
Rawles, M. E. 1948. Origin of melanophores migration. Development 106: 809-816. Takeichi, M. 1988. The cadherins: Cell-cell
and their role in development of color patterns Shah, N. M. Groves, A. K. and Anderson, D. J. adhesion molecules controlling animal morpho-
in vertebrates. Physiol. Rev. 28: 383-408. 1996. Alternative neural crest cell fates are genesis. Development 102: 639-656.
Rickmann, M., Fawcett, J. W. and Keynes, R. J. instructively promoted by TGF-bð superfamily Tan, S.-S. and Morriss-Kay, G. 1985. The de-
1985. The migration of neural crest cells and memebers. Cell 85: 331-343. velopment and distribution of the cranial
the growth of motor neurons through the rostral Shah, N. M., Marchionni, M. A., Isaacs, I, neural crest in the rat embryo. Cell Tiss. Res.
half of the chick somite. J. Embryol. Exp. Stroobant, P. and Anderson, D. J. 1994. Glial 240:403-416.
Morphol. 90: 437-455. growth factor restricts mammalian neural crest Tassabehji, M., Newton, V. E. and Read, A. P.
Roessler, E. and seven others. 1996. Mutations stem cells to a glial fate. Cell 77: 349-360. 1994. Waardenburg syndrome type 2 caused by
in the human Sonic hedgehog gene cause Shawlot, W. and Behringer, R. R. 1995. Require- mutations in the human microplithalmia (MITF)
holoprosencephaly. Nat. Genet. 14: 357-360. ment for Lim1 in head-organizer function. Nature gene. Nat, Genet. 8: 251-255.
Romanes, G. J. 1901. Darwin and After Darwin. 374: 425-430. Teillet, M.-A., Kalcheim, C. and Le Douarin,
Open Court Publishing, London. Sidman, R. L., Dickie, M. M. and Appel, S. H. N.M. 1987. Formation of the dorsal root ganglia
Romeo, G. and ten others. 1994. Point mutations 1964. Mutant mice (quaking and jimpy) with in the avian embryo: Segmental origin and
affecting the tyrosine kinase domain of the RET deficient myelination in the central nervous migratory behavior of neural crest progenitor
proto-oncogene in Hirschsprung’s disease. Nature system. Science 144: 309-311. cells. Dev. Biol. 120: 329-347.
367: 377-378. Sieber-Blum, M. 1991. Role of neurotrophic Thomas, K. R. and Cappecchi, M. R. 1990.
Rubenstein, J. L. R. and Puelles, L. 1994. factors BDNF and NGF in the commitment of Targeted disruption of the murine int-1 proto-
Homeobox gene expression during development pluripotent neural crest cells. Neuron 6: 949-955 oncogene resulting in severe abnormalities in
of the vertebrate brain. Curr. Top. Dev. Biol. Sieber-Blum, M. and Sieber, F. 1984. Heteroge- midbrain and cerebellar development. Nature
29: 1-63. neity among early quail neural crest cells. Dev. 346: 847-850.
Saha, M., Spann, C. L. and Grainger, R. M. Brain Res. 14: 241-246. Thorogood, P. 1989. Review of Developmental
1989. Embryonic lens induction: More than Smith, J. L. and Schoenwolf, G. C. 1989. and Evolutionary Aspects of the Neural Crest.
meets the optic vesicle. Cell Differ. Dev. 28: Notochordal induction of cell wedging in the Trends Neurosci. 12: 38-39.
153-172. chick neural plate and its role in neural tube Tremblay, P., Kessel, M. and Gruss, P. 1995.
Sauer, F. C. 1935. Mitosis in the neural tube. J. formation. J. Exp. Zool. 250: 49-62. A transgenic neuroantornical marker identi-
Comp. Neurol. 62: 377-405. Smith, J. L. and Schoenwolf, G. C. 1991. Further fies cranial neural crest deficiencies associated
evidence of extrinsic forces in bending of the with the Pax3 mutant Splotch. Dev. Biol. 171:
Schoenwolf, G. C. 1984. Histological and
neural plate. J. Comp. Neurol. 307: 225-236. 317-329.
ultrastructural studies of secondary neurulation
in mouse embryos. Am. J. Anat. 169: 361-374. Spemann, H. 1938. Embryonic Development Turner, D. L. and Cepko, C. L. 1987. A common
and Induction. Yale University Press, New progenitor for neurons and glia persists in rat
Schoenwolf, G. C. 1991a. Cell movements driving
Haven. retina late in development. Nature 328: 131-136.
neurulation in avian embryos. Development 2
[Suppl.]: 157-168. Spieth, J. and Keller, R. E. 1984. Neural crest Vogel, K. S. and Weston, J. A. 1990. The
cell behavior in white and dark larvae of sympathoadrenal lineage in avian embryos. II.
Schoenwolf, G. C. 1991b. Cell movements in
the epiblast during gastrulation and neurulation Ambystoma mexicanum: Differences in cell Effects of glucocorticoids on cultured neural crest
in avian embryos. In R. Keller et al. (eds)., Gas- morphology, arrangement, and extracellular cells. Dev. Biol. 139: 13-23.
trulation. Plenum, New York, pp. 1-28. matrix as related to migration. J. Exp. Zool. Van Allen, M. I. and fifteen others. 1993.
229: 91-107. Evidence for multi-site closure of the neural tube
Schoenwolf, G. C. and Alvarez, I. S. 1989. Roles
of neuroepithelial cell rearrangement and Spritz, R. A., Gielbel, L. B. and Holmes, S. A. in humans. Am. J. Med. Genet. 47: 723-743.
division in shaping of the avian neural plate. 1992. Dominant negative and loss of function van Straaten, H. W. M., Hekking, J. W. M.,
Development 106: 427-439. mutations of the c-kit (mast/Stem cell growth Wiertz-Hoessels, E. J. L. M., Thors, F. and
factor) proto-oncogene in human piebaldism. Drukker, J. 1988. Effect of the notochord on
Schoenwolf, G. C. and Desmond, N. E. 1984.
Am. J. Hum. Genet. 50: 261-269. the differentiation of a floor plate area in the
Descriptive studies of the occlusion and
reopening of the spinal canal of the early chick Stemple, D. L. and Anderson, D. J. 1992. neural tube of the chick embryo. Anat. Embryol.
embryo. Anat. Rec. 209: 251-263. Isolation of a stem cell for neurons and glia 177: 317-324.
Schweizer, G., Ayer-LeLièvre, C. and Le from the mammalian neural crest. Cell 71: Varley, J. E., Wehby, R. G., Rueger, D. C. and
Douarin, N. M. 1983. Restrictions in develop- 973-985. Maxwell, G. D. 1995. Number of adrenergic and
mental capacities in the dorsal root ganglia du- Steingrimsson, E. and ten others. 1994. islet-1 immunoreactive cells is increased in avian
ring the course of development. Cell Differ. Molecular basis of mouse microphthalmia (mi) trunk neural crest cultures in the presence of
13:191-200. mutations helps explain their developmental human recombinant osteogenic protein-1. Dev.
Sechrist, J., Serbedzija, G. N., Scherson T., Fraser, and phenotypic consequences. Nat. Genet. 8: Dyn. 203: 434-447.
S. E. and Bronner-Fraser, M. 1993. Segmental 256-261. Vassar, R. and Fuchs, E. 1991. Transgenic mice
migration of the hindbrain neural crest does not Stocker, K. M., Sherman, L., Rees, S. and Ciment, provide new insights into the role of TGF-a
arise from its segmental origin. Development G. 1991. Basic FGF and TGF-bð1 influence during epidermal development and differentia-
118: 691-703. commitment to melanogenesis in neural crest- tion. Genes Dev. 5: 714-727.
306 PARTE II Padrões de Desenvolvimento
von Baer, K. E. 1828. Entwicklungsgeschichte Weinstein, G. D. and van Scott, E. J. 1965. factors from notochord and floor plate. Cell 73:
der Thiere: Beobachtung und Reflexion. Turnover times of normal and psoriatic epider- 673-686.
Bornträger, Konigsberg. mis. J. Invest. Dermatol. 45: 257-262. Yamamori, T., Fukada, K., Aebersold, R.,
Walsh, C. and Cepko, C. L. 1988. Clonally Weston, J. 1963. A radiographic analysis of the Korsching, S., Fann, M.-J. and Patterson, P.
related cortical cells show several migration migration and localization of trunk neural crest H. 1989. The cholinergic neuronal differen-
patterns. Science 241: 1342-1345. cells in the chick. Dev. Biol. 6: 274-310. tiation factor from heart cells is identical to
Walsh, C. and Cepko, C. L. 1992. Widespread Weston, J. A. 1991. Sequential segregation and leukemia inhibitory factor. Science 246:
dispersion of neuronal clones across functional fate of developmentally restricted intermediate 1412-1416.
regions of the cerebral cortex. Science 255: cell populations in the neural crest lineage. Curr. Yuodelis, C. and Hendrickson, A. 1986. A
434-440. Top. Dev. Biol. 25: 133-153. qualitative and quantitative analysis of the
Webster, E. H., Silver, A. F. and Gonsalves, N. I. Witte, 0. N. 1990. Steel locus defines new human fovea during development. Vision Res.
1984. The extracellular matrix between the multipotent growth factor. Cell 63: 5-6. 26: 847-855.
optic vesicle and the presumptive lens during Yamada, K. M., Spooner, B. S. and Wessells, N.
lens morphogenesis in an anophthalmic strain K. 1971. Ultrastructure and function of growth
of mice. Dev. Biol. 103: 142-150. cones and axons of cultured nerve cells. J. Cell
Weinstein, D. C., Rahman, S. M., Ruiz, J. C. and Biol. 49: 614-635.
Hemmati-Brivanlou, A. 1996. Embryonic Yamada, T., Pfaff, S. L., Edlund, T. and Jessell,
expression of EPH signaling factors in Xenopus. T. M. 1993. Control of cell pattern in the neural
Mech. Dev. 57: 133-144. tube: Motor neuron induction by diffusible
Especificidade axônica
8
Assim, para além de questões de quantida-
de, existem questões de padrões que são es-
senciais para a compreensão da Natureza.
ALFRED NORTH WHITEHEAD (1934)
N ÃO SOMENTE AS CÉLULAS PRECURSORAS NEURONIAIS MIGRAM
para os seus locais de atuação, como também o fazem os seus axônios.
Diferentemente da maioria das células cujas partes permanecem no mesmo
lugar, a célula nervosa é capaz de alongar axônios que podem se estender por metros.
O axônio tem seu próprio aparelho locomotor residindo no cone de crescimento, que
Tal como o entomologista à procura de bor- pode responder aos mesmos tipos de sinais que as células migratórias podem perce-
boletas brilhantes coloridas, minha atenção ber. Assim, o movimento axônico pode ser direcionado pela quimiotaxia, galvanotaxia,
perseguiu no jardim da matéria cinzenta, e condução por contato, tal como as células migratórias. Os sinais para a migração
células de formas delicadas e elegantes, as axônica podem, além disso, ser ainda mais específicos que aqueles empregados para
misteriosas borboletas da alma.
conduzir certos tipos de células para determinadas áreas. O cérebro humano, por
S. RAMÓN Y CAJAL (1937)
exemplo, é a matéria mais organizada conhecida. Cada um dos seus 1011 neurônios
tem o potencial de interagir especificamente com milhares de outras células, e um
neurônio grande (tal como uma célula de Purkinje ou um neurônio motor) pode
receber informações de mais de 105 outras células (Figura 8.1; Gershon et al., 1985).
O entendimento da geração dessa complexidade organizada é um dos maiores desa-
fios para a ciência moderna.
Goodman e Doe (1993) enumeram oito estágios de neurogênese: (1) indução e
padronização de uma região formadora de neurônios (neurogênica); (2) nascimento e
migração de neurônios e glia; (3) geração de destinos celulares específicos; (4) condu-
ção de cones de crescimento para alvos específicos; (5) formação de conexões sináp-
ticas; (6) ligação de fatores tróficos para a sobrevivência e diferenciação; (7) rearranjo
competitivo de sinapses funcionais; e (8) continuada plasticidade sináptica durante a
vida do organismo. Os dois primeiros processos foram tópicos do capítulo anterior.
Aqui, continuamos a investigar o processo do desenvolvimento neural. [axon1.html]
307
308 PARTE II Padrões de Desenvolvimento
Figura 8.1
Conexões de axônios a um neurônio do
hipocampo cultivado. O neurônio foi delinea-
do pela proteína sináptica sinaptotagmina, que
está presente nos terminais dos axônios que
contatam o neurônio. (Cortesia de M. Matteoli
e P. De Camilli.)
Plexo Plexo
crural crural
Axial
Axial
Sartório Sartório
Figura 8.3
Compensação por pequenos deslocamentos da posição de iniciação axônica no embrião do pinto.
(A) Um pedaço da medula espinhal compreendendo vários segmentos T7-S3 (sétimo torácico ao
terceiro lombo-sacral) é revertido no embrião de 2.5 dias. (B) Padrão normal de projeção axônica
para diferentes músculos aos 6 dias. (C) Projeções axônicas no segmento revertido. Os neurôni-
os localizados ectopicamente finalmente acharam seus caminhos neurais apropriados e inervaram
os músculos apropriados. (de Lance-Jones e Landmesser, 1980.)
Figura 8.4
Desenvolvimento da região neurogênica de in-
setos. No blastoderma, o neuroectoderma
Embrião de Drosophila presuntivo está localizado em um outro lado
dos precursores mesodérmicos. Durante a gas-
trulação e extensão da banda germinativa, o
mesoderma se invagina da superfície para o
interior do embrião. As células precursoras da
linha neural mediana são agora as células mais
ventrais do embrião. O ectoderma delamina
neuroblastos para dentro do embrião (junta-
Alongamento da Delaminação
mente com células da linha mediana ventral)
Blastoderma
Gastrulação para formar o sistema nervoso central. Os neu-
celular banda geminativa do neuroblasto
roblastos geram uma série de células-mãe gan-
Ectoderma glionares, cada uma das quais gera dois neurô-
superficial
nios. No caso, é mostrado o neuroblasto 1-1.
Neuroectoderma (Segundo Goodman e Doe, 1993.)
presuntivo
Células presuntivas
da linha mediana Neuroblastos
Precursores
Mesoderma Ectoderma ventral (do da linha
ectoderma neurogênico) mediana
Neurônios
Célula-mãe do Crescimento
gânglio axônico
Neuroblasto
NB 1-1
Interno
Externo
Figura 8.5
Especificação seqüencial da linhagem de neuroblastos. (A) O ectoderma neurogênico é especi-
ficado por sinais posicionais ao longo dos eixos dorsoventral e ântero-posterior. (B,C) Agrega-
dos de neuroblastos potencias estão especificados por genes proneurais como o achaete (mostra-
do em F). (D) Interação entre neuroblastos potenciais seleciona uma célula do agregado para ser
neuroblasto, e essa célula inibe as outras células do agregado de se tornarem neuroblastos. (E) Os
neuroblastos brotam das células-mãe ganglionares (da maneira que será discutida no Capítulo
Ectoderma 13), cada uma indo formar dois neurônios. (F) Embrião de Drosophila corado para o transcrito
superficial
de achaete. Os agregados neurogênicos expressam esse gene. Os parênteses indica um domínio
de atividade neurogênica. (Segundo Goodman e Doe, 1993; fotografia de Skeath e Carrol, 1922;
cortesia de J. Skeath.)
Ectoderma
neurogênico Formação de padrões no sistema nervoso
O funcionamento do cérebro vertebrado não depende somente da diferenciação e do
(A) Sinais posicionais:
posicionamento das células neurais, mas também das conexões específicas dessas
genes de segmentação (A/P),
genes dorso/ventrais
células entre si e seus alvos periféricos. De alguma maneira, os nervos de um órgão
sensorial como o olho devem se conectar a neurônios específicos no cérebro, que
podem interpretar estímulos visuais, e os axônios do sistema nervoso têm que atra-
(B) Especificação neuroblástica
vessar grandes extensões de tecidos antes de inervar o tecido alvo apropriado. Como
genes de identidade neuroblástica
“sabe” o axônio nervoso atravessar numerosas outras células alvos em potencial para
fazer sua conexão especifica? Harrison (1910) sugeriu que a especificidade do cresci-
mento axônico é devida às fibras nervosas pioneiras, que avançam na frente de outros
axônios e servem como guias para elas.* Essa observação simplifica, mas não resolve,
(C) Formação neuroblástica
o problema de como os neurônios formam padrões apropriados de interconexões.
genes proneurais
Harrison também observou que os axônios devem crescer em um substrato sólido, e
especulou que diferenças nas superfícies embrionárias podem permitir aos axônios
viajar em certas regiões específicas. As conexões finais ocorreriam por interações
complementares na superfície celular:
(D) Inibição lateral
Que deve haver uma espécie de reação na superfície entre cada tipo de fibra
genes neurogênicos
nervosa e a estrutura particular a ser inervada parece claro a partir do fato de
que fibras sensoriais e motoras, embora correndo próximas no mesmo feixe,
ainda assim formem conexões periféricas apropriadas, umas com a epiderme e as
outras com o músculo... Esses Fatos sugerem que pode haver aqui certa analo-
(E) Linhagem celular neuroblástica gia com a união do óvulo com o espermatozóide.
células-mãe ganglionares e genes
de identidade neural
Pesquisa sobre a especificidade de conexões neuroniais tem enfocado dois tipos
Neurônios principais de sistemas: neurônios motores, cujos axônios viajam de um nervo para um
Células-mãe
ganglionares músculo específico, e o sistema óptico, cujos axônios originando na retina encontram
Neuroblastos
seu caminho de retorno ao cérebro. Em ambos, a especificidade das conexões axônicas
desenrola-se em três etapas (Goodman e Shatz, 1993):
(F)
• Seleção de trajetória, onde os axônios viajam por uma rota que os conduz a
uma região particular do embrião.
*Os cones de crescimento dos neurônios pioneiros migram para seus tecidos alvos enquanto as
distâncias embrionárias ainda são curtas e o tecido embrionário interveniente é ainda relativamente
não-complicado. Mais tardiamente no desenvolvimento, os outros neurônios que inervam o tecido
alvo se ligam (fasciculam) ao neurônio pioneiro e assim penetram no tecido alvo. Klose e Bentley
(1989) mostraram que em alguns casos, os neurônios pioneiros morrem após outros neurônios
terem atingido sua destinação. No entanto, tivesse esse neurônio pioneiro sido impedido de se
diferenciar, os outros axônios não teriam atingido seu tecido alvo.
CAPÍTULO 8 Especificidade Axônica 313
• Seleção de alvo, onde os axônios, uma vez atingido a área correta, reconhecem
e ligam-se a um conjunto de células com as quais podem formar conexões
estáveis.
• Seleção de endereço, onde os padrões iniciais são refinados fazendo cada
axônio se ligar a um pequeno subconjunto (às vezes de somente um) de seus
possíveis alvos.
consideraram a hipótese de que esses canais proviam sinais para guiar os axônios
em direção às regiões apropriadas do cérebro. Canais celulares foram também detec-
tados na retina do camundongo (Silver e Sidman, 1980), e parecem guiar os cones de
crescimento das células ganglionares da retina para o caule óptico durante seu
desenvolvimento.
A presença de canais preexistentes provavelmente não é crítica para o crescimento
da maioria dos axônios. O cone de crescimento parece capaz de digerir seus próprios
canais através de uma matriz extracelular secretando enzimas proteolíticas para sua
vizinhança imediata (Pittman, 1985).
A B
C
Figura 8.6
Efeitos dos fatores do substrato no crescimento
neural. (A,B) Efeitos de fibronectina no cres-
cimento neural de agregados da retina neural.
O agregado em (A) foi cultivado por 36 horas
em plástico de cultura de tecidos não-tratado.
O agregado em (B) foi cultivado em plástico
tratado com 50µg de fibronectina por milili-
tro. (C) Crescimento de neurônios sensoriais
colocados em substrato padronizado consis-
tindo de faixas paralelas de laminina aplica-
das sobre um fundo de colágeno de tipo IV.
(A e B de Akers et al., 1981, cortesia de J.
Lilien; C de Gundersen, 1987, cortesia de R.
W. Gundersen.)
CAPÍTULO 8 Especificidade Axônica 315
axônios para a placa de plástico. Porém, se a placa for recoberta com fibronectina ou Cadeia A
laminina, crescimento de longos axônios são observados (Figura 8.6). Reciprocamente,
glicosaminoglicanos, outro conjunto de proteínas associadas com matrizes extracelulares,
Região de ligação Local de fixação
parecem impedir esses crescimentos neurais (Tosney e Landmesser, 1985). de células epiteliais de células RDG
A presença de tais moléculas delineia as trajetórias através do embrião (Akers et
al., 1981; Gundersen, 1987), e muitos dos caminhos percorridos pelos axônios parecem Cadeia B1 Cadeia B2
ser pavimentados por laminina. Letourneau e colaboradores (1988) mostraram que os
axônios de certos neurônios espinhais migram através do neuroepitélio por uma su-
perfície transitoriamente recoberta por laminina que indica precisamente o caminho
desses axônios. De maneira semelhante, existe muito boa correlação entre o alonga- Domínio de
Local YIGSR ligação de
mento dos axônios da retina e a presença de laminina nas células neuroepiteliais e colágeno
de fixação celular
astrócitos no cérebro do embrião do camundongo (Cohen et al., 1986, 1987; Liesi e e migração tipo IV
Silver, 1988). Depósitos puntiformes de laminina são vistos nas superfícies das células
gliais ao longo do caminho levando da retina para o tectum óptico, ao passo que áreas
adjacentes onde o nervo ótico deixa de crescer não há tais depósitos de laminina.
Após os axônios da retina terem alcançado o tectum, as células gliais se diferenciam e
perdem sua laminina. Nesse ponto, os neurônios ganglionares da retina que formaram o Região de
nervo ótico perdem seu receptor integrina para a laminina. Depósitos de laminina podem crescimento
de neuritos
também ser necessários para a regeneração do tecido neural. Células astrogliais conten-
do laminina puntiforme em suas superfícies podem induzir a regeneração quando colo-
cadas em embriões nos quais os caminhos neuroniais do corpo caloso foram rompidos.
Existem ao menos quatro regiões da glicoproteína laminina que podem sustentar
a migração e o crescimento axônico (Figura 8.7). Primeiro, as integrinas do cone de
crescimento podem se ligar à seqüência RGD da proteína laminina. Segundo, outro Região ligante de
receptor do cone de crescimento pode reconhecer a seqüência de aminoácidos YIGSR heparina e axônio
na laminina, enquanto a região de 10 aminoácidos rica em isoleucina do peptídeo B2 é
crítica para o crescimento neurítico de certos neurônios (Matsuzawa et al., 1996). O Figura 8.7
quarto receptor para laminina do cone de crescimento é a glicosiltransferase que Estrutura de laminina e propostas para regiões
ligantes.
reconhece certas cadeias laterais de carboidrato da molécula de laminina (Begovac e
Shur, 1990; Thomas et al., 1990). Esses carboidratos podem residir no domínio de
“crescimentos neuríticos” da cadeia A da laminina.
Neuroblasto lateral
Neuroblasto 7-4
Neuroblasto mediano
Neuroblasto 7-4
Células-mãe ganglionares
Progênie:
Neurônios irmãos
Axônios
Cones de
crescimento
Fascículos axônicos
Figura 8.8
Cada um dos 17 segmentos do embrião preco-
ce do gafanhoto tem o mesmo padrão de neu-
roblastos. Existem 30 neuroblastos laterais de O cone de crescimento G terá encontrado mais de 100 superfícies diferentes às quais
cada lado, um neuroblasto mediano e 7 precur- poderia aderir, mas ele é específico para os neurônios P. Se os neurônios P são destruídos
sores na linha mediana. Os neuroblastos da por laser, os cones de crescimento G agem anormalmente, seus filopódios procurando
linha mediana se dividem uma vez, enquanto
aleatoriamente pela superfície migratória apropriada. Se qualquer dos outros cento e
os neuroblastos são células-tronco que divi-
dem-se repetidamente para formar as “células- tantos neurônios forem destruídos, o cone de crescimento G comporta-se normalmente.
mãe ganglionares”. Cada uma das células se Essa formulação de encontro de trajetórias axônicas em insetos foi chamada de
divide uma vez para fornecer dois neurônios hipótese de trajetórias marcadas porque significa que um dado neurônio pode reco-
irmãos. O neuroblasto 7-4 tem uma progênie nhecer especificamente a superfície de outro neurônio que se desenvolveu anterior-
de quase 100 neurônios, dos quais os primei- mente. A evidência para essa especificidade vem de estudos usando anticorpos
ros 6 são aqui mostrados. (Segundo Goodman monoclonais (Bastiani et al., 1987). Neurônios aCC e pCC são neurônios irmãos no
e Bastiani, 1984.) gafanhoto (ambos são derivados do neuroblastos 1-1) que têm destinos muito dife-
rentes. Além disso, conjuntos diferentes de axônios aderem a cada um deles, criando
feixes independentes de axônio, chamados fascículos. A especificidade dessa
fasciculação depende da presença da proteína fasciclina I. Essa proteína é encontra-
da nos dois neurônios aCC de cada segmento do embrião de 10 horas, mas não está
presente nos neurônios pCC. Perto da hora 11, porém, outros neurônios (mas não
pCC) são vistos expressar essa molécula da superfície celular. Esses neurônios são
precisamente aqueles (RP1, RP2, U1, U2 ) cujos axônios fasciculam com aCC. Existem
pelo menos quatro moléculas de fasciclina expressas em diferentes subconjuntos de
neurônios, e cada uma dessas moléculas permite aos cones de crescimento de certos
neurônios reconhecer especificamente aqueles axônios com os quais irão fascicular
(Harrelson e Goodman, 1988; Zinn et al., 1988).
Em outros animais com sistemas nervosos relativamente simples, tal como a san-
guessuga, existe evidência de que cada neurônio teria moléculas de superfície celular
qualitativamente diferentes e que essas moléculas poderiam ser importantes na espe-
cificidade sináptica. O sistema nervoso da sanguessuga consiste de 34 gânglios
CAPÍTULO 8 Especificidade Axônica 317
(A) (B)
Figura 8.9
Neurônios funcionais específicos corados por
pareados contendo cerca de 400 neurônios cada. Foram identificados neurônios indi- anticorpos monoclonais para componentes da
viduais, e as funções de muitos desses neurônios são conhecidas. Zipser e Mckay superfície celular. (A) Anticorpos Lan 3-1 re-
(1981) injetaram o sistema nervoso da sanguessuga em camundongos e obtiveram conhecem um único par de neurônios em um
determinado gânglio. Esses neurônios funcio-
centenas de anticorpos monoclonais que se ligaram a várias regiões do sistema nervo-
nam na eversão peniana. (B) Um conjunto de
so. Em alguns casos, essas diferenças puderam ser correlacionadas com função. O neurônios reconhecidos pelos anticorpos Lan
anticorpo monoclonal Lan 3-1 se ligou especificamente a um único par de neurônios 3-2; esses neurônios respondem à estimulação
em cada um dos gânglios do corpo mediano (Figura 8.9). Esses pares de neurônios são nociva da pele da sanguessuga. (de Zipser e
conhecidos por controlar o processo da eversão peniana nas sanguessugas em Mckay, 1981, cortesia de B. Zipser.)
copulação. Outro anticorpo monoclonal, Lan 3-2, reconheceu todos os quatro neurô-
nios em cada gânglio, que respondem a estímulos mecânicos nocivos. “A situação”,
de acordo com Zipser e Mckay “parece bastante análoga a cabos elétricos codifica-
dos por cores contendo muitos fios, onde cada fio tem sua própria molécula (corante)
para facilitar o reconhecimento apropriado e conexão à terminais”.
Estudos sobre trajetórias marcadas especificamente em vertebrados estão muito
atrasados em comparação com aqueles em invertebrados, mas estudos recentes nos
neurônios motores do peixe-zebra indicam que as trajetórias marcadas também funci-
onam aqui. O peixe-zebra poderá tornar-se o organismo de escolha em neurobiologia
desenvolvimental em vertebrados, porque tem desenvolvimento muito rápido, muitos
indivíduos podem ser comparados, e os embriões são transparentes, permitindo aos
neurobiologistas observar o crescimento dos axônios em embriões vivos. Neurônios
podem ser identificados pela injeção de substâncias marcadas por fluorescência em
percursores neuroniais (Kimmel e Law, 1985), e o crescimento axônico pode ser segui-
do visualmente ou por registro em vídeo. Eisen e colegas (1986) observaram o alonga-
mento axônico de três neurônios motores pioneiros nesses embriões. Após deixar a
medula espinhal, todos os três seguiram o mesmo caminho ao longo de um músculo
até alcançarem um determinado local no embrião. Nesse ponto, eles divergiram em três
trajetórias específicas levando aos músculos apropriados. A hipótese das trajetórias
marcadas tem sido extremamente importante tanto como modelo para a geração de
pesquisas, como em um contexto no qual podem ser inseridos dados existentes sobre
a especificidade neuronial.
(A)
Esclerótomo
(B) (C)
Figura 8.10
Repulsão de cones de crescimento de gânglios da raiz dorsal. (A)
Padrão segmentado do crescimento axônico através do mesoderma
somítico. Axônios (corados de negro com tetróxido de zinco) movem-
se através da porção anterior de cada somito, mas não da posterior. O
limite entre anterior e posterior está assinalado com uma estrela. (B)
Cone de crescimento de um axônio do neurônio ganglionar da raiz
dorsal crescendo sobre laminina. Seus lamelipódios e filipódios po-
dem ser facilmente visualizados. (C) Cone de crescimento colapsado
de um neurônio ganglionar da raiz dorsal quando a proteína inibitória
foi adicionada à cultura. (A segundo Keynes e Stern, 1984; B e C
segundo Raper e Kapfhammer, 1990. Todas as fotografias cortesia
dos autores.)
(Figura 8.10A). A superfície celular da porção posterior do somito pode estar inibin-
do essa migração. Davies e colegas (1990) mostraram que membranas isoladas da
porção posterior do somito causam o colapso dos cones de crescimento dos neurô-
nios dos gânglios da raiz dorsal (Figura 8.10B,C). Além disso, eles isolaram uma
fração de glicoproteína da soma de pinto, que causa o colapso desses cones; e os
componentes dessa fração são especificamente encontrados na porção posterior
dos somitos. Em insetos, a semaforina I (também conhecida como fasciculina IV) é
uma proteína transmembrana que é expressa em uma banda de células epiteliais no
membro em desenvolvimento. Essa proteína parece inibir os cones de crescimento
dos neurônios sensoriais Ti1 moverem-se para frente, levando-os a se virarem (Fi-
gura 8.11; Kolodkin et al., 1992, 1993).
G-Sema I
Figura 8.11
A ação da semaforina I no membro em desenvolvimento
do gafanhoto. Axônios de neurônios sensoriais Ti1 se
projetam para o sistema nervoso central (CNS). (As lon-
gas flechas escuras representam etapas seqüenciais do ca- Ti1
minho.) Quando encontram a banda de células epiteliais Membro em
expressando semaforina-I, eles reorientam seus cones de Desenvolvimento
crescimento e se extendem ventralmente ao longo da borda
distal das células expressando a semaforina I. Quando CNS
seus filipódios se conectam ao par de células Cx1, eles
atravessam a borda e se projetam para o CNS. Quando a
semaforina é bloqueada por anticorpos, os cones de cres-
cimento procuram aleatoriamente as células Cx1. (Segun-
do Kolodkin et al., 1993.) Cordão nervoso ventral
CAPÍTULO 8 Especificidade Axônica 319
Informações adicionais
& Especulações
Epitélio Olfativo
Língua
Figura 8.15
Expressão de UNC e função na condução axônica. (A) No corpo
do embrião do tipo selvagem de C.elegans, neurônios sensoriais
projetam-se ventralmente e neurônios motores projetam-se dor- C. elegans
salmente. Os epidermoblastos da parede ventral do corpo expres-
sando unc-6 são preenchidos. (B) Nos embriões mutantes unc-6 (A) (B)
não ocorre migração alguma. (C) As mutações de perda-de-
função unc-5 somente afetam os movimentos dorsais dos neurô-
nios motores. (D) As mutações de perda-de-função unc-40 so- neurônios Tipo
mente afetam a migração ventral dos cones de crescimento senso- sensoriais selvagem
de unc 40+
riais. (Segundo Goodman, 1994.)
Epidermoblastos Neurônios
da parede ventral motores unc5+
do corpo
(C) (D)
Figura 8.16
Netrina inibe o crescimento de axônios trocleares da medula espinhal dorsal. Axônios trocleares,
corados para antígeno específico do axônio troclear, emergem dorsalmente e não são inibidos
pelo explante de medula espinhal dorsal (A) ou pelas células COS (B). Eles são inibidos pelas
células COS secretando netrina-1 (C) ou pela placa do assoalho da medula espinhal (D). (Segun-
do Colamarino e Tessier-Lavigne, 1995; fotografias cortesia de M. Tessier-Lavigne).
CAPÍTULO 8 Especificidade Axônica 323
Neurônios aferentes Ia
(responsivos à NT-3)
Aferente para mecanorreceptores
de baixo limiar
(B)
Figura 8.17
Semaforina III como inibidor seletivo de projeções axônicas para a medula espinhal
ventral. (A) Trajetória de axônios em relação à expressão de semaforina III na medula
espinhal do embrião de rato de 14 dias. Os neurônios responsivos à neurotrofina-3
podem viajar para a região ventral da medula espinhal, mas os neuritos aferentes para os
mecanorreceptores e neurônios receptores de temperatura e dor terminam dorsalmente.
(B) Células COS secretoras de semaforina III inibem o crescimento de axônios
mecanorrecepores (aqui mostrados crescendo num meio tratado com NGF, mas inibi-
dos de crescer em direção à fonte de semaforina III). (C) Os neurônios que são
responsivos à NT-3 para crescimento não são inibidos de se estenderem em direção à
fonte de semaforina III. (A segundo Marx, 1995; B e C segundo Messersmith et al.,
1995; fotografias cortesia de A. Kolodkin.)
Tubo neural
(medula
espinhal)
Nervos
espinhais
Rudimento
renal
Intestino
Broto de
membro Figura 8.18
Micrografia eletrônica de varredura de um corte
de um embrião de pinto de 4-dias, mostrando a
Sulco emergência de nervos espinhais para dentro do
ectodérmico broto do membro em desenvolvimento. (de
apical
Tosney e Landmesser, 1985, cortesia de
K.Tosney.)
324 PARTE II Padrões de Desenvolvimento
Plexo
Barreira
Nervo espinhal precursor do
Trajetória cinturão pélvico
Tronco nervoso Mesênquima
dorso-anterior Barreira
Tronco Nervo do Mesênquima do plexo
nervoso ventro- músculo perinotocordal
anterior
Figura 8.19
Trajetórias de axônios motores na região do
membro posterior do embrião do pinto. (A)
Padrão neural do membro posterior. Axônios membros, o axônio se estende sobre centenas de células em um ambiente complexo
do neurônio motor unem-se no plexo e em se- e cambiante. Pesquisa recente descobriu várias trajetórias e várias barreiras que
guida se separam em troncos nervosos dorsal e ajudam a condução dos axônios para seus destinos apropriados. Conforme mencio-
ventral. Um plexo é anterior; o outro, posterior. nado acima, em cada lado da medula espinhal há blocos de tecido mesodérmico
(B) Os componentes ambientais que criam o
chamados somitos. Pouco antes dos axônios iniciarem seu alongamento, o somito
padrão neural. A segmentação dos nervos es-
pinhais é criada pelo esclorótomo. O escleróto-
se cinde em dois tipos de tecido. A porção dorsal torna-se o dermomiótomo (que
mo dorsal anterior permite a migração, enquanto produz a derme e a musculatura do dorso), enquanto a porção ventral do somito
o esclerótomo dorsal posterior e todo o ventral passa a ser o esclerótomo (que produz a cartilagem vertebral). Lateralmente aos
(o mesênquima perinotocordal) é uma barreira somitos, na base do broto do membro, está o mesênquima do plexo e as
para os axônios do nervo motor. O plexo prospectivas células do cinturão escapular. Os corpos celulares dos neurônios
mesenquimatoso é permissivo, mas o cinturão motores estão nas regiões ventrolaterais do tubo neural (Figura 8.19). Axônios
pélvico forma uma barreira. Os dois orifícios dos neurônios motores que irão inervar os músculos dos membros estão mistura-
nessa barreira permitem a passagem e extensão dos quando emergem da medula espinhal. Populações de axônios de vários níveis
dos troncos nervosos. (Segundo Tosney, 1991.)
segmentais da medula espinhal podem formar um nervo espinhal comum. Esses
nervos espinhais se reúnem em um plexo. Nesses plexos, porém, os axônios de
diferentes regiões percorrem trajetórias diferentes. Por exemplo, na Figura 8.19,
neurônios motores para músculos diferentes divergem para apropriados troncos
nervosos e finalmente se projetam para músculos singulares.
Por meio de várias manipulações cirúrgicas foram descobertas, no embrião pre-
coce do pinto, alguns dos sinais ambientais que direcionam essa migração. A parte
ventral do esclerótomo que circunda a notocorda forma uma barreira contra o alon-
gamento do axônio motor. Apesar das células nessa região parecerem soltas e facil-
mente evitadas, elas repelem os axônios em sua vizinhança. Quando o tubo neural é
girado para fazer com que os neurônios motores emerjam ventralmente para essa
região, eles imediatamente giram para evitá-la, migrando somente através do escle-
rótomo dorsal anterior (Figura 8.19B). Assim, o esclerótomo perinotocordal é uma
barreira para o crescimento do axônio motor, enquanto o esclerótomo anterior dorsal
é uma trajetória (Tosney e Oakley, 1990; Tosney, 1991). Os axônios que progredirem
através do esclerótomo dorsal anterior (juntamente com as células da crista neural
que seguem pela mesma rota) chegam ao plexo mesenquimatoso na base do broto do
membro, também um ambiente favorável para o crescimento axônico. Porém, pouco
além do mesênquima do plexo ficam as células precursoras do cinturão pélvico.
Essas células inibem o crescimento axônico e os axônios se afastam delas. Há dois
orifícios no tecido precursor do cinturão pélvico cheios de plexo mesenquimatoso;
axônios se estendem por esses orifícios para formar os troncos nervosos anterior e
CAPÍTULO 8 Especificidade Axônica 325
Axônios da Retina
Também se postularam sinais de orientação múltipla para explicar como neurônios
retinianos individuais são capazes de enviar axônios para a área apropriada do cére-
bro, mesmo quando transplantados para longe do nervo óptico (Harris, 1986). Essa
capacidade indica que os sinais de orientação não estão distribuídos somente ao
longo da trajetória normal, mas existem através de todo o cérebro embrionário. Orien-
tar um axônio de um corpo celular nervoso para seu destino através do embrião é um
fenômeno complexo, e vários tipos de sinais diferentes podem ser usados simultane-
amente para assegurar que sejam estabelecidas as conexões corretas.
Os primeiros passos para levar os axônios retinianos para suas regiões específi-
cas no tectum óptico se realizam no interior da retina (Figura 8.20A). À medida que
as células ganglionares retinianas se diferenciam, sua posição na margem interna da
retina é determinada pelas moléculas de caderina (N-caderina assim como a R-caderina
específica da retina) das suas membranas celulares (Matsunaga et al., 1988; Inuzuka
et al, 1991). Os axônios dessas células crescem ao longo da superfície interna da
retina em direção à cabeça do nervo óptico (Figura 8.20B). A adesão e o crescimento
dos axônios das células da retina podem ser controlados pela lâmina basal contendo
laminina. Porém, a fixação à laminina não pode explicar o direcionamento do cresci-
mento. É possível que um gradiente da molécula inibidora do proteoglicano de sulfa-
to de condroitina da matriz extracelular tenha um papel na especificação da direção
do crescimento (Hynes e Lander, 1992).
Quando os axônios penetram no nervo óptico, eles crescem sobre as células gliais
em direção ao cérebro. Estudos in vitro sugerem que numerosas moléculas de adesão
celular – N-CAM, caderinas e integrinas – têm funções na orientação do axônio para
o tectum óptico (Neugebauer et al., 1988). N-CAM parece ser especialmente importan-
te aqui, pois a migração direcionada dos cones de crescimento ganglionares retinianos
326 PARTE II Padrões de Desenvolvimento
(B)
Crescimento axônico direcionado
Retina Anti-N-CAM interfere
Forte crescimento neurítico em laminina in vitro
(F)
Chegada ao alvo
Perda de laminina in vivo
Perda de resposta à laminina in vitro
Te c t (G)
um óptic Estabelecimento de um mapa topográfico
o Inibidores específicos para posição. Possibilidade
de outros sinais graduados
Figura 8.20
Sinais para a orientação múltipla direcionam o movimento dos axônios dos gânglios retinianos
para o tectum óptico. (Segundo Hynes e Lander, 1992.)
dependem dos pés terminais gliais expressando N-CAM na superfície interna retiniana
(Figura 8.20C; Stier and Schlosshauer, 1995). Ao chegar no nervo óptico, os axônios
fasciculam com axônios que já estão presentes. N-CAM também é crítica para essa
fasciculação, e anticorpos contra N-CAM (ou remoção do seu componente polisiálico)
faz com que os axônios entrem no nervo óptico de maneira desordenada, causando-os
a emergir em posições erradas no tectum (Thanos et al., 1994; Yin et al., 1995).
Ao entrar no cérebro, os axônios retinianos de mamíferos atingem o quiasma
óptico, onde eles têm que “decidir” se irão continuar diretamente em frente ou se giram
90º e entram do outro lado do cérebro (Figura 8.20D). Parece que aqueles axônios não
destinados a atravessar para o outro lado do cérebro, são repelidos de assim o fazerem
quando entram no quiasma (Godement et al., 1990); a base molecular dessa repulsão
não é conhecida. No trajeto para o tectum óptico, os axônios viajam por uma via (o
trato óptico), sobre células gliais cujas superfícies são recobertas por laminina (Figura
8.20E). Muito poucas áreas no cérebro têm laminina, e a laminina nesse trajeto existe
somente quando as fibras do nervo óptico estão nele crescendo (Cohen et al., 1987).
O axônio que migra da retina para o tectum encontra numerosas outras células e
alvos potenciais para inervação. No entanto, a combinação de vários sinais de orien-
tação, provavelmente envolvendo tanto atração como repulsão, orientam o axônio ao
longo de seu caminho. Nesse ponto, os axônios retinianos alcançaram a região óptica
do cérebro (Figura 8.29F), e começa a seleção de alvos.
Seleção de alvos
Quando os axônios chegam ao fim desse trajeto forrado de laminina, eles se espa-
lham e acham seus alvos específicos. Estudos em rãs e peixes (onde os neurônios
retinianos de cada olho se projetam para o lado oposto do cérebro) indicaram que
cada axônio retiniano envia seu impulso para um local específico (uma célula ou
CAPÍTULO 8 Especificidade Axônica 327
Caudal
Rostral
Dorsal Dorsal
Posterior
Posterior
Anterior
Campo Campo
visual direito visual esquerdo
Ventral Ventral
OLHO ESQUERDO OLHO DIREITO
Figura 8.21
Mapa da projeção retinotectal normal no Xenopus adulto. O olho direito inerva o tectum esquer-
do, e o olho esquerdo inerva o tectum direito. Os números nos campos visuais (retina) e os tecta
mostram regiões de correspondência; isto é, estimulação do ponto 15 na retina direita envia
impulsos elétricos para a região tectal esquerda 15. As flechas negras e coloridas sumariam o
padrão das conexões retinotectais. (de Jacobson, 1967.)
pequeno grupo de células) dentro do tectum (Sperry, 1951). Como mostra a Figura
8.21, existem dois tecta óptico no cérebro da rã. Os axônios do olho direito entram no
tectum óptico esquerdo, enquanto aqueles do olho esquerdo formam sinapses com
as células do tectum óptico direito. O crescimento de neurônios no trato óptico de
Xenopus parece ser mediado por fatores de crescimento fibroblástico secretados
pelas células forrando o trato. Os axônios ganglionares retinianos expressam recep-
tores FGF nos seus cones de crescimento. Porém, à medida que as células ganglio-
nares atingem o tectum, a quantidade de FGF diminui, talvez retardando os axônios
e permitindo-lhes achar seus alvos (McFarlane et al., 1995).
O mapa das conexões retinianas até o tectum óptico da rã (a projeção retinotectal)
foi detalhada por Marcus Jacobson (1967). Jacobson definiu esse mapa lançando um
estreito feixe de luz numa região pequena e limitada da retina e anotou, por meio de um
eletrodo registrador no tectum, quais células tectais estavam sendo estimuladas. A
projeção retinotectal de Xenopus laevis é mostrada na Figura 8.21. A luz iluminando a
parte ventral da retina estimula células na superfície lateral do tectum. Da mesma
maneira, luz focalizada na parte posterior da retina estimula células na porção caudal
do tectum. Esses estudos demonstraram uma correspondência ponto-por-ponto entre
as células da retina e do tectum. Quando um grupo de células da retina é ativado, um
grupo muito pequeno e específico de células tectais é estimulado. Podemos também
observar que os pontos formam um contínuo; em outras palavras, pontos adjacentes
na retina se projetam sobre pontos adjacentes no tectum. Esse arranjo permite à rã ver
uma imagem inteira. Essa intrincada especificidade levou Sperry (1965) a lançar a
hipótese da quimioafinidade:
Teorias atuais não propõem uma especificidade ponto-para-ponto entre cada axônio
e o nervo contatado. Ao contrário, a presente evidência demonstra que gradientes de
adesividade (em especial aqueles envolvendo a repulsão) têm um papel na definição
de territórios nos quais os axônios entram e que a competição gerada pela atividade
entre esses neurônios determina a conexão final de cada axônio.*
Posterior
Anterior
Nasal
Olho
Cérebro
Temporal Temporal
Tectum
Receptor Eph da
tirosina quinase
(A) (Mek-4) Ligantes (RAGS, ELF-1)
Retina
Anterior Posterior
Nasal Temporal
Tectum
Figura 8.24
(B) Gradiente da proteína ligante Adesão retinotectal diferencial por gradientes
nas membranas tectais receptoras Eph da tirosina quinase e seus
ligantes. (A) Representação dos dois gradien-
tes duplos receptor Eph da tirosina quinase
(Mek-4) na retina, e seu ligante (RAGS, ELF-
1) no tectum. (B) Experimento mostrando que
axônios temporais, mas não nasais, da retina
respondem a um gradiente das membranas
tectais posteriores, se afastando ou se retardan-
Retina temporal Retina nasal do. (Segundo Barinaga, 1995.)
330 PARTE II Padrões de Desenvolvimento
aqueles da região nasal) da retina evitaram as regiões expressando ELF-1. Assim, ELF-
1 pode prover sinais negativos para as regiões temporais da retina.
O aparecimento de RAGS e ELF-1 é regulado pela expressão da proteína Engrailed.
A proteína Engrailed é expressa no dia 2 do desenvolvimento do pinto em uma banda
que inclui a porção caudal (posterior) do futuro tectum óptico (veja Figura 7.18). Se a
proteína Engrailed for induzida experimentalmente na porção rostral do tectum, tam-
bém essa adota um fenótio caudal. Quando isso ocorre, RAGS e ELF-1 são expressos
através de todo o tectum, e os axônios temporais são repelidos das duas metades
(Logan et al., 1996). Assim, a expressão precoce de Engrailed parece induzir a expres-
Axônios
Miotúbulo
Receptores de ACh
Miotúbulo
β2
laminina
Figura 8.25
Diferenciação da sinapse do neurônio motor com o músculo. Partes (E) e (G) estão represen-
tadas em menor aumento que outras para dar uma visão panorâmica da região onde o axônio (G) Na maturidade
encontra o músculo. (A) Um cone de crescimento se aproxima de uma célula muscular em
desenvolvimento. (B) O axônio pára e forma um contato não-especializado na superfície do
miotúbulo. A agrina, liberada pelo tubo neural, causa a agregação de receptores de aceticolina.
(C) Vesículas neurotransmissoras penetram no axônio terminal, e uma matriz extracelular
conecta o axônio terminal com a célula muscular à medida que a sinapse se alarga. Essa matriz
contém uma laminina específica do nervo. (D) Outros axônios convergem para o mesmo local
sináptico. (E) Visão geral da inervação muscular por vários axônios (vista em mamíferos no
nascimento). (F) Todos os axônios menos um são eliminados. O axônio remanescente pode se
ramificar para formar uma junção complexa com o músculo. Cada terminal do axônio está
recoberto por um processo de uma célula de Schwann e dobras se formam na membrana da
célula muscular. (G) Visão panorâmica da inervação muscular várias semanas após o nasci-
mento. (Segundo Hall e Sanes, 1993; Purves, 1994; Hall, 1995.)
CAPÍTULO 8 Especificidade Axônica 331
são de RAGS e ELF-1, e essas duas proteínas mediam a exclusão dos axônios retinianos
temporais da porção caudal (posterior) do tectum.
Seleção de endereço:
Desenvolvimento dependente de atividade
Quando um axônio contata seu “alvo” (em geral um músculo ou outro neurônio)
forma uma junção especializada chamada sinapse. Neurotransmissores do terminal
do axônio são liberados nessas sinapses para despolarizar ou hiperpolarizar a mem-
brana da célula do outro lado da fenda sináptica. A construção de uma sinapse
envolve vários passos (Figura 8.25). Quando neurônios motores na medula espinhal
estendem axônios para os músculos, os cones de crescimento que contatam as
recém-formadas células musculares migram sobre suas superfícies. Quando o cone
de crescimento adere primeiro à membrana da célula muscular, a especialização não
pode ser vista em membrana alguma. Porém, logo os terminais axônicos começam a
acumular vesículas sinápticas contendo neurotransmissores, as membranas de ambas
as células se engrossam na região de contato, e a fenda entre as células se enche
com matriz extracelular que inclui uma forma específica de laminina. Essa laminina
derivada do músculo, especificamente liga os cones de crescimento dos neurônios
motores e pode agir como um “sinal de parada” para o crescimento axônico (Martin
et al., 1995; Noakes et al., 1995). Após esse primeiro contato, os cones de crescimen-
to de outros axônios convergem para esse local para formar sinapses adicionais.
Durante o desenvolvimento, todos os músculos de mamíferos estudados parecem
ser inervados por, ao menos, dois axônios. No entanto, essa inervação polineuronial
é transitória. Durante a fase precoce da vida pós-natal, todos esses ramos axônicos,
menos um, são recolhidos. Esse rearranjo está baseado na “competição” entre os
axônios (Purves e Lichtman, 1980; Thompson, 1983). Quando um dos neurônios
motores está ativo, ele suprime as sinapses dos outros neurônios, possivelmente
através de um mecanismo dependente de óxido nítrico (Dan e Poo, 1992; Wang et al.,
1995). Finalmente, as sinapses menos ativas são eliminadas. O terminal axônico
remanescente se expande e é revestido pela célula de Schwann.
A formação de sinapse dependente de atividade também parece estar envolvida
nos estágios finais da projeção da retina para o cérebro. Em embriões de rã, ave e
roedor tratados com tetrodotoxina, os axônios irão crescer normalmente para seus
respectivos territórios e irão estabelecer sinapses com os neurônios tectais. Porém,
o mapa retinotectal é grosseiro, carente de resolução fina. Tal como na especificação
final da sinapse do neurônio motor, a atividade neuronial é necessária para a proje-
ção retiniana ponto-por-ponto até os neurônios tectais (Harris, 1984; Fawcett e
O’Leary, 1985; Kobayashi et al., 1990). Essa eliminação de contatos retinianos tran-
sitórios pelo tectum também pode envolver a expressão do óxido nítrico pelas célu-
las tectais alvo (Wu et al., 1994).
Até o momento do meu nascimento, mais de mim havia morrido do que sobrevivi-
do. Não é de se admirar que eu não possa recordar; durante aquele tempo passei
por cérebro após cérebro durante nove meses, finalmente conseguindo aquele
modelo que podia ser humano, equipado para a linguagem.
Informações adicionais
& Especulações
O desenvolvimento de comportamentos:
Constância e plasticidade
Um dos aspectos mais fascinantes da neurobiologia do desenvolvimento é a correla-
ção de certas conexões neuroniais com certos comportamentos. Existem dois aspec-
tos notáveis desse fenômeno. Primeiro há aqueles casos nos quais os padrões com-
plexos do comportamento estão inerentemente presentes no “circuito” do cérebro no
nascimento. O ritmo cardíaco de um embrião de pinto de 19 dias se acelera quando ele
escuta o chamado de aflição, e nenhum outro chamado provocará essa resposta
(Gottlieb, 1965). Além disso, um pinto recém-eclodido imediatamente irá buscar abrigo
se apresentado à sombra de um gavião. O gavião verdadeiro não é necessário a
sombra pela sua silhueta em papel será suficiente, mas sombra de nenhuma outra ave
causará essa resposta (Tinbergen, 1951). Parece, portanto, que são certas conexões
neuroniais que levam a comportamentos inerentes em vertebrados.
São igualmente notáveis os exemplos em que o sistema nervoso é tão plástico que
novas experiências podem modificar o conjunto original de conexões neuroniais,
CAPÍTULO 8 Especificidade Axônica 335
LITERATURA CITADA
Akers, R. M., Mosher, D. F. and Lilien, J. E. of adult rats. Proc. Natl. Acad. Sci. USA 87: of retinal ganglial cell axons. Dev. Biol. 122:
1981. Promotion of retinal neurite outgrowth 5568-5572. 407-418.
by substratum-bound fibronectin. Dev. Biol. 86:
Calof, A. L. 1992. Sex, nose, and genotype. Curr. Colamarino, S. A. and Tessier-Lavigne, M. 1995,
179-188.
Biol. 2: 103-105. The axonal chemoattractant netrin-1 is also a
Alvarez-Buylla, A., Kirn, J. R. and Nottebohm, chemorepellent for trochlear motor axons. Cell
Chan, S. S.-Y., Zbeng, H., Su, M.-W., Wilk, R.,
F. 1990. Birth of projection neurons in adult 81: 621-629.
Killeen, M. T., Hedgecock, E. M. and Culotti, J.
avian brain may be related to perceptual or
G. 1996. UNC-40, a C. elegans homolog of DCC Cox, E. C., Müller, B. and Bonhoeffer, F. 1990.
motor learning. Science 249: 1444-1446.
(Deleted in Colonorectal Cancer), is required in Axonal guidance in chick visual system: Poste-
Baier, H. and Bonhoeffer, F. 1992. Axon motile cells responding to UNC-6 netrin cues. rior tectal membranes induce collapse of growth
guidance by gradients of a target-derived Cell 87: 186-195. cones from temporal retina. Neuron 2: 31-37.
component. Science 255: 472-475.
Cheng, H.-J., Nakamoto, M., Bergemann, A. D. Crowley, C. and ten others. 1994. Mice lacking
Barinaga, M. 1995. Receptors find work as and Flanagan, J. G. 1995. Complementary nerve growth factor display perinatal loss of
guides. Science. 269: 1668-1670. gradients in expression and binding of ELF-1 sensory and sympathetic neurons yet develop
and Mek4 in development of the topographic basal forebrain cholinergic neurons. Cell 76:
Bastiani, M. J., Harrelson, A. L., Snow, P. M.
retinotectal projection map. Cell 82: 371-381. 1001-1011.
and Goodman, C. S. 1987. Expression of fasciclin
I and II glycoproteins on subsets of axon Chu-LaGraff, Q., Schmid, A., Leidel, J., Brönner, Culotti, J. G. 1994. Axon guidance mechanisms
pathways during neuronal development in the G., Jäckle, H. and Doe, C. 1995. huckebein in Caenorhabditis elegans. Curr. Opin. Genet.
grasshopper. Cell 48: 745-755. specifies aspects of CNS precursor identity Dev. 4: 587-595.
required for motoneuron axon pathfinding.
Begovac, P. C. and Shur, B. D. 1990. Cell surface Dan, Y. and Poo, M.-M. 1992. Hebbian
Neuron 15: 1041-1051.
galactosyItransferase mediates the initiation of depression of isolated neuromuscular synapses
neurite outgrowth from PC12 cells on laminin. Cohan, C. S. and Kater, S. B. 1986. Suppression in vitro. Science 256: 1570-1573.
J. Cell Biol. 110: 461-470. of neurite elongation and growth cone motility
by electrical activity. Science 232: 16318-1640. Davies, A. M., Brandtlow, C., Heumann, R.,
Björkland, A. 1987. Brain implants, trans- Korsching, S., Rohrer, H. and Thoenen, H. 1987.
plants. In G. Adelman (ed.), Encyclopedia of Cohen, J., Burne, J. F., Winter, J. and Bartlett, Timing and site of nerve growth factor synthesis
Neuroscience, Vol. 1. Birkhauser, Boston, pp. P. 1986. Retinal ganglial cells lose responsive- in developing skin in relation to innervation and
165-167. ness to lamina with maturation. Nature 322: expression of the receptor. Nature 326: 353-358.
465-467.
Black, J. E., Issacs, K. R., Anderson, B. J. Davies, J. A., Cook, G. W. M., Stern, C. D. and
Alcantara, A. A. and Greenough, W T. 1990. Cohen, J., Burne, J. F., McKinlay, C. and Winter, Keynes, R. J. 1990. Isolation from chick somites of
Learning causes synaptogenesis, whereas motor J. 1987. The role of laminin and the laminin/ a glycoprotein fraction that causes collapse of dor-
activity causes angiogenesis, in cerebellar cortex fibronectin receptor complex in the outgrowth sal root ganglion growth cones. Neuron 2: 11-20.
336 PARTE II Padrões de Desenvolvimento
Drescher, U., Kremoser, C., Handwerker, C., Goodrnan, C. S. and Bastiani, M. J. 1984. How Harris, W. A. 1986. Homing behavior of axons
Löschinger, J., Noda, M. and Bonhoeffer, F. embryonic nerve cells recognize one another. in the embryonic vertebrate brain. Nature 320:
1995. In vitro guidance of retinal ganglion cell Sci. Am. 251(6): 58-66. 266-269.
axons by RAGS, a 25 kDa protein related to
Goodman, C. S. and Doe, C. Q. 1993. Embryonic Harrison, R. G. 1910. The outgrowth of the
ligands for Eph receptor tyrosine kinases. Cell
development of the Drosophila central nervous nerve fiber as a mode of protoplasmic move-
82: 359-370.
system. In Bate, M. and Martinez Arias, A., The ment. J. Exp. Zool. 9: 787-848.
Eisen, J., Meyers, P. Z. and Westerfield, M. 1986. Development of Drosophila melanogaster. Cold
Hedgecock, E. M., Culotti, J. G. and Hall, D. H.
Pathway selection by growth cones of identified Spring Harbor Press, Cold Springs Harbor, NY
1990. The unc-5, unc-6, and unc-40 genes guide
motoneurones in live zebra fish embryos. Nature pp. 1131-1206.
circumferential migrations of pioneer axons and
320: 269-271.
Goodman, C. S. and Shatz, C. J. 1993. mesodermal cells on the epidermis in C. elegans.
Ericson, J., Thor, S., Edlund, T., Jessell, T. J. and Developmental mechanisms that generate pre- Neunon 2: 61-85.
Yamada, T. 1992. Early stages of motor neuron cise patterns of neuronal connectivity. Neuron
Henderson, C. E. and tweIve others. 1993.
differentiatiory revealed by expression of 10 [SuppL]: 77-98.
Neurotrophins promote motor neuron survival
homeobox gene isIet-1. Science 256: 1555-
Goodman, C. S., Bastiani, M. J., Doe, C. Q., du and are present in embryonic limb bud. Nature
1560.
Lac, S., Helfand, S. L., Kuwada, J. Y. and Thomas, 363: 266-270.
Ericson, J., Morton, S., Kawakarni, A., Roelink, J. B. 1984. Cell recognition during neuronal de-
Hohn, A., Leibrock, J., Bailey, K. and Barde, Y-
H. and Jessell, T. M. 1996. Two critical periods velopment. Science 225: 1271-1287.
A. 1990. Identification and characterization of
of sonic hedgehog signaling required for the
Gottlieb, D. l., Rock, K. and Glaser, L. 1976. A a novel member of the nerve growth factor/
specification of motor neuron identity. Cell 87:
gradient of adhesive specificity in developing avian brain-derived neurotrophic factor family. Nature
661-673.
retina. Proc. Natl. Acad. Sci. USA 73: 410-414. 344: 339-341.
Fawcett, J. W. and O’Leary, D. D. M. 1985. The
Gottlieb, G. 1965. Prenatal auditory sensitivity Holley S. A., lackson, P. D., Sasai, Y., Lu, B., De
role of electrical activity in the formation of
in chickens and ducks. Science 147: 1596-1598. Robertis, E. M., Hoffmann, F. M. and Ferguson,
topographic maps in the nervous system. Trends
E. L. 1995. A conserved system for dorsal-ven-
Neurosci. 8: 201-206. Grumet, M. 1991. Cell adhesion molecules and
tral patterning in insects and vertebrates involving
their subgroups in the nervous system, Curr. Opin.
Fliess, W. 1897. Quoted in J. Geller, 1992. The sog and chordiii. Nature 376: 249-253.
Neurobiol. 1: 370-376.
cultural constructioti of the other. In H. Eilberg-
Hollyday, M. 1980a. Motoneuron histogenesis
Schwartz (ed.), People of the Body. State Gundersen, R. W. 1987. Response of sensory
and the development of limb innervation. Curr.
University of New York Press, Albany, pp. 243- neurites and growth cones to patterned substrata
Top). Dev. Biol. 15: 181-215.
282. of laminin and fibronectin in vitro. Dev. Biol.
121: 423-431. Hollyday, M. 1980b. Organization of motor
Flor, H. and seven others. 1995. Phantomlimb
pools in the chick lumbar lateral motor column.
pain as a perceptual correlate of cortical reorga- Halfter, W., Claviez, M. and Schwarz, U. 1981.
J. Comp. Neurol. 194: 143-170.
nization following arm amputation. Nature 375: Preferential adhesion of tectal membranes to
482-484. anterior embryonic chick retina neurites. Nature Hollyday, M., Hamburger, V. and Farris, J. M. G.
292: 67-70. 1977. Localization of motor neuron pools
Franco, B. and fifteen others. 1991. A gene
supplying identified muscles in normal and
deleted in Kallmann’s syndrome shares homology Hall, Z. W. 1995. Laminin b (S-laminin): A new
supernumerary legs of chick embryos. Proc. Natl.
with neural cell adhesion and axonal path-finding player at the synapse. Science 269: 362-363.
Acad. Sci. USA 74: 3582-3586.
molecules. Nature 353: 529-536.
Hall, Z. W. and Sanes, J. R. 1993. Synaptic
Hubel, D. H. and Wiesel, T. N. 1962. Receptive
Freed, C. R. and eighteen others. 1992. Survival structure and development: The neuromuscular
fields, binocular interaction and functional
of implanted dopamine cells and neurological junction. Neuron 10 [Suppl.]: 99-121.
architecture in the cat’s visual cortex. J. Physiol.
iprovement 12 to 46 months after transplanta-
Hamburger, V. 1939. The development and 160: 106-154.
tion for Parkinson’s disease. N. EngI. J. Med.
327: 1549-1555. innervation of transplanted limb primordia of
Hubel, D. H. and Wiesel, T. N. 1963. Receptive
chick embryos. J. Exp. Zool. 80: 347-389.
fields of cells in striate cortex of very young,
Gash, D. M. and eleven others. 1996. Functional
Hamelin, M., Zhou, Y., Su, M.-W., Scott, I. M. visually inexperienced kittens. J. Neutropliysiol.
recovery in parkinsonnian monkeys treated with
and Culotti, J. G. 1993. Expression of the unc-5 26: 944-1002.
GDNF. Nature 380: 252-255.
guidance receptor in the touch neurons of C.
Hughes, R. A., Sendtner, M., Goldfarb, M.,
Gershon, M. D., Schwartz, J. H. and Kandel, elegans steers their axons dorsally. Nature 364:
Linholm, D. and Thoenen, H. 1993. Evidence
E. R. 1985. Morphology of chemical synapses 327-330.
that fibroblast growth factor 5 is a major muscle-
and pattern of interconnections. In E. R.
Harper, S. and Davies, A. M. 1990. NGF mRNA derived survival factor for cultured spinal
Kandel and J. H. Schwartz (eds.), Princilyles
expression in developing cutaneous epithelium motoneurons. Neuron 10: 369-377.
of Neural Science, 2nd Ed. Elsevier, New York,
pp. 132-147. related to innervation density. Development 110:
Hynes, R. 0. and Lander, A. D. 1992. Contact
515-519.
and adhesive specificities in the associations,
Godement, P., Salaun, J. and Mason, C. A. 1990.
Harrelson, A. L. and Goodrnan, C. S. 1988. migrations, and targeting of cells and axons. Cell
Retinal axon pathfinding in the optic chiasm:
Growth cone guidance in insects: Fasciclin II is a 68: 303-322.
Divergence of crossed and uncrossed fibers.
Neuron 5: 173-186. member of the immunoglobulin superfamily.
Ibáñez, C. F., Ebendal, T. and Persson, H. 1991.
Science 242: 700-708.
Chimeric molecules with multiple neurotrophic
Goodman, C. S. 1994. The likeness of being:
Harris, W. A. 1984. Axonal pathfinding in the activities reveal structural elements determining
Phylogenetically conserved molecular me-
absence of normal pathways and impulse activity. the specificities of NGF and BDNF EMBO J. 10:
chanisms of growth cone guidance. Cell 78:
J. Neurosci. 4: 1153-1162. 2105-2110.
353-356.
CAPÍTULO 8 Especificidade Axônica 337
Inuzuka, H., Miyatani, S. and Takeichi, M. 1991. 1992. Fasciclin IV: Sequence, expression, and Biochemical differentiation and intercellular
R-cadherin: A novel Ca2,-dependent cell-cell function during growth cone guidance in the interactions of migratory GnRH cells in the
adhesion molecule expressed in the retina. grasshopper embryo. Neturon 9: 831-845 mouse. Dev. Biol. 159: 643-666.
Neuron 7: 69-79.
Kolodziej, P. A., Timpe, L. C., Mitchell, K. J., Logan, C., Wizenmann, A., Drescher, U.,
Ishii, N., Wadsworth, W. G., Stern, B. D., Culotti, Fried, S. R., Goodman, C. S., Jan, L. Y. and Jan, Monschau, B., Bonhoeffer, F. and Lumsden, A.
J. G. and Hedgecock, E. M. 1992. UNC-6, a Y. N. 1996. Frazzled encodes a Drosophila 1996. Rostral optic tectum acquires caudal
laminin-related protein, guides pioneer axon member of the DCC immunoglobulin subfamily characteristics following ectopic Engrailed
migrations in C. elegans. Neuron 9: 873-881. and is required for CNS and motor axon guidance. expression. Curr. Biol. 6: 1006-1014.
Cell 87: 197 204.
Isacson, O., Deacon, T., Pakzaban, P., Galpern, Lund, R. D. and Hauschka, S. D. 1976.
W. R., Dinsmore, J. and Burns, L. H. 1995. Korsching, S. and Thoenen, H. 1983. Nerve Transplanted neural tissue develops con nection
Transplanted xenogeneic neural cells in growth factor in sympathetic ganglia and with host rat brain. Science 193: 582-584.
neurodegenerative disease models exhibit corresponding target organs of the rat:
remarkable axonal target specificity and distinct correlation with density of sympathetic Luo, Y., Raibile, D. and Raper, J. A. 1993.
growth patterns of glial and axonal fibres. Nat. innervation. Proc. Natl. Acad. Sci. USA 80: Collapsin: A protein in brain that induces the
Med. 1: 1189-1194. 3513-3516. collapse and paralysis of neuronal growth co-
nes. Cell 75: 217-227.
Jacobson, M. 1967. Retinal ganglion cells: Krafft-Ebing, R. von. 1886. Psychopathia
Specification of central connections in larval Sexualis. Enke, Stuttgart. Mackenzie, J. L. 1898. The physiological and
Xenopus laevis. Science 155: 1106-1108. pathological relations between the nose and the
Lance-jones, C. and Landmesser, L. 1980, Mo- sexual apparatus of man. Johns Hopkins Hosp.
Jones, K. R., Farinas, I., Backus, C. and Reichardt, tor neuron projection patterns in chick hindlimb Bull. 82: 10-17.
L. F. 1994. Targeted disruption of the BDNF following partial reversals of the spinal cord. J.
gene purturbs brain and sensory neuron develo- Physiol. 302: 581-602. Maisonpierre, P. C., Belluscio, L., Squinto, S.,
pment but not motor neuron development. Cell Ip, N. Y., Furth, M. E., Lindsay, R. M. and
Landmesser, L. 1978. The development of Yancopoulos, G. D. 1990. Neurotrophin-3: A
76: 989-999.
motor projection patterns in the chick hindlimb. neurotrophic factor related to NGF and BDNF.
KarIstrom, R. 0., Trowe, T. and Bonhoeffer, J. Physiol. 284: 391 414. Science 247: 1446-1451.
F. 1997. Genetic analysis of axon guidance
Lee, J. E., Hollenberg, S. M., Snider, L., Turner, Martin, P. T., Ettinger, A. J. and Sanes, J. R.
and mapping in the zebrafish. Trends Neurosci.
D. L., Lipnick, N. and Weintraub, H. 1995. 1995. Synaptic localization domain in the
20: 3-8.
Conversion of Xenopus ectoderm into neurons synaptic cleft protein laminin b2 (slaminin).
Keino-Masu, K. Masu, M., Hinck, L. Leonardo, by NeuroD, a basic helixloop-helix protein. Science 269: 413-416.
E. D. Chan, S. S.-Y., Culotti, J. G. and Tessier- Science 268: 836-844.
Lavigne, M. 1996. Deleted in Colonorectal Marx, J. 1995. Helping neurons find their way.
Legouis, R. and fourteen others. 1991. The Science 268: 971-973.
Cancer (DCC) encodes a netrin receptor. Cell
candidate gene for X-linked Kallmann syndrome
87: 175-185. Matthes, D. J., Sink, H., Kolodkin, A. L. and
encodes a protein related to adhesion molecules.
Kennedy, T. E., Serafini, T., de la Torre, J. R. CeIl 67: 423-435. Goodman, C. S. 1995. Semaphorin II can
and Tessier-Lavigne, M. 1994. Netrins are function as a selective inhibitor of specific
Letourneau, P., Madsen, A. M., Palm, S. M. and synaptic arborizations. Cell 81: 631-639.
diffusible chemotropic factors for commissural
Furcht, L. T. 1988. Immunoreactivity for
axons in the embryonic spinal cord. Cell 78: Matsunaga, M., Hatta, K. and Takeichi, M. 1988.
laminin in the developing ventral longitudinal
425-435. Role of N-cadherin cell adhesion molecules in the
pathway of the brain. Dev. Biol. 125: 135-144.
Keynes, R. J. and Stern, C. D. 1984. Segmentation histogenesis of neural retina. Neuron 1: 289-295.
Levi-Montalcini, R. and Booker, B. 1960.
in the vertebrate nervous system. Nature 310: Matsuzawa, M., Weight, F. F., Potember, R. S.
Destruction of the sympathetic ganglia in
786-787. and Liesi, P. 1996. Directional neurite outgrowth
mammals by an antiserum to the nerve growth
Kimmel, C. B. and Law, R. D. 1985. Cell lineage factor protein. Proc. Natl. Acad. Sci. USA 46: and axonal differentiation of embryonic
of zebrafish blastomeres I. Cleavage pattern and 384-390. hippocampal neurons is promoted by a neurite
cytoplasmic bridges between cells. Dev. Biol. 108: outgrowth domain of the B2-chain of laminin.
Liesi, P. and Silver, J. 1988. Is astrocyte laminin Inter. I. Dev. Neurosci. 14: 283-295.
78-101.
involved in axon guidance in the mammalian
Klose, M. and Bentley, D. 1989. Transient CNS? Dev. Biol. 130: 774-785. McFarlane, S., McNeill, L. and Holt, C. E. 1995.
pioneer neurons are essential for formation of FGF signaling and target recognition in the
Lin, L.-F. H., Doherty, D. H., Lile, J. D., developing Xenopus visual system. Neutron 15:
an embryonic peripheral nerve. Science
Bektesh, S. and Collins, F. 1993. GDNF: A glial 1017-1028.
245:982-984.
cell-line derived neurotrophic factor for
Kobayashi, T. Nakamura, H. and Yasuda, M. midbram dopaminergic neurons. Scienct, 260: Messersmith, E. K., Leonardo, E. D., Shatz, C.
1990. Disturbance of refinement of retintectal 1130-1132. J., Tessier-Lavigne, M., Goodrnan, C. S. and
projection in chick embryos by tetrodotoxin Koloclkin, A. 1995. Semaphorin III can
Lindsay, R. M. 1995. Neuron saving schemes. function as a selective chemorepellent to
and grayanotoxin. Dev. Brain Res. 57: 29-35.
Nature 373: 289-290. pattern sensory projections in the spinal cord.
Kolodkin, A. L., Matthes, D. J. and Goodman, Neuron 14: 949-959.
Lindvall, O., Brundin, P. and Widner, H. 1990.
C. S. 1993. The semaphorin genes encode a
Grafts of fetal dopamine neurons survive and Meyer-Franke, A., Kaplan, M. R., Pfrieger, F.
family of transmembrane and secreted growth
improve motor functions in Parkinson’s disease. W. and Barres, B. A. 1995. Characterization of
cone guidance molecules. Cell 75: 1389-1399.
Science 247: 574-577. the signaling interactions that promote the
Kolodkin, A. L., Matthes, D. J., O’Connor, T. survival and growth of developing retinal
P., Patel, N. H., Bentley, D. and Goodman, C. S. Livne, l., Gibson, M. J. and Silverman, A. J. 1993. ganglion cells in culture. Neuron 15: 805-819.
338 PARTE II Padrões de Desenvolvimento
Nakarnoto, M. and several others. 1996. Roth, S. and Marchase, R. B. 1976. An in vitro Stier, H. and Schlosshauer, B. 1995. Axonal
Topographically specific effects of ELF-1 on assay for retinotectal specificity. In S. H. guidance in the chicken retina. Development
retinal axon guidance in vitro and retinal axon Barondes (ed.), Neuronal Recognition. Plenum, 121: 1443-1454.
mapping in vivo. Cell 86: 755-766. New York, pp. 227-248.
Stout, R. P. and Gradziadi, P. P. C. 1980.
Neugebauer, K. M., Tomaselli, K. J., Lilien, J. and Sasai, Y., Lu, B., Steinbeisser, H. and De Influence of the olfactory placode on the deve-
Reichardt, L. F. 1988. N-cadherin, NCAM, and Robertis, E. M. 1995. Regulation of neural lopment of the brain in Xenopus laevis (Daudin).
integrins promote retinal neurite outgrowth en induction by the Chd and Bmp-4 antagonsistic Neuroscience 5: 2175-2186.
astrocytes in vitro. J. Cell Biol. 107: 1177-1187. patterning signals in Xenopus. Nature 376:
Taghert, P. H., Doe, C. Q. and Goodman, C. S.
333-336.
Noakes, P. G., Gautam, M., Mudd, J., Sanes, J. R. 1984. Cell determination and regulation during
and Merlie, J. P. 1995. Aberrant differentiations Schmidt, M. and Kater, S. B. 1993. Fibroblast development of neuroblasts and neurones in
of neuromuscular junctions in mice lacking s- growth factors, depolarization, and substrate grasshopper embryo. Nature 307: 163-165
laminin/laminin b2. Nature 374: 258-262. interact in a combinatorial way to promote
Thanos, S., Bonhoeffer, F. and Rutischauser, U.
neuronal survival. Dev. Biol. 158: 228-237.
Oppenheim, R. W., Qin-Wei, Y, Prevette, D. and 1984. Fiber-fiber interaction and tectal cues
Yan, Q. 1992. Brain-derived neurotrophic growth Schwanzel-Fukada, M. and Pfaff, D. W. 1989. influence the development of the chicken
factor rescues developing avian motoneurons Origin of luteinizing hormone-releasing retinotectal projection. Proc. Natl. Acad. Sci.
from cell death. Nature 360: 755-757. hormone neurons. Nature 338: 161-164. USA 81: 1906-1910.
Patterson, P. H. 1992. Neuron-target interacti- Schwanzel-Fukada, M., Bick, D. and Pfaff, Thoenen, H. 1995. Neurotrophins and neuronal
ons. In Z. Hall, (ed.), An Introduction to D. W. 1989. Luteinizing hormone-releasing plasticity. Science 270: 593-598.
Molecular Neurobiology. Sinauer Associates, hormone (LHRH)-expressing cells do not
Thomas, L. 1992. The Fragile Species.
Sunderland, MA, pp. 428-459. migrate normally in an inherited hypogo-
Macmillan, New York.
nadal (Kallman) syndrome. Mol. Brain Res.
Pearson, J., Johrison, E. M., Jr. and Brandeis, L.
6: 311-326. Thomas, W. A., Schaeffer, A. W. and Treadway,
1983. Effects of antibodies to nerve growth
R. M. Jr. 1990. Galactosyl transferasedependence
factor on intrauterine development of derivati- Sendtner, M., Schmalbruch, H., StöckIi, K. A.,
of neurite outgrowth on substratum-bound
ves of cranial neural crest and placode in the Carroll, P., Kreutzberg, G. W. and Thoenen, H.
laminin. Development 110: 1101-1114.
guinea pig. Dev. Biol. 96: 32-36. 1992. Ciliary neurotrophic factor prevents
degeneration of motor neurons in mouse Thompson, W J. 1983. Synapse elimination in
Phelan, K. A. and Hollyday, M. 1990. Axon
mutant progressive motor neuropathy. Nature neonatal rat muscle is sensitive to pattern of
guidance in muscleless chick wings: The role of
358: 502-504. muscle use. Nature 302: 614-616.
muscle cells in motoneural pathway selection
and muscle nerve formation. J. Neurosci. 10: Serafini, T., Kennedy, T. E., Galko, M. J., Tinbergen, N. 1951. The Study of Instinct.
2699-2716. Mirayan, C., Jessell, T. M. and Tessier-Lavigne, Clarendon Press, Oxford.
M. 1994. The netrins define a family of axon
Piccolo, S., Sasai, Y., Lu, B. and De Robertis, E. Tosney, K. W. 1991. Cells and cell interactions
outgrowth-promoting proteins homologous to
M. 1996. Dorsoventral patterning in Xenopus: that guide motor axons in the developing chick
C. elegans UNC-6. Cell 78: 409-424.
Inhibition of ventral signals by direct binding of embryo. BioEssays 13: 17-23.
chordin to BMP-4. Cell 86: 589-598. Shawlot, W. and Beliringer, R. R. 1995.
Requirement for Lim1 in head organizer function. Tosney, K. W. and Landmesser, L. T. 1984.
Pittman, R. N. 1985. Release of plasminogen Pattern and specificity of axonal outgrowth
Nature 374: 425-430.
activator and a calcium-dependent metallopro- following varying degrees of limb ablation. J.
tease from cultured sympathetic and sensory Silver, J. and Sidman, R.L. 1980. A mechanism Neurosci. 4: 2158-2527.
neurons. Dev. Biol. 110: 91-101. for guidance and topologic patterning of
retinal ganglion cell axons. J. Comp. Neurol. Tosney, K. W. and Landmesser, L. T. 1985.
Purves, D. 1994. Neural Activity and the Development of the major pathways for neurite
189: 101-111.
Growth of the Brain. Cambridge University outgrowth in the chick hindlimb. Dev. Biol. 109:
Press, New York. Singer, M., Norlander, R. and Egar, M. 1979. 193-214.
Axonal guidance during embryogenesis and
Purves, D. and Lichtman, J. W. 1980. Elimina- Tosney, K. W. and Oakley, R. A. 1990.
regeneration in the spinal cord of the newt:
tion of synapses in the developing nervous Perinotochordal mesenchyme acts as a barrier
The blueprint hypothesis of neuronal
system. Science 210: 153-157. to axon acívance in the chick embryo:
pathway patterning. J. Comp. Neural.
185:1-22. Implications for a general mechanism of axon
Purves, D. and Lichtman, J. W 1985. Principles
guidance. Exp. Neurol. 109: 75-89.
of Neural Development. Sinauer Associates,
Spencer, D. D. and fifteen others. 1992. Unila-
Sunderland, MA. Tosney, K. W., Hotary, K. B. and LanceJones,
teral transplantation of human fetal mesence-
phalic tissue into the caudate nucleus of patients C. 1995. Specificity of motoneurons. BioEssays
Raff, M. C., Barres, B. A., Burne, J. F., Coles, H.
with Parkinson disease. N. Engl. J. Med. 327: 17: 379-382.
S., lshizaki, Y and Jacobson, M. D. 1993.
Programmed cell death and the control of cell 1541-1548. Tsushida, T., Ensini, M., Morton, S. B.,
survival: Lessons from the nervous system. Baldassare, M., Edlund, T., Jessell, T. M. and
Sperry, R. W. 1951. Mechanisms of neural
Science 262: 695-700. Pfaff, S. L. 1994. Topographic organization of
maturation. In S. S. Stevens (ed.), Handbook of
Experimental Psychology. Wiley, New York, pp. embryonic motor neurons defined by expression
Ramón y Cajal, S. 1892. Le Rétine de Vertébrés.
236-280. of LIM homeobox genes. Cell 79: 957-970.
La Cellule 9: 119-258.
Sperry, R. W. 1965. Embryogenesis of behavioral Turner, D. L. and Weintraub, H. 1994. Expression
Raper, J. A. and Kapfhammer, J. P. 1990. The
nerve nets. In R. L. DeHaan and H. Ursprung of achaete-scute homolog 3 in Xenopus embryos
enrichinent of a neuronal growth cone collapsing
(eds.), Organogenesis. Holt, Rinehart & converts ectodermal cells to a neural fate. Genes
activity from embryonic chick brain. Neuron 4:
Winston, New York, pp. 161-186. Dev. 8: 1434-1447.
21-29.
CAPÍTULO 8 Especificidade Axônica 339
Twitty, V. C. 1937. Experiments on the Weiss, P. A. 1955. Nervous system. In B. H. Willier, Wu, H. H., Williams, C. V. and McLoon, S. C.
phenomenon of paralysis produced by a toxin P. A. Weiss and V. Hamburger (eds.), Analysis of 1994. Involvement of nitic oxide in the
occuring in Triturus embryos. J. Exp. Zool. 76: Development. Saunders, Philadelphia, pp. 346-402. elimination of a transient retinotectal projection
67-104. in development. Science 265: 1593-1596.
Westerfield, M., Liu, D. W., Kimmel, C. B. and
Twitty, V. C. and Johnson, H. H. 1934.. Motor Walker, C. 1990. Pathfinding and Yin, X., Watanabe, M. and Rutishauser, U. 1995.
inhibition in Amblystorna produced by Triturus Effects of polysialic acid on the behavior of
transplants. Science 80: 78-79. synapse formation in a zebrafish mutant lacking
retinal ganglion cell axons during growth into
functional acetylcholine receptors. Neuron 4:
Wadsworth, W. G., Bhatt, H. and Hedgecock, E. M. the optic tract and tectum. Development 121:
867-874.
1996. Neuroglia and pioneer neurons express UNC- 3439-3446.
6 to provide global and local netrin cues for guiding Whitelaw, V. and Hollyday, M. 1983. Position-
Zinn, K., McAllister, L. and Goodman, C. S.
migrations in C. elegans. Neuron 16: 35-46. dependent motor innervation of the chick
1988. Sequence analysis and neuronal expression
hindlimb following serial and parallel duplications
Walter, J., Henke-Fahle, S. and Bonhoeffer, F. of fasciclin I in grasshopper and Drosophila.
of limb segments. J. Neurosci. 3: 1216-1225.
Cell 53: 577-587.
1987. Avoidance of posterior tectal membranes
by temporal retinal axons. Development 101: Widner, H. and eight others. 1992. Bilateral fetal
Zipser, B. and McKay, R. 1981. Monoclonal
909-913. mesencephalic grafts in two patients with
antibodies distinguish identifiable neurones in the
parkinsonism induced by 1-methyl-4phenyl-
leech. Nature 289: 549-554.
Wang, T., Xie, Z. and Lu, B. 1995. Nitric oxide 1,2,3,6 tetrahydropryridine (MPTP). N. EngI.
mediates activity-dependent synaptic suppres- J. Med. 327: 1556-1563.
sion at developing neuromuscular synapses.
Nature 374: 262-266. Wray, S., Grant, P. and Gainer, H. 1989.
Evidence that cells expressing luteinizing
Way, J. C. and Chalfie, M. 1988. mec-3, a hormone-releasing hormone mRNA in the mouse
homeobox-containing gene that specifies are derived from progenitor cells on the
differentiation of the touch receptor neurons in olfactory placode. Proc. Natl. Acad. Sci. USA
C. elegans. CeIl 54: 5-16. 86: 8132-8136
CAPÍTULO 9 Mesoderma e Endoderma 341
Uma das principais tarefas da gastrulação é criar uma camada mesodérmica entre o
endoderma e o ectoderma. Como mostra a Figura 9.2, a formação de órgãos mesodérmicos
341
342 PARTE II Padrões de Desenvolvimento
Zigoto
Células
Gametas germinativas
primordiais Clivagem
Ectoderma embr. ext. Glândulas
do âmnio e cório sudoríparas*
Bexiga urinária
Gastrulação Unhas
Glândulas mamárias*
Alantóide* ENDODERMA Cabelo
Fígado Traquéia* INTESTINO
brônquios* ECTODERMA EPITÉLIO EXTERNO
Pâncreas* PRIMITIVO
Pulmões DO CORPO
NOTOCORDA
Tubo digestivo* (CORDOME-
Cristalino do olho Glândulas
SODERMA)
sebáceas*
Vesícula
Tireóide FARINGE MESODERMA auditiva* Epitélio
estomodeal
Bolsas faríngeas*
Mecanismo do
ouvido interno Epitélio oral
Ouvido médio* Recessos MESODERMA
tubo de eustáquio tonsilares* PARAXIAL Epitélio nasal e olfativo Esmalte dentário
DORSAL e nervo olfativo
Timo primitivo*, Lóbulo anterior da hipófise
Paratireóides*
paratireóides* Epitélio
Corpos proctodeal
pós-branquiais* Pars neuralis
Esqueleto Raízes dos nervos
Esclerótomos motores espinhais da hipófise
axial Canal
Medula espinhal
Esqueleto Brotos dos anal*
Miótomos
apendicular apêndices
TUBO NEURAL
Músculos dos Músculos
apêndices esqueléticos do tronco Retina* e
Vesículas ópticas Cérebro
Camadas de tecido Dermátomos nervo óptico
conjuntivo da pele Nervos motores cranianos
Epidídimo CRISTA NEURAL
vasos deferentes
Divertículo metanéfrico, Nervos e gânglios Raízes dos nervos
ureteres pelve renal, cranianos sensoriais sensoriais espinhais
Dutos mesonéfricos
túbulos coletores
Gânglios da raiz Medula da
Mesonefro, dutos MESODERMA dorsal espinhal supra-renal
eferentes INTERMEDIÁRIO
Dentina
Metanefro, Dutos mulerianos Pronefro Gânglios
dentária Crânio e
túbulos renais* simpáticos
MESODERMA cartilagens
Vagina* Ovidutos* Útero* MESÊNQUIMA branquiais
LATERAL Camadas externas
DA CABEÇA
Mes. embr. ext. do da cabeça
Mês.emb. ext. Tecido conectivo
âmnio e cório cefálico
do saco vitelínico
Mesoderma somático e alantóide
Músculos
Pleura, Mesoderma Córtex da
Mesentérios Peritônio visceral
pericárdio, esplâncnico supra-renal
peritônio Epimiocárdio
Estroma epicárdio Coração
Mesênquima
das gônadas Pleura visceral miocárdio
Tecido hemangioblástico
* O esquema indica somente a origem
da parte epitelial do órgão. Todos esses Tecido conjuntivo e Corpúsculos Endotélio dos Endocárdio
órgãos têm investimentos de sustenta- músculo liso das vísceras e sangüíneos vasos sangüíneos
ção secundária de origem mesodérmica. vasos sangüíneos
CAPÍTULO 9 Mesoderma e Endoderma 343
¶ Figura 9.1
O esquema ilustra a linhagem das partes especializadas do corpo, derivadas das três camadas
germinativas embrionárias. As células germinativas estão representadas como uma linhagem
de células separada das três camadas germinativas somáticas pois, apesar dos precursores das
células germinativas se localizarem no endoderma ou mesoderrma presuntivos, elas são pro-
vavelmente um único tipo celular. (Segundo Carlson, 1981.)
Somito
(C) Mesoderma intermediário Celoma
(A)
Figura 9.4
Transição de um somitômero para um somito. (A) A expres- Concentração de
são da N-caderina se correlaciona com a conversão de células proteína Notch
( C ) Notch1
mesenquimatosas soltas em um somito epitelial. (B) Nos em- ausente
briões de tipo selvagem, expressão de Notch1 é vista na re- Somitos Transição Mesoderma paraxial
gião mais anterior do mesoderma paraxial não segmentado
(i.e., a porção que está sendo organizada em um somito). (C)
Em embriões deficientes em Notch1, a organização dos
somitos é perturbada. (A de Hatta et al., 1987; cortesia de M.
Takeichi; B e C segundo Conlon et al., 1995.) Anterior Posterior
CAPÍTULO 9 Mesoderma e Endoderma 345
Células migratórias
(Musculatura dos membros
e ventrolateral)
Notocorda Esclerótomo
(A)
Ectoderma dorsal Musculatura apaxial Ectoderma dorsal
BMP4 Músculos
?FGF5 dos
Shh membros
Figura 9.6
Modelo das principais interações postuladas
para a modelagem do somito. (A) Sonic hed- circundam as vértebras permitindo que as costas se curvem (Chevallier et al., 1977;
gehog da notocorda e placa do assoalho induz Christ et al., 1977). Dessa maneira, os somitos são essenciais para a formação das
formação do esclerótomo; Wnt do tubo neural costas de nosso corpo: as vértebras que circundam a espinha dorsal, os músculos e
induz a região do miótomo que forma muscu- o tecido conectivo que seguram as junções vertebrais, a subcamada dérmica da pele
latura apaxial, e a combinação da proteína Wnt
das costas, e a musculatura das costas. E o que acontece com a notocorda, aquela
da epiderme e BMP4 (e talvez FGF5) do me-
soderma da placa lateral induz a porção do
estrutura mesodérmica central? Após ter fornecido a integridade axial do embrião
miótomo que dá origem aos músculos da pare- precoce, e induzido a formação do tubo neural dorsal, a maior parte degenera. Em
de corporal. Neurotrofina 3 do tubo neural pode qualquer lugar onde as células do esclerótomo formaram o corpo vertebral, as célu-
causar a diferenciação das células do derma- las da notocorda morrem. No entanto, entre as vértebras, as células da notocorda
miótomo. (B) diferentes fatores de transcrição formam o tecido dos discos intervertebrais, chamados núcleos pulposos. Esses são
nas diferentes regiões do somito anunciam o os discos que se “deslocam” em certos tipos de lesões nas costas.
destino celular. As células do esclerótomo ex- A especificação do somito é completada pela interação de diversos tecidos que
pressam Pax1, enquanto as células medianas formam o seu ambiente. A porção mediana-ventral do somito é induzida a se tornar
do dermamiótomo expressam a proteína
esclerótomo por fatores, especialmente pela proteína Sonic hedgehog, secretada
miogênica Myf5. As células laterais do derma-
miótomo expressam o fator de transcrição
pela notocorda e pela placa do assoalho do tubo neural (Fan e Tessier-Lavigne,
miogênico o MyoD assim como o receptor c- 1994; Johnson et al., 1994). Se porções da notocorda (ou outra fonte de Sonic
met para o fator de espalhamento. A porção hedgehog) forem transplantadas próximas a outras regiões do somito, essas regi-
central do dermamiótomo torna-se a derme e ões, também, se tornarão células do esclerótomo. Essas células expressam um novo
expressa Pax3. (Segundo Cossu et al., 1996b.) fator de transcrição, Pax1, que ativa genes específicos da cartilagem e cuja presença
é necessária para a formação das vértebras (Figura 9.6; Smith e Tuan, 1996). Elas
também expressam I-mf, um inibidor da família de fatores de transcrição MyoD que
dá início à formação muscular (Chen et al., 1996). Por caminhos similares, o miótomo
é induzido por dois sinais distintos. As células musculares epaxiais (que circundam
o eixo do corpo) vêm da porção medial do somito e são induzidas por fatores do tubo
neural dorsal, provavelmente membros da família Wnt (Münsterberg et al., 1995;
Stern et al., 1995). Os músculos hipaxiais (que são formados pela porção medial do
somito e formam a musculatura dos membros e parede do corpo) são provavelmente
induzidos através da combinação de proteínas Wnt procedentes da epiderme e da
proteína-4 morfogenética do osso, (BMP4) da placa lateral do mesoderma (Cossu et
al., 1996a; Pourquié et al., 1996). Esses fatores levam as células do miótomo a expres-
sarem fatores de transcrição particulares (MyoD e Myf5) que ativam os genes espe-
cíficos do músculo. O dermátomo se diferencia em resposta a outro fator secretado
pelo tubo neural, neurotrofina 3 (NT-3). Anticorpos que bloqueiam as atividades da
CAPÍTULO 9 Mesoderma e Endoderma 347
Mioblastos
Músculo
Homogenize e coloque
Músculo na origem de uma
placa de eletroforese
Miotubos
Enzimas de isocitrato
desidrogenase vistas
por eletroforese Enzima híbrida
formada
Origem Origem
AA AA
AB
BB BB
Informações adicionais
& Especulações
(A)
Myf5
ou
MyoD Miogenina MRF4
vimento muscular normal. Quando os ca- tos na formação de suas células muscula- al., 1995). O segundo mecanismo envolve
mundongos carecem de seus genes myf5, res (Hasty et al., 1993; Nabeshima et al., a sub-regulação de seus receptores para
eles também têm desenvolvimento mus- 1993). Os somitos se formaram normal- o fator de crescimento. Um dos principais
cular normal. Porém, a ausência da proteí- mente e foram compartimentalizados em fatores de crescimento que promove a di-
na Myf5 atrasa em vários dias a formação miótomo, esclerótomo e dermátomo, mas visão das células mioblastos é o fator de
do miótomo, causando falha no desen- os mioblastos deixaram de se diferenciar crescimento fibroblástico básico. O FGF2
volvimento adequado da porção lateral do em miofibras (Venuti et al, 1995). promove divisão da célula mioblasto, ao
esclerótomo. Embora esses camundongos MyoD e seus parentes parecem ser crí- mesmo tempo que inibe a diferenciação
tenham músculos normais, suas caixas ticos para a remoção de mioblastos do ci- do mioblasto suprimindo a transcrição de
torácicas estão distorcidas e eles são in- clo celular. Conforme já mencionado, MyoD e myogenina (Vaidya et al., 1989;
capazes de respirar (Braun et al., 1992). mioblastos em divisão não se diferenciam. Brunetti e Goldfine, 1990). Os receptores
Experimentos recentes no laboratório de Essa distinção entre divisão e diferencia- FGF são perdidos quando o mioblasto se
Rudolf Jaenisch (Rudnicki et al., 1993) ção é característica de vários tipos celula- diferencia em uma célula muscular (Olwin
mostram que quando os genes myf5 e res derivados de populações de células e Hauschka, 1988; Moore et al., 1990).
MyoD estão ambos ausentes do embrião, germinativas (Bischoff e Holtzer, 1969; Como são ativadas as proteínas da fa-
não se formam músculos e costelas.* En- Holtzer et al., 1975). Parece haver duas mília MyoD? Novos experimentos forne-
quanto MyoD e Myf5 podem substituir maneiras pelas quais o mioblasto se retira ceram as bases para algumas fascinantes
uma a outra, não parece haver redundân- do ciclo celular. O primeiro mecanismo é especulações. George-Weinstein e seus
cia nas funções da miogenina. Camun- inibir o caminho da divisão celular. Para colegas (1996) demonstraram que quan-
dongos homozigotos para uma mutação isso, a proteína MyoD induz a expressão do epiblastos de galinha são isolados do
alvejada no gene myogenina morrem logo de p21, um inibidor de quinases depen- resto da gástrula e separados em células
após o nascimento por causa dos defei- dentes de ciclina (Figura 9.11; Halevy et individuais, essas células epiblastos se
tornam músculo. Além disso, os pesqui-
*Isso significa que existe alguma redundância no desenvolvimento dos músculos esqueléticos. sadores acharam que o mRNA de MyoD
Tal redundância já é do conhecimento dos embriologistas há longa data (Spemann, 1938), mas os
(e talvez a proteína) está presente nessas
geneticistas a estão redescobrindo (para sua consternação, já que confunde a interpretação de tais
experimentos). Gould (1990) considera a redundância desenvolvimental essencial para evolução células. Parece que células epiblastos têm
ocorrer, já que um dos sócios redundantes fica livre para conseguir uma nova função enquanto o a capacidade “preferencial” de ficarem
outro sócio mantém a função original. comprometidas com os mioblastos, e que
CAPÍTULO 9 Mesoderma e Endoderma 351
Algumas das estruturas mais óbvias que derivam do mesoderma somítico são os
ossos. Neste capítulo descreveremos em linhas gerais os mecanismos da formação
dos ossos, e estudantes que gostariam de obter maiores detalhes podem fazê-lo ao
consultar livros de histologia os quais dedicam capítulos inteiros a esse tema. Existem
três linhagens que geram o esqueleto. O esclerótomo gera o esqueleto axial, o mesoderma
da placa lateral gera o esqueleto dos membros, e a crista neural craniana dá origem ao
arco branquial e os ossos craniofaciais e a cartilagem.* Existem dois modos principais
de formação dos ossos, ou osteogênese, e ambos envolvem a transformação de um
tecido mesenquimatoso préexistente no tecido ósseo. A conversão direta do tecido
mesenquimatoso em osso é chamada de ossificação intramembranosa. Isso ocorre
primeiramente nos ossos do crânio. Em outros casos, as células mesenquimatosas se
diferenciam em cartilagem, e essa cartilagem posteriormente é reposta pelo osso. Esse
processo pelo qual uma cartilagem intermediária é resposta por células ósseas é cha-
mada de ossificação endocondral.
Figura 9.13
Localização da mensagem da scleraxis nos
locais de formação dos condrócitos. (A) Ex-
pressão de scleraxis em somitos de um em-
brião de camundongo de 12,5 dias. Essa seção
foi cortada tangencialmente, e o tubo neural
corre ao longo do eixo ântero-posterior. (B)
Seção através de um embrião de camundongo
de 11,5 dias onde transcrições de scleraxis são
vistas na cartilagem condensada do nariz e face
e nos precursores dos membros e costelas. (Se-
gundo Cserjesi et al., 1995; fotografias corte-
sia do Dr. E. Olson.)
(A) (B)
* Mutações que afetam a formação de nódulos freqüentemente causam anomalias nos membros.
Nas galinhas, as mutações talpid são caracterizadas pela duplicação e fusão dos membros. Isso, por
sua vez, descobriu-se, ter sido causado por condensações pré-condrogênicas anormalmente grandes.
Esses grandes nódulos são causados pelo excesso de adesividade das células mesenquimatosas nessas
condensações, e foi diretamente ligado a uma super expressão de N-CAM (Ede 1983; Chuong et al.,
1993). Em humanos, o gene SOX9 é expresso por condensações pré-cartilaginosas, e isso codifica
uma proteína ligante de DNA. As mutações do gene SOX9 causa displasia camptomelica, uma
doença rara do desenvolvimento esquelético, causando uma série de deformidades nos ossos do
corpo. A maioria dos bebês afetados morrem de parada respiratória devido a má-formação das
cartilagens traqueobronquiais e das costelas. (Wright et al., 1995).
354 PARTE II Padrões de Desenvolvimento
Cartilagem epifisária
Osteoblastos
Mesênquima Cartilagem Condrócitos (osso) Vasos Condrócitos
hipertróficos sangüíneos proliferando
Placa de
cresci-
mento
Medula
óssea
Osso
Placa de
cresci-
(A) (B) (C) (D) (E) (F) mento
(B) (C)
Cartilagem
de reserva
Células
cartilaginosas
em proliferação
Zona de
(A)
condrócitos
maduros
Hipertrofia e
calcificação das
células
cartilaginosas
Zona de
degeneração
e ossificação de
cartilagem
Osso calcificado
Figura 9.15
Proliferação de células na placa epifisária em
resposta ao hormônio de crescimento. (A) Re-
depositada. Enquanto as placas de crescimento epifisário forem capazes de produzir gião cartilaginosa em um rato jovem tornado
condrócitos o osso continua a crescer. deficiente em hormônio de crescimento pela
As placas de células de crescimento epifisário são muito sensíveis a hormônios, e remoção de sua hipófise. (B) A mesma região
sua proliferação é estimulada pelo hormônio de crescimento e fatores de crescimento no rato após injeção de hormônio de cresci-
semelhantes à insulina. Nilsson e colegas (1986) mostraram recentemente que mento. (C) Cartilagem corada em regiões parti-
hormônios de crescimento estimulam a produção do fator I de crescimento semelhan- culares da placa de crescimento. (Fotografias
te à insulina (IGF-I) nesses condrócitos e que esses condrócitos respondem a isso de I. Gersh, de Bloom e Fawcett, 1975: C de
Chen et al., 1995; cortesia de P. Goetinck.)
proliferando-se. Quando eles adicionaram hormônio de crescimento à placa de cresci-
mento da tíbia de um camundongo jovem (que não conseguia fabricar o seu próprio
hormônio de crescimento porque suas hipófises haviam sido removidas), os hormônios
de crescimento estimularam a formação de IGF-I dos condrócitos na zona proliferativa
(veja Figura 9.15). A combinação de hormônios de crescimento e IGF-I parece fornecer
um sinal mitótico extremamente forte. Os pigmeus da floresta Ituri, no Zaire, têm níveis
normais de hormônios de crescimento e IGF-I até a puberdade. No entanto, na puber-
dade, os níveis de IGF-I nos pigmeus caem para aproximadamente um terço em compa-
ração com os de outros adolescentes. Parece que IGF-I é essencial para uma arrancada
normal no crescimento durante a puberdade (Merimee et al., 1987). Hormônios também
são responsáveis pela interrupção no crescimento. No final da puberdade, níveis eleva-
dos de estrógeno e testosterona fazem com que a cartilagem remanescente da placa
epifisária sofra hipertrofia. Essas células cartilaginosas crescem, morrem e são substitu-
ídas por ossos. Sem alguma cartilagem adicional, o crescimento desses ossos cessa.
A reposição de condrócitos por osteoblastos parece depender da mineralização
da matriz extracelular. Em embriões de galinha, a fonte de cálcio é o carbonato de
cálcio da casca do ovo, e durante o seu desenvolvimento, o sistema circulatório da
galinha transloca aproximadamente 120 mg de cálcio da casca do ovo para o esque-
leto (Tuan, 1987). Quando embriões de galinha são removidos de suas cascas no
terceiro dia e crescem em cultura sem a casca (em envelopes plásticos) durante o
restante do seu desenvolvimento, muito do esqueleto cartilaginoso deficiente em
cálcio não se desenvolve em tecido ósseo (Figura 9.16; Tuan e Lynch, 1983). Nos
mamíferos, o cálcio é transferido através da placenta e depositado na matriz pelos
356 PARTE II Padrões de Desenvolvimento
Figura 9.16
Mineralização esquelética em um embrião de
pinto de 17 dias que se desenvolve (A) em
uma cultura sem casca e (B) dentro da casca
durante a incubação normal. Os embriões fo-
ram fixados e corados com vermelho de
Alizarina par mostrar a matriz calcificada. (de
Tuan e Lynch, 1983, cortesia de R. Tuan.)
(A) (B)
Cálcio na matriz
Condrócitos extracelular
Figura 9.17
Deposição de cálcio pelos condrócitos na região distal da zona hipertrófica. Cálcio (corado em
escuro nesta montagem de micrografia eletrônica) é colocado na matriz pelas células em cresci-
mento. (de Brighton e Hunt, 1974; cortesia de C. T. Brighton.)
CAPÍTULO 9 Mesoderma e Endoderma 357
[3H] Prolina
Figura 9.18
Atividade osteoclástica na matriz óssea. (A) Micrografia eletrônica da membrana franzida de um
osteoclasto de pinto cultivado em uma matriz óssea reconstituída. (B) Seção da membrana
franzida corada para detectar presença de uma ATPase capaz de transportar íons de hidrogênio da
célula. A ATPase está restrita à membrana do processo celular. (C) Solubilização de componentes
inorgânicos e colagenosos da matriz (conforme medido pela liberação de [45Ca] e prolina [3H],
respectivamente) pelos 10.000 osteoclastos incubados sobre fragmentos ósseos marcados. (A e
C de Blair et al., 1986; B de Baron et al., 1986, cortesia dos autores.)
Informações adicionais
& Especulações
Figura 9.19
Displasia óssea humana causada por mutações (i.e., a conversão de células em prolifera- ainda possuía proliferação de condrócitos
dominantes ativadoras do receptor 3 do fator ção para cartilagem madura e osso) são aos 28 anos de idade. Sua “idade óssea” - a
de crescimento fibroblástico. (A) Displasia induzidas por hormônios sexuais (Kaplan quantidade de cartilagem epifisária que ha-
tanatofórica, uma condição fatal caracterizada e Grumbach, 1990). Em condições de pu- via retido - era aproximadamente a metade
por severo encurtamento das costelas e mem- berdade precoce, existe uma arrancada no de sua idade cronológica. Descobriu-se que
bros devido à cobertura das epífises por tecido crescimento inicial (tornando o indivíduo nessa pessoa não estava presente qualquer
ósseo. A morte é devido a problemas respira- mais alto do que o seu par), seguido pela receptor de estrógeno funcional. Portanto,
tórios. (B) Fotografia por raios-X de um infan- interrupção da divisão celular epifisária o estrógeno cumpre um papel na maturação
te nascido com displasia tanatofórica. (C) Se- (permitindo que seu par alcance e ultra- epifisária no sexo masculino tanto quanto
ção microscópica mostrando a desorganização passe o seu peso). Não se pensava que, no feminino. Hormônios da tireóide e
de uma epífise na displasia tanatofórica. Notar
no sexo masculino, o estrógeno tivesse al- hormônios relacionados à paratireóide tam-
a ausência de condrócitos em divisão. (de
guma participação nesses eventos. No en- bém são importantes na regulação da matu-
Gilbert-Barness e Opitz, 1996.)
tanto, em 1994 Smith e colegas relataram o ração e no programa de hipertrofia da placa
caso verídico de um homem cujo cresci- de crescimento epifisário (Ballock e Reddi,
mento ainda era linear apesar de ter passa- 1994). Dessa forma, crianças com hipotireoi-
do por uma puberdade normal. Suas pla- dismo são susceptíveis a desenvolver do-
cas epifisárias não haviam maturado, e ele enças da placa de crescimento.[limb3.html]
(A) EMBRIÃO DE RÃ
Placa neural Crista neural
Tubo neural
Somito
Notocorda Celoma
Mesoderma
somático
Endoderma
Mesoderma
Esplâncnico
Intestino Mesoderma
médio da placa
lateral
Intestino
primitivo
Vitelo
O desenvolvimento embrionário nos répteis, aves e mamíferos tomou uma nova dire-
ção. Os répteis desenvolveram um mecanismo para depositar ovos na terra seca,
dessa forma liberando-os para explorar nichos que não estavam tão perto das águas.
Para conseguir isso, o embrião produziu quatro conjuntos de membranas extra-em-
brionárias para mediá-lo com o ambiente, e mesmo que a maior parte dos mamíferos
tenha desenvolvido placentas ao invés de cascas, o padrão básico das membranas
extra-embrionárias permaneceu o mesmo. Em répteis, aves e mamíferos em desenvolvi-
mento, inicialmente não existe distinção entre domínios embrionários e extra-embrio-
nários. No entanto, como o corpo do embrião toma forma, o epitélio lateral se divide
desigualmente para criar dobras corporais, isolando o embrião do vitelo e delineando
quais áreas deverão ser embrionárias e quais extra-embrionárias (Miller et al., 1994).
360 PARTE II Padrões de Desenvolvimento
(A) (B)
Dobra da
Cabeça do embrião Celoma Celoma
Dobra da cabeça do âmnio cabeça do âmnio Embrião
extra-embrionário extra-embrionário
Ectoderma Ectoderma Dobra caudal
do âmnio
Mesoderma somático Mesoderma somático
Endoderma Endoderma
Vitelo Vitelo
(C)
Cório Cavidade amniótica
Ectoderma
Âmnio
Tubo neural Cavidade cório-amniótica
Notocorda
Aorta
Intestino médio
Mesênquima Intestino posterior
Endoderma
Mesoderma
Esplâncnopleura
do saco vitelínico Proctódeo
Alantóide adentrando o
Invaginação Alantóica celoma extra-embrionário
(D) (E)
Embrião Membrana
alantóica Embrião
Âmnio Intestino
Alantóide
Intestino Âmnio
Cavidade Cavidade
amniótica amniótica
Cório
Cório
Vitelo Vitelo
Saco vitelínico
Membrana
Figura 9.21 alantóica
Desenho esquemático das membranas extra-
embrionárias do pinto. O embrião está corta-
do longitudinalmente e os revestimentos de
albumina e da casca não são mostrados. (A)
embrião de 2 dias. (B) Embrião de 3 dias. (C)
Diagrama esquemático detalhado da região As dobras membranosas são formadas pela extensão do epitélio ectodérmico e
caudal (posterior) do embrião do pinto, mos- endodérmico escorado pelo mesoderma. A combinação de ectoderma e mesoderma,
trando a formação da alantóide. (D) Embrião freqüentemente referida como somatopleura, forma as membranas do âmnio e cório e
de 5 dias. (E) Um embrião de 9 dias. (Segun- a combinação de endoderma e mesoderma - a esplancnopleura - forma o saco vitelínico
do Carlson, 1981.) e a alantóide. Os tecidos endodérmicos e ectodérmicos agem como células epiteliais
funcionais; e o mesoderma gera o suprimento de sangue essencial para lá e para cá do
epitélio. A formação dessas dobras pode ser observada na Figura 9.21.
CAPÍTULO 9 Mesoderma e Endoderma 361
O Coração
Células se
tornam
Anterior (rostral) notocorda
µm distante do nódulo de Hensen
Células se
tornam
Nódulo de Hensen coração
Tronco
arterioso
Ventrículo
Bulbus cordis
Seio venoso
Figura 9.22
Ectoderma Células formadoras do coração no embrião do pinto. (A) Origem de células cardíacas no embrião
precoce do pinto (estágio 3b). O padrão ântero-posterior geral do sulco primitivo é visto no
endocárdio e miocárdio do coração. (B) Modelo para a especificacão do mesoderma cardíaco.
Os caminhos da migração mesodérmica nas várias regiões do sulco primitivo estão representados
por setas. Sinais que induzem miogênese cardíaca estão representados por + , e inibidores da
Mesoderma
indução cardíaca estão representados como - . O mesoderma migratório na região 1 não encontra
indutores ou repressores. Células migrando da região 3 encontram ambos. Somente células
migrando da região 2 encontram o indutor sem o inibidor. (C) Micrografia eletrônica de varredura
do mesoderma formador do coração no embrião de pinto de 24 horas. O mesoderma é facilmente
separado do ectoderma, mas permanece em íntima associação com o endoderma. (A segundo
Garcia-Martinez e Schoenwolf, 1993; B segundo Schultheiss et al., 1995; C de Linask e Lash,
1986, cortesia de K. Linask.)
Endoderma
(C)
fusão de primórdios pareados, mas a fusão desses dois rudimentos ocorre muito
mais tardiamente no desenvolvimento. Nesses vertebrados amnióticos, o embrião
é um disco achatado, e o mesoderma da placa lateral não circunda completamente
o saco vitelínico. As prováveis células do coração se originam no sulco primitivo
precoce, um pouco posterior ao nódulo de Hensen e se estendem até cerca da
metade do seu comprimento (Figura 9.22A). Essas células migram através do sulco
e formam dois grupos de células mesodérmicas laterais ao (e no mesmo nível do)
nódulo de Hensen (Figura 9.22B; Garcia-Martinez e Schoenwolf, 1993). Quando o
embrião do pinto tiver somente 18 a 20 horas de idade, essas prováveis células do
coração se movem anteriormente entre o ectoderma e o endoderma em direção ao
meio do embrião, permanecendo em estreito contato com a superfície endodérmica
(Figura 9.22C; Linask e Lash, 1986). Quando as células alcançam a área onde o
intestino se estendeu até a região anterior do embrião, a migração cessa. O
direcionamento para essa migração parece ser fornecido pelo endoderma. Se o
endoderma da região cardíaca é girado com respeito ao resto do embrião, a migra-
ção das células mesodérmicas pré-cardíacas é invertida. Pensa-se que o compo-
nente endodérmico responsável por esse movimento é um gradiente ântero-pos-
terior de concentração da fibronectina. Anticorpos contra a fibronectina interrom-
pem a migração, enquanto anticorpos contra outros componentes da matriz extra-
celular não o fazem (Linask e Lash, 1988a,b).
CAPÍTULO 9 Mesoderma e Endoderma 363
O endoderma também faz com que as células pré-cardíacas comecem seu desen-
volvimento como músculos do coração. O endoderma anterior pode fazer com que as
células mesodérmicas não cardíacas expressem proteínas específicas do coração tan-
to em aves como em anfíbios (Jacobson, 1961; Sugi e Lough, 1994; Nascone e Mercola,
1995; Schultheiss et al., 1995). Essa diferenciação ocorre independentemente nos dois
primórdios formadores do coração, um migrando ao encontro do outro. As presuntivas
células do coração de aves e mamíferos formam um tubo de parede dupla consistindo
de um endocárdio interior e um epimiocárdio exterior. O endocárdio formará o revesti-
mento interno do coração, e o revestimento externo formará a camada dos músculos
do coração que irão bombear por toda a vida do organismo.
Com a continuação da neurulação, o intestino anterior é fechado pelo dobramento
interno do mesoderma esplâncnico (Figura 9.23). Esse movimento junta os dois tubos,
finalmente unindo o epimiocárdio em um tubo único. Os dois endocárdios ficam em
uma câmara comum por um curto período, mas também irão se fundir. Nessa altura, a
dupla câmara celômica original se une para formar a cavidade do corpo que aloja o
coração. A origem bilateral do coração pode ser demonstrada através de intervenção
cirúrgica, prevenindo a fusão do mesoderma da placa lateral (Gräper, 1907; DeHaan,
1959). Isso resulta em uma condição chamada cárdia bífida, na qual um coração em
separado se forma em cada lado do corpo (Figura 9.24). A próxima etapa na formação
do coração é a fusão dos tubos endocárdicos para formação de uma única câmara de
bombeamento (veja Figura 9.23C,D). Essa fusão ocorre aproximadamente às 29 horas
do desenvolvimento das aves e na terceira semana da gestação humana. As partes
posteriores não fundidas do endocárdio se tornam as aberturas das veias vitelínicas
para o coração (Figura 9.25). Essas veias vão carregar nutrientes do saco vitelínico
para o seio venoso. O sangue então passa através de uma lâmina semelhante à válvula
de forma achatada, para a região atrial do coração. Contrações do tronco arterioso
aceleram o sangue para a aorta.
As pulsações do coração começam enquanto os primórdios pareados ainda estão
se fundindo. O marcapasso dessa contração é o seio venoso. Contrações começam
aqui e uma onda de contração muscular é então propagada até o coração tubular.
Desse modo, o coração pode bombear sangue mesmo antes do seu intricado sistema
de válvulas ter sido completado. As células musculares do coração têm na sua própria
herança a habilidade de contrair, e células do coração isoladas de um rato com 7 dias
ou de embriões de pintos, vão continuar a bater em placas de Petri (Harary e Farley,
1963; DeHaan, 1967). No embrião, essas contrações se tornam reguladas por estímu-
los elétricos procedentes da medula oblongata via nervo vago, e em 4 dias, o
eletrocardiograma de um embrião de pinto se aproxima daquele de um animal adulto.
Somatopleura
Cavidade
Intestino pericardial Esplâncnopleura
(B)
Sulco neural (fechando) Mesênquima cefálico
Somatopleura
Cavidade
pericardial Esplancnopleura
Primórdio do Primórdio
epicárdio endocárdio
(C)
Canal neural Intestino anterior
Somatopleura
Cavidade Pericárdica
Esplancnopleura
Tubo endocárdico
Mesocárdio ventral
Epimiocárdio
(D)
Tubo neural Intestino anterior
Somatopleura
Cavidade Pericárdica
Esplancnopleura
Tubo endocárdico
Figura 9.24
Fusão dos rudimentos cardíacos esquerdos e
direitos para formar um tubo cardíaco único.
(A) Embrião de pinto (± 30 horas) mostrando
os primórdios do coração pareados, encon-
trando-se nas linhas medianas ventrais. (B)
Cárdia bífida no embrião do pinto causado pelo
impedimento da fusão de dois primórdios car-
díacos. (A cortesia de K. Linask; B cortesia de
R. L. DeHaan.)
(A) (B)
Raízes aórticas
Bulbus Bulbus
cordis cordis Sulco
bulboventricular Átrio
esquerdo
Ventrículo Ventrículo
Átrio Átrio
Seio Venoso
Veias Seio venoso
vitelínicas
21 dias 22 dias 24 dias
Válvula
Colchões do seio
endocárdicos coronário
fundidos
Figura 9.26
Formação das câmaras do coração. (A) Corte
diagramático transversal do coração humano
de 4,5 semanas. Os septos do ártrio e do ven-
trículo estão crescendo em direção ao colchão
endocárdico. (B) Seção transversal do cora- baço tanto do lado esquerdo como direito do corpo) está associada a corações com
ção humano antes do nascimento. O sangue dois lados esquerdos, enquanto asplenia (ausência do baço) está associada a cora-
pode passar do lado direito do coração para o ções com dois lados direitos (Anderson et al., 1990; Ho et al., 1991). O mecanismo
esquerdo, através das aberturas nos septos para a assimetria esquerda-direita não é entendido, mas Tsuda e colegas (1996)
primários e secundários do átrio. (Segundo mostraram uma deposição assimétrica precoce da proteína flectina, da matriz extra
Larsen, 1993.) celular, a qual pode predispor um lado do coração a se desenvolver diferentemente
do outro (Prancha 33)*.
Somitos
Estágio
Artéria Subclávia Veia marginal
Figura 9.30 posterior
Vascularização do membro anterior do pinto. (A) Desenvolvimento do sistema vascular durante
o desenvolvimento precoce do broto alar do pinto. A periferia do broto é avascular; e mais
regiões avasculares se formarão nas regiões onde os condrócitos irão se condensar para formar
os precursores cartilaginosos para o osso. (B) Vista dorsal do broto alar injetado com tinta da
China no estágio 22. (A segundo Feinberg, 1991; B de Feinberg e Cafasso, 1995; fotografia
cortesia do Dr. R. N. Feinberg.)
crescimento vascular endotelial (VEGF), que parece ser específica para permitir a
diferenciação dos angioblastos e sua multiplicação para formar os tubos endoteliais.
Além disso, os receptores para VEGF são encontrados nas ilhas de sangue e em
outros lugares onde VEGF pode estar ativo (Millauer et al., 1993). Se embriões de
camundongos não possuem os genes codificando o principal receptor para VEGF
(FlK1 tirosina quinase) as ilhas de sangue do saco vitelínico não aparecem, e a vascu-
(B)
logênese não ocorre. Camundongos carentes de genes para o segundo receptor para
VEGF (Flt1 tirosinoquinase), têm as células endoteliais e ilhas de sangue diferencia-
das, mas essas células não são organizadas em vasos sangüíneos (Fong et al.,1995;
Shalaby et al., 1995). Um terceiro fator, angiopoietina-1, intermedia a interação entre as
células endoteliais e os músculos lisos recrutados para cobri-las. Mutações de cada
uma dessas angiopoietinas ou seus receptores levam a vasos sangüíneos mal-forma-
dos, deficientes em músculos lisos que normalmente os envolvem (Davis et al.,1996;
Suri et al., 1996; Vikkula et al., 1996).
Figura 9.31
Produção do fator da angiogênese pelo tecido
fetal de camundongo. Hibridização in situ mos-
tra que mRNA para VEGF secretado é sinteti-
zado pelos glomérulos do rim fetal do camun-
dongo de 15 dias. A fotografia em campo ilu-
minado à esquerda corresponde a auto-radio-
grafia em campo escuro à direita. (de Breier et
al., 1992, cortesia de W. Risau.)
Arcos aórticos
Coração
Aorta Veia
dorsal vitelínica
Artéria
vitelínica
Capilares
Seio terminal
Figura 9.32
Sistema circulatório do embrião de ave pre-
coce. (A) Construção da vasculatura em um
formam dentro do tronco arterioso para criar dois vasos diferentes. Somente quan- somito –7 de embrião de codorna corado com
do a primeira respiração do animal recém-nascido indica que os pulmões estão pre- um anticorpo fluorescente que reconhece cé-
parados para a oxigenação do sangue, o coração se modifica para bombear sangue lulas endoteliais. A ilhas de sangue podem
ser vistas nas margens. (B) Sistema circulató-
separadamente para a artéria pulmonar.
rio de um embrião de pinto de 44 horas. Esta
visão mostra artérias em cor; as veias estão
pontilhadas. O seio terminal é o limite externo
do sistema circulatório e o local da geração
das células do sangue. (Montagem fotográfi-
Veia cardinal ca de Pardanaud et al., 1987; cortesia do Dr.
posterior
Vilosidades F. Dieterlen-Lièvre; B segundo Carlson, 1981.)
Artéria Veia cardinal comum
coriônicas
e veia Aorta dorsal
vitelínica
Broto pulmonar
Bolsa faríngea IV
Arco aórtico III
Raiz aórtica ventral
Placenta Veia
umbilical Artéria
carótida Figura 9.33
Artéria Interna Sistema circulatório de um embrião humano de
Umbilical
4 semanas. Embora nesse estágio todos os
vasos sangüíneos principais estejam pareados
à esquerda e à direita, somente são mostrados
os vasos à direita. As artérias estão coloridas.
Saco vitelínico
(de Carlson, 1981.)
372 PARTE II Padrões de Desenvolvimento
Informações adicionais
& Especulações
H
em
ác
ia
s
fe
ia
ta
s
is
m
at
e rn
ai
s
ác
Forame oval
Forame oval
está aberto
Veia cava
inferior
Ducto venoso Pulmão
Parede
corporal
Rim
Fígado
Veia
umbilical De e para o NEONATO
Intestino
Artérias
umbilicais Ducto arterioso
se fecha
De e para as pernas
Forame oval
se fecha
Placenta
Figura 9.35
Redirecionamento do fluxo sangüíneo no nascimento. A expansão de ar para os pulmões causa
alterações de pressão que redirecionam o fluxo de sangue para o neonato. O ducto arterioso se
comprime e se fecha, rompendo a conexão entre a aorta e a artéria pulmonar, e o forame oval, uma
passagem entre os átrios esquerdo e direito, também se fecha. Dessa maneira, a circulação
pulmonar fica separada da circulação sistêmica.
Enquanto muitas das células que possuímos hoje são as mesmas células que adquiri-
mos quando éramos embriões, existem diversas populações de células que estão
constantemente se regenerando. Perdemos e repomos aproximadamente 1011 hemácias
e pequenas células intestinais cada dia. De onde vêm essas células de reposição? Elas
são procedentes de populações de células-tronco. Uma célula-tronco é capaz de
374 PARTE II Padrões de Desenvolvimento
diferenciação
Maturação e
para baixo, para tipos mais diferenciados de células. As células-tronco iniciais (S) podem
permanecer quiescentes (na fase G0 ) ou entrar no ciclo celular. Células-tronco que produzem
mais células-tronco permanecem em um nível, mas podem se dividir para produzir um tipo de
célula de transição que “cai “ para o próximo nível. Em cada nível mais baixo, a probabilidade de
cair ainda mais na próxima divisão aumenta. Finalmente, uma célula madura diferenciada é
gerada. (Segundo Potten e Loeffer, 1990).
Célula-tronco
Fase S extensa proliferação, criando mais células-tronco (auto-renovação) assim como uma
progênie celular mais diferenciada. Células-tronco são, na realidade, uma população
embrionária de células, que sofrem um desenvolvimento posterior dentro de um orga-
Ciclo
celular
nismo adulto. Nossas células sangüíneas, células das criptas intestinais, epiderme e
espermatócitos (em homens) são populações em estado estável de equilíbrio no qual
a produção de células equilibra-se com a perda de células (Hay, 1966). Na maioria dos
casos, as células-tronco podem regular a produção de mais células-tronco ou mais
Mitose (M) Reabastecendo nicho células diferenciadas, quando o equilíbrio é estressado por lesão ou pelo meio ambi-
do tronco (renovação
Diferenciação
/regeneração) ente. (Isso é percebido pelo aumento da produção de uma grande quantidade de
hemácias quando o organismo sofre anoxia.) As células-tronco foram identificadas em
Célula-tronco intermediária
todos os tecidos mencionados anteriormente, mas elas são mais estudadas no desen-
tipo 1 volvimento das hemácias.
Potten e Loeffler (1990) apresentaram uma visão na qual algumas células-tronco
são potencialmente células-tronco não-cíclicas presas em Go, enquanto outras célu-
las-tronco estão ativamente no ciclo celular. Uma célula-tronco em ciclo, normalmente
se divide para criar mais células-tronco, mas também pode gerar um tipo de célula-
tronco transitório intermediário (T1). Uma célula T1 pode regenerar-se, mas normal-
Célula-tronco mente prossegue para produzir um segundo tipo de célula transitória, T2. (Sob certas
intermediária tipo 2
condições, uma célula T1 pode regenerar a célula-tronco original se a população de
células-tronco original estiver muito esgotada.) A célula T2 pode se manter, mas nor-
malmente se divide para criar células T3. Finalmente, um tipo de célula transitória é
produzida, que sempre amadurece para um tipo de célula diferenciada (Figura 9.36).
Assim, o corpo vertebrado retém populações de células-tronco, e essas células-tron-
Célula-tronco co podem produzir tanto populações de células-tronco como de células que passarão
intermediária tipo 3 por um desenvolvimento futuro.
O caminho do desenvolvimento pelo qual uma célula-tronco passa depende do
meio molecular no qual ela reside. Isso se tornou aparente quando evidências experi-
mentais mostrou que hemácias (eritrócitos), células brancas (granulócitos, neutrófilos
Blastocélula comprometida e plaquetas), e linfócitos compartilham de um precursor comum, a célula-tronco
com a diferenciação
hematopoiética pluripotencial (por vezes chamada de célula-tronco hematopoética
repopuladora a longo prazo).
Células--Tronco Pluripotenciais e
Células
Microambientes Hematopoéticos
Célula madura
totalmente diferenciada
O CFU-S. A célula-tronco hematopoética pluripotencial é uma das células mais im-
pressionantes do nosso corpo. A partir dela irão surgir eritrócitos, neutrófilos,
M Reprodução (divisão / mitose) basófilos, eosinófilos, plaquetas, mastócitos, monócitos, macrófagos dos tecidos,
Auto-reprodução / replicação osteoclastos, e os linfócitos T e B. A existência de uma célula-tronco hematopoética
Reprodução / Replicação pluripotencial foi mostrada por Till and McCulloch (1961), que injetaram células da
medula óssea em camundongos fatalmente irradiados, procedentes da mesma linha-
gem genética que os doadores da medula. (A irradiação mata as células
hematopoiéticas do hospedeiro, permitindo que se veja as novas colônias do ca-
mundongo doador.) Algumas dessas células doadoras produzem nódulos discretos
no baço do animal hospedeiro (Figura 9.37). Estudos microscópicos mostraram que
esses nódulos são compostos de precursores de eritrócitos, granulócitos e plaquetas.
Assim, uma única célula oriunda da medula óssea foi capaz de formar muitos dos
CAPÍTULO 9 Mesoderma e Endoderma 375
CÉLULAS-
TRONCO RESTRI-
CÉLULAS-TRONCO CÉLULAS EM CÉLULAS
TIVAS DE LINHA-
PLURIPOTENTES DIFERENCIAÇÃO DIFERENCIADAS
GEM (COMPRO-
METIDAS)
Célula-tronco
linfóide Célula plasma
Célula pré-B Célula-B
e
F ent
SC mbi
oa
i cr Basófilos
M
Célula-tronco
de granulócitos Eosinófilos
Mic
roa
SCF i e n t e
mb
Neutrófilos
Célula-tronco
totipotente auto- Monócito
renovadora
Célula-tronco
mielóide
Macrófagos
CFC-Meg
Megacariócito
Plaquetas
Eriotroblasto
Células sangüíneas
Proeritroblasto Reticulócito
vermelhas (hemácias)
(Eritrócitos)
Figura 9.38
Um modelo para a origem de células linfóides e de sangue de mamíferos. (Outros modelos são
consistentes com os dados e este sumariza aspectos de diversos modelos). EPO, eritropoietina;
G-CSF, fator estimulador de colônias de granulócitos; GM-CSF, fator estimulador de colônias
de granulócitos-macrófagos; IL, interleucina; LIF, fator inibidor de leucemia; M-CSF, fator
estimulador de colônias de macrófagos; SCF, fator de células-tronco. (Segundo Nakauchi e
Gachelin, 1993.)
CAPÍTULO 9 Mesoderma e Endoderma 377
Desenvolvimento Osteoclástico
pelo fornecimento de estrógeno ao indivíduo, e essa perda óssea foi associada com
o aumento da produção de osteoclastos. Acredita-se que o osteoclasto (célula res-
ponsável para formar buracos nos ossos, como descrito anteriormente) é proceden-
te da mesma célula-tronco que os macrófagos e granulócitos, o CFU-GM (Kurihara
et al., 1990; Hattersley et al., 1991). O fator de crescimento interleucina 6 (IL-6)
estimula a produção de osteoclastos. No entanto, a produção de IL-6 é inibida pelo
estrógeno que, quando é adicionado às células de medula de camundongo em cul-
tura, tanto a produção de IL-6 como a de osteoclastos são inibidas (Girasole et al,
1992). Jilka e colegas (1992) mostraram que a remoção dos ovários do camundongo
causa um aumento no número de CFU-GMs, acentuando o desenvolvimento do
osteoclasto, e um aumento no número de osteoclastos encontrados no osso. Essas
mudanças podem ser prevenidas injetando nesses camundongos estrógeno ou IL-
6. Isso sugere que o estrógeno normalmente suprime a produção de IL-6 e a forma-
ção de osteoclastos em fêmeas de mamíferos, e que a perda óssea pós-menopausa
pode ser devida à produção de novos osteoclastos pela IL-6.* [mesend4.html]
Locais de Hematopoiese
*Então, como os machos - que não têm ovários ou mesmo estrógeno - normalmente não sofrem
perda óssea osteoporótica? Parece que a testosterona também suprime o desenvolvimento osteoclástico
(Bellido et al., 1995). Nos seres humanos machos, a produção de testosterona é normalmente mantida
com a chegada da idade. Dada a fisiologia do osteoclasto, nós podemos apreciar a intuição presciente
de H. L. Menken (1919): “A vida é uma luta, mas não contra o pecado ou o Poder Econômico, ou
contra o malicioso magnetismo animal, mas contra os íons de hidrogênio”.
(B)
Célula
de pinto
Célula
Figura 9.39
de codorna
Mapeamento de células sangüíneas por quime-
ras pinto-codorna. (A) Fotografia de uma “qui-
mera de saco vitelínico” onde o blastoderma de
uma codorna foi transplantado para o saco
vitelínico de um pinto. (B) Fotografia de célu-
las de pinto e de codorna no timo de um animal
quimérico, mostrando a diferença na coloração
nuclear. As células linfóides são todas de pin-
to, enquanto as células estruturais do timo são
originárias da codorna. (C) Seção através da
aorta de um embrião de pinto de três dias, mos-
trando as células (setas) que dão origem às cé-
lulas-tronco hematopoiéticas. Se células dessa
região forem retiradas de embriões de codorna
e colocadas em embriões de pinto, os embriões
de pinto terão sangue de codorna. (de Martin
et al., 1978, e Dieterlen-Lièvre e Martin, 1981,
fotografias cortesia de F. Dieterlen-Lièvre.) (A) (C)
CAPÍTULO 9 Mesoderma e Endoderma 379
pinto em um vitelo de codorna japonesa (Figura 9.39). As células do pinto são facil-
mente distinguidas daquelas da codorna porque o núcleo celular da codorna escurece
muito mais (devido a seus densos nucléolos), assim fornecendo uma marca permanen-
te para a distinção entre os dois tipos de células. Usando essas “quimeras do saco
vitelínico”, Dieterlen-Lièvre e Martin (1981) mostraram que as células-tronco do saco
vitelínico não contribuem com células para o animal adulto, mas que as verdadeiras
células-tronco são formadas dentro dos nódulos do mesoderma que revestem os
principais vasos sangüíneos e o mesentério. Esses são os hemangioblastos que são
derivados da esplancnopleura (veja Figura 9.28; Pardanaud et al., 1996). No embrião
de pinto de 4 dias, a parede da orta parece ser a fonte mais importante de células
sangüíneas novas, onde foi encontrado numerosas células-tronco hematopoiéticas
(Cormier e Dieterlen-Lièvre, 1988).
Nos mamíferos a situação é mais controversa, mas começa a ficar bem parecida
com a do pinto. As primeiras ilhas sangüíneas no embrião do camundongo aparecem
no mesoderma extra-embrionário e saco vitelínico. Essas células parecem ter ativida-
de de CFU-C. Essa população derivada do saco vitelínico é provavelmente transitó-
ria ou pode suprir somente as necessidades respiratórias do embrião (produzindo
hemácias nucleadas). No décimo primeiro dia, células-tronco hematopoiéticas e cé-
lulas CFU-S podem ser encontradas na região mesodérmica embrionária do camun-
dongo que inclui a aorta, gônadas e mesonefro (a região AGM; Kubai e Auerbach,
1983; Godlin et al., 1993; Medvinsky et al., 1993). Essas são as precursoras das
células sangüíneas que irão colonizar o fígado e constituir o sistema circulatório do
feto e do adulto (Medvinsky e Dzierak, 1996). Müller e colegas (1994) propuseram
(A) (B)
AGM
Saco vitelínico
Aorta dorsal
Prônefro
Mesonefro
Sulco genital
AGM CFU-C no
rudimento hepático
CFU-C
CFU-S
Figura 9.40 Célula-tronco
hematopoiéticas no fígado
que duas ondas de células colonizam o fígado fetal. A população menor dessas
células viriam do saco vitelínico e seriam predominantemente células CFU-C. A mai-
or parte da população viria de sítios AGM e constituiriam tanto CFU-S como células-
tronco hematopoiéticas pluripotentes (Figura 9.40). Essa proposta foi fortalecida
com a descoberta de que camundongos com deficiência no fator de transcrição
AML1 possuem hematopoiese normal dos sacos vitelínicos, mas não tem
hematopoiese (AGM) definitiva (Okuda et al., 1996). Esses camundongos mutantes,
morrem no dia embrionário 12,5. O seu fígado contém um pequeno número de hemácias
nucleadas primitivas, enquanto os fígados controles estão repletos de células
sangüíneas derivadas da AGM. A proteína AML é essencial para a ativação dos
genes envolvidos na hematopoiese difinitiva. Ao redor da época do nascimento, as
células-tronco do fígado povoam a medula óssea, que assim se torna o principal
local formador de sangue por toda a vida adulta.
QENDODERMA
Faringe
A função do endoderma embrionário é construir o revestimento de dois tubos den-
tro do organismo. O primeiro se estende através do comprimento do corpo; é o tubo
digestivo. Brotos desse tubo formam o fígado, vesícula biliar e o pâncreas. O segun-
do, é o tubo respiratório, que cresce a partir do tubo digestivo, finalmente se bifur-
cando e se transformando nos dois pulmões. Os tubos digestivo e respiratório
dividem uma câmara comum na região anterior do embrião; essa região é chamada de
faringe. Bolsões epiteliais exteriores da faringe dão origem as amígdalas, as glându-
las tireóide, timo e paratireóide.
Os tubos digestivo e respiratório são ambos derivados do intestino primitivo
(Figura 9.41). Com o avanço do endoderma em direção ao centro do embrião, são
formados o intestino anterior e posterior. Antes, a parte terminal oral é bloqueada por
uma região do ectoderma chamada placa oral, ou estomodeu. Finalmente (aproximada-
mente após 22 dias nos embriões humanos), o estomodeu se rompe, criando a abertura
oral do tubo digestivo. Essa abertura é revestida por células ectodérmicas. Esse arran-
jo cria uma situação interessante, porque o ectoderma da placa oral está em contato
com o ectoderma do cérebro, qual se curvou ao redor da porção ventral do embrião. As
duas regiões ectodérmicas interagem mutualmente uma com a outra. A cobertura da
região oral forma a bolsa de Rathke e se torna a parte glandular da glândula pituitária.
O tecido neural no assoalho do diencéfalo dá origem ao processo infundibular, que se
torna a porção neural da pituitária. Assim, a glândula pituitária tem um dupla origem:
essa natureza dupla se reflete em suas funções no adulto.
A porção endodérmica dos tubos digestivo e respiratório, se inicia na faringe.
Aqui, o embrião de mamífero produz quatro pares de bolsas faríngeas (Figura 9.42).
Em vertebrados aquáticos, essas estruturas produzem as guelras, porém, as bolsas
faríngeas humanas foram modificadas para o ambiente terrestre. Como discutido no
Capítulo 7, células da crista neural craniana migram para essas bolsas para formar o
componente mesenquimatoso ou cartilaginoso dessas estruturas revestidas de
endoderma. Entre essas estruturas estão os arcos faríngeos. O primeiro par das
bolsas faríngeas se torna as cavidades auditivas do ouvido médio e os tubos de
eustáquio associados. O segundo par dá origem às paredes das amígdalas. O timo é
derivado do terceiro par de bolsas faríngeas; ele irá direcionar a diferenciação dos
linfócitos T durante os estágios tardios do desenvolvimento. Um par das glândulas
paratireóides também deriva do terceiro par das bolsas faríngeas; o outro par deriva
do quarto. Além dessas bolsas pareadas, um pequeno divertículo central é formado
entre as segundas bolsas faríngeas no assoalho da faringe. Essa bolsa de endoderma
e mesênquima brotará da faringe e migrará descendo pelo pescoço para se tornar a
glândula tireóide.
CAPÍTULO 9 Mesoderma e Endoderma 381
(A) (B)
Nódulo de Hensen
Notocorda Vilosidade coriônica
Sulco neural
Âmnio
Somito
Cavidade
amniótica Mesoderma somático
Mesoderma esplâncnico
Saco vitelínico
Intestino médio
Mesentério
Dorsal Tubo Neural
Mesentério Tubo
Mesoderma dorsal
Somático neural
Pâncreas
Intestino Cavidade dorsal
Médio abdominal
Peritônio
visceral
Saco vitelínico Peritônio
Duodeno
parietal
Mesentério
Dorsal
Figura 9.41
Formação do sistema digestivo humano, apresentado após aproximadamente (A) 16 dias, (B) 18
dias, (C) 22 dias e (D) 28 dias. (Segundo Crelin, 1961.)
382 PARTE II Padrões de Desenvolvimento
Pâncreas Duto
dorsal Duto biliar
pancreático Duto
Vesícula Vesícula biliar Vesícula biliar Dorsal Duodeno pancreático
biliar Broto Broto ventral
Pâncreas Duodeno Duto
pancreático pancreático ventral pancreático ventral Duto
ventral dorsal pancreático principal
(A) (B) (C) (D)
Figura 9.43
Desenvolvimento pancreático em humanos. (A)
Após 30 dias, o broto pancreático ventral está
próximo aos primórdios hepáticos. (B) Aos 35
desenvolve através de interações entre o epitélio e seu mesênquima associado. dias começa a migrar posteriormente e (C) en-
Ambos tecidos têm especificidades proporcionadas por sua posição ao longo do tra em contato com o broto pancreático dorsal
eixo ântero-posterior (a ser discutido nos Capítulos 16 e 17). Se o epitélio pancreáti- durante a sexta semana do desenvolvimento.
co é cultivado num ambiente permissivo na ausência de mesênquima, ele se diferen- (D) Na maioria dos indivíduos, o broto pan-
creático dorsal perde o seu duto para o duodeno;
cia quase inteiramente em células de llhotas, secretoras de insulina e glucagon. Não
porém, em cerca de 10 porcento da população,
são produzidas estruturas acinares (secretoras de quimotripsina ou amilase) nem o sistema duplo de dutos persiste. (Segundo
dutos (Gittes et al., 1996). Isso sugere que a condição de “ausência de comando” do Langman, 1981.)
epitélio pancreático é a de produzir hormônios endócrinos e que as células secretoras
e os dutos característicos de sua função digestiva (exócrina) são resultado de suas
interações com o mesênquima. O gene pdx-1 parece fornecer ao epitélio pancreático
a capacidade de responder a seu mesênquima. Camundongos carentes desse gene
não apresentam pâncreas, embora seu epitélio seja capaz de se diferenciar em
células pré-ilhotas que sintetizam pequenas quantidades de glucagon e insulina
(Johnson et al., 1994; Ahlgren et al., 1996; Offield et al., 1996). O epitélio pancreá-
tico, portanto, pode ter capacidade endócrina autônoma, mas necessita interagir
com o mesênquima para formar células exócrinas e os dutos que transportam suas
secreções para o duodeno.
OTubo R
Tubo espiratório
Respiratório
Os pulmões também são um derivado do tubo digestivo, embora não tenham papel na
digestão. No centro do assoalho faríngeo, entre o quarto par de bolsas faríngeas, o
sulco laringotraqueal estende-se ventralmente (Figura 9.44). Esse sulco se bifurca em
seguida em dois ramos, que formam o par de brônquios e pulmões. O endoderma
laringotraqueal torna-se o revestimento da traquéia, os dois brônquios e os sacos
aéreos (alvéolos) dos pulmões. Como veremos em um próximo capítulo, a ramificação
desse tubo endodérmico depende de interações com os diferentes tipos de células
mesodérmicas ao longo de sua trajetória.
Os pulmões são uma novidade evolucionária, e estão entre os últimos órgãos do
mamífero a se diferenciar totalmente. Os pulmões têm que ser capazes de recolher
oxigênio no momento da primeira respiração do bebê. Para conseguí-lo, as células
alveolares secretam um surfactante para o fluido que banha os pulmões. Esse
surfactante, consistindo de fosfolipídios tais como a esfingomielina e a lecitina, é
secretado muito tardiamente na gestação, e usualmente atinge níveis úteis fisiologica-
mente ao redor da semana 34 da gestação humana. Esses compostos permitem às
células alveolares tocarem-se mutuamente, sem se colarem. Assim, infantes nascidos
prematuramente, freqüentemente têm dificuldade respiratória e têm que ser colocados
em respiradores até o amadurecimento de suas células produtoras de surfactante.
384 PARTE II Padrões de Desenvolvimento
Brotos dos
Divertículo respiratório membros
(Sulco laringotraqueal)
Esôfago
LITERATURA CITADA
Abrarnson, S., Miller, R. G. and Phillips, R. A. in chemically defined medium. J. Cell Biol. 126: Berardi, A. C., Wang, A., Levíne, J. D., Lopez,
1977. The identification in adult bone marrow 1311-1318. P. and Scadden, D. T. 1995. Functional
of pluripotent and restricted stem cells of the Barnes, G. L., Hsu, C. W., Mariani, B. D. and characterization of human hematopoietic stem
rnyeloid and lymphoid systems. J. Exp. Med. Tuan, R. S. 1997. Cloning and characterization cells. Science 267: 104-108.
145: 1567-1579.
of chicken paraxis: A regulator of somite Bischoff, R. and Holtzer, H. 1969. Mitosis and
Ahlgren, U., Jonnson, J. and Edlund, H. 1996. segmentation. Dev. Biol. In press. processes of differentiation of myogenic cells
The morphogenesis of the pancreatic mesen- in vitro. J. Cell Biol. 41: 188-200.
Baron, R., Neff, L., Louvard, D. and Courtoy,
chyme is uncoupled from that of the pancreatic P. J. 1985. Cell mediated extracellular Blair, H. C., Kahn, A. J., Crouch, E. C., Jeffrey, J.
epithelium in IPF/PDX1-deficient mice. Deve-
acidification and bone resorption: Evidence for J. and Teitelbaum, S. L. 1986. Isolated osteoclasts
lopment 122: 1409-1416.
a low pH in resorbing lacuna and localization resorb the organic and inorganic components of
Alini, M., Marriott, A., Chen, T., Abe, S. and of a 100-kD lysosornal membrane protein at bone. J. Cell Biol. 102: 1164-1172.
Poole, A. R. 1996. A novel angiogenic molecule the osteoclast ruffled border. J. Cell Biol. 101:
Bloom, W. and Fawcett, D. W. 1975. Textbook
produced at the time of chondrocyte hypertro- 2210-2222.
of Histology, 10th Ed. Saunders, Philadelphia.
phy during endochondral bone formation. Dev.
Baron, R., Neff, L., Roy, C., Boisvert, A. and
Biol. 176: 124-132. Caplan, M. 1986. Evidence for a high and Boettiger, D., Enomoto-Iwamoto, M., Yoon,
Anderson, C., Devine, W. A., Anderson, R. H., specific concentration of (Na+,K+) ATPase in H. Y., Hofer, U., Menko, A. S. and Chiquet-
Debich, D. E. and Zuberbuhler, J. R. 1990. the plasma membrane of the osteoclast. Cell Ehrismann, R. 1995. Regulation of integrin (a5bl
Abnormalities of the spleen in relation to congenital 46: 311-320. affinity during myogenic differentiation. Dev.
malformation of the heart: A survey of necropsy Biol. 169: 261-272.
Becker, A. J., McCulloch, E. A. and Till, J. E.
findings in children. Br. Heart J. 63: 122-128. 1963. Cytological demonstration of the clonal Braun, T. and Arnold, H.-H., 1996. Myf-5 and
Ash, P. J., Loutit, J. F. and Townsend, K. M. S. nature of spleen cells derived from transplanted myoD genes are activated in distinct mesenchy-
1980. Osteoclasts derived from haematopoietic mouse marrow cells. Nature 197: 452-454. mal stem cells and determine different skeletal
stem cells. Nature 283: 669-670. muscle lineages. EMBO J. 15: 310-318.
Bellido, T. and seven others. 1995. Regulation
Auerbach, R., Alby, L., Morrissey, L., Tu, M. of interleukin-6, osteoclastogenesis, and bone Braun, T., Rudnicki, M. A., Arnold, H.-H. and
and Joseph, J. 1985. Expression of organspecific mass by androgens: The role of the androgen Jaenisch, R. 1992. Targeted inactivation of the
antigens on capillary endothelial cells. Micro- receptor. J. Clin. Invest. 95: 2886-2895. muscle regulatory gene Myf-5 results in abnormal
vasc. Res. 29: 401-411. rib development and perinatal death. Cell 71:
Bellus, G. A. and eight others. 1995. A recurrent 369-382.
Ballock, R. T. and Reddi, A. H. 1994. Thyroxine mutation in the tyrosine kinase domain of
is the serum factor that regulates morphogenesis fibroblast growth factor receptor 3 causes Breier, G., Albrecht, U., Sterrer, S. and Risau, W.
of columnar cartilage from isolated chondrocytes hypochondroplasia. Nat. Genet. 10: 357-359. 1992. Expression of vascular endothelial growth
CAPÍTULO 9 Mesoderma e Endoderma 385
factor during embryonic angiogenesis and segmentation of somites. Development 121: Evans, H. M. 1909. On the earliest blood vessels
endothelial cell differentiation. Development 1533-1545. in the anterior limbs of bircís and their relation
114:521-532. Cormier, F. and Dieterlen-Lièvre, F. 1988. The to the primary subclavian artery. Am. J. Anat.
9: 281-319.
Brighton, C. T. 1984. The growth plate. Orthop. wall of the chick aorta harbours M-CFC, G-
Clin. North Am. 15: 571-594. CFC, GM-CFC and BFU-E. Development 102: Fan, C. M. and Tessier-Lavigne, M. 1994.
279-285. Patterning of mammalian somites by surface
Brighton, C. T. and Hunt, R. M. 1974. ectoderm and notochord: Evidence for sclero-
Mitochondrial calcium and its role in calcifica- Cossu, G., Kelly, R., Tajbakhsh, S., Di Donna, S.,
tome induction by a hedgehog homolog. Cell
tion. Clin. Orthop. 100: 406-416. Vivarelli, E. and Buckingham, M. 1996a.
79: 1175-1186.
Activation of different rnyogenic pathways:
Brill, G., Kahane, N., Carmeli, C., von myf-5 is induced by the neural tube and MyoD Feinberg, R. N. 1991. Vascular development in
Schack, D., Barde, Y.-A. and Kalcheim, C. by the dorsal ectoderm in mouse paraxial the embryonic limb bud. In R. N. Feinberg, G. K.
1995. Epithelial-mesenchymal conversion mesoderm. Development 122: 429-437. Sherer, and R. Auerbach (eds.), The Developrnent
of dermatome progenitors requires neural of the Vascidar Systein. Issues in Biornedicine
tube-derived signals: Characterization of the Cossu, G., Tajbakhsh, S. and Buckingham, M.
14. Karger, Basel, pp. 136-148.
role of neurotrophin-3. Development 121: 1996b. How is rnyogenesis initiated in the
2583-2594. embryo? Trends Genet. 12: 218-223. Feinberg, R. N. and Cafasso, E. 1995. Macro-
molecular permeability of chick wing microves-
Brunetti, A. and Goldfine, I. D. 1990. Role of Couly, G., Coltey, P., Eichmann, A. and
sels: An intravital study. Anat. Embryol. 191:
rnyogenin in myoblast differentiation and its LeDouarin, N. M. 1995. The angiogenic
337-342.
regulation by fibroblast growth factor. J. Biol. potentials of the cephalic mesoderm and the
Chem. 265: 5960-5963. origin of brain and head blood vessels. Mech. Fidler, I. J. and Ellis, L. M. 1994. The implications
Dev. 53: 97-112. of angiogenesis for the biology and therapy of
Burgess, R., Cserjesi, P., Ligon, K. L. and Olson, cancer metastsis. Cell 70: 185-188.
E. N. 1995. Paraxis: A basic helixlop-helix Creliri, E. S. 1961. Development of the
protein expressed in paraxial mesoderm and gastrointestinal tract. Clin. Symp. 13: 68-82. Flamme, I. and Risau, W. 1992. Induction of
developing somites. Dev. Biol. 168: 296-306. vasculogenesis and hematogenesis in vitro. De-
Cserjesi, P. and seven others. 1995. A basic helix-
velopment 116: 435-439.
Burgess, R., Rawls., Brown, D., Bradley, A. and loop-helix protein that prefigures skeletal
Olson, E. N. 1996. Requirement of the praxis formation during mouse embryogenesis. Deve- Flamme, I., von Reutern, M., Dexter, H. C. A.,
gene for somite formation and musculoskeletal lopment 121: 1099-1110. Syedali, S. and Risau, W. 1995. Overexpression
patterning. Nature 384: 570-573. of vascular endothelial growth factor in avian
David, J. D., See, W. M. and Higginbotham, C.
embryos induces hypervascularization and
Carlson, B. M. 1981. Patten’s Foundations of A. 1981. Fusion of chick embryo skeletal
increased vascular permeability without
Embryolqg,y. McGraw-Hill, New York. myoblasts: Role of calcium influx preceding
alterations of embryonic pattern formation. Dev.
membrane union. Dev. Biol. 82: 297-307.
Chen, C.-M., Kraut, N., Groudine, M. and Biol. 171: 399-414.
Weintraub, H. 1996. I-mf, a novel myogenic Davis, R. L., Weintraub, H. and Lassar, A. B.
1987. Expression of a single transfected cDNA Fong, G.-H., Rossant, J., Gertenstein, M. and
repressor, interacts with members of the MyoD Breitman, M. L. 1995. Role of the Flt-1 recep-
family. Cell 86: 731-741. converts fibroblasts into myoblasts. Cell 51:
987-1000. tor tyrosine kinase in regulating the assembly of
Chen, Q., Johnson, D. M., Haudenschild, D. R. vascular endothelium. Nature 376: 66-70.
and Goetinck, P. F. 1995. Progression and Davis, S. and ten others. 1996. Isolation of
angiopoietin-1, a ligand for the TIE2 receptor, Garcia-Martinez, V. and Schoenwolf, G. C.
recpitulation of the chondrocyte differentiati- 1993. Primitive-streak origin of the cardio-
on program: Cartilage matrix protein is a by secretion trap expression cloning. Cell 87:
1161-1169. vascular system in avian embryos. Dev. Biol.
marker for cartilage maturation. Dev. Biol. 172: 159: 706-719.
293-306. DeHaan, R. 1959. Cardia bifida and the develo-
pment of pacemaker function in the early George-Weinstein, M. and nine others. 1996.
Chevallier, A., Kieny, M., Mauger, A. and Sengel, Skeletal myogenesis: The preferred pathway of
P. 1977. Developmental fate of the somitic chicken heart. Dev. Biol. 1: 586-602.
chick embryo epiblast cells in vitro. Dev. Biol.
mesoderm in the chick embryo. In D. A. Ede, J. DeHaan, R. L. 1967. Regulation of sponta- 173: 279-291.
R. Hinchliffe and M. Balls (eds.), Vertebrate Limb neous activity and growth of embryonic chick
and Somite Morphogenesis. Cambridge Univer- heart cells in tissue culture. Dev. Biol. 16: Gilbert-Barness, E. and Opitz, J. M. 1996.
sity Press, Cambridge, pp. 421-432. 216-249. Abnormal bone development: Histopatholo-
gy and skeletal dysplasias. In M. E. Martini-
Christ, B., Jacob, H. J. and Jacob, M. 1977. Ex- Deng, C., Wynshaw-Boris, A., Zhou, F., Kuo, A. Neri, G. Neri, and J. M. Opitz, (eds.), Gene
perimental analysis of the origin of the wing and Leder, P. 1996. Fibroblast growth factor Regulation and Fetal Development: March
musculature in avian embryos. Anat. Embryol. receptor-3 is a negative regulator of bone growth. of Dimes Birth Defects Fonndation Original
150: 171-186. Cell 84: 911-921. Article Series 30 (1), Wiley-Liss, NY. pp.
Chuong, C.-M., Widelitz, R. B., Jiang, T.-X., Dieterlen-Lièvre, F. and Martin, C. 1981. 103-156.
Abbott, U. K., Lee, Y.-S. and Chen, H.-M. 1993. Diffuse intraembryonic hemopoiesis in normal Girasole, G., Jilka, R. L., Passeri, G., Boswell, S.,
Roles of adhesion molecules NCAM and and chimeric avian development. Dev. Biol. Boder, G., Williams, D. C. and Manolanas, S. C.
tenascin in limb skeletogenesis: Analysis with 88: 180-191. 1992.17-Estradiol inhibits interleukin-6 produc-
antibody pertubations, exogenous gene tion by bone marrow derived stromal cells and
Dzierzak, E. and Medvinsky, A. 1995. Mouse
expression, talpid2 mutants and activin osteoblasts in vitro: A potential mechanism for
embyonic hematopoiesis. Trends Genet. 11:
stimulation. In J. F. Fallon, (ed.) Limb Develo- the antiosteoporotic effect of estrogens. J. Clin.
359-366.
pment and Regeneration. Wiley-Liss, New Invest. 89: 883-891.
York, pp. 465-474. Ede, D. A. 1983. Cellular condensations and
chondrogenesis. In B. K. Hall (ed.), Cartilage, Vo- Gittes, G., Galante, P. E., Hanahan, D., Rutter,
Conlon, R. A., Reaume, A. G. and Rossant, J. lume 2: Development, Differentiation, and Growth. W. J. and Debas, H. T. 1996. Lineagespecific
1995. Notchl is required for the coordinate Academic Press, New York, pp. 143-185. morphogenesis in the developing pancreas:
386 PARTE II Padrões de Desenvolvimento
Role of mesenchymal factors. Development Hay, E. 1966. Regeneration. Holt, Rinehart & Knudsen, K. A. 1985. The calcium-dependent
122: 439-447. Winston, New York. rnyoblast adhesion that precedes cell fusion is
Godlin, I. E., Garcia-Porrero, J. A., Coutinho, mediated by glycoproteins. J. Cell Biol. 101:
Ho, S. Y., Cook, A., Anderson, R. H., Allan, L.
A., Dieterlen-Lièvre, F. and Marcos, M. A. R. 891-897.
D. and Fagg, N. 1991. Isomerism of the atrial
1993. Para-aortic splanchnopleura from early appendages in the fetus. Pediatr. Pathol. 11: Knudsen, K. A., McElwee, S. A. and Myers, L.
mouse embryos contain B1a cell progenitors. 589-608. 1990. A role for the neural cell adhesion
Nahire 364: 67-70. molecule, N-CAM, in myoblast interaction
Holtzer, H., Rubinstem, N., Fellini, S., Yeoh, G.,
during myogenesis. Dev. Biol. 138: 159-168.
Gordon, M. Y., Riley, G. P., Watt, S. M. and Chi, J., Birbaum, J. and Okayama, M. 1975.
Greaves, M. F. 1987. Compartmentalizati- Lineages, quantal cell cycles, and the generation Konigsberg, I. R. 1963. Clonal analysis of
on of a haematopoietic growth factor of cell diversities. Q. Rev. Biophys. 8: 523-557. myogenesis. Science 140: 1273-1284.
(GMCSF) by glycosaminoglycans in the Krantz, S. B. and Goldwasser, E. 1965. On the
Horton, W. A. 1990. The biology of bone
bone marrow microenvironment. Nature
growth. Growth Genet. Horm. 6(2): 1-3. mechanism of erythropoietin induced differen-
326: 403-405. tiation. II. The effect on RNA synthesis.
Humphries, R. K., Jacky, P. B., Dill, F. J., Eaves,
Gould, S. J. 1990. An earful of jaw. Nat. Hist. Biochim. Biophys. Acta 103: 325-332.
A. C. and Eaves, C. J. 1979. CFUs in individual
1990(3): 12-23. Kubai, L. and Auerbach, R. 1983. A new source
erythroid colonies derived in vitro from adult
Gräper, L. 1907. Untersuchungen über die mature mouse marrow. Nature 279: 718-720. of embryonic lymphocytes in the mouse. Nature
Herzbildung der Vögel. Wilhelm Roux Arch. 301: 154-156.
Hunt, P., Robertson, D., Weiss, D., Rennick, D.,
Entwicklungsmech. Org. 24: 375-410. Kubota, Y., Kleinman, H. K., Martin, G. R.
Lee, F. and Witte, O. N. 1987. A single bone
Halevy, O. and seven others. 1995. Correlation marrow stromal cell type supports the in vitro and Lawley, T. J. 1988. Role of laminin and
of terminal cell cycle arrest of skeletal muscle growth of early lymphoid and rnyeloid cells. basement membrane in the morphological
with induction of p21 by MyoD. Science 267: Cell 48: 997-1007. differentiation of human endothelial cells into
1018-1021. capillary-like structures. J. Cell Biol. 107:
Jacobson, A. G. 1961. Heart determination in
1589-1598.
Hall, B. K. 1988. The embryonic development the newt. J. Exp. Zool. 146: 139-152.
of bone. Am. Sci. 76: 174-181. Kurihara, N., Chenu, C., Miller, M., Civin, C.
Jackson, D., Volpert, O. V., Bouk, N. and
and Roodman, G. D. 1990. Identification of
Hall, B. K. and Miyake, T. 1995. Divide, Linzer, D. I. H. 1994. Stimulation and
accumulate, differentiate: Cell condensations in committed mononuclear precursors for osteo-
inhibition of angiogenesis by placental
skeletal development revisited. Int.J. Dev. Biol. clast-like cells in long term human marrow
proliferin and proliferin-related protein.
cultures. Endocrinology 126: 2733-2741.
39: 881-893. Science 266: 1581-1584.
