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DE MINISTÉRIO
Os pilares inegociáveis do ministério reformado
Rev. Gildásio Reis1 - 2006
“Não lograremos progresso a menos que o Senhor faça próspera a nossa obra, os nossos
empenhos e a nossa perseverança, de modo a confiarmos à sua graça a nós mesmos e a tudo o que
fazemos” João Calvino
Precisamos nos determinar a permitir que nossas convicções sejam moldadas pela imutável
Palavra de Deus e não pelas mutáveis tendências da cultura moderna” Thomas Ascol
“Se existe algo que a história nos ensina, este ensino é que os ataques mais devastadores
desfechados contra a fé sempre começaram com erros sutis dentro da própria igreja” John F.
MacArthur
“Se você não puder ver os resultados, enquanto estiver nesta terra, lembre-se que você é apenas
responsável por seu labutar e não pelo seu sucesso” C.H. Spurgeon
______________________________________________________________________
SUMÁRIO
Conclusão
Bibliografia
Introdução
_____________________________________________________________________________________
Consciente ou não, todo pastor tem a sua filosofia de ministério. Talvez essa não seja
tão óbvia ou ainda não esteja claramente articulada, mas ela está presente em sua
maneira de exercer o seu pastorado, determinando o como suas ações são executadas.
1
O autor é ministro presbiteriano, pastor da Igreja Presbiteriana de Osasco há 18 anos, professor de
Teologia Pastoral no Seminário Presbiteriano JMC em SP. Além de Bacharel em Teologia e Psicanálise
Clínica, tem mestrado em Teologia pelo CPPGAJ e recentemente obteve seu Th.M em Ciências da
Religião pela Universidade Presbiteriana Mackenzie.
2
determinamos o que precisa ser feito? 4) Nosso ministério é dirigido pelo pragmatismo
ou por princípios? 5) Temos optado pela relevância em detrimento da verdade? 6)
Temos trocado a fidelidade pelo sucesso? 7) A Escritura dita a prática do nosso
ministério, ou não importa exatamente o que ela diz sobre nossos métodos?
Uma filosofia de ministério claramente estabelecida serve para nos influenciar em tudo
aquilo que nos propomos a fazer. Ela nos dá o tom do “por que” fazer e “como” levar à
execução nossos planos para a vida da igreja.
Podemos perceber pelo menos quatro benefícios em se ter uma Filosofia de Ministério:
b) Ela nos mantém fiéis às Escrituras (2 Tm 3:16): A base para toda a atividade
da igreja precisa ser extraída da Palavra. Como pastores, precisamos submeter
cada decisão, cada aspecto do nosso ministério, bem como os métodos pelos
quais a igreja opera, ao escrutínio da Escritura. O ministro que desconsidera o
que a Bíblia diz sobre seus vários assuntos, termina por sucumbir e assim
desviar-se de seu principal objetivo. Como diz o Salmo 11:3: “Destruídos os
fundamentos, que poderá fazer o justo?”
Um Filosofia de Ministério nos ajuda a ser eficazes (fazer as coisas certas; isto é, fazer
aquilo que consideramos importante e prioritário) e também eficientes (fazer certo as
2
MONTOYA, Alex. In: Redescobrindo o Ministério Pastoral. Rio de Janeiro: RJ, CPAD. 1995 p.88
3
coisas, isto é, com a menor quantidade de recursos possível). Ser produtivo é fazer
certo (eficiência) as coisas certas (eficácia).
Quais são as convicções bíblicas que devem determinar e controlar o nosso ministério?
Como podemos desenvolver uma filosofia ministerial, sem que para isso venhamos a
comprometer nossa teologia?
Sem tentar diminuir a complexidade do tema, podemos dizer que há pelo menos cinco
pressupostos teológicos que são inegociáveis numa filosofia ministerial dentro da visão
reformada:
G.K. Chesterton observou que, quando o ser humano deixa de crer no verdadeiro Deus,
conforme revelado na Escritura, não significa que ele deixou de crer em algo, mas que
ele agora crê em tudo ao mesmo tempo.3
Uma visão biblicamente orientada acerca de Deus, deve obrigatoriamente, nos conduzir
a uma visão correta do nosso ministério. Há muita confusão e muitos erros praticados
em algumas igrejas, devido à ausência ou deficiência do conhecimento do Ser de Deus.
