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Contribuições Da Memória Institucional para As Relações Públicas Direcionadas Ao Público Interno Das Organizações
Contribuições Da Memória Institucional para As Relações Públicas Direcionadas Ao Público Interno Das Organizações
RESUMO
Prticas interdisciplinares tornam-se necessrias para que as Relaes Pblicas
fortaleam relacionamentos, cultura e identidade organizacional. O artigo pretende
analisar como as opinies de profissionais responsveis pelos programas de Memria
Institucional vo ao encontro das teorias acerca deste tema. Os profissionais indagados
atuam nos acervos histricos de instituies do Rio Grande do Sul. A pergunta alvo da
anlise se refere s possveis contribuies das aes de histria e memria no mbito
interno das organizaes. Pesquisa bibliogrfica e tcnica de questionrio foram os
procedimentos metodolgicos utilizados na coleta de informaes.
PALAVRAS-CHAVE: Relaes Pblicas; Memria Institucional; pblico interno.
1. Introduo
As transformaes ocorridas no comportamento da sociedade permitem que as
Relaes Pblicas ampliem o seu campo de atuao. O avano da tecnologia facilita a
participao dos indivduos nos meios de comunicao. Portanto, as organizaes
precisam estar preparadas para revelar os seus posicionamentos, pretenses, decises e
detalhes de sua trajetria, a fim de estabelecer a confiana (ROSA, 2006, p.117-119)
entre os pblicos.
Essa situao vale tambm para o pblico interno, visto que os funcionrios
alcanam melhores resultados quando a viso, a misso e os valores organizacionais
lhes so comunicados de maneira clara e envolvente. Para alm dos tradicionais
instrumentos informativos, necessrio pensar em prticas interdisciplinares, as quais
reconheam a importncia dos sujeitos na construo daquele empreendimento
(NASSAR, 2008, p.24).
1
Trabalho apresentado na Diviso Temtica Relaes Pblicas, da Intercom Jnior Jornada de Iniciao Cientfica
em Comunicao, evento componente do XXXIII Congresso Brasileiro de Cincias da Comunicao.
2
2. Memria Institucional
Esses fatores contriburam para que se cultivasse o passado, tanto pelo benefcio
que proporciona reputao, quanto pela sua capacidade de servir de referncia e
estmulo aos funcionrios. Quando muitas mudanas se sucedem, a identidade passa a
ser questionada e somente a histria consegue juntar os fatos, os nomes, os sujeitos, os
traos tpicos de uma instituio. As reestruturaes ocorriam principalmente nos
setores de energia, telefonia, minerao e siderurgia, os quais carregam experincias de
milhares de indivduos, e, no mbito coletivo, as memrias estreitamente relacionadas
com a trajetria nacional. Perd-las significa abrir um abismo nos processos de
entendimento das caractersticas que acompanham a realidade do pas.
Com a globalizao, cresce a competio mercadolgica e tecnolgica, empresas
aparecem e somem a todo instante e incontveis variveis incidem sobre os seus
negcios. Informaes chegam de todos os lados, ameaas e oportunidades despontam
subitamente no cenrio. Tudo isso exige olhar atento, auto-conhecimento da corporao
e polticas de relacionamento com seus stakeholders4. A Memria Institucional, por
oferecer referncias dos processos realizados at ento, serve como uma guia no
planejamento estratgico da instituio. Assim, possvel conhecer melhor os seus
pontos fracos e fortes para tomar decises estratgicas (MARICATO, 2006, p.126).
Entretanto, nem todos os projetos so exemplares. Gagete e Totini (2004, p.117)
afirmam que, no Brasil, h muitas distores de seus princpios particulares por no se
valerem de metodologia da anlise da cincia, seja quanto multiplicidade de fontes de
pesquisa, seja quanto ao seu compromisso com a legitimidade. Memoriais que
inventam situaes hericas so um bom exemplo disso. Gunter Axt (2004, p.13)
declara repdio ao que ele chama de iniciativa de vitrine. Nela, as intenes de
marketing perdem o equilbrio e dominam todas as outras, principalmente aquelas
referentes ao reconhecimento da identidade social e da cidadania.
Termo idiomtico ingls que define todas as pessoas que possuem interesse em relao s empresas ou
organizaes (CARROLL citado por FRANA, 2009, p.222).
A resposta de um coordenador pode apresentar mais de uma expresso. Expresses que se repetem,
como o caso de Valorizar o funcionrio, no foram includas mais de uma vez no quadro.
A pergunta permite marcar mais de uma alternativa. Por exemplo, um acervo histrico que emprega
tanto graduados (e graduandos) em Histria quanto em Relaes Pblicas, pode marcar as duas opes.
Esto presentes em
quantos programas de
M.I.?
Esto presentes em
quantos programas
de M.I.?
Histria
22 prog.
Artes
2 prog.
Administrao
9 prog.
Letras
2 prog.
Arquivologia
9 prog.
Pedagogia
1 prog.
Jornalismo
6 prog.
