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Dados levantados pelo antigo Ministério dos Direitos Humanos apontam que, entre
2015 e 2017, houve uma denúncia de intolerância religiosa a cada 15 horas no
Brasil. O disque 100, número destinado à denúncia gratuita de intolerância religiosa,
inclusive quando praticada por parte de agentes públicos e órgãos estatais, tem
maioria de registros em São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais, respectivamente.
Já perdi um emprego em uma multinacional onde a chefe dizia que ‘odiava crente”.
“Existe agressão, existe perseguição. Já tive muitas crises de ansiedade. Cheguei a
pensar em desistir”. As frases, respectivamente ditas pelo bispo evangélico Carlos
Damasceno e pelo pai de santo Bruno Vieira, chamam a atenção para o fato de que,
embora de religiões diferentes, ambos já foram vítimas de preconceito inúmeras
vezes. Em Minas Gerais, somente em 2022, de janeiro a novembro, foram
registradas 83 ocorrências tendo o preconceito religioso como causa. Assim como
os dois líderes, outros entrevistados relatam casos de opressão, xingamentos e
violência vivenciados por eles em função da fé.
O assunto sobre intolerância religiosa tomou as redes sociais nos últimos dias, após
um episódio no Big Brother Brasil (BBB). Os participantes Key Alves, Cristian Vanelli
e Gustavo Benedeti foram acusados de serem intolerantes com Fred Nicácio. O trio
declarou “medo” devido à religião do médico.
"Eu fiquei desnorteada. A partir desse dia, foi tirada de mim a liberdade de viver. Eu
não podia mais ir a pé, né? Passei a só andar de táxi, com medo, durante o preceito
[semanas em que precisa de vestimentas específicas]", conta ela.
Casos como o de Carolina, que já passou pela umbanda e hoje é do candomblé, se
repetem ao menos três vezes por dia no Brasil. Só neste ano, o país teve 545
denúncias de intolerância religiosa.
Este é o número de queixas recebidas entre janeiro e junho apenas no Disque 100,
serviço para denunciar violações de direitos do Ministério da Mulher, da Família e
dos Direitos Humanos, segundo levantamento feito pela GloboNews.
O estado com mais registros é São Paulo, com 111 denúncias, seguido do Rio de
Janeiro, com 97, Minas Gerais (51), Bahia (39), Rio Grande do Sul (26), Ceará (11)
e Pernambuco (13).
No ano passado, no mesmo período, foram 466 denúncias. Ou seja, 2022 registrou
um aumento de 17%. No primeiro semestre de 2020, foram 498 queixas -- um
aumento agora de 9,4%.
Em todo o ano de 2021, foram 1.017 denúncias, e os estados que lideraram o
ranking eram os mesmos.
O Disque 100 é um serviço de disseminação de informações sobre direitos de
grupos vulneráveis e de denúncias de violações de direitos humanos, como crianças
e adolescentes, pessoas idosas, pessoas com deficiência, população LGBT,
população em situação de rua, entre outros.
O canal do governo federal recebe, analisa e encaminha as queixas para o órgão
responsável pela investigação, proteção ou responsabilização.
O serviço funciona diariamente, 24 horas por dia, incluindo sábados, domingos e
feriados.
As ligações podem ser feitas de todo o Brasil por meio de discagem direta e
gratuita, bastando discar 100.