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Breve História de Vida

1921-2005

António Manuel Gouveia de Almeida, nasceu em catorze de Fevereiro


de mil novecentos e vinte e um, em Castelo Melhor, Vila Nova de Foz-
Côa, distrito da Guarda. Filho de António Joaquim de Almeida, oficial
do Exército e de Filomena do Carmo Gouveia, Professora do Ensino
Primário, sendo o mais velho, de seis irmãos. Os seus primeiros anos
de vida são marcados pela sua proveniência familiar, uma burguesia
rural com uma cultura acima da média. Em Vizela, localidade onde a
família fixa residência, devido à transferência do local de trabalho de
sua mãe, concluiu a Instrução Primária e preparou-se para fazer, em
Guimarães, o exame do primeiro ciclo, em 1933. Nesse mesmo ano
morre-lhe o pai, o que determinou a sua vinda para Lisboa. Aqui,
prosseguiu a sua formação escolar, no Instituto dos Pupilos do
Exército, onde completou o Ensino Secundário e começou o Curso de
Contabilista. Em mil novecentos e quarenta e sete iniciou-se no
mundo do trabalho, no Serviço de Contabilidade Orçamental dos
Serviços Médicos Sociais - Federação de Caixas de Previdência, onde
conheceu Flora Neonildes Adelaide Monteiro Rodrigues com quem
viria a casar em 1950.
Em 1952, concluiu o Curso de Contabilista, no então Instituto
Comercial de Lisboa e o Curso de Ciências Pedagógicas na Faculdade
de Letras da Universidade de Lisboa.
O desejo de saber mais, determinou o regresso à Universidade, onde
concluiu a licenciatura em Ciências Político Sociais, no Instituto
Superior de Ciências Sociais e Políticas, em Lisboa, em 1977.
Homem de vasta cultura, auto didacta, de múltiplos interesses,
principalmente na área político-social, acreditando que o Socialismo
era o paradigma de organização ideal das sociedades modernas
estudou, nos últimos anos de vida, com particular interesse, a
história dos povos e suas religiões, pintura, escultura e retrato.

1
O desejo do conhecimento dos povos aguçou-lhe desde muito novo,
o gosto e o interesse de viajar, sobretudo de automóvel, sem
destinos minuciosamente detalhados de forma a permitir liberdade da
gestão do tempo nas localidades que mais lhe interessava. É, aliás,
desta forma, que percorreu quase toda a Europa visitando os países
com os quais “Portugal mantinha relações diplomáticas”1. Mais tarde,
continuaria a viajar, utilizando outros meios de transporte. A
inquietude no desejo do saber, assim como o entendimento da causa
das coisas determinou uma postura de vida que incomodou, desde
novo, o sistema político vigente. Em 19452, assina a lista da Oposição
e consequentemente passa a fazer parte dos ficheiros da PIDE 3 ,
tornando-se uma pessoa incómoda ao regime de Salazar e que se
prolongou até ao final do governo de Marcelo Caetano. Em
consequência disso, temendo a dificuldade em manter um emprego
estável, sentiu necessidade de tomar algumas providências, do foro
académico, que lhe permitissem sobreviver economicamente, dentro
do regime, adquirindo para tal o diploma do Ensino Técnico Particular,
passado pela Inspecção Superior do Ensino Particular, Ministério da
Educação Nacional, em 1957. Nunca foi necessário utilizá-lo com essa
finalidade. No início de 1950, aceitou um novo desempenho
profissional na Companhia de Seguros “O Trabalho”, na área da
Contabilidade.
Em 1955, deixou para sempre de exercer as funções de contabilista,
iniciando uma nova actividade profissional, nos Serviços de Pessoal
4
da Companhia União Fabril , Grupo Mello, onde desempenhou
funções de gestão na área dos Recursos Humanos. Por isso, fixou
residência no Barreiro, onde viveu catorze anos, consolidando aí, os
seus ideais de natureza política, em termos de modelo organizacional
ideal para a sociedade portuguesa de então. Em 1968, é transferido

1
Frase utilizada em passaportes da época.
2
Ano em que foi criado o Movimento de Unidade Democrática (M.U.D.).
3
Polícia Internacional e de Defesa do Estado.
4
No Barreiro.

2
para Lisboa, dentro do mesmo grupo económico, onde manteve o
mesmo tipo de funções, na Direcção de Pessoal. Em consequência
disso, fixou residência em Oeiras, localidade onde viveu até à sua
morte.
Em 1985, reformou-se e passou a dedicar mais tempo à pintura,
escultura e retrato, desempenhos que, até então, tinham sido apenas
actividades realizadas em tempos livres. Dos inúmeros trabalhos
realizados em madeira, barro e carvão destacam-se as figuras
humanas e de entre elas as esculturas em madeira do seu rosto e o
de sua mulher, em tempo recente, e os retratos em carvão do seu
rosto e o de sua mulher ainda jovens.
Morre em 2005, aos oitenta e quatro anos, sem filhos, deixando viúva
a sua companheira de sempre.

Flora Neonildes Adelaide Monteiro Rodrigues


Maria João de Brito Marques Estaca

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