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HIPERATIVIDADE EM QUESTÃO
TEORIA E TERAPIA
2000
Atualizado
Registro BN 199375-340-34
Rio de Janeiro
INDICE
Introdução ................................................................. 4
Distúrbio do Déficit da Atenção e Hiperatividade (DDA-H).. 6
Desatenção ................................................................ 6
Hiperatividade e Impulsividade....................................... 7
Formas secundárias ou resultantes do DDA ..................... 8
Tamborilando, Batendo os Pés, Movimentando-se ............ 9
O Que Você Disse Mesmo? .......................................... 11
O adulto com DDA-H .................................................. 12
Trabalhos Mais Indicados Para Portadores de DDA-H....... 14
Temperamento Não é Destino.................................. ... 15
Pessoas Conhecidas com DDA-H .................................. 16
Uma Questão de Adaptação .................................... .... 19
Qual É A Chave? ....................................................... 22
Conversando Com A Criança ....................................... 24
A Atenção ................................................................ 26
Afinal o que é a Atenção? ........................................... 26
Treinamento da Atenção ............................................ 27
O Cérebro Aprende pela Repetição................................ 29
Controle do Impulso .............................................. ... 31
Sinal de Trânsito ....................................................... 32
Auto-controle ........................................................... 34
Conhecendo Nossas Emoções ..................................... 36
Lidando Com As Emoções........................................... 38
O Truque da Tartaruga .............................................. 39
Algumas Considerações ............................................. 41
Aprendizagem........................................................... 43
Distúrbio da Aprendizagem......................................... 47
Aos Pais e Professores ............................................... 49
Algumas Formas De Ajudar As Crianças com DDA-H....... 51
O Papel Da Escola ..................................................... 54
2
A Escola .................................................................. 56
Atitudes Que Ajudam Escolas, Professores e Crianças...... 58
Medicação................................................................. 61
A Memória ................................................................ 63
Pequenos Recursos De Memória .................................. 67
A Leitura .................................................................. 69
A Cópia Na Sala De Aula ............................................. 71
Encorajando Comportamentos ..................................... 73
Associações De DDA-H No Brasil .................................. 75
Minha História ........................................................... 76
Tia Aloísia ................................................................ 79
Joana ...................................................................... 81
Relato de Caso.......................................................... 82
Consultas via email ................................................... 85
Perguntas Mais Freqüentes ........................................ 92
Bibliografia .............................................................. 96
3
INTRODUÇÃO
4
atenção é um trabalho importante, pois afinal ela tem também direito
de saber e opinar sobre o assunto, já que é a maior interessada e
atingida pelo problema. Também uma abordagem da escola,
ajudando-a a entender e lidar com o problema, sugerindo
treinamento e atividades facilitadoras, de como ajudar a criança,
lembrando que todos estão diretamente envolvidos no trabalho:
médico-terapeuta-criança-família-escola que devem funcionar
juntando suas forças na mesma direção.
5
O DISTÚRBIO DA ATENÇÃO
DESATENÇÃO
6
- A criança não copia os deveres escolares,
- Parece não escutar quando lhes falam, está pensando em outra
coisa, distraída...
- A criança não termina as tarefas escolares;
- Perde as coisas facilmente;
- Se distrai facilmente com qualquer estímulo externo ou interno;
- Tem dificuldade em seguir instruções
Hiperatividade e Impulsividade
7
mencionar que algumas patologias entram e saem do quadro do
DSM-IV, de tempos em tempos, como o alcoolismo, tabagismo etc.
8
Os aspectos negativos do déficit de atenção são objeto de nosso
estudo neste livro, assim como o seu treinamento.
10
O QUÊ VOCÊ DISSE MESMO?
Meu pai teve que aprender a conviver com duas pessoas hiperativas e
impulsivas: eu e minha mãe. Ele acabou nos treinando assim: toda
vez que estava contando alguma coisa, ou dando uma informação e o
interrompíamos adiantando o que achávamos que ele queria dizer,
ele pedia a palavra e começava a falar tudo novamente desde o
comecinho... e mais uma vez, e mais uma vez. Até concluirmos que
era preciso ouvir até o fim o que ele queria dizer, porque nem sempre
era o que queríamos crer... mas de vez em quando acontece...
