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FIGURAS DE LINGUAGEM

 COMPARAÇÃO – consiste em estabelecer, por meio de palavras comparativas (como,


igual a...), uma relação de semelhança entre dois elementos, atribuindo a um deles
características presentes no outro.

Exemplos:
Minha dor é inútil
Como uma gaiola numa terra onde não tem pássaros.
(Fernando Pessoa. Obra Poética. RJ: Nova Aguilar, 1986)

Agora... quero vê esses bacana aí pegá condução, ficá amassado pra ir trabaiá, ficá
nos ônibus que nem sardinha pra podê ganhá salário mínimo; quero vê.
(frase ouvida em um ônibus em São Paulo)

 METÁFORA – emprego de uma palavra ou expressão com um sentido diferente do usual,


a partir de uma comparação subentendida entre dois elementos.

Exemplos:
O circo era um balão aceso, com musica e pastéis na entrada. (Oswald de
Andrade)

Qual a diferença entre comparação e metáfora?


A comparação, por meio de palavras comparativas (como, igual a...), atribui a um
ser (ou fato) características presente em outro; a metáfora consiste em usar uma
palavra/expressão com sentido diferente do usual, baseando-se numa comparação
implícita/subentendida entre dois elementos. Veja:

A estradinha era como uma serpente entre as colinas verdes. (comparação)


A estradinha era uma serpente entre as colinas verdes. (metáfora)

 METONÍMIA – Substituição (troca) de uma palavra por outra, quando entre ambas existe
uma proximidade de sentidos que permite essa troca.

Exemplos:
Gosto de usar havaianas por serem confortáveis.
Você vai gostar de Paris. A cozinha é fabulosa.
Gosto de ler Machado de Assis.

 PERSONIFICAÇÃO OU PROSOPOPÉIA – consiste em atribuir a seres inanimados


características de seres animados, ou características humanas a seres irracionais.

Exemplos:
[...]
As árvores encalhadas pedem socorro [...] (Raul Bopp)
O bonde, cuspindo e engolindo gente, mergulhava nas saborosas entranhas de
Belém, macias de mangueiras, quintais com bananeiras espiando por cima do muro, uma
normalista, feixes de lenha à porta da taberna [...] (Dalcídio Jurandir).
 ANTÍTESE – consiste no uso de palavras (ou expressões) de significados opostos, com a
intenção de realçar a força expressiva de cada uma delas.

Exemplos:
Se desmorono ou se edifico,
Se permaneço ou me desfaço,
- não sei, não sei. Não sei se fico ou passo.
(Cecília Meireles)
Aqui viajam doze pneus cheios e um coração vazio. (frase de para-choque de um
caminhão)

 HIPÉRBOLE – exagero intencional com a finalidade de intensificar a expressividade e,


assim, impressionar o ouvinte ou o leitor.

Exemplos:
Falei mil vezes a você para não confiar nele.

[...] Ela veio com um ondular de pombo e o deslizar de bailarina, porque o dorso alto
dos seus pezinhos é um das dez mil belezas de Maria Irma.
(Guimarães Rosa)

Nos cartuns e charges, os artistas


costumam recorrer à hipérbole para enfatizar
– às vezes para ridicularizar –, por meio do
exagero, determinadas características dos
personagens.
 EUFEMISMO – figura por meio da qual se procura suavizar, tornar menos chocantes
palavras ou expressões normalmente desagradáveis, dolorosas ou constrangedoras.

Exemplos:
[...] Levamos-te cansado ao teu ultimo endereço
Vi com prazer
Que um dia afinal seremos vizinhos
Conversaremos longamente
De sepultura a sepultura
No silencio das madrugadas [...] (Manuel Bandeira)

Lamentamos informar que nossa empresa está impossibilitada de honrar os


compromissos financeiros assumidos com V.S.ª

 PERÍFRASE – é a substituição de uma expressão por outras palavras para não repetir as
mesmas, para engrandecer o objeto referido ou para não dizer algo ruim de forma direta e
dura.
Exemplo:
O país do futebol.
A Rainha dos baixinhos.
Pessoa mal agraciada pela beleza.

 IRONIA – figura por meio da qual se enuncia algo, mas o contexto permite ao leitor
entender o oposto do que se está afirmando.

Exemplo:
Moça linda, bem-tratada,
Três séculos de família,
Burra como uma porta:
Um amor! [...]

(Mario de Andrade)

 GRADAÇÃO – caracteriza-se por uma série de palavras ou expressões em que a carga


semântica é gradativamente intensificada ou atenuada.

Exemplos:

"Ó não guardes, que a madura idade


te converta essa flor, essa beleza,
em terra, em cinzas, em pó, em sombra, em nada." (G. de Matos)

"O trigo... nasceu, cresceu, espinhou, amadureceu, colheu-se, mediu-se." (Vieira)

ONOMATOPEIA – é um recurso que consiste em reproduzir, por meio de palavras,


determinados sons ou ruídos.

Exemplos:
Ouço o tique-taque do relógio: apresso-me então. (Clarice Linspector)

Esse recurso é muito usado em histórias em quadrinhos para ilustrar algumas


ações.
 ALITERAÇÃO – consiste em dispor, em sequência, um conjunto de palavras nas quais
uma consoante (ou semelhantes) se repete(m), criando um efeito de sonoridade.

Exemplo:
[...]
Esperando, parada, pregada na Pedro do porto [...] ( Chico Buarque)

 ASSONÂNCIA – consiste em dispor, em sequencia, um conjunto de palavras nas quais


um som vocálico se repete, criando um efeito sonoro expressivo.

