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Irene Bessiere Cap 1 PT PDF
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Irne Bessire
Polivalncia do relato fantstico
No se deve ignorar as dificuldades que existem para tratar do fantstico, mas
elas resultam, muito freqentemente, dos pressupostos metodolgicos ou conceituais. A
prpria prudncia torna-se s vezes excessiva: Toda sntese nota J. Bellemin-Nol
sobre aquilo que chamamos de fantstico atualmente prematura, mesmo que as
pesquisas a esse respeito estejam se desenvolvendo. Estamos tentando colocar a questo
de encontrar-lhe um lugar: seu prprio lugar
1
. O obstculo nos parece consistir em
uma dissociao e uma dupla generalizao dos caracteres detectveis do relato
fantstico: o fantstico uma maneira de relatar, o fantstico se estrutura como o
fantasma
2
. Essa proposio terica separa o fundo e a forma, reduz a organizao do
relato a um trao no-especfico: a hesitao, e relaciona o imaginrio fantstico ao
inconsciente, seguindo uma assimilao pouco pertinente. A fragilidade dessa
formalizao, narrativa e simblica, parece o preo necessrio a ser pago para excluir
toda referncia ao contedo semntico do fantstico o sobrenatural ou o extra-natural
e para ignorar seu enraizamento cultural. Inversamente, toda anlise do texto
fantstico, segundo uma srie temtica, resolve-se numa enumerao de imagens,
mantidas tanto para as fantasias do artista, quanto para os sinais de um surreal patente.
De uma dissoluo da problemtica do relato fantstico na de uma narratologia e de
uma expresso do subconsciente, confuso do fantstico literrio com certo fantstico
natural ou objetivo, a crtica raramente evita o ponto de vista unitrio e falacioso.
BESSIRE, Irne. Le rcit fantastique: forme mixte du cas et de la devinette . In: ____Le rcit
fantastique. La potique de lincertaine. Paris: Larousse, 1974, pp. 9-29. Traduo de Biagio
DAngelo. Colaborao de Maria Rosa Duarte de Oliveira.