11
O ADULTO COM DDA-H
12
Como resultado, adultos, especialmente os não diagnosticados, não
tratados ou treinados, sofrem experiências desagradáveis e
enfrentam muitos problemas decorrentes da desordem e outros
sintomas que incluem:
- distração
- desorganização
- esquecimentos
- impulsividade
- falta de iniciativa
- variações constantes de humor
- ansiedade
- conduta de oposição
- depressão
- baixa auto-estima
- inquietação
- abuso de drogas
- problemas de relacionamento
- comportamento compulsivo
- comportamento obsessivo
- comportamento agressivo
- comportamento impulsivo
14
TEMPERAMENTO NÃO É DESTINO
15
PESSOAS CONHECIDAS COM DÉFICIT DE ATENÇÃO E
HIPERATIVIDADE
Steven Spielberg
Thomas Edson
Einstein
Leonardo da Vinci
Walt Disney
John Lenon
Louis Pasteur
Darcy Ribeiro
Ziraldo (e seu personagem Menino Maluquinho)
16
como desfocalizava a atenção de uma coisa e chegava em outra e
mais outra. Vemos também a qualidade da hiperatividade.
Certamente nesta época o ensino não era de massa, era mais no
ritmo da pessoa. Bem canalizado e adaptado pode desenvolver-se e
desenvolver seu trabalho. Arrumou o seu jeito para despistar seu
trabalho variado e escrevia em espelho, dificultando a fiscalização
que a igreja fazia na época. Certamente tanta atividade não partiria
de uma mente pouco ativa e muito centrada, focalizada.
Conheci pouco de Darci Ribeiro, mas era só ouvi-lo falar para notar
sua hiperatividade, expressa inclusive em sua variada obra.
18
UMA QUESTÃO DE ADAPTAÇÃO
19
grande número de problemas sociais, incluindo os delinqüentes
juvenis e adultos desempregados.
21
QUAL É A CHAVE?
22
Deve-se aumentar a habilidade de focalizar a atenção em tarefas
maçantes. É como exercitar um músculo. Você o exercita e ele fica
mais forte. Gradativamente!
23
CONVERSANDO COM A CRIANÇA
A criança percebe que algo não vai bem com ela. Acaba pensando
que é um estorvo, que não tem nenhuma qualidade, só defeitos.
Entretanto, quando falamos diretamente com ela, franca e
amorosamente sobre suas dificuldades, evitando palavras
contaminadas como mole, desorganizada, impulsiva, descuidada,
bagunceira, esquecida, etc., envolvemos a criança na sua terapia e
treinamento, obtendo um novo conhecimento, melhor informação,
cooperação e participação.
24
mesma situação, qual você acha que deve ser a sua melhor forma de
reagir? O quê será melhor fazer? ” Ensinar à criança com que
recursos deve contar para melhor realizar as suas tarefas.
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A ATENÇÃO
“Estou escutando
Escutando com os olhos e ouvidos
Escutando com a alma
Com todos os sentidos
Escutando com o coração
Escutar a mensagem que se esconde entre as palavras, entre os
fatos.
Descobrir. Apreender...
É uma soma de ver e ouvir com interesse. Podemos ainda dizer que
escutamos o mesmo que vemos, percebendo com a mente, com o
coração e com a alma. A chave é o que capta nosso interesse.
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A escola está interessante e competitiva com o mundo infantil
atual?! Esse é o grande desafio nosso, dos educadores.
Em meio a tanta variedade como se tornar interessante para captar a
atenção infantil? E, muitas vezes, em face de nossas limitações e
dificuldade de ensino... fica mais fácil transferir o problema para o
lado mais fraco, o lado da criança, fica assim definido e resolvido:
DISTÚRBIO DA ATENÇÃO!
TREINANDO A ATENÇÃO
ATENÇÃO DO TIGRE
Imagine-se um animal selvagem como um tigre ou um leão faminto,
no meio de uma selva. Sinta-se por um instante como um destes
animais. Veja-se no alto de uma pedra ou um monte, a espreita de
uma caça. Imagine o alimento preferido chegando, passando por
perto. O tigre coloca-se em postura de “vou comer AGORA!!!”
Seus olhos estão atentos, fixos na presa, sem desviarem-se um só
segundo. Seus ouvidos estão atentos, completamente voltados para o
alvo. Sua postura está completamente atenta envolvida e voltada
para o alvo. Sua mente estará totalmente fixada no alvo. Sua
vontade estará completamente voltada, para o alvo. E quando o tigre
finalmente decide pular em cima de sua presa, certamente não irá
hesitante, mas certeira e decididamente. Isto é o máximo da
atenção! No exercício de atenção do tigre, sinta ao mesmo tempo a
postura, a respiração, o olho brilhando e o ouvido pulsando de
atenção! Faça ainda uma pressão nas mãos ou num dedinho, como
fixando, intensificando, ancorando este estado máximo de atenção.