Como disse Michael Horton: “A melhor tática de satanás não são as suas heresias
óbvias, mas a transformação gradual do Deus bíblico em um ídolo de religião
domesticada”.4
O Deus que encontramos na Bíblia é muito diferente do “deus” que está sendo pregado
em algumas igrejas evangélicas em nossos dias. O conceito de deidade que predomina,
mesmo entre aqueles que dizem professar e defender as Escrituras, é uma grotesca
imitação da verdade. Não poucas às vezes, sermões têm apresentado Deus como sendo
um ser incapaz e impotente, e um argumento para isso é que Deus não consegue impedir
catástrofes naturais (como as ondas gigantes do Tsunami). Outras vezes, Deus é
apresentado como um servo que está ao nosso serviço, pronto a resolver qualquer
problema, bastando apenas uma oração mais poderosa ou uma declaração positiva e
cheia de fé, acompanhada de ordens e confissões antecipadas de uma suposta e esperada
vitória. Este “deus”, fruto da mente popular, é um produto que nada tem a ver com a
verdade, mais servo do que Senhor, e que não gera temor e respeito nas pessoas.
3
Citado por Michael Horton em A Face de Deus - Os Perigos e as Alegrias da Intimidade Espiritual. São
Paulo, SP: Editora Cultura Cristã. 1999. p. xv
4
HORTON, Michael. Creio – Redescobrindo o Alicerce Espiritual. São Paulo, SP: Ed. Cultura Critsã.
2000. p. 25
4
Uma filosofia ministerial, numa perspectiva correta, considera atentamente a auto-
revelação que Deus faz nas Escrituras e procura conhecê-lo como é de seu desejo. As
Escrituras nos fala de sua natureza, seus propósitos e suas atividades. Explorando-as,
tomamos conhecimento dos atributos pertencentes à natureza de Deus. Deus é auto-
existente, auto suficiente, Deus é imutável, onisciente, onipotente. Deus é santo, bom,
imanente e transcendente.
Uma visão distorcida do Ser de Deus acaba por levar-nos a “deidades da nossa própria
imaginação”. O conhecimento que tivermos de Deus e de suas atividades serão o
fundamento para todas as nossas ações como pastores. Tudo o que conhecemos sobre
Deus irá determinar a nossa pratica ministerial. Como pregamos, a forma como oramos
e a maneira como aconselhamos. Como visitamos, administramos, ou planejamos os
rumos da igreja. Tudo está intimamente ligada à visão que temos de Deus.
O que uma pessoa pensa também a respeito dos seres humanos é de importância
determinante para o seu programa de ação. É importante, pois, termos o entendimento
correto acerca do homem. Por exemplo: o ponto de vista que alguém toma a respeito da
salvação será determinado, em grande escala, pelo conceito que essa pessoa tem a
respeito do pecado e de seus efeitos sobre a natureza humana.
2.1. O Homem é criatura e pessoa5: As Escrituras nos ensinam que o homem é uma
pessoa e uma criatura. Como pessoa, o homem tem desejo e vontade para tomar
decisões, planejar, e estabelecer objetivos. Como ser criado, ele é absolutamente
dependentes de Deus. Não pode fazer nada à parte da vontade de Deus.6
Nossa correta compreensão do homem deve manter estas duas verdades em equilíbrio.7
Qualquer concepção do ser humano que não o vê como alguém que está relacionado
com Deus, totalmente dependente dele e também responsável perante ele, irá nos
conduzir a praticas ministeriais erradas.
O homem distingue-se das demais criaturas de Deus, porque foi criado de uma maneira
singular. Apenas do homem é dito que ele foi criado à imagem de Deus. Esta expressão
5
Antony Hoekema em sua obra “Criados á Imagem de Deus”, trás um capítulo que trata de maneira
abundante este aspecto da natureza do homem. CF. Criados á Imagem de Deus. São Paulo, SP: Editora
Cultura Cristã.
6
HOEKEMA, Op Cit., p.19
7
Ibidem, p. 19
5
descreve o homem na totalidade de sua existência, ele é um ser que reflete e espelha
Deus. (Gn 1:26-28). O conceito de imagem de Deus é o coração da antropologia cristã.8
Como sabemos, o estado de integridade ("posso não pecar") de nossos primeiros pais
não foi mantido até o fim. Veio a desobediência e consequentemente a queda. Nossos
primeiros pais, criados para refletir e representar Deus, não passaram no teste. Provados,
caíram e deformaram a imagem de Deus neles.9 Historicamente temos utilizado a
terminologia “depravação total” para descrever a condição de todo ser humano após a
Queda, querendo com isso dizer que o homem é corrupto, pervertido e anti-Deus em
todas as suas faculdades (Gn 6:5; Jr. 17:9; Rm 3:10-12). Este deve ser um pressuposto
teológico a nortear nossas práticas no ministério. Nossa soteriologia orienta nossa
metodologia evangelística.
