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CENTRO DE EDUCAÇÃO PROFISSIONAL “DARIO GERALDO SALLES”

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6 - MANCAIS DE DESLIZAMENTO

INTRODUÇÃO

Os mancais de deslizamento são muito encontrados em máquinas onde um eixo


qualquer sofre forças e o mancal serve de aparo e de guia para este eixo.
Os mancais se dividem em dois tipos principais: mancais de guia e
mancais de fricção.
Para um aumento da vida útil dos mancais de deslizamento é indispensável o uso de
lubrificantes adequados para cada aplicação. Outro fator importante é a escolha do
lubrificante e sua freqüência de relubrificação.

6.1 - MANCAIS DESLIZANTES


TIPOS

a) Mancais de guia - Muito encontrados em máquinas ferramentas, onde a mesa desliza


sobre suas guias. Não suportam muita carga, o movimento relativo entre eles é de
translação.

b) Mancais de fricção - Quando uma das superfícies móveis é um eixo e o deslizamento


é executado considerando-se o movimento relativo de rotação entre o eixo e o mancal.
Existem três tipos específicos:
- Planos
- Escora
- Guia

b.1) Mancais planos - comumente chamados de radiais. São os que suportam carga
perpendicular ao eixo de rotação.
b.2) Mancais de escora - também conhecido como de encosto. São projetados para
trabalharem sob ação de cargas axiais.
b.3) Mancais guias - servem praticamente para evitar o deslizamento do eixo.
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MATERIAIS UTILIZADOS

Geralmente a base do mancal é de ferro fundido ou podendo também ser de aço,


dependendo muito de fatores técnicos envolvidos no projeto do mancal.
Para a confecção da bucha utilizam-se diversos materiais, dos quais destacam-se em
ordem de emprego os seguintes materiais:

1o ) Metal patente: são ligas fundamentalmente a base de Estanho (89%), Antimônio


(8%), Cobre (3%). Este metal é muito utilizado.

2o ) Ligas binárias de Cobre e Chumbo (20 à 40% de Chumbo): A boa resistência a


fadiga indica o seu uso em mancais que trabalham em condições severas.

3o ) Bronzes: Três são os principais tipos de bronzes:


- Bronze a base de Estanho;
- Bronze a base de Chumbo;
- Bronze de alta resistência.

Todos os tipos especificados acima são utilizados em mancais de bombas de água,


motores marítimos, trens de laminação, mancais de vagões ferroviários.
4o ) Alumínio: Suas ligas resistem bem a corrosão produzida pela acidez do lubrificante.
São muito usados em mancais de motores de explosão, alguns compressores,
equipamentos aeronáuticos.

5o ) Prata: Mancais com prata são muito usados em aeronaves e motores diesel. São
camadas (0.001 à 0.005 in) de prata depositada internamente em mancais de aço.
6o ) Ferro fundido: São raramente usados.

7o ) Grafite: é misturado com cobre, bronze, e plásticos, obtendo assim, uma maior
diminuição do coeficiente de fricção.

8o ) Plásticos: Muito utilizados em máquinas de indústrias têxteis, alimentícias, com


produtos corrosivos, oxigênio líquido.

VANTAGENS E DESVANTAGENS

A velha pergunta, se são melhores os mancais de rolamento ou os de


escorregamento, pode-se hoje em dia com a afirmação de que cada um dos dois tipos
tem suas qualidades particulares, e que nenhum deles satisfaz a todas as exigências.
Há casos em que apenas mancais de escorregamento podem ser usados, outros em
que somente rolamentos constituem uma boa solução e, finalmente, aqueles em que os
dois tipos oferecem solução satisfatória. A decisão depende das propriedades de maior
importância para cada aplicação.
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Vantagens: - amortece as vibrações, os choques e ruídos;


- construção simples;
- mancais de grandes diâmetros são mais baratos;
- suportam altas pressões.

Desvantagens: - atrito maior de partida;


- consumo maior de lubrificante;
- exige maiores cuidados com a circulação do lubrificante e manutenção;
- maior estático e dinâmico (torque).