Sinta este estado, intensifique este estado máximo de atenção, repita
várias vezes, treinando a atenção do tigre. Este treinamento e esta
repetição forma um caminho neurológico da atenção. Este deve ser o
treinamento da atenção! Conscientizar o que é a atenção, como é ter
atenção, para que serve ter atenção, quando vou decidir usá-la com
inteligência voltada para o que é importante para mim, ou seja para o
meu alvo. Definir os alvos a serem atingidos. Observar quando me saí
bem, tive atenção completa, ou dizendo melhor, quando tive atenção
completa me saí bem numa tarefa. Aprender isto e levar as crianças
a aprender, verbalizar e treinar, sentirem como um tigre em estado
de atenção!
27
a-g-o-r-a. É inteligente dirigir toda a minha vontade para o que
estou fazendo agora, seja para me livrar logo disso ou para me sair
bem nisto, porque senão eu vou me dar mal, porque esperam isto de
mim, porque é minha obrigação, etc. Agora estamos falando da
capacidade de motivarmos a nós mesmos. Lembrar que motivar é
buscar um forte interesse para fazermos alguma coisa. Esta
compreensão de buscar um motivo é muito importante, já que muitas
vezes a criança ou nós mesmos não temos muito claro o porquê das
coisas, os motivos que nos levam a agir. Devemos ver isto com as
crianças e muitas vezes conosco mesmos.
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CONTROLE DO IMPULSO
31
SINAL DE TRÂNSITO
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aluno também atrasado entrar na escola. Logo depois que o aluno
entrou, teve sua passagem impedida no portão. Ele então forçou e
acabou entrando “na marra” , em vez de argumentar com o porteiro.
Dessa forma, usando a violência, acabou envolvendo no seu ato, a
direção da escola e acabou sendo expulso. Ele mesmo falando sobre
o problema, depois, viu duas ou três outras formas de melhor
resolver o problema, minorando os “prejuízos”.
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AUTO-CONTROLE
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Dissociação - Significa sair “na minha imaginação” do próprio corpo
ou de uma situação e poder observar “do lado de fora”, o que está
acontecendo. Assumimos o papel de um observador, sem
envolvimento direto no caso e sem a emoção forte de quem está
sofrendo a ação ou a situação. Esta dissociação nos leva a ver, sentir
e analisar, isenta e inteligentemente, o acontecimento, possibilitando
a escolha da melhor opção de sentimento, pensamento ou
comportamento.
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CONHECENDO NOSSAS EMOÇÕES
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Muitas vezes a gente tem uma forte emoção, e em conseqüência
disso faz algo ruim, destrutivo ou inadequado e se arrepende depois.
Aprender que isso é um mecanismo ajuda, e podemos decidir fazer
um esforço para mudar esse padrão, mudar esse comportamento.
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LIDANDO COM AS EMOÇÕES
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Como você se sente quando está:
Frustrado
Ofendido
Irado
Ansioso
Ensinar as crianças:
Autocontrole
Persistência
Motivar-se
Conhecimentos a aprender
1. confiança
2. curiosidade
3. intencionalidade
4. auto controle
5. relacionamento e entendimento
6. capacidade de comunicar-se verbalmente
7. cooperação
O TRUQUE DA TARTARUGA
Era uma vez uma tartaruga. Ela gostava de brincar com seus amigos.
Às vezes gostava de brincar sozinha. Outras vezes tinha dificuldades
na escola, com os professores ou com seus colegas. Às vezes ela
ficava tão irritada que não sabia o que fazer, como lidar com essa
emoção, como lidar melhor com seus professores, na sala de aula ou
com seus amigos.
Ela sofria muito com isso. Ficava com os sentimentos à flor da pele.
Um dia ela conheceu uma velha tartaruga, de 300 anos. Era uma
tartaruga muita sabida. A tartaruguinha lhe perguntou o que fazer
nesses momentos difíceis? A velha tartaruga lhe ensinou que quando
se sentisse assim com muita raiva, irritada, sem saber o que fazer,
deveria entrar bem depressa para dentro do seu casco. “Enfie os
braços, as pernas e a cabeça dentro do casco. Lá dentro é tranqüilo e
ninguém vai poder lhe incomodar, até que possa se acalmar. Respire
fundo e pense qual é o problema e qual é a melhor coisa para fazer”.
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Os pais e professores podem ensinar a criança a fazer este
treinamento, identificando a emoção “Estou vendo que você está com
raiva. Vamos nos acalmar juntos, vamos juntos respirar fundo.
Vamos ver qual é a melhor forma para resolver o problema”. As
crianças dessa forma vão aprendendo e treinando a controlar melhor
suas emoções. Elogiar a criança é uma das formas mais eficazes de
se corrigir comportamentos e de motiva-las na busca de um
comportamento mais saudável.
