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FITOTERÁPICOS

Ana Cecília Coutinho

Bárbara Maia Uchôa de Carvalho Pinheiro

Fernanda Maria Moreira de Carvalho

Mardiego Régis Lima de Freitas

Sonia Maria Leite Quesado

Resumo

Atividade de apresentação em grupo na disciplina Psicofarmacologia, ofertada em 2011.1, facilitada e


orientada por Roberto Amaury na Universidade de Fortaleza. Com objetivo de discernir, caracterizar
e questionar sobre as propriedades, manipulação e uso de fitoterápicos.

Fizemos um levantamento bibliográfico em sites, livros, revistas, artigos e pesquisa de campo para
verificar a atual situação desses medicamentos em relação ao uso, fabricação, distribuição e pesquisas
com foco no Estado do Ceará.

Palavras-chave: medicamentos fitoterápicos, farmácia, regulamento, manipulação,


cuidados.

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Não é de pouco tempo que o homem retira da natureza suas fontes de vida e saúde,
sua relação com os vegetais já datam desde o Antigo Egito. O conhecimento e
utilização de diversas espécies para fins medicinais lhe tem sido útil a milênios, por
esse motivo, o Homem começou muito cedo a sistematizar o seu uso. Uma das
primeiras espécies utilizadas pelo Homem foram: Ephedra - efedrina - indicada para
asma; Ricinus communis - óleo de ricino - purgativo; Papaver somniferum - morfina
- disenteria.

Na Idade Moderna, com o desenvolvimento da pesquisa e metodologia, as


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terapêuticas sem base científica, como a Fitoterapia, foram marginalizadas No mundo,
a Fitoterapia desenvolveu-se dentro das Medicinas Chinesa e Ayurvédica. A
Fitomedicina na Europa tornou-se uma forma de tratamento predominante. No Brasil,
a terapêutica popular foi desenvolvida com as contribuições dos negros, indígenas e
portugueses.
A partir do século XX, o desenvolvimento da indústria farmacêutica e os processos de
produção sintética dos princípios ativos existentes nas plantas contribuíram para a
desvalorização do conhecimento tradicional. ³

Apenas na década de 70 que o assunto retoma as pautas, com a Conferência de


Alma-Ata.

Em 1978 na Confererência de Alma-Ata, cidade de Alma-Ata, URSS (atual


Cazaquistão) 134 países e 67 organismos internacionais estabeleceram uma
declaração com destaque para a atenção primária onde:

enfatiza que a saúde - estado de completo bem-estar físico, mental e social,


e não simplesmente a ausência de doença ou enfermidade - é um direito
humano fundamental e que a consecução do mais alto nível possível de
saúde é a mais importante meta social mundial, cuja realização requer a
ação de muitos outros setores sociais e econômicos, além do setor saúde.¹

propunha "garantir saúde para todos até o ano 2000" Foi então a partir desta
Conferência que as plantas medicinais e fitoterápicos foram oficialmente
reconhecidos pela Organização Mundial de Saúde (OMS).

Para que os medicamentos fitoterápicos pudessem retornar ao mercado com


credibilidade e segurança, é necessário a criação de uma Instituição de Saúde que
regularize, supervisione, controle e desenvolva a pesquisas, fabricação, manipulação,
distribuição e uso desse. No Brasil, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária
(ANVISA) é a responsável por esse controle de qualidade, exigindo que os
fitoterápicos obedeçam aos mesmos rigores estabelecidos aos medicamentos
convencionais sintéticos e o mesmo procedimento para seu registro.

