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BOLETIM Nº 87 DA BE/CRE DA ESJCP

Este boletim da Biblioteca/Centro de Recursos da Escola Secundária/3


José Cardoso Pires, integrada no Agrupamento de Escolas General
Humberto Delgado, com sede na Escola Secundária/3 José Cardodo Pires
tem o número 87,sendo datado de Outubro de 2010.
Foi realizado pelo professor João Carlos Costa,
tendo sido efectuadas 80 cópias.

Professor Bibliotecário: João Carlos Costa


Equipa da biblioteca ESJCP 2010/2011:
professoras Ana Paulina Pascoal, Ana Ribeiro, Maria do Carmo Costa

República
Tema: 5 de Outubro de 1910- 5 de Outubro de 2010:
100 anos da Implantação da República em Portugal
P á g i n a I n t e r n e t d a B E / C R E e m : http://bibesjcp.no.sapo.pt
B l o g u e d a B E / C R E e m : http://becre-esjcp.blogspot.com
Catálogo online: http://esjcp.bibliopolis.info

em Portugal: 100 anos


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Algumas curiosidades De
O busto da República, uma mu-
lher de ombros nus e um barrete 5 de Outubro de 1910
frígio na cabeça, é da autoria do
escultor Simões de Almeida e foi
inspirado na figura feminina de
a
um quadro de Eugène Delacroix.
O barrete frígio ou barrete da
liberdade é uma espécie de touca
5 de Outubro de 2010
ou carapuça, originariamente uti-
lizada pelos moradores da Frígia 100 anos da República Portuguesa
(antiga região da Ásia Menor,
onde hoje está situada a
Turquia). Foi adoptado, na cor
vermelha, pelos republicanos
franceses que lutaram pela toma-
ste ano comemora-se
da da Bastilha em 1789, que cul-
minou com a instalação da
primeira república francesa em
1793.
E o centésimo aniver-
sário da implantação da
Por essa razão, tornou-se um
forte símbolo do regime republi- República em Portugal,
cano.
que ocorreu a 5 de
Os selos de correio de
finais da monarquia apre- Outubro de 1910, com a
sentavam já a figura do
último rei de Portugal, D. declaração lida por um
Manuel II.
Com a queda da monar- grupo de políticos
quia, o regime republicano
não teve tempo para man- republicanos da varanda
dar imprimir novos selos.
Aproveitou assim os já
da Câmara Municipal de
existentes e mandou que Lisboa para a multidão
fosse colocado um carim-
bo por cima com a palavra que se aglomerava no
REPÚBLICA. República em Loures, após a juntarevolu-
Só em 1912 é que largo em frente. cionária localtertomado algumas medidas ,
começam a surgir os M as já no dia anterior, a 4 de Outubro, entr e as quais o b loqueio do tráfego na
novos selos já com a indi- quando estalou a revolta na capital, um Calçada de Carriche, uma íngreme e est reita
cação República Portugue- estrad a na altura, muito diferente do que é
grupo de republicanos declarava a
sa. na actualidade, e onde se localizava uma
É a série conhecida como
CERES.
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estação de muda de ca-
valos, a Malaposta, no As mulheres
Olival Basto, onde hoje
está localizado
teatro.
um e a implantação
Em Lisboa, houve
acesos combates ent re da República.
os revoltosos, grupos
armados constituídos Não foram muitas
por mil i
tares e civis, que as mulheres que par-
se concentraram em ticiparam na revolta
grande parte na Rotun- republicana. Os cos-
da, hoje Praça do Mar- tumes obrigavam-
quês de Pombal, onde nas a estar em casa
ergueram barricadas e se e a aceitar a vontade
opuseram a algumasten- dos maridos, dando-
tativas de assalto por lhes poucos direitos
parte dastropaslealistas , e abafando-lhes a
ou seja, leais ao rei e ao voz.
regime monárquico. Muito embora os
No entanto, as che- republicanos incluís-
fias mili
tares do regime sem a atribuição do
