Você está na página 1de 2

Sujeito ou objeto?

As mulheres e a circulao de bens de valor nas


Terras Altas da Nova Guin.
Inicialmente reduzi a comparao a um simples contraste entre dois
casos: a regio daulo na provincial das terras altas orientais e
Hagen, nas terras altas ocidentais. (111)
Seria de fato um equvoco imaginar que a diferena entre Hagen e
Daulo deve ser apreendida apenas em termos do controle das
mulheres sobre os recursos. (115).
Eu argumentaria que a discusso das relaes sociais em termos de
controle sobre a propriedade tambm uma discusso velada sobre
at que ponto esta ou aquela categoria pode atuar como pessoa.
(116).
Nas terras altas entretanto, as ideias sobre a condio de pessoa
no esto necessariamente relacionados dicotomia sujeito-objeto
ou s questes de controle que a acompanham. (116).
A suposio que est por trs de uma restaurao desse tipo a de
que se as mulheres so transmitidas entre grupos de homens ,
estabelecendo-se uma equivalncia entre elas e a riqueza que flui
entre os homens, ento elas prprias esto sendo tratadas como
objetos. (117).
No so as pessoas em geral que so equiparadas a riqueza, mas as
mulheres em particular. [] Mas o corolrio ocidental no procede
por todos esses motivos: esses conceitos hagen no so
equivalentes conceitualizao das mulheres como objetos.
(118).
Os bens de valor nas terras altas, inclusive o dinheiro, no so
sempre tratados como objetos no sentido ocidental e no devem ser
compreendidos propriedade se propriedade implicar objetificao.
(118).
A troca de ddivas estabelece uma relao entre sujeios porque as
ddivas so inalienveis, ao passo que as mercadorias no o so.
(119).
Elas so equiparadas a coisas; contudo, seu referente simblico no
uma coisa no sentido de um objeto, mas aspectos de sua condio
de pessoa. (120).
No devemos ficar particularmente desconcertados se as mulheres
forem comparadas a conchas ou lojas de comercio. Imaginar que
elas esto sendo tratadas como objeto tem como base nossa
prpria anttese entre pessoas e coisas, uma premissa falsa nessas

circunstncias. A falsidade reside no na euiparao implcita entre


uma riqueza desse tipo e propriedadecomo compreendemos o
termo. (122).
Assim como as coisas atuam como mediadoras na troca de ddivas,
as mulheres hagen enviadas ou recebidas em casamento podem
representar aspectos daquilo que denomino a pessoa clnica.
(124). Nesse sentido, a fora do cl e necessariamente composta
dos esforos conjuntos de homens e mulheres. (125).
Aqui as ddivas mantm sua referncia s pessoas; meu argumento
que a forma como a pessoa constrda simbolicamente tem
considervel influncia sobre a natureza da participao dos
homens e das mulheres. (128).
Tanto os Hagen como os Daulo estabeleceram cartas equivalencies
entre mulheres e riqueza, mas eu argumentaria que elas tm pouco
a ver com propriedadeno sentido de direitos exercidos sobre os
objetos. Em vez disso, relacionam-se forma como os itens de
riqueza significam aspectos da pessoa. (131)

Você também pode gostar