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10/07/2021

TRANSTORNOS RELACIONADOS A
TRAUMA E A ESTRESSORES
TEPT E TRANSTORNO DO ESTRESSE
AGUDO

• Os transtornos relacionados a trauma e a estressores incluem


transtornos nos quais a exposição a um evento traumático ou
estressante está listada explicitamente como um critério diagnóstico.
• O sofrimento psicológico subsequente à exposição a um evento
Transtornos traumático ou estressante é bastante variável.
• Em alguns casos, os sintomas podem ser bem entendidos em um
Relacionados contexto de ansiedade ou medo. Entretanto, está claro que muitos
indivíduos que foram expostos a um evento traumático ou
a estressante exibem um fenótipo no qual, em vez de sintomas de
ansiedade ou medo, as características clínicas mais proeminentes são
Trauma e a sintomas anedônicos e disfóricos, externalizações de raiva e
agressividade ou sintomas dissociativos.

Estressores • Em virtude dessas expressões variáveis de sofrimento clínico depois


da exposição a eventos catastróficos ou aversivos, esses transtornos
foram agrupados em uma categoria distinta: transtornos relacionados
a trauma e a estressores.

TRANSTORNO DO ESTRESSE
AGUDO
CID 10 F43.0
DSM 5 308.3

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INTRODUÇÃO

• Ao longo da vida, as pessoas podem


passar por momentos traumáticos,
sejam eles:
• Eventos catastróficos
provocados pela natureza ou
pelo homem
• Situações de continuo abuso ou
violência
• Acidentes

CONSEQUÊNCIAS PSICOLÓGICAS
• Imediatamente após um evento traumático, a vítima pode apresentar sofrimento psicológico grave e
incapacitante, evitando estímulos traumáticos e apresentando reações de sobressalto, hipervigilância ou
outros sintomas;

• Contudo, tais sintomas de sofrimento parecem estar de acordo com as respostas imediatas normais a eventos
traumáticos (Reação aguda ao estresse);

• A maioria das pessoas expostas a eventos traumáticos nunca desenvolve TEPT. Em grande parte sofrem
reações transitórias, aonde 42% dos casos há uma dissipação de sintomas em um mês após o desastre, e em
23% dos casos, dentro de um ano;

• A maioria das pessoas expostas a um evento traumático que apresenta reação aguda ao estresse (REA)
recupera-se espontaneamente dentro de algumas semanas. Apenas uma minoria desenvolve o Transtorno de
Estresse Agudo (TEA).
FONTE: Friedman, 2009

Reações normais de sofrimento agudo pós-trauma


(reação aguda ao estresse)

Reações Emocionais: Choque, medo, luto, raiva,


ressentimento, culpa...
CONSEQUÊNCIAS
PSICOLÓGICAS Reações Cognitivas: Confusão, desorientação,
indecisão, perda de memória...

Reações Físicas: Tensão, fadiga, irritabilidade, insônia,


taquicardia, náusea....

Reações Interpessoais: Falta de confiança,


irritabilidade, distanciamento, sensação de rejeição...

FONTE: Friedman, M. (2009). Transtorno de estresse agudo e pós-traumático. Porto Alegre: Artmed. 4 ed.

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TRANSTORNO DO ESTRESSE AGUDO


(F43.0)

Transtorno de
Estresse Agudo (TEA)

• O caso de TEA é quando o


sofrimento causado por uma
reação de estresse aguda (que
deveria ser de caráter
transitório, e espontaneamente
irem se extinguindo) se
prolonga;
• Sintomas de dissociação são a
principal característica desse
transtorno.

Transtorno de Estresse Agudo


• A característica essencial do transtorno de estresse agudo é o desenvolvimento de sintomas típicos que duram de
três dias a um mês após a exposição a um ou mais eventos traumáticos.

• Eventos traumáticos vivenciados diretamente incluem, mas não se limitam a:


• exposição a guerra como combatente ou civil;
• ameaça ou episódio real de agressão pessoal violenta;
• desastres naturais ou perpetrados por humanos;
• Incidentes médicos qualificados como eventos traumáticos envolvem eventos catastróficos repentinos (p.
ex., despertar durante uma cirurgia, choque anafilático).

