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ISSN 0101 - 9813

O cultivo do tomate em Roraima

06 INTRODUÇÃO E IMPORTÂNCIA ECONÔMICA

Circular
O tomate é uma hortaliça de consumo universal, tanto in natura como
Técnica industrializado, com grande expressão econômica no setor primário.
Informações publicadas pelo IBGE com base na produção agrícola
municipal de 2000, revelam uma área plantada no país de 56.866 ha,
com produtividade média de 52,975 t/ha e valor de produção
ultrapassando um bilhão de reais.

Em Roraima, a produção não atende a demanda por essa hortaliça. A


Boa Vista, RR área plantada no ano de 1998 foi de 31,47 ha, totalizando uma
Dezembroo de 2002
produção de 472.057 kg com rendimento de 15 t/ha. O baixo nível
tecnológico na condução da cultura é uma das características da
Autores atividade no estado que podem explicar o baixo nível de produtividade
Francisco Joaci de
Freitas Luz
em relação à média nacional que é, segundo o AGRIANUAL (2002), de
Rita de Cassia Cunha
Saboya 54,22 t/ha. Uma estimativa do consumo para o ano de 1998 apontava
Paulo Roberto Valle da
Silva Pereira para uma demanda de 60.371 kg/semana, ou 3.147,164 t/ano para
Pesquisadores da
Embrapa Roraima suprir o mercado local. Com apenas 472,057 toneladas produzidas
Admar Bezerra Alves tem-se um déficit de 2.675,107 toneladas/ano, suprido com
TNS da Embrapa
Roraima importações de outros centros produtores, o que eleva
CP 133 CEP 69301-970, demasiadamente os preços para o consumidor.
Boa Vista – RR - e-mail:
sac@cpafrr.embrapa.br
O alto preço estimula os agricultores a plantar, mas as exigências da
cultura dificultam o cultivo do tomate no estado. As causas mais
comuns de frustração de safra são doenças, pragas, tratos culturais,
adubações inadequadas e uso de variedades não adaptadas à região.
Estudos desenvolvidos pela Embrapa Roraima, acrescidos da
experiência dos tomaticultores locais, podem estimular o cultivo
racional do tomate no Estado, permitindo alcançar níveis de
produtividades superiores à média regional.
2 O cultivo do tomate em Roraima

CLIMA ESCOLHA E PREPARO DA ÁREA

O tomateiro (Lycopersiscon esculentum O tomateiro exige solos férteis, porosos,


Mill) é originário da região andina da bem drenados e ricos em matéria
América do Sul. O clima ideal para seu orgânica. É medianamente tolerante à
cultivo é aquele com temperatura amena acidez, mas é exigente em cálcio e
durante o dia e noites frias. Regiões com magnésio. De maneira geral, os solos de
temperatura média acima de 30º não são Roraima são pobres e ácidos, exigindo a
recomendadas para o cultivo dessa aplicação de fertilizantes químicos,
hortaliça. Acima de 35º há uma tendência adubos orgânicos e corretivos para o
dos frutos maduros tornarem-se sucesso da tomaticultura.
amarelos e não vermelhos.
Além do solo apropriado, a área deve ser
Na região amazônica, onde predominam bem ensolarada, próxima a uma fonte de
altas temperaturas e alta umidade água limpa contínua, com topografia um
relativa do ar, a tomaticultura torna-se pouco ondulada e situada em local que
uma atividade problemática, pois altas não tenha sido cultivado antes com
temperaturas causam redução do tomate ou outras solanáceas como,
número de frutos por cacho e a alta pimentão, pimenta, batata ou berinjela.
umidade do ar favorece a ocorrência de Evitar também áreas com jurubeba, por
doenças. Áreas de escape, como as se tratar de uma planta hospedeira de
regiões de altitude de Pacaraima, patógenos do tomate. É aconselhável a
Tepequém e Uiramutã oferecem retirada de amostras de solo para análise
condições climáticas propícias para o química e física, o que definirá as
cultivo do tomate em Roraima. adubações e correções exigidas pela
Entretanto, em regiões de mata ou cultura.
lavrado, a tomaticultura exige o plantio de
Em área de cerrado, a limpeza é uma
variedades adaptadas a altas
atividade fácil, bastando a retirada da
temperaturas e resistentes a doenças. A
vegetação superficial, composta de
época chuvosa, em qualquer região é
gramíneas e de poucas árvores. Na
desaconselhável para o cultivo, a não ser
mata, essa atividade depende da
sob cultivo protegido. Ventos fortes
derrubada e queima da vegetação, com o
também são prejudiciais à cultura, sendo
plantio no toco ou mecanizado se feito o
necessária a instalação de quebra-ventos
destocamento. Em ambos os
em locais sujeitos a essa intempérie.
ecossistemas, o que importa é a retirada
de plantas que possam interferir no
3 O cultivo do tomate em Roraima

preparo da área ou no desenvolvimento A incorporação do calcário deve ser feita


da cultura. nas covas de plantio para haver um
maior aproveitamento do corretivo. A
Em áreas mecanizáveis, após a limpeza
dosagem recomendada é definida após a
faz-se uma aração profunda (20 a 30 cm)
análise do solo.
e duas gradagens cruzadas com
profundidade de 20 cm para eliminar os Adubação Mineral
torrões. Em seguida, preparam-se os
As recomendações de adubos químicas
sulcos entre as quais se formarão os
só devem ser feitas após a análise
camalhões em cujas bordas serão
química do solo. Entretanto, na maioria
abertas as covas para o plantio. Nas
dos casos, o plantio de tomate em
áreas não-mecanizáveis abrem-se as
Roraima é feito em solos de baixa
covas manualmente na área limpa,
fertilidade natural, sendo recomendadas
cortando o sentido da declividade do
altas dosagens de fertilizantes para se
terreno. Essas atividades devem ser
conseguir maiores rendimentos. Para
executadas pelo menos um mês antes
aqueles produtores que utilizam
do plantio para proporcionar tempo
formulações, a adubação sugerida no
suficiente para a incorporação do
plantio em áreas com baixa fertilidade
corretivo de solo e a adubação.
natural, como o cerrado, é de: 200 g de
CALAGEM E ADUBAÇÃO MINERAL 04-28-20 + Zn ou 04-30-16 + Zn e 5,0 g
de FTE BR 12 por cova. Em se tratando
Calagem
de área de mata virgem ou área que

A maioria dos solos de Roraima é ácida, recebera adubação para outros plantios,

necessitando a aplicação de corretivos pode-se reduzir a quantidade de fórmula

(calcário, cal hidratada) para elevar o pH para 150 g.

até próximo da neutralidade. Deve-se dar


Segundo recomendação de adubação
preferência ao calcário dolomítico ou a
fosfatada e potássica, prescrita pela
cal hidratada com magnésio. Para as
Embrapa Hortaliças, com base na análise
fontes de cálcio que contém pouco ou
do solo, a quantidade de P2O5 para os
nenhum magnésio, é necessária a
solos com menos de 60 ppm de K varia
suplementação da cultura com 40 kg/ha
de 200 a 250 kg/ha. Quando se utiliza 10
de sulfato de Magnésio, em cobertura. O
a 15 t/ha de esterco de galinha poedeira,
calcário deve ser incorporado ao solo
a dosagem de P2O5 pode ser reduzida
pelo menos dois meses antes do plantio.
de um terço à metade. A adubação
A cal hidratada é mais fina e pode ser
nitrogenada sugerida é de 180 kg/ha de
incorporada até 15 dias antes do plantio.
4 O cultivo do tomate em Roraima

N, sendo 1/3 aplicado no plantio e o conseqüentemente, melhora o


restante em cobertura. desenvolvimento das culturas. Outros
benefícios são: melhoria da estrutura,
ADUBAÇÃO ORGÂNICA
porosidade e da aeração; favorecimento

Os adubos orgânicos mais comuns são da disponibilidade e da absorção de

os estercos de bovino, carneiro e galinha alguns nutrientes pelas raízes; aumento

poedeira, a cama de aviário, o adubo de da resistência das plantas às pragas e

lixo e os compostos orgânico. A doenças.

adubação do tomate, incluindo matéria


Compostagem é um processo natural
orgânica, propicia acréscimos de até
pelo qual os microrganismos
25% na produção e aumenta a proporção
metabolizam materiais orgânicos, que
de frutos grandes, segundo resultados
serve para recuperar e manter a
obtidos pela Embrapa Hortaliças.
fertilidade do solo. O composto orgânico

