Você está na página 1de 16

101

Revista Magistro - ISSN: 2178-7956 www.unigranrio.br

O pensamento de Nina Rodrigues sobre a relação entre as raças humanas e a


responsabilidade penal no século XIX.

Renato da Silva - UNIGRANRIO

Resumo: O objetivo desse estudo é analisar algumas das ideias do pensamento do


médico legista maranhense Raimundo Nina Rodrigues sobre o direito penal e sua
relação com as raças humanas. Nina Rodrigues como um cientista do seu tempo estava
em sintonia com as principais teorias estrangeiras, mas interpretá-las somente não
bastava. Neste sentido, Nina Rodrigues utiliza-se de um conjunto de conhecimento para
analisar, interpretar e adaptar as teorias de Lombroso, Ferri e Garófolos e Lacassagne os
principais nomes da época na área da antropologia criminal.

Palavras chaves: Nina Rodrigues; Medicina Legal; Antropologia Criminal

Abstract : The aim of this study is to analyze some of the ideas of thought coroner
maranhense Raimundo Nina Rodrigues on criminal law and its relation to the human
races. Nina Rodrigues as a scientist of his time was in line with the main foreign
theories, but interpret them just was not enough. In this sense, Nina Rodrigues uses a set
of knowledge to analyze, interpret and adapt the theories of Lombroso and Ferri
Garófolos Lacassagne and the top names of the era in the field of criminal
anthropology.

Keywords: Nina Rodrigues; Forensic Medicine; Criminal Anthropology

Introdução

Adaptar o saber externo as nossas realidades, era para Nina Rodrigues antes de
tudo, discutir as raças que compõe povo brasileiro e, suas implicações no
desenvolvimento da nação. A ferramenta base dessa analise é o primeiro livro de Nina
Rodrigues As Raças Humanas e a Responsabilidade Penal no Brasil de 1894, contudo a
interpretação deste trabalho permite ampliar a discussão tanto num tempo anterior a
Nina Rodrigues como posterior. Os conhecimentos que influenciaram este cientista e,

Vol. 8 Num.2 2013


102
Revista Magistro - ISSN: 2178-7956 www.unigranrio.br

também a influencia que ele exerceu num grupo de médicos legistas nas primeiras
décadas do século XX.

Em 1890 foi estabelecido o segundo Código Penal do Brasil, e o primeiro do


período republicano. Este período evidenciou-se também por inúmeros debates sobre a
eficiência das leis previstas no código. Para muitos juristas e médicos o Código Penal
de 1890 já nasceu defasado. Os principais temas que comprometiam o código estavam
relacionados às questões morais. A preocupação com “decadência moral” da sociedade
teria seus agentes responsáveis. Negros, mulheres, crianças, trabalhadores pobres eram
os alvos de artigos dos cientistas e políticos.

No cenário cientifico brasileiro, o debate sobre as pesquisas e as experiências


práticas como requisito para obtenção do conhecimento, aconteceu principalmente no
campo da medicina. O momento era também de disputa entre as disciplinas médicas e
as correntes do direito. Uma disputa não somente pela afirmação de um conhecimento
sobre o outro, mas um confronto pela tutela social. Apoiando-se numa dupla dualidade:
prática x teoria/especialidade x generalização, a medicina se legitima, configurando o
inicio que no século XX se efetivara: sua institucionalização.

Segundo Marcos C. Maio (1995), As Raças Humanas e a Responsabilidade


Penal no Brasil representou a conversão definitiva de Nina Rodrigues à medicina legal,
através do tema central raça e nação. Nina Rodrigues iniciou o projeto de especialização
e profissionalização da medicina legal utilizando algumas estratégias. O surgimento da
medicina legal como uma especialidade não encontrou no direito seu maior adversário,
a disputa por um espaço autônomo de atuação encontrou mais resistência no campo da
clínica médica. A publicação da Revista Médico Legal um ano após o primeiro livro de
Nina Rodrigues sinalizava a continuidade dos temas que deveriam orientar este “novo”
momento da prática médico legal. Isto é, a relação entre criminalidade e raça seria eixo
principal do aperfeiçoamento técnico da medicina legal. Estudos frenológicos
(STEPAN, 1982) era anterior a Nina Rodrigues, mas sua “tropicalização” deve-se a este
médico. Antes do nome de Nina Rodrigues estivesse vinculado à medicina legal, ele fez
parte de uma tradição médica baiana relacionada a clinica médica; a Escola Tropicalista
Baiana (PEARD, 1990).

