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Sumário

1 Limites de Funções 3

2 Derivadas 1
2.1 Coeficiente angular . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1
2.2 Definição de derivada . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6
2.2.1 A Derivada como função . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7
2.3 Regras de Derivação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10
2.3.1 Derivada de Funções Constantes . . . . . . . . . . . . . . . . . 10
2.3.2 Derivadas de Funções Potências . . . . . . . . . . . . . . . . . 10
2.3.3 Novas derivadas a partir de antigas . . . . . . . . . . . . . . . 14
2.3.4 Derivadas de Funções Trigonométricas . . . . . . . . . . . . . 16
2.3.5 Regras da Cadeia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
2.3.6 EXERCÍCIOS PROPOSTOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20
2.3.7 Derivada da Função Exponencial . . . . . . . . . . . . . . . . 22
2.3.8 Derivação Implı́cita . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24
2.3.9 Derivadas de Funções Logarı́tmicas . . . . . . . . . . . . . . . 25
2.3.10 EXERCÍCIOS PROPOSTOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27
2.3.11 Derivadas de Funções Trigonométricas Inversas . . . . . . . . 28
2.3.12 LISTA ESPECIAL . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30

A Funções Transcendentes 33
A.1 Função Exponencial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33
A.2 Função Logarı́tmica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37

B Demonstrações dos Teoremas 39

1
2 SUMÁRIO
Capı́tulo 1

Limites de Funções

3
Capı́tulo 2

Derivadas

Esse capı́tulo dará ao estudante uma ferramenta muito poderosa: a derivada.


Com ela se estuda com ricos detalhes o comportamento de uma função; podemos
encontrar os intervalos onde a função é cresente ou decrescente, intervalos onde sua
velocidade de crescimento aumenta ou diminui, pontos de máximo e de mı́nimo, im-
portantı́ssimos quando se quer otimizar resultados de um problema prático e muitas
outras informações podem ser extraidas da função estudada com essa ferramenta.

Para falarmos de derivada, é necessário conhecer o conceito de inclinação de uma


reta.

2.1 Coeficiente angular


Definição 2.1. Sejam (x0 , y0 ) e (x1 , y1 ) dois pontos distintos quaisquer sobre uma
reta que não está na posição vertical (x0 6= x1 ). A inclinação desta reta é dada pela
divisão da variação ∆y = y1 − y0 em y , pela variação ∆x = x1 − x0 em x.
∆y y −y
A inclinação é dada pelo quociente: ∆x = x1 −x0
1 0

Dizemos que uma reta que está na posição vertical possui inclinação infinita.

1
2 CAPÍTULO 2. DERIVADAS

Quando a reta está na posição horizontal a sua inclinação é zero.

Definição 2.2. A função f : R → R definida por f (x) = ax + b com a, b ∈ R e


a 6= 0 é chamada de Afim.

Exemplo 2.1. Observe os gráficos das funções f (x) = 2x + 1 e g(x) = −2x + 1 e


calcule a inclinação de cada reta.

Exemplo 2.2. Observe os gráficos das funções f (x) = 21 x + 1 e g(x) = − 12 x + 1 e


calcule a inclinação de cada reta.
2.1. COEFICIENTE ANGULAR 3

Independentemente dos pontos escolhidos pelo aluno, para calcular a inclinação


da reta nos exemplos anteriores, o resultado sempre será dado pelo coeficiente a
encontrado na expressão da função afim y = ax + b. Esse coeficiente também é
chamado de coeficiente angular da reta.

Observação 2.1. Quando b = 0 a função Afim recebe o nome de Linear. Quando


b = 0 e a = 1 a função afim recebe o nome de Identidade.

Exemplo 2.3. Observe os gráficos das funções f (x) = 4x , g(x) = 41 x e h(x) = x


e calcule a inclinação de cada reta.
4 CAPÍTULO 2. DERIVADAS

Reta secante e reta tangente

Desde o ensino fundamental, o aluno sempre teve contato com as ideias de reta
tangente e reta secante a uma circunferência. Veja a figura abaixo:

Qualquer aluno identificaria a reta r como tangente e a reta s como secante a


circunferência, baseando-se nas definições dadas a ele até o momento.
O que dizer a respeito das retas r e s abaixo que cortam o gráfico da função f? Qual
reta é tangente? Alguma é secante?

Uma reta, por sı́ só, não é secante e nem tangente, essas ideias são pontuais. Por
exemplo, a reta s é secante ao gráfico de f nos pontos (a, f (a)) e (c, f (c)), porém s
é tangente ao gráfico de f no ponto (d, f (d)). A reta r toca o gráfico em apenas um
2.1. COEFICIENTE ANGULAR 5

ponto, porém não é tangente ao gráfico.

Vejamos abaixo como encontrar a inclinação de uma reta secante que toca o
gráfico de uma função f em dois pontos distintos.
Definição 2.3. Se y = f (x) está definida no intervalo [x0 , x1 ], então o coeficiente
angular da reta secante ao gráfico de f que passa pelos pontos (x0 , f (x0 )) e (x1 , f (x1 ))
é dado por
∆y f (x1 ) − f (x0 )
= (2.1)
∆x x1 − x0
Este quociente é chamado de taxa média de variação de y em relação a x no intervalo
[x0 , x1 ]; quando f descreve um movimento retilı́neo de um móvel este quociente nos
dá a velocidade média deste móvel no intervalo [x0 , x1 ].

A definição de reta tangente em um ponto do gráfico de uma função f não


pode ser apenas visual, requer um pouco mais de esforço algébrico e a aplicação do
conceito de limite, visto no capı́tulo anterior.
Definição 2.4. Seja f uma função definida em x0 e em um intervalo aberto contendo
x0 . O coeficiente angular da reta tangente ao gráfico de f (x) no ponto (x0 , f (x0 )) é
dado pelo limite
∆y f (x) − f (x0 )
m = lim = lim (2.2)
∆x→0 ∆x x→x0 x − x0
desde que o limite exista. Este limite, quando existe, nos dá a taxa instantânea de
variação de y = f (x) em x0 ; quando f descreve um movimento retilı́neo de um
móvel este limite nos dá a velocidade instantânea deste móvel no instante x0 .
A expressão dentro do limite (2.2) nada mais é do que o coeficiente angular de
uma reta secante que passa por (x0 , f (x0 )) e por um outro ponto auxiliar (x, f (x)).
Observe que o valor x é variável e está próximo de x0 e o limite faz x tender a x0 .
Estamos então calculando o coeficiente angular da reta tangente usando os coefi-
cientes angulares de retas secantes que possuem o ponto (x0 , f (x0 )) em comum.
6 CAPÍTULO 2. DERIVADAS

Uma maneira mais prática para escrever e calcular o limite (2.2) pode ser encon-
trada realizando a seguinte substituição: h = x − x0
O novo limite será então:

f (x) − f (x0 ) f (x0 + h) − f (x0 )


m = lim = lim
x→x0 x − x0 h→0 h

Observação 2.2. Dada uma função f e um ponto (x0 , f (x0 )) de seu gráfico, se o
limite

f (x0 + h) − f (x0 )
m = lim
h→0 h
existir, então existe uma reta tangente ao gráfico de f no ponto (x0 , f (x0 )) e sua
equação é: y − y0 = m(x − x0 )

2.2 Definição de derivada


Definição 2.5. Seja f uma função definida em a e em um intervalo aberto contendo
a. Se o limite
f (a + h) − f (x)
lim (2.3)
h→0 h
existir, ele será será chamado de ”a derivada de f em a ”e será denotado por f 0 (a).