hesitaram em atacar os direito de voto às mu- Uma mulher
republicanos, que acaba- lheres, isso acabou nas barricadas
ram por resistir, sob o por não acontecer, e da Rotunda
comando de Machado só com a revolução
dos Santos, numa altura de 25 de Abril de 1974 é que este direi-
em que as figuras políti- to foi plenamente alcançado.
casrepublicanastemiam Barricadas republicanas Mas houve algumas figuras que se
que a revolta acabasse na Rotunda, com civis e militares armados. salientaram, entre as quais a primeira
por sair frust
rada. mulher a apresentar-se para votar,
Foram muitas asreuniões clandestinas nheiros e oficiais subalternos tomaram o Carolina Beatriz Ângelo, uma vez que a
que prepararam a revolução, sobretudo comando,edispararam os canhões sobre o lei apenas permitia o voto aos chefes de
organizadas por elementos da Carbonária, Palácio das Necessidades, onde se encon- família. Como Beatriz Ângelo era viúva,
uma sociedade secreta que também foi t rava na alturaorei D. Manuel II. podia ser considerada chefe de família
responsável por diversos ataques à bomba, Face à ameaça, e seguindo o conselho para todos os efeitos.
de alguns que lhe eram próximos, o rei Mas depressa o regime deu pela Carolina
e de cujo envolvimento no assassinato do
abandonou o palácio, na companhia de falha e emitiu uma lei que negava essa Beatriz
rei D. Carlos se suspeitou, muito embora Ângelo
nuncatenha sido provado. alguns dos seus seguidores mais fiéis, e possibilidade de voto às mulheres.
No rio Tejo, onde estavam ancorados seguiu de automóve l em direcção a Maf ra, Outra figura relevante foi Maria
diversos navios de guerra, alguns mari- in
st alando-se no Convent o, e aí aguardando Veleda, que veio a dar o nome a uma escola da nossa freguesia.
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pelo desenrolar dos
acontecimentos.
No entanto, as
notícias não lhe eram
favoráveis, sabendo-
se que os revoltosos
republicanos preten-
diam aprisioná-lo, ha-
vendo até opiniões
dos mais radicais que
reclamavam a sua
morte.
A rainha mãe, D.
Amélia, viúva do pai
de D. Manuel II, veio
igualmente para Ma-
f
ra,talcomo a avó do
rei, a rainha D. Maria
Pia. O tio do rei fez
chegar uma men-
Em pé, da esquerda para a direita: Jacinto Duarte (Encarregado do Sector Operário da Câmara sagem a Maf ra que
Municipal de Loures; José Joaquim Veiga (Escrivão das Finanças); Manuel Marques Raso dizia para se dirigirem
(Padeiro); Joaquim Augusto Dias (Comerciante).
todos à Ericeira, onde
Sentados, da esquerda para a direita: António Rodrigues Ascenso (Ourives e Relojoeiro);
Augusto Herculano Moreira Feio (Farmacêutico) e J. Paulo d'Oliveira (Comerciante e Regedor). ele os aguardava no
Não está presente o 8º elemento da Junta, José Ferreira Cleto. iate real Amélia, po-
dendo depois zarpar
em direcção a um
António Rodrigues Ascenso, Para os republicanos do concelho, o
porto seguro,talvez
José Paulo d'Oliveira, combate contra a monarquia represen-
em Inglaterra, muito
tava uma luta contra a falta de iniciativa
José Ferreira Cleto. embora as rainhas
e o desejo de ver crescer esta região,
preferissem não aban-
de ver reconhecida a sua importância
donar Portugal.
É então hasteada uma Bandeira como região produtiva e de que a capi-
Cons tituiu-se
improvisada, com as cores republi- tal dependia grande-
então um cortejo de
canas, o verde e o vermelho. mente para o abasteci-
automóveis em direc- Embarque da família real
Após esta acção, Augusto Moreira mento de produtos hortí- ção à Ericeira, em cuja
na Ericeira
Feio declara a República implantada em colas, para além de praia a família real e França.
Loures. constituir uma afirmação