40
ALGUMAS CONSIDERAÇÕES
41
Deve-se enfatizar a importância da participação do professor no plano
de tratamento com remédios, através de observações e comentários
que possam ajudar a melhor monitorar o tratamento, assinalando
uma melhora.
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APRENDIZAGEM
Uma criança de 18 meses, pelo modo como age, podemos dizer que é
hiperativa, e que é incapaz de prestar atenção, mas o fato é que
presta atenção a tudo. Só que esta atenção dura muito pouco tempo,
porque há muito que aprender, ver, ouvir, cheirar e provar! Não há
outro meio de aprender, a não ser pelo uso dos sentidos. Quando
restringimos sua capacidade de arrastar-se, engatinhar, inibimos o
desenvolvimento dos seus sentidos, e consequentemente do seu
desenvolvimento neurológico. Sua motivação é natural por laços
afetivos: a criança quer copiar, espelhar e modelar a mãe e desta
forma assimilar o mundo. É uma questão de sobrevivência.
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Aprendendo a ler, a criança treina e amadurece seu trajeto visual,
treina seu cérebro. Dessa maneira, a inteligência visual e auditiva da
criança cresce conforme a oportunidade de aprender grande número
de fatos. Quando se melhora uma função do cérebro, melhoram-se
todas as funções. Não é verdade que a criança se torna mais
inteligente à medida que escreve melhor, lê melhor, aprende melhor
e fica mais desembaraçada, é exatamente o contrário: à medida que
treina mais, desenvolve melhor.
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é verdade que a falta de função produz uma estrutura pobre. A
função faz o órgão.
DISTÚRBIO DA APRENDIZAGEM
47
dificuldades. Surgem as dislexias que se não tratadas no início,
cristalizam-se.
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AOS PAIS E PROFESSORES
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os dentes e trocar-se nos próximos 15 minutos e depois
ir para cama.
12. Lembre-se: a repetição é a mãe da habilidade. Não se
exija ser uma mãe ou pai perfeito. Dê-se crédito, viva
um dia de cada vez. A aprendizagem se faz a cada dia, e
por todos os dias. Ninguém nasce feito...
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ALGUMAS FORMAS DE AJUDAR CRIANÇAS COM
DÉFICIT DE ATENÇÃO
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• Repetir todos os dias as regras que aprendeu (o que necessita
memorizar).
• Visualizar as coisas que fará ou as redações que escreverá.
• Manter um “dicionário” pessoal das palavras que erra com
freqüência.
• Promover um local tranqüilo para a criança estudar ou fazer suas
lições.
• Usar cores, sempre que possível, nos exercícios de português ou
matemática.
• Usar jogos de computador.
• Ler o problema de matemática duas vezes, antes de resolvê-lo.
• Usar palavras-chave.
• Praticar os exercícios.
• Limpar a mesa de material ou livros desnecessários às atividades
que executará.
• Reforço verbal apropriado ao comportamento, ajudando a focalizar
a atenção no que irá fazer, ignorando o comportamento
inapropriado. É comum os pais “lembrarem” comportamentos não
desejados quando
dizem “não vá ficar fazendo bobagem, se distraindo,
vendo televisão ou brincando”. Eles estão exatamente
colocando nas mentes das crianças “distração e
brincadeiras”!
• Simples observações como “bom trabalho”, “muito bem” ou
“gostei”, “vou dar um beijo por este trabalho bonito” encorajam o
comportamento apropriado.
• Não hesite em pedir à criança que mude o comportamento
inadequado. Repreensões breves devem ser dirigidas ao
comportamento da criança, não à criança.
• Em alguns casos é melhor ignorar o comportamento inadequado,
a fim de que a criança não faça uso dele para chamar atenção.
• Use pistas visuais ou corporais, como (por exemplo) apontar
“aquela” tarefa a ser feita ou mesmo segurar a criança, inibindo
algum comportamento inadequado.
• Muitas vezes a aproximação física é suficiente para ajudar a
criança a focalizar a atenção no que você diz ou ao que ela deve
fazer.
• Na escola, as crianças com dificuldade de focalizar a atenção
devem sentar-se próximo à professora, facilitando sua
monitoração, ou reforçando sua atenção e comportamento.
• O uso de atividades curtas é menos desgastante para a criança e
mais proveitoso. É mais fácil para as crianças manterem a
atenção em três períodos de 10 minutos de atividades do que em
um único período de 30 minutos.
• As salas de aula devem ser bem iluminadas e silenciosas. O nível
de ruído baixo é muito importante.
