O Benedito não, O Manuel, como sempre é claro! Manuel, colega de infância
nunca foi dos mais medonhos, suas incríveis façanhas não surpreendiam-nos pela periculosidade ou ainda pela sagacidade aplicada. Mas sim, pelas situações inusitadas com as quais nos deparávamos. Auge do início da adolescência , viamo-nos estranhamente ariscos, turrões, pré-revoltados e inconseqüentes como nunca dantes, Manuel, na mesma situação, continuava como sempre fora desdo o acontecimento ( leia-se nascimento, ou vice-versa). Assistíamos à uma animada aula de matemática. Professora veterana e sisuda, poucas palavras. Eu e Manuel, possuímos sempre um diálogo bastante aberto, aberto demais nas vezes em que proporcionava-me surpresas adoráveis: - Ei! (cochichando) É dia de pagamento nos Estados Unidos!!! – Sorriso eufórico e vitorioso Seus gases intestinais eram conhecidos como verdadeiros hecatombes nucleares, capazes de dissipar qualquer rodinha de amigos ou jogo de cartas, e, nessas situações corriqueiras do dia-dia, Manuel simplesmente colocava um ou dois cadernos sobre o colo para impedir que o metano subisse, e com golpes no ar, simulando uma bateria, rapidamente dissipava o pobre pum. Neste dia, porém, percebi que as manobras estavam complicadas demais, outrora, um simples pagodinho na bateria virtual seria sufientes, agora, Manuel parecia estar acompanhando o show da banda de Heavy Metal Sepultura, com movimentos incrivelmente ágeis e precisos, junto a percussão, um assobio assopradíssimo enchia a sala de aula com majestade. Mas realmente percebi que o trauma seria catastrófico quando constatei que até o delgado penal já estava em seu devido lugar na imensa pilha de livros, cadernos e revistas no colo de Manuel. Tudo em vão... - Minha Nossa!!!! Que cheiro horrível!!! A professora não fora a primeira a sentir, mas foi a primeira a reclamar do filho prodígio de Manuel, este, já suando tamanho o exercício, dignou-se a dar-se por desentendido, e apenas a assobiar mais assoprado ainda. A aula recomeçou, Manuel a essas alturas já tocava em duas baterias simultâneas e simplesmente soprava descaradamente, tal qual seus auxiliares, como eu e uns outros, que tocavam seus instrumentos virtuais no mesmo intuito: - Toca reco-reco que faz mais vento! – A banda virtual foi inútil, a professora, do alto de sua infinita sapiência, ensaiou duas náuseas gozadíssimas, a primeira levou a mão à boca, fechou os olhos e respirou, a segunda, mais grave, veio acompanhada de um soluço estranho, uma marcha atlética desengonçada e acompanhada de um cortês: - Com licença... – A aula acabara - Por favor, não conta que fui eu!!!! – O baterista com cãimbras - O que está acontecendo nesta sala? - A Diretora, que sentira a fragrância do corredor! Esta, experiente, levantou três curiosas teorias: 1- Alguém soltou pum? Rapidamente descartada, afinal este alguém estaria terminantemente podre. 2- Fio Químico? Provável. Objeto extremamente mal-cheiroso quando aceso, pode facilmente ser encontrado em qualquer loja de mágicas e tem exatamente esta função. 3- A mais curiosa e a aceita: Gato morto no terreno ao lado. - Ok, ok! Fechem as janelas que o fedor deverá passar! Entreolhamo-nos como de costume e permanecemos com as incríveis expressões de sabedoria de costume. O intestino do garoto trabalhou novamente, de janelas fechadas, tivemos o recreio adiantado e muito mais longo. Quando descoberto, o autor da incrível façanha foi praticamente canonizado, “São Mané” procurava desesperadamente o alimento causador da apocalíptica revolução intestinal. - Ô! Come isso de novo amanhã, cara! A “psora” vomita outra vez e não tem aula!!! – O plano inteligente, - Aparece na nossa sala amanhã!!! A gente paga!!! – Outra turma interessada nos talentos do poderoso “Fio Químico humano” Desta vez quase que Manuel encontra sua verdadeira vocação. O problema maior seria no monento do preenchimento de uma ficha qualquer: - Profissão? - Bem, eu....