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Introdução ao Ensino pela Imagem

1. Percepção Visual

Vivemos numa sociedade onde a informação e cultura têm um


tratamento predominantemente visual. A imagem tem um papel 1

preponderante, por ser um meio que favorece a aquisição de informação, a


assimilação e a retenção de conhecimentos bem como permite um melhor e
mais organizado armazenamento da informação.

Percepção visual, no sentido da psicologia e das ciências cognitivas é


uma de várias formas de percepção associadas aos sentidos. É o produto
final da visão consistindo na habilidade de detectar a luz e interpretar (ver)
as consequências do estímulo luminoso, do ponto de vista estético e lógico.

Em todo o processo da percepção visual, para além do olho e


respectivo nervo óptico, o nosso cérebro assume uma importância
essencial. É através da nossa capacidade de interpretação/organização que
o cérebro, através de um processo neuronal dá sentido, organiza e
armazena na nossa memória o que estamos a ver/compreender.

A percepção que temos do mundo é condicionada por elementos que


advêm da forma como o nosso cérebro processa a informação. O tempo
tem um papel importante, pois através da memória retemos a informação,
a estrutura tem a ver com a imposição e organização por nós estabelecida
ao observar e percepcionar os factos e a forma que é o resultado da
comparação que o nosso cérebro faz tendo em conta as diferenças de
luminosidade.

A comunicação por meio de imagens e elementos visuais relacionados


é denominada "comunicação visual". Os humanos empregam-na desde o
amanhecer dos tempos. Na realidade, ela é predadora de todas as
linguagens escritas.

Chamamos alfabetização visual à sensibilidade, à forma como as


imagens são utilizadas e manipuladas para conter mensagens precisas e
reunirem informação. Na sua forma mais básica, a alfabetização visual é a
capacidade de entender o que está a ser visto numa imagem, incluindo
certas convenções tais como perspectiva e profundidade. A níveis
superiores, no entanto, a alfabetização visual incluí o entendimento da
manipulação visual e apreciação estética dos meios visuais e de
comunicação.

As competências de percepção visual desenvolvem-se através de um


complexo acto neurobiológico seguido de um processo superior de
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organização da informação. Tudo isto está relacionado com o modo como a


nossa visão faz a captação de imagens.

Muitos filósofos, bem como muita pesquisa experimental, fizeram


tentativas de determinar o significado associado com várias imagens e
sensações ópticas. O impacto de imagens sobre o consciente e o
inconsciente é reconhecido como sendo muito grande.
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Um professor tem de aprender como usar este impacto para o melhor


efeito e melhor percepção das imagens pelos seus alunos.

A interpretação da realidade é sempre modificada por quem a cria,


pela técnica e pelo ponto de vista do observador.

Há no entanto certas características que nos permitem saber como


pensar sobre uma imagem. A primeira é o grau de iconicidade, uma
imagem é mais icónica que outra na medida em que tem mais propriedades
comuns com o esquema perceptivo do próprio objecto.

Para analisar ou ler uma imagem devemos diferenciar claramente dois


níveis fundamentais, a denotação e conotação.

O nível denotativo refere uma enumeração e descrição dos objectos


num determinado contexto e espaço.

O nível conotativo refere-se à análise das mensagens ocultas numa


imagem, e na forma como a informação aparece escondida ou reforçada. É
composta por todos os elementos observáveis: desde a mais pequena
unidade de análise, como o ponto ou a linha até aos objectos de volume
variável e materiais diferentes.

A aprendizagem é um processo mediante o qual o indivíduo adquire e


modifica as suas representações do meio, em virtude da informação
procedente da sua interacção com ele.