APLICAÇÃO

- Motores de automóveis e aviões


- Motores a gás e a óleo
- Motores marítimos
- Máquinas a vapor estacionárias
- Bombas e compressores alternativos
- Turbinas a vapor
- Motores e bombas rotativas

LUBRIFICAÇÃO E ATRITO

Atrito no mancal

O movimento das peças nos mancais é dificultado por uma resistência chamada atrito.
Quando se trata de superfícies de rotação com corpos rolantes, chama-se atrito de
rolamento, enquanto para as peças deslizantes chama-se atrito de deslizamento.
As superfícies de deslizamento sem camada intermediária de sustentação movem-se
com atrito sólido. Neste movimento são arrancadas partículas salientes. Esse tipo de
atrito pode ser evitado com lubrificação, como que flutuando sobre a camada de
lubrificante. Esse processo de lubrificação chama-se lubrificação Flutuante.
No atrito de flutuação quase não ocorre desgaste, porém, quando ocorrem arranques,
paradas ou mudanças no sentido de movimentos intermitentes, o atrito passa a se
caracterizar como ATRITO MISTO.
No atrito misto, tem-se em parte atrito seco e, em parte atrito líquido, o que acarreta
desgaste. Em mancais principais e de precisão, recomenda-se que se tenha sempre o
atrito flutuante.
Quando em rotação, o eixo desloca-se para uma posição lateral, na direção do
sentido de rotação.
Com esse desvio lateral do motor, deforma-se um espaço cuneiforme no lado
oposto. O lubrificante deve afluir através de uma ranhura a essa folga em forma de
cunha, para que nele se forme uma cunha de material lubrificante, originando-se assim
forças de pressão que suportem o eixo.
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Tipos de lubrificação

a) Lubrificação sólida ou limitada: é aquela onde a película de óleo se rompe não


resistindo às condições de trabalho. É como se não existisse lubrificante algum entre
as superfícies;
b) Lubrificação fluída: acontece quando as superfícies são separadas pela interposição de
uma película lubrificante;
c) Lubrificação semi-fluída: ocorre quando a espessura da película inicia a fase perigosa
de poder se romper, pois tende a se encaminhar para a zona onde as condições de
lubrificação são limitadas.

6.2 - CÁLCULO DE RESISTÊNCIA (PRESSÃO SUPERFICIAL)

Mancal radial

F
Ps =
d ×l

Onde: F - Força exercida no mancal;


d - Diâmetro interno do mancal;
l - Comprimento

Mancal axial

F
Ps =
(D2 − d 2 )
π×
4

Onde: F - Força exercida no mancal;


D - Diâmetro do eixo;
d - diâmetro do mancal.
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Tabela para Pressão Superficial Admissível


Ps - Pressões superficiais (kgf / cm2) admissíveis

Material em contato PMÁX kgf / cm2


EIXO / BUCHA
Aço temperado / aço temperado boa retificação, 150
boa lubrificação.
Aço temperado / bronze ou metal patente, 90
retificado, boa lubrificação.
Aço não temperado / bronze ou metal patente, 60
retificado, boa lubrificação.
Ferro / bronze ou metal patente, superfícies 40
lisas.
Ferro ou Ferro Fundido / bronze ou metal 30
patente, superfícies não perfeitamente lisas
Ferro / Ferro Fundido, superfícies não 25
perfeitamente alisadas
Ferro, aço, Ferro Fundido / madeira 25

6.2- Exemplos de cálculos

A) Um mancal com casquilho (munhão) de aço não temperado, l = 150 mm e d = 100


mm suporta F = 6700 kgf. Bucha de bronze, retificada, boa lubrificação. Determinar o
valor da pressão máxima considerada no mancal usado.

Ps = F
dxl

Ps = 6700
10 x 15

Ps = 44,66 kgf / cm2 resiste

Ps = 60 kgf / cm2 (Ver tabela)


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B) Um mancal de escora suporta uma carga de 1500 kgf. A extremidade do eixo


apresenta d = 50 mm. O eixo é de aço temperado, bucha de bronze retificada e boa
lubrificação. Calcular o diâmetro interno do anel “d” afim de que a pressão não
ultrapasse o valor admissível.