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• Repetir a ordem dada ajuda a criança a focalizar a atenção. A
repetição ou a verbalização pela criança do que ela deverá fazer
ou em que deverá prestar atenção potencializa o estimulo.
• A música clássica em altura moderada ajuda na concentração.
• Fazer anotações, tanto por parte dos pais como por parte da
criança, ajuda a direcionar a atenção.
• Dar ordens claras e simples
• Manter listas de tarefas.
• Organizar espaços como lugar específico para deixar chaves,
pastas, etc. Há pessoas que perdem muito tempo procurando as
chaves, os óculos, quando o simples fato de manter “ lugares
certos” para guardá-los resolveria definitivamente o problema.
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O PAPEL DA ESCOLA
Hoje se sabe que nem todos aprendem da mesma forma, nem todos
processam o pensamento da mesma maneira. Uns são mais visuais,
outros mais auditivos, outros mais de ação (aprendem fazendo). A
escola continua da mesma forma. A escola não aprendeu nada.
A escola tem que estar à frente no mundo e não atrás, como tem
sido.
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A ESCOLA
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Entender que a criança, que tem o impulso de levantar-se da sala
para "fazer xixi”, “beber água” ou ir a mesa do colega, faz isto por
várias razões: por fraco auto-controle, porque não agüenta atividades
longas, porque se distraiu e perdeu o fio da meada ou simplesmente
por impulso de se movimentar. Cabe à escola desenvolver um
programa especial ou adotar medidas que a ajudem a desenvolver o
auto-controle. Não adianta o professor forçar muito e impedir, por
exemplo, que a criança vá ao banheiro a toda hora. Já tive casos de
crianças que não agüentavam essa exigência e saíam da sala apesar
da proibição do professor. O que resultava dessa atitude extrema do
professor era o descumprimento da proibição, além de sentir-se sem
autoridade perante a turma. Se parássemos para pensar como
ajudar a criança neste caso, buscaríamos outras soluções: o professor
poderia negociar com a criança dizendo que ela teria direito de
levantar-se determinado número de vezes, ou que ela poderia ir em
10/5 minutos para isso e marcar num calendário com um sinal de
parabéns o número decrescente de vezes em que se levantaria para
deixar a sala. Poderia ter assim a compreensão e a participação da
turma, que funcionaria como uma alavanca de incentivo ao auto-
controle, e outras mais soluções poderiam ser desenvolvidas.
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ATITUDES QUE AJUDAM ESCOLAS, PROFESSORES E
CRIANÇAS
58
Prestar atenção a sinais de que a criança está “voando” para poder
chamá-la com uma observação ou uma pergunta.
Levar a criança a achar e corrigir seus próprios erros, tanto de
escrita, leitura, como de comportamento.
Lembrar a criança a redirecionar o foco de atenção apropriadamente.
Diminuir o nível de ruído.
Preparar a criança mental e emocionalmente para o que vai fazer ou
acontecer “Agora vamos fazer... ou agora vocês vão...”
Visualizar as redações que vão escrever, “Vamos primeiro passar um
filme na nossa cabeça...”
Fazer a criança contar sobre o que leu.
Fazê-la representar sobre o assunto ou a matéria.
Fazer jogos de leitura.
Ensinar truques de memória.
Repetir a lição, regras, o que deverá fazer ou escrever.
Pedir à criança que faça um pequeno dicionário individual das
palavras difíceis, ou das que erra com freqüência.
Usar cores diferentes para palavras ou sílabas difíceis.
Usar código de cores no treinamento de contas, parcelas, linha de
números ou cores para 2 e 3 algarismos etc.
Organizar agenda: código de cores para diferentes atividades.
Sentar a criança longe das “distrações”. Sentá-la perto de colegas
que sejam modelos positivos.
Pode ser estabelecido com a criança um sinal particular (ou secreto)
que vá lembrá-la de prestar atenção ou re-focalizar a atenção.
A criança deve ter um colega ajudante para checar o dever de casa.
Desenvolver o hábito de limpar a mesa de material, livros,
brinquedos desnecessários àquela atividade. Pode inclusive ter um
colega (hábil) que a ajude nessa tarefa.
Desenvolver o hábito de assinalar o que já foi feito.
Organizar um esquema de atividades.
Treinar seqüência de atividades.
Permitir que testes tenham um tempo maior para serem concluídos
ou que se faça o teste em 2 partes ou momentos diferentes. Muitas
vezes vemos que provas extensas medem mais a resistência que o
conhecimento.
Ensinar (treinar) a criança a ler um problema de matemática 2 vezes.
Ler 2 vezes a resposta para ver se escreveu certo. Costumo dizer:
“Agora faz de conta que você é o professor e vai achar os erros”
Usar palavras chave que reforcem uma a outra, como soma, total,
todos juntos.