Como visto anteriormente, f 0 (a) nos dá o coeficiente angular da reta tangente
ao gráfico de f no ponto (a, f (a)).
2.2. DEFINIÇÃO DE DERIVADA 7

Exemplo 2.4. Calculando a derivada no ponto


Encontre a equação da reta tangente ao gráfico da função f (x) = x2 + 1 no ponto
(1, f (1)).

SOLUÇÃO:
Aplicando o limite (2.3) tem-se:

f (a + h) − f (a)
lim y
h→0 h
f (1 + h) − f (1) ƒ ƒ’
lim
h→0 h
[(1 + h)2 + 1] − [12 + 1]
lim
h→0 h
1 + 2h + h2 + 1 − 2
lim
h→0 h 0
2
2h + h 1 x
lim
h→0 h
h(2 + h)
lim
h→0 h
lim 2 + h = 2
h→0
0
Logo, f (1) = 2.
Sabendo que f 0 (1) = 2 é o coeficiente angular da reta tangente ao gráfico de f no
ponto (1, f (1)) e substituindo o ponto e a inclinação na equação geral da reta temos:

y − y0 = m(x − x0 )
y − 2 = 2(x − 1)
y = 2x

A equação da reta tangente ao gráfico de f no ponto (1, 2) é então : y = 2x. Observe


o gráfico acima.

2.2.1 A Derivada como função


Definição 2.6. A derivada de uma função f em relação a variável x é a função f 0
cuja expressão para x é
f (x + h) − f (x)
f 0 (x) = lim (2.4)
h→0 h
e cujo domı́nio é formado pelos valores x do domı́nio de f , para os quais o limite
existe.
Observação 2.3. Os pontos onde a função f 0 está definida são os pontos onde f é
derivável ou diferenciável.
8 CAPÍTULO 2. DERIVADAS

Observação 2.4. Outros sı́mbolos para representar a função derivada de y = f (x)


são:
df dy
f0 = dx
= y0 = dx
= Dx f
Exemplo 2.5. Aplicação da definição de derivada
(a) Determine a derivada da função f (x) = x2 − 2x;
(b) Esboce o gráfico de f e f 0 .
(c) Encontre a equação da reta tangente ao gráfico de f no ponto (−1, f (−1)).

SOLUÇÃO:
(a)Observe primeiro que o domı́nio de f é R. Aplicando o limite (2.4), temos:

f (x + h) − f (x)
f 0 (x) = lim
h→0 h
[(x + h)2 − 2(x + h)] − [x2 − 2x]
= lim
h→0 h
(x + 2xh + h − 2x − 2h − x2 + 2x
2 2
= lim
h→0 h
(2xh + h2 − 2h
= lim
h→0 h
h(2x + h − 2)
= lim
h→0 h
= lim (2x + h − 2)
h→0
0
f (x) = 2x − 2

O domı́nio de f 0 é então R também.


(b) Vejamos nas figuras abaixo, os gráficos de f e f 0 .
y y

ƒ’
ƒ
1 x

x -2
0 2

Podemos observar que quando f 0 (x) = 0, ou seja, para x = 1, a função f possui


uma tangente horizontal.
(c)O coeficiente angular da reta tangente é f 0 (−1) = 2(−1) − 2 = −4 e a equação
y − 3 = −4(x + 1).
2.2. DEFINIÇÃO DE DERIVADA 9

Veja o gráfico de f e da reta tangente.

Exemplo 2.6. Prove que a função f (x) = |x| não é derivável em x = 0.

Lembramdo adefinição de módulo temos:


x, x≥0
f (x) = |x| =
−x, x < 0
Vamos provar que o limite limh→0 |x+h|−|x|
h
não existe para x = 0.

|x + h| − |x| |0 + h| − |0| |h|


lim = lim = lim
h→0 h h→0 h h→0 h

Como
|h| h
lim = lim = lim 1 = 1
h→0+ h h→0+ h h→0+
e
|h| −h
lim = lim = lim −1 = −1
h→0− h h→0− h h→0−

os limites laterais são diferentes, logo o limite não existe, e se o limite não existe, a
função não é derivável em x = 0.
10 CAPÍTULO 2. DERIVADAS

2.3 Regras de Derivação


Usando a definição ??, vejamos como as derivadas de algumas funções se com-
portam.

2.3.1 Derivada de Funções Constantes


Seja f (x) = c, com c ∈ R.

f (x + h) − f (x)
f 0 (x) = lim
h→0 h
c−c
= lim
h→0 h
= lim 0
h→0
0
f (x) = 0

Assim, podemos definir a regra.

Teorema 2.1. Derivada de uma Função Constante

d
c=0
dx

2.3.2 Derivadas de Funções Potências


Tomemos a mais simples das funções potências, f (x) = x, aplicando a definição
de derivada temos:

f (x + h) − f (x)
f 0 (x) = lim
h→0 h
x+h−x
= lim
h→0 h
h
= lim
h→0 h
= lim 1
h→0
0
f (x) = 1

Logo, podemos escrever:


d
x=1
dx
Tomemos agora a função potência f (x) = x3 , aplicando a definição de derivada
2.3. REGRAS DE DERIVAÇÃO 11

a essa função temos:

f (x + h) − f (x)
f 0 (x) = lim
h→0 h
(x + h) − x3
3
= lim
h→0 h
x3 + 3x2 h + 3xh2 + h3 − x3
= lim
h→0 h
3x2 h + 3xh2 + h3
= lim
h→0 h
h(3x + 3xh + h2 )
2
= lim
h→0 h
= lim 3x2 + 3xh + h2
h→0
0 2
f (x) = 3x

Logo, podemos escrever:


d 3
x = 3x2
dx
Aplicando a definição, observamos que

d 2 d 4 d 5
x = 2x , x = 4x3 e x = 5x4 ,
dx dx dx

d 1
e ainda, x = 1x0 .
dx

Teorema 2.2. Derivada de uma Função Potência Inteira (ou Regra da Potência)

d n
x = nxn−1 , n ∈ N
dx

Vejamos a demostração desse resultado.