PsMÁX = F
π (D - d2)
2

90 = 1500
π (52 - d2)
4

70,68 (25 - d2) = 1500

1767 - 70,68 d2 = 1500 → dmax = 1,94 cm

6.3- EXERCÍCIOS SOBRE MANCAIS DE DESLIZAMENTO

6.3.1 - Dada a transmissão abaixo, determinar os comprimentos necessários dos mancais,


l1 e 12.
Sendo material do Eixo/Bucha = aço temperado/Bronze retificado.

Resposta:
l1 = 74 mm
l2 = 38,4 mm
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6.3.2 - Determinar o material que devem ser feitas às buchas dos mancais 1 e 2 de tal
forma que estes resistam aos esforços solicitados pela capacidade máxima do motor.
Dados: N = 5 cv , n = 1180 rpm
Z1 = 16 dentes com m = 5 e θ = 20o
Redução de I para II = 5 vezes
Máquina = Calandra de rolos
Material do eixo = Aço não temperado.
d1 = d2 = 30 mm; 11 = 60 mm; 12 = 80 mm; P = 900kgf

Resposta: Bronze ou metal patente, retificado com boa lubrificação.

6.3.3 - Determinar a capacidade de carga máxima que o mancal de escoras poderá


suportar sabendo que o eixo é de aço não temperado e a bucha é de bronze retificada,
com boa lubrificação. Dados: d = 20 mm, D = 50 mm. (Resposta:Fmáx=989,6 Kgf).
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7 - MANCAIS DE ROLAMENTO

Quando necessitar de mancal com maior velocidade e menos atrito, o mancal de


rolamento é o mais adequado.
Os rolamentos são classificados em função dos seus elementos rolantes. Veja os
principais tipos:

Os eixos das máquinas, geralmente, funcionam assentados em apoios. Quando um


eixo gira dentro de um furo produz-se, entre a superfície do eixo e a superfície do furo,
um fenômeno chamado atrito de escorregamento.
Quando é necessário reduzir ainda mais o atrito de escorregamento, utilizamos um
outro elemento de máquina, chamado rolamento.
Os rolamentos limitam, ao máximo, as perdas de energia em conseqüência do atrito.
São geralmente constituídos de dois anéis concêntricos, entre os quais são colocados
elementos rolantes como esferas, roletes e agulhas.
Os rolamentos de esfera compõem-se de:

O anel externo é fixado no mancal, enquanto que o anel interno é fixado


diretamente no eixo.
As dimensões e características dos rolamentos são indicadas nas diferentes normas
técnicas e nos catálogos de fabricantes.
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CARACTERÍSTICAS DOS ROLAMENTOS

Ao examinar um catálogo de rolamentos, ou norma específica, você encontrará


informações sobre as seguintes características e outras mais:

D: diâmetro externo;
d: diâmetro interno;
R: raio de arredondamento;
L: largura.

Em geral, a normalização dos rolamentos é feita a partir do diâmetro interno d, isto é, a


partir do diâmetro do eixo em que o rolamento é utilizado.
Para cada diâmetro são definidas três séries de rolamentos: leve, média e pesada.
As séries leves são usadas para cargas pequenas. Para cargas maiores, são usadas as
séries média ou pesada. Os valores do diâmetro D e da largura L aumentam
progressivamente em função dos aumentos das cargas.
Os rolamentos classificam-se de acordo com as forças que eles suportam. Podem ser
radiais, axiais e mistos.
• Radiais - não suportam cargas axiais e
impedem o deslocamento no sentido
transversal ao eixo.

• Axiais - não podem ser submetidos a


cargas radiais. Impedem o
deslocamento no sentido axial, isto é,
longitudinal ao eixo.

• Mistas - suportam tanto carga radial


como axial. Impedem o deslocamento
tanto no sentido transversal quanto no
axial.
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Conforme a solicitação, apresentam uma infinidade de tipos para aplicação específica


como: máquinas agrícolas, motores elétricos, máquinas ferramenta, compressores,
construção naval etc.

Quanto aos elementos rolantes os rolamentos podem ser:

a) De esferas - os corpos rolantes são esferas. Apropriados para rotações mais


elevadas.

b) De rolos - os corpos rolantes são formados de cilindros, rolos cônicos ou


barriletes. Esses rolamentos suportam cargas maiores e devem ser usados em
velocidades menores.

c) De agulhas - os corpos rolantes são de pequeno diâmetro e grande comprimento.


