Micael Leal

Diversidade Sexual no Conservadorismo atual do Brasil

Dia Internacional contra a Homofobia é comemorado anualmente em 17 de maio

(Foto: Reprodução).

Reivindica-se, a diversidade sexual como aceitação de qualquer forma de ser,

com iguais direitos, liberdades e oportunidades dentro do marco dos direitos
humanos. Muitos países viabilizam a diversidade sexual nas marchas do
orgulho LGBT. Há anos, alguns representantes nos cargos federais do Brasil
lutam pelos direitos dos homossexuais, um deles criado pela senadora Marta
Suplicy, que apresentou o primeiro projeto de lei brasileira de união civil entre
homossexuais (o PL 1151, de 1995), sendo retirado de pauta em 2001. Propôs
também a proposta de emenda à constituição (PEC) para proibir a
discriminação motivada pela orientação sexual. Arquivada, após ser aprovada
na comissão de constituição e justiça (CCJ). Em seu último cargo, a senadora
apresentou o PL 612/ 2011 que trata do casamento homoafetivo, aprovado em
2013. Os direitos LGBT vêm sendo sancionados. Isso porque, a maioria da
sociedade brasileira atual, é conservadora e também por questões abominadas
por nossa constituição: a intolerância e o preconceito. Por isso, mesmo depois,
da lei ser aprovada um casal homosexual não tem direitos iguais a de um casal
heterosexual.
Segundo os dados do Grupo Gay da Bahia (GGB) foram levantados na última
pesquisa, 126 homicídios e 15 suicídios representando uma média de morte a cada 23
horas. (Foto: Reprodução).

Daniel Francisco de Sousa, 20 anos. Atualmente, faz alguns bicos como babá.
“Eu me descobri gay no início da adolescência me sentia “diferente”, porque
não gostar das coisas que os meninos da escola faziam, também tinha mais
amizades com meninas”. “Eu sofri muitas agressões, físicas não, mas
agressões verbais foram muitas e acontecem até hoje”. “O dia mais difícil foi
enquanto eu esperava um amigo no metrô, para irmos a um show, estava
sozinho sentado. Então, dois homens se aproximam para me agredir, mas um
grupo LGBT estava próximo e me ajudaram, perguntaram se estava tudo bem,
naquele momento sentir segurança”.

A homofobia é o conjunto de práticas e discursos negativos sociais, morais e

jurídicos que afeta com palavras ou ato físicos contra um homossexual. A pior
homofobia que essas pessoas podem sofrer, considerada a mais dolorosa é
aquela que acontece no ambiente familiar. Pois, é onde se encontra o amor,
compreensão, respeito e confiança. Mas, na maioria dos casos as famílias não
aceitam o filho, e tratam como se fossem um doente, humilhando, tendo como
violência física, ou psicológica em outros casos a expulsão de casa.
Daniel, afirma: “Eu sofri muitas agressões nas festas da minha família. Meu
primo, sempre fazia brincadeiras, me chamava de ‘’viado’’ e tentava me colocar
para baixo, eu evitava participar dos encontros familiares, pois sabia que iria
passar por algum constrangimento”. “Nunca tive muitos amigos, por isso sou
muito próximo das minhas irmãs elas são minha fortaleza”.

O governo atual de extrema direita tem a definição de família à união entre

homem e mulher proposto pelo Estatuto a família, por exemplo, tem se
apresentado como uma das grandes tendências do projeto político conservador
em ascensão no Brasil através do apoio religioso. Lilian Ribeiro, psicóloga, 22
anos, explica que “A família é a primeira instituição em que o ser humano é
incluído, é a partir dela que o ser vai se constituindo, através da cultura, gostos,
e tradições”. A psicóloga também conta que “Quando pessoas homoafetivas
sofrem agressões por parte de familiares, é mais difícil por acreditar que em
casa vai ser aceito e ter apoio’’. Uma das preocupações do conservadorismo é
materializada em pensamentos imediatos do senso comum que a “moda da
homossexualidade seja transmitida” às crianças e jovens, que passem a não
valorizar mais as tradições de subserviência familiar e rigidez patriarcal nos
papeis hierárquicos destinados às famílias. Nesse sentido também se destaca
a retirada do debate de gênero e sexualidade de diversos planos escolares
municipais e estaduais e o ataque à resolução que instituiu parâmetros para o
acesso e permanência de travestis e transexuais na escola, sob o argumento
principal de que as crianças deveriam utilizar o banheiro de acordo com o
órgão sexual, e não sua identidade de gênero.

Recentemente, ocorreu o Julgamento do Supremo Tribunal Federal sobre a

criminalização da homofobia, que já conta com uma maioria de seis dos onze
votos, enquadrando ofensas e agressões a homosexuais e a transexuais
previstas á lei de racismo no país. O tema chegou a corte por meio de ações
movidas pela Associação Brasileira de Gays, Lésbicas, Travestis, Transgênicos
e Intersexos (ABGLT), expondo a realidade atual na bancada conservadora do
congresso, colocando em prática a discussão sobre a realidade do país em que
mais mata LGBT no mundo. Em tempos de conservadorismo uma guerra
cultural entre progressistas e bolsonaristas põe em debate o poder judiciário de
proteger as minorias.
Museu da Diversidade Sexual

Exposição, “Será que ele é?”, no Museu da Diversidade Sexual em São Paulo (Foto:
Reprodução).

O museu da diversidade sexual, localizado no metrô República em São Paulo.

Tem como objetivo conscientizar o público sobre a importância do respeito,
tolerância e a valorização da diversidade sexual. Atualmente contam com uma
exposição inspirada no carnaval “Será que ele é?” que faz relação histórica
entre a comunidade LGBT e a maior manifestação cultural do Brasil. A idéia do
nome surgiu com a letra da marchinha de carnaval que foi referência nos bailes
carnavalescos dos anos 60, que aponta a importância da diversidade na
construção do carnaval, época do ano onde muitos se sentem á vontade para
expor suas escolhas. Muitas vezes oprimidas durante o ano, sem medo da
opressão. O espaço destinado á memória LGBT, é importante para a
disseminação da cultura, pois o tema sobre a Diversidade Sexual encontra
dificuldades em espaço mais tradicionais como, escolas, museus e exposições.
Por conta da política atual do Brasil, que está baseada no conservadorismo e
na família tradicional.