Demonstração:
Seja a função f (x) = xn , com n ∈ N. Pela definição ?? temos:

d n f (x + h) − f (x)
(x ) = f 0 (x) = lim
dx h→0 h
n
(x + h) − xn
f 0 (x) = lim
h→0 h

Para conclusão da resolução, deveremos desenvolver o termo (x + h)n e para isso


12 CAPÍTULO 2. DERIVADAS

aplicaremos o Teorema Binomial 1 e então


 
n n−1 n(n − 1) n−2 2 n−1
x + nx h + x h + · · · + nxh + h − xn
n
2
f 0 (x) = lim
h→0 h
n(n − 1) n−2 2
nxn−1 h + x h + · · · + nxhn−1 + hn
= lim 2
h→0
 h 
n−1 n(n − 1) n−2 n−2 n−1
= lim nx + x h + · · · + · · · + nxh +h
h→0 2
f 0 (x) = nxn−1

Aplicando o limite para h → 0, todos os termos, exceto o primeiro, tenderam a zero,


ou seja,
d n
x = nxn−1 , ∀n ∈ N.
dx
Exemplo 2.7. Determine as derivadas das funções abaixo:
(a) f (x) = x21
(b) g(x) = x160
SOLUÇÃO:
Aplicando a Regra da Potência temos:
(a) f 0 (x) = 21 · x21−1 = 21x20
(b) g 0 (x) = 160 · x160−1 = 160x159

1
Teorema Binomial:  
n n n−1 n(n − 1) n−2 2 n n−k k
(a + b) = a + na b+ a b + ··· + a b + · · · + nabn−1 + bn , com n ∈ N
2 k
2.3. REGRAS DE DERIVAÇÃO 13

Exemplo 2.8. Calcule a derivada da função potência g(x) = x usando a definição.

g(x + h) − g(x)
g 0 (x) = lim
h→0
√ h

x+h− x
= lim
√ h
h→0
√ √ √
( x + h − x)( x + h + x)
= lim √ √
h→0 h( x + h + x))
x+h−x
= lim √ √
h→0 h( x + h + x)
h
= lim √ √
h→0 h( x + h + x)
1
= lim √ √
h→0 x+h+ x
1
=√ √
x+ x
1
g 0 (x) = √
2 x

Logo, podemos escrever:


d√ 1
x= √
dx 2 x
1 √
Verificando os limites das funções f (x) = e g(x) = x, temos
x
d√
 
d 1 1 1
=− 2 e x= √
dx x x dx 2 x

que podem ser reescritas da forma


d −1 d 1/2 1 −1/2
x = −1x−2 e x = x .
dx dx 2
1
Assim, para n = −1 e n = , a Regra da Potência é válida. De fato, a Regra da
2
Potência vale para n ∈ R, a qual será verificada mais a frente.
14 CAPÍTULO 2. DERIVADAS

Teorema 2.3. Regra da Potência (caso geral)

d n
x = nxn−1 , n ∈ R
dx
Exemplo 2.9.
√ Determine as derivadas das funções abaixo:
(a) f (x) = x
3

(b) g(x) = x12


(c) h(x) = xπ+1

SOLUÇÃO: √
(a) Como f (x) = 3 x = x1/3 , aplicando a regra da potência temos:
1 1 −1 1 −2 1
f 0 (x) = · x3 = x 3 = √
3
3 3 3 x2

(b)Como g(x) = 1
x2
= x−2 , aplicando a regra da potência temos:
−2
g 0 (x) = −2 · x−2−1 = −2x−3 =
x3

(c) h0 (x) = (π + 1) · x(π+1)−1 = (π + 1)xπ

2.3.3 Novas derivadas a partir de antigas


Para c ∈ R, f e g funções diferenciáveis, os seguintes resultados são verificados.

Teorema 2.4. Regra do Múltiplo Constante

d d
[cf (x)] = c f (x)
dx dx
Teorema 2.5. Regra da Soma

d d d
[f (x) + g(x)] = f (x) + g(x)
dx dx dx
De maneira análoga, podemos escrever a Regra da Diferença.

Teorema 2.6. Regra da Diferença

d d d
[f (x) − g(x)] = f (x) − g(x)
dx dx dx
Agora veremos o resultado da derivada do produto de duas funções. Sejam
f (x) = x2 e g(x) = x3 . Com base nos resultados anteriores, podemos conjecturar
que, a derivada do produto é o produto das derivadas, ou seja, (f g)0 = f 0 g 0 . Vejamos:

(f g)0 (x) = (x2 · x3 )0 = (x5 )0 = 5x4


2.3. REGRAS DE DERIVAÇÃO 15

e
f 0 (x)g 0 (x) = (x2 )0 · (x3 )0 = 2x · 3x2 = 6x3 ,
ou seja, (f g)0 6= f 0 g 0 . Deste modo, Leibniz obteve a expressão para a derivada do
produto dada no teorema abaixo.

Teorema 2.7. Regra do Produto


d d d
[f (x)g(x)] = g(x) f (x) + f (x) g(x)
dx dx dx
Teorema 2.8. Regra do Quociente
d d

d f (x)
 g(x) f (x) − f (x) g(x)
= dx dx
dx g(x) [g(x)]2
Vejamos a demonstração do Teorema 2.7.
Demonstração:
Seja F (x) = f (x)g(x). Aplicando a definição ?? à função F temos:

F (x + h) − F (x)
F 0 (x) = lim
h→0 h
f (x + h)g(x + h) − f (x)g(x)
= lim
h→0 h
Adicionando e subtraindo a quantidade f (x + h)g(x) do limite temos:

f (x + h)g(x + h) − f (x + h)g(x) + f (x + h)g(x) − f (x)g(x)


F 0 (x) = lim
h→0
 h 
g(x + h) − g(x) f (x + h) − f (x)
= lim f (x + h) · + g(x) ·
h→0 h h
g(x + h) − g(x) f (x + h) − f (x)
= lim f (x + h) · lim + lim g(x) · lim
h→0 h→0 h h→0 h→0 h
d d
F 0 (x) = f (x) g(x) + g(x) f (x)
dx dx
As demais demonstrações se encontram no Apêndice B.

Exemplo 2.10. Determine as derivadas das funções abaixo:


(a) f (x) = 5x3 + x2 − 3x + 2
x3 − 1
(b) g(x) =
x−1
(c) h(x) = (3x2 − x) · (x − 1)
16 CAPÍTULO 2. DERIVADAS

SOLUÇÃO:
(a) Aplicando a Regra da Soma e do Múltiplo Constante temos:

d 3 d d d
f 0 (x) = 5x + x2 − 3x + 2
dx dx dx dx
2
= 5 · 3x + 2x − 3 + 0
0
f (x) = 15x2 + 2x − 3

(b) Aplicando a Regra do Quociente temos:

d 3 d
(x − 1) · (x − 1) − (x3 − 1) · (x − 1)
g 0 (x) = dx dx
(x − 1)2
(x − 1) · 3x2 − (x3 − 1) · 1
=
(x − 1)2
3x3 − 3x2 − x3 + 1
=
(x − 1)2
2x − 3x2 + 1
3
g 0 (x) =
(x − 1)2

(c) Aplicando a Regra do Produto temos:

d d
h0 (x) = (x − 1) · (3x2 − x) + (3x2 − x) · (x − 1)
dx dx
= (x − 1) · (6x − 1) + (3x2 − x) · 1
= 6x2 − x − 6x + 1 + 3x2 − x
h0 (x) = 9x2 − 8x + 1

2.3.4 Derivadas de Funções Trigonométricas


Esta seção tem por objetivo obter as expressões das derivadas das principais
funções trigonométricas.

