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Rute F.

Meneses – All rights reserved

Meneses, R. F. (& Silva, I.) (28/4/2010). O


papel do contexto familiar no
desenvolvimento psicossocial do estudante
universitário. V Jornadas Nortenhas de
Psicologia: Em torno da Escola, Família, Saúde
e Stress, Porto, Portugal.
O papel do contexto familiar
no desenvolvimento psicossocial
do estudante universitário

Rute F. Meneses & Isabel Silva

FCHS/CECLICO – UFP
A investigação e a prática clínica têm
vindo a demonstrar consistentemente …

que ao longo do ciclo vital o indivíduo é


confrontado com uma diversidade de
situações que podem ser classificadas pelo
próprio como mais ou menos stressantes

e que mesmo os acontecimentos


desejados (p.e., nascimento de um filho)
podem ter um impacto negativo
considerável sobre o indivíduo
a) O ingresso no Ensino Superior
que podem desencadear
(ES) requer um conjunto de
crises e/ou promover o
adaptações a novos contextos,
desenvolvimento pessoal
pessoas, papéis e tarefas

c) A adesão ao Processo de
b) Nos últimos anos, o perfil
Bolonha veio colocar novos
dos estudantes do ES (e
desafios a todos os
instituições) caracteriza-se
intervenientes no processo de
pela heterogeneidade
ensino-aprendizagem

Desenvolvimento de estudos sobre


a adaptação ao e o sucesso no ES
(Almeida, Ferreira, & Soares, 2003; Diniz & Almeida, 2005; Fernandes et
al., 2005; Ratingan, 1989; Soares, Almeida, Diniz, & Guisande, 2006)
Para facilitar a adaptação ao ES

1) Conhecer 2) Avaliar
adequadamente a
necessidade de
a as desenvolver
qualidade características programas de
desta pessoais e intervenção
adaptação contextuais que
a facilitam/
dificultam ir de encontro às
reais
necessidades
A investigação sublinha a utilidade
da intervenção psicoterapêutica
e apoio psicopedagógico
dirigidos aos estudantes do ES
(Azevedo & Beja, 2006; Dias, 2006b, 2006c;

Malveiro, 2002; Rato, 2006)


Nos EUA, na década de 1960,
apareceram os primeiros artigos
que focaram
“os problemas de separação e
a crise de identidade provocados
pela saída de casa e
a entrada para a faculdade”
(Dias, 1996, citado por Costa, 2005, p. 44)
Afastamento
de Família
relações
securizantes
da infância/ Amigos
Ingresso no ES adolescência

Dificuldades Necessidade
de
estabelecer
novas
relações
interpessoais
+ Quanto mais tempo um indivíduo continuar num
percurso inadaptativo, mais difícil é retomar ou
recuperar o funcionamento a um nível adaptativo
(Soares, 2000)

Urge o diagnóstico de situações de inadaptação


e consequente intervenção psicossocial precoce
Operacionalização 1
Desenvolvimento psicossocial =
Adaptação ao ES
Questionário de Vivências Académicas
(QVA; Almeida & Ferreira, 1997)
- procura avaliar as dimensões pessoais,
relacionais, académicas e institucionais
da adaptação dos jovens à Universidade;
- instrumento de despiste das dificuldades
experienciadas pelos estudantes na transição
e/ou na sua frequência universitária
(cf. Almeida, Soares & Ferreira, 1999)
Questionário de Vivências Académicas-versão
reduzida (QVA-r) (Almeida, Ferreira & Soares, 1999):
- auto-relato
- avalia a forma como os jovens
se adaptam a algumas das exigências
da vida académica mais referenciadas
na literatura
- 60 itens distribuídos por cinco dimensões
Dimensões do QVA-r:
Pessoal (13 itens) – inclui itens associados ao self
e às percepções de bem-estar
(físico e psicológico);
Interpessoal (13 itens) – inclui o relacionamento
com os pares e o estabelecimento de relações
mais íntimas, assim como questões
relacionadas com o envolvimento em
actividades extracurriculares;
Carreira (13 itens) – inclui a adaptação ao curso,
aprendizagens no curso e perspectivas de carreira;
Estudo (13 itens) – inclui as competências de estudo,
os hábitos de trabalho, a gestão do tempo,
a utilização da biblioteca e
de outros recursos de aprendizagem;
Institucional (8 itens) – inclui o interesse pela
instituição, o desejo de nela prosseguir os estudos,
o conhecimento e a percepção da qualidade dos
serviços e estruturas existentes
Que características facilitam/
dificultam a adaptação ao ES?

Hipótese - o contexto familiar


(cf. factor de risco)

Operacionalização (cf. custos e benefícios na


avaliação de grandes grupos) – deslocado vs.
não deslocado
N=82 estudantes do 1º ano do ES
Idade: 17-46 anos; 72,7% do sexo feminino
n=46 tinham saído de casa para estudar

Não se verificaram diferenças e. sig.


entre os que haviam saído e
os que não haviam saído de casa para estudar
em nenhuma das
5 dimensões do QVA-r
Operacionalização 2
Desenvolvimento psicossocial =
Auto-eficácia
Já em 1977, Bandura sublinhava que
“os processos cognitivos desempenham um
papel importante na aquisição e retenção
de novos padrões comportamentais” (p. 192),
o que é frequentemente exigido
aos estudantes do ES.
AE = “juízo pessoal que os indivíduos fazem
acerca de quanto são capazes de organizar e
implementar actividades, em situações
desconhecidas, passíveis de conter elementos
ambíguos, imprevisíveis e geradores de stress”
(Ribeiro, s.d., s.p.)
“A AE pode ter não só uma influência directa
na escolha de actividades e contextos, mas
pode também afectar os esforços de coping
após o seu início. As expectativas de eficácia
determinam quanto esforço as pessoas
investirão e por quanto tempo persistirão face
a obstáculos e experiências aversivas”
(Bandura, 1977, p. 194)
A AE decorre de várias fontes de informação:
- Desempenho bem sucedido (a mais influente)
- Observação dos desempenhos bem sucedidos
dos outros devido ao seu esforço
- Persusão verbal de que se possui as capacidades
para lidar bem com a situação
- Estados de arousal fisiológico com base nos
quais o indivíduo julga o seu nível de ansiedade e
vulnerabilidade ao stress
(Bandura, 1977; Bandura & Adams, 1977).
Uma vez que as “expectativas de eficácia
predizem com uma precisão considerável
o nível de desempenho”
(Bandura & Adams, 1977, pp. 303-304),
torna-se ainda mais clara a relevância
de conhecer (e promover) a AE
dos estudantes do ES.
Escala de Auto-eficácia Geral (EAEG):
- 15 itens
- três scores (sub-escalas/factores):
Iniciação e Persistência,
Eficácia perante a adversidade e
Eficácia social) + score global
- quanto mais baixo o score,
menor a percepção de eficácia
(Ribeiro, s.d.)
N=127 estudantes do 1º ano do ES,
matriculados pela 1ª vez
Idade: 17-44 anos, 76,4% do sexo feminino
n=67 tinham saído de casa para estudar

Não se verificaram diferenças e. sig.


ao nível dos scores
nem dos itens de AE
Com base nos dados recolhidos,
não é possível afirmar que
a mudança de residência
seja um factor de risco
para o grupo estudado.

A residência não se revelou uma


característica associada a maiores
necessidades de intervenção.
É possível que outros modos
mais pormenorizados
de operacionalizar o contexto familiar
revelem resultados muito diferentes.
Muito obrigada pela atenção!

rmeneses@ufp.edu.pt

Nota: Imagens de google images

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