• Para crianças, eventos traumáticos de natureza sexual podem incluir experiências sexuais inapropriadas sem
violência ou lesão.

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Transtorno de Estresse Agudo

• A apresentação clínica do transtorno de estresse agudo pode


variar de acordo com o indivíduo, mas em geral envolve uma
resposta de ansiedade que inclui alguma forma de revivência
ou reatividade ao evento traumático.

• Em alguns indivíduos, um quadro dissociativo ou de


distanciamento pode predominar, embora essas pessoas
também apresentem geralmente forte reatividade
emocional ou fisiológica em resposta a lembranças do
trauma.

• Em outros indivíduos, pode haver uma resposta de raiva


intensa na qual a reatividade é caracterizada por respostas
irritadiças ou possivelmente agressivas.

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Transtorno de Estresse Agudo

• É preciso que o quadro sintomático pleno esteja


presente por pelo menos três dias, depois do evento
traumático, e o diagnóstico só pode ser feito até um
mês depois do evento.

• Sintomas que ocorrem imediatamente depois do


evento, mas cedem em menos de três dias, não
atenderiam os critérios de transtorno de estresse
agudo.

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Critérios diagnósticos
A. Exposição a episódio concreto ou ameaça de morte, lesão grave ou violação sexual em uma (ou
mais) das seguintes formas:

1. Vivenciar diretamente o evento traumático.


2. Testemunhar pessoalmente o evento ocorrido a outras pessoas.
3. Saber que o evento ocorreu com familiar ou amigo próximo.
Nota: Nos casos de morte ou ameaça de morte de um familiar ou amigo, é preciso que o evento
tenha sido violento ou acidental.
4. Ser exposto de forma repetida ou extrema a detalhes aversivos do evento traumático (p. ex.,
socorristas que recolhem restos de corpos humanos, policiais repetidamente expostos a detalhes
de abuso infantil).
• Nota: Isso não se aplica à exposição por intermédio de mídia eletrônica, televisão, filmes ou
fotografias, a menos que tal exposição esteja relacionada ao trabalho.

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Critérios diagnósticos
• B. Presença de nove (ou mais) dos sintomas de qualquer uma das cinco categorias de intrusão, humor negativo,
dissociação, evitação e excitação, começando ou piorando depois da ocorrência do evento traumático.

• C. A duração da perturbação (sintomas do Critério B) é de três dias a um mês depois do trauma.

Nota: Os sintomas começam geralmente logo após o trauma, mas é preciso que persistam no mínimo três dias e
até um mês para satisfazerem os critérios do transtorno.

• D. A perturbação causa sofrimento clinicamente significativo e prejuízo no funcionamento social, profissional ou


em outras áreas importantes da vida do indivíduo.

• E. A perturbação não se deve aos efeitos fisiológicos de uma substância (p. ex., medicamento ou álcool) ou a
outra condição médica (p. ex., lesão cerebral traumática leve) e não é mais bem explicada por um transtorno
psicótico breve.

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Transtorno de Estresse Agudo

• O evento traumático pode ser revivido de diversas


maneiras. O indivíduo comumente tem
recordações recorrentes e intrusivas do evento.

• Essas recordações são memórias recorrentes


espontâneas ou desencadeadas do evento que
geralmente ocorrem em resposta a um estímulo
que relembra a experiência traumática (p. ex., o
som da explosão do escapamento de um carro
desencadeia memórias de tiros).

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Transtorno de Estresse
Agudo
Essas memórias intrusivas com frequência
incluem:

• componentes sensoriais (p. ex., sentir o


calor intenso percebido em um incêndio),
• emocionais (p. ex., vivenciar o medo de
acreditar que estava prestes a ser esfaqueado)
• ou fisiológicos (p. ex., vivenciar a falta de ar
sofrida durante um quase afogamento).

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Transtorno de Estresse
Agudo
• Sonhos angustiantes podem conter
conteúdos representativos de ou
tematicamente relacionados às ameaças
importantes envolvidas no evento traumático

• No caso de crianças pequenas, a


reencenação de eventos relacionados ao
trauma pode surgir nos brinquedos e incluir
momentos dissociativos
• p. ex., uma criança que sobreviveu a um
acidente automobilístico pode bater
repetidamente carrinhos de brinquedo de
uma maneira focada e angustiante.