Hall, B. K., van Exan, R. J. and Brunt, S. L. LaBarbera, M. 1990. Principles of design of
Jilka, R. L. and eight others. 1992. Increased os-
fluid transport systems in zoology. Science
1983. Retention of epithelial basal lamina teoclast development after estrogen loss:
allows isolated mandibular mesenchyme to 249:992-1000.
Mediation by interleukin-6. Science 257: 88-91.
form bone. J. Craniofac. Genet. Dev. Biol. 3: Langman, J. 1981. Medical Embryology, 4th
Jonnson, J., Carlsson, L., Edlund, T., and Edlund,
253-267. Ed. Williams & Wilkins, Baltimore.
H. 1994. Insulin-promote-f actor 1 is required
Harary, I. and Farley, B. 1963. In vitro studies for pancreas development in mice. Nature 371: Larsen, W. J. 1993. Human Embryology.
on single beating rat heart cells. II. Intercellular 606-608. Churchill-Livingstone, New York.
communication. Exp. Cell Res. 29: 466-474. Johnson, R. L., Laufer, E., Riddle, R. D. and Lash, J. W. and Yamada, K. M. 1986. The
Hästbacka, J., de la Chapelle, A. and Mahtani, Tabin, C. 1994. Ectopic expression of Sonic adhesion recognition signal of fibronectin: A
M. M. 1994. The diastrophic dysplasia gene hedgehog alters dorsal-ventral patterning of possible trigger mechanism for compaction
encodes a novel sulfate transporter: Positional somites. Cell 79: 1165-1173. during somitogenesis. In R. Bellairs, D. H. Ede
cloning by fine-structure linkage disequilibrium and J. W. Lash (eds.), Somites in Developing
Jursšková V. and Tkadlecek, L. 1965. Character
mapping. Cell 78: 1073-1087. Embryos. Plenum, New York, pp. 201-208.
of primary and secondary colonies of haemato-
Hasty, P., Bradley, A., Morris, J. H., Edmondson, poiesis in the spleen of irradiated mice. Nature Lassar, A. B., Paterson, B. M. and Weintraub, H.
D. G., Venuti, J. M., Olson, E. and Klein, W. H. 206: 951-952. 1986. Transfection of a DNA locus that mediates
1993. Muscle deficiency and neonatal death in the conversion of 10T1/2 fibroblasts into
Kahn, A. J. and Simmons, D. J. 1975. Investiga-
mice with a targeted mutation in the inyogenin myoblasts. Cell 47: 649-656.
tion of cell lineage in bone using a chimaera of
gene. Nature 364: 501-506. chick and quail embryonic tissue. Nature 258: Lassar, A. B., Buskin, J. N., Lockshon, D., Davis,
Hatta, K., Takagi, S., Fujisawa, H. and Takeichi, 325-327. R. L., Apone, S., Hauschka, S. D. and Weintraub.
M. 1987. Spatial and temporal expression of N- H. 1989. MyoD is a sequence-specific DNA
Kaplan, S. L. and Grumbach, M. M. 1990.
cadherin cell adhesion molecule correlated with binding protein requiring a region of myc
Pathophysiology and treatment of sexual
morphogenetic processes of chicken embryo. homology to bind to the muscle creatine kinase
precocity. 1. Clin. Endocrinol. Metab. 71: 785-
Dev. Biol. 120: 218-227. enhancer. Cell 58: 823-831.
789.
Hattersley, G., Kirby, J. A. and Chambers, T. J. Lemischka, I. R., Raulet, D. H. and Mulligan, R.
Kaushal, S., Schneider, J. W., Nadel-Ginard, B.
1991. Identification of osteoclast precursors in C. 1986. Developmental potential and dynamic
and Mahdavi, V 1994. Activation of the
multilineage hematopoietic colonies. Endocri- behavior of hematopoietic stem cells. Cell 45:
myogenie lineage by MEF2A, a factor that
nology 128: 259-262. 917-927.
induces and cooperates with MyoD. Science 266:
Hattori, M., Klatte, K. J., Teixeira, C. C. and 1236-1240. Li, Y. and sixteen others. 1995. A fibrillar
Shapiro, I. M. 1995. End labeling studies of collagen gene, Col11a1, is essential for skeJetal
Keller, G., Paige, C., Gilboa, E. and Wagner, E.
fragmented DNA in avian growth plate: Evidence morphogenesis. Cell 80: 423-430.
F. 1985. Expression of a foreign gene in myeloid
for apoptosis in terminally differentiating and lymphoid cells derived from multipotent Linask, K. K. and Lash, J. W. 1986. Precardiac
chondrocytes. J. Bone Miner. Res. 10: 1960-1968. hematopoietic precursors. Nature 318: 149-154. cell migration: Fibronectin localization at
CAPÍTULO 9 Mesoderma e Endoderma 387
mesoderm-endoderm interface during directional Moore, J. W., Dionne, C., Jaye, M. and Swain, J. Ordahl, C. P. and Le Douarin, N. 1992. Two
movement. Dev. Biol. 114: 87-101. 1991. The mRNAs encoding acidic FGF, basic myogenic lineages within the developing somite.
Linask, K. K. and Lash, J. W. 1988a. A role for FGF, and FGF receptor are coordinately Development 114: 339-353.
fibronectin in the migration of avian precardiac downregulated during myogenic differentiation.
Ostrovsky, D., Cheney, C. M., Seitz, A. W. and
cells I. Dose-dependent effects of fibronectin Development 111: 741-748. Lash, J. W. 1984. Fibronectin distribution during
antibody. Dev. Biol. 129: 315-323. Müller, A. M., Medvinsky, A., Strouboulis, J., somitogenesis in the chick embryo. Cell Differ.
Linask, K. K. and Lash, J. W. 1988b. A role for Grosveld, F. and Dzierzak, E. 1994. Develop- 13: 217-223.
fibronectin in the migration of avian precardiac ment of hematopoietie stem cell activity in the Packard, D. S., Jr. and Meier, S. 1983. An expe-
cells II. Rotation of the heartforming region mouse embryo. Immunity 1: 291-301.
rimental study of somitomeric organization of
during different stages and their effects. Dev. Münsterberg, A. E., Kitajewski, J., Bumcroft, D. the avian vegetal plate. Dev. Biol. 97: 191-202.
Biol. 129: 324-329. A., McMahon, A. P. and Lassar, A. B. 1995.
Pardanaud, L., Altmann, C., Kitos, P., Dieterlen-
Lyons, G. E. and Buckingham, M. E. 1992. Combinatorial signaling by sonic hedgehog and Lièvre, F. and Buck, C. 1987. Vasculogenesis in
Developmental regulation of myogenesis in the Wnt family members induce myogenic bHLH the early quail blastodisc as studied with a
mouse. Semin. Dev. Biol. 3: 243-253. gene expression in the somite. Genes Dev. 9:
monoclonal antibody recognizing endothelial
2911-2922. cells. Development 100: 339-349.
Manolagas, S. and Jilka, R. L. 1995. Bone marrow,
cytokines, and bone remodeling. N. Engl. I. Med. Murphy, M. E. and Carlson, E. C. 1978.
Pardanaud, L., Yassine, F. and Dieterlen-Lièvre,
332: 305-310. Ultrastructural study of developing extracellu- F. 1989. Relationship between vasculogenesis,
lar matrix in vitelline blood vessels of the early
Markwald, R. R., Fitzharris, T. P. and Manasek, angiogenesis, and hemopoiesis during avian
chick embryo. Am. J. Anat. 151: 345-375.
J. J. 1977. Structural development of endocardial ontogeny. Development 105: 473-485.
cushions. Am. J. Anat 148: 85-120. Nabeshima, Y., Hanaoka, K., Hayasaka, M.,
Pardanaud, L., Luon, D., Prigent, M., Bourcheix,
Esumi, E., Li, S., Nonaka, I. and Nabeshima, Y. L.-M., Catala, M., and Dieterlen-Lièvre, E 1996.
Martin, C., Beaupain, D. and Dieterlen-Lièvre, 1993. Myogenin gene disruption results in
F. 1978. Developmental relationships between Two distinct endothelial lineages in ontogeny,
perinatal lethality because of severe muscle
vitelline and intraembryonic haemopoiesis one of them related to hemopoiesis. Develop-
defect. Nature 364: 532-535. ment 122: 1363-1371.
studied in avian yolk sac chimeras. Cell Differ. 7:
115-130. Nakauchi, H. and Gachelin, G. 1993. Les cellules
Park, W.-J., Bellus, G. and Jabs, E. W. 1995.
souches. La Recherche 254: 537-541. Mutations in fibroblast growth factor receptors:
Medvinsky, A. and Dzierak,E. 1996. Definitive
hematopoiesis is autonomously initiated by the Nameroff, M. and Munar, E. 1976. Inhibition Phenotypic consequences during eukaryotic de-
AGM region. Cell 86: 897-906. of cellular differentiation by phospholipase C. velopment. Am. I. Hum. Genet. 57: 748-754.
II. Separation of fusion and recognition among Patten, B. M. 1951. Early Embryo1ogy of the
Medvinsky, A. L., Samoy1ina, N. L., Müller, A. myogenie cells. Dev. Biol. 49: 288-293.
M. and Dzierzak, E. A. 1993. An early pre-liver Chick, 4th Ed. McGraw-Hill, New York.
intraembryonic source of CFU-S in the Nascone, N. and Mercola, M. 1995. An inductive Piette, J., Bessereau, J.-L., Huchet, M. and
developing mouse. Nattire 364: 64-67. role for the endoderm in Xenopus cardiogenesis.
Changeaux, J.-P. 1990. Two adjacent MyoD1-
Development 121: 515-523. binding sites regulate expression of the
Meier, S. 1979. Development of the chick
mesoblast: Formation of the embryonic axis and Ni1sson, A., Isgaard, J., Lindahl, A., Dahlström, acetylcholine receptor a-subunit gene. Nature
the establishment of the metameric pattern. Dev. A., Skottner, A. and lsaksson, O. G. P. 1986. 345: 353-355.
Biol. 73: 25-45. Regulation by growth hormone of number of
Porcher, C., Swat, W., Rockwell, K., Fujiwara, Y.,
chondrocytes containing IGFI in rat growth
Mencken, H. L. 1919. Exeunt omnes. Smart Set Alt, F. W. and Orkin, S. H. 1996. The T cell leukemia
plate. Science 233: 571-574. oncoprotein SCL/tal-1 is essential for development
60: l38-l45.
Oberlender, S. A. and Tuan, R. S. 1994. of all hematopoietic lineages. Cell 86: 47-57.
Menko, A. S. and Boettiger, D. 1987. Occupation Expression and functional involvement of N-
of the extracellular matrix integrin is a control point Pourquié, O. and nine others. 1996. Lateral and
cadherin in embryonic limb chondrogenesis.
for myogenic differentiation. Cell 51: 51-57. axial signals involved in somite patterning: A
Development 120: 177-187. role for BMP4. Cell 84: 461-471.
Merimee, T. J., Zapf, J., Hewlett, B. and Cavalli- Offield, M. F. and seven others. 1996. PDX1 is
Sforza, L. L. 1987. Insulin-like growth factors Potten, C. S. and Loeffler, M. 1990. Stem cells:
required for pancreatic outgrowth and differen- attributes, spirals, pitfalls, and uncertainties.
in pygmies. The role of puberty in determining tiation of the rostral duodenum. Development
final stature. N. EngI. J. Med. 316: 906-911. Lessons for and from the Crypt. Development
122: 983-995.
110: 1001-1020.
Millauer, B., Wizigmann-Voos, Schnürch, H., Okuda, T., van Deursen, J., Hiebert, S. W.,
Martinez, R., Müller, N. P. H., Risau, W and Potts, J. D., Dagle, J. M., Walder, J. A., Weeks,
Grosveld, G. and Downing, J. R. 1996. AML, the
Ullrich, A. 1993. High-affinity VEGF binding D. L. and Runyon, R. B. 1991. Epithelial-me-
target of multiple chromosomal translocations senchymal transformation of embryonic cardiac
and developmental expression suggest flk-l as a in human leukemia, is essential for normal fetal
major regulator of vasculogenesis and angioge- endothelial cells is inhibited by a modified
liver hematopoiesis. Cell 84: 321-330.
nesis. Cell 72: 835-846. antisense oligodeoxynucleotide to transforming
Olwin, B. B. and Hauschka, S. D. 1988. Cell growth factor b3. Proc. Natl. Acad. Sci. USA
Miller, S. A., Bresee, K. L., Michaelson, C. L. surface fibroblast growth factor and epidermal 88: 1516-1520.
and Tyrell, D. A. 1994. Domains of differential growth factor receptors are permanently lost
cell proliferation and formation of amnion folds Pownall, M. E. and Emerson, C. E., Jr. 1992a.
during skeletal muscle terminal differentiation
in chick embryo ectoderm. Anat. Rec. 238: Sequential activation of three myogenic
in culture. J. Cell Biol. 107: 761-769.
225-236. regulatory genes during somite morphogenesis
Ordahl, C. P. 1993. Myogenic lineages within in quails. Dev. Biol. 151: 67-79.
Mintz, B. and Baker, W. W. 1967. Normal the developing somite. In M. Bernfield (ed.),
mammalian muscle differentiation and gene Pownall, M. E. and Emerson, C. E., Jr. 1992b.
Molecular Basis of Morphogenesis. Wiley-Liss, Molecular and embryological studies of avian
control of isocitrate dehydrogenase synthesis. New York, pp. 165-170.
Proc. Natl. Acad. Sci. USA 58: 592-598. myogenesis. Semin. Dev. Biol. 3: 229-241.
388 PARTE II Padrões de Desenvolvimento
Pownall, M. E., Strunk, K. E. and Emerson, C. E. jr. receptor gene in a man. N. Engl. J. Med. 331: Vaidya, T. B., Rhodes, S. J., Taparowsky, E. J.
1996. Notochord signal controls the transcriptional 1056-1061. and Konieczny, S. F. 1989. Fibroblast growth
cascade of myogenic bHLH genes in somites of factor and transforming growth factor-b repress
Spemann, H. 1938. Embryonic Development and
quail embryos. Developmetit 122: 1475-1488. transcription of the myogenic regulatory gene
Induction, Yale University Press, New Haven.
Ribatti, D., Urbinati, C., Nico, B., Rusnati, M., MyoD1. Mol. Cell Biol. 9: 3576-3579.
Spicer, D. B., Rhee, J., Cheung, W. L. and Lassar,
Roncali, L. and Presta, M. 1995. Endogenous basic Venuti, J. M., Morris, J. H., Vivian, J. L., Olson,
A. B. 1996. Inhibition of myogenic bHLH and
fibroblast growth factor is implicated in the E. N. and Klein, W. H. 1995. Myogenesis is
MEF2 transcription factors by the bHLH protein
vascularization of the chick embryo chorioallantoic required for late but not early aspects of
Twist. Science 272: 1476-1480.
membrane. Dev. Biol. 170: 39-49. myogenesis during mouse development. J. Cell
Stern, H. M., Brown, A. M. C. and Hauschka, S. Biol. 128: 563-576.
Robb, L., Elwood, N. J., Elefanty, A. G. Köntgen, D. 1995. Myogenesis in paraxial mesoderm:
F., Li, R., Barnett, L. D. and Begley, C. G. 1996. Vikkula, M. and eleven others. 1996. Vascular
preferential induction by dorsal neural tube and
The scl gene product is required for the dysmorphogenesis caused by an activating
by cells expressing Wnt-1. Development 121:
generation of all hematopoietic lineages in the mutation in the receptor tyrosine kinase TIE2
3675-3686.
adult mouse. EMBO J. 15: 4123-4129. Cell 87:1181-1190.
Sugi, Y. and Lough, J. 1994. Anterior endoderm
Roberts, R., Gallagher, J., Spooncer, E., Allen, Webster, M. K. and Donoghue, D. J. 1996.
is a specific effector of terminal cardiac myocyte
T. D., Bloomifield, F. and Dexter, T. M. 1988. Constitutive activation of fibroblast growth
differentiation of cells from the embryonic heart
Heparan sulphate-bound growth factors: A factor receptor 3 by the transmembrane domain
forming region. Dev. Dyn. 200: 155-162.
mechanism for stromal cell mediated haemo- point mutation found in achondroplasia. EMBO
poiesis. Nature 332: 376-378. Suri, C. and seven others. 1996. Requisite role J. 15: 520-527.
of angiopoietin-1, a ligand for the TIE2 recep-
Rudnicki, M. A., Braun, T., Hinuma, S. and Weintraub, H., Tapscott, S. J., Davis, R. L.,
tor, during embryonic angiogenesis. Cell 87:
Jaenisch, R. 1992. Inactivation of MyoD in mice Thayer, M. J., Adam, M. A., Lassar, A. B. and
1171-1180.
leads to up-regulation of the myogenic HLH Miller, D. 1989. Activation of muscle-specific
gene Myf-5 and results in apparently normal Syftestad, G. T. and Caplan, A. I. 1984. A fraction genes in pigment, nerve, fat, liver, and fibroblast
muscle development. Cell 71: 383-390. from extracts of demineralized adult bone cell lines by forced expression of MyoD. Proc.
stimulates conversion of mesenchymal cells into Natl. Acad. Sci. USA 86: 5434-5438.
Rudnicki, M. A., Schnegelsberg, P. N. J., Stead, chondrocytes. Dev. Biol. 104: 348-356.
R. H., Braun, T., Arnold, H.-H. and Jaenisch, R. Whitlock, C. A., Tidmarsh, G. F., Muller-Sieburg,
1993. MyoD or Myf-5 is required in a Tavormina, P. L. and nine others. 1995. C. and Weissman, I. L. 1987. Bone marrow
functionally redundant manner for the formation Thanatophoric dysplasia (types I and II) caused stromal cell lines with lymphopoietic activity
of skeletal muscle. Cell 75: 1351-1359. by distinct mutations in fibroblast growth factor express high levels of a pre-B neoplasia-
receptor 3. Nat. Genet. 9: 321-328. associated molecule. Cell 48: 1009-1021.
Rugh, R. 1951. The Frog: Its Reproduction and
Development. Blakiston, Philadelphia. Thayer, M. J., Tapscott, S. J., Davis, R. L., Wilkie, A. O. M., Morriss-Kay, G. M., Jones, E.
Wright, W E., Lassar, A. B. and Weintraub, H. Y. and Heath, J. K. 1995. Functions of fibroblast
Sariola, H. 1985. Interspecies chimeras: An ex- 1989. Positive autoregulation of the myogenic growth factors and their receptors. Curr. Biol. 5:
perimental approach for studies on embryonic determination gene MyoD1. Cell 58: 241-248. 500-507.
angiogenesis. Med. Biol. 6: 43-65.
Till, J. E. 1981. Cellular diversity in the blood- Wilson, D. 1983. The origin of the endothelium
Schultheiss, T. M., Xyclas, S. and Lassar, A. B. forming system. Am. Sci. 69: 522-527. in the developing marginal vein of the chick
1995. Induction of avian cardiac inyogenesis wing bud. Cell Differ. 13: 63-67.
Till, J. E. and McCulloch, E. A. 1961. A direct
by anterior endoderm. Developmeiit 121:
measurement of the radiation sensitivity of nor- Wolf, N. S. and Trentin, J. J. 1968. Hernopoietic
4203-4214.
mal mouse bone marrow cells. Radiat. Res. 14: colony studies. V. Effect of hemopoietic organ
Shainberg, A., Yagil, G. and Yaffe, D. 1969. 213-222. stroma on differentiation of pluripotent stem
Control of myogenesis in vitro by Ca2+ cells. J. Exp. Med. 127: 205-214.
Tsuda, T., Philp, N., Zile, M. H. and Linask, K.
concentration in nutritional medium. Exp. Cell
K. 1996. Left-right asymmetric localization of Wright, E. and eight others. 1995. te Sry-related
Res. 58: 163-167.
flectin in the extracellular matrix during heart gene Sox9 is expressed Juring chondrogenesis in
Shalaby, F., Rossant, J., Yamaguchi, T. P., looping. Dev. Biol. 173: 39-50. mouse embryos. Nat. Genet. 9: 15-20.
Gertenstein, M., Wu, X.-F., Breitman, M. L.
Tuan, R. 1987. Mechanisms and regulation of Wuthier, R. 1982. A review of the primary
and Schuh, A. C. 1995. Failure of blood-island
calcium transport by the chick embryonic mechanism of endochondral ossification with
formation and vasculogenesis in flk-1deficient
chorioallantoic membrane. J. Exp. Zool. special emphasis on the role of cells, mitochon-
mice. Nature 376: 62-66
[Suppl.] 1: 1-13. dria, and matrix vesicles. Clin. Orthop. Rel. Res.
Shapiro, L, DeBolt, K., Funanage, V., Smith, S. 169: 219-242.
Tuan, R. S. and Lynch, M. H. 1983. Effect of
and Tuan, R. 1992. Developmental regulation
experimentally induced calcium deficiency on Yaffe, D. and Feldman, M. 1965. The formation
of creatine kinase activity in cells of the
the developmental expression of collagen types of hybrid multinucleated muscle fibres from
epiphyseal growth plate. J. Bone Miner. Res. 7:
in chick embryonic skeleton. Dev. Biol. 100: myoblasts of different genetic origin. Dev. Biol.
493-500.
374-386. 11: 300-317.
Smith, C. A. and Tuan, R. S. 1996. Functional
Tyler, M. S. and Hall, B. K. 1977. Epithelial Yagami-Hiromasa, T., Sato, T., Kurisaki, T.,
involvement of Pax-1 in somite development:
influence on skeletogenesis in the mandible of Karnijo, K., Nabeshima, Y.-l. and Fujisawa-
Somite dysmorphogenesis in chick embryos
the embryonic chick. Anat. Rec. 206: 61-70. Sehara, A. 1995. A metalloprotease-disintegrin
treated with pax-1 paired-box antisense
participating in myoblast fusion. Nature 377:
oligonucleotide. Teratology 52: 333-345. Urist, M. R. and eight others. 1984. Purfication
652-656.
of bovine bone morphogenetic protein by
Smith, E. P. and eight others. 1994. Estrogen
hydroxyapatite chromatography. Proc. Natl.
resistance caused by a mutation in the estrogen-
Acad. Sci. USA 81: 371-375.
Mecanismo da
Diferenciação Celular
10 Regulação transcricional da expressão gênica: Fatores de transcrição
e a ativação de promotores específicos 391
III
11 Regulação transcricional da expressão gênica: A ativação da cromatina 431
391
392 PARTE III Mecanismo da Diferenciação Celular
Éxons e Íntrons
Quando genes são observados, a primeira coisa que se torna aparente é que a maioria
dos genes de eucariotos não se parecem à maioria dos genes procariotos. Genes
eucariotos não são colineares com seus produtos peptídicos. Ao contrário, os termi-
nais 3' e 5' do mRNA eucarioto se originam de regiões não-contíguas no cromossomo.
Entre as regiões de codificação de proteínas no DNA-éxons- estão seqüências inter-
caladas-íntrons- que não têm relação com a seqüência de aminoácidos da proteína.*
A estrutura do gene da ß-globina humana está ilustrada na Figura 10.1. Esse gene
consiste dos seguintes elementos:
Elementos
promotores a
montante Líder (Região não traduzida 5’) Região não traduzida 3’
TATA
Box
Figura 10.1
(B) Seqüência nucleotídica do gene da β-globina
humana. (A) Representação esquemática da
localização da região do promotor, sítio de
iniciação da transcrição (capeamento), se-
qüência líder, éxons e íntrons do gene da β-
globina. Éxons estão coloridos; os números
que os ladeiam, indicam a posição dos ami-
noácidos que codificam na β-globina. (B) A
seqüência nucleotídica do gene da β-globina,
mostrada do terminal 5’ ao terminal 3’ do
RNA. As seqüências promotoras estão en-
quadradas, como também estão os códigos de
início de tradução e terminação, ATG e TAA.
As letras maiúsculas grandes enquadradas em
cores correspondem a éxons, e os aminoáci-
dos para os quais codificam estão abreviadas
acima dos quadros. As letras maiúsculas pe-
quenas são as bases das seqüências interpos-
tas. Os códons representados por letras mai-
úsculas após o término da tradução estão no
mRNA da globina mas não são traduzidas em
proteínas. Dentro desse grupo está a seqüên-
cia considerada necessária para a poliadenila-
ção. Um G no primeiro íntron (seta) é mutado
para um A em uma forma de β+-talassemia.
(Seqüência de Lawn et al., 1980.)
O RNA nuclear original transcrito para tal gene contém a seqüência do capeamento, a
seqüência líder, os éxons, os íntrons e a região 3' não traduzida (Figura 10.2). Em
adição, ambos terminais se modificam. Um capeamento consistindo de guanosina
metilada é colocado no terminal 5' do RNA em polaridade oposta ao próprio RNA.
Assim, enquanto todas as bases no precursor da mensagem estão ligadas 5’a 3', a
394 PARTE III Mecanismo da Diferenciação Celular
ATG: AATAAA:
Iniciação da códon iniciador seqüência de
Região promotora transcrição da tradução TAA: códon adição de poli(A)
terminador da Seqüência
(ligação da RNA
tradução terminadora da
polimerase)
transcrição
RNA NUCLEAR
(capeamento) “Cauda”
Processamento
RNA MENSAGEIRO
Líder “Cauda”
Tradução
PROTEÍNA β-GLOBINA
Modificação pós-tradução
Figura 10.2
Sumário das etapas envolvidas na produção
da β-globina e hemoglobina.
HEMOGLOBINA
estrutura do capeamento está ligada 5' a 5'. Isso significa que não há grupo fosfato 5'
livre no RNA nuclear (Figura 10.3). Moléculas de RNA mensageiro estão igualmente
“capeadas”, apesar de não se ter certeza se o capeamento do mRNA é o original
recebido no núcleo. O capeamento 5' é necessário para a ligação do mRNA ao ribossomo
e para a subseqüente tradução (Shatkin, 1976).
O terminal 3' é usualmente modificado no núcleo pela adição de uma cauda de
cerca de 200 resíduos adenilados. Esses resíduos de ácido adenílico são ligados
enzimaticamente e adicionados ao transcrito. Eles não são parte da seqüência do
gene. Ambas as modificações 3' e 5' podem proteger o RNA das exonucleases
(Sheiness e Darnell, 1973; Gedamu e Dixon, 1978), assim estabilizando a mensa-
gem e seu precursor.
ANTES DO CAPEAMENTO
Terminal 5’ da molécula
APÓS O CAPEAMENTO
7-metil guanosina
Direção da tradução
Direção da
tradução
distâncias (algumas tão grandes como 50 quilobases além do promotor). Além disso,
intensificadores não precisam estar no lado 5' (a montante) do gene. Eles podem
estar no lado 3', nos íntrons, ou mesmo na fita de DNA complementar (Maniatis et
al., 1987). Como o promotor, os intensificadores funcionam ligando proteínas espe-
cíficas trans-reguladoras chamadas fatores de transcrição.
Um tipo de intensificador é um “intensificador negativo”, também chamado
silenciador. Quando fatores de transcrição se ligam a silenciadores, eles reprimem a
transcrição dos promotores ligados aos cis. Algumas seqüências podem agir como
intensificadores positivos em certas células e como negativos em outras, dependendo
de outros fatores de transcrição presentes na célula.
Estrutura do promotor
Figura 10.5
Nível relativo de transcrição
Função do promotor
Promotores podem funcionar não somente na ligação da RNA polimerase, mas tam-
bém na especificação do lugar e tempo que a transcrição pode ocorrer daquele gene.
Essa função dos promotores pode ser claramente demonstrada em certos animais
transgênicos. Aqui, um novo gene é construído, onde o promotor normal de um deter-
minado gene é substituído pelo promotor de algum outro gene, e o gene fundido é
colocado no pronúcleo de um zigoto de mamífero. Palmiter e colaboradores (1982)
isolaram o gene do hormônio de crescimento do rato e deletaram sua região promoto-
ra 5'. Nesse espaço, eles substituíram a seqüência promotora de outro gene-Mt-1 por Figura 10.6
metalotioneína 1 de camundongo, uma pequena proteína envolvida na regulação dos Função do promotor vista em camundongos
níveis de zinco no soro. O gene híbrido está ilustrado na Figura10.6A. O gene Mt-1 transgênicos. (A) Plasmídeo recombinante
pode ser induzido pela presença de metais pesados tais como zinco e cádmio, e as contendo o gene estrutural do hormônio de
seqüências responsáveis por essa indução estão no promotor desse gene. Fundindo crescimento do rato, a região reguladora da
metalotioneína do camundongo e o plasmídeo
essa região do promotor de metalotioneína ao gene do hormônio de crescimento do
bacteriano pBR322. O plasmídeo, pMGH, foi
injetado nos oócitos do camundongo. Os
seqüência ladeando 5’ de Mt-1 enquadramentos escuros no plasmídeo inje-
(A) tado correspondem aos éxons do gene GH. A
seqüência ladeando 5’ de GH direção da transcrição é indicada por uma seta.
Seqüências reguladoras do Mt-1 não transcrito Gene GH do rato (B) Um camundongo derivado dos ovos inje-
tados com pMGH (esquerda) e um membro
normal da ninhada (direita). (de Palmiter et
al., 1982; fotografia cortesia de R. L. Brinster.)
Gene GH do rato
398 PARTE III Mecanismo da Diferenciação Celular
Informações adicionais
& Especulações
Linhagem de células de
mieloma produzindo IgG
Gillies et al., 1983). Além disso, quando a região do intensificador da cadeia pesada da
imunoglobulina é inserida em um gene clonado de β-globina, ele estimula a transcrição
daquele gene da hemoglobina somente se o gene é inserido em uma célula B. Ambos,
os elementos reguladores cis e os fatores reguladores trans são necessários para a
transcrição de gene específico da célula.
Função do intensificador:
Modelos temporais e espaciais de transcrição
(A) Linhagem de células ovarianas (B) Linhagem de células pancreáticas (C) Linhagem de células pancreáticas
secretando insulina exócrinas (secretando quimotripsina)
Cloranfenicol
monoacetato (produto)
Cloranfenicol
(substrato)
Intensificador
viral
Intensificador de
quimotripsina
Intensificador
de insulina
Sítio de ligação de Região do o permitiu. Os intensificadores para 10 proteínas exócrinas compartilham uma seqüên-
proteína específica intensificador
cia de consenso de 20 pares de bases, sugerindo que essas seqüências similares
do sexo yp2
tenham um papel na ativação desses genes nas células exócrinas do pâncreas (Boulet
et al., 1986). Assim, parece que a expressão dos genes em células endócrinas e exócrinas
do pâncreas é controlada por intensificadores diferentes.
yp1
Intensificadores são críticos para a regulação do desenvolvimento normal, durante
Intensificador a última década foram feitas cinco generalizações que enfatizam sua importância para
do ovário
a expressão gênica diferencial:
Intensificador
dos corpos 1. A maioria dos genes requer intensificadores para sua transcrição.
gorduros
2. Intensificadores são os principais determinantes do tempo e do espaço (tipo
celular) na transcrição diferencial.
3. Estando o intensificador a uma distância relativamente grande do promotor
Figura 10.13 isso significa que pode haver múltiplos sinais para determinar se um dado gene
Estrutura modular da região do intensificador é transcrito. Um gene pode ter vários sítios de intensificadores a ele ligados, e
da proteína do vitelo de Drosophila. Os dois cada intensificador pode se ligar a mais de um fator (que pode regular, seja
genes da proteína do vitelo ( yp1, yp2) são
inibindo ou estimulando, a transcrição).
regulados por um intensificador entre eles.
Uma região do intensificador liga fatores de 4. A interação entre as proteínas ligadas aos sítios intensificadores com o sistema
transcrição nos núcleos ovarianos e permite a de transcrição agrupado no promotor é considerada como regulador da trans-
expressão desses genes no ovário. Outra re- crição. O mecanismo dessa associação não é inteiramente conhecido, e nem
gião do intensificador permite a expressão do entendemos como o promotor integra todos esses sinais.
gene nos corpos gordurosos. Dentro da região 5. Intensificadores são modulares. Existem elementos de DNA que conferem ex-
controlando a expressão dos genes das proteí- pressão gênica temporal e espacial, e esses podem ser misturados e pareados.
nas do vitelo nos corpos gordurosos existem Por exemplo, o intensificador da proteína do vitelo da Drosophila melanogaster
seqüências de DNA que ligam fatores de trans- é construído de tal forma que um dos elementos do DNA permite a expressão
crição específicos do sexo.
do gene nos corpos gordurosos, outro elemento de DNA permite a expressão
nos ovários e o terceiro elemento liga proteínas específicas do sexo (as prote-
ínas Doublesex). A proteína Doublesex específica da fêmea estimula a transcri-
ção; a proteína específica do macho inibe a transcrição. Assim, o gene da
proteína do vitelo é ativado somente nos corpos gordurosos e ovários da
mosca fêmea (Figura 10.13; Garabedian et al., 1985; An e Wensink, 1995). O
elemento de DNA para expressão nos corpos gordurosos é compartilhado com
outros genes que são expressos nesse órgão, e o elemento de DNA ligado às
proteínas Doublesex é também compartilhado pelos genes cuja expressão é
específica para o sexo.
Fatores de transcrição:
Os trans-reguladores dos promotores e dos intensificadores
Fatores de transcrição são proteínas que se ligam às regiões intensificadoras ou pro-
motoras e que interagem de tal maneira que a transcrição ocorre somente a partir de um
pequeno grupo de promotores numa dada célula. A maioria dos fatores de transcrição
pode se ligar às seqüências específicas de DNA, e essas proteínas trans-reguladoras
podem ser agrupadas em famílias baseadas em similaridades de estrutura. Dentro de
cada família, as proteínas compartilham uma armação estrutural comum nos seus res-
pectivos sítios de ligação ao DNA, e pequenas diferenças de aminoácidos no sítio de
ligação podem alterar a seqüência do DNA ao qual elas se ligam. Além de terem o
domínio ligante de DNA que é específico para uma seqüência, os fatores de transcri-
ção contêm um domínio envolvido na ativação da transcrição do gene cujo promotor
ou intensificador ele ligou. Freqüentemente, esse domínio trans-ativador permite ao
fator de transcrição interagir com proteínas envolvidas na ligação da RNA polimerase.
Essa interação com freqüência aumenta a eficiência com a qual o complexo transcricio-
nal básico pode ser construído e ligar a RNA polimerase II. Existem várias famílias de
fatores de transcrição; as aqui discutidas são de alguns tipos principais.
CAPÍTULO 10 Fatores de transcrição e promotores específicos 405
Figura 10.14
O homeodomínio da proteína Engrailed se liga em um sítio especí-
fico do DNA. A hélice 3 contata os pares de bases no sulco princi-
pal, enquanto a porção amino-terminal do homeodomínio entra no
sulco menor. (Segundo Pabo e Sauer, 1992.)
Proteínas de homeodomínio
Abdominal B TAATTTGCAT
TCAATTAAAT
Antennapedia TAATAATAATAATAA
Bicoid TCCTAATCCC
Engrailed TCAATTAAAT
Even-skipped TCAATTAAAT
TAATAATAATAATAA
TCAGCACCG
Fushi tarazu TCAATTAAAT
TAATAATAATAATAA
Paired TCAATTAAAT
Ultrabithorax TAATAATAATAATAA
Zerknült TCAATTAAAT
Alguns fatores de transcrição têm tanto um homeodomínio como uma segunda região
de ligação ao DNA (Figura 10.15). Em alguns casos, essa região que compreende o
homeodomínio e a segunda região de ligação ao DNA é chamada domínio POU (Herr
et al., 1988). As iniciais são de quatro proteínas nas quais pela primeira vez foram
vistas contendo tais domínios: Pit-1 (também chamada GHF1), um fator específico da
pituitária que ativa os genes, codificando o hormônio de crescimento, prolactina e
outras proteínas da pituitária; Oct1, uma proteína de ampla distribuição que reconhe-
ce uma certa seqüência de oito pares de bases chamada seqüência octa (octa box), e
Oct2, a proteína específica da célula B que reconhece a octa box e ativa os genes da
imunoglobulina; e UNC-86, um produto genético do nematódeo envolvido na determi-
nação do destino de células neuroniais. O homeodomínio de Pit-1 reconhece a se-
qüência ATATTCAT, enquanto o homeodomínio de Oct2 reconhece a seqüência simi-
lar ATTTGCAT. Se o elemento de DNA reconhecido pela Pit-1 é alterado em dois
lugares, ele se torna um sítio de ligação de Oct-2, e o gene de prolactina é expresso em
linfócitos B (Elsholtz et al., 1990). Assim, uma modificação de duas bases no intensifi-
cador reconhecido pela proteína POU pode converter uma transcrição específica da
pituitária em uma transcrição específica do linfócito.
Domínio POU
Figura 10.15
Os domínios dos fatores de transcrição da família POU
CAPÍTULO 10 Fatores de transcrição e promotores específicos 407
et al., 1989). Esse sinergismo entre os sítios promotor e intensificador parece ser
causado pela formação de alças no DNA entre os dois sítios. No gene da prolactina do
rato, o intensificador está localizado a mais de 1300 pares de bases a montante do seu
promotor. Usando um ensaio que funde DNA aproximado por interações proteína-
proteína, Cullen e colegas (1993) mostraram que as regiões do promotor e do intensi-
ficador são reunidas somente quando Pit-1 e estrógeno estão presentes. Parece que
o receptor do estrógeno ligado ao hormônio no intensificador é capaz de estabilizar a
interação entre essa região e a do promotor, assim permitindo a interação entre as
proteínas ligadas ao intensificador (Pit-1 e receptor do estrógeno) com o sistema de
transcrição do promotor.
Terceiro, a proteína Pit-1 regula positivamente sua própria síntese. Um dos al-
vos da proteína Pit-1 é o intensificador do próprio gene Pit-1 (Rhodes et al., 1993).
Uma vez que o gene Pit-1 foi ativado (por outros fatores de transcrição), a proteína
Pit-1 se liga ao seu próprio intensificador e mantém a transcrição do gene Pit-1.
Esse tipo de auto-regulação positiva é importante como um mecanismo que compro-
mete a célula a um determinado caminho de desenvolvimento. Assim o gene Pit-1,
uma vez ativo, mantém o fenótipo da pituitária. Tal auto-regulação também se dá para
a proteína MyoD (que envolve a célula na via do desenvolvimento da célula muscu-
lar) e para várias proteínas de Drosophila que mantêm os limites específicos dos
segmentos e individuais do sexo.
Informações adicionais
& Especulações
cpm no híbrido
PM 3.9x106 PM 6x106
Sítio Bam HI
DNA embrionário
(A)
Formação da região variável
(B)
Figura 10.22
Troca de classe
Formação da região variável do gene e troca de classe na produção de cadeias pesadas da
imunoglobulina. (A) uma cadeia pesada contém três segmentos (V, D e J) que se juntam
para formar a região variável (V) e a região constante (C). As quatro principais classes
de anticorpos são classificadas com base na região constante (IgA contém Cα: IgM, Cµ;
(C) IgG, Cγ). (B) Antes da apresentação do antígeno, a região variável se forma pela união
dos segmentos V, D e J. Esse segmento VDJ do gene está adjacente à região Cµ e o
anticorpo resultante está localizado na membrana celular. (C) Após a apresentação do
antígeno, pode ser feita uma alça na região do DNA, de tal maneira que o segmento VDJ
fique adjacente a uma outra região C (nesse caso, a região Cα, que permite a anticorpos
penetrar em secreções mucosas). (D) Essa troca de classes é mediada por uma série de
seqüências (S) de trocas, adjacentes a cada uma das regiões constantes. (De acordo com
Davis et al., 1980a,b.)
* Até recentemente, considerava-se que as pro-
teínas recombinase eram encontradas somente em
linfócitos, mas evidência recente (Chun et al., 1991;
Matsuoka et al., 1991) mostrou que eventos de
recombinação e recombinases existem também no
tecido cerebral. Não se conhece a função nas célu-
las neurais, mas é fascinante especular que alguns
dos receptores que ligam o axônio da célula nervo-
sa ao seu alvo específico podem ser feitos pela
recombinação de várias regiões do gene.
CAPÍTULO 10 Fatores de transcrição e promotores específicos 413
Figura 10.23
Modelo para a atividade do intensificador da
(B) Gene rearranjado: transcrição da imunoglobu- imunoglobulina. (A) A região do intensifica-
lina dor do gene de cadeia pesada da imunoglobu-
lina parece envolver seqüências entre o seg-
mento J do gene e as seqüências de troca (Sµ)
Intensificador precedendo Cµ. Se o intensificador é removi-
DNA do, a transcrição é muito diminuída. O promo-
tor 5’ precede cada um dos segmentos da re-
gião V do gene e está originalmente muito dis-
tante do intensificador. (B) O rearranjo VDJ
RNA nuclear do gene trás um promotor para perto do inten-
sificador e permite que a transcrição se con-
cretize. (C) Durante a troca de classe, o inten-
mRNA sificador permanece com os segmentos VDJ
enquanto eles são colocados perto de uma nova
região constante (Cγ).
(C) Gene trocado de classe: Transcrição de nova classe de imunoglobulina
Intensificador O rearranjo no gene coloca um deter-
DNA minado promotor na proximidade de um in-
tensificador. Um evento semelhante ocor-
re com o gene de cadeia pesada, e durante
RNA nuclear a troca de classe (quando uma região do
DNA é transformada em alça e deletada), a
região do intensificador permanece próxi-
mRNA ma ao pedaço VDJ (Figura 10.23).
vertida: ATGCAAAT. Quando a seqüên- cia é translocada para genes de globina trans-Regulação da síntese
cia octa é colocada a montante de um gene clonados, a transcrição desses genes tam- de imunoglobulinas
da globina em um linfócito B cultivado, a bém pode ocorrer especificamente em linfó- O rearranjo de genes em si, não é sufici-
transcrição do gene de globina aumenta citos (Picard e Schaffner, 1984). Para que a ente para sua ativação, pois um gene de
de 11 a 18 vezes. Esse aumento é visto so- transcrição ocorra no linfócito, o promotor imunoglobulina rearranjado não transcre-
mente em células linfóides e não foi obser- deve ser trazido para a proximidade do in- verá ativamente quando colocado em um
vado em fibroblastos (Wirth et al., 1987). tensificador. Todos os segmentos V levam fibroblasto ou célula do fígado. Devem
A seqüência do intensificador do gene um promotor, mas somente o segmento V estar presentes fatores trans-reguladores
de cadeia leve da imunoglobulina está loca- trazido próximo à região constante (com seu específicos para a célula em questão.
lizada no primeiro íntron entre a seqüência intensificador) será ativado (Mather e Perry, Staudt e colaboradores, em 1986, identifi-
VJ e a região C (Queen e Baltimore, 1983; 1982). Essa localização ocorre durante a caram dois fatores que se ligam a promo-
Bergman et al.,1984). Quando essa seqüên- construção do gene da imunoglobulina. tores. Para isso, eles incubaram um pe-
queno pedaço de DNA contendo uma
Pre-B B PC Non-B seqüência octa com extratos nucleares de
várias células. Os produtos resultantes fo-
ram analizados em um gel. Se o extrato
Figura 10.24
Ligação não Ensaio de troca de mobilidade em gel. Extratos nucleares de células
específica da linhagem B [pré-B, B e células de plasma (PC)] e células não-B
(linhagens de células cervicais, de fibroblastos, de células precur-
soras dos glóbulos vermelhos do sangue) foram misturadas com
um pequeno segmento de DNA contendo o octâmero. Após incuba-
Ligação específica ção, as misturas foram separadas eletroforeticamente em um gel,
da linhagem B transferidas para papel de nitrocelulose, e hibridizadas com DNA
radioativo complementar à seqüência do octâmero. Na ausência de
uma ligação, fragmento contendo o octâmero migra rapidamente
para o fundo do gel. Todos os núcleos contêm uma proteína que se
liga não-especificamente ao octâmero e impede fortemente a mi-
Fragmento de DNA gração. Os núcleos da linhagem de células B, entretanto, também
somente contêm outra proteína que inibe a migração ligando-se à seqüência
do octâmero. (de Staudt et al., 1986, cortesia de D. Baltimore.)
414 PARTE III Mecanismo da Diferenciação Celular
(Calame, 1989). Proteínas capazes de se ras, dependendo do histórico do desen- final na diferenciação de uma célula. Sa-
ligar a essas regiões silenciadoras dos volvimento da célula. bemos que a transcrição desse gene da
genes da imunoglobulina também foram A análise da transcrição específica da imunoglobulina depende da atividade an-
identificadas em células não-B. Conclui- célula dos genes de cadeia leve da imu- terior de duas proteínas nucleares, Oct2 e
se que a transcrição pode ser estimulada noglobulina progrediu, então, para um NF-κB, cuja atividade é vista somente em
ou inibida por proteínas trans-regulado- nível onde se considera mais o produto linhagens de células B.
Hélice Hélice
Outro arranjo proeminente, identificado em proteínas que se ligam aos promotores e
intensificadores do DNA, é o motivo (“motif”) básico hélice-alça-hélice (bHLH). Os
fatores de transcrição específicos do músculo, MyoD e miogenina (discutidos no
Capítulo 9) contêm esse motivo, tal como várias outras proteínas da Drosophila que Alça Alça
determinam as células do seu sistema nervoso periférico: os produtos dos genes
daughterless, achaete-scute e extramacrochaetae. Como veremos no Capítulo 20, os Hélice Hélice
genes que determinam o sexo na Drosophila também contêm o modelo bHLH. As
proteínas bHLH se ligam ao DNA através de uma região de aminoácidos básicos Domínio de Domínio de
(tipicamente resíduos 10 a 13) que precede a primeira α-hélice (Figura 10.26). A hélice ligação do ligação do
contém aminoácidos hidrofóbicos em cada terceira ou quarta posição, fazendo com DNA DNA
que a hélice apresente uma superfície de resíduos hidrofóbicos ao ambiente. Isso
permite à proteína um pareamento, por interações hidrofóbicas, com a mesma proteína
ou outra relacionada, que apresenta tal superfície (Jones, 1990).
Estudos recentes mostraram que homodímeros (entre duas proteínas bHLH idên- Figura 10.26
ticas) não se ligam adequadamente ao DNA. Na realidade, as proteínas bHLH reco- Domínios dos fatores de transcrição básicos
nhecem suas seqüências promotoras de acordo com o seguinte paradigma (Tabela hélice-alça-hélice.
10.2). Existe uma proteína bHLH ubíqua, sintetizada pela maioria das células que
pode formar um dímero com qualquer um de dois parceiros em potencial. Um deles é
um regulador positivo (que estimula a transcrição); o outro parceiro é um regulador
negativo. Quando o regulador positivo se dimeriza com a proteína bHLH ubíqua,
forma-se um complexo ativador que estimula a transcrição dos genes que ele reconhe-
ce. Quando a dimerização da proteína é com o regulador negativo, o produto resul-
tante reprime a transcrição desses mesmos genes. Por exemplo, a família de proteínas
MyoD é ativa na promoção da miogênese quando complexada com as proteínas E12
ou E 47- duas proteínas bHLH ubíquas (French et al., 1991; Lassar et al., 1991). O
desenvolvimento do músculo é inibido quando as proteínas MyoD, E12 ou E47 estão
ligadas à proteína Id (inibidor da diferenciação). A proteínas Id contém o motivo
HLH, mas não a região básica que se liga ao DNA. Dimerização de Id com MyoD, E12
ou E47 interfere com a habilidade dessas proteínas se ligarem ao DNA, e a expressão
de Id na célula impede a atividade das proteínas MyoD (Benezra et al., 1990). A prote-
ína Id é produzida enquanto os precursores da célula muscular ainda estão se dividin-
do, e desaparecem quando os mioblastos deixam o ciclo celular para começar a se
diferenciarem em miotubos. Se Id for super expressa em mioblastos cultivados, eles
não se diferenciarão em miotubos (Jen et al., 1992).
Informações adicionais
& Especulações
Figura 10.27
Representação estereoscópica da região ligante de DNA da proteí-
na bZip, C/EBP, interagindo com 20 pares de bases contendo a
seqüência CCAAT. (Topo) “Vista dorsal” olhando para baixo,
para uma dupla hélice do DNA e paralelamente ao zíper de leucina.
(Embaixo) “Vista lateral” em ângulo reto ao diagrama acima e per-
pendicularmente ao eixo do DNA. Resíduos de leucina conectando
as duas subunidades podem ser vistas embaixo, como também as
“alças da tesoura” no DNA. (Se você não está acostumado a cru-
zar seus olhos para ver a estéreo imagem composta, use um
estereóptico.) (de Pathak e Sigler, 1992.)
na Figura 10.27 (Vinson et al., 1989; Pu e Struhl, 1991). Na figura, as duas α hélices
contendo a região ligante de DNA estão inseridas no sulco maior desse DNA, cada
hélice encontrando uma idêntica seqüência de DNA. A ligação resultante assume a
aparência de uma tesoura ou hemostato.
Sabe-se que existem várias proteínas bZIP que podem se ligar à seqüência CCAAT;
uma das mais importantes é chamada proteína ligante do intensificador CCAAT
(C/EBP). C/EBP tem um papel na adipogênese semelhante ao das proteínas
miogênicas bHLH na miogênese. Expressão precoce de C/EBP em células pré-
adiposas em divisão causa a cessação da divisão celular e a iniciação do fenótipo
adiposo (Umek et al., 1991). (Ao contrário das proteínas bHLH miogênicas, as quais
podem converter células nervosas e fibroblastos em músculos, C/EBP não parece
converter outros tipos de células na linhagem de adipócitos). A proteína bZIP C/EBP
se liga aos intensificadores de numerosos genes específicos de adipose quando a
adipogênese é iniciada em cultura (Figura 10.28; Christy et al., 1989; Kaestner et al.,
1990). mRNA antisenso contra C/EBP suprime a expressão coordenada de mensa-
gens específicas de adipócitos e a diferenciação de pré-adipócitos em adipócitos.
(Samuelsson et al., 1991; Lin e Lane, 1992).
C/EBP também é enriquecido nas células hepáticas, e é um dos mais importantes
reguladores da expressão gênica específica do fígado. Em hepatócitos de camundongo,
418 PARTE III Mecanismo da Diferenciação Celular
Figura 10.28
Adipogênese (formação de células gordurosas) mediada pelo fator de transcrição C/EBP.
Coloração de lipídios é mostrada no quadro da direita. A coluna da esquerda mostra os
mRNAs para as proteínas SCD1 e GLUT4 que estão envolvidas na diferenciação de adipócitos.
(A) Adipogênese normal na linhagem de células pré-adipócitos 3T3-L1 em cultura. Os genes
SCD1 e GLUT4 são ativados, e as células sintetizam e acumulam grandes quantidades de
triglicerídeos. (B,C) Duas linhagens de células 3T3-L1 transfectadas com RNA antisenso
contra a mensagem C/EBP. Nenhum dos genes está bem expresso, e os níveis de triglicerídeos
são 15 e 5 % do normal (de Lin e Lane, 1992.)
Informações adicionais
& Especulações
Outro tipo de domínio ligante a DNA é o motivo dedo de zinco. Proteínas dedo de zinco
incluem: WT-1 (um fator de transcrição importante, crítico na formação dos rins e das
gônadas); o fator de transcrição de ampla distribuição, Sp1; o fator de transcrição de
5S rRNA, TFIIIA de Xenopus; Krox 20 (uma proteína que regula a expressão gênica no
desenvolvimento do cérebro posterior); Egr-1 (que compromete o desenvolvimento
dos leucócitos para a linhagem dos macrófagos); Krüppel (uma proteína que especifi-
ca as células abdominais na Drosophila); e numerosos fatores de transcrição ligantes
de esteróides. Cada uma dessas proteínas tem dois ou mais “dedos ligantes de DNA”,
domínios em α hélice, cujos aminoácidos centrais tendem a ser básicos. Esses domíni-
os estão ligados em fila e são estabilizados por um íon de zinco localizado centralmen-
te e coordenado por duas cisteínas (na base da hélice) e duas histidinas internas
(Figura 10.30). A estrutura cristalina mostra que os dedos de zinco se ligam no sulco
principal do DNA.
A proteína WT-1 contém quatro regiões dedos de zinco, e é usualmente expressa
nos rins e gônadas fetais. Pessoas com um alelo mutante WT1 (geralmente uma deleção
do gene ou da região de dedo de zinco) apresentam malformações urogenitais e de-
senvolvem o tumor de Wilm nos rins (Haber et al., 1990; Bruening et al., 1992; veja
Capítulo 17). Em camundongos, ambos os genes WT1 podem ser deletados por
endereçamento de genes (“gene targeting”), e os camundongos resultantes morrem
no útero, não tendo nem rins nem gônadas (Kriedberg et al., 1993). O fator WT1 se liga
às regiões reguladoras de vários genes que são ativos durante o desenvolvimento dos
rins e também se considera que ele inibe a expressão de certos fatores de crescimento
(especialmente o fator de crescimento II semelhante à insulina) no rim em desenvolvi-
mento (Drummond et al., 1992).
(B)
Dedos de zinco
Cadeia principal
da proteína
Módulo 1 Módulo 2
(C) DNA
Figura 10.31
Elemento responsivo a estrógeno
Organização estrutural do receptor de hor-
mônios de proteínas ligantes de DNA. (A)
Elemento responsivo à tiroxina
e ao ácido retinóico Estrutura geral de uma proteína ligante de
hormônio esteróides. As funções de cada fra-
ção foram determinadas analisando os efeitos
de mutações em cada uma dessas regiões e
esteróides inclui os hormônios glicocorticóides (cortisona, hidrocortisona e o hormô- produzindo moléculas de proteínas quiméri-
cas tendo regiões derivadas de diferentes pro-
nio sintético dexametasona). Esses se ligam aos receptores de hormônios glicocorti-
teínas receptoras. Uma estrutura similar é
cóides e lhes permitem se ligar aos elementos responsivos aos glicocorticóides nos vista no receptor do ácido retinóico e no re-
cromossomos (Figura 10.31). ceptor do hormônio tireoideano. (B) Região
Os elementos responsivos aos hormônios esteróides são muito semelhantes entre dedo de zinco, ligante de DNA do receptor de
si e são reconhecidos pelas proteínas muito relacionadas. As proteínas receptoras de glicocorticóides. Resíduos enquadrados no
esteróides contêm, cada uma, três domínios funcionais: (1) um domínio ligante de módulo 1 discriminam entre elementos
hormônio, (2) um domínio ligante de DNA que reconhece o elemento responsivo ao responsivos a estrógenos ou glicocorticóides.
hormônio, e (3) um domínio de trans-ativação que está envolvido na mediação do sinal Resíduos nos círculos estão envolvidos na
para o início da transcrição. Essas funções podem sobrepor-se parcialmente, e todos dimerização. (C) A região dedo de zinco do
receptor de glicocorticóide ligada a seu ele-
os domínios parecem ter algum papel na ativação da transcrição (Beato, 1989). Para
mento responsivo. As seqüências de DNA
ocorrer a ativação transcricional, o receptor deve penetrar no núcleo e dimerizar com para os elementos responsivos estão mostra-
uma proteína similar ligante de hormônio. A ligação do hormônio ao seu domínio das à esquerda. Note que elas são palíndro-
ligante de hormônio pode ser necessária para a dimerização, translocação para o nú- mos invertidos, de modo que cada dímero é
cleo, e habilidade da região ligante de DNA em reconhecer o elemento responsivo a exposto ao mesmo sítio. N, qualquer base;
hormônio. (Kumar et al., 1987) GRE, elemento responsivo a glicocorticóide
Os elementos responsivos aos hormônios dentro do DNA foram inicialmente (e progesterona); ERE, elemento responsivo
identificados por ensaios de ligação competitiva (Pfahl, 1982; Karin, 1984), onde a estrógeno; TRE, elemento responsivo à
fragmentos de restrição específicos do DNA foram testados para verificar sua habi- tiroxina e ácido retinóico. A distinção entre
receptores ligando glicocorticóides ou
lidade de ligação a receptores de hormônios carregando hormônios radioativos.
progesterona versus receptores ligando
Usando vários fragmentos derivados de enzimas de restrição do DNA e comparan- tiroxina ou ácido retinóico é determinada pelo
do as seqüências de vários elementos responsivos a glicocorticóides, foi determi- espaçamento dos elementos responsivos, por
nado que a seqüência de consenso do elemento responsivo ao glicocorticóide é quantidades limitantes de receptores, e por
AGAACANNNT-GTTCT (onde N pode ser qualquer base). Mostrou-se que essas outras interações de elementos cis. (De acor-
seqüências ligantes de glicocorticóides agem como intensificadores: quando o do com Kaptein, 1992.)
422 PARTE III Mecanismo da Diferenciação Celular
Estimular com
glicocorticóide
elemento responsivo ao glicocorticóide foi ligado a genes que normalmente não são
dependentes de hormônio, aqueles genes se tornaram responsivos aos glicocorti-
cóides (Figura 10.32; Chandler et al.,1983).
A ligação da proteína receptora ao elemento intensificador responsivo ao hor-
mônio é feita através da região do dedo de zinco no domínio de ligação ao DNA
(Green et al., 1988). Quando são produzidas proteínas quiméricas, onde o domínio
do dedo de zinco do receptor de estrógeno substitui a mesma região do receptor
de glicocorticóide, a proteína reconhece o DNA que tem elementos responsivos a
estrógenos e faz com que o gene seja responsivo aos glicocorticóides. Os amino-
ácidos críticos parecem se localizar na “articulação” do dedo de zinco (Danielsen
et al., 1989; Umesono e Evans, 1989). Mesmo mudando somente dois aminoácidos
na articulação da região do dedo de zinco já haverá mudança na especificidade da
proteína ligante. Assim, mesmo que os domínios de ligação a DNA das proteínas
receptoras de hormônios sejam muito semelhantes, eles podem distinguir diferen-
ças sutis nas seqüências dos intensificadores. Por exemplo, a seqüência
(palindrômica) 5’-GGTCACTGTGACC-3’ é um forte elemento intensificador
responsivo a estrógeno que ligará a proteína receptora contendo estrógeno. Duas
mutações simétricas nessa seqüência, dando 5’-GGACACTGTGTCC-3’, converte-
rá esse DNA em um intensificador responsivo ao glicocorticóide (Klock et al.,
CAPÍTULO 10 Fatores de transcrição e promotores específicos 423
1987; Martinez et al., 1987). Dadas as similaridades entre proteínas receptoras de (A)
“Enhanceosome”
hormônios e as similaridades entre os elementos responsivos a hormônios, é prová-
vel que cada hormônio esteróide é o mediador de sua ativação transcricional usan-
do o mesmo mecanismo geral.
c-Jun:c-Jun
c-Jun: c-Jun
Pouca transcrição Muita transcrição
c-Jun: c-Fos
c-Jun: c-Fos
Muita transcrição Pouca transcrição
no sítio, ele poderia dirigir uma transcrição extremamente eficiente do gene Proliferin.
Essa transcrição é inibida pela presença de glicocorticóides. Assim, se o
glicocorticóide tem um efeito estimulador ou inibidor na transcrição do gene
Proliferin depende do estado fisiológico anterior da célula. Uma única seqüência de
DNA ligando um determinado receptor de hormônio pode ser tanto um intensifica-
dor como um silenciador para a mesma proteína.
Existem outras maneiras para um elemento cis-regulador ser ativador em algumas
situações e repressor em outras. Por exemplo, o fator de transcrição Krüppel da
Drosophila (uma proteína cuja atividade veremos no Capítulo 14, é responsável
pela formação do tórax e abdômen superior da mosca) é um ativador em baixas
concentrações e um repressor em altas concentrações. Em baixas concentrações, ele
se liga a seu elemento cis-regulador no DNA, e interage com TFIIB para facilitar a
construção do complexo de iniciação da transcrição. Em altas concentrações, ele se
liga a si mesmo, e os dímeros resultantes não complexam com TFIIB (Sauer et al.,
1995). Em lugar disso, os dímeros interagem com TFIIE e podem bloquear sua fun-
ção. Se a proteína p53 supressora de tumor é um ativador ou repressor depende da
estrutura do promotor do gene específico. Se existe no promotor um elemento ligante
de p53, a proteína p53 age como um ativador. Se não existe um elemento p53 no
promotor, p53 pode se ligar a TAF em TFIID e impedir a transcrição. Ela pode tam-
bém interagir com o fator de transcrição WT1. Esse fator usualmente é um ativador
de transcrição, mas se está ligado à p53, se torna um repressor* (Figura 10.35; Seto
et al., 1992; Maheswaran et al., 1993).
*Temos boa e má novidades. A boa novidade é que até o fim desta década, conheceremos a maioria,
senão todos os fatores de transcrição ativos em muitos tipos de células, e como eles interagem para iniciar
ou reprimir a transcrição. A má notícia é que muitos de nós teremos que aprender físico-química para
entender esses dados.
CAPÍTULO 10 Fatores de transcrição e promotores específicos 425
Elemento Elemento
ligante de WT1 ligante de WT1
Figura 10.36
A expressão de Myogenin no embrião de camundongo de 10.5 dias. Um gene repórter da β-
galactosidase foi ligado às seqüências reguladoras a montante do gene Myogenin, e isso foi usado
para produzir camundongos transgênicos. Os embriões transgênicos com 10.5 dias foram cora-
dos para identificar a presença da β-galactosidade bacteriana. (A) Região promotora de Myogenin
selvagem, mostrando todos os lugares onde o gene Myogenin é usualmente expresso. (B) Ex-
pressão de um promotor de Myogenin com uma mutação em um sítio próximo ao gene Myogenin.
Não há transcrição desse gene nos brotos dos membros. (C) Expressão de um promotor de
Myogenin com uma mutação em um sítio mais a montante do gene. Não é vista transcrição do
promotor nos arcos faríngeos, membros ou células centrais posteriores do miótomo. (de Cheng
et al., 1993.)
Uma série de novas descobertas sugere que o DNA é mais parecido a um certo
tipo de político, rodeado por um rebanho de manipuladores e consultores de
proteínas que devem massageá-lo vigorosamente, torcê-lo e, ocasionalmente,
reinventá-lo antes que o grande plano do corpo possa fazer algum sentido.
LITERATURA CITADA
Akoulitchev, S., Mäkelä, T. P., Weinberg, R. A. Brack, C., Hirama, M., Lenhard-Schuller, R. and Chun, J. J. M., Schatz, D. G., Oettinger, M. A.,
and Reinberg, D. 1995. Requirement for TFIIH Tonegawa, S. 1978. A complete immunoglobu- Jaenisch, R. and Baltimore, D. 1991. The
kinase activity by RNA polymerase II. Nature lin gene is created by somatic recombination. recombination activating gene 1 (RAG-1) is
377: 557-560. Cell 15: 1-14. present in the murine central nervous system.
Cell 64: 189-200.
An, W. and Wensink, P. C. 1995. Three protein Brennan, T., Edmondson, D. G., Li, L. and Olson,
binding sites form an enhancer that regulates sex- E. N. 1991. Transforming growth factor P Comai, L., Tanese, N. and Tjian, R. 1992.
and fat body-specific transcription of Drosophi- represses the actions of myogenin through a The TATA-binding protein and associated
la yolk protein gene. EMBO J. 14: 1221-1230. mechanism independent of DNA binding. Proc. factors are integral components of the RNA
Nall. Acad. Sci. USA 88: 3822-3826. polymerase I transcription factor, SLI. Cell
Angier, N. 1992. A first step in putting genes 68:965-976.
into action: Bend the DNA. New York Times, Bruening, W. and seven others. 1992. Germline
August 4,1992, pp. C1, C7. intronic and exonic mutations in the Wilms’ Conaway, R. C., Pfeil-Garrett, K., Hanley, J. P.
tumor gene (WTI) affecting urogenital and Conaway, J. W. 1991. Mechanism of promoter
Atchinson, M. L. and Perry, R. P. 1987. The development. Nat. Genet. 1: 144-148. selection by RNA polymerase II: Mammalian
role of K-enhancer and its binding factor NF- transcription factors a and bg promote entry of
KB in the developmental regulation of K gene Bunick, D., Zandomeni, R., Ackerman, S. and
polymerase into the preinitiation complex. Proc.
transcription. Cell 48: 121-128. Weinmann, R. 1982. Mechanism of RNA
Natl. Acad. Sci. USA 88: 6205-6209.
polymerase II-specific initiationof transcription
Ayer, D. E., Kretzner, L. and Eisenman, R. N. in vitro: ATP requirement and uncapped runoff Crenshaw, E. B., Kalla, K., Simmons, D. M.,
1993. Mad: A heterodimeric partner for Max transcripts. Cell 29: 877-886. Swanson, L. W. and Rosenfeld, M. G. 1989. Cell-
that antagonizes Myc transcriptional activity. specific expression of the prolactin gene in
Cell 72: 211-222. Buratowski, S., Hahn, S., Guarente, L. and Sharp, P.
transgenic mice is controlled by synergistic
A. 1989. Five initiation complexes in transcription
Baeuerle, P. A. and Baltimore, D. 1988. IKB: A interactions between promoter and enhancer
initiation by RNA polymerase II. Cell 56: 549-561.
specific inhibitor of the NF-kB transcription elements. Genes Dev. 3: 959-972.
factor. Science 242: 540-545. Buratowski, S., Sopta, M., Greenblatt, J. and
Croce, C. M. 1985. Chromosomal translocati-
Sharp, P. 1991. RNA polymerase II-associated
Banerji, J., Olson, L. and Schaffner, W. 1983. A ons, oncogenes, and B-cell tumors. Hosp. Pract.
proteins are required for a DNA conformation
lymphocyte-specific cellular enhancer is located 20(l): 41-48.
change in the transcription initiation complex.
downstream of the joining region in immunoglo- Proc. Natl. Acad. Sci. USA 88: 7509-7513. Croce, C. M. 1987. Role of chromosome trans-
bulin heavy chain genes. Cell 33:729-740. locations in human neoplasia. Cell 49: 155-156.
Calame, K. L. 1989. Immunoglobulin gene
Beato, M. 1989. Gene regulation by steroid transcription: Molecular mechanisms. Trends Croce, C. M., Thierfelder, W., Erikson, J.,
hormones. Cell 56: 335-344. Genet. 5: 395-399. Nishikura, K., Finan, J., Lenoir, G. M. and
Behringer, R. R., Mathews, L. S., Palmiter, R. Nowell, P. C. 1984. Transcriptional activation
Chandler, V. L., Maier, B. A. and Yamamoto,
D. and Brinster, R. L. 1988. Dwarf mice produced of an unarranged and untranslocated c-myc
K.R. 1983. DNA sequences bound specifically
by genetic ablation of growth hormone- oncogene by translocation of a C2, locus in
by glucocorticoid receptor in vitro render a
expressing cells. Genes Dev. 2: 453-461. Burkitt lymphoma cells. Proc. Natl. Acad. Sci.
heterologous promoter hormone responsive in
LISA 80: 6922-2926.
Benezra, R., Davis, R. L., Lockshon, D., Turner, vivo. Cell 33: 489-499.
D. L. and Weintraub, H. 1990. The protein Id: A Crossley, M. and Brownlee, G. G. 1990.
Chen, J. -L., Attardi, L. D., Verrijzer, C. P.,
negative regulator of helixloop-helix DNA Disruption of a C/EBP binding site in the factor
Yokomori, K. and Tjian, R. 1994. Assembly of
binding proteins. Cell 61: 49-59. IX promoter is associated with haemophilia B.
recombinant TFIID reveals differential cofactor
Nature 345: 444-446.
Bergman, Y., Rice, D., Grosschedl, R. and requirements for distinct transcriptional
Baltimore, D. 1984. Two regulatory elements for activators. Cell 79: 93-105. Cullen, K. E., Kladde, M. P. and Seyfred, M. A.
immunoglobulin ic light chain gene expression. 1993. Interaction between transcriptional
Chen, P.-L., Scully, P., Shew, J.-Y., Wang, J. Y. J.
Proc. Natl. Acad. Sci. USA 81:7041-7045. regulatory regions of prolactin chromatin.
and Lee, W.-H. 1989. Phosphorylation of the
Science 261: 203-206.
Bernard, O., Hozumi, N. and Tonegawa, S. 1978. retinoblastoma gene product is modulated during
Sequences of mouse immunoglobulin light chain the cell cycle and cellular differentiation. Cell Danielsen, M. Hinck, L. and Ringold,G. M. 1989.
genes before and after somatic change. Cell 15: 58: 1193-1198. Two amino acids within the knuckle of the first
1133-1144. zinc finger specify DNA response element
Cheng, T.-C., Wallace, M., Merlie, J. P. and Olson,
activation by the glucocorticoid receptor. Cell
Bischoff, R. and Holtzer, H. 1969. Mitosis and E. N. 1993. Separable regulatory elements
57: 1131-1138.
the processes of differentiation of myogenic cells govern myogenin transcription in mouse
in vitro. J. Cell Biol. 41: 188-200. embryogenesis. Science 261: 215-218. Davis, M. M., Calame, K., Early, P. W., Livant,
D. L., Joho, R., Weissman, 1. L. and Hood, L.
Bodner, M. and Karin, M. 1987. A pituitaryspecific Chi, T. and Carey, M. 1996. Assembly of the
1980a. An immunoglobulin heavy chain gene is
trans-acting factor can stimulate transcription isomerized TFIIA-TFIID-TATA ternary complex
formed by at least two recombinational events.
from the growth hormone promoter in extracts is necessary and sufficient for gene activation.
Nature 283: 733-739.
of non-expressing cells. Cell 50: 267-275. Genes Dev. 10: 2540-2550.
Davis, M. M., Kim, S. K. and Hood, L. 1980b.
Boulet, A. M., Erwin, C. R. and Rutter, W. J. Christy, R. J. and seven others. 1989. Differentiation-
Immunoglobulin class switching: Developmen-
1986. Cell-specific enhancers in the rat induced gene expression in 3T3-Ll preadipocytes:
tally regulated DNA rearrangements during
exocrine pancreas. Proc. Nall. Acad. Sci. USA CCAAT/enhancer binding protein interacts with and
differentiation. Cell 22: 1-2.
83:3599-3603. activates the promoter of two adipocyte-specific
genes. Genes Dev. 3: 1323-1335.
428 PARTE III Mecanismo da Diferenciação Celular
Diamond, M. I., Miner, J. N., Yoshinaga, S. K. Garabedian, M. J., Hung, M.-C. and Wensink, P. Hozumi, N. and Tonegawa, S. 1976. Evidence
and Yamamoto, K. R. 1990. Transcription C. 1985. Independent control elements that for somatic rearrangement of immunoglobulin
factor interactions: Selectors of positive and determine yolk protein gene expression in genes coding for variable and constant regions.
negative regulation from a single DNA element. alternative Drosophila tissues. Proc. Natl. Acad. Proc. Natl. Acad. Sci. USA 73: 3628-3632.
Science 249: 1266-1272. Sci. USA 82:1396-1400.
Hunter, I and Karin, M. 1992. The regulation
Dierks, P., van Ooyen, A., Chochran, M. D., Gedamu, L. and Dixon, G. H. 1978. Effect of of transcription by phosphorylation. Cell 70:
Dobkin, C., Reiser, J. and Weissman, C. 1983. enzymatic clecapping on protamine messenger 375-387.
Three regions upstream from the cap site are RNA translation in wheat-germ S30. Biocheni.
Jacq, X., Brou, C., Lutz, Y., Davidson, I.,
required for efficient and accurate transcription Biophys. Res. Commun. 85: 114-124.
Chambon, P. and Tora, L. 1994. Human
of the rabbit P-globin gene in mouse 3T6 cells.
George-Weinstein, M. and nine others. 1996. Skeletal TAFI130 is present in a distinct TFIID complex
Cell 32: 695-706.
myogenesis: The preferred pathway of chick epiblast and is required for transcriptional activation by
Dollé, P., Castrillo, J.-L., Theill, L. E., Deerinck, cells in vitro. Dev. Biol. 173: 279-291. the estrogen receptor. Cell 79: 107-117.
T., Ellisman, M. and Karin, M. 1990. Expression
Ghosh, S. and Baltimore, D. 1990. Activation in Jarriault, S., Brou, C., Logeat, C., Schroeter, E.
of GHF-1 protein in mouse pituitaries correlates
vitro of NF-KB by phosphorylation of its H. , Kopan, R. and Israel, A. 1995. Signalling
both temporally and spatially with the onset of
inhibitor, IKB. Nature 344: 678-682. downstream of activated mammalian Notch.
growth hormone gene activity. Cell 60: 809-820.
Nature 377: 355-358.
Gillies’ S. D., Morrison, S. L., Oi, V T. and
Donner, P., Greiser-Wilka, 1. and Moelling, K.
Tonegawa, S. 1983. A tissue-specific transcription Jen, Y., Weintraub and Benezra, R. 1992.
1982. Nuclear localization and DNA binding of
enhancer element is located in the major intron Overexpression of Id protein inhibits the muscle
the transforming gene product of avian
of a rearranged immunoglobulin heavy chain gene. differentiation program: In vivo association of
myelocytornatosis virus. Nature 296:262-266.
Cell 33: 717-728. Id and E2A proteins Genes Dev. 6:1466-1479.
Driever, W. and Nüsslein-Volhard, C. 1989. The
Green, S. and Chambon, P. 1988. Nuclear receptors Jones, N. 1990. Transcriptional regulation by
bicoid protein is a positive regulator of
enhance our understanding of transciptional dimerization: Two sides to an incestuous
hunchback transcription in the early Drosophi-
regulation. Trends Genet. 4: 309-314. relationship. Cell 61: 9-11.
la embryo. Nature 337: 138-143.
Green, S., Kumar, V., Thenlaz, I., Wahli, W. and Kadonaga, J. T., Courey, A. J., Ladika, J. and
Drummond, 1. A., Madden, S. L., Rohwer, N. P.,
Chambon, P. 1988. The N-terminal DNA binding Tjian, R. 1988. Distinct regions of Spl modulate
Bell, G. I., Sukhatme, V. P. and Rauscher, E 111.
zinc finger of the oestrogen and glucocorticoid DNA binding and transcriptional activation.
1992. Repression of the insulin-like growth
receptors determines target gene specificity. Science 242: 1566-1570.
factor 11 gene by the Wilms’ tumor suppressor
EM130 f. 7: 30373044.
gene WT1. Science 257: 674-678. Kaestner, K. H., Christy, R. J. and Lane, M. D.
Grosschedl, R. and Birnstiel, M. L. 1980. Spacer 1990. Mouse insulin-responsive glucose
Dynan, W. S. and Tjian, R. 1985. Control of
DNA upstream from the TATAATA sequence transporter gene: Characterization of the gene
eukaryotic messenger RNA synthesis by sequence-
are essential for promotion of H2A histone gene and trans-activation by the CCAAT/enhancer
specif ic DNA-binding proteins. Nature 316:
transcription in vivo. Proc. Natl. Acad. Sci. USA binding protein. Proc. Natl. Acad. Sci. USA 87:
774-778.
77: 7102-7106. 251-255.
Dynlacht, B. D., Hoey, T. and Tjian, R. 1991.
Grosveld, E , de Boer, E., Shewmaker, C. K. and Kaptein, R. 1992. Zinc-finger structures. Curr.
Isolation of cofactors associated with the TATA-
Flavell, R. A. 1982. DNA sequences necessary Opin. Struct. Biol. 2:109-115.
binding protein that mediate transcriptional
for the transcription of the rabbit P-globin gene
activation. Cell 66: 563-576. Karin, M., Haslinger, A., Holtgreve, H., Richards,
in vivo. Nature 295: 120-126.
R. I., Krautner, P., Westphal, H. M. and Beato,
Efstratiadis, A. and fourteen others. 1980. The
Haber, D. A and seven others. 1990. An internal M. 1984. Characterization of DNA sequences
structure and evolution of the human P-globin
deletion within an 1IpI3 zinc finger gene through which cadmium and glucocorticoid
gene family. Cell 21: 653-668.
contributes to the development of Wilms’tumor. hormones induce human metallothionein-II
Elsholtz, H. P., Albert, V. R., Treacy, M. N. and Cell 61:1257-1269. gene. Nature 308: 513-519.
Rosenfeld, M. G. 1990. A two-base change in a
Henkel, T., Zabel, U., van Zee, K., MiAler, J. Kelly, K., Cochrane, B. H., Stiles, C. D. and
POU factor-binding site switches pituitary
M., Fanning, E. and Baeuerle, P. A. 1992. Leder, P. 1983. Cell-specific regulation of the
specific to lymphoidspecific gene expression.
Intramolecular masking of the nuclear location c-myc gene by lymphocyte mitogens and
Genes Dev. 4: 43-51.
signal and dimerization domain in the precursor platelet-derived growth factor. Cell 35: 603-610.
Falvo, J. V., Thanos, D. and Maniatis, 1995. for the p50 NFvicB subunit. Cell 68:1121-1133.
Kerr, L. D., Inoue, J.-I., Davis, N., Link, E.,
Reversal of intrinsic DNA bends in the IFNP
Herr, W. and eleven others. 1988. The POU Baeurle, P. A., Bose, H. R. Jr. and Verma, 1. M.
gene enhancer by transcription factors and
domain: A large conserved region in the 1991. The rel-associated pp40 protein prevents
the archetectural protein HMG I(Y). Cell 83:
mammalian pit-1, oct-1, oct-2, and Caenorhab- DNA binding at rel and NF-KB: Relationship
1101-1111.
ditis elegans unc-86 gene products. Genes Dev. 2: with IKB and regulation by phosphorylation.
French, B. A., Chow, K.-L., Olson, E.N. and 1513-1516. Genes Dev. 5: 1464-1476.
Schwartz, R. J. 1991. Heterodimers of myogenic
Hiom, K. and Gellert, M. 1997. A stable RAGI- Klock, G., Strdhle, U. and Schtiutz, G. 1987.
regulatory factors and E12 bind a complex
RAG2-DNA complex that is active in V(D)J Oestrogen and glucocorticoid responsive
element governing myogenic induction of the
cleavage. Cell 88: 65-72. elements are closely related but distinct. Nature
avian a-actin promoter. Mol. Cell. Biol. II:
329: 734-736.
2439-2450. Hoey, T, Weinzierl, R. 0. J., Gill, G ., Chen, J -L.,
Dynlacht, B. D. and Tjian, R. 1993. Molecular Koleske, A. J., Buratowski, S., Nonet, M. and
Fujimoto, S. and Yamagishi, H. 1987. Isolation
cloning and functional analysis of Drosophila Young, R. A, 1992. A novel transcription factor
of an excision product of T cell receptor a-
TAF110 reveal properties expected of coacti- reveals a functional link between the RNA poly-
chain gene rearrangements. Nature 327:242-243.
vators. Cell 72: 247-260. merase 11 CTD and TFIID. Cell 69: 883-894.
CAPÍTULO 10 Fatores de transcrição e promotores específicos 429
Konigsberg, I. R., McElvain, N., Tootle, M. Lin, Y.-S. and Green, M. R. 1991. Mechanism Nadal-Ginard, B. 1978. Commitment, fusion,
and Herrmann, H. 1960. The dissociability of action of an acidic transcriptional activator and biochemical differentiation of a myogenic
of deoxyribonucleic acid synthesis from the in vitro. Cell 64: 971-981. cell line in the absence of DNA synthesis. Cell
development of multinuclearity of muscle 15: 855-866.
cells in culture. J. Biophys. Biochem. Cytol. Lin, Y.-S., Ha, L, Maldonado, E., Reinberg, D.
and Green, M. R. 1991. Binding of general Nishikura, K., Rushdim, A., Erikson, J., Watt,
8: 333-343.
transcription factor TF11B to an acidic R., Rovera, G. and Croce, C. M. 1983.
Kopan, R., Nye, J. S. and Weintraub, H. 1994. activating region. Nature 353: 569-571. Differential expression of the normal and of
The intracellular domain of mouse Notch: a the translocated human c-myc oncogenes in B
Lu, FL, Zawel, L., Fisher, L., Egly, M. and
constutively actived repressor of myogenesis cells. Proc. Natl. Acad. Sci. USA 80: 4822-4286.
directed at the basic helixloop-helix region of Reinberg, D. 1992. Human general transcription
factor 11H phosphorylates the Cterminal Oettinger, M. A., Schatz, D. G., Gorka, C. and
MyoD. Development 120:2421-2430.
domain of RNA polymerase 11. Natu re 358: Baltimore, D. 1990. RAG-1 and RAG-2, adjacent
Kreidberg, J. A., Saviola, H., Loring, J. M., Maeda, 641-645. genes that synergistically activate V(D)J
M., Pelletier, J., Housman, D. and Jaenisch, R. recombination. Science 248: 1517 -1522.
Maheswaran, S. , Park, S., Bernard, A., Morris,
1993. WT-1 is required for early kidney
J., Rauscher, F. J. 111, Hill, D. E. and Haber, D. O’Kane, C. J. and Gehring, W. J. 1987.
development. Cell 74: 679-691.
A. 1993. Physical and functional interactions Detection in situ of genomic regulatory
Kumar, V., Green, S., Stack, G., Berry, M., Jin, between WTI and p53 proteins. Proc. Natl. elements in Drosophila. Proc. Natl. Acad. Sci.
J.-R. and Chambon, P. 1987. Functional Acad. Sci. USA 90: 51005104 LISA 84: 9123-9127.
domains of the human estrogen receptor. Cell
51: 941-951. Maldonado, E., Ha, L, Cortes, P., Weis, L. Olson, E. N. 1992. Interplay between prolifera-
and Reinberg, D. 1990. Factors involved in tion and differentiation within myogenic lineage.
Landschulz, W. H., Johnson, P. E and McKnight, specific transcription by mammalian RNA Dev. Biol. 154: 261-272.
S. L. 1988. The leucine zipper: A hypothetical polymerase II: Role of transcription factors
structure common to a new class of DNA-binding Orkin, S. and Kazazian, H. H. 1984. The
IIA, IID, and JIB during formation of a
mutation and polymorphism of the human P-
proteins. Science 240: 1759-1764. transcription competent complex. Mol. Cell
globin gene and its surrounding DNA. Annu. Rev.
Biol. 10: 6335-6347.
Lassar, A. B. and seven others. 1991. Functional Genet. 18:131-171.
activity of myogenic HLH proteins requires Maniatis, T., Goodbourn, S. and Fischer, J. A.
Pabo, C. 0. and Sauer, R. T. 1992. Transcription
hetero-oligomerization with E12/E47-like 1987. Regulation of inducible and fissuespecific
factors: Structural families and principles of
proteins in vivo. Cell 66: 305-315. gene expression. Science 236: 1237-1245.
DNA recognition. Annu. Rev. Biochem. 61:
Lawn, R. M., Efstratiadis, A., O’Connell, C. and Mantovani, R. and eight others. 1988. An 1053-1095.
Maniatis, T. 1980. The nucleotide sequence of erythroid-specific nuclear factor binding to the
Palmiter, R. D., Brinster, R. L., Hamm, R. E.,
the human P-globin gene. Cell 21: 647-651. proximal CACCC box of the P-globin gene
Trumbauer, M. E., Rosenfeld, M. G., Birnberg,
promoter. Nucleic Acid Res. 16: 4299-4313.
Laybourn, P. J. and Kadonaga, J. T. 1991. Role N. C. and Evan, R. M. 1982. Dramatic growth
of nucleosome cores and histone H1 in regulation Martinez, E., Givel, F. and Wahl, W. 1987. An of mice that develop from eggs microinjected
of transcription by RNA polymerase 11. Science estrogen-responsive element as an inducible with metallothionein growth hormone fusion
254: 238-245. enhancer: DNA sequence requirements and genes. Nature 300: 611-615.
conversion to a glucocorticoidresponsive
Leder, P. and seven others. 1983. Translocati- Parslow, T. G., Blair, D. L., Murphy, W. J.
element. EMBO J. 6: 3719-3727.
ons among antibody genes in human cancer. and Granner, D. K. 1984. Structure of the 5'
Science 222: 765-771. Mather, E. L. and Perry, R. P. 1982. Transcrip- ends of immunoglobulin genes: A novel
tional regulation of the immunoglobulin V genes. conserved sequence. Proc. Natl. Acad. Sci.
Lee, D. K., Horikoshi, M. and Roeder, R. G.
Nucleic Acids Res. 9: 6855-6867. USA 81: 2650-2654.
1991. Interaction of TFIID in the minor groove
of the TATA element. Cell 67: 1241-1250. Matsuoka, M., Nagawa, F., Okazaji, K., Patapoutian, A., Miner, J. H., Lyons, G. E. and
Kingsbury, L., Yoshida, K., Muller, U “ Larue, Wold, B. 1993. Isolated sequences from the
Lenardo, M. J. and Baltimore, D. 1989. NFKB:
D.T., Winer, J. A. and Sakano, H. 1991. linked Myf-5 and MRF-4 genes drive distinct
A pleiotropic mediator of inducible and tissue-
Detection of somatic DNA recombination in patterns of muscle-specific expression in
specific gene control. Cell 58: 227-229.
the transgenic mouse brain. Science 254: 81-86. transgenic mice. Development 118: 61-69.
Li, L., Zhou, J., Guy, J., Heller-Harrison, R.,
McKnight, S. and Tjian, R. 1986. Transcriptio- Pathak, D. and Sigler, P. B. 1992. Updating
Czech, M. P. and Olson, E. N. 1992. FGF
nal selectivity of viral genes in mammalian cells. structure-function relationships in the bZip
inactivates myogenic helix-loop-helix proteins
Cell 46: 795-805. family of transcription factors. Curr. Opin.
through phosphorylation of a conserved protein
Struct. Biol. 2: 116-123.
kinase C site in their DNA-binding domains. Cell Miesfeld, R. and seven others. 1986. Genetic
71:1181-1194. complementation of a glucocorticoid receptor Payvar, F. and seven others. 1983. Sequence-
deficiency by a cloned receptor cDNA. Cell 46: specific binding of glucocorticoid receptor to
Li, S., Crenshaw, E. B. 111, Rawson, E. J.,
389-399. MTV DNA at sites within and upstream of the
Simmons, D. M., Swanson, L. W. and Rosenfeld,
transcribed region. Cell 35: 381-392.
M. G. 1990. Dwarf locus mutants lacking three Milos P M. and Zaret, K. S. 1992. A ubiquitous
pituitary cell types result from mutations in the iac’tor is required for C/EBP-related proteins to Pfahl, M. 1982. Specific binding of the
POU-domain gene pit-1. Nature 347: 528-533. form stable transcription complexes on an glucocorticoid-receptor complex to the mouse
ovalbumin promoter segment in vitro. Genes mammary tumor proviral promoter region. Cell
Lin, F.-T. and Lane, M. D. 1992. Antisense
Dev. 6: 183-196. 31: 475-482.
CCAAT/enhancer-binding protein RNA suppresses
coordinate gene expression and triglyceride Myers, R. M., Tilly, K. and Maniatis, T. 1986. Picard, D. and Schaffner, W. 1984. A lympho-
accumulation during differentiation of 3T3-Ll Fine structure genetic analysis of a globin cyte-specific enhancer in the mouse immuno-
pre-adipocytes. Genes Dev. 6:533-544. promoter. Science 232: 613-618. globulin K gene. Nature 307: 80-82.
430 PARTE III Mecanismo da Diferenciação Celular
Pu, W.T. and Struhl, K. 1991. The leucine zipper Sen, R. and Baltimore, D. 1986b. Inducibility of Trudel, M. and Constantmi, E 1987. A 3'
symmetrically positions the adjacent regions for K immunoglobulin enhancer-binding protein NF- enhancer contributes to the stage-specific
specific DNA binding. Proc. Natl. Acad. Sci. USA KB by a posttranslational mechanism. Cell 47: expression of the human P-globin gene. Genes
88: 6901-6905. 921-928. Dev. 1: 954-961.
Pugh, B. F. and Tjian, R. 1991. Transcription from Seto, E. and seven others. 1992. Wild-type p53 Umek, R. M., Friedman, A. D. and McKnight, S.
a TATA-less promoter requires a mulfisubunit binds to TATA-binding protein and represses L. 1991. CCAAT-enhancer binding protein: A
TFIID complex. Genes Dev. 5: 1935-1944. transcription. Proc. Natl, Acad. Sci. LISA 89: component of a differentiation switch. Science
12028-12032. 251: 288-292.
Queen, C. and Baltimore, D. 1983. Immunoglo-
bulin gene transcription is activated by downstream Shatkin, A. J. 1976. Capping of eucaryotic Umesono, K. and Evans, R. M. 1989. Determi-
sequence elements. Cell 33: 741-748. mRNAs. Cell 9: 645-653. nants of target gene specificity for steroid/
thyroid hormone receptors. Cell 57: 1139-1146.
Rabbitts, T, H, 1991. Translocations, master Sheiness, D. and Darnell, J. E. 1973. Polyade-
genes, and the differences between the origins of nylic segment in mRNA becomes shorter with Usheva, A., Maldonado, E., Goldring, A., LuH.,
acute and chronic leukemias. Cell 67:641-644. age. Nat. New Biol. 241: 265-268. Houbavi, C., Reinberg, D. and Alom, Y. 1992.
Specific interaction between the noriphospho-
Rhodes, S. J. and seven others. 1993. A fissue-specific Simmons, D. M., Voss, J. W., Ingraham, IT. A
rylated form of RNA polymerase 11 and the
enhancer confers Pit-l-dependent morphogen Holloway, J. M., Broide, R. S., Rosenfeid, M. G.
TATA-binding protein. Cell 69: 871-881.
inducibility on the pit-I gene. Genes Dev. 7: 913-932. and Swanson, L. W. 1990. Pituitary cell
phenotypes involve cell-specific Pit-I mRNA Verrijzer, C. P., Chen, J.-L. and Yokomori, K.
Rigby, P. W. J. 1993. Three in one and one in
translation and synergistic interactions with 1995. Binding of TAI’s to core elements directs
three: It all depends on TBP Cell 72: 7-10.
other classes of transcription factors. Genes Dev. promoter selectivity by RNA polymerase 11.
Rottman, F. A., Shatkin, A. J. and Perry, R. P. 4: 695-711. Cell 81:1115-1125.
1974. Sequences containing methylated nucleoticles
Sopta, M., Burton, Z. F. and Greenblatt, J. 1989. Vinson, C. R., Sigler, P. B. and McKnight, S. L.
at the 5' termini of messenger RNAs: Possible
Structure and associated DNA helicase activity 1989. Scissors-grip model for DNA recognition
applications for processing. Cell 3: 197-199.
of a general transcription factor that binds to by a family of leucine zipper proteins. Science
Rutter, W., Jr., Valenzuela, P., Ball, G. E., Holland, RNA polymerase II. Nature 341: 410-414. 246: 911-916.
M., Hager, G. L., Degennero, L. J. and Bishop, R. J.
Sornson, M. W. and fourteen others. 1996. Walker, M. D., Edlund, T., Boulet, A. M. and
1976. The role of DNA-dependent RNA polyme-
Pituitarv lineage determination by the Prophet Rutter, W J. 1983. Cell-specific expression
rase in transcriptive specifici~y. In E. M. Bradbury
of Pit-I homeodomain factor defective in Ames controlled by the 5' flanking region of the insulin
and K. Jaucherian (eds.), The Organization and
dwarfism. Nature 384: 327333. and chymotrypsin genes. Nature 306:557-561.
Expression of the Eukaryotic Genome. Academic
Press, New York, pp. 279-293. Stargell, L. A. and Strubl, K. 1996. Mechanism Wasylyk, B., Kedinger, C., Corden, J., Brison,
of transcriptional activation in vivo: Two steps D. and Chambon, P. 1980. Specific in vitro
Samuelsson, L., Str6mberg, K., Vikman, K.,
forward. Trends Genet. 12: 311315. initiation of transcription on conalbumin and
Bjursell, G. and EnerWck, S. 1991. The CCAAT/
ovalbumin genes and comparison with adenovirus
enhancer binding protein and its role in adipocyte Starr, D. B. and Hawley, D. K. 1991. TFIID
2 early and late genes. Nature 285: 367-373.
differentiation: Evidence for direct involvement binds in the minor groove of the TATA box.
in terminal adipocyte development. EMBO J. Cell 67: 1231-1240. Watson, J. D., Gilman, M., Witkowski, J. and
10: 37873793. Zoller, M. 1992. Recombinant DNA, 2nd Ed.
Staudt, L. M., Singh, H., Sen, R., Wirth, T.,
Scientific American Books, New York.
Sasai, Y., Kageyama, R., Tagawa, Y., Shigemoto, Sharp, P. A. and Baltimore, D. 1986. A
R. and Nakanishi, S. 1992. Two mammalian lymphoid-specific protein binding to the Werner, M. H., Huth, J. R., Gronenborn, A. M.
helix-loop-helix factors structurally related to octamer motif of immunoglobulin genes. and Clore, G. M. 1995. Molecular basis of human
Drosophila hairy and Enhancer of split. Genes Nature. 323: 640-643. 46 X,Y sex reversal revealed from the three
Dev. 6: 2620-2634. dimensional solution structure of the human SRY-
Stockdale, F. E. and Holter, H. 1961. DNA
DNA complex. Cell 81: 705-714.
Sauer, F., Wassarman, D. A., Rubin, G. M., and synthesis and myogenesis. Exp. Cell Res. 24:
Tjian, R. 1996. TAF,,s mediate activation of 508-520. Wirth, T., Staudt, L. and Baltimore, D. 1987.
transcription in the Drosophila embryo. Cell An octamer oligonucleotide upstream of a TATA
87:1271-1284. Struhl, G., Struhl, K. and Macdonald, P ‘ M.
motif is sufficient for lymphoid-specific
1989. The gradient morphogen bicoid is a
promoter activity. Nature 329: 174-178.
Sauer, F., Fondell, J. D., Ohkuma, Y., Roeder, R. concentration-dependent transcriptional
G. and Jackle, H. 1995. Control of transcription activator. Cell 57: 1259-1273. Workman, J. L. and Roeder, R, G. 1987. Binding
by KrUppel through interactions with TFIIB of transcription factor TFIID to the major late
and TFIIEP. Nature 375: 162-164. Tanaka, M., Lai, J.-S. and Herr, W. 1992.
promoter during in vitro nucleosome assembly
Promoter-specific activation domains in Oct-l
potentiates subsequent initiation by RNA poly-
Sawadogo, M. and Roeder, R. G. 1984. Energy and Oct-2 direct differential activation of an
merase 11. Cell 51: 613-622.
requirement for specific transcription by the snRNA and mRNA promoter. Cell 68: 755-767.
human RNA polymerase II system. 1. Biol. Wright, G. and eight others. 1991. High level
Chem. 259: 5321-5326. Thanos, D. and Maniatis, T. 1995. Virus induction
expression of active human al-anfitrypsin in the
of human IFNb gene expression requires the
milk of transgenic sheep. BioTech. 9: 830-834.
Schatz, D. G., Oettinger, M. A. and Baltimore, assembly of an enhanceosome., Cell 83: 1091-
D. 1989. The V(D)J recombination activating 1100. Yeo, S. P. and Rigby, P. W. J. 1993. The regulation
gene, RA G-1. Cell 59: 1035-1048. of myogenin gene expression during embryonic
Treisman, J., Gbnczy, P., Vashishta, M., Harris,
development of the mouse. Genes Dev. 7:1277-
Sen, R. and Baltimore, D. 1986a. Multiple nu- E. and Desplan, C. 1989. A single amino acid
1287.
clear I actors interact with the immunoglobulin can determine the DNA binding specificity of
enhancer sequences. Cell 46: 705-716. homeodomain proteins. Cell 59: 553-562.
Regulação transcricional da
expressão gênica: A ativação da cromatina
11
Enquanto meu companheiro contemplava
com seriedade e satisfação a magnífica apa-
rência das coisas, eu me deleitava em investi-
gar suas causas.... Curiosidade, pesquisa sin-
cera para conhecer as leis misteriosas da na-
A TÉ AGORA, limitamos nossa discussão sobre a transcrição de RNA mensa-
geiro à estrutura do próprio gene. Mas genes não existem em uma forma
isolada dentro do núcleo, facilmente acessível à RNA polimerase ou às pro-
teínas ligantes de intensificador ou promotor. Ao contrário, cromossomos eucarióticos
contêm tanta proteína (por peso) quanto ácido nucleico, e esse complexo DNA-proteí-
tureza, satisfação perto do êxtase enquanto na é chamado cromatina. As proteínas mais abundantes da cromatina são polipeptídeos
elas a mim se revelavam, estão entre as sen- básicos chamados histonas, que são organizados em nucleossomos.
sações mais antigas que posso lembrar.
MARY WOLLSTONECRAFT SHELLEY (1817)
Além dos nucleossomos, que são inibidores gerais da transcrição, outros elemen-
tos prioritários na cromatina também podem ser importantes na regulação da expres-
Então, não podemos negar categoricamen- são gênica. Assim, existem regiões controladoras de loco (LCRs) regulando a expres-
te que em última análise poderemos tritu- são de uma região do cromossomo; existem regiões associadas à matriz (MARs)
rar genes em um almofariz e em seguida onde o DNA está ancorado à matriz nuclear e onde podem estar ativas proteínas que
cozinhá-los em um béquer. desenrolam o DNA; e existem insulantes, seqüências que separam “domínios” regu-
H. J. MULLER (1922) ladores e assim impedem que elementos reguladores, positivos e negativos, em um
domínio possam agir em genes no domínio adjacente.
431
432 PARTE III Mecanismos da Diferenciação Celular
DNA ligante
(A) (B)
Figura 11.2
O papel da H1 na compactação da cromatina.
(A) Cromatina de fígado de galinha observada
no microscópio eletrônico. As contas repre-
específicos de tecidos são ativados pela interrupção local de fatores repressivos sentam os nucleossomos. (B) A mesma cro-
matina após a remoção da histona H1 por
(Weintraub, 1985). Como já mencionado, o principal mecanismo de repressão geral do
eluição salina. A cromatina se tornou muito
gene é provavelmente a compactação do DNA em aglomerados de nucleossomos, e a menos compacta (de Oudet et al., 1975; foto-
iniciação da transcrição depende da remoção dos nucleossomos da região promotora grafias cortesia de P. Chambon.)
do gene. Existem duas maneiras pelas quais isso pode ser feito. Primeiro, durante a
síntese de DNA (fase S no ciclo celular), nucleossomos são removidos de uma fita de
DNA e são repostos pouco tempo depois. Nesse tempo de substituição, poderia
haver competição pelos sítios promotores entre histonas e fatores de transcrição tais
como o TFIID ligante de TATA. Segundo, parece haver ativadores transcricionais
(tais como o receptor de glicocorticóide) que podem se ligar aos nucleossomos exis-
tentes e desorganizá-los (Rigaud et al., 1991; Adams e Workman, 1993). Uma vez que
os nucleossomos estão dissociados na região promotora, outros fatores de transcri-
ção podem se ligar (Figura 11.3).
A habilidade dos fatores de transcrição em remover nucleossomos de genes ati-
vos e seus promotores pode ser vista em experimentos com nucleases. A acessibilida-
de de um gene às proteínas nucleares pode ser detectada tratando a cromatina de um
tecido com pequenas quantidades de DNase I. Essa DNase pancreática digere regiões
acessíveis do DNA, mas o DNA coberto pelos nucleossomos é protegido. Após a
digestão, o DNA da cromatina tratada é extraído e misturado com cDNA radioativo de
um determinado gene (Figura 11.4). Se o cDNA encontra seqüências as quais pode se
ligar, então o gene foi protegido da digestão pelas proteínas da cromatina- ou seja, ele
não estava acessível à DNase, e provavelmente não estaria acessível também aos
fatores de transcrição ou à RNA polimerase. Entretanto, se a sonda de cDNA não
encontra seqüências as quais possa se ligar, então o gene foi exposto à DNase e
provavelmente seria acessível à RNA polimerase e a fatores trans-reguladores.
Foi determinado que a susceptibilidade de um determinado gene à ação da DNase I
é dependente do tipo de célula na qual ele reside (Tabela 11.1; Weintraub e Groudine,
1976). Tratando cromatina de células vermelhas do sangue de pinto em desenvolvimen-
to com DNase I, e misturando o DNA extraído com cDNA radioativo de globina, esse
encontrou muito poucas possibilidades de ligação. Os genes da globina na cromatina
foram digeridos por uma pequena quantidade de DNase I. Entretanto, tratando cromati-
na de células de cérebro com as mesmas quantidades de DNase I, essa não destruiu os
genes da globina. Portanto, o gene da globina estava acessível às enzimas externas na
cromatina de células vermelhas do sangue em desenvolvimento mas não na cromatina
de células do cérebro. De modo semelhante, o gene da ovalbumina (clara de ovo) é
suscetível à digestão pela DNase I em cromatina do oviduto mas não na cromatina das
434 PARTE III Mecanismos da Diferenciação Celular
TF se ligando ao
Um TF (fator de transcrição) nucleossomo
inicial se liga a um nucleossomo
central, deslocando parte do
núcleo da histona
Histona ou
proteínas carreadoras
Regiões sensíveis
à DNase I
Fibra, 30-nm
Medida de nucleotídeos
radioativos ligados
nos fragmentos de DNA radioativo, são destruídos por quantidades muito pequenas
de DNase, indicando que eles são altamente acessíveis às moléculas externas. Essa
acessibilidade parece decorrer da quase total ausência de nucleossomos nessa região
de DNA nos tecidos que os expressam (Elgin, 1988). Os sítios hipersensíveis à DNase
I marcam regiões da cromatina, tais como promotores e intensificadores ativos, onde
estão ligadas proteínas ligantes de DNA. Regiões hipersensíveis à DNase I estão
portanto, associadas a genes específicos de tecido regulados pelo desenvolvimento.
(Elgin, 1981; Conklin e Groudine, 1984). Por exemplo, genes da globina nas células
vermelhas do sangue e seus precursores imediatos contêm sítios hipersensíveis à
DNase I, mas genes da globina em outras células não os contêm (Stalder et al.,1980;
Groudine et al., 1983). A região flanqueando a extremidade 5’ do gene da vitelogenina
do pinto contém vários sítios hipersensíveis na cromatina do fígado de galinhas em
postura; mas esses sítios não estão presentes na cromatina do fígado de machos,
fígado embrionário, cérebro ou linfócitos (Burch e Weintraub, 1983).
Os sítios hipersensíveis à DNase I freqüentemente se situam dentro ou nas
adjacências de sítios que têm funções intensificadoras, e certos fatores trans-regu-
ladores são capazes de induzir a formação desses sítios hipersensíveis. Zaret e
436 PARTE III Mecanismos da Diferenciação Celular
TAF (250-kDa) de TFIID é capaz de acetilar histonas H3 e H4 (Mizzen et al., 1996). Essa
atividade enzimática pode ter um papel importante permitindo que TFIID substitua os Histona
nucleossomos. acetiltransferase
“Fetal”
Genes da globina
Genes da globina
“Adulto
minoritário”
“Adulto
majoritário”
Proteínas
globina
contém quatro sítios que são hipersensíveis à DNase I somente em células precurso-
ras de eritróides e que parecem ser necessários para altos níveis de ativação da trans-
crição específica nessas células, da família inteira dos genes da β-globina (ε-, γ-, β- e
δ-globinas) no cromossomo 11 humano (Grosveld et al., 1987). Deleção ou mutação da
LCR causa o silenciamento de todos esses genes. Inversamente, se a LCR é colocada
adjacente a genes que não são usualmente expressos nas células vermelhas do san-
gue (como o gene específico da célula T, thy-1) e então transfectados nas células
precursoras de eritróides, esses novos genes são expressos nas células vermelhas do
sangue. Esse efeito é específico para precursores das células vermelhas do sangue,
pois somente elas teriam os fatores trans-reguladores apropriados para se ligar a essa
região (Blom van Assendelft et al., 1989; Fiering et al., 1993).
A LCR é responsável por permitir expressão gênica em uma região inteira. Além
disso, se os genes da globina permanecem ligados à LCR, eles podem ser expressos
em células eritróides independentemente de onde elas residem no genoma. Se eles são
separados da LCR, os genes da globina são reprimidos, mesmo nas células eritróides
que transcreveriam os genes da globina. Ryan e colaboradores (1989) produziram
Sítio da eritropoiese
Fígado
Saco vitelínico
Porcentagem da síntese
total de globina
Figura 11.8
Porcentagens de cadeias polipeptídicas de
hemoglobina em função do desenvolvimento
humano. A importância fisiológica da cadeia
de γ−globina na hemoglobina fetal foi exami-
nada no Capítulo 9. (De acordo com Karlsson Idade pós-concepção Nascimento Idade pós-natal
e Nienhaus, 1985.) (semanas) (semanas)
CAPÍTULO 11 A Regulação Transcricional da Expressão Gênica 439
LCR
Proteínas ligantes
do promotor
(iii)
LCR
Promotor ou
intensificador
hipersensíveis
Informações adicionais
& Especulações
Intensificador intragênico
12 semanas
Inativo Ativo
γ−globina
clonados foram transcritos. Se certas regiões dos genes de globina clonados forem
protegidos da metilação, antes de adicioná-los às células, será possível criar clones
nos quais os genes da globina têm seqüências idênticas mas diferentes padrões de
metilação. Um gene completamente não metilado é transcrito, enquanto que um gene
completamente metilado (grupo metila em cada apropriado resíduo C) não é transcrito.
Usando clones parcialmente metilados, Busslinger e colaboradores mostraram que a
metilação na região 5’ do gene da globina (nucleotídeos –760 a +100) previne a
transcrição. Parece, portanto, que a metilação no terminal 5’ de um gene tem um
papel direto na regulação da expressão gênica. De modo geral, a metilação da região
promotora inibe a transcrição de genes.
Figura 11.13
Modelo para a propagação de padrões de metilação. Quando o DNA se replica, somente uma
das duas fitas (a fita “velha”) retém o padrão original de metilação. A outra fita (a fita “nova”)
não é metilada. Uma enzima metilante específica para CpG seria capaz de se ligar aos pares de
CpG onde um resíduo C estava metilado, e então metilaria o resíduo C na fita complementar.
(De acordo com Browder, 1984.)
444 PARTE III Mecanismos da Diferenciação Celular
outros tipos de células, esse gene específico para o músculo permaneceu metilado.
A desmetilação específica para o músculo não necessitou de síntese de novo
DNA mas certas seqüências cis-DNA foram necessárias (Yisraeli et al., 1986;
Paroush et al., 1990). Uma situação semelhante foi vista na desmetilação de genes
da imunoglobulina e vitelogenina (proteína do vitelo) (Frank et al., 1990; Jost,
1993). Portanto, a metilação pode ser necessária para estabilizar o padrão de trans-
crição do gene, mas a ativação inicial do gene é provavelmente realizada por
fatores de transcrição específicos para tecidos.
Como que a metilação impede a transcrição? Uma possibilidade é que os fatores
de transcrição não podem se ligar às suas seqüências intensificadoras ou promoto-
ras se o DNA estiver metilado (Iguchi-Ariga e Schaffner, 1989). Outra possibilidade
é que o DNA metilado seja especificamente reconhecido por certas proteínas que
competem contra os fatores de transcrição por esses sítios. Boyse e Bird (1991,
1992) forneceram evidências para esse segundo modelo mostrando que seqüências
promotoras metiladas estão ligadas por uma proteína ligante de metil-CpG. Essa
proteína parece competir com a ligação de fatores de transcrição, desse modo redu-
zindo a transcrição desses sítios.
A metilação do DNA pode também influenciar a formação de nucleossomos. Keshet
e colaboradores (1986) demonstraram que a metilação afeta a estrutura da cromatina e
sugerem que a desmetilação cria sítios hipersensíveis à DNase I. Quando eles
transfectaram genes da globina desmetilados em núcleos de fibroblastos de camun-
dongo, os genes foram empacotados em cromatina sensível à DNase (independente
da habilidade transcricional do gene). Quando os mesmos genes foram metilados em
todos os sítios CpG, as regiões sensíveis à DNase não se formaram, possivelmente
porque sua metilação os levou a um empacotamento de forma inacessível. É possível
que quando os fatores trans-reguladores removem os nucleossomos do DNA, essas
regiões se tornam desmetiladas. Essa desmetilação pode ser necessária para estabili-
zar essas regiões de atividade. Os grupos metila interagiriam com as histonas para
permitir que os nucleossomos se formem somente no DNA metilado e não no DNA
desmetilado, deixando as regiões ativas livres de nucleossomos no DNA (Keshet et
al., 1986). Uma vez estabelecidas essas regiões, seria mais fácil para outros elementos
trans-reguladores encontrar essas regiões livres de nucleossomos.
Informações adicionais
& Especulações
Tabela 11.2 Evidência que a impressão gênica afeta o fenótipo em temporal e espacialmente a atividade gênica
distúrbios do gene humano no cromossomo 15 (loco 11q13) e o comportamento cromossômico.
Swain e colaboradores (1987) acompa-
Origem genitora nharam esses eventos seguindo um gene
específico que sofre metilação diferencial no
Mãe Pai Fenótipo espermatozóide e no óvulo. Eles produzi-
ram uma linhagem de camundongos trans-
Alelo normal Alelo mutante Síndrome de Prader-Willi
gênicos nos quais um gene particular, c-myc,
Alelo mutante Alelo normal Síndrome de Angelman foi inserido em uma região particular do ge-
noma do camundongo. Quando esse gene
Duas cópias do alelo Alelo ausente Síndrome de Prader-Willi foi herdado do genitor macho, ele foi trans-
crito especificamente no coração e em ne-
Alelo ausente Duas cópias do alelo Síndrome de Angelman
nhum outro tecido. Quando esse gene foi
Fonte: De acordo com Nicholls et al., 1993. herdado do genitor fêmea, ele não se ex-
pressou. O padrão de expressão foi
correlacionado com o grau de metilação;
esse gene é metilado durante a maturação
fenótipos, dependendo se a perda é no cro- A Figura 11.14 mostra o resultado de do óvulo mas permanece hipometilado du-
mossomo derivado do homem ou da mulher um experimento onde DNA de espermato- rante a formação do espermatozóide. Em
(Tabela 11.2). Se o cromossomo com o seg- zóide foi isolado e tratado com HpaII ou animais que herdam o transgene do macho,
mento defeituoso ou ausente vem do pai, a MspI. A sonda foi um DNA radioativo do o gene não está metilado e é expresso no
criança nasce com a síndrome de Prader- segundo éxon do gene da β−globina. A coração. Em animais que adquirem o
Willi, uma doença associada a um ligeiro auto-radiografia de fragmentos da diges- transgene de suas mães, o gene é metilado
retardamento mental, obesidade, gônadas tão com MspI mostra que essa sonda se e silencioso. Em ambos, macho e fêmea, o
pequenas e baixa estatura. Se o gene defei- liga a fragmentos de DNA com 1400 pares padrão de metilação é eliminado nas células
tuoso ou ausente vem da mãe, a criança tem de bases entre os sítios CCGG. A auto- germinativas (Chaillet et al., 1991; Kafri et
a síndrome de Angelman, caracterizada por radiografia da digestão de HpaII mostra al., 1992). No camundongo, diferenças de
severo retardamento mental, convulsões, que no espermatozóide esses sítios (e pro- metilação dos gametas também são vistas
falta de fala e riso inapropriado (Knoll et al., vavelmente numerosos outros) são meti- na impressão dos genes para Igf-2r e H19
1989; Nicholls et al., 1989). [chrom3.html] lados e que essa seqüência de DNA agora (Ferguson-Smith et el., 1993; Stöger et al.,
Atualmente, considera-se que a maio- reside em um pedaço de 25000 pares de 1993). Além disso, se esses genes são colo-
ria, senão todas, as diferenças entre genes bases do DNA onde todos os sítios CCGG cados em uma linhagem de camundongos
pronucleares de machos e de fêmeas em são metilados (Groudine e Conklin, 1985).
mamíferos, envolvem diferenças em seus Essa técnica mostrou que os núcleos Msp I Hpa II
padrões de metilação do DNA. A distribui- das células germinativas primordiais nos
ção dos CG metilados ou não pode ser ana- mamíferos, macho e fêmea, são surpreen-
=25
lisada cortando o DNA com duas enzimas dentemente hipometilados (Monk et al.,
de restrição, HpaII e MspI (McGhee e 1987; Driscoll e Migeon, 1980), mas ambos
Pares de bases (x103)
mutantes que não possui a enzima capaz de negativo ou positivo para a transcrição. macho e fêmea, no zigoto. Elas fornecem
metilar os sítios CpG, a transcrição do gene Essas diferenças de metilação específica também um lembrete de que o organismo
H19 ocorre a partir do alelo previamente si- para gametas fornecem uma explicação plau- não pode ser explicado somente na base de
lencioso, enquanto que a transcrição de Igf- sível para a falta de desenvolvimento nos seus genes. São necessários conhecimen-
2r é perdida (Li et al., 1993). Assim, em genes mamíferos partenogenéticos e para a neces- tos tanto de parâmetros desenvolvimentais
impressos, a metilação pode ser um sinal sidade da presença de ambos os pronúcleos, como genéticos.
Figura 11.15
Núcleos de células do epitélio oral humano coloridos com Cresil violeta. (A) Célula de um
homem normal XY, mostrando ausência do corpo de Barr. (B) Célula de uma mulher normal XX,
mostrando um único corpo de Barr (seta). (C) Célula de uma mulher com três cromossomos X.
Dois corpos de Barr podem ser vistos, e somente um cromossomo por célula é ativo. (De acordo
com Moore, 1977.)
CAPÍTULO 11 A Regulação Transcricional da Expressão Gênica 447
CLIVAGEM IMPLANTAÇÃO
PRECOCE
NA FERTILIZAÇÃO
Corpos de Barr
Cromossomo X
materno
Cromossomo
X paterno
Zigoto feminino Os dois cromossomos X Inativação ao acaso de
com dois são ativos em todas um cromossomo X
(A)
cromossomos X as células em todas as
células do embrião
(B)
Figura 11.16
Inativação do cromossomo X em mamíferos. (A) Diagrama esquemático ilus-
trando inativação ao acaso do cromossomo X. Considera-se que a inativação
ocorra aproximadamente na época da implantação. (B) Um camundongo fêmea
heterozigoto para o gene dappled, da coloração da pelagem, ligado ao X. Po-
dem ser observadas regiões distintamente pigmentadas. (Fotografia cortesia
de M. F. Lyon.)
Informações adicionais
& Especulações
Trancamento dos padrões de transcrição: *Como mencionado em capítulos anteriores, é difícil extrapolar de um grupo de mamíferos para
metilação do DNA outro. Certamente é o caso da inativação do cromossomo X. Somente porque a inativação do
cromossomo X acontece dessa maneira na placenta do camundongo, não significa que acontece da
O trancamento do estágio transcricional mesma maneira na placenta de todos os mamíferos. Nas vilosidades coriônicas humanas, algumas
células contêm dois cromossomos X ativos, e os cromossomos X inativados podem ser reativados
inativo é feito pela metilação. A primeira
(Migeon et al., 1985, 1986). Também a inativação do cromossomo X na placenta humana parece ser
evidência indicando tais “cis” diferenças ao acaso; qualquer um dos dois cromossomos derivados do pai ou da mãe podem ser extintos. Nos
entre o estado ativo e o inativo do DNA marsupiais, o cromossomo X derivado do pai é preferencialmente inativado em todo o embrião
do cromossomo X foi obtida quando (Cooper et al., 1971; Sharman, 1971; Samollow et al., 1987). No homem, existem regiões óbvias do
Liskay e Evans (1980) transfectaram o cromossomo X que escapam à inativação. As diferenças somáticas entre humanos com os cariótipos
gene ligado ao X para HPRT para células XX e XO também predizem que devem existir genes ligados ao X que seriam necessários em duas doses
para o desenvolvimento normal de mulheres. No camundongo, a inativação do cromossomo X parece
de camundongo deficientes em HPRT em se estender ao cromossomo todo (Ashworth et al., 1991). Na determinação do sexo (Capítulo 20), é
cultura. Quando o DNA vinha de um crucial que os genes para a compensação de dosagem do X sejam ligados aos genes responsáveis pelo
clone de células nas quais o gene para fenótipo sexual. Se a dosagem não é equalizada, o embrião geralmente morre.
CAPÍTULO 11 A Regulação Transcricional da Expressão Gênica 451
Canal da
matriz
Figura 11.21 nuclear
Presença de cromatina ativa ao longo da periferia e canais nucleares. mRNA coberto
(A) Núcleos de eritrócitos tratados com DNase I, que parecem cortar com proteínas
regiões de cromatina transcrevendo ativamente. Esse corte foi “cura-
do” por tradução de corte dentro do núcleo em presença de nucleotí-
deos, cuja presença pode ser detectada por fluorescência. Os nucleo- DNA
tídeos marcados foram encontrados na periferia do núcleo e ao longo
de estruturas levando para dentro a partir do envoltório nuclear. (B)
Modelo especulativo da organização da cromatina na interfase, ima-
RNA sendo Matriz nuclear
ginando a matriz nuclear como uma série de canais internos. (A de transportado
Hutchinson e Weintraub, 1985, cortesia de N. Hutchinson; B de para o citoplasma
acordo com Razin e Gromova, 1995.)
van Eekelen e van Venrooij, 1981; Mariman et al., 1982). Essa ligação parece ser
mediada por um conjunto de proteínas da matriz nuclear. Essas proteínas incluem
laminina B1, um componente principal do envoltório nuclear (Ludérus et al., 1992),
uma proteína ligante de DNA específica do timo que desenrola o DNA adjacente ao
seu sítio de ligação (Dickinson et al., 1992), e o fator de transcrição YY1/NF-E1 que
foi considerado idêntico à proteína 1 da matriz nuclear (NMP-1) (Guo et al., 1995).
Considerando que genes ativos, RNA polimerase, e transcritos nascentes parecem
estar ligados a uma matriz nuclear, Jackson e Cook (1985) propuseram que a transcri-
ção não ocorre pela migração de uma polimerase ao longo do gene. Ao contrário,
eles imaginaram uma RNA polimerase acorrentada à matriz nuclear, com o DNA
migrando através dela.
Existe também alguma evidência de que o DNA ativo possa estar ligado à matriz
nuclear através de seqüências de DNA ricas em AT e denominadas regiões associa-
das à matriz (MARs), ou regiões associadas a andaimes (Gasser e Laemmli, 1986). A
maior parte dessas MARs se localizam perto ou dentro de intensificadores ou promo-
tores. A importância dessas regiões foi mostrada por Stief e colaboradores (1989), que
identificaram duas MARs no gene da lisozima do pinto. Nesse caso, as MARs não
estavam no intensificador e por essa razão puderam ser separadas. Quando eles fun-
diram o intensificador e o promotor da lisozima do pinto ao gene CAT repórter e
transfectaram o clone em células produtoras de lisozima, isso não produziu muita
proteína CAT. Então eles produziram um gene similar que continha o promotor, o
intensificador e seqüências CAT e o conjunto foi flanqueado por duas MARs. Quando
CAPÍTULO 11 A Regulação Transcricional da Expressão Gênica 453
Figura 11.22
Importância das regiões associadas à matriz na
Intensificador transcrição. Na transfecção de clones consistin-
Promotor
do de promotor da lisozima, intensificador e o
gene CAT, para uma linhagem celular secretora
de lisozima, muito pouca proteína CAT é pro-
duzida, como determinado pela atividade
enzimática de CAT. Entretanto, se as duas MARs
Gene CAT são incluídas no gene clonado, muito mais pro-
teína CAT pode ser encontrada nessas células.
(De acordo com Stief et al., 1989.)
Topoisomerase II
Produtos
Substrato
Sítios de ligação para
topoisomerase II
Resultados da transfecção
esse clone foi transfectado em células produtoras de lisozima, a síntese de CAT foi
enormemente aumentada (Figura 11.22). Da mesma forma, duas MARs flanqueiam um
intensificador do loco da cadeia pesada µ da imunoglobulina de camundongo, e a
transcrição desse gene requer a presença tanto do intensificador como das duas
MARs. As MARs parecem cooperar com o intensificador para estender uma região de
cromatina acessível a fatores, ao promotor do gene da imunoglobulina (Forrester et al.,
1994; Jenuwein et al., 1997).
Figura 11.23
Superespiralamento do DNA durante a transcrição. Topoisomerase II junta duas regiões do
DNA e introduz o superespiralamento quebrando transitoriamente e recombinando as fitas de
DNA. Como resultante da distorção, uma porção da dupla hélice se separa em duas fitas,
permitindo à RNA polimerase (e presumivelmente a outros fatores trans-reguladores) iniciar a
transcrição. Os sítios de ligação da topoisomerase foram encontrados no DNA ligado à matriz
(Cockerill e Garrard, 1986). (De acordo com Darnell et al., 1986.)
454 PARTE III Mecanismos da Diferenciação Celular
Figura 11.24
Uma das quatro regiões do intensificador do
gene de cadeia pesada da imunoglobulina pro-
tegida pela proteína NF-µNR. NF-µNR foi
adicionada ao DNA da região do intensificador Sítio de ligação da Seqüência de Protegida por
e o DNA foi digerido com DNase. Somente as topoisomerase ligação à matriz NF-µNR
seqüências cobertas pela NF-µNR seriam pre-
servadas. A região protegida (cinza) inclui uma
seqüência associada à matriz e um sítio de liga-
ção da topoisomerase II (colorido). (De acor-
do com Scheuermann e Chen, 1989.)
Isoladores e domínios
O genoma eucarioto não é meramente parcelado em determinados genes. Na verda-
de, ele parece estar dividido em regiões de desenvolvimento relativamente indepen-
dentes freqüentemente denominadas domínios. Evidência para os domínios veio de
estudos onde blocos de DNA foram colocados próximos a genes repórteres que podi-
am ser normalmente ativados por um intensificador. Certas seqüências impediram o
intensificador de ativar o gene repórter, enquanto que outras seqüências não o fizeram
(Geyer e Corces, 1992). Foi proposto que essas seqüências isoladoras ligam proteínas
que impedem a interação de intensificadores e promotores no seu outro lado. Desse
modo, elas poderiam estabelecer fronteiras: a ativação poderia ocorrer em um de seus
lados, mas não cruzar para o outro lado. Algumas dessas seqüências fronteiriças
foram isoladas de DNA de Drosophila, como também algumas das proteínas ligantes.
Kellum e Schedl (1991) mostraram que o gene hsp70 (para a proteína do choque
térmico em Drosophila) estava confinado por duas seqüências, scs e scs’, que impedi-
am os efeitos da cromatina adjacente de influenciar sua transcrição. Zhao e colegas
(1995) identificaram uma proteína de 32-kDa que se liga ao elemento de fronteira scs’ e
está localizada entre as bandas de numerosos genes na Drosophila (veja Prancha 31;
Zhao et al., 1995). Isso pode ser visto quando os genes formam tufos e a coloração
dessas proteínas as mostram nas bordas dos tufos. O sítio scs’ no complexo Bithorax
parece estar localizado após o último gene (AbdB), de modo que a unidade inteira
possa ser regulada como um único loco genético.
CAPÍTULO 11 A Regulação Transcricional da Expressão Gênica 455
Resumo
A transcrição gênica diferencial é uma via majoritária na regulação do desenvolvi-
mento. As regiões cis-reguladoras no DNA e as proteínas trans-reguladoras que
ativam e reprimem a transcrição estão sendo identificadas e seus mecanismos de
ação delineados. Parece que certos fatores de transcrição rompem ou previnem a
formação de nucleossomos nos intensificadores e regiões promotoras, assim permi-
tindo a ligação da RNA polimerase II ao promotor e a transcrição do gene. Certos
fatores de transcrição estimulam o processo interagindo com o complexo transcrici-
onal e acelerando sua formação. A desmetilação e o desenrolamento de regiões
genéticas na matriz nuclear provavelmente também estão envolvidas na regulação
da expressão gênica. Como disse Albert Claude, nós apenas começamos a apreciar
nossa riqueza adquirida.
LITERATURA CITADA
Adachi, Y., Käs, E. and Laemmli, U. 1989. Berrios, M., Osheroff, N. and Fisher, P. A. 1985. Brockendorrf, N. and seven others. 1992. The
Preferential, cooperative binding of DNA In situ localization of DNA topoiso-merase II, a product of the mouse Xist gene is a 15-kb inactive
topoisomerase II to scaffold-associated re-gions. major polypeptide component of the Droso- X-specific transcript containing no conserved ORF
EMBO J. 8: 3997-4006. phila nuclear matrix fraction. Proc. Natl. Acad. and located in the nu-cleus. Cell 71: 515-526.
Sci. USA 82: 4142-4146.
Adams, C. C. and Workman, J. L. 1993. Nu-cleosome Browder, L. W. 1984. Developmental Biology,
displacement in transcription. Cell 72: 305-308. Berry, M., Grosveld, F. and Dillon, N. 1992. A 2nd Ed. Saunders, Philadelphia.
single point mutation is the cause of the Greek
Ariel, M, Robinson, E., McCarrey, J. R. and Brown, C. J. and Willard, H. F. 1990. Local-
form of hereditary persistence of fetal
Cedar, H. 1995. Gamete-specific methyla-tion ization of a gene that escapes inactivation to
hemoglobin. Nature 358: 499-502.
correlates with imprinting of the murine Xist the X chromosome proximal short arm:
gene. Nat. Genet. 9: 312-315. Bestor, T. H. and Ingram, V. M. 1983. Two DNA Implications for X inactivation. Am. J. Hum.
methyltransferases from murine ery-throleuke- Genet. 46: 273-279.
Ashworth, A., Rastan, S., Lovell-Badge, R. and
mia cells: Purification, sequence specificity, and
Kay, G. F. 1991. X inactivation may ex-plain Brown, C. J. and Willard, H. F. 1994. The human
mode of interaction with DNA. Proc. Natl. Acad.
the difference in viability of XO hu-mans and X-inactivation centre is not re-quired for
Sci. USA 82: 2674-2678.
mice. Nature 351: 406-408. maintenance of X-chromosome inactivation.
Blom van Assendelft, G., Hanscombe, O., Nature 368: 154-156.
Bacon, E. R., Dalyot, N., Filon, D., Schreiber,
Grosveld, F. and Greaves, D. R. 1989. The b-
L., Rachmilewitz, E. A. and Op-penheim, A. Brown, C. J. and six others. 1991a. A gene from
globin dominant control region activates
1995. Hemoglobin switching in humans is the region of the human X inactiva-tion center
homologous and heterologous promoters in a
accompanied by changes in the ratio of the is expressed exclusively from the inactive X
tissue-specific manner. Cell 56: 969-977.
transcription factors GATA-1 and SP1. Molec. chromosome. Nature 349: 38-44.
Med. 1: 295-305. Bode, J., Kohwi, Y., Dickinson, L., Joh, T., Klehr,
Brown, C. J. and nine others. 1991b. Local-
D., Mielke, C. and Kohwi-Shige-matsu, T. 1992.
Barlow, D. P., Stoger, R., Herrmann, B. G., Saito, K. ization of the X chromosome inactivation
Biological significance of unwinding capability
and Schweifer, N. 1991. The mouse insulin-like center on the human X chromosome. Na-ture
of nuclear matrix-as-sociated DNA. Science
growth factor type-2 re-ceptor is imprinted and 349: 82-84.
255:195-197.
closely linked to the Tme locus. Nature 349: 84-87.
Brown, C. J., Hendrich, B. D., Rupert, J. L.,
Borsani, G. and thirteen others. 1991. Char-
Barr, M. L. and Bertram, E. G. 1949. A mor- Lafreniere, R. G., Xing, Y., Lawrence, J. and
acterization of a murine gene expressed from
phological distinction between neurones of the Willard, H. F. 1992. The human XIST gene:
the inactive X chromosome. Nature 351:
male and female, and the behavior of the Analysis of a 17-kb inactive X-specific RNA
325-329.
nucleolar satellite during accelerated nucleopro- that contains conserved repeats and is highly
tein synthesis. Nature 163: 676. Boyse, J. and Bird, A. 1991. DNA methyla-tion localized within the nucleus. Cell 71: 527-542.
inhibits transcription indirectly via a methyl-
Bartolomei, M. S. and Tilghman, S. M. 1992. Brownell, J. E., Zhou, J., Ranalli, T.,
CpG binding protein. Cell 64: 1123-1134.
Parental imprinting of mouse chro-mosome 7. Kobayashi, R., Edmonson, D. G., Roth, S. Y.
Semin. Dev. Biol. 3: 107-117. Boyse, J. and Bird, A. 1992. Repression of genes and Allis, C. D. 1996. Tetrahymena histone
by DNA methylation depends upon CpG density acetytransferase A: A homolog to yeast GCN5
Behringer, R., Hammer, R., Brinster, R.,
and promoter strength: Evi-dence for involve- linking histone acetylation to gene activation.
Palmiter, R. and Townes, T. 1987. Two 3' se-
ment of a methyl-CpG binding protein. EMBO Cell 84: 843-851.
quences direct adult erythroid-specific ex-
J. 11: 327-333.
pression of human b-globin genes in trans-genie Brunk, B. P., Goldhammer, D. J. and Emer-son,
mice. Proc. Natl. Acad. Sci. USA 84: 7056-7060. Braunstein, M., Rose, A. B., Holmes, S. G., C. P. Jr. 1996. Regulated demethylation of the
Allis, C. D. and Broach, J. R. 1993. Tran- myoD distal enhancer during skeletal myogenesis.
Berezney, R. and Coffey, D. S. 1977. Nuclear
scriptional silencing in yeast is associated with Dev. Biol. 177: 490-503.
matrix: Isolation and characterization of a
reduced nucleosome acetylation. Genes Dev.
framework structure from rat liver nuclei. J. Cell Bungert, J., Davé, U., Lim, K.-C., Lieuw, K. H.,
7: 592-604.
Biol. 73: 616-637. Shavit, J. A., Liu, Q. and Engel, J. D. 1995.
456 PARTE III Mecanismos da Diferenciação Celular
Synergistic regulation of human b-globin gene Crick, F. H. C. 1966. Of Molecules and Men. Garcia-Ramirez, M., Rocchini, C. and Ausio, J.
switching by locus control re-gion elements HS3 University of Washington Press, Seattle. 1995. The modulation of chro-matin folding by
and HS4. Genes Dev. 9: 3083-3096. histone acetylation. J. Biol. Chem. 270: 17923-
Darnell, J., Lodish, H. and Baltimore, D. 1986.
17928.
Burch, J. B. and Weintraub, H. 1983. Tem-poral Molecular Cell Biology. Scientific American
order of chromatin structral changes associated Books, New York. Gartler, S. M., Liskay, R. M. and Grant, N. 1973.
with activation of the major chick vitellogenin Two functional X chromosomes in human fetal
DeChiara, T. M., Robertson, E. J. and Efs-
gene. Cell 33: 64-76. oocytes. Exp. Cell Res. 82: 464-66.
tratiadis, A. 1991. Parental imprinting of the
Burlingame, R. W., Love, W. E., Wang, B.-C., mouse insulin-like growth factor II gene. Cell Gartler, S. M., Rivest, M. and Cole, R. E. 1980.
Hamlin, R., Xuong, N.-H. and Moudri-anakis, 64: 849-859. Cytological evidence for an inactive X
E. N. 1985. Crystallographic struc-ture of the chromosome in murine oogonia. Cytogenet.
Dickinson, L. A., Job, T., Kohwi, Y. and Kohwi-
octameric histone core of the nucleosome at a Cell Genet. 28: 203-207.
Shigematsu, T. 1992. A tissue-spe-cific MAR/
resolution of 3.3 Å. Science 228: 246-253.
SAR DNA-binding protein with unusual binding Gasser, S. M. and Laemmli, U. K. 1986. Co-
Busslinger, M., Hurst, J. and Flavell, R. A. 1983. site recognition. Cell 70: 631-645. habitation of scaffold binding regions with
DNA methylation and the regulation of globin upstream/enhancer elements of three de-
Driscoll, D. J. and Migeon, B. R. 1990. Sex
gene expression. Cell 34:197-206. velopmentally regulated genes in D. melano-
difference in methylation of single-copy genes
gaster. Cell 46: 521-530.
Capco, D. G., Wan, K. M. and Penman, S. 1982 in human meiotic germ cells: Impli-cations for
The nuclear matrix: Three-dimensional architecture X chromosome inactivation, parental imprin- Geyer, P. K. and Corces, V. G. 1992. DNA
and protein composition. Cell 29: 847-858. ting, and the origin of PGC mutations. Somat. position-specific repression of transcription by
Cell Mol. Genet. 16: 267-268. a Drosophila zinc finger protein. Genes Dev. 6:
Cattanach, B. M., Pollard, C. E. and Perez, J. N.
1865-1873.
1969. Controlling elements in the mouse X Elgin, S. 1981. DNase I-hypersensitive sites of
chromosome. 1. Interaction with the X-linked chromatin. Cell 27: 413-415. Gong, Q. and Dean, A. 1993. Enhancer-de-
genes. Genet. Res. 14: 223-235. pendent transcription of the e-globin pro-moter
Elgin, S. C. R. 1988. The formation and
requires promoter-bound GATA-1 and enhancer
Centerwall, W. R. and Benirschke, K. 1973. Male function of DNase-I hypersensitivity sites in
bound AP-/NF-E2. Mol. Cell Biol. 13: 911-917.
tortoiseshell and calico (T-C) cats. J. Hered. 64: the process of gene activation. J. Biol. Chem.
272-278. 263: 9259-9262. Grosveld, F., Blom van Assendelft, G., Greaves,
D. R. and Kollins, G. 1987. Posi-tion-dependent
Chahal, S. S., Matthews, H. R. and Brad-bury, Ellis, J., Tan-Un, K. C., Harper, A., Michael-
high-level expression of the human b-globin gene
E. M. 1980. Acetylation of histone H4 and its ovich, D., Yannoutsos, N., Philipsen, S. and
in transgenic mice. Cell 51: 975-985.
role in chromatin structure and function. Nature Grosveld, F. 1996. A dominant chromatin-
287: 76-79. opening activity in 5' hypersensitive site 3 of Groudine, M. and Conklin, K. F. 1985.
the human b-globin locus control region. EMBO Chromatin structure and de novo methyla-
Chaillet, J. R., Vogt, T. F., Beier, D. R. and Leder,
J. 15: 562-568. tion of sperm DNA: Implications for acti-
P. 1991. Parental-specific methyla-tion of an
vation of the paternal genome. Science 228:
imprinted transgene is estab-lished during Enver, T., Raich, N., Ebens, A. J., Pa-payanno-
1061-1068.
gametogenesis and progres-sively changes during poulou, T., Costantini, F. and Stamatoyannopou-
embryogenesis. Cell 66: 77-83. los, G. 1990. Develop-mental regulation of human Groudine, M. and Weintraub, H. 1981. Ac-
fetal-to-adult globin gene switching in transgenic tivation of globin genes during chick de-
Ciejek, E. M., Tsai, M.-J. and O’Malley,B. W.
mice. Nature 344: 309-312. velopment. Cell 24: 393-401.
1983. Actively transcribed genes are associated
with the nuclear matrix. Nature 306: 607-609. Felsenfeld, G. 1992. Chromatin as an essen-tial Groudine, M., Kohwi-Shigematsu, T, Geli-nas,
part of the transcriptional mechanism. Nature R., Stamatoyannopoulos, G. and Papayannopou-
Clark, D. J. and Felsenfeld, G. 1992. A nu-
355: 219-224. lo, T. 1983. Human fetal to adult hemoglobin
cleosome core is transferred out of the path of a
switching: Changes in chromatin structure of
transcribing polymerase. Cell 71: 11-22. Ferguson-Smith, A. C., Sasaki, H., Cat-tanach,
the b-globin gene locus. Proc. Natl. Acad. Sci.
B. M. and Surani, M. A. 1993. Parental origin-
Cockerill, P. N. and Garrard, W. T. 1986. USA 80: 7551-7555.
specific epigenetic modifi-cation of the mouse
Chromosome loop anchorage of the Κ immuno-
H19 gene. Nature 362: 751-755. Gruenbaum, Y., Ceder, H. and Razin, A. 1982.
globulin gene occurs next to the en-hancer in a
Substrate and sequence specificity of a eukaryotic
region containing topoiso-merase II sites. Cell Fiering, S., Kim, C. G., Epner, E. M. and
DNA methylase. Nature 295: 620-622.
44: 273-282. Groudine, M. 1993. An “in-out” strategy using
gene targeting and FLP recombinase for the Guo, B and eight others. 1995. The nuclear matrix
Compere, S. J. and Palmiter, R. D. 1981. DNA
functional dissection of complex DNA protein NMP-1 is the transcritpion factor YY1.
methylation controls the inducibility of the
regulatory elements: Analysis of the b-globin Proc. Natl. Acad. Sci. USA 92: 10526-10530.
mouse metallothionein-I gene in lymphoid cells.
locus control region. Proc. Natl. Acad. Sci. USA
Cell 25: 233-240. Hanscombe, O., Whyall, D., Fraser, P., Yan-
90: 8469-8473.
noutsos, N., Greaves, D., Dillon, N. and Grosveld,
Conklin, K.F. and Groudine, M. 1984. Chro-
Forrester, W. C., Genderen, C. van, Jenuwein, T. F. 1991. Importance of globin gene order for
matin structure and gene expression. In A. Razin,
and Grosschedl, R. 1994. De-pendence of correct developmental ex-pression. Genes Dev.
H. Cedar and A. D. Riggs (eds.), DNA Methylation.
enhancer-mediated transcrip-tion of the im- 5: 1387-1394.
Springer-Verlag, New York, pp. 293-351.
munoglobulin m gene on nu-clear matrix
Hebbes, T. R., Clayton, A. L., Thorne, A. W.
Cooper, D. W., Vandeberg, J. L., Sharmen, G. B. attachment regions. Science 265: 1221-1225.
and Crane-Robertson, C. 1994. Core his-tone
and Poole, W. E. 1971. Phosphoglyc-erate
Frank, D., Lichtenstein, M., Paroush, Z., acetylation co-maps with generalized DNase I
kinase polymorphism in kangaroos provides
Bergmann, Y, Shani, M., Razin, A. and Ceder. H. sensitivity in the chick b-globin chromsomal
further evidence for paternal X inactivation.
1990. Demethylation of genes in animal cells. domain. EMBO ]. 7: 1395-1402.
Nat. New Biol. 230: 155-157.
Philos. Trans. R. Soc. Land. [B] 326: 241-251.
CAPÍTULO 11 A Regulação Transcricional da Expressão Gênica 457
Herman, R., Weymouth, L. and Penman, S. Keshet, I., Lieman-Hurwitz, J. and Cedar, H. Mariman, E. C. M., van Eekelen, C. A. G., Reinders,
1978. Heterogeneous nuclear RNA-protein fibers 1986. DNA methylation affects the for-mation R. J., Berns, A. J. M. and van Ven-rooji, W. J.
in chromatin depleted nuclei. J. Cell Biol. 78: of active chromatin. Cell 44: 535-543. 1982. Adenoviral heterogenous nuclear RNA is
663-674. associated with the host nuclear matrix during
Knoll, J. H. M., Nicholls, R. D., Magenis, R. E.,
splicing. J. Mol. Biol. 154: 103-119.
Holliday, R. 1987. The inheritance of epige- Graham, J. M., Jr., Lalande, M. and Latt, S. A.
netic defects. Science 238:163-170. Hotchkiss, 1989. Angelman and Prader-Willi syn-dromes Martin, D. I. K., Tsai, S.-F. and Orkin, S. H. 1989.
R. D. 1948. The quantitative sep-aration of share a common chromosome 15 deletion but Increased g-globin expression in a nondeletion
purines, pyrimidines, and nucle-osides by paper differ in the parental origin of the deletion. Am. HPFH mediated by an ery-throid-specific DNA-
chromatography. J. Biol. Chem. 175: 315-332. ]. Med. Genet. 32: 285-290. binding factor. Nature 338: 435-437.
Hutchinson, N. and Weintraub, H. 1985. Kornberg, R. D. and Thomas, J.D. 1974. Martin, D. I. K., Fiering, S. and Groudine, M.
Localization of DNase I-sensitive se-quences to Chromatin structure: Oligomers of his-tones. 1996. Regulation of b-globin gene ex-pression:
specific regions of interphase nuclei. Cell 43: Science 184: 865-868. straightening out the locus. Curr. Opin. Genet.
471-482. Dev. 6: 488-495.
Kratzer, P. G. and Chapman, V. M. 1981. X-
Iguchi-Ariga, S. M. M. and Schaffner, W. 1989. chromosome reactivation in oocytes of Mus caroli. Mattei, M. G., Mattei, J. F., Vidal, I. and Gi-raud,
CpG methylation of the cAMP-re-sponsive Proc. Natl. Acad. Sci. USA 78: 3093-3097. F. 1981. Structural anomalies of the X chromo-
enhancer/promoter sequence TGACGTCA some and activation center. Hum. Genet. 56:
Kuroda, M. I., Kernan, M. J., Kreber, R.,
abolishes specific factor bind-ing as well as 401-408.
Ganetzky, B. and Baker, B. S. 1991. The
transcriptional activation. Genes Dev. 3: 612-619.
maleless protein associates with the X chro- Mavilio, F. and nine others. 1983. Molecu-lar
Imbalzano, A. N., Kwon, H., Green, M. R. and mosome to regulate dosage compensation in mechanisms for human hemoglobin switching:
Kingston, R. E. 1994. Facilitated bind-ing of Drosophila. Cell 66: 935-947. Selective undermethylation and expression of
TATA-binding protein to nucleo-some DNA. globin genes in embryonic, fetal, and adult
Kwon, H., Imbalzano, A. N., Khavari, P. A.,
Nature 370: 481-485. erythroblasts. Proc. Natl. Acad. Sci. USA 80:
Kingston, R. E.,and Green, M.R. 1994. Nu-
6907-6911.
Jackson, D. A. and Cook, P. R. 1985. Tran- cleosome disruption and enhancement of
scription occurs at a nucleoskeleton. EMBO J. activator binding by a human SW1/SNF complex. McArthur, M. and Thomas, J. O. 1996. A
4: 919-925. Nature 370: 477-481. preference of histone H1 for methylated DNA.
EMBO J. 15: 1705-1714.
Jenuwein, T., Forrester, W. C., Fernandez- Lee, D. Y, Hayes, J. J., Pruss, D. and Wolffe, A.
Herrero, L. A., Laible, G., Dull, M and Grosschedl, P. 1993. A positive role for histone acety-lation McGhee, J. D. and Ginder, G. D. 1979. Spe-cific
R. 1997. Extension of chro-matin accessibility on transcription factor access to nu-cleosomal DNA methylation sites in the vicinity of the
by nuclear matrix at-tachment regions. Nature DNA. Cell 72: 73-84. chick b-globin genes. Nature 280: 419-420.
385: 269-272. Jeppesen, P. and Turner, B. M.
Lee, J. T., Strauss, W. M., Dausman, J. A. and Migeon, B. R. 1971. Studies of skin fibrob-lasts
1993. The in-active X chromosome in female
Jaenisch, R. 1996. A 450 kb transgene displays from ten families with HGPRT defi-ciency, with
mammals is distinguished by a lack of histone
properties of the mammalian X-inactivation reference to X-chromosomal inactivation. Am.
H4 acetylation, a cytogenetic marker for gene
center. Cell 86: 83-94. J. Hum. Genet. 23: 199-209.
expression. Cell 74: 281-289.
Lewin, B. 1994. Chromatin and gene ex- Migeon, B. R. and Jelalian, K. 1977. Evi-dence
Jost, J. P. 1993. Nuclear extracts of chicken
pression: Constant questions, but changing for two active X chromosomes in germ cells
embryos promote an active demethylation of
answers. Cell 79: 397-406. of female before meiotic entry. Nature 269:
DNA by excision repair of 5-methyldeoxycyti-
242-243.
dine. Proc. Natl. Acad. Sci. USA 90: 4684-4688. Li, E., Beard, C. and Jaenisch, R. 1993. The role
of DNA methylation in genomic im-printing. Migeon, B. R., Wolf, S. F., Axelman, J., Kaslow,
Kafri, T. and seven others. 1992. Develop-men-
Nature 36: 362-365. D.C. and Schmidt, M. 1985. Incom-plete X
tal pattern of gene-specific DNA methylation
chromosome dosage compensation in chorionic
in the mouse embryo and germ line. Genes Dev. Liskay, R. M. and Evans, R. 1980. Inactive X
villi of human placenta. Proc. Natl. Acad. Sci.
6: 705-714. chromosome DNA does not function in DNA-
USA 82: 3390-3394.
mediated cell transformation for the hypoxan-
Karlsson, S. and Nieuhaus, A. W. 1985. De-
thine phosphoribosyltransferase gene. Proc. Migeon, B. R., Schmidt, M., Axelman, J. and
velopmental regulation of human globin genes.
Natl. Acad. Sci. USA 77: 4895-4898. Cullen, C. R. 1986. Complete reactiva-tion of
Annu. Rev. Biochem. 54: 1071-1108.
X chromosomes from human chori-onic villi
Lucchesi, J. C. and Manning, J. E. 1987. Gene
Kay, G. P., Penny, G. D., Patel, D., Ash-worth, with a switch to early DNA repli-cation. Proc.
dosage and compensation in Drosophila mela-
A., Brockdorrf, N. and Rastan, S. 1993. Natl. Acad. Sci. USA 83: 2182-2186.
nogaster. Adv. Genet. 24: 371-29.
Expression of Xist during mouse de-velopment
Migeon, B. R., Holland, M. M., Driscoll, D. J. and
suggests a role in the initiation of X chromosome Ludérus, L. A., M. E. E., de Graaf, A., Mat-tia, E.,
Robinson, J. C. 1991. Programmed demethylation
inactivation. Cell 72: 171-182. den Blaauwen, J. L., Grande, M. A., de Jong, L. and
in CpG islands during human fetal development.
van Driel, R. 1992. Binding of matrix attachment
Keith, D. H., Singersam, J. and Riggs,A. D. 1986. Somatic Cell Molec. Genet. 17:159-168.
regions to lamin Bl. Cell 70: 949-959.
Active X-chromosome DNA is un-methylated
Miller, T. E., Huang, C.-Y. and Pogo, A. O. 1978.
at eight CCGG sites clustered in a guanine-plus- Lyon, M. F. 1961. Gene action in the X chro-
Rat liver nuclear skeleton and ribonu-cleoprotein
cytosine-rich island at the 5' end of the gene for mosome of the mouse (Mus musculus L.)
complexes containing hnRNA. J. Cell Biol.
phosphoglycerate kinase. Mo/. Cell Biol. 6: Nature: 190: 372-373.
76:675-691.
4122-4125.
Mandel, J. L. and Chambon, P. 1979. DNA
Mizzen, C. A. and eleven others. 1996. The
Kellum, R. and Schedl, P. 1991. A position-effect methylation differences: Organ-specific variations
TAF II 250 subunit of TFIID has histone
assay for boundaries of higher order chromatin in methylation pattern within and around
acetyltransferase activity. Cell 87: 1261-
domains. Cell 64: 941-950. ovalbumin and other chick genes. Nucleic Acids
1267.
Res. 7: 2081-2103.
458 PARTE III Mecanismos da Diferenciação Celular
Mohandas, T., Sparkes, R. S., Hellkuhl, B., gene expression in the b-globin disorders. N. Engl. Ryoji, M. and Worcel, A. 1984. Chromatin
Brzeschik, K. H. and Shapiro, L. J. 1980. Ex- J. Med. 328: 81-86. assembly in Xenopus oocytes: In vitro stud-ies.
pression of an X-linked gene from an inac-tive Cell 37: 21-32.
Peterson, C. L. and Tamkun, J. W. 1995. The
human X chromosome in mouse-human hybrid
SW1/SNF complex: A chromatin remodel-ing Samollow, P. B., Ford, A. L. and VandeBerg, J. L.
cells: Further evidence for the non-inactivation
machine? Trends Biochem. Sci. 20: 143-146. 1987. X-linked gene expression in the Virginia
of the steroid sulfatase locus in man. Proc. Natl.
opossum: Differences between the paternally
Acad. Sci. USA 77: 6759-6763. Pevny, L. and seven others. 1991. Erythroid
derived Gpd and Pgk-A loci. Ge-netics 115: 185-
differentiation in chimeric mice blocked by a
Mohandas, T., Sparkes, R. S. and Shapiro, L. J. 195.
targeted mutation in the gene for tran-scription
1981. Reactivation of an inactive human X
factor GATA-1. Nature 349: 257-261. Sanford, J. P., Clark, H. J., Chapman, V. M. and
chromosome: Evidence for X in-activation by
Rossant, J. 1987. Differences in DNA methylation
DNA methylation. Science 211: 393-396. Prioleau, M.-N., Huett, J., Sentenac, A. and
during oogenesis and sper-matogenesis and their
Méchali, M. 1994. Competition between
Monk, M., Boubelik, M. and Lehnert, S. 1987. persistence during early embryogenesis in the
chromatin and transcription complex as-sembly
Temporal and regional changes in DNA mouse. Genes Dev. 1:1039-1046.
regulates gene expression during early develop-
methylation in the embryonic, ex-traembryonic,
ment. Cell 77: 439-449. Sapienza, C., Peterson, A. C., Rossant, J. and
and germ cell lineages dur-ing mouse embryo
Balling, R. 1987. Degree of methylation of
development. Develop-ment 99: 371-382. Pruss, D., Bartholomew, B., Persinger, J., Hayes,
transgenes is dependent on gamete of origin.
J., Arents, G., Moudrianakis, E. and Wolffe, A.
Moore, K. L. 1977. The Developing Human. Nature 328: 251-254.
P. 1996. An asymmetric model for the
Saunders, Philadelphia.
nucleosome: A binding site for link-ing histones Scheuermann, R. H. and Chen, U. 1989. A
Nelson, W. G., Pienta, K. J., Barrack, E. R. and inside the DNA gyres. Science 274: 614-617. developmental-specific factor binds to sup-
Coffey, D. S. 1986. The role of the nu-clear pressor sites flanking the immunoglobulin heavy-
Raich, N., Clegg, C. H., Grofti, J., Roméo, P.-H.
matrix in the organization and func-tion of DNA. chain enhancer. Genes Dev. 3: 1255-1266.
and Stamatoyannopoulos, G. 1995. GATA1 and
Annu. Rev. Biophys. Chem. 15: 457-475.
YY1 are developmental repres-sers of the Schlissel, M. S. and Brown, D. D. 1984. The
Nicholls, R. D., Kroll, J. H. M., Butler, M. G., human e-globin gene. EMBO J. 14: 801-809. transcriptional regulation of Xenopus 5S RNA
Karma, S. and Lalande, M. 1989. Ge-netic im- genes in chromatin: The roles of ac-tive stable
Razin, S. V. and Gromova, I. I. 1995. The
printing suggested by maternal heterodisomy in transcription complex and his-tone H1. Cell 37:
channels model of nuclear matrix structure
non-deletion Prader-Willi syndrome. Nature 903-913.
BioEssays 17: 443-450.
342: 281-285.
Sharman, G. B. 1971. Late DNA replication in
Reik, W., Collick, A., Norris, M. L., Barton, S.
Norris, D. P. Patel, D., Kay, G. F., Penny, G. D., the paternally derived X chromosome of female
C. and Surani, M. A. 1987. Genomic im-printing
Brockdorff, N., Sheardown, S. A. and Rastan, S. kangaroos. Nature 230: 231-232.
determines methylation of pater-nal alleles in
1994. Evidence that random and imprinted Xist
transgenic mice. Nature 328: 248-250. Stalder, J., Larsen, A., Engel, J. D., Dolan, M.,
expression is controlled by preemptive
Groudine, M. and Weintraub, H. 1980. Tissue-
methylation. Cell 77: 41-51. Rigaud, G., Roux, J., Pictet, R. and Grange, T.
specific DNA cleavages in the glo-bin chromatin
1991. In vivo footprinting of rat TAT gene:
Orkin S. H. 1992. GATA-binding transcrip-tion domain introduced by DNase I. Cell 20: 451-460.
Dynamic interplay between gluco-corticoid re-
factor in hematopoietic cells. Blood 80: 575-581.
ceptor and a liver-specific fac-tor. Cell 67: Stamatoyannopoulos, J. A., Goodwin, A., Joyce,
Ottolenghi, S. 1992. Developmental regula-tion 977-986. T. and Lowrey, C. M. 1995. NF-E2 and GATA
of human globin genes: A model for cell diffe- binding motifs are required for the formation
Robinson, S. I., Nelkin, B. D. and Vogel-stein, B.
rentiation in the hematopoietic system. In V. E. of DNase-I hypersensitive site-4 of the human
1982. The ovalbumin gene is asso-ciated with
Russo et al., (eds.), Develop-ment: The Molecu- P-globin locus control region. EMBO J. 14:
the nuclear matrix of chicken oviduct cells. Cell
lar Genetic Approach. Springer-Verlag, New 106-116.
28: 99-106.
York, pp. 519-536.
Stief, A., Winter, D. M., Strätling, W. H. and
Rodgers, G. P., Dover, G. J., Vyesaka, N.,
Oudet, P., Gross-Bellard, M. and Chambon, P. Sippel. A. E. 1989. A nuclear DNA attach-ment
Noguchi, C. T., Schecter, A. N. and Nieuhuis, A.
1975. Electron microscope and biochemi-cal element mediates elevated and posi-tion-
W. 1993. Augmentation by erythropoietin of
evidence that chromatin structure is a repeating dependent gene activity. Nature 341: 343-345.
the fetal hemoglobin re-sponse to hydroxyurea
unit. Cell 4: 281-300.
in sickle cell dis-ease. N. Engl. J. Med. 328: 73- Stöger, R., Kublicka, P, Liu, C.-G., Kafri, T, Razin,
Paroush, Z., Keshet, I., Yisraeli, J. and Cedar, 80. A., Cedar, H. and Barlow, D. P. 1993. Maternal-
H. 1990. Dynamics of demethylation and specific methylation of the im-printed mouse
Rogers, J. and Wall, R. 1981. Immunoglobu-lin
activation of the a-actin gene in my-oblasts. Igf2r locus identifies the ex-pressed locus as
heavy-chain genes: Demethylation ac-compa-
Cell 63: 1229-1337. carrying the imprinting signal. Cell 73: 61-71.
nies class switching. Proc. Natl. Acad. Sci. USA
Pazin, M. J., Kamakaka, R. T.,and Kadon-aga, 78: 7497-7501. Swain, J. L., Stewart, T. A. and Leder, P. 1987.
J. T. 1994. ATP-dependent nucleosome Parental legacy determines methyla-tion and
Russell, L. B. 1963. Mammalian X chromo-some
reconfiguration and transcriptional activa-tion expression of an autosomal trans-gene: A mole-
action: Inactivation limited in spread and region
from preassembled chromatin tem-plates. cular mechanism for parental imprinting. Cell
of origin. Science 140: 976-978.
Science 266: 2007-2011. 50: 719-727.
Ryan, T. M., Behringer, R. B., Martin, N. C.,
Penny, G. D., Kay, G. F., Sheardown, S. A., Tagaki, N. 1974. Differentiation of X chro-
Townes, T. M., Palmiter, R. D. and Brinster, R.
Rastan, S. and Brockendorff, N. 1996. Re- mosomes in early female mouse embryos. Exp.
L. 1989. A single erythroid-specific DNase I
quirement for Xist in X chromosome inacti- Cell Res. 86:127-135.
super-hypersensitivity site acti-vates high levels
vation. Nature 379:131-137.
of human b-globin gene expression in transgenic Tagaki, N. and Abe, K. 1990. Detrimental effects
Perrine, S. P. and eight others. 1993. A short- mice. Genes Dev. 3: 314-323. of two active X chromosomes on early mouse
term trial of butyrate to stimulate fetal globin development. Development 109: 189-201.
CAPÍTULO 11 A Regulação Transcricional da Expressão Gênica 459
Talbot, D. and Grosveld, F. 1991. The 5' HS2 van der Ploeg, L. H. T. and Flavell, R. D. 1980. Wilson, C. J., Chao, D. M., Imbalzano, A. N.,
of the globin locus control region en-hances DNA methylation in the human g-d-b globin Schnitzler, G. R., Kingston, R. E. and Wilson, E. B.
transcription through the interac-tion of a locus in erythroid and non-ery-throid cells. Cell 1895. An Atlas of the Fertiliza-tion and
multimeric complex binding at two functionally 19: 947-958. Karyogenesis of the Ovum. Macmil-lan, New York.
distinct NF-E2 binding sites. EMBO J. 10:
van Eekelen, C. A. G. and van Venrooij, W. J. Wolf, S. F., Jolly, D. J., Lunnen, K., Fried-mann,
1391-1398.
1981. HnRNA and its attachment to a nu-clear T. and Migeon, B. R. 1982. Methyla-tion of the
Tazi, J. and Bird, A. P. 1990. Alternative chro- protein matrix. J. Cell Biol. 88: 554-563. hypoxanthine phosphoribosyl-transferase locus
matin structure at CpG islands. Cell 60: 909-920. on the human X chromosome: Implications for
Villeponteau, B., Lundell, M. and Martin-son,
X chromo-some inactivation. Proc. Natl. Acad.
Thoma, F., Koller, T. and Klug, A. 1979. In- H. 1984. Torsional stress promotes the DNase
Sci. USA 81: 2806-2810.
volvement of histone H1 in the organiza-tion hypersensitivity of active genes. Cell 39:
of the nucleosome and of the salt-de-pendent 469-478. Wolf, S. F., Dintgis, S., Toniolo, D., Persico, G.,
superstructures of chromatin. J. Cell Biol. 83: Lunnen, K. D., Axelman, J. and Migeon, B. R.
Wandersee, N. J., Ferris, R. C., and Ginder, G. D.
403-427. 1984. Complete concordance between glucose-
1996. Intronic and flanking sequences are
6-phosphate dehydrogenase activ-ity and
Thorburn, A. and Knowland, J. 1993. At- required to silence enhancement of an embryonic
hypomethylation of 3' CpG clus-ters: Implication
tachment of vitellogenin genes to the nu- beta-type globin. Mol. Cell Biol. 16: 236-246.
for X chromosome dosage compensation. Nucleic
cleoskeleton accompanies their activation.
Wang, Z.-Q., Fung, M. R., Barlow, D. P. and Acids Res. 12: 9333-9348.
Biochem. Biophys. Res. Commun. 191: 308-313.
Wagner, E. F. 1994. Regulation of embry-onic
Wolfe, S. L. 1993. Molecular and Cellular Bi-
Trudel, M. and Constantini, F. 1987. A 3' en- growth and lysosomal targeting by the imprinted
ology. Wadsworth, Belmont, CA.
hancer contributes to the stage-specific ex- Igf2/Mpr gene. Nature 372: 464-467.
pression of the human b-globin gene. Genes Dev. Yisraeli, J., Adelstein, R. S., Melloui, D., Nudel,
Weintraub, H. 1984. Histone H1-dependent
1: 954-961. U., Yaffe, D. and Ceder, H. 1986. Muscle-specific
chromatin superstructures and the sup-pression
activation of a methylated chimeric actin gene.
Tsukiyama, T. and Wu, C. 1995. Purifica-tion of gene activity. Cell 38:17-27.
Cell 46: 409-416.
and properties of an ATP-dependent nucleosome
Weintraub, H. 1985. Assembly and propa-gation
remodeling factor. Cell 83: 1011-1020. Young, R. A. 1996. RNA polymerase II
of repressed and derepressed chro-mosomal
holoenzyme contains SWI/SNF regulators
Tsukiyama, T., Becker, P. B. and Wu, C. 1994. states. Cell 42: 705-711.
involved in chromatinremodeling. Cell 84:
ATP-dependent nucleosome disrup-tion at a heat-
Weintraub, H. and Groudine, M. 1976. Chromo- 235-244.
shock promoter mediated by binding of GAGA
somal subunits in active genes have an altered
transcripion factor. Na-ture 367: 525-531. Zaret, K. S. and Yamamoto, K. R. 1984. Re-
configuration. Science 193: 848-856.
versible and persistent changes in chro-matin
Tuan, D., Abeliovich, A., Lee-Oldham, M.
West, J. D., Frels, W. I., Chapman, V. M. and structure accompany activation of a glucocor-
and Lee, D. 1987. Identification of regula-
Papaioannou, V. E. 1977. Preferential ex-pression ticoid-dependent enhancer ele-ment. Cell 38:
tory elements in human b-like globin genes.
of the maternally derived X chro-mosome in the 29-38.