Alguns resultados obtidos no capı́tulo 1 merecem ser relembrados, como por


exemplo, o limite trigonométrico fundamental.

sen(x)
Teorema 2.9. Limite trigonométrico fundamental lim =1
x→0 x
Desse teorema tiramos o resultado abaixo, útil nas demonstrações mais a frente.

Teorema 2.10.
cos(x) − 1
lim =0
x→0 x
2.3. REGRAS DE DERIVAÇÃO 17

Demonstração:
cos(x) − 1 [cos(x) − 1][cos(x) + 1] cos2 (x) − 1 sen2 (x)
lim = lim = lim = lim =
x→0 x x→0 x[cos(x) + 1] x→0 x[cos(x) + 1]
  x→0 x[cos(x) + 1]
sen(x) sen(x) sen(x) sen(x) 0
lim = lim lim = [1] =0
x→0 x [cos(x) + 1] x→0 x x→0 [cos(x) + 1] 2
Exemplo 2.11. Usando o limite trigonométrico fundamental, calcule os limites
abaixo:
sen(3x)
(a) lim
x→0 x
sen(5x)
(b) lim
x→0 7x
tg(4x)
(c) lim
x→0 x
SOLUÇÃO:

sen(3x) 3sen(3x)
(a) lim = lim
x→0 x x→0 3x
Aplicando agora a substituição de 3x por θ temos :
3sen(θ) sen(θ)
lim = 3 lim =3·1=3
θ→0 θ θ→0 θ
sen(5x) 5 sen(5x) 5 5
(b) lim = lim = ·1=
x→0 7x x→0 7 5x 7 7
tg(4x) sen(4x) sen(4x) 1 sen(4x) 1
(c) lim = lim = lim = lim lim =
x→0 x x→0 cos(4x)x x→0 4x cos(4x) x→0 4x x→0 cos(4x)
1·1=1

Seja f (x) = senx, onde x é um arco qualquer medido em radianos. Assim,


aplicando a Definição ?? temos:
f (x + h) − f (x)
f 0 (x) = lim
h→0 h
sen(x + h) − senx
= lim
h→0 h
Desenvolvendo a expressão do seno da soma de dois arcos,
senx cos h + cos xsenh − senx
f 0 (x) = lim
h→0
 h 
senx cos h − senx cos xsenh
= lim +
h→0 h h
 
cos h − 1 senh
= lim senx · + cos x ·
h→0 h h
   
cos h − 1 senh
= lim senx · + lim cos x ·
h→0 h h→0 h
18 CAPÍTULO 2. DERIVADAS

Como as funções senx e cos x não dependem de h, estas podem sair dos limites;
cos h − 1 senh
f 0 (x) = senx · lim + cos x · lim
h→0 h h→0 h

Como já visto ,


cos h − 1 senh
lim = 0 e lim = 1,
h→0 h h→0 h

e assim,

f 0 (x) = senx · 0 + cos x · 1


f 0 (x) = cos x

Analogamente é possı́vel mostrarmos que a derivada da função cosseno é o oposto


d
da função seno, ou seja, cos x = −senx, que é deixado como atividade para o
dx
leitor.
Teorema 2.11. Derivadas das Funções Trigonométricas
d d
senx = cos x cossecx = −cossecx · cotgx
dx dx
d d
cos x = −senx sec x = sec x · tgx
dx dx
d d
tgx = sec2 x cotgx = −cossec2 x
dx dx
A demonstração deste Teorema, encontra-se no Apêndice.
Exemplo 2.12.
√ Determine as derivadas:
(a) f (x) = x cos(x);
sen2 x + cos2 x
(b) h(x) = ;
tgx

SOLUÇÃO:
(a) Aplicando a Regra do Produto temos:
d√ √ d
f 0 (x) = cos x · x+ x· cos x
dx dx
1 √
= cos x · √ + x · (−senx)
2 x
cos x − 2x · (senx)
f 0 (x) = √
2 x

(b) Antes de aplicar a derivada, pode-se reescrever a função h por


1
h(x) =
tgx
2.3. REGRAS DE DERIVAÇÃO 19

pois sen2 x + cos2 x = 1 (Relação Fundamental da Trigonometria) e ainda,

h(x) = cotgx,

logo:
d
h0 (x) = cotgx
dx
h0 (x) = −cossec2 x

2.3.5 Regras da Cadeia


Até o presente momento, não foram apresentadas técnicas para encontrarmos
0
F (x) se F (x) = (2x − 1)100 . Abaixo segue uma técnica para derivação de funções
compostas.

Teorema 2.12. Regra da Cadeia


Seja f e g funções diferenciáveis e F = f ◦ g uma função composta definida por
F = f (g(x)), então F é diferenciável e F 0 é dada por

F 0 (x) = f 0 (g(x)) · g 0 (x)

ou pela notação de Leibniz, se y = f (u) e u = g(x) então

dy dy du
= · .
dx du dx
Assim, para F (x) = (2x − 1)100 , vejamos F 0 (x). Podemos pensar na seguinte
composição F = f ◦ g onde f (x) = x100 e g(x) = 2x − 1. Derivando f e g temos
f 0 (x) = 100x99 e g 0 (x) = 2 e pela Regra da Cadeia

F 0 (x) = f 0 (g(x)) · g 0 (x)


= 100(2x − 1)99 · 2
F 0 (x) = 200(2x − 1)99
20 CAPÍTULO 2. DERIVADAS

2.3.6 EXERCÍCIOS PROPOSTOS


Nos exercı́cios de 1 a 3 use a definição de derivada de uma função para calcu-
lar f 0 (x0 ) e determine a equação da reta tangente ao gráfico da função no ponto
(x0 , f (x0 )).
√ 4 1 1
1. f (x) = x + 4, x0 = 5 2. f (x) = , x0 = 0 3. f x) = , x0 =
x+2 x 3
4. Quantas retas tangentes ao gráfico de y = x3 + 3x são paralelas à reta y =
6x + 1? Determine as equações dessas tangentes.
1
5. Considere a função f (x) = x
e responda as questões abaixo:

(a) Qual o domı́nio e a imagem de f ?


(b) Esboce o gráfico de f .
(c) Em quais pontos f é contı́nua?
(d) Calcule f ´(x).
(e) Encontre a equação da reta tangente ao gráfico de f no ponto (2, 1).
(f) Existe uma outra reta que seja tangente ao gráfico de f e que seja paralela
à reta do item anterior ? Caso exista, dê sua equação e o seu ponto de
tangência.

6. Ache a coordenada x do ponto sobre o gráfico de f (x) = x no qual a reta
tangente é paralela à reta secante que corta a curva quando x = 1 e x = 4.

7. Um projétil é lançado do solo e sua distância em relação ao solo após t segundos


é dada por
s(t) = 120t − 4, 9t2 metros

(a) Calcule s(0) , s(5) , s(10) e s(20).