A base de toda a cognição acaba por ser a capacidade de desenvolver


representações dos factos externos relevantes, das relações entre eles e da
sua relação com os factos que ocorrem no organismo, pois são estas
representações que permitem que o organismo actue à luz da experiência
tornando-se fundamental que as capacidades de percepção visual dos
alunos estejam bem desenvolvidas de modo a permitirem aprendizagens
baseadas nas representações do meio e sua interacção com ele. Apesar de
alfabetizar visualmente não ser uma tarefa que se construa rapidamente,
devemos incuti-la nos nossos alunos, devemos ensiná-los a ler as imagens,
de modo a desenvolver as capacidades perceptivo-visuais mediante
actividades como a leitura analítica de imagens, tendo em vista melhorar o
desempenho dos alunos relativamente às competências perceptivas e
permitir uma melhor aprendizagem dos conteúdos inerentes às mesmas.
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A imagem quando usada convenientemente permite desenvolver


metodologias de aprendizagem activas e cooperativas, desenvolvendo-se
deste modo competências nos alunos a nível de participação na sala de aula
e a nível cognitivo, permitindo o recurso da imagem uma melhor
compreensão dos conteúdos leccionados.

2. Teorias e Modelos de Percepção

Teoria Construtivista: surge pelos cognitivistas Bruner (1957), Gregory


(1980) e Rock (1983). Esta teoria defende uma percepção que é originada
por um pensamento baseado em informações extras. Neste processo os
indivíduos criam e analisam várias hipóteses originadas por dados
sensoriais.

Piaget exclui a percepção de qualquer forma de actividade inteligente,


impondo uma separação entre a exploração perceptiva e as actividades
operatórias. Na teoria Piagetiana existem duas categorias na percepção: os
“efeitos de campo” e as actividades perceptivas propriamente ditas. Os
“efeitos de campo” são os mecanismos que derivam das “interacções
imediatas que se produzem entre os elementos percebidos
simultaneamente durante a fixação do olhar” e cujos efeitos correspondem
às chamadas ilusões óptico-geométricas (ilusões primárias). Segundo Piaget
o estudo da percepção não se deverá desligar do estudo destas formações
ou ilusões ópticas.

Teoria da Gestalt: teoria da psicologia iniciada no final do século XIX na


Áustria e Alemanha que possibilitou o estudo da percepção.

Segundo a Gestalt o cérebro é um sistema dinâmico no qual se


produz uma interacção entre os elementos, em determinado momento,
através de princípios de organização perceptual como: proximidade,
continuidade, semelhança, segregação, preenchimento, unidade,
simplicidade e figura/fundo. Sendo assim o cérebro tem princípios
operacionais próprios, com tendências auto-organizacionais dos estímulos
recebidos pelos sentidos.

Parte do princípio de que o objecto sensível não é apenas um pacote


de sensações para o ser humano, pois a percepção está além dos elementos
fornecidos pelos orgãos sensoriais. Fundamentam-se nas afirmações de
Kant de que os elementos por nós percebidos são organizados de forma a
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fazerem sentido e não apenas através de associações com o que


conhecemos anteriormente.

O filósofo norte-americano William James, foi um dos que


influenciaram esta escola, ao considerar que as pessoas não vêem os
objectos como pacotes formados por sensações, mas como uma unidade.
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Para os gestaltistas, a percepção ligar-se-ia apenas a factores de
ordem inata e a estruturação do campo perceptivo dependeria apenas de
tendências autónomas do organismo e não de factores relacionados com a
experiência.

A escola da Gestalt contesta a explicação das percepções como sendo


um conjunto de sensações elementares, e defendem que o todo é diferente
da soma das partes.

Teoria Ecológica: Ao contrário das teorias apresentadas, as teorias


ecológicas, pressupõem uma percepção directa. Isto é, a informação
necessária para percepcionar determinado objecto está no estímulo, não
sendo preciso aplicar qualquer tipo de pensamento superior. A sua
designação surge pela preocupação que existe em que o experimento não
ocorra em laboratórios mas sim em ambientes do mundo real.

SabinaValente, nº44608

Pós-Graduação Tic
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3. Bibliografia:

http://pt.wikipedia.org/wiki/Gestalt
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http://www.profala.com/artpsico85.htm

http://www.atelierdaimagem.org/atelierdaimagem/modulos/2/conceito.php
http://www.citi.pt/estudos_multi/pedro_duarte/04.html

http://www.univ-ab.pt/~bidarra/hyperscapes/video-grafias-195.htm

http://ricardomonteiro.com.sapo.pt/ficheiros/tecnologia/percepcao_visual.p
df

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