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ÀGUA PARA QUEM TEM SEDE

14-02-2008

NEUROCIÊNCIA –

Suzana Herculano-Houzel,
neurocientista, é professora da UFRJ e autora do livro "Fique de
bem com o seu cérebro" (Editora Sextante) e do site O Cérebro
Nosso de Cada Dia

Verão costuma ser tempo de calor, muito suor e... sede, a maneira
que o cérebro tem de nos chamar a atenção para a falta de água no
sangue, o órgão mais fluido do corpo. Conforme perdemos água, a
concentração de sais minerais no sangue sobe, o equilíbrio elétrico
das células do cérebro fica ameaçado, a boca fica seca, e a
sensação de sede pode chegar ao ponto de ocupar totalmente a
consciência e não nos deixar pensar em outra coisa.

E então... bebemos água. No entanto, a concentração salina do


sangue só é corrigida mais de 15 minutos depois, quando a água
bebida é absorvida pelo intestino -embora a sede passe rapidinho, e
a saciedade nos faça parar. O que, aliás, é muito importante: se
dependêssemos de esperar que o sangue se normalizasse para
pousar o copo, beberíamos sempre água demais e viveríamos
oscilando entre a falta de água e o excesso dela, igualmente
prejudicial por sobrecarregar os rins. Em vez disso, o volume de
água que bebemos a cada vez é quase exatamente o necessário
para corrigir em alguns minutos a concentração do sangue -como
se o cérebro soubesse de antemão exatamente de quanta água o
corpo precisa.

E, de fato, sabe. O sistema nervoso conta com "sensores de sede",


que medem no liquor que banha o cérebro sua concentração de sal
e passam a informação ao hipotálamo. Este, por sua vez, espera
até que o aumento de sódio no sangue chegue a uns 2% -ou
viveríamos com sede!- e então ativa o córtex cingulado,
responsável por comportamentos motivados, que dispara a
sensação de sede que nos motiva a buscar água.
Quando bebemos água, "sensores de saciedade", espalhados pela
boca, esôfago e paredes do estômago, medem o volume bebido e o
informam ao cingulado. Quando o volume de água que entra
corresponde ao tamanho da sede, o cingulado é desativado -e a
sede é aplacada a tempo, antes que entre água além do
necessário.

Beber água sem sede, portanto, é algo que apenas os idosos


precisam fazer, por conta de alterações no cérebro que reduzem a
sensação de sede. Beber dois litros de água por dia, uma
recomendação comum desde quando se constatou que adultos
perdem diariamente cerca de dois litros d'água, é um exagero.
Grande parte da água de que o corpo precisa vem da comida; outra
parte vem do ar inspirado. Para suprir o resto, basta beber um litro
de água ao longo do dia -o que significa que você deve beber água
quando sentir sede. Pois é...

SUZANA HERCULANO-HOUZEL, neurocientista, é professora da


UFRJ e autora do livro "Fique de bem com o seu cérebro" (Editora
Sextante) e do site O Cérebro Nosso de Cada Dia
(www.cerebronosso.bio.br)
suzanahh@folhasp.com.br

Fonte:
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/equilibrio/eq1402200807.htm

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Livros publicados: SHH

 neurocientista: SUZANA HERCULANO-HOUZEL

Fique de bem com o seu cérebro (2007)


Por que o bocejo é contagioso? (2007)
O Cérebro em Transformação (2005)
Sexo, Drogas, Rock'n'Roll & Chocolate (2003)
O Cérebro Nosso de Cada Dia (2002)

Fique de bem com seu cérebro


Suzana Herculano-Houzel
Editora Sextante, 2007
208 p., R$ 19,90

Este livro foi escrito para quem deseja alcançar o bem-estar e torná-
lo algo cada vez mais intenso e freqüente em sua vida. Suzana
Herculano-Houzel mostra o melhor caminho para a conquista desse
objetivo: ficar de bem com o próprio cérebro, isto é, cuidar para que
ele funcione da melhor maneira possível − sempre.
Aqui você conhecerá uma série de descobertas recentes da
neurociência e saberá de que modo elas podem ajudar você a
manter o cérebro saudável. Com um texto claro e cativante, a
autora apresenta uma abordagem prática desse assunto, com dicas
que estimularão você a arregaçar as mangas e se dedicar a obter
mais paz e felicidade no dia-a-dia.
Cada um dos 15 capítulos deste livro contém informações a
respeito de um aspecto relacionado ao bem-estar. Entre outras
coisas, você aprenderá que é essencial:

- Cuidar bem da sua saúde física − o cérebro precisa do corpo.