(b) Calcule a velocidade média do projétil nos primeiros 10 segundos.
(c) Calcule a velocidade média do projétil nos primeiros 20 segundos.
(d) Calcule a velocidade do projétil para t = 0 , t = 5 , t = 10 e t = 20
segundos.
(e) Em que instante o projétil estará mais alto ?
(f) Em que instante o projétil atinge o solo ?
(g) Qual a velocidade do projétil ao atingir o solo ?
2.3. REGRAS DE DERIVAÇÃO 21

Nos exercı́cios de 8 a 35 calcule a derivada de cada função. (se possı́vel,


simplifique a função e/ou a derivada da função)

8. f (x) = (x3 + x + 10) (x4 ) 23. f (x) = 3x x
2 x
9. f (x) = x
+ 2
− 32 x 24. f (x) = (x2 + 2x + 1) tan x

10. f (x) = 1, 7 − x3 + 5 7 x 25. f (x) = cos2 x

11. f (x) = 10 − 3 sec x 26. f (x) = cos(x2 )
3
12. f (x) = x+1 27. f (x) = sen(x2 ) + sec x
13. f (x) = x+1 √
3 28. f (x) = x senx
14. f (x) = 2x+1 √ √
3−7x 29. f (x) = 5 x + 3 7x
10x
15. f (x) = sec x 30. f (x) = 2x5 sec x
16. f (x) = sen (3x)
31. f (x) = 3 cos2 (x) sec x
17. f (x) = sen x3

sec x
32. f (x) =
18. f (x) = x3 sen (x) x3 + 2x + 3

19. f (x) = (x3 + 2x)


5 x2
33. f (x) =
√ x4 + 1
20. f (x) = 9 − 7x
1
34. f (x) =
21. f (x) = √ 3 (x2 + 2)2
1+5x

cos x
22. f (x) = 3x+23x2
35. f (x) = |2x − 8|, x 6= 4

36. Dado que f 0 (0) = 2 , g(0) = 0 e g 0 (0) = 3 , ache (f ◦ g)0 (0).



37. Dado que f 0 (x) = 3x + 4 e g(x) = x2 + 1, ache F 0 (x) se F (x) = f (g(x)).
22 CAPÍTULO 2. DERIVADAS

Exemplo 2.13. Determine as funções derivadas das funções abaixo:


(a) g(x) = sec(x3 + x2 − x)
(b) h(x) = (x3 − 2x)10

SOLUÇÃO:

(a) Tomando g = s ◦ r onde s(x) = sec x e r(x) = x3 + x2 − x, onde s0 (x) =


sec xtgx e r0 (x) = 3x2 + 2x − 1, pela Regra da Cadeia temos:

g 0 (x) = s0 (r(x)) · r0 (x)


g 0 (x) = sec(x3 + x2 − x)tg(x3 + x2 − x)(3x2 + 2x − 1)

(b) Tomando h = p ◦ q onde p(x) = x10 e q(x) = x3 − 2x, onde p0 (x) = 10x9 e
q 0 (x) = 3x2 − 2, pela Regra da Cadeia temos:

g 0 (x) = p0 (q(x)) · q 0 (x)


g 0 (x) = 10(x3 + x2 − x)9 (3x2 − 2)

2.3.7 Derivada da Função Exponencial


Seja f (x) = ax , a > 0. Aplicando a definição de derivada 2.6 temos que:
f (x + h) − f (x)
f 0 (x) = lim
h→0 h
x+h
a − ax
= lim
h→0 h
ax ah − ax
= lim
h→0 h
ax (ah − 1)
= lim
h→0 h
Como ax não depende de h, ele pode sair do limite e então:
ah − 1
f 0 (x) = ax lim (2.5)
h→0 h
Calculando a derivada f 0 em x = 0, temos:
ah − 1
f 0 (0) = lim
h→0 h
Assim, podemos escrever a equação 2.5 da forma

f 0 (x) = ax f 0 (0) (2.6)

Como pode ser visto, no Apêndice de Funções, a função f (x) = ex possui como reta
tangente, a curva y = x + 1, reta com inclinação m = 1, ou seja, f 0 (0) = 1. Assim,
podemos definir:
2.3. REGRAS DE DERIVAÇÃO 23

eh − 1
Definição 2.7. O Número e é um número tal que lim = 1.
h→0 h
Combinando a Definição 2.7 e a Eq. 2.6, temos:
Teorema 2.13. Derivada da Função Exponencial Natural
d x
e = ex
dx
Exemplo 2.14. Determine as derivadas abaixo:
(a) f (x) = ex (x2 −√1)
(b) g(x) = (2ex − 3 x)ex
(c) f (x) = esenx

SOLUÇÃO:
(a) Aplicando a Regra do Produto temos:
d 2 d
f 0 (x) = ex · (x − 1) + (x2 − 1) · ex
dx dx
x 2 x
= e · 2x + (x − 1) · e
0
f (x) = (x2 + 2x − 1)ex

(b) Aplicando a Regra do Produto temos:


√ d x d √
g 0 (x) = (2ex − 3
e + ex · (2ex − 3 x)
x) ·
dx  dx


x x x x 1 −2
= (2e − x) · e + e 2e − x 3
3

3

 
1
= ex 4ex − 3 x − 2
3x 3 


1
g 0 (x) = ex 4ex − 3 x − √ 3
3 x2
(c) Assumindo f = m ◦ n onde m(x) = ex e n(x) = senx, temos que m0 (x) = ex
e n0 (x) = cos x, daı́ pela Regra da Cadeia:

f 0 (x) = m0 (n(x)) · n0 (x)


f 0 (x) = esenx · cos x

Agora, seja f (x) = ax , ∀a > 0. Note que a = eln a e então f (x) = (eln a )x ⇒
f (x) = ex ln a e aplicando a regra da cadeia temos que f 0 (x) = ex ln a · ln a, ou seja,
f 0 (x) = ax · ln a. Logo
Teorema 2.14.
d x
a = ax · ln a
dx
24 CAPÍTULO 2. DERIVADAS

Exemplo 2.15. Determine as derivadas:


3 2
(a) f (x) = 5x +6x
(b) g(x) = (7x − 7x )9

SOLUÇÃO:

(a) Tomando f = s ◦ r onde s(x) = 5x e r(x) = x3 + 6x2 , onde s0 (x) = 5x ln(5)


e r0 (x) = 3x2 + 12x, pela Regra da Cadeia temos:

f 0 (x) = s0 (r(x)) · r0 (x)


3 +6x2
f 0 (x) = 5x ln(5)(3x2 + 12x)

(b) Tomando g = s ◦ r onde s(x) = x9 e r(x) = 7x − 7x , onde s0 (x) = 9x8 e


r0 (x) = 7 − 7x ln(7), pela Regra da Cadeia temos:

g 0 (x) = s0 (r(x)) · r0 (x)


g 0 (x) = 9(7x − x7 )8 (7 − 7x ln(7))

2.3.8 Derivação Implı́cita


Existem funções que são definidas implicitamente por uma relação entre x e y,
ou seja, são equações que em alguns casos podem ser resolvidas, encontrando uma
ou várias funções explicitas de y em x.