Vol. 8 Num.2 2013


103
Revista Magistro - ISSN: 2178-7956 www.unigranrio.br

Analisando as Raças Humanas e a Responsabilidade Penal no Brasil

Entre 1895 e 1897 foi publicado na Bahia um periódico de Medicina Legal que
tinha como objetivo discutir a prática médico-legal e sua posição política e social. O
médico de maior prestígio em medicina legal era o maranhense Raimundo Nina
Rodrigues, que se tornou o principal responsável pelas pesquisas e teses em torno da
degeneração biológica da raça e decadência moral no Brasil. Segundo Corrêa (1998),
Nina Rodrigues acreditava que os problemas sociais e a dificuldade da formação
nacional estavam ligados a uma parcela da população que sofria de uma “patologia”
hereditária: a raça negra e mestiça. A “Revista Medico Legal” – RML foi publicada
trimestralmente entre 1895/96/97. Seu conteúdo contava com artigos, resultados de
pesquisas, análise de obras científicas e perspectivas dos mais influentes e respeitados
membros da Sociedade de Medicina Legal da Bahia, entre eles Alfredo Brito, Juliano
Moreira, Pacheco Mendes. Nina Rodrigues era presidente da sociedade e editor chefe da
revista, um especialista da época em craniologia e criminologia.
O periódico não estava diretamente associado ao Estado. Esse período
correspondeu ao primeiro momento de legitimação da prática médica legal. Um esforço
de um grupo de médicos no reconhecimento dessa especialidade médica que passava
cada vez mais da teoria para prática. Neste sentido, a revista serviu como um
instrumento de divulgação das práticas e também dos assuntos que seria de competência
da medicina legal.

A revista divulgava as pesquisas da Sociedade Medicina Legal da Bahia e


apresentava as seguintes seções: Lesões Pessoais que discutia os códigos penais
brasileiro de 1830 e 1890; Segredo Médico que se interessava pela ética profissional do
médico; Trabalhos da Sociedade de Medicina Legal da Bahia e Bibliografia onde eram
publicados os artigos sobre as pesquisas referentes à prática médico-legal e resenhas
bibliográficas dos livros de Medicina Legal publicados no Brasil e no exterior;
Estatísticas do Serviço Médico Legal da Polícia que representava um extenso e
detalhado quadro de classificação de exames e crimes; Noticiários sobre seminários e
congressos de Medicina Legal no Brasil e no exterior; Medicina Legal no Brasil; essa

Vol. 8 Num.2 2013


104
Revista Magistro - ISSN: 2178-7956 www.unigranrio.br

seção fazia um balanço geral da situação da nova fase da especialização médica


apontando os principais problemas como também confeccionando propostas que
visavam à institucionalização da “nova ciência”.

A questão racial e a construção da nação estavam tão relacionadas neste


contexto, de forma que serviram de fundamento para alguns políticos, médicos e juristas
na elaboração de teorias racistas paralelo a projetos nacionais. A intenção de se
construir uma nação civilizada nos moldes dos países europeus mobilizava um
contingente de cientistas, que viam nas suas experiências o caminho a civilização.
As raças “inferiores” como negros e mestiços eram os principais alvos da
medicina cientifica, acreditando que esses grupos raciais constituíam a patologia da
nação. É neste cenário de transição política e social, com a abolição da escravidão e o
movimento republicano, que a medicina legal alcançou não a consolidação da profissão,
mas sim, uma posição de destaque no debate político em torno da construção da nação.
A conjuntura histórica do final do século XIX foi marcada por grandes esforços
individuais e de grupos, foi marcada também por contradições políticas e cientificas, é
neste contexto que Raimundo Nina Rodrigues constrói sua carreira, apoiando-se num
pensamento poligenista e relativista (MAIO, 1995).

Os debates de Nina Rodrigues com seus interlocutores como Tobias Barreto e


Silvio Romero serão apenas analisados pelo ponto de vista das As Raças Humanas..., é
neste trabalho que a discussão terá seu fórum privilegiado. Nina Rodrigues realizou um
estudo das raças humanas em geral e, em particular as raças que formam o povo
brasileiro, utilizando-se de diversos conhecimentos tais como: do campo da medicina e
do direito, da psicologia, da história, da sociologia, da antropologia, da geografia, da
etnografia, da biologia entre outros. O objetivo deste estudo de Nina Rodrigues era
analisar as transformações que as “condições da raça imprimem à responsabilidade
penal”.

O capitulo I, A criminalidade e a imputabilidade à luz da evolução social e


mental, Nina Rodrigues critica a concepção de igualdade de todos os povos baseado
numa mesma natureza. O autor defende uma evolução mental diferente entre as raças, e
por consequência grau de desenvolvimento distinto entre a cultura dos povos. Nina

Vol. 8 Num.2 2013


105
Revista Magistro - ISSN: 2178-7956 www.unigranrio.br

Rodrigues examina as causas que influenciariam na imputabilidade dos povos. Sua


primeira crítica tem como alvo à concepção monogenista dos povos, onde todas as raças
teriam uma mesma origem só variando o nível de cultura. Segundo Nina Rodrigues,
essa desigualdade dos povos pode ser compreendida por um processo serial lento, da
adaptação e da hereditariedade das raças de origens não comum.