In G. Stamatoyannopoulos and A. W. Nienhuis
mouse yolk sac. Cell 12: 873-882.
(eds.), Developmental Control of Globin Zhao, K., Hart, C. M. and Laemmli, U. K. 1995.
Gene Expression. Alan R. Liss, New York, Wijgerde, M., Gribnau, J., Trimborn, T., Nuez, Visualization of chromosomal do-mains with
pp. 211-220. B., Philipsen, S., Grosvelde, F. and Fraser, P. boundary element-associated factor BEAF-32.
1996. The role of EKLF in human b-globin gene Cell 81: 879-889.
Turner, B. M. 1991. Histone acetylation and
competition. Genes Dev. 10: 2894-2902.
control of gene expression. J. Cell Sci. 99: 13-20. Zuccotti, M. and Monk, M. 1995. Methyla-tion
of the mouse Xist gene in sperm and eggs
correlates with imprinted Xist ex-pression and
paternal X-inactivation. Nat. Genet. 9: 316-320.
Controle do desenvolvimento
pelo processamento e tradução
diferencial do RNA
12
Entre a concepção
E a criação...
Entre a potência
E a existência
Entre a essência
A REGULAÇÃO DA EXPRESSÃO GÊNICA não está restrita à transcrição dife-
rencial do DNA. Mesmo que um determinado transcrito de RNA seja sinte-
tizado, não há garantia que ele irá criar uma proteína funcional na célula. Para
se formar uma proteína ativa, o RNA tem que ser: (1) processado em um RNA mensa-
geiro pela remoção de íntrons, (2) trasladado do núcleo para o citoplasma, e (3) tradu-
E a origem zido pelo aparelho sintetizador de proteínas. Em alguns casos, a proteína sintetizada
Cai a Sombra. não está em sua forma madura e (4) tem que ser modificada, após a tradução, para
T. S. ELIOT (1936)
tornar-se ativa. A regulação pode ocorrer em qualquer um desses passos durante o
desenvolvimento.
Não há descanso para o mensageiro até
a mensagem ser entregue.
JOSEPH CONRAD (1920) Q CONTROLE DO DESENVOLVIMENTO
PELO PROCESSAMENTO DIFERENCIAL DE RNA
461
462 PARTE III Mecanismos da Diferenciação Celular
Figura 12.1
Hibridização de RNA nuclear de embriões de
ouriço-do-mar com [3H]DNA de cópia única.
RNA de
DNA de cópia única radioativo foi misturado blástula + plúteo
com RNA de blástula, RNA de plúteo ou RNA
da mistura de blástula e plúteo. As misturas RNA de blástula
foram incubadas para permitir o pareamento de
todas as seqüências complementares. (O eixo
RNA Cot é a concentração do RNA vezes o RNA de plúteo
tempo deixado para incubar). Nos três casos,
cerca de 15 porcento do DNA hibridizou com
o RNA. (Segundo Kleene e Humphreys, 1977.)
CAPÍTULO 12 Processamento diferencial do RNA e Tradução 463
Tabela 12.1 Comparações entre tecidos das seqüências de genes estruturais em RNA mensageiros e RNA nucleares
Pista referencial
complementar a mRNA % mRNA % nRNA %
OURIÇO-DO-MAR
mRNA de blástula (DNA de cópia única) Blástula 100 Intestino 12 Intestino 97
Celomócito 13 Celomócito 101
CAMUNDONGO
mRNA cerebral (cDNA total) Cérebro 100 Rim 78 Rim 102
mRNA cerebral (cDNA Cérebro 100 Rim 56 Rim 100
representando mensagens raras)
(A)
Complexidade do RNA (106 nucleotídeos)
Figura 12.2
Seqüências encontradas no RNA nuclear de
(B) (C) vários tipos de células mas não no mRNA. (A)
Célula tipo 1 Especificidade do cDNA mensageiro da
blástula do ouriço-do-mar. Hibridização do
cDNA mensageiro da blástula (cDNA ao
mRNA da blástula) com mRNA de blástula e
RNA do citoplasma intestinal mostra que os
mRNAs são muito diferentes. (B) A hibridiza-
ção do cDNA mensageiro da blástula com
RNAs nucleares (nRNAs) de gástrulas e
celomócitos adultos e células intestinais suge-
re a identidade de todos os RNAs nucleares.
Célula tipo 2 (C) Modelo especulativo baseado no proces-
samento diferencial do RNA. Em ambos tipos
celulares, os mesmos RNAs (a, b, c, d, e) são
nRNA do celomócito transcritos, mas em um tipo celular, as seqüên-
nRNA da gástrula cias c, d e e são processadas para mRNA
nRNA do intestino citoplasmático, enquanto em outro tipo de cé-
lula, seqüências a, b e c são processadas e envi-
adas para o citoplasma. (A e B segundo Wold
et al., 1978.)
464 PARTE III Mecanismos da Diferenciação Celular
Figura 12.3
Ensaios para detecção do acúmulo de uma
mensagem no citoplasma. (A) Ensaio de pro- Dividir o tecido
teção de ribonuclease. RNA é isolado e puri- em duas amostras
ficado de tecido embrionário. Uma sonda de
RNA radioativo é sintetizada, complementar
(A) (B)
a um pequeno trecho do RNA que está sendo Ensaio de proteção de RNase Ensaio “run-on” nuclear
analisado. Se o RNA específico estiver pre-
sente, a sonda radioativa se ligará a ele. RNase
é adicionada em seguida, destruindo todo o
RNA exceto aquele da região de dupla fita
que contém o oligonucleotídeo radioativo.
Esse pode ser submetido à eletroforese em gel Isolar RNA Isolar núcleos
e auto-radiografado. (B) Ensaio nuclear “run-
on” (isola o núcleo e usa marcador radioativo Núcleo
para marcar o transcrito). Núcleos são isola-
dos de tecido embrionário. UTP radioativa é
adicionada aos núcleos. O mRNA que está
sendo sintetizado incorpora a marca radioati-
va enquanto continua sendo transcrito. O
mRNA pode ser isolado e hibridizado com
seqüências complementares de DNA imobi-
lizadas em papel. Se o transcrito radioativo
ligar, será detectado por auto-radiografia. RNA polimerase
Adicionar
oligonucleotídeo Transcrito nascente
radioativo de RNA
Porção radioativa
de RNA
COMPLEXO DE COMPROMETIMENTO O pré-mRNA vertebrado médio consiste de éxons relativamente curtos (em média
cerca de 140 bases), separados por íntrons que são usualmente muito mais compridos.
Íntron
Qualquer mecanismo coordenador das emendas em um RNA multi-éxon tem que pro-
ver uma explicação de como éxons pequenos são conservados e separados dos íntrons
grandes. Berget (1995) propôs a noção que a emenda é feita de um terminal do éxon
para o outro, em vez de através do íntron. Essa hipótese da definição do éxon sustenta
que o tamanho reduzido dos éxons permite ao snRNA U2 (no terminal 5’ do éxon)
conectar-se com o snRNA U1 no outro terminal. Seguindo essa “definição” dos limi-
tes do éxon, os vários éxons são ajuntados.
O processamento de mRNA maduro também requer a adição de uma cauda poli
(A) ao mRNA nuclear. O terminal 3’ da maioria dos mRNA eucarióticos (mensagens
Éxon de histonas sendo as únicas exceções conhecidas) é formado pela clivagem do
Éxon
transcrito original e adição de segmentos de resíduos de adenilato. A região 3’
não-traduzida da maioria dos precursores do mRNA contém a seqüência AAUAAA,
que é essencial para a clivagem do RNA, 10 a 30 bases a jusante desse sítio
(Proudfoot e Brownlee, 1976). Mutações nessa seqüência previnem a formação do
“SPLICEOSOME”
terminal 3’ do mRNA (Wickens e Stephenson, 1984; Orkin et al., 1985). Outro ele-
Éxon
mento de atuação cis é uma seqüência rica em GU ou U, usualmente localizada
mais a jusante (3’) da clivagem. Essa seqüência parece ser crítica para a clivagem
eficiente do RNA nuclear no sítio de processamento 3’ (McDevitt et al., 1984;
Christofori e Keller, 1988). [RNA3.html]
EMENDA CONSTITUTIVA
Figura 12.6
Diagrama esquemático da emenda alternativa do pré-mRNA. Éxons estão representados
como caixas sombreadas, éxons emendados alternativamente estão representados por caixas
hachuradas, e íntrons estão representados por linhas grossas. Por convenção, a trajetória da
emenda é mostrada por linhas finas em forma de V. (A) As bordas éxon-íntron, mostrando
as seqüências consensuais nos terminais 3’ e 5’ do íntron. R representa qualquer purina, Y
qualquer pirimidina, e N qualquer nucleotídeo. (B) a emenda de um pré-mRNA com 5
éxons. (C-F) Emenda alternativa por (C) sítios de emenda 5’ alternativa, (D) sítio de emenda
3’ alternativa (em alguns casos isso iria prover terminais diferentes ao mRNA, e ambos
sítios necessitariam de uma seqüência de poliadenilação, aqui mostrada como An), (E) uma
decisão emenda/não emenda, e (F) inclusão de éxon/ exclusão de éxon. (Segundo Horowitz
e Krainer, 1994.)
mente vistas em qualquer embrião, algumas das formas menos importantes são
vistas no cérebro e no coração (Zorn e Krieg, 1992). De maneira semelhante, a
emenda alternativa do RNA permite que o gene para β−tropomiosina codifique
tanto as formas do músculo esquelético como as do fibroblasto dessa proteína. O
RNA nuclear para a β−tropomiosina contém 11 éxons. Éxons 1-5, 8 e 9 são comuns
a todos os RNAs expressos por esse gene. Éxons 6 e 11 são também usados em
fibroblastos e células de músculo liso, enquanto éxons 7 e 10 são usados na
síntese da β−tropomiosina do músculo esquelético (Figura 12.7). Nos músculos
lisos e nos fibroblastos é formada uma proteína que impede “spliceosomes” de se
formarem nos sítios de emenda específicos dos músculos esqueléticos (Guo et al.,
1991; d’Orval et al., 1991). No sistema nervoso, a diversidade do canal de K+ tem
um papel importante na regulação da excitabilidade da membrana. Essas diferen-
ças cinéticas foram correlacionadas com a emenda alternativa de precursores de
mensagens do gene shaker (Mottes e Iverson, 1995).
468 PARTE III Mecanismos da Diferenciação Celular
mRNA de β−tropomiosina de
fibroblasto e músculo liso
*A proteína Sxl é ela própria um produtor de um complexo tipo de emenda alternativa do RNA.
Mais será dito sobre isso no Capítulo 20.
470 PARTE III Mecanismos da Diferenciação Celular
FÊMEA MACHO
pré- pré-
mRNA mRNA
tra1 tra1
Sx1 bloqueia ligação de U2AF se liga às regiões
U2AF (e “spliceosome”) ao ricas em polipirimidina
sítio mais eficiente; assim, para sítios de emenda 3’
sítio de emenda 3’ menos
eficiente é usado
mRNA transformer
RNA Transformer (macho e fêmea)
feminino constitutivo produz
proteína truncada,
não-funcional
Gene
doublesex
Sítio de emenda 3’ ineficiente
Pré-mRNA Pré-mRNA
doublesex doublesex
Proteína
Doublesex (DSX) Proteína
específica de fêmea Doublesex (DSX)
específica de macho
Figura 12.9
▲
há várias maneiras para realizar o controle da tradução e que células diferentes desen-
volveram diferentes meios de o fazerem.
Polipeptídeo Polipeptídeo
nascente completado
tRNA
iniciador Ligação
peptídica
Ribossomo
Fator de
Subunidades
liberação
ribossômicas
Subunidades
ribossômicas
recicladas
CAPÍTULO 12 Processamento diferencial do RNA e Tradução 473
Escaneamento
Reciclagem
de eIF2
Subunidade 60S
Figura 12.12
Polissomo individual transcrevendo o mRNA
gigante do puff BR2 de Chironomus tentans.
(A) Microscopia eletrônica de um polissomo
contendo 24 ribossomos. As proteínas nas-
centes podem ser vistas se estendendo dos
ribossomos e crescendo à medida que os
ribossomos se movimentam do terminal 5’ da
mensagem para o terminal 3’. Próximo do ter-
minal 3’ estão ribossomos dos quais a prote-
ína se destacou. (B) Um tal polissomo sob
maior aumento; o polissomo foi esticado du-
rante a preparação do espécime. A relação entre
o mRNA e as subunidades ribossômicas e o
polipeptídeo nascente pode ser vista. (de
Francke et al., 1982; fotografias cortesia de J.
E. Edstrom.)
(A) (B)
tRNA iniciador sobre o códon AUG. Somente após o mRNA ter sido posicionado
apropriadamente na subunidade ribossômica pequena, pode a unidade ribossômica
60S (“grande”) se ligar. Isso completa a reação de iniciação. Durante esse proces-
so, o GTP no eIF2 é hidrolisado em GDP. Para o eIF2 captar um novo tRNA inicia-
dor, esse tem que ser regenerado para eIF-GTP pelo eIF2B.
O alongamento envolve a ligação seqüencial de tRNAs do aminoacil ao
ribossomo e a formação de ligações peptídicas entre os aminoácidos à medida que
eles abandonam seqüencialmente seus tRNAs transportadores (veja Figura 12.10).
À medida que aminoácidos são ajuntados, o ribossomo viaja ao longo da mensa-
gem, expondo novos códons para a ligação de tRNA. Isso permite a um outro
ribossomo iniciar sua viajem no terminal 5’ da mensagem. Assim, em geral, qual-
quer mRNA terá vários ribossomos ligados a ele. Essa estrutura é então chamada
poliribossomo- ou mais comumente, polissomo (Figura 12.12). A terminação da
síntese protéica ocorre quando um dos códons mRNA UAG, UAA ou UGA é ex-
posto no ribossomo. Esses tripletes de nucleotídeos (chamados códons de termi-
nação) não são reconhecidos pelos tRNAs e portanto não codificam para quais-
quer aminoácidos. Ao contrário, eles são reconhecidos pelos fatores de liberação,
que hidrolizam o peptídeo do último tRNA, destacando-o do ribossomo. O
ribossomo se separa em duas unidades, e o ciclo da tradução recomeça.
estabilizada em certas células em certos momentos, então ele poderia produzir grandes
quantidades de uma proteína particular em certos momentos e em certos locais.
RNA de controle
β2-microglobulina
“CAP” Íntron Íntron
(A) (B)
476 PARTE III Mecanismos da Diferenciação Celular
Porcentagem da marcação
Com prolactina
(pulso) inicial
Sem prolactina
Figura 12.14
Degradação de mRNA da caseína na presença e ausência de prolactina. Células mamárias em
cultura foram tratadas com precursores radiativos de RNA (pulso) e após um dado período foram
lavadas e alimentadas com precursores não-radiativos (rastreamento). O mRNA da caseína
sintetizado durante o tempo de pulsação foi em seguida isolado e contado. Na ausência de
prolactina, o mRNA da caseína recém-sintetizado decaiu rapidamente, com uma meia-vida de 1.1
horas. Quando o mesmo experimento foi feito em um meio contendo prolactina, a meia-vida
estendeu-se para 28.5 horas. (Segundo Guyette et al., 1979.)
mento (grex). Ao mesmo tempo, as caudas poli(A) dos mRNAs existentes no estágio
vegetativo são dramaticamente encurtadas. Como resultado, as mensagens recém-
transcritas são traduzidas, enquanto as mensagens pré-existentes não o são (Palatnik
et al., 1984). Esse mecanismo também foi observado em glândulas salivares na larva de
Drosophila (Restifo e Guild, 1986).
Fontes: Compilado de numerosas fontes, incluindo Raff, 1980; Shiokawa et al., 1983; Rappollee
et al., 1988; Brenner et al., 1989; Standart, 1992.
Informações adicionais
& Especulações
(A) (B)
Extrato RNA KCI
RNA
antisenso (ug/ml)
Figura 12.19
Desmascarando a pequena subunidade da ribonucleo-
Peso molecular (KDa)
Audet et al., 1987; Swiderski e Richter, 1988), mas não é sabido se essas proteínas
mascaram funcionalmente RNAs endógenos. É possível que essas proteínas facili-
tem a ligação de uma proteína mascaradora de RNA geral que se associaria com o
mRNA fazendo com que ele fique intraduzível. A proteína FGRY2 ativa em oócitos de
Xenopus poderia ser uma tal proteína mascaradora geral (Bouvet e Wolffe, 1994).
Essa proteína se complexa com certos transcritos de oócitos que estão sendo trans-
critos no núcleo e é capaz de silenciar tais mensagens. O “desempacotamento”
global de tais mensagens na fecundação pode envolver alterações iônicas, a fosfo-
rilação de certas proteínas, ou mudanças na composição do RNP.
Núcleo
Oócito
Remoção da
cauda poli(A)
Mensagem Mensagem Cauda poli(A)
Oócito primário
imaturo e em
crescimento
Dormente Ativamente traduzido
Recomeço da
meiose Adenilação Desadenilação
Cauda poli(A)
Oócito em
maturação
Ativamente traduzido Dormente
Figura 12.20
Modelo para a regulação da tradução dos mRNAs do oócito do camundongo. Os mRNAs a
serem usados no metabolismo do oócito têm seqüências de poliadenilação em suas 3’UTRs e
retêm suas caudas poli(A). Esses mRNAs são traduzidos até a maturação meiótica (logo antes da
ovulação), quando perdem suas caudas poli(A). Aqueles mRNAs que permanecem
traducionalmente dormentes até a maturação meiótica têm elementos de poliadenilação citoplas-
mática (CPEs), assim como suas seqüências de poliadenilação, e eles perdem suas caudas
poli(A) no citoplasma do oócito imaturo. Quando a maturação meiótica começa, as caudas são
restauradas e a tradução dessas mensagens é iniciada.
*As funções das seqüências poli(A) e CPEs diferem entre oócitos de camundongo e de rã. Nos
oócitos de rã, a desadenilação que ocorre na maturação é o “estado de ausência”, e desadenilação
e inativação para tradução ocorrem, a não ser que CPE esteja presente. A poliadenilação irá ativar
a mensagem mascarada e manter a tradução dos mRNAs associados aos polissomos. Em oócitos
de camundongo, o CPE controla tanto a poliadenilação como a desadenilação. Em oócitos
imaturos, mensagens sem CPE são imediatamente traduzidas, enquanto mRNAs contendo CPE
são desadenilados e inativados para a tradução. Na maturação, o sistema do camundongo torna-se
semelhante ao de Xenopus, e os RNAs contendo CPE são agora poliadenilados e ativados para
tradução (Huarte et al., 1992).
486 PARTE III Mecanismos da Diferenciação Celular
Figura 12.21
Evidência da ineficiência da síntese protéica em níveis de pH pré-fecundação. O sistema de
[3H] Valina incorporada na proteína (cpm x 10–3)
tradução in vitro feito de ovos não-fecundados é mantido a pH 6.9 ou dializado para pH 7.4.
Mensagens endógenas são traduzidas muito mais eficientemente no pH pós-fecundação. (Se-
gundo Winkler e Steinhardt, 1981.)
metila não foi adicionado. Tais mensagens não são traduzidas em proteínas em um
sistema livre de células. Porém, na fecundação, há um surto de metilação nesses
oócitos, e o “caps” são completados. Os mRNAs com os “cap” completos são então
capazes de se ligar aos ribossomos e iniciar a tradução. Dados sobre mensagens
artificiais sugerem que estruturas secundárias (como alças tipo grampos de cabelo)
na região 5’ não-traduzida, também podem regular o período da tradução do RNA no
oócito (Fu et al., 1991).
70 minutos 80 minutos
80 minutos 90 minutos
Figura 12.22
Seqüestro das mensagens de histona do oócito do ouriço-do-mar. A sonda de cDNA que reco-
nhece a mensagem da histona é hibridizada para ovos de ouriço-do-mar fixados em vários
períodos pós-fecundação. A auto-radiografia mostra a mensagem a ser seqüestrada no pronúcleo
materno até sua degradação 80-90 minutos após a entrada do espermatozóide. (Segundo DeLeon
et al., 1983, cortesia de L. e R. Angerer.)
488 PARTE III Mecanismos da Diferenciação Celular
Informações adicionais
& Especulações
Mamífero Estágio tardio de 1-célula (11-17 h) Mórula precoce de 8-16 células Estágio de clivagem
(Mus musculus) (dia 3) de 4 células (dia 2-4)
Anfíbio Clivagem precoce ( 32 células) da 12a clivagem (4000 células) Estágio de nêurula
v
outros ouriços-
do-mar)
Inseto Blastoderma sincicial após a Blastoderma celular após a Organogênese intermediária
(Drosophila 10a divisão nuclear (2.5 h) 14a divisão nuclear (3.5 h) (~15 h)
melanogaster)
Fonte: Adaptado de Wilt, 1964; Woodland e Ballantine, 1980; Clegg e Piko, 1983; Gilbert e Solter, 1985; Poccia et al., 1985; Weir e Kornberg,
1985; Davidson, 1986; Edgar e Schubiger, 1986; Shiokawa et al., 1989.
a Períodos indicam incubação nas temperaturas apropriadas.
CAPÍTULO 12 Processamento diferencial do RNA e Tradução 489
ouriço-do-mar em que o núcleo embrio- te o estágio de 2 células. Entre os estági- toplasma de embriões tardios de 1 célula
nário não esteja funcionando. Baixos ní- os de 1 e 2 células do embrião, mais de o suporta. Como inibidores da proteína-
veis de transcrição (incluindo novas men- dois terços das proteínas sofrem uma al- quinase (PKA) dependente de cAMP ini-
sagens de histonas) podem ser vistos em teração de cinco vezes em sua síntese bem a competência do citoplasma para
pronúcleos mesmo antes de sua fusão (Latham et al., 1991, 1992). Quando culti- suportar a transcrição, é possível que a
(Poccia et al., 1985). Essas mensagens re- vadas com o inibidor da transcrição a- ativação de PKA seja essencial para a
cém-transcritas entram no “pool” maior aminitina (que bloqueia a RNA polimera- aquisição pelo citoplasma de seu estado
do mRNA materno. A cromatina das qua- se II), ovos de camundongo são bloquea- transcricionalmente permissivo. Outros
tro primeiras clivagens é feita primaria- dos no estágio bicelular (Flach et al., 1982). mamíferos não seguem necessariamente
mente com histonas estocadas no cito- Em camundongos, os mRNAs maternos o mesmo programa. A síntese do mRNA
plasma do oócito e histonas sintetizadas persistem por cerca de dois dias- a gros- humano é primeiro vista no estágio de 4
de mensagens maternas. Do estágio de so modo, o mesmo tempo que em outros células, e inibidores da transcrição blo-
16 células em diante, porém, a maioria das filos- e em seguida, durante o segundo queiam o desenvolvimento no estágio de
histonas é sintetizada de mensagens dia, os mensageiros maternos são rapida- 4- a 8-células. Em vacas e ovelhas, a ati-
transcritas de núcleos de células embrio- mente degradados (Clegg e Piko, 1983; vidade transcricional é vista nos estági-
nárias (Goustin e Wilt, 1981). Esse padrão Paynton et al., 1988). À medida que os os de 8- a 16-células (Braude et al., 1988;
está em contraste marcado com aquele de produtos gênicos codificados pelas men- Telford et al., 1990).
embriões de Xenopus, nos quais um gran- sagens maternas decaem, eles são subs- Em todas as espécies animais obser-
de “pool” de proteína histona estocada tituídos por novas proteínas produzidas vadas, há um período de tempo em que
pela mãe, e um grande suprimento de men- de mRNA que está sendo recém-transcri- os fenômenos do desenvolvimento pre-
sagem histona estocada no oócito são uti- to do núcleo. Na maioria dos casos, os coce são controlados pelas mensagens
lizados por milhares de células. cromossomos derivados do espermatozói- e proteínas estocadas no citoplasma do
Embriões de mamíferos, ascídios, de são provavelmente ativados simulta- oócito. Na maioria das espécies (os ma-
nematóides e moluscos também parecem neamente com cromossomos derivados do míferos sendo a exceção), o genoma nu-
iniciar a transcrição dentro do primeiro ovo (Gilbert e Solter, 1985). Latham e cole- clear é ativado muito antes das mensa-
ciclo celular (Schauer e Wood, 1990). Po- gas (1992) transplantaram núcleos para di- gens maternas serem degradadas, fazen-
rém, tal como em muitos eventos do de- ferentes citoplasmas e demonstraram que do com que ambos conjuntos de mRNAs
senvolvimento, não se pode dizer que os o citoplasma muda durante a parte tardia sejam traduzidos simultaneamente. Final-
mamíferos tenham aperfeiçoado uma es- do estágio de 1 célula. O citoplasma da mente, quando as mensagens maternas
tratégia uniforme. No grupo mamífero mais célula precoce do embrião de 1 célula não tiverem sido degradadas nos dias 1 e 2,
estudado, os camundongos, o genoma suporta a transcrição de genes de núcle- os transcritos do genoma embrionário se
embrionário é extremamente ativo duran- os de embriões mais tardios. Porém, o ci- tornarão mais importantes.
Parece que tudo que as proteínas podem fazer, os RNAs também podem. Se proteínas
podem regular a tradução ligando-se a sítios específicos na 3’UTR de RNAs mensa-
geiros, assim também o podem fazer RNAs pequenos. O “RNA de controle da tradu-
ção” foi originalmente proposto por Bester e colaboradores, em 1975. Desde então, foi
encontrado em C. elegans e pintos.
Caenorhabditis elegans faz jus a seu nome, tendo desenvolvido uma solução par-
ticularmente elegante para o problema do controle da expressão gênica larval (Lee et al.,
1993; Wightman et al., 1993). Altos níveis do fator de transcrição LIN-14 especificam a Figura 12.27
síntese protéica em órgãos larvais precoces. Depois disso, a proteína LIN-4 não é mais Modelo hipotético para a regulação do mRNA
vista, embora mensagens lin-4 sejam detectadas através de todo o desenvolvimento. C. lin-14 pelos mRNAs lin-4. (Isso não foi con-
firmado experimentalmente.) O gene lin-4 não
elegans é capaz de inibir a síntese de LIN-14 de seu mRNA, ativando o gene lin-4. Em
produz um mRNA. Em lugar disso, ele produz
mutações de perda-de-função de lin-4, a proteína LIN-14 é sintetizada continuamente, e RNAs pequenos que não produzem proteínas.
o desenvolvimento precoce do nematóide é interrompido. O gene lin-4 não codifica Esses RNAs são complementares a uma se-
proteína alguma. Em vez disso, ele codifica dois pequenos mRNAs (o mais abundante qüência repetida na 3’UTR do mRNA lin-14.
tendo 25 nucleotídeos de comprimento, o outro continuando por mais 40 nucleotídeos) (Segundo Wickens e Takayama, 1994.)
Seqüência de codificação
Poli(A)
492 PARTE III Mecanismos da Diferenciação Celular
mRNA da FERRITINA
IRE-BP ausente IRE-BP presente
Editoração do RNA
Enzima editora
Figura 12.29
Modelo de um mecanismo enzimático que
poderia permitir a desaminação de uma
citosina específica do mRNA apo-B. Duas
mRNA Apo-B 5’ 3’ regiões são necessárias para a editoração do
RNA: uma região que é conservada em vári-
Não espécie- Espécie-específico os mamíferos e um elemento espécie-espe-
NH 3 U cífico que tem uma estrutura tipo grampo de
específico
cabelo que poderia ser reconhecida pela
Sítio catalítico Sítio de reconhecimento enzima. (Segundo Chan, 1993.)
494 PARTE III Mecanismos da Diferenciação Celular
Subunidades α
Heme
Heme
Heme
Heme
Subunidades β
Figura 12.30
A estrutura da hemoglobina do humano adulto, com quatro cadeias polipeptídicas (duas α, duas
β) e quatro moléculas de heme. (Segundo Dickerson e Geis, 1983.)
Porfobilinógeno 1965; Zucker e Schulman, 1968). Quando heme (ou sua forma oxidada, hemina) é
adicionado a um sistema de tradução isento de células mas que inclui todos os fatores
necessários para traduzir mRNAs (Tabela 12.5), a síntese da globina é muito estimula-
Protoporfirina IX da (Figura 12.32A). Portanto, se não há globina para ligar o heme, o excesso de heme
desliga sua própria síntese e estimula a produção de mais globina.
Heme Vários laboratórios investigaram como uma molécula tão pequena como o heme
pode regular a síntese protéica. Em 1972, Adamson e colegas demonstraram que o
Figura 12.31 efeito estimulador do heme na síntese da globina podia ser imitado pela adição ao
Regulação por retroalimentação (feedback) da sistema de tradução daquelas proteínas que estão frouxamente associadas aos
síntese do heme. (Segundo Harris, 1975.) ribossomos. Como tais soluções são ricas em fatores de iniciação da tradução, cada
CAPÍTULO 12 Processamento diferencial do RNA e Tradução 495
Tabela 12.5 Componentes do sistema de tradução in vitro contendo lisato de reticulócitos de coelho
Concentração Concentração
Componente (em 100 µl) Componente (em 100 µl)
fator foi testado separadamente. Achou-se que o fator 2 de iniciação eucariótica (eIF2)
restaurava a síntese protéica para lisatos deficientes de heme no sistema de tradução
(Figura 12.32B). Esse fator de iniciação é responsável pela combinação com o tRNA
iniciador e complexá-lo à subunidade ribossômica 40S.
Qual, então, é a relação entre heme e eIF2? Para responder a isso, London e cola-
boradores (Levin et al., 1976; Ranu et al., 1976; Ramaiah et al., 1992) adicionaram
lisatos deficientes de heme a sistemas de tradução suplementados com heme. Eles
acharam que uma porção do lisato deficiente de heme podia realmente deprimir a
síntese da globina no sistema de tradução ao qual ele fora adicionado. Esse achado
indicou que um inibidor estava presente. Essa proteína inibidora responsiva ao heme,
HRI, foi isolada e verificou-se que era uma quinase capaz de fosforilar eIF2. A hemina
liga-se a essa quinase, inativando-a (veja Chen e London, 1995).
O eIF2 finalmente irá parar a tradução. Normalmente, uma vez que as subunida-
des ribossômicas se juntam, o eIF2 é liberado como um complexo com GDP
(Raychaudhury et al., 1985). Para o eIF2 ser novamente usado na iniciação, ele
+Hemina
[14C]Leucina incorporada (cpm x 10-4)
+Hemina
Figura 12.32
Sem adições
Regulação da tradução por hemina e pelo fa-
tor 2 de iniciação eucariótica. (A) Tradução do
mRNA da globina no sistema de síntese
protéica in vitro do reticulócito de coelho. A
inclusão de hemina ocasiona uma dramática
elevação da síntese protéica. (B) Efeito da adi-
-Hemina ção do fator 2 de iniciação eucariótica no siste-
ma de tradução in vitro do reticulócito de coe-
lho. O eIF2 elevou o nível da síntese protéica
para perto daquele do sistema estimulado pela
hemina. (A segundo London et al., 1976; B
(A) Tempo (minutos) (B) Tempo (minutos) segundo Clemens et al., 1974.)
496 PARTE III Mecanismos da Diferenciação Celular
Figura 12.33
Subunidade ribossômica 40S Tradução
Esquema para o controle da tradução da síntese
Complexo de iniciação
da globina. Como um resultado da inativação
pela proteína quinase, o eIF2 é depletado a não
ser que o heme inative a proteína quinase.
Proteína Heme Proteína quinase
quinase ativa inativa
eIF2 - P (Seqüestra o
fator de reciclagem)
deverá complexar-se com o eIF2B (fator de reciclagem). Esse eIF2B troca GTP por
GDP (veja Figura 12.11), e o complexo eIF2-GTP resultante é capaz de entrar num
outro ciclo de iniciação. Porém, se a subunidade α do eIF2 for fosforilada, o fator de
reciclagem eIF2B se liga mas não consegue se despregar (Gross et al., 1985; Thomas
et al., 1985). Por fim, todo eIF2B (cuja concentração é 10- a 20-vezes mais baixa que
aquela do eIF2) é ligado a esses complexos, e a tradução cessa. A adição de eIF2B a
lisatos deficientes em heme restitui a síntese protéica aos níveis dos sistemas
suplementados com heme (Grace et al., 1984). Heme em excesso é capaz de se ligar à
proteína quinase, inativando-a (Fagard e London, 1981). Quinase inativada não irá
fosforilar eIF2α, fazendo com que a tradução prossiga. Assim, enquanto heme esti-
ver presente, a síntese da globina continuará (Figura 12.33).
A história do controle da tradução da síntese da globina não termina aqui. Confor-
me discutimos no Capítulo 11, há quatro genes α−globina ativos por célula diplóide e
somente dois genes β−globina ativos. Se cada gene fosse transcrito e traduzido com
a mesma velocidade, esperar-se-ia duas vezes mais moléculas α−globina que β−globina.
Isso claramente não é o caso. Encontra-se uma relação 1.4:1 de mRNA α:β, mas uma
relação 1:1 de proteínas (Lodish, 1971). A igualização das proteínas parece envolver
regulação da tradução.
Kabat e Chappell (1977) sugeriram que a igualização é feita no estágio de inicia-
ção da tradução. Eles mostraram que o mRNA da α−globina compete com a mensa-
gem da β−globina para fatores de iniciação e que a mensagem da β−globina parece
ser o melhor competidor. A mensagem da β−globina é reconhecida mais eficiente-
mente pelos fatores de iniciação sendo por isso traduzida mais freqüentemente.
Quando os dois mRNAs estão presentes em quantidades iguais, mas com um supri-
mento de fatores de iniciação severamente limitante, somente 3% da proteína resul-
tante era α−globina. Porém, quando o mRNA não-fracionado (mensagens α e β
globinas de células lisadas) foi adicionado a um excesso de tais fatores de iniciação,
todos os mRNAs foram traduzidos com igual eficiência e a relação α:β resultante foi
de 1.4:1. A proteína cap ligante foi implicada como sendo o fator responsável pela
discriminação entre os dois tipos de mensagem da globina (Ray et al., 1983; Sarkar et
al., 1984). Enquanto ainda não é conhecido como se dá a discriminação, é conhecido
que a estrutura secundária da seqüência líder 5’ afeta a eficiência da tradução (Pelletier
e Sonenberg, 1985). Como pode ser visto na Figura 12.34, os terminais 5’ das mensa-
gens α e β−globina diferem significativamente. Assim, as razões apropriadas de α−
globina e β−globina, e heme são estabelecidas no passo de iniciação da tradução.
Embora a síntese da hemoglobina envolva regulação nos níveis de transcrição e
processamento de RNA, a molécula final é construída através da coordenação fina
ao nível da tradução.
CAPÍTULO 12 Processamento diferencial do RNA e Tradução 497
mRNA da α−globina
mRNA da β−globina
Fator 12.34
Ao mesmo tempo, outro notável exemplo da regulação da tradução está ocorrendo Prováveis estruturas secundárias para os ter-
minais 5’ das cadeias de α-globina e de β-
dentro da célula vermelha do sangue. O mRNA codificando a enzima 15-lipoxigenase
globina do camundongo. Os códons AUG ini-
(15-LOX) é transcrito durante os estágios precoces do desenvolvimento da célula ciadores da tradução estão coloridos. (Segun-
vermelha do sangue na medula óssea, mas ele somente é traduzido quando a célula do Pavlakis et al., 1980.)
vermelha do sangue está a ponto de entrar na circulação periférica. Essa enzima é
responsável pela digestão das mitocôndrias durante os últimos estágios da formação
da célula vermelha sangüínea. A 3’ UTR do mRNA 15-lox tem 10 repetições acopladas
de uma seqüência rica em pirimidina que liga uma proteína de 48-kDA específica para
eritrócitos. Essa proteína reprime a tradução da mensagem 15-lox até o eritrócito estar
pronto para entrar na circulação (Ostarek-Lederer et al., 1994). Não é ainda conhecido
como essa proteína repressora é regulada durante o desenvolvimento da célula ver-
melha sangüínea.
merosas outras proteínas. Assim, ainda podem ocorrer várias mudanças que deter-
minam se uma proteína está ou não ativa. Em primeiro lugar, algumas proteínas
recém–sintetizadas são inativas sem ulteriores modificações que podem envolver a
remoção por clivagem de certos setores inibitórios da proteína, ou a ligação de um
pequeno composto para intensificar sua atividade. Segundo, algumas proteínas
podem ser inativadas seletivamente. Em alguns casos, a inativação envolve a degra-
dação da própria proteína; em outros, a inativação pode ser causada pela ligação de
um ligante inibidor. Terceiro, algumas proteínas têm que ser “endereçadas” a seus
destinos intracelulares específicos. A célula não é simplesmente um saco de enzimas:
proteínas são muitas vezes seqüestradas em certas regiões, tais como membranas,
lisossomos, núcleos ou mitocôndrias. Em quarto lugar, algumas proteínas têm que
se juntar a outras proteínas para formar uma unidade funcional. A proteína hemoglo-
bina, o microtúbulo e o ribossomo são todos exemplos de numerosas proteínas
juntadas para formar uma unidade funcional. Portanto, a expressão da informação
genética ainda pode ser influenciada no nível pós-tradução. Alguns desses casos
(como a fosforilação do fator promotor da mitose) já foram discutidos, enquanto
outros serão discutidos à medida que aparecerem. Neste ponto, abandonaremos
nossa discussão dos aspetos moleculares da expressão gênica e voltaremos para a
dinâmica do embrião em desenvolvimento. Podemos agora olhar para processos
desenvolvimentais precoces para estudar mecanismos moleculares para a determi-
nação do destino celular e da estrutura tissular.
LITERATURA CITADA
Adamson, S. D., Yau, P. M. P., Herbert, E. and dynamic changes during oocyte maturation and Chan, L. 1993. RNA editing: Exploring one
Zucker, W. V. 1972. Involvement of hemin, a early development. RNA 1: 64-78. mode with apolipoprotein B mRNA. BioEs-
stimulatory fraction from ribo-somes, and a says 15: 33-41.
Belote, J. M., McKeown, M., Boggs, R. T.,
protein synthesis inhibitor in the regulation of
Ohkawa, R. and Sosnowski, B. A. 1989. Molecu- Chen, C.-Y. A., You, Y. and Shyu, A.-B. 1992.
hemoglobin synthesis. J. Mol. Biol. 63: 247-264.
lar genetics of transformer, a genetic switch Two cellular proteins bind specifi-cally to a
Ahringer, J. and Kimble, J. 1991. Control of the controlling sexual differentiation in Drosophi- purine-rich sequence necessary for the destabili-
sperm-oocyte switch in Caenorhabditis elegans la. Dev. Genet. 10: 143-154. zation function of a c-fos protein coding region
by the fem-3 3' untranslated region. Nature 349: determinant of mRNA instability. Mol. Cell. Biol.
Berget, S. M. 1995. Exon recognition in ver- 12: 5748-5757.
346-348.
tebrate splicing. J. Biol. Chem. 270: 2411-2414.
Anderson, K. W. and Lengyel, J. A. 1979. Rates Chen, C.-Y. A., Chen, T.-M. and Shyu, A.-B.
Bester, A. J., Kennedy, D. S. and Heywood, S. M. 1994. Interplay of two functionally and
of synthesis of major classes of RNA in Droso-
1975. Two classes of translational con-trol RNA: structurally distinct domains of the c-fos AU-
phila embryos. Dev. Biol. 70: 217-231.
Their role in the regulation of protein synthesis. rich element specifies its mRNA-desta-bilizing
Angerer, L. M. and Angerer, R. C. 1981. De- Proc. Natl. Acad. Sci. USA 72: 1523-1527. function. Mol. Cell. Biol. 14: 416-426.
tection of poly A+ RNA in sea urchin eggs and
Boggs, R. T. Gregor, P., Idriss, S., Belote, J. M. Chen, J.-J. and London, I. M. 1995. Regula-tion
embryos by quantitative in situ hy-bridization.
and McKeown, M. 1987. Regulation of sexual of protein synthesis by heme-regu-lated eIF-2a
Nucleic Acids Res. 9: 2819-2840.
differentiation in D. melanogaster via alternative kinase. Trends Bioch. Sci. 20: 105-108.
Audet, R. G., Goodchild, J. and Richter, J. D. splicing of RNA from the trans-former gene. Cell
1987. Eukaryotic initiation factor 4A stimulates 50: 739-747. Chen, S.-H. and 12 others. 1987. Apolipoprotein
translation in microinjected Xenopus oocytes. B48 is the product of a messenger RNA with an
Bouvet, P. and Wolffe, A. P. 1994. A role for organ-specific in-frame stop codon. Science
Dev. Biol. 121: 58-68.
transcription and FRGY2 in masking ma-ternal 238: 363-366.
Axel, R., Feigleson, P. and Schutz, G. 1976. mRNA within Xenopus oocytes. Cell 77: 931-941.
Chen, S.-H., Li, X., Liao, W. S. L., Wu, J. H. and
Analysis of the complexity and diversity of
Braude, P., Bolton, V. and Moore, S. 1988. Chan, L. 1990. RNA editing of apolipoprotein
mRNA from chicken liver and oviduct. Cell 7:
Human gene expression first occurs be-tween B mRNA: Sequence speci-ficity determined by
247-254.
the four- and eight-cell stages of preimplantation in vitro coupled tran-scription-editing. J. Biol.
Bachvarova, R. F. 1992. A maternal tail of development. Nature 332: 459-461. Chem. 265: 6811-6816.
poly(A): The long and the short of it. Cell 69:
Briggs, R. and Cassens, G. 1966. Accumula-tion Christofori, G. and Keller, W. 1988. 3' cleav-age
895-897.
in the oocyte nucleus of a gene prod-uct essential and polyadenylation of mRNA precur-sors in
Baker, B., Nagoshi, R. N. and Burtin, K. C. 1987. for embryonic development beyond gastrulati- vitro requires a poly(A) polymerase, a cleavage
Molecular genetic aspects of sex de-termination on. Proc. Natl. Acad. Sci. USA 55: 1103-1109. factor, and a snRNP. Cell 54: 875-889.
in Drosophila. BioEssays 6: 66-70. Clegg, K. B. and Piko, L. 1983. Poly(A) length,
Carroll, C. R. 1974. Comparative study of the
Ballantyne, S., Bilger, A. Åstrom, J., Virta-nen, early embryonic cytology and nucleic acid cytoplasmic adenylation, and syn-thesis of
A. and Wickens, M. 1995. Poly(A) polymerases synthesis of Ambystoma mexicanum normal and poly(A)+ RNA in early mouse em-bryos. Deo.
in the nucleus and cytoplasm of frog oocytes: o mutant embryos. J. Exp. Zoo/. 187: 409-422. Biol. 95: 331-341.
CAPÍTULO 12 Processamento diferencial do RNA e Tradução 499
Clemens, M. J., Henshaw, E. C., Ra-haminoff, Fagard, R. and London, I. M. 1981. Rela-tionship Goustin, A. S. and Wilt, F. H. 1981. Protein
H. and London, I. M. 1974. Met-tRNAfmet binding between phosphorylation and ac-tivity of heme- synthesis, polyribosomes, and peptide elongation
to 40S ribosomal units: A site for the regulation regulated eukaryotic initia-tion factor 2 kinase. in early development of Strongylocentrotus
of initiation of pro-tein synthesis by hemin. Proc. Natl. Acad. Sci. USA 78: 866-870. purpuratus. Dev. Biol. 82: 32-40.
Proc. Natl. Acad. Sci. USA 71: 2946-2950.
Ferrandon, D., Elphick, L., Nüsslein-Vol-hard Grace, M. and eight others. 1984. Protein
Colin, A. M., Brown, B. D., Dholakia, J. N., C. and St. Johnon, D. 1994. Staufen protein synthesis in rabbit reticulocytes: Character-istics
Woodley, C. L., Wahba, A. J. and Hille, M. B. associates with the 3' UTR of bicoid to form of the protein factor RF that reverses inhibition
1987. Evidence for simultaneous derepres-sion particles that move in a micro-tubule-dependent of protein synthesis in heme-de-ficient
of messenger RNA and the guanine nucleotide manner. Cell 79: 1221-1232. reticulocyte lysates. Proc. Natl. Acad. Sci. USA
exchange factor in fertilized sea urchin eggs. 79: 6517-6521.
ffrench-Constant, C. and Hynes, R. O. 1989.
Deo. Biol. 123: 354-363.
Alternative splicing of fibronectin is tem-porally Gribble, T. J. and Schwartz, H. C. 1965. Ef-fect
Cooper, G. M. 1996. The Cell: A Molecular and spatially regulated in the chicken embryo. of protoporphyrin on hemoglobin syn-thesis.
Approach. Sinauer Associates, Sunderland, MA. Development 106: 375-388. Biochim. Biophys. Acta 103: 333-338.
Coschigano, K. T. and Wensink, P. 1993. Sex- Flach, G., Johnson, M. H., Braude, P. R., Taylor, Gross, K. W., Jacobs-Lorena, M., Baglioni, G.
specific transcriptional regulation by the male R. A. S. and Bolton, V. N. 1982. The transition and Gross, P. R. 1973. Cell-free transla-tion of
and female doublesex proteins of Drosophila. from maternal to embryonic con-trol in the 2- maternal messenger RNA from sea urchin eggs.
Genes Dev. 7: 42-54. cell mouse embryo. EMBO J. 1: 681-686. Proc. Natl. Acad. Sci. USA 70: 2614-2618.
Crossley, P. H. and Martin, G. R.1995. The mouse Fox, C. A. and Wickens, M. 1990. Poly(A) Gross, M., Redman, R. and Kaplansky, D. A.
Fgf8 gene encodes a family of polypeptides and removed during oocyte maturation: A de-fault 1985. Evidence that the primary effects of
is expressed in regions that direct outgrowth and reaction selectively prevented by spe-cific phosphorylation of eukaryotic initiation factor
patterning in the developing embryo. Develop- sequences in the 3' UTR of certain ma-ternal 2a in rabbit reticulocyte lysate is in-hibition of
ment 121: 439-451. mRNAs. Genes Dev. 4: 2287-2298. the release of eukaryotic initia-tion factor 2-
GDP from 60S ribosomal sub-units. J. Biol.
Danilchik, M. V., Yablonka-Reuveniz, Z., Moon, Fox, C. A., Sheets, M. D. and Wickens, M. 1989.
Chem. 260: 9491-9500.
R. T., Reed, S. K. and Hille, M. B. 1986. Separate Poly(A) addition during maturation of frog
ribosomal pools in sea urchin embryos: oocytes: distinct nuclear and cyto-plasmic Guo, W., Mulligan, G. J., Wormsley, S. and
Ammonia activates a movement between pools. activities and regulation by the se-quence Helfman, D. M. 1991. Alternative splicing of
Biochemistry 25: 3696-3702. UUUUUAU. Genes Dev. 3: 2151-2162. (b-tropomyosin pre-mRNA: Cis-acting el-
ements and cellular factors that block the use of
Davidson, E. H. 1976. Gene Activity in Early Francke, C., Edstrom, J. E., McDowell, A. W.
a skeletal muscle exon in nonmuscle cells. Genes
Development. 1st Ed. Academic Press, New York. and Miller, O. L. 1982. Microscopic visu-
Dev. 5: 2096-2107.
alization of a discrete class of giant transla-tion
Davidson, E. H. 1986. Gene Activity in Early
units in salivary gland cells of Chirono-mus Guyette, W. A., Matusik, R. J. and Rosen, J. M.
Development, 3rd Ed. Academic Press, New York.
tentans. EMBO J. 1: 59-62. 1979. Prolactin-mediated transcriptional and
Davidson, E. H. and Britten, R. J. 1979. Reg- post-transcriptional control of casein gene
Fu, L., Ye, R., Browder, L. and Johnston, R.
ulation of gene expression: Possible role of expression. Cell 17:1013-1023.
1991. Translational potentiation of mRNA with
repetitive sequences. Science 204:1052-1059.
secondary structure in Xenopus. Sci-ence 251: Hake, L.E. and Richter, J. D. 1994. CPEB is a
Decker, C. J. and Parker, R. 1994. Mecha-nisms 807-810. specificity factor that mediates cytoplas-mic
of mRNA degradation in eukaryotes. Trends polyadenylation during Xenopus oocyte
Gagnon, M. L., Angerer, L. M. and Angerer, R.
Biochem. 19: 336-340. maturation. Cell 79: 617-627.
C. 1992. Posttranscriptional regulation of
DeLeon, C. V., Cox, K. H., Angerer, L. M. and ectoderm-specific gene expression in early sea Harris, H. 1975. Principles of Human Bio-
Angerer, R. C. 1983. Most early variant histone urchin embryos. Development 114: 457-467. chemical Genetics. Elsevier North-Holland,
mRNA is contained in the pronu-cleus of sea New York.
Galau, G., Kelin, W. H., Davis, M. M., Wold, B.,
urchin eggs. Dev. Biol. 100: 197-206.
Britten, R. J. and Davidson, E. H. 1976. Hentze, M. W. 1997. eIF4G: A multipurpose
Dickerson, R. E. and Geis, I. 1983. Hemoglo- Structural gene sets active in embryos and adult ribosome adapter? Science 275: 500-501.
bin Benjamin/Cummings, Menlo Park, CA. tissues of the sea urchin. Cell 7: 487-505.
Hershey, J. W. B. 1989. Protein phosphory-
Dubnau, J. and Struhl, G. 1996. RNA recog-nition Gavis, E. R. and Lehmann, R. 1994. Transla- lation controls translation rates. J. Biol. Chem.
and translational regulation by a homeodomain tional regulation of nanos by RNA localiza-tion. 264: 20823-20826.
protein. Nature 379: 694-699. Nature 369: 315-318.
Higuchi, M., Single, F. N., Köhler, M., Som-
Edgar, B. A. and Schubiger, G. 1986. Para-meters Gebauer, F. and Richter, J. D. 1995. Cloning and mer, B., Sprengel, R. and Seeburg, P. H. 1993.
controlling transcriptional activa-tion during early characterization of a Xenopus poly(A) poly- RNA editing of AMPA receptor sub-unit GluR-
Drosophila development. Cell 44: 871-877. merase. Mol. Cell. Biol. 15:1422-1430. B: A base-pair intron-exon struc-ture determi-
nes position and efficiency. Cell 75: 1361-1370.
Evans, T. C., Goodwin, E. B. and Kimble, J. Gilbert, S. F. and Solter, D. 1985. Onset of pa-
1992. Translational regulation of develop-ment ternal and maternal Gpi-2 expression in Hille, M. B., Danilchik, M. V., Colin, A. M. and
and maternal RNAs in Caenorhabditis elegans. preimplantation mouse embryos. Dev. Biol. 109: Moon, R. T. 1985. Translational control in
Semin. Dev. Biol. 3: 381-389. 515-517. echinoid eggs and early embryos. In R. H. Sawyer
and R. M. Showman (eds.), The Cellular and
Evans, T. C., Crittenden, S. L., Kodoyianni, V. Goodwin, E. B., Okkema, P. G., Evans, T. C. and
Molecular Biology of Invertebrate Development.
and Kimble, J. 1994. Translational control of Kimble, J. 1993. Translational regula-tion of
University of South Carolina Press, pp. 91-124.
maternal glp-1 mRNA establishes an asymmetry tra-2 by its 3' untranslated region controls sexu-
in the C. elegans embryo. Cell 77: 183-194. al identity in C. elegans. Cell 75: 329-339. Hodges, P. E. and Beggs. J. D. 1994. U2 ful-fills
a commitment. Curr. Biol. 4: 264-267.
500 PARTE III Mecanismos da Diferenciação Celular
Holt, J. T., Gopal, T. V., Moulton, A. D. and no, a newly discovered RNA-binding protein, is Lieberfarb, M. E., Chu, T., Wreden, C., Theurkauf,
Nienhuis, A. W. 1986. Inducible production of c- essential. Cell 81: 403-412. W., Gergen, J. P. and Strickland, S. 1996.
fos antisense RNA inhibits 3T3 cell pro-liferation. Mutations that perturb poly(A)-de-pendent ma-
Kimelman, D. and Kirschner, M.W. 1989. An
Proc. Natl. Acad. Sci. USA 83: 4794-4798. ternal mRNA activation block the initiation of
antisense messenger RNA directs the covalent
development. Development 122: 579-588.
Horowitz, D. S. and Krainer, A. R. 1994. modification of the transcript en-coding
Mechanisms for selecting 5' splice sites in fibroblast growth factor in Xenopus occytes. Cell Lodish, H. F. 1971. Alpha and beta globin
mammalian pre-mRNA splicing. Trend Genet. 59: 687-696. messenger ribonucleic acid. Different amounts
10: 100-106. and rates of translation. J. Biol. Chem. 246:
Klausner, R. D. and Harford, J. B. 1989. Cis-
7131-7138.
Hough-Evans, B. R., Wold, B. J., Ernst, S. G., trans models for post-transcriptional gene
Britten, R. J. and Davidson, E. H. 1977. regulation. Science 246: 870-872. London, I. M., Clemens, M. J., Ranu, R. S., Levin,
Appearance and persistence of maternal RNA D. H., Cherbas, L. F. and Ernst, V. 1976. The role
Klausner, R. D., Rouault, T. A. and Harford, J. B.
sequences in sea urchin development. Dev. Biol. of hemin in the regulation of protein synthesis in
1993. Regulating the fate of mRNA: The control
260: 258-277. erythroid cells. Fed. Proc. 35: 2218-2222.
of cellular iron metabolism. Cell 72: 19-28.
Huarte, J. and seven others. 1992. Transient Lopo, A. C., MacMillan, S. and Hershey, J. W. B.
Kleene, K. C. and Humphreys, T. 1977. Similarity
translational silencing by reversible mRNA 1988. Translational control in early sea urchin
of hnRNA sequences in blastula and pluteus stage
deadenylation. Cell 69: 1021-1030. embryogenesis: Initiation factor eIF4F stimulates
sea urchin embryos. Cell 12: 143-155.
protein synthesis in lysates from unfertilized eggs
Hyman, L. E. and Wormington, W. M. 1988.
Kleene, K. C. and Humphreys, T. 1985. of S. purpura-tus. Biochemistry 27: 351-357.
Translational inactivation of riboso-mal protein
Transcription of similar sets of rare mater-nal
messenger RNAs during Xeno-pus oocyte MacArthur, C. A., Lawshé, A., Xu, J., San-tos-
RNAs and rare nuclear RNAs in sea urchin
maturation. Genes Dev. 2: 598-605. Ocampo, S., Heikinheimo, M., Chella-iah, C.
blastulae and adult coelomocytes. J. Embryol.
and Ornitz, D. M. 1995. FGF-8 iso-forms
Hynes, R. O. 1987. Fibronectins: A family of Exp. Morphol. 85: 131-149.
activate receptor splice forms that are expressed
complex and versatile adhesive glycopro-teins
Kozak, M. 1986. Point mutations define a in mesenchymal regions of mouse development.
derived from a single gene. Harvey Lect.
sequence flanking the AUG initiator codon that Development 121: 3603-3613.
81:133-152.
modulates translation by eukaryotic ri-bosomes.
MacDougall, C., Harbison, D. and Bownes, M.
Infante, A. and Nemer, M. 1968. Heteroge-neous Cell 44: 283-292.
1995. The developmental consequences of
RNP particles in the cytoplasm of sea urchin
Kuge, H. and Richter, J. D. 1995. Cytoplas-mic 3' alternative splicing in sex determination and
embryos. J. Mol. Biol. 32: 543-565.
poly(A) addition induces 5' cap ri-bose methylation: differentiation in Drosophila. Dev. Biol. 172:
Jenkins, N. A., Kaumeyer, J. R., Young, E. M. Implications for transla-tional control of mater- 353-376.
and Raff, R. A. 1978. A test for masked message: nal mRNA. EMBOJ. 14: 6301-6310.
Malacinski, G. M. 1971. Genetic control of
The template activity of messen-ger ribonucleo-
Latham, K. E., Garrels, J. I., Chang, C. and Solter, qualitative changes in protein synthesis during
protein particles isolated from sea urchin eggs.
D. 1991. Quantitative analysis of protein early amphibian (Mexican axolotl) embryoge-
Dev. Biol. 63: 279-298.
synthesis in mouse embryos. I. Ex-tensive nesis. Dev. Biol. 26: 442-451.
Jurnich, V. A. and Burtis, K. C. 1993. A posi-tive reprogramming at the one- and two-cell stages.
Mayeda, A. and Krainer, A. R. 1992. Regu-lation
role in differentiation of the male dou-blesex Development 112: 821-932.
of alternative pre-mRNA splicing by hnRNP A1
protein of Drosophila. Dev. Biol. 155: 235-249.
Latham, K. E., Solter, D. and Schultz, R. M. and splicing factor SF2. Cell 68: 367-375.
Kabat, D. and Chappell, M. R. 1977. Com- 1992. Acquisition of a transcriptionally
McDevitt, M. A., Imperiale, M. J., Ali, H. and
petition between globin messenger ribonu-cleic permissive state during the 1-cell stage of mouse
Nevins, J. R. 1984. Requirement of a downstream
acids for a discriminating initiation factor. J. embryogenesis. Dev. Biol. 149:457-462.
sequence for the generation of poly(A) addition
Biol. Chem. 252: 2684-2690.
Lau, P. P., Xiong, W., Zhu, H.-J., Chen,S.-H. and site. Cell 37: 329-338.
Karibian, D. and London, I. M. 1965. Con-trol Chan, L. 1991. Apolipoprotein B mRNA editing
McGrew, L., Dworkin-Rastl, E., Dworkin, M. B.
of heme synthesis by feedback inhibi-tion. is an intranuclear event that occurs posttrans-
and Richter, J. D. 1989. Poly(A) elon-gation
Biochem. Biophys. Res. Commun. 18: 243-249. criptionally coincident with splicing and polya-
during Xenopus oocyte maturation is required for
denylation. J. Biol. Chem. 266: 20550-20554.
Kastern, W. H., Swindlehurst, M., Aaron, C., translational recruitment and is mediated by a
Hooper, J. and Berry, S. J. 1982. Control of Lee, R. C., Feinbaum, R. L. and Ambros, V. 1993. short sequence element. Genes Dev. 3: 803-815.
mRNA translation in oocytes and devel-oping The C. elegans heterochromatic gene lin-4
Meijlink, F., Curran, T., Miller, A. D. and Verma,
embryos of giant moths. I. Functions of the 5' encodes small RNAs with antisense complemen-
I. M. 1985. Removal of a 67-base pair sequence
terminal “cap” in the tobacco hornworm tarity to lin-14. Cell 75: 843-854.
in the non-coding region of protooncogene fos
Manduca sexta. Dev. Biol. 89: 437-449.
Levin, D., Ranu, R., Ernst, V. and London, I. M. converts it to a trans-forming gene. Proc. Natl.
Kelso-Winemiller, L. and Winkler, M. M. 1991. 1976. Regulation of protein synthesis in Acad. Sci. USA 82: 4987-4991.
“Unmasking” of stored maternal mRNAs and the reticulocyte lysates: Phosphorylation of
Melton, D. 1987. Translocation of a local-ized
activation of protein syn-thesisat fertilization in methionyl-tRNAf binding factor by protein
maternal mRNA to the vegetal pole of Xenopus
sea urchins. Develop-ment 111: 623-633. kinase activity of translational inhibitor iso-lated
oocytes. Nature 328: 80-82.
from heme-deficient lysates. Proc. Natl. Acad.
Kiledjian, M., Wang, X. and Liebhaber, S. A.
Sci. USA 73: 3112-3116. Mermod, J. J., Schatz, G. and Croppa, M. 1980.
1995. Identification of two KH domain pro-
Specific control of messenger transla-tion in
teins in the a-globin mRNP stability com-plex. Liang, L., Diehl-Jones, W. and Lasko, P. 1994.
Drosophila oocytes and embryos. Dev. Biol. 75:
EMBO J. 14: 4357-4364. Localization of vasa protein to the Drosophi-
177-186.
la pole plasm is dependent on its RNA-binding
Kim-Ha, J., Kerr, K. and Macdonald, P. M. 1995.
and helicase activities. Devel-opment 120: Moon, R. T., Danilchik, M. V. and Hille, M. 1982.
Translational regulation of oskar mRNA by bru-
1201-1211. An assessment of the masked mes-senger
CAPÍTULO 12 Processamento diferencial do RNA e Tradução 501
hypothesis: Sea urchin egg messen-ger ribonucleo- Paris, J. and Richter, J. D. 1990. Maturation- Raychaudhury, P., Chaudhuri, A. and Maitra, U.
protein complexes are effi-cient templates for in specific polyadenylation and translational 1985. Formation and release of eukaryotic
vitro protein synthesis. Dev. Biol. 93: 389-03. control: Diversity of polyadenylation ele-ments, initiation factor 2 GDP complex during eukaryotic
influence of poly(A) tail size and the formation ribosomal polypeptide chain initiation complex
Moon, R. T., Nicosia, R. E, Olsen, C, Hille, M.
of stable polyadenylation complexes. Mol. Cell. formation. J. Biol. Chem. 260: 2140-2145.
B. and Jeffery, W. R. 1983. The cytoskele-tal
Biol. 10: 5634-5645.
framework of sea urchin eggs and em-bryos: Rebagliati, M. R., Weeks, D. L., Harvey, R. P.
Developmental changes in the asso-ciation of Paris, J., Swensen, K., Piwnica-Worms, H. and and Melton, D. A. 1985. Identification and
messenger RNA. Dev. Biol. 95: 447-458. Richter, J. D. 1991. Maturation-specific cloning of localized maternal RNAs from Xeno-
polyadenylation: In vitro activation by p34cdc2 pus eggs. Cell 42: 769-777.
Morle, F., Lopez, B., Henni, T. and Godet, J.
and phosphorylation of a 58-kD CPE-binding
1985. a-Thalassaemia associated with the deletion Restifo, L. L. and Guild, G. M. 1986. Poly(A)
protein. Genes Dev. 5: 1697-1708.
of two nucleotides at positions -2 and -3 preceding shortening of coregulated tran-scripts in Droso-
the AUG codon. EMBO J. 4: 1245-1250. Pavlakis, G. N., Lockard, R. E., Vam-vakopo- phila. Dev. Biol. 115: 507-510.
lous, N., Rieser, L., Rajbhandary, U. L. and
Mottes, J. R. and Iverson, L. E. 1995. Tissue- Richter, J. D. and Smith, L. D. 1984. Re-versible
Vournakis, J. N. 1980. Secondary structure of
specific alternative splicing of hybrid shaker/lacZ inhibition of translation by Xeno-pus oocyte-
mouse and rabbit a- and b-globin mRNAs:
genes correlates with kinetic dif-ferences in shaker specific proteins. Nature 309: 378-380.
Differential accessibility of ini-tiator AUG
K+ currents in vivo. Neu-ron 14: 613-623.
codons towards nucleases. Cell 19: 91-102. Robbie, E. P., Peterson, M., Amaya, E. and Musci,
Murata, Y. and Wharton, R. P. 1995. Bind-ing T. J. 1995. Temporal regulation of the Xenopus
Paynton, B. V., Rempel, R. and Bachvarova, R.
of pumillio to maternal hunchback mRNA is FGF receptor in development: A translation
1988. Changes in states of adenylation and time
required for posterior patterning in Drosophila inhibiting element in the 3' untranslated region.
course of degradation of maternal mRNAs during
embryos. Cell 80: 747-756. Development 121: 1775-1785.
oocyte maturation and early embryonic deve-
Nagoshi, R. N., McKeown, M., Burtis, K. C., lopment in the mouse. Dev. Biol. 129: 304-314. Rodgers, W. H. and Gross, P. R. 1978. Inho-
Belote, J. M. and Baker, B. S. 1988. The control mogeneous distribution of egg RNA se-quences
Pelletier, J. and Sonenberg, N. 1985. Inser-tional
of alternative splicing at genes reg-ulating sexu- in the early embryo. Cell 14: 279-288.
mutagenesis to increase secondary structure
al differentiation in D. melanogaster. Cell 53:
within the 5' noncoding region of a eukaryotic Rosenthal, E., Hunt, T. and Ruderman, J. V. 1980.
229-236.
mRNA reduces translational efficiency. Cell 40: Selective translation of mRNA con-trols the
Navaratnam, N., Bhattacharya, S., Fujino, T., 515-526. pattern of protein synthesis dur-ing early deve-
Patel, D., Jarmuz, A. L. and Scott, J. 1995. lopment of the surf clam, Spisula solidissima.
Poccia, D., Wolff, R., Kragh, S. and Williamson, P.
Evolutionary origins of apoB editing: catalysis Cell 20: 487-494.
1985. RNA synthesis in male pronuclei of the sea
by a cytidine deaminase that has acquired a
urchin. Biochim. Bio-phys. Acta 824: 349-356. Ruskin, B., Zamore, P. D. and Green, M. R.
novel RNA-binding motif at its active site. Cell
1988. A factor, U2AF, is required for U2 snRNP
81:187-195. Powell, L. M., Wallis, S. C., Pease, R. J., Ed-wards,
binding and splicing complex as-sembly. Cell
Y. H., Knott, T. J. and Scott, J. 1987. A novel form
Newport, J. and Kirschner, M. 1982. A major 52: 207-219.
of tissue-specific RNA pro-cessing produces
developmental transition in early Xenopus
apolipoprotein-B48 in in-testine. Cell 50: 831-840. Safer, B. 1989. Nomenclature of initiation,
embryos. II. Control of the onset of transcription.
elongation and termination factors for translation
Cell 30: 687-696. Proudfoot, N. J. and Brownlee, G. G. 1976. 3'
in eukaryotes. Eur. J. Biochem. 186: 1-3.
Non-coding region sequences in eukary-otic
Orkin, S. H., Cheng, T.-C., Antonarakis, S. E.
messenger RNA. Nature 263: 211-214. Sallés, F. J., Liebfarb, M. E., Wreden, C., Gergen,
and Kazazian, H. H., Jr. 1985. Tha-lassemia due
J. P. and Strickland, S. 1994. Coor-dinate
to a mutation in the cleavage-polyadenylation Raff, R. A. 1980. Masked messenger RNA and
initiation of Drosophila development by
signal of the human b-globin gene. EMBO J. 4: the regulation of protein synthesis in eggs and
regulated polyadenylation of maternal messenger
453-456. embryos. In D. M. Prescott and L. Goldstein
RNAs. Science 266:1996-1999.
(eds.), Cell Biology: A Comprehen-sive Treatise,
d’Orval, B. C., Carafa, Y. d’A., Sirand-Pugnet,
Vol. 4. Academic Press, New York, pp. 107-136. Sarkar, G., Edery, L, Gallo, R. and Sonen-berg, N.
P., Gallego, M., Brody, E. and Marie, J. 1991.
1984. Preferential stimulation of rabbit a-globin
RNA secondary structure re-pression of a Ramaiah, K. V. A., Dhindsa, R. S., Chen, J. J.,
mRNA translation by a cap-binding protein
muscle-specific exon in HeLa cell nuclear London, I. M. and Levin, D. 1992. Recy-cling
complex. Biochim. Bio-phys. Acta 783: 122-129.
extracts. Science 252: 1823-1828. and phosphorylation of eukaryotic initiation
factor 2 on 60S subunits of 70S initiation Savage, M. P. and Fallen, J. F. 1995. FGF-2
Ostareck-Lederer, A., Ostareck,D. H., Stan-dart,
complexes and polysomes. Proc. Natl. Acad. messenger RNA and its antisense message are
N. and Thiele, B. 1994. Translation of 15-
Sci. USA 89:12063-12067. expressed in a developmentaly specific manner
lipoxygenase mRNA is inhibited by a protein
in the chick limb bud and mesonephros. Dev.
that binds to a repeated sequence in the 3' Ranu, R. S., Levin, D. H., Delaunay, J., Ernst, U.
Dyn. 202: 343-353.
untranslated region. EMBO J. 13: 1476-1481. and London, I. M. 1976. Regula-tion of protein
Characteristics of inhibition of protein synthesis Schauer, I. E. and Wood, W. B. 1990. Early C.
Ovsenek, N., Zorn, A. M. and Krieg, P. A. 1992.
by a translational in-hibitor from heme-deficient elegans embryos are transcriptionally ac-tive.
A maternal factor, OZ-1, activates em-bryonic
lysates and its relationship to the initiation factor Development 110:1303-1317.
transcription of the Xenopus laevis GS17 gene.
which binds Met-tRNAf. Proc. Natl. Acad. Sci.
Development 115: 649-655. Scott, J. 1995. A place in the world for RNA
USA 73: 2720-2726.
editing. Cell 81: 833-836.
Palatnik, C. M., Wilkins, C. and Jacobson, A.
Ray, B. K. and eight others. 1983. Role of mRNA
1984. Translational control during early Sharma, P. M., Bowman, M., Madden, S. L.,
competition in regulating transla-tion: Further
Dictyostelium development: Possible in- Rauscher, F. J. Ill and Sukumar, S. 1994. RNA
characterization of mRNA discriminatory
volvement of poly(A) sequences. Cell 36: editing in the Wilms’ tumor suppres-sor gene,
initiation factors. Proc. Natl. Acad. Sci. USA
1017-1025. WT-1. Genes Dev. 8: 720-731.
80: 663-667.
502 PARTE III Mecanismos da Diferenciação Celular
Shatkin, A. J. 1976. Capping of eukaryotic Swiderski, R. E. and Richter, J. D. 1988. Wang, C., Dickinson, L. K. and Lehmann, R.
mRNAs. Cell 9: 645-653. Photocrosslinking of proteins to maternal mRNA 1994. Genetics of nanos localization in Droso-
in Xenopus oocytes. Dev. Biol. 128: 349-358. phila. Dev. Dyn. 199: 103-115.
Shatkin, A. J. 1985. mRNA cap binding pro-
teins: Essential factors for initiating transla-tion. Tamkun, J. W., Schwartzbauer, J. E. and Hynes, Weir, M. P. and Kornberg, T. 1985. Patterns of
Cell 40: 223-224. R. O. 1984. A single rat fibronectin gene engrailed and fushi tarazu transcripts re-veal
generates three different mRNAs by alternative novel intermediate stages of Drosophila
Shaw, G. and Kamen, R. 1986. A conserved AU
splicing of a complex exon. Proc. Natl. Acad. segmentation. Nature 318: 433-439.
sequence from the 3' untranslated re-gion of GM-
Sci. USA 81: 5140-5144.
CSF mRNA mediates selective mRNA degradation. Wharton, R. P. and Struhl, G. 1991. RNA
Cell 46: 659-667. Taylor, M. A. and Smith, L. D. 1985. Quan-titative regulatory elements mediate control of Droso-
changes in protein synthesis during oogenesis in phila body pattern by the posterior morphogen,
Sheets, M. D., Fox, C. A., Hunt, T., Vande Woude,
Xenopus laevis. Dev. Biol. 110: 230-237. nanos. Cell 67: 955-967.
G. and Wickens, M. 1994. The 3' untranslated
region of c-mos and cyclin mRNAs stimulate Telford, N. A., Watson, A. J. and Schultz, G. A. Wickens, M. and Stephenson, P. 1984. Role of
translation by regulating cytoplasmic polyade- 1990. Transition from maternal to em-bryonic the conserved AAUAAA sequence: Four
nylation. Genes Dev. 8: 926-938. control in early mammalian devel-opment: A AAUAAA point mutants prevent 3' end
comparison of several species. Mol. Reprod. Dev. formation. Science 226: 1045-1051.
Showman, R. M., Wells, D. E., Anstrom, J.,
26: 90-100.
Hursh, D. A. and Raff, R. A. 1982. Message- Wickens, M. 1992. Introduction: RNA and the
specific sequestration of maternal histone mRNA Thach, R. E. 1992. Cap recap: The involve- early embryo. Semin. Dev. Biol. 3: 363-365.
in the sea urchin egg. Proc. Natl. Acad. Sci. USA ment of eIF-4F in regulating gene expres-sion.
Wickens, M. and Takayama, K. 1994. De-
79: 5944-5947. Cell 69:177-180.
viants—or emissaries. Nature 367:17-18.
Simon, R., Tassan, J.-P. and Richter, J. D. 1992. Thomas, N. S. B., Matts, R. L., Levin, D. H. and
Wightman, B., Ha, I. and Ruvkun, G. 1993.
Translational control by poly(A) elon-gation London, I. M. 1985. The 60S ribosomal subunit
Posttranslational regulation of the hete-
during Xenopus development: Dif-ferential as a carrier of eukaryotic initiation factor 2 and
rochronic gene lin-14 by lin-4 mediates tempo-
regressions and enhancement by a novel the site of reversing factor ac-tivity during protein
ral pattern formation in C. elegans. Cell 75:
cytoplasmic polyadenylation ele-ment. Genes synthesis. /. Eiol. Chem. 260: 9860-9866.
855-862.
Dev. 6: 2580-2591.
Tian, M. and Maniatis, T. 1993. Positive control
Wilson, T. and Treisman, R. 1988. Removal of
Simpson, L. and Thiemann, O. H. 1995. Sense of pre-mRNA splicing in vitro. Sci-ence 256:
poly(A) and consequent degradation of c-fos
from nonsense: RNA editing in mito-chondria 237-240.
mRNA facilitated by 3' AU-rich se-quences.
of kinetoplastid protozoa and slime molds. Cell
Tian, M. and Maniatis, T. 1993. A splicing Nature 336: 396-399.
81: 837-840.
enhancer complex controls alternative splicing
Winkler, M. M. and Steinhardt, R. A. 1981.
Smibert, C. A., Wilson, J. E., Kerr, K. and of doublesex pre-mRNA. Cell 74: 105-114.
Activation of protein synthesis in a sea urchin
Macdonald, P. M. 1996. Smaug protein re-presses
Varnum, S. M. and Wormington, W. M. 1990. cell-free system. Dev. Biol. 84: 432-439.
translation of unlocalized nanos mRNA in the
Deadenylation of maternal mRNAs during Xe-
Drosophila embryo. Genes Dev. 10: 2600-2609. Winkler, M. M., Nelson, E. M., Lashbrook, C.
nopus oocyte maturation does not require cis
and Hershey, J. W. B. 1985. Multiple lev-els of
Sommer, B., Köhler, M., Sprengel, R. and sequences: A default mechanism for translational
regulation of protein synthesis at fer-tilization
Seeburg, P. H. 1991. RNA editing in brain controls control. Genes Dev. 4: 2278-2286.
in sea urchin eggs. Dev. Eiol. 107: 290-300.
a determinant of ion flow in gluta-mate-gated
Valcárcel, J., Singh, R., Zamore, P. D. and Greene,
channels. Cell 67: 11-19. Wold, B. J., Klein, W. H., Hough-Evans,B. R.,
M. R. 1993. The protein Sex-lethal antagonizes
Britten, R. J. and Davidson, E. H. 1978. Sea
Sosnowski, B. A., Belote, J. M. and McKe-own, the splicing factor U2AF to regulate alternative
urchin embryo mRNA sequences ex-pressed in
M. 1989. Sex-specific alternative splic-ing of splicing of transformer pre-mRNA. Nature 362:
nuclear RNA of adult tissues. Cell 14: 941-950.
RNA from the transformer gene re-sults from 171-175.
sequence-specific splice site blockage. Cell 58: Wu, J. and Maniatis, T. 1993. Specific inter-
Varnum, S., Hurney, C. A. and Worming-ton, W.
449-459. actions between proteins implicated in splice
M. 1992. Maturation-specific dead-enylation in
site selection and regulated alterna-tive splicing.
Spirin, A. S. 1966. On “masked” forms of mes- Xenopus oocytes requires nu-clear and cytoplas-
Cell 75: 1061-1070.
senger RNA in early embryogenesis and in other mic factors. Dev. Biol. 153: 283-290.
differentiating systems. Curr. Top. Dev. Eiol. Young, E. M. and Raff, R. A. 1979. Messen-ger
Vassalli, J. D. and seven others. 1989. Regu-
1: 1-38. ribonucleoprotein particles in develop-ing sea
lated polyadenylation controls mRNA transla-
urchin embryos. Dev. Biol. 72: 24-40.
Standart, N. 1992. Masking and unmasking of tion during meiotic maturation of mouse oocytes.
maternal mRNAs. Semin. Dev. Biol. 3: 367-379. Genes Dev. 3: 2163-2171. Zorn, A. M. and Krieg, P. A. 1992. Develop-
mental regulation of alternative splicing in the
Standart, N., Hunt, T. and Ruderman, J.V. 1986. Wagenaar, E. B. and Mazia, D. 1978. The ef-
mRNA encoding Xenopus laevis neural cell
Differential accumulation of ribonu-cleotide fect of emetine on the first cleavage divi-sion
adhesion molecule (N-CAM). Dev. Biol. 149:
reductase subunits in clam oocytes: The large of the sea urchin, Strongylocentrotus purpuratus.
197-205.
subunit is stored as a polypeptide, the small In E. R. Dirksen, D. M. Prescott and L. F. Fox
subunit as untrans-lated mRNA. J. Cell Biol. 103: (eds.), Cell Reproduction: In Honor of Daniel Zucker, W. V. and Schulman, H. M. 1968.
2129-2136. Mazia. Academic Press, New York, pp. 539-545. Stimulation of globin-chain initiation by hemin
in the reticulocyte cell-free system. Proc. Natl.
Standart, N., Dale, M., Stewart, E. and Hunt, T. Walker, J. Dale, M. and Standart, N. 1996.
Acad. Sci. USA 59: 582-589.
1990. Maternal mRNA from clam oocytes can Unmasking messenger RNA in clam oocytes:
be specifically unmasked in vitro by antisense Role of phosphorylation of a 3’UTR masking
RNA complementary to the 3' untranslated element-binding protein at fertilization. Dev.
region. Genes Dev. 4: 2157-2168. Biol. 173: 292-305.
Especificação do Destino
Celular e os Eixos Embrionários
505
506 PARTE III Especificação do Destino Celular e os Eixos Embrionários
I. Especificação autônoma
Característica da maioria dos invertebrados.
Especificação pela aquisição de certas moléculas citoplasmáticas presentes no ovo.
Clivagens invariantes produzem as mesmas linhagens em cada embrião da espécie.
Destinos dos blastômeros são geralmente invariantes.
Linhagens de “Células âncoras” são usualmente especificadas de maneira autônoma
nos pólos dos eixos embrionário.
Especificação do tipo celular precede qualquer migração celular embrionária em larga escala.
Produz desenvolvimento em “mosaico” (“determinativo”): células não podem
modificar o destino se um blastômero é perdido.
Pré-formação e epigênese
Qualquer explicação sobre a diferenciação das diversas células corporais, a partir do
ovo fertilizado tem que explicar (1) a constante morfologia de cada espécie (i.e., que
galinhas somente geram galinhas, e não crocodilos) e (2) a diversidade entre as partes
corporais de cada organismo. Na verdade, uma das principais características do de-
senvolvimento é que cada espécie reproduz seu padrão de desenvolvimento. O de-
senvolvimento envolve a expressão das propriedades herdadas pelas espécies.
No século dezessete, a união de herança e desenvolvimento foi obtida com a
hipótese do pré-formacionismo. De acordo com essa visão, todos os órgãos do adul-
to estariam prefigurados em miniatura dentro do espermatozóide ou (mais usualmente)
no óvulo. Os organismos não eram considerados como “desenvolvidos”, mais sim
“desenrolados”. Essa hipótese encontrava apoio na ciência e na filosofia (Gould,
508 PARTE III Especificação do Destino Celular e os Eixos Embrionários
1977; Roe, 1981). Primeiro, porque todos os órgãos eram prefigurados, o desenvolvi-
mento embrionário meramente requeria o crescimento de estruturas existentes, e não a
formação de novas. Nenhuma força misteriosa extra era necessária para o desenvolvi-
mento embrionário. Segundo, assim como o organismo adulto era prefigurado em
células germinativas, a outra geração já existia em estado prefigurado dentro das
células germinativas da primeira geração prefigurada. Esse corolário, chamado de
embôitment (encapsulação), assegurava que as espécies sempre permaneceriam cons-
tantes. Embora alguns microscopistas alegassem enxergar miniaturas humanas total-
mente desenvolvidas dentro do espermatozóide ou do óvulo, os maiores proponentes
dessa hipótese - Albrecht von Haller e Charles Bonnet- sabiam que o desenvolvimen-
to dos sistemas orgânicos se dava em velocidades diferentes e que as estruturas
embrionárias não precisavam estar no mesmo lugar daquelas do recém-nascido.
Os pré-formacionistas não tinham uma teoria celular para fornecer um limite inferi-
or para o tamanho dos seus organismos pré-formados, e nem tinham uma visão do
domínio do ser humano sobre a Terra como sendo infinito. Pelo contrário, como disse
Bonet (1764) “O trabalho da natureza é tão pequeno quanto ela deseja”, e a espécie
humana existia no finito espaço compreendendo a criação e a ressurreição. Isso esta-
va de acordo com a melhor ciência da época, e de acordo com o princípio do matemá-
tico e filósofo francês René Descartes sobre a divisibilidade infinita de uma natureza
mecânica iniciada, mas não interferida por Deus.
A pré-formação era uma teoria conservadora, enfatizando a falta de mudanças
entre gerações. Sua principal falha era a inabilidade em explicar as variações já conhe-
cidas pela limitada evidência genética da época. Sabia-se, por exemplo, que a união
entre uma pessoa branca e outra negra gerava filhos de uma cor intermediária entre as
duas, uma impossibilidade se a herança e o desenvolvimento ocorressem somente
através do óvulo ou do espermatozóide. Em experimentos com um controle maior, o
botânico alemão, Joseph Kölreuter (1766) produziu plantas híbridas de tabaco conten-
do características de ambas as espécies. Ademais, cruzando o híbrido tanto com o
ascendente masculino ou o feminino, Kölreuter foi capaz de “reverter” as característi-
cas do híbrido de volta àquelas de um ou outro ascendente, após várias gerações.
Dessa maneira, a herança parecia depender de uma mistura de componentes dos pais.
E mais, a pré-formação não podia explicar a geração de “monstruosidades” e determi-
nados desvios, tal como o hexadactilismo (seis dedos em cada mão), quando ambos
os pais eram normais.
Desenvolveu-se, então, uma hipótese alternativa: epigênese. De acordo com essa
hipótese, cada organismo adulto se desenvolveria novamente a partir de uma condi-
ção não diferenciada. Essa visão do desenvolvimento, tendo raízes filosóficas remon-
tando a Aristóteles, foi revivida por Kaspar Friedrich Wolff, um embriologista alemão
que trabalhava em St. Petersburg. Observando cuidadosamente embriões de pinto,
Wolff demonstrou que as partes embrionárias se desenvolvem de tecidos que não têm
contrapartida no organismo adulto. O coração e os vasos sangüíneos (que de acordo
com os pré-formacionistas, tinham que estar presentes desde o começo para assegu-
rar o crescimento embrionário) podiam ser vistos se desenvolvendo de novo em cada
embrião. Similarmente, foi visto que o tubo intestinal se originava das dobras de um
tecido originalmente plano. Essa última observação foi explicitamente detalhada por
Wolff (1767) que declarou: “Quando a formação do intestino por essa maneira for
adequadamente avaliada não existirá nenhuma dúvida, eu acredito, sobre a verdade
da epigênese.” No entanto, para explicar como o organismo é criado novamente a cada
geração, Wolff teve que postular uma força desconhecida, a vis essentialis (“força
essencial”), a qual agindo como a gravidade ou o magnetismo organizaria o desenvol-
vimento embrionário.
O pré-formacionismo explica melhor a continuidade das gerações, enquanto que a
epigênese explica melhor a variação e as observações diretas na formação dos órgãos.
Uma certa reconciliação entre as partes foi tentada pelo filósofo alemão Immanuel
Kant (1724-1804) e seu colega, o biologista Friedrich Blumenbach (1752-1840). Na
CAPÍTULO 13 Especificação celular autônoma por determinantes citoplasmáticos 509
Os Teratologistas F
Teratologistas ranceses
Franceses
eram isoladas do resto do embrião, elas formavam sua estrutura característica inde-
pendentemente do contexto das outras células. Dessa maneira, cada uma das células
tunicadas aparentavam estar se desenvolvendo de maneira autônoma.* Como discu-
timos anteriormente, essa habilidade de cada célula desenvolver-se independente-
mente de outras células embrionárias é freqüentemente chamada de desenvolvimento
autônomo ou em mosaico, porque o embrião aparenta ser um mosaico de partes
autodiferenciadas.
VISTA VEGETAL
Células laterais
Músculo do tronco
Endoderma (B) Manto
Notocorda
Notocorda (Ectoderma)
Mesênquima
Mancha ocelar Cérebro
Músculo Cordão nervoso Notocorda
Boca
Tronco
cerebral Células
filamentosas Palpo
endodérmicas
Estômago Célula
muscular
Medula espinhal
Músculo Mesênquima Faringe Coração
(endoderma) Endóstilo
Células
Notocorda (endoderma)
laterais do tronco
CAPÍTULO 13 Especificação celular autônoma por determinantes citoplasmáticos 511
células de tunicados têm sido imensamente auxiliados por ovos de certas espécies
que segregam o seu citoplasma em uma série de regiões coloridas, imediatamente após
a fertilização (Prancha11).
PÓLO ANIMAL
Ectoderma
ANTERIOR
POSTERIOR
Sistema nervoso
Mesênquima
Notocorda
Músculo
Endoderma PÓLO VEGETAL
Ectoderma Ectoderma
Estágio celular
Horas a 100 C
A6.1 endoderma
A7.3 notocorda
Tronco cerebral
Vegetal A7.5 endoderma Medula espinhal
A7.6 células laterais do tronco
A7.7 notocorda
medula espinhal
músculo
Animal
cérebro Cérebro
palpos
Faringe primordial
Anterior
epiderme palpos
Célula pigmentada
epiderme Cérebro
epiderme
epiderme
endoderma Endoderma
Filamento
mesênquima
Esquerda
endodérmico
notocorda
Posterior
músculo
Músculo
Vegetal
Endoderma
filamento endodérmico
mesênquima Músculo
Medula espinhal
Direita
músculo Filamento
endodérmico
Animal
epiderme
Tronco cerebral
epiderme Medula espinhal
Músculo
epiderme
b5.4 epiderme
Figura 13.3
Linhagem determinativa de blastômeros
tunicados. (A) Mapa de destino de linhagem
determinados como os dos tunicados, algumas interações indutivas acontecem entre
no desenvolvimento embrionário do tunicado os blastômeros. De fato, Ortolani (1959) mostrou que essa região do ectoderma não
H. roretzi. Como as metades direita e esquerda está determinada para originar tecido nervoso até o estágio de 64 células, pouco antes
se desenvolvem da mesma maneira, somente da gastrulação. Dessa maneira, embora a maioria dos tecidos sejam determinados
metade do embrião é aqui representado. (B) imediatamente após a segregação do citoplasma do ovo, certos tecidos nesses em-
Linhagens das células musculares. (A de acor- briões têm uma determinação condicional por interação célula a célula.
do com Nishida, 1987; B de acordo com Pelos estudos de linhagem celular de Conklin e outros (Figuras 13.2 e 13.3), já era
Nishida, 1992a.) conhecido que somente um par de blastômeros (vegetativo posterior; B4.1) no em-
brião de oito células é capaz de produzir o tecido muscular da cauda. Quando o
citoplasma é transferido do blastômero B4.1 (formador de músculo) para o blastômero
b4.2 (formador do ectoderma) de um embrião tunicado de 8 células, o blastômero
▲
Figura 13.4
Localização do citoplasma formador de músculos durante o desenvolvimento precoce de ascídios.
Regiões do citoplasma foram transferidas para o blastômero a4.2 (epiderme presuntiva) e inves-
tigadas para detectar proteínas específicas do músculo produzidas por células derivadas de a4.2.
A região colorida representa o “crescente amarelo”, que deve conter os determinantes da forma-
ção muscular. Porcentagens indicam a fração do espécimen mostrando expressão do gene
muscular. (A) embrião de oito células; (B) ovo não fertilizado; (C) ovo fertilizado na primeira fase
dos movimentos citoplasmáticos. (D) ovo fertilizado na segunda fase dos movimentos citoplas-
máticos. (De acordo com Nishida, 1992b.)
CAPÍTULO 13 Especificação celular autônoma por determinantes citoplasmáticos 513
(B)
Estágio de
64 células
Estágio de
32 células
Estágio de
16 células
Estágio de 8 células
Especificação muscular
Especificação muscular autônoma condicionada
formador do ectoderma gera células musculares como também sua progênie ectodérmica
normal (Whittaker, 1982). Além disso, o citoplasma da área de plasma amarelo do ovo
fertilizado pode também fazer com que o blastômero 4.2a expresse proteínas específi-
cas do músculo (Figura 13.4; Nishida, 1992a). Tung e colegas (1977) mostraram o
inverso, que quando os núcleos larvais são transplantados a fragmentos enucleados
de ovos de tunicados, as células recém-formadas mostram uma estrutura típica daque-
las células que fornecem o citoplasma, e não daquelas células que fornecem o núcleo.
(A) 8 células (B) ovo não fertilizado (C) Segregação da (D) Segregação da
primeira fase segunda fase
Crescente
amarelo
Lateral
514 PARTE III Especificação do Destino Celular e os Eixos Embrionários
Podemos concluir, então, que certos determinantes que existem no citoplasma causam
a formação de certos tecidos. Esses determinantes morfogenéticos parecem agir ati-
vando (ou inativando) seletivamente genes específicos. A determinação dos
blastômeros e a ativação de certos genes são controlados pela localização espacial de
determinantes morfogenéticos dentro do citoplasma do ovo. [cyto1.html]
Existe a hipótese de que o determinante miogênico do crescente amarelo regula a
transcrição de genes específicos para o músculo. Imaginava-se que os tunicados
poderiam segregar uma proteína semelhante à MyoD dentro do crescente amarelo. No
entanto, embora essa proteína seja vista nas células musculares do embrião tunicado,
ela só começa a funcionar no estágio de 32 células não sendo então o fator do crescen-
te amarelo (Satoh et al.,1995). Um melhor candidato a determinante miogênico do
crescente amarelo é o RNA materno que parece estar ligado ao citoesqueleto do
oócito e que é segregado junto com o citoplasma formador de músculos. Esse RNA é
encontrado no córtex de oócitos maduros, é segregado juntamente com o citoplasma
amarelo formador de músculos para a coroa do pólo vegetal na primeira fase dos
movimentos citoplasmáticos durante a fertilização, e a partir daí muda para a região
vegetativa posterior do zigoto enquanto se forma o crescente amarelo definitivo (Fi-
gura 13.5; Swalla e Jeffery, 1995). Esse RNA provavelmente não codifica uma proteína,
e não se sabe se pode direcionar o desenvolvimento muscular quando inserido em
uma célula não muscular.
Endoderma
Epiderme
Figura 13.7
Comparação de embriões normais de tunicados e embriões cujo citoplasma vegetativo posterior
(PVC) foi removido. (A) Larva do tipo selvagem. (B) Larva radialmente simétrica de ovo cujo
PVC foi removido. A larva não tem o eixo ântero-posterior. Essas larvas consistem de uma
camada epidérmica externa, uma massa notocordal central e uma camada endodérmica intermedi-
ária. (C) Vista vegetal de um embrião normal com 76 células. (D) Vista vegetal de um embrião
radialmente simétrico cujo PVC foi removido. (De acordo com Nishida, 1994b.)
Trocoblasto
Figura 13.8 presuntivo
(A-C) Diferenciação de células trocoblásticas
no embrião normal do molusco Patella. (A)
Estágio de 16 células visto de lado; as células
trocoblásticas presuntivas estão sombreadas.
(B) Estágio de 48 células. (C) Estágio de larva
ciliada, visto do pólo animal. São observados
cílios nas células trocoblásticas. (D-G) Dife- (A) (B) (C)
renciação de células trocoblásticas isoladas e
cultivadas in vitro. (D) Célula trocoblástica iso- Desenvolvimento do trocoblasto isolado
lada. (E,F) Resultados da primeira e segunda
divisões em cultura. (G) Produto ciliado de (F).
Mesmo em cultura isolada as células se tornam
ciliadas no momento correto. (De acordo com
Wilson, 1904.) (D) (E) (F) (G)
CAPÍTULO 13 Especificação celular autônoma por determinantes citoplasmáticos 517
Citoplasma
vegetal claro Lóbulo
polar
O lóbulo polar
Em seu experimento seguinte, Wilson pôde demonstrar que tal desenvolvimento era
assegurado pela segregação de determinantes morfogenéticos específicos em
blastômeros específicos. Certos embriões clivando espiralmente (principalmente nos
(A)
filos molusco e anelídeo) expelem um bulbo de citoplasma imediatamente antes da
primeira clivagem (veja Figura 13.9). Essa protrusão é chamada lóbulo polar. Em certas
espécies de caracóis, a região unindo o lóbulo polar ao resto do ovo se torna um tubo
delgado. A primeira clivagem divide o zigoto assimetricamente, de tal forma que o
lóbulo polar está ligado somente ao blastômero CD. Em várias espécies, quase um
terço do volume citoplasmático total está presente nesses lóbulos anucleados dando-
lhes a aparência de outra célula. Essa estrutura trilobulada é freqüentemente referida
como o embrião no estágio trifólio (Figura 13.10). O blastômero CD absorve então o
material do lóbulo polar, mas o extruda novamente antes da segunda clivagem (Figura
13.9). Após essa divisão, o lóbulo polar está ligado somente ao blastômero D, que (B)
absorve seu material. A partir daí, não mais se forma o lóbulo polar.
Wilson mostrou que se o lóbulo polar for removido no estágio trifólio, as células Figura 13.10
Lóbulos polares de moluscos. (A) Micro-
remanescentes dividem-se normalmente. Entretanto, em lugar de produzir uma larva
grafia eletrônica de varredura do lóbulo po-
trocófora normal (caracol), elas produzem uma larva incompleta, sem seus órgãos
lar em extensão no ovo não clivado de
mesodérmicos - músculos, boca, glândula da concha e pé.* Ainda mais, Wilson de- Buccinum undatum. As cristas superficiais
monstrou que o mesmo tipo de embrião anormal pode ser produzido removendo o são restritas à região do lóbulo polar. (B)
Seção através da primeira clivagem ou está-
A glândula da concha é um órgão formado por indução pelas células mesodérmicas. Sem o gio trifólio do embrião de Dentalium. A seta
mesoderma, não existem células presentes para induzir o ectoderma competente. Mais uma vez aponta o grande lóbulo polar grande. (Cor-
vemos alguma indução limitada em um embrião em mosaico. tesia de M. R. Dohmen.)
518 PARTE III Especificação do Destino Celular e os Eixos Embrionários
(A)
Figura 13.11
Desenvolvimento do blastômero D. (A) Dia-
gramas esquemáticos da linhagem do blastô-
mero D em embriões de Ilyanassa. (i) Embrião
de 4 células. (ii) Blastômeros 1D e 1d no está-
gio de 8 células. (iii) Estágio de 16 células con-
tendo blastômeros 2D e 2d (derivados de 1D).
As células derivadas do D (coloridas) freqüen-
temente se dividem mais tarde do que as ou-
tras. (iv) Divisão do macrômero 2D para gerar
células 3D e 3d, enquanto a célula 2d se divide
em 2d1 e 2d2. (v) Estágio de 64 células. O
blastômero 3D produz as células 4D e 4d. (vi)
O blastômero 4d divide-se simetricamente para
produzir os dois mesentoblastos ME1 e ME2.
(B) Embrião de 8 células. A pequena célula
PB é o lóbulo polar e não é parte do embrião.
(C) Embrião de 12 células (1a-1d ainda não blastômero D do embrião de 4 células. O pesquisador concluiu que o citoplasma do
dividiram). (D) Embrião de 32 células. (A de lóbulo polar contém os determinantes mesodérmicos e que esses dão ao blastômero
acordo com Clement, 1962; fotografias de Craig sua capacidade formadora do mesoderma. Wilson mostrou também que a localização
e Morrill, 1986, cortesia dos autores.) dos determinantes mesodérmicos é estabelecida logo após a fertilização, demonstran-
do assim que uma região citoplasmática específica do ovo, destinada a ser inclusa no
blastômero D, contém os fatores (quaisquer que sejam) necessários para os ritmos de
clivagem especiais desse blastômero e para a diferenciação do mesoderma.
Os determinantes morfogenéticos seqüestrados dentro do lóbulo polar estão pro-
vavelmente localizados no citoesqueleto ou no córtex e não no citoplasma difusível
do embrião. Isso foi evidenciado a partir de estudos de A. C. Clement (1968). Quando
o hemisfério animal é separado do vegetal no caracol Ilyanassa obsoleta, o hemisfério
animal forma órgãos ectodérmicos que se assemelham a embriões formados de ovos
sem lóbulos. Clement usou aqueles embriões que haviam iniciado a reabsorção do seu
segundo lóbulo polar e os colocou em placas de gelatina. Em seguida, ele centrifugou
os embriões embebidos, forçando o fluido citoplasmático do vitelo da parte vegetativa
da célula para dentro do hemisfério animal. Centrifugando esses embriões em um
segundo meio viscoso, ele causou a separação dos hemisférios animal e vegetal. As
metades animais desses embriões centrifugados não desenvolveram mais estruturas
mesodérmicas e endodérmicas do que aquelas de ovos não centrifugados. Portanto,
os determinantes do lóbulo polar não foram transferidos ao hemisfério animal pelo
conteúdo fluídico do hemisfério vegetal. Van den Biggelaar obteve resultados seme-
lhantes quando removeu o citoplasma do lóbulo polar com uma micropipeta. O cito-
plasma de outras regiões da célula fluíram para o lóbulo polar, repondo a porção que
havia sido removida O desenvolvimento subseqüente desses embriões foi normal.
Além disso, quando o citoplasma solúvel do lóbulo polar foi adicionado ao blastômero
B, não houve duplicações de estruturas (Verdonk e Cather, 1983). Portanto, a parte
difusível do citoplasma não contém esses determinantes morfogenéticos. Eles prova-
velmente se localizam no citoplasma cortical, não fluido, ou no citoesqueleto.
CAPÍTULO 13 Especificação celular autônoma por determinantes citoplasmáticos 519
Figura 13.12
Importância do lóbulo polar no desenvolvimen-
to de Ilyanassa. (A) Larva véliger normal. (B)
Larva anormal, típica para os casos onde o ló-
bulo polar do blastômero D é removido. (E,
olho; F, pé; S, concha; ST, estatocisto, órgão de
equilíbrio; V, velum; VC, cílios velares; Y, vitelo
residual; ES, estomodeu evertido; DV, velum
desorganizado.) (de Newrock e Raff, 1975,
cortesia de K. Newrock.)
520 PARTE III Especificação do Destino Celular e os Eixos Embrionários
Figura 13.13
Formação de embriões gêmeos suprimindo a formação do lóbulo polar em Dentalium. (A)
Embrião normal no estágio da sexta clivagem. (B) Embriões gêmeos formados quando
baixas concentrações de citocalasina inibem a formação do lóbulo polar e o material do
lóbulo polar é distribuído para ambos os blastômeros, AB e CD. (De acordo com Guerrier
et al., 1978.)
(A)
Intestino Gônada Faringe
Sistema
nervoso
Ânus
Óvulo Vulva
Reto
Espermatozóide
Óvulo
(B)
Celulas
Células produtoras germinativas
de cutícula Vulva
Sistema nervoso Gônada
Faringe Intestino
522 PARTE III Especificação do Destino Celular e os Eixos Embrionários
Ovo fertilizado
PO (zigoto)
Hipoderme
Neurônios
Músculos faríngeos
Um músculo do corpo
Glândulas Músculos do corpo
(389 células) Músculos faríngeos Intestino
Neurônios (20 células)
Glândulas Hipoderme
(80 células) Músculos do corpo Músculos do corpo
Dois neurônios (20 células)
(47 células)
Linhagem germinativa
Figura 13.15
Mapa resumido da linhagem celular de C.
elegans, enfatizando os precursores da linha-
gem germinativa (células P, P0-P4) que rece-
bem os grânulos P. O número de células (em
parênteses) se refere às células presentes na a linhagem de células do C. elegans é quase inteiramente invariável de um indivíduo
larva recém-eclodida. Algumas dessas conti-
para o outro. Existem poucas possibilidades para o acaso (Sulston et al., 1983). (Essa
nuam a se dividir para produzir as 959 células
somáticas do adulto. (de Strome e Wood, 1983, é uma conseqüência da organização espacial da segregação citoplasmática.)
cortesia de W. Wood.) Caenorhabditis também tem um pequeno número de genes para um organismo
multicelular- aproximadamente 15.000 (Sulston et al., 1992).
A polaridade inicial parece residir no ovo alongado, o eixo ântero-posterior sendo
o eixo longo do ovo. Entretanto, a decisão sobre qual ponta se tornará a anterior e qual
será a posterior parece depender do espermatozóide. A posição de entrada do esper-
matozóide no núcleo define o pólo posterior (Goldstein e Hird, 1996).
O esquema de divisão de C. elegans (Figura 13.15) é semelhante ao da linhagem
de células precursoras, pois durante a clivagem precoce, divisões assimétricas pro-
duzem uma célula-filha “diferenciada” (coletivamente chamadas de células âncoras
e denominadas como AB, MS, E, C e D) e outra célula precursora (a linhagem P1-P4).
A localização das substâncias citoplasmáticas em blastômeros específicos foi ele-
gantemente demonstrada nessas divisões assimétricas. Dentro do ovo está um con-
junto de grânulos da linhagem germinativa, ou grânulos P, que são redistribuídos
no zigoto, pouco depois da fertilização e são restritos às células capazes de formar
gametas. Usando anticorpos fluorescentes contra um dos componentes dos grânu-
los P, Strome e Wood (1983) descobriram que durante a migração pronuclear no
zigoto, os grânulos P aleatoriamente espalhados passam a se localizar na ponta
posterior do zigoto (em direção ao sítio de entrada do espermatozóide), de modo que
somente entram no blastômero (P1) formado do citoplasma posterior (Figura 13.16;
Prancha 10). Após a clivagem, os grânulos P se dispersam através do blastômero P1
até o início da mitose, quando eles novamente migram para a ponta posterior da
célula. Aqui eles ficam reservados para o blastômero P2. Finalmente, os grânulos P
se localizarão na célula P4, cuja descendência se torna os espermatozóides e os
óvulos do adulto. A localização dos grânulos P requer microfilamentos mas pode
ocorrer na ausência de microtúbulos. Tratando os zigotos com citocalasina D (um
inibidor de microfilamentos), se impede a segregação desses grânulos na porção
posterior da célula, enquanto que demicolcina (um inibidor microtubular semelhante
à colchicina) não impede esse movimento (Strome e Wood,1983). Uma vez dentro da
região posterior do zigoto, os grânulos P lá permanecem, mesmo que os
microfilamentos sejam destruídos (Hill e Strome, 1987, 1990). [other.html#cyto4]
CAPÍTULO 13 Especificação celular autônoma por determinantes citoplasmáticos 523
Figura 13.16
Localização assimétrica dos grânulos P durante a fertilização e a primeira
clivagem. As figuras à esquerda estão coradas para mostrar o DNA; as
figuras à direita mostram as mesmas células marcadas com anticorpos
fluorescentes contra a proteína do grânulo P. (A) Um zigoto antes da migra-
ção pronuclear mostra uma dispersão aleatória dos grânulos P. (B) Com a
aproximação dos pronúcleos, os grânulos se localizam na periferia posteri-
(A) or do zigoto. (C) Um embrião de duas células no qual P1 está entrando na
prófase mitótica; Os grânulos P estão agora posicionados na periferia
posterior para serem transportados para a célula P2. (de Strome e Wood,
1983, cortesia de S. Strome.)
(B)
(C)
Figura 13.17
Actina anormal e distribuição de grânulos P
no mutante par-3. Distribuição da actina ci-
toplasmática no embrião do tipo selvagem
(A) e no embrião de uma fêmea deficiente
em par-3 (B). A distribuição dos grânulos P
é assimétrica no embrião do tipo selvagem
(C), mas simétrica no embrião deficiente em
par-3 (D). No embrião mutante de 4 células
(E), os grânulos P podem ser vistos em to-
das as quatro células. (de Kirby, 1992, corte-
(A) (B) sia de C. M. Kirby.)
(C) (D)
Figura 13.19
Localização citoplasmática da proteína SKN-
1. Anticorpos à proteína SKN-1 mostram que
ela está presente predominantemente no nú-
cleo da célula P1, após a primeira divisão.
Após a segunda divisão, essa proteína se acu-
mula nas duas células derivadas de P1, mas
não nas células derivadas de AB (compare as
intensidades dos núcleos indicados pelas se-
tas). Em mutantes mex-1 a proteína SKN-1
está distribuída igualmente em todos os
blastômeros. (de Bowerman et al., 1993, cor-
tesia de B. Bowerman.)
526 PARTE III Especificação do Destino Celular e os Eixos Embrionários
A proteína SKN-1
é normalmente P2 precisa contactar
encontrada nos EMS para haver
núcleos de EMS e P2 diferenciação do intestino
Regulação em C. elegans
(A)
Figura 13.21
(B) Intestino se diferencia
Resultados de experimentos de isolamento e
Intestino não se diferencia
recombinação mostrando que são necessárias
interações celulares para que a célula EMS
forme determinantes da linhagem intestinal.
(A) Quando o blastômero EMS é separado
logo após a sua formação, ele não pode pro-
duzir grânulos específicos para o intestino.
(C) Se ele é deixado por períodos mais longos,
então, ele pode produzir. (B) Se a célula EMS
é recombinada com cada um ou ambos deri-
vados do blastômero AB, não formará grânu-
los específicos para o intestino. (C) Se re-
combinado com o blastômero P2, a célula
Tempo de separação EMS dará origem a estruturas específicas do
(minutos antes da clivagem de EMS) intestino.(de Goldstein, 1992.)
528 PARTE III Especificação do Destino Celular e os Eixos Embrionários
ABa se diferenciam nessas células musculares faríngeas devido à sua interação com o
blastômero EMS ou seus descendentes (os quais produzem 18 células musculares da
faringe de maneira autônoma).
Estudos genéticos mostraram que ABp se torna diferente de ABa pela interação
com a célula P2. Além disso, esses estudos mostraram que essa interação é mediada
pela protéina GLP-1 na célula ABp e a proteína APX-1 (anterior pharynx excess) no
blastômero P2. Em um embrião não manipulado, tanto ABa como ABp contactam o
blastômero EMS, mas somente ABp contacta a célula P2. Se a célula P2 é destruída na
fase precoce do estágio de 4 células, a célula ABp não gera as células da válvula
intestinal, o que normalmente faria (Bowerman et al., 1992). O contato entre ABp e P2
é essencial para a especificação do destino das células ABp, e a célula ABa pode ser
mudada em um tipo de célula ABp se for forçado seu contacto com P2 (Hutter e
Schnabel, 1994; Mello et al., 1994). O produto materno do gene glp-1 parece ser crítico
na distinção entre ABa e ABp. Nos embriões de mães com glp-1 mutante, o ABp é
transformado em uma célula ABa (Hutter e Schnabel, 1994; Mello et al., 1994). Usando
alelos de glp-1 sensíveis à temperatura, foi mostrado que o momento para a interação
dependente de GLP-1 é entre os estágios de 4 a 12 células, quando P2 é necessário
para o estabelecimento dos destinos de ABp (Figura 13.22). A proteína é um membro
de uma família amplamente conservada chamada de proteínas Notch, que servem
como receptores de membranas celulares em muitas interações célula-célula e também
é detectada nas células ABa e ABp (Evans et al 1994).*
Um dos ligantes mais importantes para proteínas Notch como GLP-1 é uma outra
proteína de superfície chamada Delta. No C. elegans uma proteína semelhante à Delta
é a APX-1 encontrada na célula P2 (Mango et al., 1994; Mello et al., 1994). Esse sinal
APX-1 parece quebrar a simetria entre ABa e ABp, pois estimula a proteína GLP-1
somente no descendente AB que toca, ou seja, o blastômero ABp. Fazendo assim, a
célula P2 inicia o eixo dorsoventral de C. elegans.
* Como discutido no capítulo anterior, a proteína GLP1 está localizada nos blastômeros ABa e
ABp mas o mRNA do glp-1, maternalmente codificado, é encontrado em todo o embrião. Evans e
colegas (1994) postularam que deve haver algum determinante de tradução no blastômero AB que
permite que a mensagem glp-1 seja traduzida nos seus descendentes. O gene glp-1 é também ativo
na regulação das interações célula-célula pós-embrionárias. Ele é usado mais tarde pela célula da
extremidade distal da gônada para controlar o número de células germinativas entrando em meiose;
daí o nome proliferação da linhagem germinativa (em inglês: germinal line proliferation) (veja
Capítulos 17 e 22; Austin e Kimble, 1987).
faríngea derivada do blastômero AB (%)
Larvas com musculatura
Figura 13.22
Experimento com deslocamento de temperatura para determinar em qual
estágio o produto do gene glp-1 materno está ativo. Neste mutante a
proteína GLP-1 funciona a 15o C, mas não a 25o C. Variando a temperatura
em diferentes estágios embrionários foi determinado que a proteína GLP-
1 era necessária entre os estágios de 4 a 28 células. (De acordo com Priess Número total de células no embrião
et al., 1987.) quando a temperatura variou.
Prancha 2
Unidades de transcrição ativa em
um cromossomo de tritão
Oócitos de anfíbios como Notophtalmus viridescens têm
cromossomos tipo escova-de-lâmpada nos quais os genes
sintetizadores de RNA ativos se projetam para fora. O eixo
do DNA dessas projeções está corado com um corante bran-
co. A mancha vermelha é de um anticorpo que se liga às
proteínas ligantes de RNA. Capítulo 22. (Fotografia cortesia
de M. B. Roth e J. Gall.)
Prancha 1
Um clone de rãs Xenopus
Os núcleos de todos os membros desse clone vieram de um único indivíduo – um
girino fêmea do estágio de broto de membro, cujos antecessores (painel superior
à direita) foram ambos marcados com genes albinos. Os núcleos foram transferi- Prancha 3
dos para ovos não-fecundados, enucleados e ativados de uma fêmea do tipo O fator de crescimento do fibroblasto é
selvagem. As rãs resultantes eram todas fêmeas e albinas (painel inferior). Capí- essencial para produção dos mesodermas
tulo 2. (Fotografia cortesia de J. Gurdon.) lateral e ventral em Xenopus
Quando ovos de Xenopus são injetados com um re-
ceptor mutante negativo e dominante para o fator de
crescimento de fibroblasto (FGF), o embrião é inca-
paz de responder ao FGF. Na ausência do sinal do
FGF, os mesodermas lateral e ventral não se formam,
e o embrião carece de tronco e cauda. Capítulos 3 e
15. (Fotografia cortesia de M. Kirschner.)
Prancha 4
Capacidade do lábio
dorsal do blastóporo
gerar o eixo neural
secundário em anfíbios
O lábio dorsal do blastóporo
de embriões de anfíbios pode
organizar um segundo eixo
embrionário quando trans-
plantado para o lado ventral
de outra gástrula. Esta foto-
grafia foi tirada de uma lâ-
mina real preparada por
Hilde Mangold e mostra que
as estruturas dorsais secun-
dárias contêm tanto tecidos
do hospedeiro (não pigmen- (A)
tados) quanto do doador
(pigmentados). Capítulo 15.
(Fotografia cortesia de P.
Fässler e K. Sander.)
Prancha 5
Salvamento de
estruturas dorsais pela
proteína Noggin
A proteína Noggin pode ser
crítica para a indução do
mesoderma dorsal e do tubo
neural. Quando ovos de Xe- (B)
nopus são expostos à irradia-
ção UV antes da primeira
clivagem, não se formam es-
truturas dorsais (painel supe-
rior). Se uma célula precoce
de tal embrião for injetada com
RNA de noggin, os embriões
formam estruturas dorsais. Se
a mensagem noggin for inje-
tada em demasia, os embriões
produzem muito mais tecido
anterior dorsal (painel inferi-
or). Capítulo 15. (Fotografias
cortesia de R. M. Harland.)
(C)
Prancha 6 (à direita)
O gene noggin é transcrito no mesoderma dorsal e tecido mesodérmico
O RNA de noggin se acumula na região da zona marginal dorsal (A) e é visto no lábio dorsal
do blastóporo (B). Quando essas células involuem, a expressão de noggin é vista na notocorda
e endoderma faríngeo (C), que se estende anteriormente, no centro do embrião (D). Capítulo
15. (Fotografias cortesia de R. M. Harland.) (D)
(A) (B) (C)
Prancha 7
Rearranjos do citoplasma em Xenopus laevis
O ovo não-fertilizado de Xenopus laevis tem simetria radial. (B) Movimentos citoplasmáticos
são vistos à medida que o ovo começa a clivar, 90 minutos após a fecundação. O citoplasma
do futuro lado dorsal (à direita) difere daquele do futuro lado ventral (à esquerda). Essas
diferenças podem ser vistas durante toda a clivagem embrionária (C,D) e resultam no
posicionamento dos determinantes morfogenéticos dorsais, no lado do embrião oposto ao
ponto de entrada do espermatozóide. (E) Os movimentos citoplasmáticos se correlacionam
com o deslocamento da β-catenina. No estágio bicelular precoce, a β-catenina (cor laranja)
está localizada predominantemente na futura superfície dorsal do embrião. Esse padrão
persiste no estágio de blástula (F). Capítulos 4, 6 e 15. (A-D cortesia de M. V. Danilchik; E
e F cortesia de R. T. Moon.)
Prancha 8 Prancha 9
Localização de um RNA Efeito do ácido retinóico na
específico numa região do ovo regeneração de membros
O RNA de vg1 que codifica um fator O ácido retinóico (RA) faz com que as células
de crescimento da família TGF-β, após em regeneração “esqueçam” sua posição ori-
hibridização in situ, é encontrado resi- ginal. Tecido do pulso da salamandra em re-
dindo exclusivamente na região vege- generação, usualmente formará somente um
tal do ovo de Xenopus. O crescente pulso. Após tratamento com RA, porém, o
branco no fundo do ovo é devido à tecido em regeneração (aqui de uma salaman-
radioatividade da sonda que reconhe- dra pigmentada escura) regenera todo o ante-
ce o RNA; o resto do ovo é verde braço (membro inferior direito) quando en-
devido à coloração com o corante xertado em um membro posterior cortado de
Giemsa. Capítulos 12, 15 e 22. (Foto- um animal com pigmentação diferente. Capí-
grafia cortesia de D. A. Melton.) tulo 18. (Cortesia de K. Crawford.)
Prancha 10
Localização progressiva no citoplasma Prancha 11
A segregação de certos grânulos citoplasmáticos (“grânulos P”) é vista progredin- Localização citoplasmática em
do para dentro das células mais posteriores do embrião de Caenorhabditis elegans. embriões de tunicados
Essas células geram o espermatozóide e o óvulo do nematóide. Quando os A clivagem separa regiões do citoplasma em células
pronúcleos se encontram durante a fecundação, os grânulos P se movem para a particulares. O crescente amarelo do embrião de Styela
porção posterior da célula. Esse movimento prossegue até os grânulos serem fica localizado em um pequeno grupo de células que
encontrados somente na célula P que dá origem aos gametas. A coluna à esquerda irão gerar a musculatura larval. Esta figura mostra os
está corada para mostrar a posição dos núcleos, enquanto a coluna à direita está estágios de 2-, 4-, 16- e 64-células. Capítulo 13. (Foto-
corada para mostrar os grânulos P. Capítulo 13. (Fotografias cortesia de S. Strome.) grafias cortesia de J. R. Whittaker.)
Prancha 12
Onda de íons de cálcio através de ovos do
ouriço-do-mar durante a fertilização
Quando o espermatozóide se funde com o óvulo, uma onda de cálcio se
inicia no local da entrada do espermatozóide e se propaga através do óvulo.
Isso pode ser monitorado pré-carregando o ovo com um corante que fluoresce
quando liga o cálcio. A onda leva 30 segundos para atravessar o ovo.
Capítulo 4. (Fotografia cortesia de G. Schatten.)
(A)
Prancha 13
Regiões responsivas ao ácido
retinóico do embrião de camundongo
Um transgene consistindo de um elemento
responsivo ao ácido retinóico fundido a um
gene da ß-galactosidase foi inserido em um
embrião de camundongo. Coloração para β-
galactosidase deve revelar as células que res-
pondem às concentrações endógenas de ácido
retinóico. (A) O estágio de 3-somitos mos-
trando responsividade ao ácido retinóico na
região mediana do embrião; (B) Embriões de
11,5 dias mostrando coloração região fronto-
nasal e cérebro anterior; (C) Embrião de 14,5
dias mostrando coloração no maxilar, região
óptica, coxim do bigode e regiões interdigitais
(B) (C) do membro. Capítulos 11, 18 e 21. (Fotogra-
fias cortesia de J. Rossant.)
Prancha 14
Formação de padrões em Drosophila
(A) O eixo ântero-posterior é especificado por mRNAs e proteínas
citoplasmáticas. O gradiente da proteína Bicoid é especialmente im-
portante. Altas concentrações dessa proteína (amarelo a vermelho)
causam formação da cabeça e do tórax ativando o gene hunchback.
(B) Os gradientes de proteínas no embrião precoce ativam os genes
gap. Os produtos protéicos dos genes gap (tais como hunchback e
Krüppel) definem grandes domínios no corpo do inseto. Essas pro-
teínas interagem para formar limites específicos no embrião. Aqui,
as proteínas Hunchback (laranja) e Krüppel (verde) se sobrepõem
para formar um limite (amarelo). (C) Os níveis das proteínas gap
promovem a ativação de genes pair-rule específicos (aqui visíveis
pelas bandas escuras) que dividem o embrião em segmentos ao longo
do eixo ântero-posterior. (D) No estágio da banda germinativa esten-
dida, as 14 bandas do gene da polaridade segmentar engrailed podem
ser vistas. Capítulo 14. (Fotografias cortesia de (A) W. Driever e C.
Nüsslein-Volhard; (B) C. Rushlow e M. Levine; (C) T. Karr e (D) S.
Carroll e S. Padock.)
Prancha 15
Compartimentação do disco imaginal da asa de Drosophila
O corante imunofluorescente vermelho marca as células onde a pro-
teína Vestigial é produzida (a futura asa ventral); o corante verde
marca as células que expressam a proteína Apterous (necessária para
a formação da asa dorsal). A área sobreposta é amarela. Capítulo 19.
(Fotografia cortesia de S. Carroll.)
Prancha 16
Localização da RNA polimerase II nos
oócitos do bicho-da-seda gigante
Fotomicrografia de fluorescência (usando lentes
confocais) da câmara do ovo de Hyalophora cecropia.
Fluorescência laranja indica a presença da RNA polimerase
II (corada com amanitina marcada). Fundo verde indica a
localização da actina. (B) Maior aumento da região cortical
do oócito de Antherea polyphemus e células foliculares.
Laranja indica RNA polimerase II. As outras cores são
coloração de fundo de grânulos do vitelo e células
foliculares. Capítulo 22. (Fotografias cortesia de S. Berry.)
Prancha 17 ( acima )
Mariposa ginandromorfa
Um mosaico sexual (ginandromorfo) de uma mariposa lo, dividido bilateralmente
em uma metade feminina rosa-pardacenta e uma metade masculina amarela, de
asa menor. Tais mosaicos sexuais são causados quando um cromossomo X é
perdido de um núcleo durante a divisão mitótica precoce. Capítulo 20. (Fotogra-
fia de T. R. Manley; cortesia do The Journal of Heredity.)
Prancha 18 (esquerda)
Controle do desenvolvimento pelo ambiente
Lagartas de Nemoria arizonaria que eclodem na primavera ingerem flores do
carvalho e desenvolvem uma cutícula que mimetiza as flores. Lagartas da mesma
espécie que eclodem no verão (após o desaparecimento das flores) ingerem fo-
lhas de carvalho; essas lagartas desenvolvem cutículas que se parecem com as
folhas do carvalho. Substâncias químicas nas folhas parecem modificar o desen-
volvimento da cutícula. Capítulo 21. (Fotografias cortesia de E. Greene.)
Prancha 19
Migração das células da crista neural do pinto
Células da crista neural do pinto podem ser seguidas em sua migração corando-as com
um anticorpo monoclonal marcado, fluorescente. As células da crista neural (coradas de
verde) são consideradas migrar através das regiões anteriores (A) mas não das regiões
posteriores (B) do tecido somítico. Esse padrão específico de migração das células da
crista neural tem um papel na determinação da colocação dos neurônios periféricos.
Capítulo 7. (Fotografias cortesia de M. Bronner-Fraser.)
Prancha 20
Vias de migração neural em insetos
Axônios neurais em embriões de insetos migram de acordo
com padrões muito específicos. Neurônios derivados de
um precursor comum (aqui mostrados com a mesma colo-
ração) produzem axônios que migram seletivamente com
outros axônios. O axônio Q1, por exemplo, viaja até en-
contrar o axônio dMP2 e em seguida viaja com esse, en-
quanto o axônio do neurônio G continua a mover-se em
uma linha reta até encontrar o axônio P1. Capítulo 8. (Foto-
grafia cortesia de C. Goodman.)
Prancha 21
Um camundongo com seis pais
O camundongo multicolorido foi formado misturando célu-
las de três embriões do estágio de 4 células: Um embrião
oriundo de dois camundongos pretos; um embrião oriundo
de dois camundongos brancos; e um embrião oriundo de
dois camundongos castanhos. Em lugar de formar um mons-
tro de três cabeças, o embrião regulou-se para formar um
camundongo de tamanho normal com contribuições de cada
um dos três embriões. Cada um dos três embriões também
proveu células da linhagem germinativa, o que foi mostrado
acasalando esse camundongo com um camundongo recessivo
(branco); esse acasalamento produziu descendência de todas
as três cores. Capítulo 5. (Fotografia cortesia de C. Markert
eThe Journal of Heredity.)
CAPÍTULO 13 Especificação celular autônoma por determinantes citoplasmáticos 529
Informações adicionais
& Especulações
(B) Metáfase
Proteína Prospero se acumula
na membrana polar
Anáfase
(A)
Célula-mãe
ganglionar
Célula-tronco do (C)
neuroblasto
(D)
Telófase
Interfase
Figura 13 24
Distribuição assimétrica da proteína Prospero durante o desenvolvimento da célula-mãe
ganglionar. (A) Célula-tronco do neuroblasto sintetiza a proteína Prospero, a qual permanece
difusamente distribuída no citoplasma. (B) Na metáfase, toda a proteína Prospero está acumu-
lada em um dos pólos do neuroblasto em divisão. (C) Na anáfase e telófase, a proteína Prospe-
ro entra na célula-mãe ganglionar e é excluída do neuroblasto. (D) A proteína Prospero, sendo
um fator de transcrição, entra no núcleo da célula-mãe ganglionar. A proteína Numb se junta
à Prospero ao deixarem o neuroblasto, mas não entra no núcleo do neuroblasto. (De acordo
com Hirata et al., 1995.)
CAPÍTULO 13 Especificação celular autônoma por determinantes citoplasmáticos 531
Localização citoplasmática de
determinantes de células germinativas
Determinantes localizados no citoplasma são encontrados em todo o reino animal. Os
determinantes observados mais freqüentemente são os responsáveis pela determina-
ção de precursores de células germinativas, ou seja, as células que dão origem aos
gametas. Mesmo em embriões onde outros aspectos do desenvolvimento precoce
são reguladores, aquelas células contendo determinadas regiões do citoplasma do
ovo são destinadas a se tornarem precursoras de células germinativas.
Sem diminuição
Plasma germinativo de cromossomos Células-tronco
(B)
Sem diminuição
Plasma germinativo de cromossomos Células-tronco
532 PARTE III Especificação do Destino Celular e os Eixos Embrionários
dessa linhagem, a mais vegetal, até o estágio de 16 células quando existem somente
duas células com cromossomos não diminuídos. Um desses dois blastômeros dá
origem às células germinativas; o outro finalmente sofre diminuição de cromossomos
e forma células somáticas. Os cromossomos só permanecem intactos nas células des-
tinadas a formar a linhagem germinativa. Se esse não fosse o caso, haveria degenera-
ção da informação genética ao se passar de uma geração para a outra. As células que
sofreram diminuição de cromossomos originam as células somáticas.*
Boveri foi considerado o último dos grandes “observadores” da embriologia e o
primeiro dos grandes experimentadores. Não satisfeito em observar a retenção do
completo conjunto cromossômico pela célula germinativa, ele se dispôs a investigar
se uma região específica do citoplasma protege o núcleo nela inserido da diminuição.
Se esse fosse o caso, qualquer núcleo localizado nessa região deveria ser protegido.
Boveri (1910) testou essa possibilidade, centrifugando ovos de Parascaris pouco
antes da primeira clivagem. Esse tratamento modificou a orientação do fuso mitótico.
Quando o fuso se forma perpendicularmente à sua orientação normal, ambos os
blastômeros resultantes devem conter parte do citoplasma vegetativo (veja Figura
13.25). De fato, Boveri encontrou que depois da primeira divisão, nenhum núcleo
sofreu diminuição cromossômica. Entretanto, a próxima divisão foi equatorial ao lon-
go do eixo animal-vegetal. Agora, ambos os blastômeros animais resultantes sofreram
diminuição, mas não as duas células vegetativas. Boveri concluiu que o citoplasma
vegetativo contém um fator (ou fatores) que protege os núcleos da diminuição cro-
mossômica e os determina que sejam células germinativas.
O plasma do pólo dos nematódeos, incluindo o de C. elegans, permanece pouco
caracterizado. A RNA helicase parece se localizar no plasma germinativo tanto de C.
elegans como de Ascaris, e estudos com anticorpos sugerem que essas enzimas
podem ser parte dos grânulos P (Roussell e Bennett, 1993; Kuznicki et al., 1996).
* Enquanto esses casos de diminuição e eliminação de cromossomos são exceções da regra geral
de que células diferenciadas retêm genes não usados, não há evidência que diferentes células somáticas
em Parascaris retêm diferentes partes do genoma.
CAPÍTULO 13 Especificação celular autônoma por determinantes citoplasmáticos 533
(A)
Agulha
Agulha
(B)
Blastoderma
Blastoderma Blastoderma
Células Células
polares polares
Figura 13.26
Habilidade do plasma polar para corrigir a esterilidade induzida por radiação. (A) Técnica de
transplante de plasma polar de um doador não irradiado a um hospedeiro irradiado. (B) Seções
longitudinais da porção posterior do embrião de Drosophila fixado ao se completar a clivagem.
(i) Embrião normal com o blastoderma completo e células polares. (ii) Embrião irradiado durante
a clivagem precoce. O blastoderma se formou, mas as células polares estão ausentes. (iii)
Embrião irradiado durante a clivagem precoce, mas subseqüentemente injetado com plasma polar
de embriões normais. O blastoderma e células polares estão presentes. (De acordo com Okada
et al., 1974, cortesia de M. Okada.)
Mahowald e colegas (1979) mostraram que essas fêmeas cruzadas com machos nor-
mais produzem embriões cujos núcleos nunca migram para o plasma polar no ovo. Não
se formam células polares, e os adultos resultantes não têm células germinativas
primordiais para a produção de gametas. Outra mutação de efeito materno –agametic-
causa a ausência de células germinativas em cerca de metade das gônadas dos des-
cendentes de moscas fêmeas homozigotas. Nesse caso, são formadas células polares
em número normal, mas os grânulos polares degeneram logo após a fertilização
(Engstrom et al., 1982). Experimentos com transplantes demonstram que o defeito está
no citoplasma polar e não no ambiente ovariano. Dessa maneira, temos agora evidên- (A)
cia bastante segura que o plasma polar está diretamente envolvido na determinação
da célula germinativa.
Figura 13. 27
O plasma polar de Drosophila. (A) Micrografia eletrônica de grânulos polares de uma fração
particulada de células polares de Drosophila. (B) Micrografia eletrônica de varredura de células
polares de um embrião de Drosophila pouco antes do término da clivagem. As células polares
podem ser vistas à direita da fotografia. (Fotografias, cortesia de A. P. Mahowald.) (B)
534 PARTE III Especificação do Destino Celular e os Eixos Embrionários
(E) (F)
formam.* Embriões derivados de fêmeas com somente uma cópia do gene oskar pro-
duzem de 10 a 15 células polares no estágio de blastoderma celular, enquanto aquelas
que contêm duas cópias do gene produzem aproximadamente 35 células polares. Au-
mentando-se o número de cópias do gene oskar para quatro, serão formadas cerca de
50 células polares. Além disso, Ephrussi e Lehmann (1992) demonstraram que células
germinativas serão formadas onde estiver localizada a mensagem oskar e os estágios
que a precedem são cruciais somente na colocação do mRNA de oskar no pólo poste-
rior do ovo. Se a mensagem oskar se localiza na parte anterior do embrião (o que pode
ser feito experimentalmente), o plasma e as células germinativas se formarão no ante-
rior. A proteína Oskar provavelmente constrói a primeira parte estrutural dos grânulos
polares. As proteínas Vasa e Tudor se ligam à Oskar tornando a estrutura mais comple-
xa e apta a ligar os determinantes da célula germinativa (Breitwieser et al., 1996). A
localização do mRNA de gcl e do mtlrRNA no pólo posterior do ovo é frustrada por
qualquer uma das mutações precedentes. Em mutantes valois e tudor, pequenas quan-
tidades da mensagem de glc podem ser vistas no plasma posterior em embriões em
clivagem precoce, mas essa localização é perdida na clivagem tardia (Jongens et al.,
1992). Assim, os grânulos polares incluem os determinantes das células germinativas
e a estrutura que os mantém no posterior do ovo e do embrião. A estrutura ligará o
mRNA do germ cell-less (e provavelmente produtos gênicos para outros determinantes
de células germinativas). Essas mensagens são traduzidas em proteínas durante a
clivagem precoce, entram no núcleo das células polares, e (de uma forma ainda não
conhecida) determinam que essas células devam ser germinativas.
*O nome oskar não vêm de Grouch nem do rei da Noruega, mas do anti-herói anão do romance
de Günter Grass, The Tin Drum. A tradução específica de região do mRNA do oskar em isoformas
específicas é um processo complexo. A mensagem oskar é translocada através do ovo ao pólo
posterior por uma estrutura contendo tropomiosina que é ligada pela proteína repressora Bruno,
para prevenir sua tradução prematura (Erdéyli et al., 1995; Kim-Ha et al., 1995). Com a localização
do mRNA no pólo posterior, a proteína Staufen permite sua tradução. A proteína Oskar é necessária
para reter o mRNA de oskar (e a proteína Oskar) no pólo posterior (Markussen et al., 1995; Rongo
et al., 1995; Capítulo 22).
CAPÍTULO 13 Especificação celular autônoma por determinantes citoplasmáticos 537
Figura 13.31
Plasma germinativo de embriões de rã. (A) Plasma germinativo (áreas escuras) perto do pólo Célula Plaquetas
vegetativo de um zigoto recentemente fertilizado. (B) Célula contendo plasma germinativo na somática de vitelo
região endodérmica da blástula na anáfase mitótica. Note o plasma germinativo penetrando em
somente uma das células-filha carregadas com vitelo. (C) Célula germinativa primordial e células
somáticas perto do assoalho da blastocele na gástrula precoce. (Cortesia de A. Blackler.)
seguir esse citoplasma cortical até algumas células no endoderma presuntivo que
normalmente migraria para a crista genital. Transplantando células geneticamente
marcadas de um embrião para outro, Blackler (1962) mostrou que essas células eram
precursoras das células germinativas primordiais. Os movimentos precoces do plasma
germinativo foram analisados em detalhe por Savage e Danilchik (1993), que marcaram
o plasma germinativo com corante fluorescente. Eles encontraram que o plasma
germinativo de ovos não fertilizados consiste de pequenas “ilhas” que parecem estar (C) Célula germinativa
amarradas à massa do vitelo próximo ao córtex vegetativo. Essas ilhas do plasma
germinativo se movem com essa massa de vitelo vegetativo durante a rotação cortical
na fertilização. Após a rotação, as ilhas são liberadas da massa de vitelo e começam a
se fundir e migrar para o pólo vegetal. Essa agregação depende de microtúbulos, e o
movimento desses conjuntos ao pólo vegetal é dependente de uma proteína seme-
lhante à quinesina que pode funcionar como um motor no movimento do plasma
germinativo (Robb et al., 1996). Mais tarde, contrações periódicas da superfície da
célula vegetativa parecem empurrar esse plasma germinativo ao longo dos sulcos nos
blastômeros recém–formados, permitindo-lhe penetrar no embrião.
Quando luz ultravioleta é aplicada à superfície vegetativa (e em nenhum lugar
mais) do embrião da rã, os animais resultantes são normais mas não têm células
germinativas em suas gônadas (Bounoure, 1939; Smith, 1966). Muito poucas células
germinativas primordiais chegam às gônadas, e as que chegam têm cerca de um déci-
mo do volume das células germinativas primordiais normais e têm núcleos com formas
aberrantes (Züst e Dixon, 1977). Savage e Danilchik (1993) mostraram que a luz UV
impede as contrações da superfície vegetativa e inibe a migração do plasma germinativo
ao pólo vegetal. Os homólogos do Xenopus de Nanos (uma proteína da Drosophila
essencial para a migração da célula polar) e Vasa são especificamente localizadas
nessa região (Forristal et al., 1995; Ikenishi et al., 1996; Zhou e King, 1996). Então,
como no plasma polar da Drosophila, o citoplasma da região vegetativa dos zigotos
de rã contém os determinantes para a formação das células germinativas.
538 PARTE III Especificação do Destino Celular e os Eixos Embrionários
Resumo
Temos evidência que em certos organismos a determinação do destino de uma célula é
devida à porção do citoplasma do ovo que ela adquire durante a clivagem. Tal célula
diferencia-se independentemente das outras células, e os organismos que utilizam o
mecanismo tendem a um tipo de desenvolvimento em mosaico ou determinado. Essa
forma de desenvolvimento é exibida por moluscos, tunicados e nematódeos. A localiza-
ção dos determinantes morfogenéticos dentro do citoplasma do ovo, sua redistribuição
durante o desenvolvimento do ovo e a fertilização e os padrões de clivagem celular são
importantes para determinar o destino de cada célula. Cada um desses fenômenos é uma
função do ovo. Apesar da maior parte do desenvolvimento desses organismos seguir o
padrão de mosaico, alguma determinação interativa também existe. Em tunicados, o
sistema nervoso e alguns músculos são formados por interações indutivas entre
blastômeros, e os caracóis e nematódeos também têm certos órgãos formados de manei-
ra interativa. No próximo capítulo nos ocuparemos de certos organismos nos quais as
interações entre moléculas no blastoderma sincicial de ovos de insetos constituem o
mecanismo primário da determinação do destino celular.
LITERATURA CITADA
Allsopp, T. E., Wyatt, S., Paterson, H. F. and Bounoure, L. 1939. L’origine des Cellules Re- Cassirer, E. 1950. Developmental mechan-ics
Davies, A. M. 1993. The proto-oncogene bcl- productries et le Probleme de la Lignée Germi- and the problem of cause in biology. In E. Cassirer
2 can selectively rescue neurotrophic factor- nale. Gauthier-Villars, Paris. (ed.), The Problem of Knowledge. Yale
dependent neurons from apoptosis. Cell 73: University Press, New Haven.
Boveri, T. 1910. Über die Teilung cen-trifugierter
295-307.
Eier von Ascaris megalocephala. Wilhelm Roux Chabry, L. M. 1887. Contribution a 1’em-
Amikura, R., Kobayashi, S., Saito, H. and Okada, Arch. Entwicklungsmech. Org. 30:101-125. bryologie normale tératologique des asci-dies
M. 1996. Changes in subcellular lo-calization of simples. J. Anat. Physiol. Norm. Pathol. 23:
Bowerman, B., Eaton, B. A. and Priess, J. R. 1992.
mtlrRna outside mitochondria in oogenesis and 167-321.
skn-1, a maternally expressed gene re-quired to
early embryogenesis of Drosophila melanogas-
specify the fate of ventral blas-tomeres in the Churchill, F. B. 1973. Chabry, Roux and the ex-
ter. Dev. Growth Differ. 38: 489-498.
early C. elegans embryo. Cell 68:1061-1075. perimental method in nineteenth century
Atkinson, J. W. 1987. An atlas of light mi- embryology. In R. N. Giere and R. S. West-fall
Bowerman, B., Draper, B. W., Mello, C. C. and
crographs of normal and lobeless larvae of the (eds.), Foundations of Scientific Method: The
Priess, J. R. 1993. The maternal gene skn-1
marine gastropod Ilyanassa obsoleta. Int. J. Nineteenth Century. Indiana University Press,
encodes a protein that is distributed unequally in
Invert. Reprod. Dev. 9:169-178. Bloomington, pp. 161-205.
early C. elegans embryos. Cell 74: 443-452.
Austin, J. and Kimble, J. 1987. glp-1 is re-quired Clement, A. C. 1962. Deveopment of Ilyanassa
Boyd, L., Guo, S., Levitan, D., Stinchcomb, D.T.
in the germ line for regulation of the decision following removal of the D macro-mere at
and Kemphues, K.J. 1996. PAR-2 is asymmetri-
between mitosis and meiosis in C. elegans. Cell successive cleavage stages J. Exp. Zool. 149:
cally distributed and promotes association of P
51: 589-600. 193-215.
granules and PAR-1 with the cortex in C. elegans
Blackler, A. W. 1962. Transfer of primordial embryos. Develop-ment 122: 3075-3084. Clement, A. C. 1968. Development of the vege-
germ cells between two subspecies of Xeno-pus tal half of the Ilyanassa egg after re-moval of
Brandhorst, B. P. and Newrock, K. M. 1981.
laevis. J. Embryol. Exp. Morphol. 10: 641-651. most of the yolk by centrifugal force, compared
Post-transcriptional regulation of protein
with the development of animal halves of similar
Blackler, A. W. 1966. The role of a “germi-nal synthesis in Ilyanassa embryos and isolated po-
visible composi-tion. Dev. Biol. 17: 165-186.
plasm” in the formation of primordial germ cells lar lobes. Dev. Biol. 83: 250-254.
in Rana pipiens. Dev. Biol. 14: 330-347. Clement, A. C. 1986. The embryonic value of
Breitwieser, W., Marhussen, F.-H., Horts-mann,
the micromeres in Ilyanassa obsoleta, as
Blackwell. T. K., Bowerman, B., Priess, J. R. and H. and Eybrussi, A. 1996. Oskar pro-tein
determined by deletion experiments. III. The
Weintraub, H. 1994. Formation of a monomeric interaction with Vasa represents an es-sential
third quartet cells and the mesento-blast cell,
DNA binding domain by SKN bZIP and step in polar granule assembly. Genes Dev. 10:
4d. Int. J. Invert. Reprod. Dev. 9: 155-168.
homeodomain elements. Science 266: 621-628. 2179-2188.
Collier, J. R. 1983. The biochemistry of mol-luscan
Bonnet, C. 1764. Contemplation de la Nature. Brenner, S. 1974. The genetics of Caenorhab-
development. In N. H. Verdonk, J. A. M. van den
Marc-Michel Ray, Amsterdam. ditis elegans. Genetics 77: 71-94.
Biggelaar and A. S. Tompa (eds.), The Mollusca,
Bounoure, L. 1934. Recherches sur la lignée Brenner, S. 1979. Cited in H. F. Judson, The Vol. 3. Academic, New York, pp. 215-252.
germinale chez la grenouille rousse aux premiers Eighth Day of Creation. Simon and Schuster,
Collier, J. R. 1984. Protein synthesis in nor-mal
stades du développement. Ann. Sci. Natl. 10e New York, p. 219.
and lobeless gastrulae of llyanassa obso-leta. Bid.
Wer. 17: 67-248.
Bull 167: 371-377.
CAPÍTULO 13 Especificação celular autônoma por determinantes citoplasmáticos 539
Conklin, E. G. 1905a. The organization and cell Goldstein, B. 1992. Induction of gut in Caenor- Hutter, H. and Schnabel, R. 1994. glp-1 and
lineage of the ascidian egg. J. Acad. Nat. Sci. habditis elegans embryos. Nature 357: 255-257. inductions establishing embryonic axes in C.
Phila. 13: 1-119. elegans. Development 120: 2051-2064.
Goldstein, B. and Hird, S. N. 1996. Specifi-cation
Conklin, E. G. 1905b. Organ-forming sub-stances of the anterioposterior axis in Caenorhabditis Hutter, H. and Schnabel, R. 1995. Establish-ment
in the eggs of ascidians. Biol. Bull. 8: 205-230. elegans. Development 122: 1467-1474. of left-right asymmetry in the Caenorhabditis
elegans embryo: A multistep process involving
Conklin, E. G. 1905c. Mosaic development in Gould, S. J. 1977. Ontogeny and Phylogeny.
a series of inductive events. Development 121:
ascidian eggs. J. Exp. Zool. 2: 145-223. Belknap Press, Cambridge, MA.
3417-3424.
Craig, M. M. and Morrill, J. B. 1986. Cellu-lar Guerrier, P., van den Biggelaar, J. A. M., Dongen,
Illmensee, K. 1968. Transplantation of em-
arrangements and surface topology during early C. A. M. and Verdonk, N. H. 1978. Significance
bryonic nuclei into unfertilized eggs of Droso-
development in embryos of llyanassa obsoleta. of the polar lobe for the deter-mination of
phila melanogaster. Nature 219: 1268-1269.
Int. J. Invert. Reprod. Dev. 9: 209-228. dorsoventral polarity in Den-talium vulgare (da
Costa). Dev. Biol. 63: 233-242. Ikenishi, K., Tanaka, T. S. and Komiya, T. 1996.
Dareste, C. 1877. Recherches sur la Produc-
Spatio-temporal distribution of the protein of
tion Artificielle des Monstruosités ou Essais de Guo, S. and Kemphues, K. J. 1995. par-1, a gene
the Xenopus vasa homologue (Xenopus vasa-
Tératogenie Experimental. Reinwald, Paris. required for establishing polarity in C. elegans
like gene-1, XVLG1) in em-bryos. Dev. Growth
embryos, encodes a putative ser/thr kinase that
Davidson, E. H. 1991. Spatial mechanisms of Differ. 38: 527-535.
is asymmetrically distributed. Cell 81: 611-620.
gene regulation in metazoan embryos. Develop-
Jongens, T. A., Hay, B., Jan, L. Y. and Jan, Y. N.
ment 113: 1-26. Harrison, R. G. 1933. Some difficulties of the
1992. The germ cell-less gene product: A
determination problem. Am. Natur.. 67: 306-321.
Ellis, R. E. and Horvitz, H. R. 1986. Genetic posteriorly localized component necessary for
control of programmed cell death in the ne- Hay, B., Jan, L. Y. and Jan, Y. N. 1990. Local- germ cell development in Drosophila. Cell 70:
matode C. elegans. Cell 44: 817-829. ization of vasa, a component of Drosophila polar 569-584.
granules, in maternal effect mutants that alter
Engstrom, L., Caulton, J. H., Underwood, E. M. Kemphues, K. J., Priess, J. R., Morton, D. G. and
embryonic anteroposterior polar-ity. Develop-
and Mahowald, A. P. 1982. Develop-mental Cheng, N. 1988. Identification of genes required
ment 109: 425-433.
lesions in the agametic mutant of Drosophila for cytoplasmic localization in early C. elegans
melanogaster. Dev. Eiol. 91: 163-170. Hegner, R. W. 1911. Experiments with chryso- embryos. Cell 52: 311-320.
melid beetles. III. The effects of killing parts of
Ephrussi, A. and Lehmann, R. 1992. Induc-tion Kim-Ha, J., Kerr, K. and Macdonald, P. M. 1995.
the eggs of Leptinotarsa de-cemlineata. Biol.
of germ cell formation by oskar. Nature 358: Translational regulation of oskar mRNA by Bru-
Bull. 20: 237-251.
387-392. no, an ovarian RNA-binding protein, is essential.
Henderson, S. and seven others. 1991. In-duction Cell 81: 403-412.
Erdélyi, M., Michon, A.-M., Guichet, A., Glotzer,
of bcl-2 expression by Epstein-Barr virus latent
J. B. and Ephrussi, A. 1995. Re-quirement for Kimble, J. and Hirsch, D. 1979. The postem-
membrane protein 1 protects infected B cells
Drosophila cytoplasmic tropomyosin in oskar bryonic cell lineages of the her-maphrodite and
from programmed cell death. Cell 65: 1107-1115.
mRNA localization. Nature 377: 524-527. male gonads in Caenorhab-ditis elegans. Dev.
Hengartner, M. O., Ellis, R. E. and Horvitz, H. Biol. 70: 396-17.
Etemad-Moghadam, B., Guo, S. and Kem-phues,
R. 1992. Caenorhabditis elegans gene ced-9
K. J. 1995. Asymmetrically distrib-uted PAR-3 Kirby, C. M. 1992. Cytoplasmic reorganiza-tion
protects cell from programmed cell death.
protein contributes to cell po-larity and spindle and the generation of asymmetry in Caenorhab-
Nature 356: 494-499.
alignment in early C. elegans embryos. Cell 83: ditis elegans, with an emphasis on par-3, a ma-
743-752. Henry, J. J. and Martindale, M. Q. 1987. The ternal-effect gene essential for both processes.
organizing role of the D quadrant as re-vealed PhD dissertation, Cornell University, Ithaca, NY.
Evans, T. C., Crittenden, S. L., Kodoyianni, V.
through the phenomenon of twin-ning in the
and Kimble, J. 1994. Translational control of Kirby, C. M., Kusch, M. and Kemphues, K.
polychaete Chaetopterus variope-datus. Wilhelm
maternal glp-1 mRNA establishes an asymmetry 1990. Mutations in the par genes of Caenor-
Roux Arch. Dev. Biol. 196: 449-510.
in the C. elegans embryo. Cell 77:183-194. habditis elegans affect cytoplasmic re-
Hill, D. P. and Strome, S. 1987. An analysis of organization during the first cell cycle. Dev.
Fischer, J.-L. 1991. Laurent Chabry and the Biol. 142: 203-215.
the role of microfilaments in the estab-lishment
beginnings of experimental embryology in
and maintainance of asymmetry in Caenorhab-
France. In S. Gilbert (ed.), A Conceptual His- Knoblich, J. A., Jan, L. Y. and Jan, Y. N. 1995.
ditis elegans zygotes. Dev. Biol. 125: 75-84.
tory of Modern Embryology. Plenum, New York, Asymmetric segregation of Numb and Prospero
pp. 31-41. Hill, D. P. and Strome, S. 1990. Brief cy-tochalasin- during cell division. Nature 377: 624-627.
induced disruption of microfila-ments during a
Fischer, J.-L. and Smith, J. 1984. French em- Kobayashi, S. and Okada, M. 1989. Restora-
critical interval in 1-cell C. elegans embryos alters
bryology and the “mechanics of develop-ment” tion of pole-cell forming ability to UV-irra-diated
the positioning of developmental instructions to
from 1887 to 1910: L. Chabry, Y. De-lage and Drosophila embryos by injection of mitochon-
the 2-cell embryo. Development 108:159-172.
E. Bataillon. Hist. Phil. Life Sci. 6: 25-39. drial IrRNA. Development 107: 733-742.
Hirata, J., Nakagoshi, H., Nabeshima, Y-I. and
Forristall, C., Pondel, M., Chen, L. and King, Kobayashi, S., Amikura, R. and Okada, M. 1993.
Matsuzaki, F. 1995. Asymmetric segre-gation
ML. 1995. Patterns of localization and Presence of mitochondrial large ribo-somal RNA
of the homeodomain protein Prospero during
cytoskeletal association of two vege-tally outside mitochondria in germ plasm of Droso-
Drosophila development. Na-ture 377: 627-630.
localized RNAs, Vg1 and Xcat2. Devel-opment phila melanogaster. Science 260: 1521-1524.
121: 201-208. Hockenbery, D. M., Nuñez, G., Milliman, C.,
Kobayashi, S., Yamada, M., Asaoka, M. and
Schreiber, R. D. and Korsmeyer, S. J. 1990. Bcl-
Geigy, R. 1931. Action de 1’ultra-violet sur le Kitamura, T. 1996. Essential role of the pos-
2 is an inner mitochondrial mem-brane protein
pole germinal dans 1’oeuf de Drosophila mela- terior morphogen nanos for germline de-
that blocks programmed cell death. Nature 348:
nogaster (castration et mutabilité). Rev. Suisse velopment in Drosophila. Nature 380: 708-711.
334-336.
Zool. 38:187-288.
540 PARTE III Especificação do Destino Celular e os Eixos Embrionários
Kölreuter, J. G. 1766. Vorläufige Narchricht von Nakamura,A., Amikura, R., Mukai, M., Kobayashi, Priess, R. A., Schnabel, H. and Schnabel, R. 1987.
einigen das Geschlecht der Pflanzen betef-fenden S. and Lasko, P. F 1996. Re-quirement for a The glp-1 locus and cellular interac-tions in early
Versuchen und Beobachtungen, nebst Fortset- noncoding RNA in Drosophila polar granules for C. elegans embryos. Cell 51: 601-611.
zugen 1, 2 und 3. Leipzig. germ cell es-tablishment. Science 274: 2075-2079.
Reverberi, G. and Minganti, A. 1946. Fenomeni
Kuznicki, K., Gruidl, M., Smith, P., Mc-Crone, Newrock, K. M. and Raff, R. A. 1975. Polar di evocazione nello sviluppo dell’uovo di
S. and Bennett, K. 1996. C. elegans germline lobe specific regulation of translation in embryos Ascidie. Risultati dell’indagine spermentale
RNA helicases: Are they all com-ponents of the of llyanassa obsoleta. Dev. Biol. 42: 242-261. sull’ouvo di Ascidiella aspersa e di Ascidia
P granules? Dev. Biol. 175: 379 malaca allo stadio di 8 blastomeri. Pubbl. Staz.
Nicholson and fifteen others. 1995. Identifi-
Zool. Napoli 20: 199-252. (Quoted in Rever-
Lasko, P. F. and Ashburner, M. 1990. Poste-rior cation and inhibition of the ICE/CED-3 protease
beri, 1971, p. 537.)
localization of vasa protein correlates with, but necessary for mammalian apopto-sis. Nature
is not sufficient for, pole cell de-velopment. 376: 37-43. Robb, D. L., Heasman, J., Raats, J. and Wylie, C.
Genes Dev. 4: 905-921. 1996. A kinesin-like protein is re-quired for germ
Nishida, H. 1987. Cell lineage analysis in ascidian
plasm aggregation in Xenopus. Cell 87: 823-831.
Lenoir, T. 1980. Kant, Blumenbach, and vital embryos by intracellular injection of a tracer
materialism in German biology. Isis 71: 77-108. enzyme. III. Up to the tissue re-stricted stage. Roe, S. 1981. Matter, Life, and Generation:
Dev. Biol. 121: 526-541. Eighteenth-Century Embryology and the Haller-
Lin, R., Thompson, S. and Priess, J. R. 1995.
Wolff Debate. Cambridge University Press,
pop-l encodes an HMG box protein re-quired Nishida, H. 1990. Determinative mecha-nisms
Cambridge.
for the specification of a mesoderm precursor in secondary muscle lineages of as-cidian
in early C. elegans embryos. Cell 83: 599-609. embryos: Development of muscle-specific Rongo, C., Gavis, E. R. and Lehmann, R. 1995.
features in isolated muscle progenitor cells. De- Localization of oskar RNA regulates oskar trans-
Mahowald, A. P. 1971a. Polar granules of Dro-
velopment 108: 559-568. lation and requires Oskar pro-tein. Development
sophila. III. The continuity of polar gran-ules
121: 2737-2746.
during the life cycle of Drosophila. J. Exp. Zool. Nishida, H. 1992a. Determination of devel-
176: 329-343. opmental fates of blastomeres in ascidian Roussell, D. L. and Bennett, K. L. 1993. glh, a
embryos. Dev. Growth Differ. 34: 253-262. germline putative RNA helicase from Caenor-
Mahowald, A. P. 1971b. Polar granules of Dro-
habditis, has four zinc fingers. Proc. Natl. Acad.
sophila. IV. Cytochemical studies show-ing loss Nishida, H. 1992b. Regionality of egg cyto-plasm
Sci. USA 90: 9300-9304.
of RNA from polar granules dur-ing early stages that promotes muscle differentiation in embryo
of embryogenesis. J. Exp. Zool. 176: 329-343. of the ascidian Halocynthia roretzi. Develop- Satoh, Y, Kusakabe, T., Araki, I. and Satoh, N.
ment 116: 521-529. 1995. Timing of initiation of muscle-spe-cific
Mahowald, A. P., Caulton, J. H. and Gehring, W.
gene expression in the ascidian em-bryo prece-
J. 1979. Ultrastructural studies of oocytes and Nishida, H. 1993. Localized regions of egg
des that of developmental fate restriction in
embryos derived from fe-male flies carrying the cytoplasm that promote expression of en-
lineage cells. Dev. Growth Diff. 37: 319-327.
grandchildless muta-tion in Drosophila doderm-specific alkaline phosphatase in embryos
subobscura. Dev. Biol 69: 118-132. of the ascidian Halocynthia roretzi. Develop- Savage, R. M. and Danilchik, M. V. 1993.
ment 118:1-7. Dynamics of germ plasm localization and its
Mango, S. E., Thorpe, C. J., Martin, P. R.,
inhibition by ultraviolet irradiation in early
Chamberlain, S. H. and Bowerman, B. 1994. Two Nishida, H. 1994a. Localization of egg cyto-
cleavage Xenopus eggs. Dev. Biol. 157: 371-382.
maternal genes, apx-1 and pie-1, are required to plasm that promotes differentiation to epi-
distinguish the fates of equivalent blastomeres dermis in embryos of the ascidian Halocyn-thia Schubiger, G. and Wood, W. J. 1977. Deter-
in early C. elegans embryos. Development 120: roretzi. Development 120: 235-243. mination during early embryogenesis in Droso-
2305-2315. phila melanogaster. Am. Zool. 17: 565-576.
Nishida, H. 1994b. Localization of determi-nants
Markussen, F.-H., Michon, A.-M., Bre-itwieser, for formation of the anterior-poste-rior axis in Seydoux, G., Mello, C. C., Pettitt, J., Wood, W.
W. and Eprussi, A. 1995. Transla-tional control eggs of the ascidian Halocynthia roretzi. Deve- B., Priess, J. R. and Fire, A. 1996. Repres-sion
of oskar generates short OSK, the isoform that lopment 120: 3093-3104. of gene expression in the embryonic germ lineage
induces pole plasm assem-bly. Development 121: of C. elegans. Nature 382: 713-716.
Nuñez, G., London, L., Hockenbury, D.,
3723-3732.
Alexander, M., McKearn, J. P. and Ko-rsmeyer, Slack, J. M. W. 1991. From Egg to Embryo:
McGhee, J. D. 1995. Cell fate decisons in the S. J. 1990. Deregulation of blc-2 gene expression Regional Specification in Early Development.
early embryo of the nematode Caenorhabdi-tis selectively prolongs sur-vival of growth factor- Cambridge University Press, New York.
elegans. Dev. Genet. 17: 155-166. deprived hemopoi-etic cells. J. Immunol. 144:
Smith, L. D. 1966. The role of a “germinal
3602-3610.
Mello, G. C., Draper, B. W., Krause, M., plasm” in the formation of primordial germ cells
Weintraub, H. and Priess, J. R. 1992. The pie-1 Okada, M., Kleinman, I. A. and Schneider-man, in Rana pipiens. Dev. Biol, 14: 330-347.
and mex-1 genes and maternal control of H. A. 1974. Restoration of fertility in sterilized
Strome, S. 1992. The germ of the issue. Na-ture
blastomere identity in early C. elegans embryos. Drosophila eggs by transplanta-tion of polar
358: 368-369.
Cell 70: 163-176. cytoplasm. Dev. Biol. 37: 43-54.
Strome, S. and Wood, W. B. 1983. Genera-tion
Mello, C. C, Draper, B. W. and Priess, J. R. Ortolani, G. 1959. Richerche sulla in-duzione
of asymmetry and segregation of germ-like gra-
1994. The maternal genes apx-1 and glp-1 and del sistema nervoso nelle larve delle Ascidie. Boll.
nules in early Caenorhabditis elegans embryos.
establishment of dorsal-ventral polar-ity in the Zool. 26: 341-348.
Cell 35:15-25.
early C. elegans embryo. Cell 77: 95-106.
Pines, M. (ed.). 1992. From Egg to Adult. Howard
Spana, E. P. and Doe, C. Q. 1995. The pros-
Mello, C. C., Schubert, C., Draper, B., Zhang, Hughes Med. Inst., Bethesda, pp. 30-38.
pero transcription factor is asymmetrically
W., Lobel, R. and Priess, J. R. 1996. The PIE-1
Priess, R. A. and Thomson, J. N. 1987. Cel-lular localized to the cell cortex during neurob-last
protein and germline specifica-tion in C. elegans
interactions in early C. elegans em-bryos. Cell mitosis in Drosophila. Development 121:
embryos. Nature 382: 710-712.
48: 241-250. 3187-3195.
CAPÍTULO 13 Especificação celular autônoma por determinantes citoplasmáticos 541
Sulston, J. and Horvitz, H. R. 1977. Postem- Waddington, C. H. 1966. Principles of Devel- Wilson, E. B. 1904. Experimental studies on
bryonic cell lineages of the nematode Caenor- opment and Differentiation. Macmillan, New germinal localization. I. The germ regions in
habditis elegans. Dev. Biol. 56:110-156. York. the egg of Dentalium. II. Experiments on the
cleavage-mosaic in Patella and Dental-ium. J.
Sulston, J. E., Schierenberg, J., White, J. and Waring, G. L., Allis, C. D. and Mahowald, A. P.
Exp. Zool. 1: 1-72.
Thomson, N. 1983. The embryonic cell lin- 1978. Isolation of polar granules and the
eage of the nematode Caenorhabditis elegans. identification of polar granule-specific protein. Wolff, K. P. 1767. De formatione intestino-
Dev. Biol. 100: 64-119. Dev. Biol. 66: 197-206. rum praecipue. Novi Commentarii Academ-ine
Scientarum Imperialis Petropolitanae.
Sulston, J. and eighteen others. 1992. The C. Watts, J. L. and seven others. 1996. par-6, a
elegans genome sequencing project: A be-ginning. gene involved in the establishment of asymmetry Yuan, J. Y. and Horvitz, H. R. 1990. The Cae-
Nature 356: 37-42. in early C. elegans embryos, mediates the norhabditis elegans genes ced-3 and ced-4 act
asymmetric localization of PAR-3. Development cell autonomously to cause pro-grammed cell
Swalla, B. J. and Jeffery, W. R. 1995. A ma-
122: 3133-3140. death. Dev. Biol. 138: 33-41.
ternal RNA localized in the yellow crescent is
segregated to the larval muscle cells dur-ing Whittaker, J. R. 1977. Segregation during Zhou, Y. and King, M. L. 1996. Localization of
ascidian development. Dev. Biol. 170: 353-364. cleavage of a factor determining endoder-mal Xcat-2, a putative germ plasm compo-nent, to
alkaline phosphatase development in ascidian the mitochondrial cloud in Xenopus stage I
Tobler, H., Smith, K. D. and Ursprung, H. 1972.
embryos. J. Exp. Zool. 202: 139-153. oocytes. Development. 122: 2947-2953.
Molecular aspects of chromatin elim-ination in
Ascaris lumbricoides. Dev. Biol. 27: 190-203. Whittaker, J. R. 1982. Muscle cell lineage can Züst, B. and Dixon, K. E. 1977. Events in the
change the developmental expression in germ cell lineage after entry of the pri-mordial
Tung, T. C., Wu, S. C., Yel, Y. F., Li, K. S. and
epidermal lineage cells of ascidian em-bryos. Dev. germ cells into the genital ridges in normal and
Hsu, M. C. 1977. Cell differentiation in as-cidians
Biol. 93: 463-70. UV-irradiated Xenopus lae-vis. J. Embryol. Exp.
studied by nuclear transplantation. Scientia
Morphol. 41: 33-46.