Estudos em andamento, com utilização é um excelente adubo orgânico, obtido

de esterco bovino, fertilizantes químicos através da fermentação de restos

e corretivos, propõem a dosagem de 30 vegetais e esterco animal, que se

t/ha de esterco bovino curtido, ou seja: 3 transformam em húmus, é um excelente

kg/m2 ou 1,5 kg de esterco por cova, no adubo orgânico. Para a sua confecção

espaçamento de 1,0 x 0,5 m. O esterco são usados restos vegetais de diferentes

de galinha e a cama de aviário são espécies, como casca de arroz, bagaço

recomendados na terça parte do esterco de cana, capim, mato roçado, folhas,

bovino. A utilização da cinza da casca de sabugo de milho, restos de culturas, lixo

arroz também é recomendada para suprir de cozinha sem plásticos, latas e vidros,

a cultura de fósforo e potássio. resíduos da fabricação de farinha, etc., e


restos animais que podem ser adquiridos
Compostagem na propriedade, obtendo-se uma boa
fonte de adubo de baixo custo. Seja qual
O uso agronômico de resíduos orgânicos
for o tipo de matéria orgânica aplicada ao
como fonte de nutrientes as plantas e
solo, as quantidades são, em geral, de
como condicionadores dos solos, tem se
um mínimo de 10 até o máximo de 50
constituído em uma alternativa de
t/ha.
adubação para os produtores. Ao mesmo
tempo promovem melhorias das Faz-se pilhas alternadas desses
condições físicas, químicas e biológicas resíduos, fazendo-a de uma forma que o
do solo aumentando sua fertilidade. Há monte fique fofo e arejado para que o
um aumento do pH e da CTC do solo da material fique bem decomposto, pois
capacidade de retenção de água, o que, para que a compostagem seja efetivada
5 O cultivo do tomate em Roraima

de forma satisfatória, é preciso a ação Quando colocar cada camada, fazer uma
conjunta de microrganismos, material rega mas ter cuidado para não deixar
orgânico, umidade e oxigênio. encharcar ou escorrer água na base da
meda.
Deve-se seguir o procedimento abaixo
para a confecção do composto: ✓Cobre o monte já pronto, com palha
ou plástico e deixa-se fermentar.
➠ A pilha da compostagem deve ficar
localizada, preferencialmente, em terreno Durante esse processo, há uma intensa
de fácil acesso e plano, com boa geração de calor, com temperaturas
disponibilidade de água. Seu tamanho atingindo até 70ºC no interior da meda,
deve ser de 1,0 a 3,0 m de largura, com embora a temperatura ideal deva ficar
altura até 1,5 m e comprimento de entre 50ºC e 60ºC. Estas altas
aproximadamente 3,0 m. temperaturas são importantes porque há
uma erradicação da maioria dos
➠ Reunir todo o resto cultural possível e,
patógenos. Quando a temperatura se
se houver restos culturais mais grossos,
estabiliza e o composto atinge
é melhor picá-los para acelerar a
temperatura amena, então o composto
decomposição.
está pronto para uso. Se durante o

➠ O composto é feito em camadas: processo de fermentação a temperatura


ficar muito alta, faz-se um revolvimento
✓Na 1ª camada deve-se colocar o mato para oxigenar o composto e irriga-o, até
(capim) cortado, com altura máxima de a temperatura estabilizar. A viragem é
30 cm, depois regar; feita com ancinho, passando o material
de baixo para cima e vice-versa. A cada
✓Em seguida, coloca-se uma camada
revolvimento irriga-se novamente, para
fina de esterco. Se utilizar esterco
distribuir bem a umidade em todo o
diluído, dispensar a rega. Pode-se
monte. Normalmente é feito um
adicionar uma camada fina de fosfato
revolvimento semanal, nos primeiros 30
natural (aproximadamente 6kg/m3), para
dias e depois faz-se revolvimentos a
enriquecer o composto.
cada 15 dias. Esse revolvimento ajuda o
✓Depois coloca-se outra camada de material a decompor mais rápido e de
material vegetal e vai alternando com maneira mais uniforme.
esterco até atingir a altura apropriada,
Dependendo do material e do manejo
estruturando o monte de maneira que o
adotados o material deve estar pronto
composto não se desfaça com a chuva
entre 60 e 90 dias, quando o material
ou vento.
estiver homogêneo, com uma coloração
6 O cultivo do tomate em Roraima

marrom escura, parecida com a da terra Há basicamente quatro grupos diferentes


vegetal. de variedades de tomate, classificados
de acordo com o formato do fruto:
Deve-se fazer várias pilhas de composto
e em diferentes épocas, para nunca faltar Grupo Santa Cruz – plantas de
adubo na propriedade. crescimento indeterminado ou
determinado, com frutos alongados,
Se o material usado for lixo doméstico,
ovalados ou arredondados, com dois a
pode-se dispensar o uso do esterco.
quatro lóculos; possuem boa resistência
Nesse caso, coloca-se uma camada de
ao transporte. São exemplos as
serragem ou mato seco para haver
cultivares: Atlas, Santa Cruz Kada,
oxigenação do composto.
Ângela Gigante 5.100, Santa Clara I -
Com a adição de fosfato natural o 5300 e Jumbo.
composto será enriquecido, podendo até
Grupo Salada – também conhecido
dispensar a calagem, com o passar dos
como tomate caqui; a planta tem porte
anos.
variando de médio a alto, apresentando
O composto é indicado para hortas e crescimento indeterminado ou
pequenos pomares, nas doses de 2,0 a determinado, frutos grandes,
4,0 kg por m2 de canteiro, três vezes ao pluriloculares, arredondados ou
ano, ou 10 kg / pé de fruta, uma vez por achatados, com resistência ao transporte
ano. variando de baixa a alta para os tipo
longa vida; são muito apreciados em
CULTIVARES saladas. São exemplos as cultivares:
Floradel, Caraíba, Carmem, Seculus e
De acordo com o hábito de crescimento
Heat Master.
o tomateiro é classificado em
“determinado”, para aquelas variedades Grupo Industrial ou Rasteiro –
de porte baixo desenvolvidas para o adaptados para a produção de massa,
cultivo industrial e “indeterminado” para têm porte pequeno, crescimento
as variedades que crescem determinado e ciclo curto, com frutos
continuamente e precisam ser tutoradas pequenos a médios, oblongos ou
e podadas. Mais recentemente, devido à ovalados, muito firmes, biloculares ou
longevidade pós-colheita dos frutos triloculares; possuem alto teor de sólidos
muitas variedades estão sendo também solúveis e acidez acima das variedades
identificadas pelo termo “longa vida” ou para mesa. Não necessitam tutoramento.
“extra firme”. Podem ser usados para o consumo in
7 O cultivo do tomate em Roraima

natura, exemplo: IPA-6 e tomate regional Mata e Lavrado – Caraíba, Santa Cruz
“do Alto Alegre”. Kada, Santa Clara I – 5.300, Carmem,
Heat Master, regional do “Alto Alegre” e
Grupo Cereja – frutos de tamanho
IPA-6.
pequeno com peso entre 10 e 20
gramas, lisos com consistência, teor de Região de altitude de Pacaraima,
sólidos solúveis e acidez típicas de Tepequém e Uiramutã – Santa Cruz
tomates industriais; o consumo se dá na Kada, Santa Clara I – 5.300, Ângela
forma “in natura”. A variedade Suzutaro Gigante 5.100, Jumbo, Atlas, Carmem,
apresentou bom comportamento em Seculus.
plantio no lavrado de Roraima, na época
A descrição das cultivares indicada para
seca (LUZ et al., 1990).
o cultivo em Roraima está assinalada na
As seguintes cultivares são sugeridas Tabela 1.
para plantio nos diferentes ecossistemas
de Roraima:

Tabela 1. Características dos cultivares de tomate indicadas para cultivo em Roraima.


Embrapa Roraima, 2002.
Cultivar Hábito de Peso Colheita/ Formato Resistência a Pós-colheita
Crescimento Médio dias do do Doenças
(g) plantio Fruto
Ângela 5.100 Indeterminado 100 100 Ovalado F1; VY média duração
Atlas Indeterminado 200 105 Arredondado V1; F1; F2 média duração
Caraíba Determinado 100 90 Achatado murcha; PA baixa duração
Carmem Indeterminado 200 100 Achatado V1; F1 e 2; TMV longa duração
Floradel Indeterminado 150 110 Redondo F1; S média duração
Heat Master Determinado 200 80 Achatado V1; F1 e 2; TMV longa duração
IPA – 6 Determinado 100 90 Oblongo RA baixa duração
Jumbo Indeterminado 150 100 Arredondado PA; RA;F; V1;S média duração
Reg. “Alto Alegre” Determinado 80 90 Oblongo RA baixa duração
Santa Clara I- Indeterminado 130 100 Oblongo F1 e 2; V1; média duração
5300 TMV; RA; PA
Séculus Indeterminado 200 100 Achatado V1; F1 e 2; TMV longa duração
St. Cruz Kada Indeterminado 100 100 Arredondado PA; RA
Fonte: Carrijo (1991); Embrapa – CNPH (1993); Luz et al. (1990).
Observações: F1= Fusarium spp, Raça 1; F2= Fusarium spp; VY = vírus Y; V1 = Verticilium dahilae, Raça 1; S = Stemphylium; TMV =
Vírus do Mosaico do Tabaco; PA = podridão apical; RA = rachadura; MURCHA = murcha bacteriana.