A glorificação é voltar à perfeição com a qual fomos criados por Deus, é voltar a
imagem de Deus. Este é o propósito último de nossa redenção. Esta perfeição da
imagem será o auge, a consumação do plano redentivo de Deus para o seu povo.
Os pressupostos que alguém adota sobre a natureza do homem, sua queda, o propósito
de sua criação, irão determinar as muitas práticas no seu ministério. É nossa
compreensão, que a crença ou a teologia molda nossa prática pastoral.
8
GRONINGEN, Gerard Van, Revelação Messiânica no Velho Testamento. São Paulo, Campinas: Editora
Luz para o Caminho. 1995
9
Para Calvino, a imagem de Deus não foi totalmente aniquilada com a Queda, mas foi terrivelmente
deformada Ele descreveu esta imagem depois da queda como "uma imagem deformada, doentia e
desfigurada" (Cf. in: Institutas, I, XV, 3)
6
Uma filosofia bíblica de ministério, dentro de uma perspectiva reformada, precisa ser
consistente na maneira de encarar sua relação com a Escritura. A mensagem cristã vem
a nós através da Bíblia, portanto, nossa visão sobre a Bíblia precisa estar correta.
Não é novidade para alguns, que uma aversão ao cristianismo doutrinário tem crescido
muito, bem como, uma intolerância em relação à doutrina e a confessionalidade. Muitos
líderes evangélicos acolhem práticas ministeriais, muitas vezes sem perceber que tais
práticas não encontram autorização na Escritura.10
3.4.A convicção de que a Bíblia é suficiente. Tudo o que o Senhor desejou revelar
à sua Igreja em matéria de fé e pratica está registrado nas paginas da Escritura.
(Jo 20:30-1; II Tm 3:16,17; Sl 119:105; II Tes 2:2; I Co 2:9; Dt 12:32)
10
MOHLER, Jr. R. Albert; Reforma Hoje. São Paulo, SP: Editora Cultura Cristã. 1999 p. 60
7
R: Aqueles que são chamados a trabalhar no ministério da palavra devem pregar a
sã doutrina, diligentemente, em tempo e fora de tempo, claramente, não em palavras
persuasivas de humana sabedoria, mas em demonstração do Espírito de Deus;
sabiamente, adaptando-se às necessidades e às capacidades dos ouvintes;
zelosamente, com amor fervoroso para com Deus e para com as almas de seu povo;
sinceramente, tendo por alvo a glória de Deus e procurando converter, edificar e
salvar as almas.11
A prática ministerial, portanto, dentro da perspectiva reformada, crê que Deus continua
governando a Igreja através da Bíblia. Sendo assim, nossa atitude para com ela reflete
nossa atitude para com Deus. Ninguém que afirma amar a Deus, poderá ter uma atitude
para com a Palavra de maneira que desonre a Deus. Aqueles que reivindicam amá-Lo,
devem dar provas desse amor demonstrando zelo para com a Escritura sagrada: “Oh!
quanto amo a tua lei! Ela é a minha meditação o dia todo...Oh! quão doces são as tuas
palavras ao meu paladar! mais doces do que o mel à minha boca”. (Salmo 119:97,103)
Qual deve ser a tarefa da Igreja? Para que ela existe? Uma filosofia bíblica de ministério
dentro da perspectiva reformada, precisa estar associada á uma visão correta da natureza
da Igreja. Isto, porque, para se definir o papel do ministro, é preciso definir o papel da
Igreja.
Quem quer que tente formular uma filosofia bíblica do ministério e desenvolver
uma estratégia e uma metodologia contemporânea firmemente alicerçada em
fundamentos bíblicos deve fazer algumas perguntas bem fundamentais e a elas
responder: Por que a igreja existe? Qual é seu propósito principal? Por que, antes de
qualquer coisa, Deus a deixou no mundo? 14
11
Catecismo Maior de Westminster, resposta á pergunta 159.