A definição mais completa para fitoterápicos é que ele é um medicamento obtido por
processos tecnologicamente adequados, empregando-se exclusivamente

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matérias-primas vegetais, com finalidade profilática, curativa, paliativa ou para fins
de diagnóstico. É caracterizado pelo conhecimento da eficácia e do risco de seu uso,
assim como pela reprodutibilidade e constância de sua qualidade. Não se considera
medicamento fitoterápico aquele que, na sua composição, inclua substâncias ativas
isoladas, de qualquer origem, nem associações destas com extratos vegetais. ∆2

É importante que estes medicamentos sigam uma política tão rígida de


regulamentação e utilização, pois estes mesmo sendo de origem vegetal, natural, suas
propriedades tóxicas não são descartadas. É preciso que o consumidor siga as
orientações médicas quanto a sua dosagem, modo de usar, estar atento a
superdosagem, hipersensibildade e as reações adversas. Não se pode negar a
importância da avaliação dos efeitos terapêuticos de cada fitoterápico através de
estudos randomizados, duplo-cego e controlado por placebos, envolvendo um número
significante de pessoas.

SOBRE O FITOTERÁPICO

De acordo com a Resolução-RDC nº17 de 24 de fevereiro de 2000 que dispõe sobre o


registro de Medicamentos Fitoterápicos, estes são definidos como sendo
“medicamentos farmacêuticos obtidos por processos tecnologicamente adequados,
empregando-se exclusivamente de matérias-primas vegetais, com finalidade
profilática, curativa, paliativa ou para fins de diagnóstico. São caracterizados pelo
conhecimento da eficácia e dos riscos de seu uso, assim como pela reprodutibilidade e
constância de sua qualidade. Não se considera medicamento fitoterápico aquele que,
na sua composição, inclua substâncias ativas isoladas, de qualquer origem, nem as
associações destas com extrato vegetais.” (SILVA, 2002)

Na maioria dos fitoterápicos, os ingredientes específicos que determinam sua


atividade farmacológica, são desconhecidos. Neste caso, a droga bruta (planta seca)
ou o extrato total derivado deste podem ser considerados como o componente ativo.
Assim, os fitoterápicos, em alguns casos, são misturas complexas de substâncias que

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geralmente não exercem ação forte e imediata e cujos efeitos podem ser considerados
imperceptíveis e perceptíveis ao longo do tempo.

O fitoterápico é, na essência, um produto que tem eficácia garantida e oferece menos


efeitos colaterais e riscos ao paciente. É preciso ressaltar que alguns cuidados devem
ser tomados, como, por exemplo, a restrição do uso para mulheres grávidas e lactantes
(em fase de amamentação), pois algumas substâncias podem interferir de maneira
negativa nessa fase de gestação e assim, se transformar a ação do fitoterápico em um
fator abortivo.

FITOTERAPIA POPULAR E MEDICAMENTOS FITOTERÁPICOS

Na fito terapia popular, as plantas medicinais são, como o próprio nome já diz,
plantas que possuem algumas substâncias capazes de fazer nosso organismo reagir
positivamente contra certas enfermidades. Estas são consumidas "in natura". Pode-se
também ressaltar que, não existem pesquisas cientificas por traz dessa produção
popularmente conhecida como “medicina popular”. Apesar de ter uma terapêutica de
“resultados eficazes“, custo baixo, poucos efeitos colaterais conhecidos, e serem
produzidos com uma menor interferência sintética possível, na tentativa de manter as
propriedades naturais das substâncias, estas plantas, encontradas em chás,
cataplasmas e decoctos por exemplo, não tem sua eficácia previamente provada por
médicos e pesquisadores da área. O conhecimento intuitivo das propriedades dessas
plantas são resultados da riqueza da socio-biodiversidade brasileira, que por
transferência entre diferentes gerações foi-se constituindo como um importante
arsenal terapêutico (Elisabetsky; Shanley, 1994).

FITOTERAPICOS E A PSIQUIATRIA

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Não se pode ainda ver resultados considerados significativos no campo da
psiquiatria em relação ao uso dos fitoterápicos. A alegação são as questões são
relacionadas à escassez de pesquisas e suas comprovações no campo cientifico.
Embora alguns fitoterápicos venham sendo pesquisados com mais rigor e critérios,
não se pode ainda pensar em tratar transtornos mentais com o uso de fitoterápicos.