Exemplo 2.16. A equação 3x2 − y + x = 0 define implicitamente y = 3x2 + x , ou


seja podemos considerar y como função de x.

Exemplo 2.17.√A equação x2 + y 2 √


= 4 pode ser expressa explicitamente pelas
funções f (x) = 4 − x2 e g(x) = − 4 − x2 .

Nem todas as equações que envolvem x e y podem ser resolvidas para y, e algumas
o trabalho para isolar y é muito grande, por exemplo a equação x3 + y 3 = 6xy.
Nesta seção mostraremos que não é necessário termos uma função explı́cita para
calcularmos a sua derivada. Uma função definida implictamente por uma equação
pode ser também derivada, basta fixar uma das variáveis como dependente e a
outra como independente e assumir que a variável dependente y seja uma função
diferenciável de x.
A diferenciação implı́cita consiste em diferenciar ambos os membros da equação
2.3. REGRAS DE DERIVAÇÃO 25

dy
e resolver a equação para y 0 , . Vejamos como determinar para x2 + y 2 = 4.
dx
d 2 d
(x + y 2 ) = 4
dx dx
d 2 d
(x ) + (y 2 ) = 0
dx dx
dy
2x + 2y =0
dx
dy
2y = −2x
dx
dy 2x
=− ,
dx 2y
logo,
dy x
=− .
dx y
Exemplo 2.18. Determine a equação da reta tangente á curva y 2 = 5x4 − x2 ,
conhecida por kumpyle de Eudoxus, no ponto (1, 2).

SOLUÇÃO:
A curva, não pode ser expressada por uma única função em x, por isso, aplicaremos
derivação implı́cita. Suponha y = f (x) seja uma função definida implicitamente
pela equação dada e que seja derivável. Assim, derivando em relação a x temos:
d 2 d
(y ) = (5x4 − x2 )
dx dx
dy
2y = 20x3 − 2x
dx
dy 20x3 − 2x
=
dx 2y
3
dy 10x − x
=
dx y
Calculando o valor da derivada para x = 1 temos:
10(1)3 − (1)

dy 9
= =
dx x=1
2 2
Logo, a equação da reta tangente a curva y 2 = 5x4 − x2 no ponto (1, 2) é
9 9x − 5
y − 2 = (x − 1) ⇒ y =
2 2

2.3.9 Derivadas de Funções Logarı́tmicas


Está seção apresenta a aplicação da técnica de derivação implı́cita para encontrar
a derivada de funções logarı́tmicas.
26 CAPÍTULO 2. DERIVADAS

Seja y = loga x para a > 0, a 6= 1 e x > 0, então


ay = x
que diferenciando implicitamente temos
d y d
(a ) = x
dx dx
dy
ay (ln a) =1
dx
dy 1
= y
dx a (ln a)
dy 1
=
dx x ln a
Assim,
d 1
(loga x) =
dx x ln a
Tomando a = e, y = loga x = ln x e então
d 1
(ln x) =
dx x
uma vez que ln e = 1.
Exemplo 2.19. Determine as derivadas.
(a) y = ln(cos(2x))
(a) y = log2 (ex + 1)

SOLUÇÃO:
Aplicando a técnica de derivação de funções logarı́tmicas junto com a Regra da
Cadeia, temos:
(a)
1 d
y0 = · cos(2x)
cos(2x) dx
1
= · (−sen(2x)) · 2
cos(2x)
−2sen(2x)
=
cos(2x)
0
y = −2tg(2x)
(b)
1 d x
y0 = · (e + 1)
(ex + 1) ln 2 dx
1
= x · ex
(e + 1) ln 2
ex
y0 = x
(e + 1) ln 2
2.3. REGRAS DE DERIVAÇÃO 27

2.3.10 EXERCÍCIOS PROPOSTOS


1. Mostre através da definição que se f (x) = x2 + 3x − 2 então f 0 (−1) = 1.

2. A partir da definição, mostre que f 0 (x) = 4 − 6x se f (x) = 2 + 4x − 3x2 .

Nos exercı́cios de 3 a 23 calcule a função derivada e quando possı́vel simplifique


antes e/ou depois de derivar.

3. f (x) = esenx ;
1
4. m(x) = (x7 − x5 + x3 − x) 3 ;
 3 
x −5
5. g(x) = cos ;
ex
cos2 x − 1
6. h(x) = ;
tg2x
1
7. k(x) = ex · senx − ;
e−x
· sec x
 2 100
x − 4x − 4
8. z(x) = .
x−2
9. f (x) = ecos x ;
2
10. m(x) = (x4 − x3 + x2 − x + 1) 3 ;
ex
 
11. g(x) = sen ;
3x4 − 5
sen2 x + cos2 x
12. h(x) = ;
tg2 x
1
13. k(x) = ex · cos x − ;
e−x · cossecx
100
x2 − 4

14. z(x) = ;
x−2
15. f (x) = log10 x2 ;
1 − cos2 x
 
16. g(x) = ln ;
senx
x2
17. h(x) = ;
ln x
18. d(x) = ln2 (tgx − cotgx);
28 CAPÍTULO 2. DERIVADAS

19. f (x) = log2 (x2 − 2);


 x 
20. g(x) = ln3 ;
senx
x
21. h(x) = ;
ln x
22. k(x) = log2 (cos x − senx).
ex − 1
23. Determine a equação da reta tangente à curva f (x) = quanto x = 0.
2 − ex
4
24. A função y = x3 − x2 − 2x + 1 possui tangente horizontal? Se sim, para quais
3
valores de x?

Nos exercı́cios de 25 a 28 aplique uma transformação logarı́tmica e derive


implicitamente.

25. f (x) = (senx)cos x


2
26. g(x) = xx

27. k(x) = (tg2 x)x

28. h(x) = xln x

2.3.11 Derivadas de Funções Trigonométricas Inversas


Para determinar as derivadas Funções Trigonométricas Inversas, usa-se derivação
implı́cita.
π π
Seja y = sen−1 x que significa seny = x com − ≤ y ≤ . Diferenciando seny = x
2 2
implicitamente temos

d d
(seny) = x
dx dx
dy
cos y =1
dx

π π
Limitando agora y ao intervalo − < y < temos cos y > 0 logo:
2 2

dy 1
=
dx cos y
2.3. REGRAS DE DERIVAÇÃO 29

Pela relação fundamental da trigonometria,


p √
cos y = 1 − sen2 y ⇒ cos y = 1 − x2

e
dy 1 1
= =√ .
dx cos y 1 − x2
Logo
d 1
(sen−1 x) = √
dx 1 − x2
Teorema 2.15. Derivadas de Funções Trigonométricas Inversas
d 1 d 1
sen−1 x = √ cossec−1 x = − √
dx 1−x 2 dx x x2 − 1
d 1 d 1
cos−1 x = − √ sec−1 x = √
dx 1 − x2 dx x x2 − 1
d −1 1 d 1
tg x = 2
cotg−1 x = −
dx 1+x dx 1 + x2
A demonstração dos demais itens deste teorema é análoga a prova feita acima e é
deixada a cargo do leitor.

