Danilla Mendes Nunes Façanha*

Pedagoga, aluna do Mestrado em educação-PPPGEP

Orientador: Dr.josé Carlos Freire-UFT
Dr. Adriano Castorino

Ensaio acadêmico

Por uma educação possível

O sentido da Escola e das Práticas Educativas

Como pensar em uma educação possível sem pensar em humanidade? Como

relacionar dados e fatos da escola contemporânea sem estudar sobre a agenda
emergente que é saber o que é humanidade, o que é curadoria, o que é ensino eficaz
e qual é a relação entre ensino e aprendizagem? Nossa análise será em torno deste
raciocínio, onde abordaremos as diversas visões sobre conhecimento e educação de
autores cientistas, artistas, músicos e cineastas.
De início precisamos entender a proposta inicial da escola, da educação como
fora pensada e aplicada na sociedade em anos bem anteriores. O resgate desta história
remonta ao século XX, onde verifica-se padrões claros de ideais de uma escola
tradicional, profunda na arte, na literatura e na filosofia, porém é uma escola
segmentada, com características voltada aos princípios da administração Taylorista,
onde é escrito, desenhado e aplicado o ensino disciplinar, com grade curricular, com
provas e exames admissionais eliminatórios. A filósofa Viviane Mosé explica muito bem
sobre esta escola processada, como uma fábrica. Em um vídeo “ O que a escola deveria
aprender antes de ensinar”, ela traz à luz a reflexão sobre os processos escolares
impostos de ensino e avaliação de alunos, que segundo ela aprisiona e aliena os
sujeitos. A autora ainda cita o autor Rui Canário, em sua obra “A escola tem futuro?
Das promessas às incertezas”, analisa essa escola segmentada e fragmentada, sem a
visão do todo, do globo e de humanidade... Para Rui Canário, o retrato da escola hoje
se traduz no paradoxo em que a medida que a nossa sociedade cresceu em
escolarização ela se confronta com problemas sociais e ambientais, o que configura
um autêntico problema de civilização. Ou seja, o autor se aprofunda na questão e afirma
que há um desequilíbrio enorme entre o conhecimento técnico e científico e a
imaturidade social e política nas sociedades, onde se vê as expressões de tal
imaturidade quando a escola não ensina “o que é corrupção, o que é inflação ou para
que serve um deputado”, como cantou Gabriel Pensador na sua música intitulada
“Estudo errado”, ou quando cantou a banda Legião Urbana “Pra você ser cidadão
modelo, responsável, cristão convicto, burguês padrão você tem que passar no
vestibular”. Gabriel Pensador tece uma crítica na música citada sobre o processo
escolar tradicional onde o professor ensina e cobra o que ensinou em prova “...quase
tudo o que aprendi amanhã já esqueci decorei, copiei, memorizei mas não entendi...”
Nesta mesma perspectiva Pink Floyd protestou contra o sistema escolar vigente já em
sua época(1986) cantando em Another brick in the wall: “nós não precisamos de
nenhum controle de pensamento, nem de humor negro na sala de aula, professores
deixem nossas crianças em paz”.
Cabe citar Sérgio Cortella quando confronta sobre o currículo escolar “ o que
importa é saber o que importa” para o filósofo muitos outrora foram alfabetizados pelo
método de igualdade metodológica, que não valorizava toda a construção do
conhecimento e nem de longe o contexto social em que os sujeitos estavam inseridos,
não gerando assim autonomia nos sujeitos. A maior tarefa de um professor não é de
um ensinante, mas de um curador, aquele que cuida, educa, protege, que aguça o
conhecimento e não somente àquele que dispensa o conhecimento. A curadoria dá
lugar para a dúvida, para a discursão a fim de juntos construírem às certezas!
E quando paramos para refletir sobre sustentabilidade? Sobre natureza, terra,
globo, gente, apropriações, muitas vezes indevidas? Como pensar em humanidade
sem dialogar com o presente? É fato que é um reflexo da contemporaneidade essa
tendência disruptiva em tornar separado o sujeito humano da terra, da natureza, das
vivências interrelacionadas. Para Aílton Krenak “Como justificar que somos
humanidade se mais de 70% estão totalmente alienados no mínimo exercício de ser?”
Para o autor a consciência de existir deveria estar presente em um ato consciente de
coexistir na terra. Se trata de uma visão não disruptiva entre indivíduo e natureza. As
pessoas aos poucos estão perdendo a noção de pertencimento enquanto veem seus
vínculos se esvaindo diluindo-se na esfera da urbanidade. No livro ideias para adiar o
fim do mundo, o autor explora uma provocação sobre humanidade e noção planetária.
Processo que nos faz lembrar de Edgar Morin quando discorre sobre esta cosmovisão
complexa do todo onde o aquirição de saberes e a educação do futuro está atrelado ao
ato de ensinar sobre a condição humana, a identidade terrena, a ética do gênero
humano, ter ciência sobre as possibilidades de incertezas, pregar a compreensão . Toda
essa compreensão possui um nível de complexidade que se relacionam diretamente
com sustentabilidade e com preservação da humanidade.
A educação que queremos é um educação que considera os diversos saberes,
que pensa no aluno como um ser pensante e construtor de conhecimento junto com o
professor, que conecta saberes, interliga conhecimentos, que soma, agrega e que colhe
como produto uma educação possível, humana e sustentável. Essa é a proposta.

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICAS

Gabriel O pensador - estudo errado

https://www.youtube.com/watch?v=BD4MMZJWpYU
Legião Urbana – Química https://www.youtube.com/watch?v=1iR__5xSwuM
Pink Floyd – Another brik in the wall https://www.youtube.com/watch?v=YR5ApYxkU-U
O pequeno Príncipe https://www.youtube.com/watch?v=7WoO-luLshk
O sal da terra https://www.youtube.com/watch?v=QLwwfb1iKno&t=1922s
Conducta https://www.youtube.com/watch?v=iqxtA6sy5j4
O jovem Karl Marx https://www.youtube.com/watch?v=2bHVqtI16Ko
O que importa é saber o que importa https://www.youtube.com/watch?v=9CLXe6nzgq0
O que a escola deveria saber antes de ensinar
https://www.youtube.com/watch?v=EigUj_d5n80&t=81s
Krenak, Ailton. Ideias para adiar o fim do mundo. São Paulo: Companhia das Letras,
2019.
Canário, Rui. A escola tem futuro? Porto Alegre: Artmed, 2006.