São recomendados para mecanismos oscilantes, onde a carga não é constante e o
espaço radial é limitado.
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VANTAGENS E DESVANTAGENS DOS ROLAMENTOS

Vantagens: - menor atrito e aquecimento;


- baixa exigência de lubrificação;
- intercambialidade internacional;
- não há desgaste do eixo;
- pequeno aumento da folga durante a vida útil.

Desvantagens: - maior sensibilidade aos choques;


- maiores custo de fabricação;
- tolerância pequena para a carcaça e alojamento do eixo;
- não suporta cargas tão elevadas como os mancais de deslizamento;
- ocupa maior espaço radial.

TIPOS E SELEÇÃO

Os rolamentos são selecionados conforme:


• as medidas do eixo;
• o diâmetro interno (d);
• o diâmetro externo (D);
• a largura (L);
• o tipo de solicitação;
• o tipo de carga;
• o número de rotação.

Com essas informações, consulta-se o catálogo do fabricante para identificar o


rolamento desejado.

Rolamento Fixo de uma carreira de esferas

É o mais comum dos rolamentos. Suporta cargas radiais e pequenas cargas axiais e é
apropriado para rotações mais elevadas.
Sua capacidade de ajustagem angular é limitada. É necessário um perfeito
alinhamento entre o eixo e os furos da caixa.
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Rolamento de contato angular de uma carreira de esferas

Admite cargas axiais somente em um sentido e deve sempre ser montado contra outro
rolamento que possa receber a carga axial no sentido contrário.

Rolamento autocompensador de esferas

É um rolamento de duas carreiras de esferas com pista esférica no anel externo, o que lhe
confere a propriedade de ajustagem angular, ou seja, de compensar possíveis
desalinhamentos ou flexões do eixo.

Rolamento de rolo cilíndrico

É apropriado para cargas radiais elevadas. Seus componentes são separáveis, o que
facilita a montagem e desmontagem.
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Rolamento autocompensador de uma carreira de rolos

Seu emprego é particularmente indicado para


construções em que se exige uma grande
capacidade para suportar carga radial e a
compensação de falhas de alinhamento.

Rolamento autocompensador de duas carreiras de rolos

É um rolamento adequado aos mais pesados serviços. Os rolos são de grande diâmetro e
comprimento.
Devido ao alto grau de oscilação entre rolos e pistas, existe uma distribuição uniforme da
carga.

Rolamento de rolos cônicos

Além de cargas radiais, os rolamentos de rolos cônicos também suportam cargas axiais
em um sentido.
Os anéis são separáveis. O anel interno e o externo podem ser montados separadamente.
Como só admitem cargas axiais em um sentido, torna-se necessário montar os anéis aos
pares, um contra o outro.
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Rolamento axial de esfera

Ambos os tipos de rolamento axial de esfera (escora simples e escora dupla) admitem
elevadas cargas axiais, porém, não podem ser submetidos a cargas radiais. Para que as
esferas sejam guiadas firmemente em suas pistas, é necessária a atuação permanente de
uma carga axial mínima.

Rolamento axial autocompensador de rolos

Possui grande capacidade de carga axial devido à disposição inclinada dos rolos.
Também pode suportar consideráveis cargas radiais.
A pista esférica do anel da caixa confere ao rolamento a propriedade de alinhamento
angular, compensando possíveis desalinhamentos ou flexões do eixo.
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Rolamento de agulha

Possui uma seção transversal muito fina em comparação com os rolamentos de rolos
comuns. Comprimento de 3 a 10 vezes o diâmetro.
É utilizado especialmente quando o espaço radial é limitado.

Rolamentos com proteção

São assim chamados os rolamentos que, em função das características de trabalho,


precisam ser protegidos ou vedados.
A vedação é feita por blindagem (placa). Existem vários tipos.
Os principais tipos de placas são:

As designações Z e RS são colocadas à direita do número que identifica os rolamentos.