Sinica 20: 222-233. Whittaker, J. R., Ortolani, G. and Farinella-Ferruzza,
N. 1977. Autonomy of acetyl-cholinesterase di-
Vaux, D. L., Weissman, I. L. and Kim, S. K.
fferentiation in muscle lin-eage cells in ascidian
1992. Prevention of programmed cell death in
embryos. Dev. Biol. 55: 196-200.
Caenorhabditis elegans by human bcl-2. Science
258:1955-1957. Williams, G. T., Smith, C. A., Spooncer, E.,
Dexter, T. M. and Taylor, D. R. 1990.
Verdonk, N. H. and Gather, J. N. 1983. Mor-
Haemopoietic colony stimulating factors
phogenetic determination and differentia-tion.
promote cell survival by suppressing apop-tosis.
In N. H. Verdonk, J. A. M. van den Biggelaar and
Nature 343: 76-79.
A. S. Tompa (eds.), The Mol-lusca. Academic
Press, New York, pp. 215-252.
A genética da especificação axial
em Drosophila 14
Quando um espermatozóide penetra no óvu-
lo, entra em um sistema celular que já al-
cançou um certo grau de organização.
ERNST HADORN (1955)
N O ÚLTIMO CAPÍTULO, discutimos as especificações de células embrionári-
as precoces, quando adquirem diferentes determinantes citoplasmáticos que
estavam armazenados no oócito. As membranas celulares estabelecem a re-
gião do citoplasma incorporado em cada célula, e acredita-se que determinantes
morfogenéticos direcionam, em seguida, a expressão gênica nesses blastômeros. Du-
Aqueles de nós que estão trabalhando com rante o desenvolvimento de Drosophila, as membranas celulares não se formam antes
Drosophila encontram um aspecto da ques- da décima terceira divisão nuclear. Antes disso, todos os núcleos dividem entre si um
tão. Pois o material disponível é tudo que se citoplasma comum, e o material pode difundir através do embrião. Nesses embriões, a
pode desejar, e mesmo experimentos embrio-
especificação de células ao longo dos eixos ântero-posterior e dorsoventral é
lógicos podem ser realizados... Depende de
conseguida pelas interações de materiais citoplasmáticos dentro de uma única célula
nós utilizarmos essas oportunidades. Temos
multinucleada. Além disso, o início das diferenças entre os eixos é controlada pela
uma história completa a desemaranhar, pois
podemos trabalhar as coisas por ambos tér- posição do óvulo dentro do ovário materno. Embora o local da entrada do espermato-
minos aos mesmo tempo. zóide possa fixar os eixos em ascídios e nematóides, os eixos ântero-posterior e dorso-
JACK SCHULTZ (1935) ventral da mosca são especificados por interações entre o óvulo e suas células folicu-
lares que o circunda.
543
544 PARTE IV Especificação do Destino Celular e os Eixos Embrionários
Invaginação
do intestino
anterior
Sulco cefálico
Células polares
na invaginação
do intestino
médio
(D) (E)
Clipeolabro
Região procefálica
Crista
(F) Segmento anterior
óptica
Crista
dorsal
Figura 14.1
Gastrulação em Drosohila. (A) Sulco ventral começando a formar à medida que as células
flanqueando a linha mediana ventral se invaginam. (B) O sulco se fecha, com células mesodérmi-
cas colocadas internamente e ectoderma superficial flanqueando a linha mediana ventral. (C)
Vista dorsal de um embrião um pouco mais velho mostrando as células polares e o endoderma
posterior mergulhando no embrião. (D) Vista lateral mostrando migração completa da banda
germinativa. Sutis reentrâncias marcam o começo da segmentação ao longo da banda germinati-
va: Ma, Mx e Lb correspondem aos segmentos mandibular, maxilar e labial da cabeça. T1-T3,
segmentos torácicos; A1-A8, segmentos abdominais. (E) Banda germinativa revertendo sua
direção. Os segmentos reais são agora visíveis, assim como os outros territórios da cabeça dorsal,
tal como o clipeolabro, a região procefálica, a crista óptica e a crista dorsal. (F) Larva recém-
eclodida do primeiro instar. (Cortesia de F. R. Turner.)
CAPÍTULO 14 Especificação axial em Drosophila 545
interior do embrião. Em seguida, se achata para formar uma camada de tecido mesodér-
mico sob o ectoderma ventral. O endoderma prospectivo invagina em duas bolsas nos
terminais anterior e posterior do sulco ventral. As células polares são internalizadas
juntamente com o endoderma. Nesse momento, o embrião se curva para formar o sulco
cefálico e as dobras transversais anterior e posterior. [other.html#droso1]
As células que permanecem na superfície (o ectoderma) sofrem convergência e
extensão, migrando para a linha ventral mediana para formar a banda germinativa. Essa
se estende posteriormente e talvez devido ao invólucro do ovo, se enrola em volta da
superfície superior (dorsal) do embrião. Assim, ao final da formação da banda
germinativa, as células destinadas a formar as estruturas larvais mais posteriores
estão localizadas logo após a futura região da cabeça. Nesse momento, começam a
aparecer os segmentos corporais, dividindo o ectoderma e o mesoderma. A banda
germinativa se retrai em seguida, colocando os presuntivos segmentos posteriores na
extremidade posterior do embrião.
Enquanto a banda germinativa estiver em sua posição estendida, vários proces-
sos chaves morfogenéticos ocorrem: organogênese, segmentação e segregação dos
discos imaginais.* Além disso, o sistema nervoso forma-se a partir de duas regiões de
células ectodérmicas localizadas ventralmente. Conforme descrito no Capítulo 8, os
neuroblastos se diferenciam desse ectoderma neurogênico dentro de cada segmento
(e também da região não-segmentada do ectoderma da cabeça). Portanto, em insetos
como a Drosophila, o sistema nervoso está localizado ventralmente, em vez de ser
derivado do tubo neural dorsal, como nos vertebrados.
*Os detalhes da diferenciação do disco imaginal serão discutidos no Capítulo 19. Para maiores
informações sobre a anatomia do desenvolvimento de Drosophila veja Bate e Martinez-Arias,
1993; Tyler e Schetzer, 1996; e Schwalm, 1997.
Cabeça
Protórax
Mesotórax
Metatórax
Figura 14.2
Comparação entre segmentação larval e adulta
Segmentos em Drosophila. Os três segmentos torácicos
abdominais podem ser distinguidos por seus apêndices: T1
(protorácico) somente tem patas; T2 (mesoto-
rácico) tem asas e patas; T3 (metatorácico) tem
halteres e patas.
546 PARTE IV Especificação do Destino Celular e os Eixos Embrionários
Polaridade adulta tem a sua própria identidade. O primeiro segmento torácico por exemplo, somente
citoplasmática
tem patas; o segundo segmento torácico contém patas e asas. O terceiro segmento
(efeito
materno) torácico tem patas e halteres (equilibradores). Os segmentos torácicos e abdominais
também podem ser diferenciados por suas cutículas. Como aparece esse padrão? Duran-
te a última década, a combinação de métodos da biologia molecular, genética e embriologia,
levou a um modelo detalhado descrevendo como é gerado o padrão periódico ao longo
Gradiente de do eixo ântero-posterior, e como cada segmento é diferenciado dos outros.
proteína
Hunchback
A polaridade ântero-posterior no embrião, na larva e no adulto tem sua origem na
polaridade ântero-posterior do ovo(Figura 14.3). Os genes de efeito materno nos
ovários da mosca produzem RNAs mensageiros que são colocados em diferentes
regiões do ovo. Esse codifica proteínas regulatórias transcricional e de tradução que
Genes
gap se difundem através do blastoderma sincicial, e ativam ou reprimem a expressão de
certos genes zigóticos. Um par dessas proteínas, Bicoid e Hunchback, regula a produ-
ção de estruturas anteriores, enquanto outro par de proteínas especificado maternal-
mente, Nanos e Caudal, regulam a formação da parte posterior do embrião. Em segui-
Genes
pair-rule
da, os genes zigóticos regulados por esses fatores maternos são expressos em certos
domínios largos (cerca de três segmentos de largura), parcialmente sobrepostos. Es-
ses genes são chamados genes gap (genes de fenda-porque suas mutações causam
fendas no padrão de segmentação) e estão entre os primeiros genes transcritos no
embrião. As diferentes concentrações das proteínas dos genes gap causam a transcri-
ção dos genes pair-rule que dividem o embrião em unidades periódicas. O padrão de
transcrição desses genes pair-rule fornece um padrão de listas de sete bandas verti-
Genes de Genes cais perpendiculares ao eixo ântero-posterior. As listas das proteínas dos genes pair-
polaridade homeóticos rule ativam a transcrição dos genes de polaridade segmentar (segment polarity genes).
segmentar Seus mRNAs e produtos protéicos dividem o embrião em 14 unidades de largura
segmentar. Isso estabelece a periodicidade do embrião. Ao mesmo tempo, proteínas
Figura 14.3
Modelo generalizado da formação do padrão dos genes gap, pair-rule e de polaridade segmentar interagem para regular outra
de Drosophila. O padrão é estabelecido por classe de genes, os genes homeóticos, cuja transcrição determina o destino desenvol-
genes de efeito materno que formam gradien- vimental de cada um desses segmentos.
tes e regiões de proteínas morfogênicas. Es-
ses determinantes morfogênicos criam um gra- Os genes de efeito materno
diente da proteína Hunchback que ativa dife-
rencialmente os genes gap que definem terri- Evidência Embriológica da Regulação da Polaridade
tórios amplos do embrião. Os genes gap per-
pelo Citoplasma do Oócito
mitem a expressão de genes pair-rule cada qual
dividindo o embrião em regiões de largura
aproximada equivalente a dois segmentos pri- Experimentos embriológicos clássicos demonstraram que existem pelo menos dois
mordiais. Os genes da polaridade segmentar “centros de organização” no ovo do inseto. Um é o centro de organização anterior, o
dividem o embrião em unidades de tamanho outro o centro de organização posterior. Klaus Sander (1975) postulou que essas duas
segmentar ao longo do eixo ântero-posterior. áreas de organização formam dois gradientes, um iniciado no terminal anterior, e o
A combinação desses genes define os domí- outro no terminal posterior. Cada um desses gradientes forma as suas estruturas
nios espaciais dos genes homeóticos que de- próprias nos pólos e interage com o outro gradiente para formar a estrutura central do
finem as identidades de cada segmento. Des- embrião. Sander baseou esse modelo em experimentos envolvendo a ligação do em-
sa maneira, periodicidade é gerada a partir de
brião em vários tempos durante o desenvolvimento, e transplantando regiões do
não-periodicidade, e cada segmento recebe
uma única identidade. citoplasma polar de uma região do ovo para outra (Figura 14.4). Primeiro, quando ele
moveu o citoplasma do pólo posterior para mais anteriormente, obteve um pequeno
embrião anterior ao plasma do pólo posterior, enquanto segmentos extras, não organi-
zados em um embrião, formavam-se atrás dele (veja Figura 14.4D). Em segundo lugar,
ele quando ligava o ovo precocemente durante o desenvolvimento, separando a re-
gião anterior da posterior, metade se desenvolveu em um embrião anterior, enquanto a
outra metade se desenvolveu em um embrião posterior, porém, nenhuma das metades
continha os segmentos medianos do embrião. Quanto mais tardiamente no desenvol-
vimento era feita a ligadura, menos segmentos medianos estavam faltando. Assim,
pareceu que realmente havia gradientes emanando dos dois pólos durante a clivagem
e que esses gradientes interagiam para produzir a informação posicional determinante
da identidade de cada segmento.
CAPÍTULO 14 Especificação axial em Drosophila 547
Anterior
Prosencéfalo
Segmentos
da cabeça
Segmentos
torácicos
Segmentos
abdominais
Posterior
Figura 14.4
Experimento de ligadura de Sander no embrião do inseto saltador de folhas Euscelis. (A) Em-
brião normal em visão ventral. A bola preta na base representa um agregado de bactérias simbióticas
que marca o pólo posterior. (B) Após ligadura do embrião precoce, forma-se um embrião parcial,
mas a cabeça e os segmentos torácicos estão ausentes em ambos embriões. (C) Quando ligados
mais tarde (no estágio de blastoderma) são formados mais dos segmentos faltantes, mas a maioria
dos embriões ainda não tem os segmentos mais centrais. (D) Quando o citoplasma do pólo
posterior é transplantado para um embrião ligado no estágio de blastoderma, um embrião peque-
no, porém completo, forma-se na metade anterior, enquanto a metade posterior forma um embrião
parcial invertido. Esses resultados podem ser explicados em termos de gradientes nos pólos do
embrião que ativam um conjunto de estruturas e reprimem a formação de outras. (Segundo
Sander, 1960, e French, 1988.)
Tabela 14.1 Genes de efeito materno que afetam a polaridade ântero-posterior do embrião de Drosophila
GRUPO ANTERIOR
bicoid (bcd) Cabeça e tórax deletados, substituídos Morfógeno anterior graduado contém
por telso invertido homeodomínio, reprime caudal
exuperantia (exu) Estruturas anteriores da cabeça deletadas Âncora mRNA bicoid
swallow (swa) Estruturas anteriores da cabeça deletadas Âncora mRNA bicoid
GRUPO POSTERIOR
nanos (nos) Sem abdome Morfógeno posterior; reprime huchback
tudor (tud) Sem abdome, sem células polares Localização de Nanos
oskar (osk) Sem abdome, sem células polares Localização de Nanos
vasa (vas) Sem abdome, sem células polares; Localização de Nanos
oogênese defeituosa
valois (val) Sem abdome, sem células polares; Estabilização da localização do
celularização defeituosa complexo Nanos
pumilio (pum) Sem abdome Ajuda proteína Nanos ligar mensagem
hunchback
caudal (cad) Sem abdome Ativa genes do terminal posterior
GRUPO TERMINAL
torso (tor) Sem terminais Possível morfógeno para terminais
trunk (trk) Sem terminais Transmite sinal torsolike para torso
fs(1)Nasrat[fs(1)N] Sem terminais; ovos em colapso Transmite sinal torsolike para torso
fs(1)polehole[fs(1)ph] Sem terminais; ovos em colapso Transmite sinal torsolike para torso
Figura 14.6
Três vias genéticas independentes interagem para formar o eixo ântero-posterior do embrião de
Drosophila. Em cada caso, a assimetria inicial é estabelecida durante a oogênese, e o padrão é
organizado pelos produtos maternos logo após a fertilização. A realização do padrão ocorre
quando os produtos maternos localizados ativam ou reprimem genes zigóticos específicos em
diferentes regiões do embrião. (Segundo St. Johnston e Nüsslein-Volhard, 1992.)
Meia- Conclusão da Blastoderma Blastoderma Expressão Fenótipo
oogênese oogênese sincicial celular gênica
Abdome
Telso
Deficiente em bicoid
Telso
Proteína Células Células
Oócito
Caudal embrionárias polares
Células nutrizes ovarianas mRNA bicoid mRNA bicoid Proteína Bicoid ativa Abdome
secretam mRNA bicoid localizado no anterior traduzido forma os genes gap anterior,
para o oócito, cujo núcleo por produtos de gradiente protéico; orthodentical
interage com células exuparantia e reprime tradução de buttonhead,
foliculares posteriores swallow mRNA caudal e o gene hunchback
Anterior Bicoid: Telso
Proteína
RNA Hunchback
hunchback
Materno
RNA nanos Deficiente em nanos
Ácron
Cabeça
Tórax
Proteína
Nanos RNA giant Telso
Proteína RNA RNA
Staufen oskar RNA nanos Knirps
Células nutrizes mRNA nanos mRNA nanos traduzido nanos ativa genes
ovarianas secretam secretado por células bloqueia tradução gap posteriores
“forma” posterior para nutrizes ovarianas da mensagem (tais como
ligar mRNA nanos localizadas no hunchback no knirps e giant)
pólo posterior posterior do embrião
Posterior: Nanos
Proteína Proteína mRNA
Proteína Torsolike Torso ativada tailess e
Proteína
Torsolike huckebein
Torso
Deficiente em torso
Cabeça
Tórax
Proteína
Torsolike Abdome
Células
Células foliculares
foliculares
ovarianas produzem mRNA tailess
proteína Torsolike Torsolike ativa e huckebein Torso ativa
nas extremidades Torso nas genes gap
anterior e posterior extremidades terminais
Terminal: Torso
550 PARTE IV Especificação do Destino Celular e os Eixos Embrionários
A) Oócito (C)
ANTERIOR
Concentração
mRNA bicoid
Cortex,
Bicoid Hunchback Nanos Grauzone,
caudal
Staufen
mRNA caudal
Anterior Posterior Proteína Bicoid
(B) Embrião de clivagem precoce
Proteína Caudal
PROTEÍNA
POSTERIOR
Hunchback
Concentração
Proteína
Nanos Pumilio p55
Anterior Embrião de Posterior
Proteína
clivagem precoce
Hunchback
Figura 14.7
Um modelo da geração do padrão ântero-posterior por genes de efeito materno. (A) Os RNA
mensageiros bicoid, nanos, hunchback e caudal são colocados no oócito pelas células nutrizes
ovarianas. A mensagem bicoid é seqüestrada anteriormente. A mensagem nanos é enviada para
o pólo posterior. (B) Na tradução, o gradiente da proteína Bicoid é enviado para o pólo posterior,
e o gradiente da proteína Nanos se estende do posterior para o anterior. Nanos inibe tradução da
mensagem hunchback (no posterior), enquanto Bicoid previne a tradução da mensagem caudal
(no anterior). Isso resulta na oposição dos gradientes Caudal e Hunchback. O gradiente Hunchback
é reforçado secundariamente pela transcrição do gene hunchback dos núcleos anteriores (já que
Bicoid age como um fator de transcrição ativando a transcrição do gene hunchback). (C) Intera-
ções paralelas pelas quais a regulação da tradução gênica estabelece o padrão ântero-posterior do
embrião de Drosophila. No anterior do embrião, o mRNA bicoid é ligado ao citoesqueleto
anterior e impedido de ser traduzido por ter uma pequena cauda poliadenilada. Na fecundação, a
cauda é estendida de maneira dependente das proteínas Cortex, Grauzone e Staufen, e o mRNA
bicoid é traduzido. A proteína Bicoid suprime a tradução do mRNA caudal. Na região posterior
do embrião, o mRNA nanos é suprimido no oócito pela proteína Smaug (que se liga à sua
3’UTR). Na fertilização, Oskar ajuda em sua tradução e a proteína Nanos age como um supressor
da tradução de mRNA hunchback. (C segundo Macdonald e Smibert, 1996.)
posterior. A proteína Bicoid inibe a tradução do RNA caudal, permitindo com isso que
a proteína Caudal seja somente sintetizada na parte posterior da célula. Reciprocamen-
te, a proteína Nanos, em conjunto com a proteína Pumilio, liga-se ao RNA hunchback,
impedindo sua tradução na parte posterior do embrião. Bicoid também eleva o nível da
proteína Hunchback no anterior do embrião ligando-se aos intensificadores do gene
hunchback e estimulando sua transcrição (Figura 12.18). O resultado dessas intera-
ções é a criação de quatro gradientes protéicos no embrião precoce:
• Um gradiente anterior-para-posterior da proteína Bicoid
• Um gradiente anterior-para-posterior da proteína Hunchback
• Um gradiente posterior-para-anterior da proteína Nanos
• Um gradiente posterior-para-anterior da proteína Caudal
O palco está agora preparado para a ativação dos genes zigóticos naqueles núcleos que
tinham sido ocupados dividindo-se enquanto esse gradiente estava sendo estabelecido.
CAPÍTULO 14 Especificação axial em Drosophila 551
Informações adicionais
& Especulações
C OMO PODEM CÉLULAS ser in- sificador que liga o morfógeno fracamen- (A) (C)
formadas de sua posição no te. Somente quando houver uma grande
embrião e em seguida usar tal concentração do morfógeno esse gene
informação para diferenciar-se no tipo estaria ativo. O(s) gene(s) responsáveis
apropriado de célula? Uma explicação pro- pela formação do tórax, por outro lado,
põe gradientes de substâncias morfoge- poderiam apresentar um intensificador que
(B) (D)
néticas (Boveri, 1901; Child, 1941; Wol- ligasse o morfógeno mais eficazmente, o Gradiente Q
Concentração Q
pert, 1971). Nesses modelos, uma subs- que o habilitaria a responder a níveis rela- Gradiente P
tância solúvel (morfógeno) é posicionada tivamente baixos daquele morfógeno. As
de forma a se difundir de uma fonte (onde células da cabeça expressariam ambos os
é produzida) para um ralo (onde é degra- genes, enquanto os genes do tórax ex-
dada), estabelecendo um intervalo contí- pressariam somente aquele gene cujo in-
nuo de concentrações dentro dessa re- tensificador puder ligar baixas quantida- Centro da
Veias alares
pinta ocular
gião. Considerações teóricas (veja Crick, des do morfógeno. As células das por-
1970) sugerem que cada um desses gradi- ções posteriores do corpo não veriam Figura 14.9
entes somente pode atuar ao longo de dis- quantidade alguma desse morfógeno, e Modelo de um gradiente de informação
posicional proposto para explicar pintas em asas
tâncias curtas, menos que 100 células de nenhum desses genes seria ativado. Des- de borboleta. (A) Fotografia de uma pinta ocu-
diâmetros. Em modelos de gradientes, a sa maneira, as células poderiam sentir a lar na asa de Morpho peleides. (B) Diagrama
concentração de morfógenos muda com presença de um morfógeno e responder de um modelo de dois gradientes que pode ex-
a distância, as concentrações mais altas diferentemente. O sensor não precisaria plicar a maneira pela qual a pinta foi gerada. A
estão próximas da fonte do morfógeno. ser um intensificador; poderia bem ser origem do morfógeno está no centro da pinta e
As células teriam que ter “sensores” que um receptor para um fator de crescimen- corresponde ao ápice de um cone, cuja altura
reflete sua concentração. A concentração Q re-
responderiam diferentemente a concentra- to específico na superfície celular (veja presenta o nível de morfógeno necessário para
ções diferentes do gradiente. Se o Capítulo 17). alcançar o limiar de sensibilidade para forma-
morfógeno for um fator de transcrição, A maioria dos modelos de gradiente ção de cor naquelas células alares. (C) Foto-
elementos intensificadores ou promoto- assume que todas as células que podem grafia da asa de Smyrna blomfildia, na qual as
res poderiam ligar o morfógeno com for- responder a um gradiente são equivalen- pintas oculares são elípticas. (D) Orientações
diferentes do gradiente de sensibilidade Q po-
ças diferentes (Figura 14.8). Por exemplo, tes. Todas essas células interpretam o si- dem resultar em tais pintas elípticas. (Segundo
se um morfógeno estiver sendo produzi- nal do morfógeno da mesma maneira e a Nijhout, 1981, cortesia de H. F. Nijhout.)
do no anterior do corpo, os genes res- concentração de morfógeno que recebem
ponsáveis pela organização do desenvol- determina sua identidade. Porém, a inter-
amente linear. Considere por exemplo, uma
vimento da cabeça poderiam ter um inten- pretação dos gradientes não é necessari-
série de notas de um exame que se esten-
de uniformemente de 100 a 60. Em um es-
Ambos Gene A inativo Ambos genes
genes Gene B ativo inativos
quema (uma leitura “linear”), uma nota
ativos Figura 14.8 entre 100 e 90 é A, 89-80 é B, 79-70 é C e
Gene A Modelo hipotético para gradientes estabelecen- 69-60 é D. Em uma outra classe (usando
do informação posicional. A concentração do leitura “curva”), 100-95 é A, 94-85 é B, 84-
Gene B morfógeno diminui a partir da origem. Neste 70 é C e 69-60 é D. Nijhout (1981) usou um
diagrama, os receptores para o morfógeno são modelo de dois gradientes para explicar o
elementos intensificadores para dois genes que desenvolvimento dos padrões “marcas de
Concentração do morfógeno
controlam o destino celular, porém, os recepto- olhos” das asas de borboleta. Um gradi-
res também poderiam ser citoplasmáticos ou ente consiste de uma difusão linear de
de membrana. Um dos receptores (neste caso, morfógeno. O segundo envolve a inter-
Limiar A
Limiar B
(A)
(B)
(C)
Concentração da proteína Bicoid
Figura 14.11
Gradiente da proteína Bicoid no embrião precoce de Drosophila.
(intensidade da mancha)
Figura 14.13 (A) Estágio 1-6 (?) (B) Estágio 6-7 (C) Estágio 7-8
A importância das interações oócito-folículo
Células Núcleo do
na formação dos eixos dorsoventral e ântero-
nutrizes Oócito gurken oócito
posterior de Drosophila. (A) O núcleo do
oócito fica localizado no lado posterior do ovo.
Ele localiza um fator (a proteína Gurken) que é
recebido pelas células no terminal posterior da
câmara do ovo. (B,C) Isso faz com que as célu-
las foliculares se diferenciem em células foli-
culares posteriores e secretem algum fator que Células Núcleo do Células Células
motiva o oócito a realinhar seus microtúbulos. foliculares oócito com foliculares foliculares
É possível que esse fator atue ativando a prote- polares não- mRNA gurken anteriores posteriores
ína quinase A (PKA) na membrana celular do comprometidas
oócito (veja Capítulo 22). (D) Essa reorganiza- Mensagem gurken
ção permite o transporte da proteína Oskar e mRNA bcd
(D) Estágio 9 sobre o núcleo
mRNA nanos para o pólo posterior do ovo e Células foliculares dorsais
retém a mensagem bicoid no pólo anterior do
Microtúbulos
ovo. Ao mesmo tempo, o núcleo do oócito vi-
aja ao longo dos microtúbulos repolarizados Células foliculares
em direção à região dorso-anterior do ovo. Aqui, posteriores
o mesmo sinal (a proteína Gurken) inicia o eixo
dorsoventral sinalizando essas células para tor- mRNA osk
narem-se células foliculares dorsais. (Segundo
Gonzáles-Reyes et al., 1995.) Células foliculares ventrais
Figura 14.14
Influência da proteína Bicoid na ativação do gene hunchback. Dife-
rentes regiões do promotor hunchback foram fundidas com o gene
repórter CAT e injetadas em outros embriões tipo selvagem, ou
embriões de mães deficientes em bicoid. Quanto mais sítios ligantes
de Bicoid havia na região promotora, tanto mais eficaz era sua
expressão nos embriões de tipo selvagem. Em embriões sem prote-
ína Bicoid, nenhuma transcrição resultou de qualquer dos genes
Gene movimentados pelo promotor hunchback. (Segundo Driever e
CAT Atividade CAT Nüsslein-Volhard, 1989.)
556 PARTE IV Especificação do Destino Celular e os Eixos Embrionários
regiões anteriores da cabeça. Em adição à sua necessidade por níveis altos de Bicoid
para ativação, esses genes também requerem a presença da proteína Hunchback para
serem transcritos (Simpson-Brose et al., 1994; Reinitz et al., 1995). As proteínas Bicoid
e Hunchback atuam sinergicamente como intensificadores desses “genes da cabeça”
promovendo suas transcrições.
ZIGÓTICOS
Fator de transcrição
Os genes da segmentação
Uma Visão Panorâmica
Segmentos
Comportamentos
Parasegmento
Figura 14.17
Segmentos e parasegmentos. A e P representam os compartimentos anterior e posterior
dos segmentos. Os parasegmentos são mudados para um compartimento à frente. Ma, Mx
e Lb representam três dos segmentos da cabeça (mandibular, maxilar e labial), os segmen-
tos T são torácicos, e os segmentos A são abdominais. Os parasegmentos estão numerados
de 1 até 14. Abaixo do mapa estão os limites da expressão gênica observada pela hibridi-
Embrião zação in situ do cDNA radioativo do gene pair-rule fushi tarazu (ftz). (Segundo Martinez-
Embrião mais Larva Arias e Lawrence, 1985.)
precoce tardio Larva (mutante
(normal) (normal) (normal) letal)
Área da Área da Existem três classes de genes de segmentação, cada classe expressa após outra
ação gênica ação gênica Bandas de
dentícula (Figura 14.3). A transição de um embrião caracterizado por gradientes de morfógenos
para um embrião tendo unidades distintas é realizada por produtos dos genes gap. Os
genes gap são ativados ou reprimidos pelos genes de efeito materno, e dividem o
embrião em largas regiões contendo vários primórdios parasegmentares. O gene
krüppel, por exemplo, é expresso primeiramente nos parasegmentos 4-6 no centro do
embrião de Drosophila (Figuras 14.18A e 14.19; Prancha 14A); a ausência de krüppel
faz com que o embrião não apresente essas regiões. Os produtos protéicos dos genes
(A) Gap: Krüppel gap interagem com as suas proteínas vizinhas codificadas por genes gap e ativam a
transcrição de genes pair-rule. A transcrição desses genes subdivide os largos domí-
nios do gene gap em parasegmentos. Mutações dos genes pair-rule (como em fushi
tarazu; Prancha 14C) usualmente deleta porções de cada segmento alternante. As
Figuras 14.18 e 14.20 comparam o morfologia do embrião de tipo selvagem com aquela
do mutante fushi tarazu. Finalmente, os genes de polaridade segmentar são responsá-
veis pela manutenção de certas estruturas repetitivas dentro de cada segmento. Mu-
tações nesse grupo de genes faz com que uma porção de cada segmento seja deletada
e substituída por uma estrutura em imagem espelhar de outra porção do segmento. Por
exemplo, em mutantes engrailed, as porções posteriores de cada segmento são subs-
(B) pair-rule: fushi tarazu tituídas por duplicatas da região anterior do segmento subseqüente (Figura 14.18C;
Prancha 14D). Assim, os genes de segmentação são fatores de transcrição que tomam
os gradientes do embrião de clivagem precoce e transformam o embrião em uma peri-
ódica estrutura parasegmentar.
Figura 14.18
Três tipos mutantes de padrões de segmentação. O painel à esquerda mostra o embrião em estágio
de clivagem, com a região onde um determinado gene é normalmente transcrito no embrião tipo
selvagem mostrado em cores. Nos três painéis à direita, as áreas coloridas foram deletadas à
(C) Polaridade segmentar: engrailed medida que esses mutantes se desenvolvem. (Segundo Mange e Mange, 1990.)
CAPÍTULO 14 Especificação axial em Drosophila 561
(A)
(B)
Pró-cefálico
Maxilar
Figura 14.20
Defeitos constatados no embrião ftz-. (A) Micrografia eletrônica
de varredura de um embrião do tipo selvagem, visto lateralmente.
(B) O mesmo estágio em um embrião ftz-. As linhas brancas
conectam as porções homólogas de uma banda germinativa seg-
mentada. (C) Diagrama da segmentação embrionária do tipo selva-
Clipeolabro
gem. As regiões sombreadas mostram os parasegmentos da banda
Labial
germinativa que estão faltando no embrião ftz-. (Segundo Kaufman
(C) Mandíbula et al., 1990, fotografias cortesia de T. Kaufman.)
562 PARTE IV Especificação do Destino Celular e os Eixos Embrionários
hunchback
krüppel
Knirps
tailless
giant
Figura 14.21
Deleções segmentares em mutantes de genes gap. A tabela sob as fotografias indica por
barras brancas regiões segmentares faltantes. Em mutantes hunchback, a região é estendida
(sobreamento mais claro) quando tanto a mãe como o zigoto não têm atividade do gene
hunchback. Os reais domínios da expressão hunchback não foram completamente expres-
sos. (Segundo Gaul e Jäckle, 1990; expressão huckebein segundo Weigel et al., 1990;
fotografias cortesia de E. Wieschaus.)
seja responsável pela ativação dos genes gap abdominais knirps e giant. O gene
giant tem dois modos de ativação um para sua banda de expressão anterior, e um
para a banda de expressão posterior (veja Figura 14.15; Rivera-Pomar, 1995; Schultz
e Tautz, 1995).
Após a colocação inicial dessas proteínas pelos genes de efeito materno e
Hunchback, elas se estabilizam e são mantidas por interações entre os diferentes
genes gap*. Por exemplo, a expressão do gene Krüppel é regulada negativamente
no seu limiar anterior pela proteína Hunchback, e no seu limiar posterior pelas
proteínas Knirps e Tailless (Jäckle et al., 1986; Harding e Levine, 1988; Hoch et al.,
1992). Se a atividade de Hunchback está faltando, o domínio da expressão de
Krüppel estende-se anteriormente. Se a atividade Knirps estiver faltando, a ex-
pressão gênica Krüppel estende-se mais posteriormente. Os limites entre as regi-
ões de transcrição dos genes gap são provavelmente criados por repressão mú-
tua. Tal como as proteínas Giant e Hunchback podem controlar o limite anterior da
transcrição de Krüppel, assim também Krüppel pode determinar os limites poste-
riores da transcrição de giant e hunchback. Se um embrião não tiver o gene Krüppel,
a transcrição de hunchback continua para dentro da área usualmente reservada
para Krüppel (Jäckel et al., 1986; Kraut e Levine, 1991). Essas inibições formado-
ras de limites são consideradas ser mediadas diretamente pelos produtos dos
genes gap, porque todos os principais genes gap (hb, gt, Kr e kni) codificam
proteínas ligantes de DNA que podem ativar ou reprimir a transcrição (Kniple et
al., 1985; Gaul e Jäckle, 1990; Capovilla et al., 1992).
Além do mais, essas interações são altamente específicas e o produto de um
gene gap pode se ligar aos promotores de outros genes gap. A determinação da
“pegada” (“footprinting”) de DNase I mostra que a proteína codificada pelo gene
Krüppel tipo selvagem liga-se à região promotora do gene hunchback (que ele
inibe) e à região promotora do gene knirps (que ele estimula). A região promotora de
knirps também é reconhecida pelo produto protéico do gene tailless, que inibe a
transcrição de knirps. A proteína Hunchback (além de reconhecer o promotor de
Krüppel) também reconhece seu próprio promotor, sugerindo que hunchback está
envolvido na regulação de sua própria expressão (Pankratz et al., 1990; Stanojevíc et
al., 1989; Treisman e Desplan, 1989).
Os Genes pair-rule
*As interações entre genes e produtos de genes são facilitadas pelo fato de que essas reações
ocorrem dentro de um sincício. As membranas celulares ainda não se formaram.
564 PARTE IV Especificação do Destino Celular e os Eixos Embrionários
(B)
(C)
Repressores
Giant Krüppel
Até aqui, nossa discussão identificou interações entre moléculas dentro do embrião
sincicial. Porém, uma vez formadas as células, interações passam a acontecer entre
elas. Essas interações intercelulares são mediadas pelos genes da polaridade seg-
mentar e realizam duas tarefas importantes. Primeiro, reforçam a periodicidade (B)
parasegmentar estabelecida por fatores transcricionais anteriores. Em segundo lu-
gar, através dessa sinalização celular, os destinos das células são estabelecidos
dentro de cada parasegmento.
Muitos genes de polaridade segmentar codificam proteínas que são constituin- (C)
tes de trajetos sinalizadores celulares. Por exemplo, Wingless e Hedgehog são pro-
teínas secretadas que agem como ligantes, enquanto Patched é uma proteína
transmembrana que age como receptor (para Hedgehog). Outros genes de polarida-
de segmentar, como disheveled, zeste white-3 e fused, codificam transdutores de (D)
sinais (veja Capítulo 3), e alguns, como engrailed, armadillo e cubitus interruptus,
são considerados fatores de transcrição ativados por essas trajetórias. Mutações
nesses genes de polaridade segmentar levam a defeitos na segmentação e padroni-
zação através do parasegmento.
(E)
Figura 14.24
Transcrição do gene ftz. (A-D) No começo do ciclo 14, há baixa transcrição em cada núcleo da
região segmentada do embrião de Drosophila. Dentro dos próximos 30 minutos, o padrão da
expressão se altera enquanto a transcrição de ftz é intensificada em certas regiões (que formam as
faixas) e reprimida nas regiões entre as faixas. (E) Dupla marcação dos transcritos even-skipped
(bandas mais escuras) e fushi tarazu (bandas mais claras), mostrando que ftz é expresso entre a
bandas. (A-D segundo Karr e Kornberg, 1989; E cortesia de M. Levine.)
566 PARTE IV Especificação do Destino Celular e os Eixos Embrionários
Figura 14.25
Modelo para a transcrição dos genes de po-
laridade segmentar engrailed (en) e wingless
(wg). (A) A expressão de wg e en é iniciada
por genes pair-rule. O gene engrailed é ex-
presso quando as células contêm altas con-
centrações das proteínas Even-skipped ou
Fushi tarazu. O gene wingless é transcrito
Segmento Segmento Segmento Segmento quando nem o gene eve nem ftz estão ativos,
Parasegmento Parasegmento Parasegmento Parasegmento mas um terceiro gene (provavelmente odd-
paired) é expresso. (B) A expressão contí-
(A) Iniciação por produtos de genes pair-rule nua de wg e en é mantida pela interação entre
células expressando engrailed e wingless. A
produtos dos genes
Concentração de
Difusão da proteína
Receptores Patched Hedgehog
Proteína Wingless
Frizzled
Transcrição
de wingless
Armadillo
Transcrição
Cubitus interruptus Receptores de engrailed,
Patched hedgehog
Hedgehog
Proteína smoothened
568 PARTE IV Especificação do Destino Celular e os Eixos Embrionários
Gradiente Gradiente
Hedgehog Wingless
Figura 14.26
Especificação celular pelo centro sinalizador Wingless/Hedgehog. (A) Fotografia em campo
iluminado de embrião tipo selvagem de Drosophila, mostrando a posição do terceiro segmento
abdominal. (B) Aproximação da área dorsal do segmento A3, mostrando as diferentes estrutu-
ras cuticulares produzidas pelas 1a, 2 a, 3a e 4a filas de células. (C) Modelo para o papel de
Wingless e Hedgehog. Cada sinal é responsável por aproximadamente metade do padrão. Cada
sinal, ou age de uma maneira gradual (aqui mostrada como gradientes diminuindo a partir de
suas respectivas fontes) para especificar os destinos de células distantes dessas fontes, ou cada
sinal pode agir localmente sobre células vizinhas para iniciar uma cascata de induções (aqui
mostrada como setas em seqüência). (Segundo Heemskerk e DiNardo, 1994; fotografias
cortesia dos autores).
usa um ligante e um receptor diferentes (Figura 14.26). O padrão dos destinos celula-
res também muda o foco da padronização de parasegmento em segmento. Tem-se
agora marcadores externos, as células expressando engrailed tornando-se as células
mais posteriores de cada segmento.
(A)
Figura 14.27
Os domínios funcionais dos genes dos complexos bithorax e Antenna-
Complexo Antennapedia Complexo Bithorax pedia em Drosophila. (A) O complexo bithorax foi dividido em três
grupos complementares letais identificados por E. B. Lewis. Os genes
(B) do complexo Antennapedia são labial (lab), Deformed (Dfd), Sex comb
reduced (Scr) e Antennapedia (Antp). (B) Sumário do controle dos
genes AbdA e AbdB em Drosophila. Os limites são controlados pelos
genes gap. As séries de mutações infra-abdominal controlam os ele-
mentos reguladores desses genes. (A segundo Dessain et al., 1992; B
segundo Casares e Sánchez-Herrero, 1995.)
570 PARTE IV Especificação do Destino Celular e os Eixos Embrionários
Como esses genes são responsáveis pela especificação das partes corporais da
mosca, suas mutações levam a fenótipos bizarros. Em 1984, William Bateson chamou
esses organismos de “mutantes homeóticos”, que fascinaram biologistas do desen-
volvimento por décadas. O gene Antennapedia, por exemplo, é considerado especifi-
car a identidade do segundo segmento torácico. Na mutação dominante de
Antennapedia, esse gene é expresso na cabeça bem como no tórax, e os discos imaginais
da região da cabeça são especificados como torácicos. Com isso, patas em lugar de
antenas crescem dos soquetes da cabeça (Figura 14.28). No mutante recessivo de
Antennapedia, o gene deixa de ser expresso no segundo segmento torácico, e ante-
nas brotam das posições das patas (Struhl, 1981; Frischer et al., 1986; Schneuwly et al.,
1987). De maneira semelhante, quando o gene Ultrabithorax é deletado, o terceiro
segmento torácico (caracterizado por halteres) se transforma em outro segundo seg-
mento torácico. O resultado (Figura 14.29) é uma mosca com quatro asas - uma situa-
ção embaraçosa para um díptero clássico*.
*Dípteros (insetos com duas asas como as moscas) são considerados ter evoluído de insetos
normais com quatro asas; é possível que essa mudança ocorreu através de alterações no complexo
bithorax. O Capítulo 23 inclui mais especulações sobre a relação entre genes bithorax e a evolução.
Figura 14.29
A mosca das frutas de quatro asas foi construída juntando-se
três mutações em reguladores cis do gene Ultrabithorax.
Essas mutações transformam eficazmente o terceiro segmen-
to torácico em outro segundo segmento torácico (i.e., halteres
em asas). (Cortesia de E. B. Lewis.)
CAPÍTULO 14 Especificação axial em Drosophila 571
Segmentos:
gene en:
Parasegmentos:
gene ftz:
Complexo Antennapedia
labial Epiderme
(lab)
Sistema
nervoso
central (CNS)
Deformed
(Dfd) Epi
CNS
Antennapedia
(Antp)
Epi
CNS
Complexo bithorax
Ultrabithorax
(Ubx)
Epi
CNS
abdominal A
(abdA)
Epi
CNS
Abdominal B
(AbdB)
Epi
CNS
caudal
(cad)
Epi
Figura 14.30
Regiões de expressão gênica homeótica (tanto
mRNA como proteína) no blastoderma e (al-
Esses principais genes seletores homeóticos foram clonados e sua expressão ana- gumas horas mais tarde) no sistema nervoso
lisada por hibridização in situ (Harding et al., 1985; Akam, 1987). Os resultados desses central do embrião de Drosophila. As áreas
experimentos estão sumariados na Figura 14.30. Transcritos de cada loco são detecta- escurecidas são segmentos ou parasegmentos
dos em regiões específicas do embrião sendo especialmente proeminentes no sistema com mais produto. As barras adjacentes à ilus-
nervoso central. Em mutantes homeóticos, essa expressão normal fica alterada. Por tração representam a expressão gênica dentro
exemplo, em alelos dominantes de Antennapedia, o gene Antennapedia foi invertido dos limites parasegmentares. (Segundo
no cromossomo, fazendo com que perdesse seu próprio promotor ficando sob o con- Kaufman et al., 1990.)
trole de um promotor diferente, ativo na cabeça. Isso causa a expressão ectópica de
Antp na cabeça. De maneira semelhante, se o gene Ultrabithorax for colocado em um
novo promotor e expresso na região da cabeça, as antenas começam a produzir estru-
turas específicas de patas e proteínas (Mann e Hogness, 1990).
572 PARTE IV Especificação do Destino Celular e os Eixos Embrionários
A iniciação dos domínios dos genes homeóticos é influenciada pelos genes gap e
genes pair-rule. Por exemplo, a expressão dos genes abdA e AbdB é reprimida
pelas proteínas Gap Hunchback e Krüppel. Essa inibição impede esses genes que
(A) especificam para o abdome, serem ativos na cabeça e no tórax (Casares e Sánchez-
Herrero, 1995). Reciprocamente, o gene Ultrabithorax é ativado por certos níveis
da proteína Hunchback, fazendo com que seja originalmente transcrito em uma
larga banda no meio do embrião, e a proteína Gap Krüppel ative a transcrição de
Antennapedia (Figura 14.31; Harding e Levine, 1988; Struhl et al., 1992). Os limites
de expressão dos genes homeóticos são logo confinados a parasegmentos defini-
dos pela proteínas Fushi tarazu e Even-skipped (Ingham e Martinez-Arias, 1986;
(B) Müller e Bienz, 1992).
Disco antenal
Figura 14.32
A “armadilha de intensificador” do transpóson transporta um gene β-galactosidase, ativado
quando colocado perto de um intensificador. Em uma linhagem, o transpóson ficou incorporado
perto de um gene regulado diferencialmente na cabeça e no tórax. (A) Discos imaginais da pata de
larvas do tipo selvagem (no terceiro instar logo antes da transformação em crisálida) não expres-
sam um gene particular salm. (B) Os discos antenais da mesma larva expressam salm. (C) Discos
antenais de um mutante de Antennapedia mostram que esse gene está reprimido nesse mutante.
(Segundo Wagner-Bernholz et al., 1991, cortesia de W. J. Gehring.)
mas é expresso no disco imaginal da antena (Figura 14.32). Assim, salm parece ser
um gene que é reprimido pela proteína Antennapedia. A repressão do gene salm
pode ser crítica para a formação de tecido das patas, em lugar de tecido antenal,
dos discos imaginais torácicos.
Outro método empregado para achar tais genes tem sido o seqüenciamento. O
seqüenciamento de genes mostrou que alguns genes têm elementos intensificadores
que ligam os genes homeóticos, com isso, fazendo com que eles sejam regulados por
padrões de expressão dos genes homeóticos. Um gene alvo, decapentaplegic, tem
um sítio de ligação em seu intensificador para a proteína Ultrabithorax. Isso permite à
proteína Decapentaplegic ser expressa no mesoderma visceral do parasegmento 7,
onde é necessária para o desenvolvimento do intestino médio (Immergluck et al., 1990;
Panganiban et al., 1990).
Outro alvo das proteínas homeóticas, o gene Distal-less (ele próprio um gene
contendo um homeobox) é necessário para o desenvolvimento dos membros e é
ativo somente no tórax. A expressão Distal-less é reprimida no abdome, provavel-
mente por uma combinação de proteínas Ubx e AbdA que podem-se ligar a seu
intensificador e bloquear a transcrição (Vachon et al., 1992; Castelli-Gair e Akam,
1995). Isso apresenta um paradoxo, já que ambos, o parasegmento 5 (inteiramente
torácico e produtor de patas) e o parasegmento 6 (que inclui a maior parte do
primeiro segmento abdominal livre de patas) expressam Ultrabithorax. Como po-
dem dois segmentos tão diferentes ser especificados pelo mesmo gene? Castelli-
Gair e Akam (1995) mostraram que a mera presença da proteína Ubx em um grupo
de células não é suficiente para a especificação. Em vez disso, o momento e o local
de sua expressão dentro do parasegmento podem ser críticos. Antes da expressão
Ubx, os parasegmentos 4-6 têm potenciais semelhantes. No estágio 10, a expres-
são de Ubx nas partes anteriores dos parasegmentos 5 e 6 impede-os de formarem
estruturas (como a espiral anterior), características do parasegmento 4. Além dis-
so, no compartimento posterior do parasegmento 6 (mas não do parasegmento 5),
a proteína Ultrabithorax bloqueia a formação do primórdio dos membros reprimin-
do os genes Distal-less. No estágio 11, quando Ubx tiver alcançado todo
parasegmento 6, o gene Distal-less tornou-se auto-regulatório e não pode ser
reprimido por Ultrabithorax (Figura 14.33).
574 PARTE IV Especificação do Destino Celular e os Eixos Embrionários
Proteína AbdA
(C)
Segmentos
Compartimentos
Parasegmentos
Mutações
Ultrabithorax
Mutações
reguladoras
Seqüências reguladoras
Genes estruturais
Unidades de transcrição
Figura 14.34
Mutações reguladores no complexo bithorax. A mosca adulta esquematizada é dividida em
segmentos e compartimentos anterior e posterior. As regiões reguladoras do gene Ultrabithorax
estão mostradas abaixo da mosca. As áreas sombreadas representam a região especificada pelo
domínio regulador particular. A linha contínua abaixo desse representa a região de 300.00 pares
de bases do complexo. As três unidades de transcrição que codificam as três proteínas homeóti-
cas do complexo bithorax estão mostradas em relação aos locais reguladores. Cada um desses
genes é transcrito da direita para a esquerda. Os éxons são mostrados como caixas escuras, os
íntrons por linhas interrompidas. Acima da linha estão as seqüências reguladoras definidas por
mutações genéticas, e a cor das linhas corresponde ao gene que a seqüência regula positivamente.
(Segundo Peifer et al., 1897; Beachy, 1990; Casares e Sánchez-Herrero, 1995.)
Informações adicionais
& Especulações
Hélice III
CAPÍTULO 14 Especificação axial em Drosophila 577
Co-fatores para os Genes Hom-C Extradenticle, ela irá transformar esse fator de transcrição dedo de zinco é ne-
Os genes hoemóticos do complexo ho- segmento em A3. Além disso, as proteí- cessário para o funcionamento do pro-
meótico da Drosophila especificam o des- nas Exd e Ubx são necessárias para a re- duto Scr distinguindo entre os segmen-
tino segmentar, mas podem requerer al- gulação de decapentaplegic, e a estru- tos labial e primeiro torácico. Ele é críti-
guma ajuda para isso. Os sítios ligantes tura do promotor decapentaplegic su- co para a especificação da identidade
de DNA reconhecíveis pelos homeodo- gere que a proteína Extradenticle pode do protorácico anterior (parasegmento
mínios das proteínas Hom-C são muito dimerizar com a proteína Ubx no intensi- 3), e pode ser o gene que especifica a
semelhantes, e há alguma superposição ficador desse gene de alvo (Raskolb e “condição basal” do complexo homeó-
em suas especificidades de ligação. Em Wieschaus, 1994; van Dyke e Murre, tico. Se o complexo bithorax e o gene
1990, Peifer e Wieschaus descobriram 1994). A proteína Extradenticle inclui um Antennapedia forem removidos, todos
que o produto do gene Extradenticle homeodomínio, e a proteína humana os segmentos se tornam protórax ante-
(Exd) interage com várias proteínas PBX1 se parece com a proteína Extraden- rior. A função do gene teashirt parece
Hom-C e pode ajudar na especificação ticle e pode ter um papel semelhante ser crítica para o trabalho com a proteí-
de identidades segmentais. Por exemplo, como um co-fator para genes homeóti- na Scr, distinguindo o tórax da cabeça e
a proteína Ubx é responsável pela espe- cos humanos. trabalhando através do tronco para im-
cificação da identidade do primeiro seg- O produto do gene teashirt também pedir a formação de estruturas da cabe-
mento abdominal (A1); sem a proteína pode ser um co-fator importante. Esse ça (Roder et al., 1992). [droso2.html]
A proteína Dorsal:
Morfógeno para a polaridade dorsoventral
A polaridade dorsoventral é estabelecida pelo gradiente de um outro fator protéico de
transcrição, Dorsal. Em contraste com Bicoid, cujo gradiente é estabelecido dentro de
um sincício, o gradiente Dorsal forma-se sobre um campo de células estabelecido
como uma conseqüência de eventos celulares sinalizadores.
A especificação do eixo dorsoventral pode ser dividida em várias etapas. A etapa
crítica é a translocação da proteína Dorsal do citoplasma para os núcleos das células
ventrais durante o ciclo da décima quarta divisão. Anderson e Nüsslein-Volhard (1984)
isolaram 11 genes de efeito materno, cuja ausência de cada um está associada com a
falta de estruturas ventrais (Figura 14.36). Além disso, a ausência de outro gene de
efeito materno, cactus, causa a ventralização de todas as células. As proteínas codifi-
cadas por esses genes maternos são críticas para certificar que a proteína Dorsal entre
somente em núcleos da superfície ventral do embrião. As etapas posteriores à
translocação da proteína Dorsal afetam aquilo que essa proteína faz para especificar
as diferentes regiões do embrião. Aqui, diferentes concentrações da proteína Dorsal
parecem especificar os diferentes destinos dessas células.
*De uma maneira que não poderia ter sido predita por Just, revela-se que alguns dos genes (como
o decapentaplegic) envolvidos na regulação do número de cerdas ou forma das asas também têm
funções anteriores na regulação da polaridade dorsoventral.
578 PARTE IV Especificação do Destino Celular e os Eixos Embrionários
ovarianas da mosca mãe. Porém, a proteína Dorsal não é sintetizada a partir da mensa-
gem materna antes de decorridos 90 minutos após a fecundação. Quando essa proteí-
na é traduzida, ela é encontrada em todo o embrião, não somente no lado ventral ou
dorsal. Como pode então essa proteína atuar como um morfógeno, se existe por todo
o embrião? Em 1989, a surpreendente resposta foi encontrada (Roth et al., 1989; Rushlow
et al., 1989; Steward, 1989). Enquanto a proteína Dorsal pode ser encontrada em todo
o blastoderma sincicial no embrião precoce de Drosophila, ela somente é transporta-
da para os núcleos celulares na parte ventral do embrião (Figura 14.37A,B). Aqui, a
proteína Dorsal se liga a certos genes nucleares para ativar ou suprimir suas transcri-
ções. Se a proteína Dorsal não penetrar no núcleo, os genes ventralizantes (snail e
twisted) não são transcritos, os genes dorsalizantes (decapentaplegic e zerknüllt)
(A) não são reprimidos, e todas as células do embrião são especificadas como células
dorsais. Essa hipótese de que o eixo dorsoventral da Drosophila é especificado pelo
transporte seletivo da proteína morfogênica Dorsal para o núcleo é reforçada pela
análise de mutações com um fenótipo inteiramente dorsalizado ou ventralizado (Figu-
ra 13.37C,D). Nesses mutantes quando todas a células estiverem dorsalizadas (confor-
me se evidencia pela sua cutícula dorsal), a proteína Dorsal não penetra no núcleo de
nenhuma célula. Reciprocamente, nos mutantes cujas células têm um fenótipo ventral,
(B) a proteína Dorsal é encontrada em todos os núcleos.
Figura 14.36
Salvamento da larva por injeção de mRNA do Provendo o sinal assimétrico para a
tipo selvagem em ovos destinados a ter o translocação da proteína Dorsal
fenótipo snake. (A) Larva deformada consis-
tindo inteiramente de células dorsais. Larvas
como essas se desenvolvem de ovos de uma
Sinal do Núcleo do Oócito para as Células Foliculares
fêmea homozigota para o alelo snake. (B) Apa-
rência tipo selvagem de larvas desenvolvendo- Se a proteína Dorsal for encontrada no todo do embrião, mas se for transladada so-
se de ovos snake que haviam recebido injeções mente para os núcleos das células ventrais, algo mais deve estar provendo os sinais
de mRNA de ovos tipo selvagem. (de Anderson assimétricos (Figura 14.38). Parece que tal sinal é mediado através de uma complexa
e Nüsslein-Volhard, 1984. Cortesia de C. interação entre o oócito e suas células foliculares adjacentes. O epitélio folicular ao
Nüsslein-Volhard.) redor do oócito em desenvolvimento é inicialmente simétrico, mas essa simetria é
Figura 14.37
Inclusão da proteína Dorsal em núcleos ventrais, mas não laterais ou dorsais. (A) Mapa de
destinos através do centro do embrião de Drosophila. A parte mais ventral vira o mesoderma, a
parte superior seguinte vira o ectoderma neurogênico (ventral). O ectoderma lateral e epidérmico
pode ser distinguido na cutícula, e a região mais dorsal torna-se a amnioserosa, a camada extra-
embrionária que envolve o embrião. (B-D) Seção transversal de embriões corados com anticorpo
para mostrar a presença da proteína Dorsal. Em todos os casos, a mancha escura representa a
proteína Dorsal. (B) Um embrião tipo selvagem, mostrando a proteína Dorsal nos núcleos mais
ventrais. (C) Um mutante dorsalizado, mostrando ausência de proteína Dorsal em todos os
núcleos. (D) Um mutante ventralizado; a proteína Dorsal penetrou no núcleo de cada célula. (A
de Rushlow et al., 1989; B-D de Roth et al., 1989, cortesia dos autores.)
Amnioserosa
Ectoderma dorsal
Ectoderma lateral
Ectoderma
neurogênico
Mesoderma
Ventral
Visão lateral Seção transversal
CAPÍTULO 14 Especificação axial em Drosophila 579
Células
Inibição da
foliculares
síntese das Membrana
proteínas celular
Windbeutel,
Núcleo Nudel, Pipe Spätzle
Spätzle
mRNA ativado
gurken
Nenhum
sinal para o Protease
Easter Easter
lado ventral
ativada
Síntese de Windbeutel,
Nudel, Pipe Snake
Gastrulation
defective
Envoltório
las ventrais Windbeutel Nudel Pipe vitelínico
das célu
Destino
Ventral
1. Núcleo do oócito viaja para o lado dorsal 5. Células foliculares ventrais sintetizam pro-
anterior do oócito. Ele coleta mRNA teínas Windbeutel, Nudel e Pipe
cornichon e gurken
Figura 14.38 6. Proteínas foliculares ventrais absorvem
Representação esquemática de um modelo para 2. Mensagens cornichon e gurken traduzidas. proteínas Snake e Gastrulation-defective
a geração da polaridade dorsoventral em Dro- A proteína Gurken é recebida pelas proteí- para realizar cisão do zimógeno Easter, pro-
sophila. (A) O oócito desenvolve um folículo nas Torpedo durante a meia oogênese duzindo protease Easter ativa, somente no
ovariano consistindo de 15 células nutrizes (que lado ventral
3 a. O sinal Torpedo faz com que as células fo-
suprem proteínas maternas e mensagens ao ovo
liculares se diferenciem para uma morfolo- 7. Easter cinde Spätzle, que se liga à proteína
em desenvolvimento) e células foliculares. (B) gia dorsal receptora Toll
O núcleo do oócito reside no local que irá tor-
nar-se o lado dorsal. Os genes cornichon e 3 b. Síntese de proteínas Windbeutel, Nudel e 8. Sinal Toll causa fosforilação e degradação
gurken do oócito sintetizam um sinal que é re- Pipe inibida nas células foliculares dorsais da proteína Cactus, liberando-a de Dorsal.
cebido pelo receptor produzido pelo gene tor-
pedo das células foliculares. Dada a curta 4. Proteínas Cornichon e Gurken não se di- 9. A proteína Dorsal entra no núcleo e
difusibilidade do sinal, somente as células foli- fundem para o lado ventral ventraliza a célula
culares mais próximas do núcleo do oócito (i.e.,
as células foliculares dorsais) recebem esse si- uma enzima ativa que irá cindir a forma
nal. O sinal do receptor Torpedo faz com que zimogênica da proteína Easter numa protease
as células foliculares se diferenciarem para uma Easter ativa. Essa última, cinde a proteína
morfologia dorsal característica e (de alguma Spätzle para uma forma que pode se ligar ao
maneira) inibir a síntese das proteínas receptor Toll (que é encontrado em toda a mem-
Windbeutel, Nudel e Pipe. Portanto, essas pro- brana celular). Assim, somente o lado ventral
teínas somente são produzidas pelas células recebe o sinal Toll. Esse sinal separa a proteína
foliculares ventrais. (C) As três proteínas foli- Cactus da proteína Dorsal, permitindo essa úl-
culares ventrais são consideradas ser incorpo- tima ser translocada para o núcleo. A proteína
radas na membrana vitelínica, porém, somente Dorsal entra no núcleo e ventraliza as células.
no lado ventral. Elas cindem os produtos dos (Segundo Schüpbach et al., 1991; Roth, 1994;
genes snake e gastrulation defective para criar Hong e Hashimoto, 1995.)
580 PARTE IV Especificação do Destino Celular e os Eixos Embrionários
Células germinativas
Embrião de mãe deficientes em torpedo em
tipo selvagem uma fêmea tipo selvagem
Eixo
dorsoventral
Oócito deficiente
Células polares
Troca entre em torpedo no
(precursoras das
células polares folículo tipo selvagem
células germinativas)
forma um fenótipo totalmente dorsalizado. Esses genes são desligados pela ativação
do receptor de Torpedo (Stein et al., 1991). Se forem permitidos ser ativos (como
normalmente ocorre no caso de células foliculares ventrais), suas proteínas são con-
sideradas como incorporadas na porção ventral do envoltório vitelínico que é secretado
ao redor do envoltório adjacente ao ovo pelas células foliculares (Hecht e Anderson,
1992; Stein e Nüsslein-Volhard, 1992). Dessa maneira, um sinal assimétrico está agora
presente no envoltório adjacente ao ovo, e dele separado pelo fluido perivitelínico. No
entanto, essas proteínas não são suficientes para criar o sinal para a translocação da
proteína Dorsal para o núcleo. Mais uma vez, retornamos ao oócito (agora um em-
brião) para suprir componentes essenciais que irão gerar o sinal ventral das células
foliculares para o embrião.
O complexo formado pelas proteínas Nudel, Pipe e Windbeutel é considerado
ativar três proteases serina secretadas pelo embrião para o fluido perivitelínico (veja
Figura 14.38; Hong e Hashimoto, 1995). Essas proteases são os produtos dos genes
gastrulation defective (gd), snake (snk) e easter (ea). Como a maioria das proteases
extracelulares, elas são secretadas em uma forma inativa, tornando-se ativas por
clivagem peptídica. Considera-se que o complexo Nudel-Pipe-Windbeutel primeiro
arrasta e ativa a proteína Gastrulation defective. Essa proteína é uma protease, e cliva
a proteína Snake. Essa clivagem ativa a atividade proteásica da proteína Snake; em
seguida, a proteína Snake ativada cliva a proteína Easter, que cliva a proteína Spätzle
(Chasan et al., 1992; Hong e Hashimoto, 1995).
A proteína Spätzle clivada é agora capaz de se ligar a um receptor na membrana
celular do oócito, o produto do gene Toll. A proteína Toll também é um produto
materno regularmente distribuído na membrana celular do ovo (Hashimoto, 1988,
1991). A mutação recessiva de Toll tem um fenótipo dorsalizado semelhante, e inje-
ções de RNA de ovos do tipo selvagem irão restaurar a polaridade dorsoventral de
ovos postos por mães Toll-/Toll-. No entanto, diferentemente do caso de snake ou
dos outros 10 genes maternos, o local da injeção é importante. Qualquer parte inje-
tada do ovo torna-se a região ventral do embrião resgatado (Anderson et al., 1985).
Isso sugere que ovos Toll-/Toll- não têm um eixo dorsoventral (enquanto em snake,
a região ventral está no seu lugar normal). No desenvolvimento normal, o receptor
Toll está espalhado através de toda a membrana celular do oócito, mas torna-se
somente ativo no local onde se liga à proteína Spätzle, produzida no lado ventral do
ovo. Dessa maneira, os receptores Toll no lado ventral do ovo estão efetuando a
transdução de um sinal para o interior do ovo, ao passo que os receptores Toll do
lado dorsal do ovo não o fazem.
Spätzle IL-1
Citoplasma Citoplasma do
quinase pelle
do oócito Quinase linfócito
Cactus
Dorsal
Regulação de genes
ventralmente específicos Regulação de genes das imunoglobulinas
Figura 14.40
Modelo de uma trajetória conservada para re-
gular o transporte nuclear de fatores de trans-
crição em Drosophila e mamíferos. (A) Em
Drosophila, a proteína Toll liga o sinal da pro- transcrição NF-κB para o núcleo de linfócitos de mamíferos. De fato, existe uma subs-
teína Spätzle e ativa a região da quinase da tancial homologia entre NF-κB e Dorsal, entre IκB e Cactus, entre a proteína Toll e o
proteína Pelle. A proteína Pelle fosforila receptor da interleucina 1 (IL-1), entre a proteína Pelle e uma proteína quinase associ-
Cactus e Dorsal, fazendo com que as duas ada a IL-1, e entre as seqüências de DNA reconhecidas por Dorsal e NF-κB (Gonzáles-
proteínas se separem uma da outra. A proteí- Crespo e Levine, 1944; Cao et al., 1996). Assim, a via bioquímica usada para especificar
na Dorsal pode então entrar no núcleo e regu- a polaridade dorsoventral em Drosophila parece ser a mesma que aquela usada para
lar a transcrição de genes ventralmente espe- diferenciar linfócitos em mamíferos (Figura 14.40).*
cíficos. (B) Em linfócito de mamíferos, o re-
ceptor IL-1 pode causar a fosforilação de IκB
LEITURA DO GRADIENTE DA PROTEÍNA DORSAL. O que faz a proteína Dorsal
(através de uma proteína quinase ainda não
identificada). Isso permite à proteína NF-κB uma vez localizada nos núcleos das células ventrais? Olhando o mapa de destino do
penetrar no núcleo e efetuar a transcrição de corte transversal pelo meio do embrião de Drosophila no décimo quarto ciclo da
vários genes específicos do linfócito. (Segun- divisão (veja Figura 14.37), torna-se óbvio que as 16 células com a mais alta concentra-
do Shelton e Wasserman, 1993.) ção da proteína Dorsal são as que geram o mesoderma. A próxima célula acima dessa
região gera as células especializadas da glia e as células neurais da linha mediana. As
próximas duas células são aquelas que dão origem à epiderme ventral e cordão nervoso
*Lemaitre e colegas (1996) mostraram que Toll e seu ligante (Spätzle) também estão envolvi-
dos na resposta imune da Drosophila às infecções fúngicas.
CAPÍTULO 14 Especificação axial em Drosophila 583
Figura 14.41
Gastrulação em Drosophila. Nesta seção trans-
versal, as células mesodérmicas na porção ven-
tral do embrião se dobram para o interior, for-
mando um tubo que em seguida se achata e
forma os órgãos mesodérmicos. Os núcleos
estão corados por anticorpos contra a proteína
Twist. (de Leptin, 1991b, cortesia de M. Leptin.)
ventral, enquanto as nove células acima dessas produzem a epiderme dorsal. O grupo
mais dorsal de seis células não se divide; ele gera a cobertura amnioserosa do embrião
(Ferguson e Anderson, 1991).
Esse mapa de destinos é gerado pelo gradiente da proteína Dorsal nos núcleos.
Grandes quantidades especificam que as células sejam mesoderma, enquanto quanti- Figura 14.42
as menores especificam-nas para ser tecido glial ou ectodérmico (Jiang e Levine, Subdivisão do eixo dorsoventral pelo gradi-
1993). O primeiro evento morfogenético da gastrulação de Drosophila é a invaginação ente de proteína Dorsal nos núcleos. A pro-
das 16 células mais ventrais do embrião (Figura 14.41). Todos os derivados mesodér- teína Dorsal ativa os genes zigóticos
micos dos músculos, corpos gordurosos e gônadas originam-se dessas células (Foe, rhomboid, twist e snail de acordo com sua
1989). A proteína Dorsal especifica essas células para tornarem-se mesoderma de duas concentração nuclear. A proteína Snail, for-
maneiras. Primeiro, a proteína pode ativar genes específicos que criam o fenótipo mada mais ventralmente, inibe a transcrição
da proteína Rhomboid. A proteína Dorsal
mesodérmico. Três dos genes alvo de Dorsal são twist, snail e rhomboid (Figura
inibe a expressão de tolloid, decapentaple-
14.42). Esses genes são transcritos somente nos núcleos da células ventrais que gic e zerknüllt na região ventral. Diferentes
receberam altas concentrações da proteína Dorsal, pois esses intensificadores não se concentrações da proteína Zerknüllt determi-
nam os destinos das células dorsais. (Segun-
do Steward e Govind, 1993.)
dorsal dorsal
Ectoderma dorsal
Ativação Inibição
tolloid
decapentaplegic rhomboid twist snail tolloid dpp zerknüllt
Inibição
Ectoderma lateral
rhomboid
Ectoderma neurogênico
twist Mesectoderma
snail
Ventral
Mesoderma
584 PARTE IV Especificação do Destino Celular e os Eixos Embrionários
ligam à proteína Dorsal com alta afinidade (Thisse et al., 1988; Jiang et al., 1991; Pan et
al., 1991). A proteína Twist ativa genes mesodérmicos, enquanto a proteína Snail
reprime genes não-mesodérmicos em particular que poderiam, de outro modo, ser
ativos. O gene rhomboid é interessante porque é ativado por Dorsal mas reprimido
por Snail. Assim, a expressão de rhomboid não é encontrada nas células mais ventrais
(i.e., as precursoras do mesoderma), mas é expressa nas células adjacentes ao
mesoderma que formam o neuroectoderma presuntivo (veja Figura 14.42; Jiang e Levine,
1993). Tanto snail como twist são necessários para produzir o fenótipo mesodérmico
e gastrulação apropriada (Leptin et al., 1991a). A borda aguda entre as células
mesodérmicas e as células à elas adjacentes que geram as células gliais é produzida
pela presença de produtos dos genes snail e twist nas células mais ventrais (Kosman
et al., 1990). Em mutantes de snail, as células mais ventrais ainda têm o gene twist
ativado, e parecem-se com as células mais laterais (Nambu et al., 1990).
A proteína dorsal também determina o mesoderma diretamente. Além de ativar
genes estimuladores do mesoderma (twist e snail), ela inibe diretamente os genes
dorsalizantes zerknüllt (zen) e decapentaplegic (dpp). Assim, nas mesmas células, a
proteína Dorsal pode agir como um ativador de certos genes e um repressor de outros.
A opção se funciona como um ativador ou um repressor, depende da estrutura dos
Figura 14.43
Ativação e repressão pela proteína Dorsal. Um intensificador em um gene ativado pela proteína
Dorsal (como twist ou snail) tem múltiplos sítios de ligação de baixa afinidade para a proteína
Dorsal e nenhum sítio ligante de DSP1. Intensificadores naqueles genes que são reprimidos por
Dorsal contêm tanto sítios ligantes de Dorsal, como um sítio ligante de DSP1. (A) Na ausência
da proteína Dorsal (i.e., naquelas futuras células ectodérmicas nas quais a proteína Dorsal não
penetrou no núcleo) os genes twist e snail não são ativados e genes como zerknüllt não são
reprimidos. (B) Reciprocamente, na presença da proteína Dorsal no núcleo, os genes twist e snail
tornam-se ativos e o gene zerknüllt é desligado. (Segundo Ip, 1995.)
Embrião de Drosophila
Dorsal Inibição
Neuroectoderma (B)
Mesoderma Ativação
twist,
Gradiente de Snail
Dorsal nuclear Sítios de ligação de Dorsal
Ventral
CAPÍTULO 14 Especificação axial em Drosophila 585
intensificadores dos genes. O intensificador zen contém um sítio de ligação para uma
proteína chamada DSP1 (“proteína de comutação dorsal 1”). Essa proteína é encontra-
da em todo o embrião. Quando a proteína Dorsal está ausente, não parece ter efeito
algum sobre a transcrição. Porém, quando Dorsal também está presente no sítio do
intensificador, ela converte a função ativadora de Dorsal em função repressora (Figura
14.43; Lehming et al., 1994; Ip, 1995). Mutantes de dorsal expressam genes dpp e zen
através do embrião (Rushlow et al., 1987), e embriões deficientes em dpp e zen deixam
de formar estruturas dorsais (Irish e Gelbart, 1987). Assim, em embriões tipo selvagem,
os precursores mesodérmicos expressam twist e snail (mas não zen e dpp); precurso-
res da epiderme dorsal e da amnioserosa expressam zen e dpp, mas não twist ou snail;
precursores da glia (mesectoderma) expressam somente snail; enquanto os precurso-
res neuroectodérmicos laterais não expressam qualquer um desses quatro genes
(Kosman et al., 1991; Ray et al., 1991). Assim, em conseqüência das respostas ao
gradiente da proteína Dorsal, o eixo fica subdividido em mesoderma, mesectoderma,
ectoderma neurogênico, epiderme e amnioserosa. [droso3.html]
LITERATURA CITADA
Akam, M. E. 1987. The molecular basis for Bateson, W. 1894. Materials for the Study of Bokor, P. and DiNardo, S. 1996. The roles of
metameric pattern in the Drosophila embryo. Variation. Macmillan, London. Hedgehog and Wingless in patterning the dorsal
Development 101: 1-22. epidermis in Drosophila. Development 122:
Baumgartner, S. and Noll, M. 1990. Networks
1083-1092.
Anderson, K. V. and Nüsslein-Volhard, C. 1984. of interaction among pair-rule genes regulating
Information for the dorsal-ventral pattern of paired expression during primordial segmentation Boulet, A. M., Lloyd, A., Sakonju, S. 1991.
the Drosophila embryo is stored as maternal of Drosophila. Mech. Dev. 1: 1-18. Molecular definition of the morphogenetic and
mRNA. Nature 311: 223-227. regulatory functions and the cis-regu-latory
Beachy, P. A. 1990. A molecular view of the
elements of the Drosophila Abd-B gene. Deve-
Anderson, K., Bokla, L. and Nüsslein-Volhard, Ultrabithorax homeotic gene of Drosophila.
lopment 111: 393-05.
C. 1985. Establishment of dorsal-ventral Trends Genet. 6(2): 46-51.
polarity in the Drosophila embryo: The Boveri, T. 1901. Über die Polarität des
Bender, W. and seven others. 1983. Molecular
induction of polarity by the Toll gene product. Seeigeleiers. Eisverh. Phys. Med. Ges. Würzburg
genetics of the bithorax complex in Drosophila
Cell 42: 791-798. 34: 145-175.
melanogaster. Science 221: 23-29.
Barker, D. D., Wang, C., Moore, J., Dickinson, Cao, Z., Henzel, W. J. and Gao, X. 1996. IRAK:
Berleth, T. and seven others. 1988. The role of
L. K. and Lehmann, R. 1992. Pumillio is A kinase associated with the inter-leukin-1 re-
localization of bicoid RNA in organizing the
essential for function but not for distribution of ceptor. Science 271: 1128-1131.
anterior pattern of the Drosophila embryo.
the Drosophila abdominal determinant, Nanos.
EMBO J. 7: 1749-1756. Capovilla, M., Eldon, E. D. and Pirrotta, V. 1992.
Genes Dev. 6: 2312-2326.
The giant gene of Drosophila encodes a bZIP
Bhanot, P. and eight others. 1996. A new
Bate, M. and Martinez-Arias, A. 1993. The De- DNA-binding protein that regulates the
member of the frizzled family from Drosophi-
velopment of Drosophila melanogaster. Cold expression of other segmentation gap genes.
la functions a s a Wingless receptor. Nature
Spring Harbor Laboratory Press, Cold Spring Development 114: 99-112.
382: 225-230.
Harbor, NY.
CAPÍTULO 14 Especificação axial em Drosophila 587
Casanova, J. and Struhl, G. 1989. Localized zygotic gene expression in the Drosophila Gaul, U. and Jäckle, H. 1990. Role of gap genes
surface activity of torso, a receptor tyrosine embryo by the affinity of binding sites for the in early Drosophila development. Annu. Rev.
kinase, specifies body pattern in Drosophila. bicoid morphogen. Nature 340: 363-367. Genet. 27: 239-275.
Genes Dev. 3: 2025-2038.
Driever, W., Siegel, V. and Nüsslein-Volhard, C. Gavis, E. R. and Lehmann, R. 1992. Localization
Casanova, J., Sanchez-Herrero, E. and Morata, 1990. Autonomous determination of anterior of nanos RNA controls embryonic polarity. Cell
G. 1985, Prothoracic transformation and structures in the early Drosophila embryo by the 71: 301-313.
functional structure of the Ultra-bithorax gene bicoid morphogen. Development. 109: 811-820.
González-Crespo, S. and Levine, M. 1994.
of Drosophila. Cell 42: 663-669.
Dubnau, J. and Struhl, G. 1996. RNA recognition Related target enhancers for dorsal and NF-kB
Casanova, J., Sanchez-Herrero, E., Busturia, A. and translational regulation by a homeodomain signalling pathways. Science 264: 255-258.
and Morata, G. 1987. Double and triple mutant protein. Nature 379: 694-699.
González-Reyes, A and Morata, G. 1990. The
combination of the bithorax complex of Dro-
Duffy, J. B. and Perrimon, N. 1994. The torso developmental effect of overexpress-ing a Ubx
sophila. EMBO J. 6: 3103-3109.
pathway in Drosophila: Lessons on receptor product in Drosophila embryos is dependent on
Casares, F. and Sánchez-Herrero, E. 1995. tyrosine kinase signaling and pattern formation. its interactions with other homeotic products.
Regulation of the infraabdominal regions of the Dev. Biol. 166: 380-395. Cell 61: 515-522.
bithorax complex of Drosophila by gap genes.
Edgar, B. A. and Schubiger, G. 1986. Parameters Gonzáles-Reyes, A., Elliot, H. and St. Johnson,
Development 121: 1855-1866.
controlling transcriptional activation during early D. 1995. Polarization of both major body axes
Castelli-Gair, J. and Akam, M. 1995. How the Drosophila development. Cell 44: 871-877. in Drosophila by gurken-torpedo signalling.
Hox gene Ultrabithorax specifies two different Nature 375: 654-658.
Edgar, B. A., Weir, M. P., Schubiger, G. and
segments: the significance of spatial and tem-
Kornberg, T. 1986. Repression and turnover Grossniklaus, U., Cadigan, K. M. and Gehring,
poral regulation within metameres. Development
pattern of fushi tarazu RNA in the early Droso- W. J. 1994. Three maternal coordinate systems
121: 2973-2982.
phila embryo. Cell 47: 747-754. cooperate in the patterning of the Drosophila
Chasan, R., Jin, Y. and Anderson, K. V. 1992. head. Development 120: 3155-3171.
Ferguson, E. L and Anderson, K. V. 1991. Dor-
Activation of the easter zymogen is regulated by five
sal-ventral pattern formation in the Drosophi- Hafen, E., Levine, M. and Gehring, W. J. 1984.
other genes to define dorsal-ventral polarity in the
la embryo The role of zygotically active genes. Regulation of Antennapedia transcript distribu-
Drosophila embryo. Development 115: 607-615.
Curr. Top. Dev. Biol. 25: 17-43. tion by the bithorax complex in Drosophila.
Child, C. M. 1941. Patterns and Problems of De- Nature 307: 287-289.
Finkelstein, R. and Perrimon, N. 1990. The
velopment. University of Chicago Press, Chicago.
orthodenticle gene is regulated by bicoid and torso Hanes, S. D. and Brent, R. 1989. DNA
Cohen, S. M. and Jüirgens, G. 1990. Mutations and specifies Drosophila head development. specificity of the bicoid activator protein is
of Drosophila head development by gap-like Nature 346: 485-488. determined by homeodomain recognition helix
segmentation genes. Nature 346: 482-485. residue 9. Cell 57: 1275-1283.
Foe, V. E. 1989. Mitotic domains reveal early
Crick, F. H. C. 1970. Diffusion in embryoge- committment of cells in Drosophila embryos. Hanes, S. D. and Brent, R. 1991. A genetic model
nesis. Nature 225: 420-422. Development 107: 1-22. for interaction of the homeodomain recognition
helix with DNA. Science 251: 426-430.
Degelmann, A., Hardy, P. A., Perrimon, N. and Foe, V. E. and Alberts, B. M. 1983. Studies of
Mahowald, A. P. 1986. Developmental analysis of nuclear and cytoplasmic behavior during the five Harding, K. and Levine, M. 1988. Gap genes
the torso-like phenotype in Drosophila produced by mitotic cycles that precede gas-trulation in Dro- define the limits of Antennapedia and Bithorax
a maternal-effect locus. Dev. Biol. 115: 479-489. sophila embryogenesis. J. Cell Sci. 61: 31-70. gene expression during early development in
Drosophila. EMBO J. 7: 205-214.
Dessain, S., Gross, C. T., Kuziora, M. A. and Forlani, S., Ferrandon, D., Saget, O. and Mohier, E.
McGinnis, W. 1992. Antp-type home-odomains 1993. A regulatory function for K10 in the Harding, K. and Levine, M. 1989. Drosophila:
have distinct DNA-binding specificities that establishhment of dorsoventral polarity in the Dro- The zygotic contribution. In D. M. Glover and
correlate with their different regulatory functions sophila egg and embryo. Mech. Dev. 41: 109-120. B. D. Hames (eds.), Genes and Embryos. IRL,
in embryos. EMBO Journal 11: 991-1002. New York, pp. 38-90.
French, V. 1988. Gradients and insect seg-
Doe, C. Q., Hiromi, Y, Gehring, W. J. and mentation. In V. French, P. Ingham, J. Cooke Harding, K., Wedeen, C., McGinnis, W. and
Goodman, C. S. 1988. Expression and function and J. Smith (eds.), Mechanisms of Segmentation. Levine, M. 1985. Spatially regulated expression
of the segmentation gene fushi tarazu during Company of Biologists, Cambridge, pp. 3-16. of homeotic genes in Drosophila. Science 229:
Drosophila neurogenesis. Science 239: 170-175. 1236-1242.
Frigerio, G., Burri, M., Bopp, D., Baumgart-ner, S.
Driever, W. and Nüsslein-Volhard, C. 1988a. A and Noll, M. 1986. Structure of the segmentation Hashimoto, C., Hudson, K. L. and Anderson, K. V.
gradient of bicoid protein in Drosophila embryos. gene paired and the Drosophila PRD gene set as 1988. The Toll gene of Drosophila, required for
Cell 54: 83-93. part of a gene network. Cell 47: 735-746. dorsal-ventral embryonic polarity, appears to encode
a transmembrane protein. Cell 52: 269-279.
Driever, W. and Nüsslein-Volhard, C. 1988b. The Frischer, L. E., Hagen, F. S. and Garber, R. L.
bicoid protein determines position in the Dro- 1986. An inversion that disrupts the An- Hashimoto, C., Gerttula, S. and Anderson, K. V.
sophila embryo in a concentration-dependent tennapedia gene causes abnormal structure and 1991. Plasma membrane localization of the Toll
manner. Cell 54: 95-104. localization of RNAs. Cell 47: 1017-1023. protein in the syncytial Drosophila embryo:
importance of trans-membrane signalling for
Driever, W. and Nüsslein-Volhard, C. 1989. The Galindo, R. L., Edwards, D. N., Gillespie, S. K.
dorsal-ventral pattern formation. Development
bicoid protein is a positive regulator of H. and Wasserman, S. A. 1995. Interaction of
11: 1021-1028.
hunchback transcription in the early Drosophi- the pelle kinase with the membrane-associated
la embryo. Nature 337: 138-143. protein tube is required for transduction of the Hecht, P. M. and Anderson, K. V. 1992. Ex-
dorsoventral signal in Drosophila embryos. De- tracellular proteases and embryonic pattern
Driever, W., Thoma, G. and Nusslein-Volhard,
velopment 121: 2209-2218. formation. Trends Cell Biol. 2: 197-202.
C. 1989. .Determination of spatial domains of
588 PARTE IV Especificação do Destino Celular e os Eixos Embrionários
Heemskerk, J., DiNardo, S., Kostriken, R. and Kalthoff, K. 1969. Der Einfluss ver-shiedener Lemaitre, B., Nicolas, E., Michaut, L., Re-
O’Farrell, P. H. 1991. Multiple modes of Versuchparameter auf die Häu-figkeit der ichhart, J.-M. and Hoffmann, J. A. 1996. The
engrailed regulation in the progression towards Missbildung “Doppelabdomen” in UV-bestrahlten dorsoventral regulatory gene casette spätzle/
cell fate determination. Nature 352: 404-410. Eiern von Smittia sp. (Diptera,Chironomidae). Toll/cactus controls the potent an-tifungal
Zool. Anz. Suppl. 33: 59-65. response in Drosophila adults. Cell 86: 973-983.
Heemskerk, J. and DiNardo, S. 1994. Drosophi-
la hedgehog acts as a morphogen in cellular Kalthoff, K. and Sander, K. 1968. Der En- Leptin, M. 1991a. twist and snail as positive and
patterning. Cell 76: 449-460. wicklungsgang der Missbildung “Doppelabdomen” negative regulators during Drosophila mesoderm
im partiell UV-bestrahlten Ei von Smittia development. Genes Dev. 5: 1568-1576.
Hoch, M., Gerwin, N., Taubert, H. and Jäckie,
parthenogenetica (Diptera, Chi-ronomidae).
H. 1992. Competition for overlapping sites in Leptin, M. 1991b. Mechanics and genetics of
Wilhelm Roux Arch. Entwick-lungsmech. Org.
the regulatory region of the Drosophila gene cell shape changes during Drosophila ventral
161: 129-146.
Krüppel. Science 256: 94-97. furrow formation. In R. Keller et al. (eds.), Gas-
Kandler-Singer, I. and Kalthoff, K. 1976. RNase trulation: Movements, Patterns, and Molecules.
Hong, C. C. and Hashimoto, C. 1995. An unusual
sensitivity of an anterior morpho-genetic Plenum, New York, pp. 199-212.
mosaic protein with a protease domain, encoded
determinant in an insect egg (Smittia sp.,
by the nudel gene, is involved in defining Levine, M. S. and Harding, K. W. 1989. Droso-
Chironomidae, Diptera). Proc. Natl. Acad. Sci.
embryonic dorsoventral polarity in Drosophi- phila: The zygotic contribution. In D. M. Glover
USA 73: 3739-3743.
la. Cell 82: 785-794. and B. D. Hames (eds.), Genes and Embryos.
Karch, F. and seven others. 1985. The abdominal IRL, New York, pp. 39-94.
Hülskamp, M., Schröder, C., Pfeifle, C., Jäckle,
region of the bithorax complex. Cell 43: 81-96.
H. and Tautz, D. 1989. Posterior seg-mentation Lewis, E. B. 1978. A gene complex controlling
of the Drosophila embryo in the absence of a Karr, T. L. and Kornberg, T. B. 1989. fushi tarazu segmentation in Drosophila. Nature 276: 565-570.
maternal posterior organizer gene. Nature 338: protein expression in the cellular blastoderm of
Lewis, E. B. 1985. Regulation of the genes of
629-632. Drosophila detected using a novel imaging
the bithorax complex in Drosophila. Cold
technique. Development 105: 95-103.
Immergluck, K., Lawrence, P. A. and Bienz, M. Spring Harbor Symp. Quant. Biol. 50: 155-164.
1990. Induction across germ layers in Drosophila Kaufman, T. C., Seeger, M. A. and Olsen, G.
Macdonald, P. M. and Smibert, C. A. 1996.
mediated by a genetic cascade. Cell 62: 261-268. 1990. Molecular and genetic organization of the
Translational regulation of maternal mRNAs.
Antennapedia gene complex of Drosophila
Ingham, P. W. and Martinez-Arias, A. 1986. Curr. Opin. Genet. Dev. 6: 403-07.
melanogaster. Adv. Genet. 27: 309-362.
The correct activation of Antennapedia and
Macdonald, P. M. and Struhl, G. 1986. A mole-
bithorax complex genes requires the fushi tarazu Kidd, S. 1992. Characterization of the Drosophila
cular gradient in early Drosophila embryos and
gene. Nature 324: 592-597. cactus locus and analysis of interactions between
its role in specifying the body pattern. Nature
cactus and dorsal proteins. Cell 71: 623-635.
Ingham, P. W. and Whittle, R. 1980. Tritho- 324: 537-545.
rax: A new homeotic mutation of Drosophila Klingler, M., Erdélyi, M., Szabad, J. and Nüsslein-
Mange, A. P. and Mange, E. J. 1990. Genet-
causing transformations of abdominal and Volhard, C. 1988. Function of torso in
ics: Human Aspects. Sinauer Associates,
thoracic imaginal segments. I. Putative role during determining the terminal anlagen of the Droso-
Sunderland, MA.
embryogenesis. Mol. Gen. Genet. 179: 607-614. phila embryo. Nature 335: 275-277.
Mann, R. S. and Hogness, D. S. 1990. Func-
Ingham, P. W., Taylor, A. M. and Nakano, Y. Knipple, D. C., Seifert, E., Rosenberg, U. B.,
tional dissection of Ultrabithorax proteins in D.
1991. Role of Drosophila patched gene in Preiss, A. and Jäckle, H. 1985. Spatial and tem-
melanogaster. Cell 60: 597-610.
positional signalling. Nature 353: 184-187. poral patterns of Krüppel gene expression in
early Drosophila embryos. Nature 317: 40-44. Martin, J. R., Railbaud, A. and Ollo, R. 1994.
Ip. Y. T. 1995. Converting an activator into a
Terminal elements in Drosophila embryo induced
represser. Curr. Biol. 5:1-3. Kosman, D., Ip, Y. T, Levine, M. and Arora, K.
by torso-like protein. Nature 367: 741-745.
1991. Establishment of the mesoderm-
Irish, V. F. and Gelbart, W. M. 1987. The de-
neuroectoderm boundary in the Drosophila Martinez-Arias, A. and Lawrence, P. A. 1985.
capentaplegic gene is required for dorsal-ven-
embryo. Science 254: 118-122. Parasegments and compartments in the Droso-
tral patterning of the Drosophila embryo. Genes
phila embryo. Nature 313: 639-642.
Dev. 1: 868-879. Kraut, R. and Levine, M. 1991. Mutually re-
pressive interactions between the gap genes giant McKeon, J. and Brock, H. W. 1991. Interac-
Irish, V., Lehmann, R. and Akam, M. 1989. The
and Krüppel define middle body regions of the tions of the Polycomb group of genes with
Drosophila posterior-group gene nanos
Drosophila embryo. Development 111: 611-621. homeotic loci of Drosophila. Roux Arch. Dev.
functions by repressing hunchback activity.
Biol. 199: 387-396.
Nature 338: 646-648. Lehmann, R. and Nüsslein-Volhard, C. 1986.
Abdominal segmentation, pole cell formation, Mlodzik, M. and Gehring, W. J. 1987. Expression
Jäckle, H., Tautz, D., Schuh, R., Seifert, E. and
and embryonic polarity require the localized of the caudal gene in the germ line of Drosophi-
Lehmann, R. 1986. Cross-regulatory interactions
activity of oskar, a maternal gene in Drosophi- la: Formation of an RNA and protein gradient
among the gap genes of Drosophila. Nature 324:
la. Cell 47: 141-152 during early embryogenesis. Cell 48: 465-78.
668-670.
Lehmann, R. and Nusslein-Volhard, C. 1991. The Mohler, J. and Vani, K. 1992. Molecular or-
Jiang, J. and Levine, M. 1993. Binding affinities
maternal gene nanos has a central role in poste- ganization and embryonic expression of the
and cooperative interactions with bHLH
rior pattern formation of the Drosophila hedgehog gene involved in cell-cell com-
activators delimit threshold responses to the
embryo. Development 112: 679-691. munication in segmental patterning in Droso-
dorsal gradient morphogen. Cell 72: 741-752.
phila. Development 115: 957-971.
Jiang, J., Kosman, D., Ip, Y. T. and Levine, M.
Lehming, N., Thanos, D., Brickman, J. M., Ma, Montell, D. J., Keshishian, H. and Spradling, A.
1991. The dorsal morphogen gradient regulates
J., Maniatis, T. and Ptashne, M. 1994. An HMG- C. 1991. Laser ablation studies of the role of the
the mesoderm determinant twist in early Droso-
like protein that can switch a transcriptional Drosophila oocyte nucleus in pattern formation.
phila embryos. Genes Dev. 5: 1881-1891.
activator to a represser. Nature 371: 175-179. Science 254: 290-293.
CAPÍTULO 14 Especificação axial em Drosophila 589
Müller, J. and Bienz, M. 1992. Sharp anterior Peifer, M. and Wieschaus, E. 1990. Mutations Rivera-Pomar, R., Niessling, D., Schmidt-Ott,
boundary of homeotic gene expression in the Drosophila gene extradenticle affect the U., Gehring, W. J. and Häckle, H. 1996. RNA
conferred by the fushi tarazu protein. EMBO way specific homeodomain proteins regulate binding and translational suppression by bicoid.
J.11: 3653-3661. segment identity. Genes Dev. 4: 1209-1223. Nature 379: 746-749.
Müller, M. Affolter, M., Leupin, W., Otting, G., Peifer, M., Karch, F. and Bender, W. 1987. The Roder, L., Vola, C. and Kerridge, S. 1992. The
Wüthrich, K. and Gehring, W. J. 1988. Isolation bithorax complex: Control of segmen-tal role of teashirt in trunk segmental identity in
and sequence-specific DNA binding of the Anten- identity. Genes Dev. 1: 891-898. Drosophila. Development 115: 1017-1033.
napedia homeodomain. EMBO J. 7: 4299-4304.
Percival-Smith, A., Müller, M., Affolter, M. and Roth, S. 1994. Proteolytic generation of a
Murata, Y. and Wharton, R. P. 1995. Binding of Gehring, W. J. 1990. The interaction with DNA morphogen. Curr. Biol. 4: 755-757.
pumilio to maternal hunchback mRNA is required of wild-type and mutant fushi tarazu homeodo-
Roth, S., Stein, D., Nüsslein-Volhard, C. 1989. A
for posterior patterning in Drosophila embryos. mains. EMBO J. 9: 3967-3974.
gradient of nuclear localization of the dorsal
Cell 80: 747-756.
Pignoni, F., Steingrímsson, E. and Lengyel, J. A. protein determines dorsoventral pattern in the
Nambu, J. R., Franks, R. G., Hong, S. and Crews, 1992. bicoid and the terminal system activate Drosophila embryo. Cell 59: 1189-1202.
S. 1990. The single-minded gene of Drosophila tailless expression in the early Drosophila
Roth, S., Neuman-Silberberg, F. S., Barcelo, G.
is required for the expression of genes important embryo. Development 115: 239-251.
and Schüpbach, T. 1995. cornichon and the EGF
for the development of CNS midline cells. Cell
Porter, J. A. and ten others. 1996. Hedgehog receptor signalling process are necessary for both
63: 63-75.
patterning activity. Role of a lipophilic anterior-posterior and dorsal-ventral pattern
Neuman-Silberberg, F. S. and Schiipbach, T. 1993. modification by the carboxy-terminal auto- formation in Drosophila. Cell 81: 967-978.
The Drosophila dorsoventral patterning gene processing domain. Cell 86: 21-34.
Rushlow, C., Frasch, J., Doyle, H. and Levine,
gurken produces a dorsally localized RNA and
Price, J. V., Clifford, R. J. and Sch pbach, T. M. 1987. Maternal regulation of a homeobox
encodes a TGF-a-like protein. Cell 75: 165-174.
1989. The maternal ventralizing gene torpedo gene controlling differentiation of dorsal tissues
Nijhout, H. F. 1981. The color patterns of butterflies is allelic to faint little ball, an embryonic lethal, in Drosophila. Nature 330: 583-586.
and moths. Sci. Am. 245 (5): 140-151. and encodes the Drosophila EGF receptor
Rushlow, C. A., Han, K., Manley, J. L. and Levine,
homolog. Cell 56: 1085-1092.
Nüsslein-Volhard, C. and Wieschaus, E. 1980. M. 1989. The graded distribution of the dorsal
Mutations affecting segment number and Qian, S., Capovilla, M. and Pirrotta, V. 1991. morphogen is initiated by selective nuclear
polarity in Drosophila. Nature 287: 795-801. The bx region enhancer, a distant ciscontrol transport in Drosophila. Cell 59: 1165-1177.
element of the Drosophila Ubx gene and its
Nüsslein-Volhard, C., Fröhnhofer, H. G. and Sánchez-Herrero, E. 1991. Control of the
regulation.by hunchback and other segmentati-
Lehmann, R. 1987. Determination of anterio- expression of the bithorax complex genes ab-
on genes. EMBO J. 10: 1415-1425.
posterior polarity in Drosophila. Science 238: dominal-A and Abdominal-B by cis-regula-tory
1675-1681. Raskolb, C. and Wieschaus, E. 1994. Coordinate regions in Drosophila embryos. Development
regulation of downstream genes by extradenticle 111: 437-449.
Otting, G., Qian, Y. Q., Billeter, M., M ller, M.,
and homeotic selector proteins. EMBO J. 15:
Affolter, M., Gehring, W. J. and Wüthrich, K. Sánchez-Herrero, E., Vernos, I., Marco, R. and
3561-3569.
1990. Protein-DNA contacts in the structure of Morata, G. 1985. Genetic organization of Dro-
a homeodomain-DNA complex determined by Ray, R. Arora, K., Nüsslein-Volhard, C. and sophila bithorax complex. Nature 313: 108-113.
nuclear magnetic resonance spectroscopy in Gelbart, W. M. 1991. The control of cell fate
Sander, K. 1960. Analyse des ooplasmatis-chen
solution. EMBO J. 9: 3085-3092. along the dorsal-ventral axis of the Drosophila
Reaktionssystems von Euscelis pleba-jus Fall
embryo. Development 113: 35-54.
Pan, D., Huang, J.-D. and Courey, A. J. 1991. (Circadina) durch Isolieren und Kombinieren von
Functional analysis of the Drosophila twist Reach, M., Galindo, R. L., Towb, P., Allen, J. L., Keimteilen. II. Die Dif-ferenzierungsleistungen nach
promoter reveals a dorsal-binding ventral Karin, M. and Wasserman, S. A. 1996. A gradient Verlagern von Hinterpolmaterial. Wilhelm Roux
activator region. Genes Dev. 5: 1892-1901. of Cactus protein degredation establishes Arch. Entwicklungsmech. Org. 151: 660-707.
dorsoventral polarity in the Drosophila embryo.
Panganiban, G. E. F., Reuter, R., Scott, M. P. and Sander, K. 1975. Pattern specification in the
Dev. Biol. 180: 353-364.
Hoffmann, F. M. 1990. A Drosophila growth insect embryo. In Cell Patterning. CIBA
factor homolog, Decapentaplegic, regulates Reinitz, J., Mjolsness, E. and Sharp, D. H. 1995. Foundation Symp. 29: 241-263.
homeotic gene expression within and across germ Model for cooperative control of positional
Schier, A. F. and Gehring, A. J. 1992. Direct
layers during midgut morphogenesis. Develop- information in Drosophila by bicoid and mater-
homeodomain-DNA interaction in the au-
ment 110: 1041-1050. nal hunchback. J. Exp. Zool. 271: 47-56.
toregulation of the fushi tarazu gene. Nature
Pankratz, M. J., Seifert, E., Gerwin, N., Billi, B., Reinitz, J. and Sharp, D. H. 1995. Mechanism of 356:804-807.
Nauber, U. and Jäckle, H. 1990. Gradients of eve stripe formation. Mech. Dev. 49: 133-158.
Schneuwly, S., Kuroiwa, A. and Gehring, W. J. 1987.
Krüppel and knirps gene products direct pair-
Riddihough, G. 1992. Homing in on the Molecular analysis of the dominant homeotic
rule gene stripe patterning in the posterior region
homeobox. Nature 357: 643-644. Antennapedia phenotype. EMBO J. 6: 201-206.
of the Drosophila embryo. Cell 61: 309-317.
Rivera-Pomar, R. and Jäckle, H. 1996. From Schulz, C. and Tautz, D. 1995. Zygotic caudal
Panzer, S., Weigel, D. and Beckendorf, S. K.
gradients to stripes in Drosophila embryo- regulation by hunchback and its role in abdomi-
1992. Organogenesis in Drosophila melanogas-
genesis: Filling in the gaps. Trends Genet. 12: nal segment formation of the Drosophila
ter: embryonic salivary gland determination is
478-183. embryo. Development 121: 1023-1028.
controlled by homeotic and dorsoventral
patterning genes. Development 114: 49-57. Rivera-Pomar, R., Lu, X., Perrimon, N., Taubert, Schüpbach, T. 1987. Germ line and soma
H. and Jäckle, H. 1995. Activation of posterior cooperate during oogenesis to establish the
Peifer, M. and Bender, W. 1986. The antero-
gap gene expression in the Drosophila blastoderm. dorsoventral pattern of egg shell and embryo in
bithorax and bithorax mutations of the bithorax
Nature 376: 253-256. Drosophila melanogaster. Cell 49: 699-707.
complex. EMBO J. 5: 2293-2303.
590 PARTE IV Especificação do Destino Celular e os Eixos Embrionários
Schüpbach, T. and Wieschaus, E. 1986. Maternal Stein, D. and Nüsslein-Volhard, C. 1992. Multiple Turner, F. R. and Mahowald, A. P. 1977. Scanning
effect mutations altering the anterior-posterior extracellular activities in Drosophila egg electron microscopy of Drosophila melanogas-
pattern of the Drosophila embryo. Roux Arch. perivitelline fluid are required for establishment ter embryogenesis. Dev. Biol. 57: 403-416.
Dev. Biol. 195: 302-317. of embryonic dorsal-ventral polarity. Cell 68:
Tyler, M. S. and Schetzer, J.W. 1996. The Lives
429-440.
Schüpbach, T., Clifford, R. J., Manseau, L. J. and of a Fly. Videocassette. ASAP Media Services,
Price, J. V. 1991. Dorsoventral signaling pro- Stein, D., Roth, S., Vogelsang, E., Nüsslein- Orono; Sinauer Associates, Sunderland, MA.
cesses in Drosophila oogenesis. In J. Ger-hart, Volhard, C. 1991. The polarity of the dorsoventral
Vachon, G., Cohen, B., Pfeifle, C., McGuf-fin,
(ed.) Cell-Cell Interactions in Early De- axis in the Drosophila embryo is defined by an
M. E., Botas, J. and Cohen, S. M. 1992.
velopment. Wiley-Liss, New York pp. 163-174. extracellular signal. Cell 65: 725-735.
Homeotic genes of the bithorax complex repress
Schwalm, R 1997. Insects. In S.F. Gilbert and A. Stevens, L. M., Frohnhöfer, H. G., Klingler, M. limb development in the abdomen of the Dro-
M. Raunio, (eds.), Embryology: Constructing the and Nüsslein-Volhard, C. 1990. Localized sophila embryo through the target gene Distal-
Organism. Sinauer Associates, Sunderland, MA. requirement for torso-like expression in follicle less. Cell 71: 437-450.
cells for development of terminal anlagen of
Shelton, C. A. and Wasserman, S. A. 1993. pelle Van Dyke, M. A. and Murre, C. 1994. Ex-
the Drosophila embryo. Nature 346: 660-662.
encodes a protein kinase required to establish tradenticle raises the DNA binding specificity
dorsoventral polarity in the Drosophila embryo. Steward, R. 1989. Relocalization of the dorsal of homeotic selector gene products. Cell 78:
Cell 72: 515-525. protein from the cytoplasm to the nucleus 617-624.
correlates with its function. Cell 59: 1179-1188.
Siegfried, E., Wilder, E. L. and Perrimon, N. Wagner-Bernholz, J. T., Wilson, C., Gibson, G.,
1994. Components of wingless signalling in Steward, R. and Govind, S. 1993. Dorsal-ventral Schuh, R. and Gehring, W. J. 1991. Identification
Drosophila. Nature 367: 76-80. polarity in the Drosophila embryo. Curr. Opin. of target genes of the homeotic gene Antenna-
Genet. Dev. 3: 556-561. pedia by enhancer detection. Genes Dev. 5:
Simon, J., Chiang, A. and Bender, W. 1992. Ten
2467-2480.
different Polycomb genes are required for spatial Struhl, G. 1981. A homeotic mutation trans-
control of the abdA and AbdB homeotic products. forming leg to antenna in Drosophila. Nature Wakimoto, B. T., Turner, F. R. and Kaufman, T.
Development 114: 493-505. 292: 635-638. C. 1984. Defects in embryogenesis in mutants
associated with the Antennapedia gene complex
Simpson-Brose, M., Treisman, J. and Des-plan, Struhl, G. 1989. Differing strategies for or-
of Drosophila melanogaster. Dev. Biol. 102:
C. 1994. Synergy between the hunchback and ganizing anterior and posterior body pattern in
147-172.
bicoid morphogens is required for anterior Drosophila embryos. Nature 338: 741-744.
patterning in Drosophila. Cell 78: 855-865. Wang, C. and Lehman, R. 1991. Nanos is the
Struhl, G., Struhl, K. and Macdonald, P. M. 1989.
localized posterior determinate in Drosophila.
Skeath, J. B. and Carroll, S. B. 1992. Regulation The gradient morphogen bicoid is a concentra-
Cell 66:637-647.
of proneural gene expression and cell fate during tion-dependent transcriptional activator. Cell 57:
neuroblast segregation in the Drosophila embryo. 1259-1273. Weigel, D., Jüirgens, G., Klingler, M. and Jäckle,
Development 114: 939-946. H. 1990. Two gap genes mediate maternal ter-
Struhl, G., Johnson, P. and Lawrence, P. 1992. Control
minal information in Drosophila. Science 248:
Skeath, J. B., Panganiban, G., Selegue, J. and of a Drosophila body pattern by the hunchback
495-498.
Carroll, S. B. 1993. Gene regulation in two morphogen gradient. Cell 69: 237-249.
dimensions: The proneural achaete and scute Whalen, A. M. and Steward, R. 1993. Disso-
Tautz, D. 1988. Regulation of the Drosophila
genes are controlled by combinations of axis- ciation of the dorsal-cactus complex and
segmentation gene hunchback by two maternal
patterning genes through a common intergenic phosphorylation of the dorsal protein correlate
morphogenetic centers. Nature 332: 281-284.
control region. Genes Dev. 6: 2606-2619. with the nuclear localization of dorsal. J. Cell.
Thisse, B., Stoetzel, C., Gorostiza-Thisse, C. and Biol. 123: 523-534.
Slack, J. M. W. 1983. From Egg to Embryo:
Perrin-Schmidt, F. 1988. Sequence of the twist
Determinative Events in Early Development. Wharton, R. P. and Struhl, G. 1991. RNA
gene and nuclear localization of its protein in
Cambridge University Press, Cambridge. regulatory elements mediate control of Droso-
endomesodermal cells of early Drosophila
phila body pattern by the posterior morphogen
St. Johnston, D. and Nüsslein-Volhard, C. 1992. embryos. EMBO J. 7: 2175-2183.
nanos. Cell 67: 955-967.
The origin of pattern and polarity in the Droso-
Thisse, C, Perrin-Schmidt, F., Stoetzel, C. and
phila embryo. Cell 68: 201-219. Wolpert, L. 1971. Positional information and
Thisse, B. 1991. Sequence-specific trans
pattern formation. Curr. Top. Dev. Biol. 6: 183-
Štanojevic, D., Hoey, T. and Levine, M. 1989. activation of the Drosophila twist gene by the
224.
Sequence-specific DNA-binding activities of the dorsal gene product. Cell 65: 1191-1201.
gap proteins encoded by hunchback and Krüppel Wolpert, L. 1978. Pattern formation in bio-
Treisman, J. and Desplan, C. 1989. The products
in Drosophila. Nature 341: 331-335. logical development. Sci. Am. 239(4): 154-164.
of the Drosophila gap genes hunchback and
Štanojevic, D., Small, S. and Levine, M. 1991. Krüppel bind to the hunchback promoters.
Regulators of a segmentation stripe by overlap- Nature 341: 335-336.
ping activators and repressers in the Drosophila
embryo. Science 254: 1385- 1387.
Especificação do destino celular por
interações célula-célula progressivas 15
O estudo da função dos genes na ontogenia
é um campo da fisiologia do desenvolvimen-
to. Isso não quer dizer que o geneticista será
excluído na resolução desse problema - ele
se tornará um embriologista genético expe-
N O ÚLTIMO CAPÍTULO, observamos que a determinação celular e a especi-
ficação do eixo podem ser causadas por interações de substâncias plasmáticas
específicas dentro de uma célula sincicial. Somente mais tarde ocorrem inte-
rações célula-célula que fixam o destino celular. Mas, a maioria dos tipos de organis-
mos não possui o estágio sincicial na embriogênese precoce. Em muitas espécies,
rimental. Após uma longa jornada onde al- incluindo a maioria dos vertebrados, as células são especificadas pelas suas intera-
gumas vezes ele se distanciou de seus cole- ções com células vizinhas.
gas biologistas, ele volta para casa com al-
guns novos conceitos e instrumentos.
CURT STERN (1936)
Desenvolvimento regulativo
Nos mantemos eretos e andamos com partes Em deuterostomatas, tais como ouriço-do-mar e vertebrados, o destino da célula de-
de nosso corpo que poderiam ser usadas para pende de sua posição no embrião e não da parte do citoplasma que ela adquiriu.
raciocinar se elas tivessem se desenvolvido Sidney Brenner (Citado em Wilkins, 1993) observou que o desenvolvimento animal
em outras partes do embrião. pode se dar de duas maneiras. Alguns organismos são especificados predominante-
HANS SPEMANN (1943) mente no “estilo Europeu”; ou seja, cada célula é determinada por quem eram seus
ancestrais. A linhagem é o fator importante. Inversamente, os blastômeros da maioria
dos vertebrados são especificados predominantemente no “estilo Americano”; existe
uma grande mistura de células e cada célula é determinada pela natureza de suas
vizinhas. Toda célula se inicia com um potencial similar e se desenvolve de acordo com
o que encontra. Nesses embriões, em pelo menos parte da clivagem, cada célula é
capaz de se desenvolver no embrião todo se ela for separada das outras, e as células
remanescentes são capazes de alterar seu destino para produzir o embrião completo
(como na formação de gêmeos). Esse tipo de comprometimento é chamado especificação
condicional (ou dependente), e dá origem ao desenvolvimento regulativo.
Durante o desenvolvimento autônomo, o eixo do embrião é determinado pela dis-
tribuição de materiais em cada um dos blastômeros. Entretanto, no desenvolvimento
regulativo, os eixos se formam a partir de interações das células constituintes. Neste
capítulo acompanharemos os experimentos que se iniciaram há mais de um século para
entender como se dá a especificação do sistema nervoso nos anfíbios.
591
592 PARTE IV Especificação do Destino Celular e os Eixos Embrionários
Diferenciação das
Células células somáticas
somáticas
Figura 15.1
A teoria da herança de Weismann. A célula germinativa dá origem às células somáticas diferenciáveis
do corpo (indicadas em cor), como também às novas células germinativas. (de Wilson, 1986.)
Figura 15.2
O desenvolvimento em mosaico, como Roux
tentou mostrar. A destruição de uma célula
de um embrião de rã com 2 células resulta
no desenvolvimento de somente uma meta-
de do embrião.
Tecido Tecido
Agulha quente morto vivo Meio embrião
Clivagem
Metade destruída
(tecido morto)
Ovo fertilizado de rã Estágio de 2 células Estágio de blástula Estágio de nêurula
594 PARTE IV Especificação do Destino Celular e os Eixos Embrionários
(A) Larva pluteus normal (B) Plutei desenvolvidas de células isoladas de embrião de 4 células
Figura 15.3
Demonstração do desenvolvimento regulativo por Driesch. (A) Uma larva pluteus normal. (B)
Plutei menores, mas normais, cada uma delas se desenvolveu a partir de um blastômero de um
embrião dissecado de 4 células. (Todas as larvas estão desenhadas na mesma escala.) (De acordo
com Hörstadius e Wolsky, 1936.) Note que as larvas derivadas dessa maneira não são idênticas,
apesar de sua capacidade de gerar todos os tipos celulares necessários. Essas variações também
estão presentes nos ouriços-do-mar adultos formados dessa maneira (Marcus, 1979).
Vista lateral
Placa de vidro
Vista lateral
Figura 15.4
Experimento de Driesch com placas de pressão para alterar a distribuição dos núcleos. (A)
Clivagem normal de embriões de ouriço-do-mar com 8 a 16 células, com vistas do pólo animal
(seqüência superior) e lateral (seqüência inferior). (B) Planos de clivagem anormal formados
sob pressão, como observados do pólo animal e lateralmente. (De acordo com Huxley e
deBeer, 1934.)
Tabela 12.2
151 Procedimentos
Estabilização de
experimentais
RNAs mensageiros
e resultados
específicos
de Roux
por e
hormônios
Driesch
Interpretação em relação
Pesquisador Organismo Tipo de experimento Conclusão à potência e destino
a invocar uma força vital, entelechy (força dirigida por uma meta interna), para explicar
como prosseguia o desenvolvimento. Essencialmente, ele acreditava que o embrião
era imbuído de uma psique interna e sabedoria para conseguir suas metas, apesar dos
obstáculos colocados no seu caminho por embriologistas. Incapaz de explicar seus
resultados pela Física de sua época, Driesch renunciou ao estudo da fisiologia do
desenvolvimento e se tornou um professor de filosofia, proclamando o vitalismo até
sua morte em 1941. Outros, especialmente Oscar Hertwig (1894), puderam incorporar
os experimentos de Driesch em uma embriologia experimental mais sofisticada.*
As diferenças entre os experimentos de Roux e os de Driesch estão resumidas na
Tabela 15.1. A diferença entre experimentos de isolamento e de defeitos e a importância
das interações fornecidas pelos blastômeros destruídos foi enfatizada em 1910, quan-
do J. F. McClendon mostrou que blastômeros isolados de rã se comportam exatamente
como células isoladas de ouriço-do-mar. Portanto, o desenvolvimento em mosaico
dos primeiros dois blastômeros da rã no estudo de Roux foi um artefato do experimen-
to de defeito. Alguma coisa dentro do blastômero morto ou sobre ele ainda informava
às células vivas que ele existia. Nós já vimos que blastômeros precoces de mamíferos
têm um desenvolvimento do tipo regulativo. Como discutimos no Capítulo 5, cada
blastômero isolado de uma massa de células internas do camundongo é capaz de gerar
um animal inteiro e fértil. A habilidade de dois ou mais embriões precoces de camun-
dongo se fundirem em um embrião normal (veja Figura 5.28) e o fenômeno de gêmeos
idênticos (veja Figura 5.27) também atestam a habilidade regulativa dos blastômeros
de mamíferos. Portanto, mesmo que Weismann e Roux tenham sido pioneiros no estu-
do da fisiologia do desenvolvimento, sua proposição que a diferenciação é causada
pela segregação de determinantes nucleares logo se mostrou incorreta.
Mas Driesch também não estava totalmente correto. Como vimos no capítulo anterior,
existem numerosos animais que desenvolvem-se principalmente como um mosaico de
partes autodiferenciadas. Mais importante, no entanto, é que mesmo o embrião do
ouriço-do-mar não é uma coleção de células completamente eqüipotenciais. Em uma
série de experimentos realizados entre 1928 e 1935 o biologista sueco Sven Hörstadius
separou, com finas agulhas de vidro, várias camadas de embriões precoces de ouriço-
do-mar, e observou seu desenvolvimento subseqüente (Hörstadius, 1928, 1939). Quan-
do o embrião de 8 células foi dividido meridionalmente através do pólo animal ao
vegetal, as duas metades produziram larvas plutei, exatamente como Driesch havia
previsto. Mas quando embriões no mesmo estágio foram divididos equatorialmente
(separando os pólos animal e vegetal), nenhuma das partes se desenvolveu em uma
larva completa (Figura 15.5). Em lugar disso, a metade animal se tornou uma bola vazia
de células epidérmicas ciliadas (chamada uma dauerblástula), e a metade vegetal se
desenvolveu em um embrião ligeiramente anormal com um intestino expandido.
Hörstadius conseguiu duplicar esses resultados cortando pela metade óvulos não
fertilizados de ouriço-do-mar e fertilizando as metades separadamente. No ouriço-do-
mar, os fragmentos dos ovos (merogônias) podem se dividir e se desenvolver mesmo
tendo somente um núcleo haplóide. Se o espermatozóide penetrar na metade que não
tem o núcleo haplóide do óvulo, a merogônia ainda se desenvolverá (Figura 15.6).
Quando o óvulo foi partido meridionalmente, embriões normais se formaram das duas
metades do óvulo. Entretanto, quando o oócito foi cortado equatorialmente, a fertiliza-
ção produziu uma bola animal ciliada ou um embrião com um intestino expandido a
partir do pólo vegetal. Portanto, mesmo em embriões do ouriço-do-mar parece haver
certo grau de mosaicismo, pelo menos ao longo do eixo animal-vegetal. Isso foi confir-
mado por Maruyama e colaboradores (1985) que, analogamente, dividiram
meridionalmente ou equatorialmente óvulos não fertilizados de ouriço-do-mar. Eles
observaram que ao separar a metade animal da metade vegetal, somente a metade
vegetal fertilizada era capaz de formar micrômeros e gastrular. Portanto, os determinan-
tes que permitem a formação de micrômeros e a gastrulação parecem estar localizados
na porção vegetal do óvulo. [regul1.html]
(A) (B)
Pólo animal Pólo animal
Agulha
de vidro
Figura 15.5
Assimetria precoce no embrião de ouriço-do-
mar. (A) Quando os 4 blastômeros do pólo
animal são separados dos quatro blastômeros
Cílios do pólo vegetal e é permitido que cada metade
se desenvolva, as células animais formam uma
dauerblástula ciliada e as células vegetativas
formam uma larva com o intestino expandido.
(B) Quando o embrião de 8 células é dividido
de modo que cada metade contenha células ani-
Dauerblástula Larva Larva Larva (pequena, mais e vegetativas, desenvolvem-se larvas pe-
(blástula permanente) (levemente anormal) (pequena, mas normal) mas normal) quenas com aparência normal.
598 PARTE IV Especificação do Destino Celular e os Eixos Embrionários
Fertilização Fertilização
Animalização
completa
Animalização
(incompleta)
(D) Metade animal e veg2
Larva reconhecível;
mesoderma da
camada veg2
Larva reconhecível;
endoderma das
camadas animais
animal completo, mas não o faz. O que fazia as células cooperarem em lugar de se
tornarem entidades autônomas? No caso dos caracóis e tunicados, a resposta era
simples. O citoplasma materno não permite que cada célula se torne autônoma; cada
célula pode somente se desenvolver em uma porção do embrião. Em ouriço-do-mar e
outros embriões que mostram regulação, a resposta é mais complexa.
Evidência recente sugere que o “sistema harmônico eqüipotencial” é causado por
eventos de indução negativa que restringem mutuamente o destino de células vizi-
600 PARTE IV Especificação do Destino Celular e os Eixos Embrionários
Mesômeros nhas. Jon Henry e colegas no laboratório de Rudolf Raff (1989) mostraram que se
forem isolados pares de células do hemisfério animal pigmentado de um embrião de
ouriço-do-mar com 16 células, essas células podem originar componentes tanto
ectodérmicos como mesodérmicos. Entretanto, sua capacidade de formar mesoderma
é severamente restringida se elas são agregadas a outros pares do hemisfério animal
Macrômeros pigmentado. Assim, a presença de células vizinhas, mesmo sendo do mesmo tipo,
restringe a potência de ambos os parceiros. Ettensohn e McClay (1988) mostraram que
a potência é também restringida quando uma célula é combinada com suas vizinhas ao
longo do eixo animal-vegetal. Primeiro, eles demonstraram que o número de células
mesenquimatosas primárias parece ser fixo e pode ser regulado por variações nos
macrômeros. Se todas as 60 células mesenquimatosas primárias de Lytechinus
variegatus são removidas da gástrula precoce, um número igual de células
mesenquimatosas secundárias (do arquêntero que havia sido macrômeros do pólo
vegetal) se convertem em mesênquima primário e começam a formar espículas. Se são
Micrômeros
removidas 20 células mesenquimatosas primárias, cerca de 20 células mesenquimatosas
secundárias se tornam células mesenquimatosas primárias formadoras de espículas. E
Figura 15.8 assim por diante. Portanto, as células mesenquimatosas primárias têm uma influência
Sumário das induções inibitórias na blástula
restritiva, impedindo a formação de novas células mesenquimatosas primárias a partir
do ouriço-do-mar. Setas duplas ilustram as in-
terações mutuamente restritivas entre células
do arquêntero, havendo então a ocorrência de uma indução negativa. Não conhece-
adjacentes. (De acordo com Henry et al., 1989.) mos o mecanismo pelo qual as células mesenquimatosas primárias impedem que o
arquêntero forme o mesênquima primário e estabelecem um limite para o número de
tais células na blastocele.
Recombinando células de várias camadas, Khaner e Wilt (1990, 1991) observaram
que na maioria dos casos, a célula de uma camada restringe a habilidade de uma célula
de outra camada em expressar seus destinos potenciais (Figura 15.8). A exceção mais
importante - como mencionado acima- é a recombinação das células mesoméricas do
pólo animal com certos micrômeros do pólo vegetal para formar tecido intestinal dos
mesômeros. Entretanto, no desenvolvimento normal de ouriço-do-mar, essas células
nunca se associam entre si.
Ligadura
(A) (B)
Primeira clivagem
Crescente
Cinzento
Separação dos
blastômeros e
desenvolvimento
Figura 15.10
Assimetria no ovo de anfíbio. (A) Quando o plano da primeira clivagem divide o
ovo em dois blastômeros, de modo que cada um receba uma metade do crescente
cinzento, cada célula separada experimentalmente se desenvolve em um embrião
“Porção
normal. (B) Quando somente um dos dois blastômeros recebe todo o crescente
ventral”
cinzento, ele sozinho forma um embrião normal. O outro pedaço não tem estru-
Desenvolvimento Desenvolvimento Desenvolvimento turas dorsais e permanece como uma massa desorganizada de tecidos. (De
Normal Normal Normal acordo com Spemann, 1938.)
602 PARTE IV Especificação do Destino Celular e os Eixos Embrionários
metades? Felizmente, o ovo da salamandra era um bom lugar para procurar respos-
tas. Como foi visto nos Capítulos 4 e 6, existem movimentos dramáticos do citoplas-
ma cortical após a fertilização de ovos de anfíbios, e em alguns deles esses movi-
mentos expõem uma área cinzenta do citoplasma em forma de um crescente na região
diretamente oposta ao ponto de entrada do espermatozóide. Além disso, o primeiro
plano de clivagem normalmente divide essa região em partes iguais, dando origem a
dois blastômeros. Se essas células forem separadas, duas larvas completas se de-
senvolvem. Entretanto, se esse plano de clivagem for anormal (em um raro evento
natural ou em um experimento onde o investigador faz uma constrição com um fio de
cabelo, perpendicularmente ao plano normal de clivagem) o material do crescente
cinzento passa para somente um dos dois blastômeros. Spemann observou que
quando esses dois blastômeros são separados, somente aquele contendo o cres-
cente cinzento se desenvolve normalmente.
Parece, então, que algo contido na região do crescente cinzento é essencial para o
desenvolvimento embrionário adequado. Mas como isso funciona? Qual o seu papel
no desenvolvimento normal? A pista mais importante veio do mapa de destino dessa
área do ovo, ao mostrar que a região do crescente cinzento origina as células que
iniciam a gastrulação. Essas células formam o lábio dorsal do blastóporo. Como visto
no Capítulo 6, as células do lábio dorsal do blastóporo são de certa maneira compro-
metidas a invaginar para dentro da blástula, iniciando assim a gastrulação e a forma-
ção do arquêntero. Porque o desenvolvimento futuro do anfíbio depende da interação
das células rearranjadas durante a gastrulação, Spemann especulou que a importância
do crescente cinzento era devida à sua habilidade em iniciar a gastrulação, onde
ocorriam mudanças cruciais para o desenvolvimento.
Em 1918, Spemann demonstrou que enormes modificações na potência celular de
fato ocorriam durante a gastrulação. Ele verificou que as células da gástrula precoce
não estavam comprometidas com respeito à diferenciação final, mas que o destino das
células da gástrula tardia eram fixos. Spemann trocou os tecidos de gástrulas preco-
ces de duas espécies pigmentadas de salamandra aquática (Figura 15.11). Quando a
região das células epidérmicas prospectivas foi transplantada para uma área de forma-
ção da placa neural, as células transplantadas deram origem ao tecido neural. Quando
células da prospectiva placa neural foram transplantadas à região destinada a se
tornar pele do ventre, as células se tornaram epidérmicas (Tabela 15.2). Portanto, essas
células da gástrula precoce ainda não estavam comprometidas a um tipo específico de
diferenciação. Suas potências prospectivas eram ainda maiores que seus destinos
prospectivos. Essas células exibem desenvolvimento condicional (regulativo ou
Diferenciação do
Região doadora Região hospedeira tecido doador Conclusão
GÁSTRULA PRECOCE
Neurônios prospectivos Epiderme Epiderme Desenvolvimento
prospectiva dependente (condicional)
GÁSTRULA TARDIA
Neurônios prospectivos Epiderme Neurônios Desenvolvimento
prospectiva (determinado)
independente (autônomo)
TRANSPLANTE EM
GÁSTRULA TARDIA
Forma-se a placa
neural secundária
dependente) porque seu destino final depende da sua localização no embrião. Entre-
tanto, quando os mesmos experimentos de transplantes heteroplásticos (entre espéci-
es) foram feitos entre gástrulas tardias, Spemann obteve resultados completamente
diferentes. Em lugar de regular sua diferenciação de acordo com sua nova localização
as células transplantadas exibiram desenvolvimento autônomo (ou independente, ou
em mosaico). Seus destinos prospectivos estavam determinados e as células se de-
senvolveram independentemente de sua nova localização embrionária. Especifica-
mente, células neurais prospectivas agora se desenvolviam em tecido cerebral mesmo
quando localizadas na região prospectiva da epiderme, e epiderme prospectiva forma-
va epiderme mesmo na região do prospectivo tubo neural. Durante o intervalo de
tempo entre a gastrulação precoce e a tardia, as células ficavam restritas às suas vias
de diferenciação. Essas células são consideradas como determinadas: elas não podem
mais regular sua diferenciação em outros tipos de células. Deve ser notado que os
critérios para a determinação são puramente operacionais. Não ocorrem modificações
óbvias nas células e não se detecta qualquer diferenciação. A base molecular da
determinação permanece como uma das principais incógnitas do desenvolvimento.
* Hilde Proescholdt Mangold morreu em um trágico acidente quando seu aquecedor a gasolina
explodiu. Na época, ela tinha 26 anos e seu trabalho estava sendo publicado. Sua tese de doutoramento
foi uma das poucas teses em biologia que resultaram diretamente na concessão do Prêmio Nobel.
Para maiores informações sobre Hilde Mangold e sua época veja Hamburger (1984) e Fässler e
Sander (1996).
604 PARTE IV Especificação do Destino Celular e os Eixos Embrionários
(A) Blastocele
Notocorda
presuntiva
Somitos presuntivos
Estruturas
(B) secundárias induzidas Estruturas primárias
Lúmen do Endoderma
intestino
Tubo neural
Invaginação Invaginação
secundária primária
(C)
Figura 15.12
Autodiferenciação do tecido do lábio dorsal do blastóporo. (A) O lábio dorsal do blastóporo da
gástrula precoce é transplantado em outra gástrula precoce na região que normalmente se torna
epiderme ventral. (B) O tecido se invagina e forma um segundo arquêntero e depois um segundo
eixo embrionário. Tanto o tecido do doador como o do hospedeiro é visto no tubo neural,
notocorda e somitos. (C) Finalmente, se forma um segundo embrião ligado ao hospedeiro. Esta
ilustração e a Prancha 4 mostram o experimento onde o lábio dorsal do blastóporo pigmentado de
T. taeniatus foi implantado em uma gástrula precoce de um T. cristatus hospedeiro.
Figura 15.13
Indução de um novo eixo embrionário pelo nódulo de Hensen. (A) O tecido do nódulo de Hensen
é removido de um embrião de pato e implantado em um embrião de pinto hospedeiro. (B) Um
tubo neural accessório é induzido no local do enxerto. (De acordo com Waddington, 1933.)
ainda, era que as células do lábio dorsal do blastóporo podiam interagir com os teci-
dos do hospedeiro para formar uma placa neural completa a partir do ectoderma do
hospedeiro. Por fim, formou-se um embrião secundário, face a face com o seu hospe-
deiro (veja Figura 15.12; Prancha 4). Essas experiências, tecnicamente difíceis, foram
repetidas recentemente com marcadores nucleares e os resultados de Spemann e
Mangold foram confirmados (Gimlich e Cook, 1983; Smith e Slack, 1983; Jacobson,
1984; Recanzone e Harris, 1985).* [regul2.html]
Spemann (1938) se referiu às células do lábio dorsal do blastóporo como o
organizador porque (1) elas induziam os tecidos ventrais do hospedeiro a mudar seus
destinos para formar um tubo neural e tecido mesodérmico dorsal e (2) elas organiza-
vam esses tecidos do doador e do hospedeiro em um embrião secundário com nítidos
eixos ântero-posterior e dorsoventral. Ele propôs que durante o desenvolvimento
normal, essas células organizariam o ectoderma dorsal em um tubo neural e transfor-
mariam o mesoderma dos flancos no eixo do corpo. Sabe-se agora (graças principal-
mente a Spemann e seus alunos) que a interação entre o cordomesoderma e o ectoder-
ma não é suficiente para “organizar” o embrião completo. Em lugar disso, essa intera-
ção inicia uma série de eventos indutivos seqüenciais. O processo pelo qual uma
região embrionária interage com uma segunda região para influenciar a sua diferenci-
ação ou comportamento (da segunda região) é chamado de indução. Como existem
numerosas induções durante o desenvolvimento embrionário, essa indução principal
onde as células do lábio do blastóporo induzem o eixo dorsal e o tubo neural é tradici-
onalmente chamada de indução embrionária primária.**
Sabemos também que o lábio dorsal do blastóporo é ativo na organização de
embriões secundários em Amphioxus, ciclóstomos e em uma variedade de anfíbios.
Em aves e mamíferos, o organizador se origina na foice de Koller (margem posterior do
embrião), e o nódulo de Hensen age como o lábio dorsal do blastóporo. Células
migrando através do nódulo de Hensen se tornam o endoderma e o cordomesoderma
da cabeça, enquanto que células migrando através de outras partes da linha primitiva
se tornam células mesodérmicas laterais e ventrais. Quando o nódulo de Hensen de
uma gástrula jovem é transplantado em um epiblasto de outra gástrula jovem ele induz
a formação de outro eixo secundário completo (Figura 15.13; Waddington, 1933; Storey
et al., 1992; Khaner, 1995).
O centro de Nieuwkoop
Apesar do considerável volume de pesquisa realizada com embriões de anfíbios,
estamos apenas começando a conhecer os mecanismos básicos da indução embrioná-
ria primária. Na última década, numerosos laboratórios focalizaram seus esforços para
explicar a indução embrionária em um anfíbio –Xenopus laevis– e existe um consenso
em relação às linhas gerais da indução embrionária primária nesse organismo.
Os dados indicam uma orquestração da indução que tem pelo menos quatro
estágios. O primeiro estágio da indução se dá na fertilização. O óvulo não fertiliza-
do é radialmente simétrico ao redor do eixo animal-vegetal. A entrada do esperma-
tozóide quebra essa simetria causando a rotação do citoplasma interno do ovo em
relação ao córtex (veja Capítulo 4). Essa assimetria especifica o eixo dorsoventral
pela mistura dos citoplasmas animal e vegetal nas células vegetativas que se
formam em oposição ao ponto de entrada do espermatozóide. Parece que a mistura
dos citoplasmas ativa determinantes da dorsalização nessas células vegetativas.
Essas células vegetativas dorsalizadas são chamadas centro de Nieuwkoop. No
segundo estágio, os descendentes dessas células vegetativas induzem as células
acima delas a se tornarem o organizador de Spemann-Mangold. As outras células
vegetativas induzem as células marginais acima delas a se tornarem os mesodermas
lateral e ventral. Portanto, existe uma indução antes da “indução primária”. No
terceiro estágio, o organizador converte o mesoderma vizinho em mesoderma dor-
sal, e instrui o ectoderma dorsal a se tornar tecido neural. O quarto estágio envol-
ve a caracterização regional do tecido neural induzido (cérebro anterior, cérebro
posterior, medula espinhal, etc.).
opõe aos sinais do organizador. Assim, existe evidência para uma especificação
do mesoderma em três etapas (Figura 15.17): (1) a indução da atividade do
organizador pelas células vegetativas mais dorsais (o centro de Nieuwkoop), (2) a Organizador
indução do mesoderma ventral pelas outras células vegetativas e (3) a dorsalização
das células marginais laterais adjacentes às células marginais dorsais para produ-
zir o mesoderma intermediário enquanto que outras células marginais seguem des-
tinos ventrais. Na década passada foram feitas tentativas para identificar as
interações moleculares que originam essa modelagem mesodérmica.
Sinais dorsais
A especificação da polaridade dorsoventral na fertilização (Vg1, Noggin,
activina, Wnt)
Sinais ventrais
Como vimos nos Capítulos 4 e 6, a especificação dorsoventral é consumada pela (FGF, BMP-4) Centro de
Nieuwkoop
rotação do citoplasma interno do ovo em relação ao córtex. Se essa rotação é inibida
por luz ultravioleta, o embrião não formará estruturas dorso-anteriores (Vincent e
Gerhart, 1987). Render e Elinson (1986) e Wakahara (1989) cortaram ovos em frag- Figura 15.15
Modelo para indução do mesoderma em Xeno-
mentos antes e depois dessa rotação. Se o ovo fosse cortado antes da rotação,
pus. Um sinal ventral (provavelmente FGF2
ambos os lados desenvolviam estruturas dorso-anteriores: cabeça, notocorda e ou BMP4) é liberado em toda a região vegetal
tubo neural. Se o corte era feito após a rotação, um fragmento desenvolvia a cabeça, do embrião. Isso induz as células marginais a
coração, e algumas estruturas mesodérmicas dorsais, enquanto o outro fragmento se tornarem mesoderma. BMP4 pode especifi-
se desenvolvia essencialmente em um Bauchstück, consistindo quase unicamente car as células marginais a se tornarem meso-
de células ventrais, tendo pouco ou nada de mesoderma dorsal e sem sistema nervo- derma posterior. No lado dorsal (fora do local
so. Sakai (1996) mostrou que se o citoplasma vegetativo do ovo fosse deletado de entrada do espermatozóide), um sinal (pro-
antes da rotação, não se formaria o eixo dorsal, e certos determinantes dorsais se vavelmente iniciado por Vg1 e propagado pe-
movem do córtex vegetativo para a zona marginal no futuro lado dorsal. Parece las proteínas activina, Noggin e Wnt) é libera-
do pelas células vegetativas do centro de
então, que essa rotação citoplasmática movimenta os determinantes que são
Nieuwkoop. Esse sinal dorsal induz a forma-
ativadores dorsais em direção ao futuro lado dorsal do ovo. ção do organizador de Spemann nas células da
zona marginal sobreposta ao centro. (De acor-
do com De Robertis et al., 1992.)
Pólo
animal
Pólo
vegetal
Figura 15.16
Pólo Especificidade regional na indução do meso-
animal derma pela recombinação de células do em-
brião de Xenopus com 32 células. As células
do pólo animal de embriões de 32 células fo-
ram combinadas com blastômeros vegetativos
individuais. As células do pólo animal foram
Camada D marcadas com polímeros fluorescentes para
identificação de seus descendentes. As
induções resultantes dessas recombinações es-
Pólo tão resumidas à direita. (De acordo com Dale e
vegetal Slack, 1987.)
608 PARTE IV Especificação do Destino Celular e os Eixos Embrionários
Mesoderma Mesoderma
ventral dorsal
Animal
Figura 15.17
Mesoderma
intermediária
Interações indutivas durante o desenvolvimento precoce de Xenopus. Durante a oogênese, o eixo
animal-vegetal se eleva. A fertilização causa rearranjos citoplasmáticos que subdividem a região
vegetal nas áreas dorso-vegetal (DV) e ventro-vegetal (VV). Durante a clivagem, a indução
mesodérmica ocorre de tal modo que a região DV induz a atividade do organizador (O) nas
células marginais dorsais acima dela, enquanto a VV induz as células acima para se tornarem
mesoderma ventral (M). Um sinal do organizador converte o mesoderma ventral próximo em
mesoderma lateral (M2, M3, M4). Durante a gastrulação, os mesodermas ventral e lateral vão
para os lados da gástrula (não mostrado), enquanto o mesoderma dorsal se expande e induz a
Gastrulação
polaridade nas células ectodérmicas. Isso faz com que as células ectodérmicas se tornem diferen-
tes regiões do tubo neural (N1, N2, N3, N4). C representa a glândula do cimento, a estrutura mais
anterior do girino. A polaridade do endoderma é assim transferida ao tecido neural. O ectoderma
não induzido se torna epiderme. (De acordo com Smith et al., 1985; Slack e Tannahill, 1992.)
Animal
Mesoderma
ventral
Dorsalização do
mesoderma ventral
Mesoderma Espermatozóide
dorsal (organizador)
Animal Animal
Mesoderma
ventral
Clivagem
Vegetal
Centro de Nieuwkoop
A β−catenina é uma proteína multifuncional que pode funcionar como uma âncora
para as caderinas da membrana celular (Capítulo 3) ou como um fator de transcrição
nuclear. Em embriões de Xenopus, a rotação cortical da fertilização remove as β−
cateninas para a futura parte dorsal do ovo. A β−catenina continua a se acumular
preferencialmente no lado dorsal durante a clivagem precoce, e essa acumulação é
observada nos núcleos das células dorsais (Figura 15.18 A,B; Prancha 7E,F; Schneider
et al., 1996; Larabell et al., 1997). Essa região de acumulação de β−catenina original-
mente parece conter tanto o centro de Nieuwkoop como as regiões do organizador.
Durante as clivagens posteriores, as células com β−catenina podem se localizar espe-
cificamente no centro de Nieuwkoop (Heasman et al., 1994; Guger e Gumbiner, 1995).
A β−catenina é necessária para a formação do eixo dorsal, pois a depleção de
transcritos de β−catenina com oligonucleotídeos antisenso resulta na falta de estrutu-
ras dorsais (Heasman et al., 1994). Além disso, a injeção de β−catenina exógena no
lado ventral do embrião produz um eixo secundário (Funayama et al., 1995; Guger e
Gumbiner, 1995). A β−catenina é parte da via Wnt de transdução sinalizadora e é
negativamente regulada pela quinase 3 da síntese glicogênio (GSK-3; Capítulo 3).
GSK-3 também é crítica para a formação de eixo e GSK-3 ativada bloqueia a formação
de eixo quando adicionada ao ovo (Pierce e Kimelman, 1995; He et al., 1995; Yost et al.,
1996). Se o GSK-3 endógeno é eliminado por uma mutação negativa dominante nas
células ventrais do embrião precoce, um segundo eixo se forma (Figura 15.18C). Expe-
rimentos com marcação (Yost et al., 1996; Larabell et al., 1997) sugerem que a β−
catenina é inicialmente sintetizada (a partir de mensagens maternas) em todo o em-
brião, mas que é degradada pela fosforilação de GSK-3 especificamente nas células
ventrais. Não se conhece a causa dessas variações regionais na atividade de GSK-3.
Experimentalmente a GSK-3 endógena pode ser inibida pela adição de proteínas Wnt
ao ovo, e foi observado que essas Wnts induzem eixos secundários (McMahon e
Moon, 1989; Sokol et al., 1991). Mas Wnts podem não ser as reguladoras naturais de
GSK-3 no lado dorsal do embrião; mutações dominantes negativas de proteínas Wnt
e seus receptores não conseguem bloquear a formação do eixo normal (Hoppler et al.,
1996; Sokol, 1996). Atualmente estão sendo realizados estudos para verificar se a
rotação cortical em ovos de Xenopus de certa maneira regula a atividade de GSK-3 e se
existe um outro agente (além das proteínas Wnt) capaz de inativar GSK-3.
610 PARTE IV Especificação do Destino Celular e os Eixos Embrionários
β-catenina ativada
Figura 15.18
(D) Papel da via das proteínas Wnt na especificação do eixo dorsoventral. (A,B) Translocação
dorsalmente por
rotação cortical diferencial da proteína β-catenina para os núcleos de blastômeros de Xenopus. (A) Lado dorsal
presuntivo de uma blástula de Xenopus corado para β-catenina mostra a localização do núcleo.
(B) Tal localização nuclear não é vista no lado ventral do mesmo embrião. (C) Formação do
eixo dorsal causado pela injeção de ambos os blastômeros de um embrião de Xenopus de 2
células com GSK-3β inativa dominante. O destino dorsal é ativamente suprimido pela GSK-
3β tipo selvagem. (D) Modelo irênico pelo qual o centro de Nieuwkoop (caracterizado pela
expressão do gene Siamois e a habilidade para induzir o mesoderma dorsal) é criado pelo
sinergismo da ativação dorsal da β-catenina e a ativação vegetal de Vg1. (A e B de Schneider
et al., 1996, fotografias cortesia de P. Hausen; C de Pierce e Kimelman, 1995, fotografia
cortesia de D. Kimelman.)
Controle
Vg madura
EF1α (controle)
Actina cardíaca
(mesoderma dorsolateral)
Xbra
(A) (mesoderma geral)
Gsc (mesoderma
dorsal anterior)
Noggin (mesoderma
dorsal anterior)
Xwnt8 (mesoderma
ventrolateral)
NCAM (neural)
(B) (C)
Figura 15.19
Proteína Vg1 madura induz movimentos
morfogenéticos e expressão gênica mesodér-
mica dorsal em explantes ectodérmicos.
blástula, mas está na forma de um precursor inativo que precisa ser cindido para ser Explantes de hemisfério animal pigmentado no
ativo. A proteína Vg1 ativada é capaz de (1) induzir o mesoderma dorsal nas células do estágio de blástula foram cultivados (A) em
hemisfério animal; (2) induzir um eixo embrionário completo quando microinjetada em meio não tratado ou (B) em meio contendo a
proteína Vg1 madura (clivada). A proteína Vg1
células vegetativas ventrais; e (3) recuperar o eixo dorsal em ovos irradiados com luz
induziu movimentos de extensão convergente
UV quando microinjetada nas células vegetativas dorsais (Dale et al., 1993; Thomsen no hemisfério animal pigmentado. Quando
e Melton, 1993; Kessler e Melton, 1995). deixados no meio tratado por um tempo maior
Kessler e Melton (1995) mostraram que a proteína Vg1 ativada causava a (C) os explantes do hemisfério animal
elongação ativa do mesoderma da notocorda como também a ativação dose-depen- pigmentado formaram estruturas semelhantes
dente dos marcadores mesodérmicos. Quando coroas do pólo animal, no estágio de à larva, incluindo a notocorda, músculos, olhos,
blástula são colocadas em baixa concentração de Vg1 processada, a proteína Vg1 glândula do cimento e eixo ântero-posterior.
induz a expressão de genes como Brachyury, que caracteriza o mesoderma geral. (D) Com o aumento de sua concentração, a
Doses ligeiramente maiores de Vg1 induz a expressão de marcadores mesodérmicos proteína Vg1 induz um conjunto mais dorsal
de marcadores mesodérmicos. A concentra-
laterais (Xwnt8 e actina), e em altas concentrações, a Vg1 induz essas células a
ção mais baixa é 0 (controle), seguida por 1, 3,
expressar os marcadores mesodérmicos dorsais goosecoid e noggin (Figura 15.19). 10 e 30% em sobrenadante de Vg1. (De acor-
Entretanto, Cui e colaboradores (1996) encontraram que a Vg1, sozinha, não é capaz do com Kessler e Melton, 1995; fotografias
de causar diferenciação da notocorda in vivo. Para que isso ocorra, as células ne- cortesia de D. A. Melton.)
cessitam dos produtos de Vg1 e Wnt. (A via Wnt não foi suficiente para induzir
sozinha o mesoderma dorsal.) É possível que a combinação de Vg1 com algum
produto especificado pelo gene Siamois seja capaz de induzir a especificação do
mesoderma dorsal e sua diferenciação na notocorda*.
A proteína Vg1 madura (processada) parece ser crítica para o funcionamento (se
não o estabelecimento) do centro de Nieuwkoop nos anfíbios. Vg1 é também
identificada na região homóloga do embrião de galinha - a zona marginal posterior.
Além disso, quando a proteína Vg1 é introduzida experimentalmente em áreas laterais
* Alternativamente, isso pode ser outro exemplo do conceito de Spemann (1938) chamado de
“dupla certeza”. O embrião poderia especificar o mesoderma dorsal pelo sinergismo de Vg1 e β-
catenina (sem um centro de Nieuwkoop). O mesmo resultado poderia ser obtido a partir de um sinal
iniciado pelo gene Siamois do centro de Nieuwkoop abaixo dele. Spemann considerava dupla
certeza em analogia a usar tanto um cinto como suspensórios.
612 PARTE IV Especificação do Destino Celular e os Eixos Embrionários
Até aqui discutimos a indução do mesoderma dorsal pelas células vegetativas mais
dorsais. Mas, não é só isso. As outras células vegetativas são capazes de induzir as
células acima delas a se tornarem mesoderma ventral. Experimentos de Smith e seus
colegas (1991) mostraram que na blástula intermediária os blastômeros vegetativos
ventrolaterais e dorsais de Xenopus induzem a expressão do gene Brachyury nas
células marginais acima deles. O mRNA de Brachyury codifica um fator de transcri-
ção cuja função é crucial para a formação do mesoderma. Ele é expresso antes da α-
actina e outras proteínas que são produtos das células mesodérmicas, e se o gene
Brachyury é expresso em células onde o fator de transcrição está normalmente
inativo, aquelas células se tornam mesodérmicas (Cunliffe e Smith, 1992). Se o he-
misfério animal contendo as células da zona marginal é removido do hemisfério
vegetal na blástula intermediária não se forma o mesoderma no hemisfério animal.
Entretanto, se células vegetativas são adicionadas de volta aos hemisférios ani-
mais, o gene brachyury é expresso, e as células que o expressam se tornam
mesodérmicas. Desse modo, as células vegetativas induzem a expressão de genes
mesodérmicos em células da zona marginal. Sem essa interação, as células da zona
marginal permanecem ectodérmicas.
Lim1 Chordin
XANF1 Noggin
Goosecoid Follistatin
Proteínas relacionadas Sonic hedgehog
A HNF3β (p.ex., Forkhead, Pintallavis) Cerberus
Proteínas relacionadas à Nodal (várias)
Filandeses (Saxén, 1961; Toivonen et al., 1975; Toivonen e Wartiovaara, 1976). O lábio
dorsal da salamandra aquática foi colocado em um lado de um filtro suficientemente
fino, de modo que nenhum processo pudesse atravessar os poros, e o ectoderma
competente de gástrula foi colocado no outro lado do filtro. Após várias horas, estru-
turas neurais foram observadas no tecido ectodérmico (Figura 15.21). As identidades
desses fatores difundindo do organizador levaram um quarto de século para serem
definidas. Atualmente, várias dessas moléculas estão sendo estudadas: Chordin,
Noggin, Follistatin, Sonic hedgehog e Cerberus.
(A)
CHORDIN. Um dos papéis iniciais do organizador é se “proteger” contra a
ventralização. A BMP4 é produzida em toda a blástula de Xenopus e ativamente
produz mesoderma ventral (Graff et al., 1994). Em outras palavras, a produção do
mesoderma ventral não é meramente devida à ausência de sinais dorsais; ela é
ativamente construída. Além do mais, como já descrito, a BMP4 pode bloquear os
sinais dorsais. O mesoderma dorsalizado bloqueia o sinal de BMP4 secretando
Chordin e Noggin (Sasai et al., 1994; Holley et al., 1995). Chordin é uma proteína
secretada que é ativada pelos fatores de transcrição Goosecoid e Xnot2 contendo
o homeodomínio. A proteína é originalmente detectada na zona marginal dorsal
cerca de uma hora antes da gastrulação; ao se iniciar a gastrulação, a mensagem
chordin é vista somente no lábio dorsal do blastóporo (Figura 15.22). Daqui em
diante, chordin é expressa na placa precordal (o mesoderma da cabeça que prece-
de anteriormente a notocorda) e na notocorda. Quando estão ocorrendo as últi-
mas induções na cauda, Chordin é encontrada na dobradiça cordoneural, o último
vestígio do organizador. Chordin pode induzir um eixo secundário quando
microinjetada nos lados ventrais da blástula de Xenopus, possivelmente por inter-
(B) ferir com a ação de BMP4.
Figura 15.21 BMP4 é inicialmente expressa nas regiões ectodérmicas e mesodérmicas da
Fatores indutivos solúveis e sua identificação. blástula tardia. Entretanto, durante a gastrulação, transcritos de bmp4 estão res-
(A) Estruturas neurais induzidas no ectoderma tritos à zona marginal ventrolateral (Hemmati-Brivanlou e Thomsen, 1995; Northrop
presuntivo pelo lábio dorsal da salamandra aqu- et al., 1995). A proteína BMP4 induz a expressão de vários fatores de transcrição
ática, separado do ectoderma por um filtro (Xvent-1, Vox, Mix.1, Xom) que são reguladores-chaves no desenvolvimento do
Nucleopore com poros de diâmetro médio de mesoderma ventral. Portanto, a BMP4 ativa a expressão gênica ventral. Os fatores
0.05 µm. Células neurais do tipo anterior são de transcrição induzidos por BMP4 reprimem goosecoid e outros genes dorsais,
evidentes, incluindo alguns olhos induzidos.
enquanto ao mesmo tempo ativam proteínas mesodérmicas ventrolaterais (Gawantka
(B) Tipo similar de indução visto quando o
hemisfério animal pigmentado de Xenopus (ec-
et al., 1995; Hawley et al., 1995; Mead et al., 1996; Schmidt et al., 1996). Dessa
toderma presuntivo) é injetado com mRNA de maneira, a BMP4 ativa o desenvolvimento mesodérmico e suprime o desenvolvi-
chordin e tratado com FGF2 solúvel. (A de mento dorsal. Em Xenopus, chordin e noggin se ligam diretamente e inativam a
Toivonen, 1979; B de Sasai et al., 1996; foto- BMP4, impedindo assim que a proteína aja em células próximas ao organizador
grafias cortesia de L. Saxén e E. De Robertis, (Figura 15.23; De Robertis e Sasai, 1996; Piccolo et al., 1996; Sasai et al., 1996;
respectivamente.) Zimmerman et al., 1996).
CAPÍTULO 15 Especificação Condicional 615
Figura 15.22
Localização do mRNA de chordin. (A) Montagem total da hibridização in situ mostra que
imediatamente antes da gastrulação, a mensagem chordin é expressa na região que se tornará o
lábio dorsal do blastóporo. (B) Quando a gastrulação começa, chordin é expresso no lábio dorsal
do blastóporo, e (C) é visto nos tecidos do organizador. (de Sasai et al., 1994; fotografias cortesia
de E. De Robertis.)
(A)
Animal
Ectoderma
Ectoderma neural
epidérmico
Ventral Dorsal
MOLÉCULAS DO ORGANIZADOR:
Chordin, Noggin, Follistatin, Xnr3
Mesoderma
Endoderma dorsal
Vegetal
(B)
Screw
Genes homeobox
Tolloid Decapentaplegic não neurais
Chordin
Short gastrulation
Cordados
Drosophila
Figura 15.23
Modelo para a ação do organizador. (A) BMP4 (e outras certas moléculas) são poderosos fatores
ventralizantes. Proteínas do organizador como Chordin e Noggin podem bloquear a ação de
BMP4. (Follistatin pode inibir a ação de BMP7, que combina com BMP4 para ativá-lo.) Os
efeitos antagônicos dessas proteínas podem ser vistos em todas as três camadas germinativas. (B)
Vias do desenvolvimento homólogo na formação do sistema nervoso central de um vertebrado
(Xenopus) e de um invertebrado (Drosophila). O fator vertebrado está em preto, a proteína
homóloga da Drosophila em cor. (De acordo com De Robertis e Sasai, 1996; Sasai et al., 1996.)
616 PARTE IV Especificação do Destino Celular e os Eixos Embrionários
Informações adicionais
& Especulações
R ECENTEMENTE, os laboratóri-
os de De Robertis e Kimelman
mostraram que a reação que
leva à formação do tubo neural dorsal no
Xenopus são as mesmas reações que le-
do short-gastrulation é injetado nas re-
giões ventrais de embriões de Xenopus,
ele induz a notocorda e o tubo neural do
embrião. A injeção do mRNA de chordin
em Drosophila origina tecido nervoso
um dos mais calorosos e críticos con-
frontos em biologia quando ele propôs
que a lagosta era um vertebrado de ca-
beça para baixo. Ele acreditava que o
lado ventral da lagosta (com seu cor-
vam à formação do cordão nervoso ven- ventral. Apesar da Chordin de Xenopus dão nervoso) era homólogo ao lado dor-
tral nos insetos (veja Figura 15.23B; funcionar como um dorsalizador do em- sal dos vertebrados (Appel, 1987). Pa-
Holley et al., 1995; Schmidt et al., 1995). brião, ela ventraliza o embrião de Droso- rece que ele tinha razão ao nível mole-
Em Drosophila, o homólogo do gene phila. Isso é porque na mosca a Dpp é cular, mas não no anatômico. De Robertis
bmp4 é o decapentaplegic (dpp). Como produzida dorsalmente. Em Xenopus, e Sasai (1996) propuseram que todos os
discutido no capítulo anterior, a proteína BMP4 é produzida ventralmente. Em am- filos bilatérios tinham uma origem co-
Dpp é responsável pela modelagem do bos os casos, Sog/Chordin produz teci- mum- uma criatura hipotética (denomi-
eixo dorsoventral na Drosophila, e está do neural bloqueando os efeitos de Dpp/ nada Urbilateria) de cerca de 600 mi-
presente na porção dorsal do embrião e BMP4. Em Drosophila, a Dpp interage lhões de anos atrás que era o ancestral
difunde-se ventralmente. Aqui, ela sofre com o produto do gene screw para seu de ambos os subreinos, protostomatas
a oposição de uma proteína chamada funcionamento. Em Xenopus, o homólogo e deuterostomatas. A interação BMP4
Short-gastrulation (Sog). A Short-gastru- de screw, Bmp7, parece ser essencial para (Dpp)/Chordin(Sog) é um exemplo de
lation é a homóloga de Chordin na Dro- o efeito ventralizante de BMP4 (Hawley “processos homólogos”, sugerindo uma
sophila. Esses homólogos não só se et al., 1995). unidade de princípios de desenvolvi-
parecem como também podem ser subs- Em 1822, o anatomista francês mento em todos os animais (Gilbert et
tituídos um pelo outro. Quando o mRNA Etienne Geoffroy Saint-Hilaire provocou al., 1996).
NOGGIN. Um dos outros agentes do organizador deve ser o produto do gene noggin.
Smith e Harland (1991, 1992) isolaram esse gene construindo uma biblioteca de cDNAs
de gástrulas dorsalizadas (tratadas com lítio). RNAs sintetizados de conjuntos desses
plasmídeos foram injetados em embriões ventralizados produzidos por irradiação com
luz UV. Os conjuntos de plasmídeos cujos RNAs recuperavam o eixo dorsal foram
divididos em conjuntos menores, e assim por diante, até o isolamento de clones úni-
cos cujos mRNAs eram capazes de restaurar o eixo dorsal nesses embriões. Um des-
ses clones continha noggin. Smith e Harland (1992) mostraram que mRNA do noggin,
recentemente transcrito, está localizado inicialmente na região do lábio dorsal do
blastóporo e depois é expresso na notocorda (Prancha 6). Ainda mais, se o embrião
precoce é tratado com cloreto de lítio (LiCl) de modo que o manto mesodérmico inteiro
se torne um tecido organizador semelhante à notocorda, então o mRNA de noggin é
encontrado no manto mesodérmico inteiro. Tratamento do embrião precoce com luz
ultravioleta (que impede a formação do lábio dorsal do blastóporo) inibe a síntese do
mRNA de noggin. Injeção de mRNA de noggin em embriões de uma célula, irradiados
com luz ultravioleta, restaura completamente o eixo dorsal e permite a formação do
embrião completo (Prancha 5). Se muita proteína Noggin é sintetizada nessa ocasião,
o embrião se torna “hiperdorsal”, formando somente a região da cabeça (daí o nome
“noggin”). O mRNA para a proteína Noggin já está presente no ovo fertilizado, e a
seqüência da proteína (como deduzida pelo gene) sugere fortemente que Noggin é
uma proteína secretada. Parece então, que Noggin é um excelente candidato para
mediar algumas das funções do organizador.
CAPÍTULO 15 Especificação Condicional 617
Evidência recente sugere que a proteína Noggin pode realizar duas funções impor-
tantes do organizador de Spemann-Mangold: ela induz o tecido neural do ectoderma
dorsal, e dorsaliza as células mesodérmicas que, de outra maneira, contribuem para o
mesoderma ventral. Smith e colaboradores (1993) mostraram que a proteína Noggin
pode dorsalizar as células da zona marginal ventral na gastrulação e reespecificar seu
destino a partir do mesoderma ventral (mesênquima e células do sangue) a destinos
mais intermediários (músculo, coração e rim pronéfrico). Quando Smith e colaborado-
res removeram as zonas marginais ventrais (o mesoderma ventral presuntivo) da gástrula
de Xenopus e as colocaram em um meio contendo a proteína Noggin solúvel, esses
explantes produziram um mRNA específico para músculo que é normalmente reserva-
do para explantes marginais dorsais. Esses explantes também se tornaram alongados
(outra característica do desenvolvimento dorsal). Entretanto, os explantes alongados
não coravam como tecido notocordal. Esses experimentos mostram que a proteína
solúvel Noggin pode induzir células mesodérmicas ventrais da gástrula a se tornarem
músculo (mas não notocorda) e, portanto, ela se assemelha ao sinal do organizador
que dorsaliza o tecido mesodérmico lateral (veja Figura 15.17).
A proteína Noggin também pode induzir tecido neural no ectoderma da gástrula
sem a presença de qualquer mesoderma dorsal (Lamb et al.,1993). Quando Noggin é
adicionada ao ectoderma da gástrula (ou hemisfério animal pigmentado), as células
ectodérmicas são induzidas a expressar marcadores neurais específicos para o cérebro
anterior. Além disso, os produtos gênicos para as células do músculo ou da notocorda
não são induzidos pela proteína Noggin. Como Noggin é uma proteína secretada
sintetizada pelos derivados do organizador (o mesoderma da cabeça e o
cordomesoderma) durante a gastrulação (quando se dá a indução), e desde que ela
inativa a BMP4 (a qual ventraliza o embrião), considera-se que Noggin tem um papel
na dorsalização do mesoderma e na dorsalização do ectoderma dorsal.*
*Noggin pode também estar funcionando como parte do centro de Nieuwkoop. Um material do
mRNA de noggin é traduzido na blástula precoce (Smith e Harland, 1992) e uma investigação
recente (Lustig et al., 1996) mostra que Noggin funciona com um co-fator, Xenopus nodal related-
1(Xnr-1), para induzir a gástrula precoce. Xnr-1 pode também estar envolvido na formação do eixo
esquerdo-direito em Xenopus. Durante a neurulação, ele é expresso assimetricamente no mesoderma
da placa lateral, estando presente somente no lado esquerdo do embrião. Esse modelo de expressão
se assemelha aquele dos genes nodal em pintos e camundongos, onde a expressão de nodal é crítica
para o estabelecimento do eixo esquerdo-direito (Capítulo 16).
618 PARTE IV Especificação do Destino Celular e os Eixos Embrionários
Região do
neurônio
Motor Notocorda
doadora
Placa do
assoalho ventral
Notocorda
(A) (B) (C) (D)
Figura 15.24
Cascasta de induções iniciada pela notocorda
no tubo neural recém-formado. (A) Dois tipos SONIC HEDGEHOG. Sonic hedgehog é utilizada após a concretização da maioria
de células no tubo neural recém-formado. As dos eventos indutivos da neurulação. Ela é usada para padronizar o tubo neural
células mais perto da notocorda se tornam as recém-formado. Sonic hedgehog é expressa na notocorda e a porção aminoterminal
células da placa do assoalho ventral. Os neurô- dessa proteína é secretada (veja Figura 7.11). Se fragmentos da notocorda de um
nios motores emergem nos lados ventrolaterais. embrião são transplantados para as laterais de um tubo neural hospedeiro, esse
(B) Se uma segunda notocorda é transplantada formará, nas suas laterais, outro conjunto de células da placa do assoalho. Se um
adjacente ao tubo neural, ela induz um novo pedaço da notocorda é removido de um embrião, o tubo neural adjacente à região
conjunto de células da placa do assoalho e dois deletada não tem células da placa do assoalho (Figura 15.24; Placzek et al., 1990;
novos conjuntos de neurônios motores. (C) Se
Yamada et al.,1991). Essas células da placa do assoalho, uma vez induzidas, induzem
as células da placa do assoalho ventral são trans-
plantadas adjacentes ao tubo neural, novos con- a formação dos neurônios motores em um de seus lados. O mesmo resultado pode
juntos de neurônios motores se diferenciam. ser obtido se os fragmentos de notocorda são substituídos por aglomerados de
(D) As interações indutivas entre essas célu- células secretando Sonic hedgehog (Echelard et al., 1993; Roelink et al., 1994). A
las. As setas vermelhas representam a secreção Sonic hedgehog das células da placa do assoalho é capaz, em seguida, de polarizar
da proteína Sonic hedgehog. (De acordo com o tubo neural. Ela induz os neurônios motores nas regiões ventrolaterais, e impede
Placzek, et al., 1990.) a dorsalização do tubo neural ventral antagonizando os efeitos de BMP4 originada
na epiderme dorsal* (veja Capítulo 7).
