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CORAZZA, Sandra TADEU, Tomaz. Manifesto Por Um Pensamento Da Diferença em Educação
CORAZZA, Sandra TADEU, Tomaz. Manifesto Por Um Pensamento Da Diferença em Educação
Disseminar.
Proliferar.
Multiplicar.
Descentrar.
Desestruturar.
mutvel,
clonvel,
intensificvel,
desmontvel-montvel,
(uma
mulher)
sem
qualidades
(antropolgicas)
sem
privilgios
[p.13] Quantos? Um. muito pouco. Dois. Talvez. Muitos. muito melhor.
Celebrar a multiplicidade e a singularidade. A diviso ao infinito. "Sou grande. Contenho
multides" (Walt Whitman). "Como cada um de ns era vrios, j era muita gente"
(Deleuze e Guattari). "Um muito pouco, dois apenas uma possibilidade" (Donna
Haraway).
Olhar com simpatia o mundo das aparncias e dos simulacros. "Destruir os modelos
e as cpias para instaurar o caos que cria, que faz marchar os simulacros" (Deleuze).
Falsificar. Confundir o referente e a representao, o original e a cpia, a cpia e o
simulacro. Desestabilizar a exclusividade do original, do real e do verdadeiro. Renunciar a
desvelar, desmascarar, desmistificar.
Pensar e viver sem fundaes ltimas, sem princpios transcendentais, sem critrios
universais. Nenhuma fundao realmente ltima; nenhum princpio realmente
transcendental; nenhum critrio realmente universal. As fundaes, os transcendentais, os
universais so estreitamente dependentes dos atos que os enuncia m e das posies de onde
so enunciados. No existem antes da linguagem e do discurso, nem fora da histria e da
poltica, nem independentemente da sociedade e da cultura. So circulares: aquilo que eles
supostamente so tem como nico fundamento o ato que os definiu como tais. No existem
universais que no estejam baseados em um ato de excluso. No existem fundaes que
dispensem a fora da retrica que as funda. No existem transcendentais que no derivem
de mundanos atos de fora. Pensar e viver sem eles no significa simplesmente que "tudo
vale", mas que aquilo que vale no est antecipada e definitivamente decidido.
[p.17] Referncias
A citao de Blanchot sobre a "necessria dissimetria" das relaes de fala
extrada de Maurice Blanchot. L'entretien infini. Paris: Gallimard, 1969, p.110. As duas
citaes de Foucault sobre a dialtica so extradas da pgina 90 de Michel Foucault.
"Theatrum philosophicum" Dits et crits v. II. Paris: Gallimard, 1994, p.75-99. O "muita
gente" de Deleuze e Guattari vem da pgina 11 de Gilles Deleuze e Fliz Guattari. Mil
plats. Capitalismo e esquizofrenia. v.1. Rio: Editora 34, 1995. A citao de Donna
Haraway est em Donna Haraway. "Um manifesto em favor do ciborgues" In: Tomaz
Tadeu da Silva (Org.). Antropologia do ciborgue. As vertigens do ps-humano. Belo
Horizonte: Autntica, 2000. A citao de Walt Whitman do poema I celebrate myself,
de Leaves of grass. "Do I contradict myself?/ Very well, then, I contradict myself; I am
large - I contain multitudes". A citao de Deleuze sobre o simulacro da pgina 271 de
Gilles Deleuze. A lgica do sentido. So Paulo: Perspectiva, 1998. A citao de Deleuze,
no penltimo pargrafo, de Nietzsche et la philosophie, PUF, 1999, p.218. A citao de
Blanchot sobre a "plenitude do ser" tomada de Peter Pl Pelbart, "O humanismo
extenuado de uma constelao de autores", Folha de So Paulo, 6 de agosto de 2000. As
citaes de Lyotard nos dois ltimos pargrafos so de O ps-moderno explicado s
crianas. Lisboa: Dom Quixote, 1987, p.27. Ainda no ltimo pargrafo, a citao de
Foucault de "La pense du dehors". In: Dits et crits. Paris: Gallimard, 1994, p. 518-539
(a passagem est na pgina 523). Outras referncias, livremente parafraseadas, como as que
compem o pargrafo sobre o "sujeito", sero facilmente reconhecidas.