Quando acompanhados do número 2 indicam proteção de ambos os lados.
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CUIDADOS COM OS ROLAMENTOS

Na troca de rolamentos, deve-se tomar muito cuidado, verificando sua procedência e seu
código correto.
Antes da instalação é preciso verificar cuidadosamente os catálogos dos fabricantes e
das máquinas, seguindo as especificações recomendadas.
Na montagem, entre outros, devem ser tomados os seguintes cuidados:
• verificar se as dimensões do eixo e cubo estão corretas;
• usar o lubrificante recomendado pelo fabricante;
• remover rebarbas;
• no caso de reaproveitamento do rolamento, deve-se lava-lo e lubrifica-lo
imediatamente para evitar oxidação;
• não usar estopa nas operações de limpeza;
• trabalhar em ambiente livre de pó e umidade.

DEFEITOS COMUNS DOS ROLAMENTOS

Os defeitos comuns ocorrem por:


• desgaste;
• fadiga;
• falhas mecânicas.

Desgaste

O desgaste pode ser causado por:


• deficiência de lubrificação;
• presença de partículas abrasivas;
• oxidação (ferrugem);
• desgaste por patinação (girar em falso);
• desgaste por brinelamento.

Fadiga

A origem da fadiga está no deslocamento da peça, ao girar em falso. A peça se descasca,


principalmente nos casos de carga excessiva.
Descascamento parcial revela fadiga por desalinhamento, ovalização ou por conificação
do alojamento.
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Falhas mecânicas

O brinelamento é caracterizado por depressões correspondentes aos roletes ou esferas


nas pistas do rolamento.
Resulta de aplicação da pré-carga, sem girar o rolamento, ou da prensagem do
rolamento com excesso de interferência.

Goivagem é defeito semelhante ao anterior, mas provocado por partículas estranhas que
ficam prensadas pelo rolete ou esfera nas pistas.

Sulcamento é provocado pela batida de uma ferramenta qualquer sobre a pista rolante.

Queima por corrente elétrica é geralmente provocada pela passagem de corrente


elétrica durante a soldagem. As pequenas áreas queimadas evoluem rapidamente com o
uso do rolamento e provocam o deslocamento da pista rolante.

As rachaduras e fraturas resultam, geralmente, de aperto excessivo do anel ou cone


sobre o eixo. Podem, também, aparecer como resultado do girar do anel sobre o eixo,
acompanhado de sobrecarga.

O engripamento pode ocorrer devido a lubrificante muito espesso ou viscoso. Pode


acontecer, também, por eliminação de folga nos roletes ou esferas por aperto excessivo.
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7.1 - CÁLCULO DA VIDA NOMINAL DO ROLAMENTO

A relação existente entre a vida nominal, a capacidade de carga dinãmica


e a carga aplicada ao rolamento, é expressa por uma equação:

ρ
⎛C⎞
= (L ) ρ = L
C 1
ρ
L=⎜ ⎟ ou
⎝P⎠ P
Onde:
L = vida nominal, em milhões de revoluções.
C = capacidade da carga dinâmica, em N.
P = carga dinâmica equivalente sobre o rolamento, em N.
ρ = expoente da fórmula de vida nominal, sendo que:
= 3 para rolamentos de esferas, e
= 10/3 para rolamentos de rolos e agulhas.

Para rolamentos que trabalham à rotação constante, é mais conveniente expressar


a vida nominal em horas de trabalho, usando desta forma a seguinte equação:

ρ 1
10 6 ⎛ C ⎞ ⎛ L × 60 × n ⎞ ρ
Lh = ⎜ ⎟ C = P×⎜ h ⎟
60 × n ⎝ P ⎠ ⎝ 10 6

Onde:
Lh = vida nominal em horas de trabalho
n = rotação em rpm

Ao selecionar o tamanho de um rolamento, deve-se utilizar a vida nominal em


milhões de rotação ou em horas de trabalho.

A carga sobre um rolamento radial frequentemente consiste em forças axiais e


radiais. Neste caso calcula-se a carga equivalente pela equação:

P = X F R + Y FA
Onde:
X = fator radial do rolamento
Y = fator axial do rolamento
P = carga equivalente
FR = carga radial constante
FA = carga axial constante
Os fatores X e Y estão indicados nas tabelas para rolamentos, em catálogos dos
fabricantes. ( verifique as tabelas encontradas mais adiante nesta apostila retiradas de
alguns catálogos).
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EXEMPLO DE CÁLCULO PARA ROLAMENTOS

Em um determinado eixo de um equipamento, que deve ter uma vida útil de 5000 horas,
determinar os rolamentos necessários, conforme desenho abaixo:
DADOS: Rolamento rígido de esferas
F = 1200 Kgf
Lh = 5000 hs
n = 800 rpm

SOLUÇÃO:

1°) Interpretar os tipos de cargas que atuam no eixo. Neste caso atua somente
uma carga radial F = 1200 Kgf.

