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Casos de intolerância religiosa no Brasil

Autor: Gabriel Mallet Meissner ©Todos os direitos reservados.

Publicado originalmente no blog Entremundos.

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Vamos relembrar alguns casos de intolerância e perseguição religiosa


no Brasil, que não devem ser esquecidos. Tenhamos em mente que
intolerância religiosa é crime inafiançável e imprescritível. Que
cada indivíduo tem o direito inalienável de viver sua religiosidade da
maneira como bem escolher. Que eu e você não temos o direito de
interferir na vida do próximo e que ninguém tem o direito de
interferir na nossa. Que estes relatos sirvam para que aprendamos a
respeitar as opções alheias e a cuidarmos mais das nossas próprias
vidas do que da dos outros.

A Morte de Mãe Gilda


Em 2000, a yalorixá (mãe-de-santo) Gildásia Santos, mais conhecida
como Mãe Gilda, faleceu devido a um infarto fulminante. Após seu
terreiro ter sido invadido e depredado por adeptos da Assembléia de
Deus e de sua foto ter sido publicada no jornal “Folha Universal”, da
Igreja Universal do Reino de Deus, com o dizeres “macumbeiros
charlatães lesam o bolso e a vida de cliente”, Mãe Gilda sofreu o
infarto que a levou à morte. O caso teve ampla repercussão na época
e a IURD foi condenada pelo crime de intolerância religiosa.

Em sua homenagem, o dia 21 de janeiro foi escolhido comoDia


Nacional de Combate à Intolerância Religiosa.
Saiba mais sobre o caso

O bispo que chutou a santa


“Ele diz que tem, que tem como

abrir o portão do céu

Ele promete a salvação

Ele chuta a imagem da santa, fica louco-pinel


Mas não rasga dinheiro não”

(Trecho de Guerra Santa, de Gilberto Gil)

Deste caso, todo mundo certamente lembra. Na véspera de 12 de


outubro de 1995, o bispo Von Helder, da Igreja Universal do Reino de
Deus, chutou em seu programa de TV uma imagem de Nossa
Senhora de Aparecida, causando consternação em todo o país.
Enquanto chutava a imagem da Santa, também proferia um discurso
carregado de preconceito e ódio, nada condizentes com um
representante religioso de Jesus Cristo. Entre suas declarações, a que
mais surpreende é esta:

“Não funciona! Ela é feia, PRETA, ela não tem VALOR NO MERCADO.
Ela só serve para atrapalhar os negócios com antigas superstições”.

Nesta declaração, soma-se o preconceito racial à intolerância


religiosa. Então o fato da Santa ser preta a torna mais motivo de
ódio? Se a imagem fosse branca, seria menos odiada? O pastor a
beijaria ao invés de chutá-la?

E que “valor no mercado” seria esse? Se a santa tivesse “valor de


mercado”, então ela seria aceita pelo pastor e sua Igreja? É bem
como diz a letra da música do Gilberto Gil, reproduzida acima, ele
pode ser pinel, mas tem sanidade o suficiente para não rasgar
dinheiro.

Leia detalhes do episódio na Wikipedia.

Saiba mais sobre ataques de evangélicos a Nossa Senhora.

Jovens evangélicos depredam terreiro de umbanda

Este episódio já foi comentado aqui em junho, tendo como fonte


uma matéria no portal de notícias G1. Quatro jovens evangélicos, da
denominação Igreja Geração Jesus Cristo, invadiram um terreiro de
umbanda e o depredaram, destruindo todas as imagens do seu congá
(altar), além de terem insultado todos os presentes. Foram presos
em flagrante.

Infelizmente, não são poucos os casos de terreiros invadidos,


geralmente por evangélicos de denominações mais radicais. Porém,
entre os adeptos das religiões afro-brasileiras, ainda são poucos que
conhecem os seus direitos e sabem como exercê-los, de modo que
muitos desses casos não param na polícia e não são noticiados pela
imprensa. Não é à toa que hoje existem já alguns terreiros
contratandoseguranças para protegerem seu momento de culto de
fanáticos religiosos.

Perdeu o emprego por ser adepta do kardecismo


Esse é o tipo de caso que tem menos repercussão, mas que acontece
com maior freqüência do que todos os outros citados aqui. Muitas são
as pessoas que perdem os seus empregos por questões religiosas.

A protética Michelli Alves de Oliveira, então com 26 anos, havia


arrumado emprego em um laboratório em Copacabana. No dia em
que começaria a trabalhar, porém, soube que havia perdido a vaga.
Motivo? Ela era kardecista, enquanto seu empregador era evangélico,
declarando-se “um profeta ungido pelo espírito santo” (modesto ele,
não?). No laboratório em questão, todos os funcionários são da
mesma religião, não se aceitando ninguém que declare outra opção
religiosa.

Fonte:http://www.oxum.com.br/site/novidadesInterna.asp?idNoticia=
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Como se defender?
Caso tenha sido vítima de intolerância e/ou perseguição religiosa, não
vacile, denuncie! Procure seu advogado, a delegacia de polícia mais
próxima e preste queixa. A constituição brasileira garante a todos a
liberdade de culto religioso e violar esta liberdade é crime que pode
dar até dois anos de prisão, mais multa. Além disso, o crime é
imprescritível, o que significa que, não importa há quanto tempo
tenha acontecido, o culpado sempre poderá ser condenado.

Relate o seu caso


E você? Sofreu ou conhece outros casos de intolerância religiosa?
Então deixe seu relato nos comentários desta postagem.

Outras Fontes de informação


Selecionei aqui alguns artigos que tratam do tema em maior
profundidade para quem quiser estudá-lo mais amplamente.

Intolerância religiosa. Impactos do neopentecostalismo no campo


religioso afro-brasileiro

Nós e os outros: proselitismo e intolerância religiosas nas Igrejas


Neopentecostais

Representantes de diferentes religiões dizem não à intolerância


religiosa

Religious Tolerance. O melhor site sobre o tema!

Combate à intolerância religiosa no Orkut

Algumas comunidades interessantes:

Intolerância religiosa/ basta!

Intolerância religiosa

Não à intolerância religiosa

Fonte: HTTP://entremundos.com.br

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