Não só, portanto, a evolução mental pressupõe nas diversas fases do


desenvolvimento de uma raça, uma capacidade cultural muito diferente,
embora de perfectibilidade crescente, mas ainda afirma a
impossibilidade de suprimir a intervenção do tempo nas suas adaptações
e a impossibilidade, portanto, de impor-se, de momento, a um povo,
uma civilização incompatível com o grau de seu desenvolvimento
intelectual. (RODRIGUES, 1957, p. 29)

A segunda causa influenciadora da imputabilidade dos povos deve-se ao fato que


o direito clássico apoia-se em conceitos universais de bem e do mal, do justo e do
injusto, do direito e do dever, que para Nina Rodrigues era falho na medida em que não
considerava o grau evolutivo de cada povo. Nesta critica de Nina Rodrigues, destaque
para análise histórica da concepção de crime. Ou seja, cada povo teria concepções
diferentes do que seria uma transgressão. Essas diferenças no reconhecimento de um
crime dependeriam do grau evolutivo de uma raça. O que para uma raça “superior”
corresponderia a um crime, para uma raça “inferior” era permitido e às vezes até
louvado.

Para Nina Rodrigues pensar conceitos de bem, mal e principalmente justiça


como conceitos inatos ao homem é um grande equívoco. A compreensão que Rodrigues
tem desses conceitos, de certa forma era inovadora para época. Uma análise histórica
social, realizada mais profundamente em 1939 por Norbert Elias em seu Processo
Civilizador.

Segundo Rodrigues, o processo evolutivo de um povo era medido pelo grau de


homogeneidade alcançado pela sua sociedade. Este fator seria o elemento social de
identidade de um povo que garantiria o reconhecimento de todos das ações permitidas e
das proibidas. O desenvolvimento de conceitos de imputabilidade e responsabilidade
penal estaria condicionado por esse desenvolvimento homogêneo alçando pelos povos.

Vol. 8 Num.2 2013


106
Revista Magistro - ISSN: 2178-7956 www.unigranrio.br

O que Elias (1995), tanto destacou em seu trabalho e denominou de interdependência


social. Isto é, a relação e a condição de existência entre indivíduo e a sociedade.

Rodrigues conclui esse capítulo e parte do seu argumento, estabelecendo uma


relação direta e proporcional entre a evolução racial de um determinado povo e sua
própria criminalidade. As diferenças raciais e suas evoluções distintas corresponderiam
às diferenças de compreensão do conceito de crime. Raças diferentes devido ao grau
distinto de evolução têm crimes diferentes, não cabendo um conceito universal de
justiça. O livre-arbítrio estaria também comprometido por esta interpretação, por que a
vontade humana não existia totalmente, o que prevalecia era o processo evolutivo dos
povos.

O capitulo II, O livre arbítrio relativo nos criminalistas brasileiros, o médico


maranhense estabelece um diálogo com um conhecido jurista brasileiro Tobias Barreto.
O autor apresenta as principais ideais deste jurista, apontando as falhas da lei baseada
no livre arbítrio como critério para responsabilidade penal. Segundo Rodrigues, a
vontade individual que fornecem a homem a sensação de liberdade é uma ilusão. As
ações humanas seriam comandadas por necessidades naturais.

O médico legista analisa a legislação penal brasileira, tanto no código da


República, como no antigo código do Império, que tem no “pressuposto espiritualista do
livre arbítrio com critério fundamental da responsabilidade penal”. Nina Rodrigues
reconhece nesta doutrina clássica do direito, uma grande contradição que o jurista
brasileiro Tobias Barreto não conseguiu escapar. Segundo Nina Rodrigues, Tobias
Barreto adotou no seu trabalho Menores e Loucos, as doutrinas conciliatórias do
determinismo com livre arbítrio consagrada na legislação penal alemã. Apesar de
reconhecer o esforço de Tobias Barreto “evolucionista, monista e revolucionário”, no
aperfeiçoamento do ensino do direito no Brasil, Nina Rodrigues o critica por não
perceber a consequência lógica e natural da teoria evolucionista aplicada ao direito, a
constituição de uma nova doutrina elaborada por Ferri e Garofalo : a escola criminalista
positivista.

No pensamento de Barreto, o grande perigo da condenação do livre arbítrio seria


imputabilidade geral. Na visão de Rodrigues, o jurista cai numa “formal contradição”

Vol. 8 Num.2 2013


107
Revista Magistro - ISSN: 2178-7956 www.unigranrio.br

quando advoga contra aqueles que identificam o crime com a loucura e, defende um
livre arbítrio relativo. Tobias Barreto tenta conciliar certo determinismo com livre
arbítrio que seria para Nina Rodrigues impossível. O argumento central do jurista contra
os deterministas seria que, mesmo que as ações humanas fossem motivadas por
fenômenos naturais, a vontade individual prevaleceria.