Dar exemplos concretos da vida real.
Não hesitar em pedir à criança que mude o comportamento
inadequado. A repreensão deve ser sempre feita diretamente ao
comportamento e não à criança.
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Reforçar sempre o comportamento apropriado com frases curtas
como “bom!”, “bom trabalho!”, “gostei!”, “muito bem!”.
A escola deve, caso necessário, promover uma avaliação
multidisciplinar da criança e até desenvolver um programa
individualizado complementar para a criança portadora de déficit de
atenção.
A escola pode criar um prontuário onde são registrados observações
e relatórios de evolução comuns à escola e à casa.
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MEDICAÇÃO
61
social. Outros estudiosos questionam se não estaremos produzindo
uma geração de drogados.
62
A MEMÓRIA
63
Alguma atividade que executamos pela primeira vez não será bem
feita. A repetição da atividade levará a uma melhor execução ou à
perfeição . Assim tem sido com a aprendizagem de um esporte, com
o ato de cozinhar, pintar, costurar, trabalhar em qualquer atividade.
É a repetição, que fará a cada vez os ajustamentos do ato correto,
menos dispendioso de energia, econômico no gesto e mais preciso. A
repetição é a mãe da habilidade. O jogador de vôlei Oscar Schmit,
revelou numa entrevista que treinava fazer cesta em sua casa todos
os dias cerca de 500 vezes, com os olhos abertos e até com os olhos
fechados. Ele estava treinando seus sentidos, seus movimentos,
a-p-e-r-f-e-i-ç-o-a-n-d-o. Por isto tornou-se um “craque”. O cérebro
aprende pela repetição, pelo interesse e pela dedicação. Quem é
bom aluno, bom profissional, ou faz uma coisa bem, verificaremos
determinados itens em comum envolvidos: atenção, interesse e
repetição. Eu chamaria isso de dedicação. Uma plantinha para
crescer, não pode ser regada somente uma vez, necessitará cuidados
diários, constantes. O bom lutador, o bom jogador, o bom aluno, o
bom profissional tem em comum estas características: repetição,
atenção, interesse e dedicação.
Técnicas de memória:
1. Associação
A – você associa o que vê com outros fatos já sabidos,
que você já tem no seu arquivo de memória. Assim vai
fazendo mais conexões cerebrais.
B – você associa os ítens que deseja memorizar, na
ordem que desejar, de uma forma inusitada,
divertida, maluca, diferente, formando links, ou
ligações entre as palavras chaves. Por exemplo:
costumo dar 10 a 20 fichas com imagens a meus
pacientes, pedindo que façam associações,
engraçadas, na ordem apresentada.
De 10 palavras: zebra – carteiro – laranja – professor
- cozinheiro – guarda-chuva etc. A própria pessoa,
imagina sua história que poderá ser: “ Uma zebra
vestida de carteiro, levava uma laranja para o
professor, que tinha na sala de aula um cozinheiro
usando um guarda-chuva etc. Os itens serão
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memorizados, de uma forma divertida, sem esforço e
na seqüência exata. Da mesma forma a criança ou o
indivíduo poderá ter usa lista e atividades para fazer ou
comprar, memorizada de uma forma interessante,
engraçada, divertida.
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Esquema – O mesmo trabalho realizado com desenho, acima, pode
ser realizado, através do uso de palavras chaves. Quando se lê o
texto que se quer memorizar, marcam-se as palavras chaves, ou
seja, as palavras importantes, e se transcreve para um papel,
ligando-as com círculos e setas indicativas de seqüências ou da
palavra principal. Da mesma forma, se tenta recuperar o texto na
sua íntegra, a partir do esquema de palavras chaves. Este esquema
pode descansar em lugares estratégicos, onde meus olhos possam
pousar, casualmente e aí então o gráfico ser revisto. Como o cérebro
aprende pela repetição, depois de ver aquele gráfico, em várias
ocasiões, o texto terá sido memorizado, sem esforço,
ou sofrimento.
Aos poucos, e com treino, essa voz interna, vai aumentando seu
volume, sendo mais percebida e ouvida. Neste ponto ela será útil,
reforçadora, e potencializadora de atividades bem realizadas.
Mas, por favor, quando ela começar a dizer coisas ruins, que não
ajudam, que enfraquecem, que são como pensamentos tóxicos ou
viróticos, que fazem mal, atrasam a vida, do tipo “sou mesmo burro”,
“eu sempre me ferro”, “nunca vou aprender isto”, “você não sabe”,
então não dá! Por favor, abaixem bem o volume, ou mesmo mudem
a “estação” para uma outra mais útil, porque desta, ninguém precisa!