SEMENTES E PRODUÇÃO DE MUDAS recipientes. Para o plantio de 1 ha são


necessárias 100 g de sementes.
A formação de mudas vigorosas e
sadias, com sistema radicular bem Caso a opção de plantio seja por híbridos
desenvolvido é um fator importante no tipo “longa vida”, cujas sementes são
sucesso da tomaticultura. As mudas são cotadas a preços muito altos, é preciso
produzidas em canteiros ou em ter a certeza de que cada semente vai
originar uma muda, caso contrário o
8 O cultivo do tomate em Roraima

custo de produção torna a atividade É importante fazer a cobertura da


onerosa. Estas variedades são vendidas semeadura com palha ou sombrite, a
em pacotes de 1.000 sementes. uma altura de 1,0 m, para manter a
umidade e reduzir a temperatura do leito,
Semeadura em canteiros
facilitando a germinação. A cobertura

Pequenos canteiros denominados deve ser retirada lentamente até próximo

sementeiras são utilizados para a à época do transplante, quando as

semeadura e formação das mudas até mudas ficam totalmente descobertas.

que estas atinjam o tamanho ideal para o Devem ser feitos os desbastes das

plantio no local definitivo. O material que mudas, deixando-se 180 a 190 mudas

forma o leito da sementeira deve ser por metro quadrado.

composto de : ½ de solo, mais ½ de


Semeadura em Recipientes
esterco curtido peneirado e desinfestado.
Esse plantio é o mais recomendável e
A desinfestação consiste em colocar a
prático, pois assegura maior
mistura esterco e solo umidificados em
uniformidade e melhor seleção das
camburão de 200 litros sobre fogo de
mudas. Podem ser usados copos de
lenha durante 2 horas, virando-a
jornal (10cm) ou copos plásticos
constantemente. Após o resfriamento,
descartáveis de 200 a 300 mililitros, com
transferir a mistura para o canteiro e
pequeno orifício no fundo, para drenar o
acrescentar, para cada metro quadrado,
excesso de água.
a uma altura de 20 cm: 300g de
superfosfato simples, 100g de sulfato de O substrato dos copinhos deve ter a
amônio ou 50g de uréia, 100g de cloreto mesma composição do leito da
de potássio e 200g de cal hidratada. Os sementeira. No centro de cada copinho
canteiros são preparados uma semana são colocadas três sementes, que são
antes da semeadura e mantidos sob cobertas com o mesmo substrato dos
irrigações diárias. copinhos, sendo, em seguida, bem
irrigados. Faz-se o desbaste uma
A semeadura é feita distribuindo-se as
semana após a germinação, deixando-se
sementes em sulcos de um centímetro
uma muda por copinho.
de profundidade, distanciados em 15 cm.
Após a semeadura, as sementes são As mudas são mantidas em local
cobertas com material do próprio sombreado, que aos poucos vai sendo
canteiro, e em seguida procede-se a descoberto até chegarem ao ponto do
irrigação duas vezes ao dia. transplantio, que ocorre de 20 a 30 dias
após a semeadura.
9 O cultivo do tomate em Roraima

Bandejas de isopor com substratos CULTIVO PROTEGIDO


comerciais à base de vermiculita
Em regiões sujeitas a baixas
fertilizada ou formulações semelhantes
temperaturas ou a períodos de chuva
são recomendadas para produtores que
intensos, o cultivo do tomateiro sob
possuem estrutura coberta com plástico
cobertura plástica é uma alternativa
(estufa) com irrigação por nebulização.
viável, desde que se planeje a colheita
Este sistema permite um melhor
em épocas de entressafra, quando o
aproveitamento de espaço e facilita o
preço justifica o alto custo do
transporte das mudas até o local do
investimento. É comum chamar a
transplantio.
estrutura de plantio de estufa. O manejo
Em regiões produtoras com grande das plantas nesse ambiente requer
concentração de plantio de tomate é novas habilidades para os produtores
comum a encomenda das mudas de tradicionais, que cultivam o tomate a céu
produtores especializados nessa tarefa. aberto.
O produtor de tomate ganha entre 20 a
Nas condições de Boa Vista e municípios
30 dias no ciclo da cultura, preocupando-
com condições climáticas semelhantes, o
se apenas com a fase do cultivo à
tipo de estufa adequado ao cultivo de
colheita.
tomate deve ter o pé direito de 4 metros
TRANSPLANTIO e de preferência ter uma abertura na
parte superior da estrutura para facilitar a
Entre 20 e 30 dias da semeadura,
saída do ar quente (teto convectivo). Em
quando as mudas apresentam 4 a 6
regiões de microclima, como Pacaraima,
folhas definitivas, faz-se o transplante
Uiramutã e Tepequém, modelos tipo
para o local definitivo. O plantio é feito
“capela” e “arco” são recomendados. O
em covas com dimensões de
aproveitamento da madeira disponível na
30x30x30cm, previamente adubadas e
região dispensa o uso de estruturas de
espaçadas de 30 a 50 cm, na fileira, e 1
ferro galvanizado.
metro entre filas.
Devido a predominância de ventos Leste
De preferência, essa atividade deve ser
a orientação das estufas deve seguir ao
feita em dias nublados ou à tardinha,
longo do eixo Leste – Oeste, evitando a
para que as mudas não sofram qualquer
penetração lateral de chuvas.
estresse. Antes e após o transplantio,
Teto convectivo (fazer desenho)
faz-se uma rega, suficiente para deixar
Capela (fazer desenho)
úmida as covas, proporcionando um
Arco (fazer desenho)
maior índice de pega.
10 O cultivo do tomate em Roraima

A Irrigação no interior da estufa é feita intervalos de dois ou três dias, desde que
através de fita e tubos de polietileno com seja suficiente para manter úmido o solo
gotejadores posicionados a cada 30 cm, em volta das covas de plantio, até uma
que permitem uma área molhada profundidade de 40cm.
contínua ao longo da fileira de plantas.
Usar mangueiras com jato d´água
O controle fitossanitário das plantas em dirigido à base das plantas não é
ambiente protegido deve ser rigoroso, recomendado, pois dissemina patógenos
uma vez que o microclima criado dentro cujos esporos ficam no solo e promove a
das estufas pode favorecer a severos retirada de nutrientes da área de
ataques de pragas e doenças em curto absorção do sistema radicular.
espaço de tempo. A estufa deve estar
Fitas plásticas e tubos de polietileno com
permanentemente livre de plantas
gotejadores têm substituído a forma
daninhas. O uso de telas laterais de
tradicional de irrigação, trazendo
sombrite 20 – 35% evita a entrada de
economia de água e de mão-de-obra ao
insetos praga voadores como mariposas.
sistema de produção. No caso do cultivo
Estas telas têm o inconveniente de
protegido a utilização desse modo de
reduzir a ventilação interna e aumentar a
irrigação é imprescindível, especialmente
temperatura dentro das estufas.
quando se faz fertirrigação (adubação
O uso de saias de plástico nas bordas da das plantas através da água de
estufa evita a penetração de respingos d irrigação).
´água que podem disseminar patógenos
Irrigações excessivas são prejudiciais,
para as plantas que ficam nessa área. A
pois aumentam os gastos com energia
manutenção constante das telas e saias
elétrica, combustíveis, equipamentos,
e o controle do trânsito de pessoas
mão-de-obra e ainda podem favorecer a
dentro das estufas auxiliam na prevenção
ocorrência de doenças fúngicas e
da entrada de pragas e doenças
bacterianas, ou remover nutrientes da
limitantes da cultura.
área de exploração do sistema radicular.
IRRIGAÇÃO E FERTIRRIGAÇÃO
Fertirrigação
O sistema recomendado é o de
Para o seu pleno desenvolvimento as
infiltração por sulcos, no qual a água é
plantas necessitam de vários elementos
manejada em pequenos canais entre as
minerais que são classificados como
fileiras de plantas. Na fase de
macro e micronutrientes, requeridos em
“pegamento” das mudas, pode-se utilizar
maiores e menores quantidades,
a aspersão em irrigações diárias. Após a
respectivamente. Estes elementos são
pega, muda-se para a infiltração em
11 O cultivo do tomate em Roraima

fornecidos às plantas através do ar e da de cálcio podem provocar o entupimento


solução do solo. de emissores.