2°) Deve-se calcular as reações nos mancais, que serão as cargas equivalentes em
cada rolamento, portanto:

ΣMA=0 ΣFy=0
1200. 120 – RB. 300 = 0 RA + RB –1200 = 0
RB = 480 Kgf RA =720 Kgf

Portanto no mancal A → PA = 720 Kgf


e no mancal B → PB = 480 Kgf

3°) Isolando a incógnita “C” (Capacidade de carga dinâmica) da fórmula, e


sabendo que o rolamento é de esferas, então = 3, tem-se:

1
⎛ Lh × 60 × n ⎞ ρ
C = P×⎜ ⎟
⎝ ⎠
6
10
1
⎛ 5000 × 60 × 800 ⎞ 3
No mancal “A” → C A = 720 × ⎜ ⎟ = 4474,415kgf = 44744,15 N
⎝ 106 ⎠

1
⎛ 5000 × 60 × 800 ⎞ 3
No mancal “B” → C B = 480 × ⎜ ⎟ = 2982,943kgf = 29829,43N
⎝ 10 6 ⎠
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4°) Pelos valores encontrados para a capacidade de carga dinâmica em cada


rolamento, “CA ”e “CB” , busca-se na tabela para rolamentos rígidos de esferas, que
corresponde ao pedido pelo exercício, um valor igual ou maior ao encontrado.

No mancal “A” CA = 44744,15 N, pela tabela (pelo valor mais próximo maior),
encontra-se Ctabelado= __________N , que corresponde ao rolamento de designação
6____ da SKF , com as seguintes dimensões principais:
d = __ mm
D = ___ mm
B = ___ mm

No mancal “B” CB = 29829,43 N, pela tabela encontra-se Ctabelado= ______N ,


que corresponde ao rolamento de designação 6_____, com as seguintes dimensões
principais:
d = __ mm
D = ___ mm
B = __ mm

7.2 - EXERCÍCIOS SOBRE MANCAIS DE ROLAMENTO

7.2.1 - Determinar os rolamentos de rolos cônicos que devem ser utilizados para a
montagem conforme desenho abaixo. Dados: F1 = 300 kgf e F2 = 400 kgf
lh = 4000 horas
n = 650 rpm
série 302xx

550 450 400

Respostas: A = 30203 SkF


B = 30205 s/f
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7.2.2 - Determinar os rolamentos de rolos Cônicos que devem ser utilizados abaixo.
Dados: Vida de 4500 horas, n = 1750 rpm, Série 303xx, diâmetro do eixo = 50 mm

Respostas: A = 3010 SkF


B = 30309 SkF

7.2.3 - Determinar a vida útil de um rolamento de esferas de contato angular, para


determinar sua manutenção preventiva. Sabendo-se que o eixo gira a 450 rpm e às
dimensões dos rolamentos são de d = 60 mm; D = 110 mm e B= 22 mm.
A carga dinâmica C = 43000 N.

Respostas: LhA = 7253,44 h


LhB = 1771,62 h
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7.2.4 - Determinar:

a) A vida “Lh” dos rolamentos A e B.

b) Pela vida Lh calculada no rolamento A: escolher os rolamentos C e D.

Dados:
• Rolamentos C e D - rígidos de esferas.
Z1 = 16 Z3 = 20
Z2 = 38 Z4 = 62
ambas m = 4 ambas m = 6

• Engrenagens dentes retos.


• Rolamentos A e B
d = 55 mm
D = 100 mm
B = 21 mm
Disposição em “x” de contato angular
• Rotação na saída - n = 200 rpm
• Ângulo de pressão - α = 20°

9- TABELAS
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A seguir estão colocadas algumas tabelas, retiradas do catálogo de rolamentos


da SKF, as quais trazem todos os dados para cada rolamento designado.

Tabela para Rolamentos rígidos de esferas


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Tabela para Rolamentos de uma carreira de esferas de contato angular


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Tabela para Rolamentos de Rolos Cônicos

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