Depressões ditas, leves e moderadas estão sendo tratadas com dois dos mais
procurados para sintomas considerados menos importantes. São eles: Hipérico - O
Hipericum perforatum, conhecido popularmente como Erva de São João ou Hipérico
e Kava-Kava - Piper methysticum. A ação dessas substâncias ainda é vista com certa
cautela, visto que não se tem uma sustentação de um tratamento a longo prazo, não há
comprovação científica como nas medicações sintéticas onde há vasto material de
pesquisa, e as reações adversas são muito presentes.

Efeitos Colaterais: os fitofármacos são freqüentemente considerados de baixa


toxicidade. Embora essas alegações, em alguns casos, tenham sido confirmadas em
estudos clínicos controlados, existe a detecção de vários efeitos adversos, que podem
se tornar relevantes para o tratamento. Por exemplo, o extrato de Hypericum
perforatum pode acarretar virada maníaca e foto sensibilidade, enquanto que o
kava-kava já foi associado a sintomas extrapiramidais. Outro problema
potencialmente sério, mas também frequentemente negligenciado, é a possibilidade de
interações medicamentosas com os fitoterápicos (p. ex., benzodiazepínicos e
kava-kava).

O problema da automedicação: É preocupante o fato das pessoas se automedicarem.


Ainda com argumentos ditos: “é natural, não faz mal”. Qualquer medicação poderá
trazer danos se não acompanhada por um médico. O fato de ser um fitoterápico traz
implicações sérias e importantes assim como o uso indiscriminado de medicamentos
sintéticos.

A psiquiatria só irá dar mais crédito aos fitoterápicos a partir de mais pesquisas e rigor
científico a fim de ter na conduta clínica resultados satisfatórios e não apenas um
recurso de importância menor dentro dos tratamentos para manutenção da saúde
mental.

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QUEM PODE PRESCREVER O MEDICAMENTO FITOTERÁPICO?

Profissionais de nutrição estão autorizados a praticar prescrição de fitoterápicos


oriundos de plantas in natura frescas, ou como droga vegetal nas suas diferentes
formas farmacêuticas. O nutricionista orienta seu paciente sobre como fazer o uso
correto do fitoterápico, que precisa ser reconhecido e adequado às normas da
ANVISA (quando industrializados). Além dos nutricionistas os médicos também
podem prescrever esses fitoterápicos, mais muitas vezes os médicos não receitam
fitoterápicos por não conhecerem esta terapêutica.

FITOTERÁPICOS PELO MUNDO

Na China praticamente 100 % dos médicos usam plantas medicinais, fundamentados


no conhecimento tradicional. Na Europa 60 % prescrevem produtos de uso tradicional
e Fitoterápicos com estudos científicos que comprovam a eficácia dos mesmos. No
Brasil, os fitoterápicos são considerados medicamentos, e como tal devem comprovar
sua eficácia para obtenção de seu registro junto à ANVISA. Apesar deste contexto
somente 6 % dos médicos conhecem a fito terapia. Isto se deve ao fato desta
terapêutica ainda não fazer parte da grade curricular. A implementação da PNPIC –
Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares da Saúde para o SUS,
inclui a fito terapia e prevê a formação de recursos humanos, difundindo desta forma
o conhecimento tradicional das plantas medicinais a toda a sociedade.

Quanto movimenta a indústria de fitoterápicos no Brasil?

Não existem dados oficiais deste mercado no Brasil. Estima-se algo em torno de 1
bilhão de reais / ano. Pesquisa da USP prevê que, em 2011 o mercado de fitoterápicos
chegará a 20%, do total do mercado farmacêutico.

Quantas pessoas usam fitoterápicos no Brasil e no mundo?