Na fertirrigação, o fornecimento desses K ➼ cloreto de potássio (50% de K),


elementos é feito dissolvendo-se os fosfato monopotássico (28%), nitrato de
adubos através da água de irrigação. potássio (36,5%) e sulfato de potássio. O
Quando bem conduzida essa técnica cloreto de potássio deve ser usado com
proporciona economia em adubos, restrição, pois pode ser tóxico às plantas
precisão na dosagem e aplicação, e provocar salinização do solo. Todo o N
economia de mão de obra, maior e K pode ser aplicado em fertirrigação,
eficiência da adubação e menores mas a maioria das recomendações
perdas por lixiviação, fixação e apontam para que seja feita aplicação de
escorrimento. É preferencialmente 20% desses elementos em pré-plantio.
usada nas adubações em cobertura.
P ➼ ácido fosfórico, fosfato
Para cultivos em substratos, todos os
monopotássico (23% de P), MAP (61%) e
nutrientes, inclusive os micronutrientes,
DAP (53%). Aplicação deste elemento via
podem ser fornecidos para a planta
fertirrigação deve ser separada dos outros
através da fertirrigação.
elementos e a água não deve ser alcalina.
As fontes de nutrientes devem ser Pode ser aplicado um dia após e depois
completamente solúveis. Fontes dos limpa todo o sistema. Dependendo do
vários nutrientes podem ser adquiridas tipo de solo pode variar a retenção de
separadamente, observando a fósforo. Desse modo, recomenda-se fazer
compatibilidade entre os fertilizantes, pois adubação fosfatada tendo por base a
nem todos podem ser misturados. análise do solo, devendo aplicar 20% a
Diversas formulações de adubos NPK, 60% da quantidade total de P
sólidos ou líquidos, estão disponíveis no recomendada como adubação de
mercado para uso na fertirrigação, assim fundação, com Superfosfato Simples ou
como os adubos isoladamente. As Termofosfato enriquecido com B e Zn, a
principais fontes de nutrientes são: lanço sobre o canteiro ou incorporando
nos sulcos, antes do plantio. O restante
N ➼ nitrato de cálcio (7% de N), nitrato de pode ser aplicado por fertirrigação, de
potássio (13%), sulfato de amônio e uréia acordo com a necessidade da cultura.
(45%). Para plantas mais jovens é
Deve ser evitada a mistura de adubos
preferível a forma amoniacal (uréia). O
fosfatados com os que contenham
nitrato de cálcio também pode ser usado
principalmente Ca e Mg em sua
para fornecimento de cálcio. Outras fontes
composição pois pode entupir os
gotejadores. Um exemplo disso é a
12 O cultivo do tomate em Roraima

mistura do ácido fosfórico com nitrato de adulta, principalmente na frutificação e por


cálcio, pois pode haver formação e esse motivo a dose necessária é menor.
precipitação de compostos insolúveis que Deve-se fazer um acompanhamento pela
pode entupir os gotejadores e tornar condutividade elétrica da solução
esses elementos indisponíveis para a drenada, principalmente quando não tiver
planta. O nitrato de cálcio e o substrato (hidroponia). Caso aumente a
superfosfato simples deixam resíduos na concentração de alguns nutrientes na
água. Com isso, é conveniente dissolver solução, ocorrerá aumento da salinidade
esses fertilizantes com antecedência e do meio e da condutividade, com
deixar decantar a solução por algumas conseqüente redução da absorção. A
horas antes de efetuar a fertirrigação, a condutividade elétrica boa para tomate é
fim de separar as impurezas. em torno de 2,5, podendo ser essa
concentração de nutrientes mantida entre
Deve-se ter cuidado com a dosagem dos
1,0 e 3,0. Se for inferior a 1,0, deve-se
nutrientes fornecida pois a deficiência ou
aplicar uma nova dose de nutrientes; se
o excesso de um elemento influencia a
for superior a 3,0, deve-se aumentar o
atividade de outros elementos, com
volume de água fornecido pela irrigação,
conseqüências que repercutem no
para não causar salinização. A tabela
metabolismo da planta.
abaixo nos mostra a absorção média de
Nas fases iniciais da lavoura as nutrientes nas diferentes fases do
necessidades das plantas em elementos tomateiro.
minerais são menores do que na fase

Tabela 2 – Absorção média de nutrientes pela cultura do tomate, para diferentes


períodos após o plantio, em dias.
Período Gramas por planta por dia % do P Total por dia
(d.a.p)*
N P
1-10 0,005 0,004 0,00
11-20 0,013 0,005 0,12
21-30 0,027 0,005 0,20
31-40 0,045 0,011 0,20
41-50 0,075 0,214 0,53
51-60 0,089 0,214 0,69
61-70 0,093 0,068 0,73
71-80 0,102 0,089 0,78
81-90 0,130 0,214 0,87
91-100 0,220 0,446 1,39
101-110 0,275 0,464 1,56
111-120 0,227 0,293 1,88
121-130 0,004 0,018 0,73
131-150 0,002 0,018 0,16
* d.a.p. – dias após plantio;
Fonte: Bar-Yosef (1991)
13 O cultivo do tomate em Roraima

A irrigação a ser feita deve ser bem - Um controlador de irrigação, que


criteriosa, pois no intervalo entre as controla a irrigação mediante uma
fertirrigações (geralmente semanal), se o programação feita pelo agricultor, de
volume de água aplicado for excessivo, acordo com a necessidade do cultivo e
lixívia os nutrientes dissolvidos na solução desenvolvimento da planta. Pode-se
em torno das raízes; se for um volume programar o nível de regas diárias para
insuficiente, os nutrientes não ficarão cada setor, com tempo determinado;
disponíveis à planta.
- Um tubo gotejador, que é o principal
Na maior parte dos plantios, componente do sistema de irrigação por
especialmente quando irrigado por gotejamento, com a função de distribuir a
gotejamento, é necessário o uso dos água ao longo da linha, com a finalidade
seguintes equipamentos: de perder pressão e uniformizar a vazão.
São tubos flexíveis de plástico com
- Conjuntos motobombas de acionamento
gotejadores distanciados entre si, em uma
elétrico, para a pressurização do sistema.
distância geralmente de 20 a 60 cm;
Para escolher um conjunto motobomba,
deve-se ter conhecimento da vazão total - Um injetor de fertilizantes, tipo Venturi,
necessária em L/s, da altura monométrica que injeta água juntamente com os
total, em metros de coluna d’água e do devidos fertilizantes solúveis no sistema
rendimento da bomba e do motor; de irrigação;

- Sistema de filtragem, pois geralmente os - Os diversos ramais, de onde saem as


emissores ficam entupidos; linhas de tubo gotejadores.

- Uma válvula reguladora de pressão; Geralmente, o fornecedor dos


- Um manômetro; equipamentos de irrigação fornece o
projeto e a assistência técnica necessária
- Um registro, que serve para efetuar
para a instalação em áreas maiores. Para
manualmente os turnos de regas, fechar
a divisão dos setores, os técnicos levam
setores e regular a vazão de água no
em conta a topografia e o tamanho da
sistema;
área, a freqüência de rega e a
- Uma válvula solenóide, que disponibilidade de água, além de outras
desempenha a mesma função do registro, variáveis.
porém com comando eletrônico recebido
Dificilmente a cultura, sob um programa
do controlador de irrigação ou
de fertirrigação bem controlado,
tensiômetro;
apresentará problemas de desordem
nutricional. Mas se ocorrerem
14 O cultivo do tomate em Roraima

deficiências, devem ser eliminadas com capim, serragem ou casca de arroz, de


aplicações corretivas, seja através da modo a evitar a perda de água e impedir
fertirrigação ou via foliar. o crescimento de plantas daninhas.

TRATOS CULTURAIS Em áreas com ocorrência de


murchadeira evitar o acúmulo excessivo
Desbrota
de umidade próximo à base da planta.