Exemplo 2.20. Determine as derivadas.


(a) y = sen−1 (x2 )
(a) y = tg−1 (ex )

SOLUÇÃO:
Aplicando a Regra da Cadeia (diretamente) e o Teorema 2.15 para ambos os itens:
(a)

1 d
y0 = p · x2
1 − (x2 )2 dx
2x
y0 = √
1 − x4
(b)

1 d
y0 = x 2
· ex
1 + (e ) dx
ex
y0 = √
1 − e2x
30 CAPÍTULO 2. DERIVADAS

2.3.12 LISTA ESPECIAL


1. Um atleta percorre uma pista de 100 metros de modo que a distância s(t)
percorrida após t segundos é dada por
1
s(t) = t2 + 8t
5
.

(a) Calcule s(0) , s(2) , s(5) e s(10).


(b) Calcule a velocidade média do atleta nos primeiros 2 segundos.
(c) Calcule a velocidade média do atleta nos primeiros 5 segundos
(d) Calcule a velocidade média do atleta nos primeiros 10 segundos.
(e) Calcule a velocidade do atleta para t = 0 .
(f) Calcule a velocidade do atleta no final da pista.

Nos exercı́cios de 2 a 8 calcule a derivada de cada função. (se possı́vel, simpli-


fique a função e/ou a derivada da função)
100 x
2. f (x) = 3x + x3 + x3 + x3 6. f (x) = 7 x+tg(x)
3 +1


3. f (x) = sen(5x + 2) x2 + 4
log3 (x)
7. f (x) = ex + 3e2x + ln(5x) + 61x
4. f (x) = sec(x)
√ p
5. f (x) = 10x − 3 sec(5x) 8. f (x) = 5 sen(3x + 20x7 )

Admitindo que a equação determine uma função derivável f tal que y = f (x)
calcule y 0 nos exercı́cos 9 e 10:

9. y = x2 sen(y)
√ √
10. 2 x + 6 y = 400
Usando o limite trigonométrico fundamental, calcule os limites de 11 a 13:
sen(7x)
11. lim
x→0 3x
5x
12. lim
x→0 sen(x)

tg(15x)
13. lim
x→0 sen(x)
2.3. REGRAS DE DERIVAÇÃO 31

Calcule os limites abaixo:


sen(x) x2 + 3x − 5000
14. lim 20. lim
x→0 x − 8 x→+∞ 4x2 − 3
x−7
15. lim 2 x2 + 8x3
x→7 x − 49 21. lim
x→+∞ x3 + 20
x2 − 1
16. lim 4x2 + 15000
x→1 x − 1
22. lim
5x x→+∞ x3 − 1
17. lim
x→3 x − 3
x5
−7x 23. lim
x→+∞ 400x2 + 3x4 + 700
18. lim
x→3 (x − 3)2

x2 − 2x + 2
x 3 − x4

19. lim 24. lim
x→+∞ x→+∞ x+1

25. Determine as equações das assı́ntotas verticais e horizontais do gráfico da


3x2
função f (x) = 2 e faça um esboço do gráfico de f .
x −4
26. Considere a função f (x) = (x + 2)2 − 4 e responda as questões abaixo:

(a) Qual o domı́nio e a imagem de f ?


(b) Esboce o gráfico de f .
(c) Em quais pontos f é contı́nua?
(d) Calcule f 0 (x) .
(e) Encontre a equação da reta tangente ao gráfico de f no ponto (1,5).
(f) Existe uma outra reta que seja tangente ao gráfico de f e que seja per-
pendicular a reta do item anterior ? Caso exista dê sua equação e o seu
ponto de tangência.
32 CAPÍTULO 2. DERIVADAS
Apêndice A

Funções Transcendentes

A.1 Função Exponencial


Desde o ensino fundamental temos contato com potências de expoente natural,
inteiros e racionais ensinados nessa ordem segundo a ideia abaixo.

an = a
| × a × {z
a × ... × a} n∈N
nf atores
1 n
a−n = 1

an = a
a 6= 0 e n ∈ N
m √
an = n
am a 6= 0 e m, n ∈ N (se n for par a potência am deve ser maior
que zero)

Como definir potências com expoentes irracionais do tipo 2 2 ? Uma das maneiras
é definir a potência com expoente irracional como o limite de potências com expoente
racional. Vejamos abaixo a tabela:

x 2x
1,4 21,4
1,41 21,41
1,414 21,414
1,4142 21,4142

A primeira
√ coluna é uma sequência de números racionais que tende ao número
irracional√ 2, a segunda coluna é formada
√ por potências com expoentes racionais e
2 2
tende a 2 . É razoável então definir 2 como
√ o limite um limite de potências de
base 2 com expoêntes racionais tendendo a 2.

A função exponencial aparece naturalmente em muitas aplicações, desde descr-


ever o crescimento de populações de bactérias em um tubo de ensaio ao cálculo de
juros em um banco.

33
34 APÊNDICE A. FUNÇÕES TRANSCENDENTES

Definição A.1. Se a > 0 e a 6= 1 , a função exponencial de base a é dada por


f (x) = ax , seu domı́nio é R e sua imagem é (0, +∞).

Exemplo A.1. Observe o comportamento do gráfico da função f (x) = 2x

1 x

Exemplo A.2. Observe o comportamento do gráfico da função f (x) = 2

O número irracional e = 2, 71828182... é a base mais usada para representar uma


função exponencial. Esse número é conhecido como número de Euler, em homenagen
ao matemático suı́ço Leonard Euler e a função f (x) = ex é chamada de exponencial
natural e aparece em modelagens de fenômenos naturais e fı́sicos.

1 x

O número e aparece na construção do gráfico da função f (x) = 1 + x
como
uma assı́ntota horizontal.
 x  x
1 1
lim 1 + =e e lim 1 + = e.
x→+∞ x x→−∞ x
A.1. FUNÇÃO EXPONENCIAL 35

Outra maneira de representar o número e é realizar mudança de variável nos


limites anteriores. Substituindo 1/x por θ temos:
1 1
θ= ⇒x=
x θ

e quando x → ±∞ temos θ → 0, logo

1
lim (1 + θ) θ = e
θ→0

Observe abaixo os gráficos de f (x) = 2x e g(x) = 3x e de suas tangentes no ponto


(0, 1).
36 APÊNDICE A. FUNÇÕES TRANSCENDENTES

A inclinação da tangente na primeira função é menor que 1 enquanto a inclinação


da tangente na segunda é maior que 1. Pergunta-se: será que existe alguma função
exponencial cuja inclinação da reta tangente no ponto (0, 1) seja 1?
A resposta é: sim existe, e é a função f (x) = ex . Veja seu gráfico abaixo:

Usando a definição de derivada no ponto x = 0 temos

f (a + h) − f (x)
f 0 (x) = lim
h→0 h
0+h
f (0 + h) − f (0) e − e0 eh − 1
f 0 (0) lim = lim = lim =1
h→0 h h→0 h h→0 h
Observação A.1. A função exponencial é contı́nua no seu domı́nio R
Exemplo A.3. Construa o gráfico das funções abaixo:
a) F (x) = 32x
b) G(x) = 3x + 2
A.2. FUNÇÃO LOGARÍTMICA 37

c) H(x) = −3x + 4
d) T (x) = 3x+2 + 5

A.2 Função Logarı́tmica


Definição A.2. O logaritmo de x na base b é o número y tal que by = x e denotado
por logb x , sempre com b > 0 e x > 0. Em outras palavras, logb x = y se e somente
se by = x.