68
A LEITURA
69
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70
A CÓPIA NA SALA DE AULA
71
Com um treinamento progressivo, que ajuda a focalizar a atenção, a
criança passa a render muito mais, e conseguir terminar as tarefas,
se distraindo menos, além de ter aumentada a sua auto-confiança.
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ENCORAJANDO COMPORTAMENTOS ADEQUADOS -
REFORÇO
73
empurrar o prato para o lado, ainda com comida, deve tratar de
comemorar.
74
ASSOCIAÇÕES DE TDA-H / DDA-H
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MINHA HISTÓRIA
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alegria! Eu era pequena e achava que ninguém melhor para ensinar a
gente que minha tia Lourdes. Tinha uma paciência incrível! Ficava me
ensinando as regras gramaticais enquanto eu ficava pulando e dando
cambalhotas. Eu ficava muito surpresa e muito agradecida pelo
comportamento dela também de não brigar comigo... Era uma
“liberdade”! Era a melhor forma de aprender, e ela era a melhor
professora!!!
Está a muitas léguas atrás aquela menina que não queria nada, não
conseguia estudar. Hoje sei que sou uma profissional de ponta! Mas
é claro que a história não vai parar aí... a hiperatividade precisa
material!
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Como sou hoje: muito paciente com o meu trabalho... meus
estudos...minhas pesquisas... meus escritos...muito impaciente com
pequenas coisas que me atrapalham ou não me interessam...
incansável para certas coisas... frágil para outras...sempre inquieta...
sabendo e respeitando meus pontos fracos e fortes.
78
TIA ALOÍSIA
79
Seus 5 filhos já presenciaram Aloísia sair do banho, com as roupas e
a toalha dobradas no braço, pois esquecera de vestir-se e também de
enrolar-se na toalha!
Mais de uma vez, recebi sua visita no fim da tarde, pois éramos
vizinhas. Conversávamos (era uma ótima conversa!), e depois de um
longo papo ela se assustava! “Nossa! Saí um instantinho pra ir à
padaria comprar pão! Está todo mundo lá em casa esperando pro
café!!!”
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JOANA
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RELATO DE CASO
Aos 3 anos de idade foi para o Jardim de Infância, para onde ia com
prazer mas não parava quieto na sala de aula. Entre os 3 e 6 anos
tinha dificuldade em realizar as tarefas escritas (era avesso à lápis e
papel e não nomeava as cores básicas). Aos 5 anos, após ter sido
avaliado pelo pediatra, foi encaminhado à psicologia onde trabalhou
exercícios para desenvolver a coordenação motora. Era uma criança
que necessitava de espaços abertos para correr e brincar e exigia
constante vigilância devido à sua grande agitação e impulsividade.
82
Nesta época eu tinha a sensação que o H. não conseguiria concluir a
4a série primária tal era a dificuldade escolar que apresentava.
Constantemente eu era chamada na escola, a qual não sabia como se
conduzir com o H. Os professores não conseguiam trabalhar
adequadamente com ele e ele tinha dificuldade nos deveres de casa.
O tempo em que ele parava quieto era mínimo (10 minutos no
máximo) e nunca conseguia fazer as tarefas sozinho. Estudar junto
com o H. era a única forma de ajudá-lo a fixar a atenção mas isso
desgastava muito o nosso relacionamento.
Sinto que um passo adiante precisa ser dado, e este passo é atacar
de frente o tratamento da ADHD, talvez com uma terapia
medicamentosa específica associada a um treinamento específico.
Precisa sentir-se capaz, valorizado, ter sua auto estima elevada.
Percebo que aqui no Brasil pouca importância se dá a este distúrbio e
fora alguns neuropediatras e fonoaudiólogos poucos são os que
conhecem e tem segurança na condução de um tratamento que seja
efetivo.
EVOLUÇÃO DA TERAPIA:
Foi feito um trabalho com o rapaz, no sentido de compreensão do
problema e levantamento das dificuldades específicas. Treinamento
perceptivo, treinamento específico da atenção, analise do
comportamento, controle do impulso, exercícios com desafios e
metas a serem cumpridas. O trabalho foi realizado com uma sessão
semanal durante 3 meses, já que o paciente não morava no Rio de
Janeiro. O objetivo foi alinhar sua atenção, conscientizá-lo de suas
habilidades, compreender “as regras do jogo da escola”, ajudá-lo a
estar mais adaptado à escola.