Consiste em retirar as brotações laterais


Adubação de cobertura
indesejáveis que aparecem próximo à
inserção das folhas, que também são Essa é uma adubação suplementar
chamadas “ramos ladrões”. É uma recomendada em casos de deficiências
prática essencial para as cultivares de nutricionais ou de forma complementar à
porte indeterminado, que devem ficar adubação de plantio. As fontes de
somente com um ou dois ramos nitrogênio e potássio são mais comuns
principais, dependendo do espaçamento nas coberturas. Aos 30 e 45 dias do
utilizado. O excesso de brotações transplantio faz-se uma aplicação de
prejudica o desenvolvimento dos cachos. cinco gramas de uréia e de cloreto de
Nos tomateiros de porte determinado não potássio por planta, logo após as
se faz a desbrota. Pelo menos duas capinas.
vezes por semana, durante o primeiro
O uso de adubos foliares com
terço do ciclo do tomateiro deve-se
formulações ricas em cálcio e
realizar essa prática.
micronutrientes é recomendável. Estes
Amontoa devem ser pulverizados sobre toda a
planta a cada 15 dias, sempre à tardinha.
Até 20 dias do transplantio, após a
Cada adubo apresenta uma dosagem
capina, faz-se a adubação de cobertura e
específica, que deve ser obedecida
em seguida, a amontoa, juntando-se
rigorosamente para evitar fitotoxidade.
terra para a base da planta. Esta prática
Não se deve misturar adubos foliares
estimula o crescimento de raízes
com agrotóxicos.
adventícias, contribuindo para uma
melhor fixação das plantas e o aumento Tutoramento
da zona de absorção dos nutrientes.
As cultivares de porte indeterminado
Cobertura Morta necessitam de tutoramento. A técnica
mais utilizada chama-se “cerca cruzada”,
Após a amontoa recomenda-se fazer
que consiste na fixação de varas de dois
uma cobertura da cova ao redor das
metros próximas às plantas, entre 15 e
plantas com materiais inertes como
15 O cultivo do tomate em Roraima

20 dias do transplantio, de forma cruzada (cebolinha e cebola); leguminosas


e amarradas no ponto de cruzamento. (mucuna-preta e guandu); milho, arroz ou
Nas extremidades de cada fileira de cana-de-açúcar no caso de incidência de
plantas, finca-se uma estaca, de onde murchadeira.
será esticado um arame fino ao longo
Desponte
dos pontos do cruzamento entre as
estacas. Após o envaramento, as plantas Consiste em podar o ápice do ramo
são conduzidas e amarradas principal da planta quando esta
frouxamente na forma de oito às varas. ultrapassar a altura do tutor ou quando
tiver de seis a oito cachos de frutos
Em caso de reutilização das varas e
formados. Esta prática auxilia no
estacas, elas devem ser tratadas com
crescimento dos frutos dos cachos mais
imersão em soluções de fungicidas para
altos. Em tomateiros conduzidos em
eliminar a transmissão de contaminantes
estufas sob fertirrigação não se faz o
de plantio s anteriores.
desponte, mas é recomendada uma
Em cultivo sob cobertura plástica o poda das folhas baixeiras após a
tutoramento é feito com a fixação de colheita. Nesse caso a planta continua
arames bem esticados sobre cada fileira sendo conduzida ao longo do tutor
de plantas e na parte basal desta é horizontal.
fixada uma fita de nylon que enrosca a
MANEJO DE PLANTAS DANINHAS
planta subindo até o arame, onde recebe
um laço. À medida em que a planta As capinas evitam a competição de
cresce a fita é ajustada para mantê-la plantas indesejáveis (plantas daninhas,
ereta. invasoras, inço) com a cultura. Os
primeiros 30 dias após o transplantio são
Rotação de Cultura
críticos para a cultura, que deve ser
Essa prática consiste num rodízio de mantida sempre no limpo. Para tanto,
culturas numa mesma área com o recomenda-se a capina manual com
objetivo de promover o melhor enxada, exceto em áreas muito inçadas,
aproveitamento da fertilidade do solo ou onde podem ser utilizadas outras
de reduzir a incidência de pragas e medidas de controle, como: aplicação de
doenças limitantes da produção do herbicidas, cobertura morta e capinas
tomate. mecanizadas.

Em áreas cultivadas com tomate, faz-se A aplicação de herbicidas de forma a


a rotação com as seguintes plantas: proporcionar um controle eficiente
crucíferas (repolho, couve); liliáceas depende do conhecimento das invasoras,
16 O cultivo do tomate em Roraima

das características do solo, do de invasores em tomate. A combinação


comportamento do produto no solo e na de produtos é indicada para áreas
planta, e de modo de aplicação. O infestadas com invasoras de folhas
acompanhamento técnico de um largas e gramíneas. Recomendações da
profissional da área de ciências agrárias Embrapa Hortaliças propõem as
é aconselhável ao se optar por esta seguintes combinações como mais
prática de controle das plantas daninhas. recomendadas: metribuzin + DCPA;
metribuzin + difenamid; metribuzin +
A tabela 3 apresenta os principais
fluazifop-p; metribuzin + napropamide e
herbicidas recomendados para o controle
metribuzin + trifuralin.

Tabela 3. Herbicidas utilizados na cultura do tomateiro.

Nome Nome Classe Formulação Aplicação Dose por Ação


Técnico Comercial Toxicológica Hectare do Produto
Metribuzin Sencor BR PM
Sencor 480 IV SC PPI 1,0 kg folhas largas
Lexone SC
Lexone 700 PM
Fluazifop-p Fusilade II CE PÓS 1,5 a 2,0 lit. gramíneas
DCPA Dacthal III PM PRÉ 8,0 a 15,0 kg gramíneas
Diphenamid Enide 50 III PM PRÉ 8,0 kg gramíneas
Napropamide Devrinol 50 III PM PPI 4,0 a 6,0 kg gramíneas
Pebulate Tillam III CE PPI 5,0 a 6,0 lit. gramíneas
Trifluralin Herbiflan
Lifalin BR
Marcap
Trifluralina II CE PPI 1,2 a 2,4 lit. gramíneas
Trifluran
Treflan
Novolate
Trifluralina 600
Fonte: Autores Diversos
Classe toxicológica – I – muito tóxica; II – mediante tóxico; III – pouco tóxico; IV – muito pouco tóxico.
Formulação: PM – pó molhável, SC – solução concentrada; CE - concentrado emulsionável.
Aplicação: PRE – pré-emergência; PPI – pré-plantio incorporado; PÓS – pós-emergência.

DOENÇAS E MÉTODOS DE práticas recomendadas para evitar as


CONTROLE doenças.

As doenças são causadas por bactérias, Plantas afetadas por vírus, bacterioses
vírus, fungos ou nematóides. O ou nematóides têm uma difícil
tratamento mais eficiente é a prevenção. recuperação. Algumas doenças comuns
Evitar plantios no período chuvoso, em ao tomateiro são citadas a seguir:
baixadas encharcadas, alta densidade de
plantas, áreas já cultivadas com
solanáceas, infestadas por nematóides e
o uso de cultivares adaptadas, são
17 O cultivo do tomate em Roraima

PINTA PRETA (Alternaria solani) semanais dos produtos indicados na


Tabela 4.
Lesões necróticas de cor pardo-escura,
com zonas concêntricas que aparecem TALO-OCO OU PODRIDÃO MOLE
mais nas folhas, mas espalham-se pelo (Erwinia spp.)
caule e frutos. Além das medidas de
Apodrecimento do caule e dos frutos
controle preventivo, recomenda-se a
causado pelo excesso de umidade em
aplicação semanal dos produtos
épocas chuvosas ou sob irrigação
indicados na Tabela 4, quando houver
exagerada. A bactéria penetra na planta
incidência da doença.
por ferimentos provocados durante a
TOMBAMENTO capina ou a desbrota e insetos. Quando
a planta murcha a doença é reconhecida
Na fase posterior a germinação, ocorre o
pelo apodrecimento da parte interna do
tombamento devido ao ataque de vários
caule, o que é facilmente notado com a
fungos de solo à região do colo da
compressão do mesmo entre os dedos.
planta. Ocorre encharcamento do tecido
Nos frutos, o patógeno penetra por
e afinamento da área atacada, seguido
ferimento aberto por insetos, destruindo
de tombamento da plântula. O melhor
totalmente o mesmo, que fica todo
controle é o preventivo. Evitar o excesso
amolecido com cheiro fétido. Plantar em
de umidade após o transplantio,
solos bem drenados, em espaçamentos
especialmente em mudas transplantadas
maiores e evitar o excesso de adubo
em raiz nua e utilizar substrato tratado na
nitrogenado e de água reduzem a
semeadura.
incidência da doença. Fazer pulverização