*BMP4 age como um agente ventralizador na formação do tubo neural (impedindo ativamente
sua formação na parte ventral do embrião), mas uma vez que o tubo neural está produzido, a
proteína pode agir como um agente dorsalizante, sendo secretada da epiderme superior para dorsalizar
o tubo neural (veja Capítulo 7). Um parceiro versátil, ela estimulará o desenvolvimento do músculo
no miótomo, padroniza o desenvolvimento do dente, e até destrói a rede formada entre nossos
dedos da mão e do pé. A BMP4 é freqüentemente pareada com a Sonic hedgehog na formação dos
primórdios dos órgãos.
CAPÍTULO 15 Especificação Condicional 619
Figura 15.25
O mRNA de Cerberus injetado em um único blastômero D4 (vegetativo
ventral) de um embrião de Xenopus de 32 células induz estruturas da
cabeça como também um coração e um fígado duplicados. Um olho
secundário (um único olho ciclópico) e um placódio olfatório podem ser
vistos facilmente. (de Bouwmeester et al., 1996; fotografia cortesia de E.
M. De Robertis.)
Figura 15.26
Habilidade do mRNA de goosecoid para induzir um novo eixo. (A) Na gástrula, o embrião
controle (não injetado ou injetado com mRNA semelhante a goosecoid mas sem o homeobox)
tem um lábio dorsal do blastóporo. (B) Um embrião no estágio de 16 células cujos blastômeros
vegetativos ventrais foram injetados com a mensagem goosecoid. Note o lábio dorsal do blastóporo
secundário. (C) Superior, duas nêurulas injetadas com mRNA de goosecoid, mostrando dois
eixos; inferior, duas nêurulas controle. (D) Embrião duplicado produzido pela injeção de goosecoid.
Foram induzidas estruturas completas da cabeça. (De acordo com Cho et al., 1991a; Niehrs et al.,
1993; cortesia de E. De Robertis.)
células faz com que a progênie desses blastômeros involuam, sofram extensão con-
vergente e formem o mesoderma dorsal e o endoderma da cabeça do eixo secundário
(Figura 15.26; Niehrs et al., 1993). Além disso, experimentos com marcação (Niehrs et
(A) al., 1993) mostram que células injetadas com goosecoid são também capazes de
recrutar para o eixo dorsal células vizinhas do hospedeiro. Resumindo, o centro de
Nieuwkoop ativa o gene goosecoid codificando uma proteína ligante de DNA que
(1) ativa as propriedades de migração (involução e extensão convergente) das célu-
las do lábio dorsal do blastóporo, (2) de forma autônoma, determina os destinos
endodérmico da cabeça e mesodérmico dorsal das células que o expressam, e (3)
permite às células que expressam goosecoid recrutarem células vizinhas para dentro
Xbra do eixo dorsal. Foi observado que Goosecoid ativa o gene Xotx2 no mesoderma
Noggin anterior e no ectoderma presuntivo do cérebro (Blitz e Cho, 1995). Xotx2 é o homólogo
Goosecoid do gene orthodenticle em Xenopus que é essencial para o desenvolvimento do
Xnr3
cérebro em moscas e camundongos.
(B) A expressão gênica “específica para o organizador“ pode ser usada para subdi-
vidir o organizador precoce em regiões tendo diferentes combinações dessas men-
sagens (Figura 15.27; Vodicka e Gerhart, 1995). No começo da gastrulação, enquanto
as células do organizador involuem para o embrião, essas configurações mudam.
Dentro das células profundas, o goosecoid agora é visto nas porções mais anterio-
res (na maior parte construída de células C1), especialmente o mesoderma da placa
precordal da cabeça. A sobreposição parcial dos genes noggin e Xbra define a
notocorda, e a região tendo Xbra sem noggin define o domínio destinado a se
tornar o endoderma posterior. Um segundo domínio de expressão de noggin é visto
na placa neural anterior. [regul6.html]
Figura 15.27
Estrutura fina do organizador. (A) No começo da gastrulação, o Xbra está nas células mais
animais do organizador, enquanto o noggin está mais vegetal. As células vegetativas involuem
primeiro e se localizam mais anteriormente. (B) Os mesmos fatores vistos perto do fim da
gastrulação. As zonas de expressão são mais discretas e menos superpostas, e não há correlação
entre a localização original das células e seu padrão de expressão gênica posterior. (De acordo
com Vodicka e Gerhart, 1995.)
CAPÍTULO 15 Especificação Condicional 621
Informações adicionais
& Especulações
M
ESMO QUE a identidade das da Proteína Quinase C (PKC) nas suas natural foi novamente confirmada quan-
moléculas sinalizadoras este- membranas celulares. Vários estudos do Otte e colaboradores (1991; Otte e
ja sendo estabelecida, o me- (Davids et al., 1987; Davids, 1988; Otte Moon, 1992) demonstraram que a PKC
canismo de suas ações ainda é um enig- et al., 1988, 1989) mostraram que se so- do ectoderma dorsal difere do PKC do
ma. É provável que além de bloquear o mente um desses eventos ocorre, não ectoderma ventral, tanto na sua estru-
sinal ventralizante (BMP4), o organiza- há formação do tecido neural. Entretan- tura como na sua habilidade de ser ati-
dor deve também ativar as células ecto- to, se a Proteína Quinase C e a adenil vada por compostos externos. Somente
dérmicas para se tornarem a placa ciclase forem ativadas artificialmente a PKC encontrada no ectoderma dorsal
neural. Apesar de não se conhecer a(s) nas membranas das células ectodérmi- pode ser correlacionada com a habilida-
molécula(s) responsável(s), é possível cas, o tecido neural é gerado. Nesse de de responder a indutores naturais. É
que a neuralização possa se dar pela modelo, a indução neural é realizada por possível que ninguém ainda tenha con-
combinação de duas reações separadas: duas reações, e cada reação pode ser seguido isolar o fator indutor neural
o aumento do AMP cíclico intracelular iniciada por uma molécula diferente. A natural porque vários fatores estão agin-
nas células ectodérmicas e a ativação participação de PKC na indução neural do simultaneamente.
(C)
(D)
Figura 15.29
Ação indutora específica regionalmente do lábio dorsal do blastóporo. (A) Labios dorsais de
blastóporos jovens (que formarão a porção anterior do mesoderma dorsal) induzem estruturas
anteriores quando colocadas em gástrulas jovens da salamandra aquática. (B) Lábios dorsais de
blastóporos mais velhos colocados em gástrulas de salamandra similares produzem estruturas
mais posteriores. (de Saxén e Toivonen, 1962, fotografias cortesia de L. Saxén.)
CAPÍTULO 15 Especificação Condicional 623
Nos anos de 1950, P. Nieuwkoop (1952) e Toivonen e Saxén (1955) propuseram mode- Anterior Posterior
los para a especificidade regional que envolviam duas etapas. Na primeira delas, o
tecido neural era induzido pelo organizador. Esse tecido neural era o tecido Figura 15.30
“arquencefálico“ do cérebro anterior. A segunda etapa consistia em um sinal de Evidência para um modelo de indução neural
posteriorização distribuído como um gradiente, com maior concentração caudal. O em dois estágios: ativação e transformação.
sinal de posteriorização agia no ectoderma anterior transformando-o em cérebro pos- Uma dobra do ectoderma de gástrula foi im-
terior e tecido da medula espinhal. A evidência de Nieuwkoop veio de transplantes de plantada em uma região da placa neural. As
estruturas mais anteriores estão no lado esquer-
dobras do ectoderma competente em várias posições ao longo do eixo ântero-poste-
do e 1-4 representam diferentes estruturas
rior da gástrula hospedeira. As porções proximais dessas dobras produziram estrutu-
neurais. Dobras do ectoderma de gástrula não
ras típicas da região de inserção do hospedeiro, enquanto que a parte mais distal da específica tendiam a se diferenciar em estrutu-
dobra se desenvolveu em estruturas neurais de natureza mais anterior do que à da ras neurais anteriores, mas eram posteriorizadas
inserção (Figura 15.30). A evidência de Toivonen e Saxén veio de estudos com indutores por material oriundo do posterior do embrião.
artificiais específicos de tecidos. Foi observado que a medula óssea de cobaia, por (De acordo com Doniach, 1993.)
exemplo, induz somente estruturas mesodérmicas. Fragmentos de fígado de cobaia,
entretanto, podiam induzir estruturas do cérebro anterior. Eles implantaram os dois
indutores juntamente dentro da blastocele da mesma gástrula precoce. Enquanto o
fígado induziria somente o cérebro anterior e a medula óssea induziria somente o
mesoderma, os dois juntos induziram tudo normal; o cérebro anterior, o cérebro poste-
rior, a medula espinhal e o mesoderma do tronco (Toivonen e Saxén, 1955). Portanto, a
especificidade regional da indução neural pode ser devida a gradientes opostos de
substâncias indutoras do cérebro anterior e da medula espinhal (Figura 15.31). Resul-
tados semelhantes vieram de estudos onde o ectoderma neural anterior foi misturado
(A)
Medula Fígado
óssea
Figura 15.31
Evidência para o modelo de indução em
(B) Fígado Fígado + medula Medula óssea gradiente duplo. (A) Implantação simultâ-
113 casos óssea 66 casos 34 casos nea de um indutor neuralizante (fígado de
Cérebro anterior cobaia) e um indutor de mesoderma (me-
Olho dula óssea de cobaia) na blastocele de uma
Nariz gástrula precoce da salamandra aquática.
Equilibrador (B) Resultados dessa implantação. Estru-
Cérebro posterior
turas do cérebro posterior e da medula es-
Vesícula do ouvido pinhal que eram intermediárias entre o cé-
Medula espinhal rebro anterior e o mesoderma no mapa de
destino da placa neural, não foram bem in-
Notocorda duzidas por cada um dos indutores. Quan-
Somitos
do os dois indutores foram implantados
Prônefros
Nadadeira
em conjunto, essas estruturas foram pro-
duzidas. (De acordo com Toivonen e
Saxén, 1955.)
624 PARTE IV Especificação do Destino Celular e os Eixos Embrionários
Cérebro anterior
Cérebro posterior
Medula espinhal
Porcentagem
Figura 15.32
Evidência para a indução em gradiente duplo e
dois estágios no embrião de anfíbios. A região com diferentes quantidades de mesoderma dorsal posterior (Figura 15.32; Toivonen e
anterior da placa neural (ou seja, células já in- Saxén, 1968). Assim, o tecido neural foi determinado a ser inicialmente cérebro anterior,
duzidas naturalmente por um indutor do cére- mas em seguida foi posteriorizado de maneira gradativa por substâncias caudais. A
bro anterior, aqui vistas em cor) e células da maioria dos modelos de indução neural convergiram a um esquema que inclui (1) uma
notocorda posterior foram removidas e mistu-
etapa de “ativação” inicial que determina que as células têm capacidade de se conver-
radas em diferentes proporções. A freqüência
de estruturas intermediárias (cérebro posteri- terem em células neurais do cérebro anterior e (2) uma etapa de “transformação” na
or) aumenta à medida que a proporções de cé- qual um gradiente de material do mesoderma posterior causa a posteriorização da
lulas da placa neural anterior e células especificação neural (Figura 15.33). [regul4.html]
mesodérmicas se aproxima de 1:1. Isso sugere
que a especificação regional ocorre após a de- Correlatos moleculares da caudalização neural
terminação das células da placa neural como
neurais. (de Gilbert e Saxén, 1993.) Cada um dos indutores neurais: Chordin, Noggin e Follistatin induz exclusivamente
tecidos neurais anteriores (tipo de cérebro anterior). Então, quais podem ser o(s)
fator(es) que posteriorizam o tubo neural? Vários estudos recentes apontam para o
FGF como sendo o fator que especifica que o ectoderma neural se torne mais caudal
(Cox e Hemmati-Brivanlou, 1995; Lamb e Harland, 1995). Quando o ectoderma de
gástrula precoce (ainda sem a subcamada de mesoderma dorsal) foi isolado e
Concentração de RA Ácido
em contato com a retinóico
nêurula tardia
Não tratada Controle
rRNA
Glândula do cimento
XCG-1
Glândula do
cimento XAG-1
XA-1 Cabeça
XIF-1 Cabeça
XIHbox6 Tronco
Xhox36 Cauda
Figura 15.34
Ácido retinóico (RA) causa a posteriorização de estruturas neurais. (A) Embriões em nêurula
tardia foram expostos continuamente a diferentes concentrações de ácido retinóico e seu
crescimento foi permitido até que os controles atingissem o estágio de girinos. (B) Efeito na
expressão do mRNA do marcador neural quando as blástulas são tratadas com 10-6 M de ácido
retinóico por 2 horas (suficiente para produzir girinos acefálicos). Efeito inibitório pode ser visto
nos genes expressos mais anteriormente. (A de acordo com Ruiz i Altaba e Jessell, 1991; B de
acordo com Sive et al., 1990.)
o
jetad
Figura 15.35
ão
Xwnt3a pode caudalizar o tecido neural anteri-
Embri
a
Não in
Xwnt3
or. Explantes de ectoderma competente liga-
dos ao lábio dorsal do blastóporo foram isola-
dos como na Figura 15.30. Os mRNAs espe-
cíficos expressos foram identificados por PCR XAG1 Glândula do cimento
de transcriptase reversa. Nesta figura, os
marcadores neurais expressos mais anterior-
XANF2 Glândula pituitária
mente estão localizados mais ao alto. A
superexpressão de Wnt3a no embrião com
Xwnt3a anulou os marcadores neurais mais OtxA Cérebro anterior
anteriores. As regiões ectodérmicas de em-
briões não injetados ou aquelas superexpres-
sando uma proteína controle (prolactina) não En2 Cérebro intermediário
foram afetadas. (de McGrew et al., 1995; foto-
grafia cortesia de R. T. Moon.) Krox20 Cérebro posterior
Informações adicionais
& Especulações
Uma das mais espetaculares descobertas desta década foi que moscas e camundon-
gos usam os mesmos genes homeobox para especificar regiões ao longo do eixo
ântero-posterior. Entretanto, a análise dos genes homeobox em Xenopus não pro-
grediu tanto devido a impossibilidade de se fazer anulação (“knock out”) de genes
nessas rãs. Como veremos no Capítulo 16, o ácido retinóico é capaz de converter
uma parte do corpo do camundongo em uma parte mais posterior, causando a ex-
pressão de genes homeobox que são característicos da região mais posterior. Isso
também se dá em Xenopus. Tanto o ácido retinóico como o eFGF se mostraram
capazes de alterar a expressão de genes Hox. Pownall e colegas (1996) mostraram
que o eFGF promove a expressão de genes Hox posteriores no ectoderma de Xeno-
pus, e tanto Cho e colegas (1991b) como Sive e Cheng (1991) mostraram que o ácido
retinóico altera a expressão de genes homeobox em uma direção posterior tanto no
ectoderma como no mesoderma. Assim, em uma variação do modelo de dois estági-
os antes proposto, agora propõe-se que a indução neural leva à criação de uma
determinação neural anterior (do tipo cérebro anterior) que é influenciada por um
gradiente posterior de ácido retinóico, eFGF ou Wnt3a para a criação de
especificidades regionais (Otte et al., 1991; Sharpe, 1991). Tal gradiente de ácido
retinóico (dez vezes maior no posterior do que no anterior) foi detectado no meso-
derma dorsal de nêurulas precoces de Xenopus (Chen et al., 1994).
*Apesar das induções que se seguem às induções embrionárias “primárias“ terem, freqüente-
mente, sido chamadas de “secundárias”, não existe diferença conceitual entre elas. Retornaremos às
induções secundárias no Capítulo 17.
CAPÍTULO 15 Especificação Condicional 629
Mais ainda, uma vez que um tecido foi induzido, ele pode induzir outros tecidos.
Os blastômeros D1 do centro de Nieuwkoop induzem as células acima dele a se torna-
rem o organizador. O organizador então induz o ectoderma acima dele a se tornar o
tubo neural. O tubo neural pode induzir o ectoderma da cabeça a formar o cristalino. E
as induções continuam. Mais ainda, um tecido pode induzir vários outros. O organiza-
dor induz tanto o mesoderma como o ectoderma. A Sonic hedgehog da notocorda não
induz somente a placa do assoalho no tubo neural; originando-se tanto da placa do
assoalho como da notocorda, A Sonic hedgehog induz o somito ventral mediano a se
tornar o esclerótomo formador de cartilagem (veja Figura 9.6; Fan e Tessier-Lavigne,
1994; Johnson et al., 1994). Continuaremos nossa discussão de induções secundárias
no Capítulo 17.
Estamos finalmente dando nomes aos “agentes” e “fatores solúveis” dos embrio-
logistas experimentais. Estamos finalmente delineando as vias intercelulares dos fato-
res parácrinos e fatores de transcrição que constituem os primeiros passos nos pro-
cessos da organogênese. O programa internacional de pesquisa iniciado pelo labora-
tório de Spemann na década de 1920 está chegando a sua conclusão. Mas essa pes-
quisa encontrou níveis de complexidade muito mais profundos que Spemann teria
concebido, e da mesma forma que seus experimentos nos mostraram o quanto não
sabíamos, assim hoje, enfrentamos um novo conjunto de problemas gerados pelas
nossas soluções aos problemas mais velhos: Como é iniciado o centro de Nieuwkoop?
Qual é a atividade de Siamois? Como o mesoderma se torna padronizado? Como são
limitados os sinais da notocorda? Como a notocorda se diferencia? Como o ectoderma
adquire sua competência?
Analisando o campo em 1927, Spemann observou:
Nós ainda estamos em presença de enigmas, mas não sem a esperança de os
resolver. E enigmas com esperança de solução - o que mais um cientista poderia
desejar?
LITERATURA CITADA
Allen, G. E. 1985. Thomas Hunt Morgan: Blumberg, B., Wright, C. V. E., De Robertis, E. Cho, K. W. Y, Morita, A. A., Wright, C. V. E.
Materialism and reductionism in the develop- M. and Cho, K. W. Y. 1991. Organizer-specific and De Robertis, E. M. 1991b. Overex-pression
ment of modern genetics. Trends Genet. 3: 151- homeobox genes in Xenopus laevis embryos. of a homeodomain protein confers axis-forming
154; 186-190. Nature 253: 194-196. activity to uncommitted Xenopus embryonic
cells. Cell 65: 55-64.
Appel, T. A. 1987. The Cuvier-Geoffroy Deba- Bouwmeester, T., Kim, S.-H., Sasai, Y., Lu, B.
te: French Biology in the Decades before and De Robertis, E. M. 1996. Cerberus is a head- Cooke, J. and Webber, J. A. 1985. Dynamics of
Darwin. Oxford University Press, NY. inducing secreted factor expressed in the anteri- the control of body pattern in the development
or endoderm of Spemann’s organizer. Nature 382: of Xenopus laevis. J. Embryol. Exp. Morphol.
Amaya, E., Musci. T. J. and Kirschner, M. W.
595-601. 88: 85-99.
1991. Expression of a dominant negative mutant
of the FGF receptor disrupts mesoderm forma- Brannon, M. and Kimelman, D. 1996. Activation Cornell, R. A. and Kimelman, D. 1994. Ac-tivin-
tion in Xenopus embryos. Cell 66: 257-270. of Siamois by the Wnt pathway. Dev. Biol. 180: mediated mesoderm induction requires FGF. De-
344-347. velopment 120: 453-462.
Berrill, N. J. and Liu, C. K. 1948. Germplasm,
Weismann, and hydrozoa. Q. Rev. Biol. Buss, L. 1987. The Evolution of Individuality. Cornell, R. A., Musci, T. J. and Kimelman, D. 1995.
23:124-132. Princeton University Press, Princeton, NJ. FGF is a prospective competence factor for early
activin-type signals in Xenopus mesoderm
Bïjtel, J. H. 1931. Über die Entwicklung des Chen, Y. P., Huang, L. and Solursh, M. 1994. A
induction. Development 121: 2429-2437.
Schwanzes bei Amphibien. Wilhelm Roux Arch. concentration gradient of retinoidsin the early
Entwicklungsmech. Org. 125: 448-486. Xenopus laevis embryo. Dev. Biol,161: 70-76. Cox, W. G. and Hemmati-Brivanlou, A.
1995. Caudalization of neural fate by tissue
Blitz, I. L. and Cho, K. W. Y. 1995. Anterior Cho, K. W. Y, Blumberg, B., Steinbeisser, H.
recombination and bFGF. Development 121:
neurectoderm is progressively induced during and De Robertis, E. 1991a. Molecular nature
4349-4358.
gastrulation: the role of the Xenopus of Spemann’s organizer: The role of the Xe-
homeobox gene orthodenticle. Development nopus homeobox gene goosecoid. Cell 67:
121: 993-1004. 1111-1120.
630 PARTE IV Especificação do Destino Celular e os Eixos Embrionários
Cui, Y., Tian, Q. and Christian, J. L. 1996. Interactions in Early Development. Wiley-Liss, Gimlich, R. L. and Cook, J. 1983. Cell lineage
Synergistic effects of Vgl and Wnt signals in the New York, pp. 109-127. and the induction of nervous systems in
specification of dorsal mesoderm and endoderm. amphibian development. Nature 306: 471-473.
Dev. Biol. 180: 22-34. Durston, A., Timmermans, A., Hage, W. J.,
Hendriks, H. F. J., de Vries, N. J., Heideveld, M. and Gimlich, R. L. and Gerhart, J. C. 1984. Early cellular
Cunliffe, V. and Smith, J. C. 1992. Ectopic Nieuwkoop, P. D. 1989. Retinoic acid causes an interactions promote embryonic axis formation
mesoderm formation in Xenopus embryos caused anteroposterior transformation in the developing in Xenopus laevis. Dev. Biol. 104: 117-130.
by widespread expression of a Brachyury homo- central nervous system. Nature 330: 140-144.
Gont, L. K., Steinbeisser, H., Blumberg, B.
logue. Nature 358: 427-430.
Echelard, Y, Epstein, D. J., St-Jacques, B., Shen, and De Robertis, E. M. 1993. Tail formation
Dale, L. and Slack, J. M. W. 1987. Regional L., Mohler, J., McMahon, J. A. and McMahon, A. as a continuation of gastrulation: the multiple
specificity within the mesoderm of early 1993. Sonic hedgehog, a member of a family of tail populations of the Xenopus tailbud deri-
embryos of Xenopus laevis. Development 100: putative signaling molecules, is implicated in the ve from the late blastopore lip. Development
279-295. regulation of CNS polarity. Cell 75: 1417-1430. 119: 991-1004.
Dale, L. Howes, G., Price, B. M. J. and Smith, J. Ettensohn, C. A. and McClay, D. R. 1988. Cell Graff, J. M., Thies, R. S., Song, J. J., Celeste, A.
C. 1992. Bone morphogenetic protein 4: a lineage conversion in the sea urchin embryo. J. and Melton, D. A. 1994. Studies with a Xeno-
ventralizing factor in early Xenopus develop- Dev. Biol. 125: 396-409. pus BMP receptor suggest that ventral meso-
ment. Development 115: 573-585. derm-inducing signals override dorsal signals in
Fan, C.-M. and Tessier-Lavigne, M. 1994. vivo. Cell 79: 169-179.
Dale, L., Matthew, G. and Coleman, A. 1993. Patterning of mammalian somites by surface
Secretion and mesoderm-inducing activity of the ectoderm and notochord: Evidence for sclero- Guger, K. A. and Gumbiner, B. M. 1995. b-
TGF-b related domain of Xenopus Vg1. EMBO tome induction by sonic hedgehog. Cell 79: catenin has wnt-like activity and mimics the
J. 12: 4471-1480. 1175-1186. Nieuwkoop signaling center in Xenopus dorsal-
ventral patterning. Dev. Biol. 172: 115-125.
Davids, M. 1988. Protein kinases in amphibian Fässler, P. E. and Sander, K. 1996. Hilde Mangold
ectoderm induced for neural differentiation. (1898-1924) and Spemann’s organizer: Achie- Hamburger, V. 1984. Hilde Mangold, co-discoverer
Wilhelm Roux Arch. Dev. Biol. 197: 339-344. vement and tragedy. Roux Arch. Dev. Biol. 205: of the organizer. J. Hist. Biol. 17: 1-11.
323-332.
Davids, M., Loppnow, B., Tiedemann, H. and Hamburger, V. 1988. The Heritage of Experi-
Tiedemann, H. 1987. Neural differentiation of Funayama, N., Fagotto, F., McCrea, P. and mental Embryology: Hans Spemann and the
amphibian gastrula ectoderm exposed to phorbol Grumbiner, B. M. 1995. Embryonic axis Organizer. Oxford University Press, Oxford.
ester. Wilhelm Roux Arch. Dev. Biol 106: 137- induction by the armadillo repeat domain of b-
Hansen, C. S., Marion, C. D., Steele, K., George, S.
140. catenin: Evidence for intracellular signalling. J.
and Smith, W. C. 1997. Direct neural induction
Cell Biol. 128: 959-968.
De Robertis, E. M. and Sasai, Y. 1996. A common and selective inhibition of mesoderm and epidermis
plan for dorsoventral patterning in Bilateria. Gawantka, V., Delius, H., Hirschfeld, K., inducers by Xnr3. Development 124: 483-492.
Nature 380: 37-40. Blumenstock, C. and Niehrs, C. 1995. Antagoni-
Haraway, D. J. 1976. Crystals, fabrics and Fields:
zing the Spemann organizer: Role of the homeobox
De Robertis, E. M., Blum, M., Niehrs, C. and Metaphors of Organicism in Twentieth-Century
gene Xvent-1. EMBO J. 14: 6268-6279.
Steinbeisser, H. 1992. Goosecoid and the Biology. Yale University Press, New Haven.
organizer. Development 1992 Suppl.: 167-171. Geoffroy Saint-Hilaire, E. 1822. Considérations
Harrington, A. 1996. Reenchanted Science: Holism
gén’rales sur la vertèbre. Mém. Mus. Hist. Natur.
Doniach, T. 1993. Planar and vertical induction in German Culture from Wilheim II to Hitler.
9: 89-119.
of anteroposterior pattern during the develop- Princeton University Press, Prince-ton, NJ.
ment of the amphibian central nervous system. Gerhart, J. C., Danilchik, M., Doniach, T., Roberts,
Hawley, S. H. B. Wünnenberg,-Stapleton, K.,
J. Neurobiol. 24: 1256-1275. S., Browning, B. and Stewart, R. 1989. Cortical
Hashimoto, C., Laurent, M. N., Watabe, T.,
rotation of the Xenopus egg: Consequences for
Doniach, T. 1995. Basic FGF as an induced Blumberg, B. W. and Cho, K. W. Y. 1995.
the anteroposterior pattern of embryonic dorsal
of anteroposterior neural pattern. Cell 83: Disruption of BMP signals in embryonic Xeno-
development. Development [Suppl.] 107: 37-51.
1067-1070. pus ectoderm leads to direct neural induction.
Gilbert. S. F. and Faber, M. 1996. Looking at Genes Dev. 9: 2923-2935.
Doniach, T., Phillips, C. R. and Gerhart, J. C.
embryos: The visual and conceptual aesthetics
1992. Planar induction of anteroposterior He, X., Saint-Jeannet, J .-P., Woodgett, J. R.,
of embryology. In A. I. Tauber (ed.) The Elusive
pattern in the developing central nervous system Varmus, H. E. and Dawid, I. B. 1995. Glycogen
Synthesis.: Aesthetics and Science. Kluwer Press,
of Xenopus laevis. Science 257: 542-545. synthase kinase-3 and dorsoventral patterning
Dordecht. pp. 125-151.
in Xenopus embryos. Nature 374: 617-622.
Driesch, H. 1892. The potency of the first two
Gilbert, S. F., Opitz, J. and Raff, R. A. 1996.
cleavage cells in echinoderm development. Ex- Heasman, J. M. and eight others. 1994.
Resynthesizing evolutionary and developmen-
perimental production of partial and double Overexpression of cadherins and underex-
tal biology. Dev. Biol. 173: 357-372.
formations. In B. H. Willier and J. M. pression of b-catenin inhibit dorsal mesoderm
Oppenheimer (eds.), Foundations of Experimen- Gilbert, S. F. and Saxén, L. 1993. Spemann’s induction in early Xenopus embryos. Cell 79:
tal Embryology. Hafner, New York. Organizer: Models and molecules. Mech. Dev. 791-803.
41: 73-89.
Driesch, H. 1893. Zur Verlagerung der Blasto- Hemmati-Brivanlou, A. and Melton, D. A. 1992.
meren des Echinideneies. Anat. Anz. 8: 348-357. Gimlich, R. L. 1985. Cytoplasmic localization A truncated activin receptor inhibits mesoderm
and chordamesoderm induction in the frog induction and formation of axial structures in
Driesch, H. 1894. Analytische Theorie de or-
embryo. J. Embryol. Exp. Morphol. 89: 89-111. Xenopus embryos. Nature 359: 609-614.
ganischen Entwicklung. W. Engelmann, Leipzig.
Gimlich, R. L. 1986. Acquisition of develop- Hemmati-Brivanlou, A. and Melton, D. 1994.
Durston, A. and Otte, A. P. 1991. A hierarchy of
mental autonomy in the equatorial region of Inhibition of activin signalling promotes
signals mediates neural induction in Xenopus
the Xenopus embryo. Dev. Biol. 116: 340-352. neuralization in Xenopus. Cell 77: 273-281.
laevis. In J. Gerhart (ed.), Cell-Cell
CAPÍTULO 15 Especificação Condicional 631
Hemmati-Brivanlou, A. and Thomsen, G. H. Kageura, H. and Yamana, K. 1983. Pattern Maeno, M., Ong, R. C., Suzuki, A., Ueno, N. and
1995. Ventral mesodermal patterning in Xeno- regulation in isolated halves and blastomeres of Kung, H. F. 1994. A truncated bone morphoge-
pus embryos: Expression patterns and activities early Xenopus laevis. J. Embryol. Exp. Morphol. nesis protein-4 receptor alters the fate of ven-
of BMP-2 and BMP-4. Dev. Genet. 17: 78-89. 74: 221-234. tral mesoderm to dorsal mesoderm—role of ani-
mal pole tissue in the development of ventral
Henry, J. J. and Grainger, R. M. 1990. Early Kageura, H. and Yamana, J. 1986. Pattern for-
mesoderm. Proc. Natl. Acad. Sci. USA 91:
tissue interactions leading to embryonic lens mation in 8-cell composite embryos of Xenopus
10260-10264.
formation in Xenopus laevis. Dev. Biol. 141: laevis. J. Embryol. Exp. Morphol. 91: 79-100.
149-163. Mangold, O. 1933. Über die Induktions-fahigkeit
Keller, R. E. 1976. Vital dye mapping of the
der verschiedenen Bezirke der Neurula von
Henry, J. J., Amemiya, S., Wray, G. A. and Raff, gastrula and neurula of Xenopus laevis II.
Urodelen. Naturwissenschaften 21: 761-766.
R. A. 1989. Early inductive interac-tions are Prospective areas and morphogenetic move-
involved in restricting cell fates of mesomeres ments of the deep layer. Dev. Biol. 51: 118-137. Marcus, N. H. 1979. Developmental aberrations
in sea urchin embryos. Dev. Biol. 136: 140-153. associated with twinning in laboratory-reared sea
Keller, R., Shih, J., Sater, A. K. and Moreno, C.
urchins. Dev. Biol. 70: 274-277.
Hertwig, O. 1894. Zeit- und Streitfragen der 1992. Planar induction of convergence and
Biologie I. Präformation oder Epigenese? extension of the neural plate by the or-ganizer Maruyama, Y. K., Nakaseko, Y. and Yagi, S.
Grundzüge einer Entwicklungstheorie der of Xenopus. Dev. Dyn. 193: 218-234. 1985. Localization of the cytoplasmic determi-
Organismen. Gustav Fischer, Jena. nants responsible for primary mes-enchyme
Kessler, D. S. and Melton, D. A. 1995. In-duction
formation and gastrulation in the unfertilized
Holley S. A., Jackson, P. D., Sasai, Y., Lu, B., De of dorsal mesoderm by soluble, mature Vg1
eggs of the sea urchin Hemicen-trotus pulcher-
Robertis, E. M., Hoffmann, F. M. and Ferguson, protein. Development 121: 2155-2164.
rimus. J. Exp. Zool. 236: 155-163.
E. L. 1995. A conserved system for dorsal-ven-
Khaner, O. 1995. The rotated hypoblast of the
tral patterning in insects and vertebrates involving McClendon, J. F. 1910. The development of
chicken embryo does not initiate an ectopic axis
sog and chordin. Nature 376: 249-253. isolated blastomeres of the frog’s egg. Am. J.
in the epiblast. Proc. Natl. Acad. Sci. USA 92:
Anat. 10: 425-430.
Hoppler, S, Brown, J. D. and Moon, R. T. 1996. 10733-10737.
Expression of a dominant negative Wnt blocks McGrew, L. L., Lai, C.-J. and Moon, R. T. 1995.
Khaner, O. and Wilt, F. 1990. The influence of
induction of MyoD in Xenopus embryos. Genes Specification of the anteroposterior neural axis
cell interactions and tissue mass on dif-
Dev. 10: 2805-2817. through synergistic interaction of the wnt
ferentiation of sea urchin mesomeres. De-
signaling cascade with noggin and follistatin. Dev.
Hörstadius, S. 1928. Über die Determination des velopment 109: 625-634.
Biol. 172: 337-342.
Keimes bei Echinodermen. Acta Zool. 9:1-191.
Khaner, O. and Wilt, F. 1991. Interactions of
McMahon, A. P. and Moon, R. T. 1989. Ectopic
Hörstadius, S. 1935. Über die Determination im different vegetal cells with mesomeres during
expression of the proto-oncogene int-1 in Xe-
Verlaufe der Eiachse bei Seeigeln. Publ. Staz. early stages of sea urchin development. Deve-
nopus leads to duplication of the embryonic axis.
Zool. Napoli 14: 251-479. lopment 112: 881-890.
Cell 58: 1075-1084.
Hörstadius, S. 1939. The mechanics of sea urchin Ku, M. and Melton, D. A. 1993. Xwnt-11, a
Mead, P. E., Brivanlou, I. H., Kelly, C. M. and
development studied by operative methods. Biol. maternally expressed Xenopus wnt gene. Deve-
Zon, L. I. 1996. BMP-4-responsive regulation
Rev. 14: 132-179. lopment 119: 1161-1173.
of dorsal-ventral patterning by the homeobox
Hörstadius, S. and Wolsky, A. 1936. Studien Über LaBonne, C. and Whitman, M. 1994. Mesoderm protein Mix.l. Nature 382: 357-360.
die Determination der Bilateral-symmetrie des induction by activin requires FGF-mediated
Nakamura, O. and Takasaki, H. 1970. Further
jungen Seeigelkeimes. Wil-helm Roux Arch. intracellular signals. Development 120: 463-472.
studies on the differentiation capacity of the
Entwicklungsmech. Org. 135: 69-113.
Lamb, T. M. and Harland, R. M. 1995. Fi-broblast dorsal marginal zone in the morula of Triturus
Huxley, J. S. and deBeer, G. R. 1934. Elements of growth factor is a direct neural inducer, which pyrrhogaster. Proc. Japan Acad. 46: 700-705.
Experimental Embryology. Cambridge Univer- combined with noggin generates anterior-pos-
Niehrs, C., Keller, R., Cho, K. W. Y. and De
sity Press, Cambridge. terior pattern. Development 121: 3627-3636.
Robertis, E. M. 1993. The homeobox gene
Isaacs, H. V., Tannahill, D. and Slack, J. M. W. Lamb, T. M. and seven others. 1993. Neural goosecoid controls cell migration in Xenopus
1992. Expression of a novel FGF in the Xeno- induction by the secreted polypeptide noggin. embryos. Cell 72: 491-503.
pus embryo. A new candidate inducing factor for Science 262: 713-718.
Nieuwkoop, P. D. 1952. Activation and
mesoderm formation and anteroposterior
Larabell, C. A. and seven others. 1997. organization of the central nervous system in
specificiation. Development 114: 711-720.
Establishment of the dorsal-ventral axis in Xe- amphibians.III. Synthesis of a new working
Jacobson, M. 1984. Cell lineage analysis of neural nopus embryos is presaged by early asymmetries hypothesis. J. Exp. Zool. 120: 83-108.
induction: Origins of cells forming the induced in b-catenin which are modulated by the Wnt
Nieuwkoop, P. D. 1969. The formation of the
nervous system. Dev. Biol. 102: 122-129. signaling pathway. J. Cell Biol. 136: 1123-1136.
mesoderm in urodele amphibians. I. Induction
Johnson, R. L., Laufer, E., Riddle, R. D. and Lemaire, P., Garrett, N. and Gurdon, J. B. 1995. by the endoderm. Wilhelm Roux Arch. Entwi-
Tabin, C. 1994. Ectopic expression of sonic Expression cloning of Siamois, a Xenopus cklungsmech. Org. 162: 341-373.
hedgehog alters dorsal-ventral patterning of homeobox gene expressed in dorsal-vegetal cells
Nieuwkoop, P. D. 1973. The “organisation
somites. Cell 79: 1165-1173. of blastulae and able to induce a complete
center” of the amphibian embryo: Its origin,
secondary axis. Cell 81: 85-94.
Jones, C. M., Lyons, K. M., Lapan, P. M., spatial organisation and morphogenetic action.
Wright, C. V. E. and Hogan, B. L. M. 1992. Lustig, K. D., Kroll, K., Sun, E., Ramos, R., Adv. Morphogen. 10: 1-39.
Elmendorf, H. and Kirschner, M. W. 1996. A Xe-
DVR-4 (bone morphogenetic protein-4) as a Nieuwkoop, P. D. 1977. Origin and esta-
nopus nodal-related gene that acts in synergy with
posterior-ventralizing factor in Xenopus meso- blishment of embryonic polar axes in
noggin to induce complete secondary axis and
derm induction. Development 115: 639-647. amphibian development. Curr. Top. Dev.
notochord formation. Development 122: 3275-3282.
Biol. 11: 115-132.
632 PARTE IV Especificação do Destino Celular e os Eixos Embrionários
Nieuwkoop, P. D. and Koster, K. 1995. Vertical Roll-Hansen, N. 1978. Drosophila genetics: A Seleiro, E. A. P., Connolly, D. J. and Cooke, J.
versus planar induction in amphibian early deve- reductionist research program. J. Hist. Biol. 11: 1996. Early developmental expression and ex-
lopment. Develop. Growth Differ. 37: 653-688. 159-210. perimental axis determination by the chick Vg1
gene. Curr. Biol. 6: 1476-1486.
Northrop, J., Woods, A., Seger, R., Suzuki, A., Roux, W. 1888. Contributions to the develop-
Ueno, N., Krebs, E. and Kimelman, D. 1995. mental mechanics of the embryo. On the artificial Sharpe, C. R. 1991. Retinoic acid can mimic
BMP-4 regulates the dorsal-ventral differences production of half-embryos by destruction of one endogenous signals involved in transformation of
in FGF/MAPKK-mediated mesoderm induction of the first two blastomeres and the later develop- the Xenopus nervous system. Neuron 7: 239-247.
in Xenopus. Dev. Biol. 172: 242-252. ment (postgeneration) of the missing half of the
Shih, J. and Keller, R. 1992. The epithelium of
body. In B. H. Willier and J. M. Oppenheimer
Otte, A. P. and Moon, R. T. 1992. Protein kinase the dorsal marginal zone of Xenopus has organizer
(eds.), 1974, Foundations of Experimental
C isozymes have distinct roles in neural induction properties. Development 116: 887-899.
Embryology. Hafner, New York, pp. 2-37.
and competence in Xenopus. Cell 68: 1021-1029.
Sive, H. L. and Cheng, P. F. 1991. Retinoic acid
Ruiz i Altaba, A. 1992. Planar and vertical signals
Otte, A. P., Kramer, I. J. M. and Durston, A. J. perturbs the expression of Xhox.lab genes and
in the induction and patterning of the Xenopus
1991. Protein kinase C and regulation of the alters mesodermal determination in Xenopus
nervous system. Development 115: 67-80.
local competence of Xenopus ectoderm. Science laevis. Genes Dev. 5: 1321-1332.
251: 570-573. Ruiz i Altaba, A. and Jessell, T. 1991. Retinoic
Sive, H. L., Draper, B. W., Harland, R. M. and
acid modifies mesodermal patterning in early
Otte, A. P., Koster, C. H., Snoek, G. T. and Weintraub, H. 1990. Identification of a retinoic
Xenopus embryos. Genes Dev. 5: 175-187.
Durston, A. J. 1988. Protein kinase C mediates acid sensitive period during primary axis formation
neural induction in Xenopus laevis. Nature 334: Saint-Jeannet, J.-P. and Dawid, I. B. 1994. Ver- in Xenopus laevis. Genes and Devel 4: 932-942.
818-620. tical versus planar neural induction in Rana
Slack, J. M. W. and Tannahill, D. 1992.
pipiens embryos. Proc. Natl. Acad. Sci. USA
Otte, A. P., van Run, P., Heideveld, M., van Mechanism of anteroposterior axis specification
91: 3049-3053.
Driel, R. and Durston, A. J. 1989. Neural in vertebrates: Lessons from the amphibians.
induction is mediated by cross-talk between the Sakai, M. 1996. The vegetal determinants Development 114: 285-302.
protein kinase C and cyclic AMP pathways. Cell required for the Spemann organizer move
Smith, J. C. and Slack, J. M. W. 1983. Dor-
58: 641-648. equatorially during the first cell cycle. Develop-
salization and neural induction: Properties of
ment 122: 2207-2214.
Papalopulu, N., Clarke, J. D. W., Bradley, L., the organizer in Xenopus laevis. J. Embryol.
Wilkinson, D., Krumlauf, R. and Holder, N. Sander, K. 1991a. Wilhelm Roux and his Exp. Morphol. 78: 299-317.
1991. Retinoic acid causes abnormal develop- programme for developmental biology. Wilhelm
Smith, J. C., Dale, L. and Slack, J. M. W. 1985.
ment and segmental patterning of the anterior Roux Arch. Dev. Biol. 200: 1-3.
Cell lineage labels and region-specific markers
hindbrain in Xenopus embryos. Development
Sander, K. 1991b. “Mosaic work” and “assimi- in the analysis of inductive interactions. J.
113: 1145-1158.
lating effects” in embryogenesis: Wilhelm Roux’s Embryol. Exp. Morphol. [Suppl.] 89: 317-331.
Piccolo, S., Sasai, Y. Lu, B. and De Robertis, E. conclusions after disabling frog blastomeres.
Smith, J. C., Price, B. M. J., Green, J. B. A.,
M. 1996. Dorsoventral patterning in Xenopus: Wilhelm Roux Arch. Dev. Biol. 200: 237-239.
Weigel, D. and Herrmann, B. G. 1991. Expressi-
Inhibition of ventral signals by direct binding of
Sasai, Y., Lu, B., Steinbeisser, H., Geissert, D., on of a Xenopus homolog of Brachyury (T) is
chordin to BMP-4. Cell 86: 589-598.
Gont, L. K. and De Robertis, E. M. 1994. Xe- an immediate-early response to mesoderm
Pierce, S. B. and Kimelman, D. 1995. Regulation nopus chordin: A novel dorsalizing factor induction. Cell 67: 79-87.
of Spemann organizer formation by the activated by organizer-specific homeobox
Smith, W. C. and Harland, R. M. 1991. Injected
intracellular kinase Xgsk-3. Development 121: genes. Cell 79: 779-790.
wnt-8 RNA acts early in Xenopus embryos to
755-765.
Sasai, Y, Lu, B., Piccolo, S. and De Robertis, E. promote formation of a vegetal dorsalizing
Placzek, M., Tessier-Lavigne, M., Yamada, T., M. 1996. Endoderm induction by the organizer- center. Cell 67: 753-765.
Jessell, T. and Dodd, J. 1990. Mesoder-mal control secreted factors chordin and noggin in Xenopus
Smith, W. C. and Harland, R. M. 1992. Expres-
of neural cell identity: Floor plate induction by animal caps. EMBO J. 15: 4547-555.
sion cloning of noggin, a new dorsalizing factor
the notochord. Science 250: 985-988.
Saxén, L. 1961. Transfilter neural induction of localized to the Spemann orga-nizer in Xenopus
Pownall, M. E., Tucker, A. S., Slack, J. M. W. amphibian ectoderm. Dev. Biol. 3: 140-152. embryos. Cell 70: 829-840.
and Isaacs, H. V. 1996. eFGF, Xcad3 and Hox
Saxén, L. and Toivonen, S. 1962. Embryonic Smith, W. C., Knecht, A. K., Wu, M. and Harland,
genes form a molecular pathway that establishes
Induction. Prentice-Hall, Englewood Cliffs, NJ. R. M. 1993. Secreted noggin mim-ics the Spe-
the anteropostior axis in Xenopus. Development
mann organizer in dorsalizing Xenopus
122: 3881-3892. Schmidt, J., Francoise, V, Bier, E. and Kimelman,
mesoderm. Nature 361: 547-549.
D. 1995. Drosophila short gastrulation induces
Recanzone, G. and Harris, W. A. 1985.
an ectopic axis in Xenopus: Evidence for Sokol, S, Y. 1996. Analysis of Dishevelled
Demonstration of neural induction using nucle-
conserved mechanisms of dorso-ventral signalling pathways during Xenopus develop-
ar markers in Xenopus. Wilhelm Roux Arch. Dev.
patterning. Development 121: 4319-4328. ment. Curr. Biol. 6: 1456-1467.
Biol. 194: 344-354.
Schmidt, J. E., Dassow, G. van and Kimel-man, D. Sokol, S., Wong, G. and Melton, D. A. 1990. A
Render, J. and Elinson, R. P. 1986. Axis
1996. Regulation of dorsal-ventral patterning: the mouse macrophage factor induces head structu-
determination in polyspermic Xenopus eggs.
ventralizing effects of the novel Xenopus res and organizes a body axis in Xenopus. Science
Dev. Biol. 115: 425-433.
homobox gene Vox. Development 122: 1711-1721. 249: 561-564.
Roelink, H. and ten others. 1994. Floor plate
Schneider, S., Steinbeisser, H., Warga, R. M. and Sokol, S.. Christian, J. L., Moon, R. T. and Melton,
and motoneuron induction by vhh-1, a vertebrate
Hausen, P. 1996. b-catenin transloca-tion into D. A. 1991. Injected wnt RNA induces a com-
homolog of hedgehog expressed by the
nuclei demarcates the dorsalizing centers in frog plete body axis in Xenopus embryos. Cell 67:
notochord. Cell 76: 761-775.
and fish embryos. Mech. Dev. 57: 191-198. 741-752.
CAPÍTULO 15 Especificação Condicional 633
Spemann, H. 1918. Über die Determination der Toivonen, S. and Saxén, L. 1968. Morphogene- Wilkins, A. S. 1993. Genetic Analysis of Animal
ersten Organanlagen des Amphibi-enembryo. tic interaction of presumptive neural and Development, 2nd ed. Wiley-Liss, New York.
Wilhelm Roux Arch. Entwicklungsmech. Org. mesodermal cells mixed in different ratios.
Wilson, E. B. 1896. The Cell in Development
43: 448-555. Science 159: 539-540.
and Inheritance. Macmillan, New York.
Spemann, H. 1927. Neue Arbieten über Organi- Toivonen, S. and Wartiovaara, J. 1976.
Yamada, T., Placzek, M., Tanaka, H., Dodd, J.
satoren in der tierischen Entwicklung. Naturwis- Mechanism of cell interaction during primary
and Jessell, T. M. 1991. Control of cell pattern
senschaften 15: 946-951. induction studied in transfilter experiments. Di-
in the developing nervous system: Polarizing
fferentiation 5: 61-66.
Spemann, H. 1938. Embryonic Development activity of floor plate and noto-chord. Cell 64:
and Induction. Yale University Press, New Toivonen, S., Tarin, D., Saxén, L., Tarin, P. J. 635-647.
Haven. and Wartiovaara, J. 1975. Transfilter studies
Yamana, K. and Kageura, H. 1987. Reexamina-
on neural induction in the newt. Differentiati-
Spemann, H. and Mangold, H. 1924. Induction tion of the “regulative development” of
on 4: 1-7.
of embryonic primordia by implantation of amphibian embryos. Cell Differ. 20: 3-10.
organizers from a different species. In B. H. Twitty, V. C. 1966. Of Scientists and Salaman-
Yamashida, H. and seven others. 1995.
Willier and J. M. Oppenheimer (eds.), Founda- ders. Freeman, San Francisco. [p. 39]
Osteogenic protein-1 binds to activin type II
tions of Experimental Embryology. Hafner, New
Vincent, J.-P. and Gerhart, J. C. 1987. Sub-cortical receptors and induces certain activin-like
York, pp. 144-184.
rotation in Xenopus eggs: An early step in effects. J. Cell Biol. 130: 217-226.
Spofford, W. R. 1945. Observations on the pos- embryonic axis specification. Dev. Biol. 123:
Yost, C., Torres, M., Miller, J. R., Brown, CJ.
terior part of the neural plate in Amblystoma. J. 526-539.
D., Lai, C.-J. and Moon, R. T. 1996. The axis-
Exp. Zool. 99: 35-52.
Vodicka, M. A. and Gerhart, J. C. 1995. inducing ability, stability, and subcellular
Stennard, F., Carnac G. and Gurdon, J. B. 1996. Blastomere derivation and domains of gene ex- localization of b-catenin is regulated in Xeno-
The Xenopus T-box gene, Antipodean, encodes pression in the Spemann Organizer of Xenopus pus embryos by glycogen synthase kinase 3.
a vegetally localised maternal mRNA and can laevis. Development 121: 3505-3518. Genes Dev. 10: 1443-1454.
trigger mesoderm formation. Development 122:
Waddington, C. H. 1933. Induction by the Zaraisky, A. G., Ecochard, V., Kazanskaya, O.
4179-4188.
primitive streak and its derivatives in the chick. V., Lukyanov, S. A., Fesenko, I. V. and Duprat-
Storey, K., Crossley, J. M., De Robertis, E., J. Exp. Biol. 10: 38-46. A.-M. 1995. The homeobox-con-tainming gene
Norris, W. E. and Stern, C. D. 1992. Neural XANF-1 may control development of the Spe-
Wakahara, M. 1989. Specification and establish-
induction and regionalisation in the chick mann organizer. Development 121: 3839-3847.
ment of dorsal-ventral polarity in eggs and
embryo. Development 114: 729-741.
embryos of Xenopus laevis, Dev. Growth Diff. Zhang, J. and King, M. L. 1996. Xenopus VegT
Tauber, A. I. and Sarkar, S. 1992. The human 31: 197-207. RNA is localized to the vegetal cortex during
genome project: Has blind reductionism gone oogenesis and encodes a novel T-box transcrip-
Weismann, A. 1892. Essays on Heredity and
too far? Perspec. Biol. Med. 35: 220-235. tion factor involved in mesodermal patterning.
Kindred Biological Problems. Translated by E.
Development 122: 4119-4129.
Thomsen, G. H. and Melton, D. A, 1993. B. Poulton, S. Schoenland and A. E. Ship-ley.
Processed Vgl protein is an axial mesoderm Clarendon, Oxford. Zimmerman, L. B., De Jesús-Escobar, J. and
inducer in Xenopus. Cell 74: 433-441. Harland, R. M. 1996. The Spemann organizer
Weismann, A. 1893. The Germ-Plasm: A Theory
signal noggin binds and inactivates bone
Toivonen, S. 1979. Transmission problem in of Heredity. Translated by W. Newton Parker
morphogenetic protein 4. Cell 86: 599-606.
primary induction. Differentiation 15: 177-181. and H. Ronnfeld. Walter Scott Ltd., London.
Toivonen, S. and Saxén, L. 1955. The simul-
taneous inducing action of liver and bone
marrow of the guinea pig in implantation and
explantation experiments with embryos of
Triturus. Exp. Cell Res. [Suppl.] 3: 346-357.
CAPÍTULO 16 Estabelecimento dos eixos corporais em mamíferos e aves 635
635
636 PARTE IV Especificação do Destino Celular e os Eixos Embrionários
Ave
Vitelo
(Openheimer, 1936; Tung et al., 1945; Grunwald e Wilson, 1996) que o futuro lado
dorsal da célula vitelínica age como um centro de Nieuwkoop, transferindo fatores
maternos para o blastoderma (Figura 16.1). Nos embriões de aves (e presumivelmente
também em mamíferos) a zona marginal posterior (PMZ) pode ser equivalente ao cen-
tro de Nieuwkoop (Eyal-Giladi e Khaner, 1989; Khaner e Eyal-Giladi, 1989). Experimen-
tos de transplante demonstraram que esse é o local onde as células se reúnem para
formar a linha primitiva. Pensou-se que o hipoblasto tinha habilidade indutora de
eixos, mas estudos recentes (Khaner, 1995) sugerem que essa capacidade reside so-
mente na PMZ. O hipoblasto parece apenas dirigir os movimentos subseqüentes da
linha. A identificação da zona marginal posterior do pinto com o centro de Nieuwkoop
é reforçada pela descoberta de que o homólogo Vg1 do pinto é transcrito nessa
região. Além disso, quando células cultivadas secretando a proteína Vg1 madura
(processada) do pinto são colocadas ao longo das bordas laterais do blastoderma,
elas induzem a formação de novas linhas primitivas (Seleiro et al., 1996). Tal como o
centro Nieuwkoop de anfíbios, a futura posição da PMZ é fixada pouco depois da
fecundação e depende da gravidade e rotação.
A expressão do gene Hox pode ser vista ao longo do eixo dorsal (tubo neural,
crista neural, mesoderma paraxial e mesoderma superficial) do limiar anterior do
cérebro posterior até a cauda. Também é vista nos derivados desses tecidos,
especialmente os derivados das células da crista neural. Por exemplo, a região do
cérebro anterior da cabeça dá origem não só ao cérebro anterior e seus gânglios
cranianos, mas também à cartilagem das orelhas, mandíbula e pescoço, arcos
aórticos, e órgãos como as glândulas tireóide, paratireóide e timo. Conforme dis-
cutido no Capítulo 7, o tubo neural do cérebro posterior divide-se em unidades
segmentais chamadas rombômeros. A migração das células da crista neural craniana
também parece estar organizada no padrão rombomérico fazendo com que um
gânglio craniano específico e o arco branquial por ele inervado se originem da
crista do mesmo rombômero (Lumsden et al., 1991). Essas células da crista neural
também parecem reter informação posicional de seu lugar original ao longo do eixo
ântero-posterior. Quando células pré-migratórias da crista neural de aves que nor-
malmente migrariam para o primeiro arco branquial (para formar a cartilagem da
mandíbula) são colocadas na região da crista cujas células normalmente migram
para o segundo arco branquial (para formar a cartilagem hióide), as células enxer-
tadas da crista neural migram para o segundo arco branquial, mas elas formam as
estruturas (cartilagem da mandíbula) características do primeiro arco. Além disso,
elas irão interagir com o ectoderma superficial e o mesoderma paraxial para formar
a musculatura do primeiro arco (bico e músculos da mandíbula). Isso sugere
marcadamente que antes de migrar, as células da crista neural já estão comprome-
tidas a formar ao menos algumas das estruturas apropriadas para seu nível no eixo
ântero-posterior (Noden, 1988).
Esse compromisso posicional pode ser o resultado dessas células expressarem
combinações particulares de genes Hox. Por exemplo, os genes Hox-B são expres-
sos no presuntivo tubo neural do camundongo antes da formação da crista neural,
e quando as células da crista neural migrarem, irão reter o padrão de expressão do
gene Hox-B característico do seu lugar de origem (Hunt et al., 1991a). Com uma
única exceção conhecida (Hoxb-1), o limite anterior de cada gene Hox pára no
rombômero mais próximo, dois rombômeros à frente do mais anterior do próximo
gene Hox (Wilkinson et al., 1989; Keynes e Lumsden, 1990). Conforme representa-
do na Figura 16.4, os genes homeobox Hoxb-2, -3, e –4 são encontrados através
de toda a medula espinhal, mas o Hoxb-2 pára no limiar dos rombômeros 2 e 3; o
Hoxb-3 pára no limiar 4/5, e o Hoxb-4 pára na fronteira entre o sexto e sétimo
CAPÍTULO 16 Estabelecimento dos eixos corporais em mamíferos e aves 639
Camundongo
Medula
espinhal
Cervical
Torá
cica
ar
mb
Cérebro
Lo
intermediário
Cérebro Cérebro
anterior posterior
640 PARTE IV Especificação do Destino Celular e os Eixos Embrionários
(A) (B)
Arcos viscerais Sistema nervoso
Arco 4 3 2
Branquial 2
Figura 16.4
Arco Transcrição do gene Hox. (A) Diagrama do padrão de transcrição
Branquial 3 do gene Hox no camundongo. Notar que o padrão está distribuído
entre o tubo neural e o mesoderma (de modo que as células da crista
do terceiro rombômero entrem no segundo arco branquial) e os
Medula limites da expressão do gene Hox coincide com os limites
Arco espinhal
rombômeros. (B) Padrões de transcrição de genes homeóticos Hox-
Branquial 4
B no cérebro posterior do camundongo de 9,5 dias. (A de McGinnis
e Krumlauf, 1992; B de Hunt et al., 1991a.)
rombômero. Os genes Hox, mais 5’ são encontrados somente nas regiões poste-
riores do tubo neural, onde formam também um conjunto “aninhado”. Os genes
mais 5’ têm limites de expressão mais posteriores que os genes menos 5’. Quando
as células da crista neural entram em contato com o ectoderma superficial levam as
células ectodérmicas a expressarem o mesmo conjunto de genes Hox (Figura 16.4
A; Hunt et al., 1991b).
Alguns dos genes Hox de mamíferos são tão semelhantes a seus homólogos de
Drosophila, que eles podem substituir um ao outro. O gene do camundongo Hox-6
pode realizar algumas das funções reguladoras do gene Antennapedia da Drosophila
quando o gene murino é transfectado para a Drosophila. O gene humano HOXD-4
também pode executar algumas das funções do seu homólogo da Drosophila,
Deformed (Malicki et al., 1990; McGinnis et al., 1990). Além disso, a região intensifica-
dora do gene Deformed da Drosophila (um gene especificando a expressão gênica
específica da cabeça em Drosophila) pode causar expressão gênica no cérebro poste-
rior do camundongo; e as seqüências reguladoras do homólogo humano de Deformed
fornecem expressão gênica específica da cabeça em embriões de Drosophila
(Awgulewitsch e Jacobs, 1992; Malicki et al., 1992).
Um padrão semelhante da expressão gênica de Hox parece existir também dentro
do tronco. Aqui os padrões da expressão gênica correspondem a limiares somíticos
(em lugar de romboméricos) (Kessel e Gruss, 1991), e alguns genes parálogos são
expressos em limiares somíticos ligeiramente diferentes (Figura 16.5).
Os padrões de expressão dos genes Hox murinos sugerem um código pelo qual certas
combinações de genes Hox especificam uma determinada região do eixo ântero-poste-
rior (Hunt e Krumlauf, 1991). Conjuntos particulares de genes parálogos fornecem
identidade segmentária ao longo do eixo ântero-posterior do corpo. A evidência para
tal código vem de três fontes:
CAPÍTULO 16 Estabelecimento dos eixos corporais em mamíferos e aves 641
Figura 16.5
O código do somito Hox no tronco e no pes-
coço do embrião do camundongo. As áreas
principais de expressão estão indicadas em
cor mais escura, enquanto as regiões poste-
riores da expressão não são tão definidas como
• Experimentos de eliminação (“knock-out”) ou de gene alvo (gene targeting) sugere a cor mais clara. O efeito do ácido
(veja Capítulo 2) nos quais são construídos camundongos carentes de ambas retinóico é o de empurrar a expressão gênica
cópias de um ou mais genes Hox particulares. anterior mais posteriormente e a expressão
• Homeose induzida por ácido retinóico, na qual embriões de camundongo gênica posterior mais anteriormente. (Segun-
do Kessel, 1992.)
tratados com o ácido retinóico têm um padrão de expressão diferente do gene
Hox ao longo do eixo ântero-posterior e diferenciação anormal de suas estru-
turas axiais.
• Anatomia comparada, pela qual tipos de vertebrados em diferentes espécies
são correlacionados com a constelação de genes Hox nesses vertebrados.
Quando Chisaka e Capecchi (1991) expulsaram o gene Hox-3 de camundongos
endógamos, os mutantes homozigotos Hoxa-3 morreram logo após o nascimento. Na
autópsia mostrou-se que esses animais tinham a cartilagem do pescoço anormalmente
curta e grossa e as glândulas tireóides, paratireódes e timos severamente deficientes
ou ausentes. Seus corações e vasos sangüíneos estavam também malformados (Figu-
ra 16.6). Esse conjunto de malformações é muito semelhante à desordem congênita
humana, a síndrome de DiGeorge, na qual são encontradas essas mesmas deficiências
em estruturas derivadas da crista neural. Análises ulteriores mostraram que o número
e a migração de células da crista neural que formam essas estruturas são normais.
Assim, parece que os genes Hoxa-3 são responsáveis pela especificação do destino
das células da crista neural craniana e pela permissão para que essas células se dife-
renciem e se proliferem formando a cartilagem do pescoço e os derivados do quarto e
sexto arcos faríngeos (Manley e Capecchi, 1995).
642 PARTE IV Especificação do Destino Celular e os Eixos Embrionários
Figura 16.6
Desenvolvimento deficiente de estrutura de arcos faríngeos derivados
da crista neural em camundongos deficientes em Hox-3. À direita, um
embrião de 10,5 dias de um camundongo Hox-3 heterozigoto mostrando
desenvolvimento normal do timo (bolsa 3), paratireóide (bolsa 4) e ou-
tras estruturas. À esquerda, um mutante homozigoto deficiente em Hox-
3 não apresenta desenvolvimento apropriado dessas estruturas. (de
Chisaka e Capecchi, 1991.)
Outro experimento de alvejar genes eliminou o gene Hoxa-1 (Lufkin et al., 1991). A
expressão de Hoxa-1 se sobrepõe ao gene Hoxa–3, mas é também expressa mais
anteriormente que Hoxa-3. Esses embriões sem genes Hoxa-1 funcionais mostram
uma constelação de anormalidades que indicam especificação deficiente dos
rombômeros 4-7. Esses mutantes freqüentemente deixam de fechar seus tubos neurais,
não têm estruturas do ouvido interno, e não têm os gânglios do cérebro posterior (que
formam os nervos acústico, glossofaríngeo e vago), derivados desses rombômeros.
No entanto, não foram encontradas malformações dos arcos faríngeos, glândulas
tireóide, paratireóide e timo, ou cartilagem do pescoço. Assim, defeitos dos mutantes
Hoxa-1 somente são vistos na região anterior da área de expressão desse gene. (É
possível que suas funções não sejam requeridas ou sejam redundantes na porção
posterior a seu alcance.) Ao contrário dos defeitos (que se limitam à crista neural) de
camundongos Hox3 deficientes, os defeitos de Hox-1 são notados no sistema nervo-
so central e no tecido derivado do placódio, assim como no mesoderma paraxial. A
eliminação de Hoxa-2 também produz camundongos cujas células da crista neural
foram re-especificadas. Elementos cranianos normalmente formados pelas células da
crista neural do segundo arco branquial (estribo, ossos estilóides) estão faltando e
são substituídos pela duplicação de estruturas do primeiro arco branquial (bigorna,
martelo, etc.) (Gendron-Maguire et al., 1993; Rijli et al., 1993). Assim, sem certos genes
Hox, alguns órgãos regionalmente específicos ao longo do eixo ântero-posterior dei-
xam de se formar ou são re-especificados para outras regiões. A evidência inicial apóia
a noção que diferentes conjuntos de genes Hox são necessários para a especificação
completa de toda região do eixo e que um conjunto de genes parálogos pode ser
responsável por diferentes subconjuntos de órgãos nessas regiões.
Figura 16.7.
uma cópia da primeira vértebra cervical (o atlas), e a deleção do gene Hoxa-5 causa a Transformações homeóticas no camundongo
transformação posterior da sétima vértebra cervical (pescoço) em uma vértebra torácica induzidas por eliminação de genes expressos
formadora de costela (Jeannotte et al., 1993; Ramirez-Solis et al., 1993). no tronco. (A) Transformação parcial da pri-
Pode-se conseguir severas transformações axiais eliminando dois ou mais genes do meira vértebra lombar em uma vértebra torácica
conjunto parálogo. Camundongos homozigotos para a deleção de Hoxd-3 têm anorma- pela eliminação de um gene Hox-8. Vértebras
lidades moderadas da junção crânio-cervical (o atlas está reduzido em tamanho), en- torácicas, mas não lombares, apresentam asso-
quanto camundongos homozigotos para a deleção de Hoxa-3 não têm anormalidades ciação com as costelas. (B,C) Transformação
parcial da segunda vértebra cervical em uma
nessa junção (veja a discussão anterior sobre esse mutante). Quando os dois mutantes
segunda cópia da primeira vértebra cervical pela
são criados juntos, ambos conjuntos de problemas ficam mais severos. Os camundon- eliminação do gene Hoxb-4. (B) O camundon-
gos sem conjuntos de genes Hoxa-3 nem Hoxd-3 não têm osso atlas algum, e as cartila- go tipo selvagem tem a primeira vértebra carac-
gens hióide e tireóide são de tamanho tão reduzido que há buracos no esqueleto (Condie terizada por um tubérculo ventral. (C) No ca-
e Capecchi, 1994). Parece que ocorrem interações sinérgicas entre os produtos dos mundongo mutante, a segunda vértebra cervical
genes Hox e que para algumas funções, um dos parálogos pode substituir ao outro. também tem esse tubérculo (seta). (A de Le
A regulação dos genes Hox de vertebrados parece ser controlada por fatores Mouellic et al., 1992; B e C de Ramirez-Solis
semelhantes aqueles que regulam os genes HOM-C em moscas. Em Drosophila, há et al., 1993; Fotografias cortesia dos autores.)
um gene homeobox, caudal, que reside externamente ao complexo HOM-C. Esse gene
de efeito materno em Drosophila funciona para co-direcionar a expressão dos genes
HOM-C mais posteriores (AbdB). Um homólogo mamífero desse gene, Cdx1, tem um
papel semelhante no mesoderma paraxial. Ele torna-se expresso na linha primitiva
durante a gastrulação, quando a especificação do eixo ântero-posterior está sendo
feita; e é desligado pouco depois. Se esse gene for deletado do embrião do camundon-
go, os padrões de expressão dos genes Hox mudam posteriormente para um somito, e
estruturas esqueléticas anteriores são encontradas mais posteriormente (Subramanian
et al., 1995). De maneira semelhante, a repressão de genes Hom-C de Drosophila é
mediada por um conjunto de genes que inclui extra sex combs (esc). Se o homólogo
murino desse gene (embryonic ectoderm development; eed) desempenhar o mesmo
papel, poder-se-ia esperar que mutações em eed resultassem na anti-depressão de
genes Hox e na transformação homeótica de estruturas anteriores em posteriores.
Isso realmente acontece. Genes eed mutantes causam a transformação de estruturas
esqueléticas anteriores em posteriores (Schumacher et al., 1996).
Tais alterações homeóticas também podem ser vistas quando a embriões de camun-
dongos são administradas doses teratogênicas de ácido retinóico. O ácido retinóico
exógeno dado a embriões in utero pode fazer com que certos genes Hox sejam expres-
644 PARTE IV Especificação do Destino Celular e os Eixos Embrionários
Figura 16.8
Embriões de camundongos cultivados sob con-
dições controle no dia 8 (A,C), ou em um meio sos em grupos de células que usualmente não os expressam (Conlon e Rossant, 1992;
contendo retinóides teratogênicos (B,D). No Kessel, 1992). Além disso, as anormalidades crânio-faciais de embriões murinos de
dia 2 (A,B), o primeiro arco faríngeo dos em- mães tratadas com doses teratogênicas de ácido retinóico (Figura 16.8) podem ser
briões tratados tem uma aparência encurtada e mimetizadas quando se faz com que o Hoxa-7 se expresse através do embrião (Balling
achatada e aparentemente se fundiu com o se-
et al., 1989). Se doses altas de ácido retinóico podem ativar genes Hox em células
gundo arco faríngeo. No dia 17 (C,D) podem
ser vistas malformações crânio-faciais na carti-
inapropriadas ao longo do eixo ântero-posterior, e se essa constelação de genes hox
lagem derivada da crista neural dos embriões ativos especifica a região do eixo ântero-posterior, então camundongos tratados com
tratados. A cartilagem de Meckel está comple- ácido retinóico no útero devem mostrar transformações homeóticas manifestadas por
tamente deslocada da região mandibular (ma- malformações ocorrendo ao longo desse eixo. Kessel e Gruss (1991) acharam que esse
xilar inferior) para a região maxilar (boca supe- era o caso. Camundongos tipo selvagem têm 7 vértebras cervicais (pescoço), 13 vér-
rior). As cartilagens do martelo e da bigorna tebras torácicas, e 6 vértebras lombares (em adição às vértebras sacrais e caudais).
também não se formaram. (A e B de Goulding Quando expostos ao ácido retinóico no dia 8 da gestação, a primeira ou as duas
e Pratt, 1986; C e D de Morriss-Kay, 1993; primeiras vértebras lombares foram transformadas em vértebras torácicas, enquanto a
Fotografias cortesia dos autores.)
primeira vértebra sacral freqüentemente se tornou uma vértebra lombar (Figura 16.9).
Em alguns casos, a região posterior inteira do embrião de rato deixou de se formar.
Essas alterações estruturais eram correlacionadas com alterações na constelação dos
genes Hox expressos nesses tecidos. Por exemplo, quando o ácido retinóico foi dado
a embriões no dia 8 (durante a gastrulação), a expressão de Hoxa-10 foi deslocada
posteriormente, e um conjunto adicional de costelas se formou onde havia a primeira
Figura 16.9
Ácido retinóico administrado a ratas grávidas
altera a expressão do gene Hox e o fenótipo
em fetos. A figura mostra mudanças no es-
queleto axial (vértebras e costelas) causadas
por exposição ao ácido retinóico no útero no
dia 8. (A) O tipo selvagem tem 7 vértebras
cervicais, 13 torácicas, 6 lombares, 4 vérte-
bras sacrais fundidas e vértebras caudais.
Esse arranjo é alterado pelo ácido retinóico
dado às mães. Em alguns casos (B,C) o ácido
retinóico causou a perda de vértebras lomba-
res, sacrais e caudais. (A e B segundo Kessel
e Gruss, 1991; C de Kessel, 1992; Fotografi-
as cortesia dos autores.)
CAPÍTULO 16 Estabelecimento dos eixos corporais em mamíferos e aves 645
vértebra lombar. Quando genes Hox posteriores não foram expressos, a parte caudal
do embrião deixou de se formar. *
No sistema nervoso central, o ácido retinóico induz a expressão anterior dos genes
hox que usualmente são somente expressos mais posteriormente, e fazem com que os Medula
rombômeros 2 e 3 assumam a identidade dos rombômeros 4 e 5 (Figura 16.10; Marshall Espinhal
et al., 1992; Kessel, 1993). Nessa situação, o nervo trigêmeo (que se origina do
rombômero 2) é transformado em outro nervo facial (característico do rombômero 4), e Dia 10.5
anormalidades do primeiro arco branquial indicam que as células da crista neural do
segundo e terceiro rombômeros foram transformadas em fenótipos mais posteriores.
O ácido retinóico provavelmente desempenha um papel na especificação axial
durante o desenvolvimento normal, e a fonte desse ácido provavelmente é o nódulo
de Hensen (Hogan, 1992; Maden et al., 1996). Desde que o nódulo precoce parece
conter os precursores tanto de estruturas anteriores como posteriores, é possível
que a especificação dessas células dependa da quantidade de tempo despendido no
meio de alta concentração de ácido retinóico no nódulo. Quanto mais tempo for
despendido no nódulo, mais posterior será a especificação. Isso é visto ocorrer em
cultura, quando células embrionárias de carcinoma expressam mais genes Hox “pos-
teriores” quanto maior for o tempo de sua exposição ao ácido retinóico (Simeone et
al., 1990). Além disso, Hoxa-1, Hoxb-1 e Hoxd-4 tem, cada um, elementos sensíveis
Vesícula
ao ácido retinóico nas regiões reguladoras a montante (veja Capítulo 21). A adminis- ótica
tração de ácido retinóico exógeno iria mimetizar a situação normalmente encontrada
somente pelas células posteriores. Avantaggiato e colegas (1996) mostraram que
quando o ácido retinóico é dado a embriões durante os estágios de meia-linha, as
regiões mais anteriores do tubo neural não se formam e são substituídas por tecido Expressão de hoxb-1
parecendo o cérebro anterior. Isso se correlaciona com uma perda de expressão Expressão de Krox-20
gênica (Emx1, Emx2) do cérebro anterior e médio nessa região, e sua substituição Expressão hoxb-2
por genes Hox específicos para o cérebro posterior como Hoxb-1. A evidência aponta da crista neural
para um código Hox enquanto constelações diferentes de genes Hox especificam as
características regionais ao longo do eixo ântero-posterior. Além disso, como esses
padrões de expressão são semelhantes para mamíferos e insetos, parece que existe
um plano de desenvolvimento comum sobre o qual é construído o eixo ântero-
posterior da maioria dos animais.
*Hoxa-10 é também importante para a especificação do padrão axial dos dutos genitais.
Eliminações de Hoxa-10 criam camundongos cuja região uterina superior é transformada em tecido
parecendo o oviduto. Essa região coincide com o limite anterior da expressão de Hoxa-10 no duto
Mülleriano tipo selvagem (Benson et al., 1996).
646 PARTE IV Especificação do Destino Celular e os Eixos Embrionários
Figura 16.11
Representação esquemática do padrão verte-
bral do camundongo e do pinto ao longo do Cervical Torácico Lombar Sacral Coccígeas
eixo ântero-posterior. Os limites de certos genes
Hox foram colocados nestes domínios. Pinto
Vértebras
Somitos
Vértebras
Camundongo
Informações adicionais
& Especulações
U
M DOS MAIS CELEBRADOS (e única coisa ligando uma pata de inseto, um de uma natureza composta de espécies
cáusticos) debates em biologia foi pé de molusco e uma perna de vertebrado intrinsecamente diferentes, todos os ani-
realizado no apogeu da Revolu- era a sua função locomotora. Anatômica e mais estavam unidos em uma espécie de
ção Francesa em Paris. Aí, na Academie des embriologicamente, elas eram entidades dis- irmandade, reminescente da egalité et
Sciences, E. Geoffroy Saint-Hilaire contes- tintas, não-comparáveis. fraternité revolucionárias (Appe, 1987).
tou Georges Cuvier sobre a natureza do rei- Geoffroy Saint-Hilaire enfatizou as se- Desde aquele tempo, diferentes tradi-
no animal. Cuvier, o eminente anatomista melhanças entre todos os filos. Ele argu- ções biológicas enfatizaram as diferenças,
comparativo que tinha “tornado a zoologia mentou que todos os animais estavam or- ou as semelhanças entre os organismos. A
uma ciência francesa” enfatizou as diferen- ganizados de acordo com os mesmos prin- anatomia comparada (seguindo Cuvier)
ças que separam os filos entre si. Não pode- cípios básicos, e que um inseto não era enfatiza as diferenças, enquanto a morfolo-
ria haver uma “Corrente de Existência” li- mais que um vertebrado virado de cabeça gia (seguindo Geoffroy Saint-Hilaire) cele-
gando todos os organismos, nem poderia para baixo. Uma cabeça era formada em bra as “unidades subjacentes”. A Genética
haver qualquer maneira que partes de um uma extremidade, uma cauda na outra, e e a Biologia celular olham para todos os
inseto poderiam ser vistas como homólogas todos os animais tinham tubos neurais, animais (e plantas) como compostos basi-
daquelas de um molusco ou vertebrado. A fossem eles dorsais ou ventrais. Em lugar camente da mesma maneira, seguindo as
CAPÍTULO 16 Estabelecimento dos eixos corporais em mamíferos e aves 647
mesmas leis, enquanto a embriologia tradi- Recebendo uma Cabeça: Mais Drosophila Camundongo
cionalmente via cada espécie se desenvol- Homologias Vertebradas e Invertebradas
vendo de uma maneira diferente. Em Drosophila, o cérebro é composto de Cérebro
anterior
Recentemente, porém, a embriologia três neurômeros. Esses são especificados
está fornecendo evidência para a unidade por dois genes contendo homeobox que Cérebro
subjacente da natureza animal. Jonathan não estão ligados à região HOM-C; esses interme-
diário
Slack e seus colegas (1993) definiram um genes são orthodenticle (old), que é ex-
animal como um organismo que exibe um presso predominantemente no neurômero
particular padrão espacial de expressão do mais anterior, e empty spiracle (ems), ex- Cérebro
gene Hox. eles propõem que o plano cor- presso nos dois neurômeros cerebrais posterior
poral de cada filo é tipificado em um parti- posteriores. Mutações de perda-de-fun- r1-r8
cular estágio “filotípico” durante seu de- ção de old eliminam o neurômero mais
senvolvimento. Para vertebrados, isso se- anterior do embrião de Drosophila em
ria o estágio do broto caudal (onde, apesar desenvolvimento, e mutações de perda-
de suas diferentes clivagens e gastrulações, de-função de ems eliminam o segundo e
os embriões de vertebrados convergem e terceiro neurômeros (Hirth et al., 1995). Em
têm brotos caudais e bolsas faríngeas); para rãs e camundongos, os homólogos des-
insetos, a banda germinativa completamen- ses genes (Otx-1, Otx-2, Emx-1, Emx-2)
Medula
te segmentada é o local onde os embriões também são expressos no cérebro (Simeo- espinhal
convergem. Nesse estágio, o padrão de ne et al, 1992), embora os padrões exatos
expressão gênica homeótica dos genes de transcrição não sejam idênticos (Figu-
Hox/HOM-C é visto mais claramente, sen- ra 16.12). O gene Otx-2 foi eliminado como
do notavelmente semelhante em todos ani- gene alvo (Acampora et al., 1995; Matsuo
mais. Os genes parecendo com Deformed et al., 1995; Ang et al., 1996), e os camun-
e labial são expressos no anterior do em- dongos resultantes tinham deficiências
brião; aqueles parecendo com Abdominal neurais e mesodérmicas da cabeça anteri-
B são expressos no posterior. Mesmo ores para o rombômero r3. Em seres hu-
nematóides e hidras têm agregados de manos, mutações de EMX-2 levam à uma
genes homeóticos que parecem ser expres- condição rara conhecida como esquizo-
sos da mesma maneira ântero-posterior encefalia, na qual há sulcos atravessan-
(Schummer et al., 1992; Wang et al., 1993). do todo o córtex cerebral (Brunelli et al., Figura 16.12
Embora fungos e plantas tenham genes 1996). Apesar dos genes old e ems de Expressão dos genes reguladores em Droso-
homeobox, esses não são homólogos com Drosophila serem especificados pelos phila e no camundongo enfatizando os genes
aqueles dos animais, nem estão arranjados gradientes Bicoid e Hunchback, e os trans- expressos na cabeça. A1-9 são segmentos ab-
na mesma ordem cromossômica, nem es- critos Otx e Emx serem induzidos pelo dominais; b1-3 são segmentos neurômeros
tão expressos pelo mesmo padrão ântero- mesoderma dorsal anterior, parece que (“cerebrais”); 1b, md e mx são os segmentos
posterior. Assim, o padrão espacial da ex- esses mesmos genes são usados para es- labial, mandibular e maxilar, respectivamente;
pressão do gene Hox está sendo usado pecificar as regiões cerebrais. r, rombômero; T1-3, segmentos torácicos. (Se-
como a característica subjacente primária gundo Thor, 1995.)
definindo a existência animal. Essa obser-
*Além de expressar os homólogos dos genes contendo homeobox ems e otd, o cérebro de
vação ainda não foi testada em vários filos, mamífero também expressa o homólogo do gene tailess. Esse gene é expresso nas porções mais
e será muito interessante ver se esse pa- anteriores e posteriores do embrião de Drosophila, e é um membro da família dos receptores
drão geral é visto em todo o reino animal. esteróides (Monaghan et al., 1995).
sonic hedgehog
cNR-1 Notocorda
(nodal)
Receptor IIa
da activina
Nódulo de
Hensen
Linha primitiva
sonic hedgehog
isso iria bloquear a transcrição no lado direito do nódulo. Sonic hedgehog seria
assim somente expresso no lado esquerdo do nódulo. A proteína Sonic hedgehog
seria então secretada no lado esquerdo do embrião ativando o gene nodal no Sonic
mesoderma da placa lateral que contém os precursores do coração. Aí, poderiam hedgehog Activina
causar acúmulo da proteína flectina no lado esquerdo da matriz extracelular. Expe-
rimentos sugerem que esse caminho é uma boa aproximação. A activina é realmen- cNR-1 no Receptor
te sintetizada no momento apropriado e somente do lado direito do nódulo de mesoderma IIa da
da placa lateral activina
Hensen. Se bloqueada pela adição experimental de Follistatin, a assimetria da
expressão de sonic hedgehog desaparece, e o coração tem uma chance igual de
voltar-se para qualquer dos lados (Levin et al., 1997). Quando gotas impregnadas
com activina foram colocadas no lado esquerdo do nódulo de Hensen, induziram
a síntese de cActRIIa nesse lado, e o gene shh (usualmente expresso somente do Tubo cardíaco
lado esquerdo) foi reprimido. Isso, por sua vez, suprimiu a transcrição de nodal.
Nessa situação, o tubo cardíaco se formou aleatoriamente, tendo uma probabilida-
de igual de ir para a esquerda ou para a direita. Uma condição semelhante foi
produzida quando células secretando Sonic hedgehog foram implantadas no lado
direito do nódulo. Nesse caso, Nodal foi induzida simetricamente no mesoderma
da placa lateral, e o coração teve 50 porcento de chance de ter um tubo à esquerda
(Figura 16.15). A formação do eixo esquerdo-direito no camundongo também pare-
ce usar receptores de activina e proteína nodal, porém não parece ligar os dois
através de Sonic hedgehog (Collignon et al., 1996). O pinto e o camundongo
parecem ter variações sutis sobre como construir seus eixos. [mamaxis2.html] 40-45 horas
Vários caminhos diferentes – teratogênese, eliminação de genes, estudos de genes
organizadores específicos, genética clínica, até mesmo genética da mosca das frutas –
estão nos conduzindo à compreensão de um mistério fundamental: como o embrião
vertebrado começa a saber distinguir o lado de cima do lado de baixo, a boca do ânus,
e a esquerda da direita. Aprendemos mais sobre isso nos últimos cinco anos do que
em todos os anos que os precederam.
650 PARTE IV Especificação do Destino Celular e os Eixos Embrionários
(A)
Notocorda
Nódulo de Hensen
(B)
Pastilha de
Sonic hedgehog
Figura 16.15
Expressão ectópica de sonic hedgehog leva à expressão simétrica de cNR-1 (nodal) e aleatorização
do volteamento cardíaco. (A) Expressão tipo selvagem de cNR-1, mostrando expressão no lado
esquerdo. Quase todos os corações desenvolvem voltas do lado direito. Esse padrão também é
visto quando pastilhas contendo substâncias controles são implantadas no lado direito do nódulo
ou quando uma pastilha contendo Sonic-hedgehog é implantada no lado esquerdo (onde shh é em
geral expresso). (B) Quando pastilhas de Sonic hedgehog são implantadas no lado direito do
nódulo, a expressão de cNR-1 se torna bilateralmente simétrica. (de Levin et al., 1995; fotografias
cortesia dos autores.)
LITERATURA CITADA
Acampora, D., Mazan, S., Lallemand, Y., Awgulewitsch, A. and Jacobs, D. 1992. Deformed Burke, A. C., Nelson, A. C., Morgan, B. A. and
Avantaggiato, V., Maury, M., Simeone, A. and autoregulatory element from Drosophila Tabin, C. 1995. Hox genes and the evolution of
Brulet, P. 1995. Forebrain and midbrain regions functions in a conserved manner in transgenic vertebrate axial morphology. Development 121:
are deleted in Otx2-/- mutants due to a defective mice. Nature 358: 341-344. 333-346.
anterior neuroectoderm specification during gas-
Balling, R., Mutter, G., Gruss, P. and Kessel, M. Chisaka, O. and Capecchi, M. 1991. Regionally
trulation. Development 121: 3279-3290.
1989. Craniofacial abnormalities induced by restricted developmental defects resulting from
Ang, S. L. and Rossant, J. 1994. HNF-3Fb is ectopic expression of the homeobox gene Hox- targeted disruption of the mouse homeobox gene
essential for node and notochord formation in 1.1 in transgenic mice. Cell 58: 337-347. Hox-1.5. Nature 350: 473-479.
mouse development. Cell 78: 561-574.
Benson, G. V., Lim, H., Paria, B. C., Satokata, I., Collignon, J., Varlet, I. and Robertson, E. J. 1996.
Ang, S. L., Jin, O., Rhinn, M., Daigle, N., Dey, S. K. and Maas, R. L. 1996. Mechanisms of Relationship between asymmetric nodal
Stevenson, L. and Rossant, J. 1995. A targeted reduced fertility in Hoxa-10 mutant mice: expression and the direction of embryonic
mouse otx2 mutation leads to severe defects in Uterine homeosis and loss of maternal Hoxa-10 turning. Nature 381: 155-158.
gastrulation and formation of axial mesoderm expression. Development 122: 2687-2696.
Condie, B. G. and Capecchi, M. R. 1994. Mice
and to deletion of rostral brain. Development
Boncinelli, E., Somma, R., Acampora, D., with targeted disruptions in the paralogous genes
122: 243-252.
Pannese, M., D’Esposito, M., Faiella, A. and hoxa-3 and hoxd-3 reveal synergistic interac-
Appel, T. A. 1987. The Cuvier-Geoffroy Deba- Simeone, A. 1988. Organization of human tions. Nature 370: 304-307.
te: French Biology in the Decades before Darwin. homeobox genes. Hum. Reprod. 3: 880-886.
Conlon, F. L., Lyons, K. M., Takaesu, N., Barth,
Oxford University Press, New York.
Brunelli, S., Faiella, A., Capra, V., Nigro, V., K. S., Herrmann, B. and Robertson, E. J. 1994.
Avantaggiato, V. Acampora, D., Tuorto, F. and Smeone, A., Cama, A. and Boncinelli, E. 1996. A primary requirement for nodal in the
Simeone, A. 1996. Retinoic acid induces Germline mutations in the homeobox gene Emx2 formation of the primitive streak in the mouse.
stagespecific repatterning of the rostral central in patients with severe schizencephaly. Nat. Development 120: 1919-1928.
nervous system. Dev. Biol. 175: 347-357. Genet. 12: 94-96.
CAPÍTULO 16 Estabelecimento dos eixos corporais em mamíferos e aves 651
Conlon, R. A. and Rossant, J. 1992. Exogenous gratory and migratory neural crest. Develop- Lumsden, A., Sprawson, N. and Graham, A. 1991.
retinoic acid rapidly induces anterior ectopic ment 112: 43-50. Segmental origin and migration of neural crest
expression of murine Hox-2 genes in vivo. De- cells in the hindbrain region of the chick embryo.
Izpisúa-Belmonte, J. C., De Robertis, E. M., Storey,
velopment 116: 357-368. Development 113: 1281-1291.
K. G. and Stern, C. D. 1993. The homeobox gene
Eyal-Giladi, H. and Khaner, O. 1989. The goosecoid and the origin of organizer cells in the MacMurray, A. and Shin, H.-S. 1988.The
chick’s marginal zone and primitive streak early chick blastoderm. Cell 74: 645-659. antimorphic nature of the Tc allele at the mouse
formation. II. Quantification of marginal zone’s T locus. Genetics 120: 545-550.
Jeannotte, L., Lemieux, M., Cherron, J., Poirier,
potencies—temporal and spatial aspects. Dev.
F. and Robertson, E. J. 1993. Specification of Maden, M., Gale, E., Kostetski, I. and Zile, M.,
Biol. 134: 215-221.
axial identity in the mouse: Role of the Hoxa-5 1996. Vitamin A-deficient quail embryos have
Gaunt, S. J. 1994. Conservation in the Hox code (Hox 1.3) gene. Genes Dev. 7: 2085-2096. half a hindbrain and other neural defects. Curr:
during morphological evolution. Int. J. Dev. Biol. Biol. 6: 417-426.
Kessel, M. 1992. Respecification of vertebral
38: 549-552.
identities by retinoic acid. Development 115: Malicki, J., Schugart, K. and McGinnis, W. 1990.
Gendron-Maguire, M., Mallo, M., Zhang, M. 487-501. Mouse Hox-2.2 specifies thoracic segmental
and Gridley, T. 1993. Hoxa-2 mutant mice identity in Drosophila embryos and larvae. Cell
Kessel, M. 1993. Reversal of axonal pathways
exhibit homeotic transformation of skeletal 63: 961-967.
from rhombomere 3 correlates with extra Hox
elements derived from cranial neural crest. Cell
expression domains. Neuron 10: 379-393. Malicki, J. Cianetti, L. C., Peschle, C. and
75: 1317-1331.
McGinnis, W. 1992. Human HOX4B regulatory
Kessel, M. and Gruss, P. 1991. Homeotic
Gluecksohn-Schoenheimer, S. 1938. The deve- element provides headspecific expression in
transformations of murine vertebrae and
lopment of two tailless mutants in the house Drosophila embryos. Nature 358: 345-347.
concomitant alteration of Hox codes induced by
mouse. Genetics 23: 573-584.
retinoic acid. Cell 67: 89-104. Manley, N. R. and Capecchi, M. R. 1995. The
Goulding, E. H. and Pratt, R. M. 1986. Isotretinoin role of Hoxa-3 in mouse thymus and thyroid
Keynes, R. and Lumsden, A. 1990. Segmentation
teratogenicity in mouse whole embryo culture. J. development. Development 121: 1989-2003.
and the origin of regional diversity in the vertebrate
Craniofac. Genet. Dev. Biol. 6: 99-112.
central nervous system. Neuron 2: 1-9. Marshall, H., Nonchev, S., Sham, M. H.,
Goulding, M. D., Lumsden, A. and Gruss, P. 1993. Muchamore, L, Lumsden, A. and Krumlauf, R.
Khaner, O. 1995. The rotated hypoblast of the
Signals from the notochord and floor plate 1992. Retinoic acid alters hindbrain Hox code
chicken embryo does not initiate an ectopic axis
regulate the regionspecific expression of two and induces transformation of rhombomeres 2/
in the epiblast. Proc. Natl. Acad. Sci. USA 92:
Pax genes in the developing spinal cord. Deve- 3 into a 4/5 identity. Nature 360: 737-741.
10733-10737.
lopment 117: 1001-1016.
Matsuo, I., Kuratani, S., Kimura, C., Takeda, N.
Khaner, O. and Eyal-Giladi, H. 1989. The chick’s
Grunwald, D. J. and Wilson, E. T. 1996. A and Aizawa, S. 1995. Mouse Otx2 functions in
marginal zone and primitive streak formation.
unifying model for the origin of the vertebrate the formation and patterning of the rostral head.
I. Coordinative effects of induction and
organizer. Netherl. J. Zool. 46: 22-46. Genes Dev. 9: 2646-2658.
inhibition. Dev. Biol. 134: 206-214.
Herrmann, B. G. 1991. Expression pattern of McGinnis, W. and Krumlauf, R. 1992. Ho-
Krumlauf, R. 1993. Hox genes and pattern
the Brachyury gene in wholemount Twis/Twis meobox genes and axial patterning. Cell 68:
formation in the branchial region of the
mutant embryos. Development 113: 913-917. 283-302.
vertebrate head. Trends. Genet. 9: 106-112.
Hirth, F., Therianos, S., Loop, T., Gehring, W. McGinnis, N., Kuziora, M. A. and McGinnis,
Layton, W. M. Jr. 1976. Random determination
J., Reichart, H. and Furukubo-Tokunaga, K. W. 1990. Human Hox 4.2 and Drosophila
of a developmental process. J. Hered. 67: 336-
1995. Developmental defects in brain segmen- Deformed encode similar regulatory specifici-
338.
tation caused by mutations of the homeobox ties in Drosophila embryos and larvae. Cell 63:
genes orthodenticle and empty spiracles in Dro- Le Mouellic, H., Lallemand, Y. and Brulet, P. 969-976.
sophila. Neuron 15: 769 -778. 1992. Homeosis in the mouse induced by a null
Meno, C. and seven others. 1996. Leftright
mutation in the Hox-3.1 gene. Cell 69: 251-264.
Hogan, B. L. M., Thaller, C. and Eichele, G. asymmetric expression of the TGFb-family
1992. Evidence that Hensen’s node is a site of Levin, M., Johnson, R. L., Stern, C., Kuehn, M. member lefty in mouse embryos. Nature 381:
retinoic acid synthesis. Nature 359: 237-241. and Tabin, C. 1995. A molecular pathway 151-155.
determining leftright asymmetry in chick em-
Hummel, K. P. and Chapman, D. B. 1959. Monaghan, P. , Grau, E., Bock, D. and Schulz, G.
bryogenesis. Cell 82: 803-814.
Visceral inversion and associated anomalies in 1995. The mouse homolog of the orphan nu-
the mouse. J. Hered. 50: 9-13. Levin, M., Pagan, S., Roberts, D. J., Cooke, J., clear receptor tailless is expressed in the
Kuehn, M. R. and Tabin, C. J. 1997. Different developing brain. Development 121: 839-851.
Hunt, P. and Krumlauf, R. 1991. Deciphering
aspects of laterality are independently controlled
the Hox code: Clues to patterning branchial Morriss-Kay, G. 1993. Retinoic acid and
by an apparently streakautonomous signaling
regions of the head. Cell 66: 1075-1078. craniofacial development: Molecules and
pathway initiating by activin. In press.
morphogenesis. BioEssays 15: 9-15.
Hunt, P. and Krumlauf, R. 1992. Hox codes and
Lowe, L. A. and eight others. 1996. Conserved
positional specification in vertebrate embryonic Nature Genetics (editorial). 1995. Risk assess-
leftright asymmetry of nodal expression and
axes. Annu. Rev. Cell Biol. 8: 227-256. ment and religion. Nat. Genet. 11: 105-106.
alterations in murine situs inversus. Nature 381:
Hunt, P. and seven others. 1991a. A distinct 158-161. Noden, D. 1988. Interactions and fates of avian
Hox code for the branchial region of the head. craniofacial mesenchyme. Development [Suppl.]
Lufkin, T., Dierich, A., LeMeur, M., Mark, M.
Nature 353: 861-864. 103: 121-140.
and Chambon, P. 1991. Disruption of the Hox-
Hunt, P., Wilkinson, D. and Krumlauf, R. 1991b. 1.6 homeobox gene results in defects in a region Oppenheimer, J. M. 1936. The development of
Patterning the vertebrate head: Murine Hox-2 corresponding to its rostral domain of expressi- isolated blastoderms of Fundulus heteroclitus.
genes mark distinct subpopulations of premi- on. Cell 66: 1105-1119. J. Exp. Zool. 72: 247-269.
652 PARTE IV Especificação do Destino Celular e os Eixos Embrionários
Ramirez-Solis, R., Zheng, H., Whiting, J., Scott, M. 1992. Vertebrate homeobox gene Tsuda, T., Philp. N., Zile, M. H. and Linask, K.
Krumlauf, R. and Bradley, A. 1993. Hoxb-4 (Hox nomenclature. Cell 71: 551-553. K. 1996. Leftright asymmetric localization of
2.6) mutant mice show homeotic transformation flectin in the extracellular matrix during heart
Seleiro, E. A. P., Connolly, D. J. and Cooke, J.
of a cervical vertebra and defects in the closure looping. Dev. Biol. 173: 39-50.
1996. Early developmental expression and ex-
of the sternal rudiments. Cell 73: 279-294.
perimental axis determination by the chicken Tung, T.-C., Vhang, C.-Y. and Tung, Y.-F.-Y.
Rashbass, P. R., Cook, L. A., Herrmann, B. G. Vg1 gene. Curr. Biol. 6: 1476-1486. 1945. Experiments on the developmental
and Beddington, R. S. P. 1991. A cell autonomous potencies of blastoderms and fragments of
Simeone, A., Acampora, D., Arcioni, L.,
function of Brachiyury in T/T embryonic stem telestean eggs separated latitudinally. Proc. Zool.
Boncinelli, E. and Mavilio, F. 1990. Sequential
cell chimeras. Nature 353: 348-351. Soc. Lond. 115: 175-188.
activation of Hox 2 genes by retinoic acid in
Riddihough, G. 1992. Homing in on the human embryonal carcinoma cells. Nature 34: Wang, B. B., Müller-Immergluck, M. M., Aystin,
homeobox. Nature 357: 643-644. 763-766. J., Robinson, N. T., Chisholm, A. and Kenyon,
C. 1993. A homeotic gene cluster patterns the
Rijli, F. M., Mark, M., Lakkaraju, S., Dierich, Simeone, A., Gulisano, M., Acampora, Stor-
anteroposterior body axis of C. elegans. Cell
A., Dollé, P. and Chambon, P. 1993. A homeotic naiuolo, A., Rambaldi, M. and Boncinelli, E.
74: 29-42.
transformation is generated in the rostral 1992. Two vertebrate homeobox genes related
branchial region of the head by disruption on to Drosophila empty spiracles are expressed in Weinstein, D. C., Ruiz i Altaba, A., Chen, W. S.,
Hoxa-2, which acts as a selector gene. Cell 75: the embryonic cerebral cortex. EMBO J. Hoodless, P., Prezioso, V. R., Jessell, T. M. and
1333-1349. 11:2541-2550. Darnell, J. E. Jr. 1994. The wingedhelix
transcription factor HNF-3b is required for
Rivera-Pérez, J. A., Mallo, M., Gendron- Slack, J. M. W. and Tannahill, D. 1992.
notochord development in the mouse embryo.
Maguire, M., Gridley, T. and Behringer, R. R. Mechanism of anteroposterior axis specification
Cell 78: 575-588.
1995. Goosecoid is not an essential component in vertebrates: Lessons from the amphibians.
of the mouse gastrula organizer but is required Development 114: 285-302. Wilkinson, D. G., Bhatt, S., Cook, M.,
for craniofacial and rib development. Develop- Boncinelli, E. and Kruflauf, R. 1989. Segmental
Slack, J. M. W., Holland, P. W. H. and Graham,
ment 121: 3005-3012. expression of Hox-2 homeobox-containing
C. F. 1993. The zootype and the phylotypic
genes in the developing mouse hindbrain.
Roush, W. 1995. Embryos travel forking path as stage. Nature 361: 490-492.
Nature 341: 405-409.
they tell left from right. Science 269: 1514-1515.
Stott, D., Kisbert, A. and Herrmann, B. G. 1993.
Wilson, E. T., Cretekos, C. J. and Helde, K. A.
Schumacher, A., Faust, C. and Magnuson, T. Rescue of the tail defect of Brachyuriy mice.
1995. Cell mixing during epiboly in the zebrafish
1996. Positional cloning of a global regulator of Genes Dev. 7: 197-203.
embryo. Dev. Genet. 17: 6-15.
anterior-posterior patterning in mice. Nature
Streit, A., Stern, C. D., Théry, C., Ireland, G. W.,
383: 250-253. Wolpert, L. and Brown, N. A. 1995. hedgehog
Aparacio, S., Sharpe, M. J. and Gherardi, E. 1995.
keeps to the left. Nature 377: 103-104.
Schummer, M., Scheurlen, I., Schaller, C. and A role for HGF/SF in neural induction and its
Galliot, B. 1992. HOM/HOX homeobox genes expression in Hensen’s node during gastrulati- Yanagisawa, K. O. 1990. Does the T gene deter-
are present in hydra (Chlorohydra viridissima) on. Development 121: 813-824. mine the anterior-posterior axis of the mouse
and are differentially expressed during regenera- embryo? Japan. J. Genet. 65: 287-297.
Subramanian, V, Meyer, B. I. and Gruss, P. 1995.
tion. EMBO J. 11: 1815-1825.
Disruption of the murine homeobox gene Cdx1 Yokoyama, T., Copeland, N . G., Jenkins, N. A.,
affects axial skeletal identities by altering the Montgomery, C. A., Elder, F. F. B. and Overbeek,
mesodermal expression domains of Hox genes. P. A. 1993. Reversal of leftright symmetry: A
Cell 83: 641-653. situs inversus mutation. Science 260: 679-682.
Thor, S. 1995. The genetics of brain develop-
ment: Conserved programs in flies and mice.
Neuron 15: 975-977.
Interações Celulares
Durante a Formação do Órgão
655
656 PARTE V Interações Celulares Durante a Formação do Órgão
Competência e receptores
Deve-se notar que nos princípios acima, o tecido responsivo deve ser competente
para responder. Competência é a capacidade de responder a um sinal indutivo
(Waddington, 1940). Isso não é um estado passivo, mas uma condição adquirida.
Quando detalhamos a indução do tubo neural, observamos que o ectoderma da
gástrula é capaz de ser induzido pelo lábio dorsal do blastóporo ou seus derivados
mesodérmicos. Assim, o ectoderma da gástrula é dito ser competente para respon-
der a estímulos indutivos. Essa competência para a indução neural é adquirida du-
rante a clivagem tardia e perdida durante os estágios tardios da gástrula. À medida
que essa competência para responder à indução pelo lábio dorsal diminui, algumas
regiões do ectoderma adquirem competência para responder a indutores do cristali-
no. Mais tarde ainda, a competência dos indutores do cristalino é perdida, mas o
ectoderma pode responder a indutores do placódio do ouvido (Serventnick e
Grainger, 1991). Portanto, a própria competência é um fenótipo diferenciado que
distingue células tanto espacial como temporalmente.
Considera-se, em geral, que a competência pode ser adquirida de várias maneiras.
Primeiro, uma célula pode tornar-se competente sintetizando um receptor para a molé-
cula indutora. Como veremos mais adiante neste capítulo, uma célula B não é compe-
tente para responder à indução por células T até que tenha ligado antígenos. Quando
os antígenos são ligados, eles criam um conjunto de receptores que os capacitam a
responder às moléculas indutoras secretadas pelas células T. Esse mecanismo de
competência também é visto na indução da diferenciação de neurônios simpáticos
(Birren e Anderson, 1990; Cattanco e McKay, 1990). Desde o início da década de 1960,
era conhecido que a diferenciação dos neurônios simpáticos depende do fator de
crescimento nervoso (NGF); porém, quando as células progenitoras desses neurônios
foram isoladas, elas não responderam ao NGF. Além disso, não tinham receptores
capazes de ligar NGF. Em vez disso, para se diferenciarem, essas células tinham que ser
primeiro expostas ao fator de crescimento de fibroblasto (FGF). Essa exposição resul-
tava na expressão de NGF nas suas membranas celulares. Tais células tratadas por
FGF podiam responder ao NGF (Figura 17.1). A célula progenitora original não era
competente para ser induzida pelo NGF porque não tinha o receptor NGF. Quando
esse foi induzido pelo FGF, tornou-se competente para responder ao NGF.
* É fácil distinguir as relações permissivas e instrutivas por uma analogia com uma situação mais
familiar. Este livro foi possível ser feito pelas interações permissivas e instrutivas. Os revisores
podem convencer-me a alterar o material no capítulo. Isso é uma interação instrutiva, já que a
informação passará a ser diferente daquela que teria sido. Porém, a informação no livro não poderia
ter sido expressa sem as interações permissivas com o editor e o impressor.
CAPÍTULO 17 Interações Proximais de Tecidos 657
Receptor NGF
Neurônio
simpático maduro
Figura 17.1
Indução e competência de uma linhagem precursora de neurônio simpático. A célula germinativa
original é uma célula mitoticamente ativa que não tem receptores NGF, mas que pode responder
a FGF. Isso dá origem a uma célula neural primitiva que tem processos, mas ainda se divide. Esse
neurônio primitivo tem receptores para NGF. A célula responsiva ao NGF pode se diferenciar em
um neurônio simpático maduro que não se divide (caracterizado pelo seu grande soma, nucléolos
proeminentes, extensos processos e dependência de NGF para a sobrevivência). (Segundo Birren
e Anderson, 1990.)
Em segundo lugar, uma célula pode alcançar a competência sintetizando uma mo-
lécula que permite o funcionamento do receptor. Receptores podem ligar o indutor,
mas isso não significa que os receptores sejam funcionais. Freqüentemente, um recep-
tor atua enviando um sinal para o núcleo. Como vimos no Capítulo 3, uma vez que o
receptor tenha fixado um ligante, ele ativa enzimas que fabricam o sinal para divisão ou
diferenciação. Se alguma dessas enzimas não estiver presente, o sinal não é transmiti-
do. Assim, uma célula pode alcançar competência sintetizando um elo faltante na
trajetória da sinalização.
Em terceiro lugar, a competência pode ser adquirida pela repressão de um inibidor.
Se o inibidor estiver presente, uma célula poderá ligar o indutor, enviar o sinal para o
núcleo e, apesar disso, não ser capaz de ser induzida. Por exemplo, os indutores
freqüentemente causam alterações da forma celular (como na indução do tubo neural).
Se a célula estiver inibida de mudar sua forma, ela não será capaz de responder.
Fatores parácrinos
Interações proximais são em geral mediadas por proteínas que podem difundir-se ao
longo de curtas distâncias para induzir mudanças em suas células vizinhas. Essas
proteínas são muitas vezes chamadas de fatores parácrinos ou fatores de diferenciação
658 PARTE V Interações Celulares Durante a Formação do Órgão
*Os fisiologistas descreveram três maneiras principais pelas quais moléculas solúveis efetuam
mudanças em células. Os fatores parácrinos são moléculas solúveis que efetuam mudanças nas
células adjacentes, ou próximas, à célula secretora. Em embriologia, tais fatores têm também sido
chamados de morfógenos. Os fatores endócrinos (hormônios) são moléculas solúveis que viajam
pelo sangue para realizar mudanças em células distantes da célula secretora. Os fatores autócrinos
são moléculas que efetuam mudanças nas células que os secretaram. Para que os efeitos autócrinos
ocorram, a célula sintetiza uma molécula para qual ela tenha seu receptor próprio. Embora a
estimulação autócrina não seja comum, ela é vista em células citotrofoblásticas placentárias que
sintetizam e secretam o fator de crescimento derivado das plaquetas, cujo receptor está na membra-
na celular daquelas células (Goustin et al., 1985). O resultado é a proliferação explosiva daquele
tecido. Existe apreciável debate sobre até que ponto fatores parácrinos podem operar. A activina,
por exemplo, pode difundir-se por muitos diâmetros celulares e pode induzir diferentes conjuntos de
genes em diferentes concentrações (Gurdon et al., 1994, 1995). As proteínas Vg1, BMP4 e Nodal,
porém, provavelmente somente trabalham sobre seus vizinhos adjacentes (Jones et al., 1996; Reilly
e Melton, 1996). Esses fatores podem induzir a expressão de outros fatores de curto alcance desses
vizinhos, e uma cascata de induções parácrinas pode ser iniciada.
CAPÍTULO 17 Interações Proximais de Tecidos 659
(B)
A família hedgehog
Bucal
(bochecha)
Mesial Nó de esmalte
(interno)
Nó de esmalte
Figura 17.3
Concentração do fator parácrino de crescimen-
to e fatores de diferenciação na região onde a
A família Wnt
morfogênese e a diferenciação estão ocorrendo
no molar inferior do embrião do camundongo
de 14 dias. (O limite do epitélio dental é mos- Esta família compreende uma família de glicoproteínas ricas em cisteína; existem pelo
trado em branco.) Os fatores parácrinos estão menos 15 membros dessa família em vertebrados. Seu nome advém da fusão do nome
sendo secretados pela células epiteliais não se do gene da polaridade segmentária de Drosophila, wingless, com o nome de um dos
dividindo, o nó de esmalte. (O painel à esquer- seus homólogos vertebrados, integrated. Como vimos no Capítulo 7, a Wnt1 parece
da mostra que as células do nó de esmalte não ser ativa na indução do miótomo nos somitos e no estabelecimento dos limites do
estão replicando DNA.) Acima de cada hibri- cérebro intermediário (McMahon e Bradley, 1990; Ku e Melton, 1993; Stern et al.,
dização in situ está a reconstrução seriada da 1995). Conforme veremos em capítulos subseqüentes, os genes Wnt também são im-
área de expressão. Veja página 682 para deta-
portantes no estabelecimento da polaridade dos membros vertebrados, tal como o
lhes. (de Jernvall, 1995; fotografias cortesia de
A. Vaahtokari, J. Jernvall e I. Thesleff.) wingless estabelece a polaridade durante o desenvolvimento dos membros dos inse-
tos. É interessante que em ambos os casos ocorrem interações com membros da
família hedgehog. Durante a gastrulação do camundongo Wnt3a, Wnt5a e Wnt5b são
todos expressos em regiões sobrepostas mas distintas na linha primitiva. A Wnt3a é a
única proteína Wnt vista nessa região da linha que irá gerar o mesoderma dorsal
(somito), e camundongos homozigotos para o alelo zero do gene Wnt3a não têm
somitos caudais aos membros anteriores (Figura 17.4; Takada et al., 1994).
A trajetória sinalizando Wnt está intimamente conectada à trajetória hedgehog.
Como mostrado na Figura 3.38, hedgehog estimula a expressão de wg e a proteína
Wingless estimula a expressão de hedgehog. Em Drosophila, uma das coisas
feitas por Hedgehog para ativar a expressão gênica de wingless é de contrapor a
repressão da proteína Patched. Uma vez eliminada a repressão do gene patched, o
wingless pode ser expresso. A expressão ectópica do gene patched inibe o cresci-
mento celular. Pensa-se existir uma trajetória semelhante em humanos, e cada uma
das moléculas na trajetória de Drosophila tem um homólogo humano. Em huma-
nos, mutações esporádicas de perda-de–função do gene patched em tecidos
somáticos causam carcinomas de células basais, o tipo mais comum do câncer
CAPÍTULO 17 Interações Proximais de Tecidos 661
(C) (D)
A superfamília TGF−β
* Carcinomas de células basais, tumores da camada de células basais da epiderme, afligem cerca
de 750.000 pessoas cada ano nos Estados Unidos, a maioria desses cânceres se originando após
exposição à luz solar de pessoas de origem norte-européia. Por outro lado, a síndrome nevus de
células basais (às vezes chamada de síndrome de Gorlin) é extremamente rara.
662 PARTE V Interações Celulares Durante a Formação do Órgão
Família BMP
TGF−β, eles ativam (provavelmente por fosforilação) um desses polipeptídeos de
50-kDa. Isso converte a proteína smad em um fator de transcrição que pode pene-
trar no núcleo e ativar genes específicos (Graff et al., 1996; Hoodless et al., 1996;
osteogenina Liu et al., 1996).
Dorsalina 1 (pinto)
A FAMÍLIA TGF−β −β. Essa família inclui TGF−β1, 2, 3 e 5. TGF−β1 parece ser impor-
tante para a formação de órgão ramificados. TGF−β1 exógeno foi achado inibir o
crescimento de duetos em glândulas mamárias do camundongo (Daniel, 1989;
(braquipodismo) Silberstein et al., 1992), causar malformações de glândulas salivares embrionárias
murinas (Hardman et al, 1994), e prevenir a ramificação dos rins embrionários (Ritvos
(orelha curta) et al.,1995). Assim, TGF−β1 pode ser crítico no processo normal de ramificação,
talvez mediando esse e outros processos, intensificando a produção de componen-
tes da matriz extracelular como a fibronectina, colágenos I e IV (Ignotz e Massagué,
1968; Penttinen et al, 1988), osteonectina (Wrana e al., 1991) e proteoglicanos (Bassols
(camundongo)
e Massagué, 1988; Morales e Roberts, 1988), enquanto inibe a proteólise da matriz
celular (Edwards et al, 1987; Saksela et al., 1987). Isso poderia ter um efeito líquido de
estabilização da estrutura tissular. Os efeitos exatos das proteínas TGF−β depen-
dem, muitas vezes, do tipo celular que encontram, e a mesma TGF−β pode ter efeitos
(Xenopus)
(ouriço-do-mar) opostos (tal como interrompendo ou acelerando a divisão celular) em diferentes
tipos de células.
Screw (Drosophila) Os efeitos de TGF−β são de difícil separação porque componentes da família
Nodal
parecem funcionar de maneira semelhante e podem compensar por perdas dos outros
activina quando expressos conjuntamente. Além disso, deleções apontadas para o gene Tgfb1
activina são difíceis de interpretar, pois a mãe pode suprir esse fator através da placenta e do
leite (Letterio et al., 1994).
Suppressor
of Hairless Suppressor of Hairless
Núcleo Hairless
Interações epitélio-mesênquima
Alguns dos casos melhor estudados de indução secundária são aqueles envolvendo as
interações de lâminas epiteliais com células mesenquimatosas adjacentes. São chama-
das interações epitelio-mesênquima. O epitélio pode originar-se de qualquer camada
germinativa, enquanto o mesênquima é geralmente derivado de tecido mesodérmico
frouxo ou da crista neural. Exemplos dessas interações estão listados na Tabela 17.1.
Asa Pena
da asa
Coxa Pena
Figura 17.7 da coxa
Especificidade regional da indução. Quan-
do células da derme (mesoderma) são re-
combinadas com a epiderme (ectoderma) no
pinto, o tipo de estrutura cutânea produzida Pé Escamas,
pelo ectoderma é determinado pela localiza- garra
ção original do mesoderma. (Adaptado de
Saunders, 1980.)
CAPÍTULO 17 Interações Proximais de Tecidos 665
Grupo
paralogo
Hox Intestino delgado
Ceco mediano
Ceco
Neurulação
precoce Intestino
grosso Figura 17.9
Especificação regional do mesoderma visceral
através de interações com o endoderma do in-
testino posterior. A expressão e secreção de
Sonic hedgehog no endoderma gera um con-
junto aninhado de expressão do gene Hox no
mesoderma adjacente. Após o mesoderma ter
Cloaca sido especificado, ele pode atuar sobre o tubo
endodérmico para induzir regiões morfológicas
Estágio do broto mediano específicas. (Segundo Roberts et al., 1995.)
666 PARTE V Interações Celulares Durante a Formação do Órgão
*Spemann é reportado como tendo descrito dessa maneira: “O ectoderma diz ao indutor, ‘você
me diz como produzir uma boca; está bem, assim o farei, porém, não posso produzir o seu tipo de
boca; só posso produzir a minha e isso farei.” (Citado por Harrison, 1933.)
Área do
presuntivo ectoderma oral
Gástrula Gástrula de
de rã salamandra Sugador
Salamandra com
sugadores de
girino de rã
Figura 17.10
Especificidade genética da indução. O trans-
plante recíproco entre as presuntivas regiões Gástrula Gástrula de Rã
ectodérmicas orais das gástrulas da salaman- de salamandra
dra e da rã conduz a larvas de salamandra com
Equilibradore
sugadores de girino e girino de rã com Girino de rã com
equilibradores de salamandra. (Segundo equilibradores de
Hamburgh, 1970.) salamandra
CAPÍTULO 17 Interações Proximais de Tecidos 667
Figura 17.11
Especificidade genética da indução cutânea. (A)
Seção da região corneana de um embrião de
pinto de 17 dias. Aos 5 dias de incubação, o
cristalino deste olho foi substituído pela derme
do flanco de um embrião precoce de camun-
dongo. Uma condensação de células embrio-
nárias murinas está localizada diretamente sob
o epitélio do pinto. (B) Formação de penas a
partir do epitélio corneano de tal espécimen.
(A) (B) Células de camundongo estão presentes no ru-
dimento das penas. (de Coulombre e Coulom-
bre, 1971, cortesia de A. J. Coulombre.)
cristalino, e concluiu que a vesícula óptica era suficiente para induzir a formação
de tecido do cristalino em ectoderma, que de outra maneira não o teria formado.
Pareceu que o contato com a vesícula óptica era tudo o que era necessário para
induzir cristalino no ectoderma sobrejacente.
Cérebro em
desenvolvimento
(E) Girino jovem
(diferenciação do cristalino) Cálice óptico
Cristalino
Tabela 17.2 Aumento com a idade da capacidade responsiva do ectoderma prospectivo do cristalino
Operação
Estágio do Doador Nêurula Número Cristalinos Corpo Espessamento Corpo sem Sem Total
Doador hospedeira examinados induzidos semelhante ectodérmico cristalino resposta positivo
(%) ao cristalino (%) (%) (%)
%
Gástrula
intermediária 24 0 4 38 8 50 1 (4%)
Gástrula tardia 21 10 14 42 10 24 5 (24%)
Cultura
Gástrula
precoce
Gástrula
intermediária
Gástrula
tardia
cérebro anterior irá dar origem à pequenos cristalinos, mesmo sob essas condições. O
cálice óptico não contatou ainda esse tecido, mostrando que não é crítico para a
indução do cristalino em Xenopus. Porém, ele exerce uma função em capacitar o fenótipo
completo do cristalino para ser expresso. Os cristalinos que se formam na ausência da
vesícula óptica são em geral muito rudimentares. Não é conhecido se a influência da
vesícula óptica é diretamente positiva, promovendo a diferenciação do placódio do
cristalino para um cristalino totalmente diferenciado, ou se tal influência se dá remo-
vendo um inibidor da diferenciação do cristalino. Foi proposto (von Woellwarth, 1961;
Henry e Grainger, 1987) que as células da crista neural impedem a diferenciação do
cristalino e que o contato com a vesícula óptica serve como escudo do placódio do
cristalino, frente a esses sinais inibidores.
672 PARTE V Interações Celulares Durante a Formação do Órgão
Formação da Córnea
Após ter invaginado, o placódio do cristalino fica coberto por duas camadas
de células do ectoderma adjacente. Agora, o cristalino em desenvolvimento pode
atuar como um indutor. O ectoderma destinado a se tornar córnea, provavelmente
já havia sido determinado durante um estágio anterior do desenvolvimento (Meier,
1977). Agora, a diferenciação da córnea ocorre sob influência do cristalino. O
ectoderma sobrejacente torna-se colunar e se enche de grânulos secretores. Es-
ses grânulos migram para a base das células e secretam um estroma primário con-
tendo cerca de 20 camadas de colágeno dos tipos I e II (veja Figura 17.14). As
células endoteliais vizinhas migram para essa região (no estroma primário) e
secretam ácido hialurônico para essa matriz. O ácido hialurônico faz com que a
matriz se expanda e se torne um bom substrato para a migração de duas ondas de
células mesenquimatosas derivadas da crista neural. Ao penetrar a matriz, a se-
gunda onda dessas células aí permanece, secretando colágeno do tipo I e
hialuronidase. Essa causa o encolhimento do estroma. Sob a influência da tiroxina
da glândula tireóide em desenvolvimento, esse estroma secundário é desidratado,
e a matriz rica em colágeno dos tecidos epitelial e mesênquima, transforma-se na
córnea transparente (veja Hay, 1980; Bard, 1990).
Podemos ver, assim, que “simples” interações indutivas são na realidade dramas
bem coordenados, nos quais os atores têm que vir ao palco e falar seus trechos no
momento e posição corretos. Por adquirir nova informação, elas podem também trans-
mitir informações para outros usarem. Tendo isso em mente, nós podemos agora
passar a estudar alguns dos princípios sobre a indução secundária, obtidos de outros
órgãos em desenvolvimento.
Mesênquima
Epitélio
Túbulos
mesonéfricos
Prônefros
Duto néfrico
Gônada
Cordão Gônada
nefrogênico
Mesonefros
Mesonefros
Duto néfrico
(Wolffiano)
Mesênquima
Cordão nefrogênico Mesênquima
metanefrogênico
metanefrogênico
Ureter
Cloaca Broto uretérico
Duto néfrico
Figura 17.15
Esquema geral do desenvolvimento do rim ver-
tebrado. (A) Os túbulos originais, constituin-
do o rim pronéfrico, são induzidos a partir do componente central do sistema excretor através de todo seu desenvolvimento
mesênquima nefrogênico pelo duto pronéfrico (Toivonen, 1945; Saxén, 1987). Esse duto remanescente é freqüentemente referido
migrando caudalmente. (B) À medida que o como duto néfrico ou Wolffiano.
prônefro de degenera, formam-se os túbulos
À medida que os túbulos pronéfricos degeneram, a porção mediana do duto
mesonéfricos. (C) O rim mamífero final, o
metanefro, é induzido pelo broto uretérico. (D) néfrico inicia um novo conjunto de túbulos renais no mesênquima adjacente.
Seção de um rim de camundongo mostrando a Esse conjunto de túbulos constitui o mesonefro, ou rim mesonéfrico. No ser
iniciação do rim mesonéfrico (abaixo) enquan- humano, começando ao redor do dia 25, formam-se cerca de 30 túbulos
to o mesonefro ainda está aparente. O tecido do mesonéfricos. Porém, à medida que mais túbulos são induzidos caudalmente, os
duto está corado com um anticorpo fluorescen- túbulos mesonéfricos anteriores começam a regredir (embora em camundongos,
te para citoqueratina encontrada no duto meso- os túbulos anteriores permanecem, ao passo que os posteriores regridem; Figu-
néfrico e seus derivados. ( A-C segundo Saxén, ra 17.15B). Em fêmeas de mamíferos essa regressão é completa. Porém, como
1987; D cortesia de S. Vainio.) discutiremos no Capítulo 20, alguns desses túbulos mesonéfricos persistem em
machos para se transformar em tubos carreadores de espermatozóide (vasos
deferentes e dutos deferentes) dos testículos.
O rim permanente dos aminotas, o metanefro, é gerado por alguns dos mesmos
componentes dos tipos anteriores transitórios do rim, e acredita-se ser originado
através de uma complexa interação entre componentes mesenquimatosos e epiteliais
do mesoderma intermediário. Nos dois primeiros passos, o mesênquima
metanefrogênico se forma em regiões localizadas posteriormente do mesoderma
intermediário, e induz a formação de um ramo de cada um dos dutos néfricos
pareados. Esses tubos epiteliais são chamados de brotos uretéricos. Esses brotos
finalmente se separam do duto néfrico para tornarem-se os ureteres que levam a
urina para a bexiga. Quando os brotos uretéricos emergem do duto néfrico, entram
no mesênquima metanefrogênico. No terceiro e quarto passos, os brotos uretéricos
induzem esse tecido mesenquimatoso a se condensar ao redor dos brotos e se
diferenciar nos nefros do rim dos mamíferos. O quinto passo da iniciação renal
ocorre quando esse tecido formador do nefro induz a ramificação adicional do
broto uretérico (Figura 15C,D).
CAPÍTULO 17 Interações Proximais de Tecidos 675
Dutos
coletores
Mesênquima
Metanefrogênico
Ureter Ureter
Broto
uretérico
Túbulos
Renais
Túbulo distal
Mesênquima Túbulo
Proximal
Figura 17.16
Indução recíproca no desenvolvimento do rim
dos mamíferos. À medida que o broto
uretérico penetra no mesênquima metanefro-
INDUÇÃO RECÍPROCA DURANTE O DESENVOLVIMENTO RENAL. Esses dois
gênico, esse o induz a se ramificar. Nas extre-
tecidos mesodérmicos, o broto uretérico e o mesênquima metanefrogênico interagem midades dos ramos, o epitélio induz o mesên-
e induzem um ao outro reciprocamente (Figura 17.16). O mesênquima metanefrogênico quima a se agregar e cavitar para formar os
leva o broto uretérico a se alongar e se ramificar. Na ponta dessas ramificações, o broto túbulos renais. A formação de nefro a partir
uretérico induz as células mesenquimatosas frouxas a formarem um agregado epitelial. das células mesenquimatosas é mostrada na
Cada agregado de cerca de 20 células prolifera-se e se diferencia na intrincada estrutu- inserção. Após se agregar nos ramos, as célu-
ra do nefro renal. Primeiro, cada nódulo se alonga tomando a forma de uma “vírgula”, las mesenquimatosas formam um nódulo
formando em seguida o característico tubo em forma de S. Logo em seguida à forma- epitelial que se estende em um tubo em forma
ção do tubo em forma de S, as células desse epitélio começam a se diferenciar em tipos de S, e se funde com o epitélio do broto
uretérico. (Inserção segundo Romanoff, 1960.)
regionais de células específicas, como as células da cápsula, os podócitos e as células
dos tubos renais distal e proximal. Nesse período, desenvolve-se uma conexão entre o
broto uretérico e o tubo recém-formado que permite a passagem de material de um para
o outro. Os tubos recém-formados derivados do mesênquima formam os nefros
secretores do rim funcional, e o broto uretérico ramificado dá origem aos dutos coleto-
res renais e ao ureter, que drena a urina do rim.
Clifford Grobstein (1955, 1956) documentou essa indução recíproca, in vitro. Ele
separou o broto uretérico do mesênquima e cultivou-os individualmente ou em con-
junto. Na ausência do mesênquima, os brotos uretéricos não se ramificam. Na ausên-
cia do broto uretérico, o mesênquima logo morre. Quando eles são colocados juntos,
porém, o broto uretérico cresce e se ramifica, e túbulos se formam através do
mesênquima (Figura 17.17). Embora certos outros tecidos (em especial o tubo neural)
permitam ao mesênquima metanefrogênico formar túbulos renais, o broto uretérico
somente se ramifica sob instruções do mesênquima metanefrogênico. Mesênquimas
que induzem ramificação em outros epitélios (tais como a glândula salivar) não induzi-
rão a ramificação do broto uretérico (Bishop-Calame, 1996).
676 PARTE V Interações Celulares Durante a Formação do Órgão
(A) (B)
Figura 17.17
Indução de rim estudada in vitro. (A) Um rudimento metanéfrico do
camundongo de 11 dias inclui tanto o broto uretérico como o me-
sênquima metanefrogênico. (B) Após o primeiro dia em cultura,
podem ser vistos túbulos nas extremidades dos ureteres em ramifi-
cação. (C) Os dutos coletores ramificados formados pelo broto
uretérico e os túbulos renais formados pelas condensações mesen- (C)
quimatosas nas extremidades desses brotos podem ser claramente
vistos após 8 dias de cultura. (A e B de Saxén e Sariola, 1987; C de
Grobstein, 1955; todas fotografias cortesia dos autores.)
Broto uretérico
(A)
Mesênquima
condensando Glomérulo
(B)
Ureter
(C)
mesoderma como algumas células originárias da crista neural (Le Douarin e Tiellet,
1974; Sariola, 1989; Sainio et al., 1994).
Duto
Duto Wolffiano Wolffiano
Broto
uretérico
Broto
Duto uretérico
Wolffiano
Receptor
Ret Duto
Wolffiano
Broto
Mesênquima Receptor uretérico
metanefrogênico Ret
(D)
Figura 17.19
O crescimento do broto uretérico depende de mesenquimatosas são salvas do precipício da morte e são convertidas em células
GDNF (fator neurotrófico derivado da glia) e germinativas em proliferação (Bard e Ross, 1991; Bard et al., 1996). Os fatores
seu receptor. (A) O broto uretérico do rim de secretados do broto uretérico incluem o fator 2 de crescimento fibroblástico (FGF2)
um embrião murino do tipo selvagem de 11,5 e a proteína morfogenética 7 do osso (BMP7). O FGF2 tem três modos de ação,
dias cultivado durante 72 horas tem padrão de inibindo a apoptose, promovendo a condensação de células mesenquimatosas e
ramificação característico. (B) Em camundon- mantendo a síntese de WT1 (Perantoni et al., 1995). O BMP7 tem efeitos semelhan-
gos embrionários heterozigotos para os genes
tes, e na ausência de BMP7, o mesênquima do rim sofre apoptose (Figura 17.20;
codificando GNDF, o tamanho do broto
uretérico e o número e comprimento de seus
ramos está reduzido. (C) Em camundongos sem
ambas cópias dos genes gdnf, o broto uretérico
não se forma a partir do duto Wolffiano. (D) Rim
Os receptores para GDNF estão concentrados Glândula
na porção posterior do duto Wolffiano. O Supra-renal
GDNF secretado pelo mesênquima metanefro- Rim
gênico estimula o crescimento do broto uretérico
desse duto. Em estágios posteriores, o recep-
tor de GDNF é somente encontrado nas extre-
midades dos brotos uretéricos. Barras de esca-
la iguais a 100µm. (A-C de Pichel et al., 1996;
fotografias cortesia de J. G. Pichel e H. Sariola;
D segundo Schuchardt et al., 1995.)
Figura 17.20
Malformação renal em um embrião de camundongo deficiente em BMP7. No dia embrionário 19,
os rins mutantes são significativamente menores que aqueles dos embriões tipo selvagem. (de
Dudley et al., 1995; fotografia cortesia de E. J. Robinson.)
CAPÍTULO 17 Interações Proximais de Tecidos 679
Figura 17.21
O proteoglicano syndecan da matriz extrace-
lular não é sintetizado ou secretado por célu-
las do mesênquima até após a indução. Essa
molécula provavelmente está envolvida na
estruturação do novo epitélio tubular, e dis-
tingue as células do túbulo, do mesênquima
remanescente. (A) Coloração imunológica de
syndecan mostra sua presença nas células
mesenquimatosas recém-induzidas (T) que es-
tão se tornando epiteliais. Alguma coloração
(U) também é vista no epitélio do broto
epitelial. (B) Coloração intensa de syndecan
é vista na região tubular em desenvolvimento
que irá se tornar o glomérulo renal (G). (de
Vainio et al., 1989, cortesia de L. Saxén.)
(A) (B)
Dudley et al., 1995; Luo et al., 1995). As células mesenquimatoses induzidas também
sintetizam receptores para o fator de crescimento epidérmico e o fator de crescimen-
to neural, e podem responder à essas proteínas com a proliferação.
Figura 17.22
Expressão de syndecan em mesênqui-
mas renais induzidos e não-induzidos.
(A) Hibridização in situ localizando
mRNA de syndecan nos agregados
mesenquimatosas de um rim embrioná-
rio de camundongo de 15 dias. A vi-
sualização da auto-radiografia é feita por
iluminação de campo escuro. (B) Me-
sênquima renal isolado (M) induzido por
medula espinhal (SPC) mostra expres-
são intensa de syndecan após coloração
com anticorpos ao syndecan, fluores-
centes. O mesênquima não-induzido não
(A)
o faz. (C) A quantidade de syndecan
(marcado com enxofre radioativo) iso-
lada de um mesênquima induzido de rim
é dez vezes maior que aquela isolada de
um quantidade semelhante de mesênqui- Induzido
Não-induzido
(B) (C)
Figura 17.23
Papel do receptor NGF de baixa afinidade na morfogênese do rim. (A) Hibridização in situ mostra a localização de
mRNA de NGFR nos mesênquimas condensados de um rim embrionário de rato de 18 dias. (B) Maior aumento do
padrão de ramificação do broto uretérico (corado com anticorpos para uma citoqueratina epitelial específica) em rim de
13 dias cultivado durante 5 dias, in vitro. (C) Broto uretérico de um rim igual aquele em (B) mas cultivado em presença
de oligonucleótidos antisenso ao mRNA de NGFR . (de Sariola et al., 1991, cortesia de H. Sariola.)
682 PARTE V Interações Celulares Durante a Formação do Órgão
Informações adicionais
& Especulações
D URANTE A MORFOGÊNESE de
qualquer órgão ocorrem numero-
sos diálogos entre os tecido em
interação. Nas interações epitélio-mesên-
fatores de transcrição, incluindo proteínas
contendo os homeodomínios Msx1 e Msx2.
A indução da diferenciação do mesênqui-
ma pode ser mimetizada colocando-se BMP4
das a sintetizar a proteína de membrana
syndecan e a proteína da matriz extracelu-
lar tenascina. Essas proteínas (que podem
se ligar uma à outra) aparecem na ocasião
quima, o mesênquima influencia o epitélio; em partículas de agarose e aplicando-as à em que o epitélio induz a agregação do
o tecido epitelial, uma vez modificado pelo massa mesenquimatosa (Vainio et al., 1993). mesênquima; Thesleff e colegas (1990)
mesêquima, pode secretar fatores que al- Assim, a BMP4 parece ser um sinal morfogê- propuseram que essas duas moléculas
teram o mesênquima. Tais interações con- nico crítico do epitélio para o mesênquima. podem interagir para efetivar essa con-
tinuam até que seja formado um órgão com Um evento crítico na análise do de- densação. Como no rim, a expressão de
células mesenquimatosas específicas do senvolvimento dental foi a descoberta que syndecan também se correlaciona com a
orgão e epitélio específico. A identificação o centro de sinalização para o desenvol- proliferação das células mesenquimatosas
das substâncias envolvidas nessas con- vimento dental é um obscuro grupo de agregadas, sugerindo que ela está regu-
versas inter-tissulares está sendo estuda- células epiteliais referidas como o nó do lando a divisão celular assim como a agre-
da em diversos laboratórios. Algumas das esmalte (Jernvall et al., 1994). Esse grupo gação (Vainio et al., 1991).
interações mais investigadas são aquelas de células, primeiro visto no começo do Depois de se agregarem, as células
que formam os dentes dos mamíferos. Aqui, estágio de hemisfério pigmentado, apare- mesenquimatosas começam a secretar
o epitélio da mandíbula se diferencia em ce como uma população de células em não FGF3, BMP3, BMP4, HGH e activina
ameloblastos, enquanto as células mesen- divisão, no centro das cúspides em cres- (Wilkinson et al., 1989, Thesleff e Sahlberg,
quimatosas derivadas da crista neural se tor- cimento (veja Figura 17.3). Além disso, a 1996). Esses sinais, presumivelmente, in-
nam os odontoblastos secretores da dentina. hibridização in situ mostrou que esse nó duzem a formação do nó de esmalte no
Em primeiro lugar, o epitélio faz com de esmalte é a fonte da secreção de Sonic epitélio. O nó em seguida secreta seu po-
que o mesênquima se agregue em locais hedgehog, FGF4, BMP7, BMP4 e de tente coquetel de fatores de crescimento
específicos. Nesse momento, o epitélio BMP2 (Koyoma et al., 1996; Vaahtokari et e diferenciação, os quais promovem o
possui o potencial de gerar estruturas al., 1996a). Sendo uma população que não crescimento e a diferenciação tanto do me-
dentais a partir de vários tipos de células se divide, secretando fatores de cresci- soderma como do epitélio. As células
mesenquimatosas (Mina e Kollar, 1987; mento capazes de serem recebidos tanto mesenquimatosas começam a se diferen-
Lumsden, 1988). Porém, esse potencial pelo epitélio como pelo mesênquima, o nó ciarem em odontoblastos, e a tenascina é
de formação do dente logo é transferido de esmalte é considerado dirigir a morfo- induzida para ser expressa em níveis mui-
para o mesênquima que se agrega abaixo gênese das cúspides do dente e ser críti- to mais elevados e nos mesmos locais que
dele. Essas células mesenquimatosas co no direcionamento das mudanças a fosfatase alcalina. Essas proteínas fo-
formam a papila dental e são agora capa- evolutivas na estrutura dentária nos ma- ram associadas com a diferenciação do
zes de induzir a morfogênese dental em míferos (Jernvall, 1995). osso e da cartilagem, e podem promover a
outros epitélios (Kollar e Baird, 1970). Um resumo de pesquisas recentes mineralização da matriz extracelular
Nesse estágio, o epitélio maxilar perdeu correlacionando indução e diferenciação (Mackie et al., 1987).
sua capacidade de instruir a formação do do mesênquima é mostrado na Figura Por último, à medida que emerge o
dente em outros mesênquimas. Assim, o 17.24. Como se pode ver, o mesênquima fenótipo do odontoblasto, são secreta-
“potencial odontogênico” passou do em um estágio é diferente daquele em ou- dos osteonectina e colágeno de tipo I
epitélio para o mesênquima. Na membra- tros. As células mesenquimatosas são pri- como componentes da matriz extracelu-
na basal que separa o epitélio do mesên- meiro induzidas (pela expressão epitelial lar. O nó de esmalte desaparece por
quima, o epitélio induz o mesênquima a de BMP4, BMP2, BMP7 e provavelmente apoptose (Vaahtokari et al., 1996b). Por
se transformar em odontoblastos, en- FGF8) a expressar um conjunto de fatores esse processo em etapas, as células da
quanto o mesênquima induz o epitélio a de transcrição que incluem Msx1 e Lef1. crista neural craniana da mandíbula po-
se transfornar em células ameloblásticas Se os genes para cada uma dessas prote- dem ser transformadas em odontoblastos
(Figura 17.24; Thesleff et al., 1989). ínas são eliminados, o camundongo em secretores de dentina. Essas interações
Esse deslocamento do potencial odon- desenvolvimento não tem dentes. No ser ocorrem durante períodos específicos do
togênico coincide com o deslocamento da humano, numa condição causada por uma desenvolvimento e são correlacionadas
síntese da proteína morfogenética 4 do osso mutação de MSX1, os pacientes têm fa- com a maturação do epitélio. Em condi-
(BMP4). Durante as fases mais precoces do lhas dentárias (Satokata e Maas, 1994; ções normais, dois fenômenos indepen-
desenvolvimento do dente, a BMP4 é sin- Kratochwil et al., 1996; Vastardis et al., dentes – morfogênese e diferenciação
tetizada no epitélio; e induz a diferenciação 1996). À medida que as células mesenqui- celular - são coordenados na formação
do mesênquima e estimula-o a expressar três matosas condensam-se, elas são induzi- dos órgãos.
CAPÍTULO 17 Interações Proximais de Tecidos 683
Epitélio
Colágeno tipo I
Idade desenvolvimental
Figura 17.24
Diferenciação coordenada e morfogênese no dente do mamífero. À medida que progride o desen-
volvimento, o mesênquima da mandíbula derivado da crista neural sofre diferenciação gradual
interagindo com o epitélio mandibular (Segundo Thesleff et al., 1990; Thesleff e Sahlberg, 1996.)
Os mecanismos para essa ramificação podem ter tanto os componentes gerais como
os específicos (Grobstein, 1967), e podem depender da interação entre as forças que
estão promovendo o crescimento celular e as forças que estão promovendo a coesão
intercelular. Os componente gerais são considerados envolver a degradação seletiva
da membrana epitelial basal nos locais da ramificação (Bernfield et al., 1984; Mizuno e
Yasugi, 1990).
Conforme visto no rim e em muitos outros órgãos, o mesênquima pode interagir
com um tubo epitelial levando-o a se ramificar. Isso ocorre quando os crescimentos
epiteliais são divididos por fendas, apresentando lóbulos de cada lado da fenda.
Esses lóbulos crescem criando ramos. A ramificação dos brotos epiteliais depende da
presença do mesênquima. Em alguns casos, tal como na interação do epitélio respira-
tório com mesênquimas diferentes, a interação é instrutiva. Na maioria dos casos,
porém, a interação é meramente permissiva. Os brotos são preparados para ramificar e
formar ácinos, mas necessitam do apoio do mesênquima. É hoje admitido que o
mesênquima promova a formação de fendas e ramificações cindindo o lóbulo e dige-
rindo seletivamente parte da lâmina basal do tecido epitelial.
O controle da formação de fendas parece ser, em parte, uma função das moléculas
de colágeno. Fibras de colágeno III são produzidas por células mesenquimatosas, mas
se acumulam somente dentro das fendas lobulares (Figura 17.25; Grobstein e Cohen,
1965; Nakanishi et al., 1988a). Além disso, a extensão da ramificação pode ser regulada
artificialmente pela preservação ou remoção das moléculas de colágeno (Nakanishi et
al., 1986a). A Figura 17.26 mostra a ramificação de um rudimento de 12 dias de uma
glândula submandibular sob condições que impedem a degradação das fibras de
colágeno (um inibidor de colagenase foi adicionado ao meio). Sem o colágeno, não se
vêem fendas, mas quando a colagenase endógena é incapaz de remover o colágeno
em excesso, aparecem fendas extranumerárias.
Células
mesenquimatosas
Célula
epitelial
Colágeno na
fenda entre
células epiteliais
Figura 17.25
Micrografia eletrônica de varredura da acu-
mulação de fibras de colágeno dentro da fen-
da precoce da glândula salivar de um em-
brião de camundongo de 12 dias. (de Naka-
nishi et al., 1986b, cortesia de Y. Nakanishi.)
CAPÍTULO 17 Interações Proximais de Tecidos 685
1 hr 18 hr 25 hr Figura 17.26
Controle da formação da fenda epitelial pelo
colágeno do mesênquima. Rudimentos da glân-
dula salivar de um rato de 12 dias foram culti-
vados e observados em 1, 18 e 25 horas. (Li-
nha A) Desenvolvimento normal, mostrando
três principais lóbulos. (Linha B) Crescimento
do lóbulo mas sem ramificação quando a
colagenase exógena (5µg/ml) foi adicionada ao
meio. (Linha C) Ramos supranumerários quan-
do o inibidor de colagenase (5µg/ml) foi adici-
(A) Controle onado ao meio para suprimir a atividade da
colagenase endógena. (Segundo Nakanishi et
al., 1986a; cortesia de Y. Nakanishi.)
Fibras de
colágeno
Mais
mitose
GAG
Células Células
mesenquimais epiteliais Células Células Colágeno
mesenquimais epiteliais
Figura 17.27
Um modelo para a formação e ramificação em
um rudimento de glândula salivar de camun-
O colágeno também é importante para a estabilização das ramificações formadas.
dongo. (A) Um sulco é produzido no lóbulo Quando se adiciona colagenase a rudimentos de glândula salivar após a ramificação,
pela contração de um feixe de fibras de coláge- o colágeno é removido e os ramos coalescem em um globo (Grobstein e Cohen, 1965;
no (mostrado aqui como uma estrutura torcida, Wessels e Cohen, 1968).
como corda) pela tração das células mesenqui-
matosas. Como mostrado na Figura 17.25, as Fatores Parácrinos Efetuando Padrões de Ramificação
fibras se estendem entre dois grupos de células
mesenquimatosas. (B) Alongamento dos dois Ainda não temos certeza sobre as identidades das moléculas secretadas pelo
lóbulos separados em ramos pode ocorrer, já
mesênquima que são responsáveis pela indução desses padrões de ramificação
que as GAGs nas extremidades dos lóbulos
são mais sensíveis à hialuronidase, pois eles
epitelial. Evidência recente implicou vários fatores parácrinos nesses eventos. O
não têm a proteção das fibras de colágeno. O primeiro candidato é o fator β1 de crescimento transformado (TGF−β1). Essa molé-
talo do lóbulo é estável, enquanto o aumento da cula é abundante em órgãos embrionários. Quando o TGF−β1 exógeno é adicionado
divisão nas extremidades (estimulado pelo a culturas de glândulas mamárias, ou de glândulas salivares embrionárias, pulmão,
mesênquima) empurra o lóbulo para a frente. ou rudimentos de rim, o fator previne o epitélio de se ramificar (Figura 17.28; Silberstein
(A de Nakanishi et al., 1986b; B segundo et al., 1990; Hardman et al., 1994; Serra et al., 1994; Ritvos et al., 1995). O TGF−β1 é
Wessells, 1977.) sabido promover a síntese de proteínas da matriz extracelular e de inibir as
metaloproteinases que podem digerir essas matrizes (Penttinen et al., 1988; Nakamura
et al., 1990). É possível que esse fator tenha um papel na estabilização dos ramos
após seus surgimentos.
Uma segunda molécula que pode ter importância na ramificação epitelial é a activina.
A activina é conhecida por sua importância na especificação do eixo esquerdo/direito
em pintos, e foi detectada em glândulas salivares, pâncreas e rins de embriões de
camundongos. Quando a activina é adicionada exogenamente ao rim, ou rudimentos
salivar ou pancreático do embrião de rato, a activina distorce severamente o padrão de
ramificação normal (Figura 17.29; Ritvos et al., 1995). As células epiteliais não estão
mortas e ainda são capazes de induzir as células mesenquimatosas a formarem nefros,
mas os ramos estão muito desorganizados. As semelhanças entre os rudimento da
glândula salivar tratada com colagenase e aqueles tratados com activina sugerem que
essa última possa desencadear a digestão de matriz extracelular no local de um novo
ramo, e que a sua adição exógena promove a destruição da matriz extracelular através
de todo o epitélio.
Vários fatores parácrinos adicionais parecem ser responsáveis pela indução da
ramificação do epitélio pulmonar. Uma forma de fator de crescimento derivado das
plaquetas pode induzir a ramificação pulmonar, e o RNA antisenso contra sua men-
sagem o inibe (Souza et al., 1995). Epitélio pulmonar em cultura também pode ser
CAPÍTULO 17 Interações Proximais de Tecidos 687
Figura 17.28
O efeito do TGF-β1 na morfogênese do epitélio
renal. (A) Um rim de camundongo de 11 dias
cultivado por 4 dias no meio controle tem rami-
ficação normal. (B) Um rim de um camundon-
go de 11 dias cultivado em TGF-β1 só apre-
senta ramificação na periferia do mesênquima,
e os ramos formados são alongados. (Segundo
Ritvos et al., 1995.)
(A) (B)
Figura 17.29
Os efeitos da activina na morfogênese do epitélio
da glândula salivar. Rudimentos da glândula
salivar embrionária foram cultivados por 4 dias
em meio controle (A), e em meio contendo
activina 7.5 nM (B). Após 4 dias, os órgãos
foram fixados e corados para citoqueratina
(A) (B) epitelial. (de Ritvos et al., 1995.)
688 PARTE V Interações Celulares Durante a Formação do Órgão
célula; com a indução, torna-se um outro. Nossas discussões sobre indução usual-
mente ocuparam-se de tecidos e não de células. Porém, a indução também pode
ocorrer ao nível da única célula. Os primeiros exemplos desse fenômeno vieram de
estudos com o sistema imune. Aqui, a recepção de antígeno (substâncias estranhas)
pela célula B deu-lhe a competência de responder a fatores parácrinos e justácrinos
sintetizados pelas células T auxiliares. Há um diálogo recíproco entre as células B e
as células T pelo qual ambas se diferenciam e se proliferam na presença de antígeno
estranho (Clark e Ledbetter, 1994; Essen et al., 1995). Na verdade, a AIDS é uma
doença de indução, na qual a célula T auxiliar foi destruída e não pode induzir a
diferenciação de células B e macrófagos.* [prox4.html]
Pesquisas recentes sobre o desenvolvimento de Drosophila e Caenorhabditis
mostraram que a indução realmente ocorre no nível célula-para-célula. Alguns dos
exemplos melhor estudados envolvem a formação dos fotorreceptores da retina do
olho da Drosophila. A retina consiste de cerca de 800 unidades chamadas omatídios
(Figura 17.30). Cada omatídio é composto de 20 células organizadas em um padrão
preciso. O olho desenvolve-se na camada epitelial plana do disco imaginal do olho
da larva. Não há células diretamente acima ou abaixo dessa camada, de modo que as
interações são limitadas às células vizinhas em duas dimensões. A diferenciação das
células epiteliais arranjadas de maneira aleatória nos fotorreceptores da retina e seu
tecido do cristalino ao redor ocorre durante o último (terceiro) estágio larval. Uma
Figura 17.30
Microfotografia eletrônica de varredura de um reentrância se forma na margem posterior do disco imaginal, e esse sulco
olho composto de Drosophila. Cada faceta é morfogenético começa a trafegar para frente em direção ao anterior do epitélio (Fi-
um único omatídio. Uma cerda sensorial se gura 17.31). O movimento do sulco depende das proteínas do conjunto marcador,
projeta de cada omatídio. (Cortesia de T. Hedgehog e Decapentaplegic. Hedgehog é expresso por células imediatamente pos-
Venkatesh.) teriores ao sulco (i.e., aquelas que acabaram de se diferenciar) e induz a expressão da
proteína decapentaplegic dentro do sulco (Heberlein et al., 1993; Ma et al., 1993). À
medida que as células da retina começam a se diferenciar atrás do sulco, elas secretam
a proteína Hedgehog, que empurra o sulco anteriormente (Brown et al., 1995). Quan-
do o sulco passa através de uma região de células, essas começam a se diferenciar
em uma ordem específica. A primeira célula a se desenvolver é o fotorreceptor cen-
tral (R8). (Ainda não é sabido como o sulco instruí certas células a se tornarem
fotorreceptores R8, mas é possível que as proteínas DPP e Hedgehog na região do
sulco induzam a determinação de R8). A célula R8 é considerada induzir a célula
anterior e a célula posterior a ela (em relação ao sulco), para se tornarem os fotorre-
ceptores R2 e R5, respectivamente. Os fotorreceptores R2 e R5 são funcionalmente
equivalentes, sendo o sinal de R8 provavelmente o mesmo para ambas (Tomlinson e
Ready, 1987). Sinais dessas células induzem mais quatro células adjacentes a torna-
rem-se os fotorreceptores R3, R4, e depois R1 e R6. Em último lugar aparece o
fotorreceptor R7. As outras células ao redor desses fotorreceptores tornam-se célu-
las do cristalino. A determinação do cristalino é a condição de revelia (“default”) se
as células não forem induzidas. [prox5.html]
Uma série de mutações foram encontradas bloquear alguns dos passos dessa
cascata indutora. A mutação rough (ro), por exemplo, bloqueia a indução dos fotorre-
ceptores R3 e R4. A mutação sevenless (sev) e a mutação bride of sevenless (boss)
pode, cada uma, prevenir as células R7 de se diferenciarem. (Essas células tornam-se
então células do cristalino). A análise dessas mutações mostrou que elas estão envol-
vidas no processo indutivo. O gene sevenless é requerido na própria célula R7. Se
embriões mosaico são produzidos de modo que algumas das células do disco ocular
sejam heterozigotas (normais) e algumas homozigotas para a mutação sevenless, o
fotorreceptor R7 é visto desenvolver-se somente se o precursor R7 tem o alelo sevenless
* Em seres humanos, essas células T são chamadas células T auxiliares / indutoras, um nome que
reconhece seu papel no desenvolvimento. A glicoproteína CD4 normalmente está envolvida na
mediação celular da adesão não-específica entre a célula T auxiliar/indutora e os linfócitos B (Doyle
e Strominger, 1987).
CAPÍTULO 17 Interações Proximais de Tecidos 689
Figura 17.31
Diferenciação de fotorreceptores no disco
imaginal do olho da larva tardia. O sulco
morfogenético (seta) atravessa o disco do
posterior (esquerda) ao anterior (direita).
Atrás do sulco, as células fotorreceptoras se
diferenciam em uma seqüência definida (mos-
trada abaixo). A primeira célula fotorreceptora
a se diferenciar é a R8, que parece induzir a
diferenciação de R2 e R5; a cascata de indução
continua até que o fotorreceptor R7 tenha se
diferenciado. (Segundo Tomlinson, 1988,
fotografia cortesia de T. Venkatesh.)
Porção antenal
do disco
tipo selvagem (Basler e Hafen, 1989; Bowtell et al., 1989). Anticorpos para essa prote-
ína encontram-na na membrana celular, e a seqüência do gene sevenless sugere que ela
é uma proteína transmembrana com um sítio tirosina quinase em seu domínio
citoplasmático (Banerjee et al., 1987; Hafen et al., 1987). Isso é consistente com a
suposição da proteína ser um receptor para algum sinal.
Esse sinal para o precursor R7 diferenciar-se no fotorreceptor R7, provavelmente
vem diretamente de uma proteína codificada pelo alelo tipo selvagem de bride of
sevenless (boss). Moscas homozigotas para a mutação boss não têm os fotorrecep-
tores R7. Estudos com genes de mosaico onde algumas das células do disco imaginal
são normais e algumas das células são homozigotas para mutação boss mostram que
o gene boss tipo selvagem não é necessário na célula precursora R7. Ao contrário, o
fotorreceptor R7 somente se diferencia se o gene boss tipo selvagem é expresso na
célula R8. Assim, o gene bride of sevenless está codificando alguma proteína cuja
existência na célula R8 é necessária para a diferenciação da célula R7.* O sinal
produzido pela proteína Boss provavelmente trabalha por contato celular. Genes
* Todos os precursores de fotorreceptores sintetizam a proteína Sev, e o sinal Boss dado pelo
fotorreceptor R8 é provavelmente dado e recebido por todas as células circunjacentes. O que,
então, impede as células R1-R6 de também se tornarem células R7? O agente restritivo é prova-
velmente o produto do gene seven-up (sup). Em mutante deficientes em sup, os precursores R1,
R3, R4 e R6 todos desenvolvem o fenótipo R7. O gene sup codifica um fator de transcrição da
família receptora de esteróides (Mlodzik et al., 1990). Isso, porém, não é toda a história. Prova-
velmente existe um caminho paralelo, pelo qual o receptor Sevenless também ativa a proteína
Corkscrew. Corkscrew ativa a proteína Daughter-of-sevenless (dos). A proteína Dos facilita a
ativação de Ras (Herbst et al., 1996).
690 PARTE V Interações Celulares Durante a Formação do Órgão
boss tipo selvagem numa célula R8 em um omatídio não irão corrigir a deficiência de
alelo boss mutante nos omatídios adjacentes, e o domínio extracelular da proteína
Boss é suficiente para ativar a tirosina quinase sevenless em uma célula vizinha
(Reinke e Zipursky, 1988; Hart et al., 1993). Um resumo das induções célula-para-
célula conhecidas na retina de Drosophila (Figura 17.32) mostra que células indivi-
duais são capazes de induzir outras células individuais a criar o arranjo preciso de
células em tecidos particulares.
Figura 17.32 Indução Vulvar no Nematóide Caenorhabditis elegans
Vulvar
Sumário de genes conhecidos por estarem en-
volvidos na indução dos fotorreceptores de
Drosophila. Para que o desenvolvimento con- A vulva de Caenorhabditis elegans é um caso onde um sinal indutor pode gerar
tinue para além da diferenciação dos fotorre- uma variedade de tipos celulares. Esse órgão se forma durante o estágio larval de
ceptores R8, R2 e R5, o gene rough (ro) deve seis células do blasto chamadas células precursoras vulvares (VPCs). A célula que
estar presente tanto nas células R2 como nas conecta a gônada sobrejacente à células precursoras vulvares é chamada célula
R5. Para a diferenciação do fotorreceptor R7, o âncora. Ela secreta a proteína LIN-3, um parente do fator de crescimento epidérmico
gene sevenless (sev) deve estar ativo na célula (Hill e Sternberg, 1992). Se a célula âncora é destruída (ou se o gene lin-3 é mutado),
precursora R7, enquanto o gene bride of as VPCs não formam uma vulva; elas tornam-se parte da hipoderme (pele) (Kimble,
sevenless (boss) deve estar ativo no fotorre- 1981). As seis células precursoras vulvares sob influência da célula âncora formam
ceptor R8. (Segundo Rubin, 1989.)
um grupo de equivalência. Cada membro desse grupo é competente para ser induzi-
do pela célula âncora e pode assumir um de três destinos, dependendo de sua
proximidade à essa célula (Figura 17.33). A célula diretamente abaixo da célula ânco-
ra se divide para formar as células vulvares centrais. As duas células flanqueando a
célula central se dividem para tornarem-se as células vulvares laterais, enquanto as
três células mais distantes da célula âncora geram as células hipoblásticas. Se a
célula âncora é destruída, todas as seis células do grupo de equivalência dividem-se
uma vez e contribuem para o tecido hipodérmico. Se as três células centrais forem
destruídas, as três células externas, que normalmente formam células hipodérmicas,
geram células vulvares em seu lugar. A proteína LIN-3 é recebida pela tirosina quinase
do receptor LET-23 nas VPCs, e o sinal é transferido para o núcleo através da traje-
tória Ras-MAP quinase (veja Capítulo 3).
Gônada
Cutícula
Figura 17.33
As VPCs e seus descendentes. (A) Localização da gônada, célula
âncora, e VPCs no segundo instar da larva de um C. elegans herma- (C)
frodita. (B,C) Relação da célula âncora com as seis VPCs e suas
linhagens subseqüentes. As primeiras linhagens resultam em células
vulvares centrais; as segundas constituem as células vulvares laterais;
as terceiras geram as células hipodérmicas. O esquema da vulva é
mostrado no quarto instar da larva, os círculos representando as posi-
ções do núcleo. (Segundo Katz e Sternberg, 1996.)
CAPÍTULO 17 Interações Proximais de Tecidos 691
Há três mecanismos pelos quais tais induções podem ocorrer (Katz e Stern-
berg, 1996):
LET-3
Sinal ativa genes Vulval
Sinal Sinal
ativa ativa
lin-12 lin-12
Informações adicionais
& Especulações
Figura 17.36
Representação do efeito da mutação Notch. Em embriões tipo selvagem, as
células ectodérmicas neurogênicas geram tanto neuroblastos como células de
pele (hipodérmicas). Em embriões deficientes em Notch, porém, todo o ecto-
derma neurogênico gera neuroblastos. A proporção de neuroblastos para
células hipodérmicas difere entre as regiões do embrião.
Neuro-
Tipo selvagem
blasto
Dorsal
Hipo-
derme
Células
ectodérmicas
neurogênicas
Ventral
Mutante
notch
deficiências Notch) é o ligante de Notch.
Mosaicos genéticos mostram que enquan-
to Notch é requerido por células que de-
vem se tornar epiderme, o gene delta é ne-
cessário nas células que induzem o
fenótipo epidérmico.
Greenwald e Rubin (1992) propuseram
principalmente pelo número aleatório de bém é determinada pela posição aleató-
um modelo baseado na hipótese LIN-12
receptores hormonais nas células folicu- ria da célula durante a compactação. Tais
para explicar o espaçamento dos neuroblas-
lares. De maneira semelhante, a decisão fatores aleatórios podem ocasionar inte-
tos nos agregados pró-neurais de precur-
sobre se uma célula tornar-se-á ou não rações que são amplificadas, distinguin-
sores epidérmicos e neurais (Figura 17.37).
parte do embrião ou parte do trofoblasto do, finalmente, entre dois tipos celulares
Inicialmente, todas as células têm potenci- – certamente uma decisão fundamental naquilo que havia sido uma população
ais e sinalizações iguais. Porém, quando
no desenvolvimento do mamífero – tam- celular homogênea.
uma das células, por acaso, produz mais
sinal (como o produto delta), ela ativa os
receptores em células adjacentes, reduzin- Figura 17.37
do o nível de sinalização. Como os níveis Modelo para explicar os padrões de espaçamento de neuroblastos entre as células ectodérmicas
de sinalização em células adjacentes são neurogênicas inicialmente equivalentes. Baseando-se no modelo para duas células mostrado na
Figura 17.36, cada célula tanto dá como recebe o mesmo sinal. (A) Um campo de células equivalen-
baixos, as vizinhas das células de baixa si-
tes, todas sinalizando e recebendo igualmente. (B) Um evento aleatório causa uma das células
nalização tenderão ser sinalizadores de alto (sombreamento mais intenso) a produzir mais sinalização. Suas células circunjacentes recebem essa
nível. Dessa maneira, um espaçamento de quantidade aumentada de sinal e reduzem seu próprio nível de sinalização (sombreado mais leve).
neuroblastos é produzido. (C) O restante do padrão está agora constrangido. Aquelas células que reprimiram sua própria
O papel do acaso na determinação sinalização (em resposta aos eventos em B), provavelmente não expressarão mais sinalização que
celular não é tão incomum como se pode suas células vizinhas. As células rodeadas por sinalizadores mais reprimidos terão maior probabi-
lidade de se tornar sinalizadoras. (D,E) Os destinos das células através do campo ficam especificadas
supor. Conforme discutiremos no Capítu- à medida que a amplificação dos sinais cria populações de sinalizadores rodeados por populações de
lo 22, o amadurecimento de somente um receptores. No caso dos genes neurogênicos, o sinal é considerado emanar da proteína Delta, o
óvulo por mês em humanos é determinado receptor sendo a proteína Notch. (Segundo Greenwald e Rubin, 1992.)
LITERATURA CITADA
Armstrong, J. F., Pritchard-Jones, K., Bickmore, Bernfield, M., Banarjee, S. D., Koda, J. E. and uterus and vagina in mice. J. Exp. Zool. 196,
W. A., Hastie, N. D. and Bard, J. B. L. 1992. The Rapraegar, A. C. 1984. Remodeling of basement 361-370.
expression of the Wilms’ tumor gene, WT-1, in membrane as a mechanism of morphogenetic
Cvekl, A., Sax, C. M., Li, X., McDermott, J. B.
the developing mammalian embryo. Mech. Dev. tissue interaction. In R. L. Trelstad (ed.), The
and Piatigorsky, J. 1995. Pax-6 and lensspecific
40: 85-97. Role of Extracellular Matrix in Development.
transcription of the chicken d1-crystallin gene.