O autor de As Raças Humanas..., defende origens distintas para as raças,


processo evolutivo gradual, e um elo natural entre os seres vivos animais. Poderíamos
nos precipitar denominando de natureza ou essência humana o que Nina Rodrigues
defende, mas a saída para o médico sem mencionar a palavra instinto, e dotar todos os
animais de uma característica comum: o “instinto de sobrevivência”.

Na refutação de uma vontade individual ou liberdade de ação do homem, o


médico legista constrói sua critica utilizando-se de um conjunto de conhecimento do
estudo psicológico do homem às funções biológicas do corpo humano. Atos
involuntários x ações planejadas, motivações individuais fora do controle racional do
ser humano. Para Rodrigues, quando a ausência aparente, de resistências naturais às
vontades individuais predominam, podem representar um sentimento de liberdade.
Sentimento de liberdade este falso. Qualquer ação do homem seria na verdade uma
conformidade com sua natureza humana.

Raimundo Nina Rodrigues na sua analise, utiliza a teoria da seleção natural dos
povos contra a vontade livre do individuo. A seleção natural não é algo planejado ou
controlado pela vontade do homem. Para Rodrigues não existe liberdade nesta seleção,
ela não segue um percurso reto, e adaptação dos seres humanos podem às vezes exigir
uma “regressão morfológica”. A partir de uma reunião de conhecimentos históricos,
biológicos e psicológicos, o médico maranhense vai desmontando a teoria do jurista que
defende o livro arbítrio relativo. Nina Rodrigues conclui seu argumento:

De nada valeu, entretanto, o sacrifício da contradição do eminente


jurista. Livro arbítrio absoluto, ou relativo, é claro que a doutrina
criminal que sobre ele fizer repousar a responsabilidade, há de conduzir
fatalmente à impunidade. (...) a doutrina do livro arbítrio relativo nos
leva exatamente a essa perigosa impunidade geral, a que procurava
fugir a Tobias Barreto. E era contra esta conseqüência que eu queria e
tinha o dever de prevenir-vos. (RODRIGUES, 1957, p. 67).

Vol. 8 Num.2 2013


108
Revista Magistro - ISSN: 2178-7956 www.unigranrio.br

No capítulo III, As raças humanas nos códigos penais brasileiros, Nina


Rodrigues critica a igualdade das raças no código penal. Com o senso quase comum da
época, da existência de raças superiores e raças inferiores, uma lei universal a todas as
raças seria no mínimo para autor uma grande contradição cientifica. Neste sentido, o
médico legista demonstra todo seu conhecimento relativo às teorias estrangeiras e, acusa
os representantes da jurisprudência de não compartilhar do mesmo conhecimento.

A teoria da recapitulação que trata do estudo sobre os estágios de crescimento do


ser humano. (...) correspondem sequencialmente as diferentes formas adultas de seus
antepassados; em resumo: cada indivíduo escala sua própria árvore da vida (Gould,
1991, p.11). Rodrigues conhece bem está teoria e, a coloca em pratica no nosso meio
fazendo as adaptações necessárias. A teoria da recapitulação foi utilizada pelos
cientistas do século XIX, para ampliar as diferenças e reforçar as desigualdades de raça,
gênero e classe. Negros, mulheres, e classes populares estariam num estágio primitivo
de desenvolvimento humano. Na teoria da recapitulação todos os chamados grupos
inferiores – raça, sexo e classe seriam comparados às crianças brancas do sexo
masculino. A luz da teoria da recapitulação o autor aponta o erro do judiciário:

Desconhecendo a grande lei biológica que considera a evolução


ontogênica simples recapitulação abreviada da evolução filogênica, o
legislador brasileiro cercou a infância do individuo das garantias da
impunidade por imaturidade mental, criando a seu beneficio as regalias
da raça, considerando iguais perante o código os descendentes do
europeu civilizado, os filhos das tribos selvagens da América do Sul,
bom como os membros das hordas africanas, sujeitos à escravidão.
(Rodrigues, 1957, p. 71).

Dessa forma Rodrigues constrói seu argumento e o reforça através do


pensamento de Ferri que debate os casos que podem atenuar a pena e, levanta novas
questões. Para Ferri se a menoridade, deficiências físicas, loucura, embriaguez, sono
influi na responsabilidade penal, porque não considerar também o grau de instrução do
acusado, o meio que ele habita, a profissão, o estado civil, as condições econômicas, o
temperamento nervoso ou sanguíneo. A raça seria para Nina Rodrigues, a questão que
mais poderia influenciar na responsabilidade penal.

Vol. 8 Num.2 2013


109
Revista Magistro - ISSN: 2178-7956 www.unigranrio.br

A verdadeira ação criminosa só poderia ser cometida por alguém que tem
consciência de si mesmo, consciência de seu mundo, e a consciência desenvolvida do
dever. Uma raça inferior dificilmente alcança esse estágio. A concepção de direito
relativo, e transformado ao longo da evolução da sociedade, enfatiza que nem todas as
raças acompanham esse desenvolvimento. Assim, a defesa por uma lei igual e aplicável
a todos seria imensa contradição.