12
MACARTHUR, John, Jr. Com Vergonha do Evangelho. São José dos Campos, SP: Editora Fiel. 1997.
p. 283
13
MACRAE, Kenneth A. A Pregação e o Perigo do Comprometimento. Fé Para Hoje. São José dos
Campos, SP, Ano 2000, Número 7. p. 4
14
GETZ, Gene A. Igreja: Forma e Essência. São Paulo, SP: Editora Vida Nova. 1994. p.53 (Embora Getz
esteja equivocado ao definir a principal razão da existência da igreja, seguindo princípios pragmáticos do
movimento de crescimento de igrejas, ele corretamente pontua que não se é possível delinear uma
Filosofia de Ministério se ignorarmos o papel da igreja do Senhor)
8
Considerando que a Igreja como povo de Deus, encontra sua razão de ser não em si
mesma, mas em Deus, podemos relacionar algumas maneiras de como a igreja cumpre a
sua função:
4.1. A Igreja existe para adorar e glorificar Deus (1 Cor. 10:31; Heb. 13:15; Cl 3:16;
Ef. 1:12; 5:16-19)
Glorificar a Deus não significa torná-lo mais glorioso, pois Deus tem glória intrínseca à
sua própria natureza (cf. Is 6:3). Sua glória não é algo que lhe foi dada, mas tal lhe
pertence em virtude daquilo que ele é. Mesmo que ninguém viesse a dar glória a ele,
ainda assim ele continuaria sendo glorioso, pois tal glória é uma combinação de todos
os seus atributos.
Calvino disse que a “glória de Deus é quando sabemos o que ele é”15. Isto significa
dizer, que reconhecemos quem é Deus e, assim, o valorizamos acima de todas as outras
coisas (I Co 10;31). Calvino novamente é enfático: “Não busquemos nossos próprios
interesses, mas antes aquilo que compraz ao Senhor e contribui para promover sua
gloria”16
4.2. A Igreja é uma comunidade que existe para anunciar entre as nações a glória
de Deus. (Mt 28:19-20; Tito 2:11-15).
O salmista diz:
Cantai ao SENHOR, bendizei o seu nome; proclamai a sua salvação, dia após dia.
Anunciai entre as nações a sua glória, entre todos os povos, as suas maravilhas.
Porque grande é o SENHOR e mui digno de ser louvado, temível mais que todos os
deuses. (Salmo 96:2-4)
O envolvimento da igreja na obra missionária, não tem como objetivo alcançar o maior
número de pessoas possível. A motivação não pode ser as pessoas, mas Deus17. Como
bem afirma John Piper, nosso alvo ao querer fazer a obra missionária deve ser o de levar
as nações a regozijarem-se em Deus e glorificá-Lo acima de tudo. O alvo da obra
missionária é a alegria dos povos na grandeza de Deus (Salmo 97.1; 67.3-4; cf. 47.1;
15
Calvino, João. Citado por Leonard T. Van. Estudos no Breve Catecismo de Westminster. São Paulo,SP:
Editora Os Puritanos. 2000 p.7
16
Calvino, João. A Verdadeira Vida Crista. São Paulo, SP: Editora Novo Século, p.30
17
PIPER, John. Alegrem-se os Povos – A Supremacia de Deus em Missões. São Paulo, SP: Editora
Cultura Cristã: 2001. pp.42,43
9
66.1; 72. 11, 17; 86.9; 102.15; 117.1; e Isaías 25.6-9; 52.15; 56.7; 66.18-19). O grande
objetivo de Deus em toda a História é manter e manifestar a glória do seu nome para o
contentamento do seu povo de todas as nações.18
4.3. A Igreja existe como um centro de treinamento por meio do qual as pessoas
possam crescer e aplicar seus dons na edificação de toda a igreja (1 Co.12-14; Rm.
12; Ef 4).
com vistas ao aperfeiçoamento dos santos para o desempenho do seu serviço, para
a edificação do corpo de Cristo, até que todos cheguemos à unidade da fé e do
pleno conhecimento do Filho de Deus, à perfeita varonilidade, à medida da estatura
da plenitude de Cristo (Ef 4.12-13).
Esta foi uma das estratégias de Paulo (I Co 12 a 14). Ele preparava os membros para
desenvolverem seus dons: pregar, ensinar, lidar com os pobres, administrar os
problemas que surgiam. É preciso descobrir pessoas da Igreja que tenham potencial e
treiná-las para áreas específicas. É responsabilidade do pastor, equipar os santos para o
ministério. (Ef 4:12-16)
Uma quinta convicção que precisamos ter é quanto a função ou natureza da liderança.