PINTA BACTERIANA (Pseudomonas com cobre conforme indicado na Tabela

syringae) 4, após a desbrota e destruir restos de


cultura são medidas de controle
Manchas individualizadas nas folhas com eficientes.
halo amarelo em volta da lesão. Nos
frutos aparecem pequenas manchas MURCHA BACTERIANA (Ralstonia

escuras. A doença é transmitida por solanacearum)

sementes e por respingos d´água,


O patógeno causa a murcha da planta
provenientes da irrigação por aspersão e
ainda em pé, notada principalmente
uso de mangueiras e disseminada pelo
durante o dia. O diagnostico da murcha é
vento. Há variedades resistentes. Deve
feito cortando-se uma parte do caule e
ser evitado o uso de sementes de frutos
pressionando-a dentro de um copo com
provenientes de lavouras infectadas. O
água limpa, até sair um filete de pus
controle químico é feito com aplicações
leitoso. O principal controle é o
18 O cultivo do tomate em Roraima

preventivo, evitando-se áreas infestadas variedades resistentes e a aquisição de


e utilizando-se variedades resistentes. sementes de boa procedência, além do
controle de insetos vetores.
NEMATÓIDES DAS GALHAS
(Meloidogyne spp.) PRAGAS E MÉTODOS DE CONTROLE

A formação de galhas ou tumores no Pode-se considerar praga todos os


sistema radicular do tomateiro indicam o organismos que competem com o
ataque de fitonematóides. Outros homem pelo alimento por ele produzido.
sintomas observados na planta são: Desta maneira, na agricultura, o conceito
amarelamento e queda prematura das de praga está diretamente relacionado
folhas; murcha nas horas mais quentes aos efeitos econômicos produzidos por
do dia; nanismo; paralisação do estes organismos, no caso, insetos e
crescimento e redução da produção. O ácaros. Como um único inseto ou ácaro
controle consta das seguintes não produz dano que compense a sua
recomendações: fazer o tratamento do eliminação da cultura, podemos
substrato da sementeira; eliminar restos considerar que o termo praga depende
de culturas infestados e plantas da densidade populacional do inseto que
hospedeiras; fazer rotação de cultura; acarreta estragos e afeta a produção. O
utilizar adubação orgânica e variedades controle químico é feito com aplicação
resistentes. dos produtos indicados na Tabela 4.

VIROSES (Vírus-do-vira-cabeça-do- Observações realizadas pela Embrapa


tomateiro – TSWV; vírus-do-mosaico-do- Roraima em áreas produtoras de tomate
fumo – TMV; vírus-da-batata – PVY; consideram de importância econômica as
amarelo-baixeiro e topo-amarelo); Broto seguintes pragas:
crespo; Mosaico comum.
ÁCARO DO BRONZEADO E
A transmissão de viroses se dá por ACRONECROSE
insetos vetores, como trips, pulgões e
Aculops Lycopersici (Massee, 1937)
cigarrinhas, por partes vegetais
Arachnida: Acariformes: Eriophyidae
contaminadas ou por pessoas e
instrumentos que têm contatos com a Trata-se de um ácaro alongado,
cultura. Os sintomas típicos de viroses vermiforme, medindo cerca de 0,2
são: enrolamento das folhas e hastes; milímetros de comprimento, que se
enrugamento e amarelecimento das desenvolve nas folhas e hastes do
folhas e retardamento do tomateiro e outras solanáceas cultivadas
desenvolvimento da planta. O controle e silvestres. A fêmea efetua a postura em
pode ser feito através do uso de
19 O cultivo do tomate em Roraima

locais abrigados, como na base dos As ninfas e fêmeas apresentam


pêlos das folhas ou próximo das coloração vermelha intensa e formam
nervuras. compactas colônias na página inferior
das folhas, que recobrem com grande
Esse ácaro prefere baixo nível de
quantidade de teias. Os ovos são
umidade relativa (UR) do ar e
esféricos e amarelados e postos por
temperatura elevada; condições ótimas
entre os fios desta teia (FLECHTMANN,
de desenvolvimento são 27o C e 30% de
1938).
UR do ar, quando o ciclo evolutivo se
completa em seis dias. Em situações de alta infestação, os
ácaros ocorrem em ambas as superfícies
Sua infestação causa o bronzeamento
das folhas, raspando-as e alimentando-
seguido de morte das folhas da parte
se da seiva que extravasa, causando
superior, com o posterior secamento da
lesões em forma de manchas decoradas
extremidade da planta. As plantas
que podem levar ao secamento das
infestadas também adquirem um aspecto
mesmas. A preferência deste ácaro é por
branco-acinzentado resultante de uma
folhas plenamente desenvolvidas e não
proliferação anormal de pêlos (erinose),
velhas.
principalmente nas hastes; os frutos não
se desenvolvem e ficam com a pele O controle é feito através da eliminação
áspera e em infestações altas pode da vegetação natural próxima à área de
ocorrer a morte da planta. plantio e da destruição dos restos de
culturas após a colheita. Recomenda-se
A atenção com este ácaro deve ser
o controle químico, pela pulverização
redobrada no período seco, quando
com acaricidas específicos, para a
ocorrem as maiores infestações. O
desinfecção das estacas tutoras e para
controle é feito com o uso de acaricidas
eliminar os ovos.
específicos e os melhores resultados são
obtidos em plantios estaqueados uma A fim de localizar os ataques iniciais,
vez que se atinge facilmente todas as devem ser feitas inspeções regulares
partes da planta, inclusive a pagina examinando com cuidado a face inferior
inferior das folhas (FLECHTMANN, das folhas e quando forem observadas
1938). as primeiras infestações entrar com o
controle químico, aplicando sempre na
ÁCARO VERMELHO
face inferior das folhas. A aplicação de

Tetranychus desertorum Banks, 1900 acaricidas quando as populações são

Arachnida: Acariformes: Tetranychidae elevadas tem se mostrado pouco


eficiente (FLECHTMANN, 1938).
20 O cultivo do tomate em Roraima

BROCA–GRANDE–DOS–FRUTOS químico usando os inseticidas


recomendados.
Heliotis zea (Bod., 1850)
Insecta: Lepidoptera: Noctuidae MINADOR DAS FOLHAS

As lagartas quando completamente Liriomyza spp.


desenvolvidas apresentam em média, 40 Insecta: Diptera: Agromyzidae
milímetros de comprimento, coloração do
O adulto é uma pequena mosca de cerca
corpo variando entre verde e marrom,
de dois milímetros de comprimento,
listas longitudinais escuras e manchas
coloração escura e em algumas espécies
pretas na base das cerdas. O adulto é
se observam manchas amarelas no
uma mariposa de 35 a 40 milímetros de
tórax. As larvas, de coloração amarelo-
envergadura, com a asa anterior
esverdeada, alimentam-se dos tecidos
amarelada e com uma mancha em forma
foliares, entre a epiderme superior e a
de rim escura e bem demarcada. A asa
inferior, abrindo galerias (minas)
posterior é mais clara, com uma faixa
esbranquiçadas que podem derrubar a
escura acompanhando a margem lateral
folha quando o ataque é intenso. A
e com uma mancha discóide (lúnula) no
duração do ciclo evolutivo pode variar de
centro da asa (ZUCCHI et al. 1993). O
17 a 29 dias (ovo: 2 a 4 dias; larva: 7 a
empupamento ocorre no solo, com
10 dias; pupa: 8 a 15 dias) (ZUCCHI et
profundidade variando de 3 a 20 cm, com
al. 1993).
as pupas apresentando coloração
marrom e tamanho médio de dois O controle é feito com o uso de
centímetros. O ciclo evolutivo se inseticidas específicos, sendo
completa em aproximadamente 40 dias observados bons resultados com o uso
(ovo: 3 a 5 dias; lagarta: 13 a 25 dias; do inseticida fisiológico a base de
pupa: 15 dias) e a longevidade do adulto cyromazine na dose de 15 g/100 litros de
é de cerca de 15 dias (ZUCCHi et al. água.
1993).
MOSCA BRANCA
Os danos ocorrem quando as lagartas
perfuram os frutos, alimentando-se da Bemisia argentifolii Bellows & Perring,
polpa e inviabilizando a comercialização 1994 e B. tabaci (Gennadius, 1889)
da produção. Insecta: Hemiptera: Aleyrodidae