Exemplo:
Sou Ana das loucas
Até amanha,
Sou Ana
Da cama, da cana, fulana, sacana
Sou Ana de Amsterdam (Chico Buarque)
 ELIPSE – é a omissão, a não colocação de um termo que o contexto permite ao leitor ou
ouvinte identificar com certa facilidade.

Exemplo:
̶ Se chegar depois das três, a casa fechada.
A mala na varanda. E o taxi na porta.
(Dalton Trevisan)
 PLEONASMO – consiste em intensificar o significado de um elemento textual por meio da
redundância, isto é, da repetição da ideia já expressa por esse elemento.

Exemplo:
Rua em rua, acenderam-se os telhados.
Num claro riso as tabuletas riram.
(Mario Quintana)

PLEONASMO VICIOSO

“Subir para cima” “descer pra baixo” “entrar pra dentro”

 POLISSINDETO – emprego repetitivo da conjunção entre as orações de um período ou


entre termos de uma oração.

Exemplo:

“Se era noivo, se era virgem,


Se era alegre, se era bom,
Não sei.
É tarde para saber”. (Carlos Drummond de Andrade)

 ANÁFORA – consiste na repetição de um vocábulo ou expressão no inicio de uma


sequencia de frases.

Exemplo:

Por se tratar de uma ilha deram-lhe o nome de Ilha de Vera Cruz.


Ilha cheia de graça
Ilha cheia de pássaros
Ilha cheia de luz.
Ilha verde onde havia
mulheres morenas e nuas [...]
(Cassiano Ricardo)
 SILEPSE – concordância ideológica, consiste em estabelecer a concordância entre
palavras levando em conta as ideias que elas exprimem, e não sua forma gramatical.

Exemplo:
Vossa Excelência, senhor prefeito, está enganado. (de gênero)
A plateia ficou maravilhada com a belíssima apresentação da orquestra [...]
aplaudiram de pé o maestro e os músicos. (de número)
Acredito que todos estejamos de acordo com a proposta. (de pessoa)

EXERCÍCIOS
1. Identifique as figuras de linguagem que aparecem nos trechos abaixo.
a) [...]
Que eu sou gota de mercúrio,
Dividida,
Desmanchada pelo chão. (Cecilia Meireles)
b) As casas de cimento estão em ruina, exaustas de tanto abandono. (Mia Couto)
c) A mentira é uma verdade que se esqueceu de acontecer. (Mario Quintana)
d) Cada brasa palpita como um coração. (Mario Quintana)
e) Amar é mudar a alma da casa. (Mario Quintana)
f) Lembrei-me da bolsa assim que ele embarcou no trem.
g) Lalinha estava doida por um passeio.
h) Almir mordeu a grama, mordeu a lama, bebeu a agua do pântano para meter um gol.
i)Lá fora uma festa esfuziante; cá dentro tristeza sem fim.
j)Nós, de longe, vemos os 22 homens correndo em campo, matando-se, organizando, rilhando os
dentes.
k) Acabou em casa de grades. (Guimarães Rosa)
l)Fumava um havana enquanto esperava o avião.
m)Minha cabeça vai estourar. (Érico Veríssimo)
n) Na brutalidade do ferreiro tem uma delicadeza escondida. (Jose J. Veiga)
o) Os campos melancólicos, gemendo. (Sousândrade)
p) Bonito era a virgem dos lábios de mel. Bonito foi o descobrimento de O Coração de d’Amices.
Bonito foi quando achei na antologia de Carvalho Mesquita uma poesia esquisita, a história de
uma boneca de olhos de conta cheinha de lã... (Paulo Mendes Campos)
q) Os sinos continuavam a badalar aflitos. (Aluisio de Azevedo)
r) Resultado final: as árvores perdem a guerra e os homens ganham o inferno. (Paulo Mendes
Campos)
s) Magistrados de pasmosa duplicidade liam Adam Smith e enciclopedistas franceses, mas
ordenavam a destruição de humildes teares. (Paulo Mendes Campos)
t) Garrincha ganhou sozinho o bicampeonato. E, súbito, aquele rapaz da Raiz da Serra
compensou-nos de todas as nossas humilhações pessoais e coletivas. (Nelson Rodrigues)
u) Era um general nacionalista. Em suas festas, só servia uísque nacional.
v) O telefone, o telefone, e eu no banho.
2. Que associação de ideias as metáforas dos textos publicitários abaixo evocam?
a) SABÃO FAROL AZUL: A MÁQUINA DE LAVAR.
b) HONDA: ASAS DA LIBERDADE.
c) PAPEL HIGIÊNICO NICE: MACIO TAMBÉM NO PREÇO.
d) BRONZEADOR SUNDOWN GEL: MATE A SEDE DA SUA PELE.

3. As comparações são muito utilizadas na linguagem publicitária. Transcreva os slogans abaixo,


que contem comparações, transformando-os em metáforas.
a) GUARANÁ TAÍ – gostoso como um beijo.
b) SUL AMÉRICA SEGUROS – firme como o Pão de Açúcar.
c) AJAX – limpa como um furacão branco.

4. Explique as metonímias das frases que seguem:


a) O segundo violino da orquestra está à procura de uma nova orquestra.
b) Quando a democracia se ausenta, a espada impera.
c) O ilustre professor lia um alentado Thomas Mann numa mesa do café.
d) Marina tomou uma xícara de chá.

5. Identifique as aliterações, as assonâncias e onomatopéias:


a) Parte de um rude ritmo de um ritual. (Clarice Lispector)
b) Chegavam-lhe agora aos ouvidos rumores da sala contigua: o tilintar dum telefone, o ratatá
duma maquina de escrever. (Erico Veríssimo)
c) Roncou de raiva a cuíca, roncou de fome (João Bosco e Aldir Blanc)
d) Se é Bayer, é bom.
e) Chá com charme.

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