- Identificar e cultivar os seus prazeres − eles são a base do bem-
estar.
- Ouvir as suas emoções − elas são imprescindíveis para as boas
decisões.
- Sorrir e buscar a felicidade − ela torna o corpo mais saudável.
- Saber a diferença entre tristeza e depressão − para respeitar a
primeira e tratar a segunda.
- Tirar proveito do estresse agudo − é surpreendente, mas ele tem
efeitos benéficos.
- Lidar com a ansiedade − em doses saudáveis, ela é uma benção.
- Fazer as pazes com os remédios − às vezes os medicamentos
são realmente necessários.
- Combater o estresse crônico − um vilão causador de muitos males
físicos e mentais.
- Exercitar-se regularmente − isso pode funcionar como um "exilir
da juventude".
- Dormir bem e bastante − descubra a importância das sonecas
para o cérebro.
- Cultivar os relacionamentos − o isolamento é um fator intenso de
estresse social.

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Por que o bocejo é contagioso?

e outras curiosidades da neurociência do cotidiano


Jorge Zahar Editor, Rio de Janeiro, 2007

Há perguntas que nós fazemos todos os dias e, mesmo assim,


nunca conseguimos responder: por que sentimos medo de filmes de
terror? Por que suamos frio? Por que comer chocolate é tão bom?
Por que fui contar aquele segredo? O que não desconfiamos é que
as respostas para todas estas questões estão na neurociência.

Em Por que o Bocejo é Contagioso?, a neurocientista Suzana


Herculano-Houzel responde a 80 dessas perguntas que tanto nos
intrigam no cotidiano. Tudo isso de um modo simples, fácil de
entender e, ao mesmo tempo, de acordo com as pesquisas mais
recentes em sua área. A publicação inaugura ainda a série Ciência
da Vida Comum, nova coleção de divulgação científica da Zahar,
que apresenta para o leitor as aplicações da ciência e da tecnologia
em nossas vidas cotidianas.

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Cérebro em Transformação
Ed. Objetiva, 2005.

Cabeça de adolescente é um mistério: tédio, paixão, bobeira,


ansiedade, e muita, muita irresponsabilidade. Em O Cérebro em
Transformação, da neurocientista Suzana Herculano Houzel, você
vai descobrir que nem só de hormônio vive a adolescência. Na
verdade, tudo o que ocorre entre os 11 e os 18 anos é fruto de uma
grande revolução química e neurológica. Daí as súbitas mudanças
de humor, as inúmeras questões, a insegurança.
Numa abordagem original, Suzana Herculano revela que a
adolescência é um período necessário e desejável da vida. O que
acontece então na cabeça do adolescente é muito mais do que uma
simples enxurrada hormonal. Seu comportamento é fruto de um
cérebro adolescente, que passa por uma grande reformulação.

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Sexo, Drogas, Rock'n'Roll... & Chocolate

O Cérebro e os prazeres da vida cotidiana


Vieira & Lent Casa Editorial, Rio de Janeiro, 2003. 2a edição.

O que nos faz querer mais? Por que tudo o que envolve sexo,
música, comida e drogas dá prazer? O que todos os prazeres
cotidianos têm em comum? Respostas a essas e outras perguntas
você encontra neste livro, escrito em linguagem acessível e bem-
humorada.

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O Cérebro Nosso de Cada Dia

Descobertas da neurociência sobre a vida cotidiana


Vieira & Lent Casa Editorial, Rio de Janeiro, 2002. 8a edição.

A neurociência é o conjunto de áreas da ciência que se interessam


pelo sistema nervoso: como ele funciona, se desenvolve, evolui, é
alterado por substâncias químicas, e como resultado disso tudo
produz a mente e os comportamentos. Neste, que foi o primeiro
livro da neurocientista Suzana Herculano-Houzel, você descobre
como a neurociência explica vários aspectos da vida cotidiana, da
dificuldade de lembrar dos sonhos às vantagens cognitivas das
mães, passando pela razão da falta de originalidade da ficção
científica e pela descoberta intrigante das falsas memórias. Um livro
escrito em linguagem ágil, acessível e bem-humorada, para o leitor
não-especialista curioso com o que traz dentro da própria cabeça.

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