Alan R. Liss, New York, pp. 545-547.
Artavanis-Tsakonis, S., Muskavitch, M. A. T. Proc. Natl. Acad. Sci. USA 92: 4681-4685.
and Yedvobnick, Y. 1983. Molecular cloning of Birren, S. J. and Anderson, D. J. 1990. A vmyc-
Daniel, C. W. (1989). TGF-Jb1 induced inhibition
Notch, a locus affecting neurogenesis in Droso- immortalized sympathoadrenal progenitor cell
of mouse mammary ductal growth: developmen-
phila melanogaster. Proc. Natl. Acad. Sci. USA line in which neuronal differentiation is initiated
tal specificity and characterization. Dev. Biol.
80:1977-1981. by FGF but not NGF. Neuron 4: 189-201.
134: 20-30.
Artavanis-Tsakonas, S., Matsuno, K. and Fortini, M. Bishop-Calame, S. 1966. Étude experimentale
Davies, J. A., Lyon, M., Gallagher, J. and Garrod,
E. 1995. Notch signaling. Science 268: 225-232. de 1’organogenese du systéme urogénital de
D. R. 1995. Sulphated proteoglycan is required
1'embryon de poulet. Arch. Anat. Microsc.
Banerjee, S. and Bernfield, M. 1979. Develop- for collecting duct growth and branching but not
Morphol. Exp. 55: 215-309.
mentally regulated neutral hyaluronidase activity nephron formation during kidney development.
during epithelial mesenchymal interaction. J. Bitgood, M. J. and McMahon, A. P. 1995. Hed- Development. 121: 1507-1517.
Cell Biol. 83: 469a. gehog and BMP genes are coexpressed at many
Deuchar, E. M. 1975. Cellular Interactions in
diverse sites of cell-cell interaction in the mouse
Banerjee, U., Renfranz, P. J., Pollock, J. A. and Animal Development. Chapman and Hall,
embryo. Dev. Biol. 172: 126-158.
Benzer, S. 1987. Molecular characterization and London.
expression of sevenless, a gene involved in neu- Bitgood, M. J., Shen, L. and McMahon, A. P. 1996.
Doyle, C. and Strominger, J. L. 1987. Interaction
ronal pattern formation in the Drosophila eye. Sertoli cell signalling by desert hedgehog regulates
between CD4 and class II MHC molecules
Cell 49: 281-291. the male germline. Curr. Biol. 6: 298-304.
mediates cell adhesion. Nature 330: 256-259.
Bard, J. B. L. 1990. Morphogenesis: The Bowtell, D. D. L., Simon, M. A. and Rubin, G. M.
Dressler, G. R., Wilkinson, J. E., Rothenpieler,
Cellular and Molecular Processes of Develop- 1989. Ommatidia in the developing Drosophila
V. W., Patterson, L. T., Williams-Simons, L.
mental Anatomy. Cambridge University Press, eye require and can respond to sevenless for
and Westphal, H. 1993. Deregulation of Pax-2
Cambridge. only a restricted period. Cell 56: 931-936.
expression in transgenic mice generates severe
Bard, J. B. L. 1996. A new role for the stromal cells Brown, N. L., Sattler, C. A., Paddock, S. W. and kidney abnormalities. Nature 362: 65-67.
in kidney development. BioEssays 18: 705-707. Carroll, S. B. 1995. Hairy and Emc negatively
Dudley, A. T, Lyons, K. M. and Robertson, E. J.
regulate morphogenetic furrow progression in
Bard, J. B. L. and Ross, A. S. A. 1991. LIF, the 1995. A requirement for bone morphogenesis
the Drosophila eye. Cell 80: 879-887.
ES cell inhibition factor, reversibly blocks protein-7 during development of the mammali-
nephrogenesis in cultured mouse kidney Cascio, S. and Zaret, K. S. 1991. Hepatocyte an kidney and eye. Genes Dev. 9: 2795-2807.
rudiments. Development 113: 193-198. differentiation initiates during endodermal-
Edwards, D. R. and seven others. 1987.
mesenchymal interactions prior to liver
Bard, J. B. L., Davies, J. A., Karavanova, I., Transforming growth factor beta modulates the
formation. Development 113: 217-225.
Lehtonen, E., Sariola, H. and Vainio, S. 1996. expression of collagenase and metalloproteinase
Kidney development: the inductive interacti- Cattanco, E. and McKay, R. D. G. 1990. Proli- inhibitor. EMBO J. 6, 1899-1904.
ons. Semin. Cell Dev. Biol. 7: 195-202. feration and differentiation of neuronal stem
Ekblom, P., Thesleff, I., Saxén, L., Miettinen,
cells regulated by nerve growth factor. Nature
Basler, K. and Hafen, E. 1989. Ubiquitous ex- A. and Timpl, R. 1983. Transferrin as a fetal
347: 762-765.
pression of sevenless: Position-dependent growth factor: Acquisition of responsiveness
specification of cell fate. Science 243: 931-934. Clark, E. A. and Ledbetter, J. A. 1994. How B and related to embryonic induction. Proc. Natl. Acad.
T cells talk to each other. Nature 367: 425-428. Sci. USA 80: 2651-2655.
Basler, K. and Struhl, G. 1994. Compartment boun-
daries and the control of Drosophila limb pattern Cohen, M. M. Jr. 1982. The Child with Multiple Ekblom, P. and eight others. 1994. Role of
by hedgehog protein. Nature 368: 208-214. Birth Defects. Raven Press, NY. mesenchymal nidogen for epithelial morphoge-
nesis in vitro. Development 120: 2003-2014.
Bassols, A. and Massagué, J. 1988. Transforming Coulombre, J. L. and Coulombre, A. J. 1971.
growth factor b regulates the expression and Metaplastic induction of scales and feathers in Essen, D. van, Kikutani, H. and Gray, D. 1995.
structure of extracellular matrix chondroitin/ the corneal anterior epithelium of the chick CD40 ligandtransduced costimulation of T cells
dermatan sulfateproteoglycans. J. Biol. Chem. embryo. Dev. Biol. 25: 464-478. in the development of helper function. Nature
263,3039-3045. 378: 620-623.
Crossley, P. H., Martinez, S. and Martin, G. R.
Bellusci, S., Henderson, R., Winnier, G., Oikawa, 1996. Midbrain development induced by FGF8 Fan, C. M. and Tessier-Lavigne, M. 1994.
T. and Hogan, B. L. M. 1996. Evidence from in the chick embryo. Nature 380: 66-68. Patterning of mammalian somites by surface
normal expression and targeted misexpression ectoderm and notochord: Evidence for sclero-
Cunha, G. R. 1976a. Epithelialstromal interac-
that bone morphogenesis protein-4 (BMP-4) tome induction by a hedgehog homolog. Cell
tions in the development of the urogenital tract.
plays a role in mouse embryonic lung morpho- 79: 1175-1186.
Int. Rev. Cytol. 47,137-194.
genesis. Development 122: 1693-1702.
Fujiwara, M., Uchida, T., Osumi-Yamashita, N.
Cunha, G. R. 1976b. Stromal induction and
Bernfield, M. and Banerjee, S. D. 1982. The and Eto, K. 1994. Uchida rat (rSey): a new
specification of morphogenesis and cytodiffe-
turnover of basal lamina glycosaminoglycan mutant rat with craniofacial abnormalities
rentiation of the epithelia of the Müllerian ducts
correlates with epithelia morphogenesis. Dev. resembling those of the mouse Sey mutant. Di-
and urogenital sinus during development of the
Biol. 90: 291-305. fferentiation 57: 31-38.
CAPÍTULO 17 Interações Proximais de Tecidos 695
Fukumachi, H. and Takayama, S. 1980. Epithe- Hafen, E., Basler, K., Edstrom, J. E. and Rubin, G. tion of lensforming potential in embryonic
lial-mesenchymal interaction in differentiation M. 1987. sevenless, a cell-specific homeotic gene ectoderm. Dev. Biol. 124: 200-214.
of duodenal epithelium of fetal rats in organ of Drosophila, encodes a putative transmembrane
Henry, J. J. and Grainger, R. M. 1990. Early tissue
culture. Experientia 36: 335-336. receptor with a tyrosine kinase domain. Science
interactions leading to embryonic lens formation
236: 55-63.
Glazer, L. and Shilo, B. Z. 1991. The Drosophila in Xenopus laevis. Dev. Biol. 141: 149-163.
FGF-R homolog is expressed in the embryonic Haffen, K., Kedinger, M. and Simonassmann, P.
Herbst, R., Carroll, P. M., Allard, J. D., Schilling,
tracheal system and appears to be required for directed 1987. Mesenchyme-dependent differentiation
J., Raabe, T. and Simon, M. A. Daughter of
tracheal cell extension. Genes Dev. 5: 697-705. of epithelial progenitor cells in the gut. J. Pediat.
sevenless is a substrate of the phosphotyrosine
Gastroent. 6: 15-23.
Gluecksohn-Schoenheimer, S. 1943. The phosphatase corkscrew and functions during
morphological manifestations of a dominant Hahn, H. and twenty others. 1996. Mutations sevenless signaling. Cell 85: 899-909.
mutation in mice affecting tail and urogenital of the human homolog of Drosophila patched
Hilfer, S. R., Rayner, R. M. and Brown, J. W.
system. Genetics 28: 341-348. in the nevoid basal cell carcinoma syndrome.
1985. Mesenchymal control of branching pattern
Cell 85: 841-851.
Goustin, A. S. and nine others. 1985. Coexpressi- in the fetal mouse lung. Tissue Cell 17: 523-538.
on of the sis and myc proto-oncogenes in Hamburgh, M. 1970. Theories of Differentiati-
Hill, R. J. and Sternberg, P. W. 1992. The gene
developing human placenta suggests autocrine on. Elsevier, New York.
lin-3 encodes an inductive signal for vulval de-
control of trophoblast growth. Cell 41: 301-312.
Hardman, P., Landels, E., Woolf, A. S. and velopment in C. elegans. Nature 358: 470-476.
Graff, J. M, Bansal, A. and Melton, D. A. 1996. Spooner, B. S. 1994. TGF-b1 inhibits growth
Hogan, B. L. M. 1996. Bone morphogenesis pro-
Xenopus Mad proteins transduce distinct subsets and branching morphogenesis in embryonic
teins: multifunctional regulators of vertebnrate
of signals for the TGF-b superfamily. Cell 85: mouse submandibular and sublingual glands in
development. Genes Dev. 10: 1580-1594.
479-87. vitro. Devel. Growth Differ. 36: 567-577.
Holtzer, H. 1968. Induction of chondrogenesis:
Graham, A., Heyman, I. and Lumsden, A. 1993. Harrison, R.G. 1933. Some difficulties of the
A concept in terms of mechanisms. In R.
Evennumbered rhombomeres control the determination problem. Am. Nat. 67: 306-321.
Gleischmajer and R. E. Billingham (eds.),
apoptotic elimination of neural crest cells from
Hart, A. C., Krämer, H. and Zipursky, S. L. 1993. Epithelial-Mesenchymal Interactions. Williams
odd-numbered rhombomeres in the chick
Extracellular domain of the boss transmembrane & Wilkins, Baltimore, pp. 152-164.
hindbrain. Development 119: 233-245.
ligand acts as an antagonist of the the sev recep-
Hoodless, P. A., Haerry, T., Abdollah, S.,
Grainger, R. M. 1992. Embryonic lens induction: tor. Nature 361: 732-736.
Stapleton, M., O’Connor, M. B., Attisano, L.
Shedding light on vertebrate tissue determination.
Hartenstein, V. and Campos-Ortega, J. A. 1984. and Wrana, J. L. 1996. MADR1, a MAD-related
Trends Genet. 8: 349-355.
Early neurogenesis in wildtype Drosophila me- protein that functions in BMP2 signaling
Greenwald, I. and Rubin, G. M. 1992. Making a lanogaster. Wilhelm Roux Arch. Dev. Biol. 193: pathways. Cell 85: 489-500.
difference: The role of cell-cell interactions in 308-325.
Hoppe, P. E. and Greenspan, R. J. 1986. Local
establishing separate identities for equivalent
Hatini, V., Huh, S. O., Herzlinger, D., Scares, V. C. function of the Notch gene for embryonic
cells. Cell 68: 271-281.
and Lai, E. 1996. Essential role of stromal mor- ectodermal pathway choice in Drosophila. Cell
Greenwald, I., Sternberg, P. W. and Horvitz, H. phogenesis in kidney morphogenesis revealed by 46: 773-783.
R. 1983. The lin-12 locus specifies cell fates in targeted disruption of winged helix transcription
Hyatt, G. A. and Beebe, D. C. 1993. Regulation
Caenorhabditis elegans. Cell 34: 435-444. factor, BF-2. Genes Dev. 10: 1467-1478.
of lens cell growth and polarity by embryonic-
Grobstein, C. 1955. Induction interaction in the Hay, E. D. 1980. Development of the vertebrate specific growth factor and by inhibitors of lens
development of the mouse metanephros. J. Exp. cornea. Int. Rev. Cytol. 63: 263-322. cell proliferation and differentiation. Develop-
Zool. 130: 319-340. ment 117: 701-709.
Hay, E. D. and Revel, J. -P. 1969. Fine structure
Grobstein, C. 1956. Transfilter induction of of the developing avian cornea. In A. Wolsky Ignotz, R. A. and Massague, J. (1986).
tubules in mouse metanephrogenic mesenchyme. and P. S. Chen (eds.), Monographs in Develop- Transforming growth factor beta stimulates the
Exp. Cell Res. 10: 424-440. mental Biology. Karger, Basel. expression of fibronectin and collagen and their
incorporation into the extracellular matrix. J.
Grobstein, C. 1967. Mechanisms of organogene- Heberlein, U., Wolff, T. and Rubin, G. M. 1993.
Biol. Chem. 261, 4337-4345.
tic tissue interaction. Natl. Cancer Inst. Monogr. The TGF-b homolog dpp and the segment
26: 279-299. polarity gene hedgehog are required for Jacobson, A. G. 1966. Inductive processes in
propagation of a morphogenetic wave in the embryonic development. Science 152: 25-34.
Grobstein, C. and Cohen, J. 1965. Collagenase:
Drosophila retina. Cell 75: 913-926.
Effect on the morphogenesis of embryonic salivary Jacobson, A. G. and Sater, A. K. 1988. Features
epithelium in vitro. Science 150: 626-628. Hebert, J., Rosequist, T., Gotz, J. and Martin, G. of embryonic induction. Development 104:
1994. FGF-5 as regulator of hair growth cycle: 341-359.
Gumpel-Pinot, M., Yasugi, S. and Mizuno, T.
Evidence from targeted and spontaneous
1978. Differentiation d’épithéliums endodermi- Jernvall, J. 1995. Mammalian molar cusp
mutations. Cell 78: 1-20.
ques associaes au mésoderme splanchnique. patterns: Developmental mechanisms of
Comp. Rend. Acad. Sci. (Paris) 286: 117-120. Heemskerk, J. and DiNardo, S. 1994. Drosophi- diversity. Acta Zool. Fennica 198: 1-61.
la hedgehog acts as a morphogen in cellular
Gurdon, J. B., Harger, P., Mitchell, A. and Jernvall, J., Kettunen, P., Karavanova, I.,
patterning. Cell 76: 449-460.
Lemaire, P. 1994. Activin signalling and response Martin, L. B. and Theseleff,I. 1994. Evidence
to a morphogen gradient. Nature 371: 487-492. Heitzler, P. and Simpson, P. 1991. The choice for the role of the enamel knot as a control
of cell fate in the epidermis of Drosophila. Cell center in mammalian tooth cusp formation:
Gurdon, J. B., Mitchell, A. and Mahony, D. 1995.
64: 1083-1092. nondividing cells express growth stimulating Fgf-
Direct and continuous assessment by cells of
4 gene. Int. J. Dev. Biol. 38: 463-69.
their position in a morphogen gradient. Nature Henry, J. J. and Grainger, R. M. 1987. Inductive
376: 520-521. interactions in the spatial and temporal restric-
696 PARTE V Interações Celulares Durante a Formação do Órgão
Johnson, R. L., Laufer, E., Riddle, R. D. and Tabin, Koyama, E. and ten others. 1996. Polarizing Liu, F., Hata, A., Baker, J. C., Doody, J., Cárcamo,
C. 1994. Ectopic expression of Sonic hedgehog activity, sonic hedgehog, and tooth develop- J., Harland, R. M. and Massagué, J. 1996. A
alters dorsal-ventral patterning of somites. Cell ment in embryonic and postnatal mouse. Dev. human Mad protein acting as a BMP-regulated
79: 1165-1173. Dyn. 206: 59-72. transcription factor. Nature 381: 620-623.
Johnson, R. L. and ten others. 1996. Human Kratochwil, K., Dull, M., Farinas, I., Galceran, Lumsden, A. G. S. 1988. Spatial organization of
homolog of patched, a candidate gene for the basal J. and Grosschedl, R. 1996. Lef1 expression is the epithelium and the role of neural crest cells
cell nevus syndrome. Science 272: 1668-1671. activated by BMP-4 and regulates inductive in- in the initiation of the mammalian tooth germ.
teractions in tooth and hair development. Genes Development 103 [Suppl.]: 155-169.
Jones, C. M., Armes, N. and Smith, J. C. 1996.
Dev. 10: 1382-1394.
Signalling by TGF-b family members: Shortrange Luo, G., Hofmann, C., Bronckers, A. L. J. J.,
effects of Xnr-2 and BMP4 contrast with the long Kreidberg, J. A., Sariola, H., Loring, J. M., Maeda, Sohocki, M., Bradley and Karsenty, G. 1995.
range effects of activin. Curr. Biol. 6: 1468-1475. M., Pelletier, J., Housman, D. and Jaenisch, R. BMP-7 is an inducer of nephrogenesis and is
1993. WT-1 is required for early kidney develop- also required for eye development and skeletal
Karavanova, I. D., Dove, L. F., Resau, J. H. and
ment. Cell 74: 679-691. patterning. Genes Dev. 9: 2808-2820.
Perantoni, A. O. 1996. Conditioned medium
from a rat ureteric bud cell line in combination Ku, M. and Melton, D. A. 1993. Xwnt-11, a Ma, C., Zhou, Y., Beachy, P. A. and Moses, K. 1993.
with bFGF induces complete differentiation of maternally expressed Xenopus wnt gene. Deve- The segment polarity gene hedgehog is required for
isolated metanephric mesenchyme. Develop- lopment 119: 1161-1173. progression of the morphogenetic furrow in the
ment. 122: 4159-4167. developing Drosophila retina. Cell 75: 927-938.
Lappi, D. A. 1995. Tumor targeting through
Katz, W. S. and Sternberg, P. W. 1996. Inter-cellular fibroblast growth factor receptors. Semin. Cancer Mackie, E. J., Thesleff, I. and Chiquet-
signalling in Caenorhabditis elegans vulval pattern Biol. 6: 279-288. Ehrismann, R. 1987. Tenascin is associated with
formation. Semin. Cell Dev. Biol. 7: 175-183. chondrogenic and osteogenic differentiation in
Lawson, K. A. 1974. Mesenchyme specificity in
vivo and promotes chondrogenesis in vivo. J.
Katz, W., Hill, R. J., Clandenin, T. R. and Stern- rodent salivary gland development: the response
Cell Biol. 105: 2569-2579.
berg, P. W. 1995. Different levels of the C. of salivary epithelium to lung mesenchyme in
elegans growth factor LIN-3 promote distinct vitro. J. Embryol. Exp. Morphol. 32: 469-493. McCormick, F. 1989. ras GTPase activating
vulval precursor fates. Cell 82: 297-307. protein: Signal transmitter and signal terminator.
Le Douarin, N. and Tiellet, M.-A. 1974. Expe-
Cell 56: 5-8.
Kenyon, C. 1995. A perfect vulva every time: rimental analysis of the migration and diffe-
gradients and signaling cascades in C. elegans. rentiation of neuroblasts of the autonomic ner- McMahon, A. P. and Bradley, A. 1990. The Wnt-
Cell 82: 171-174. vous system and of neuroectodermal derivatives, 1 (int-1) protooncogene is required for the de-
using a biological cell marking technique. Dev. velopment of a large region of the mouse brain.
Kidd, S., Lockett, T. J. and Young, M. W. 1983.
Biol. 41: 162-184. Cell 62: 1073-1085.
The Notch locus of Drosophila melanogaster.
Cell 34: 421-433. Lehmann, R., Jimenez, F., Dietrich, U. and Cam- Meier, S. 1977. Initiation of corneal differen-
pos-Ortega, J. A. 1983. On the phenotype and tiation prior to cornealens association. Cell
Kimble, J. 1981. Alterations in cell lineage
development of mutants of early neurogenesis Tissue Res. 184: 255-267.
following laser ablation of cells in the somatic
in Drosophila melanogaster. Wilhelm Roux Arch.
gonad of Caenorhabditis elegans. Dev. Biol. 87: Mencl, E. 1908. Neue Tatsachen zur Selbstdiffe-
Dev. Biol. 192: 62-74.
286-300. renzierung der Augenlinse. Wilhelm Roux Arch.
Lehtonen, E., Virtanen, I. and Saxén, L. 1985. Entwicklungsmech. Org. 25: 431-450.
King, H. D. 1905. Experimental studies on the
Reorganization of the intermediate cytoskeleton
eye of the frog embryo. Wilhelm Roux Arch. Mina, M. and Kollar, E. J. 1987. The induction
in induced mesenchyme cells is independent of
Entwicklungsmech. Org. 19: 85-107. of odontogenesis in nondental mesenchyme
tubule morphogenesis. Dev. Biol. 108: 481-90.
combined with early murine mandibular arch
Kingsley, D. M., Bland, A. E., Grubber, J. M.,
Letterio, J. J., Geiser, A. G., Kulkarni, A. B., epithelium. Arch. Oral Biol. 32: 123-127.
Marker, P. C., Russell, L. B., Copeland, N. G.
Roche, A. B., Sporn, N. S. and Roberts, A. B.
and Jenkins, N. A. 1994. The mouse short ear Mizuno, T. and Yasugi, S. 1990. Susceptibility
1994. Maternal rescue of TGF-b1-null mice.
skeletal morphogenesis locus is associated with of epithelia to directive influences of mesen-
Science 264: 1936-1938.
defects in a bone morpho-genesis protein of the chymes during organogenesis: Uncoupling of
TGF-b superfamily. Cell 71: 399-410. Levin, M., Johnson, R. L., Stern, C., Kuehn, M. morphogenesis and cytodifferentiation. Cell
and Tabin, C. 1995. A molecular pathway Differ. Devel. 31, 151-159.
Kispert, A., Vainio, S., Shen, L., Rowitch, D. R.
determining leftright asymmetry in chick em-
and McMahon, A. P. 1996. Proteoglycans are Mlodzik, M., Hiromi, Y., Weber, U., Goodman,
bryogenesis. Cell 82: 803-814.
required for maintenance of Wnt-11 expression C. S. and Rubin, G. M. 1990. The Drosophila
in the ureter tips. Development 122: 3627-3637. Lewis, W. 1904. Experimental studies on the seven-up gene, a member of the steroid recep-
development of the eye in amphibia. I. On the tor gene superfamily, controls photoreceptor
Koga, M. and Ohshima, Y. 1995. Mosaic analysis
origin of the lens, Rana palustris. Am. J. Anat. cell fates. Cell 60: 211-224.
of the let-23 gene function in vulval induction
3: 505-536.
of Caenorhabditis elegans. Development 121: Morales, T. I. and Roberts, A. B. 1988. Transfor-
2655-2666. Lewis, W. 1907. Experimental studies on the ming growth factor b regulates the metabolism of
development of the eye in amphibia. III. On the proteoglycans in bovine cartilage organ cultures.
Kollar, E. J. and Baird, G. 1970. Tissue interaction
origin and differentiation of the lens. Am. J. J. Biol. Chem. 263, 12828-12831.
in developing mouse tooth germs. II. The
Anat. 6: 473-509.
inductive role of the dental papilla. /. Embryol. Moore, M. W. and nine others. 1996. Renal and
Exp. Morphol. 24: 173-186. Liu, F., Ventura, F., Doody, J. and Maasague, J. neuronal abnormalities in mice lacking GDNF
1995. Human Type II receptor for bone Nature 382: 76-79.
Koseki, C., Herzlinger, D. and Al-Auqati, Q.
morphogenesis proteins (BMPs): Extension of
1992. Apoptosis in metanephric development. Muenke, M and Schell, U. 1995. Fibroblast
the twokinase receptor model to the BMPs. Mol.
J. Cell Biol. 119: 1327-1333. growth factor receptor mutations in human
Cell Biol. 15: 3479-3486.
skeletal disorders. Trends Genet. 11: 308-313.
CAPÍTULO 17 Interações Proximais de Tecidos 697
Nakamura, T. Okuda, S., Miller, D., Ruoslahti, Targeted expression of a dominant negative FGF Rutter, W. J., Wessells, N. K. and Grobstein, C.
E. and Border, W. 1990. Transforming growth receptor blocks branching morphogenesis and 1964. Controls of specific synthesis in the
factorb (TGF-b) regulates production of epithelial differentiation of the mouse lung. developing pancreas. Natl. Cancer Inst. Monogr.
extracellular matrix (ECM) components by EMBO J. 13: 3296-3301. 13: 51-65.
glomerular epithelial cells. Kidney Int. 37, 221.
Pichel, J. G.and eleven others. 1996. Defects in Saha, M. S. 1991. Spemann seen through a lens.
Nakanishi, Y., Sugiura, F., Kishi, J.-I. and Hayakawa, enteric innervation and kidney development in In S. F. Gilbert (ed.), A Conceptual History of
T. 1986a. Collagenase inhibitor stimulates cleft mice lacking GDNF. Nature 382: 73-76. Modern Embryology. Plenum, New York, pp.
formation during early morphogenesis of mouse 91-108.
Placzek, M., Tessier-Lavigne, M., Yamada, T.,
salivary gland. Dev. Biol. 113: 201-206.
Jessell, T. and Dodd, J. 1990. Mesodermal control Saha, M. S., Spann, C. L. and Grainger, R. M.
Nakanishi, Y., Sugiura, F., Kishi, J.-I. and of neural cell identity: Floor plate induction by 1989. Embryonic lens induction: More than
Hayakawa, T. 1986b. Scanning electron micros- the notochord. Science 250: 985-988. meets the optic vesicle. Cell Differ. Dev. 28:
copic observations of mouse embryonic subman- 153-172.
Post, M., Souza, P., Liu, J., Tseu, I., Wang, J.,
dibular glands during initial branching: Preferen-
Kuliszewski, M. and Tanswell, A. K. 1996. Sainio, K., Nonclercq, D., Saarma, M., Palgi, J.,
tial localization of fibrillar structures at the
Keratinocyte growth factor and its receptor are Saxén, L. and Sariola, H. 1994. Neuronal
mesenchymal ridges participating in cleft for-
involved in regulating early lung branching. De- characteristics of embryonic renal stroma. Int.
mation. J. Embryol. Exp. Morphol. 96: 65-77.
velopment 122: 3107-3115. J. Dev. Biol. 38: 77-84.
Nakanishi, Y., Morita, T. and Nogawa, H. 1987.
Poulson, D. F. 1937. Chromosomal deficiencies Sainio, K. and seven others. 1992. Differential
Cell proliferation is not required for the initiation
and the embryonic development of Drosophila expression of gap junction mRNAs and proteins
of early cleft formation in mouse embryonic
melanogaster. Proc. Natl. Acad. Sci. USA 23: in the developing murine kidney and in
submandibular epithelium in vitro. Development
133-137. experimentally induced nephric mesenchymes.
99: 429-437.
Development 115: 827-837.
Pritchard-Jones, K. and eleven others. 1990. The
Nakanishi, Y, Nogawa, H., Hashimoto, Y., Kishi,
candidate Wilms’ tumour gene is involved in Sakakura, T, Nishizuka, Y. and Dawe, C. J. 1976.
J.-I. and Hayakawa, T. 1988. Accumulation of
genitourinary development. Nature 346: 194-197. Mesenchyme-dependent morphogenesis and
collagen III at the cleft points of developing mouse
epithelium-specific cytodifferentiation in mouse
submandibular gland. Development 104: 51-59. Reilly, K. M. and Melton, D. A. 1996. Shortrange
mammary gland. Science 194, 1439-1441.
signaling by candidate morphogens of the TGF-
Nakanishi, Y, Uematsu, J., Takamatsu, H., Fukuda,
b family and evidence for a relay mechanism of Saksela, O., Moscatelli, D. and Rifkin, D. B.
Y. and Yoshida, K. 1993. Removal of heperan
induction. Cell 86: 743-754. 1987. The opposing effects of basic fibroblast
sulfate chains halted epithelial branching mor-
growth factor and transforming growth factor b
phogenesis of developing mouse submandibular Reinke, R. and Zipursky, A. L. 1988. Cell-cell
on the regulation of plasminogen activator
gland in vitro. Dev. Growth Differ. 35: 371-384. interaction in the Drosophila retina: The bride
activity in capillary endothelial cells. J. Cell Biol.
of sevenless gene is required in photoreceptor cell
Nieuwkoop, P. 1952. Activation and organization 105, 957-963.
R8 for R7 cell development. Cell 55: 321-330.
of the central nervous system in amphibians. J.
Samakoulis, C., Hacohen, N., Manning, G.,
Exp. Zool. 120: 1-108. Richardson, J., Cvekl, A and Wistow, G. 1995.
Sutherland, D. C., Guillemin, K. and Krasnow,
Pax-6 is essential for lensspecific expression of
Nohno, T. W. Kawakami, Y, Ohuchi, H., M. A. 1996. Development of the Drosophila
zcrystallin. Proc. Natl. Acad. Sci. USA 92: 4674-
Fujiwara, A., Yoshioka, H. and Noji, S. 1995. tracheal system occurs by a series of morpholo-
4680.
Involvement of the sonic hedgehog gene in gically distinct but genetically coupled branching
chick feather formation. Biochem. Biophys. Res. Riddle, R. D., Johnson, R. L., Laufer, E. and Tabin, events. Development 122: 1395-1407.
Comm. 206: 33-39. C. 1993. Sonic hedgehog mediates the polarizing
Sánchez, M. P., Silos-Santiago, I., Frisén, J., He,
activity of the ZPA. Cell 75: 1401-1416.
Osathanondh, V. and Potter, E. 1963. Develop- B., Lira, S. A. and Barbacid, M. 1996. Renal
ment of human kidney as shown by microdis- Ritvos, O., Tuuri, T, Erämaa, M., Sainio, K., agenesis and the absence of enteric neurons in
section. III. Formation and interrelationships Hilden, K., Saxén, L. and Gilbert, S. R 1995. mice lacking GDNF. Nature 382: 70-73.
of collecting tubules and nephrons. Arch. Pathol. Activin disrupts epithelial branching morpho-
Santos, O. F. P., Baras, E. J. G., Yang, X.-M.,
76: 290-302. genesis in developing murine kidney, pancreas,
Matsumoto, K., Nakamura, T., Park, M. and
and salivary gland. Mech. Dev. 50: 229-245.
Padgett, R. W., Wozney, J. M. and Gelbart, W. Nigam, S. K. 1994. Involvement of hepatocyte
M. 1993. Human BMP sequences can confer Roberts, D. J., Johnson, R.L. Burke, A. C., Nel- growth factor in kidney development. Dev. Biol.
normal dorsalventral patterning in the Droso- son, C. E., Morgan, B. A. and Tabin, C. 1995. 163: 525-529.
phila embryo. Proc. Natl. Acad. Sci. USA 90: Sonic hedgehog is an endodermal signal inducing
Sariola, H., Ekblom, P. and Saxén, L. 1982.
2905-2909. Bmp-4 and Hox genes during induction and
Restricted developmental options of the
regionalization of the chick hindgut. Develop-
Penttinen, R. P., Kobayashi, S. and Bornstein, P. metanephric mesenchyme. In M. Burger and R.
ment 121: 3163-3174.
1988. Transforming growth factor-(3 increases Weber (eds.), Embryonic Development, Part B:
mRNA for matrix proteins in the presence and in Romanoff, A. L. 1960. The Avian Embryo. Cellular Aspects. Alan R. Liss, New York, pp.
the absence of the changes in mRNA stability. Macmillan, New York. 425-431.
Proc. Natl. Acad. Sci. USA 85: 1105-1108.
Rothenpieler, U. W. and Dressier, G. R. 1993. Sariola, H., Holm-Sainio, K. and Henke-Fahle,
Perantoni, A. O., Dove, L. F. and Karavanova, Pax-2 is required for mesenchymeto-epithelium S. 1989. The effect of neuronal cells on kidney
I.1995. Basic fibroblast growth factor can mediate conversion during kidney development. Deve- differentiation. Int. J. Dev. Biol. 33: 149-155.
the early inductive events in renal development. lopment 119: 711-720.
Sariola, H. and seven others. 1991. Depen-
Proc. Natl. Acad. Sci USA 92: 4696-4700.
Rubin, G. M. 1989. Development of the Droso- dence of kidney morphogenesis on the ex-
Peters, K., .Werner, S., Liao, S., Wert, S., phila retina: Inductive events studied at single pression of nerve growth factor receptor.
Whitsett, J. A. and Williams, L. T. 1994. cell resolution. Cell 57: 519-520. Science 254: 571-573.
698 PARTE V Interações Celulares Durante a Formação do Órgão
Satokata, I. and Maas, R. 1994. Msx1 deficient Souza, P., Kuliszewski, M., Wang, J., Tseu, I., Toivonen, S. 1995. Über die Entwicklung der
mice exhibit cleft palate and abnormalities of Tanswell, A. K. and Post, M. 1995. Vor und Uriniere biem Kaninchen. Ann. Acac.
craniofacial and tooth development. Nat. Genet. Sci. Fenn. ser. A 8: 1-27.
PDGF-AA and its receptor influence early lung
6: 348-355.
branching via an epithelial-mesenchymal Tomlinson, A. 1988. Cellular interactions in the
Saunders, J. W., Jr. 1980. Developmental Biolo- interaction. Development 121: 2559-2567. developing Drosophila eye. Development 104:
gy. Macmillan, New York. 183-193.
Spemann, H. 1901. Über Correlationen in der
Saunders, J. W., Jr., Cairns, J. M. and Gasseling, Entwicklung des Auges. Verh. Anat. Ges. 15 Vers. Tomlinson, A. and Ready, D. F. 1987. Cell fate
M. T. 1957. The role of the apical ectodermal Bonn. 61-79. in the Drosophila ommatidium. Dev. Biol. 123:
ridge of ectoderm in the differentiation of the 264-275.
Spemann, H. 1938. Embryonic Development and
morphological structure of and inductive
Induction. Yale University Press, New Haven. Torres, M., Gomez-Pardo, E., Dressler, G. R.
specificity of limb parts of the chick. J. Morphol.
and Gruss, P. 1995. Pax2 controls multiple steps
101: 57-88. Spemann, H. and Schotté, O. 1932. Über
of urogenital development. Development 121:
xenoplatische Transplantation als Mittel zur
Saxén, L. 1970. Failure to demonstrate tubule 4057-4065.
Analyse der embryonalen Induction. Naturwis-
induction in heterologous mesenchyme. Dev.
senschaften 20: 463-467. Trupp, M. and twelve others. 1996. Functional
Biol. 23: 511-523.
receptor for GDNF encoded by the c-ret
Stark, K., Vainio, S., Vassileva, G. and McMahon,
Saxén, L. 1987. Organogenesis of the Kidney. protooncogene. Nature 381: 785-789.
A. P. 1994. Epithelial transformation of meta-
Cambridge University Press, Cambridge.
nehric mesenchyme in the developing kidney Vaahtokari, A., Aberg, T, Jernvall, J., Keränen,
Saxén, L. and Sariola, H. 1987. Early organoge- regulated by Wnt-4. Nature 372: 679-683. S. and Thesleff, I. 1996a. The enamel knot as a
nesis of the kidney. Pediat. Nephrol. 1: 385-392. signalling center in the developing mouse tooth.
Stern, H. M., Brown, A. M. C. and Hauschka, S.
Mech. Dev. 54: 39-43.
Schuchardt, A., D-Agati, V., Pachnis, V. and D. 1995. Myogenesis in paraxial mesoderm:
Constantini, F. 1996. Renal agenesis and preferential induction by dorsal neural tube and Vaahtokari, A., Aberg, T. and Thesleff, I. 1996b.
hypodysplasia in ret-k- mutant mice result from by cells expressing Wnt-1. Development 121: Apoptosis in the developing tooth: association
defects in ureteric bud development. Develop- 3675-3686. with an embryonic signaling center and
ment 122: 1919-1929. suppression by EGF and FGF-4. Development
Stern, M. J. and eight others. 1993. The human
122: 121-129.
Schugar, L., Johnson, G. R., Gilbride, K., Plowman, GRB2 and Drosophila drk genes can functionally
D. D. and Mandel, R. 1996. Amphiregulin in lung replace the Caenorhabditis elegans cell signalling Vainio, S., Lehtonen, E., Jalkanen, M., Bernfield,
branching morphogenesis: interaction with gene sem-5. Mol. Biol. Cell. 4: 1175-1188. M. and Saxén, L. 1989. Epithelial-mesenchymal
heparan sulfate proteoglycan modulates cell pro- interactions regulate the stagespecific expressi-
Sternberg, P. W. 1988. Lateral inhibition during
liferation. Development. 122: 1759-1767. on of a cell surface proteoglycan, syndecan, in
vulval induction in Caenorhabditis elegans.
the developing kidney. Dev. Biol. 134: 382-391.
Schulz, M. W., Chamberlain, C. G., de Longh, R. Nature 335: 551-554.
U. and McAvoy, J. W. 1993. Acidic and basic Vainio, S., Jalkanen, M., Vaahtokari, A., Sahlberg,
Sternberg, P. W. and Horvitz, H. R. 1989. The
FGF in ocular media and lens: Implications for C., Mali, M., Bernfield, M. and Thesleff, I. 1991.
combined action of two intercellular signalling
lens polarity and growth patterns. Development Expression of syndecan gene is induced early, is
pathways specifies three cell fates during vulval
118: 117-126. transient, and correlates with changes in
induction in C. elegans. Cell 58: 679-693.
mesenchymal proliferation during tooth
Serra, R., Pelton, R. W. and Moses, H. 1994
Storm, E. E., Huynh, T. V, Copeland, N. G., organogenesis. Dev. Biol. 147: 322-333.
TGFb1 inhibits branching morphogenesis and
Jenkins, N. A., Kingsely, D. M. and Lee, S. J.
N-myc expression in lung bud organ cultures. Vainio, S., Jalkanen, M., Bernfield, M. and Saxén,
1994. Limb alterations of brachyopodism mice
Development 120: 2153-2161. L. 1992. Transient expression of syndecan in
due to mutations in a new member of the TGF-
mesenchymal cell aggregates of the embryonic
Servetnick, M. and Grainger, R. M. 1991. Changes b superfamily. Nature 368: 639-643.
kidney. Dev. Biol. 152: 221-232.
in neural and lens competence in Xenopus
Takada, S., Stark, K. L., Shea, M. J., Vassileva,
ectoderm: Evidence for an autonomous develop- Vainio, S. Karavanova, I., Jowett, A. and Thesleff,
G., McMahon, J. A. and McMahon, A. P. 1994.
mental timer. Development 112: 177-188. I. 1993. Identification of BMP-4 as a signal
Wnt-3a regulates somite and tailbud formation
mediating secondary induction between epithe-
Seydoux, G. and Greenwald, I. 1989. Cell in the mouse embryo. Genes Dev. 8: 174-189.
lial and mesenchymal tissues during early tooth
autonomy of lin-12 function in a cell fate
Thesleff, I. and Sahlberg, C. 1996. Growth factors development. Cell 75: 45-58.
decision in C. elegans. Cell 57: 1237-1245.
as inductive signals regulating tooth morphoge-
van Heyningen, V. and eleven others. 1990. Role
Silberstein, G. B., Flanders, K. C., Roberts, A. B. nesis. Semin. Cell Dev. Biol. 7: 185-193.
for Wilms tumor gene in genital development?
and Daniel, C.W. 1992. Regulation of mammary
Thesleff, I., Vainio, S. and Jalkanen, M. 1989. Proc. Natl. Acad. Sci. USA 87: 5383-5386.
morphogenesis: Evidence for extracellular matrix
Cell-matrix interaction in tooth development.
inhibition of ducted budding by transforming Vastardis, H., Karimbux, N., Guthua, S. W.,
Int J. Dev. Biol. 33: 91-97.
growth factor b-1. Dev. Biol. 152: 354-362. Seidman, J. G. and Seidman, C. E. 1996. A human
Thesleff, I., Vaahtokari, A. and Vainio, S. 1990. MSX1 homeodomain missense mutation causes
Silberstein, G. B., Strickland, P., Coleman, S. and
Molecular changes during determination and di- selective tooth agenesis. Nat. Genet. 13: 417-
Daniel, C. W. 1990. Epithelium-de-pendent
fferentiation of the dental mesenchyme cell 421.von Woellwarth, V. 1961. Die Rolle des
extracellular matrix synthesis in transforming
lineage. J. Biol. Bucalle 18: 179-188. neuralleistenmaterials und der Temperatur bei
growth factor-b1-growth-inhibited mouse
der Determination der Augenlinse. Embriologia
mammary gland. J. Cell Biol. 110: 2209-2219. Ting-Berreth, S. A. and Chuong, C.-M. 1996. 6: 219-242.
Local delivery of TGFb2 can substitute for
Simske, J. S. and Kim, S. K. 1995. Sequential
placode epithelium to induce mesenchymal Waddington, C. H. 1940. Organisers and Genes.
signaling during Caenorhabditis elegans vulval
condensation during skin morphogenesis. Dev. Cambridge University Press, Cambridge.
induction. Nature 375: 142-146.
Biol. 179: 347-359.
CAPÍTULO 17 Interações Proximais de Tecidos 699
Wessells, N. K. 1970. Mammalian lung deve- Wilkinson, H. A., Fitzgerald, K. and Greenwald, Yamada, T., Pfaff, S. L., Edlund, T. and Jessell,
lopment: Interactions in formulation and mor- I. 1994. Reciprocal changes in expression of T. M. 1993. Control of cell pattern in the neural
phogenesis of tracheal buds. J. Exp. Zool. 175: the receptor lin-12 and its ligand lag-2 prior to tube: Motor neuron induction by diffusible
455-466. commitment in a C. elegans cell fate decision. factors from notochord and floor plate. Cell
Cell 79: 1187-1198. 73: 673-686.
Wessells, N. K. 1977. Tissue Interaction and
Development. Benjamin, Menlo Park, CA. Woolf, A. S. and eight others. 1995. Roles of Yedvobnick, B., Muskavitch, M. A. T., Wharton,
hepatocyte growth factor/scatter factor and the K. A., Halpern, M. E., Paul, E., Grimwade, B. G.
Wessells, N. K. and Cohen, J. H. 1968. Effects
Met receptor in the early development of the and Artavanis-Tsakonas, S. 1985. Molecular
of collagenase on developing epithelia in vitro:
metanephros. J. Cell Biol. 128: 171-184. genetics of Drosophila neurogenesis. Cold Spring
lung, ureteric bud and pancreas. Dev. Biol. 18:
Harbor Symp. Quant. Biol. 50: 841-854.
294-309. Wrana, J. L., Overall, C. M. and Sodek, J. 1991.
Regulation of a secreted acidic protein rich in Yochem, J., Weston, K. and Greenwald, I. 1988.
Wilkie, A. O. M, Morriss-Kay, G. M., Jones, E.
cysteine (SPARC) in human fibroblasts by The Caenorhabditis elegans lin-12 gene encodes
Y. and Heath, J. K. 1995. Functions of fibroblast
transforming growth factor-b. Eur. J. Biochem. a transmembrane protein with overall similarity
growth factors and their receptors. Curr. Biol.
197: 519-528. to Drosophila Notch. Nature 335: 547-550.
5: 500-507.
Yamada, T, Placzek, M., Tanaka, H., Dodd, J.
Wilkinson, D. G., Bhatt, S. and McMahon, A. P.
and Jessell, T. M. 1991. Control of cell pattern
1989. Expression of the FGF-related protoon-
in the developing nervous system: Polarizing
cogene int-2 suggests multiple roles in fetal de-
activity of floor plate and notochord. Cell 64:
velopment. Development 105: 131-136.
635-647.
CAPÍTULO 18 Desenvolvimento do Membro de Tetrápode 701
Desenvolvimento do
membro de tetrápode 18
Meus braços são mais longos do que mi- Padronização no membro
nhas pernas.... Eu sou meu próprio escultor:
estou partindo do meu interior e me mode- PADRONIZAÇÃO é um processo pelo qual as células embrionárias formam arranjos de
lando com materiais vivos, molhados e tecidos diferenciados, espacialmente ordenados. A possibilidade de realização des-
maleáveis: qual outro artista teve à sua dis- se processo é uma das propriedades mais dramáticas do organismo em desenvolvi-
posição um desenho tão perfeito como esse à mento, provocando um senso de estupefação em cientistas e leigos. Como é que o
disposição de meus martelos e cinzéis: as embrião é capaz não só de produzir os diferentes tipos de células do corpo, mas
células migram para o local exato para cons-
também produzi-las de maneira a formar tecidos e órgãos funcionais? Uma coisa é
truir um braço: é a primeira vez que elas o
diferenciar os condrócitos e osteócitos que sintetizam a cartilagem e as matrizes dos
fizeram, nunca antes e nunca mais, enten-
ossos, respectivamente; outra coisa é produzir essas células em uma orientação
dem vocês “mercies benz” o que eu estou
dizendo? Eu nunca serei repetido. temporal e espacial gerando um osso funcional. E é ainda outra coisa produzir um
CARLOS FUENTES (1989) osso que é um úmero e não uma pelve ou um fêmur. A habilidade das células dos
membros em pressentir suas posições relativas e diferenciar-se de acordo com essas
O que pode ser mais curioso do que a mão de posições tem sido o tema de intensos debate e experimentação. Como é que as
um homem, formada para pegar, a de uma células que se diferenciam em cartilagem do osso embrionário são especificadas de
toupeira para cavar, a perna de um cavalo, a modo a formar dedos em uma ponta e o ombro na outra? (Seria um apêndice quase
nadadeira de um boto e a asa de um morce- desnecessário se a ordem fosse inversa.) Aqui, os tipos de células são os mesmos,
go, todos devem ser construídos no mesmo mas os padrões que os originam são diferentes.
modelo e devem incluir ossos similares na O membro dos vertebrados é um órgão muito complexo com uma distribuição
mesma posição relativa? assimétrica de partes. Os ossos do membro anterior, seja uma asa, uma mão, uma
CHARLES DARWIN (1859) nadadeira ou uma barbatana, consistem de um úmero proximal (adjacente à parede do
corpo), um rádio e um cúbito na região mediana, e os ossos distais do pulso e dos
dedos (Figura 18.1). Originalmente, essas estruturas são cartilaginosas, mas final-
mente a maioria delas é substituída por ossos. A posição de cada um dos ossos e dos
músculos no membro é precisamente determinada. A polaridade também existe em
outras dimensões. No homem, é óbvio que cada mão se desenvolve como a imagem
espelhar da outra. É possível também a existência de outros arranjos- como o polegar
se desenvolver no lado esquerdo de ambas as mãos- mas isso não é comum. Analo-
gamente, a palma (ventral) é facilmente distinta do pulso (dorsal). De alguma manei-
ra, a estrutura tridimensional do membro anterior é produzida rotineiramente. O pro-
blema fundamental da morfogênese- como estruturas específicas se situam em luga-
res determinados- é exemplificado no desenvolvimento dos membros. Como é que o
mesoderma da placa lateral desenvolve capacidades formadoras de membros? Como
é que dedos se formam em uma das extremidades do membro e em nenhum outro
lugar? Como é que o dedo mínimo se desenvolve em uma margem do membro e o
polegar em outra?
701
702 PARTE V Interações Celulares Durante a Formação do Órgão
Figura 18.1
Padrão esquelético da asa de pinto. De acordo com a convenção, os Rádio
dígitos são numerados II,III, IV. Dígitos I e V não são encontrados Úmero
em asas de pinto. (De acordo com Saunders, 1982.)
Dígitos
Metacarpos
Cúbito Anterior
Proximal Distal
Posterior
Um campo morfogenético pode ser descrito como um grupo de células cuja posição e
destino são especificados em relação ao mesmo conjunto de limites (Weiss, 1939;
Wolpert, 1977). Um campo específico de células dará origem a seu órgão particular
(membro anterior, olho, cauda, etc.) quando transplantado a uma parte diferente do
embrião, e as células do campo podem regular seus destinos, contornando a falta de
células no campo (Huxley e De Beer, 1934; Opitz, 1985; De Robertis et al., 1991). Um
dos primeiros campos a serem identificados foi o campo do membro.
As células mesodérmicas que originam o membro de vertebrados podem ser
identificadas por (1) remoção de certos grupos de células e observando se um membro
se desenvolve em sua ausência (Detwiler, 1918; Harrison, 1918), (2) transplantando
certos grupos de células a novos locais e observando se elas formam um membro
(Hertwig, 1925), e (3) marcando grupos de células com corantes ou precursores radio-
ativos e observando quais descendentes das células marcadas participam no de-
senvolvimento dos membros (Rosenquist, 1971). Com esses procedimentos, a área
prospectiva dos membros foi precisamente localizada em muitos embriões de verte-
brados. A Figura 18.2 mostra a área prospectiva do membro anterior no estágio de Somitos Rim
pronéfrico
broto caudal da salamandra Ambystoma maculatum. O centro desse disco normal-
mente é destinado a originar o próprio membro. Adjacente a ele estão as células que Guelras
formarão o tecido do flanco peribraquial e a cinta do ombro. Essas duas regiões
compreendem o clássico “disco do membro” usado em experimentos citados neste
capítulo. Entretanto, se todas essas células são extirpadas do embrião, ainda se forma-
rá um membro, ainda que mais tarde, a partir de um anel adicional de células que
envolve essa área. Se esse anel de células for incluído no tecido extirpado, não haverá
desenvolvimento do membro. Essa região maior, representando todas as células na Tecido do Membro Cinta do
área capazes de formar um membro, é chamada campo do membro. flanco livre ombro
O campo do membro originalmente tem a habilidade de regular a perda ou a peribraquial
adição de partes. No estágio de broto da cauda em Ambystoma, qualquer das meta- Figura 18.2
des do disco do membro é capaz de regenerar o membro completo quando enxertado Campo prospectivo do membro anterior da sa-
em um novo sítio (Harrison, 1918). Esse potencial também pode ser evidenciado lamandra Ambystoma maculatum. A área cen-
dividindo verticalmente o disco do membro em dois ou mais segmentos e colocando tral contém aquelas células destinadas a formar
delgadas barreiras entre os segmentos para impedir sua reunião. Quando isso é o membro propriamente dito; as células rode-
feito, cada parte se desenvolve em um membro completo. A habilidade reguladora do ando o membro livre são aquelas que dão ori-
broto do membro foi realçada recentemente em um admirável experimento da nature- gem ao tecido do flanco peribraquial e a cinta
do ombro. As células fora dessas regiões ge-
za. Em um pequeno lago em Santa Cruz, Califórnia, foram encontrados numerosas
ralmente não são incluídas nos membros, mas
salamandras e rãs com várias pernas (Figura 18.3). A presença desses apêndices
podem formar um membro se os tecidos mais
extras foi relacionada à infestação do abdômen das larvas por vermes trematóides centrais são extirpados. (De acordo com Stocum
parasíticos. Os ovos desses vermes provavelmente dividiram o broto do membro em e Fallon, 1982.)
vários locais enquanto o girino estava iniciando a formação dessas estruturas
(Sessions e Ruth, 1990). Assim, como um embrião precoce de ouriço-do-mar, o cam-
po do membro representa um “sistema eqüipotencial harmonioso” onde a célula
pode ser instruída a formar qualquer parte do membro.
cauda (Figura 18.4). É possível que o ácido retinóico tenha causado uma transforma-
ção homeótica na cauda em regeneração, reespecificando o tecido da cauda em cam-
pos de membros (Müller et al., 1996).
Miótomo
do somito
Precursor do
Medula músculo
espinhal do membro
Células
Notocorda mesodérmicas Broto do
membro
Prônefro
Figura 18.5
Formação do broto do membro. A proliferação Precursor
das células mesodérmicas da região somática esquelético
do mesoderma da placa lateral causa uma pro- do membro
jeção externa do broto do membro no embrião Endoderma
de anfíbio. Essas células dão origem aos ele-
mentos esqueléticos do membro. (Migração de Mesoderma Mesoderma
células somíticas para o broto do membro gera da placa lateral da placa lateral
a musculatura do membro.)
CAPÍTULO 18 Desenvolvimento do Membro de Tetrápode 705
Enquanto o broto do membro se forma, as células mesodérmicas induzem o ecto- Estágios embrionários
derma sobrejacente a formar uma estrutura chamada crista ectodérmica apical (AER;
Figura 18.8; Kieny, 1960; Saunders e Reuss, 1974). Essa crista corre ao longo da Somitos
margem distal do broto do membro e se tornará o principal centro sinalizador para o
Mesoderma
membro em desenvolvimento. Suas funções incluem (1) manter o mesoderma abaixo
intermediário
Membro anterior
dela em uma fase plástica e proliferativa permitindo o crescimento linear (próximo-
distal) do membro; (2) manter a expressão daquelas moléculas que geram o eixo ântero-
posterior (polegar-dedo mínimo); e (3) interagir com as proteínas especificando os
eixos ântero-posterior e dorsoventral permitindo a cada célula receber instruções de
como se diferenciar.
A AER está localizada na junção entre o ectoderma dorsal e o ventral. No broto
do membro precoce, só o ectoderma nessa junção tem a habilidade de formar uma
AER (Goetinck, 1964; Fraser e Abbott, 1971). Nos mutantes onde o ectoderma do
Membro posterior
Expressão
broto do membro está dorsalizado (como o mutante limbless de pinto), a AER não se de FGF8
forma e o desenvolvimento do membro cessa (Carrington e Fallon, 1988). Ainda
mais, partículas embebidas com FGF não induzirão uma AER quando colocadas Mesoderma
abaixo do ectoderma puramente dorsal ou ventral das costas ou do ventre. A junção segmentário
dorsoventral parece ser crítica. Experimentos recentes (Laufer et al., 1997; Rodriguez
e Izpisúa-Belmonte, 1997; Tanaka et al., 1997) demonstraram que a aposição do Figura 18.6
ectoderma dorsal e ventral do broto do membro do pinto é necessária para causar a Expressão de FGF8 no mesoderma intermedi-
formação de uma AER. Quando o ectoderma dorsal do broto do membro foi enxerta- ário do embrião de pinto nos estágios 13-15.
do no ectoderma ventral de outro broto do membro, uma nova AER se formou em Diagrama esquemático representando a meta-
adição à original (Figura 18.9). Parece que no estágio 15 (justamente antes da forma- de lateral do embrião durante a indução do bro-
ção do broto do membro), o ectoderma dorsal está sintetizando uma proteína secretora to do membro. Os números à esquerda indi-
chamada Radical fringe.* Ao emergir, o broto do membro (no estágio 17) se produz cam níveis de somitos. (Os somitos são repre-
sentados como círculos se desprendendo do
*Assim chamada devido ao gene fringe de Drosophila. A procura dos homólogos do gene fringe mesoderma segmentário, que está representa-
nos vertebrados foi motivada por estudos (a serem discutidos no próximo capítulo) mostrando que do por uma barra colorida). A faixa sombreada
a formação da margem da asa na Drosophila depende da expressão marginal desse gene. Como os
indica a posição do mesoderma intermediário;
genes hedgehog e wingless parecem ter funções na formação de membros tanto nos vertebrados
como nos insetos, vários laboratórios procuraram os genes fringe em vertebrados para verificar se
a expressão de FGF8 nesse mesoderma inter-
haveria a criação do equivalente à margem da asa, ou seja, a AER. Foi previsto que expressões mediário é mostrada pelas regiões mais escu-
limítrofes entre as regiões dorsal e ventral seriam críticas na formação de membros vertebrados e ras na faixa. As posições dos membros
invertebrados (Bryant et al., 1981; Meinhardt, 1984; Javois e Iten, 1986), mas as moléculas prospectivos, anterior e posterior foram
envolvidas só agora estão sendo identificadas. marcadas em cinza. (De acordo com Crossley
et al., 1996.)
Figura 18.7
Membro ectópico formado pela implantação de uma partícula embebida em FGF
no mesoderma entre-membros no estágio 15. Embrião tardio mostrando mem-
bro anterior, membro posterior e membro intermediário induzido pela partícula
embebida em FGF. (Fotografia cortesia de G.R. Martin.)
706 PARTE V Interações Celulares Durante a Formação do Órgão
uma forte demarcação entre as células dorsais que expressam o gene radical fringe
e as células do ectoderma ventral que não o expressam. Durante o crescimento do
broto, a expressão do radical fringe se restringe quase exclusivamente àquelas
células do ectoderma dorsal na margem dorsal/ventral do broto do membro. Essas
células começam a expressar Fgf8 e se tornam a AER. (Como veremos, a FGF8
secretada da AER é considerada crítica por sua capacidade em manter a proliferação
do mesoderma abaixo dela e manter a expressão do gene sonic hedgehog para a
organização do eixo ântero-posterior; veja Figura 18.10.)
A importância da margem expressando ou não o radical fringe é confirmada em
estudos onde esse gene é expresso ectopicamente em retrovírus. Se as células ven-
trais do broto do membro são infectadas com um retrovírus expressando radical
fringe, um novo limite é criado entre as células que expressam o gene e aquelas que
não o expressam, e uma nova AER é nela originada. Inversamente, se a expressão
ectópica de radical fringe destrói a fronteira entre as células que o expressam e as que
não o expressam, aquela região da AER original não se forma.
A formação da AER pode envolver uma interação entre a secreção de FGFs (tal
Crista ectodérmica apical
como FGF8) pelo mesoderma e o limite de expressão de radical fringe ao longo da
Figura 18.8 borda dorsoventral do ectoderma. A secreção limitada de FGFs pode ser crítica na
Micrografia eletrônica de varredura de um bro- identificação de quais células, ao longo do flanco dorsoventral do embrião produzem
to de membro precoce de pinto, com sua crista os brotos do membro. Ainda não se conhece como a borda entre expressão e não
ectodérmica apical em primeiro plano. (Corte- expressão de radical fringe e os FGFs induzem a formação da AER.
sia de K. W. Tosney.)
Produção do eixo próximo-distal dos membros
Figura 18.9
Formação de uma AER ectópica quando tecido A crista ectodérmica apical: O componente ectodérmico
ventral é transplantado para o tecido dorsal do
broto do membro. (A) Procedimento onde ec- O crescimento próximo-distal e a diferenciação do broto do membro é possibilitado
toderma ventral de um broto do membro poste-
por uma série de interações entre o mesênquima do broto do membro e a AER (Figura
rior de pinto é transplantado para a superfície
dorsal de um broto do membro posterior hos- 18.11; Harrison, 1918; Saunders, 1948):
pedeiro, no mesmo estágio. (B) Após 26 horas
de incubação se forma uma AER ectópica (a 1. Quando a AER é removida em qualquer tempo durante o desenvolvimento do
AER original está indicada por uma flecha e a membro, cessa o desenvolvimento posterior de elementos esqueléticos do
AER ectópica por uma cabeça de flecha). (C) membro distal.
Enquanto a AER se forma, a expressão de ra-
dical fringe (cabeça de flecha) no broto do
membro se torna confinada às células dorsais
na junção D/V que formará a AER. (de Laufer
et al., 1997; fotografias cortesia de E. Laufer.) (B) (C)
Enxerto
ectodérmico AER
Somitos
CAPÍTULO 18 Desenvolvimento do Membro de Tetrápode 707
AER
removida
Cessa
desenvolvimento
do membro
AER
extra
Asa
Mesoderma
do membro
anterior Perna
Asa
Mesoderma
da Perna
Figura 18.12
Corte transversal através da região distal de
um membro de pinto, 3 dias após a retirada de
uma fatia de AER de uma área que formaria
tecido interdigital. Em lugar de degenerar, o
tecido interdigital remanescente formou um
dígito extra. (de Hurle et al., 1989, cortesia
dos autores.)
(D) (E)
Figura 18.13
Vista dorsal do padrão esquelético do pinto após remoção total da AER do broto da asa direita de
embriões em vários estágios. A última foto (E) é do esqueleto de uma asa normal. (de Iten, 1982,
cortesia de L. Iten.)
(A) (B)
710 PARTE V Interações Celulares Durante a Formação do Órgão
(A) (C)
(B) (D)
Figura 18.15
Deleção de elementos ósseos do membro por deleção dos genes Hox parálogos. (A) Membro
anterior de camundongo tipo selvagem. (B) Membro anterior de camundongo produzido dupla-
mente mutante, com a falta funcional dos genes Hoxa-11 e Hoxd-11. O cúbito e o rádio estão
ausentes. (C) Sinpolidactilia resultante de homozigosidade nos locos HOXD-13. (D) Hipótese
considerando que os parálogos 5’ dos genes Hox poderiam especificar determinadas regiões do
membro anterior. (A, B e D de acordo com Davis et al., 1995; fotografia cortesia de M. Capecchi.
C de Muragaki et al., 1996, cortesia de B. Olsen.)
podem especificar o eixo próximo-distal ainda não está esclarecido, mas uma pista
vem da análise do Hoxa-13 de galinha. A expressão ectópica desse gene (que é
usualmente expresso nas extremidades distais dos membros em desenvolvimento
do pinto) parece tornar mais pegajosas as células que o expressam. Isso, por sua
vez, causaria condensação de nódulos cartilaginosos em formas específicas
(Yokouchi et al., 1995; Newman, 1996).
A relação entre a AER e o mesênquima do broto do membro pode ser melhor apreciada
em mutações no desenvolvimento de membros do pinto. A mutação polydactylous,
como o nome sugere, adiciona dígitos extras em cada membro. Recombinando tecidos
Figura 18.16
FGF8 e morfogênese de membros. (A) Hibridização in situ mostrando expressão da mensagem
de Fgf8 no ectoderma enquanto o broto do membro começa a se formar. (B) Expressão do RNA
Fgf8 na crista ectodérmica apical, a fonte de sinais mitóticos para o mesoderma subjacente. (C)
Em embriões normais de pinto (estágio 17; cerca de 24 horas), FGF8 é expresso na crista
ectodérmica apical de ambos os brotos do membro, anteriores e posteriores. É também expresso
em vários outros lugares no embrião. (D) No mutante limbless de galinha, FGF8 não é expresso
nos brotos do membro, apesar de não estar perdido em outras regiões do embrião. Aqui, os
brotos do membro se formam mas não se desenvolvem em membros (A e B cortezia de J. C.
Izpisúa Belmonte; C e D cortesia de A. López-Martínez e J. F. Fallon.)
712 PARTE V Interações Celulares Durante a Formação do Órgão
(A)
Remover 20 horas
AER
Forma o úmero
Sem
AER
(B)
Adicionar
Remover partícula com
AER solução salina 20 horas
Forma o
úmero
Partícula
(C)
Cúbito
Partícula
Dígitos
(D)
Úmero
Rádio
Cúbito
Remover Adicionar partícula 24 horas 20 horas
AER contendo FGF2
Implantar
segunda
partícula
contendo
FGF2 Carpos
Segunda
partícula
Figura 18.17
Habilidade de FGF2 para substituir a crista ectodérmica apical no broto do membro anterior em
desenvolvimento do pinto. (A) Quando a AER é removida dos brotos da asa do pinto no estágio
20, somente se forma o úmero. (B) Se uma partícula gelatinosa de lenta liberação embebida em
solução salina é colocada no mesênquima da zona progressiva, o membro ainda fica truncado e
forma somente o úmero. (C) Quando um broto embebido em FGF2 é colocado na zona progres-
siva o crescimento do broto do membro continua, e o cúbito e o rádio são formados. (D) Se uma
segunda partícula contendo FGF2 é colocada na zona progressiva após a dissipação da maioria
do FGF2 da primeira partícula, o broto do membro continua a crescer e a produzir metacarpos e
dígitos. (De acordo com Fallon et al., 1994.)
CAPÍTULO 18 Desenvolvimento do Membro de Tetrápode 713
Tabela 18.1 Mutações que afetam as interações recíprocas entre a AER e seu
mesênquima subjacentea
POLIDÁCTILO
Polidáctilo Tipo selvagem Polidáctilo Mesoderma é afetado
Tipo selvagem Polidáctilo Tipo selvagem pela mutação
EUDIPLOPODIA
Eudiplopodia Tipo selvagem Tipo selvagem Ectoderma é afetado
Tipo selvagem Eudiplopodia Eudiplopodia pela mutação
LIMBLESS
Limbless Tipo selvagem Tipo selvagem Ectoderma é
Tipo selvagem Limbless Limbless afetado pela mutação
aPor transplante recíproco entre o tipo selvagem e AER mutante e mesênquima, o comparti-
mutantes e do tipo selvagem (Tabela 18.1), os defeitos podem ser traçados para as
células mesodérmicas que induzem amplamente uma AER. No mutante eudiplopodia
(Grego, “dois bons pés”), além dos dígitos extras aparecem duas seqüências comple-
tas de dedos em cada membro posterior (Figura 18.18). Experimentos semelhantes com
reconstituição mostram que aqui o defeito está no tecido ectodérmico. Embriões de
pintos homozigotos para a mutação limbless iniciam a formação do broto do membro,
mas a AER não se forma. Experimentos de recombinação mostram que o ectoderma de
limbless é incapaz de formar uma AER, mesmo quando colocado no mesoderma de
membro do tipo selvagem; uma crista normal pode ser formada quando ectoderma
normal é enxertado no campo do membro em lugar do ectoderma mutante (Figura
18.19; Carrington e Fallon, 1988).
Além disso, existem vertebrados naturalmente sem membros, cuja falta de mem-
bros pode ser relacionada às deficiências na interação AER-mesênquima. A praga
contra cobras no Livro do Gênesis parece ter sido dirigida à extremidade distal do
broto do membro, pois a AER desses répteis degenera-se prematuramente e ao mesmo
tempo em que ocorre a morte celular no mesênquima adjacente (Lande, 1978). Não se
sabe se o defeito inicial está no mesênquima ou na AER. [limb3.html]
(A) (B)
Figura 18.18
Secções transversais dos brotos dos mem-
bros posteriores em eudiplopodia de em-
briões de pinto. (A) Duas AERs no broto do
membro posterior; crescimento extra no lado
dorsal formará um conjunto extra de dedos.
(B) Ambas as regiões de crescimento estão
cobertas por uma AER. Recentemente foi
demonstrado (Laufer et al., 1997) que duas
áreas de radical fringe aparecem no broto do
membro desse mutante, e cada uma se asso-
cia com a nova AER. (De Goetinck,1964,
cortesia de P. Goetinck.)
714 PARTE V Interações Celulares Durante a Formação do Órgão
Figura 18.19
O embrião limbless não forma AER, e o defeito parece residir no ectoder-
ma. Se o ectoderma de codorna do tipo selvagem substitui o ectoderma
mutante do pinto na região que forma o membro anterior, a asa se desen-
volverá naquele lado do embrião. Não se forma outro membro. (De acordo
com Carrington e Fallon, 1988; fotografia cortesia de J. Fallon.)
Informações adicionais
& Especulações
Assim, estamos frente a uma situação contendo um úmero, que não deve pro-
onde as células adultas de um organismo duzir outro úmero e nem começar imedia-
podem retornar a uma condição “embrio- tamente a produzir dígitos. Não somente
nária” e começam novamente a formação o blastema regenera essas estruturas co-
de um membro. Exatamente como no de- meçando no nível próximo-distal apropri-
senvolvimento embrionário, o blastema ado no membro, como também as polari-
forma sucessivamente estruturas mais dades dos eixos ântero-posterior (pole-
distais (Rose, 1962). Portanto, o blastema gar-dedo mínimo) e dorsoventral (punho-
deve conter alguma informação posicio- palma da mão) também correspondem
nal que informa ao blastema de um coto àquelas do coto.
Posterior
Brotos enxertados
diferem do hospedeiro
no eixo dorsoventral
Relacionamento
de eixos entre Brotos enxertados
enxerto diferem do
(sombreado) hospedeiro no eixo
e hospedeiro ântero-posterior
Figura 18.23
Especificação dos eixos ântero-posterior e
dorsoventral na asa do pinto. O broto do mem-
bro enxertado se desenvolve de acordo com
sua própria polaridade e não adota a polarida-
de do seu hospedeiro. As asas que se desen- Brotos enxertados
volvem dos brotos do membro enxertados diferem do
estão coloridas. Para maior clareza, as asas hospedeiro nos
que o hospedeiro normalmente desenvolve eixos ântero-posterior
e dorsoventral
não estão apresentadas. (De acordo com
Hamburger, 1938.)
CAPÍTULO 18 Desenvolvimento do Membro de Tetrápode 717
Estágio 17
Figura 18.24
Dígitos duplicados aparecem como imagem espelhar de dígitos normais quando Estágio 19
ZPA é enxertada no mesoderma do broto do membro anterior. (de Honig e
Smmerbell, 1985, fotografia cortesia de D. Summerbell.)
Figura 18.25
Mapa da atividade sinalizadora de posição enquanto o membro se desenvolve. As cores represen-
tam a intensidade de expressão de sonic hedgehog. Os números representam a porcentagem de
enxertos mostrando duplicações completas quando essas regiões foram transplantadas para a
margem anterior do broto do membro precoce. (Desenhos de acordo com Honig e Summerbell,
1985, dados de expressão de Riddle et al., 1993.) Estágio 29
718 PARTE V Interações Celulares Durante a Formação do Órgão
Células compactadas
por centrifugação
funções desenvolvimentais críticas. E como foi mencionado no Capítulo 14, o gene
hedgehog responsável pela polaridade de segmentos parece codificar uma proteína
difusível que interage com as células vizinhas. Seria muito perguntar se existe um
homólogo nos vertebrados que realiza uma função semelhante?
Usando a seqüência conhecida do gene hedgehog em Drosophila, Riddle e
seus colaboradores (1993), usaram a reação da cadeia de polimerase para identifi-
car uma mensagem semelhante a hedgehog em brotos de membros de pinto. Eles
nomearam o gene como sonic hedgehog*. Hibridização in situ mostrou que a
expressão de sonic hedgehog não se dá no broto do membro inteiro, mas é locali-
Implante na porção anterior do broto do zada exatamente na região que, segundo Honig e Summerbell, contém a maior
membro (Embrião no estágio 19-23)
atividade de ZPA (Figura 18.25).
Riddle e colaboradores mostraram que a secreção da proteína Sonic hedgehog
Anterior poderia ser suficiente para a atividade de ZPA. Eles transfectaram fibroblastos embri-
Pélete de onários de pinto (que normalmente nunca sintetizariam essa proteína) com um vetor
Cepa resistente células viral contendo o gene sonic hedgehog (Figura 18.26). O gene foi expresso e traduzido
do embrião secretando nesses fibroblastos, os quais foram inseridos em uma crista anterior de um broto de
hospedeiro Shh membro precoce do pinto. Foi demonstrada também a reversão de polaridade dos
dígitos, de maneira semelhante à ZPA. Mais recentemente, partículas contendo a
Posterior proteína Sonic hedgehog provocaram as mesmas duplicações (López-Martinez et al.,
1995). Portanto, a Sonic hedgehog parece ser o agente ativo da ZPA.
(A) Sinalização de curto alcance e deslocamento (B) Sinalização seqëncial de curto alcance
Difusão de
curto alcance
Difusão de alcance
mais longo com o
passar do tempo
Figura 18.27
Modelos de atividade da ZPA. (A) Modelo de função da ZPA por sinalização de curto alcance e
subseqüente deslocamento do tecido especificado. (B) Modelo de função da ZPA por sinais
seqüenciais de curto alcance. (C) Modelo de função de ZPA por espalhamento progressivo de um
sinal graduado, onde o tecido responsivo responde a gradiente de concentração. (De acordo com
Tickle, 1995.)
FGF4
Ácido
retinóico Manter proliferação na
zona progressiva; Desenvolvimento
ativar a expressão do esquelético posterior
gene HoxD
Wnt7a
Sonic
hedgehog
Figura 18.28
Algumas interações moleculares pelas quais
o broto do membro é iniciado e mantido. Pa-
drão de expressão dinâmica do gene HoxD difunde, parece ativar proteínas morfogenéticas do osso, especialmente a BMP2 (Francis
durante uma parte da morfogênese da asa do et al., 1994; Laufer et al., 1994). Essas proteínas também não se difundem para muito
pinto. Algumas das principais ligações inclu- longe, e pesquisadores estão a procura de outras moléculas que podem ser ativadas
em (1) a manutenção de Sonic hedgehog (Shh) pelas proteínas morfogenéticas do osso.
pela combinação de Wnt7a e FGF4; (2) a
manutenção de Shh pela combinação de ácido SONIC HEDGEHOG COMO CO-ATIVADOR DE GENES HOX E PROLIFERAÇÃO
retinóico e FGF4; (3) a indução recíproca de CELULAR. Além da ativação dos genes para as proteínas morfogenéticas do osso
FGF4 e Shh para a manutenção de cada um;
(especialmente a BMP2), existem outros dois importantes alvos para Sonic hedgehog.
(4) a interação entre FGF4 e Shh para ativar a
expressão dos genes HoxD e para manter a O primeiro conjunto de alvos podem ser os genes Hoxd 5’ (Figura 18.28; Hoxd-9 a
divisão celular no mesênquima da zona pro- Hoxd-13). Durante o desenvolvimento normal dos membros de pinto ou camundon-
gressiva. (De acordo com Nelson et al., 1996; go, desenvolve-se um padrão característico de expressão de genes Hoxd “concentri-
Niswander et al., 1994.) camente aninhados” e centrados na margem posterior que tinha sido definida como a
ZPA (Dollé et al., 1989; Nelson et al., 1996). A região mais próxima do centro tem todos
esses genes Hoxd 5’ expressos, mas a expressão desses genes cai seqüencialmente à
medida que as células estão progressivamente mais afastadas da ZPA. Além disso, o
transplante de ZPA ou de células secretoras de Sonic hedgehog para a margem ante-
rior leva à formação de padrões de imagens espelhares na expressão dos genes Hoxd
e padrões de imagens espelhares de dígitos (Izpisúa-Belmonte et al., 1991; Nohno et
al., 1991; Riddle et al., 1993).
Originalmente parecia haver um código pelo qual a expressão dos diferentes genes
HoxD especificaria o padrão ântero-posterior dos dígitos, mas estudos recentes mos-
tram que o problema é mais complexo. Sonic hedgehog pode estar agindo em conjun-
ção com sinais da AER na especificação de padrões. Primeiro, a expressão de genes
Hoxd é controlada pela cooperação de AER e ZPA. Na ausência de uma AER, a Sonic
hedgehog é incapaz de induzir a expressão de genes Hoxd (Laufer et al., 1994). Entre-
tanto, a adição de ácido retinóico pode substituir a falta de AER (Helms et al., 1996;
Ogura et al., 1996).* Há muito tempo se sabe que o ácido retinóico induz polarização de
membros. Partículas embebidas em ácido retinóico podem mimetizar o tecido ZPA, e
induzir uma reversão da imagem espelhar na polaridade ântero-posterior (Tickle et al.,
1982, 1985), e uma única partícula embebida com ácido retinóico pode substituir uma
ZPA quando o tecido ZPA normal foi removido (Eichele, 1989). Entretanto, o conteúdo
de ácido retinóico na ZPA não parece suficientemente alto para ativar genes
responsivos ao ácido (Prancha 13; Noji et al., 1991; Rossant et al., 1991), e considera-
ções teóricas (veja Wanek et al., 1991) indicam que é pouco provável que o ácido
retinóico seja o agente ativo da ZPA. De outro lado, estudos recentes sugerem que o
O ácido retinóico morfogeneticamente ativo no broto do membro pode diferir de acordo com
a espécie. No membro do pinto, o ácido retinóico ativo parece ser o ácido didehidroretinóico.
Entretanto, essa forma não é encontrada no broto do membro de camundongo (Stratford et al.,
1996).
CAPÍTULO 18 Desenvolvimento do Membro de Tetrápode 721
Especificando a ZPA
ZPA
Ainda não sabemos o que causa a ativação dos genes sonic hedgehog, especifica-
mente nas células do broto do membro posterior e não nas células mais anteriores. É
possível que o gene sonic hedgehog esteja sendo ativado por uma proteína FGF
oriunda da crista ectodérmica apical, recentemente formada, e FGF8 estando presente
na AER é capaz de ativar sonic hedgehog. Mas por que não há ativação de todas as
células mesenquimatosas abaixo da crista? A resposta pode estar na diferente compe-
tência de certas células mesenquimatosas em responder ao sinal de FGF. Charité e
colegas (1994) sugeriram que a proteína Hoxb-8 pode ser crítica no fornecimento
dessa competência restrita. Eles observaram que o gene Hoxb-8 era geralmente ex-
presso na metade posterior do broto do membro anterior do camundongo. Então, eles
produziram camundongos transgênicos nos quais o gene Hoxb-8 estava sob o con-
trole de um novo promotor que causava sua expressão em todos os brotos de mem-
bros anteriores. Isso resultou na expressão de sonic hedgehog na porção anterior dos
brotos dos membros, a criação de uma nova ZPA, uma nova região de expressão de
genes HoxD e duplicações de membros anteriores como imagens espelhares. Essa
evidência sugere que a proteína Hoxb-8 está envolvida na especificação da expressão
de sonic hedgehog e portanto no estabelecimento da ZPA.
(A) (B)
Figura 18.29
Transformações dorsal-para-ventral de regiões do membro em camundongos deficientes de
ambos os genes Wnt7a. (A) Secção histológica (corada com hematoxilina e eosina) da pata do
membro anterior em embrião de camundongo de 15.5 dias. Os tendões ventrais e as almofadas
ventrais dos pés são facilmente vistas. (B) A mesma seção através de um embrião mutante
deficiente em Wnt7a. Tendões e almofadas dos pés estão agora duplicados no que seria a face
dorsal da pata. dt, tendões dorsais; dp almofada dorsal do pé; vp, almofada ventral do pé; vt,
tendão ventral. Os números indicam identidade dos dígitos. (de Parr e McMahon, 1995;
fotografias cortesia dos autores.)
solas em ambas as superfícies de suas patas, mostrando que a Wnt7a era necessária
para a padronização dorsal do membro (Figura 18.29). A Wnt7a induz o gene Lmx1 no
mesênquima dorsal, e esse gene codifica um fator de transcrição que parece ser essen-
cial para a especificação do destino das células dorsais no membro (Riddle et al., 1995;
Vogel et al., 1995). Se esse fator é expresso nas células do mesênquima ventral, elas
desenvolvem um fenótipo dorsal.
Os camundongos deficientes em Wnt7a também não tinham dígitos posteriores,
sugerindo que o Wnt7a também era necessário para o eixo ântero-posterior. Yang e
Niswander (1995) fizeram observações similares no embrião de pinto. Esses pesqui-
sadores removeram o ectoderma dorsal do membro em desenvolvimento e observa-
ram que esse procedimento resultou na perda dos elementos esqueléticos posterio-
res dos membros. Esses membros não tinham dígitos posteriores porque a expres-
são de sonic hedgehog e Fgf4 estavam faltando. A expressão de Wnt7a induzida por
vírus podia substituir o ectoderma dorsal e restaurar a expressão de sonic hedgehog
e o padrão posterior. A síntese de Sonic hedgehog é estimulada pela combinação
das proteínas Wnt7a e FGF4. Os três eixos do embrião de pinto são todos inter-
relacionados e coordenados.
Asa
Perna
Figura 18.30
Resposta diferencial de células da precartilagem da asa e da perna (estágio24) a fatores
morfogenéticos específicos. Fotografias das células em soro, TGF-β e ácido retinóico são
fotografias macroscópicas de colônias de células. As fotografias das redes de fibronectina
depositadas pelas células são fotomicrografias fluorescentes em aumento de 40x. (de Downie
e Newman, 1994.)
*Quando se refere à mão tem-se um conjunto ordenado de nomes para especificar cada dígito
(Digitus pollicis, d. indicis, d. medius, d. annularis e d. minimus, respectivamente do polegar ao
dedo mínimo). Não existe tal nomenclatura para os dígitos do pé, mas o plano proposto por Phillips
(1991) tem muito mérito. Os dígitos do pé, desde o hálux até o dedinho, seriam chamados porcellus
fori, p. domi, p. carnivorus, p. non voratus e p. plorans domi, respectivamente.
724 PARTE V Interações Celulares Durante a Formação do Órgão
Informações adicionais
& Especulações
Lições de limbless
Zona
necrótica
interior
Zona Zona
necrótica necrótica
anterior posterior
Zona
necrótica
interior
Figura 18.31
Padrões de morte celular em primórdios de pernas de embriões de (A) pato e (B,C) de pinto.
Sombreamento indica áreas de morte celular. No pato, a morte celular é mínima, enquanto que
existem regiões de extensa morte celular no tecido interdigital da perna do pinto (De acordo com
Saunders e Fallon, 1966.)
Informações adicionais
& Especulações
LITERATURA CITADA
Albert, P. and Boilly, B. 1988. Effect of FGF8 in the induction, initiation, and mainte- Francis, P. H., Richardson, M. K., Brickell, P.
transferrin on amphibian limb regeneration: A nance of chick Development of the tetrapod M. and Tickle, C. 1994. Bone morphogenesis
blastema cell culture study. Roux Arch. Dev. Biol. limb. Cell 84: 127-136. proteins and a signalling pathway that controls
197: 193-196. patterning in developing chick limb. Develop-
Davis, A. P., Witte, D. P., Hsieh-Li, H. M.,
ment 120: 209-218.
Basler, K. and Struhl. G. 1993. Compartment boun- Potter, S. and Capecchi, M. R. 1995. Absence of
daries and the control of Drosophila limb pattern radius and ulna in mice lacking hoxa-11 and hoxd- Fraser, R. A. and Abbott, U. K. 1971. Studies on
by hedgehog protein. Nature 368: 208-214. 11. Nature 375-791-795. limb morphogenesis VI. Experiments with early
stages of the polydactylous mutant Eudiplopo-
Basson, C. T., and thirteen others. 1996. Davis, C. A., Holmyard, D. P., Millen, K. J. and
dia. J. Exp. Zool. 176: 237-248.
Mutations in human TBX5 cause limb and Joyner, A. L. 1991. Examining pattern formation
cardiac malformation in Holt-Oram syndrome. in mouse, chicken and frog embryos with an En- Gañan, Y., Macias, D., Duterque-Coquil-laud, M.,
Nat. Genet. 15: 30-35. specific antiserum. Development 111: 287-298. Ros, M. A. and Hurle, J. M. 1996. Role of TGF-
bs and BMPs as signals controlling the position
Brockes, J. P. 1992. Introduction of a retinoid Dealy, C. N., Roth, A., Ferrari, D., Brown, A. M.
of the digits and the areas of interdigital cell
reporter gene into the urodele limb blastema. C. and Kosher, R. A. 1993. Wnt-5a and Wnt-7a
death in the developing chick autopod. Deve-
Proc. Natl. Acad. Sci. USA 89: 11386-11390. are expressed in the developing chick limb bud
lopment 122: 2349-2357.
in a manner that suggests roles in pattern for-
Brockes, J. P. and Kinter, C. R. 1986. Glial growth
mation along the proximodistal and dorsoven- Gardiner, D. M., Blumberg, B., Konine, Y. and
factor and nerve-dependent proliferation in the
tral axes. Mech. Dev. 43: 175-186. Bryant, S. V. 1995. Regulation of HoxA expres-
regeneration blastema of urodele amphibians.
sion in developing and regenerating axolotl limbs.
Cell 45: 301-306. De Robertis, E. M., Morita, E. A. and Cho, K.
Development 121: 1731-1741.
W. Y. 1991. Gradient fields and homeobox genes.
Bryant, S. V. and Gardiner, D. M. 1992. Retinoic
Development 112: 669-678. Geduspan, J. S. and Solursh, M. 1992. A growth-
acid, local cell-cell interactions, and pattern for-
promoting influence from the mesonephros
mation in vertebrate limbs. Dev. Biol. 152: 1-25. Detwiler, S. R. 1918. Experiments on the deve-
during limb outgrowth. Dev. Biol. 151: 242-250.
lopment of the shoulder girdle and the anterior
Bryant, S. V., French V. and Bryant, P. J. 1981.
limb of Amblystoma punctatum. J. Exp. Zool. Gibson-Brown, J. J., Agulnik, S. I., Chapman, D.
Distal regeneration and symmetry. Science 21:
25: 499-538. L., Alexiou, M., Garvey, N., Silver, L. M. and
993-1002.
Papaioannou, V. E. 1996. Evi-dence of a role
Dollé, P., Izpisúa-Belmonte, J.-C., Falkenstein,
Burke, A. C., Nelson, C. E., Morgan, B. A. and for T-box genes in the evo-lution of limb mor-
H., Renucci, A. and Duboule, D. 1989. Coordinate
Tabin, C. 1995. Hox genes and the evolution of phogenesis and the spec-ification of forelimb/
expression of the murine Hox-5 complex
vertebrate axial morphology. Development 121: hindlimb identity. Mech. Dev. 56: 93-101.
homeobox-containing genes during limb pattern
333-346.
formation. Nature 342: 767-772. Goetinck, P. 1964. Studies on limb morphoge-
Butler, E. G. 1935. Studies on limb regeneration nesis. III. Experiments with the polydactylous
Downie, S. A. and Newman, S. A. 1994. Mor-
in X-rayed Ambystoma larvae. Anat. Rec. 62: mutant Eudiplopodia. Dev. Biol. 10: 71-91.
phogenetic differences between fore and hind
295-307.
limb precartilage mesenchyme: Relation to Goss, R. J. 1969. Principles of Regeneration.
Carrington, J. L. and Fallon, J. F. 1988. Initial mechanisms of skeletal pattern formation. Dev. Academic Press, New York.
limb budding is independent of apical ectodermal Biol. 162: 195-208.
Goss, R. J. 1991. The natural history (and mystery)
ridge activity: Evidence from a limbless mutant.
Downie, S. A. and Newman, S.A. 1995. Different of regeneration. In C. E. Dinsmore (ed.), A History
Development 104: 361-367.
roles for fibronectin in the generation of fore of Regeneration Research. Cambridge Universi-
Charité, J., Graaff, W. de, Shen, S. and Duchamps, and hind limb precartilage condensations. Dev. ty Press, New York, pp. 7-23.
J. 1994. Ectopic expression of Hoxb-8 causes Biol. 172: 519-530.
Grieshammer, U., Minowada, G., Pisenti, J. M.,
duplications of the ZPA in the forelimb and
Duprez, D. M., Kostakopoulou, K., Francis- Abbott, U. and Martin, G. R. 1996. The limbless
homeotic transformation of axial structures. Cell
West, P. H., Tickle, C. and Brickell, P. M. 1996. mutation causes abnormalities in limb dorsal
78: 559-601.
Activation of Fgf-4 and HoxD gene expression ventral patterning implication for the mecha-
Chernoff, E. A. G. and Stocum, D. 1995. Deve- by BMP-2 expressing cells in the developing nism of apical ridge formation. Development
lopmental aspects of spinal cord and limb rege- chick limb. Development 122: 1821-1828. 122: 3851-3861.
neration. Dev. Growth Diff. 37: 133-147.
Eichele, G. 1989. Retinoic acid induces a pattern Hamburger, V. 1938. Morphogenetic and axial
Coates, M. I. 1994. The origin of vertebrate of digits in anterior half wing buds that lack the self-differentiation of transplanted limb
limbs. Development 1994 Suppl. 169-180. zone of polarizing activity. Development 107: primordia of 2-day chick embryos. J. Exp. Zool
863-867. 77: 379-400.
Crawford, K. and Stocum, D. L. 1988a. Retinoic
acid coordinately proximalizes regenerate pattern Fallon, J. F. and Crosby, G. M. 1977. Polarizing Hayashi, K. and Ozawa, E. 1995. Myogenic cell
and blastema differential affinity in axolotl limbs. zone activity in limb buds of amniotes. In D. A. migration from somites is induced by tissue
Development 102: 687-698. Ede, J. R. Hinchliffe and M. Balls (eds.), Vertebrate contact with medial region of the presumptive
Limb and Somite Morphogenesis. Cambridge limb mesoderm in chick embryos. Development
Crawford, K. and Stocum, D. L. 1988b. Retinoic University Press, Cambridge. 121: 661-669.
acid proximalizes level-specific properties
responsible for intercalary regeneration in Fallon, J. F., Lopez, A., Ros, M. A., Savage, M. Harrison, R. G. 1918. Experiments on the deve-
axolotl limbs. Development 104: 703-712. P., Olwin, B. B. and Simandl, B. K. 1994. FGF-2: lopment of the forelimb of Amblystoma, a self-
Apical ectodermal ridge growth signal for chick differentiating equipotential system. J. Exp. Zool
Crossley, P. H., Monowada, G., MacArthur, C. Development of the tetrapod limb. Science 264: 25: 413-461.
A. and Martin, G. R. 1996. Roles for 104-107.
CAPÍTULO 18 Desenvolvimento do Membro de Tetrápode 729
Helms, J. A., Kim, C. H., Eichele, G. and Thaller, Krabbenhoft, K. M. and Fallon, J F. 1989. The Molven, A., Wright, C. V. E., Bremiller, R., De
C. 1996. Retinoic acid signaling is required during formation of leg or wing specific structures by Robertis, E. M. and Kimmel, C. B. 1990. Ex-
early chick Development of the tetrapod limb. leg bud cells grafted to the wing bud is influenced pression of a homeobox gene product in normal
Development 122: 1385-1394. by proximity to the apical ridge. Dev. Biol. 131: and mutant zebrafish embryos: Evolution of the
373-382. tetrapod body plan. Development 109: 279-288.
Hertwig, O. 1925. Haploidkernige Transplante
als Organisatoran diploidkeniger Extremitaten Lande, R. 1978. Evolutionary mechanisms of Morgan, B. A. and Tabin, C. 1994. Develop-
be Triton. Anat. Anz. [Suppl.] 60: 112-118. limb loss in tetrapods. Evolution 32: 73-92. ment 1994 Suppl., p. 181-186.
Hinchliffe, J. R. 1991. Developmental approa- Laufer, E., Nelson, C. E., Johnson, R. L., Morgan, Mori, C., Nakamura, N., Kimura, S., Irie, H.,
ches to the problem of transformation of limb B. A. and Tabin, C. 1994. Sonic hedgehog and Takigawa, T. and Shiota, K. 1995. Programmed
structure in evolution. In J. R. Hinchliffe (ed.), Fgf-4 act through a signalling cascade and cell death in the interdigital tissue of the fetal
Developmental Patterning of the Vertebrate feedback loop to integrate growth and patterning mouse limb is apoptosis with DNA fragmentati-
Limb. Plenum, New York, pp. 313-323, of the developing limb bud. Cell 79: 993-1003. on. Anat. Rec. 242: 103-110.
Hinchliffe, J. R. 1994. Evolutionary biology of Laufer, E. and seven others. 1997. The Radical Mortlock, D. P., Post, L. C. and Innis, J. W.
the tetrapod limb. Development 1994 Suppl. fringe expression boundary in the limb bud ectoderm 1996. The molecular basis of hypodactyly (Hd):
163-168. regulates AER formation. Nature. 386: 366-367. a deletion in Hoxa13 leads to arrest of digital
arch formation. Nat. Genet. 13: 284-289.
Hinchliffe, J. R. and Sansom, A. 1985. The dis- Li, Q. Y. and sixteen others. 1996. Holt-Oram
tribution of the polarizing zone (ZPA) in the syndrome is casued by mutations in TBX5, a Mullen, L. M., Bryant, S.V., Torok, M. A.,
legbud of the chick embryo. J. Embryol. Exp. member of the Brachyury (T) gene family. Nat. Blumberg, B. and Gardiner, D. M. 1996. Nerve
Morphol. 86: 169-175. Genet. 15: 21-29. dependency of regeneration: the role of Distal-
less and FGF signaling in amphibian limb rege-
Hogan, B. L. M., Thaller, Thaller, C. and Eichele, Loomis, C. A., Harris, E., Michaud, J. Wurst, J.,
neration. Development. 122: 3487-3497.
G. 1992. Evidence that Hensen’s node is a source Hanks, W. and Joyner, A. L. 1996. The mouse
of retinoic acid synthesis. Nature 359: 237-241. Engrailed-1 gene and ventral limb patterning. Müller, G., Streicher, J. and Müller, R. 1996.
Nature 382: 360-363. Homeotic duplicate of the pelvic body segment
Honig, L. S. and Summerbell, D. 1985. Maps of
in regenerating tadpole tails induced by retinoic
strength of positional signaling activity in the López-Martínez, A. and seven others. 1995.
acid. Dev. Genes Evol. 206: 344-348.
developing chick wing bud. J. Embryol. Exp. Limb-patterning activity and restricted posteri-
Morphol. 87: 163-174. or localization of the amino-terminal product of Munaim, S. I. and Mescher, A. L. 1986.
sonic hedgehog cleavage. Curr. Biol. 5: 791-796. Transferrin and the trophic effect of neural tissue
Hui, C.-C. and Joyner, A. L. 1993. A mouse
on amphibian limb reneration blastemas. Dev.
model of Grieg cephalopolysyndactyly MacCabe, J. A., Errick, J. and Saunders, J. W. Jr.
Biol. 116: 138-142.
syndrome: the extra-toes mutation contains an 1974. Ectodermal control of dorso-ventral axis
intragenic deletion of the Gli3 gene. Nat. Genet. in leg bud of chick embryo. Dev. Biol. 39: 69-82. Muneoka, K. and Bryant, S. V. 1982. Evidence
3: 241-246. that patterning mechanisms in developing and
Maden, M. 1982. Vitamin A and pattern formati-
regenerating limbs are the same. Nature 298:
Hurle, J. M., Gañan, Y. and Macias, D. 1989. on of the regenerating limb. Nature 295: 672-675.
369-371.
Experimental analysis of the in vivo chondro-
Maden, M. 1993. The homeotic transformation
genic potential of the interdigital mesenchyme Muragaki, Y., Mundlos, S., Upton, J. and Olsen,
of tails into limbs in Rana temporaria by
of the chick limb bud subjected to local B. 1996. Altered growth and branching patterns
retinoids. Dev. Biol. 159: 379-391.
ectodermal removal. Dev. Biol. 132: 368-374. in synpolydactyly caused by mutations in
Mahmood, R. and nine others. 1995. A role for HOXD13. Science 272: 548-551.
Huxley, J. S. and De Beer, G. R. 1934. The
FGF-8 in the initiation and maintenance of
Elements of Experimental Embryology. Cam- Nardi, J. B. and Stocum, D. L. 1983. Surface
vertebrate limb outgrowth. Curr. Biol. 5: 797-806.
bridge University Press, Cambridge. properties of regenerating limb cell: Evidence
Marigo, V., Johnson, R. L., Vortkamp, A., and for gradation along the proximodis-tal axis. Di-
Ingham, P. W. 1994. Hedgehog points the way.
Tabin, C. J. 1996. Sonic hedgehog differentially fferentiation 25: 27-31.
Curr. Biol. 4: 345-350.
regulates expression of GLI and GLI3 during
Nelson, C. E. and Tabin, C. 1995. Footnote on
Iten, L. E. 1982. Pattern specification and Development of the tetrapod limb. Develop-
limb evolution. Nature 375: 630-631.
pattern regulation in the embryonic chick limb ment 180: 273-283.
bud. Am. Zool. 22:117-129. Nelson, C. E. and nine others. 1996. Analysis of
Meinhardt, H. 1984. Models for positioning
Hox gene expression in the chick limb bud. De-
Izpisúa-Belmonte, J.-C, Tickle, C., Dollé, P., signaling, the threefold subdivision of segments
velopment 122: 1449-1466.
Wolpert, L. and Duboule, D. 1991. Expression and the pigmentation pattern of molluscs. J
of the homeobox Hox-4 genes and the Embryol. Exp. Morphol. 83 Suppl.: 289-311. Newman, S. A. 1996. Sticky fingers: Hox genes
specification of position in chick wing develop- and cell adhesion in vertebrate Development of
Mescher, A. L. 1992. Trophic activity of
ment. Nature 350: 585-589. the tetrapod limb. BioEssays 18:171-174.
regenerating peripheral nerves. Comments Dev.
Javois, L. C. and Iten, L. E. 1986. The hand- Neurobiol. 1: 373-390. Niazi, I. A. and Saxena, S. 1978. Abnormal
edness and origin of supernumerary limb struc- hindlimb regeneration in tadpoles of the toad
Mescher, A. L. and Tassava, R. A. 1975.
tures following 180° rotation of the chick limb Bufo andersonii exposed to excess vitamin A.
Denervation effects on DNA replication and
bud on its stump. J. Embryol. Exper. Morphol. Folia Biol. (Krakow) 26: 3-8.
mitosis during the initiation of limb regenerati-
91: 135-152.
on in adult newts. Dev. Biol. 44: 187-197. Niswander, L. and Martin, G. M. 1993. FGF-4
Kieny, M. 1960. Rôle inducteur du mésoderme and BMP-2 have opposite effects on limb
Mohanty-Hejmadi, P., Dutta, S. K. and
dans la différenciation précoce du bourgeon de growth. Nature 361: 68-71.
Mahapatra, P. 1992. Limbs generated at the site
membre chez 1’embryon de poulet. J. Embryol.
of tail amputation in marbled balloon frog after Niswander, L., Tickle, C., Vogel, A., Booth, I.
Exp. Morphol. 8: 457-467.
vitamin A treatment. Nature 355: 352-353. and Martin, G. R. 1993. FGF-4 replaces the
730 PARTE V Interações Celulares Durante a Formação do Órgão
apical ectodermal ridge and directs outgrowth the apical ectodermal ridge at the dorsoventral logical structure and inductive specificity of limb
and patterning of the limb. Cell 75: 579-587. boundary of the vertebrate limb. Nature 386: parts of the chick. J. Morphol. 101: 57-88.
360-366.
Niswander, L., Jeffrey, S., Martin, G. R. and Saunders, J. W., Jr., Gasseling, M. T. and Saunders,
Tickle, C. 1994. A positive feedback loop Ros, M. A., Lopez-Martinez, A., Simandl, B. K., L.C. 1962. Cellular death in morphogenesis of
coordinates growth and patterning in the Rodriguez, C., Belmonte, J. C. I., Dahn, R. and the avian wing. Dev. Biol. 5: 147-178.
vertebrate limb. Nature 371: 609-612. Fallon, J. F. 1996. The limb field mesoderm de-
Savage, M. P. and Fallon, J. F. 1995. FGF-2 mRNA
termines initial limb bud anteroposterior
Nohno, T. and seven others. 1991. Involve- and its antisense message are expressed in a
asymmetry and budding independent of sonic
ment of the Chox-4 chicken homeobox genes developmentally specific manner in the chick limb
hedgehog or apical ectodermal gene expressions.
in determination of anteroposterior axial bud and mesonephros. Dev. Dyn. 202: 343-353.
Development 122: 2319-2330.
polarity during Development of the tetrapod
Scadding, S. R. and Maden, M. 1994. Retinoic
limb. Cell 64: 1197-1205. Rose, S. M. 1962. Tissue-arc control of regene-
acid gradients during limb regeneration. Dev. Biol.
ration in the amphibian limb. In D. Rudnick (ed.),
Noji, S. and ten others. 1991. Retinoic acid 162: 608-617.
Regeneration. Ronald, New York, pp. 153-176.
induces polarizing activity but is unlikely to be
Sessions, S. and Ruth, S. B. 1990. Explanation
a morphogen in the chick limb bud. Nature Rosenquist, G. C. 1971. The origin and
for naturally occurring supernumary limbs in
350: 83-86. movement of the limb-bud epithelium and
amphibians. J. Exp. Zool. 254: 38-47.
mesenchyme in the chick embryo as determined
Noramly, S., Pisenti, J., Abbott, U. and Morgan,
by radioautographic mapping. J. Embryol. Exp. Sessions, S. K., Gardiner, D. M. and Bryant, S. V.
B. 1996. Gene expression in the limbless mutant:
Morphol. 25: 85-96. 1989. Compatible limb patterning mechanisms
Polarized gene expression in the absence of Shh
in urodeles and anurans. Dev. Biol. 131: 294-301.
and AER. Dev. Biol. 179: 339-346. Rossant, J., Zirngibl, R., Cado, D., Shago, M.
and Giguère, V. 1991. Expression of a retinoic Shen, R. Q., Chen, Y. P., Huang, L., Vitale, E.
Ogura, T., Alvarez, I. S., Vogel, A., Rodrigez, C.,
acid response element-hsplacZ transgene defi- and Solursh, M. 1994. Characterization of the
Evans, R. M. and Belmonte, J. C. I. 1996.
nes specific domains of transcriptional activity human msx-1 promoter and an enhancer
Evidence that Shh cooperates with a retinoic
during mouse embryo-genesis. Genes Dev. 5: responsible for retinoic acid induction. Cell. Mol.
acid inducible co-factor to establish ZPA-like
1333-1344. Biol. Res. 40: 297-312.
activity. Development 122: 537-542.
Rowe, D. A., Cairnes, J. M. and Fallon, J. F. Shubin, N. H. and Alberch, P. 1986. A mor-
Oliver, G., Wright, C. V. E., Hardwicke, J. and De
1982. Spatial and temporal patterns of cell death phogenetic approach to the origin and basic
Robertis, E. M. 1988. A gradient of homeodomain
in limb bud mesoderm after apical ectodermal organization of the tetrapod limb. Evol. Biol.
protein in developing forelimbs of Xenopus and
ridge removal. Dev. Biol. 93: 83-91. 20: 319-387.
mouse embryos. Cell 55: 1017-1024.
Rubin, L. and Saunders, J. W., Jr. 1972. Ec- Simon, H. G., Nelson, C., Goff, D., Laufer, E.,
Opitz, J. M. 1985. The developmental field
todermal-mesodermal interactions in the growth Morgan, B. A. and Tabin, C. 1995. The differential
concept. Am. J. Med. Genet. 21: 1-11.
of limbs in the chick embryo: Constancy and expression of myogenic regulatory genes and
Owen, R. 1849. On the Nature of Limbs. J. Van temporal limits of the ectodermal induction. Dev. msx-1 during dedifferentiation and redifferen-
Voor, London. Biol. 28: 94-112. tiation of regenerating amphibian limbs. Dev.
Dyn. 202: 1-12.
Parr, B. A. and McMahon, A. P. 1995. Saunders, J. W., Jr. 1948. The proximal-distal
Dorsalizing signal wnt-7a required for normal sequence of origin of the parts of the chick wing Singer, M. 1954. Induction of regeneration of
polarity of D-V and A-P axes of the mouse limb. and the role of the ectoderm. J. Exp. Zool. 108: the forelimb of the postmetamorphic frog by
Nature 374: 350-353. 363-404. augmentation of the nerve supply. J. Exp. Zool.
126: 419-472.
Parr, B. A., Shea, M. J., Vassileva, G. and Saunders, J. W., Jr. 1972. Developmental control
McMahon, A. P. 1993. Mouse Wnt genes exhibit of three-dimensional polarity in the avian limb. Singer, M. and Caston, J. D. 1972. Neurotrophic
discrete domains of expression in early Ann. N.Y. Acad. Sci. 193: 29-42. dependence of macromolecular synthesis in the
embryonic CNS and limb buds. Development 119: early limb regenerate of the newt, Triturus. J.
Saunders, J. W., Jr. 1982. Developmental Biolo-
247-261. Embryol. Exp. Morphol. 28: 1-11.
gy. Macmillan, New York.
Phillips, J. 1991. Higgledy, piggledy. N. Engl. J. Sordino, P., Hoeven, F. van der and Duboule,
Saunders, J. W., Jr. and Fallon, J. F. 1966. Cell
Med. 324: 497. D. 1995. Hox gene expression in teleost fins
death in morphogenesis. In M. Locke (ed.),
and the origin of the vertebrate digits. Nature
Pollak, R. D. and Fallon, J. F. 1976. Autora- Major Problems of Developmental Biology.
375: 678-681.
diographic analysis of macromolecular synthesis Academic Press, New York, pp. 289-314.
in prospectively necrotic cells of the chick limb Stephens, T. D. and seven others. 1991. Axial
Saunders, J. W., Jr. and Gasseling, M. T. 1968.
bud. II. Nucleic acids. Exp. Cell Res. 100: 15-22. and paraxial influences on limb morphogenesis.
Ectodermal-mesodermal interactions in the
J. Morphol. 208: 367-379.
Riddle, R. D., Johnson, R. L., Laufer, E. and Tabin, origin of limb symmetry. In R. Fleis-chmajer
C. 1993. Sonic hedgehog mediates the polarizing and R. E. Billingham (eds.), Epithelial-Mesen- Stocum, D. L. and Crawford, K. 1987. Use of
activity of the ZPA. Cell 75: 1401-1416. chymal Interactions. Williams & Wilkins, retinoids to analyse the cellular basis of memory
Baltimore, pp. 78-97. in regenerating amphibian limbs. Biochem. Cell
Riddle, R. D., Ensini, M., Nelson, C., Tsuchida,
Biol. 65: 750-761.
T., Jessell, T. M. and Tabin, C. 1995. Induction Saunders, J., Jr. and Reuss, C. 1974. Inductive
of the LIM homeobox gene Lmx1 by WNT7a and axial properties of prospective wing-bud Stocum, D. L. and Fallon, J. F. 1982. Control of
establishes dorsoventral patter in the vertebrate mesoderm in the chick embryo. Dev. Biol. 38: pattern formation in urodele limb on-togeny: A
limb. Cell 83: 631-640. 4150. review and a hypothesis. J. Embryol. Exp.
Morphol. 69: 7-36.
Rodriguez-Esteban, C., Schwabe, J. W. R., De La Saunders, J. W., Jr., Cairns, J. M. and Gas-seling,
Pena, J., Foys, B., Eshelman, B. and Izpisúa- M. T. 1957. The role of the apical ridge of Stratford, T., Horton, C. and Maden, M. 1996.
Belmonte, J. C. 1997. Radical fringe positions ectoderm in the differentiation of the morpho- Retinoic acid is required for the initiation of
CAPÍTULO 18 Desenvolvimento do Membro de Tetrápode 731
outgrowth in the chick limb bud. Curr Biol. 6: Tickle, C., Alberts, B., Wolpert, L. and Lee, J. Wanek, N., Gardiner, D. M., Mueoka, K. and
1124-1133. 1982. Local application of retinoic acid to the Bryant, S. V. 1991. Conversion by retinoic acid
limb bud mimics the action of the polarizing of anterior cells into ZPA cells in the chick wing
Summerbell, D. 1974. A quantitative analysis
region. Nature 296: 564-566. bud. Nature 350: 81-83.
of the effect of excision of the AER from the
chick limb bud. J. Embryol. Exp. Morphol. 32: Tickle, C., Lee, J. and Eichele, G. 1985. A Weiss, P. 1939. Principles of Development. Holt,
651-660. quantitative analysis of the effect of alltrans- Rinehart & Winston, New York.
retinoic acid on the pattern of chick wing deve-
Summerbell, D. 1979. The zone of polarizing Wessells, N. K. 1977. Tissue Interaction and
lopment. Dev. Biol. 109: 82-95.
activity: Evidence for a role in abnormal chick Development. Benjamin, Menlo Park, CA.
limb morphogenesis. J. Embryol. Exp. Morphol. Todt, W. L. and Fallon, J. F. 1987. Posterior
Wolpert, L. 1969. Positional information and
50: 217-233. apical ectodermal ridge removal in chick wing
the spatial pattern of cellular formation. J.
bud triggers a series of events resulting in
Summerbell, D. and Lewis, J. H. 1975. Time, Theoret. Biol. 25:1-47.
defective anterior pattern. Development 101:
place and positional value in the chick limb bud.
505-515. Wolpert, L. 1977. The Development of Pattern
J. Embryol. Exp. Morphol. 33: 621-643.
and Form in Animals. Carolina Biological,
Tosney, K. W. and Landmesser, L. T. 1985.
Tabin, C. J. 1991. Retinoids, homeoboxes, and Burlington, NC.
Development of the major pathways for neurite
growth factors: Toward molecular models for De-
outgrowth in the chick hindlimb. Dev. Biol. 109: Yang, Y. Z. and Niswander, L. 1995. Interaction
velopment of the tetrapod limb. Cell 66: 99-217.
193-214. between signaling molecules Wnt7a and Shh
Tabin, C. J. 1992. Why we have (only) five during vertebrate limb development: Dorsal
Viviano, C. M., Horton, C. E., Maden, M. and
fingers per hand: Hox genes and the evolution signals regulate anteroposte-rior patterning. Cell
Brockes, J. P. 1995. Synthesis and release of 9-
of paired limbs. Development 116: 289-296. 80: 939-947.
cis retinoic acid by the urodele wound epidermis.
Tanaka, M., Tamura, K., Noji, S., Nohno, T. Development 121: 3753-3762. Yokouchi, Y, Nakazato, S., Yamamoto, M.,
and Ide, H. 1997. Induction of additional limb at Goto, Y, Kameda, T., Iba, H. and Kuroiwa, A.
Vogel, A., Rodriguez, C., Warnken, W. and Izpisúa-
the dorsal-ventral boundary of a chick embryo. 1995. Misexpression of Hoxa-13 induces
Belmonte, J.-C. 1995. Dorsal cell fate specified
Dev. Biol. 182:191-203. cartilage homeotic transformation and changes
by chick Lmx1 during vertebrate Development
in adhesiveness in chick limb buds. Genes Dev.
Tickle, C. 1981. The number of polarizing region of the tetrapod limb. Nature 378: 716-720.
9: 2509-2522.
cells required to specify additional digits in the
Vogel, A., Rodriguez, C. and Izpisúa-Belmonte,
developing chick wing. Nature 289: 295-298. Zaleske, D. J. 1985. Development of the upper
J.-C. 1996. Involvement of FGF-8 in initiation,
limb. Hand Clin. 1985(3): 383-390.
Tickle, C. 1995. Vertebrate Development of the outgrowth, and patterning of the vertebrate limb.
tetrapod limb. Curr. Biol. 5: 478-484. Development 122: 1737-1750. Zou, H. and Niswander, L. 1996. Requirement
for BMP signaling in interdigital apoptosis and
Tickle, C., Summerbell, D. and Wolpert, L. 1975. Vortkamp, A., Gessler, M. and Grzeschik, K.-
scale formation. Science 272: 738-741.
Positional signaling and specification of digits in H. GLI3 zinc-finger gene interrupted by trans-
chick limb morphogenesis. Nature 254: 199-202. locations in Grieg syndrome family. Nature 352: Zwilling, E. 1955. Ectoderm-mesoderm
539-540. relationship in the development of the chick
embryo limb bud. J. Exp. Zool. 128: 423-441.
Interações celulares à distância:
Hormônios como mediadores
do desenvolvimento
19
Mudou a velha ordem cedendo seu espaço
para a nova.
ALFRED LORD TENNYSON (1886)
Metamorfose anfíbia
Em anfíbios, a metamorfose é geralmente associada com as mudanças que preparam
um organismo aquático para uma existência terrestre. Em urodelos (salamandras), as
modificações incluem a reabsorção das nadadeiras da cauda, a destruição das guel-
ras externas e a mudança da estrutura da pele. Nos anuros (rãs e sapos), as mudan-
ças metamórficas são mais surpreendentes, e quase todos os órgãos são modifica-
dos (Tabela 19.1). As modificações na forma são muito óbvias (Figura 19.1). Mudan-
ças regressivas incluem a perda dos dentes córneos e das guelras internas do girino,
como também a destruição de sua cauda. Ao mesmo tempo, são evidentes os pro-
Argininosuccinato
Uréia sintetase
Arginase Argininosuccinato
Arginina
Argininosuccinato
liase
Fumarato
(B)
Carbamoilfosfato sintase
Porcentagem de níveis de enzimas
Ornitina carbamoiltransferase
Argininosuccinato sintetase
pós-metamórficas
Argininosuccinato liase
Excreção de uréia
Estágio do desenvolvimento
Tiroxina (T 4 )
Triiodotironina (T 3 )
Figura 19.3
Fórmulas da tiroxina (T4) e da triiodotironina (T3).
torna uma grande sacola de enzimas proteolíticas (Figura 19.4). As principais enzimas
proteolíticas parecem ser as colagenases e outras metaloproteínases cuja síntese de-
pende dos hormônios da tireóide. Se um inibidor de metaloproteínases (TIMP) é adi-
cionado às caudas, ele impede a regressão da cauda induzida pelo hormônio da tireóide
(Oofusa e Yoshizato, 1991; Patterson et al., 1995).
A resposta aos hormônios da tireóide é intrínseca ao próprio órgão e não depen-
de dos tecidos vizinhos. Na epiderme, a resposta aos hormônios tireoidianos de-
pende de qual parte do corpo a epiderme está cobrindo. As células epidérmicas da
cabeça e do corpo do girino sofrem uma lenta renovação (como esperado na pele), e
T3 não modifica essa velocidade. Na cauda, entretanto, T3 causa um rápido aumento
na queratinização e morte dessas células. Também se dá uma supressão, específica
para a cauda, das divisões das células precursoras que poderiam originar mais célu-
las epidérmicas. O resultado é a morte das células epidérmicas da cauda enquanto
Concentração da protease catepsina lisossômica
(unidades/µg nitrogênio)
Figura 19.4
Aumento da atividade proteásica lisossômica
durante a regressão da cauda em Xenopus
laevis. As enzimas lisossômicas são conside-
radas responsáveis pela digestão das células da
Comprimento relativo da cauda (%) cauda. (De acordo com Karp e Berrill, 1981.)
738 PARTE V Interações Durante a Formação do Órgão
(A) (B)
Extremidade da
cauda transplantada
no tronco
Figura 19.5
Especificidade de órgãos durante a metamor-
fose da rã. (A) Extremidades da cauda regridem Cauda
mesmo quando transplantadas no tronco, en-
quanto (B) os cálices oculares permanecem
intactos mesmo quando transplantados para a
cauda em regressão. (De acordo com Schwind,
1933; fotografias de Geigy, 1941, cortesia do
Journal of Experimental Zoology.)
*Um dos movimentos mais espetaculares de olhos durante a metamorfose ocorre nos peixes
chatos como o linguado. Originalmente, os olhos estão em lados opostos da face. Todavia, durante
a metamorfose, um dos olhos migra dorsalmente para encontrar o outro no topo da cabeça,
permitindo ao peixe permanecer no fundo, olhando para cima (Martin e Drewry, 1978).
Figura 19.6
A migração do olho e mudanças neuroniais
associadas durante a metamorfose do girino de
Xenopus laevis. Os olhos do girino são locali-
zados lateralmente, por isso, existe um plano
binocular relativamente pequeno. Os olhos
migram dorsalmente e rostralmente durante a
metamorfose, criando um amplo campo
binocular para a rã adulta. Abaixo do girino em
metamorfose está uma representação da região
óptica de seu cérebro. Quando se injeta
peroxidase de rabanete (horseradish) na retina,
os neurônios ópticos a transportam para o lado
contralateral (oposto) do cérebro (flecha pe-
quena), mas não para o lado ipsilateral. Com a
continuação da metamorfose, as projeções
ipsilaterais (envolvidas na visão binocular) co-
meçam a ser vistas (flecha grande). (de Hoskins
e Grobstein, 1984, cortesia de P. Grobstein.)
740 PARTE V Interações Durante a Formação do Órgão
ao seu estilo predatório de vida. Para alcançar sua presa, a rã deve enxergar em três
dimensões. Ou seja, ela deve adquirir um campo de visão binocular onde os sinais
de ambos os olhos convergem no cérebro. No girino, o olho direito inerva o lado
esquerdo do cérebro e vice-versa. Não existem projeções ipsilaterais (do mesmo
lado) dos neurônios da retina. Entretanto, durante a metamorfose essas vias
ipsilaterais adicionais emergem, permitindo que sinais de ambos os olhos atinjam a
mesma área do cérebro (Currie e Cowan, 1974; Hoskins e Grobstein, 1985a). Em
Xenopus, essas novas vias neuroniais não resultam da remodelação de neurônios
existentes, mas da formação de novos neurônios que se diferenciam em resposta
aos hormônios da tireóide (Hoskins e Grobstein, 1985a,b). Tanto o movimento dos
olhos para sua nova posição como a diferenciação de novos neurônios que esten-
dem processos ipsilaterais para o cérebro são modificações dependentes de hormô-
nios da tireóide.
Outros neurônios também sofrem mudanças profundas. Algumas células nervo-
sas morrem, como aquelas que inervam os músculos da cauda de girinos (Forehand e
Farel, 1982). Essa morte neuronial parece ser uma outra resposta ao hormônio da
tireóide, e não causada pela morte do tecido alvo. Outros neurônios, como certos
neurônios motores na mandíbula do girino trocam sua fidelidade do músculo larval
para o músculo adulto recém-formado (Alley e Barnes, 1983). E ainda outros neurôni-
os, como aqueles inervando a língua (um músculo recém-formado, não presente na
larva) estiveram dormentes durante o estágio de girino e só iniciam a formação de
conexões durante a metamorfose (Grobstein, 1987). O cérebro também sofre mudanças
em sua estrutura durante a metamorfose. Portanto, o sistema nervoso dos anuros
sofre enorme reestruturação durante a metamorfose. Alguns neurônios morrem, ou-
tros nascem, e outros mudam sua especificidade.
Unidades relativas
Tratamento α
TRα β
TRβ
Nenhum 505 24
T3 1290 368
Prolactina + T3 799 <10
Prolactina 405 43
Alta Alta
Concentração de Concentração concentração do
Concentração Concentração baixa concentração
T 3 e T4 aumenta do receptor receptor de T3
baixa de T3 e T4 do receptor de T3 de T3 e T4
de T3 aumenta
Gene do receptor de T3
Transcrição Transcrição
Transcrição
Transcrição Transcrição
Figura 19.7
Modelo hipotético para a aceleração da metamorfose em Xenopus pela auto-indução de receptores
de T3 por T3. (A) No girino, a premetamorfose é caracterizada por baixos níveis de tirotropina
(fator de liberação do hormônio da tireóide), hormônios da tireóide e receptores de T3. (B) No
início da metamorfose, os níveis de tirotropina aumentam (provavelmente devido à maturação
desenvolvimental da glândula pituitária). Isso aumenta a quantidade de T3 que se liga à pequena
quantidade de seu receptor estimulando a transcrição de mais mRNA do receptor de T3. Algumas
outras proteínas induzidas por T3 também são necessárias para a transcrição de mais mensagem
de T3. (C) No clímax metamórfico, as grandes concentrações de T3 induzem, ainda mais, a síntese
de seus receptores, o que causa uma resposta mais rápida ao T3.
Informações adicionais
& Especulações
Heterocronia
Estímulos externos mento direto, é típico em espécies de rãs emerge do ovo gelatinoso, três semanas
que não têm girinos e ouriços-do-mar que após a fertilização, não é um girino, mas
não têm larvas pluteus. Elinson e seus uma pequena rã (Figura 19.10D). A peque-
Hipotálamo colegas (del Pino e Elinson, 1983; Elinson, na rã tem uma cauda durante a primeira
1987) estudaram uma pequena rã, Eleu- parte de sua vida, mas ela é usada para
Ambystoma tigrinum therodactylus coqui, que é um dos ani- respiração e não para a locomoção. Tais
Ambystoma gracilus mais mais abundantes na ilha de Porto rãs com desenvolvimento direto não ne-
Rico. Diversamente dos ovos de Rana e cessitam de água para seus estágios
Hormônio liberador de Xenopus, os ovos de E. coqui são fertili- larvais e podem, portanto, colonizar no-
tirotropina (TSH-RF) zados enquanto estão no corpo da fêmea. vas regiões inacessíveis a outras rãs.
Cada ovo tem 3.5mm de diâmetro (cerca Raff (1987) estudou o desenvolvimen-
Pituitária
de 20 vezes o volume dos ovos de Xeno- to direto em ouriços-do-mar. Em ouriços-
pus). Após a postura, o macho permane- do-mar “típicos”, as células mesenquima-
ce levemente apoiado sobre os embriões, tosas primárias invaginam e secretam o
Ambystoma mexicanum
protegendo-os de predadores e da des- esqueleto de carbonato de cálcio da larva
secação (Taigen et al., 1984). O desenvol- pluteus. Essas larvas se alimentam e cres-
Hormônio
vimento precoce é semelhante à maioria cem até que se formem as vesículas
estimulante da tireóide
das rãs. A clivagem é holoblástica, a gas- celômicas (também derivadas dos micrô-
trulação é iniciada na posição subequa- meros) nos lados do intestino (Pehrson e
torial (Figura 19.10A), e as dobras neurais Cohen, 1986). O celoma esquerdo conti-
Tireóide
se elevam a partir da superfície (Figura nua a crescer produzindo uma hidrocele
19.10B). Entretanto, logo após o fecha- que induz o ectoderma sobrejacente a
Tiroxina,
Triiodotironina
mento do tubo neural, os brotos dos mem- invaginar formando um vestíbulo. A
bros aparecem na superfície (Figura hidrocele e o vestíbulo formam um rudi-
Eurycea neotenes
19.10C). Essa emergência precoce de bro- mento que cresce dentro da larva até ser
Espécies de Necturus tos de membros é a primeira indicação de liberado na metamorfose para se tornar
e Siren
que o desenvolvimento é direto e que não um ouriço-do-mar juvenil (Figura 19.11).
passará pelo estágio de girino sem mem- Várias espécies de ouriço-do-mar têm
Tecidos alvo capazes
bros. Mais ainda, a emergência dos mem- estágios suprimidos da larva pluteus en-
de sofrer metamorfose bros não depende de hormônios da quanto aceleram o desenvolvimento do ru-
tireóide (Lynn e Peadon, 1955). O que dimento adulto. Como no desenvolvimento
Figura 19.9
Estágios ao longo do eixo hipotálamo-pituitária- (A) (B)
tireóide da salamandra onde se considera que
várias espécies têm bloqueio da metamorfose.
Eurycea, Necturus e Siren parecem ter um de-
feito no receptor dos tecidos responsivos.
Eurycea terá metamorfose ao ser exposta à con-
centrações extremamente altas de tiroxina, en-
quanto que Necturus e Siren não respondem a
qualquer dose. (De acordo com Frieden, 1981.)
Sem alongamento do
arquêntero, iniciação
do esqueleto larval,
formação do intestino
larval ou seqüestro
Destinos em
do primórdio embrionário
32 células
Metamorfose em insetos
Eversão e Diferenciação dos Discos Imaginais
Muda Muda
Muda Muda
Muda
Muda
Muda
Adulto Adulto
Figura 19.13
(A) Metamorfose hemimetabólica (incompleta). (B) Metamorfose holometabólica (completa).
Olho
Tórax
Perna
Haltere
Asa Abdômen
Genitália
(A) (B)
Figura 19.15
Alongamento do disco imaginal. Eletromicrografia de varredura do disco da perna de Drosophila
no terceiro instar antes (A) e após (B) o alongamento. (De Fristrom et al., 1977, cortesia de D.
Fristrom.)
Coxa
Trocanter Membrana
peripodial T2-5
Tórax Fêmur
Fêmur T1 T1 Trocanter
presuntivo Tíbia Tíbia Tíbia Fêmur Tíbia T1 T2-5 Fêmur
Coxa
Garra
Trocanter Fêmur Coxa Tíbia
Tórax Fêmur Tórax Tórax
Coxa presuntivo Trocanter presuntivo (D)
Trocanter presuntivo
T2-5 T1
(A) Garras (B) (C)
Tarso
Figura 19.16
Seqüência de alongamento do disco da perna de Drosophila. (A) Vista da superfície do disco não Garras
invertido. (B,C) Secção longitudinal através do disco da perna em alongamento e completamente
invertido. t1, basitarso; t2-5, segmentos tarsais 2-5. (D) Perna adulta. (de Fristrom e Fristrom,
1975, cortesia de D. Fristrom.)
750 PARTE V Interações Durante a Formação do Órgão
Informações adicionais
& Especulações
Alcance do sinal Wg
Célula expressando wg
Primeiro instar Figura 19.20 membro (ou seja, a garra). Essa região
Anterior
Compartimentação e expressão gênica no dis- começa a expressar os genes Distal-less
Posterior
co da asa. (A) No primeiro instar da larva foi e arista-less que caracterizam a região da
formado o eixo ântero-posterior e é manifesta-
extremidade distal e estimulam o cresci-
do pela expressão do gene engrailed no com-
partimento posterior. No segundo instar, for- mento e a diferenciação das células (Fi-
Segundo instar gura 19.21A; Campbell et al., 1993; Basler
Ventral
ma-se o eixo dorsoventral, e é visto pela ex-
Dorsal A pressão do gene apterous na futura superfície e Struhl, 1994; Diaz-Nenjumea et al., 1994).
dorsal. No terceiro instar da larva, as bordas da Se a proteína Dpp é produzida por um
expressão de engrailed se estendem ligeiramen- aglomerado de células no compartimento
te além do limite de A/P. Onde há interação das anterior ventral ou se a proteína Wingless
proteínas secretadas e da membrana na junção
é expressa por um pequeno grupo de cé-
dos eixos D/V e A/P, as células são determina-
das a se tornar a extremidade distal da asa (X). lulas no compartimento anterior dorsal
Fim do terceiro instar Margem (ativando genes), um eixo próximo-distal
(De acordo com Blair, 1995.)
Ventral inteiramente novo será formado no local
perna é realizada por interações nos limi- da expressão (Figura 19.21B; Prancha 27).
Dorsal tes entre os eixos D/V e A/P. A situação na asa é um pouco mais difí-
Na perna, a proteína Hedgehog do cil de compreender. A proteína Hedgehog
compartimento posterior induz as células do compartimento posterior induz as célu-
mais próximas do compartimento anterior las adjacentes dos compartimentos anterior
Lâmina da asa dorsal, a secretar a proteína Decapenta- dorsal e anterior ventral a secretar Dpp. Isso
Adulto plegic e induz a proteína Wingless das estabelece as condições de crescimento
células mais próximas do compartimento celular e padronização ao longo do eixo A/
Dorsal Ventral anterior ventral. Ambas as proteínas, De- P. Nas células que dão origem à margem, as
Margem capentaplegic e Wingless ativam o gene células da superfície dorsal que expressam
optomotorblind, cujo produto protéico
promove o crescimento dos apêndices do
(A)
membro (Wilder e Perrimon, 1995; Grimm
e Pflugfelder, 1996). Ainda mais, onde es-
sas três proteínas difusíveis se encontram Distalless
se define a extremidade mais distal do
engrailed
apterous
ambos
(B) Anterior Posterior
Prancha 24
A proteína Myf-5 é expressa em precursores da célula muscular
expressa muscular..
Os elementos genéticos regulando a expressão temporal e espacial do gene Myf-5
podem ser discernidos fundindo-se o gene da β-galactosidase com as seqüências
envolvendo o loco Myf-5. Aqui, uma seqüência particular a montante do gene Myf-
5 causa a expressão do gene (cor preta) nos músculos do pescoço, arcos faríngeos,
músculos oculares, músculos dos membros anteriores, e miótomos segmentados do
embrião de camundongo de 13.5 dias. Capítulos 2 e 9. (Fotografia cortesia de A.
Patapoutian, G. Lyons, J. Miner e B. Wold.)
Prancha 25
Expressão assimétrica do gene nodal no
embrião do pinto de 24 horas.
Hibridização in situ da montagem total usando sondas para o gene nodal do
pinto encontra-o expresso no mesoderma da placa lateral somente do lado
esquerdo. Pode aqui ser visto como a região de cor púrpura. Esse gene é
importante para o estabelecimento do eixo esquerdo-direito do pinto. Capí-
tulo 16. (Cortesia de C. Stern.)
Prancha 26
Regulação da expressão
homeótica dos genes na
formação das patas dos insetos.
Ao contrário das lagartas das borboletas, as
larvas das moscas não têm pró-pernas. Aqui,
os produtos dos genes homeóticos Ultrabi-
thorax e abdominal-A estão corados de ver-
de e a proteína Distal-less (necessária para o
desenvolvimento dos membros) está cora-
da de laranja. Na larva precoce da borboleta
do castanheiro Precis, os membros torácicos
(de T1-3) são facilmente vistos. Alguns seg-
mentos abdominais (A3-6) começam a pro-
duzir “buracos” em seu domínio de expres-
são das proteínas homeóticas. Abaixo, quan-
do a lagarta cresceu, a expressão de Distal-
less pode ser vista nessas regiões. (O ama-
relo indica sobreposição de domínios de
expressão.) Capítulos 14, 19 e 23. (Foto-
grafias cortesia de B. Warren, S. Paddock e
S. Carroll.)
Prancha 27
A proteína Wingless tem um papel crítico na orga-
nização do disco alar imaginal de Drosophila
Drosophila..
Células na junção entre os compartimentos dorsal e ven- Prancha 28
tral do disco alar induzem a expressão da proteína Wingless Expressão ectópica do gene eyeless de Drosophila causa a
em uma estreita faixa de células abarcando esse limite. A formação de novos olhos em outras regiões do adulto.
proteína Wingless induz então a expressão de outras pro- Aqui, o gene eyeless foi ativado experimentalmente nas regiões da larva
teínas tal como a Vestigial (aqui corada de vermelho) a da mosca que formam a cutícula da cabeça. Na metamorfose, olhos
vários diâmetros de distância. Capítulo 19. (Fotografia compostos pigmentados emergiram desse tecido. Capítulo 23. (Foto-
cortesia de K. Basler.) grafia cortesia de W. Gehring e Science.)
Prancha 30
Expressão do fator de transcrição Oct4
no blastocisto do camundongo.
O fator de transcrição Oct4 é encontrado nas células que
irão formar o embrião, ao passo que está ausente naquelas
células que irão formar a placenta. A cromatina está corada
com iodeto de propídio (vermelho) enquanto a proteína
Prancha 29 Oct4 está corada de verde. A sobreposição é indicada pela
Polifenismo sazonal de Araschina levana
levana,, cor amarela que mostra a presença de Oct4 somente nas
a borboleta mapeada européia. células da massa celular interna. Capítulos 5 e 22. (Foto-
Várias espécies de borboletas desenvolvem-se de maneira diferente nas dife- grafia cortesia de H. R. Schöler.)
rentes estações do ano. Em A. levana, a forma de verão é representada no alto;
a forma de primavera é representada abaixo. Neste caso, as diferenças
desenvolvimentais são produzidas pelo ambiente, especificamente as diferen-
ças na duração do dia. Capítulo 21. (Fotografia cortesia de H. F. Nijhout.)
Prancha 31
Isoladores da expressão gênica.
A proteína BEAF-32 liga-se a centenas de sítios nos
cromossomos politênicos de Drosophila, dividindo
os cromossomos em domínios funcionais. Suspeita-
se que sinais regulatórios de um domínio não atra-
vessem o limite para o próximo. O DNA foi corado
de vermelho com iodeto de propídio. O anticorpo da
proteína BEAF-32 está corado de verde e a
sobreposição aparece em amarelo. Capítulo 11. (Fo-
tografia cortesa de U. K Laemmli.)
Prancha 33
Expressão assimétrica da proteína Flectina no
coração em desenvolvimento do pinto.
Essa proteína da matriz extracelular (corada de ama-
Prancha 32 relo) acumula-se predominantemente no lado esquer-
Polaridade dorsoventral do tubo neural do pinto. do do embrião do pinto no estágio 10. Capítulos 9 e
Sinais difusíveis da notocorda (tubo verde em baixo) induzem a forma- 16. (Fotografia confocal laser de varredura cortesia
ção da placa do assoalho no lado ventral do tubo neural (verde). As de K. Linask.)
células da placa do assoalho induzem a formação de duas regiões de
neurônios motor (dourado) nos lados ventrolaterais. A notocorda tam-
bém restringe a expressão da proteína Dorsalin (necessária para o de-
senvolvimento das células da crista neural) para a região mais dorsal do
tubo neural (azul). Capítulos 7 e 17. (Fotografia cortesia de T. M. Jessell.)
Prancha 35
Localização das células mesenquimatosas
ouriço--do
primárias no embrião do ouriço -mar
-mar..
do-mar
Prancha 34 Nesta micrografia confocal imunofluorescente somente é mos-
Cuidado parental de girinos de rã. trada parte da blástula mesenquimatosa. As células mesenqui-
Girinos da rã de jato-venenoso reticulada (‘poison-dart frog”) são matosas primárias estão coradas de verde e a β-catenina está
carregados no dorso de seus pais para pequenas poças de água na base corada de vermelho. β-catenina é vista nas junções aderentes das
de folhas de bromélia no dossel da floresta tropical. A fêmea das membranas celulares embrionárias, e também é encontrada no
espécies amazônicas do Peru, em seguida, supre ovos não-fertilizados citoplasma e núcleos das células que servem de alvos para a
como alimento aos girinos em desenvolvimento. Capítulo 9. (Foto- migração das células mesenquimatosas primárias. Capítulo 6.
grafia por M. Fogden/DRK Foto.) (Fotografia cortesia de J. R. Miller e D. McClay.)
CAPÍTULO 19 Hormônios e metamorfose 753
motor inervando o segundo músculo oblíquo da larva sobrevive a morte de seu alvo,
para inervar um músculo adulto recém-formado (o quarto músculo externo dorsal) que
se diferencia durante a metamorfose (Truman et al., 1985).
Em alguns casos, as funções larvais são assumidas por diferentes regiões no
adulto. O vaga-lume larval tem suas lanternas pareadas no oitavo (último) segmento
abdominal; os neurônios desse segmento controlam a luminescência da larva. Duran-
te a pupação, o sexto e o sétimo segmentos também desenvolvem os fotocitos produ-
tores de luz e os nervos para controlar a regulagem do flash. No fim da pupação,
somente o sexto e o sétimo segmentos têm lanternas funcionais. Ainda mais, se as
lanternas larvais forem removidas, as lanternas adultas ainda se formarão (Strause et
al., 1979). Portanto, o que havia sido uma função neural dos gânglios do oitavo seg-
mento se tornou uma função dos gânglios do sexto e sétimo segmentos.
Desde sua descoberta em 1954, quando Butenandt e Karlson isolaram 25mg de ecdisona a partir
de 500kg de pupas da mariposa do bicho-da-seda, a 20-hidroxiecdisona teve vários nomes, incluindo
β-ecdisona, ecdisterona e crustecdisona.
CAPÍTULO 19 Hormônios e metamorfose 755
Células
neurossecretoras Corpus
Cérebro cardiacum Hidroxiecdisona
20-hidroxiecdisona
Regulação
Corpus
allatum Epiderme L/P L/P Epiderme
Disco
imaginal
P,L/A
Proteína ligante Hormônio juvenil P/A Epiderme
(JHBP) discos P/A
imaginais
Hormônio
juvenil (JH)
JH-JHBP
para o desenvolvimento pupal. Os mRNAs específicos para as larvas não são subs-
tituídos e novos mRNAs são sintetizados, cujos produtos protéicos inibem a trans-
crição das mensagens larvais. Após o segundo pulso de ecdisona, são sintetizados
Hormônio juvenil novos produtos de genes específicos de pupas (Riddiford, 1982), e a muda subse-
qüente transforma o organismo de larva para pupa. Parece, portanto, que o primeiro
pulso de ecdisona durante o último instar larval desencadeia o processo que inativa
os genes específicos da larva e prepara para transcrição os genes específicos de
pupa. O segundo pulso de ecdisona transcreve os genes específicos para a pupa e
inicia a muda (Nijhout, 1994).
Até recentemente e desde a década de 1950, acreditava-se que o tipo de muda era
determinado pela concentração de hormônio juvenil no momento dos pulsos de
ecdisona. Altos níveis de JH induziam as larvas, níveis intermediários produziam pupas
e baixos níveis de JH produziam adultos (veja Piepho,1951; veja também o Capítulo 20
da Quarta Edição deste livro). Entretanto, quando o título de JH pôde efetivamente ser
Ecdisona determinado, encontrou-se que ele flutuava durante o período do último instar, tendo
picos e vales específicos. A metamorfose não está correlacionada a um declínio pro-
gressivo na atividade de JH e nem é causada por ele. O controle da metamorfose deve
ser mais complexo.
Na mariposa chifruda do tabaco Manduca sexta, existem momentos quando
diferentes células são sensíveis a hormônios juvenis (veja Figura 19.23). Como regra
geral, se o JH está presente em um período sensível ao hormônio, o estado corrente
do desenvolvimento é mantido, mas se o JH estiver ausente nesse período esse
tecido progredirá a um estágio de desenvolvimento mais maduro. O início e a dura-
ção do período sensível ao JH parece ser um estado autônomo da célula e não é
20-hidroxiecdisona controlado por hormônios (Nijhout, 1994). (Foi considerado que esse deve ser um
momento quando receptores de JH estão à disposição nesses tecidos.) Em cada
Figura 19.25 instar larval existe um período quando a presença de JH impede a transformação da
Estruturas de um hormônio juvenil de ocorrên- epiderme larval em epiderme pupal. Se o JH está presente, a epiderme continua a ser
cia comum, ecdisona, e do hormônio ativo da larval; se o JH está ausente, ela se torna pupal. Em larvas no penúltimo instar, os
muda, 20-hidroxiecdisona. títulos de JH conseguem reter a epiderme no seu estado larval. Durante o último
instar existem duas janelas de sensibilidade ao JH. A primeira é para a epiderme;
nesse momento, entretanto, os níveis de JH já baixaram significativamente e a
epiderme será transformada de larval a pupal. O segundo período sensível ao JH diz
respeito ao tecido do disco imaginal. Nesse momento, todavia, o título de JH aumen-
tou novamente, de modo que os discos imaginais não são instruídos para inverter
ou diferenciar. A muda transforma a larva em pupa (Nijhout e Wheeler, 1982). No
momento seguinte, ocorrem pulsos de ecdisona, e não se identifica JH nos períodos
críticos. A epiderme se transforma de pupal à adulta, e os discos imaginais podem
inverter e se diferenciar. A injeção de JH na pupa nesse momento pode fazer com que
ele mude para uma segunda pupa (Williams, 1959).
Como na metamorfose da rã, a regulagem da ecdise deve ser meticulosamente
coordenada. Muitos dos comportamentos vistos durante a metamorfose são caracte-
rísticos daquele estágio, e o fracasso em realizá-los deixa o inseto fatalmente enredado
na sua velha cutícula. A coordenação dos movimentos e trocas de cutícula é provavel-
mente regulada por uma cascata de hormônios, onde o hormônio da eclosão do cére-
bro ativa a secreção de hormônios desencadeadores de ecdise pelas células na base
de cada espiráculo. Os hormônios desencadeadores de ecdise sinalizariam os gânglios
abdominais de cada segmento para iniciar os movimentos que permitem que a larva
descarte sua velha casca (Žitòan et al., 1996).
Na Drosophila, existe uma variação desse tema geral (Riddiford, 1993). A ecdisona
é liberada pela glândula em anel (uma estrutura tendo regiões similares tanto ao
corpus allatum como a glândula protorácica). Um pulso de ecdisona com título alto
no fim do terceiro instar sinaliza o início da metamorfose. A larva cessa o movimento,
inverte seus espiráculos e permite que a cutícula larval endureça em um puparium
(casulo pupal) que envolve o organismo durante sua metamorfose. Nesse estágio,
CAPÍTULO 19 Hormônios e metamorfose 757
os discos imaginais se invertem para formar o esquema básico do corpo adulto, mas
ainda com a cabeça presa dentro da cavidade do corpo. Após 12 horas (a 25°C), um
breve pulso de ecdisona desencadeia a emergência da cabeça a partir do tórax e a
transição de “prepupa” à pupa. A cabeça é empurrada para fora pela contração de
músculos abdominais, que empurram uma bolha de ar para o interior, produzindo um
espaço para a cabeça everter (Fristrom e Fristrom, 1993). Um surto subseqüente de
ecdisona completa a diferenciação final da pupa de Drosophila para a forma adulta,
imediatamente antes da eclosão, a “produção” do adulto a partir do casulo pupal.
Como em outros insetos, a Drosophila tem um hormônio de eclosão que inicia os
movimentos e comportamentos que permitem ao adulto se desvencilhar de seu ca-
sulo pupal para um mundo maior.
Figura 19.26
Tufos induzidos por ecdisona em células cultivadas da glândula salivar de
D. melanogaster. Aqui, a região do cromossomo é a mesma da Figura
2.13. A formação de tufos é induzida pela ecdisona. (i) Controle não
induzido. (ii-v) Cromossomos estimulados por hidroxiecdisona após 25
minutos, 1, 2 e 4 horas. (Cortesia de M. Ashburner.)
758 PARTE V Interações Durante a Formação do Órgão
outros regridem (Figura 19.26). A formação de tufos é mediada pela ligação de hidro-
xiecdisona a locais específicos nos cromossomos; anticorpos fluorescentes contra
a hidroxiecdisona encontram esse hormônio localizado nas regiões sensíveis a ele
(Gronemeyer e Pongs, 1980).
A1 A2 A3
Seqüências lider ou
seguidora (não traduzidas)
Éxons traduzidos
Íntrons
mRNA precoce-tardio
mRNA prepupal intermediário
(B) Larva
precoce do Larva tardia Prepupa Prepupa
terceiro do terceiro intermediária tardia
instar instar
Baixa Alta Baixa Alta
concentra- concentra- concentra- concentra-
ção de ção de ção de ção de
ecdisona ecdisona ecdisona ecdisona
* As proteínas E74A e E74B se originam do mesmo gene pela ativação de diferentes promoto-
res. Ambas partilham a mesma ponta carboxi-terminal com sua região de ligação a DNA. Entretan-
to, a proteína E74A tem um amino terminal mais longo. Os mRNAs de E74B são transcritos em
concentrações de ecdisona dez vezes menores do que aquelas necessárias para ativar a transcrição
das mensagens de E74A (Karim e Thummel, 1991).
Informações adicionais
& Especulações
Adulto
Segundo Terceiro Quarto Quinto
estágio estágio estágio estágio
Primeiro da ninfa da ninfa da ninfa da ninfa
estágio
da ninfa
Precoceno 1
Após tratamento
com precocenos
no estágio 2 Figura 19.31
Metamorfose precoce no inseto Dysdercus causada por precocenos. (A) Es-
trutura de dois precocenos ativos encontrados em plantas. (B) Desenvolvi-
Adulto precoce mento inibido no Dysdercus. Quando ninfas no segundo estágio são tratadas
Precoceno 2
com precocenos, elas se metamorfoseiam em adultos precoces estéreis em
lugar de continuar sua seqüência de mudas do desenvolvimento normal. (De
(A) (B) acordo com Bowers et al., 1976.)
(Bowers et al., 1966; Sláma e Williams, cenos e suas estruturas químicas estão hormônio juvenil é também responsável
1966; Williams, 1970), e provavelmente usa representadas na Figura 19.31A. Quando pela maturação do ovo do inseto (Capítu-
esse análogo do hormônio juvenil para se as larvas ou ninfas desses insetos são lo 21). Sem esse hormônio, as fêmeas são
livrar de certos predadores de insetos. pulverizadas com qualquer um dos com- estéreis. Assim, os precocenos podem
Outras plantas têm compostos que postos, elas sofrem mais uma muda e se proteger as plantas causando uma meta-
produzem o mesmo efeito- a morte de pre- metamorfoseia à forma adulta (Figura morfose prematura de certas larvas de in-
dadores de insetos- mas o fazem induzin- 19.31B). Precocenos causam a morte sele- setos a adultos estéreis.*
do a metamorfose muito cedo. Dois com- tiva das células do corpus allatum no in-
postos que foram isolados de ervas com- seto imaturo (Schooneveld, 1979; Pratt et
postas causam metamorfose precoce em al., 1980). Essas células são responsáveis
larvas de certos insetos transformando- pela síntese do hormônio juvenil. Sem esse Muitas mais dessas mudanças induzidas pelo
os em adultos estéreis (Bowers et al., 1976). hormônio, a larva começa suas mudas ambiente no desenvolvimento das larvas serão
Esses compostos são chamados preco- metamórficas e imaginais. Mais ainda, o discutidas no Capítulo 21.
Estágio embrionário
(B) (C)
à corda mamária. Essa corda abre na pele, em uma extremidade, formando um mamilo
enquanto a outra extremidade começa a se ramificar em dutos. Aqui o desenvolvi-
mento cessa até a puberdade.
O desenvolvimento do tecido mamário no camundongo macho é idêntico ao da
fêmea até 13-15 dias de gestação. Nessa época, o mesênquima se condensa ao redor
do centro do broto mamário, e as células da corda morrem. Portanto, uma pequena
corda de células epiteliais é destacada da pele (Figura 19.33), e a glândula mamária não
se estende até a superfície. Não ocorre desenvolvimento adicional.
Essa morte celular na corda mamária dos machos tem sido estudada cultivando
os brotos mamários in vitro. Tais brotos de camundongos fêmeas normalmente
desenvolvem lóbulos conectados à superfície (Figura 19.34). Entretanto, se testos-
terona é adicionada ao meio de cultura, os brotos se degeneram. Os brotos mamários
de camundongos machos também desenvolvem lóbulos quando cultivados em au-
sência de testosterona; portanto, o hormônio testosterona impede o desenvolvi-
mento mamário no macho. A testosterona motiva essa morte celular específica ins-
truindo as células mesenquimatosas a destruir a corda epitelial. Isso foi mostrado
por uma série de experimentos de recombinação. Existe em camundongos (e também
em humanos) uma mutação chamada síndrome de insensibilidade androgênica, na
qual indivíduos cromossomicamente machos (XY) não produzem um receptor funci-
onal de testosterona. Assim, apesar desses indivíduos possuírem testículos que
estão secretando testosterona ativamente, eles são incapazes de responder a ela.
Um dos resultados é que esses indivíduos têm um desenvolvimento mamário do
tipo feminino (veja Figura 19.9). Kratochwil e Schwartz (1976) isolaram células epiteliais
e mesenquimatosas a partir de brotos mamários normais e mutantes e os cultivaram Figura 19.33
em várias combinações. Algumas culturas tiveram a adição de testoterona e outras Rudimento mamário em um feto de camun-
não. Os resultados estão mostrados na Figura 19.35. Quando ambos, o mesênquima dongo macho. O rudimento (flecha) se sepa-
e o epitélio, eram do tipo selvagem, o rudimento se desenvolvia em tecido mamário. rou da epiderme. (de Raynaud, 1961.)
764 PARTE V Interações Durante a Formação do Órgão
Haste
Lóbulos
(A) TECIDO NORMAL (B) TECIDO DE FÊMEA (C) TECIDO DE MACHO
DE FÊMEA MAIS TESTOSTERONA SEM TESTOSTERONA
Figuras 19.35
Evidência de que a célula mesenquimatosa é o
alvo da testosterona na interrupção do desen-
volvimento mamário. (A) Cultivo de um rudi- (A) (B)
mento mamário de um embrião de fêmea de 14
dias. (B) Rudimento mamário de um embrião
de macho de 14 dias começando sua resposta à
testosterona. (C) Broto mamário recombinado
contendo células epiteliais do tipo selvagem e
mesênquima insensível a andrógenos, cultiva-
do com testosterona. Não se verifica resposta a
andrógenos. (D) Broto mamário recombinado
contendo células epiteliais insensíveis a
andrógenos e mesênquima do tipo selvagem,
cultivado com testosterona. As células mesen-
quimatosas estão condensando na constrição
do broto. (de Kratochwil e Schwartz, 1976,
cortesia de K. Kratochwil.) (C) (D)
CAPÍTULO 19 Hormônios e metamorfose 765
Adolescência
Insulina e hidrocortisona
(divisão celular e Prolactina
diferenciação) (sem divisão celular)
Retículo
endoplasmático
rugoso
(A)
(B)
Figura 19.37
Diferenciação da glândula mamária dependen-
te de hormônios. (A) Diagrama esquemático
do desenvolvimento dependente de hormônio
da glândula mamária in vitro. (B) Auto-radio-
grafia da glândula mamária de um camundon-
go virgem com uma sonda de cDNA radioati-
vo para o mRNA da caseína. (C) Auto-radio-
grafia da glândula mamária de um camundon-
go em lactação, com uma sonda de cDNA re-
conhecendo a mensagem da caseína. (D) Auto-
radiografia da glândula mamária de um camun-
dongo virgem incubada com insulina, hidro-
cortisona e prolactina, 72 horas antes de ser
submetida a uma sonda de cDNA para a men-
sagem da caseína. (A de acordo com Turkington,
1968; B-D de Liscia et al., 1988; fotografias
cortesia de G. Smith.)
(C) (D)
Insulina + hidrocortisona
Figura 19.38 (A)
Insulina, hidrocortisona
Níveis de mRNA de β-caséina em culturas de células da glândula mamária de camundongo em
Insulina + prolactina
diferentes condições de cultura. (A) mRNA endógeno de β-caseína quando as células foram
Somente Insulina
cultivadas durante 6 dias em matriz extracelular ou plástico em meio contendo hormônios como
insulina, hidrocortisona ou prolactina. A matriz extracelular e a prolactina foram essenciais. (B)
+ prolactina
Expressão do gene repórter CAT quando fundido a uma construção contendo o intensificador e Hormônios
o promotor de β-caseína. O gene fundido foi transfectado para células mamárias do camundongo
cultivadas durante 6 dias sob várias condições de substrato e hormônios. O gene fundido foi
expresso somente em presença de prolactina e matriz extracelular. Sem o intensificador (tendo
somente o promotor), não houve transcrição em nenhuma das condições. (De acordo com
Matriz extracelular
Matriz extracelular
Matriz extracelular
Matriz extracelular
Schmidhauser et al., 1992.)
Substratos
Plástico
Plástico
Plástico
Plástico
específica na molécula de MGF. O MGF fosforilado pode entrar no núcleo e se ligar à
região do promotor nos genes das proteínas do leite (Groner e Gouilleux, 1995). A Auto-radiograma
separação dos filhotes da mãe durante a lactação resulta em um rápido decréscimo da
atividade de MGF. A volta à amamentação dos filhotes faz com que a atividade volte ao β-caseína
seu máximo dentro de 4 horas. O efeito pode ser mediado pelos hormônios pituitários
ou hipotalâmicos que são responsivos à sucção (Schmitt-Ney et al., 1992).
A caseína é sintetizada nas células mamárias competentes em resposta à prolactina
somente quando as células estão ancoradas a uma matriz extracelular (Figura 19.38). O (B)
intensificador de β-caseína é responsivo a ambos, a prolactina e a matriz extracelular.
Usando um gene repórter (CAT) ligado a diferentes regiões da seqüência flanqueando
Síntese de CAT
a ponta 5’, Schmidhauser e colegas (1992) encontraram uma seqüência com 160 pares
de bases, a 1517 pares de bases do sítio de início da transcrição (Figura 19.39). Esse
sítio intensificador só funciona em células mamárias, e é responsivo à prolactina e à
matriz extracelular (veja Figura 19.38B).
Portanto, o desenvolvimento da glândula mamária envolve uma complexa interação
de vários hormônios, proteínas parácrinas e fatores ambientais em quatro diferentes
estágios da vida: embrionário, adolescência, gravidez e lactação. A glândula mamária
nunca se desenvolve em machos normais e não se torna um órgão completamente Intensificador Promotor Gene
de β-caseína de β-caseína CAT
diferenciado nas fêmeas até a metade da gravidez no organismo adulto. Estudos desse
órgão nos deu uma visão da complexidade do controle local e hormonal no desenvol-
vimento de mamíferos.
Atividade de CAT
CAT (cpm convertidas/min/µg)
Deleções no 5’ da β-caseína
Figura 19.39
Construções importantes na identificação do intensificador do gene da β-caseína no camundon-
go. O gene CAT foi usado como um repórter e foi fundido à ponta 5’ do gene da β-caseína no
camundongo. A exonuclease removeu pedaços sucessivamente maiores da região do gene
flanqueando a ponta 5’. Enquanto o gene contendo 1677 pares de bases na seqüência flanqueando
a ponta 5’ foi totalmente ativo, a seqüência contendo somente 1517 pares de bases apresentou
pouca atividade. Portanto, foi postulado que o intensificador estava dentro dos 160 pares de
bases. (De acordo com Schmidhauser et al., 1992.)
768 PARTE V Interações Durante a Formação do Órgão
Vimos que a regulação difusível nas interações célula-célula são também importan-
tes na regulação do desenvolvimento. Estudando a reativação do desenvolvimento
que ocorre durante a metamorfose e o desenvolvimento da mama, podemos identificar
o papel dos hormônios na elicitação de novos padrões de diferenciação e morfogêne-
se. Podemos também ver as interações entre o desenvolvimento do organismo e o
ecossistema do qual ele faz parte. No próximo capítulo, estudaremos os papéis de
fatores difusíveis e autônomos da célula nos processos responsáveis pelo desenvol-
vimento das gônadas e pela determinação do sexo.
LITERATURA CITADA
Alberch, P. and Alberch, J. 1981. Hete-rochronic Blair, S. S. 1995. Compartments and appendage Cohen, B., Simcox, A. A. and Cohen, S. M. 1993.
mechanisms of morphological diversification development in Drosophila. Bio. Essays 17: Allocation of the thoracic imaginal primordia
and evolutionary change in the neotropical 299-309. in the Drosophila embryo. Development 117:
salamander Bolitoglossa occidentalis (Amphibia: 597-608.
Bowers, W. S., Fales, H. M., Thompson, M. J.
Plethodontidae). J. Morphol. 167: 249-264.
and Uebel, E. C. 1966. Identification of an Cohen, P. P. 1970. Biochemical differentiation
Allen, B. M. 1916. Extirpation experiments in active compound from balsam fir. Science 154: during amphibian metamorphosis. Science 168:
Rana pipiens larva. Science 44: 755-757. 1020-1021. 533-543.
Alley, K. E. and Barnes, M. D. 1983. Birth-dates Bowers, W. S., Ohta, T., Cleere, J. S. and Marsella, Cohen, P. P., Brucker, R. F. and Morris, S. M.
of trigeminal motor neurons and metamorphic P. A. 1976. Discovery of insect anti-juvenile 1978. Cellular and molecular aspects of thyroid-
reorganization of the jaw myoneural system in hormones in plants. Science 193: 542-547. hormone action during amphibian metamorpho-
frogs. J. Comp. Neurol. 218: 395-405. sis. Harm. Prot. Peptides 6: 273-381.
Brenner, S. 1996. Francisco Crick in Paradiso.
Ashburner, M. 1972. Patterns of puffing activity Curr. Biol. 6:1202. Coleman, S., Silberstein, G. B. and Daniel, C.
in the salivary glands of Drosophila. VI. W. 1988. Ductal morphogenesis in the mouse
Brower, D. L. and Jaffe, S. M. 1989. Requirements
Induction by ecdysone in salivary glands of D. mammary gland: Evidence supporting a role
for integrins during Drosophila wing develop-
melanogaster cultured in vitro. Chromosoma for epidermal growth factor. Dev. Biol. 127:
ment. Nature 342: 285-287.
38: 255-281. 304-315.
Brown, P. S. and Frye, B. E. 1969. Effect of
Ashburner, M. 1974. Sequential gene activation Condic, M. L., Fristrom, D. and Fristrom, J. W.
prolactin and growth hormone on growth and
by ecdysone in polytene chromosomes of Dro- 1990. Apical cell shape changes during Drosophila
metamorphosis of tadpoles of the frog Rana
sophila melanogaster. II. Effects of inhibitors imaginal leg disc elongation: A novel morphogenetic
pipiens. Gen. Comp. Endocrinol. 13: 139-145.
of protein synthesis. Dev. Biol. 39: 141-157. mechanism. Development 111: 23-33.
Brust, D. G. 1993. Maternal brood care by
Ashburner, M. 1990. Puffs, genes, and hormones Crossgrove, K., Bayer, C. A., Fristrom, J. W.
Dendrobates pumilio: A frog that feeds its young.
revisited. Cell 61: 1-3. and Guild, G. M. 1996. The Drosophila Broad
J. Herpatol. 26: 102-105.
Complex early gene directly regulates late gene
Ashburner, M. and Berondes, H. D. 1978. Puffing
Bryant, P. J. 1970. Cell lineage relationships in transcription during the ecdysone-in-duced
of polytene chromosomes. In The Genetics and
the imaginal wing disc of Drosophila melano- puffing cascade. Dev. Biol. 180: 745-758.
Biology of Drosophila, Vol. 2B. Academic Press,
gaster. Dev. Biol. 22: 389-411.
New York, pp. 316-395. Currie, J. and Cowan, W. M. 1974. Evidence for
Buckbinder, L. and Brown, D. D. 1993. Expres- the late development of the uncrossed retino-
Baker, B. S. and Tata, J. R. 1992. Prolactin
sion of the Xenopus prolactin and thyrotropin thalamic projections in the frog Rana pipiens.
prevents the autoinduction of thyroid hormone
genes during metamorphosis. Proc. Natl. Acad. Brain Res. 71: 133-139.
receptor mRNAs during amphibian metamor-
Sci. USA 90: 3820-3824.
phosis. Dev. Biol. 149: 463-467. De Beer, G, 1940. Embryos and Ancestors.
Butenandt, A. and Karlson, P. 1954. Über die Clarendon Press, Oxford.
Basler, K. and Struhl, G. 1994. Compartment
Isolierung eines Metamorphosen-Hormons der
boundaries and the control of Drosophila limb del Pino, E. M. and Elinson, R. P. 1983. A
Insekten in kristallisierter Form. Z. Naturforsch.,
pattern by hedgehog pro-tein. Nature 368: novel development pattern for frogs: Gastru-
Teil B 9: 389-391.
208-214. lation produces an embryonic disk. Nature 306:
Campbell, G., Weaver, T. and Tomlinson, A. 589-591.
Begon, M., Harper, J. L. and Townsend, C. R.
1993. Axis specification in the developing Dro-
1986. Ecology: Individuals, Populations, and Diaz-Benjumea, F. J. and Cohen, S. M. 1993.
sophila appendage: The role of wingless, deca-
Communities. Blackwell Scientific, Oxford. Interaction between dorsal and ventral cells in
pentaplegic, and the homeobox gene aristaless.
the imaginal disc directs wing development in
Bern, H. A., Nicoll, C. S. and Strohman, R. C. Cell 74: 1113-1123.
Drosophila. Cell 75: 741-752.
1967. Prolactin and tadpole growth. Proc. Soc.
Causo, J. P., Bate, M. and Martánez-Arias, A.
Exp. Biol. Med. 126: 518-521. Diaz-Benjumea, F. J., Cohen, B and Cohen, S,
1993. A wingless-dependent polar coordinate
M. 1994. Cell interaction between compart-
Blair, S. S. 1993. Mechanisms of compartment system in Drosophila imaginal discs. Science
ments establishes the proximal-distal axis of
formation: Evidence that non-proliferating cells 259: 484-489.
Drosophila wings. Nature 372: 175-179.
do not play a role in defining the D/V lineage
Clever, U. 1966. Induction and repression of
restriction in the develop ing wing of Drosophi- Dürnberger, H. and Kratochwil, K. 1980.
a puff in Chironomus tentans. Dev. Biol. 14:
la. Development 119: 339-351. Specificity of tissue interaction and origin of
421-438.
CAPÍTULO 19 Hormônios e metamorfose 769
mesenchymal cells in the androgen response Garcia-Bellido, A., Ripoll, P. and Morata, G. 1973. Hinegardner, R. T. 1969. Growth and develop-
of the embryonic mammary gland. Cell 19: Developmental compartmentalization of the ment of the laboratory cultured sea urchin. Biol
465-471. wing disc of Drosophila. Nat. New Biol. 245: Bull. 137: 465-475.
251-253.
Eisen, A. Z. and Gross, J. 1965. The role of Hogg, N. A. S., Harrison, D. J. and Tickle, C.
epithelium and mesenchyme in the production Geigy, R. 1941. Die metamorphose als Folge 1983. Lumen formation in the mammary gland.
of a collagenolytic enzyme and a hyaluronidase gewebsspezifischer determination. Rev. Suisse J. Embryol. Exp. Morphol. 73: 39-57.
in the anuran tadpole. Dev. Biol. 12: 408-418. Zoo/. 48: 483-494.