Lombroso foi outro cientista da época trabalhado por Nina Rodrigues, que
reconhecia no médico italiano inovações no campo da antropologia criminal. Rodrigues
tentou adaptar essas inovações a realidade do país. Para Lombroso, o delito para os
selvagens seriam a regra geral. Este delito seria os atos reconhecidos como tal pelos
povos cultos. Essa noção histórica do crime ou do delito era sempre bem clara na teoria
de Rodrigues às vezes oculta nos seus “mestres”. Para Lombroso o crime era visto um
fenômeno natural (Gould, 1991). O caráter da hereditariedade do crime era
compartilhada pelo médico legista, porém outros fatores combinados como meio, raça e
clima poderiam resultar num estudo mais completo.

Com efeito, as condições existenciais de cada sociedade, das quais se


origina e procede todo o direito, não são em última análise senão o
resultado da sua capacidade mental, - efeito e causa ao mesmo tempo da
evolução social -; de sorte que é sempre na psicologia das raças
humanas existentes no Brasil que havemos de procurar a capacidade
delas para exercício das regras de direito, que as regem. (Rodrigues,
1957, p. 82).

No capítulo IV, O Brasil antropológico e étnico, o diálogo de Nina Rodrigues


será com advogado Silvio Romero. Concordando em alguns pontos em relação à raça
do povo brasileiro com o autor da Historia da Literatura, o médico enfatiza a
necessidade de considerar os elementos antropológicos que compõe o quadro racial no
Brasil. Nina Rodrigues diferente de Silvio Romero não acreditava no branqueamento da
população brasileira, nem no predomínio de uma raça pura no nosso território.

Neste sentido, Rodrigues dedica-se a estudar a composição racial do povo


brasileiro. Além das três chamadas raças puras: branca, negra e indígena, autor se
preocupa preferencialmente pelo mestiço. O mestiço que seria o representante mais fiel
do povo brasileiro. O estudo classifica as raças em relação à ocupação do território

Vol. 8 Num.2 2013


110
Revista Magistro - ISSN: 2178-7956 www.unigranrio.br

brasileiro. Determinadas regiões predominariam um tipo especifico de mestiço. A raça


pura, tanto negro, branco ou índio seria a minoria no Brasil. Deste fator, Nina Rodrigues
conclui diferentemente de Silvo Romero, que o branqueamento da população brasileira
era impossível.

Não acredito na unidade ou quase unidade étnica, presente ou futura, da


população brasileira, admitida pelo Dr. Silvio Romero. Não acredito na
futura extensão do mestiço luso-africano a todo o território do país:
considero pouco provável que a raça branca consiga fazer predominar o
seu tipo, em toda a população brasileira. (idem, p. 90)

No capítulo V, A população brasileira no ponto de vista da psicologia criminal


– índios e negros, o autor defende penas legais diferenciadas para negros e índios
devido ao “estágio atrasado” do desenvolvimento mental dessas raças. Após
descriminar os elementos antropológicos distintos da população brasileira, o autor
levanta uma série de questões sobre a responsabilidade penal relacionado aos índios e
negros.

Rodrigues novamente critica os legisladores brasileiros, pelos seus


desconhecimentos biológicos e sociológicos, que os levariam a elaborarem leis
defasadas e deficientes, em relação à realidade brasileira. Leis carregadas de
religiosidades, apoiadas numa concepção de igualdade e liberdade representada nos
dogmas da igreja. Estas ilusórias concepções de igualdade e de liberdade seria
comprometidas quando se exigisse a mesma responsabilidade para brancos, negros e
índios. Nina Rodrigues não se iludia com os postulados do direito clássico, sabia que
politicamente e socialmente essas raças não gozavam dos mesmos direitos. Podemos
identificar nesta argumentação mais uma singularidade do seu pensamento. O autor não
se colocava contra as desigualdades sociais, o que tem de novo nos seus postulados é o
arsenal cientifico que utiliza para desacreditar os “absurdos das leis” que não
acompanha os avanços da ciência. Neste contexto, Nina Rodrigues se colocava como
um homem da ciência de seu tempo, e muitas vezes avançavam nos temas debatidos por
outros pensadores tanto nacionais como estrangeiros.