Segundo a OMS, 80 % da população mundial faz uso de medicamentos derivados de


plantas medicinais. No Brasil pesquisas demonstram que 91,9% da população já fez
uso de alguma planta medicinal, sendo que 46% da população mantém um cultivo

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caseiro de plantas medicinais.

Existem muitos fitoterápicos sem registro, no mercado?

Infelizmente ainda existem muitos produtos irregulares sendo comercializados no


mercado. A fiscalização não consegue ser efetiva em todos os pontos de venda
espalhados pelo País. Apesar da existência de uma rígida legislação criminal para
comercialização de produtos que não atendem a legislação sanitária, surpreende-nos o
espaço e liberdade de atuação que empresas irregulares conseguem sem punição
aparente.

No mercado existem medicamentos fitoterápicos de prescrição médica, e os


considerados de venda livre, sem prescrição médica. Estas duas categorias devem
atender exigências específicas para obtenção de registro junto à ANVISA. No entanto,
podem ser encontrados no mercado produtos irregulares no tocante à registro.

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Metodologia

Pesquisas de campo foram realizadas no Mercado São Sebastião e em algumas


farmácias. Foram feitas também pesquisas teórico-bibliográfica que serão
apresentadas através do recurso de “data-show” juntamente com os resultados obtidos
das pesquisas de campo antes citadas.

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Referências [Citações]

¹. Formulação I na Declaração de Alma-Ata - em anexo.

².BRASIL. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária.


Resolução RDC 48 de 16 de março de 2004. Dispõe sobre o registro de
medicamentos fitoterápicos. Diário Oficial da União, 18 de março de 2004.

³. http://www.apanat.org.br/site/fitoterapia/

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Referências Bibliográficas

1.DECLARAÇÃO DE ALMA-ATA. em
http://www.opas.org.br/Coletiva/uploadArq/Alma-Ata.pdf. Acesso em 24 de
Maio de 2011

2. http://www.apanat.org.br/site/fitoterapia/. Acesso em 24 de Maio de 2011

3.
http://pt.scribd.com/doc/52455502/MANIPULACAO-DE-PLANTAS-MEDICINA
IS-E-FITOTERAPICOS. Acesso em 24 de Maio de 2011.

4. http://www.anvisa.gov.br/medicamentos/fitoterapicos/index.htm. Acesso em
24 de Maio de 2011.

5.
http://pt.scribd.com/doc/6480295/Medicamentos-Fitoterapicos-Uma-Opcao-Te
rapeutica-Medicina-Preventiva. Acesso em 20 de Maio de 2011.

6. Rev. Bras. Psiquiatra. vol.22 n.3 São Paulo Sept. 2000 em


http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516-4446200000030
0002. Uso de fitoterápicos em psiquiatria. Acesso em 20 de Abril de 2011

7. Rev. bras. farmacologia. v.16 n.4 João Pessoa out./dez. 2006


em
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-695X20060004
00003&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt Utilização de fitoterápicos nas unidades
básicas de atenção à saúde da família no município de Maracanaú (CE).
Acesso em 20 de Abril de 2011.

8. P&D dos Fitoterápicos e a Singularidade dos Extratos, em


http://www.psiquiatrianet.com.br/tratamento/fitoterap_04.htm. Acesso 24 de
Maio de 2011.

Associação Americana de Psiquiatria. Manual diagnóstico e estatístico de

transtornos mentais – DSM-IV (1994). Porto Alegre:Artes Médicas;1995.

Organização Mundial da Saúde. Classificação Estatística Internacional de

Doenças e Problemas Relacionados à Saúde – Décima Revisão – CID-10 (1993).

(Trad). Centro Colaborador da OMS para a Classificação de Doenças em Português,

Universidade de São Paulo. São Paulo:Edusp;1997.

Anexos

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1. Declaração de Alma-Ata - imprimir de
http://www.opas.org.br/coletiva/uploadArq/Alma-Ata.pdf

2. História e autores pioneiros no Brasil em


http://www.recantodasletras.com.br/artigos/2211061

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