Hoskins, E. R. and Hoskins, M. M. 1917. On
Elinson, R. P. 1987. Change in developmental Gilbert, L. I. and Goodman, W. 1981. Chemistry, thyroidectomy in amphibia. Proc. Soc. Exp. Biol.
patterns: Embryos of amphibians with large eggs. metabolism, and transport of hormones con- Med. 14: 74-75.
In R. A. Raff and E. C. Raff (eds.), Development trolling insect metamorphosis. In L. I. Gilbert
Hoskins, S. G. and Grobstein, P. 1984. Thy-roxine
as an Evolutionary Process. Alan R. Liss, New and E. Frieden (eds.), Metamorphosis: A Pro-
induces the ipsilateral retinothala-mic projection
York, pp. 1-21. blem in Developmental Biology. Plenum, New
in Xenopus laevis. Nature 307: 730-733.
York, pp. 139-176.
Emery, I. F., Bedian, V. and Guild, G. M. 1994.
Hoskins, S. G. and Grobstein, P. 1985a. Develop-
Differential expression of Broad-Complex trans- Gould, S. J. 1977. Ontogeny and Phylogeny.
ment of the ipsilateral retinothalamic projection
cription factors may forecast tissue-specific de- Harvard University Press, Cambridge, MA, p. 283.
in the frog Xenopus laevis. II. Ingrowth of optic
velopmental fates during Drosophila metamor-
Granger, N. A. and Bollenbacher, W. E. 1981. nerve fibers and production of ipsilaterally
phosis. Development 120: 3275-3287.
Hormonal control of insect metamorphosis. In projecting cells. J. Neurosci. 5: 920-929.
Etkin, W. and Gona, A. G. 1967. Antagonism L. I. Gilbert and E. Frieden (eds.), Metamorpho-
Hoskins, S. G. and Grobstein, P. 1985b. Deve-
between prolactin and thyroid hormone in sis: A Problem in Developmental Biology.
lopment of the ipsilateral retinothalamic
amphibian development. J. Exp. Zool. 165: Plenum, New York, pp. 105-138.
projection in the frog Xenopus laevis. III. The
249-258.
Grimm, S. and Pflugfelder, G. O. 1996. Control role of thyroxine. J. Neurosci. 5: 930-940.
Fallon, J. F. and Simandl, B. K. 1978. Evidence of a of the gene optomotor-blind in Drosophila wing
Huxley, J. 1920. Metamorphosis of axolotl
role for cell death in the disappearance of the development by decapentaplegic and wingless.
caused by thyroid feeding. Nature 104: 436.
embryonic human tail. Am. J. Anal. 152: 111-130. Science 271: 1601-1604.
Irvine, K. D.and Wieschaus, E. 1994. fringe, a
Forehand, C. J. and Farel, P. B. 1982. Spinal cord Grobstein, P. 1987. On beyond neuronal specificity:
boundary-specific signaling molecule, mediates
development in anuran larvae. I. Primary and Problems in going from cells to networks and from
interactions between dorsal and ventral cells
secondary neurons. J. Comp. Neurol. 209: 386-394. networks to behavior. In P. Shinkman (ed.),
during Drosophila wing development. Cell 79:
Advances in Neural and Behavioral Development,
Fox, H. 1973. Ultrastructure of tail degeneration 595-606.
Vol. 3, Ablex, Nor-wood, NJ, pp. 1-58.
in Rana temporaria larva. Folia Morphol. 21:
Jiang, J. and Struhl, G. 1996. Complementary
103-112. Gronemeyer, H. and Pongs, O. 1980. Localiza-
and mutually exclusive activities of decapenta-
tion of ecdysterone on polytene chromosomes
Frieden, E. 1981. The dual role of thyroid plegic and wingless organize axial patterning
of Drosophila melanogaster. Proc. Natl. Acad.
hormones in vertebrate development and during Drosophila leg develop-ment. Cell 86:
Sci. USA 77: 2108-2112.
calorigenesis. In L. I. Gilbert and E. Frieden (eds.), 401-409.
Metamorphosis: A Problem in Developmental Groner, B. and Gouilleux F. 1995. Prolactin-
Kalm, L., von, Fristrom, D. and Fristrom, J. 1995.
Biology. Plenum, New York, pp. 545-564. mediated gene activation in mammary ep-ithelial
The making of a fly leg: a model for epithelial
cells. Curr. Opin. Genes Dev. 5: 587-594.
Fristrom, D. and Fristrom, J. W. 1975. The morphogenesis. BioEssays 17: 693-702.
mechanisms of evagination of imaginal disks of Gudernatsch, J. F. 1912. Feeding experiments
Kaltenbach, J. C., Fry, A. E. and Leius, V. K.
Drosophila melanogaster. I. General considera- on tadpoles. I. The influence of specific organs
1979. Histochemical patterns in the tadpole tail
tions. Dev. Biol. 43: 1-23. given as food on growth and differentiation. A
during normal and thyroxine-induced metamor-
contribution to the knowledge of organs with
Fristrom, D. and Fristrom, J. W. 1993. The phosis. II. Succinic dehydrogenase, Mg- and Ca-
internal secretion. Wilhelm Roux Arch. Entwi-
metamorphic development of the adult adenosine triphosphatases, thiamine pyrophos-
cklungsmech. Org. 35: 457-483.
epidermis. In M. Bate and A. Martinez-Arias, phatase, and 5' nucleotidase. Gen. Comp.
(eds.) The Development of Drosophila melano- Guillen, I., Mullor, J. L., Capdevilla, J., Sanchez- Endocrinol. 38: 111-126.
gaster. Cold Spring Harbor Laboratory Press, Herrero, E., Morata, G. and Guerrero, I. 1995.
Kanamori, A. and Brown, D. D. 1992. The
Cold Spring Harbor, pp. 843-897. The function of engrailed and the specification
regulation of thyroid hormone receptor b genes
of Drosophila wing pattern. Development 121:
Fristrom, J. W. 1972. The biochemistry of by thyroid hormone in Xenopus lae-vis. J. Biol.
3447-3456.
imaginal disc development. In H. Ursprung and Chem. 267: 739-745.
R. Nothiger (eds.), The Biology of Imaginal Hanken, J. and Hall, B. K. 1988. Skull develop-
Karim, F. D. and Thummel, C. S. 1991. Ecdysone
Discs. Springer-Verlag, Berlin, pp. 109-154. ment during anuran metamorphosis II. Role of
coordinates the timing and amounts of E74A
thyroid hormones in osteogenesis. Anat.
Fristrom, J. W., Raikow, R., Petri, W. and and E74B transcription in Drosophila. Genes
Embryol. 178: 219-227.
Stewart, D. 1969. In vitro evagination and RNA Dev. 5: 1067-1079.
synthesis in imaginal discs of Drosophila mela- Held, L. I. Jr. 1995. Axes, boundaries and
Karp, G. and Berrill, N. J. 1981. Development.
nogaster. In E. W. Hanley, Problems in Biolo- coordinates: the ABCs of fly leg development.
McGraw-Hill, New York.
gy: RNA in Development. University of Utah BioEssays 18: 721-732.
Press, Salt Lake City. Kawahara, A., Baker, B. S. and Tata, J. R.
Hepburn, H. R. 1985. Structure of the integu-
1991. Developmental and regional expressi-
Fristrom, J. W., Fristrom, D., Fekete, E. and ment. In G. A. Kerkut and L. I. Gilbert (eds.),
on of thyroid hormone receptor genes during
Kuniyuki, A. H. 1977. The mechanism of Comprehensive Insect Physiology, Biochemistry,
Xenopus metamorphosis. Development 112:
evagination of imaginal discs of Drosophila and Pharmacology, Vol 3. Perga-mon Press,
933-943.
melanogaster. Am. Zool. 17: 671-684. Oxford, pp. 1-58.
770 PARTE V Interações Durante a Formação do Órgão
Kawakami, A. and 9 others 1990. Molecular Lynn, W. G. and Peadon, A. M. 1955. The role Norris, D. O., Jones, R. E. and Criley, B. B.
cloning of the Bombyx mori prothoraci-cotropic of the thyroid gland in direct development of 1973. Pituitary prolactin levels in larval,
hormone. Science 247: 1333-1335. the anuran Eleutherodactylus martinicenis. neotenic, and metamorphosed salamanders
Growth 19: 263-286. (Ambystoma tigrinum). Gen. Comp. Endocrinol.
Kim, J., Irvine, K. D. and Carroll, S. B. 1995.
20: 437-42.
Cell recognition, signal induction, and symme- Madhavan, M. M. and Schneiderman, H. A.
trical gene activation at the dorsal-ventral 1977. Histological analysis of the dynamics of Oofusa, K. and Yoshizato, K. 1991. Biochemical
boundary of the developing Drosophila wing. growth of imaginal disc and histioblast nests and immunological characterization of collage-
Cell 82: 795-802. during the larval development of Drosophila nase in tissues of metamorphosing bullfrog
melanogaster. Wilhelm Roux Arch. Dev. Biol. tadpoles. Dev. Growth Differ. 33: 329-339.
Kim, J., Sebring, A., Esch, J. J., Kraus, M. E.,
183: 269-305.
Vorwrk, K., Magee, J. and Carroll, S. B. 1996. Patterson, D., Hayes, W. P. and Shi, Y. B. 1995.
Integration of positional information and Martin, F. D. and Drewry, G. E. 1978. Develop- Transcriptional activation of the metallopro-
identity by Drosophila vestigial gene. Nature ment of Fishes of the Mid-Atlantic Bight, Vol. 6. U. teinase gene stromelysin-3 coincides with thyroid
382: 133-138. S. Department of the Interior, Washington, D.C. hormone-induced cell death during frog
metamorphosis. Dev. Biol. 167: 252-262.
Kinoshita, T., Takahama, H., Sasaki, F. and Mathison, P. M. and Miller, L. 1987. Thyroid
Watanabe, K. 1989. Determination of cell death hormone induction of keratin genes: A two-step Pehrson, J. R. and Cohen, L. H. 1986. The fate
in the developmental process of anu-ran larval activation of gene expression dur-ing develop- of the small micromeres in sea urchin develop-
skin. J. Exp. Zool. 251: 37-46. ment. Genes Dev. 1: 1107-1117. ment. Dev. Biol. 113: 522-526.
Klijn, I. G. M., Berns, P. M. J. J., Schmitz, P. I. McCutcheon, F. H. 1936. Hemoglobin function Piepho, H. 1951. Über die Lenkung der In-
M. and Foekens, J. A. 1992. The clinical during the life history of the bullfrog. J. Cell. sektenmetamorphose durch Hormone. Verh.
significance of EGF-R in human breast cancer: A Comp. Physiol. 8: 63-81. dtsch. Zool. Gessel. 62-76.
review of 5232 patients. Endocr. Rev. 13: 3-17.
McIntyre, B. S., Birkenfeld, H. P. and Sylvester, Pino-Heiss, S. and Schubiger, G. 1989. Extrace-
Kistler, A., Yoshizato, K. and Frieden, E. 1977. P. W. 1995. Relationship between EGFR levels, llular protease production by Drosophila
Preferential binding of tri-substituted thyronine autophosphorylation, and mitogenic resposive- imaginal discs. Dev. Biol. 132: 282-291.
analogs by bullfrog tadpole tail fin cytosol. ness in normal mouse mammary epithelial cells
Postlethwait, J. H. and Schneiderman, H. A.
Endocrinology 100: 134-137. in vitro. Cell Pro-lif. 28: 45-56.
1971. Pattern formation and determination in
Koelle, M. R., Talbot, W. S., Segraves, W. A., Meinhardt, H. 1980. Cooperation of compart- the antenna of the homeotic mutant Antenna-
Bender, M. T., Cherbas, P. and Hogness, D. S. ments for the generation of positional informa- pedia of Drosophila melanogaster. Dev. Biol.
1991. The Drosophila EcR gene encodes an tion. Z. Naturforsch. 35c: 1086-1091. 25: 606-640.
ecdysone receptor, a new member of the steroid
Mitchell, A. W. 1988. The Enchanted Canopy. Prahlad, K. V. and DeLanney, L. E. 1965. A
receptor superfamily. Cell 67: 59-77.
Macmillan, New York. study of induced metamorphosis in the ax-olotl.
Kollros, J. J. 1961. Mechanisms of amphibian J. Exp. Zool. 160:137-146.
Mori, M., Morris, S. M., Jr. and Cohen, P. P.
metamorphosis: Hormones. Am. Zool. 1: 107-114.
1979. Cell-free translation and thyroxine Pratt, G. E., Jennings, R. C., Hammett, A. F. and
Kratochwil, K. 1971. In vitro analysis of the induction of carbamylphosphate synthetase I Brooks, G. T. 1980. Lethal metabolism of
hormonal basis for sexual dimorphism in the messenger RNA in tadpole liver. Proc. Natl. precocene-I to a reactive epoxide by locust
embryonic development of the mouse mammary Acad. Sci. USA 76: 3179-3183. corpora allata. Nature 284: 320-323.
gland. /. Embryol. Exp. Morphol. 25:141-153.
Nellen, D., Burke, R., Struhl, G. and Basler, K. Raff, R. A. 1987. Constraint, flexibility, and
Kratochwil, K. and Schwartz, P. 1976. Tissue 1996. Direct and long-range action of a Dpp phylogenetic history in the evolution of direct
interaction in androgen response of embryonic morphogen gradient. Cell 85: 357-368. development in sea urchins. Dev. Biol. 119: 6-19.
mammary rudiment of mouse: Identification of
Nijhout, H. F. 1994. Insect Hormones. Princeton Raff, R. A. 1994. Developmental mechanisms
target tissue for testosterone. Proc. Natl. Acad.
University Press, Princeton, NJ. in the evolution of animal form: Origins and
Sci. USA 73: 4041-4044.
evolvability of body plans. In S. Bengtson, (ed.),
Nijhout, H. F. and Wheeler, D. E. 1982. Juvenile
Lawrence, P. A. and Morata, G. 1976. Compart- Early Life on Earth, Columbia University Press,
hormone and the physiological basis of insect
ments of the wing of Drosophila: a study of the New York, pp. 489-500.
polymorphisms. Quart. Rev. Biol. 57: 109-133.
engrailed gene. Dev. Biol. 50: 321-337.
Raynaud, A. 1961. Morphogenesis of the mammary
Nijhout, H. F. and Williams, C. M. 1974. Control
Liscia, D. S., Doherty, P. J. and Smith, G. H. gland. In S. K. Kon and A. T. Cowrie (eds.), Milk:
of moulting and metamorphosis in the tobacco
1988. Localization of a-casein gene transcripti- The Mammary Gland and Its Secretion, Vol. 1.
hornworm, Manduca sexta: Cessation of
on in sections of epoxy resin-embedded mouse Academic Press, New York, pp. 3-46.
juvenile hormone secretion as a trigger for
mammary tissues by in situ hybridization. J.
pupation. J. Exp. Biol. 61: 493-501. Reilly, D. S., Tomassini, N. and Zasloff, M. 1994.
Histochem. Cytochem. 36: 1503-1510.
Expression of magainin antimicrobial peptide
Niki, K., Namiki, H., Kikuyama, S. and
Little, G., Atkinson, B. G. and Frieden, E. 1973. genes in the developing granular glands of Xe-
Yoshizato, K. 1982. Epidermal tissue require-
Changes in the rates of protein synthesis and nopus skin and induction by the thyroid
ment for tadpole tail regression induced by
degradation in the tail of Rana catesbeiana hormone. Dev. Biol. 162: 123-133.
thyroid hormone. Dev. Biol. 94: 116-120.
tadpoles during normal metamorphosis. Dev. Biol.
Richards, G. 1992. Switching partners? Curr. Biol.
30: 366-373. Nishikawa, A., Kaiho, M. and Yoshizato, K. 1989.
2: 657-658.
Cell death in the anuran tadpole tail:
Lyman, D. F. and White, B. A. 1987. Molecular
Riddiford, L. M. 1982. Changes in translatable
cloning of hepatic mRNAs in Rana catesbeiana Thyroid hormone induces keratinization and
mRNAs during the larval-pupal transformation
response to thyroid hormone during induced and tail-specific growth inhibition of epidermal cells.
of the epidermis of the tobacco hornworm. Dev.
spontaneous metamorphosis. J. Biol. Chem. 262: Dev. Biol. 131: 337-344.
Biol. 92: 330-342.
5233-5237.
CAPÍTULO 19 Hormônios e metamorfose 771
Riddiford, L. M. 1993. Hormones and Droso- Stone, B. L. and Thummel, C. S. 1993. Droso- Cohen and F. Strumwasser (eds.), Comparative
phila development. In M. Bate and A. Martinez- phila 78C early-late puff contains E78, an Neurobiology. Wiley, New York, pp. 25-14.
Arias (eds.), The Development of Drosophila ecdysone-inducible gene that encodes a novel
Truman, J. W., Talbot, W. S., Fahrbach, S. E. and
melanogaster, Cold Spring Harbor Laboratory member of the nuclear hormone superfamily.
Hogness, D. S. 1994. Ecdysone receptor expression
Press, Cold Spring Harbor, pp. 899-939 Cell 75: 1-20.
in the CNS correlates with stage-specific responses
Riggs, A. F. 1951. The metamorphosis of Strathmann, R. R. 1971. The feeding behavior to ecdysteroids during Drosophila and Manduca
hemoglobin in the bullfrog. J. Gen. Physiol. of planktotrophic echinoderm larvae: Mecha- development. Development 120: 219-234.
35: 23-40. nisms, regulation and rates of suspension feeding.
Turkington, R. W. 1968. Hormone-dependent
Exp. Mar. Biol. Ecol. 6: 109-160.
Robinson, H., Chaffee, S. and Galton, V. A. 1977. differentiation of mammary gland in vitro. Curr.
Sensitivity of Xenopus laevis tadpole tail tissue Strathmann, R. R. 1975. Larval feeding in Top. Dev. Biol. 3: 199-218.
to the action of thyroid hormones. Gen. Comp. echinoderms. Am. Zool. 15: 717-730.
Turkington, R. W., Juergens, W. G. and Topper,
Endocrinol. 32: 179-186.
Strause, L. G., DeLuca, M. and Case, J. F. 1979. Y. J. 1965. Hormone-dependent synthesis of
Rountree, D. B. and Bollenbacher, W. E. 1986. Biochemical and morphological change accom- casein in vitro. Biochem. Biophys. Acta 111:
The release of the prothoracicotropic hormone panying light organ development in the firefly, 573-576.
in the tobacco hornworm, Manduca sexta, is Photuris pennsylvanica. J. Insect Physiol. 125:
Turner, C. D. and Bagnara, J. T. 1976. General
controlled intrinsically by juvenile hormone. J. 339-347.
Endocrinology, 6th ed. Saunders, Philadelphia.
Exp. Biol. 120: 41-58.
Tabata, T, Schwartz, E., Gustavson, E., Ali, Z.
Urness, L.D. and Thummel, C. D. 1995. Mole-
Safranek, L. and Williams, C. M. 1989. and Kornberg, T. B. 1995. Creating a Drosophi-
cular analysis of a steroid-induced regulatory
Inactivation of the corpora allata in the final la wing de novo, the role of engrailed, and the
hierarchy: The Drosophila E74A protein directly
instar of the tobacco hornworm, Manduca sex- compartment border hypothesis. Development
regulates L71-6 transcription. EMBO J. 14:
ta, requires integrity of certain neural pathways 121: 3359-3369.
6239-6246.
from the brain. Biol. Bull. 177: 396-400.
Taigen, T. L., Plough, F. H. and Stewart, M. M.
van Wijngaarden, R. and Bolanos, F. 1992.
Sainsbury, J. R. C., Malcolm, A. J., Appleton, D. 1984. Water balance of terrestrial anuran (Eleu-
Parental care in Dendrobates granuliferus
R., Farndon, J. R. and Harris, A. L. 1985. Presence therodactylus coqui) eggs: Importance of pa-
(Anura, Dendrobatidae) with a description of
of epidermal growth factor receptor as an indicator ternal care. Ecology 65: 248-255.
the tadpole. J. Herpetol. 26: 102-105.
of poor prognosis in patients with breast cancer.
Takahashi. N., Yoshihama, K., Kikuyama, S.,
J. clin. Pathol. 38: 1225-1228. Wald, G. 1945. The chemical evolution of vision.
Yamamoto, K., Wakabayashi, K. and Kato, Y.
Harvey Lect. 41: 117-160.
Schmidhauser, C., Casperson, G. F., Myers, C. 1990. Molecular cloning and nucleotide sequence
A., Sanzo, K. T., Bolten, S. and Bissell, M. J. of complementary DNA for bullfrog prolactin. Wald, G. 1981. Metamorphosis: An overview.
1992. A novel transcriptional enhancer is J. Mol. Endocrinol. 5: 281-287. In L. I. Gilbert and E. Frieden (eds.), Metamor-
involved in the prolactin- and extracellular phosis: A Problem in Developmental Biology.
Talbot, W. S., Swyryd, E. A. and Hogness, D. S.
matrix-dependent regulation of b-casein gene Plenum, New York, pp. 1-39.
1993. Drosophila tissues with different
expression. Mol Biol. Cell 3: 699-709.
metamorphic responses to ecdysone express Wassersug, R. J. 1989. Locomotion in amphibian
Schmitt-Ney, M., Happ, B., Ball, R. K. and different ecdysone receptor isoforms. Cell 73: larvae (or why aren’t tadpoles built like fish).
Groner, B. 1992. Developmental and environ- 1323-1337. Am. Zool. 29: 65-84.
mental regulation of a mammary gland-specific
Tata, J. R., Kawahara, A. and Baker, B. S. 1991. Weber, R. 1967. Biochemistry of amphibian
nuclear factor essential for the transcription of
Prolactin inhibits both thyroid hormone-induced metamorphosis. In R. Weber (ed.), The
the gene encoding b-casein. Proc. Natl. Acad.
morphogenesis and cell death in cultured Biochemistry of Animal Development, Vol. 3.
Sci. USA 89: 3130-3134.
amphibian larval tissues. Dev. Biol 146: 72-80. Academic Press, New York, pp. 227-301.
Schooneveld, H. 1979. Precocene-induced
Taurog, A., Oliver, C., Porter, R. L., McKen- Weismann, A. 1875. Über den Saison-Dimor-
collapse and resorption of corpora allata in
zie, J. C. and McKenzie, J. M. 1974. The role of phismus der Schmetterlinge. In Studien Zur
nymphs of Locusta migratoria. Experientia 35:
TRH in the neoteny of the Mexican axolotl Descendenz-Theorie. Engelmann, Leipzig.
363-364.
(Ambystoma mexicanum). Gen. Comp. Endo-
Schwind, J. L. 1933. Tissue specificity at the crinol. 24: 267-279. Wigglesworth, V. B. 1934. The physiology of
time of metamorphosis in frog larvae. J. Exp. ecdysis in Rhodnius prolixus (Hemiptera). II.
Thomas, H. E., Stunnenberg, H. G. and Stewart, Factors controlling moulting and metamorpho-
Zool. 66: 1-14.
A. F. 1993. Heterodimerization of the Droso- sis. Q. J. Microsc. Sci. 77: 121-222.
Slama, K. and Williams, C. M. 1966. The juvenile phila ecdysone receptor with retinoid X recep-
hormone. V. The sensitivity of the bug, Pyrrho- tor and ultraspiracle. Nature 362: 471-475. Wilder, E. L. and Perrimon, N. 1995. Dual
coris apterus, to a hormonally active factor in function of wingless in the Drosophila leg
Thummel, C. S. 1996. Flies on steroids: Droso- imaginal disc. Development 121: 477-488.
American paper-pulp. Biol. Bull. 130: 235-246.
phila metamorphosis and the mechanisms of
Smith-Gill, S. J. and Carver, V. 1981. Biochemical steroid hormone action. Trends Genet. 12: 306- Williams, C. M. 1952. Physiology of insect
characterization of organ differentiation and 310. diapause. IV. The brain and prothoracic glands
maturation. In L. I. Gilbert and E. Frieden (eds.), as an endocrine system in the Cecropia
Topper, Y. J. and Freeman, C. S. 1980. Multiple silkworm. Biol. Bull. 103: 120-138.
Metamorphosis: A Problem in Developmental
hormone interactions in the develop mental
Biology. Plenum, New York, pp. 491-544. Williams, C. M. 1956. The juvenile hormone of
biology of the mammary gland. Physiol. Rev.
Stolow, M. A. and Shi, Y. B. 1995. Xenopus sonic 60: 1049-1106. insects. Nature 178: 212-213.
hedgehog as a potential morphogen during embryo- Williams, C. M. 1959. The juvenile hormone. I.
Truman, J. W., Weeks, J. and Levine, R. B. 1985.
genesis and thyroid hormone dependent metamor- Endocrine activity of the corpora allata of the adult
Developmental plasticity during the metamor-
phosis. Nucleic Acids Res. 23: 2555-2562. Cecropia silkworm. Biol. Bull. 116: 323-338.
phosis of an insect nervous system. In M. J.
772 PARTE V Interações Durante a Formação do Órgão
Williams, C. M. 1970. Hormonal interactions Wray, G. A. and Raff, R. A. 1990. Novel origins Yaoita, Y. and Brown, D. D. 1990. A correlation
between plants and insects. In E. Sondheimer of lineage founder cells in the direct-developing of thyroid hormone receptor gene expression
and J. B. Simeone (eds.), Chemical Ecology. sea urchin, Heliocidaris erythro-gramma. Dev. with amphibian metamorphosis. Genes Dev. 4:
Academic Press, New York, pp. 103-132. Biol. 141: 41-54. 1917-1924.
Williams, J. A., Paddock, S. W, Vorwek, K. and Wray, G. A. and Raff, R. A. 1991. Rapid evolution Ž itòan, D., Kingan, T. G., Hermesman, J. L. and
Carroll, S. B. 1994. Organization of wing for- of gastrulation mechanisms in a sea urchin with Adams, M. E. 1996. Identification of ecdysis-
mation and induction of a wing patterning gene lecithotrophic larvae. Evolution 45: 1741-1750. triggering hormone from an epitracheal
at the dorsal/ventral compartment boundary. endocrine system. Science 271: 88-91.
Yao, T.-P, Segraves, W. A., Oro, A. E., McK-
Nature 368: 299-305.
eown, M. and Evans, R. M. 1992. Drosophi-
Wong, J. M. and Shi, Y. B. 1995. Coordinated la ultraspiracles modulates ecdysone recep-
regulation and transcriptional activation of Xe- tor function via heterodimer formation. Cell
nopus thyroid hormone and retinoid-X recep- 71: 63-72.
tors. J. Biol. Chem. 270: 18479-18483.
Determinação do sexo
20
A reprodução sexual é... a obra-prima da
Natureza.
ERASMUS DARWIN (1791)
O ponto de vista que as mulheres eram apenas homens subdesenvolvidos e que seus
órgãos genitais eram iguais aos dos homens, somente virados de dentro para fora, foi
muito popular durante mais de mil anos. Mesmo em 1543, Andreas Vesalius, o anatomista
paduano que derrubou muito da anatomia de Galeno (e que se arriscou à censura pela
igreja por reiterar que homens e mulheres têm o mesmo número de costelas), manteve
esse conceito. As ilustrações de seus dois principais trabalhos, De Humanis Corporis
Fabrica e Tabulae Sex, mostram que ele via a genitália feminina como uma represen-
tação interna da genitália masculina (Figura 20.1). Apesar disso, o livro de Vesalius
iniciou uma revolução na anatomia, e ao fim do século XVI, os anatomistas descarta-
ram as representações galênicas da anatomia feminina. Durante os séculos XVII e
XVIII, seres femininos foram reconhecidos como produtores de ovos que podiam
773
774 PARTE V Interações Celulares Durante a Formação do Órgão
(A) transmitir traços parentais, e a fisiologia dos órgãos sexuais começou a ser estudada.
Ainda assim, não havia consenso sobre como os sexos eram determinados (veja
Horowitz, 1976; Tuana, 1988; Schiebinger, 1989).
Naquele tempo o ambiente – em especial, calor e nutrição - eram acreditados ser
de importância para a determinação do sexo. Em 1890, Geddes e Thomson resumiram
todos os dados disponíveis sobre a determinação sexual, e chegaram à conclusão que
“constituição, idade, nutrição e ambiente dos pais deveriam ser especialmente consi-
derados” em qualquer dessas análises. Eles argumentavam que fatores favorecendo a
armazenagem de energia e nutrientes influenciavam a favor de progênie feminina,
enquanto que fatores favorecendo a utilização da energia e nutrientes influenciavam
a favor de progênie masculina.
Essa visão ambiental da determinação sexual permaneceu a única teoria científica
importante até a descoberta do trabalho de Mendel em 1900 e da redescoberta do
cromossomo sexual por McClung em 1902. Baseado em seu conhecimento do
Mendelismo, Correns especulou que a relação sexual 1:1 da maioria das espécies,
podia ser conseguida se o macho fosse heterozigoto e a fêmea homozigota para algum
fator determinante do sexo. Porém, somente em 1905 a correlação (em insetos) do sexo
(B) feminino com os cromossomos sexuais XX e do sexo masculino com os cromossomos
XY ou XO foi estabelecida (Stevens, 1905; Wilson, 1905). Isso sugeriu fortemente que
um componente nuclear específico era responsável pelo direcionamento do desenvol-
vimento do fenótipo sexual. Assim, acumulou-se evidência que a determinação sexual
ocorria por herança nuclear em vez de por circunstâncias ambientais.
Hoje, achamos que tanto os mecanismos ambientais como os internos da determi-
nação sexual podem atuar em diferentes espécies. Iremos primeiro discutir os mecanis-
mos cromossômicos da determinação do sexo, e em seguida considerar os meios pelos
quais o ambiente regula o fenótipo sexual.
Pênis,
próstata
Duto
Genitália interna
Wolffiano
masculina
(epidídimo, vasos
deferentes, vesícula
seminal)
Figura 20.2
do sexo. As características sexuais secundárias são geralmente determinadas pelos Cascatas postuladas levar à formação de
hormônios secretados pelas gônadas. Porém, na ausência das gônadas, é gerado o fenótipos sexuais em mamíferos. A conversão
fenótipo feminino. Quando Jost (1953) removeu as gônadas de fetos de coelhos antes do sulco genital na gônada bipotencial necessi-
da sua diferenciação, os coelhos resultantes eram fêmeas, independentemente de ta dos genes SF1 e WT1, pois camundongos
serem XX ou XY. Cada um tinha ovidutos, um útero e uma vagina, mas não tinha um carentes de um ou de outro desses genes não
pênis ou estruturas acessórias masculinas. têm gônadas. A gônada bipotencial parece ser
O esquema da determinação do sexo de mamíferos está mostrado na Figura 20.2. Se conduzida para a via feminina pelos genes
WNT4 e DAX1, e para a via masculina pelo
o cromossomo Y estiver ausente, os primórdios gonadais desenvolvem-se em ovári-
gene SRY (do cromossomo Y), em conjunto
os. Os hormônios estrogênicos produzidos pelo ovário permitem o desenvolvimento com genes autossômicos como SOX9. O ová-
do duto Mülleriano em útero, ovidutos e terminal superior da vagina. Se o cromosso- rio produz células tecais e células granulosas,
mo Y estiver presente, formam-se testículos que secretam dois hormônios principais. que juntas são capazes de sintetizar estrógeno.
O primeiro -hormônio anti-duto Mülleriano (AMH; também chamado de substância Sob estrógeno (primeiro provindo da mãe, em
inibidora Mülleriano, (MIS) -destrói o duto Mülleriano. O segundo hormônio -testos- seguida das gônadas), o duto Mülleriano se
terona- masculiniza o feto estimulando a formação do pênis, escroto e outras porções diferencia em genitália feminina e a prole de-
da anatomia masculina, inibindo também o desenvolvimento dos primórdios do seio. senvolve características sexuais secundárias
Assim, o corpo tem o fenótipo feminino a não ser que seja mudado pelos dois hormô- femininas. Os testículos produzem dois hor-
mônios principais, o fator anti-duto Mülleriano
nios elaborados pelos testículos fetais. Olharemos agora mais detalhadamente para
(AMH), que causa regressão do duto, e a tes-
esses eventos. tosterona, que causa a diferenciação do duto
Wolffiano em genitália interna masculina. Na
As Gônadas em Desenvolvimento região urogenital, a testosterona é convertida
em diidrotestosterona (DHT) que causa a mor-
O desenvolvimento das gônadas é uma situação embriológica única. Todos os outros fogênese do pênis e da próstata. (Segundo
rudimentos de órgãos normalmente se diferenciam em um único tipo de órgão. Um Marx, 1995).
rudimento de pulmão somente pode tornar-se pulmão e um rudimento de fígado so-
mente se desenvolve em fígado. O rudimento da gônada, porém, tem duas opções
normais. Quando se diferencia, pode desenvolver-se em um ovário ou em um testícu-
lo. O tipo de diferenciação seguido por esse rudimento determina o desenvolvimento
sexual futuro do organismo. Porém, antes dessa decisão ser tomada, a gônada do
mamífero se desenvolve primeiro através de um estágio indiferente (bipotencial) du-
rante o qual não tem características femininas nem masculinas. Em humanos, o rudi-
mento da gônada aparece no mesoderma intermediário durante a quarta semana e
permanece sexualmente indiferente até a sétima semana. Durante esse estágio, o epitélio
do sulco genital se prolifera para dentro do tecido mesenquimatoso conjuntivo frouxo
acima dele (Figura 20.3A,B). Essas camadas epiteliais formam as cordas sexuais, que
irão envolver as células germinativas que migram para a gônada humana durante a
776 PARTE V Interações Celulares Durante a Formação do Órgão
GÔNADAS INDIFERENTES
Duto Duto
Wolffiano Glomérulo Aorta Wolffiano
Duto
Sulco Túbulo Epitélio Cordas sexuais
Sulco Mesentério Mülleriano
mesonéfrico mesonéfrico celômico em primitivas
Genital Dorsal
excretório proliferação
(A) 4 SEMANAS (B) 6 SEMANAS
Cordas
testiculares
Duto Mülleriano
Epitélio
Túnica albugínea
Duto Mülleriano superficial
Cordas da
rede testicular Cordas sexuais
em degeneração
Dutos eferentes Epitélio
(vasos eferentes) Túnica
Superficial
albugínea
Figura 20.3
Diferenciação das gônadas humanas mostrada em seção transversal. (A) Sulco genital de um embrião de
4 semanas. (B) Sulco genital de uma gônada indiferente de 6 semanas mostrando cordas sexuais primiti-
vas. (C) Desenvolvimento testicular na oitava semana. As cordas sexuais perdem contato com o epitélio
cortical e desenvolvem a rede testicular. (D) Na décima-sexta semana de desenvolvimento, as cordas
testiculares são contínuas com a rede testicular e se conectam com o duto Woffiano. (E) O desenvolvimen-
to ovariano em um embrião humano de 8 semanas, quando as cordas sexuais primitivas degeneram. (F)
O ovário humano de 20 semanas não se conecta ao duto Wolffiano, e novas cordas sexuais corticais
rodeiam as células germinativas que migaram para o sulco genital. (Segundo Langman, 1981.)
CAPÍTULO 20 Determinação do Sexo 777
Epidídimo Rins
Testículos metanéfricos Ovários Oviduto
Ureteres
Vagina
GÔNADAS
Tipo gonadal Testículos Ovário
Cordas sexuais Medular (interno) Cortical (externo)
DUTOS
Dutos remanescentes para Wolffiano Mülleriano
células germinativas
Diferenciação do duto Vasos deferentes Oviduto, útero, cérvix,
Epidídimo, vesícula seminal parte superior da vagina
SRY:: O Determinante Se
SRY xual do Cromossomo Y
Sexual
Em seres humanos, o principal gene para o fator determinante dos testículos reside no
braço curto do cromossomo Y. Indivíduos que nascem com o braço curto, porém, sem
o braço longo do cromossomo Y são machos enquanto que indivíduos que nascem
com o braço longo do cromossomo Y, mas não o braço curto, são fêmeas. Analisando
o DNA de homens XX e fêmeas XY, a posição do gene determinador dos testículos foi
restringida à uma região de 35.000 pares de bases do cromossomo Y, localizada perto
da extremidade do braço curto [sex2.html]. Nessa região, Sinclair e colaboradores
(1990) encontraram uma seqüência de DNA específica de macho que podia codifi-
car um peptídio de 223 aminoácidos. Tal peptídio provavelmente seria um fator de
CAPÍTULO 20 Determinação do Sexo 779
Controle
(A) (B)
Figura 20.6
Um camundongo XX transgênico para Sry é macho. (A) A reação da cadeia de polimerase
seguida por eletroforese mostra a presença do gene Sry em machos XX normais, e em um
camundongo Sry XX transgênico. O gene está ausente na fêmea XX da ninhada. (B) A genitália
externa do camundongo transgênico é masculina (direita) e essencialmente a mesma como a de
um macho XY (esquerda). (Segundo Koopman et al., 1991; fotografia cortesia dos autores.)
780 PARTE V Interações Celulares Durante a Formação do Órgão
de espermatozóide em camundongos e homens XXY.) Há, por isso, boas razões para
se pensar que Sry/SRY é o gene principal no cromossomo Y para a determinação de
testículos em mamíferos.
O gene determinante de testículos do cromossomo Y é necessário mas não sufici-
ente para o desenvolvimento dos testículos em mamíferos. Estudos em camundongos
(Eicher e Washburn, 1983; Washburn e Eicher, 1989) haviam mostrado que a SRY de
algumas variedades de ratos deixam de produzir testículos quando colocados em meio
autossômico diferente. Quando a proteína SRY se liga a seus sítios no DNA, provavel-
mente cria grandes alterações conformacionais. Desenrola a dupla hélice em sua vizi-
nhança e curva o DNA em até 80o (Pontiggia et al., 1994; Werner et al., 1995). Essa
curvatura pode levar proteínas ligadas à distância do aparelho de transcrição a um
maior contato, permitindo-lhes interagir e influenciar a transcrição. A identidade des-
sas proteínas ainda não é conhecida. [sex3.html]
Masculinass
SF1: A Ligação Entre SRY e as Trajetórias Desenvolvimentais Masculina
Uma outra proteína que poderia ser ativada por SRY e ser um cofator com SRY é o fator
de transcrição SF1. O SF1(fator 1 esteroidogênico) é uma proteína que ativa vários
genes envolvidos na síntese de esteróides. Na verdade, ele atua nas células de Leydig
dos testículos, ativando genes que codificam as enzimas da via da testosterona. Toda-
via, o SF1 foi recentemente mostrado ter duas outras funções críticas (Figura 20.7).
Primeiro, deletando os genes Sf1 dos camundongos, esses se desenvolvem sem as
glándulas supra-renais ou as gônadas (Luo et al., 1994). (As gônadas se desenvolvem
mas degeneram em seguida, e os camundongos morrem por falta de corticosterona.)
Segundo, o SF1 parece estar relacionado ao desenvolvimento dos testículos. À medi-
da que os níveis de SF1 declinam no sulco genital dos embriões XX, o SF1 permanece
nos testículos em desenvolvimento. Acredita-se que a SRY ative o gene Sf1, e que a
proteína SF1, em seguida, ative ambos componentes da diferenciação sexual masculi-
na (o AMH de Sertoli e a via Leydig da testosterona) (Shen et al., 1994). Tanto SRY
como SF1 podem ser necessárias para ativar o gene AMH, sugerindo que interações
entre essas proteínas sejam importantes (Haqq et al. 1994, Shen et al., 1994).
A pesquisa de reversão de sexo em camundongos mostrou que o cromossomo Y
de um tipo não necessariamente produz testículos em outra linhagem de camundon-
gos. Parece que as proteínas SRY divergiram tanto que elas podem, não muito dis-
tante, interagir com outra proteínas do aparelho de transcrição (Coward et al., 1994;
Eicher, 1994).
CAPÍTULO 20 Determinação do Sexo 781
Rim
Rim
Epidídimo
Testículo
Oviduto
(A) (B) (C)
Figura 20.7
Funções de SF1 durante a gonadogênese. (A). Eliminação do gene SF1 do embrião do camun-
dongo leva à perda tanto das supra-renais como dos testículos. (O duto Mülleriano persiste e
torna-se o oviduto.) (B) Um controle mostrando epidídimo e testículos. (C) Hibridização in situ
mostrando a ativação do gene Sf1 através do desenvolvimento testicular de um embrião de
camundongo de 12.5 dias. (A de Luo et al., 1994; C de Shen et al., 1994.)
O gene WNT4a é outro gene que pode ser crítico para a determinação ovariana. Esse
gene é expresso no sulco genital do camundongo quando ele ainda está no seu
estágio indiferenciado. Depois, se torna indetectável nas gônadas XY (que se tornam
782 PARTE V Interações Celulares Durante a Formação do Órgão
Genótipo
DAX1
inativo
2 cópias
de DAX1
*Os mecanismos pelos quais o estrógeno poderia promover a diferenciação dos dutos Müllerianos
não são bem compreendidos. Durante o desenvolvimento embrionário, o duto é extremamente
sensível a compostos estrogênicos, conforme é conhecido pelos efeitos teratogênicos da
dietilstilbesterol (DES). Esse composto é um estrógeno sintético que foi dado às mulheres nas
décadas de 1940 até 1960 para manutenção da gravidez. As filhas nascidas dessas mulheres que
usaram essa droga apresentaram alta incidência de anomalias do duto Mülleriano, incluindo malfor-
mações dos epitélios vaginal e cervical, anomalias estruturais dos ovidutos e útero, e uma incidência
acima do normal de câncer vaginal (Robboy et al., 1982; Bell, 1986).
**A síndrome da insensibilidade andrógena é uma de várias condições chamadas pseudo-
hermafroditismo. Os hermafroditas verdadeiros (raros em humanos e na maioria dos mamíferos,
mas normal em certos invertebrados) contêm tecidos gonadais tanto masculino como feminino.
Hermafroditas mamíferos verdadeiros têm anormalidades na determinação sexual primária e po-
dem ocorrer quando o cromossomo Y é translocado para o cromossomo X. Se o X translocado for
inativado, o Y será desligado. Algumas das células gonadais serão XX e outras XY (Berkovitz et al.,
1992). Na condição pseudo-hermafrodita, existe somente um tipo de gônada, mas as características
sexuais secundárias diferem daquilo que é esperado do sexo gonadal. Em humanos, pseudo-herma-
froditas masculinos podem resultar da síndrome da insensibilidade andrógena, ou da incapacidade de
produzir testosterona devido a um defeito gênico em uma das enzimas levando à sua síntese (Geissler
et al., 1994). Pseudo-hermafroditas femininos ocorrem quando o organismo tem uma superprodu-
ção de testosterona.
784 PARTE V Interações Celulares Durante a Formação do Órgão
Bexiga urinária
Reto
Púbis Vesícula
seminal
Próstata
Pênis
Uretra
Vaso deferente
Epidídimo
Testículo
Dependente de diidrotestosterona
Dependente de testosterona
Figura 20.10
Regiões dependentes de testosterona e diidrotestosterona no sistema genital do feto humano
masculino. (Segundo Imperato-McGinley et al., 1974.)
duos afetados não tinham um gene funcional para essa enzima (Andersson et al.,
1991; Thigpen et al, 1992). Embora esses indivíduos XY tenham testículos funcionantes,
eles têm uma bolsa vaginal cega e um clitóris aumentado. Pareciam meninas e são
criadas como tais. Suas anatomia interna, porém, é masculina: testículos, desenvolvi-
mento de duto Wolffiano e degeneração do duto Mülleriano. Assim, parece que a
formação da genitália externa está sob o controle da diidrotestosterona, enquanto que
a diferenciação do duto Wolffiano é controlada pela própria testosterona (Figura
20.10). É interessante que a genitália externa torna-se responsiva à testosterona na
puberdade, causando óbvia masculinização em uma pessoa originalmente considera-
da como sendo uma menina.
Hormônio Anti-Mülleriano
Figura 20.11
Exame da atividade do hormônio anti-duto
Mülleriano no segmento anterior do trato
reprodutivo de um feto de rato de 15.5 dias,
após 3 dias em cultura. (A) Tanto o duto
Mülleriano (seta à esquerda) quanto o duto
Wolffiano (seta à direita) estão abertos. (B) O
duto Wolffiano (seta) está aberto, mas o duto
Mülleriano se degenerou e se fechou. (Corte-
sia de N. Josso.)
(A) (B)
Uma das áreas mais controversas da determinação sexual secundária envolve o de-
senvolvimento de comportamentos específicos do sexo. Em aves canoras, a testoste-
rona é vista regular o crescimento de agregados neuroniais específicos do macho no
cérebro. Machos de canários e tentilhões-zebra cantam eloqüentemente, enquanto as
fêmeas cantam pouco ou nunca. Esses cantos servem para marcar territórios e atrair
consortes. A habilidade de cantar é controlada por seis diferentes agregados de neu-
rônios (núcleos) no cérebro da ave (Figura 20.12). Neurônios conectam cada uma
dessas regiões entre si. Em canários machos, esses núcleos são várias vezes maiores
que agregados correspondentes de neurônios em canários-fêmea; em fêmeas de
tentilhões-zebra, uma dessas regiões pode até estar inteiramente ausente (Arnold,
1980; Konishi e Akutagawa, 1985).
A testosterona tem um papel importante na produção do canto. Em machos adul-
tos de tentilhões-zebra, Pröve (1978) demonstrou uma correlação linear entre a quan-
tidade de canto e a concentração de testosterona sérica. Foi mostrado que mudanças
sazonais nos níveis de testosterona estão correlacionadas com os padrões canoros
desses pássaros. Quando os níveis de testosterona estão baixos, não somente ocorre
um decréscimo de canto do pássaro mas também uma diminuição do tamanho dos
núcleos cerebrais específicos de machos (Nottebohm, 1981). Em tentilhões adultos, a
castração elimina o canto, mas a injeção de testosterona induz tais pássaros a cantar
mesmo em Novembro, o que normalmente não fazem (Thorpe, 1958). Em várias espéci-
es de pássaros, as fêmeas podem ser induzidas a cantar pela injeção de testosterona
(Nottebohm, 1980). Quatro regiões controladoras do canto no cérebro dessas aves
crescem 50-69 porcento em tais pássaros, enquanto outras regiões cerebrais não o Tentilhão-zebra macho
fazem. Estudos auto-radiográficos (Arnold et al., 1976) mostraram que os neurônios
dos núcleos controladores do canto incorporam testosterona radioativa, enquanto
outras regiões do cérebro não o fazem. Parece, portanto, que os hormônios das gôna-
das têm um papel importante no desenvolvimento das regiões do sistema nervoso que
geram comportamentos específicos do sexo.
Syrinx
Figura 20.12
Dimorfismo sexual no cérebro avicular. O diagrama esquemático indica as principiais área neurais Tentilhão-zebra fêmea
acreditadas estar envolvidas na produção do canto no tentilhão-zebra. Os círculos representam
áreas cerebrais específicas; o tamanho de cada círculo é proporcional ao volume ocupado por
essa região. Círculos com linhas hachuriadas são volumes estimados. Os números dentro de
cada círculo representam a porcentagem de células que incorporam testosterona radioativa. As
diferenças de volume entre três dessas regiões (HVc, RA e NXIIts) são significantes entre os
sexos, e a área X não foi observada nos cérebros de tentilhões fêmeas. As diferenças na ligação
de testosterona nas regiões HVc e MAN são significativas, e não foram observadas diferenças
sexuais relativas à ligação de hormônio esteróide em outras regiões do cérebro. As setas indicam
as vias axônicas conectando as regiões no tentilhão macho. (Segundo Arnold, 1980.)
786 PARTE V Interações Celulares Durante a Formação do Órgão
Cerebelo
Te t o
Córtex óptico
Bulbo
olfativo
Figura 20.13
Representação das regiões ligantes de estróge-
Septo Área Hipotálamo Hipófise
no no cérebro de uma rata. (Segundo Kandel e Medula
pre-óptica
Schwartz, 1985.) espinhal
CAPÍTULO 20 Determinação do Sexo 787
Informações adicionais
& Especulações
Figura 20.15
eosin eye
Ginandromorfo de D. melanogaster no qual o
Tipo eosin eye
selvagem lado esquerdo é feminino (XX) e o lado direito
miniature wing miniature wing é masculino (XO). O lado masculino perdeu
um cromossomo portando os alelos tipo selva-
gem da cor dos olhos e forma das asas, permi-
tindo com isso a expressão dos alelos recessi-
vos eosin eye e miniature wing no cromosso-
mo X remanescente. (Segundo Morgan, 1919.)
790 PARTE V Interações Celulares Durante a Formação do Órgão
Razão X:A
Não-ativado (sem
proteína funcional)
Não-ativado (sem
proteína tra funcional)
Reprime
genes Proteínas Dsx Proteínas Dsx Genes
msl específicas específicas msl
da fêmea da macho
ix Reprime Reprime
Genes de Genes de Genes de Genes de
Genes Genes
diferenciação diferenciação diferenciação diferenciação
ligados ao X ligados ao X
feminina masculina masculina feminina
Figura 20.16
Cascata da regulação proposta para a deter-
minação sexual somática em Drosophila. XX em machos. Tais mutações não têm efeito sobre a determinação sexual em machos
Setas representam ativação, enquanto um blo- XY. A homozigozidade do gene intersex (ix) leva moscas XX a desenvolver um fenótipo
co no fim de uma linha indica supressão. Os intersexual que tem porções de tecido masculino e feminino no mesmo órgão. O gene
locos msl, sob o controle do gene Sxl, regu- doublesex (dsx) é importante para a diferenciação sexual dos dois sexos. Se dsx esti-
lam a transcrição compensatória de dosagem ver ausente, tanto moscas XX como XY se transformam em intersexuais (Baker e
do cromossomo X masculino. (Segundo
Ridge, 1980; Belote et al., 1985a).
Baker et al., 1987.)
A posição desses genes numa trajetória desenvolvimental está baseada (1) nas
interpretações de cruzamentos genéticos resultando em moscas tendo duas ou mais
dessas mutações e (2) na determinação do que acontece quando ocorre ausência total
dos produtos de um desses genes. Tais estudos geraram o modelo da cascata regulatória
visto na Figura 20.16.
TRANSCRIÇÃO PROMOTORA PRECOCE Fatores de transcrição de heterodímeros não iniciam a transcrição de Sxl
Fatores de transcrição
dos promotores precoces
Transcrição
Transcrição Transcrição
Sem
M Proteína
Códon Códon
Proteína Sxl age como fator iniciador Terminação
de emenda para remover
o éxon do transcrito Emenda masculina à revelia inclui
códon de parada no transcrito de
RNA; proteína não é traduzida
Figura 20.17
Ativação diferencial do gene Slx em machos e fêmeas. (A) em Drosophila tipo selvagem com
dois cromossomos X e dois conjuntos de autossomos (XX; AA), as subunidades do fator
de transcrição numerador (sis-a, sis-b, etc.) não estão totalmente complexadas pelas
subunidades inibidoras derivadas dos genes (como deadpan) nos autossomos. Esses fatores
numeradores ativam o promotor precoce do gene Sxl, que produz um transcrito que é auto-
maticamente emendado no mRNA específico de fêmea que codifica a proteína Sxl funcional.
Por fim, a transcrição constitutiva de Sxl começa a partir do promotor tardio. Se Sxl já estiver
disponível (i.e., de uma transcrição precoce), o mRNA de Sxl será emendado para formar a
mensagem funcional específica de fêmea. (B) Em Drosophila de tipo selvagem com um
cromossomo X e dois conjuntos de autossomos (XO; AA), os fatores de transcrição nume-
radores são ligados pelas subunidades denominadoras e não podem ativar o promotor preco-
ce. Quando o gene Sxl for transcrito do promotor tardio, a emenda de RNA não irá excluir
o éxon específico de macho no mRNA. A mensagem resultante codifica um peptídio trunca-
do e não-funcional, visto que o éxon específico de macho contém um códon de terminação
da tradução. (Segundo Keyes et al. 1992.)
RNA tais como àquelas em snRNPs. Bell e colegas (1988) propuseram que existem dois
alvos para a proteína ligante de RNA codificada pelo Sxl. Um desses alvos é o pré-
mRNA do próprio Sxl. Isso seria o mecanismo que manteria o estado feminino da
trajetória após a ocorrência do evento ativador inicial. O segundo alvo seria o pré-
mRNA do próximo gene da trajetória, transformer.
CAPÍTULO 20 Determinação do Sexo 793
Os Genes transformer
Códon de parada
Transformer
AAA
Códon de parada
Doublesex
AAA
794 PARTE V Interações Celulares Durante a Formação do Órgão
mostraram-se ativas desde os estágios larvais tardios até o período adulto. O gene
tra2ts é um alelo sensível à temperatura no qual o fenótipo feminino é expresso em
temperaturas permissivas (mais frias) e o fenótipo masculino em temperaturas não-
permissivas (mais quentes). Durante estágios tardio larval e de pupa, o aumento da
temperatura de níveis permissivos para não-permissivos faz com que uma larva ou
pupa XX se desenvolva em macho. Além disso, quando mutantes adultos são conser-
vados a temperaturas baixas, o corpo gorduroso adulto produz proteínas do vitelo
(yolk proteins) que irão penetrar no oócito. Quando movidos para temperatura mais
altas, não-permissivas, a transcrição dos genes yolk protein cessa (Belote et al.,
1985b). Um achado notável foi que se moscas adultas XX tra2ts são conservadas em
temperatura não-permissiva durante vários dias, elas começam a exibir comportamen-
to de cortejar masculino (Belote e Baker, 1987).
Hermafroditismo
Hermafroditismo no Nematóide C. elegans
Hermafrodita: XX
Espermatozóide Ovário
Ovário na espermateca
Óvulos no
útero
Boca Ânus
Oócitos
Órgão
copulatório
Macho: XO Vulva
Figura 20.19
Esperma- Cloaca Diagramas esquemáticos do macho e do her-
tozóide Vasos mafrodita de Caenorhabditis elegans, enfati-
deferentes zando seus sistemas reprodutivos. (de
Testículos Hodgkin, 1985.)
796 PARTE V Interações Celulares Durante a Formação do Órgão
Hermafrodita
Ratio
X:A
Macho
Figura 20.20
Modelo esquemático da determinação sexual
somática em C. elegans. O gene sdc-1 é postu-
lado estar envolvido na transmissão da razão
X/A. Ele controla compensação de dosagem em fêmeas férteis. Em colônias com tal alelo, três sexos são possíveis e funcionais
do cromossomo X assim como a supressão do (Hodgkin, 1980).
gene her-1 se a razão for 1. A designação alto/ Como em Drosophila, a determinação do sexo em C. elegans envolve vários genes
baixo reflete a atividade funcional do gene. A autossômicos que lêem e respondem à razão X:A. O gene que integra os numeradores
atividade dos genes sdc, ao final, leva à ativi- e denominadores do desenvolvimento de C. elegans é o xol-1 (XO-lethal). Níveis
dade do gene tra-1, cuja atividade promove o
altos de XOL-1 durante a gastrulação desligam a trajetória para o desenvolvimento
fenótipo hermafrodita. Os genes scd podem
ser inibidos pelo gene xol, que é somente ativo hermafrodítico, transformando com isso o animal em um macho (Rhind et al., 1995).
em XO (machos). (Segundo Hodgkin, 1985; XOL-1 parece conseguir isso reprimindo os genes sdc (controle da determinação do
Miller et al., 1988.) sexo), cujas atividade tornam o animal hermafrodita (Miller et al., 1988).
A trajetória para determinação do sexo em C. elegans foi decifrada encontrando-se
mutações em genes necessários para o desenvolvimento hermafrodita (os genes tra),
bem como outros necessários para a expressão do fenótipo masculino (os genes her
e fem). Criando genótipos carreando diferentes combinações dessas mutações Hodgkin
(1980) e outros foram capazes de construir um modelo para essa via desenvolvimental
(Figura 20.20). Por exemplo, mutações tra-2 suprimiram a mutação her-1, indicando
que her-1 é mais tardio na trajetória.
O gene crucial na trajetória para a determinação sexual parece ser o tra-1. Se o
tipo selvagem tra-1 for ativo, o indivíduo é um hermafrodita. Se esse gene não for
funcional, o indivíduo é um macho. Os outros genes parecem regular esse gene
singular de troca.
Porém, o que tem essa via genética linear a ver com os reais eventos celulares
levando à determinação sexual? Estudos recentes indicam que alguns desses genes
codificam proteínas de uma via sinalizadora entre células. A análise de mosaicos
genéticos sugere que sdc-1 e her-1 não são necessariamente ativos nas células
que os produzem. Ao contrário, esses genes parecem produzir produtos secreta-
dos. Em contraste, tra-1 age de um modo celular autônomo e, portanto, provavel-
mente é parte de um aparelho receptor de sinais. A seqüência do gene tra-1 sugere
que esse codifica um fator de transcrição dedo de zinco (Hunter e Wood, 1990;
Zarkower e Hodgkin, 1992; Perry et al., 1993). Kuwabara e Kimble (1992) propuse-
ram recentemente um modelo que integra essa via genética com a biologia celular
da determinação do sexo. A proteína HER-1 é considerada promover o desenvolvi-
mento masculino em nematóides XO inibindo a TRA-2. A proteína codificada por
tra-2, porém, não é um fator de transcrição ou um fator de emenda, mas sim uma
proteína integral de membrana com múltiplos domínios transmembrana. Além dis-
so, seu mRNA é encontrado (em quantidade diferentes) tanto em machos como em
fêmeas. De acordo com esse modelo especulativo (Figura 20.21), as proteínas
FEM se combinam para criar um grande complexo de proteína FEM, e esse comple-
xo está ligado pela proteína TRA-2 da membrana. Em indivíduos XX, esse comple-
xo é ligado à membrana, e a proteína TRA-1 pode entrar no núcleo. Em nematóides
XO, porém, a proteína HER-1 se liga à região extracelular da proteína TRA-2,
causando a liberação do complexo FEM. Esse complexo, uma vez livre no citoplas-
ma, pode ligar a proteína TRA-1 e impedir sua entrada no núcleo. Desde que a
CAPÍTULO 20 Determinação do Sexo 797
Núcleo
proteína TRA-1 (um fator de transcrição putativo) não pode entrar no núcleo, ela
não poderá ativar os genes específicos do hermafrodita. Mais estudos terão que
ser realizados para confirmar ou desaprovar esse modelo que, no entanto, é útil
por sugerir novas pesquisas e por visualizar como os genes poderiam gerar vias
para a determinação sexual em C. elegans.
Um dos problemas mais interessantes desse nematóide é seu hermafroditismo.
Como se originou essa condição em um organismo que provavelmente tinha um siste-
ma sexual macho/fêmea? Quais mudanças genéticas apareceram, e haveria outras
soluções que poderiam ter prevalecido? Os genes determinantes do sexo de uma
espécie estreitamente relacionada, a C. ramanei (com indivíduos macho e fêmea)
estão sendo agora identificados para se poder responder a essas perguntas. [sex7.html]
Hermafroditismo em Peixes
Figura 20.22 (A) FASE MASCULINA (B) FASE TRANSITÓRIA (C) FASE FEMININA
Alterações nas gônadas no peixe hermafrodita
Sparus auratus, mostradas em seção através Ovário
da gônada de (A) a fase masculina, (B) a fase
transitória e (C) a fase feminina final. (Cortesia Ovário
da família de T. Yamamoto.) Ovário
Testículo
Testículo
Testículo
Caretta
caretta
Figura 20.23
Relação entre a razão sexual e a temperatura de incubação em répteis. (A) Duas espécies de
lagartos nas quais temperaturas mais altas resultam na geração de prole masculina. (B) Sete
espécies de tartarugas nas quais temperaturas mais altas resultam em prole feminina. (Segundo
Bull, 1980.)
do sexo normalmente ocorre (Bull et al., 1988; Gutzke e Chymiy, 1988). Parece que a
enzima aromatase (que pode converter testosterona em estrógeno) é importante. A
atividade da aromatase de Emys é muito baixa à temperatura “masculina” de 25oC. À
temperatura “feminina” de 30oC, a atividade da aromatase aumenta dramaticamente
durante o período crítico para a determinação do sexo (Desvages et al., 1993; Pieau et
al., 1994). Atividade dependente de temperatura de aromatase também é vista em
terrapíneos (tartarugas-“diamondback terrapins”), e sua inibição masculiniza suas
gônadas (Jeyasuria et al., 1994). É possível que o regulador da atividade da aromatase
seja o hormônio anti-Mülleriano. AMH é conhecido por diminuir a atividade da aroma-
tase em gônadas de Emys (Desvages e Pieau, 1992).
Ferguson e Joanen (1982) estudaram a determinação sexual no jacaré do Mississipi, Probóscide
tanto no laboratório como no campo; eles concluíram que o sexo é determinado entre
7 e 21 dias de incubação. Ovos criados a 30oC ou abaixo produzem fêmeas, enquanto
aqueles incubados a 34oC ou acima produzem somente machos. Além disso, ninhos
construídos sobre barragens (perto de 34oC) produzem machos, enquanto aqueles
construídos em pântanos úmidos (perto de 300C) produzem fêmeas. As vantagens e
desvantagens da determinação sexual dependente de temperatura são discutidas no
Capítulo 21.
Porcentagem
Indiferentes
Figura 20.25
Análise in vitro da diferenciação de Bonellia. Larvas foram colocadas em água do mar normal ou
em água do mar contendo fragmentos de probóscide feminina. A maioria dos animais cultivados
na presença dos fragmentos de probóscide tornaram-se machos, enquanto normalmente se torna-
riam fêmeas. (Segundo Leutert, 1974.)
Resumo
A Natureza forneceu muitas variações em sua obra prima. Em algumas espécies, o sexo
é determinado somente por cromossomos, enquanto em outras, sexo é uma questão
de condições ambientais. Entre essas grandes categorias, existem numerosas varia-
ções. Um catálogo completo dos mecanismos de determinação sexual conhecidos iria
requerer um volume em separado (e muito interessante).
Figura 20.26
Agregados de lesmas Crepidula. Dois indivíduos estão mudando de machos para fêmeas.
Morto
Após esses moluscos se tornarem fêmeas, serão fecundados pelo macho acima deles. (Segun-
do Coe, 1936.)
CAPÍTULO 20 Determinação do Sexo 801
LITERATURA CITADA
Agius, L. 1979. Larval settlement in the Belote, J. M. and Baker, B. S. 1987. Sexual sex-transforming maternal effect linking sex
echiuran worm Bonellia vividis: Settlement on behavior: Its genetic control during devel opment determination and dosage com pensation in Dro-
both the adult proboscis and body trunk. Mar. and adulthood in Drosophila melanogaster. Proc. sophila melanogaster. Dev. Biol. 95: 260-274.
Biol. 53: 125-129. Natl. Acad. Sci. USA 84: 8026-8030.
Cline, T. W. 1986. A female-specific lethal lesion
Amrein, H., Gorman, M. and Nöthiger, R. 1988. Belote, J. M., McKeown, M. B., Andrew, D. J., in an X-linked positive regulator of the Droso-
The sex-determining gene tra-2 of Drosophila Scott, T. N., Wolfner, M. F. and Baker, B. S. phila sex determination gene, Sexlethal.
encodes a putative RNA binding protein. Cell 1985a. Control of sexual differentiation in Dro- Genetics 113: 641-663.
55: 1025-1035. sophila melanogaster. Cold Spring Harbor
Cline, T. W. 1988. Evidence that sisterless-a
Symp. Quant. Biol. 50: 605-614.
Andersson, S., Berman, D. M., Jenkins, E. P. and sisterless-b are two of several discrete
and Russell, D. W. 1991. Deletion of steroid 5a- Belote, J. M., Handler, A. M., Wolfner, M. F, “numerator elements” of the X/A sex determi-
reductase 2 gene in male pseudoher-maphrodi- Livak, K. L. and Baker, B. S. 1985b. Sex-specific nation signal in Drosophila that switch Sxl
tism. Nature 354: 159-161. regulation of yolk protein gene expression in between two alternative stable expression states.
Drosophila. Cell 40: 339-348. Genetics 119: 829-862.
Aristotle. The generation of animals. Translated
by A. Platt. In J. Barnes (ed.), 1984, The Com- Berkovitz, G. D. and seven others. 1992. The Coe, W. R. 1936. Sexual phases in Crepidula. J.
plete Works of Aristotle, Vol. 8. Princeton Uni- role of the sex-determining region of the Y chro- Exp. Zool. 72: 455-477.
versity Press, Princeton, NJ. mosome (SRY) in the etiology of 46, XX true
Cohen, D. R., Sinclair, A. H. and McGovern, J.
hermaphrodites. Hum. Genet. 88: 411-416.
Arnold, A. P. 1980. Sexual differences in the D. 1994. SRY protein enhances transcription of
brain. Am. Sci. 68: 165-173. Bernstein, R., Jenkins, T, Dawson, B., Wagner, Fos-related antigen 1 promoter constructs. Proc.
J., Devald, G., Koo, G. C. and Wachtel, S. S. 1980. Natl. Acad. Sci. USA 91: 4372-4376.
Arnold, A. P., Nottebohm, F. and Pfaff, D. W. 1976.
Female phenotype and multiple abnormalities in
Hormone concentrating cells in vocal control and Coschigano, K. T. and Wensink, P. C. 1993.
sibs with a Y chromosome and partial X-chro-
other brain regions of the zebra finch (Poephila Sex-specific transcriptional regulation of the
mosome duplication: H-Y antigen and Xg blood
guttata). J. Comp. Neurol. 165: 487-512. male and female doublesex proteins of Droso-
group findiungs. J. Med. Genet. 17: 291-300.
phila. Genes Dev. 7: 42-54.
Baker, B. S. 1989. Sex in flies: The splice of life.
Bleier, R. 1984. Science and Gender. Pergamon,
Nature 340: 521-524. Coward, P., Nagai, K., Chen, D., Thomas, H. D.,
New York, pp. 80-114.
Nagamine, C. M. and Lau, Y-F. C. 1994.
Baker, B. S. and Ridge, K. A. 1980. Sex and the
Boggs, R. T, Gregor, P., Idriss, S., Belote, J. M. Polymorphism of a CAG trinucleo-tide repeat
single cell. I. On the action of major loci
and McKeown, M. 1987. Regulation of sexual within Sry correlates with B6YDom sex reversal.
affecting sex determination in Drosophila me-
differentiation in D. melanogaster via alterna- Nat. Genet. 6: 245-250.
lanogaster. Genetics 94: 383-423.
tive splicing of RNA from the transformer gene.
Cronmiller, C. and Cline, T. W. 1987. The Dro-
Baker, B. S., Nagoshi, R. N. and Burtis, K. C. 1987. Cell 50: 739-747.
sophila sex determination gene daughterless has
Molecular genetic aspects of sex determination in
Breedlove, S. M. and Arnold, A. P. 1980. different functions in the germ line versus the
Drosophila. BioEssays 6: 66-70.
Hormone accumulation in a sexually dimorphic soma. Cell 48: 479-87.
Baltzer, F. 1914. Die Bestimmung und der Di- motor nucleus of the rat spinal cord. Science
De Jonge, F. H., Muntjewerff, J.-W., Louw-erse,
morphismus des Geschlechtes bei Bonellia. Sber. 210: 565-566.
A. L. and Van de Poll, N. E. 1988. Sex-ual behavior
Phys.-Med. Ges. Würzb. 43: 1-4.
Bridges, C. B. 1921. Triploid intersexes in Dro- and sexual orientation of the female rat after
Bardoni, B. and eleven others. 1994.A dosage sensitive sophila melanogaster. Science 54: 252-254. hormonal treatment during various stages of de-
locus at chromosome Xp21 is involved in male to velopment. Horm. Behav. 22:100-115.
Bridges, C. B. 1925. Sex in relation to
female sex reversal. Nat. Genet. 7: 497-501.
chromosomes and genes. Am. Nat. 59: 127-137. Desvages, G. and Pieau, C. 1992. Time required
Barfield, R. J. and Chen, J. J. 1977. Activation for temperature-induced changes in gonadal aro-
Buehr, M., Gu, S. and McLaren, A. 1993.
of estrous behavior in ovariectomized rats by matase activity and related go-nadal structure in
Mesonephric contribution to testis differentiation
intracerebral implants of estradiol benzoate. turtle embryos. Differentiation 52: 13-18.
in the fetal mouse. Development 117: 273-281.
Endocrinology 101: 1716-1725.
Desvages, G., Girondot, M. and Pieau, C. 1993.
Bull, J. J. 1980. Sex determination in reptiles.
Barnes, R. D. 1968. Invertebrate Zoology. Sensitive stages for the effects of temperature
Q. Rev. Biol. 55: 3-21.
Saunders, Philadelphia. on gonadal aromatase activity in embryos ofthe
Bull, J. J., Gutzke, W, H. N. and Crews, D. 1988. marine turtle Dermochelys coriacea. Gen.
Barraclough, C. A. and Gorski, R. A. 1962. Studies Comp. Endocrinol. 92: 54-61.
Sex reversal by estradiol in three reptilian orders.
on mating behavior in the androgen-sterilized fe-
Gen. Comp. Endocrinol. 70: 425-428.
male rat in relation to the hypothalamic regulati- Duffy, J. B. and Gergen, J. P. 1991. The Droso-
on of sexual behavior.J. Endocrinol. 25: 175-182. Cate, R. L. and eighteen others. 1986. Isolation phila segmentation gene runt acts as a position-
of the bovine and human genes for Müllerian specific numerator element necessary for the
Bell, S. E. 1986. A new model of medical uniform expression of the sex determining gene
inhibiting substance and expression of the gene
technology development: A case study of DES. sex-lethal. Genes Dev. 5: 2176-2187.
in animal cells. Cell 45: 685-698.
Sociol. Health Care 4: 1-32.
Clark, E. 1959. Functional hermaphro-ditism Eicher, E. M. 1994. Sex and trinucleotide repeats.
Bell, L. R., Maine, E. M., Schedl, P. and Cline, Nat. Genet. 6: 221-223.
and self-fertilization in a serranid fish. Science
T. W. 1988. Sex-lethal, a Drosophila sex
129: 215-216.
determination switch gene, exhibits sex-specific Eicher, E. M. and Washburn, L. L. 1983. Inherited
RNA splicing and sequence similarity to RNA Cline, T. W. 1983. The interaction between sex reversal in mice: Identification of a new sex-
binding proteins. Cell 55: 1037-1046. daughterless and Sex-lethal in triploids: A novel determining gene. J. Exp. Zool. 228: 297-304.
802 PARTE V Interações Celulares Durante a Formação do Órgão
Fausto-Sterling, A. 1992. Myths of Gender. Basic Harris, G. W. and Levine, S. 1965. Sexual Konishi, M. and Akutagawa, E. 1985. Neuronal
Books, New York. physiology of the brain and its experimental growth, atrophy, and death in a sexually
control. J. Physiol. 181: 379-400. dimorphic song nucleus in the zebra finch brain.
Fausto-Sterling, A. 1995. Animal models for the
Nature 315: 145-147.
development of human sexuality: A critical Higgins, S. J., Young, P. and Cunha, G. R. 1989.
evaluation. J. Homosexuality 28: 217-236. Induction of functional cytodifferentiation in Koopman, P., Miinsterberg, A., Capel, B., Vivian,
the epithelium of tissue recombinants II. N. and Lovell-Badge, A. 1990. Expression of a
Ferguson, M. W. J. and Joanen, T. 1982.
Instructive induction of Wolffian duct epithelia candidate sex-determining gene during mouse
Temperature of egg incubation determines sex in
by neonatal seminal vesicle mesenchyme. De- testis differentiation. Nature 348: 450-452.
Alligator mississippiensis. Nature 296: 850-853.
velopment 106: 235-250.
Koopman, P., Gubbay, J., Vivian, N., Good-fellow,
Foster, J. W. and eleven others. 1994. Cam-
Hodgkin, J. 1980. More sex-determination P. and Lovell-Badge, R. 1991. Male develop-
pomelic dysplasia and autosomal sex reversal
mutants of Caenorhabditis elegans. Genetics 96: ment of chromosomally female mice transgenic
caused by mutations in an SRY-re-lated gene.
649-664. for Sry. Nature 351: 117-121.
Nature 372: 525-530.
Hodgkin, J. 1985. Males, hermaphrodites, and Kurz, E. M., Sengelaub, D. R. and Arnold, A. P.
Galen, C. On the Usefulness of the Parts of the
females: Sex determination in Caenorhabditis 1986. Androgens regulate the dendritic length
Body. Translated by M. May, 1968. Cornell
elegans. Trends Genet. 1: 85-88. of mammalian motoneurons in adulthood.
University Press, Ithaca, NY.
Science 232: 395-397.
Horowitz, M. C. 1976. Aristotle and women. J.
Geddes, P. and Thomson, J. A. 1890. The
Hist. Biol. 9: 183-213. Kuwabara, P. E. and Kimble, J. 1992. Molecular
Evolution of Sex. Walter Scott, London.
genetics of sex determination in C. elegans.
Hu, S., Pattatucci, A. M. L., Patterson, C., Li,
Genetics Review Group. 1995. One for a boy, Trends Genet. 8: 164-168.
L., Fulker, D. W., Cherny, S. S., Kruglyak, L.
two for a girl? Curr. Biol. 5: 37-39.
and Hamer, D. H. 1995. Linkage betwen sequal Langman, J. 1981. Medical Embryology, 4th
Giese, K., Cox, J. and Grosschedl, R. 1992. The orientation and chromosome Xq28 in males but Ed. Williams & Wilkins, Baltimore.
HMG domain of lymphoid enhancer factor 1 bends not in females. Nat. Genet. 11: 248-256.
Langman, J. and Wilson, D. B. 1982. Embryo-
DNA and facilitates the assembly of functional
Hunter, C. P. and Wood, W. B. 1990. The tra-1 logy and congenital malformations of the fe-
nucleoprotein structures. Cell 69:185-195.
gene determines sexual phenotype cell-autono- male genital tract. In A. Blaustein (ed.),
Geissler, W. M. and nine others. 1994. Male mously in C. elegans. Cell 63: 1193-1204. Pathology of the Female Genital Tract, 2nd Ed.
pseudohermaphroditism caused by muta-tions of Springer-Verlag, New York, pp. 1-20.
Imperato-McGinley, J., Guerrero, L., Gau-tier, T.
testicular 17b-hydroxysteroid de-hydrogenase 3.
and Peterson, R. E. 1974. Steroid 5a-reductase Leutert, T. R. 1974. Zur Geschlechtsbestim-mung
Nat. Genet. 7: 34-39.
deficiency in man: An inherited form of male und Gametogenese von Bonellia vividis Rolan-
Goralski, T. J., Edström, J.-E. and Baker, B. S. pseudohermaphroditism. Science 186: 1213- 1215. do. J. Embryol. Exp. Morphol. 32: 169-193.
1988. The sex determination locus transformer-2
Jacklin, D. 1981. Methodological issues in the study LeVay, S. 1991. A difference in hypothalamic
of Drosophila encodes a polypeptide with similarity
of sex-related differences. Dev. Rev. 1: 266-273. structure between heterosexual and homosexual
to RNA binding proteins. Cell 56: 1011-1018.
men. Science 253: 1034-1037.
Jeyasuria, P., Roosenburg, W. M. and Place, A. R.
Gubbay, J. and eight others. 1990. A gene
1994. Role of P-450 aromatase in sex determi- Luo, X., Ikeda, Y. and Parker, K. L. 1994. A
mapping to the sex-determining region of the
nation of the diamondback terrapin, Malademys cell-specific nuclear receptor is essential for
mouse Y chromosome is a member of a novel
terrapin. J. Exper. Zool. 270: 95-111. adrenal and gonadal development and sexual di-
family of embryonically expressed genes. Nature
fferentiation. Cell 77: 481-490.
346: 245-250. Josso, N., Picard, J.-Y and Tran, D. 1977. The
anti-Müllerian hormone. Recent Prog. Horm. Mansour, S., Hall, C. M., Pembrey, M. E. and Young,
Gutzke, W. H. N. and Chymiy, D. B. 1988.
Res. 33:117-167. I. D. 1995. A clinical and genetic study of campo-
Sensitive periods during embryology for
melic dysplasia. J. Med. Genet. 32: 415-420.
hormonally induced sex determination in turtles. Jost, A. 1953. Problems of fetal endocrinology:
Gen. Comp. Endocrinol. 71: 265-267. The gonadal and hypophyseal hormones. Recent Marshall, E. 1995. NIH’s “gay gene” study
Prog. Harm. Res. 8: 379-418. questioned. Science 268: 1841.
Hacker, A., Capel, B., Goodfellow, P. and Lovell-
Badge, R. 1995. Expression of Sry, the mouse sex Jursnich, V. A. and Burtis, K. C. 1993. A positive Marx, J. 1995. Mammalian sex determination:
determining gene. Development 121: 1603-1614. role in differentiation for the male doublesex Snaring the genes that divide sexes for mammals.
protein of Drosophila. Dev. Biol. 155: 235-249. Science 269: 1824-1825.
Hamer, D. H., Hu, S., Magnuson, V. L., Hu, N.
and Pattatucci, A. M. L. 1993. A linkage between Kandel, E. R. and Schwartz, J. H. 1985. Principles McClung, C. E. 1902. The accessory chromo-
DNA markers on the X chromosome and male of Neural Science. Elsevier, NY. somesex determinant? Biol. Bull. 3: 72-77.
sexual orientation. Science 261: 321-327.
Kandel, E. R., Schwartz, J. H. and Jessell, T. M. McEwen, B. S. 1981. Neural gonadal steroid
Haqq, C. M., King, C. Y, Donahoe, P. K. and 1995. Essentials of Neural Science and Behavior. actions. Science 211: 1303-1311.
Weiss, M. A. 1993. Sry recognizes conserved Appleton and Lange, Norwalk, CT.
McEwen, B. S., Leiberburg, I., Chaptal, C. and
DNA sites in sex-specific promoters. Proc. Natl.
Kent, J.,Wheatley, S. C., Andrews, J. E., Sinclair, Krey, L. C. 1977. Aromatization: Important for
Acad. Sci. USA 90: 1097-1101.
A. H. and Koopman, P. 1996. A male-specific sexual differentiation of the neonatal rat brain.
Haqq, C., King, C.-Y, Ukiyama, E., Falsafi, S., role for SOX9 in vertebrate sex determination. Horm. Behav. 9: 249-263.
Haqq, N., Donahoe, P. K. and Weiss, M. A. 1994. Development 122: 2813-2822.
McKeown, M., Belote, J. M. and Boggs, R. T.
Molecular basis of mammalian sexual determi-
Keyes, L. N., Cline, T. W. and Schedl, P. 1992. 1988. Ectopic expression of the female trans-
nation: Activation of Müller-ian inhibiting
The primary sex determination signal of Dro- former gene product leads to female differentia-
substance gene expression by SRY. Science 266:
sophila acts at the level of transcription. Cell tion of chromosomally male Drosophila. Cell
1494-1500.
68: 933-943. 53: 887-895.
CAPÍTULO 20 Determinação do Sexo 803
Meyer, W. J., Migeon, B. R. and Migeon, C. J. mediating mat-ing behavior in the female guinea Shen, W-H., Moore, C. C. D., Ikeda, Y., Parker,
1975. Locus on human X chromosome for dihy- pig. En-docrinology 65: 369-382. K.L. and Ingraham, H. A. 1994. Nu-clear recep-
drotestosterone receptor and androgen insensiti- tor steroidogenic factor 1 regu-lates the Müllerian
Pieau, C., Girondot, N., Richard-Mercier, G,
vity. Proc. Natl. Acad. Sci. USA 72: 1469-1472. inhibiting substance gene: a link to the sex de-
Desvages, M., Dorizzi, P and Zaborski, P. 1994.
termination cas-cade. Cell 77: 651-661.
Miller, L. M., Plenefisch, J. D., Casson, L. P. Temperature sensitivity of sexual dif-ferentia-
and Meyer, B. 1988. xol-1: A gene that controls tion of gonads in the European pond turtle. J. Siiteri, P. K. and Wilson, J. D. 1974. Testos-
the male mode of both sex determination and X Exper. Zool. 270: 86-93. terone formation and metabolism during male
chromosome dosage compensation in C. elegans. sexual differentiation in the human embryo. J.
Pontiggia, A., Rimini, R., Goodfellow, P. N.,
Cell 55: 167-183. Clin. Endocrinol. Metab. 38: 113-125.
Lovell-Badge, R. and Bianchi, M. E. 1994. Sex-
Moore, C. L. 1990. Comparative development reversing mutations affect the architec-ture of Sinclair, A. H. and nine others. 1990. A gene
of vertebrate sexual behavior: Levels, cascades, Sry/DNA complexes. EMBO J. 13: 6115-6124. from the human sex-determining region encodes
and webs. In D. A. Dewsbury (ed.), Issues in a protein with homology to a con-served DNA-
Pröve, E. 1978. Courtship and testosterone in
Comparative Psychology. Sin-auer Associates, binding motif. Nature 346: 240-244.
male zebra finches. Z. Tierpsychol. 48: 47-67.
Sunderland, MA, pp. 278-299.
Stevens, N. M. 1905. Studies in spermato-genesis
Reddy, V. R., Naftolin, F. and Ryan, K. J. 1974.
Moore, C. L., Dou, H. and Juraska, J. M. 1992. with especial reference to the “ac-cessory chro-
Conversion of androstenedione to es-trone by
Maternal stimulation affects the number of mo- mosome.” Carnegie Inst. Wash-ington Rep. 36.
neural tissues from fetal and neonatal rats.
tor neurons in a sexually dimorphic nucleus of
Endocrinology 94: 117-121. Terasawa, E. and Sawyer, C. H. 1969. Changes
the lumbar spinal cord. Brain Res. 572: 52-56.
in electrical activity in rat hypo-thalamus related
Rhind, N. B., Miller, L. M., Kopczynski, J. B.
Morgan, T. H. 1919. The Physical Basis of to electrochemical stimu-lation of adenohypo-
and Meyer, B. J. 1995. xol-1 acts as an early
Heredity. Lippincott, Philadelphia. physeal function. En-docrinology 85: 143-149.
switch in the C. elegans male/her-maphrodite
Muscatelli, F. and fourteen others. 1994. Mutations decision. Cell 80: 71-82. Thigpen, A. E., Davis, D. L., Imperato-
in the DAX-1 gene give rise to both X-linked McGinley, J. and Russell, D. W 1992. The mole-
Risch, N., Squires-Wheeler, E. and Keats, B. J.
adrenal hypoplasia con-genita and hypogonado- cular basis of steroid 5a-reductase de-ficiency in
B. 1993. Male sexual orientation and ge-netic
tropic hypogo-nadism. Nature 372: 672-634. a large Dominican kindred. N. Engl. J. Med.
evidence. Science 262: 2063-2065.
327: 1216-1219.
Nabekura, J., Oomura, Y, Minami, T, Mizuno,
Robboy, S. J., Young, R. H. and Herbst, A. L. 1982.
Y. and Fukuda, A. 1986. Mechanism of the rapid Thorpe, W. H. 1958. The learning of song
Female genital tract changes re-lated to prenatal
effect of 17b-estradiol on medial amygdala patterns by birds with especial reference to the
diethylstilbesterol expo-sure. In A. Blaustein (ed.),
neurons. Science 233: 226-228. song of the chaffinch, Fringilla coelebs. Ibis
Pathology of the Female Genital Tract, 2nd Ed.
100: 535-570.
Nordeen, E. J., Nordeen, K. W., Sengelaub, D. R. Springer-Ver-lag, New York, pp. 99-118.
and Arnold, A. P. 1985. Androgens prevent Tian, M. and Maniatis, T. 1993. A splicing
Rubin, B. S. and Barfield, R. J. 1980. Prim-ing of
normally occurring cell death in a sexually enhancer complex controls alternative splicing
estrus responsiveness by implants of 17b-estradiol
dimorphic spinal nucleus. Science 229: 671-673. of doublesex pre-mRNA. Cell 74: 105-114.
in the ventromedial hypothal-amic nuclei of fe-
Nöthiger, R., Dübendorfer, A. and Epper, F. 1977. male rats. Endocrinology 106: 504-509. Tobin, C. and Joubert, Y. 1992. Testos-terone-
Gynandromorphs reveal two separate primordia induced development of the rat lev-ator ani
Ryner, L. C. and Bruce, B. S. 1991. Regula-tion
for male and female geni-talia in Drosophila muscle. Dev. Biol. 146: 131-138.
of doublesex pre-mRNA processing oc-curs by
melanogaster. Wilhelm Roux Arch. 181:367-373.
3'-splice site activation. Genes Dev. 5: 2071-2085. Tran, D., Meusy-Dessolle, N. and Josso, N. 1977.
Nottebohm, F. 1980. Testosterone triggers Anti-Müllerian hormone is a func-tional marker
Salz, H. K., Cline, T. W. and Schedl, P. 1987.
growth of brain vocal control nuclei in adult of foetal Sertoli cells. Nature 269: 411-412.
Functional changes associated with struc-tural
female canaries. Brain Res. 189: 429-436.
alterations induced by mobilization of a P Trelstad, R. L., Hayashi, A., Hayashi, K. and
Nottebohm, F. 1981. A brain for all seasons: element inserted into the Sex-lethal gene of Donahoe, P. K. 1982. The epithelial-mesen-
Cyclical anatomical changes in song con-trol nuclei Drosophila. Genetics 117: 221-231. chymal interface of the male rate Mtillerian
of the canary brain. Science 214: 1368-1370. duct: Loss of basement mem-brane integrity and
Salz, H. K., Maine, E. M., Keyes, L. N., Samuels,
ductal regression. Dev. Biol. 92: 27-40.
Nowinski, W. 1934. Die vermännlichende M. E., Cline, T. W. and Schedl, P. 1989. The
Wirkung fraktionierter Darmextrakte des Drosophila female-specific sex-de-termination Tuana, N. 1988. The weaker seed. Hypatia 3:
Weibchens auf die Larven der Bonellia viridis. gene, Sex-lethal, has stage-, tis-sue-, and sex- 35-59.
Pubbl. Staz. Zool. Napoli 14: 110-145. specific RNAs suggesting multiple modes of re-
Vainio, S. and McMahon, A. 1996. Wnt-4a as a
gulation. Genes Dev. 3: 708-719.
Perry, M. D., Li, W., Trent, C., Robertson, B., signal regulating sex organogenesis. WNT
Fire, A., Hageman, J. M. and Wood, W. B. 1993. Sánchez, L. and Nöthiger, R. 1983. Sex de- Meeting Abstracts, Stanford, CA.
Molecular characterization of the her-1 gene termination and dosage compensation in Dro-
Valcárcel, J., Singh, R., Zamore, P. and Greene,
suggests a direct role in cell signal-ing during sophila melanogaster: Production of male clones
M. R. 1993. The protein Sex-lethal antagonizes
Caenorhabditis elegans sex deter-mination. in XX females. EMBO J. 1: 485-491.
the splicing factor U2AF to regulate alternati-
Genes Dev. 7: 216-228.
Schiebinger, L. 1989. The Mind Has No Sex? ve splicing of transformer pre-mRNA. Nature
Pfaff, D. W. and McEwen, B. S. 1983. The Harvard University Press, Cambridge, MA. 362: 171-175.
actions of estrogens and progestins on nerve
Schüpbach, T, Wieschaus, E. and Nöthiger, R. Van Doren, Ellis, H. M. and Posakony, J. W.
cells. Science 219: 808-814.
1978. The embryonic organization of the 1991. The Drosophila extramacrochaetae
Phoenix, C. H., Goy, R. W., Gerall, A. A. and Young, genital disc studied in genetic mosaics of Dro- protein antagonizes sequence-specific DNA
W. C. 1959. Organizing action of prenatally sophila melanogaster. Wilhelm Roux Arch. 185: binding by daughterless/achaete-scute protein
administered testosterone proprionate on the tissues 249-270. complexes. Development 113: 245-255.
804 PARTE V Interações Celulares Durante a Formação do Órgão
Wagner, T. and thirteen others. 1994. Auto- Wilson, E. B. 1905. The chromosomes in re- Younger-Shepherd, S., Vaessin, H., Bier, E., Jan,
somal sex reversal and campomelic dyspla-sia lation to the determination of sex in insects. L. Y. and Jan, Y. N. 1992. deadpan, an es-sential
are caused by mutations in and around the SRY- Science 22: 500-502. pan-neural gene encoding an HLH protein, acts
related gene SOX9. Cell 79: 1111-1120. as a denominator in Drosophila sex determina-
Witelson, S. F., Glezer, I. I. and Kigar, D. L.
tion. Cell 70: 911-922.
Washburn. L. L. and Eicher, E. M. 1989. Nor- 1995. Women have greater density of neu-rons
mal testis determination in the mouse depends in posterior temporal cortex. J. Neu-rosci. 15: Zanaria, E. and thirteen others. 1994. An unusual
on genetic interaction of a locus on chromoso- 3418-3428. member of the nuclear hormone receptor
me 17 and the Y chromosome. Genetics 123: superfamily responsible for X-linked adrenal
Wright, E. and eight others. 1995. The Sry-
173-179. hypoplasia congenita. Na-ture 372: 635-641.
related gene Sox9 is expressed during chondro-
Werner, M. H., Huth, J. R., Groneborn, A. M. genesis in mouse embryos. Nat. Genet. 9: 15-20. Zarkower, D. and Hodgkin, J. 1992. Molec-ular
and Clore, G. M. 1995. Molecular basis of human analysis of the C. elegans sex-determin-ing gene
Yamamoto, T.-O. 1969. Sex differentiation. In
46X,Y sex reversal revealed from the three- tra-1: A gene encoding two zinc finger proteins.
W. S. Hoar and D. J. Randall (eds.), Fish
dimensional solution structure of the human SRY- Cell 70: 237-249.
Physiology, Vol. 3. Academic Press, New York,
DNA complex. Cell 81: 705-714.
pp. 117-175.
Regulação ambiental do
desenvolvimento animal 21
Podemos agora passar a considerar adapta-
ções para o ambiente externo; e inicialmente
as adaptações diretas.... nas quais um ani-
mal, durante seu desenvolvimento, é modi-
ficado por fatores externos de tal maneira
N A PRIMEIRA METADE do século 19, “biologia” era o estudo do “organis-
mo em relação às suas condições de existência”, e a investigação do orga-
nismo vivo era geralmente realizada em seu habitat original. Somente ao
redor de 1850, é que a “fisiologia” emergiu como uma tentativa de quantificar o fenô-
meno biológico no laboratório. A embriologia permaneceu dentro do reino da biologia,
que há um aumento da eficiência com que enquanto a fisiologia investigava as estruturas e funções dos organismos adultos
esses fatores são tratados. independentemente dos seus ambientes originais (Nyhart, 1995).
C. H. WADDINGTON (1957)
Dentro desse contexto biológico, a embriologia foi vista como o motor da mu-
dança evolucionária, e o desenvolvimento como sendo condicionado pelo ambiente.
Por exemplo, Augusto Weismann (1875) verificou que borboletas da mesma espécie
eclodindo em estações diferentes podiam apresentar cores diferentes, e ele podia
transformar a forma do verão na forma da primavera, resfriando as pupas. Carl Siebold
mostrou que alguns afídios partenogenéticos podiam dar origem a machos e fêmeas
sexuadas tardiamente na época de reprodução para produzir um ovo que hibernava (e
que invariavelmente eclodia como uma fêmea partenogenética), e vários pesquisado-
res estudaram a determinação sexual pelo ambiente na Bonellia e em colméias de
insetos (veja Hertwig, 1894). A primeira geração de embriologistas experimentais
estudou os efeitos do ambiente sobre o desenvolvimento, incluindo o efeito de falta
de íons ou de nutrientes na determinação do sexo e na morfogênese (Selenka 1876;
Born, 1881; Herbst, 1893). (Os estudos de Born mostrando que o sexo de embriões de
rãs podia ser alterado por fatores ambientais foi mostrado com proeminência no filme
Jurassic Park.)
Mas a maré estava mudando. Nas décadas de 1870 e de 1880, jovens zoologistas
se afastavam dessas “questões biológicas” em direção às questões de fisiologia
interna e anatomia. Embriologistas mais velhos, como Carl Siebold e Ernst Haecke,
que desenvolveram seus trabalhos em um contexto evolucionário ou ambiental, se
desesperavam porque a “próxima geração de ‘zoologistas científicos’ somente co-
nheceria cortes seccionais e tecidos corados, mas nem o animal inteiro e nem seu
modo de vida” (Haeckel, 1881). Eles estavam atônitos pela falta de interesse dos
805
806 PARTE V Interações Celulares Durante a Formação do Órgão
Q REGULAÇÃO AMBIENTAL DO
DESENVOLVIMENTO NORMAL
A colonização larval
* Essas preocupações e a retórica que as expressa são extraordinariamente similares àquelas dos
embriologistas mais velhos de hoje que se desesperam porque os pesquisadores mais jovens são somente
clonadores de genes sem conhecimentos sobre a estrutura total dos embriões (veja Nyhart, 1995).
CAPÍTULO 21 Regulação Ambiental do Desenvolvimento Animal 807
AMPHINEURA (CHITONS)
Tonicella lineata Lithophyllum sp. e Lithothamnion sp. (algas vermelhas)
LAMELLIBRANCHIA (Bivalvos)
Teredo sp. Madeira
Bankia gouldi Madeira
Mercenaria mercenaria Líquidos de moluscos; areia
Placopecten magellanicus Concha adulta; areia; etc.
Mytilus edulis Algas filamentosas; outro material não biológico de seda
Crassostrea virginica Líquido da concha; extrato do corpo; “glicogênio de crustáceo”
sugestões para iniciar sua colonização. Nos moluscos, freqüentemente existem su-
gestões muito específicas para a colonização (Tabela 21.1). A maioria das larvas dos
nudibrânquios (lesma do mar) sofrem metamorfose somente se induzida por uma
presa adulta viva (que é diferente de espécie a espécie). Em alguns casos, foi identi-
ficado o produto solúvel da presa que dispara a metamorfose (Hadfield, 1977). A
larva do teredo (shipworm) Teredo navalis é induzida a se estabelecer por compostos
liberados pela madeira, e material solúvel eluído de conchas de ostras induzem a
colonização das larvas de ostras.*
O haliote vermelho (abalone) Haliotis rufescens tem larvas que somente coloni-
zam quando entram em contacto físico com algas vermelhas coralinas. Somente um
contacto breve é necessário para que a larva competente pare de nadar e comece a
metamorfose. Ainda não foi isolado o agente químico responsável por essa modifica-
ção, mas o reconhecimento de um peptídeo de algas induz a metamorfose em larvas
competentes. As larvas que não são competentes para a indução da metamorfose
parecem não ter esse receptor. Considera-se que esse receptor esteja ligado a uma
Refeições de sangue
Simbiose no desenvolvimento
Corpora allata
EDNH
Acasalamento e
JH comportamento alimentar
Corpo
gorduroso Vitelogenina Ovário vitelogênico Ovos e ovário
pós-vitelogênico
Figura 21.2
Micrografia eletrônica de varredura do primórdio do órgão
de luz de uma lula juvenil E. scolopes de 3 dias. (A) Órgão
de luz em um juvenil não infectado. (B) Órgão de luz de um
juvenil infectado com a bactéria simbiótica V. fischeri. Re-
gressão do epitélio é óbvia em (B). (De acordo com
Montgomery e McFall-Ngai, 1995; fotografias cortesia de
(A) (B) M. McFall-Ngai.)
810 PARTE V Interações Celulares Durante a Formação do Órgão
Figura 21.3
Simbiontes microbianos são necessários para Tórax
a formação do intestino da cigarrinha Euscelis Cabeça Abdômen
incisus. (A) Embrião controle com simbion-
tes tem formação normal do intestino. (B)
Embrião anormal com formação deficiente
do intestino quando antibióticos eliminaram
a maioria das bactérias do ovo. (De acordo
com Schwemmler, 1974; fotografias corte-
sia de W. Schwemmler.)
0.1 mm
(A)
0.1 mm
(B)
Número de
cromossomos Oogênese completa
Figura 21.4
Mudanças cromossômicas durante o ciclo vital do afídio da família Phylloxeridal. O clima
do outono induz a produção de machos e fêmeas, que se cruzam para produzir o ovo
hibernal.
Thomas Hunt Morgan (antes dele começar a trabalhar com a mosca da fruta). Morgan
analisou os cromossomos do afídio da nogueira (hickory) durante várias gerações
(Figura 21.4). Ele encontrou que o número diplóide das fêmeas de afídios é 12.
Durante a oogênese, somente um corpo polar é expelido do óvulo em desenvolvi-
mento, de modo que o número diplóide de 12 é retido. Esse ovo desenvolve-se
partenogeneticamente sem ser fertilizado. Nas fêmeas que podem dar origem a ovos
que se tornam macho ou fêmea, ocorre uma modificação dessa oogênese. Nos ovos
produtores de fêmeas, seis pares de cromossomos penetram no único corpo polar.
Portanto, o número diplóide de 12 é retido. Nos ovos produtores de machos, entre-
tanto, um par extra de cromossomos entra no corpo polar. O número diplóide do
macho é 10. Esses machos e fêmeas são sexuados e têm divisões meióticas comple-
tas. A fêmea produz oócitos com um conjunto haplóide de 6 cromossomos. Os
machos, entretanto, dividem os seus 10 cromossomos para produzir uma parte do
espermatozóide com o número haplóide de 4 cromossomos e a outra parte com o
número haplóide de 6 cromossomos. O espermatozóide com 4 cromossomos se
degenera. O espermatozóide com 6 cromossomos fertiliza o ovo com esses para
restaurar o número diplóide de cromossomos a 12. Quando o ovo eclode, após o
inverno, é uma fêmea.
Isso resolveu uma charada. A outra, de como o clima do outono regula se a
fêmea é sexuada ou partenogênica ou se o organismo é alado ou áptero permanece
sem solução. Da mesma maneira, não sabemos o que regula o oócito diplóide a
produzir ovos dando machos ou fêmeas. Além disso, fatores ambientais são usa-
dos de maneiras diferentes pelas várias espécies. A Figura 21.5 mostra um tipo de
ciclo vital encontrado em afídios. Nos afídios da nogueira e na Megoura viciae,
existe uma alternância de gerações sexuadas e assexuadas. Em Megoura, a tempe-
ratura determina o sexo precocemente no desenvolvimento (temperaturas extre-
mas favorecendo a produção de fêmeas). No desenvolvimento da fêmea, o
fotoperíodo e a temperatura determinam se a fêmea se reproduzirá sexualmente ou
partenogeneticamente, e uma combinação de temperatura e densidade populacional
determinará se a fêmea é alada ou sem asas (Beck, 1980). É possível que o hormô-
nio juvenil controle a troca partenogenética/sexual (adição de hormônio juvenil a
adultos produzindo descendentes sexuados os leva a ter descendentes parteno-
genéticos) e inibe a formação de asas (Hardie, 1981; Hardie e Lees, 1985). Mas não
se sabe como as mudanças ambientais se transformam em títulos de hormônio
juvenil ou como o clima de outono ou a luz solar causam o movimento diferencial
dos cromossomos para o corpo polar.
812 PARTE V Interações Celulares Durante a Formação do Órgão
Inverno Outono
Fêmea sexual
Fêmeas
(B) assexuadas
aladas
Aglomeração,
baixa temperatura
Diapausa
* Apesar do polifenismo sazonal ser geralmente considerado como adaptativo, existem certas
ocasiões que não há aumento da aptidão do organismo. Por exemplo, o fotoperíodo pode fazer com
que o pêlo da lebre mude de marrom para branco, mas se não houver neve, a lebre ficara conspícua
em um segundo plano escuro.
814 PARTE V Interações Celulares Durante a Formação do Órgão
Figura 21.8
Polifenismo sazonal na borboleta Araschnia
laevana. (A) A forma do verão que emerge
da pupa em não diapausa. (B) A forma
alaranjada e marrom da primavera, que emer-
ge da pupa em diapausa. (Veja Prancha 29
para fotografias coloridas.) (Fotografias cor-
tesia de H. F. Nijhout.)
(A) (B)
(A) (B)
Figura 21.9
As duas formas sazonais da borboleta de Malawi, Bicyclus anynana. (A) A forma da estação
seca que se mistura a restos de folhas mortas, secas e escuras. (B) Forma da estação chuvosa com
visíveis manchas em forma de ocelos das asas posteriores ventrais. A forma da estação chuvosa
pode ser mimetizada pelo cultivo da larva em temperaturas mais altas (23oC); larvas cultivadas em
temperaturas mais baixas (17oC, se aproximando das temperaturas na transição para a estação
seca) se desenvolvem na forma da estação seca. (De acordo com Brakefield et al., 1996; fotogra-
fias cortesia de S. Carroll e P. Brakefield.)
816 PARTE V Interações Celulares Durante a Formação do Órgão
Nem todo polifenismo é controlado pelas estações. Nas abelhas, o tamanho da larva
fêmea na muda pupal determina se o indivíduo será uma operária ou uma rainha. A
larva que é alimentada com “geléia real”, rica em nutrientes, retém a atividade da sua
corpora allata durante o estágio do último instar. O hormônio juvenil secretado por
esses órgãos atrasa a pupação, fazendo com que a abelha emergente seja maior e (em
algumas espécies) mais especializada em sua anatomia (Figura 21.11A; Brian, 1974,
1980; Plowright e Pendrel, 1977). Os níveis de hormônio juvenil em larvas destina-
das a se tornar rainha é 25 vezes maior que o título das destinadas a serem operárias,
e a aplicação desse hormônio em larvas operárias pode transformá-las em rainhas
(Wirtz, 1973; Rachinsky e Hartfelder, 1990).
Analogamente, colônias de formigas são predominantemente fêmeas, e essas
podem ser extremamente polimórficas (Figura 21.11A). Os dois tipos principais de
fêmeas são a operária e a gine. A gine é uma rainha em potencial. Em espécies mais
especializadas, também se observa uma operária maior, o soldado. Na Pheidole
bicarinata, essas castas são determinadas pelos níveis de hormônio juvenil nas lar-
vas em desenvolvimento. Larvas recebendo alimento rico em proteínas têm um título
elevado de hormônio juvenil que causa uma abrupta mudança no desenvolvimento
Operários
secundários
Operários
Operárias principais
Gines Gines (soldados)
Figura 21.11
(A) Fotografia do notável dimorfismo da formiga operária (esquerda) e a rainha (direita) na
espécie Pheidologeton diversus. As duas são irmãs, mas uma foi alimentada de tal maneira
que sua larva continua a crescer e finalmente se metamorfoseia em uma “rainha” fértil. (B,C)
Formação da gine (rainha) e da operária nas formigas. Áreas levemente coloridas representam
bipotencialidade para se tornarem operárias ou gines. O N no círculo representa uma troca
nutricional controlada pelo ambiente da larva. (B) Myrmica rubra, onde somente as larvas que
hibernam (OW) permanecem bipotenciais. No último instar, a troca nutricional determina a casta.
(C) Pheidole pallidula, onde a rainha controla a determinação das gines, através dos hormônios
que agem durante a embriogênese. (Fotografia com copirraite, cortesia de Mark W. Moffett na
National Geographic Society; B e C de acordo com Wheeler, 1986.)
CAPÍTULO 21 Regulação Ambiental do Desenvolvimento Animal 817
Temperatura (oC)
818 PARTE V Interações Celulares Durante a Formação do Órgão
Figura 21.13
Relacionamento entre temperatura e razão sexual F:(F+M)
durante o período da determinação sexual em Menidia
menidia. Nos peixes coletados na porção mais norte da área
(Nova Scotia), a temperatura teve pouco efeito na determina-
ção sexual. Quando foram coletados embriões de peixes em
locais mais ao sul (especialmente da Virginia para a South
Carolina), o ambiente teve um grande efeito. (De acordo com
Norte
Nova Scotia
Prince Edward Island
New York
Virginia
North Carolina
South Carolina
Sul
beneficiam por serem maiores, pois tamanho se traduz em maior fecundidade. É uma
vantagem nascer cedo na época da reprodução para uma fêmea Menidia, que teria um
período mais longo de alimentação e um tamanho maior. Nos machos, o tamanho não
tem importância. Conover e Heins mostraram que na parte sul da área da Menidia, as
fêmeas realmente nascem cedo na estação de reprodução. A temperatura parece ter um
papel importante. Entretanto, na parte norte de sua região, a mesma espécie não mos-
tra determinação sexual ambiental. Na verdade, uma relação 1:1 é gerada em todas as
temperaturas (Figura 21.13). Os autores especulam que as populações mais ao norte
têm uma estação de alimentação muito curta, de modo que não há vantagem para uma
fêmea nascer antes. Portanto, essa espécie de peixes tem uma determinação sexual
ambiental nas regiões onde é adaptiva e uma determinação sexual genotípica nas
regiões onde não é adaptiva. Aqui, novamente, observa-se que o ambiente pode
induzir um fenótipo sexual, ou o fenótipo sexual pode ser uma propriedade do genoma,
como é o caso na maioria dos mamíferos.
Alguns embriões são protegidos das condições ambientais por materiais secretados
dentro do ovo ou ao seu redor. Em outros casos, o ambiente induz uma via específica
de desenvolvimento em lugar da via normal. Na lagarta Nemoria, a dieta altera o
fenótipo e protege o indivíduo da predação. Alguns animais levaram isso um passo a
frente: O desenvolvimento de um jovem é modificado por substâncias liberadas pelo
próprio predador, permitindo aos jovens escapar desses mesmos predadores. Isso é
algumas vezes chamado de defesa induzida pelo predador (ou polifenismo indu-
zido pelo predador).
Para demonstrar defesa induzida pelo predador, deve-se demonstrar que a mu-
dança fenotípica é causada pelo predador (geralmente por substâncias solúveis libe-
radas pelo predador) e que a modificação fenotípica aumenta a aptidão de seus porta-
dores quando o predador está presente (Adler e Harvell, 1990).* Por exemplo, várias
espécies de Daphnia e rotíferos alterarão sua morfologia quando desenvolvidos em
águas onde seus predadores foram cultivados (Figura 21.14; Dodson, 1989; Adler e
Harvell, 1990). O rotífero predatório Asplanchna libera na água um composto solú-
vel que induz os ovos de uma espécie de presa, Keratella slacki, a se desenvolver em
indivíduos com um corpo ligeiramente maior, mas com espinhas anteriores 130%
mais longas do que seria o normal. Essas modificações as torna mais difíceis de
serem devoradas. O caracol Thais lamellosa desenvolve uma concha mais grossa e
um “dente” na sua abertura quando exposto ao efluente das espécies de caranguejo
que são seus predadores. Em uma população mista, os caranguejos não atacam os
caracóis mais espessos até que mais de 50% dos normais tenham sido devorados
(Palmer, 1985). Figura 21.14
Polifenismo envolvendo predadores não se limita aos invertebrados. McCollum Polifenismo induzido por predadores. Formas
e Van Buskirk (1996) mostraram que na presença de seus predadores, a nadadeira da típicas (linha superior) e induzidas por preda-
cauda da rã de árvore Hyla chrysoscelis cresce mais e se torna vermelho brilhante. dores (linha inferior) em vários organismos.
Os números abaixo de cada coluna represen-
tam a porcentagem de organismos sobreviven-
*O fenômeno da ciclomorfose, no qual há uma variação cíclica da morfologia em certas espécies de
do à predação, quando indivíduos induzidos e
Daphnia (Woltereck, 1909), não foi correlacionado com um predador específico. O fenômeno pode ser
devido a outros fatores (Dodson, 1989).
não induzidos foram submetidos a predadores
(em vários ensaios). (Dados de Adler e Harvell,
1980 e referências neles citados.)
Forma
típica
Abertura Inflado e
grossa com dente com corcova
Forma
induzida
por
predador
Isso permite que o girino se afaste nadando rapidamente e desvie golpes na região da
cauda. A carpa Carassius carassius reponde à presença do lúcio (pike) predatório
somente se esse já se alimentou com peixe. A carpa cresce adquirindo uma forma
entumecida e com uma corcova que não mais se ajusta às mandíbulas do lúcio. Como
na maioria das defesas induzidas pelo predador, existe uma contrapartida (ou então
seria de se esperar que a forma induzida se tornasse o fenótipo normal). Nesse caso, a
morfologia induzida produz um retardamento nas condições de natação, e o peixe mais
gordo não pode nadar tão eficientemente (Brönmark e Pettersson, 1994). A Figura
21.14 mostra as formas típicas e as induzidas pelo predador para várias espécies. Em
cada caso, filtrados solúveis da água envolvendo o predador são capazes de induzir
essas modificações. Como mostra a Figura 21.14, a forma induzida é mais susceptível
a sobreviver ao seu predador. [env4.html]
Figura 21.15
Polifenismo nos girinos do sapo pé de espada, Músculo Musculo
interhióideo interhióideo
Scaphiopus couchii. A forma típica é a onívo-
ra, usualmente se alimentando de insetos e al-
gas. Quando as lagoas estão secando é forma- Alças Alças
da a forma carnívora (canibalística). A boca é intestinais intestinais
mais larga, os músculos das mandíbulas são
maiores, e o intestino modificado para uma di- CARNÍVORO
eta carnívora. (Fotografia e desenho cortesia (outros girinos) ONÍVORO (camarão do mar,
de R. Ruibel.) Superfície ventral algas) Superfície ventral
CAPÍTULO 21 Regulação Ambiental do Desenvolvimento Animal 821
Informações adicionais
& Especulações
Assimilação Genética
a discussão sobre a relação custo/ Presumivelmente sua pele, como a de
Se a assimilação genética indica a fixa- adaptivo ao dia curto (clima frio) de várias A assimilação genética pode ter um
ção de um dos fenótipos adaptivamente ex- borboletas é o mesmo que o único fenótipo, papel importante fornecendo um viés
pressos, então as borboletas seriam uma boa geneticamente produzido, de espécies re- para mudanças evolucionárias. Se um or-
fonte onde encontrar mais exemplos. Bra- lacionadas ou subespécies vivendo em al- ganismo herda uma norma de reação, as
kefield e colegas (1996) mostraram que po- tas altitudes ou latitudes. Pode-se também vias de desenvolvimento levando a um
diam fixar geneticamente as diferentes for- produzir o fenótipo de clima frio incuban- fenótipo particular já estão colocadas, e
mas do polifenismo adaptivo de Bicyclus, do no refrigerador as larvas ou pupas das tudo o que a evolução deve fazer é suprir
e Shapiro (1976) mostrou que o fenótipo borboletas da estação quente. [env5.html] um iniciador constante dessas vias.
Dia 1 Núcleo
Citoplasma Antígeno A
Sem divisão ou diferenciação
Clones de dos linfócitos cujos anticorpos
linfócito da superfície celular não
em repouso reconhecem o antígeno A
Ribossomos
Dia 2 Figura 21.17
Modelo de seleção clonal na formação de
Moléculas de
anticorpo são
anticorpos. Cada célula B produz um tipo par-
sintetizadas no ticular de proteína de anticorpo (imunoglobuli-
retículo na) e a expõe na sua superfície celular. Quando
endoplasmático um antígeno (estranho ao corpo) se liga às pro-
teínas do anticorpo na membrana da célula B, a
Dia 3 célula B está apta a se dividir e se diferenciar
Proliferação em uma célula plasmática secretora de
anticorpos. A célula plasmática secreta somente
Retículo aquele tipo específico de anticorpo que foi ori-
endoplasmático
ginalmente produzido pela célula B.
Dia 4
Diferenciação
Célula de
Anticorpo anti-A secretado memória
Célula
plasmática
Dia 5
Anticorpo secretado
*A fóvea é uma depressão no centro da retina onde somente os cones estão presentes e os bastonetes
e vasos sangüíneos estão ausentes. Aqui ela se torna um marco conveniente.
CAPÍTULO 21 Regulação Ambiental do Desenvolvimento Animal 825
Retina
Nervo
óptico
Quiasma
óptico
Núcleo
geniculado
lateral
Radiações ópticas
Córtex visual
Vias visuais do olho direito (vista da Vias visuais do olho esquerdo Vias visuais combinadas,
superfície ventral do cérebro) esquerda e direita
Figura 21.18
Vias principais do sistema visual de mamífe-
ros. (A) Em mamíferos, o nervo óptico de cada
olho se ramifica, enviando fibras nervosas a
um núcleo geniculado lateral em cada lado do
cérebro. No lado ipsilateral, uma parte especí-
fica da retina vai a uma parte específica do nú-
cleo geniculado lateral. No lado contralateral,
o núcleo geniculado lateral recebe entradas de
todas as partes da retina. Neurônios de cada
núcleo geniculado lateral inervam o córtex vi-
sual no mesmo lado. (B,C) Retinas isoladas (e
filetadas) mostrando projeções ipsilaterais (B)
(B) (C)
e contralaterais (C), das células ganglionárias
da retina de um embrião de camundongo de 16
dias. O corante fluorescente carbocianina DiI
foi inserido atrás do quiasma óptico, e foi per-
mitido que o corante penetrasse nos axônios
rhesus, onde fenômenos semelhantes são observados, o defeito foi relacionado à
retinianos. O corante se difunde ao longo dos
falta de síntese de proteínas nos neurônios geniculados laterais inervados pelo axônios, assim demarcando a sua origem. Pro-
olho coberto (Kennedy et al., 1981). jeções ipsilaterais na sua maioria vêm de uma
Seria tentador concluir que a cegueira resultante foi devida à não formação de única parte da retina (neste caso, da região
conexões visuais apropriadas, mas esse não é o caso. Realmente, quando um gato ventro-temporal). Projeções contralaterais para
nasce, axônios dos neurônios geniculados laterais recebendo entradas de cada olho o mesmo sítio vêm de toda a retina. (B e C de
se superpõe extensivamente no córtex visual (Hubel e Wiesel, 1963). Entretanto, Colello e Guillery, 1990, cortesia dos autores.)
quando um olho é coberto muito cedo na vida do filhote, suas conexões com o córtex
visual são assumidas por aquelas do outro olho (Figura 21.19). Existe competição, e
a experiência tem um papel na fortificação e estabilização das conexões de cada
núcleo geniculado lateral ao córtex visual. Portanto, quando ambos os olhos do gati-
nho são costurados durante 3 meses, a maioria das células corticais pode ser estimu-
lada pela iluminação apropriada de um ou outro olho. O tempo crítico no desenvolvi-
mento do gato para essa validação das conexões neuroniais começa entre a quarta e a
sexta semana na vida do animal. A privação monocular até a quarta semana produz
pouca ou nenhuma deficiência fisiológica, mas após 6 semanas ela produz todas as
mudanças neuroniais características. Se um gatinho teve uma experiência visual du-
rante os primeiros 3 meses, qualquer privação monocular posterior (mesmo por um
ano ou mais) não tem efeito. As sinapses se estabilizaram.
826 PARTE V Interações Celulares Durante a Formação do Órgão
(B)
(A)
Camada cortical 4
Figura 21.19
Auto-radiografia de fundo escuro do córtex
estriado de macaco, 2 semanas após injeção de
[3H]prolina no humor vítreo de um olho. Cada
neurônio retiniano absorve a marcação radioa-
tiva e a transfere para as células com as quais
forma sinapses. (A) Padrão normal de marca-
ção. As listas brancas indicam que cerca da
Portanto, dois princípios podem ser visualizados na padronização do sistema
metade das colunas absorveram a marcação,
enquanto a outra metade não a obsorveu; esse visual nos mamíferos. Primeiro, conexões neuroniais envolvidas na visão estão
padrão indica que metade das células estavam presentes mesmo antes que o animal enxergue; e segundo, a experiência tem um
inervadas pelo olho marcado e metade pelo olho papel importante na determinação de quais conexões permanecem.* Da mesma
não marcado. (B) Padrão de marcação quando maneira que a experiência refina as conexões neuromusculares originais, ela tam-
o olho não marcado permaneceu fechado por bém tem um papel no refinamento e melhora das conexões visuais. É também
suturas durante 18 meses. As projeções possível, que funções adultas como aprendizado e memória se originam no esta-
axônicas do olho normal (marcado) assumem belecimento e/ou reforço de diferentes sinapses pela experiência. Purves e
as regiões que normalmente seriam inervadas
Lichtman (1985) observaram:
pelo olho suturado. (C,D) Desenhos de axônios
dos núcleos geniculados de gatinhos que tive-
ram um olho ocluído por 33 dias. A ramifica- A interação entre animais individuais e seu mundo continua a moldar o sistema
ção terminal dos axônios no olho ocluído (C) nervoso através da vida de uma maneira impossível de ter sido programada.
foi muito menos extensa do que aquela do Modificação do sistema nervoso pela experiência é, portanto, a última e mais
olho não ocluído (D). (A e B de Wiesel, 1982, sutil estratégia desenvolvimental.
cortesia de T. Wiesel; C e D de acordo com
Antonini e Stryker, 1993.)
*Estudos recentes (Colman et al., 1997) mostraram que a divergência na liberação de
neurotransmissores resulta em modificação da adesividade sináptica e causa a remoção do axônio
fornecendo a estimulação mais fraca. Os que estudaram neurobiologia se lembrarão (se potenciados
adequadamente) que o conceito da sinapse de Hebbian se baseia na premissa que a experiência
influencia vias neuroniais. Se um axônio do neurônio A ativa o neurônio B, de tal maneira que o
disparo de B está sempre associado ao de A, então a sinapse entre os neurônios A e B é reforçada.
Existem várias maneiras pelas quais esse reforço poderia ocorrer, mas a maioria das hipóteses
focalizam as modificações que permitiriam a entrada mais rápida de íons de cálcio no neurônio B.
Esse tipo de sinapse poderia explicar o fenômeno de potenciação de longo prazo, a qual é conside-
rada como a base da memória correlativa (onde uma sensação relembra outras). Tais mecanismos
Hebbianos podem mediar a competição entre os axônios dos núcleos geniculados laterais por células
no córtex visual (Stent, 1973; Reite e Stryker, 1988).
CAPÍTULO 21 Regulação Ambiental do Desenvolvimento Animal 827
Q DISTÚRBIOS AMBIENTAIS DO
DESENVOLVIMENTO NORMAL
Malformações e distúrbios
Da primeira parte deste capítulo, ficou claro que as instruções para o desenvolvimen-
to não residem completamente nos genes ou mesmo no zigoto. O organismo é sensí-
vel às sugestões do ambiente. Entretanto, isso torna o organismo vulnerável às mu-
danças ambientais que podem provocar distúrbios no desenvolvimento.
Se parece surpreendente que qualquer um de nós sobrevive para nascer, isso é
real; estima-se que da metade a dois terços de todas as concepções humanas não se
desenvolvem a termo com sucesso (Figura 21.20). Muitos desses embriões expres-
sam sua anormalidade tão cedo que não há implantação no útero. Outros se implan-
tam mas não conseguem estabelecer uma gravidez de sucesso. Portanto, a maioria
dos embriões anormais são espontaneamente abortados antes mesmo que a mulher
saiba que está grávida (Boué et al., 1985). Edmonds e colaboradores (1982) usando
um teste imunológico muito sensível que pode detectar a presença de gonadotropina
coriônica humana (hCG) 8 ou 9 dias após a fertilização, monitoraram 112 gestações
em mulheres normais. Dessas gestações determinadas por hCG, 67 não foram mantidas.
Parece, então, que muitos embriões humanos são prejudicados cedo no desenvol-
vimento e não sobrevivem por muito tempo no útero. Os defeitos nos pulmões, mem-
bros, face ou boca não seriam deletérios para o feto (que não depende desses órgãos
enquanto dentro da mãe), mas podem ameaçar seriamente a vida após o nascimento.
Cerca de 5% de todos os nascimentos humanos têm uma malformação reconhecível,
algumas leves, outras muito severas (McKeown, 1976).
Anormalidades congênitas (“no nascimento”) e a eliminação de embriões e fetos
antes do nascimento são causadas tanto intrinsecamente como extrinsecamente. As
anormalidades causadas por eventos genéticos (mutações, aneuploidia, translocações)
são chamadas malformações. Por exemplo, aniridia (ausência da íris) causada pela
Figura 21.20
mutação do gene PAX6, é uma malformação. A síndrome de Down, causada pela Os destinos hipotéticos de 20 ovos que são
trissomia do cromossomo 21, é também uma malformação. A maior parte da elimina- fertilizados naturalmente nos Estados Unidos
ção precoce de embriões e fetos é provavelmente devida às anormalidades e Europa ocidental. Em condições normais,
cromossômicas que interferem com o processo normal do desenvolvimento. somente 6.2 ovos dos 20 originais teriam
possibilidade de se desenvolver a termo com
sucesso. (De acordo com Volpe, 1987.)
Desenvolvimento bem
sucedido, 4 semanas
Porcento
828 PARTE V Interações Celulares Durante a Formação do Órgão
Tabela 21.2 Alguns agentes conside- Anormalidades devidas a agentes exógenos (certos agentes químicos ou vírus,
rados causadores de distúrbios no de- radiação ou hipertermia) são chamados distúrbios. Os agentes responsáveis pelos
senvolvimento fetal humanoa distúrbios são chamados teratogênicos (do Grego, formadores de monstros), e o
DROGAS E SUBSTÂNCIAS QUÍMICAS estudo de como agentes ambientais rompem o desenvolvimento normal é chamado
Ácido retinóico (Isotretinoina, Accutane) teratologia.* Teratogênicos funcionam durante certos períodos críticos no desenvol-
Ácido valpróico vimento. O período mais crítico para qualquer órgão é quando ele está crescendo e
Agentes antitiróideos (PTU) formando suas estruturas. Diferentes órgãos têm diferentes períodos críticos, apesar
Álcool
Aminoglicosídeos (Gentamicina) do espaço de tempo entre 15 e 60 dias ser crítico para muitos órgãos. O coração se
Aminopterina forma primariamente durante as semanas 3 e 4, enquanto a genitália externa é mais
Bromo sensível nas semanas 8 e 9. O cérebro e o esqueleto são sempre sensíveis, do começo
Chumbo da semana 3 até o fim da gravidez e além.
Cocaína
Cortisona
Dietilestilbesterol (DES) Agentes teratogênicos
Difenilhidantoína
Estreptomicina Agentes diferentes são teratogênicos em diferentes organismos. Uma lista parcial de
Fumaça de cigarro
Heroína agentes teratogênicos no homem está apresentada na Tabela 21.2.
Metilmercúrio A principal classe de teratogênicos inclui drogas e compostos químicos
Penicilamina ambientais. Alguns compostos químicos que são encontrados naturalmente no
Talidomida ambiente podem causar defeitos de nascimento. Mesmo nos puros campos alpi-
Tetraciclina
Trimetadiona nos intocados das Montanhas Rochosas são encontrados teratogênicos. Aqui nasce
Warfarina o repolho de gambá Veratrum californicum, que algumas vezes serve de alimento
para os carneiros. Se ovelhas grávidas se alimentam dessa planta, seus fetos ten-
RADIAÇÃO IONIZANTE (RAIOS-X) dem a desenvolver graves danos neurológicos, incluindo ciclopia, a fusão dos
HIPERTERMIA dois olhos no centro da face (Figura 21.21). Essa condição também ocorre no
homem, porco e muitos outros mamíferos; o organismo afetado morre logo após
MICROORGANISMOS INFECCIOSOS o nascimento (como resultado do grave defeito no cérebro, incluindo a falta da
Cytomegalovírus glândula pituitária).
Herpes simplex
Parvovírus Quinina e álcool, duas substâncias derivadas de plantas, podem também causar
Rubéola (Sarampo Alemão) malformações. A quinina pode causar surdez, e o álcool (quando mais de 60-90 g por
Toxoplasma gondii (toxoplasmose) dia são ingeridas pela mãe) pode causar retardamento físico e mental na criança. Não
Treponema pallidum (sífilis) foi provado que a nicotina e a cafeína causam anomalias congênitas, mas mulheres
Vírus Coxsackie
que fumam muito (20 cigarros ou mais por dia) podem ter crianças menores que
CONDIÇOES METABÓLICAS NA MÃE aquelas nascidas de mães que não fumam. Fumar também diminui significativamente o
Doença auto-imune número e a motilidade de espermatozóides em homens que fumam pelo menos quatro
(incluindo incompatibilidade de Rh) cigarros por dia (Kulikauskas et al., 1985).
Diabetes
Deficiências dietéticas, malnutrição Além disso, nossa sociedade industrial produz anualmente centenas de novos
Fenilcetonúria compostos artificiais que passam para o uso geral. Pesticidas e compostos orgânicos
de mercúrio têm causado anormalidades neurológicas e de comportamento em bebês
Fonte: Adaptado de Opitz, 1991. cujas mães os ingeriram durante a gravidez. Uma trágica demonstração disso ocorreu
a
Esta lista inclui agentes teratogênicos conheci-
dos e possíveis e não é exaustiva.
em 1965, quando uma firma japonesa despejou mercúrio em um lago, onde foi inge-
rido pelos peixes que foram comidos por mulheres grávidas da aldeia de Minamata.
O dano cerebral congênito e a cegueira nas crianças nascidas se tornou conhecido
como a doença de Minamata.
Em alguns casos, as mesmas condições podem ser causadas por um distúrbio (causado por um agente
exógeno) ou uma malformação (do núcleo). Por exemplo, certas malformações axiais em camundongos
podem ser produzidas pela administração de ácido retinóico ou por mutações em certos genes Hox. Consi-
dera-se que, em alguns casos, a mutação e o teratogênico estão afetando a mesma enzima. A
condroplasia puntacta é um defeito congênito do osso e da cartilagem, caracterizada por uma
mineralização anormal do osso, subdesenvolvimento da cartilagem nasal e dedos encurtados; esse
defeito é causado por um gene defeituoso no cromossomo X. Um fenótipo idêntico é produzido pela
ingestão de warfarina, o composto que mata ratos. Parece que o gene defeituoso é normalmente
responsável pela produção de uma proteína, a arilsulfatase, necessária para o crescimento da carti-
lagem. O composto warfarina inibe essa mesma enzima (Franco et al., 1995).
CAPÍTULO 21 Regulação Ambiental do Desenvolvimento Animal 829
*Saúde Pública é um fator crítico, pois existe uma significante sobreposição entre a população
que usa medicamentos para a acne e a população de mulheres em idade fértil. Além disso, considera-
se que metade das gestações na América do Norte não são planejadas (Nulman et al., 1997). A
própria vitamina A é teratogênica quando injetada em mega doses. Rothman e colegas (1995)
encontraram que mulheres grávidas que tomaram mais de 10.000 unidades internacionais de vitami-
na A pré-formada/dia (na forma de suplementos vitamínicos) tinham cerca de 2 por cento de chance
de terem uma criança nascida com distúrbios semelhantes aqueles produzidos pelo ácido retinóico.
830 PARTE V Interações Celulares Durante a Formação do Órgão
Figura 21.22
Embrião de camundongo normal com 17 dias
(A) e um embrião de camundongo de 17 dias
cuja mãe recebeu ácido retinóico no dia 8 da
gestação (B). Podem ser vistas malformações
craniofaciais na cartilagem derivada da crista
neural dos embriões tratados. A cartilagem de
Meckel está completamente deslocada da re-
gião mandibular (queixo inferior) para a região
maxilar (parte superior da boca). As cartila-
gens do martelo e bigorna também não são for-
madas. (de Morriss-Kay, 1993; fotografia cor-
tesia de G. Morriss-Kay.)
(A) (B)
Antes de 1961, havia pouca evidência sobre malformações induzidas por drogas
em humanos. Mas, naquele ano, Lenz e McBride independentemente acumula-
ram evidência de que um sedativo leve, talidomida, causava um enorme aumento
em uma síndrome previamente rara de anomalias congênitas. A mais evidente des-
sas anomalias era a focomelia, uma condição na qual os ossos longos dos mem-
bros estão ausentes (amelia) ou severamente deficientes (peromelia), fazendo com
que os apêndices resultantes pareçam membros de foca (Figura 21.23). Mais de
7000 crianças afetadas nasceram de mães que haviam tomado a droga, e uma
mulher necessitava ingerir apenas um comprimido para produzir crianças com os
quatro membros deformados (Lenz, 1962, 1966; Toms,1962). Outras anormalidades
induzidas pela ingestão de talidomida incluem defeitos no coração, ausência de
ouvidos externos e intestinos malformados. A droga foi retirada do mercado em
Novembro de 1961.
Nowack (1965) documentou o período de susceptibilidade durante o qual a
talidomida causava essas anormalidades. Foi encontrado que a droga era teratogênica
somente durante os dias 34-50 após a última menstruação (cerca de 20 a 36 dias
pós-concepção). A especificidade da ação da talidomida é mostrada na Figura
21.23C. Do dia 34 ao dia 38, não se observa anormalidades nos membros. Durante
esse período, a talidomida pode causar a ausência ou deficiência dos componentes
do ouvido. Malformações dos membros superiores são vistas antes daquelas dos
membros inferiores, pois durante o desenvolvimento os braços se formam pouco
antes do que as pernas.
CAPÍTULO 21 Regulação Ambiental do Desenvolvimento Animal 831
(C)
Ausência de ouvido
Ausência de braços
Deslocamento da bacia
Malformação do ouvido
Ausência de pernas
Dedos malformados
Figura 21.24
Efeitos da talidomida no feto de sagüi. As figuras superiores mostram fenótipos de fetos de sagüis tardiamen-
te na gestação. As figuras inferiores mostram seções da medula espinhal ao nível dos membros anteriores.
(A) Feto de um sagüi controle. (B) Feto de um sagüi tratado com 25mg de talidomida por quilograma de peso
coporal entre os dias 38 e 46 da gestação. (de McBride e Vardy, 1983, cortesia de W. G. McBride.)
* Para uma notável descrição da criação de uma criança com síndrome alcoólica fetal bem como uma
análise de FAS na cultura dos Índios Americanos nos Estados Unidos, veja Dorris (1989). Os efeitos
pessoais e sociológicos de FAS estão bem integrados aos dados científicos e econômicos.
Figura 21.25
Comparação de um cérebro de uma criança com síndrome alcoólica
fetal (esquerda) com o cérebro de uma criança normal da mesma
idade (direita). O cérebro de uma criança com FAS é significativa-
mente menor, e o padrão de convoluções está obscurecido pelas
células gliais que migraram sobre o topo do cérebro. (Fotografia
cortesia de S. Clarren.)
834 PARTE V Interações Celulares Durante a Formação do Órgão
Figura 21.26
Possíveis mecanismos que produzem a
síndrome alcoólica fetal. (A-C) Morte celular
pelos radicais de superóxido induzidos pelo
etanol. Coloração com sulfato de Azul do
Nilo revela áreas de morte celular. (A) Região
da cabeça de um embrião controle de camun-
dongo de 9 dias. (B) Região da cabeça de um
embrião tratado com etanol, mostrando áreas
de morte celular. (C) Região da cabeça de um
embrião de 9 dias tratado com etanol e
superóxido dismutase, um inibidor de radicais
superóxido. O inibidor do superóxido impede
a morte celular induzida pelo álcool. (D) Gráfi-
co representando a inibição da adesão celular
mediada por L1 pelo etanol. (A-C de Kotch et
al., 1995; fotografias cortesia de K. Sulik; D de
acordo com Ramanathan et al., 1996.)
Células
aderindo
pelo L1
Células controle não
expressando L1
Concentração de etanol, mM
adesivas das proteínas L1 in vitro a níveis tão baixos como 7mM, uma concen-
tração de etanol produzida no sangue ou cérebro com um única dose (Figura
21.26D). Além disso, mutações nos genes L1 humanos causam uma síndrome de
retardamento mental e malformações semelhantes àquelas vistas em casos seve-
ros da síndrome alcoólica fetal. [env7.html]
Drogas e substâncias químicas não são os únicos agentes capazes de causar distúr-
bios no desenvolvimento. Outra classe de teratogênicos inclui os vírus. Gregg (1941)
foi o primeiro a documentar o fato que mulheres com rubéola (sarampo Alemão)
durante o primeiro terço da gravidez tinham uma chance em seis de dar à luz uma
criança com catarata ocular, malformações cardíacas ou surdez. Essa foi a primeira
evidência de que a mãe não podia proteger totalmente seu feto contra o meio ambi-
ente externo. Quanto mais cedo na gravidez ocorria a infecção por rubéola, maior era
o risco de que o embrião seria malformado. As primeiras cinco semanas parecem ser
as mais críticas, porque é nesse período que estão sendo formados o coração, os
olhos e os ouvidos. A epidemia de rubéola entre 1963 e 1965 nos Estados Unidos
provavelmente resultou em 20.000 mortes fetais e 30.000 crianças com defeitos de
nascença. Dois outros vírus, Cytomegalovirus e Herpes simplex, são também
teratogênicos. Infecção por Cytomegalovirus em embriões precoces é quase sem-
pre fatal, mas infecção mais tardia pode levar à cegueira, surdez, paralisia cerebral e
retardamento mental.
Bactérias e protistas são raramente teratogênicos, mas dois deles podem prejudi-
car embriões humanos. Toxoplasma gondii, um protozoário carreado por coelhos e
gatos (e por suas fezes), pode atravessar a placenta e causar defeitos no cérebro e
olhos do feto. Treponema pallidum, a causa da sífilis, pode matar fetos precoces e
produzir surdez em outros mais velhos.
A radiação ionizante pode quebrar cromossomos e alterar a estrutura do DNA.
Por essa razão, mulheres grávidas são alertadas para evitar Raios–X desnecessá-
rios, mesmo que não exista evidência para anomalias congênitas resultantes de
radiação diagnóstica (Holmes, 1979). O calor em febres altas é também um
teratogênico possível. [env8.html], [env11.html]
Apesar de conhecermos as causas de certas malformações, a maioria das anorma-
lidades congênitas ainda não estão explicadas. Por exemplo, anomalias cardíacas con-
gênitas ocorrem 1 em 200 nascimentos vivos. As causas genéticas são responsáveis
por cerca de 8% dessas anomalias cardíacas, e cerca de 2% podem ser explicadas por
teratogênicos conhecidos. Isso deixa 90% das anomalias sem explicação (O’Rahilly e
Müller, 1992). Ainda existe muita pesquisa a ser realizada e ainda não foram feitas
análises da maioria das substâncias químicas para avaliar seus efeitos teratogênicos.
Atualmente, existem mais de 50.000 substâncias químicas artificiais em uso na nossa
sociedade e entre 200 e 500 novos materiais sendo produzidos a cada ano (Johnson,
1980). O problema de analisar esses produtos químicos é de grande importância, e
protocolos padrão são caros, longos, e sujeitos a diferenças metabólicas entre espé-
cies. Ainda não existe consenso em como testar a teratogenicidade de uma substância
em embriões humanos.
Na antiga União Soviética, a prática não regulada de “uma produção industrial a
qualquer custo”, deixa uma herança de defeitos de nascimentos em elevação. Em
algumas regiões do Kazakhstan, teratogênicos como o chumbo, o mercúrio e o zinco
são encontrados em altas concentrações na água potável, nos vegetais e no ar. Nesses
lugares, quase metade das pessoas testadas apresentaram extensa quebra cromossô-
mica. Em algumas áreas, a incidência de defeitos de nascimento dobrou desde 1980
(Edwards, 1994). Apesar da constante presença de teratogênicos entre nós, os fetos
estão expostos a riscos cada vez maiores com o aparecimento anual de muitos com-
postos não testados em nosso ambiente.
836 PARTE V Interações Celulares Durante a Formação do Órgão
Informações adicionais
& Especulações
Estrogénos Ambientais
Interações genética-ambiental
A observação de que uma substância pode ser teratogênica em uma espécie mas não
em outra, sugere fortemente que existe um componente genético para que uma subs-
tância possa ou não produzir modificações no desenvolvimento normal. Evidência
recente sugere que diferentes alelos na população humana podem influenciar se uma
substância é benigna ou perigosa para o feto. Por exemplo, existe na população em
geral, um pequeno risco de que o fumo intenso pela mãe cause malformações faciais
no seu feto. Entretanto, se o feto possui um determinado alelo (A2) do gene para o
fator de crescimento TGF-α, a fumaça absorvida através da placenta pode aumentar
de dez vezes o risco de lábio e pálato fissurados (Shaw et al., 1996). Analogamente,
diferentes alelos codificando a enzima álcool desidrogenase-2 têm diferentes habilida-
des de degradar o etanol. Se o alto consumo de álcool pela mãe leva à uma síndrome
alcoólica fetal ou a um efeito alcoólico fetal dependerá do tipo de isozimas de álcool
desidrogenase presentes na mãe e no feto (McCarver-May, 1996). Portanto, se um
composto é “teratogênico” depende de muitos fatores, incluindo os genes do indiví-
duo a ele exposto.
Resumo
Freqüentemente, o desenvolvimento ocorre em um meio ambiente rico, e a maio-
ria dos animais é sensível às sugestões do ambiente. O ambiente pode determinar o
fenótipo sexual, pode induzir incríveis adaptações químicas e estruturais de acordo
com a estação, pode induzir determinadas modificações morfológicas que permitem
838 PARTE V Interações Celulares Durante a Formação do Órgão
que o indivíduo escape à predação e pode induzir a determinação de castas nos insetos.
O ambiente também pode alterar a estrutura de nossos neurônios e a especificidade de
nossas células imunocompetentes. Infelizmente, o ambiente também pode ser a fonte de
compostos químicos que prejudicam processos normais de desenvolvimento.
Enquanto o desenvolvimento ocorre normalmente em um ambiente natural com-
plexo, ele pode ser facilmente estudado no laboratório. Na verdade, nossos “sistemas
modelo” são animais facilmente domesticados, cujo desenvolvimento é pouco afeta-
do por fatores ambientais (Bolker, 1995). Entretanto, ao conhecermos a complexida-
de do desenvolvimento, compreendemos que esse é criticamente ligado ao ambiente.
É necessária uma comunidade para desenvolver um embrião. A exploração de como
o ambiente regula o desenvolvimento está apenas começando.
LITERATURA CITADA
Abel, E. L. and Sokol, R. J. 1987. Incidence of Bolker, J. A. 1995. Model systems in develop- Carlsen, E., Giwercman, A., Keiding, N. and
fetal alcohol syndrome and economic impact of mental biology. BioEssays 17: 451-455. Skakkeback, N. E. 1992. Evidence for decreasing
FAS-related anomalies. Drug AIcohol Depend. quality of semen during past 50 years. Brit. Med.
Born, C. 1881. Experimentelle Untersuchungen
19: 51-70. J. 305: 609-613.
über die Entstehung der Geschlechtsunterschiede,
Adler, F. R. and HarvelI, C. D. 1990. Inclucible Jahres-Bericht d. SchIeischen Gesell f. väterländ, Charnov, E. L. and Bull, J. J. 1977. When is sex
defenses, phenotypic variability, and biotic Culture 21 jan. pp. 2-23. environmentally determined? Nature 266: 828-830.
environments. Trends Ecol. Evol. 5: 407-410.
Born, G. 1884. Über die Einflussder Schwere uaf Clarren, S. K. 1986. Neuropathology in the fetal
Alvarez-Buylla, A., Kirn, J. R. and Nottebohm, die Froschie. Verh. Med Sect Schles. Gessell. . alcohol syndrome. In J. R. West (ed.), Alcohol
F. 1990. Birth of projection neurons in adult väterländ. Culture 4 April 1884. and Brain Development. Oxford University
avian brain may be related to perceptual or Press, New York.
Borovsk, D., Carlson, D. A., Griffin, P. R.,
motor learning. Science 249: 1444-1446.
Shabanowitz, J. and Hunt, D. F. 1990. Mosquito Cohen, C. S. and Strathmann, R. R. 1996. Em-
Antonini, A. and Stryker, M. P. 1993. Rapid oostatic factor: A novel decapeptide modulating bryos at the edge of tolerance: Effects of envi-
remodeling of axonal arbors in the visual cortex. trypsin-like enzyme biosynthesis in the midgut. ronment and structure of egg masses on supply
Science 260: 1818-1821. FASEB J. 4: 3015-3020. of oxygen to embryos. Biol. Bull. 190: 8-15.
Arnold, S. F., Klotz, D. M. Collins, B. M., Vonier, Boué, A., Boué, J. and Cropp, A. 1985. Cohlan, S. Q. 1953. Excessive intake of vitamin
P. M., Guilllete, L. J. Jr. and McLachlan, J. A. Cytogenetics of pregnancy wastage. Adv. Hum. A as a cause of congenital anomalies in the rat.
1996. Synergistic activation of estrogen recep- Genet. 14:1-57. Science 117: 535-537.
tor with combinations of environmental
Brakefield, P. M. and Reitsma, N. 1991. Phenotypic Colburn, T., Dumanoski, D., and Myers, J. P.
chemicals. Science 272: 1489-1492.
plasticity, seasonal climate, and the population 1996. Our Stolen Future. Dutton, New York.
Bachmann, M. D., Carlton, R. G., Burkholder, J. biology of Bicyclus butterflies (Satyridae) in
Colello, R. J. and Guillery, R. W. 1990. The
M. and Wetzel, R. G. 1986. Symbiosis between Malawi. Ecol. Entomol. 16:291-303.
early development of retinal ganglion cells with
salamander eggs and green algae: Microelectrode
measurements inside eggs demonstrate effects Brakefield, P. M. and seven others. 1996. Deve- uncrossed axons in the mouse: retinal position
lopment, plasticity, and evolution of butterfly and axon course. Development 108: 515-523.
of photosynthesis on oxygen concentrations.
eyespot patterns. Nature 384: 236-242.
Can. Zool. 64: 1586-1588. Colman, H., Nabekura, J. and Lichtman, J. W.
Baxter, G. T. and Morse, D. E. 1992. Cilia from Brian, M. V. 1974. Caste differentiation in 1997. Alterations in synaptic strength preceding
Myrmica rubra: The role of hormones. J. Insect axon withdrawal. Science 275: 356-361
abalone larvae contain a receptor-dependent G-
Physiol. 20: 1351-1365.
protein transduction system similar to that in Conover, D. O. and Heins, S. W. 1987. Adaptive
mammals. Biol. Bull. 183: 147-154. Brian, M. V. 1980. Social control over sex and variation in environmental and genetic sex de-
caste in bees, wasps and ants. Biol. Rev. 55: termination in a fish. Nature 326: 496-498.
Beck, S. D. 1980. Insect Photoperiodism. 2nd
379-415.
ed. Academic Press, NY. Creech Kraft, J, 1992. Pharmacokinetics,
Brönmark, C. and Pettersson, L. 1994. Chemical placental transfer, and teratogencity of 13cis
Begon, M., Harper, J. L. and Townsend, C. R.
cues from piscivores induce a change in retinoic acid, its isomer and metabolites. In G.
1986. Ecology: Individuals, Populations, and
morphology in crucian carp. Oikos 70: 396-402. M. Morriss-Kay (ed.), Retinoids in Normal De-
Communities. Blackwell Scientific, Oxford.
velopment and Teratogenesis. Oxford Universi-
Bry, L., Falk, P. G., Midtvedt, T. and Gordon, J.
Binns, W., James, L. F. and Shupe, J. L. 1964. ty Press, Oxford, pp. 267-280.
I, 1996. A model of host-microbial interactions
Toxicosis of Veratrum californicum in ewes and
its relationship to a congenital deformity in in an open mammalian ecosystem. Science 273: Danilevskii, A. S. 1965. Photoperiodism and
1380-1383. Seasonal Development of Insects. Oliver and
lambs. Ann. N.Y. Acad. Sci. 111: 571-576.
Boyd, Edinburgh.
Bull, J. J. 1980. Sex determination in reptiles.
Black, J. E., Issacs, K. R. anderson, B. J. Alcantara,
A. A. and Greenough, W. T. 1990. Learning cau- Q. Rev. Biol. 55: 3-21. Davis, D. L., Bradlow, H. L., Wolff, M., Woodruff,
T., Hoel, D. G. and Anton-Culver, H. 1993.
ses synaptogenesis, whereas motor activity cau- Burnett, F. M. 1959. The Clonal Selection Theory
Xenoestrogens as preventable causes of breast
ses angiogenesis, in cerebellar cortex of adult rats. of Immunity. Vanderbilt University Press,
Proc. Natl. Acad. Sci. USA 87: 5568-5572. cancer. Environ. Health Perspect. 101: 372-377.
Nashville.
CAPÍTULO 21 Regulação Ambiental do Desenvolvimento Animal 839
Davis, W. L., Crawford, L. A., Cooper, O. J., Giroud, A. and Martinet, M. 1959. Teratogenese reference to the organs controlling determina-
Farmer, G. R., Thomas, D. and Freeman, B. L. pur hypervitaminose A chez le rat, la souris, le tion of voltinism. J. Fac. Agric. Tottori Univ. 1:
1990. Ethanol induces the generation of reactive cobaye, et le lapin. Arch. Fr. Pediatr. 16: 971-980. 83-124.
free radicaIs by neural crest celIs in culture. J.
Gotthard, K. and Nylin, S. 1995. Adaptive Herbst, C. 1893. Experimentelle Untersuchun-
Craniofac. Genet. Dev. Biol. 10: 277-293.
plasticity and plasticity as an adaptation: A gen über den Einfluss der veränderten chemischen
Degnan, B. M. and Morse, D. E. 1995. Deve- selective review of plasticity in animal Zusammensetzung des umgebenden Mediums auf
lopmental and morphogenetic gene regulation morphology and life history. Oikos 74: 3-17. die Entwicklung der Thiere. II. Wierteres über
in Haliotis rufescens larvae at metamorphosis. die morphologische Wirkung der Lithiumasalze
Goulding, E. H. and Pratt, R. M. 1986.
Amer. Zool. 35: 391-398. und ihre theoretische Bedeutung. Mitt. d. zool.
Isotretinoin teratogenicity in mouse whole
Station Neapel. 11: 136-220.
Denno, R. F., Douglass, L. W. and Jacobs, D. embryo culture. J. Craniofac. Genet. Dev. Biol.
1985. Crowding and host plant nutrition: envi- 6: 99-112. Hertwig, O. 1894. The Biological Problem of
ronmental determinants of wing form in To-day: Preformed or Epigenesis (P. C. Mitchell,
Greene, E. 1989. A diet-induced developmen-
Prokelisia marginata. Ecology 66: 1588-1596. translator). Macmillan, New York.
tal polymorphism in a caterpillar. Science 243:
Dodson, S. 1989. Predator-induced reaction 643-646. Hilleman, B. 1996. Frog deformities pose a
norms. BioScience 39: 447-452. mystery. Chem. Engin. News 74:24.
Gregg, N. M. 1941. Congenital cataract following
Dorris, M. 1989. The Broken Cord. Harper and German measles in the mother. Trans. Opthalmol. Hoffmann, R. J. 1973. Environmental control
Row, New York. Soc. Aust. 3: 35. of seasonal variation in the butterfly Colias
eurytheme I. Adaptive aspects of a photoperio-
Edmonds, D. K., Lindsay, K. S., Miller, J. F., Guillette, L. J., Gross, T. S., Masson, G. R.,
dic response. Evolution 27: 387-397.
Williamson, E. and Wood, P. J. 1982. Early Matter, J. M., Percival, H. F. and Woodward,
embryonic mortality in wornen. Fertil. Steril. A. R. 1994. Developrnental abnormalities of Holmes, L. B. 1979. Radiation. In V. C. Vaughan,
38: 447-453. the gonad and abnormal sex hormone concen- R. J. McKay and R. D. Behrman (eds.), Nelson
trations in juvenile alligators from contamina- Textbook of Pediatrics, 11th Ed. Saunders,
Edwards, M. 1994. Pollution in the former
ted and control lakes in Florida. Environ. Health Philadelphia.
Soviet Union: Lethal legacy. Natl. Geog. 186
Perspect. 102: 680-688.
(2): 70-115. Hubel, D. H. 1967. Effects of distortion of
Hadfield, M. G. 1977. Metamorphosis in marine sensory input on the visual system of kittens.
Fallon, A. M., Hagedorn, H. H., Wyatt, G. R. and
molluscan larvae: An analysis of stimulus and Physiologist 10: 17-45.
Laufer, H. 1974. Activation of vitellogenin
response. In R.-S. Chia and M. E. Rice (eds.),
synthesis in the mosquito Aedes aegypti by Hubel, D. H. and Wiesel, T. N. 1962. Receptive
Settlement and Metamorphosis of Marine
ecdysone. J. Insect Physiol. 26: 829-1823. fieIds, binocular interaction and functional
Invertebrate Larvae. Elsevier, New York, pp.
architecture in the cat’s visual cortex. J. Physiol.
Ferguson, M. W. J. and Joanen, T. 1982. 165-175.
160:106-154.
Temperature of egg incubation determines sex
Haeckel, E. 1891. Quoted in Nyhart, L., 1995.
in Alligator mississippiensis. Nature 296: Hubel, D. H. and Wiesel, T. N. 1963. Receptive
850-853 Hagedorn, H. H. 1983. The role of ecdysteroids fields of celIs in striate cortex of very young,
in the adult insect. In G. Downer and H. Laufer visually inexperienced kittens. J. Neurophysiol.
Franco, B. and twelve others, 1995. A cluster of
(eds.), Endocrinology of Insects. Alan R. Liss, 26: 944-1002.
sulfatase genes on Xp22.3 mutations in chon-
New York, pp. 241-304.
drodysplasia punctata (CDPX) and implications Jaffe, L. A. 1980. Electrical polyspermy block
for warfarin embryopathy. Cell 81: 15-21. Hansen, L. G. and Jansen, H. T. 1994. Environ- in sea urchins: Nicotine and low sodium
mental estrogens (Letter to editor in response experiments. Dev. Crowth Differ. 22: 503-507.
Friedman, J. M. 1992. Effects of drugs and other
to Stone, 1994). Science 266: 526.
chemicaIs on fetal growth. Crowth Genet. Horm. Janzen, F. J. and Paukstis, G. L. 1991. Environ-
8(4): 1-5. Hansen, R. A., Hart, D. D. and Merz, R. A. 1991. mental sex determination in reptiles: Ecology,
Flow mediates predator-prey interaction between evolution, and experimental design. Q. Rev. Biol.
Fukuda, S. 1952. Function of the pupal brain
triclad flatworms and larval blackflies. Oikos 60: 66:149-179.
and subesophageal ganglion in the production of
187-196.
non-diapause and diapause eggs in the silkworm. Johnson, E. M. 1980. Screening for teratogenic
Annot. Zool. Japan 25: 149-155. Hardie, J. 1981. Juvenile hormone and photo- potential: Are we asking the proper questions?
periodically controlled polymorphism in Aphis Teratology 21: 259.
Geitz, H., Handt, S. and Zwingenberger, K. 1996.
fabae: Postnatal effects on presumptive
Thalidornide selectively modulates Johnston, M. C., Sulik, K. K., Webster, W. S.
gynoparae. J. Insect Physiol. 27: 347-355.
and Jarvis, B. L. 1985. Isotretinoin embryopa-
the density of cell surface molecules involved in
Hardie, J. and Lees, A. D. 1985. Endocrine thy in a mouse model: Cranial neural crest in-
the adhesion cascade. Immunopharmacology
control of polymorphism and poly volvement. Teratology 31: 26A.
31: 213-221.
phenism. In G. A. Kerkut and L. I. Gilbert (eds.), Jones, K. L. and Smith, D. W. 1973. Recognition
Gilbert, S. F. 1994. Dobzhansky, Waddington
Comprehensive Insect Physiology, Biochemistry, of the fetal alcohol syndrome. Lancet 2:999-1001
and Schmalhausen: Embryology and the Modern
and Pharmacology. Vol. 8, pp. 441-490.
Synthesis. In M. B. Adams (ed.), The Evolution Keiding, N and Skakkebaek, N. E. 1993. Are
of Theodosius Dobzhansky: Essays on His Life Hart, M. W. and Strathmann, R. R. 1994. estrogens involved in falling sperm counts and
and Thought in Russia and America. Princeton Functional consequences of phenotypic disorders of the male reproductive tract? Lancet
University Press, Princeton, pp. 143-154. plasticity in echinoid larvae. Biol. Bull. 186: 341: 1392-1395.
291-299.
Gimeno, S., Gerritsen, A., Bowmer, T. and Kelce, W. R., Stone, C. R., Laws, S. C., Gray, L. E.,
Komen, H. 1996. Feminization of male carp. Hasegawa, K. 1952. Studies on voltinism of the Kemppainen, J. A. and Wilson, E. M. 1995. Persis-
Nature 384: 221-222. silkworm, Bombyx mori L., with special tent DDT metabolite p,p’-DDE is a potent androgen
receptor antagonist. Nature 375: 581-585.
840 PARTE V Interações Celulares Durante a Formação do Órgão
Kennedy, C., Suda, S., Smith, C. B., Miyaoka, Abstracts of the Ninth International Congress of born during song learning in zebra finches. Nature
M., Ito, M. and SokoIoff, L. 1981. Changes in Human Genetics Brazil J. Genet. 19: 73. 334: 149-151.
protein synthesis underlying functional plasticity
McCollum, S. A. and Van Buskirk, J. 1996. Costs Nowack, E. 1965. Die sensible Phase bei der
in immature monkey visual system. Proc. Natl.
and benefits of a predator induced polyphenism Thalidomide-Embryopathie. Humangenetik 1:
Acad. Sci USA 78: 3950-3953.
on the gray treefrog Hyla chrysoscelis. Evolution 516-536.
Kitazawa, T., Kanda, T. and Takami, T. 1963. 50: 583-593.
Nulman, I. and eight others. 1997. Neurodeve-
Changes of mitotic activity in the silkworm egg
McCredie, J. 1976a. Neural crest defects: A lopment of children exposed in utero to antide-
in relation to diapause. BuIl. Seric. Exp. Sta.
neuroanatomic basis for classification of multiple pressant drugs. N. Engl. J. Med. 336: 258-262.
18:283-295.
malformations related to phocomelia. J. Neurol.
Nyhart, L. K. 1995. Biology Takes Form: Animal
Koch, P. B. anel Buchmann, D. 1987. Hormonal Sci. 28: 373-387.
Morphology and the German Universities, 1800-
control of seasonal morphs by the timing of
McCredie, J. 1976b. The pathogenesis of 1900. University of Chicago Press, Chicago.
ecdysteroid release in Araschnia levana
congenital malformations. Australas. Radiol.
(Nymphalidae: Lepidoptera). J. Insect Physiol. O’Rahilly, R. and MüIler, F. 1992. Human Em-
19:348-355.
36: 159-164. bryology and Teratology. Wiley-Liss, New York.
McKeown, T. 1976. Human malforrriations: An
Kochhar, D. M., Penner, J. D. and Tellone, C. I. Opitz, J. M. and Paul, N. W. (eds.) 1993. Blasto-
introduction. Br. Med. BuIl. 32:1-3.
1984. Comparative teratogenic activities of two genesis: Normal and Abnormal, March of Dimes
retinoids: Effects on palate and limb development. McFall-Ngai, M. J. and Ruby, E. G. 1991. Birth Defects Foundation Original Article Series.
Teratogen. Carcinogen. Mutagen. 4:377-387. Symbiont recognition anel subsequent morpho- Wiley-Liss, New York.
genesis as early events in an animalbacterial
Kotch, L. E., Chen, S-Y. and Sulik, K. K. 1995. Palmer, A. R. 1985. Adaptive value of shell
mutualism. Science 254: 1491-1494.
Ethanol-induced teratogenesis: free radical variation in Thais lamellosa: Effect of thick
damage as a possible mechanism. Teratology 52: Montgomery, M. K. and McFaIl-Ngai, M. J. shells on vulnerability to and preference by crabs.
128-136. 1995. The inductive role of bacterial symbionts Veliger 27: 349-356.
in the morphogenesis of a squid light organ. Amer.
Kulikauskas, V., Blaustein, A. B. anel Ablin, R. J. Passera, L. 1985. Soldier determination in ants of
Zool. 35: 372-380.
1985. Cigarette smoking and its possible effects the genus Pheidole. In J. A. L. Watson B. M Okot-
on sperm. Fertil. Steril. 44: 526-528. Morgan, T. H. 1909. Sex determination and Kotber and C. Noirot, (eds.) Caste Determination
parthenogenesis in phylloxerans and aphids. in Social Insects. Pergmon, Oxford, pp. 331-346.
Lammer, E. J. and eleven others. 1985. Retinoic
Science 29: 234-237,
acid embryopathy. N. Engl. J. Med. 313: 837- Pener, M. P. 1991. Locust phase polymorphism
841. Moroni, M. C., Vigano, M. A. and Mavilio, F. and its endocrine relations. Adv. Insect Physiol.
1994. Regulation of human Hoxd-4 gene by 3: 1-79.
Lash, J. W. 1963. Studies on the ability of
retinoids. Mech. Dev. 44: 139-154.
embryonic mesonephros explants to form Pflüger, E. 1883. Über den Einfluss der
cartilage. Dev. Biol. 6: 219-232. Morriss-Kay, G. 1993. Retinoic acid and Schwerkraft auf die Theilung der Zellen. I, II III.
craniofacial development: Molecules and mor- Pflüger’s Arch. 32.
Lash, J. W. and Saxén, L. 1972. Human
phogenesis. BioEssays 15: 9-15.
teratogenesis: In vitro studies of thalidomidei- Pinder, A. W. and Friet, S. C. 1994. Oxygen
nhibited chondrogenesis. Dev. Biol. 28: 61-70. Morse, A. N. C., Froyd, C. A. and Morse, D. E. transport in egg masses of the amphibians Rana
1984. Molecules trem cyanobacteria and red sylvatica and Anibystoma maculatum: Convec-
Lemoine, E. M., Harousseau, J. P., Borteyru, J.
algae that induce larval settlement and meta- tion, diffusion, and oxygen production by algae.
P. and Menuet, J. C. 1968. Les enfants de parents
morphosis in the mollusc Haliotis rufescens. J. Exp. Biol. 197: 17-30.
alcoholiques: Anomalies observées Oest. Med.
Marine Biol. 81: 293-298.
21: 476-482. Plowright, R. C. and Pendrel, B. A. 1977. Larval
Nature Genetics (editorial). 1995. Risk assess- growth in bumble-bees. Can. Entomol. 109:
Lenz, W. 1962. Thalidomide and congenital
ment and religion. Nat. Genet. 11: 105-106. 967-973.
abnormalities. Lancet 1: 45. (First reported at a
1961 symposium.) Neubert, R., Hinz, N., Thiel, R. and Neubert, D. Purves, D. and Lichtman, J. W. 1985. Principles
1995. Down-regulation of adhesion receptors of Neural Development. Sinauer Associates,
Lenz, W. 1966. Malformations caused by drugs
on cells of primate embryos as a probable me- Sunderland, MA.
in pregnancy. Am. J. Dis. Child. 112: 99-106.
chanism of the teratogenic action of thalidomi-
Pöpperl, H. and Featherstone, M. S. 1993.
Linney, E. 1992. Retinoic acid receptors: trans- de. Life Sci. 58: 295-316.
Identification of retinoic acid response element
cription factors modulating gene expression,
Newman, R. A. 1989. Developmental plasticity upstream from the mouse Hox-4.2 gene. Mol.
developrnent, and differentiation. Curr. Top. Dev.
of Scaphiopus couchii tadpoles in an unpredic- Cell. Biol. 13: 257-265.
Biol. 27:309-350.
table environment. Ecology 70: 1775-1787.
Raatikainen, M. 1967. Bionomics, enemies, and
McBride, W. G. 1961. Thalidomide and
Newman, R. A. 1992. Adaptive plasticity in am- population dynamics of Javesella pellucida (F.)
congenital abnormalities. Lancet 2: 1358.
phibian metamorphosis. BioScience 42: 671-678. (Homoptera, Delphaidae). Annales Agric.
McBride, W. G. and Vardy, P. H. 1983. Fenniae 6: 1-49.
Nijhout, H. F. 1991. The Development and
Pathogenesis of thalidomide teratogenesis in the
Evolution of Butterfly Wing Patterns. Smith Rachinsky, A. and Hartfelder, K. 1990. Corpora
marmot (Callithrix jacchus): Evidence sugges-
allata activity, a prime regulating element for
ting a possible trophic influence of cholinergic sonian Institution Press, Washington, D. C.
caste-specific juvenile hormone titre in honey
nerves in limb morphogenesis. Dev. Growth
Nijhout, H. F. 1994. Insect Hormones. Princeton bee larvae (Apis mellifera carnica). J. Insect
Differ. 25: 361-373.