Tanto o negro como o índio, mesmo incorporado à sociedade civilizada, não


possuem o mesmo status social, essa desigualdade explicada pela ciência, praticada na
rotina social era incompatível com leis demagogas. Segundo Nina Rodrigues, a ciência

Vol. 8 Num.2 2013


111
Revista Magistro - ISSN: 2178-7956 www.unigranrio.br

deveria corrigir esses enganos do direito, para que a sociedade possa viver em
harmonia. O médico legista reconhece que cada raça tem sua própria evolução, e alguns
estágios diferentes de desenvolvimento. Estágios que não podem ser iguais para as raças
devido às origens diferenciadas dos povos. Para autor, o negro e o índio, mesmo
convivendo com o branco em sociedade nunca alcançariam o grau de evolução da raça
branca. O índio brasileiro se extinguiu mais que se civilizou, seria exemplo mais
concreto para Nina Rodrigues desta teoria. A inferioridade da raça negra e indígena
frente à raça branca era quase um “consenso cientifico” da época. Nina Rodrigues
debate com Silvo Romero e outros pensadores que compartilham desta ideia básica de
diferença racial.

Para Nina Rodrigues, o esforço em adaptar raças inferiores às regras de


civilidade das raças superiores podem criar grupos deslocados tanto suas origens raciais,
como excluídos das sociedades civilizados. A categoria de anormal seria utilizada com
mais frequência nestes grupos sem identidade racial. A conclusão que leva Nina
Rodrigues a pedir que negros e índios tenha sua responsabilidade penal atenuada.

No capítulo VI A população brasileira no ponto de vista da psicologia criminal


– os mestiços Nina Rodrigues divide os mestiços em três grupos distintos. Mestiços
superiores que deveriam ser julgados e considerados responsáveis; os mestiços
degenerados onde deveriam ser considerados na maioria dos casos irresponsáveis;
mestiços comuns seriam em todos os casos de responsabilidade atenuada.

O grupo que desperta maior interesse de Rodrigues é o mestiço. O maior


representante étnico da população brasileira é aquele que causa maior preocupação.
Como poderia medir de quando de civilidade o mestiço poderia carregar das raças
superiores? O autor diferente de outros pensadores da época não acreditava numa
melhora racial através da mestiçagem, pelo contrario via a degradação na mistura das
raças. Se para Nina Rodrigues as leis não davam conta das diferenças raciais
relacionadas aos negros e aos índios, o mestiço representa uma questão mais complexa
ainda. Nina Rodrigues reforça seu argumento contra qualquer projeto de branqueamento
da população brasileira através da mestiçagem.

Vol. 8 Num.2 2013


112
Revista Magistro - ISSN: 2178-7956 www.unigranrio.br

No estudo de Nina Rodrigues e também outros pensadores brasileiros da época,


podemos encontrar a palavra raça associada à civilização, no caso brasileiro a relação
entre raça e nação é crucial na compreensão do processo de formação nacional. A
palavra povo no livro de Nina Rodrigues parece ser muitas vezes utilizada para
representar uma determinada raça. O próprio conceito de raça tem seus sentidos
construídos historicamente. (Todorov, 1993). Determinadas épocas parece informar
concepções diferentes do que seria raça. O século XIX representa talvez o período
histórico que esse conceito mais sofre mutabilidade. Numa época de classificação o
sentido de raça foi superdimensionado representando novas identidades. (Banton,
1977).

(...) Não é mais, portanto, a raça que faz a história, mas a história que
faz a raça (ou espírito da nação); e modificando as instituições ou as
formas de vida social, pode-se transformar a raça: tais ações “são para
as nações o que a educação, a profissão, a condição, a vivência são para
indivíduos”.(...) (Todorov, 1993, p. 168).

À medida que se acumulavam os dados sobre a diversidade das formas humanas, os


autores tendiam cada vez mais, a referir várias espécies de tipos, e na verdade a
elaboração de tipologias de várias espécies tornou-se a característica do academismo do
século XIX. A concepção dos tipos raciais é mais central para o debate sobre a raça que
a tentativa de classificar as pessoas de diversas regiões. Contrasta brutamente com
aparelho conceptual que Darwin elaborou e permanece o centro de uma ideologia
política de determinismo racial agora desacreditada, retendo ainda, ao que parece,
algum significado político para o resto do século XIX. (Banton, 1977, p. 40).

Neste contexto, que Nina Rodrigues debate com os legisladores sobre a


importância da raça para funcionamento das leis. Leis diferenciadas para raças
diferentes, Nina Rodrigues reconhece a dificuldade de tal projeto. A proposta de Nina
Rodrigues diante da adversidade da jurisprudência, é que conhecendo a composição das
raças do povo brasileiro, e constatando as diferenças entre elas já apontadas pela
ciência, que seja considerada a responsabilidade penal condicionada pelas raças. Para
Nina Rodrigues, seria importante confeccionar uma classificação mais rígida das raças
que compõe o território brasileiro. Novamente, Nina reitera o valor de um estudo da
composição racial, que aplique os conhecimentos da biologia, da psicologia, da
sociologia, da historia, da geografia.