alguns dos seus seguidores embarcaram em O último rei português, D. Manuel II,
da burguesia capitalista
Tudo aconteceu de uma forma pací- botes de pescadores, que os levaram até ao partia assim para um exílio de onde nunca
como classe dirigente.
fica e ordeira, ao contrário dos aconte- iatereal, que depois acabou por seguir em mais regressaria. Rei por força dascircuns-
cimentos na capital. direcção a Gibraltar e mais tarde para tâncias do assassinato de seu pai, o rei D.
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Carlos, e do seu irmão
mais velho e sucessor no
trono de Portugal, o
A República
príncipe D.LuísFilipe, não
havia sido educado nem
se tinha preparado para
em Loures
assumir estas funções de
Chefe de Estado e da Casa
Real.
As suas políticas eram
profundamente contesta-
das, o país vivia na misé-
ria e na ignorância, e as
sementes para a revolta
estavam lançadas. Os
governos que nomeou
também não ajudaram, e
ainda menos o sistema de Edifício onde ficava o Centro Escolar
alternativa de poder en- Republicano de Loures em 1910
tre os partidos monárqui-
cos, uma vez que ao par- No dia 4 de Outubro, o trânsito foi cortado
tido republicano, já exis- na Calçada de Carriche e houve uma con-
tente na altura,serecusa- centração em Loures, no Largo do Chafariz
va que participasse na (actualmente Largo 4 de Outubro), onde fica-
A rainha D. Amélia tenta afastar um dos presumíveis assassinos com o ramo de flores va o Centro Escolar Republicano, em frente
constituição de um gover- que tinha nas mãos e que lhe havia sido oferecido à chegada a Lisboa.
no. do qual se reuniu a população.
O regicídio ocorreu na
João Franco, apoiado pelo o Partido ditar o regime e provocar a sua queda. Pelas 15 horas, saíram os oito homens
Praça do Comércio, em Lisboa, a 1 de
Regenerador Liberal, uma tomada abusiva Nada disto agradava de todo em todo nomeados para constituir a Junta
Fevereiro de 1908, quando a família real
do poder, que até então alternava ent re o ao Partido Republicano Português, que Revolucionária e dirigiram-se aos Paços do
regressava de uma temporada de caça que
Partido Progressista e o Partido Regenera- teve origem no Directório Republicano Concelho, na Rua Azevedo Coutinho (hoje
tinha ido passar a Vila Vi
çosa, no Alentejo,
dor, que alimentavam uma clientela que Democrático,constituído em 1870. Rua da República, nº 70), ocupando as insta-
regressando de comboio até ao Barreiro,
enriquecia à custa do at
rasosistemático do Este partido defendia o liberalismo lações e tomando o poder administrativo.
de onde apanhou um vapor até Lisboa. Estes cidadãos de Loures eram:
país. económico, a igualdade ent re os cidadãos,
As políticasreais já tinham sido objecto
Para agravar a situação, existia uma o anticlericalismo, evidenciando um ev i-
de muita oposição, mesmo ent re a facção
enorme rivalidade entre estas facções dente ódio à igreja, que levou a buscas e à Augusto Moreira Feio,
monárquica, que vira com maus olhos
políticas, a que se juntavam alguns ódios expulsão de religiosos dos conventos logo
algumas dasescolhas do rei D. Carlos para Manuel Marques Raso,
pessoais, sendo ainda de considerar as após a implantação de República em 1910.
a chefia do governo. Jacinto Duarte,
críticasfeitas pelo Partido Republicano,e No entanto, a I República, que durou de
As soluções encontradas não agra-
as dívidas da casareal, muitocriticadas por 1910 a 1926, acabou por ser também uma José Joaquim Veiga,
davam aos principais partidos, que viram
todos, tudo factores que vieram desacre- época em que os problemascontinuaram. Joaquim Augusto Dias,
até na ditadurainstaurada pelo governo de

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