Penso já ser de nosso conhecimento, que muitos pastores em nossos dias imaginam-se a
si mesmos como homens de negócios; profissionais da mídia evangélica, ou promotores
de eventos eclesiásticos. Ricardo Barbosa ao fazer algumas considerações sobre o
ministério do pastor no mundo moderno, ao meu ver, chama-nos a atenção para uma
mudança sutil quanto à natureza do ministério:
18
Piper, Op Cit., p. 36,37
19
BARBOSA, Ricardo. Em artigo intitulado “Da Profissão à Vocação”- disponível em:
http://www.elnet.com.br/canais/igreja/miolo2.php?art=26174, acesso em 08/03/2006
10
Quando olhamos para o ministério de Jesus, verificamos que ele passou mais tempo
cuidando de pessoas e conversando com elas do que em qualquer outra coisa. Jesus não
era inclinado à programas, mas à pessoas. Diferentemente de alguns líderes que são
movidos à produção.
Liderança (espiritual) é a capacidade dada por Deus para que possamos através dos
nossos dons e do desenvolvimento dos mesmos, ajudar outros a cumprirem seu
papel dentro do reino de Deus, de tal maneira que sejam capazes de atingir o
propósito para o qual foram criados, cumprindo assim a vontade de Deus, em
Cristo, conforme prescrita nas Sagradas Escrituras20
Ao desdobrarmos esta definição, podemos ver pelo menos cinco aspectos essenciais do
conceito de líder: 1) A liderança é uma iniciativa divina; 2) Já nascemos com algumas
habilidades, mas não podemos abdicar de treinamento; 3) Nossa função é ajudar a
desenvolver e aperfeiçoar os crentes a cumprirem a vontade de Deus; 4) Esta liderança
deve ser cristocêntrica, 5) O padrão é a Sagrada Escritura e não a criatividade do
líder.
5.1. A Liderança é uma iniciativa divina. O líder já nasce feito ou se torna líder? Em
outras palavras, liderança é inata ou adquirida? Macarthur fazendo uma análise da
liderança dos 12 apóstolos deixa claro o ensino bíblico de que a liderança é uma
capacitação dada por Deus. Diz ele:
O que qualificava esses homens para serem líderes? Obviamente não era qualquer
aptidão intrínseca ou talento patente neles próprios…não foi por terem talentos
extraordinários, aptidões intelectuais singulares, poderosa influência política ou
uma posição social especial”21
MacArthur afirma que ainda que não haja ninguém que seja naturalmente qualificado, é
o próprio Deus quem deseja salvar pecadores, santifica-os e então transforma-os de
seres incapazes em instrumentos úteis a ele”.22
5.2. O líder já nasce com algumas habilidades, mas não pode abdicar de
treinamento. Ao analisar a liderança do apóstolo Pedro, o vemos como um homem que
possuía alguns dons para exercer a liderança, mas isso não significa dizer que Pedro
20
REIS, Gildásio Jesus Barbosa. Apostila de Liderança Cristã (material utilizado no Seminário
Presbiteriano Rev José Manoel da Conceição”. 2006. p.
21
MACHARTUR, John Jr, Doze Homens Comuns. São Paulo, SP: Editora Cultura Cristã. 2004. p.24-26
22
Ibidem., p.26
11
tivesse que abdicar de treinamento específico a fim de ser moldado e assim melhorar
sua capacidade de liderança.23
Encontramos em toda a Escritura esta tarefa como sendo essencial à uma filosofia
bíblica de ministério, mas é especialmente em 2 Tm 2:2, que encontramos este princípio
claramente expresso: “E o que de minha parte ouviste através de muitas testemunhas,
isso mesmo transmite a homens fiéis e também idôneos para instruir a outros”
Os homens que se qualificam para a obra do ministério são aqueles que conseguem
manter a tocha do evangelho bem acessa, de modo que possam passá-la (inalterada)
aos que vêm depois as pessoas que Paulo tem em mente reporta-se aos homens que
“têm o necessário”e são escolhidos por Deus para fazer a obra ministerial. São
24
homens que aprenderam a empregar seus dons habilmente na obra do pastorado
Visando orientar o jovem ministro a preparar a igreja para enfrentar os falsos mestres,
Paulo diz a Timóteo: mantêm o modelo das sãs palavras que de mim tens ouvido, na fé
23
John MacArthur, Op Cit., p.50
24
ADAMS, Jay. Shepherding God’s Flock. Grand Rapids: Zondervan, 1975. p. 363
25
MACHARTUR, John Jr. Pastores ou Potentados? In: Revista Fé para Hoje, São Paulo: São José dos
Campos. Editora Fiel p.7
26
SHEDD, Russel. O líder que Deus usa, Russell. São Paulo, SP: Edições Vida Nova. P. 51
27
Himeneu e Alexandre. O nome do primeiro deriva-se de Hímen, o deus do matrimônio. Alexandre
significa “defensor dos homens”.