University Press, Princeton. Physiol. 36: 329-349.
McCarver-May, D. G. 1996. Genetic differences
Nordeen, K. W. and Nordeen, E. J. 1988. Ramanathan, R., Wilkemeyer, M. F., Mittel, B.,
in alcohol dehydrogenase and fetal alcohol effects.
Projection neurons within a vocal pathway are Perides, G. and Charness, M. E. 1996. Alcohol
CAPÍTULO 21 Regulação Ambiental do Desenvolvimento Animal 841
inhibits cell-cell adhesion mediated by human Stearns, S. C., de Jong, G. and Newman, R. A. 1991. Sherman and J. Alcock, (eds), Exploring Animal
L1. J. Cell Biol. 133: 381-390. The effects of phenotypic plasticity on genetic Behavior. Sinauer Associates, Sunderland, MA,
correlations. Trends Ecol. Evol. 6: 122-126. pp. 188-196.
Reiter, H. O. and Stryker, M. P. 1988. Neural
plasticity without postsynaptic action potentials: Stent, G. S, 1973. A physiologícal mechanism Watt, W. B. 1968. Adaptive significance of
Less-active inputs become dominant when kitten for Hebb’s postulate of learning. Proc. Natl. pigment polymorphism in Colias butterflies, I.
visual cortical cells are phamacologically inhibited. Acad. Sci. USA 70: 997-1001. Variation of melanin in relation to thermoregu-
Proc. Natl. Acad, Sci. USA 85: 3623-3627. lation. Evolution 22: 437-458.
Stone, R. 1994. Environmenta1 estrogens stir
Rothman, K. J., Moore, L. L., Singer, M. R., debate. Scíence 265: 308-310. Watt, W. B. 1969. Adaptive significance of
Nguyen, U. -S. D. T., Mannino, S. and Milunsky, pigment polymorphism in Colias butterflies, II.
Stone, R. 1995. Environmental toxicants under
A. 1995. Teratogenicity of high vitamin A Thermoregulation and periodically controlled
scrutiny at Baltimore meeting. Science 267:
intake. N. Engl. J. Med. 333: 1369-1373. melanin production in Colias eurytheme. Proc.
1770-1771.
Natl. Acad. Sci. LISA 63: 767-774.
Ruberte, E., Dollé, P., Krust, A., Zalent, A.,
Strathmann, R. R. and Strathmann, M. F. 1995.
Morriss-Kay, G. and Chambon, P. 1990. Specific Weele, C. van der, 1995. Images of Develop-
Oxygen supply and limits on aggregation of
spatia1 and temporal distribution of retinoic acid ment: Environmental Causes in Outogeny.
embryos. J. Mar. Biol. Assoc. U. K. 75: 413-428.
receptor g transcripts during mouse embryoge- Elinkwijk, Utrecht.
nesis. Development 108:213-222. Strathmann, R. R., Fenaux, L. and Strathmann,
Weismann, A. 1875. “Über den Saison-Dimor-
M. F. 1992. Heterochronic developmental
Ruberte, E. and seven others. 1991. Retinoic phismus der Schmetterlinge. In Studien zur
plasticity in larval sea urchins and its implication
acid receptors in the embryo. Semin. Dev. Biol. Descendenz-Theorie. Engelmann, Leipzig.
for evolution on nonfeeding larvae. Evolution
2:153-159.
46: 972-986. Wheeler, D. 1986. Developmental and physio-
Sander, K. 1968. Entwick1ungsphysiologische logical determinants of caste in social hyme-
Streissguth, A. P. and LaDue, R. A. 1987. Fetal
Untersuchungen am embryonalen Mycetom von noptera: Evolutionary implications. Am. Nat.
alcohol: Teratogenic causes of developmental
Euscelis plebejus F. (Hornoptera, Ciciadina). I. 128: 13-34.
disabilities. In S. R. Schroeder (ed.), Toxic
Dev. Biol. 17:16-38.
Substances and Mental Retardation, American Wheeler, D. 1991. The developmental basis of
Sapp, J. 1994. Evolution by Association: A History Association of Mental Deficiency, Washington, worker caste polymorphism in ants. Amer. Nat.
of Symbiosis. Oxford University PTess, NY. DC, pp. 1-32. 138: 1218-1238.
Schmalhausen, I. I. 1949. Factors of Evolution: Studer M., Popperl, H., Marshall, H., Kuroiwa, Wiesel, T. N. 1992. Postnatal developrnent of
The Theory of Stabilizing Selection. University A. and Krumlauf, R. 1994. Role of a conserved the visual cortex and the influence of environr-
of Chicago Press, Chicago. retinoic acid response element in rhombomere nent. Nature 299: 583-591.
restriction of Hoxb-1. Science 265: 1728-1732.
SchwernmIer, W. 1974. Endosymbionts: factors of Wirtz, P. 1973. Differentiation in the honeybee
egg patterning. J. Insect Physiol. 20: 1467-1474. Sulik, K, K., Cook, C. S. and Webster, W. S. larva. Meded. Landb. Hogesch. Wagningen. 73-
1988. Teratogens and craniofacial malformati- 75, 1-66.
Schwemmler, W. 1989. Insect symbiosis as a model
ons: relationships to cell death. Development
system for egg cell differentiation. In W. Wolpert, L. 1991. The Triuniph of the Embryo.
103 (Suppl.): 213-231.
Schwemmler and G. Gassner, eds. Insect Endosym- Oxford University Press. Oxford.
biosis, CRC Press, Boca Raton, pp. 37-53. Tauber, M. J., Tauber, C. A. and Masaki, S. 1986.
Woltereck, R. 1909. Weitere experimentelle
Seasonal Adaptations of Insects. Oxford Uni-
Selenka, E. 1876. Zur Entwick1ung der Untersuchungen über Artveränderung, speziell
versity Press, Oxford.
Holothurien: Ein Beitrage zur Keimblättertheo- über das Wesen quantitativer Artunderscheide bei
rie. Zeitschr. wissensch. Zool. 27: 155-178. Toms, D. A. 1962. Thalidomide and congenital Daphniden. Versuch. Deutsch. Zool. Ges. 1909:
abnormalities. Lancet 2: 400. 110-172.
Shapiro, A. M. 1968. Photoperiodic induetion
of vernal phenotype in Pieris protodice Boisdu- Turner, A. M. and Greenough, W. T. 1983. Woodward, D. E. and Murray, J. D. 1993. On the
val and Le Conta (Lepidoptera: Pieridae). Synapses per neuron and synaptic dimensions in effect of temperature-dependent sex determina-
Wasmann J. Biol. 26: 137-149. occipital cortex of rats reared in complex, soci- tion on sex ratio and survivorship in crocodilians.
al, or isolation housing. Acta Stereolegica 2 Proc. R. Soc. Loud. [B] 252: 149-155.
Shapiro, A. M. 1976. Seasonal polyphenism.
(Supp1. 1): 239-244.
Evol. Biol. 9: 259-333. Yu, V. C. and nine others. 1991. RXRb: A
Via, S., Comulkiewicz, R., De Jong, G., Scheiner, coregulator that enhances binding of retinoic
Shapiro, A. M. 1978. The evolutionary
S. M., Schlichting, C. D. and Van Tienderen, P. acid, thyroid hormone, and vitamin D receptors
significance of redundancy and variability in
H. 1995. Adaptive phenotypic plasticity: to their cognate response elements. Cell 67:
phenotypic induction mechanisms of pierid
Consensus and controversy. Trends Ecol. Evol. 1251-1266.
butterflies (Lepídoptera). Psyche 85: 275-283.
10: 212-217.
Shaw, G. M., Wasserman, C. R., Lammer, E. J.,
Voet, D. and Voet, J. G. 1995. Biochemistry I,
O’Malley, C. D., Murray, J. C., Basart, A. M. and
2nd ed. John Wiley, NY.
Tolarova, M. M. 1996. Orofacial clefts, parental
cígarette smoking, and Volpe, E. P. 1987. Developmental biology and
human concerns. Am. Zool. 27: 697-714.
transforming growth factor-alpha gene variants.
Am. J. Hum. Genet. 58: 551-561. Waddington, C. H. 1942. Canalization of deve-
lopment and the inheritance of acquired
Soto, A., Justicia, H., Wray, J. and Sonnenschein,
characteristics. Nature 150: 563-565.
C. 1991. p-nony1phenol: an estrogenic xenobi-
otic released from “modified” polystyrene. Warner, R. R. 1993. Mating behavior and
Environ. Health Perspect. 92: 167-173. hermaphrodítism in coral reef fishes. In P. W.
A saga da linhagem germinativa
22
E o fim de todo nosso explorar
Será o retorno para de onde partimos
E pela primeira vez o conhecimento do lugar.
T. S. ELIOT (1942)
C OMEÇAMOS NOSSA ANÁLISE do desenvolvimento animal discutindo a
fecundação, e iremos terminar nosso estudo sobre o desenvolvimento indi-
vidual investigando a gametogênese, os processos pelos quais são forma-
dos o espermatozóide e o óvulo. Células germinativas proporcionam a continuidade
da vida entre as gerações, e os ancestrais mitóticos de nossas próprias células
germinativas residiram uma vez nas gônadas de répteis, anfíbios, peixes e inverte-
brados. Em muitos animais, como insetos, nematelmintos e vertebrados existe uma
clara e precoce separação das células germinativas de tipos celulares somáticos. Em
vários filos animais (e no todo do reino vegetal), essa divisão não está tão bem esta-
belecida. Nessas espécies (que incluem cnidários, platelmintos e tunicados), as célu-
las somáticas podem facilmente se tornarem células germinativas mesmo em orga-
nismos adultos. Os zoóides, brotos e pólipos de muitos filos de invertebrados atestam
a capacidade das células somáticas dar origem a novos indivíduos.
Naqueles organismos nos quais existe uma linhagem germinativa estabelecida, se-
parando-se precocemente no desenvolvimento, as células germinativas não se origi-
nam de dentro da gônada propriamente. Ao contrário, seus precursores – as células
germinativas primordiais (PGCs) – migram para o interior das gônadas em desen-
volvimento. O primeiro passo na gametogênese, portanto, envolve a formação das PGCs
e sua condução para o sulco genital à medida que a gônada está se formando. A inicia-
ção da linhagem da célula germinativa (a linhagem germinativa) em anfíbios, insetos e
nematelmintos foi discutida no Capítulo 13. Reiniciamos nossa história da linhagem
germinativa com a migração das PGCs de seu local de origem para as gônadas.
843
844 PARTE V Interações Celulares Durante a Formação do Órgão
Plasma
germinativo Blastocele
Pólo vegetal
Figura 22.3
Trajetória para a migração de células germina-
tivas primordiais de mamífero. (A) células ger-
minativas primordiais vistas no saco vitelínico
Intestino
próximas da junção do intestino posterior e da
posterior Alantóide alantóide. (B) Migração através do intestino e,
Intestino dorsalmente, acima do mesentério dorsal para
anterior Sulcos
o interior do sulco genital. (C) Quatro grandes
genitais
PGCs no intestino posterior de um embrião de
camundongo (perto da alantóide e do saco
vitelínico) se coram positivamente para altos
níveis de fosfatase alcalina. (D) Tais células
Coração podem ser vistas migrando subindo o mesen-
Células
tério dorsal e entrando nos sulcos genitais. (A
germinativas Mesonefros e B de Langman, 1981; C de Heath, 1879; D de
primordiais Mintz, 1957; fotografias cortesia dos autores.)
Mesentério
dorsal
Saco vitelínico Intestino
(A) (B) Cloaca posterior
Células germinativas
primordiais
Informações adicionais
& Especulações
O FATOR DA CÉLULA-TRONCO
aumenta a proliferação de células
germinativas primordiais de ca-
mundongo em cultura, e essa prolifera-
Epitélio
Eritrócitos
Células
queratinizadas
Inserção no
blastocisto
Incorporação
Transferência cirúrgica na massa
para a mãe de criação celular interna Isolamento da linhagem de Teratocarcinoma
células-tronco maligno
Figura 22.6
Protocolo para a criação de camundongos cujos genes são pre-
dominantemente derivados de células tumorais. Células-tronco
foram isoladas de um teratocarcinoma de camundongo e inseridas
em blastocistos de uma variedade diferente de camundongo. Os
Mosaico
Tipo selvagem blastocistos quiméricos foram colocados em uma mãe de cria-
ção. Se as células tumorais estiverem integradas no blastocisto,
o camundongo que se desenvolve terá muitas de suas células
derivadas do tumor. Se o tumor tiver dado origem às células
germinativas, os camundongos mosaicos podem ser cruzados
com camundongos normais para produzir uma geração F1. Os
animais F1 devem ser heterozigotos para todos os cromossomos
das células tumorais. Cruzamentos entre animais F1 produzem
F1 onde as células germinativas “Nova linhagem” formada quando camundongos F2 tendo alguns genes homozigotos derivados
foram derivadas do tumor foram cruzados dois camundongos F1 das células tumorais. (Segundo Stewart e Mintz, 1981.)
848 PARTE V Interações Celulares Durante a Formação do Órgão
(Figura 22.5). Uma vez diferenciadas, essas riedade agouti (ponta-amarela) de camun- portando um marcador apropriado, o ca-
células não podem mais se dividir e, portan- dongo foram cultivadas por várias gera- mundongo quimérico foi capaz de gerar
to, não são malignas. Tais tumores podem ções e foram vistas manter o complemen- camundongos tendo parte do fenótipo do
dar origem à maioria dos tipos de tecidos no to cromossômico característico do ca- tumor “paterno”. A célula do carcinoma
organismo. Assim, as células-tronco do tera- mundongo ancestral. Células-tronco in- embrionário maligno tinha produzido
tocarcinoma copiam o desenvolvimento ma- dividuais desse tipo foram injetadas em muitos, senão todos, tipos de células
mífero precoce, mas o tumor que formam é blastocistos de camundongos negros. Os somáticas normais, e tinham mesmo pro-
caracterizado por desenvolvimento rando- blastocistos foram em seguida transferi- duzido células germinativas normais,
mizado, descontrolado. dos para o útero de uma mãe de criação, funcionais! Quando camundongos ten-
Em 1981, Stewart e Mintz formaram nascendo camundongos vivos. Alguns do uma célula tumoral para um pai foram
um camundongo de células derivadas em desses tinham pelagem de duas cores, in- cruzados entre si, a prole resultante con-
parte de uma célula-tronco de teratocar- dicando que as células tumorais haviam tinha camundongos homozigotos para
cinoma. Células-tronco que haviam sur- se integrado no embrião. Além disso, um grande número de genes da célula
gido em um teratocarcinoma de uma va- quando cruzado com um camundongo tumoral (Figura 22.6).
Crescente
germinativo
Área pelúcida
Área opaca
Nódulo de Hensen
Figura 22.7
Vista dorsal de um embrião em estágio de linha primitiva, mostrando a região, chamada crescente
germinativo, na qual se originam as células germinativas. (Segundo Swift, 1914.)
CAPÍTULO 22 A Saga da Linhagem Germinativa 849
Vaso sangüíneo
Células sangüíneas
Epitélio gonadal
Célula
germinativa
primordial
(A) (B)
Figura 22.8
Células germinativas primordiais no embrião
Dessa forma, as PGCs entram no embrião sendo transportadas pelo sangue (Pasteels, do pinto. (A) Micrografia eletrônica de varre-
1953, Dubois, 1969). As PGCs têm também que “saber” como sair do sangue quando dura de PGC de pinto em um capilar de um
encontram a gônada em desenvolvimento (veja Figura 22.8B). Quando o crescente embrião em gastrulação. A PGC pode ser
germinativo de um embrião de pinto é removido, e a circulação desse embrião é junta- identificada pelo seu grande tamanho e as
da àquela de um embrião normal, as células germinativas primordiais do embrião nor- microvilosidades em sua superfície. (B) Se-
mal irão migrar para ambos conjuntos de gônadas (Simon, 1960). Não é conhecido o ção transversal próxima à prospectiva região
que causa a atração para os sulcos genitais. Uma possibilidade é que a gônada em gonadal do embrião. Várias PGCs dentro do
desenvolvimento produz uma substância quimiotática que atrai as PGCs e as retêm vaso sangüíneo se agregam próximo ao
epitélio. Uma PGC está atravessando o
nos capilares limitando a gônada (Regulska, 1969). (Tais substâncias são conhecidas
endotélio da parede vascular, e outra já está
como secretadas pelos linfócitos nos locais de infecção para atrair os macrófagos localizada no interior do epitélio. (A de
permitindo que esses passem através da parede capilar por diapedese.) A evidência Kuwana, 1993, cortesia de T. Kuwana; B se-
para essa quimiotaxia veio de estudos (Kuwana, et al., 1986) nos quais as PGCs gundo Romanoff, 1960.)
circulantes do pinto foram isoladas do sangue e cultivadas entre rudimentos gonadais
e outros tecidos embrionários. As PGCs migraram para o interior dos rudimentos
gonadais durante 3 horas de incubação.
Outra possibilidade é que as células endoteliais dos capilares gonadais têm um
composto na superfície celular que promove as PGCs aderirem especificamente a esse
local. Usando anticorpos monoclonais que reconhecem diferentes moléculas da su-
perfície celular, Auerbach e Joseph (1984) mostraram que as células endoteliais de
várias redes capilares têm diferentes componentes da membrana celular, e que as
células endoteliais de capilares ovarianos diferem de todas as outras testadas.* Tanto
a quimiotaxia como os mecanismos diferenciais de adesão celular podem estar atu-
ando. Seja como for, esses fatores não são espécie-específicos. A gônada do pinto
atrai as PGCs circulantes do peru e até mesmo do camundongo (Reynaud, 1969;
Regulska et al., 1971).
*Uma situação semelhante parece ocorrer quando linfócitos migram através da corrente sangüínea
e abandonam a circulação quando entram no leito capilar de um determinado órgão linfóide. O mecanis-
mo para esse “alojamento” e especificidade para o órgão envolvem a capacidade do linfócito de
aderir especificamente às células endoteliais dos vasos sangüíneos nesses órgãos. Células endoteliais
dos nódulos linfáticos periféricos contêm uma glicoproteína, uma selectina, em suas membranas
celulares que é essencial para a ligação e saída daqueles linfócitos que podem reconhecê-la. Para
cada selectina nessas células endoteliais, existe uma molécula complementar no linfócito que
pode reconhecê-la (Gallatin et al., 1983, 1986).
850 PARTE V Interações Celulares Durante a Formação do Órgão
Figura 22.9
Migração de células germinativas em Droso-
phila. (A) Células germinativas coradas com
anticorpos contra a proteína Vasa mostram cé-
lulas germinativas originando do pólo poste-
rior. (B) Durante a extensão da banda
germinativa, as células são movidas para o
intestino intermediário posterior. (C) Células
germinativas migram através da parede do in- (D) (E)
testino (o embrião está contracorado para a Células germinativas
proteína Engrailed) e (D) migram em duas
filas únicas através do mesoderma, onde (E)
elas se agregam nas gônadas em desenvolvi-
mento. (F) Processo de migração através da
parede intestinal, iniciado pela diferenciação
endodérmica. (A-F de Warrior 1994, permis-
são cortesia de R. Warrior; F segundo Jaglarz
e Howard, 1995.)
(F)
Meiose
Uma vez na gônada, as células germinativas primordiais continuam a dividir-se mi-
toticamente, produzindo milhões de gametas potenciais. As PGCs de gônadas tanto
masculinas como femininas enfrentam então a necessidade de reduzir seu número de
cromossomos da condição diplóide para a haplóide. Nessa última, cada cromossomo
está representado somente uma vez, enquanto as células diplóides têm duas cópias de
cada cromossomo. Para conseguir essa redução, as células germinativas masculina e
feminina passam por meiose.
Após a última divisão meiótica, ocorre um período de síntese de DNA, fazendo
com que as células iniciando a meiose tenham o dobro da quantidade normal de
DNA em seus núcleos. Nesse estado, cada cromossomo consiste de duas cromátides
irmãs fixadas a um centrômero comum. (Em outras palavras, o núcleo diplóide
contém quatro cópias de cada cromossomo, mas os cromossomos são vistos como
duas cromátides ligadas.) A meiose (mostrada na Figura 1.13) envolve duas divisões
celulares. Na primeira divisão, cromossomos homólogos (p.e., o par cromossômico 3
CAPÍTULO 22 A Saga da Linhagem Germinativa 851
Cromatina
Elementos laterais
(A) (B)
Filamentos
transversos
Figura 22.10
O complexo sináptico. (A) cromossomos homólogos conserva- Elementos centrais
dos juntos na primeira prófase meiótica no oócito de Neottiella. Pilar
(B) Diagrama interpretativo da estrutura do complexo sináptico.
Elementos laterais
(A de von Wettstein, 1971, cortesia de D. von Wettstein; B segun-
do Schmekel e Daneholt, 1995.) Cromatina
852 PARTE V Interações Celulares Durante a Formação do Órgão
Figura 22.11
Quiasmas em cromossomos bivalentes diplótenos de oócitos de salamandra. Centrômeros são
visíveis como círculos intensamente corados; as setas apontam para os dois quiasmas. (Corte-
sia de J. Kezer.)
Informações adicionais
& Especulações
(A) Tipo selvagem: Espermatozóides e oócitos de. Por exemplo, mutantes homozigotos
mog (masculinização da linhagem germi-
nativa) se desenvolvem como machos pro-
dutores de espermatozóide, e mutantes ho-
mozigotos fem-1 desenvolvem-se como fê-
meas produtoras de óvulos (Figura 22.13).
Os mutantes duplos homozigotos tanto
para tra-1 como para fem-1 têm um único
fenótipo. Eles são somaticamente machos,
Espermateca
(região de mas são fêmeas na linhagem germinativa
armazenagem de (Doniach e Hodgkin, 1984). Isso sugere que
Espermatozóides Primeiro oócito
espermatozóide)
maduros tra-1 é o gene chave na determinação se-
Estágios precoces da espermatogênese
xual dos tecidos somáticos, mas que os
genes fem são responsáveis pela decisão es-
permatozóide/oócito (Figura 22.14).
(B) Feminilizado: Somente oócitos
Os laboratórios de Hodgkin (1985) e
Kimble (1986) isolaram vários genes ne-
cessários para a seleção do caminho da cé-
lula germinativa. A Figura 22.14 apresenta
um esquema de como esses genes podiam
funcionar na mudança de formação de es-
permatozóide para a formação de oócito.
Durante o desenvolvimento precoce, os
genes fem, em especial fem-3, são críticos
Espermateca (vazia) Primeiro oócito para a especificação das células espermáti-
cas. Mutações de perda-de-função desses
(C) Masculinizado: Somente espermatozóides genes convertem nematóides XX em fême-
as (i.e., hermafroditas sem espermatozóide).
Enquanto são produzidas proteínas FEM
nas células germinativas, são produzidos
espermatozóides. Os genes fem ativos são
considerados ativar os genes fog (cujas mu-
tações de perda-de-função causam a femi-
nização da linhagem germinativa e elimi-
nam a espermatogênese). Os produtos do
gene fog ativam os genes envolvidos na
Espermatozóide maduro Estágios precoces transformação da célula germinativa em es-
Espermateca
da espermatogênese permatozóide e também inibem aqueles
Figura 22.13 genes que iriam de outra maneira dirigir as
Gônadas de C. elegans tipo selvagem e mutante. (A) Hermafrodita tipo selvagem produzindo células germinativas para iniciar a oogêne-
primeiro espermatozóides e em seguida óvulos. (B) Animal fêmea produzido por mutação fem-
se. A oogênese pode começar somente
1 produz somente óvulos. (C) Hermafrodita masculinizado produzido por mutações de perda-de-
quando a atividade fem é suprimida. Essa
função de genes mog (ou mutações do 3’UTR de fem-3) produz somente espermatozóides.
(Fotografia cortesia de J. Kimble.)
supressão parece atuar ao nível da tradu-
ção do RNA. A região 3’ não-traduzida
larvas do tipo selvagem, essas entram em te, em cada ovário/testículo, as células ger- (3’UTR) do mRNA de fem-3 contém uma
meiose. Assim, o gene glp-1 parece ser res- minativas mais próximas produzem esper- seqüência que liga um repressor durante o
ponsável pela capacitação de células ger- matozóide, enquanto as mais distantes (per- desenvolvimento normal. Se essa região é
minativas responderem ao sinal das células to da extremidade) tornam-se óvulos mudada de maneira que a proteína repres-
da extremidade distal.* (Hirsch et al., 1976). A genética dessa mu- sora não pode se ligar, o mRNA de fem-3
Após as células começarem suas divi- dança está atualmente sendo analisada. permanece traduzível, e a oogênese nunca
sões meióticas, ainda precisam transformar- Conforme discutido no Capítulo 20, os ocorre. O resultado é um corpo de herma-
se em espermatozóide ou óvulo. Geralmen- genes para a determinação sexual geram frodita que somente produz espermatozói-
ou um corpo feminino funcionalmente her- de (Ahringer e Kimble, 1991; Ahringer et
* O gene glp-1 parece estar envolvido em vári- mafrodita ou um corpo masculino. Na li- al., 1992). O fator de repressão que age no
as interações indutivas em C. elegans. Deve ser
nhagem germinativa, o caminho da deter- trans ainda não foi identificado, mas pro-
relembrado que glp-1 é também necessitado pelo
blastômero AB para receber os sinais indutivos do minação sexual ativa ou reprime certos vavelmente é o produto de um dos genes
blastômero EMS para formar os músculos faríngeos genes que são críticos para as células se mog (Graham e Kimble, 1993). Pensa-se que
(veja Capítulo 13). transformarem em óvulo ou espermatozói- proteínas ou mensagens estocadas no
CAPÍTULO 22 A Saga da Linhagem Germinativa 855
Espermatogênese
A espermatogênese é a produção de espermatozóide pelas células germinativas pri-
mordiais. Uma vez que as células germinativas primordiais de mamíferos chegam no
sulco genital dos embriões masculinos, elas se incorporam às cordas sexuais. Aí per-
manecem até a maturidade quando as cordas sexuais tornam-se ocas para formar os
túbulos seminíferos, e o epitélio dos túbulos se diferencia em células de Sertoli. Du-
rante sua vida, um homem pode produzir de 1012 a 1013 gametas (Reijo et al., 1995). As
células espermáticas são ligadas às células de Sertoli por moléculas de N-caderina em
suas respectivas superfícies celulares, e por moléculas de galactosil-transferase nas
células espermatogênicas que ligam um receptor nas células de Sertoli (Newton et al.,
1993; Pratt et al., 1993.) As células de Sertoli alimentam e protegem as células espermá-
ticas em desenvolvimento, e espermatogênese - a via de desenvolvimento da célula-
tronco espermatogônia até o espermatozóide maduro – ocorre nos recessos das célu-
las de Sertoli (Figura 22.15). Os processos pelos quais as PGCs produzem espermato-
zóide foram estudados em detalhe em vários organismos, mas enfocaremos aqui a
espermatogênese em mamíferos. Após atingir a gônada, as PGCs se dividem para
formar espermatogônias tipo A1. Essas células são menores que as PGCs e são carac-
terizadas por um núcleo ovóide que contém cromatina associada com a membrana
nuclear. As espermatogônias A1 são encontradas adjacentes à membrana basal exter-
na das cordas sexuais. Na maturidade, essas espermatogônias são consideradas divi-
dir-se para produzir uma outra espermatogônia tipo A1, assim como um tipo de célula
mais pálida, a espermatogônia tipo A2. Assim, cada espermatogônia tipo A1 é uma
célula-tronco capaz de se regenerar assim como produzir um novo tipo de célula. A
espermatogônia tipo A2 se divide para produzir a espermatogônia tipo A3, que produz
856 PARTE V Interações Celulares Durante a Formação do Órgão
Lúmem do túbulo
Espermátides
Corpo residual
Espermatócito secundário
Espermatócito primário
Espermatogônia Tipo A1
Célula de Espermatogônia
Espermatogônia
Sertoli Tipo B
Tipo A2
Figura 22.15
Desenho de uma seção do túbulo seminífero, a espermatogônia tipo A4. É possível que cada tipo de espermatogônia A seja uma
mostrando a relação entre células de Sertoli e o célula-tronco capaz de auto-renovação. A espermatogônia A4 tem três opções. Ela
espermatozóide em desenvolvimento. À medi-
pode formar outra A4 (auto-renovação); pode apresentar morte celular (apoptose), ou
da que as células amadurecem, elas progridem
em direção ao lúmen do túbulo seminífero. (Se- pode diferenciar-se na primeira célula-tronco comprometida, a espermatogônia inter-
gundo Dym, 1977.) mediária. Essas estão comprometidas a se tornarem espermatozóide e se dividem uma
vez para formar as espermatogônias tipo B. Essas células são os precursores dos
espermatócitos e são as últimas células a sofrerem mitose. Essas células dividem uma
vez, gerando os espermatócitos primários - as células que entram em meiose. Não é
conhecido o que faz com que as espermatogônias tomem o caminho da diferenciação
em lugar da auto-renovação; também não é conhecido o que estimula as células a
entrar em divisão meiótica em vez de mitótica (Dym, 1994).
Examinando a Figura 22.16, vemos que durante as divisões espermatogônicas, a
citocinese não é completa. Antes, as células formam um sincício pelo qual cada célula
se comunica com a outra através de pontes citoplamáticas de cerca de 1 µm de diâme-
tro (Dym e Fawcett, 1971). As sucessivas divisões produzem clones de células
interconectadas, e como íons e moléculas passam facilmente por essas pontes interce-
lulares, cada grupo amadurece sincronicamente.
Cada espermatócito primário sofre a primeira divisão meiótica para fornecer um par
de espermatócitos secundários, que completam a segunda divisão da meiose. As
células haplóides formadas são chamadas espermátides e ainda estão conectadas
uma a outra por pontes citoplasmáticas. Essas espermátides têm núcleos haplóides
mas são funcionalmente diplóides, já que o produto gênico formado em uma célula
pode facilmente se difundir para o citoplasma de suas vizinhas (Braun et al., 1989).
Durante as divisões de espermatogônias tipo A1 até a espermátide, as células se
distanciam mais e mais da membrana basal do túbulo seminífero e se aproximam de seu
lúmen (veja Figura 22.15). Assim, cada tipo de célula pode ser encontrado em uma
camada particular do túbulo. As espermátides estão localizadas na margem do lúmen,
CAPÍTULO 22 A Saga da Linhagem Germinativa 857
Espermatogônias tipo A 3
Espermatogônias tipo A 4
Espermatogônias intermediárias
Espermatogônias
tipo B
Pontes citoplasmáticas
Espermatócitos primários
(1a divisão meiótica)
Espermatócitos secundários
(2a divisão meiótica)
Espermátides
Corpos residuais
Células espermáticas
Espermiogênese
membrana basal do túbulo seminífero. Essa rotação é necessária porque o flagelo está
começando a se formar do centríolo do outro lado do núcleo, e esse flagelo irá se
estender para o interior do lúmen. Durante o último estágio da espermiogênese, o
núcleo se achata e se condensa, o citoplasma remanescente (a “gotícula citoplasmática”)
é descartado, e as mitocôndrias formam um anel em volta da base do flagelo. O
espermatozóide resultante penetra em seguida no lúmen do túbulo.
No camundongo, o integral desenvolvimento da célula-tronco até o espermato-
zóide leva 34.5 dias. Os estágios espermatogônicos duram 8 dias, a meiose 13 dias, e a
espermiogênese gasta mais 13.5 dias. Em seres humanos, o desenvolvimento
espermático é perto de duas vezes mais longo. Como as espermatogônias do tipo A1
são células-tronco, a espermatogênese pode ocorrer continuamente. Cada dia, perto
de 100 milhões de espermatozóides são produzidos em cada testículo humano, e
cada ejaculação liberta cerca de 200 milhões de espermatozóides. Quando não usa-
do, esses são reabsorvidos ou eliminados do organismo pela urina.
Informações adicionais
& Especulações
Expressão Gênica
Durante o Desenvolvimento do Espermatozóide
Expressão Gênica Antes da nas ligantes de RNA são críticas na esper- dos genes específicos do espermatozóide
Meiose Masculina matogênese porque muitos dos genes ex- transcrito é aquele para a β2-tubulina. Essa
A expressão gênica no espermatozóide é es- pressos no espermatozóide são regulados no isoforma da β−tubulina é vista somente du-
tágio-específica, e mesmo as células haplói- nível da tradução (Schäfer et al., 1995). Re- rante a espermatogênese, e é responsável
des são aptas a sintetizar certos produtos. A almente, em alguns animais, muito da es- pela formação de fusos meióticos, do
iniciação da espermatogênese na puberda- permatogênese ocorre na ausência de trans- axonema e dos microtúbulos associados
de é provavelmente regulada pela síntese crição de novos genes. A síntese de com as mitocôndrias em processo de ex-
de BMP8B pelas espermatogônias. Quan- protamina, a proteína básica que substitui tensão.* Hoyle e Raff (1990) mostraram que
do BMP8B atinge uma concentração críti- as histonas no núcleo espermático haplóide uma outra isoforma da tubulina, a β3-
ca, as espermatogônias podem se diferenci- do espermatozóide, é regulada pela fosfori- tubulina (que normalmente é expressa em
ar em espermátides redondas. Essas células lação de uma proteína ligante de 18-kDa células mesodérmicas e na epiderme), não
produzem altos níveis de BMP8B, que po- que reconhece a região 3’ não-traduzida da pode substituir a β2-tubulina.. Quando os
dem estimular as espermatogônias a se dife- mensagem protamina do camundongo autores fundiram a região regulatória 5’ do
renciarem. Camundongos carentes de (Kwon e Hecht, 1993). gene da β2-tubulina com a seqüência
BMP8B não iniciam a espermatogênese na Em Drosophila, o gene roughex trans- codificadora do gene da β3-tubulina, esse
puberdade (Zhao et al., 1996). Em huma- crito por espermatogônias de Drosophila gene pôde ser expresso no espermatozóide
nos, o gene DAZ localizado no braço longo pré-meiótica controla o número de divi- em desenvolvimento. Quando esse gene foi
do cromossomo Y está deletado em muitos sões meióticas. Machos carentes de có- expresso na ausência do gene da β2-
homens inférteis, muitos dos quais não pro- pias funcionais do gene roughex sofrem tubulina, as células germinativas resultan-
duzem espermatozóide algum. O gene DAZ uma metáfase meiótica extra em adição às tes não sofreram meiose, reunião de
é expresso exclusivamente em células ger- duas normais. O aumento da concentra- axonemas, ou conformação nuclear. So-
minativas masculinas, especialmente nas es- ção de Roughex resulta na incapacidade mente ocorreu a extensão mitocondrial. Isso
permatogônias, e parece codificar uma pro- de executar meiose II (Gönczy et al., 1994). indica que a formação dos fusos meióticos
teína ligante de RNA (Reijo et al., 1995; e do axonema de células espermáticas não
Menke et al., 1997). DAZ é homólogo de Expressão Gênica durante a
* A confecção do axonema espermático em
dois genes da Drosophila, Rb97D e boule, Meiose Masculina
Drosophila é uma tarefa de monta. A cauda do es-
os quais também codificam proteínas Muito da transcrição gênica durante a es- permatozóide tem 2 mm de extensão – tão compri-
ligantes de RNA, e ambos são essenciais para permatogênese ocorre durante o estágio da quanto a mosca masculina inteira. O espermato-
a espermatogênese. Espermatogônias se de- diplóteno da prófase meiótica. Os genes que zóide da espécie relacionada D. bifurca, de 58.3 mm
generam em moscas masculinas deficientes são transcritos especificamente durante a de comprimento, é aproximadamente 20 vezes
mais longo que as moscas que o produzem. É
em Rb97D, enquanto as células germinati- espermatogênese são freqüentemente aque-
notável que o ovo de D. melanogaster incorpo-
vas de moscas carentes do gene boule não les cujos produtos são necessários para mo- ra todo o espermatozóide (Karr, 1991). Somen-
entram em meiose (Karsch-Mizrachi e tilidade do espermatozóide ou sua fixação te cerca de 3 mm do espermatozóide de D. bifur-
Haynes, 1993; Eberhart et al., 1996). Proteí- ao óvulo. Em Drosophila melanogaster, um ca é incorporado pelo ovo (Pitnick et al., 1995).
CAPÍTULO 22 A Saga da Linhagem Germinativa 859
é conseguida por qualquer β−tubulina e que para o alelo mutante, leva a embriões nor-
a transcrição de suas isoformas específicas mais. Um desses genes de efeito paterno é o
do espermatozóide é importante. spe-11 em C. elegans. Os espermatozóides
Os genes cujos produtos são necessá- contendo alelos mutantes nesse loco são in-
rios para ligação do espermatozóide e das capazes de direcionar movimentos cromos-
matrizes extracelulares do óvulo são tam- sômicos que orientam o fuso mitótico do em-
bém transcritos durante a espermatogê- brião, sugerindo que a mutação afeta as regi-
nese. O gene da bindina do ouriço-do- ões organizadoras dos microtúbulos, tais
mar é transcrito relativamente tarde na como os centríolos (Figura 22.18; Hill et al.,
espermatogênese e seu mRNA é traduzi- 1989). Mutações de efeito paterno foram
do em bindina logo após ser produzido identificadas em Drosophila e essas podem
(Nishioka et al., 1990). A bindina se acu- também envolver a estrutura do fuso mitótico
mula em vesículas que se fundem para do zigoto (Karr, 1996). [fert10.html]
formar a vesícula acrossômica única no
espermatozóide maduro do ouriço-do- Expressão Gênica Terminal
mar. A Figura 22.17 mostra a localização Por fim, o genoma haplóide é condensado
da proteína bindina na vesícula acrossô- à medida que as histonas são substituídas
mica do espermatozóide enquanto esse por protaminas ou histonas especificamen-
ainda está nos testículos. te modificadas. Muitas histonas do esper-
matozóide são modificadas no estágio de
Expressão Gênica Haplóide espermátide tardia da espermiogênese. Es-
em Espermatócitos. sas modificações (tal como a desfosforila-
Além da transcrição de genes em células ção das regiões N-terminais de certas
diplóides durante a prófase meiótica, cer- histonas causam a condensação da cro-
tos genes são transcritos na espermátide matina), que resulta em severa redução da
(revisado por Palmiter et al., 1984). Essa transcrição. Assim, a transcrição do geno-
evidência para expressão gênica haplói- ma masculino não é detectada novamente
de vem de estudos envolvendo camun- até ser reativada algum tempo durante o
Figura 22.17
dongos heterozogotos nos quais são vis- desenvolvimento (Poccia,1986; Green e
Localização de bindina no acrossomo do es-
tas duas populações diferentes de esper- permatozóide, por meio de anticorpos antibin- Poccia, 1988).
matozóide – uma expressando o fenótipo dina marcados com ouro. Os átomos de ouro
mutante, e outra expressando a caracterís- permitem aos anticorpos aparecerem como
tica tipo selvagem. Se a síntese do RNA pontos negros na micrografia eletrônica. Es-
ou da proteína ocorresse enquanto as cé- ses espermatozóides ainda estão no interior
dos testículos do ouriço-do-mar. (Cortesia de
lulas ainda fossem diplóides, todo o es- D. Nishioka.)
permatozóide apresentaria o mesmo
fenótipo. Transcrições do gene para a Genes de Efeito Paterno
protamina são vistas nas células haplói- Em algumas espécies, o espermatozóide for-
des precoces (espermátides redondas) em- nece importante informação desenvolvimen- (A)
bora sua tradução seja retardada por vári- tal que não pode ser compensada pelo óvulo.
os dias (Peschon et al., 1987). O gene para Já discutimos a impressão (“imprinting”) de
a β1, 4-galactosiltransferase que liga o es- cromossomos de mamíferos no qual o DNA
permatozóide à zona pelúcida somente é do espermatozóide e do óvulo diferem nos
transcrito durante a fase haplóide da ma- seus padrões de metilação (veja Capítulos 4 e
turação do espermatozóide do camundon- 11). Existem também casos de genes de efei-
go (Hardvin-Lepers et al., 1993). Esses to paternos. Aqui, alelos homozigotos reces-
genes expressos no estágio haplóide po- sivos no macho causam desenvolvimento
dem ser regulados pelo hormônio estimu- anormal no embrião, mesmo se a fêmea for
lador de folículos da glândula pituitária homozigota para o alelo de tipo selvagem, (B)
(Foulkes et al. 1993; Blendy et al.,1996; enquanto o cruzamento recíproco, no qual o Figura 22.18
Nantel et al., 1996).* pai é do tipo selvagem e a mãe é homozigota Fotomicrografias imunofluorescentes de fusos
mitóticos no embrião de primeira clivagem de
* Esse mecanismo parece indevidamente complexo. Os genes pós-meióticos parecem ser regulados C. elegans quando o espermatozóide é (A) de
pelo fator de transcrição CREM. Esse gene para o fator de transcrição, o modulador do elemento responsivo um macho tipo selvagem e (B) de um macho
ao AMP-cíclico é transcrito durante a espermatogênese precoce, mas a mensagem decai rapidamente. A homozigoto para o gene spe-11 de efeito pater-
proteína que produz, inibe a transcrição de dois genes pós-meióticos. Porém, a recepção de FSH pelas células no. Em (B), três centríolos organizadores de
meióticas causa a emenda alternativa do precursor do mRNA de CREM, fazendo com que ele se torne uma microtúbulos podem ser vistos em lugar dos
mensagem estável para uma isoforma ativadora da molécula. O direcionamento para o alvo do gene CREM dois pólos mitóticos usuais. (De Hill et al., 1989,
de camundongo resulta na ausência da expressão gênica pós-meiótica e na morte dos espermatócitos. cortesia de S. Strome.)
860 PARTE V Interações Celulares Durante a Formação do Órgão
Oogênese
Meiose oogênica
Nascimento
Figura 22.20
Formação do corpo polar no oócito do peixe branco Coregonus. (A) Anáfase da primeira divisão
meiótica, mostrando o primeiro corpo polar comprimindo-se com seus cromossomos. (B) Metáfase
(no interior do oócito, seta) da segunda divisão meiótica, com o primeiro corpo polar ainda no seu
lugar. O primeiro corpo polar pode ou não dividir-se novamente. (de Swanson et al., 1981,
cortesia de C. P. Swanson.)
Figura 22.21
Crescimento de oócitos na rã. Durante os três
primeiros anos de vida são produzidos três gru-
pos de oócitos. Os desenhos seguem o cresci-
mento dos oócitos da primeira geração. (Se-
gundo Grant, 1953.)
Primeiro grupo
Fase vitelogênica
Diâmetro (mm)
Fase pré-vitelogênica
Segundo grupo
Terceiro grupo
Primavera
Primavera
Primavera
Inverno
Inverno
Inverno
Outono
Outono
Outono
Verão
Verão
Verão
Primeiro ano Segundo ano Terceiro ano
Figura 22.22
Distribuição do vitelo em Xenopus. (A) Uma plaqueta de vitelo anfíbio. (B-E) Estabelecimento
da polaridade animal-vegetal das plaquetas de vitelo em oócitos de Xenopus. (B) No oócito no
final do estágio III (600 µm), plaquetas de vitelo penetram na célula igualmente por todos os
pontos da superfície. (C,D) À medida que o oócito cresce, as plaquetas do futuro pólo animal
são deslocadas para o pólo vegetal, enquanto aquelas no pólo vegetal aí permanecem. Continua
a entrada de vitelo por todos os lados. (E) Ao fim da vitelogênese, as plaquetas mais precoces
(III) estão todas no hemisfério vegetal, que concentrou agora 75% do vitelo do oócito. O
momento de entrada do vitelo nas plaquetas do oócito está indicado pelo grau de sombreamento
e números romanos: III, plaquetas de estágio III; IV-e, plaquetas do estágio precoce IV; IV-
l:plaquetas de estágio tardio IV; V, plaquetas do estágio V; gv, vesícula germinativa. (Segundo
Danilchik e Gerhart, 1987; fotografia cortesia de L. K. Opresko.)
RNAs que não codificam proteínas mas podem ser necessários para a manutenção de Vg1
maternos
no córtex), Xwnt11 e Xcat2 (que codifica uma proteína ligante de RNA relacionada
a Nanos), deixam a vesícula germinativa para se localizarem na “nuvem” mitocondri-
al no pólo vegetal do núcleo. Essas mensagens ficam compartimentalizadas em
agregados associados com o plasma germinativo e são transportadas para o córtex
vegetal de uma maneira que parece ser independente do citoesqueleto (Figura 22.23;
Estágio 1-2 Kloc et al., 1996).
Estágio 2-3 Oócitos de anfíbios podem permanecer anos no estágio diplóteno da prófase meiótica.
O recomeço da meiose no oócito primário dos anfíbios requer progesterona. Esse
hormônio é secretado pelas células foliculares em resposta ao hormônio
gonadotrófico secretado pela hipófise. Seis horas após a estimulação por
progesterona, ocorre a desintegração da vesícula germinativa (GVBD), as
microvilosidades se retraem, os nucléolos se desintegram e os cromossomos em
Estágio 4
forma de escova se contraem e migram para o pólo animal para iniciar a divisão.
Pouco depois, ocorre a primeira divisão meiótica, e o óvulo maduro é liberado pelo
ovário pelo processo da ovulação. Quando liberado, esse óvulo se encontra na
segunda metáfase meiótica.
Como pode a progesterona capacitar o óvulo a interromper sua dormência e reiniciar
a meiose? Para compreender esse mecanismo de ativação, é necessário revisar rapida-
mente o modelo para divisão precoce do blastômero apresentado no Capítulo 5. O
Trajetória Vg1 Trajetória metro fator promotor da maturação (MPF) é responsável pelo reinício da meiose. Sua ativida-
(Xwnt11, Xcat2)
de é cíclica, sendo alta durante a divisão celular e indetectável durante a interfase. O
Figura 22.23 MPF é uma proteína quinase que contém uma subunidade enzimática (ciclina). Como
Representações esquemáticas de duas trajetó- todos os componentes do MPF estão presentes no oócito do anfíbio, considera-se
rias para a localização de mRNAs na região que a progesterona de alguma maneira converte um complexo pré-MPF em MPF ativo,
vegetal do oócito de Xenopus. A trajetória talvez pela ativação da fosfatase cdc25 (veja Capítulo 5; Minishull, 1993).
METRO (organizadora do transporte de men- O mediador do sinal de progesterona é provavelmente a proteína c-mos. A
sagens – message transport organizer) acumu-
progesterona reinicia a meiose, fazendo o ovo poliadenilar o mRNA c-mos mater-
la mensagens na nuvem mitocondrial, e suas
ilhas são transportadas para o córtex do pólo nal que havia sido armazenado em seu citoplasma (Sagata et al., 1988, 1989; Sheets
vegetal. Na trajetória Vg1 são vistas mensa- et al., 1995). Essa mensagem é traduzida em uma fosfoproteína de 39-kDa, pp39mos,
gens por todo o ovo, porém, essas são trasla- detectável somente durante a maturação do oócito, sendo rapidamente destruída
dadas por um sistema movido pelos microtú- após a fecundação. No entanto, durante sua breve vida, essa proteína exerce um
bulos para os microfilamentos do córtex vege- papel principal na liberação do óvulo da sua dormência. Se a tradução de pp39mos
tal. (Segundo Kloc e Etkin, 1995.) for inibida (injetando-se mRNA mos-antisenso no oócito), esse não aparece e a
desintegração da vesícula germinativa e a renovação da maturação do oócito não
acontecem. Após ter estimulado o reinício da meiose, pp39mos capacita o oócito a
passar por uma divisão meiótica, mas congela o segundo ciclo meiótico na metáfase.
Esse bloqueio é causado pelas ações combinadas de pp39mos e outra proteína, a
quinase 2 dependente de ciclina (cdk2; Gabrielli et al., 1993). Essas duas proteínas
são consideradas constituir o fator citoestático (CSF) encontrado nos ovos ma-
duros da rã, que pode bloquear os ciclos celulares na metáfase (Masui, 1974).
Acredita-se que o CSF previne a degradação da ciclina.
A próxima pergunta envolve os mecanismos pelos quais a fecundação capacita
o oócito que está na segunda metáfase a completar a divisão para formar um gameta
haplóide. Evidência recente sugere que o fluxo de íons de cálcio ocorrendo durante
a fecundação capacita a proteína ligante de cálcio calmodulina a tornar-se ativa. A
calmodulina, por sua vez, pode ativar a proteína quinase II dependente de calmodulina.
Essa é necessária e suficiente para inativar a quinase cdc2 e estimular a degradação
de c-mos (Lorca et al., 1993). A calpaina II, uma protease dependente de cálcio,
degrada pp39mos (Watanabe et al., 1989). Assim, os dois componentes do CSF são
inativados ou destruídos. Sem CSF, a ciclina pode ser degradada, e a divisão meiótica
pode ser completada (Figura 22.24).
CAPÍTULO 22 A Saga da Linhagem Germinativa 865
Baixa
Estágio
desenvolvimental Esperma-
tozóide
Na maioria dos animais (insetos sendo uma exceção importante), o oócito em cresci-
mento é ativo na transcrição de genes onde os produtos são ou (1) necessários para
o metabolismo celular, (2) necessários para processos específicos do oócito, ou (3)
requeridos para o desenvolvimento precoce antes do núcleo começar a funcionar. Em
camundongos, por exemplo, o oócito diplóteno em crescimento está ativamente trans-
crevendo os genes para as proteínas da zona pelúcida ZP1, ZP2 e ZP3. Esses genes
são transcritos somente no oócito e não em qualquer outra célula (Epifano et al., 1995;
veja Capítulo 2).
O oócito anfíbio tem certos períodos em que a síntese de RNA é muito ativa.
Durante o estágio diplóteno, certos cromossomos estendem grandes laços de DNA,
fazendo com que o cromossomo se assemelhe a uma escova (um útil instrumento para
limpeza de tubos de ensaio em tempos anteriores ao uso de materiais descartáveis).
Esses cromossomos em forma de escova (Prancha 2) podem ser vistos nos locais da
síntese de RNA por hibridização in situ. Cromossomos de oócitos podem ser prepara-
dos, desnaturados e incubados com RNA radiativo que codifica uma proteína especí-
fica. Após o RNA não-ligado ter sido removido por lavagem, a auto-radiografia visualiza
a localização precisa do gene. A Figura 22.25 mostra o cromossomo diplóteno I da
salamandra Triturus cristatus após incubação com mRNA da histona radiativo. Fica
Figura 22.25
óbvio que o gene (ou conjunto de genes) da histona está localizado em uma das Localização (ponta da seta) dos genes histona
dobras do cromossomo em forma de escova (Old et al., 1977). Micrografias eletrônicas em um cromossomo em forma de escova em um
de transcritos de genes dos cromossomos em forma de escova também permitem que oócito de anfíbio. Os genes foram visualizados
se veja cadeias de mRNA destacando-se de cada gene à medida que esse estiver por hibridização in situ e auto-radiografia. (de
sendo transcrito (Hill e MacGregor, 1980). Old et al., 1977, cortesia de H. G. Callan.)
866 PARTE V Interações Celulares Durante a Formação do Órgão
Amplificações de rDNA
Hormônio
Oócito pituitário
Começa o totalmente
acúmulo de vitelo crescido Fertilização
Existem vários tipos de oogênese em insetos, mas a maioria dos estudos focalizaram
os insetos, tais como Drosophila e mariposas, que sofrem oogênese meroística.
Nesse processo as conexões citoplasmáticas permanecem entre as células produzidas
pelo oogônio. Em Drosophila, cada oogônio se divide quatro vezes para produzir um
clone de 16 células conectadas uma à outra através de canais anelares. A produção
dessas células interconectadas (chamadas cistócitos) envolve uma seqüência alta-
mente organizada de divisões celulares (Figura 22.27). Somente as duas células apre-
sentando quatro interconexões são capazes de se desenvolver em oócitos, e dessas
duas, somente uma torna-se um óvulo. A outra inicia a meiose mas não a termina.
Figura 22.27
Assim, somente um de 16 cistócitos pode tornar-se um óvulo. Todas as outras células A formação de 16 cistócitos interconectados
se tornam células nutrizes. Mostra-se que a célula destinada a ser o oócito é aquela em Drosophila. (A) Diagrama de um ovaríolo
residindo na extremidade mais posterior da câmara do ovo que contém o clone de 16 adulto mostrando a seqüência da oogênese com
células. Porém, já que as células nutrizes estão conectadas ao oócito através de suas cistos germinativos mais jovens, amadurecen-
pontes citoplasmáticas, o complexo inteiro pode ser visto como uma unidade produ- do dentro do ovaríolo. (B) Divisão das células
tora de um óvulo. formadoras de cistócitos (cistoblastos). As
O ovário meroístico nos confronta com alguns problemas interessantes. Se todas células estão representadas esquematicamente
as células estão conectadas de modo que as proteínas e os RNAs podem transitar dividindo-se em um único plano. Uma célula-
tronco se divide para produzir outra célula-tron-
livremente entre elas, porque teriam destinos desenvolvimentais diferentes? Porque
co mais uma célula comprometida a formar os
uma célula se torna o oócito enquanto as outras se tornam “fábricas sintetizadoras de cistócitos. Somente um dos 16 cistócitos tor-
RNA”, enviando mRNAs, ribossomos e mesmo centríolos para o interior do oócito? na-se um oócito; os outros tornam-se células
Porque o fluxo de proteína e RNA vai somente em uma direção? À medida que os nutrizes, conectadas ao oócito por canais ane-
cistócitos se dividem, se forma uma grande estrutura rica em espectrina chamada lares (pontes citoplasmáticas). O centríolo do
fussomo, cobrindo as pontes citoplasmáticas entre as células (Figura 22.27). Esse é cistócito 1 retém o fussomo (em vermelho),
construído assimetricamente, pois sempre cresce do pólo do fuso que permaneceu que cresce através do canal anelar em direção à
em uma das células (Lin e Spradling, 1995). A célula que reteve o fussomo durante a sua irmã mitótica. A seta mostra a polaridade,
primeira divisão se torna o oócito. Não é ainda conhecido se o fussomo contém de- apontando para a célula da qual cresceu o
fussomo. Após mais três divisões mitóticas é
terminantes oogênicos, ou se ele dirige o tráfego de materiais para o interior dessa
formado o cisto de 16 células. Se o transporte
célula em particular. intracelular for coordenado pelo fussomo, o
Uma vez estabelecidos os padrões de transporte, o citoesqueleto fica ativamente transporte de mRNAs e proteínas iria para o
envolvido no transporte de mRNAs das células nutrizes para o citoplasma do oócito cistócito 1, que assim se tornaria o oócito. (A
(Cooley e Theurkauf, 1994). O arranjo microtubular é crítico para a determinação do segundo Ruohola et al., 1991; B segundo Lin e
oócito. Se essa grade for rompida (quimicamente ou por mutações tais como bicaudal-D Spradling, 1995.)
Células
foliculares
posteriores
(B)
Mais 2
divisões
Cistoblasto Cisto de 2 células
em divisão
Fussomo
868 PARTE V Interações Celulares Durante a Formação do Órgão
Núcleo da
célula nutriz
Citoplasma da
célula nutriz
Citoplasma
do oócito
Epitélio
folicular
CAPÍTULO 22 A Saga da Linhagem Germinativa 869
Informações adicionais
& Especulações
Cérebro hormônio juvenil, ecdisona e nutrição. Esses agentes fisiológicos são “integra-
dos” pela região intensificadora entre os dois genes da proteína do vitelo de
Drosophila (veja Figura 10.13; Bownes et al, 1988). Esses genes são somente
Hormônio cerebral
ativos em moscas fêmeas, e isso é regulado pela ligação da proteína Doublesex
específica de fêmea a essa região do intensificador. Acredita-se que um hormônio
cerebral, respondendo a sinais ambientais*, estimule o corpora allata a secretar
Corpora allata hormônio juvenil (Figura 22.30). O hormônio juvenil (1) regula a captação de
peptídeos vitelínicos na superfície do oócito, (2) estimula a síntese de proteínas
vitelínicas do ovário (que são idênticas àquelas produzidas pelo corpo gorduro-
Hormônio juvenil so), e (3) faz com que os folículos ovarianos e outras células abdominais secretem
ecdisona. Essa é metabolizada para sua forma ativa - 20-hidroxiecdisona - e esti-
Células Ovário
mula o corpo gorduroso a produzir proteínas do vitelo, tal como o estradiol esti-
abdominais
produtoras de mula o fígado anfíbio a fazê-lo. Da mesma maneira, a administração de ecdisona a
ecdisona machos adultos faz com que seus corpos gordurosos secretem proteínas vitelínicas
(Postlethwait et al., 1980) e que a proteína vitelínica seja levada para os oócitos de
Proteínas
Ecdisteróides vitelínicas insetos através de endocitose mediada por receptores (Raikhel e Dhadialla, 1992).
Os receptores para a vitelogenina estão localizados em regiões da membrana do
oócito na base das microvilosidades e entre as mesmas. Os complexos receptor-
Corpo Proteínas
vitelínicas vitelogenina são internalizados e a vitelogenina é liberada do receptor dentro do
gorduroso
vacúolo endocítico. Esse se funde com outros endossomos para formar o grânulo
repleto de vitelogenina armazenado pelo vitelo.
Figura 22.30
Modelo para a regulação hormonal da síntese Oogênese em Mamíferos
de peptídio vitelínico em D. melanogaster. Em
resposta a um hormônio cerebral, o corpora A ovulação do óvulo dos mamíferos segue um de dois padrões básicos, dependendo
allata produz hormônio juvenil, que faz com da espécie. Um tipo de ovulação é estimulado pelo ato físico da copulação. A
que o ovário produza proteínas vitelínicas e estimulação física do cérvix desencadeia a liberação de gonadotrofinas da hipófise.
ecdisteróides. O hormônio juvenil também in- Essas gonadotrofinas sinalizam o ovo para recomeçar a meiose e iniciar os eventos
duz a síntese de ecdisteróides nas células abdo-
que expelem o óvulo do ovário. Esse método assegura que a maior parte das copulações
minais. Esses ecdisteróides motivam o corpo
gorduroso a produzir proteínas vitelínicas que
conduz a óvulos fertilizados; e animais que utilizam esse método de ovulação – coe-
são transportadas para o ovário. (Segundo lhos e visões – têm a reputação de procriações bem sucedidas.
Bownes, 1982.) A maioria dos animais, porém, tem um tipo periódico de ovulação. A fêmea
apenas ovula em épocas específicas do ano, chamadas de estro (ou seu equiva-
lente português “cio”). Nesses casos, sinais ambientais, mais notavelmente a
quantidade e o tipo de iluminação diurnos, estimulam o hipotálamo a liberar o fator
liberador de gonadotrofina. Esse estimula a hipófise para liberar suas
gonadotrofinas – o hormônio estimulante de folículos (FSH) e o hormônio luteini-
zante (LH) – que faz com que as células foliculares se proliferem e secretem
estrógeno. O estrógeno subseqüentemente penetra em certos neurônios e evoca
o padrão de comportamento copulatório característico da espécie. As
gonadotrofinas também estimulam o crescimento folicular e a iniciação da ovula-
ção. Assim, estro e ovulação ocorrem em épocas próximas.
Os seres humanos apresentam variação sobre o tema da ovulação periódica.
Embora fêmeas humanas tenham ovulação cíclica (em média de cerca de 29.5
dias), sem estro anual definido, a maior parte da fisiologia reprodutiva humana é
compartilhada com outros primatas. A característica periodicidade dos primatas
na maturação e liberação de óvulos é chamada ciclo menstrual porque envolve o
* Em Drosophila, o sinal ambiental parece ser o fotoperíodo. No mosquito comum, o sinal é a refeição
sangüínea. Somente mosquitos fêmeas picam, e elas não produzem vitelogenina antes da refeição.
Algum fator sangüíneo estimula o cérebro do mosquito para liberar o hormônio juvenil e o fator estimulador
do corpocardíaco. Esse último fator causa a liberação do hormônio neurosecretório do desenvolvi-
mento do ovo (EDNH). Esse estimula o ovário a secretar vitelogenina (Hagedorn, 1983; Borovsk
et al., 1990). (Veja Capítulo 21.)
CAPÍTULO 22 A Saga da Linhagem Germinativa 871
(A)
Células
Granulosas Células
Granulosas
Células
Células
tecais
tecais
FOLÍCULOS
PRIMORDIAIS
Coroa radiata
Antro
Células granulosas
Membrana
granulosa Oócito
FOLÍCULO GRAAFIANO
Figura 22.31
O folículo ovariano dos mamíferos. (A) Maturação do folículo ovariano. Quando maduro, ele é
freqüentemente chamado folículo Graafiano. (B) Microfotografia eletrônica de varredura de um
foliculo maduro no rato. O oócito (centro) está rodeado pelas menores células granulosas que irão
constituir a coroa. (A segundo Carlson, 1981; B cortesia de P. Bagavandoss.)
1. Faz com que a mucosa uterina inicie sua proliferação e se enriqueça em vasos
sangüíneos.
2. Faz com que o muco cervical se afine, permitindo o espermatozóide entrar nas
porções internas do trato reprodutivo.
3. Causa um aumento do número de receptores de FSH nas células granulosas
(Kammerman e Ross, 1975) e simultânea diminuição da produção de FSH
pela hipófise. Estimula também as células granulosas a secretarem o hormônio
peptídico inibina, que também suprime a secreção hipofisária de FSH (Rivier et
al., 1986; Woodruff et al., 1988).
4. Em baixas concentrações, inibe a produção de LH, mas em altas concentra-
ções a estimula.
5. Em concentrações muito altas e longos períodos, o estrógeno interage com o
hipotálamo, fazendo com que ele secrete o fator liberador de gonadotrofina.
Figura 22.32
O ciclo menstrual humano. A coordenação de
ciclos (B) ovarianos e (D) uterinos é contro-
Gonadotrofinas lada pelos (A) hormônios hipofisário e (C)
Hormônio luteinizante (LH)
(da hipófise anterior) ovariano. Durante a fase folicular, o ovo ama-
durece dentro do folículo, e o revestimento
uterino é preparado para receber o embrião.
(A) O ovo maduro é liberado ao redor do dia 14.
Se um embrião não for implantado no útero, a
parede uterina começa a se desintegrar, levan-
do à menstruação.
Hormônio estimulante de folículos (FSH)
Revestimento uterino
(D)
Figura 22.33
Ovulação no coelho. O ovário de um coelho vivo anestesiado foi
exposto e observado. Quando o folículo começou a ovular, o ovário
Cumulus
foi removido, fixado e corado. (Cortersia de R. J. Blandau.)
Oócito
Ovário
Folículo imaturo
Células foliculares
remanescentes
Informações adicionais
& Especulações
imediatamente antes do reinício da meiose Baixa atividade de adenil ciclase Alta atividade de adenil ciclase ou
(Figura 22.36; Schultz et al., 1983). ou alta atividade da fosfodiesterase baixa atividade de fosfodiesterase
Em segundo lugar, as gonadotrofinas
podem causar a perda de comunicação entre
as células foliculares e o oócito. As células Alta concentração de cAMP Baixa concentração de cAMP
foliculares parecem ser fontes importantes
de cAMP do oócito, e mudanças da concen-
tração de cAMP nessas células se refletem
nos níveis de cAMP no oócito (Bornslaeger Alta atividade da quinase Baixa atividade da quinase
dependente de cAMP dependente de cAMP
e Schultz, 1985; Racowsky, 1985). Essa ob-
servação explica porque os oócitos perma-
necem em parada meiótica quando rodea-
dos por células foliculares, mas reiniciam a Fosforilação de certas Certas proteínas do
meiose quando essas são removidas. proteínas do oócito oócito não são fosforiladas
O surto de gonadotrofinas pode elevar
a concentração de cAMP da célula folicular
para novos níveis. Em resposta a essa ele- Desintegração da vesícula
Manutenção da
vação, as células foliculares maduras sinte- parada meiótica germinativa; liberação
tizam ácido hialurônico, que causa ruptura da parada meiótica
física do contato entre os processos das cé-
lulas foliculares e o oócito (Eppig, 1979; Figura 22.36
Larsen et al., 1986). As pontes pela quais o Sumário do mecanismo proposto por meio do qual o nível de cAMP do oócito regula o recomeço
cAMP flui da célula granulosa folicular da meiose pelo oócito. Os níveis de cAMP no oócito são providos, ao menos em parte, pelo
cAMP das células foliculares. O AMP cíclico não pode atravessar membranas celulares, mas
para o oócito, com isso, foram removidas,
pode penetrar no oócito através das junções de fenda conectando o oócito com suas células
permitindo o oócito mamífero reiniciar a
foliculares. Quando as conexões são liberadas, os níveis de cAMP do oócito declinam, conduzin-
meiose (Dekel e Sherizly, 1985; Racowsky do à liberação da parada meiótica.
e Satterlie, 1985).
Tal como oócitos de anfíbios, o oócito
ovulado do camundongo está suspenso o fator citostático pp39mos responsável pela volver-se partenogeneticamente (Colled-
na segunda metáfase meiótica e é fecun- parada de meiose na metáfase II. Camun- ge et al., 1994: Hashimoto et al., 1994). É
dado nesse estado. Paules e colaborado- dongos fêmeas deficientes no gene mos evidente que eventos semelhantes têm que
res (1989) mostraram que oócitos de ca- não param sua divisão na metáfase II, e ocorrer para a maturação dos oócitos de
mundongo em maturação também contêm seus ovos freqüentemente tentam desen- anfíbios e mamíferos.
LITERATURA CITADA
Ahringer, J. and Kimble, J. 1991. Control of the Auerbach, R. and Joseph, J. 1984. Cell surface Beers, W. H., Strick1and, S. and Reich, E. 1975.
sperm-oocyte switch in Caenorhabditis elegans markers on endothelial cells: A developmen- Ovarian plasminogen activator: Relationship
hermaphrodites by the fem-3 3’untranslated tal perspective. In E. A. Jaffe (ed.), The Bio- to ovulation and hormonal regulation. Cell 6:
region. Nature 349: 346-348. logy of Endothelial Cells. Nijhoff, The Hague, 387-394.
pp. 393-400.
Ahringer, J., Rosequist, T. A., Lawson, D. N. Bier, K. 1963. Autoradiographische Untersu-
and Kimble, J. 1992. The C. elegans sex Austin, J. and Kimble, J. 1987. glp-1 is required chungen über die Leistungen des Follikelepithels
determining gene, fem-3, is regulated posttrans- in the germ line for regulation of the decision und der Nahrzellen bei der Dottbildung und
criptionally EMBO J. 11: 2303-2310. between mitosis and meiosis in C. elegans. Cell Eiweissynthese im Fliegenova. Wilhelm Roux
51: 589-599. Arch Entwick1ungsmech. Org. 154: 552-575.
Anderson, E. and Albertini, D. F. 1976. Gap
junctions between the oocyte and companion Baker, S. M. and eleven others. 1996. Involvement Blendy, J. A., Kaestner, K. H., Weinbauer, G. F.,
follicle cells in the mammalian ovary. J. Cell of the mouse Mlh1 in DNA mismatch repair and Nieschlag, E. and Schütz, G. 1996. Severe
Biol. 71: 680-686. meiotic crossing over. Nat. Genet. 13: 336-342. impairment of spermatogenesis in mice lacking
the CREM gene. Nature 380: 162-165.
Ashley, T., Plug, A. W., Xu, J. H., Solari, AJ., Baker, T. G. 1970. Primordial germ cells. In
Reddy, G., Golub, E. I. and Ward, D. C. 1995. C. R. Austin and R. V. Short (eds.), Repro- Bloom, W. and Fawcett, D. W. 1975. Textbook
Dynamic changes in Rad51 distribution on chro- duction in Mammals, Vol. 1: Germ Cells and of Histology, 10th Ed. Saunders, Philadelphia.
matin during meiosis in male and female Fertilization. Cambridge University Press,
Bornslaeger, E. A. and Schultz, R. M. 1985. Re-
vertebrates. Chromosoma 104: 19-28. Cambridge, pp. 1-13.
gulation of mouse oocyte maturation: Effect of
CAPÍTULO 22 A Saga da Linhagem Germinativa 877
elevating cumulus cell cAMP on oocyte cAMP Cooley, L. and Theurkauf, W. E. 1994. Dumont, J. N. 1978. Oogenesis in Xenopus
levels. Biol. Reprod. 33: 698-704. Cytoskeletal functions during Drosophila laevis. VI. Route of injected tracer transport in
oogenesis. Science 266: 590-596. follicle and developing oocyte. J. Exp. Zool.
Bornslaeger, E. A., Mattei, P. and Schultz, R. M.
204:193-200.
1986. Involvement of cAMP-dependent protein Cooley, L., Verheyen, E. and Ayers, K. 1992.
kinase and protein phosphorylation in regulati- chickadee encodes a profilin required for Dym, M. 1977. The male reproductive system.
on of mouse oocyte maturation. Dev Biol. 114: intercellular cytoplasm transport during Droso- In L. Weiss and R. O. Greep (eds.), Histology,
453-462. phila oognesis. Cell 69: 173-184. 4th Ed. McGraw-Hill, New York, pp. 979-1038.
Borovsk, D., Carlson, D. A., Griffin, P. R., Couzinet, B., Le Strat, N., Ulmann, A., Baulieu, Dym, M. 1994. Spermatogonial stem celIs of
Shabanowitz, J. and Hunt, D. F. 1990. Mosquito E. E. and Schaison, G. 1986. Termination of the testis. Proc. Natl. Acad. Sci. USA 91: 11287-
oostatic factor: A novel decapeptide modulating early pregnancy by the progesterone antagonist 11289.
trypsin-like enzyme biosythesis in the midgut. RU486 (Mifepristone). N. Engl. J. Med. 315:
Dym, M. and Fawcett, D. W. 1971. Further
FASEB J. 4: 3015-3020. 1565-1570.
observations on the number of spermatogonia,
Bounoure, L. 1934. Recherches sur lignée Danilchik, M. V. and Gerhart, J. C. 1987. Diffe- spermatocytes, and spermatids connected by
germinale chez la grenouille rousse aux premiers rentiation of the animal-vegetal axis in Xeno- intercellular bridges in the mammalian testis.
stades au développement. Ann. Sci. Zool. Ser. pus laevis oocytes: Polarized intracellular Biol. Reprod. 4: 195-215.
17,10: 67-248. translocation of platelets establishes the yolk
Eberhart, C. G., Maines, J. Z. and Wasserman, S.
gradient. Dev. Biol. 122: 101-112.
Bownes, M. 1982. Hormonal and genetic regu- A. 1996. Meiotic cell cycle requirement for a
lation of vitellogenesis in Drosophila. Q. Rev. Davidson, E. 1986. Gene Activity in Early fly homologue of human Deleted in Azoosper-
Biol. 57:247-274. Development, 3rd Ed. Academic Press, mia. Nature 381: 783-785.
Orlando, FL.
Bownes, M., Scott, A. and Shirras, A. 1988. Ellis, R. E. and Kimble, J. 1995. The Jog-3 gene
Dietary components modulate yolk protein Dekel, N and Beers, W H. 1978. Rat oocyte and regulation of cell fate in the germ line of
transcription in Drosophila melanogaster. De- maturation in vitro: Relief of cyclic cAMP Caenorhabditis elegans. Genetics 139: 561-677.
velopment 103: 119-128. inhibition by gonadotropins. Proc. Natl. Acad.
Epifano, O., Liang, L-f., Familari, M., Moos,
Sci. USA 75: 4369-4373.
Braun, R. E., Behringer, R. R., Peschon, J. J., M. C. Jr. and Dean, J. 1995. Coordinate expres-
Brinster, R. L. and Palmiter, R. D. 1989. Dekel, N. and Beers, W H. 1980. Development sion of the three zona pellucida genes during
Genetically haploid spermatids are phenotypi- of the rat oocyte in vitro: Inhibition and mouse oogenesis. Development 121:1947-1956.
cally diploid. Nature 337: 373-376. induction of maturation in the presence or
Eppig, J. J. 1979. FSH stimulates hyaluronic acid
absence of the cumulus oophorus. Dev. Biol. 75:
Brennen, M. D., Weiner, A. J., Goralski, T. J. synthesis by oocyte-cumulus cell complexes
247-254.
and Mahowald, A. P. 1982. The follicle cells are from mouse preovulatory follicles. Nature 281:
a major site of vitellogenin synthesis in Droso- Dekel, N. and Sherizly, I. 1985. Epidermal 483-4,84.
phila melanogaster. Dev. Biol. 89: 225-236. growth factor induces maturation of rat follicle-
Eyal-Giladi, H., Ginsburg, M. and Farbarou, A.
enclosd oocytes. Endocrinology 116: 406-409.
Brown, D. D. and Dawid, I. B. 1968. Specific 1981. Avian primordial germ cells are of
gene amplification in oocytes. Science 160: Dernburg, A. F., Sedat, J. W and Hawley, R. S. epiblastic origin. J. Embryo1. Exp. Morphol.
272-280. 1996. Direct evidence of a role for heterochro- 65: 139-147.
matin in meiotic chromosome segregation. Cell
Burns, R. K., Jr. 1930. The process of sex- Ffrench-Constant, C., Hollingsworth, A.,
86:135-146.
transformation parabiotic Amb1ystoma. I. Heasman, J. and Wylie, C. 1991. Response to
Transformation from female to male. J. Exp. Diaz-Infante, A., Wright, K. H. and Wallach, E. fibronectin of mouse primordial germ cells
Zool. 55: 123-169. E. 1974. Effects of indomethacin and PGF2a before, during, and after migration. Develop-
on ovulation and ovarian contraction in the ment 113: 1365-1373.
Burtis, K. C. 1993. The regulation of sex deter-
rabbit. Prostaglandins 5: 567-581.
mination and sexually dimorphic differentiati- Flickinger, R. A. and Rounds, D. E. 1956. The
on in Drosophila. Curr. Opin. Cell Biol. 5:1006- Dolci, S. and eight others. 1991. Requirement maternal synthesis of egg yolk proteins as
1014. for mast cell growth factor for primordial germ demonstrated by isotopic and serological means.
cell survival in culture. Nature 352: 809-811. Biochem. Biophys. Acta 22: 38-72.
Carlson, B. M. 1981. Patten’s Foundations of
Embryology. McGraw-Hill, New York. Dong, J., Albertini, D. F., Nishimori, K., Kumar, Forristall, C., Pondel, M., Chen, L. and King,
T. R., Lu, N., amd Matzuk, M. 1996. Growth M. L. 1995. Patterns of localization and
Chiquoine, A. D. 1954. The identification, origin,
differentiation factor-9 is required during early cytoskeletal association of two vegetally
and migration of the primordial germ celIs in
ovarian folliculogenesis. Nature 383: 531-534. localized RNAs, Vg1 and Xcat-2. Development
the mouse embryo. Anat. Rec. 118: 135-146.
121: 201-208. Foulkes, N., Schlotter, F., Pévet,
Cho, W K., Stern, S. and Biggers, J. D. 1974. Doniach, T. and Hodgkin, J. 1984. A sex-
P. and Sassone-Corsi, P. 1993. Pituitary FSH
Inhibitory effect of dibutyryl cAMP on mouse determining gene, fem-1, required for both male
directs the CREM functional switch during
oocyte maturation in vitro. J. Exp. Zool. 187: and hermaphroditic development in C. elcgans.
spermatogenesis. Natujre 362: 264-267.
383-386. Dev. Biol. 106:223-235.
Francis, R., Barton, M. K., Kimble, J. and Schedl,
Colledge, W H., Carleton, M. B. L., Udy, G. B. Downs, S. and Longo, F. J. 1983. Prostaglandins
T. 1995. gld-1, a tumor suppressor gene required
and Evans, M. J. 1994. Disruption of cmos cau- and preovulatory follicular maturation in mice.
for oocyte development in Caenorhabditis
ses parthenogenetic development of unfertilized J. Exp. Zool. 228: 99-108.
elegans. Genetics 139: 579-606.
mouse eggs. Nature 370: 65-68.
Dubois, R. 1969. Le mécanisme d’entrée des
Gabrielli, B., Roy, L. M. and Maller, J. L. 1993.
Comings, D. E. 1968. The rationale for an ordered cellules germinales primordiales dans le réseau
Requirement for cdk2 in cytostatic factor-
arrangement of chromatin in the interphase vasculaire, chez l’ embryon de poulet. J.
mediated metaphase II arrest. Science 259:
nucleus. Am. J. Hum. Genet. 20: 440-460. Embryol. Exp. Morphol. 21: 255-270.
1766-1769.
878 PARTE V Interações Celulares Durante a Formação do Órgão
Gallatin, W. M., Weissman, I. L. and Butcher, E. Gurdon, J. B. 1976. The Control of Gene Ex- Humphrey, R. R. 1931. Studies of sex reversal in
C. 1983. A cell surface molecule involved in pression in Animal Development. Harvard Uni- Amblystoma. III. Transformation of the ovary
organ-specific homing of lymphocytes. Nature versity Press, Cambridge, MA. of A. tigrinum into a functional testis through
304: 30-35. the influence of a testis resident in the same
Gutzeit, H. O. 1986. The role of microfilaments
animal. J. Exp. Zool. 58: 333-365.
Gallatin, W. M., St. John, T. P., Siegelman, M., in cytoplasmic streaming in Drosophila follicles.
Reichert, R., Butcher, E. C. and Weissman, I. L. J. Cell Sci. 80: 159-169. lnoue, H. and Hiroyoshi, T. 1986. A maternal-
1986. Lymphocyte homing receptors. Cell 44: effect sex-transformation mutant of the housefly,
Hagedorn, H. H. 1983. The role of ecdysteroids
673-680. Musca domestica L. Genetics 112: 469-481.
in the adult insect. In G. Downer and H. Laufer
Garcia, J. E., Jones, G. S. and Wright, G. L. 1981. (eds.), Endocrinology of Insects. Alan R. Liss, Jaglarz, M. K. and Howard, K. R. 1995. The
Prediction of the time of ovulation. Fert. Steril. New York, pp. 241-304. active migration of Drosophila primordial germ
36: 308-315. cells. Development 121: 3495-3503.
Hahnel, A. C. and Eddy, E. M. 1986. Cell surface
Gardner, R. L. 1982. Manipulation of develop- markers of mouse primordial germ cells defined Jones, A. R., Francis, R. and Schedl, T 1996. GLD-
ment. In C. R. Austin and R. V. Short (eds.), by two monoclonal antibodies. Gamete Res. 1, a cytoplasmic protein essential for oocyte di-
Embryonic and Fetal Development, Cambridge 15: 25-34. fferentiation, shows stage- and sex-specific ex-
University Press, Cambridge, pp. 159-180. pression during Caenorhabditis elegans germlime
Hardvin-Lepers, A., Shaper, J. and Shaper, N. L.
developrnent. Dev. Biol. 180: 165-183.
Gilula, N. B., Epstein, M. L. and Beers, W. H. 1993. Characterization of two cis-regulatory
1978. CeIl-to-cell communication and ovulati- regions in the murine b1,4-galactosyltrarisferase Kammerman, S. and Ross, J. 1975. Increase in
on. A study of the cumulus-oocyte complex. J. gene. J. Biol. Chem. 268: 14348-14359. numbers of gonadotropin receptors on granulosa
Cell Biol. 78: 58-75. cells during follicle maturation. J. Clin. Endo-
Hashimoto, N. and ten others. 1994. Partheno-
crinol. 41: 546-550.
Ginsburg, M. and Eyal-Giladi, H. 1987. Primor- genetic activation of oocytes in cmos-deficient
dial germ cells of the young chick blastoderm mice. Nature 370: 68-71. Karpen, G. H., Le, M.-H. anel Le, H. 1996.
originate from the central zone of the area Centric heterochromatin and the efficieney of
Heasman, J., Mohun, T. and Wylie, C. C. 1977.
pellucida irrespective of the embryo-forming achiasmatic disjunction in Drosophila female
Studies on the locomotion of primordial germ
process. Development 101: 209-219. meiosis. Science 273: 118-121.
cells from Xenopus laevis in vitro. J. Embryol.
Ginsburg, M., Snow, M. H. L. and McLaren, A. Exp. Morphol. 42: 149-162. Karr, T. L. 1991. lntracellular sperm-egg
1990. Primordial germ cells in the mouse embryo interaction in Drosophila: A three-dimensional
Heasman, J., Hynes, R. D., Swan, A. P.,
during gastrulation. Development 110: 521-528. structural analysis of a paternal product in the
Thomas, V. and Wyle, C. C. 1981. Primordial
developing egg. Mech. Dev. 34: 101-111.
Godin, I. and Wylie, C. C. 1991. TGFb1 inhibits germ cells of Xenopus embryos: The role of
proliferation and has a chemotactic effect on fibronectin in their adhesion during migration. Karr, T. L. 1996. Paternal investment and
mouse primordial germ cells in culture. Deve- Cell 27: 437-447. intracellular sperm-egg interaction during and
lopment 113: 1451-1457. following fertilization in Drosophila. Curr. Top.
Heath, J. K. 1978. Mammalian primordial germ
Dev. Biol. 34: 89-115.
Godin, I., Wylie, C. and Heasman, J. 1990. Genital cells. Dev. Mammals 3: 272-298.
ridges exert long-range effects on primordial Karsch-Mizrachi, I. and Haynes, S. R. 1993. The
Hill, D. P., Shakes, D. C., Wards, S. and Strome, S.
germ cell numbers and direction of migration in Rb97D gene encodes a potential RNA-binding
1989. A sperm-supplied product essential for initiation
culture. Development 108: 357-363. protein required for spermatogenesis in Droso-
of normal embryogenesis in Caenorhabditis elegans
phila. Nucl. Acids Res. 21: 2229-2235.
Gönczy, P., Thomas, B. J. and DiNardo, S. 1994. is encoded by the paternal effect embryonic-lethal
roughex is a dose-dependent regulator of the gene, spe-11. Dev. Biol. 136: 154-166. Kerrebrock, A. W., Moore, D. P., Wu, J. S. and Orr-
second meiotic division during Drosophila Weaver, T. L. 1995. Mei-S332, a Drosophila protein
HilI, R. S. and MacGregor, H. C. 1980. The
spermatogenesis. Cell 77: 1015-1025. required for sister-chromatid cohesion, can localize
developrnent of lampbrush chromosometype
to meiotic centromere regions. Cell 83: 247-256.
González-Reyes, A., Elliot, H. and St. Johnson, transcription in the early diplotene oocytes of
D. 1995. Polarization of both major body axes Xenopus laevis: An electron microscope Kim-Ha, J., Kerr, K. and Macdonald, P. M. 1995.
in Drosophila by gurken-torpedo signalling. analysis. J. Cell Sci. 44: 87-101. Translational regulation of oskar mRNA by bru-
Nature 375: 654-658. no, an ovarian RNA-binding protein, is essential.
Hirsh, D., Oppenheim, D. and Klass, M. 1976.
Cell 81: 403-412.
Graham, C. E. 1977. Teratocarcinoma cells and Development of the reproductive system of
normal mouse embryogenesis. In M. I. Sherman Caenorhabditis elegans. Dev. Biol. 49: 200-219. Kimble, J. E. 1981. Strategies for control of
(ed.), Concepts of Mammalian Embryogenesis. pattern formation in Caenorhabditis elegans.
Hodgkin, J., Doniach, T. and Shen, M. 1985.
M.I.T. Press, Cambridge, MA, pp. 315-394. Philos. Trans. R. Soc. Lond. [B] 295: 539-551.
The sex determination pathway in the nema-
Graham, P. L. and Kimble, J. 1993. The mog1 tode Caenorhabditis elegans: Variations on a Kimble, J. E. and White, J. G. 1981. Control of
gene is required for the switch from spermato- theme. Cold Spring Harbor Symp. Quant. Biol. germ cell development in Caenorhabditis
genesis to oogenesis in C. elegans. Genetics 50: 585-593. elegans. Dev. Biol. 81: 208-219.
133:919-931.
Hoyle, H. D. and Raff, E. C. 1990. Two Droso- Kimble, J., Barton, M. K., Schecil, T. B.,
Grant, P. 1953. Phosphate metabolism during phila b-tubulin isoforms are not functionally Rosenquist, T. A. and Austin, J. 1986. Controls
oogenesis in Rana temporaria. J. Exp. Zool. equivalent. J. Cell Biol. 111: 1009-1026. of postembryonic: germ line development in
124: 513-543. Caenorhabditis elegans. In J. Gall (ed.),
Huarte, J., Belin, D., Vassalli, A., Strickland, S.
Gametogenesis and the Early Embryo. Alan R.
Green, G. R. and Poccia, D. L. 1988. Interaction and Vassalli, J. -D. 1987. Meiotic maturation of
Liss, New York, pp. 97-110.
of sperm histone variants and linker DNA during mouse oocytes triggers the translatio and polya-
spermiogenesis in the sea urchin. Biochemistry denylation of dormant tissue-type plasminogen Kloc, M. and Etkin, L. 1995. Two distinct
27: 619-625. activator mRNA. Cenes Dev. 1: 1201-1211. pathways for the localization of RNAs at the
CAPÍTULO 22 A Saga da Linhagem Germinativa 879
vegetal cortex in Xenopus oocytes. Develop- Manseau, L. J. and Schüpbach, T. 1989. expression during sea urchin spermatogenesis.
ment 121: 287-297. cappuccino and spire: two unique maternal- Mol. Reprod. Dev. 27: 181-190.
effect loci required for both the anteroposterior
Kloc, M., Larabell, C. and Etkin, L. 1996. Old, R. W., Callan, H. G. and Gross, K. W. 1977.
and dorsoventral patterns of the Drosophila
Elaboration of the messenger transport Localization of histone gene transcripts in newt
embryo. Genes Dev. 3: 1437-1452.
organizer pathway for localization of RNA to lampbrush chromosomes by in situ hybridization.
the vegetal cortex of Xenopus oocytes. Dev. Marcey, D., Watkins, W. S. and Hazelrigg, T. 1991. J. Cell Sci. 27: 57-80.
Biol. 180: 119-130. The temporal and spatiaI distribution pattern of
Oliver, B., Kim, Y.-J. and Baker, B. S. 1993.
maternal exuparentia protein: Evidence for a role
Kloc, M., Spohr, G. and Etkin, L. 1993. Trans- Sex-1ethal, master and slave: A hierarchy of
in establishment but not maintainance of bicoid
location of repetitive RNA sequences with the germ-line sex determination in Drosophila.
mRNSA localization. EMBO J. 10: 4259-4266.
germ plasm in Xenopus oocytes. Science 262: Development 119: 897-908.
1712-1714. Masui, Y. 1974. A cytostatic factor in amphibi-
Paglia, L. M., Berry, J. and Kastern, W. H.
an: Its extraction and partial characterization.
Koos, R. D. and Clark, M. R. 1982. Production 1976. Messenger RNA synthesis, transport, and
J. Exp. Zool. 187: 141-147.
of 6-keto-prostaglandin F1a by rat granulosa cells storage in silkmoth ovarian follicles. Dev. Biol.
in vitro. Endocrinology 111: 1513-1518. Matsui, Y., Toksoz, D., Nishikawa, S., Nishikawa, 51: 173-181.
S.-I., Williams, D., Zsebo, K. and Hogan, B. L.
Kuwana, T. 1993. Migration of avian primordi- PaIka, J. 1989. The pill of choice? Science 245:
M. 1991. Effect of Steel factor and leukemia
al germ cells toward the gonadal anlage. Dev. 1319-1323.
inhibitory factor on murine primordial germ cells
Growth Differ. 35: 237-243.
in culture. Nature 353: 750-752. Palmiter, R. D., Wilkie, T. M., Chen, H. Y. and
Kuwana, T., Maeda-Suga, H. and Fujimoto T. 1986. Brinster, R. L. 1984. Transmission distortion
Matsui, Y., Zsebo, K. and Hogan, B. L. M. 1992.
Attraction of chick primordiaí germ cells; by and mosaicism in an unusual transgenic mouse
Derivation of pluripotential embryonic stem
gonadal anlage in vitro. Anat. Rec. 215: 403-406. pedigree. Cell 36: 869-877.
cells from murine primordial germ cells in culture.
Kwon, Y. K. and Hecht, N. B. 1993. Binding of Cell 70: 841-847. Paris, J., Swenson, K., Piwnice-Worms, H. and
a phosphoprotein to the 3’ untranslated region Richter, J. D. 1991. Maturation-specifie polya-
Maurice, J. 1991. Improvements seen for RU-
of the mouse protamine 2 mRNA temporally denylation: In vitro activation by p34cdc2 and
486 abortions. Science 254: 198-200.
represses its translation. Mol. Cell Biol. 13: phosphorylation of a 58-kD CPE-binding
6547-6557. McLaren, A. 1983. Does the chromosomal sex protein. Genes Dev. 5: 1697-1708.
of a mouse cell affect its developrnent? Symp.
Lane, M. E. and Kalderon, D. 1994. RNA Pasteels, J. 1953. Contributions à I’étude du
Br. Soc. Dev. Biol. 7: 225-227.
localization along the anteroposterior axis of developpement des reptiles. I. Origine et
the Drosophila oocyte requires PKA-mediated Menke, D. B., Mutter, G. I. and Page, D. C. migration des gonocytes chez deux Lacertiens.
signal transduction to direct normal microtubule 1997. Expression of DAZ, an azoospermia Arch. Biol. 64: 227-245.
organization. Genes Dev. 8: 2986-2995. factor candidate, in human spermatogonia. Am.
Paules, R. S., Buccione, R., Moscel, R. C., Vande
J. Hum. Genet. 60:237-241.
Langman, J. 1981. Medical Embryology, 4th Woude, G. F. and Eppig, J. J. 1989. Mouse mos
Ed. Williams & Wilkins, Baltimore. Minishull, J. 1993. Cyclin synthesis: Who needs protoncogene product is present and functions
it? BioEssays 15: 149-155. during oogenesis. Proc. Nafl. Acad. Sci. USA
Larsen, W J., Wert, S. E. and Brurmer, G. D.
86: 5395-5399.
1986. A dramatic loss of cumulus cell gap junctions Mintz, B. 1957. Embryological development of
is correlated with germinal vesicle breakdown in primordial germ cells in the mouse: Influence of Pesce, M., Farrace, M. G., Piacentini, M., Dolci, S.
rat oocytes. Dev. Biol. 113: 517-521. a new mutation. J. Embryol. Exp. Morphol. 5: and De Felici, M. 1993. Stem cell factor and
396-403. leukemia inhibitory factor promote primordial
Laskey, R. A. 1979. Biochemical processes in
germ cell survival by suppressing programmed cell
early development. In A. T. Bull, J. R. Lagnado, Moens, P. B. 1969. The fine structure of rneiotic
death (apoptosis). Development 118: 1089-1094.
J. O. Thomsen and K. F. Tipton, (eds.), chromosome polarization and pairing in Locusta
Companion to Biochemistry, Vol. 2. Longman, migratoria. Chromosoma 28: 1-25. Peschon, J. J., Behringer, R. R., Brinster, R. L.
London, pp. 137-160. and Palmiter, R. D. 1987. Spermatid-specific
Moor, R. M. and Cran, D. G. 1980. Intercellular
expression of protamine-1 in transgenic mice.
Lasko, P. 1995. Cell-cell signalling, microtubule coupling of mammalian oocytes. Dev. Mammals
Proc. Natl. Acad. Sci. USA 84: 5316-5319.
organization and RNA localization: Is PKA a 4:3-38.
link? BioEssays 17: 105-107. Pincus, G. and Enzmann, E.V. 1935. The
Moses, M. J. 1968. Synaptonemal complex.
comparative behavior of mammalian eggs in
Lin, H. and Spradling, A. C. 1995. Fusosome Annu. Rev. Genet. 2: 363-412
vivo and in vitro. I. The activation of ovarian
asymmetry and oocyte determination in Dro-
Mowry, K. L. and Melton, D. A. 1992. Vegetal eggs. J. Exp. Med. 62: 665-675.
sophila. Dev. Genet. 16: 6-12.
messenger RNA localization directed by a 340-
Pinkerton, J. H. M., McKay, D. G., Adams, E. C.
Lemaire, W. J., Yang, N. S. T., Behram, H. H. nt RNA sequence element in Xeiiopus oocytes.
and Hertig, A. T. 1961. Development of the
and Marsh, J. M. 1973. Preovulatory changes in Science 255: 991-994.
human ovary: A study using histochemical
concentration of prostaglandin in rabbit graafian
Nantel, F. and eight others. 1996. Spermio-enesis techniques. Obstet. Gynecol. 18: 152-181.
follicles. Prostaglandins 3: 367-376.
deficiency and germ-cell apoptosis in CREM-
Pitnick, S., Spicer, G. S. and Markow, T. A. 1995.
Lillie, F. R. 1919. Problems of Fertilization. mutant mice. Nature 380: 159-162
How long is a giant sperm? Nature 375: 109
University of Chicago Press, Chicago.
Newton, S. C., Blaschuk, O. W. and Millette, C. F.
Poccia, D. 1986. Remodeling of nueleoproteins
Lorca, T., Cruzalegui, F. H., Fesquet, D., Cavadore, 1993. N-cadherin mediates Sertoli cell-spermato-
during gametogenesis, fertilization, and early
J.-C., Méry, J., Means, A. and Dorée, M. 1993. genic cell adhesion. Dev. Dyn. 197:1-13.
development. Int. Rev. Cytol. 105: 1-65.
Calmodulin-depcndent protein kinase II mediates
Nishioka, D., Ward, D., Poccia, D., Costacos, C.
inactivation of MPF and CSF upon fertilization Pokrywka, N. J and Stephenson, E. C. 1991,
and Minor, J. E. 1990. Localization of bindin
of Xenopus eggs. Nature 366: 270-273. Microtubules mediate the localization of bicoid
880 PARTE V Interações Celulares Durante a Formação do Órgão
RNA during Drosophila oogenesis. Development receptor signalling process are necessary for both Stewart, T. A. and Mintz, B. 1981. Successful
113: 55-66. anterior-posterior and dorsal-ventral pattern generations of mice produced from an established
formation in Drosophila. Cell 81: 967-978. culture line of euploid teratocarcinoma cells.
Postlethwait, J. H., Brownes, M. and Jowett, T.
Proc. Natl. Acad. Sci. USA 78:6314-6318.
1980. Sexual phenotype and vitellogenin Ruohola, H., Bremer, K. A., Baker, D., Swedlow,
synthesis in Drosophila melanogaster. Dev. Biol. J. R., Jan, L. Y. and Jan, Y. N. 1991. Role of Stott, D. and Wylie, C. C. 1986. Invasive
79: 379-387. neurogenic genes in establishment of follicle cell behaviour of mouse primordial germ cells in
fate and oocyte polarity during oogenesis in vitro. J. Cell Sci. 86: 133-144.
Pratt, S. A., Scully, N. F. and Shur, B. D 1993.
Drosophila. Cell 66: 433-449.
Cell surface b1,4-galactosyltransferase on SubteIny, S. and Penkala, J. E. 1984. Experimen-
primary spermatocytes facilitates their initial Sagata, N., Watanabe, N., Vande Woude, G. F. tal evidence for a morphogenetic role in the emer-
adhesion to Sertoli celIs in vitro. Biol. Reprod. and lkawa, Y. 1989. The c-mos proto-oncogene gence of primordial germ celIs from the endoderm
49: 470-482. product is a cytostatic factor responsible for of Rana pipiens. Differentiation 26: 211-219.
meiotic arrest in vertebrate eggs. Nature 342:
Profet, M. 1993. Menstruation as a defense Sun, Y.-A. and Wyman, R. J. 1993. Reevaluation
512-518.
against pathogens transported by sperm. Q, Rev. of electrophoresis in the Drosophila egg
Biol. 68: 335-385. Sagata, N., Oskarsson, M., Copeland, T., chamber. Dev. Biol. 155: 206-215.
Brumbaugh, J. and Vande Woude, G. F. 1988.
Racowsky, C. 1985. Effect of forskolin on the Sutasurya, L. A. and Nieuwkoop, P. D. 1974.
Function of c-mos proto-oncogene product in
spontaneous maturation and cyclic AMP content The induction of primordial germ celIs in the
meiotic maturation in Xenopus oocytes. Nature
of hamster and oocyte-cumulus complexes. J. urodeles. Wilhelm Roux Arch. Entwicklungsmech.
335: 519-525.
Exp. Zool. 234: 87-96. Org. 175:199-220.
Schäfer, M., Nayernia, K., Engel, W. and Schäfer,
Racowsky, C. and Satterlie, R. A. 1985. Swanson, C. P., Merz, T. and Young, W. J. 1981.
U. 1995. Translational control of spermatoge-
Metabolic, fluorescent dye and electrical coupling Cytogenetics: The Chromosome in Division,
nesis. Dev. Biol. 172: 344-352.
between hamster oocytes and cumulus cells Inheritance and Evolution. Prentice-Hall,
during meiotic maturation in vivo and in vitro. Schmekel, K. and Daneholt, B. 1995. The cen- Englewood Cliffs, NJ.
Dev. Biol. 108: 191-202. tral region of the synaptonemal complex
Swift, C. H. 1914. Origin and early history of
revealed in three dimensions. Trends Cell Biol.
Raikhel, A. S. and Dhadialia, T. S. 1992. the primordial germ-celIs iri the chick. Am. J.
5: 239-242.
Accumulation of yolk proteiris in insect oocytes. Anat. 15: 483-516.
Annu. Rev. Entomol. 37: 217-251. Schultz, R. M., Montgomery, R. R. and Belanoff,
Telfer, W. H., Woodruff, R. I. and Huebner, E.
J. R. 1983. Regulation of mouse oocyte
Reijo, R. and twelve others. 1995 Diverse sper- 1981. Electrical polarity and cellular differentiati-
maturation: Implications of a decrease in oocyte
matogenic defects in hurnas caused by Y chro- on in meroistic ovaries. Am. Zool. 21: 675-686.
cAMP and protein dephosphorylation in
mosome deletions encompassing a novel RNA-
commitment to resume meiosis. Dev. Biol. 97: Theurkauf, W. E., Smiley, S., Wong, M. L. and
binding protein gene. Nat. Genet. 10: 383-393.
264-273. Alberts, B. M. 1992. Reorganization of the
Reynaud, G. 1969. Transfert de cellules cytoskeleton during Drosophila oogenesis: Im-
Sheets, M. D., Wu, M. and Wickens, M. 1995.
germinales primordiales de dindon à l’embryon plications for axis specification and intercellular
Polyadenylation of c-mos mRNA as a control
de poulet par injection intravasculaire. J. transport. Development 115: 923-936.
point in Xenopus meiotic maturation. Nature
Embryol. Exp. Morphol. 21: 485-507.
374: 511-516. Theurkauf, W. E., Alberts, B. M., Jan, Y. N. and
Ressom, R. E. and Dixon, K. E. 1988. Relocation Jongens, T. A. 1993. A control code for
Shea, T. B., Beermann, M. L., Leli, U. and Nixon,
and reorganization of germ plasm in Xenopus microtubules in the differentiation of Droso-
R. A. 1992. Opposing influences of protein
embryos after fertilization. Development 103: phila oocytes. Development 118: 1169-1180.
kinase activities on neurite out-growth in human
507-518.
neuroblastoma cells: Initiation by kinase A and Vegeto, E., Allan, G. F., Schrader, W. T., Tsai,
Rivier, C., Rivier, J. and Vale, W. 1986. Inhibin- restriction by kinase C. J. Neurosci. Res. 33: M.-J., McDonnell, D. P. and O’Malley, B. W.
mediated feedback control of follicle-stimulating 398-407. 1992. The mechanism of RU486 antagonism is
hormone secetion in the female rat. Science dependent on the conformation of the carboxy-
Simon, D. 1960. Contribution à l’étude de la
234: 205-208. terminal tail of the human progesterone recep-
circulation et du transport des gonocytes
tor. Cell 69: 703-713.
Rogulska, T. 1969. Migration of chick primor- primaires dans les blastodermes d’oiseau cultivé
dial germ cells from the intracoelomically in vitro. Arch. Anat. Microsc. Morphol. Exp. von Wettstein, D. 1971. The synaptonemal
transplanted germinal crescent into the genital 49: 93-176. complex and four-strand crossing over. Proc.
ridge. Experientia 25: 631-632. Natl. Acad. Sci. USA 68: 851-855.
Sorensen, R. and Wassarman, P. M. 1976.
Rogulska, T. Ozdzenski, W. and Komer, A. 1971. Relationship between growth and meiotic von Wettstein, D. 1984. The synaptonemal
Behavior of mouse primordial germ cells in chick maturation of the mouse oocyte. Dev. Biol. 50: complex and genetic segregation. In C. W. Evans
embryo. J. Embryol. Exp. Morphol, 25: 155-164. 531-536. and H. G. Dickinson (eds.), Controlling Events
in Meiosis. Cambridge University Press, Cam-
Romanoff, A. L. 1960. The Avian Embryo. Spitz, I. M. and Bardin, C. W. 1993. Mifeprisone
bridge, pp. 195-231.
Macmillan, New York. (RU486): A modulator of progestin and gluco-
corticoid action. N. Engl. J. Med.329: 404-412. Warrior, R. 1994. Primordial germ cell migration
Rongo, C., Gavis, E. R. and Lehmann, R. 1995.
and the assembly of the Drosophila embryonic
Localization of oskar RNA regulates oskar trans- Spradling, A. C. 1993. Germine cysts: Communes
gonad. Dev. Biol. 166: 180-194.
lation and requires Oskar protein. Development that work. Cell 72: 649-651.
121: 2737-2746. Watanabe, N., Vande Woude, G. F., Ikawa, Y. and
Stephanson, E. C., Chao, Y.-C. and Fackenthal,
Sagata, N. 1989. Specific proteolysis of the c-mos
Roth, S., Neuman-Silbergerg, F. S., Barcelo, G. J. D. 1988. Molecular analysis of the swallow
proto-oncogene product by calpain on fertilization
and Schüpbach, T. 1995. cornichon and the EGF- gene of Drosophila melanogaster. Gmes Dev. 2:
of Xenopus eggs. Nature 342: 505-517.
1655-1665.
CAPÍTULO 22 A Saga da Linhagem Germinativa 881
Watson, C. A., Sauman, I. and Berry, S. J. 1993. Wylie, C. C. and Heasman, J. 1993. Migration, Yoon, P. W. and eight others. 1996. Advanced
Actin is a major structural and functional element proliferation, and potency of primordial germ maternal age and risk of Down syndrome
of the egg cortex of giant silkmoths during cells. Semin. Dev. Biol. 4: 161-170. characterized by the meiotic stage of the
oogenesis. Dev. Biol. 155: 315-323. chromosomal error: A population-based study.
Wylie, C. C., Heasman, J, Swan, A. P. and
Amer. J. Hum. Genet. 58: 628-633.
Whitington, P. M. and Dixon, K. E. 1975. Anderton, B. H. 1979. Evidence for substrate
Quantitative stuidies of germ plasm and germ guidance of primordial germ cells. Exp. Cell Res. Zhang, N., Zhang, J, Purcell, K. J, Cheng, Y. and
cells during early embryogenesis of Xenopus 121: 315-324. Howard, K. 1997. The Drosophila protein
laevis. J. Embryol. Exp. Morphol. 33: 57-74. Wuwen repels migratory germ cells. Nature 385:
Yeom Y. I. and seven others. 1996. Germline
64-67.
Williams, J. and seven others. 1993. Interacting regulatory element of Oct-4 specific for the
signalling pathways regulating prestalk cell di- totipotent cycle of embryonal cells. Develop- Zhao, G.-Q., Deng, K, Labosky, P. A., Liaw, L.
fferentiation and movement during the ment 122: 881-894. and Hogan, B. L. M. 1996. The gene encoding
rnorphogenesis of Dictyostelium. Development bone morphogenetic protein 8B is required for
Yisraeli, J. K, Sokol, S. and Melton, D. A. 1990.
Suppl.: 1-7. the initiation and maintenance of spermatoge-
A two-step model for the localization of a ma-
nesis in the mouse. Genes Dev. 10: 1657-1669.
Woodruff, T. K, D’Agostino, J, Schwartz, N. ternal mRNA in Xenopus oocytes: Involvement
B. and Mayo, K. E. 1988. Dynamic changes in of microtubules and microfilaments in translo-
inhibin messenger RNAs in rat ovarian follicles cation and anchoring of Vg1 mRNA. Develop-
during the reproductive cycle. Science 239: ment 108: 289-298.
1296-1299.
Mecanismos desenvolvimentais
da mudança evolucionária 23
Como a acontece a novidade no mundo?
Como nasce? De que fusões, traduções,
junções, é realizada? Como ela sobrevive
extrema e perigosa como é?
Que compromissos, que acordos, que
C harles Darwin foi herdeiro de séculos de especulação relacionada com as
origens da diversidade da vida animal. A própria educação de Darwin foi
baseada na tradição Britânica da teologia natural que sustentava que a oni-
potência e benevolência de Deus podiam ser observadas nos trabalhos de Sua cria-
ção. A parte dominante dessa tradição foi o relato da Criação proclamando que as
traições de sua natureza secreta deverá espécies foram trabalhos planejados intrincadamente do Criador. Os dedos da mão
fazer para afastar os tripulantes humana eram encarados como um requinte (alguns diziam ser perfeito) de inventos
destruidores, o anjo exterminador, a
planejados que permitiu aos humanos dominarem o seu meio ambiente. As garras em
guilhotina?
forma de pá da toupeira estavam, novamente, perfeitamente adaptadas no seu “traba-
SALMAN RUSHDIE (1988)
lho de existência”, tal como as asas de um pássaro ou as barbatanas de um peixe.
O primeiro Pássaro nasceu do ovo
Uma forma mais sofisticada da teologia natural, definida na Grã Bretanha pelo
de um Réptil. anatomista e embriologista Richard Owen, que afirmou que as adaptações eram ape-
WALTER GARSTANG (1922) nas de importância secundária. Pelo contrário, as homologias eram críticas. Estrutu-
ras homólogas eram aqueles órgãos que tinham as mesmas partes básicas arranjadas
da mesma forma, fazendo das diferenças a sua modificação secundária. O que era
realmente importante era que a mão humana, as garras da toupeira, as asas do pássaro
e as barbatanas do peixe foram cada uma baseada no mesmo plano. Resumindo o
plano dos membros, nós podiamos determinar o grandioso desenho pelo qual Deus
construiu todos os apêndices dos vertebrados. Para Owen (1848), as homologias
baseadas na diversidade animal eram o que contava, e não as adaptações secundárias
dessas unidades básicas.
Darwin reconheceu sua dívida com esses debates primários quando escreveu em
(1859), “É amplamente reconhecido que todos os seres orgânicos foram formados
segundo duas grandes leis - Unidade de Tipo e Condições de Existência.” Darwin
continuou a explicar que sua teoria poderia explicar a unidade de tipo através da
descendência. As mudanças criando esses tipos e causando adaptações maravilhosas
para as condições de existência, além disso, eram explicadas através da seleção natural.
Darwin chamou isso de “Linhagem com modificação”. Após a leitura do sumário de
Johannes Müller sobre a lei de von Baer em 1842, Darwin acreditou que semelhanças
883
884 PARTE V Interações Celulares Durante a Formação do Órgão
Dessa maneira, os organismos eram vistos através das mudanças no seu desenvolvi-
mento embrionário. No início do século 20, essa fusão de evolução e embriologia foi
mal interpretada apoiando o modelo linear de evolução (oposto ao ramificado). A
interpretação de Ernst Haeckel foi de que muitos organismos evoluíram pela adição
terminal de um estágio novo ao fim do anterior. Dessa maneira, ele interpretou todo
o reino animal como representações de etapas encurtadas do desenvolvimento huma-
no (veja Gasman,1971; Gould, 1977). [evo1.html]
CAPÍTULO 23 Mecanismos Desenvolvimentais da Mudança Evolucionária 885
*Essa é uma modificação da teoria originalmente proposta por Metchnikoff (1886) para explicar a
origem dos organismos multicelulares. Usando embriões de hidróides e de esponjas, Metchnikoff assina-
lou que certas células da parede da blástula “arrastadas por seu flagelo, se tornam amebóides e móveis, se
multiplicam por divisão, preenchem a cavidade da blástula, e se tornam capazes de fazer digestão.” Esse
estado embrionário, ele sentiu, como “com o direito de ser considerado o protótipo dos seres multicelulares.”
Metchnikoff tentou fazer uma filogenia de todos os organismos baseada nas suas camadas germinativas,
e ele acreditava que todas as células mesodérmicas poderiam ser caracterizadas por sua habilidade de
fagocitar substâncias estranhas. As suas descobertas em embriologia comparativa finalmente lhe permitiu
formular fundações conceituais de uma nova ciência, a imunologia. (Para maiores detalhes sobre a teoria
de origens multicelulares de Metchnikoff, veja Chernyak e Tauber, 1988, 1991.)
CAPÍTULO 23 Mecanismos Desenvolvimentais da Mudança Evolucionária 887
Figura 23.2
Gastrulação em dois cnidários hidróides. (A-
E) Gastrulação em Aequoria foskalea, onde é
formada uma blástula ciliada. As células do
pólo vegetal perdem seus cílios e migram para
dentro da blastocele para formar uma popula-
ção em divisão mitótica. (F-I) Gastrulação em
Clava squamata, onde uma estereoblástula re-
pleta de células é formada e em seguida a ca-
mada externa se torna ciliada. Ambos os pla-
nos convergem para a larva plânula ciliada
(A) (B) (C) (D) (E) característica dos cnidários. (A epíbole de um
Aequoria foskalea ectoderma não-ciliado não está presente em
embriões livres para nadar.) (De acordo com
Buss, 1987.)
celular externa e com outras partes da população interna, eventos indutivos podem
dar origem ao surgimento de novos órgãos.
Independentemente da maneira pela qual essa comunidade de células foi forma-
da, a integração delas em um embrião unificado é realizada pela contribuição mater-
na ao citoplasma do ovo. É esse conjunto de instruções que causa a clivagem das
células de um modo específico, aderir uma a outra, e se diferenciar em períodos
particulares. Como foi observado no Capítulo 12, o embrião do ouriço-do-mar se torna
uma blástula ciliada mesmo na ausência de transcrição nuclear. Somente na gastrula-
ção o núcleo começa a regular o desenvolvimento. Dessa maneira, seleção a nível de
propagação celular (que tem sido a regra da sobrevivência entre os protistas) foi
suplantada pela seleção ao nível de organismos multicelulares individuais.
Somente três dúzias de modelos de corpos animais estão sendo usados atualmente
neste planeta (Margulis e Schwartz, 1988; Brusca e Brusca, 1990). Esses constituem
o filos animais. Isso não quer dizer que esses modelos são os únicos possíveis. O
Burgess Shale, um depósito de fósseis de corpos moles do período Cambriano inici-
al, é conhecido por conter representantes de 20 filos ou mais que nunca desenvolve-
ram descendentes nas camadas superiores (Figura 23.3). Além disso, essa pequena
banda de sedimento, aproximadamente do tamanho de um quarteirão, contém cerca (B)
de uma dúzia de classe de artrópodes previamente desconhecida. Esses animais não
são membros “primitivos” de uma classe ou filo existente, mas são exemplos Figura 23.3
especializados do seus próprios grupos. (Whittington, 1985; Gould, 1989). Existem Dois organismos fósseis do Burgess Shale da
também duas espécies no Burgess Shale que podem estar relacionadas às formas metade do período Cambriano. (A) Opabina,
um organismo com cinco olhos na cabeça, um
ancestrais do filo existente. Uma é um animal parecido com um peripato, que deve
apêndice frontal com uma garra terminal, seg-
ser próximo à uma forma ancestral de inseto; e outro aparenta ser um cordado bem mentos corpóreos com guelras dorsais e um
preservado chamado Pikaia gracilens que pode estar relacionado aos cordados an- pedaço de cauda de três segmentos. (B) Pikaia
cestrais (veja Figura 23.3B). Esse último fóssil apresenta muitos traços que recomen- gracilens, possivelmente um cordato. (de
dam que seja classificado em nosso filo: ele parece ter uma notocorda, e as bandas Gould, 1989.)
888 PARTE V Interações Celulares Durante a Formação do Órgão
Mutação somática
dá origem a uma
nova linhagem
Figura 23.4
Aparecimento rápido de novas variantes em invertebrados com alternação de gerações. Aqui,
uma mutação somática ocorre nas células de uma colônia hidróide. Algumas dessas células
Colônia madura
mutantes se tornam parte do pólipo reprodutivo, dando origem às medusas (água-viva) que
contêm os alelos mutantes. Essas medusas se reproduzem para formar uma nova colônia que
pode ser produzida de células mutantes.
*Um fóssil ainda mais antigo, Yunnanazoon lividum, do começo do período Cambriano, em torno de
525 milhões de anos atrás, foi primeiramente reportado como sendo um cordado (Chen et al., 1995). No
entanto, a interpretação da notocorda fóssil foi questionada por Shu e colegas (1996), que interpretaram o
Yunnanazoon como sendo o hemicordado mais antigo conhecido.
CAPÍTULO 23 Mecanismos Desenvolvimentais da Mudança Evolucionária 889
Tufo apical
Intestino
Estomodeu Banda médio
Mesoderma mesodérmica
presuntivo presuntivo
Embrião de 40 células
Intestino
médio
Ectomesoderma Ectoderma dorsal
presuntivo
presuntivo temporário do
saco vitelínico
Ectoderma do Somitos
(B) Tubifex Estomodeu
saco vitelínico mesodérmicos
presuntivo Banda
presuntivo ectoteloblástica Ectoteloblasto
Ectoderma do
ectoteloblasto
presuntivo
Vestimentiferano
Polygordius
Patella
Figura 23.6
Divergência no desenvolvimento após o está- seus morfógenos em células diferentes. Poliquetas sofrem uma clivagem espiral relati-
gio larval de trocófora. (A-C) A metamorfose vamente padronizada, dando origem à larva trocófora. Oligoquetas, no entanto, colo-
do anelídeo poliqueto Polygordius a partir de cam a maior parte de seu citoplasma nas células destinadas à formação de estruturas
sua forma larval trocófera de nado livre mostra adultas, ao invés de larvais. Esse grupo passa depois para o estágio larval. Se uma
a formação de um tronco segmentado. Por fim, mutação colocasse um certo morfógeno citoplasmático em uma única região do ovo
as estruturas larvais se encurtam na extremida- ao invés de uma outra, ou se a mutação originasse uma mudança no eixo da divisão
de anterior à medida que a cabeça se forma. (D- celular para que conjuntos diferentes de células adquirissem esses determinantes,
E) Metamorfose do molusco prosobrânquio então um fenótipo radicalmente diferente poderia ser produzido. Como E. G. Conklin
(mexilhão) Patella. Após o estágio trocóforo,
escreveu em 1915, “Nós somos vertebrados porque nossas mães eram vertebrados e
ele desenvolve um pé de molusco, uma glân-
dula da concha e uma corcova visceral. (F) produziram ovos de padrão vertebrado.”
Micrografia eletrônica de varredura de uma lar- Uma outra maneira de evolução de um novo filo pode envolver uma modifica-
va trocófora de um vestimentiferano. (A-E de ção da larva. Darwin e outros pensavam que similaridades na forma larval signifi-
acordo com Grant, 1978; F de Jones e Gardiner, cavam origem em comum. No entanto, isso pode ser reinterpretado para significar
1989; cortesia dos autores.) que as mudanças que originam filos diferentes podem ocorrer na larva. Caramujos,
equiuróides e poliquetos têm padrões de divisão muito semelhantes e formam lar-
vas trocóforas (Figura 23.6). De fato a colocação do filo recém-descoberto
Vestimentífera (invertebrados vermelho brilhante, sem tubo digestivo, encontra-
dos nas valas profundas do oceano) próximo aos anelídeos foi feita em parte base-
ada nas larvas trocóforas das vestimentíferas (Jones e Gardiner, 1989; Young et al.,
1996). Assim, um dos principais mecanismos para estabelecer novos filos e classes
pode ser a relocação do desenvolvimento durante o estágio larval para que a meta-
morfose surja com novos tipos de organização. Garstang (1928) mostrou como a
larva véliger de alguns caramujos pode ter surgido através de mutação e depois ter
sido selecionada porque a nova disposição da cabeça e concha permitiam que a
cabeça se retraísse, por segurança, abaixo da concha. Ele também inventou a hipó-
tese de que cordados se desenvolveram das larvas tunicadas ancestrais que se
tornaram neotênicas. Infelizmente, larvas de corpo mole raramente se fossilizam,
portanto sabemos muito pouco dos mecanismos pelos quais cordados e outros filos
surgiram de larvas* Cambrianas precoces.
* Formas larvais freqüentemente preenchem a lacuna entre as diferentes formas adultas. A forma
larval é vista ou como sendo ancestral a dois grupos ou como um “separador” por neotenia e formando um
diferente tipo de organismo. Isso vem freqüentemente sendo hipotetizado como um mecanismo pelo qual
os cordados emergiram de invertebrados e vertebrados surgiram de cordados. A larva tornaria dos
hemicordados é formada de uma maneira deuteróstoma, similar às larvas equinodermos e se mostra muito
parecida com uma larva equinodermo tendo sido originalmente confundida com elas. Isso ligaria os
equinodermos e cordados. Garstang (1928) e Berril (1955) hipotetizaram que as larvas de certos tunicados
podiam ter evoluído em cordados tais como os anfioxos pelo desenvolvimento neotênico. Desse modo, os
tunicados manteriam a notocorda, musculatura larval e o aparelho alimentar da larva tunicada enquanto se
tornam sexualmente maduras. Existem, na verdade, tunicados nadadores neotênicos (como as Larvacea).
Modificações dessa interpretação (usando linhagens de protocordados diferentes) foram sugeridas por
Jefferies (1986). A origem dos cordados permanece um problema difícil.
CAPÍTULO 23 Mecanismos Desenvolvimentais da Mudança Evolucionária 891
Modularidade
O desenvolvimento ocorre através de módulos discretos e interativos (Riedl, 1978;
Gilbert et al., 1996; Raff, 1996; Wagner, 1996). Os organismos são construídos de
unidades que são coerentes em si e ainda parte de uma unidade maior. Dessa manei-
ra, células fazem parte dos tecidos, que fazem parte dos órgãos, que fazem parte de
um sistema, e assim por diante. Tal sistema tão hierarquicamente entrelaçado foi
chamado de arranjo modular interagindo em níveis (Dyke, 1988). No desenvolvi-
mento, esses módulos incluem campos morfogenéticos (por exemplo, aqueles des-
critos para o membro ou o olho) discos imaginais, linhagens celulares (tais como a
massa celular interna ou trofoblasto), parasegmentos de insetos e rudimentos de
órgãos de vertebrados. Unidades modulares permitem que diferentes partes do corpo
mudem sem a interferência de outras funções.
O princípio fundamental da modularidade permite três processos de alteração do de-
senvolvimento: dissociação, duplicação e divergência, e co-opção (Raff, 1996). Uma vez
que os módulos estão em todos os níveis, do molecular ao orgânico, não é surpreendente
que esses princípios sejam vistos operando em todos os níveis do desenvolvimento.
Nem todas as partes do embrião são conectadas umas às outras. Podemos dissecar
um campo do membro de uma nêurula de salamandra sem afetar os olhos. Por mutação
ou perturbação ambiental, uma parte do embrião pode mudar sem a outra parte. Essa
modularidade do desenvolvimento pode permitir mudanças que são tanto espaciais
quanto temporais. Heterocronia é uma mudança no ajustamento relativo de dois pro-
cessos do desenvolvimento durante a embriogênese, de uma geração para outra. Em
outras palavras, um módulo pode mudar sua expressão temporal relativa para outros
módulos do embrião. Chegamos a esse conceito em nossas discussões de neotenia e
progênese em salamandras (veja Capítulo 19). A heterocronia pode ser causada de
diferentes maneiras. Em heterocronias de salamandra onde o estágio larval é retido, a
heterocronia é causada por mutações gênicas no sistema de competência da indução.
Outros fenótipos heterocrônicos, entretanto, são causados pela expressão
heterocrônica de certos genes. O desenvolvimento direto do rudimento do ouriço-do-
mar adulto (veja Capítulo 19) envolve a ativação precoce de genes adultos e a supres-
são da expressão do gene larval (Raff e Wray, 1989). A heterocronia pode “retornar”
um organismo para o seu estado larval, livre das adaptações especializadas do adulto.
A heterocronia também pode dar características larvais a um organismo adulto, como
nos pequenos e enredados pés da salamandra arbórea ou na taxa de crescimento fetal
do tecido cerebral do recém nascido humano. [evo2.html]
Outra conseqüência da modularidade é a alometria. Alometria ocorre quando dife-
rentes partes do organismo crescem com taxas diferentes. Alometria pode ser muito
892 PARTE V Interações Celulares Durante a Formação do Órgão
Parietal
Nasal
Zigomático Occipital
Maxila
Essa bolsa não possui abertura interna para a boca. Certamente, a transição de bolsa
interna para externa é uma questão de limiares. A localização das evaginações, ante-
rior ou posteriormente, determina se a bolsa é interna ou não. Não existe “estágio de
transição” com duas aberturas, uma interna e outra externa. Poderia-se imaginar
essa externalização como uma ocorrência de mutação por acaso deslocando a posi-
ção da bolsa externa para uma posição um pouco mais anterior. Esse traço seria
selecionado no deserto. Como Van Valen refletiu em 1976, a evolução pode ser
definida como “o controle do desenvolvimento pela ecologia”.
Duplicação e Divergência
INDUÇÃO INDUÇÕES
INICIAL SECUNDÁRIAS (A) Cabelo (na pele)
Morfogênese
(D) Pena (na pele de aves)
Figura 23.10
Secção através do meio do tronco do embrião
da tartaruga Chelydra serpentina. (A) A crista
da carapaça (seta) se forma no limite entre o
mesoderma da placa somítica e o mesoderma
da placa lateral e agora representa o limite dor-
soventral. As bandas mesodérmicas engrossa-
das se estendendo do centro para a área da ca-
rapaça são as condensações da costela. (B)
Aumento maior da crista da carapaça. (De acor-
do com Burke, 1989b, cortesia do autor.)
(A) (B)
modificadas embriologicamente. Da mesma maneira, a temida fileira de dentes do tuba-
rão são modificações das escamas do corpo. Mudanças na indução podem transformar
escamas em penas (como no caso das galinhas garnizé) e são responsáveis por adapta-
ções tão extraordinárias quanto o pulmão das aves, o estômago dos ruminantes, as
presas dos elefantes (incisivos modificados), e as presas das morsas (dentes caninos
superiores modificados). A carapaça (casco) da tartaruga é uma novidade evolucionária
que parece se formar de maneira reminiscente aos membros. Existe até mesmo uma crista
da carapaça que organiza o mesênquima de maneira semelhante à crista ectodérmica
apical do broto do membro (Figura 23.10; Burke, 1989b).
Co
Co--opção
Nenhuma estrutura é destinada a um propósito particular. Um lápis pode ser usado para
escrita, mas ele também pode ser usado como um palito, uma adaga, um instrumento
perfurante ou uma baqueta. Ao nível molecular, sabemos que o gene engrailed, usado
para segmentação nos embriões de Drosophila, é usado posteriormente também para
especificar seus neurônios e é usado nos estágios larvais para fornecer um eixo ântero-
posterior aos discos imaginais. Similarmente, uma proteína que funciona como uma
enzima no fígado pode funcionar como uma proteína cristalina estrutural no cristalino
(Piatigorsky and Wistow, 1991). Em outras palavras, unidades préexistentes podem ser
recrutadas para novas funções. Essa co-opção também é vista a nível morfológico. As
asas evoluíram três vezes durante a evolução dos vertebrados, e em cada caso, diferen-
tes estruturas de antebraços foram modificados para uma função inteiramente nova.
Um dos casos mais celebrados de co-opção é o uso de partes da mandíbula embri-
onária para a criação do ouvido médio dos mamíferos (revisado por Gould, 1990).
Células da crista neural distinguem vertebrados dos protocordados e invertebrados.
Os protocordados têm um tubo neural dorsal e notocorda, mas não uma “cabeça”
verdadeira. As células da crista neural craniana são as grandes responsáveis pela
criação da face, crânio e arcos branquiais. Considera-se que o desenvolvimento da
cabeça originalmente permitia uma predação mais eficiente, pela colocação das es-
truturas sensoriais adjacentes às mandíbulas que capturam as presas (Gans e Northcutt,
1983; Langille e Hall, 1989; Hall, 1992). Duas transições notáveis ocorreram na
evolução da mandíbula do vertebrado. A primeira é a criação de mandíbulas a partir
CAPÍTULO 23 Mecanismos Desenvolvimentais da Mudança Evolucionária 895
dos arcos das guelras de peixes sem mandíbulas. A segunda é o uso de ossos que (A)
articulavam as mandíbulas superiores e inferiores nos répteis para a formação dos Suportes
Mandíbula Caixa das guelras
ossos martelo e bigorna do ouvido médio. Nos primeiros vertebrados, uma série de superior craniana
guelras se abriu atrás de uma boca sem mandíbula. Quando as fendas das guelras
foram sustentadas por elementos cartilaginosos, o primeiro conjunto desses suportes
de guelras circundou a boca para formar a mandíbula. Existem amplas evidências de
que as mandíbulas são suportes de guelras modificadas. Primeiro, esses dois conjun-
tos de ossos são produzidos de células da crista neural. (A maioria dos outros ossos
procedem de tecidos mesodérmicos.) Segundo, ambas estruturas se formam de bar-
ras superiores e inferiores que se curvam para a frente e são dobradas no meio. Ter- Mandíbula Hiomandibular
ceiro, a musculatura da mandíbula parece ser homóloga à musculatura dos suportes inferior
de guelras originais. Dessa maneira, a primeira transformação da cartilagem do pri-
meiro arco branquial foi aquela do aparelho da guelra para o aparelho da mandíbula.
Escamoso
Mas a história não termina aqui. (B)
A parte superior do segundo arco branquial que suporta a guelra se transforma Quadrado
no osso hiomandibular de peixes com mandíbula. Esse elemento segura o crânio e Pré-maxilar Maxilar
junta a mandíbula ao crânio (Figura 23.11A). Como vimos no Capítulo 7, essa função
Nasal
do osso hiomandibular nos mamíferos é realizada pelo estribo, um dos ossos do
ouvido médio. Mas os peixes não usam esse osso para escutar; então, como um
osso usado para suporte de guelras e depois como suporte para o crânio se torna
parte do aparelho auditivo dos mamíferos? Quando o peixe chegou à terra depa-
rou-se com um novo problema: como conseguir escutar em um meio tão pouco Articular
denso como o ar? Acontece que o osso hiomandibular está próximo da cápsula Dentário
auditiva, e a matéria óssea é um excelente transmissor do som. Dessa maneira,
enquanto ainda funcionava como um suporte para o crânio, o osso hiomandibular
dos primeiros anfíbios também começou a funcionar como um transdutor de som (C) Escamoso
(Clark, 1989). À medida que os vertebrados terrestres alteraram sua locomoção, (temporal)
estrutura mandibular e postura, o crânio prendeu-se firmemente em seu lugar sem
necessitar de apoios hiomandibulares. Parece ter se especializado em seguida como
o osso estribo do ouvido médio. O que havia sido a segunda função desse osso Nasal
acabou se tornando sua função primária.
Os ossos originais da mandíbula também mudaram. O primeiro arco branquial
gera o aparelho da mandíbula. Nos anfíbios, répteis e pássaros, a porção posterior
dessa cartilagem forma o osso quadrado da mandíbula superior e o osso articular da
mandíbula inferior. Esses ossos se conectam e são responsáveis pela articulação na
mandíbula superior e inferior. No entanto, nos mamíferos, essa articulação ocorre em Auditivo
outra região (os ossos dentários e escamosos), com isso “liberando” esses elementos Zigomático
ósseos para adquirirem novas funções. Os osso quadrado da mandíbula superior dos
Maxila Mandíbula
répteis evoluiu nos mamíferos transformando-se no osso bigorna e o osso articular
da mandíbula inferior dos répteis se tornou nosso osso martelo. Esse segundo pro-
cesso foi primeiramente descrito por Reichert em 1837, que observou no embrião do
Figura 23.11
porco que a mandíbula se ossifica pelo lado da cartilagem de Meckel, enquanto a Evolução da mandíbula no peixe (A), no réptil
região posterior dessa cartilagem se ossifica, se destaca do resto da cartilagem, e (B) e no mamífero (C). (A) Homologias da
entra na região do ouvido médio para se tornar o osso martelo (Figura 23.11B,C)* mandíbula e dos arcos das guelras como vistas
no crânio do tubarão paleozóico Cobeledus
* A falta de formas de transição é freqüentemente citada pelos Criacionistas como uma crítica aculentes. (B) Vista lateral do crânio de um
da evolução. Por exemplo, na transição de répteis para mamíferos, três ossos da mandíbula dos crocodilo. A porção articular da mandíbula in-
répteis se tornaram martelo e bigorna, deixando somente um osso (dentário) na mandíbula inferior. ferior se articula com o osso quadrado do crâ-
Gish (1973), um Criacionista, disse que isso é uma situação impossível, pois nenhum fóssil com dois nio. Nos mamíferos, o quadrado se internaliza
ou mais ossos da mandíbula e dois ou três ossículos do ouvido fora encontrado. Ele considerou que tal para formar a bigorna do ouvido médio. O osso
animal teria arrastado suas mandíbulas pelo chão. Entretanto, tal forma de transição específica não articular mantém seu contato com o quadrado,
precisaria ter existido (há mais de dúzia de formas de transição documentadas entre crânios de
tornando-se o martelo do ouvido médio. Vista
répteis e mamíferos). Hopson (1966) mostrou com bases embriológicas como os ossos da mandíbula
poderiam ter se dividido e usados para diversas funções, e Romer (1970) encontrou fósseis de répteis lateral do crânio humano, mostrando a junção
onde as novas articulações da mandíbula já eram funcionais enquanto ossos mais antigos se torna- da mandíbula inferior com a região escamosa
vam inúteis. Existem várias espécies de répteis terapsídeos com duas articulações de mandíbula, com (temporal) do crânio. (De acordo com Zangerl
a bigorna junto a parte superior do osso quadrado (que virá se tornar o osso bigorna). [evo3.html] e Williams, 1975.)
896 PARTE V Interações Celulares Durante a Formação do Órgão
Progressão correlacionada
(A) Padrões esqueléticos embrionários (B) Padrões esqueléticos finais (C) Padrões musculares finais
Archaeopteryx
Ave
experimental
Réptil
(Crocodylus)
Restrições ao desenvolvimento
Embora discretamente, os módulos de desenvolvimento podem interagir uns com os
outros. Essas interações limitam os fenótipos possíveis que podem ser criados, e
também permitem a ocorrência de mudanças em certas direções com maior eficiên-
cia do que em outras.* Coletivamente, essas restrições na produção de fenótipos são
chamadas de restrições do desenvolvimento.
Restrições Físicas
Restrições Morfogenéticas
*Leibniz, provavelmente o filósofo que mais influenciou Darwin, notou que a existência deve ser limitada
não somente pelo possível, mas também pelo mutuamente compatível. Isto é, enquanto diversas coisas podem
vir a existir, somente aquelas que são mutualmente compatíveis irão realmente existir (veja Lovejoy, 1964).
Assim, embora muitas mudanças do desenvolvimento sejam possíveis, somente aquelas que podem se integrar
ao resto do organismo (ou que podem causar mudanças compensatórias no resto do organismo) serão vistas.
CAPÍTULO 23 Mecanismos Desenvolvimentais da Mudança Evolucionária 899
Progênese natural
Tíbia Tíbia
VARIAÇÃO
(A) Ambystoma mexicanum NATURAL
Fíbula
Fíbula
Tíbia
Fíbula Tíbia
Tíbia
VARIAÇÃO
EXPERIMENTAL
Fíbula Fíbula
Restrições Filéticas
Filéticas
a novos tipos de larvas que ainda sofrem metamorfose em moluscos, e mudanças nos
morfógenos citoplasmáticos do ouriço-do-mar podem gerar ouriços-do-mar que se
desenvolvem sem larvas mas ainda são ouriços-do-mar. Na realidade, ao olharmos
para os vertebrados, podemos observar que existe uma história completa que nos leva
até o famoso diagrama da lei de von Baer mostrado no Capítulo 7. Todos os vertebra-
dos chegam a esse estágio particular do desenvolvimento (chamado de faríngula),
mas o fazem por meios diferentes (Figura 23.15). Aves, répteis e peixes chegam a esse
ponto após clivagens meroblásticas de tipos diversos; os anfíbios chegam a esse
estágio por meio de clivagem holoblástica radial; e os mamíferos alcançam o mesmo
ponto após construírem um blastocisto, córion e âmnio. Portanto, os primeiros estági-
os do desenvolvimento parecem ser extremamente plásticos. Similarmente, os últimos
Ovo
(em escala)
Blástula
(secção)
Gástrula
Figura 23.15
O gargalo no estágio “faringular” do desenvolvimento dos verte-
brados. A parte inferior deste esquema é a ilustração padrão da lei
de von Baer (como mostrado no Capítulo 7), demonstrando a di-
vergência das classes de vertebrados após um estágio embrionário
comum. A parte superior deste esquema representa os inícios di-
vergentes do desenvolvimento. O próprio von Baer (1886) estava
consciente desse gargalo. (De acordo com Elinson, 1987.)
CAPÍTULO 23 Mecanismos Desenvolvimentais da Mudança Evolucionária 901
estágios são muito diferentes, como as diferenças nos fenótipos de camundongos, (A)
peixes-lua, cobras e salamandras demonstram amplamente. Existe algo no meio do
desenvolvimento que aparenta ser invariante.
Raff argumenta que a formação de novos Baupläne é inibida pela necessidade de
seqüências globais de indução durante o estágio de nêurula (Figura 23.16). Antes
desse estágio, existem poucos eventos indutivos. Após aquele período, existem mui-
tos efeitos indutivos, mas quase todos eles feitos em módulos discretos. Durante a
(B)
organogênese precoce, no entanto, existem diversos eventos indutivos ocorrendo
simultaneamente que são globais na natureza. Nesse estágio, os módulos se sobre-
põem e interagem uns com os outros. Nos vertebrados, usando o exemplo de von
Baer, nos primeiros estágios se dá a especificação dos eixos e a gastrulação. A indução
não aconteceu em larga escala. Ademais, como Raff e seus colegas mostraram (Henry
et al.,1989), existe aqui uma grande habilidade regulativa, assim, pequenas mudan-
ças na distribuição dos morfógenos, ou na posição das clivagens planas podem ser (C)
acomodadas. Após a fixação do principal plano corporal, ocorrem induções por todo
o corpo, mas essas são compartimentalizadas em discretos sistemas de formação de
órgãos. O cristalino induz a formação da córnea, e se essa falhar, somente o olho é
afetado. Similarmente, existem induções na pele que formam penas, escamas ou pêlo.
Se essas não ocorrerem, a pele ou parte dela pode não ter essas estruturas. Mas du-
rante a organogênese precoce, as interações são mais globais (Slack, 1983). Uma
falha na colocação do coração em determinado lugar pode afetar a indução dos olhos
(veja Capítulo 17). Uma falha na indução do mesoderma em uma certa região leva a
má formação dos rins, membros e cauda. É esse estágio que restringe a evolução e
que tipifica o filo vertebrado. Dessa maneira, uma vez vertebrado, é muito difícil se
desenvolver em outra coisa.
Figura 23.16
Evolução Conjunta do Ligante e Receptor: Isolamento Reprodutivo Mecanismo do gargalo no estágio “faringular”
do desenvolvimento em vertebrados. (A) No
Outra restrição do desenvolvimento envolve a habilidade de um tecido de interagir embrião em clivagem existem interações glo-
com outro. No desenvolvimento, as coisas têm de se ajustar perfeitamente se o bais, mas elas são muito poucas (principalmente
organismo irá sobreviver. Os ligantes têm que se ajustar aos receptores, e devem ser para especificar os eixos do organismo). (B)
expressos no lugar certo e na hora certa. Mudanças no ligante têm que ser acomoda- Entre os estágios de nêurula e faríngula exis-
tem muitas interações globais. (C) Após o es-
das por mudanças complementares no receptor para que esse possa funcionar. No
tágio “faringular” existem ainda mais intera-
entanto, se a mudança na estrutura do ligante (ou receptor) produzir uma mudança ções indutivas, mas essas são principalmente
muito grande, esse não se ligará ao seu receptor (ou ligante), e o desenvolvimento de efeito local, confinadas aos seus próprios
irá cessar. Essas mudanças complementares podem levar a uma separação de fun- campos. (De acordo com Raff, 1994.)
ções, como pode ser observada na evolução das famílias de hormônios e seus
receptores (Moyle et al.,1994).
Tal separação de funções pode causar isolamento reprodutivo e a separação
de espécies quando o receptor e o ligante são proteínas no espermatozóide e no
óvulo. Enquanto a maioria das proteínas de espécies marinhas relacionadas são
muito similares, as proteínas responsáveis pela fertilização são muitas vezes extre-
mamente diferentes (Metz et al., 1994). Nos ouriços-do-mar, a bindina do esperma-
tozóide e os receptores complementares do óvulo co-evoluíram em conjunto de
modo que a bindina de uma espécie freqüentemente não reconhece os receptores
bindina no oócito de outra. Hofmann e Glabe (1994) propuseram um modelo onde
existiriam diversos sítios de reconhecimento distintos entre a bindina e seus re-
ceptores. As mutações poderiam causar alguma alteração nesses sítios e, dessa
forma, selecionando alterações complementares no gameta oposto. Existiria um
estágio no qual alguns espermatozóides poderiam se unir, embora precariamente
aos óvulos, mas finalmente, esse processo de alteração e acomodação produziria
dois grupos reprodutivos isolados dentro das espécies (Figura 23.17). Nos haliotes,
as mutações de uma pequena região da proteína lisina e seus receptores corres-
pondentes parecem ser as responsáveis pela especificidade de fertilização da es-
pécie. Ademais, a evolução dessas mudanças nas proteínas lisina e bindina parece
902 PARTE V Interações Celulares Durante a Formação do Órgão
ser rápida e se correlaciona com a especiação (Shaw et al.,1994; Lee et al., 1995;
Metz e Palumbi, 1996).*
*Um outro exemplo de mutação do desenvolvimento que causa isolamento reprodutivo envolve uma
função mais mecânica. As mutações no espiralamento da concha do caramujo discutidas no Capítulo 5 são
mutações que agem durante o desenvolvimento precoce para mudar a posição dos órgãos mesodérmicos. O
acasalamento entre caramujos de conchas com espiralamento para a esquerda e com caramujos de conchas
com espiralamento à direita é mecanicamente muito difícil, para não dizer impossível, em algumas espécies.
(Clark e Murray, 1969). Como essa mutação é herdada como um gene de efeito materno, seria produzido
um grupo de caramujos relacionados podendo se acasalar um com o outro, mas não com outros membros
da população original. Esses caramujos reprodutivamente isolados poderiam expandir seu alcance, e por
acumulação de novas mutações, formar uma nova espécie (Alexandrov Sergievski, 1984).
CAPÍTULO 23 Mecanismos Desenvolvimentais da Mudança Evolucionária 903
*O modelo antes dessa pesquisa era que os olhos haviam se desenvolvido independentemente
pelo menos 40 vezes. O laboratório de Gehring mencionou a clonagem de homólogos de Pax6 de
platelmintos e cefalópodes. Um segundo gene de Drosophila, dachshund (dac), também pode dar
origem a olhos ectópicos quando expresso no disco imaginal errado. Como parece que eyeless pode
ativar a expressão de dachshund, e vice-versa, os dois genes podem ter desenvolvido uma alça de
retroalimentação (feedback) positiva autoreforçante (Shen e Mardon, 1997).
904 PARTE V Interações Celulares Durante a Formação do Órgão
Figura 23.18
Pax-6 como um gene homólogo para o desen- Proteína
volvimento do olho em insetos e vertebrados. ativadora
(A) A expressão dirigida do cDNA de Pax6 GAL4 de GAL4 Sítios ligantes cDNA
Seqüência
em um disco imaginal não de olho em Droso- intensificadora de GAL4 de Pax6
phila. Uma espécie de Drosophila é construída específica do
onde o gene para a proteína GAL4 do levedo é disco imaginal
colocado a jusante de uma seqüência intensifi-
cadora que estimula a expressão no disco Expressão GAL4 específica de tecido Expressão do cDNA de Pax6
específica de tecido
imaginal da asa, perna ou antena. Normalmen-
te, a proteína do levedo não encontra uma se-
qüência para ativar. Entretanto, se é adicionado
ao embrião um transposon que leva um cDNA
para Pax6 a jusante dos sítios de ligação de
GAL 4, aquele cDNA será expresso em quais-
quer dos discos imaginais onde é produzida a
proteína GAL4. (B) Omatídios de Drosophila
emergindo da asa de uma mosca da fruta quan-
do o cDNA de eyeless foi expresso no disco da
asa de Drosophila. (C) Omatídios de Droso-
phila emergindo na perna de uma mosca da
fruta quando o cDNA de Pax6 de camundongo
foi expresso no disco da perna de Drosophila.
(de Halder et al., 1995; fotografias cortesia de
W. J. Gehring.)
Em alguns casos, um gene homólogo pode assumir uma nova função quando expres-
so em um novo local. A expressão de Bmp4 no membro do pinto é um bom exemplo de
como uma pequena mudança desenvolvimental pode criar uma importante alteração
morfológica, do ponto de vista evolucionário. A maioria das pessoas concordaria que
o pato e o pinto não são iguais, embora sua embriogênese seja extremamente seme-
lhante até os últimos dias. Nesse momento, o bico do pato torna-se distinguível do
bico do pinto, e os pés interdigitados do pato são retidos, mas a interdigitação é
perdida nos pés posteriores do pinto.
BMP4 é conhecida como indutora de apoptose em células na crista neural craniana,
no mesênquima pulmonar e nos brotos dentais. Ela também causa apoptose no tecido
interdigital frouxo do membro do pinto. Não só o Bmp4 é expresso no tecido interdigital,
mas se os membros do pinto forem infectados com um vírus expressando uma forma
negativa dominante do receptor de BMP, o tecido interdigital não sofrerá apoptose
quando receber o sinal BMP4 (Figura 23.19; Yokouchi et al., 1996; Zou e Niswander,
1996). O pinto e o pato mostram padrões muito similares na expressão de BMP. Porém,
embriões de pato não expressam Bmp4 (ou BMP2 ou 7, relacionados) em seus tecidos
CAPÍTULO 23 Mecanismos Desenvolvimentais da Mudança Evolucionária 905
(B)
(A)
Figura 23.19
Expressão de BMP necessária para a indução
de apoptose no enredamento interdigital em
embriões de pinto. (A) A BMP4 é vista no
interdigitais. Portanto, mudando ligeiramente a regulação de Bmp4 é produzida uma enredamento interdigital do membro posteri-
nova morfologia que pode ser selecionada ou rejeitada pela seleção natural. Altera- or do pinto (esquerda) mas não no do pato
ções no desenvolvimento podem produzir a chegada do mais apto. Sua sobrevivên- (direita) no mesmo estágio do desenvolvimen-
cia depende do seu ambiente. to. (B) Quando o sinal de BMP é bloqueado
por um receptor negativo dominante infectado
no membro posterior, a apoptose interdigital
Genes Hox e a Evolução dos V
Hox ertebrados
Vertebrados não ocorre e os dígitos são mais curtos. (de
Zou e Niswander, 1996; fotografias cortesia
Uma das mais notáveis peças de evidência da profunda homologia entre todos ani- de L. Niswander.)
mais do mundo é fornecida pelos genes Hox. Conforme mencionado no Capítulo 16,
os genes Hom-C da mosca da fruta são homólogos aos do mamífero. Não somente
são os genes homólogos, como também estão na mesma ordem em seus respectivos
cromossomos. Os padrões de expressão são também notavelmente semelhantes; a
expressão dos genes do terminal 3’ ocorre anteriormente, enquanto aqueles do termi-
nal 5’ são expressos mais posteriormente. Como se essa evidência de homologia não
fosse o suficiente, Malicki e colegas (1992) demonstraram que o gene humano HOX4B
podia imitar a função de seu homólogo na Drosophila, Deformed, quando introduzi-
do em embriões de Drosophila deficientes em Dfd. Slack e colegas (1993) postula-
ram que o padrão de expressão do gene Hox define o desenvolvimento de todos os
animais e que é constante para todos os filos, o gene Hox tipo labial sendo expresso
anteriormente, o gene Hox tipo Ubx no centro, e o gene Hox tipo AbdB posteriormen-
te. A regulação global desses genes Hox é também semelhante de espécies para espé-
cies. A proteína Caudal é usada para induzir os domínios posteriores da Drosophila, e
parece fazer o mesmo em camundongos e nematóides (Subramanian et al., 1995). Se a
expressão subjacente do gene Hox for uniforme, considera-se que diferenças nos filos
emergem de diferenças em como esses genes são regulados e quais genes são regula-
dos pelas proteínas derivadas de Hox.*
Em vertebrados, existem quatro complexos Hox. Em anfioxus, um cordado não-
vertebrado que carece de uma cabeça verdadeira, cérebro, tecidos da crista neural, e
medula espinhal, há somente um complexo Hox muito parecido com aquele dos inse-
tos (Figura 23.20; Holland e Garcia-Fernández, 1996). Quando da evolução dos peixes,
haviam quatro complexos Hox. Os genes Hox parecem interpretar a informação
posicional ao longo do eixo ântero-posterior do corpo, e a importância desses genes
relacionando evolução e desenvolvimento foi sugerida por certas estruturas
“atavisticas” que resultaram da perda de determinados genes Hox. A ruptura de genes
* Considera-se que a razão dessa notável conservação de estrutura do complexo do gene Hox é o
compartilhamento de regimes cis-reguladores pelos genes vizinhos. Se um gene Hox é movido para uma
região diferente dentro do complexo, sua regulação é alterada. Os regimes reguladores críticos podem ser os
sítios ligantes para as proteínas Polycomb. Essas proteínas são também conservadas através da evolução,
e silenciam os genes Hox em determinados momentos e locais. Aqui, portanto, vemos uma “restrição
filética” a nível molecular (Chiang et al., 1995; Müller et al., 1995; van der Hoeven et al., 1996).
906 PARTE V Interações Celulares Durante a Formação do Órgão
Figura 23.20
Ascendência postulada de genes homeóticos a
partir de um ancestral hipotético tanto de HOM-C de
deuterostomatas como protostomatas. Anfio- Drosophila
xos têm somente um aglomerado, semelhante
aos insetos. Vertebrados têm quatro aglomera- HOM-C de
dos, nenhum dos quais é completo. (De acordo inseto em geral
com Holland e Garcia-Fernández, 1996.)
Ancestral
comum
hipotético
Aglomerado
Hox de
Anfioxo
Hox-Α de
Camundongo
Hox-Β de
Camundongo
Hox-C de
Camundongo
Hox-D de
Camundongo
Hoxa-2 resulta numa transformação parcial do segundo arco faríngeo em uma cópia
do primeiro arco. Os fetos mutantes carecem dos ossos estribo e estilóide formados
do segundo arco, mas têm extra os ossos martelo, bigorna, timpânico e escamoso. Eles
têm também uma cartilagem filamentosa que está fundida ao elemento alisfenóide e
cujo terminal caudal está em contato com a bigorna supranumerária. Essa cartilagem
não tem contrapartida em camundongos normais, mas suas relações anatômicas suge-
rem que seja homóloga com a cartilagem pterigoquadrática vista em répteis. O comple-
xo formado por essa cartilagem e a bigorna é considerado ter estado presente em
terapsídeos, o grupo de répteis que deu origem aos mamíferos (Rijli et al., 1993; Mark
et al., 1995). Quando o gene Hoxa-2 é desregulado pela eliminação de receptores de
ácido retinóico, uma distinta cartilagem pteroquadrada se desenvolve ligando os os-
sos bigorna e alisfenóide (Figura 23.21; Lohnes et al., 1994).
Porém, permanecia a pergunta se os genes Hox especificam o eixo de acordo
com um sistema de contagem ou por um código pelo qual diferentes genes Hox
especificam vértebras diferentes. Essa é uma pergunta importante porque dá a
visão de como os mesmos genes Hox podem especificar corpos diferentes. Com-
parando os padrões de expressão do gene Hox com o tipo de vértebras mostrou-
se que esse era especificado pela constelação de genes Hox expressos nos somitos
(Gaunt, 1994; Burke et al., 1995). Por exemplo, o camundongo tem 5 vértebras
occipitais, 7 cervicais, 13 torácicas, 6 lombares e 4 sacrais. O pinto, por outro lado,
tem 5 vértebras occipitais, 14 cervicais, 7 torácicas, 9 lombares e 4 sacrais. Embora
o número total de vértebras pré-sacrais difira somente por uma (34 versus 35),
existem óbvias transposições entre as espécies (Goodrich, 1930). Em ambos os
animais, Hoxc-5 é expresso no fim das vértebras cervicais, enquanto Hoxc-6 apa-
rece no começo da série torácica. No camundongo isso ocorre no limiar entre a
décima segunda e décima terceira vértebra e em pintos entre a décima nona e a
vigésima. Assim em vertebrados, alterações da morfologia podem se concretizar
mudando-se os domínios da expressão gênica de Hox.
CAPÍTULO 23 Mecanismos Desenvolvimentais da Mudança Evolucionária 907
Figura 23. 21
Representação de elementos do esqueleto derivados do primeiro arco faríngeo (em cinzento) e do
segundo arco faríngeo (em preto). (AS, alisfenóide; I, bigorna; I2 bigorna duplicado; P e P2,
cartilagem pteróide normal e duplicada; PQ, cartilagem pterigoquadrada; SQ, escamoso; SQ2
escamoso duplicado.) (De acordo com Mark et al., 1995.)
Camundongo selvagem/mamífero
Genes Hox e a Evolução dos Artrópodes
A mesma pergunta produziu uma resposta diferente quando feita a respeito dos
artrópodes. Borboletas (Lepidópteros) diferem de Drosophila (Dípteros) de duas
óbvias maneiras. Primeiro, borboletas têm quatro asas, ao passo que os dípteros
têm duas. Segundo, larvas de borboletas têm membros abdominais chamados pró-
pernas que não existem em larvas de moscas. A maneira mais provável de criar
essas diferenças seria alterar o padrão da expressão do gene homeótico (Lewis, Réptil
1978). Em Drosophila, o Ultrabithorax (Ubx) é expresso nos halteres, mas não nas
asas. Mutações de perda-de-função de Ubx convertem os halteres em asas
mesotorácicas, enquanto que a expressão ectópica de Ubx nos discos alares faz
com que eles formem halteres (veja Capítulo 14). Poder-se-ia esperar, por isso, que
o Ubx seria inativo nos discos das asas posteriores da borboleta. Esse não é o caso.
Warren e colaboradores (1994) mostraram níveis altos de expressão de Ubx nos
discos das asas posteriores da borboleta “buckeye”, Precis coenia. Na realidade, o
padrão de expressão do gene Hom-C em Precis foi essencialmente o mesmo que o
padrão em Drosophila. Na borboleta, o Ubx modifica a morfologia alar para pro-
duzir uma asa posterior (em lugar de uma anterior). Na mosca, ele modifica a asa
em um haltere. A hipótese atual é que os genes alvo de Ubx podem ter mudado, Mutante com Hoxa-2 anulado
mas não o padrão da expressão de Ubx.
Figura 23.23
Expressão do gene Distal-less em Precis. (A)
Aos 12% da embriogênese, transcritos de Dll
aparecem em três segmentos torácicos (T1,
T2, T3) como também nos segmentos antenal
(an), maxilar (mx),o embrionário, a expres-
são de Dll em Precis divergiu significativa-
mente daquela da Drosophila mostrando tam-
bém expressão Dll nos segmentos abdomi-
nais 3-6. (A e B de acordo com Panganiban et
al., 1994, cortesia dos autores.)
(A)
(B)
Seqüência reguladora
a montante
Seqüência reguladora
Figura 23.25 a montante
A via RTK-RAS amplamente usada. O esque-
ma da via está mostrado no lado esquerdo jun-
to com os nomes em diferentes espécies. O
ligante, que pode ser solúvel (como no EGF) vertebrados na formação dos membros. Na verdade, as mesmas interações são usadas
ou uma proteína ligada à membrana em outra
para estabelecer o padrão de segmentação em embriões precoces de Drosophila (veja
célula (como na proteína Boss [“Bride of
sevenless”] associada ao sevenless do RTK).
Capítulo 14) e para estabelecer compartimentos no cérebro dos mamíferos (veja Capí-
Os domínios citoplasmáticos das RTKs são tulo 7). Também foi mostrado que numerosas interações DNA-proteína regulando
autofosforilados ao se dimerizarem, e isso lhes genes específicos são conservadas através de espécies divergentes. Dessa maneira,
permite se ligar à proteína adaptadora e estimu- o gene da álcool desidrogenase é controlado no corpo gorduroso da Drosophila pelo
lar a proteína Ras G. A proteína Ras G transloca mesmo conjunto de proteínas que governa sua expressão no fígado humano (Figura
a proteína Raf para a membrana celular, dessa 23.24; Abel et al.,1992).
maneira ativando-a. Isso pode ser inibido pelas Entre as primeiras vias homólogas conhecidas está a via de transdução do sinal
proteínas gap, as quais podem inativar Ras. A RTK-Ras que foi recentemente identificada em todo o reino animal, embora usada
proteína Raf ativada inicia a cascata de fosfori-
estritamente em diferentes funções (veja Capítulo 3; Figura 23.25). Na Drosophi-
lação que termina em um fator de transcrição
fosforilado (ativado) que entrando no núcleo
la, a determinação do fotorreceptor sete é cumprida quando a proteína Sevenless
efetua a transcrição do RNA.
Ligante Receptor
Membrana plasmática
Citoplasma
Domínio
da tirosina
quinase
Organismo e tecido Ligante Tirosina Proteína Proteína G Ativador de GTPase Efeito
quinase do SH2-SH3 e proteínas
receptor de troca GDP/GTP
Vulva de C. elegans Proteína Proteína SEM-5 Proteína ?/LET-341 (?) Diferenciação e divisão
LIN-3 LET-23 LET-60 da célula vulvar
Pele de mamífero EGF Receptor GRB2 Proteína Ras GAP/GNRP Divisão da célula epidérmica
de EGF
Olho de Drosophila Bride of Sevenless Drk Ras1 Gap1/ Son of sevenless Diferenciação do fotorreceptor
sevenless sete em cada omatídio
CAPÍTULO 23 Mecanismos Desenvolvimentais da Mudança Evolucionária 911
CORDADOS
VERTEBRADOS
Cefalocordados
Gnatostomatas
Hemicordados
Equinodermos
Calcicordados
Urocordados
(Amphioxus)
(ascidianos)
Conodontes
Agnatos
Modificação do
arco mandibular
em mandíbulas
Crista neural, placódios
epidérmicos (formação da cabeça)
Podócitos renais
Figura 23.26
Mudanças de desenvolvimento na evolução de invertebrados para vertebrados. Os invertebrados
deuterostomatas originais foram capazes de formar os equinodermos e outros organismos que
finalmente deram origem à linhagem vertebrada. A habilidade do mesoderma para formar a
notocorda e seu ectoderma sobrejacente para se tornar um tubo neural, separou os cordatos dos
invertebrados remanescentes. O desenvolvimento das células da crista neural e os placódios
epidérmicos que dão origem aos nervos sensoriais da face distinguem os vertebrados dos
protocordatos. (De acordo com Gans, 1989; Langille e Hall, 1989.)
Uma casa não é um chalé com um andar extra em cima. Uma casa representa um
grau maior na evolução de uma residência, mas o prédio todo é alterado- funda-
ções, madeiramento e telhado- mesmo que os tijolos permaneçam os mesmos.
CAPÍTULO 23 Mecanismos Desenvolvimentais da Mudança Evolucionária 913
*Uma maneira de visualizar isso é usar uma analogia matemática (Gilbert et al., 1996):
Biologia funcional = anatomia, fisiologia, biologia celular, expressão gênica
Biologia do desenvolvimento = δ [biologia funcional]/ δt
Biologia evolucionária = δ [biologia do desenvolvimento]/ δt
914 PARTE V Interações Celulares Durante a Formação do Órgão
Figura 23.27
EVOLUÇÃO Roteiro disciplinar do lado evolucionário da
biologia, desde 1880 até o presente. Para maior
Roux, Wilson, clareza, outras vias (tais como a da genética
outros geral à genética humana ou da evolução à
imunologia) não foram mostradas.
“Questão geracional”
Mecânica desenvolvimental
Genética de
populações
Embriologia experimental
Regeneração
Fertilização
“Síntese moderna” Grupo
Imunologia
NeoDarwinismo do fago
Biologia celular
Biologia do
desenvolvimento
Genética molecular
Genética do
desenvolvimento
Sob Construção
SÍNTESE
DESENVOLVIMENTAL
LITERATURA CITADA
Abel, T., Bhatt, R, and Maniatis, T. 1992. A Alberch, P. and Gale, E. 1983. Size dependency Averoff, M. and Cohen, S. M. 1997. Evolutio-
Drosophila CREB/ATF transcriptional activator during the development of the amphibian foot. nary origin of insect wings from ancestral gills.
binds to both fat body- and liver-specific Colchicine induced digital loss and reduction. J. Nature 385: 627-630.
regulatory elements. Genes Dev. 6: 466-480. Embyol. Exp. Morphol. 76:177-197.
Bateson, W. 1894. Materials for the Study of
Adams, M. 1991. Soviet perspectives on Alberch, P. and Gale, E. 1985. A developmental Variation. Cambridge University Press, Cambridge.
evolutionary theory. In L. Warren and M. analysis of an evolutionary trend. Digit reduction
Berrill, N. J. 1955. The Origins of the Vertebrates.
Meselson (eds.), New Perspectives iri Evolution. in amphibians. Evolution 39: 8-23.
Oxford University Press, New York.
Liss/Wiley, New York.
Alexandrov, D. A. and Sergievsky, S. O. 1984. A
Berrill, N. J. 1987. Early chordate evolution. I.
Averoff, M. and Cohen, S. M. 1997. Evolutio- variant of sympatric speciation in snails.
Amphioxus, the riddle of the sands. Int. J. Invert.
nary origin of insect wings from ancestral gills. Malacol. Rev. 17: 147.
Repr. Dev. 11: 1-27.
Nature 385: 627-630.
Anderson, D. T. 1973. Embryology and Phylo-
Bodmer, R. The gene tinman is required for
AhIberg, P. E. 1997. How to keep a head in geny of Annelids and Arthropods. Pergamon
specification of the heart and visceral muscles
order. Nature 385: 489-490. Press, Oxford.
in Drosophila. Development 118: 719-729.
916 PARTE V Interações Celulares Durante a Formação do Órgão
Boncinelli, E. 1994. Early CNS development: Conway Morris, S. and Whittington, H. B. 1979. Cottlieb, G. 1992. Individual Development and
Distal-less related genes and forebrain developr- The animals of the Burgess Shale. Sci. Am. Evolution: The Genesis of Novel Behavior.
nent. Curr. Opin. Neurobiol. 4: 29-36. 240(1): 122-133. Oxford University Press, New York.
Bonner, J. T. 1988. The Evolution of Complexity. Darwin, C. 1859. The Origin of Species. John Gould, S. J. 1977. Ever Since Darwin. Norton,
Princeton University Press, Princeton. Murray, London. New York.
Bowring, S. A., Grotzinger, J. P. Isachsen, C. E., Dietrich, M. (1995). Richard Goldschmidt’s Gould S. J. 1989. Wonderful Life. Norton,
Knoll, A. H., Pelechaty, S. M. and Kolosov, P. “heresies” and the evolutionary synthesis. J. Hist. New York.
1993. Calibrating rates of early Cambrian Biol. 28: 431-461.
Gould, S. J. 1990. An earful of jaw. Natural
evolution. Science 261: 1293-1298.
Dobzhansky, T. G. 1937. Genetics and the Origin History 1990(3): 12-23.
Brusca, R. C. and Brusca, G. J. 1990. Invertebrates. of Species. Columbia University Press, New York.