Exemplo A.4. log2 8 = 3, pois 23 = 8

log2 (1/4) = −2, pois 2−2 = 1/4

Teorema A.1. (Propriedades dos logaritmos) Sejam b, n,x e y números reais tais
que b > 0 , x > 0 , y > 0 e b 6= 1.

logb (xy) = logb (x) + logb (y)


 
x
logb = logb (x) − logb (y)
y
logb (xn ) = n · logb (x)

Teorema A.2. (Mudança de base) Sejam b, a e c números reais tais que b > 0 ,
a > 0 , c 6= 1 e b 6= 1.

logc (a)
logb (a) =
logc (b)
Definição A.3. Seja b ∈ R, com b > 0 e b 6= 1. Definimos a função logarı́tmica na
base b por f (x) = logb x , cujo domı́nio é (0, +∞) e sua imagem é R

Observação A.2. A função f (x) = logb x é a função inversa da função g(x) = bx ,


pois f (g(x)) = x para todo x no domı́nio de g e g(f (x)) = x para todo x no domı́nio
de f .

Exemplo A.5. log2 (2x ) = x e 2log2 (x) = x

Observação A.3. A função f (x) = log10 (x) (base 10) é denotada simplesmente
por f (x) = log(x) . A função g(x) = loge (x) (base e) é denotada simplesmente
por g(x) = ln(x) (logaritmo natural).

Observação A.4. A função logarı́tmica é contı́nua em seu domı́nio (0, +∞).


38 APÊNDICE A. FUNÇÕES TRANSCENDENTES

Exemplo A.6. Observe o comportamento do gráfico da função f (x) = log2 (x)

Exemplo A.7. Observe o comportamento do gráfico da função f (x) = log1/2 (x)

Exemplo A.8. Construa o gráfico das funções abaixo:


a) f (x) = log2 (x)
b) g(x) = log2 (x + 3)
c) h(x) = log2 (x) + 4
d) t(x) = 3log2 (x)
Apêndice B

Demonstrações dos Teoremas

Teorema B.1. Regra do Múltiplo Constante

d d
[cf (x)] = c f (x)
dx dx

Demonstração:
Sejam c ∈ R, f uma função diferenciável e G(x) = cf (x). Aplicando a definição ??
à função G temos:

G(x + h) − G(x)
G0 (x) = lim
h→0 h
cf (x + h) − cf (x)
= lim
h→0
 h 
f (x + h) − f (x)
= lim c
h→0 h
f (x + h) − f (x)
= c lim
h→0 h
0 0
G (x) = cf (x)

Teorema B.2. Regra da Soma

d d d
[f (x) + g(x)] = f (x) + g(x)
dx dx dx

Demonstração:
Seja H uma função definida pela soma H(x) = f (x) + g(x). Calculando a derivada

39
40 APÊNDICE B. DEMONSTRAÇÕES DOS TEOREMAS

de H temos:

H(x + h) − H(x)
H 0 (x) = lim
h→0 h
[f (x + h) + g(x + h)] − [f (x) + g(x)]
= lim
h→0 h
[f (x + h) − f (x)] + [g(x + h) − g(x)]
= lim
h→0
 h 
f (x + h) − f (x) g(x + h) − g(x)
= lim +
h→0 h h
0 0 0
H (x) = f (x) + g (x)

Teorema B.3. Regra do Produto

d d d
[f (x)g(x)] = f (x) g(x) + g(x) f (x)
dx dx dx

Demonstração:
Seja F (x) = f (x)g(x). Aplicando a definição ?? à função F temos:

F (x + h) − F (x)
F 0 (x) = lim
h→0 h
f (x + h)g(x + h) − f (x)g(x)
= lim
h→0 h

Adicionando e subtraindo a quantidade f (x + h)g(x) do limite temos:

f (x + h)g(x + h) − f (x + h)g(x) + f (x + h)g(x) − f (x)g(x)


F 0 (x) = lim
h→0
 h 
g(x + h) − g(x) f (x + h) − f (x)
= lim f (x + h) · + g(x) ·
h→0 h h
g(x + h) − g(x) f (x + h) − f (x)
= lim f (x + h) · lim + lim g(x) · lim
h→0 h→0 h h→0 h→0 h
d d
F 0 (x) = f (x) g(x) + g(x) f (x)
dx dx

Teorema B.4. Regra do Quociente

  g(x) d f (x) − f (x) d g(x)


d f (x) dx dx
= 2
dx g(x) [g(x)]

Demonstração:
41

f (x)
Seja a função F dada pelo quociente F (x) = . Aplicando a definição ?? temos:
g(x)

F (x + h) − F (x)
F 0 (x) = lim
h→0 h
f (x + h) f (x)

g(x + h) g(x)
= lim
h→0 h
f (x + h)g(x) − f (x)g(x + h)
g(x + h)g(x)
= lim
h→0 h
f (x + h)g(x) − f (x)g(x + h)
= lim
h→0 h · g(x + h)g(x)

Adicionando e subtraindo a quantidade f (x)g(x) do limite temos:

f (x + h)g(x) − f (x)g(x) + f (x)g(x) − f (x)g(x + h)


F 0 (x) = lim
h→0 h · g(x + h)g(x)
   
f (x + h) − f (x) g(x + h) − g(x)
g(x) · − f (x) ·
h h
= lim
h→0 g(x + h)g(x)
h i f (x + h) − f (x)
 h i g(x + h) − g(x)

lim g(x) lim − lim f (x) lim
h→0 h→0 h h→0 h→0 h
= h ih i
lim g(x + h) lim g(x)
h→0 h→0
d d
g(x) f (x) − f (x) g(x)
F 0 (x) = dx dx
[g(x)]2

Teorema B.5. Derivadas das Funções Trigonométricas


d d
senx = cos x cossecx = −cossecx · cotgx
dx dx
d d
cos x = −senx sec x = sec x · tgx
dx dx
d d
tgx = sec2 x cotgx = −cossec2 x
dx dx

Demonstração:
Abaixo segue a demonstração para função tangente,as demais são deixadas a cargo
senx
do leitor. Seja f (x) = tg(x), reescrevendo-a, f (x) = e aplicando a Regra do
cos x
42 APÊNDICE B. DEMONSTRAÇÕES DOS TEOREMAS

Quociente para encontra f 0 (x) temos:

d d
cos x senx − senx cos x
f 0 (x) = dx dx
[cos x]2
cos x · cos x − senx · (−senx)
=
cos2 x
cos x + sen2 x
2
=
cos2 x
1
=
cos2 x
0
f (x) = sec2 x

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