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FONTE: http://www.educabrasil.com.br/eb/exe/texto.asp?

id=475

RESENHA DO LIVRO DA ISABEL PETRAGLIA

Livro:
Edgar Morin: Ética, cultura e educação

Autor(es):
Organização de Alfredo Pena-Vega, Cleide R. S. Almeida, Izabel Petraglia

Editora:
Cortez

N° páginas:
175

Os olhares de Edgar Morin sobre o nosso tempo


Ebenezer de Menezes, da Agência EducaBrasil

Pensar globalmente é o que nos permite uma reflexão local. No entanto, uma
abordagem mais ampla, que contemple o todo, está fragmentada com a
hiperespecialização dos saberes promovido pelo ensino. Como consequência dessa
lógica educacional, compreendemos o mundo de forma isolada e parcial. Ou seja,
os problemas são resolvidos fora de seu contexto, sem um diálogo entre o local e o
global. Levando em conta essas idéias, como poderíamos reverter esse processo,
principalmente, na educação?

Uma síntese para encaminharmos uma resposta pode estar em “Notas para um
Emílio contemporâneo”, editado pela Cortez, junto com outros textos, no livro
Edgar Morin: ética, cultura e educação. Segundo três pesquisadores na Escola de
Altos Estudos em Ciências Sociais, em Paris, a publicação reúne textos inéditos de
Morin que estavam no arquivo do Centro de Estudos Transdisciplinares, Sociologia,
Antropologia e História (CETSAH).

A obra, que foi dividida em três partes (Ética e imaginário; Cultura e comunicação;
Educação e cidadania), traz 13 textos sobre vários assuntos abordados por Morin.
Ciência, democracia, imaginário e televisão são alguns temas. Na primeira parte do
livro — Ética e imaginário —, Morin fala de uma democracia cognitiva, relacionando
o conhecimento científico com a cidadania. “Relação esta que merece ser
alimentada pelos sentimentos de responsabilidade e solidariedade tão esgarçados
em nossa sociedade individualista”, salientam os organizadores num texto de
abertura, onde traçam uma pequena trajetória do pensamento moriniano.

A segunda parte do livro traz uma entrevista de novembro de 1967 sobre


questionamento “A televisão pode ser educativa?”. Morin, diz que sim: “Se
educativo não for tomado no sentido pedagógico usual, ou seja, a palavra adquiriu
um sentido tão amplo que podemos dizer que tudo passou a ser educativo, nesse
caso, a televisão também é educativa”, responde o pensador. Mais adiante, ainda
sobre a televisão e seu papel na educação, diz que “há uma passividade de fato, na
medida em que somos espectadores e que até aquilo que habitualmente não faz
parte do espetáculo (a vida política, a vida mundial, tudo o que acontece no
mundo) é transformado em espetáculo para o telespectador”. Ainda na segunda
parte do livro, Morin examina “O desafio humano da comunicação” e “A canção:
essa desconhecida”.

Na terceira e última parte do livro — Educação e cidadania —, Edgar Morin trata em


três textos questões como a hiperespecialização dos saberes, uma educação da paz
e os problemas da mundialização. Para ele, por exemplo, não podemos encerrar o
problema da paz na palavra. “Existem problemas de submissão e de liberdades tais
como, em um dado momento, a idéia de paz significa aceitar a subordinação”. Além
dessa perspectiva, Morin diz que o problema da guerra é também o problema da
relação com o outro, “o outro concebido individual e coletivamente como o
estrangeiro; ele é não somente o estrangeiro, mas o inimigo”.

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