Servio Social
1 prog.
Relaes Pblicas
5 prog.
Cincias Contbeis
1 prog.
Biblioteconomia
4 prog.
Matemtica
1 prog.
Museologia
4 prog.
Informtica
1 prog.
Publicidade e Propaganda
4 prog.
Engenharia
1 prog.
Arquitetura
3 prog.
Medicina
1 prog.
Direito
3 prog.
Oceanografia
1 prog.
Economia
3 prog.
Cincia Poltica
1 prog.
Fonte: Elaborado por SOUZA, Alina Oliveira de. com base nos dados obtidos atravs da tcnica de questionrio.
as
pessoas
(funcionrios/colaboradores);
Individualizar
informaes
ou
dados;
Contribuir
nos
momentos
discurso;
Fortalecer
identidade
institucional;
Fortalecer
no andamento dos negcios e esse conhecimento pode ser obtido atravs do estudo da
histria. Compreender a personalidade que a organizao vai incorporando ao longo do
tempo ajuda no planejamento de aes futuras, na anlise de seus diferencias e,
consequentemente, nas aes de comunicao.
Estudar como o perfil dos fundadores est presente nos valores da organizao,
compreender como a organizao toma as suas decises, buscar motivos para o
comportamento do quadro de funcionrios, elencando seus mitos e heris,
verificar e disponibilizar a histria mercadolgica de seus produtos, as diversas
fases das campanhas de marketing e tantos outros aspectos da vida da
organizao podem ser o caminho para decises mais condizentes com o
ambiente em que esta entidade est inserida. (MARICATO, 2006, p.128)
Termo utilizado por Fernando Catroga (2001) para se referir representao afetiva do passado no
tempo presente.
Assim como todo indivduo necessita ter a sua certido de nascimento, o seu
registro geral e outros dados que o identifiquem, tambm as instituies, as
comunidades, as cidades e as sociedades precisam conhecer as suas identidades
culturais. Porque so essas identidades que facilitaro a conscincia do que
intrinsecamente comum a todos, daquilo que transcende o individual, o
particular. Identidades, portanto, facilitam a coeso social, contribuindo,
destarte, na afirmao dos espaos pblicos e da cidadania, no fortalecimento
da democracia e na preservao da soberania, de uma nao ou instituio.
(AXT, 2004, p.2)
4. Consideraes Finais
Analisar quais so os pontos em comum entre as opinies dos coordenadores de
acervos presentes em organizaes do Rio Grande do Sul e as teorias acerca da
Memria Institucional permite delinear um cenrio otimista para relaes-pblicas e
demais comunicadores. Embora muitos dos questionados tenham formao em Histria,
as respostas apontam dados que combinam com as funes dos profissionais da
Comunicao. Os resultados da pesquisa demonstram que as contribuies dos
programas de documentao e memria para os relacionamentos, posicionamentos e
atitudes no mbito interno da instituio podem ser classificadas em quatro categorias:
valorizao do funcionrio e de seu trabalho, conhecimento da organizao,
fortalecimento da cultura organizacional e coeso social. Esses fatores esto diretamente
ligados
administrao
do
conflito
no
sistema
organizao-pblicos10.
10
Segundo Roberto Porto Simes, a relao organizao-pblicos o objeto material das Relaes
Pblicas enquanto o objeto formal o conflito (1984, p.118).
porm, precisam ser norteados por profissionais que saibam reconhec-los, comuniclos e pens-los numa perspectiva a longo prazo.
Trazer tona as relquias histricas transcende o prprio ato de registro do
passado. So vestgios que ensinam o presente e orientam o futuro. O mundo muda, o
tempo passa e leva adiante o hoje, mas alguns objetos no resistem ao
envelhecimento, deterioram-se. Contudo, a emoo das conquistas e a aprendizagem
com os erros se escondem em algum recanto da histria. Existem produtos e servios
semelhantes, mas cada organizao tem a sua trajetria esta preservao de sua
identidade constitui-se em um de seus maiores patrimnios. Silenciar a memria como
vendar os olhos para os pontos fortes construdos ao longo dos desafios. Paul Thompson
(1992, p.43) declara que a histria no deve apenas confortar; deve apresentar um
desafio, e uma compreenso que ajude no sentido de mudana.
Referncias bibliogrficas:
AXT, Gunter. Memria, cidadania e os novos campos do historiador. Histria Hoje,
www.anpuh.uepg.br,
v.1,
n.4,
p.3,
2004.
Disponvel
em:
<http://www.anpuh.org/revistahistoria/view?ID_REVISTA_HISTORIA=5>.
Acesso
em: 22 set. 2009.
GAGETE, Elida; TOTINI, Beth. Memria empresarial, uma anlise de sua evoluo. In:
NASSAR, Paulo (org.). Memria de empresa: histria e comunicao de mos
dadas, a construir o futuro das organizaes. So Paulo: Aberje, 2004.
THOMPSON, Paul. A voz do passado: histria oral. Rio de Janeiro: Paz e Terra,
1992.