Vol. 8 Num.2 2013


113
Revista Magistro - ISSN: 2178-7956 www.unigranrio.br

No capítulo VII, A defesa social no Brasil, o autor defende um código penal


diferenciado por fatores raciais, climatológicos, faixa etária, culturais, em fim um
código penal que respeitasse a distribuição racial do território brasileiro. Nina Rodrigues
defendia que tanto o território nacional como legislatura penal deveria ser divididos por
regiões respeitando o critério racial. A divisão da magistratura civil da magistratura
penal era também defendido por Nina Rodrigues.

Pela acentuada diferença da sua climatologia, pela conformação e


aspecto físico do país, pela diversidade étnica da sua população, já tão
pronunciada e que ameaça mais acentuar-se ainda, o Brasil deve ser
dividido, para os efeitos da legislação penal, pelo menos nas suas quatro
grandes divisões regionais, que, como demonstrei no capítulo quarto,
são tão natural e profundamente distintas. (Rodrigues, p. 167).

Outra questão destacada por Nina Rodrigues é a relação da faixa etária e a


responsabilidade penal condicionado pela raça. Isto é, o desenvolvimento de uma
criança negra seria diferente de uma criança branca. A raça negra apesar de ser
considerada uma raça inferior teria um desenvolvimento mais rápido que a raça branca,
contudo este amadurecimento levariam a estagnação prematura do desenvolvimento
racional. Enquanto o homem branco continuaria a se desenvolver até uma idade tardia,
o homem negro jovem já teria alcançado sua limitação. O determinismo racial apoiado
no argumento da recapitulação associado ao fator climático seria mais uma das teorias
do século XIX, para explicar a diferença do desenvolvimento da Europa do Norte, da
Europa do Sul. Climas quentes aceleraria o desenvolvimento precoce dos povos. Nas
primeiras décadas do século XX, surgiria outra teoria em substituição a recapitulação,
conhecida como neotenia (retenção da juventude). Os grupos superiores seriam aqueles
que na fase adulta conservassem maiores características infantis, e os grupos inferiores
chegariam a fase adulta sem conservar os traços juvenis, iniciando um processo de
degeneração apresentando características simiescas. O negro seria mais uma vez
enquadrado com ser inferior pelo seu processo de desenvolvimento rápido e limitado.
Gould (1991) aponta dois erros primários nesta teoria. O primeiro seria a
desconsideração de alguns traços físicos que classificava naquele período a raça com
superiora: o nariz helênico e a barba, traços que distanciava os adultos das crianças. O
segundo aceitando a teoria da neotenia, a raça oriental (amarela) seria visivelmente a
mais neotênica de todos, portanto a raça seria superior as outras.

Vol. 8 Num.2 2013


114
Revista Magistro - ISSN: 2178-7956 www.unigranrio.br

Nina Rodrigues compartilhava de grande parte dessas ideias, principalmente no


que diz respeito à recapitulação associada a fatores climáticos. Em relação à
responsabilidade penal dos menores, Nina é enfático e defende a diminuição da idade
por causa das nossas características raciais. Isto é, do ponto de vista da recapitulação
aplicado a nossa população, na sua maioria de mestiços, as crianças mestiças e negras
teriam um desenvolvimento mais acelerado devido composição racial inferior. Nina
Rodrigues compara nossa legislação com outros países europeus que consideravam a
responsabilidade penal a partir dos nove anos de idade, já o Brasil somente aos
quatorzes anos o menor poderia responder pelos seus atos. Para Nina seria mais um
grande erro do código penal e um equivoco dos seus defensores como Tobias Barreto. O
famoso jurista alegava que a falta de instrução em nosso país retardaria o entendimento
dos jovens. Mas para Nina Rodrigues os efeitos ensino não influenciavam no
“desenvolvimento natural, fisiológico, da inteligência humana”. Nina Rodrigues mais
uma vez refuta a tese do livre arbítrio como base do Código Penal Brasileiro.

Neste sentido, Nina Rodrigues defende uma legislação que atenta para as
diferenças regionais do território brasileiro. A escolha da federação republicana deveria
ser fiel aos seus princípios, ou seja, para Nina Rodrigues o exemplo dos Estados Unidos
onde cada estado possui seu próprio código penal deveria ser seguido pelo Brasil. Cada
região do Brasil respeitando aos fatores climáticos, raciais e culturais deveriam ter seus
códigos penais.