Seu controle consiste em eliminar os O adulto possui dois pares de asas


frutos perfurados e plantas hospedeiras, membranosas brancas cobrindo quase
como a jurubeba, próximas da área do todo o corpo e mede em média 0,9 mm,
plantio ou ainda utilizar o controle a fêmea, e 0,8 mm o macho. São insetos
21 O cultivo do tomate em Roraima

sugadores de seiva e permanecem na PULGÃO


face inferior da folha onde se alimentam
Myzus persicae (Sulzer, 1776)
e colocam os ovos. As ninfas diferem
Insecta: Hemiptera: Aphididae
muito dos adultos, são translúcidas,
achatadas e finas com formato elíptico, O M. persicae é um inseto com o corpo
passam por 4 ínstares e somente no pouco esclerotinizado, ovalado ou em
quarto ínstar, próximo de se forma de pêra e coloração amarelo-
transformarem em adultos é que esverdeada, tamanho médio de 2 mm e
apresentam pigmentação amarelo- grande capacidade de reprodução. Suas
esbranquiçada (OLIVEIRA & SILVA, populações se alojam na parte inferior
1997). Aparecem em grande quantidade das folhas e nos ramos, sugando a seiva.
na época seca e sua presença é notada Ao alimentarem-se da seiva inoculam
na face abaxial das folhas e verdadeiras substâncias tóxicas, através da saliva,
nuvens desses insetos são formadas que provocam encarquilhamento das
quando as plantas hospedeiras são folhas. Os pulgões também podem ser
tocadas. vetores de doenças de vírus como topo-
amarelo e amarelo-baixeiro (ZUCCHI et
Segundo OLIVEIRA & SILVA (1997) os
al. 1993).
danos podem ser causados tanto pelos
adultos como pelas ninfas, da seguinte Além do controle químico com os
forma: ao se alimentarem da seiva do inseticidas recomendados, pode-se fazer
floema podem causar branqueamento, a cobertura do solo com casca de arroz
amarelecimento e amadurecimento ou cal ao redor das plantas,
irregular dos frutos; atuar como vetores proporcionando um efeito repelente a
de fitopatógenos, principalmente vírus; esses insetos.
secretar substância açucarada induzindo
o crescimento de fungos saprófitas TRAÇA-DO-TOMATEIRO
(fumagina) o que deprecia sobremaneira
Tuta absoluta (Meirick, 1917)
os frutos.
Insecta: Lepidoptera: Gelechiidae
Como se trata de uma praga com
O adulto é uma pequena mariposa de
milhares de espécies hospedeiras, é
aproximadamente sete mm de
aconselhável manter-se a cultura do
envergadura e asas franjadas de cor
tomateiro livre de plantas daninhas e
acinzentada, vive de 10 a 15 dias e as
usar no controle químico os inseticidas
fêmeas colocam os ovos em grupos nas
recomendados.
folhas e ramos. A lagarta quando
completamente desenvolvida tem em
22 O cultivo do tomate em Roraima

média sete mm, coloração esverdeada perdem a coloração e surgem pontos


quando se alimenta das folhas ou parda escuros nos locais das picadas. Os
quando ataca o fruto e esta fase, que ataques intensos causam inicialmente
dura aproximadamente 13 dias, é a lesões de brilho prateado e
responsável pelos maiores prejuízos. O posteriormente as folhas secam e caem.
empupamento ocorre fora da planta, a Podem ainda provocar a queda de frutos
pupa tem cor marrom e é protegida por recém-formados ou causar manchas e
um casulo de seda e detritos vegetais. cicatrizes nos frutos em
desenvolvimento. Este inseto pode ser
A pequena lagarta se alimenta de folhas,
também vetor de viroses como a “vira-
tornando transparentes as partes
cabeça-do-tomateiro”.
atacadas e também penetra nas hastes e
frutos formando minas e galerias, Evitar plantas daninhas hospedeiras,
respectivamente. Eliminar restos de cultivar em áreas infestadas e usar
cultura e frutos brocados, e pulverizar as inseticidas recomendados,
plantas à tardinha com produtos especialmente no início da infestação
recomendados controlam a infestação. tende a manter a praga sob controle.

TRIPES GRILO

Thrips tabaci (Lindemann, 1888) Gryllus assimilis (Fabricius, 1775)


Insecta: Thysanoptera: Thripidae Insecta: Orthoptera: Gryllidae

Os adultos medem cerca de 1 mm de Segundo Nakano et al. (1992), o adulto


comprimento, tem coloração que varia do tem coloração marrom, 25 mm de
amarelo-claro ao marrom, apresentam comprimento médio e as pernas
asas franjadas, ovipositor bem distinto e posteriores saltatórias. As fêmeas
vivem cerca de 20 dias. Seus ovos são colocam em média 970 ovos. Vivem em
inseridos no tecido foliar, galerias sob pedras e restos culturais,
preferencialmente os mais tenros, e cada evitando ambientes secos (Gassen,
fêmea oviposita de 20 a 100 ovos 1996).
(NAKANO et al. 1991). Após 5 dias
Segundo Gassen (1996), os grilos
nascem as formas jovens, de coloração
causam danos mais severos em plantas
amarelada e sem asas, que se alojam na
jovens, durante períodos de seca e de
bainha das folhas e passam a sugar a
temperatura elevada. Durante a noite os
seiva. Tanto os adultos como as ninfas
grilos cortam as plântulas transportando-
causam danos ao atacarem a parte
as para dentro das galerias. Populações
aérea das plantas (ramos, folhas, flores e
de um grilo/m2 podem causar danos
frutos) e como conseqüência as folhas
23 O cultivo do tomate em Roraima

consideráveis em milho. Os grilos são PAQUINHA


onívoros e podem predar outros insetos
Neocurtilla hexadactyla (Perty, 1832)
ou alimentar-se de sementes.
Insecta: Orthoptera: Gryllotalpidae
O controle de grilos em lavouras
Segundo Ferreira (1998) os adultos têm
extensivas é considerado difícil e
coloração marrom-escura e medem de
aplicações de inseticidas na parte aérea
25 a 35 mm de comprimento,
resultam em controle insatisfatório. A
apresentam asas do tipo tégmina, pernas
aplicação de inseticidas na fase inicial da
anteriores do tipo escavador e
cultura embora mate poucos grilos, tem
posteriores saltatórias. As fêmeas fazem
efeito repelente por alguns dias e permite
posturas de 20 a 60 ovos em ninhos
o crescimento das plântulas, que passam
subterrâneos. O período de incubação
a tolerar as injúrias (Gassen, 1996).
dura 14 a 21 dias, sendo a fase ninfal de
O uso de iscas envenenadas parece ser aproximadamente 250 dias. Os adultos
a melhor alternativa para o controle de vivem entre 240 e 300 dias.
grilos em áreas extensivas. Um exemplo
Gostam de solos úmidos, onde escavam
destas iscas é a mistura de farelo de trigo
galerias próximas à superfície e
(1 kg), inseticida – metomil ou triclorfon
alimentam-se de raízes. Atacam as
(100 g), melaço (100 ml) e água (500 ml).
plantas logo abaixo do solo e podem
Após formar uma massa moldável,
provocar a morte de um grande número
distribuir pequenos pedaços na margem
de plantas.
dos canteiros atacados (Nakano et al.
1992, Gassen, 1996).
24 O cultivo do tomate em Roraima

Tabela 4. Produtos indicados para o controle de pragas e doenças do tomateiro.

Pragas e doenças Produto Nome Dosagem Carência


Técnico Comercial (dias)
Ácaro do Bronzeamento Enxofre Thiovit 350 g/100 l H2O -
(Aculops lycopersici) Tetradifon Tedion 80 300 ml/100 l H2O 2
Abamectin Vertimec 18 CE 100 ml/100 l H2O 3
Dimetoato Agritoato 400 75 l/ha 14
Ácaro vermelho Abamectin Vertimec 18 CE 75 ml/100 l H2O 3
(Tetranychus desertorum) Dimetoato Dimexion 100 ml/100 l H2O 14
Agritoato 400 75 l/ha 14
Broca-grande-dos-frutos Paration metil Folidol 110 ml/100 l H2O 15
(Hellotis zea) Triclorfon Dipterex 270 ml/100 l H2O 7
Carbaryl Servin 150 g/100 l H2O 7
Mosca branca Imidacloprid Confidor 700 GRDA 100 ml/100 l H2O 7
(Bemisia argentifolii) Thiametoxan Actara 250 WG 20 g/100 l H2O 3
Pulgão Thiametoxan Actara 250 WG 15 g/100 l H2O 3
(Myzus persicae) Imidacloprid Confidor 700 GRDA 200 ml/100 l H2O 7
Ethion Ethion 150 ml/100 l H2O 7
Acetamiprid Mospilan 25 g/100 l H2O 3
Paration metil Folidol 110 ml/100 l H2O 15
Minador-das-folhas Deltametrina Decis 25 CE 40 ml/100 l H2O 3
(Liriomyza sp.) Cartap Thiobel 500 250 g/100 l H2O 14
Abamectim Vertimec 18 CE 75 ml/100 l H2O 3
Cyromazine Trigard 750 15 g/100 l H2O 4
Pinta Preta Oxicloreto Agrinose 500 g/100 l H2O 1
(Altemaria solani) de cobre Cupravit Azul BR 300 g/100 l H2O 1
Funguram 350 PM 300 g/100 l H2O 1
Iprodione Rovral 150 ml/100 l H2O 1
Clorothalonil Daconil BR 200 g/100 l H2O 7
Vanox 500 SC 400 ml/100 l H2O 7
Mancozeb Manzate 800 3,0 kg/ha 7
Talo-oco Oxicloreto de cobre Agrinose 500 g/100 l H2O 1
(Erwinia spp.) Funguram 350 PM 300 g/100 l H2O 1
Hidróxido de cobre Copridol PM 280 g/100 l H2O 1
Traça-do-tomateiro Abamectim Vertimec 18 CE 100 ml/100 l H2O 3
(Tutta absoluta) Cartap Thiobel 500 250 g/100 l H2O 14
Lambdacyalothrin Karate 50 CE 50 ml/100 l H2O 7
Tripes Imidacloprid Confidor 700 GRDA 100 ml/100 l H2O 7
(Trips tabaci)
Fonte: Melo et al. (1992); Embrapa-CNPH (1993); Gimenes-Fernandes et al. (1998)