Foi com satisfação que recebi notícias, alguns anos mais tarde de que
o rapaz havia terminado seus estudos secundários, feito vestibular e
estava cursando universidade, fazendo estágio e motivado quanto à
sua carreira. E, sobretudo, confiante em seu potencial e em suas
habilidades.
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CONSULTA VIA EMAIL
CARACTERISTICA DE DISTRAÇÃO
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Email relativo a criança hiperativa de 7 anos
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CONSULTA VIA EMAIL - CASO DE UM ADULTO
88
CONSULTA VIA EMAIL – CASO DE UM ADULTO
CASO UNIVERSITÁRIA
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Sei que não sou uma pessoa limitada, acho até que falo e escrevo, de
certa forma, bem. Contudo, sinto a necessidade de entender o que
está acontecendo e encontrar uma solução.
Conto com sua ajuda.
MEDICAMENTOS
Meu nome é Silvia Suely e minha filha tem DDA. Gostaria de saber
mais a respeito do trabalho de vocês, mesmo porque moro fora do
Rio. Ela se trata com medicamentos, porém percebo que só o
medicamento não basta. Ela tem 14 anos , já existe toda uma
história de família.
Consulta de Psicopedagoga
91
PERGUNTAS MAIS FREQUENTES
O QUE É O HIPERCINÉTICO
R. Hipercinético é o indivíduo que tem a necessidade de estar sempre
se movimentando. Tem o impulso de se movimentar, a pessoa não
agüenta ficar parada ou atividades paradas. A alta intensidade dessa
movimentação definiria o hipercinético. Seria então o excesso de
movimentação.
92
atenção sem apresentar hiperatividade, podem até passar
despercebidas na escola, elas não incomodam. Passam como alunos
desinteressados, ou com baixo rendimento escolar. A professora não
percebe que durante a aula, se passar uma mosca ele acompanha
todo o trajeto da mosca voando na sala, e esquece de copiar o dever,
por exemplo. Já a criança hiperativa, que é agitada, incomoda muito
a escola. E infelizmente a maioria das escolas não está preparada
para lidar com esta criança e aí começam a rejeitar essa criança. É
muito comum verificar crianças que ficam pulando de escola em
escola, com dificuldade de adaptação! Quando a escola está
preparada para trabalhar com essas crianças, tem uma flexibilidade
maior, a criança é aceita, treinada para melhorar em suas
dificuldades e passa a ter um rendimento melhor. Quando a criança
pode ir no seu ritmo (rápido), ela vai ter um melhor desempenho.
94
QUAIS SUAS PRÓPRIAS LIMITAÇÕES E DIFICULDADES?
R. A limitação seria de um ambiente pouco estimulante ou com
conhecimento do problema.
A dificuldade ou limitação seria do tipo de atividade que o indivíduo
vai exercer. Uma pessoa hiperativa trabalhando num banco, por
exemplo, não seria bom nem para ela nem para o banco. Eles
precisam de atividades mais livres, movimentadas e criativas.
Gostam de desafios, de resolver problemas, de poder criar. Tem
dificuldade de seguir regras e manuais.
95
BIBLIOGRAFIA
BIOFEEDBACK
Mark S Schwartz (The Guilford Press- Second Edition-1995)
DYNAMIC LEARNING
Robert Dilts and Todd Epstein – Meta Publications -1995
INTELIGENCIA EMOCIONAL
Daniel Goleman, edit Objetiva – 19a. Edição
NEUROLINGUISTIC PROGRAMING
Robert Dilts – Meta Publications 1979
O CEREBRO DO CÉREBRO
Luiz Machado - Edição Cidade do Cérebro – UERJ
96
PRINCÍPIOS DA EMOTOLOGIA E EMOTOPEDIA
Luiz Machado – edição cidade do Cérebro – UERJ
REVOLUCIONANDO O APRENDIZADO
Gordon Dryden e Jeannette Vos – Macron Books - 1996
RESSIGNIFICANDO
Richard Bandler, J Grinder – Summus edit. – 1986
SAPOS EM PRIÍNCIPES
Rihard Bandler , J Grinder – Summus edit – 1982
MENTES INQUIETAS
Ana Beatriz Silva – Editora Gente
JORNAIS E REVISTAS
• THIS WEEK Revista (data 18/04/98)
• THE NEW YORK TIMES JOURNAL (20-03-2000)
• CH.A.D.D on line http://chadd.org
• DOCTOR’S GUIDE EDITION October 26, 1999
• ATTENTION (The Magazine for Families and Adults with Attention
Deficit Hyperactivity Disorder vols 5 no. 2 e 6 no.
97
• USATODAY JOURNAL (22-2-2000)
Endereço eletrônico:
www.heloisamiguens.fnd.br
email: hmiguens@uninet.com.br
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