Considerações finais
Os estudos de Nina Rodrigues vinte no final do século XIX forneceram alguns
instrumentos necessários para compreensão da realidade brasileira nas duas primeiras
décadas do século XX. Nina Rodrigues ao considerar em seus trabalhos a diversidade
regional do território brasileiro, já apontava as desigualdades das regiões no Brasil. É
evidente que os motivos dessas desigualdades para Nina Rodrigues estavam associados
aos fenômenos biológicos. Considerava os fatores climáticos como forte influenciador
da degeneração das raças da região norte. Mas seus estudos avançam no sentido de

Vol. 8 Num.2 2013


115
Revista Magistro - ISSN: 2178-7956 www.unigranrio.br

apontar também a diversidade cultural da nação. Para Côrrea (1998), esta interpretação
de Nina Rodrigues sobre a realidade nacional era o que diferenciava em parte dos seus
discípulos. Médicos legistas como Afrânio Peixoto, Leonídio Ribeiro, Arthur Ramos,
Flaminio Fávero (discípulo de Oscar Freire) construíram suas carreiras associados ao
mestre Nina Rodrigues. Esses homens fariam parte da Escola Nina Rodrigues, e seus
conhecimentos e práticas, legitimados por essa relação. Apesar das questões que
envolvem o saber médico-legal muitas vezes possam ser traduzidas por questões
morais, não parece ter ocorrido uma mudança significativa entre 1890 e as primeiras
décadas do século XX, quanto os assuntos que diriam respeito à medicina legal e seu
papel no Estado. Houve sim, uma mudança na percepção e tratamento dessas questões.
Assim podemos compreender a diferença entre Nina Rodrigues e seus seguidores.
Houve uma continuidade nas questões tratadas por Nina Rodrigues após sua
morte em 1906, contudo a percepção era outra. Nina Rodrigues não tinha ilusões quanto
à população. Sua forma de abordar o tema da raça e do direito permitiu ser rotulado por
algumas bibliografias como racista e positivista. Nina Rodrigues como a maioria dos
pensadores da época era racialista, contudo introduziu no seu debate penal o negro e os
mestiços como pertencentes às raças inferiores. Iguais teoricamente perante a lei, essas
raças não possui os mesmo direitos políticos. Nos tribunais onde negros eram julgados
com a severidade da legislação, não possuindo as mesmas oportunidades dos homens
brancos. Nina Rodrigues racista parecia ser mais democrático que muitos juristas que
defendia universalidade das leis. As pesquisas de Nina Rodrigues como a medidas de
crânios e corpos, em busca da comprovação das diferenças raciais, continuaram por
muito tempo na prática médico legal. Em 1935 é fundado um Laboratório de Biologia
Infantil preocupado com a profilaxia criminal das crianças, podemos comprovar como
essas práticas iniciadas por Nina Rodrigues faziam parte do funcionamento do
laboratório através de seção de Antropometria. De alguma forma a corrente básica de
pensamento prevalecia examinar para se constatar a diferença, diagnosticar e tratar. A
determinação biológica existia, mas poderia ser controlada pela intervenção do médico
legista. Os trabalhos no campo da medicina legal desenvolvido por Nina Rodrigues no
século XIX seria a etapa inicial do aperfeiçoamento técnico desta especialidade
concretizada no século XX. O pensamento de Nina Rodrigues sendo inovador para sua
época perdurou por um longo tempo no campo cientifico.

Vol. 8 Num.2 2013


116
Revista Magistro - ISSN: 2178-7956 www.unigranrio.br

Bibliografia

BANTON, M. A Ideia de Raça. Lisboa, Edições 70, 1977.

CORRÊA, Mariza. Ilusões da Liberdade: a Escola Nina Rodrigues e a


antropologia no Brasil. – Bragança Paulista, BP: EDUSF, 1998.

ELIAS, Norbert. O processo civilizador. Formação do Estado e Civilização.


Volume II. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editora, 1993.

GOULD, S. J. A Falsa Medida do Homem. São Paulo, Martins Fontes, 1991.

MAIO, Marcos Chor Maio. “A Medicina de Nina Rodrigues: Analise de uma


Trajetória Cientifica” (pp. 226-237). In: Caderno de Saúde Pública, Rio de
Janeiro, 1995.

PEARD, Julyan G. “Physicians and women in Bahia” in Race, Place, and


Medicine: The Idea of the Tropics in Nineteenth-Century Brazilian
Medicine. Duke University Press, 2000, pp.109-137.
___________________“Tropical Disorders and the forging of a Brazilian
Medical, 1860-1890”. Hispanic American Historical Review. v.77, n.1, p.1-44,
fev. 1997.

REVISTA MEDICO LEGAL. Bahia, setembro a junho de 1895/96/97. Ano 1,


2 e 3. n° 1,2,3 e 4.

RODRIGUES, Nina. As Raças Humanas e a Responsabilidade Penal no


Brasil. Livraria Progresso editora, Salvador, 1957.

STEPAN, Nancy. “Eugenics in Brazil, 1917-1940” (pp. 110-152), In The


Wellborne Science (M.B. Adams, ed). New York, Oxford University Press,
1990.
________________ The Idea of Race in Science, Great Britain 1800-1960.
Hamden, CT, Archon Books, 1982.

TODOROV, T. A Reflexão Francesa Sobre a Diversidade Humana – 1. Rio


de Janeiro, Jorge Zahar Editor, 1993.

Vol. 8 Num.2 2013

Você também pode gostar