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salvadora. Prefiro propor a vocs uma paisagem paralela, aquele em que vivi
antes de chegar minha perspectiva atual. Nos antigos pases comunistas,
frequentemente vivamos de solues paralelas: uma cultura paralela oficial,
um conjunto de normas subterrneas paralelas, uma economia paralela. Tendo
esta experincia em mente, eu agora penso na possibilidade de uma
diplomacia paralela. No temos de invent-la. Ela existe. Estive nela em 1992
no Wissenschaftskolleg em Berlin, e mais tarde em alguns institutos de estudos
avanados, em Wassenaar, em Budapeste ou em Viena. Tentei formar um
instituto assim em Bucareste e aprecio imaginar que fui bem sucedido. Nestes
institutos, que no adotam "documentos finais", que no criam comisses de
controle ou foras de interveno, que no criam nem desfazem fronteiras no
mundo, uma elite relaxada, mas responsvel, racional, sem qualquer abuso
sistemtico ou ideologia formalizada, trava um intenso dilogo a respeito do
mundo e dos destinos do homem. Vindos de todos os lugares e de todas as
reas, os membros destes institutos possuem, alm das capacidades de seu
esprito e de sua especializao, duas virtudes que esto em falta entre os
diplomatas: eles tm liberdade interior e tempo. Quando se encontram, um
verdadeiro encontro acontece; quando falam uns com os outros, realmente se
comunicam; quando brigam, nenhuma embaixada fecha. Nestes institutos, o
debate ainda uma instituio eficiente, e a pesquisa coloquial, corajosa, e
orientada no para conjunturas, mas para fundamentos. Eles tm o estilo de
uma diplomacia de boa qualidade, sem os seus servilismos. Jean-Paul Sartre
disse uma vez que uma boa revista se faz danando. Eu diria que o que eu vivi
no Wissenschaftskolleg zu Berlin era a euforia sbria da dana. A diplomacia
pode tomar esta euforia sbria como um modelo. E a integrao europia e
planetria poder se tornar uma boa oportunidade para que o mundo
reaprenda a danar.
10/8