NORMAS GERAIS SOBRE O USO DE Precauções gerais:


AGROTÓXICOS
- mantenha o produto afastado de
Equipamentos de uso pessoal a serem crianças e animais;
usados:
- mantenha o produto afastado de
– use macacão e avental de tecido não alimentos ou rações animais;
absorvente, viseira e boné ou chapéu
- não coma, beba ou fume durante o
que proteja a região da cabeça, luva
manuseio do produto;
de látex nitrílico, botas de borracha e
máscara de carvão ativado. - não utilize equipamento de aplicação
com vazamento;

25 O cultivo do tomate em Roraima

- não desentupa bicos e válvulas com a Precauções após a aplicação


boca;
- tenha a disposição água e sabão para a
- não contamine lagos, fontes, rios e lavagem as mãos;
demais coleções de água, lavando as
- mantenha o restante do produto
embalagens ou equipamentos de
adequadamente fechado e armazenado
aplicação, bem como lhes lançando seus
em local seguro;
restos.

- não reutilize embalagens vazias;


Precauções no manuseio

- tome banho, troque e lave suas roupas.


- evite contato com o nariz, olhos e boca
ou qualquer contato com a pele; DISTÚRBIOS FISIOLÓGICOS

- durante a manipulação e preparação da Os frutos do tomateiro podem apresentar


calda, use macacão e avental de tecido defeitos relacionados com distúrbios
não absorvente, viseira e boné ou fisiológicos causados por desequilíbrios
chapéu que proteja a região da cabeça, hídricos ou nutricionais, que por vezes,
luva de látex nitrílico, botas de borracha e são confundidos com doenças. A seguir
máscara de carvão ativado. são descritos os distúrbios mais comuns.

- trabalhe sempre e lugar arejado; PODRIDÃO APICAL: Também


conhecida como “fundo preto” ou
- ao abrir a embalagem evite a formação
“podridão estilar”. É caracterizada pelo
de poeira ou respingos;
aparecimento de uma lesão na
- aplique somente as doses extremidade do fruto, em forma de uma
recomendadas. mancha escura. Estes frutos tornam-se
imprestáveis para a comercialização. A
Precauções durante a aplicação
deficiência de cálcio no fruto é a causa
- não aplique o produto contra o vento; desse problema, que ocorre devido o
suprimento insuficiente de cálcio no solo
- use todos os equipamentos de proteção ou a não absorção desse elemento em
individual; quantidade e velocidade necessárias
pela planta. A falta de água ou bruscas
- não distribua o produto com as mãos
variações hídricas também contribuem
desprotegidas;
para o aparecimento de “fundo preto”. O
- se a aplicação produzir neblina use controle é feito pela calagem do solo,
proteção para a cabeça, óculos e pelo uso de variedades tolerantes, pela
máscara cobrindo nariz e boca. regularidade da irrigação e pelo equilíbrio
26 O cultivo do tomate em Roraima

na adubação química. Na fase inicial do por até 60 dias. Experimentos realizados


aparecimento dos sintomas, pode-se pela Embrapa Roraima demonstraram
fazer um controle preventivo com uma que a produtividade do tomate na região
solução de Cloreto de Cálcio (CaCI2) a pode ficar acima de 50 t/ha.
0,4%, ou seja: quatro gramas do produto
Os frutos do tomateiro devem ser
para um litro de água, pulverizada sobre
colhidos “de vez”, quando se nota uma
as plantas.
ligeira modificação na cor da
RACHADURAS: O desequilíbrio hídrico, extremidade. Em seguida são
proporcionado por irrigações irregulares classificados e embalados em caixas
ou precipitações pluviométricas fora de padrões de madeira, de modo a resistir
época, ocasiona rachaduras radiais ou ao transporte até o varejista.
concêntricas nos frutos, depreciando-os.
O tamanho da caixa de madeira, tipo k, é
O uso de variedades resistentes e o
padronizado pelo Ministério da
controle da água de irrigação são as
Agricultura e possuem as seguintes
medidas de controle mais eficientes para
medidas: 49,5 cm de comprimento, 23,0
esse problema.
cm de largura e 35,5 cm de altura,
LÓCULO ABERTO: Deformação do fruto acondicionando, em média, de 21 a 27
constituída de reentrâncias e cicatrizes, kg de frutos.
freqüentes em tomates do grupo salada.
A classificação dos frutos é essencial
O controle pode ser feito com uso de
para se garantir padrões de venda
variedades tolerantes ou com aplicação
diferenciados. A tabela abaixo apresenta
de bórax a 0,2 ou 0,3%.
as classes por tamanho do diâmetro
COLHEITA E EMBALAGEM transversal.

A partir dos 85 dias da semeadura,


começa a colheita, podendo estender-se

Tabela 5: Classificação dos frutos de tomate por tamanho do diâmetro transversal.


Classificação do fruto por grupo
Tamanho Grupo Santa Cruz Grupo Salada
Grande maior que 52 mm maior que 120 mm
Médio 47 a 52 mm 80 a 120 mm
Pequeno 40 a 47 mm -
Miúdo 33 a 40 mm 50 a 80 mm

Novas embalagens como a desenvolvida características específicas, que reduzem


pela Embrapa Hortaliças, que possui perdas e possibilitam a reutilização
dimensões menores e outras
27 O cultivo do tomate em Roraima

começam a chegar ao mercado com COEFICIENTES TÉCNICOS PARA O


grande aceitação. CULTIVO DE 1 HECTARE

Os coeficientes técnicos relacionados ao


cultivo de um hectare de tomate estão na
Tabela 6, excetuando-se as despesas de
capital.

Tabela 6: Insumos e serviços relacionados ao cultivo de 1,0 ha de tomate. Embrapa


Roraima, 2002.
Discriminação Unidade Quantidade
I – Preparo do solo
Limpeza da área H/d 15
Aração h/tr 02
Gradagem h/tr 01
Correção (calagem) h/tr 01
Sulcamento h/tr 02
Coveamento H/d 10
Adubação H/d 5
II – Insumos
Semente kg 0.3
Corretivo (calcário) kg 5.000
Adubo químico (10-26-26) kg 4.000
Uréia kg 120
FTE Br 12 kg 100
Esterco bovino t. 30
Inseticida lt/kg 15
Fungicida kg 10
Espalhante adesivo lt 2
III – Serviços
Preparo do substrato para mudas H/d 5
Plantio manual – semeadura e mudas H/d 10
Capina e amontoa H/d 20
Aplicação de fungicidas e inseticidas H/d 40
Adubação de cobertura H/d 10
Manejo de irrigação H/d 20
Desbaste e desbrota H/d 20
Tutoramento H/d 5
Colheita (apanha e embalagem) H/d 10
Fonte: diversos autores e informações pessoais
Observações: H/d = homem dia; h/tr = hora trator

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FONTES, R. R. Respostas de cultivares

Circular Exemplares desta edição podem ser Comitê de Presidente: Antônio Carlos Centeno Cordeiro
adquiridos na: Publicações Secretária-Executiva: Maria Aldete J. da Fonseca Ferreira
Técnica, 06 Embrapa Roraima Membros: Antônia Marlene Magalhães Barbosa
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1ª edição
1ª impressão (2002): 100 Editoração Eletrônica: Maria Lucilene Dantas de Matos

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