12
e no amor que há em Cristo Jesus”.( II Tm 1:13 ). O termo grego aqui para “sãs” é
u`giaino,ntwn (hugiaino) de onde temos a palavra em português “higiene”. Daí o
significado de“sadio”, em contraste com a ga,ggraina28 (gangraina) que aparece em 2
Tm 2:17 traduzida para o português por câncer29. Aqui, Paulo tem em mente o erro
devastador dos falsos mestres, onde a “linguagem deles corrói como um câncer”, como
uma gangrena30.
O câncer não somente devora os tecidos sadios, mas também agrava a condição do
paciente. De forma semelhante, a heresia que recebe publicidade, quando se lhe
empresta demasiada atenção, se desenvolverá tanto em extensão quanto em
intensidade. Ao afetar de forma adversa uma proporção crescente da membresia,
tentará destruir o organismo da igreja31
Conclusão:
______________________________________________________________________
Chegamos ao fim de nossa reflexão, e, sem querer sugerir que o assunto tenha recebido
um tratamento completo, espero ter sido, pelo menos, satisfatório ao apresentar a idéia
de que estes cinco pressupostos são indispensáveis para o desenvolvimento de um
ministério que seja fiel e que glorifique a Deus.
Bibliografia
____________________________________________________________________________
MACARTHUR, John, Jr. Redescobrindo o Ministério Pastoral. Rio de Janeiro: RJ, CPAD
______________ Doze Homens Comuns. São Paulo, SP: Editora Cultura Cristã. 2004.
______________ Com Vergonha do Evangelho. São José dos Campos, SP: Editora Fiel. 1997
HORTON, Michael. A Face de Deus - Os Perigos e as Alegrias da Intimidade Espiritual. São Paulo,
SP: Editora Cultura Cristã. 1999
28
Este termo grego dá origem a nossa palavra gangrene e que tem a seguinte definição: “necrose de
tecidos causada por perda de suprimento de sangue, seguida de decomposição e apodrecimento,
resultante de uma inflamação violenta” ( Cf. Michaelis, Melhoramentos. 1998. São Paulo, SP)
29
Cf. ROBERTSON, Archibald Thomas. Word Pictures In The New Testament. Grand Rapids, Michigan:
Backer Book House. 1931. p. 620
30
A gangrena é um termo médico para a necrose (morte) de tecidos causada por perda de suprimento de
sangue, seguida de decomposição e apodrecimento.
31
HENDRIKSEN, Willliam. Comentário do Novo Testamento - 1 Timóteo, 2 Timóteo e Tito. São
Paulo,SP: Ed. Cultura Cristà. 2001. p. 325
32
“Desde que depósito é descrito como bom, é certo que se refere às sãs palavras do evangelho”, cf.
Gordon Fee, Comentário de 2 Timóteo, p. 247
13
______________Creio – Redescobrindo o Alicerce Espiritual. São Paulo, SP: Ed. Cultura Critsã.
2000.
HOEKEMA, Antony. Criados á Imagem de Deus. São Paulo, SP: Editora Cultura Cristã. 1999
GRONINGEN, Gerard Van, Revelação Messiânica no Velho Testamento. São Paulo, Campinas:
Editora Luz para o Caminho. 1995
MOHLER, Jr. R. Albert; Reforma Hoje. São Paulo, SP: Editora Cultura Cristã. 1999
PIPER, John. Alegrem-se os Povos – A Supremacia de Deus em Missões. São Paulo, SP: Editora
Cultura Cristã: 2001
SHEDD, Russel. O líder que Deus usa, Russell. São Paulo, SP: Edições Vida Nova.
PACKER, J.I. Entre os Gigantes de Deus – Uma Visão Puritana da Vida Cristã. São José dos
Campos, SP: Editora Fiel. 1996
PETERSON, Eugene. Um Pastor Segundo o Coração de Deus. Rio de Janeiro, RJ: Editora Textus,
2000.
STOWELL, Joseph M. Pastoreando a Igreja. São Paulo, SP: Ed. Vida. 2000
CHAPELL, Bryan. Pregação Cristocêntrica. São Paulo, SP: Ed. Cultura Cristã. 2002