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Transtorno de Estresse Agudo


• Alguns indivíduos com o transtorno não têm recordações
intrusivas do evento em si, mas vivenciam sofrimento
psicológico intenso ou reatividade fisiológica quando
expostos a eventos precipitantes que se assemelham ou
simbolizam um aspecto do evento traumático

• Ex.: dias ventosos para crianças depois de um furacão,


entrar no elevador para uma pessoa que foi estuprada
em um, ou ver alguém parecido com o criminoso.

• O fator desencadeante pode ser uma sensação física (p. ex.,


uma sensação de calor para uma vítima de queimadura,
tontura para sobreviventes de traumatismo craniano),
sobretudo para pessoas com apresentações altamente
somáticas.

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• O indivíduo pode ter uma incapacidade persistente de sentir emoções positivas (p. ex., felicidade, alegria,
satisfação ou emoções associadas a intimidade, ternura ou sexualidade), mas consegue sentir emoções
negativas como medo, tristeza, raiva, culpa ou vergonha.

• Tanto do t. estresse agudo quando no TEPT, as alterações na consciência podem incluir:

• Despersonalização: uma sensação de distanciamento de si mesmo (p. ex., ver-se do outro lado do quarto),

• ou desrealização: uma visão distorcida do ambiente que o cerca (p. ex., percepção de que as coisas estão
em câmera lenta, ver coisas ofuscadas, não perceber eventos que normalmente registraria).

• Alguns indivíduos também relatam incapacidade de recordar algum


aspecto importante do evento traumático que foi presumidamente registrado.

• Esse sintoma deve-se a amnésia dissociativa, e não a lesão craniana, álcool ou drogas.

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• O transtorno de estresse agudo NÃO pode ser


diagnosticado até três dias depois de um evento
Desenvolvimento traumático.

e Curso • Apesar de o transtorno poder progredir para o TEPT


depois de um mês, ele também pode ser uma resposta
de estresse temporária que cede dentro de um mês da
exposição ao trauma e não resulta em TEPT.

• Aproximadamente metade dos indivíduos que acabam


desenvolvendo TEPT apresenta-se inicialmente com
transtorno de estresse agudo.

• A piora dos sintomas durante o mês inicial pode


ocorrer, com frequência em virtude de estressores de
vida presentes ou outros eventos traumáticos
subsequentes.

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Fatores de Risco
• Os fatores de risco incluem transtorno mental anterior,
níveis elevados de afetividade negativa (neuroticismo),
gravidade maior percebida do evento traumático e estilo de
enfrentamento evitativo.

• Uma visão catastrófica da experiência traumática,


geralmente caracterizada por avaliações exageradas de
dano futuro, culpa ou desespero, é fortemente preditiva de
transtorno de estresse agudo.

• Ambientais. Antes de qualquer coisa, é preciso que o


indivíduo tenha sido exposto a um evento traumático para
estar em risco de sofrer transtorno de estresse agudo. Os
fatores de risco para o transtorno incluem história de
trauma anterior.

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Diagnóstico Diferencial
• Transtorno de pânico. Ataques de pânico espontâneos são muito comuns no transtorno de estresse agudo.

• Entretanto, o transtorno de pânico é diagnosticado apenas se os ataques de pânico forem inesperados e se


houver ansiedade a respeito de ataques futuros ou mudanças mal-adaptativas no comportamento associadas
ao medo das consequências dos ataques.

• TEPT. O transtorno de estresse agudo é distinto do TEPT porque o padrão sintomático no primeiro ocorre
dentro de um mês depois do evento traumático e cede dentro do período daquele mês.

• Se os sintomas persistirem por mais de um mês e satisfizerem os critérios de TEPT, o diagnóstico muda de
transtorno de estresse agudo para TEPT.

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TRATAMENTO

• Mobilizar apoios sociais é a primeira


intervenção no tratamento dos pacientes
com TEA;
• A maioria dos sintomas é resolvida sem
tratamento farmacológico .

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Aconselhamento do paciente com reação de


estresse agudo

• Importante enfatizar que o que ele está passando...


... Afeta quase todos os que passam por um estressor catastrófico
... Normalmente se resolve dentro de dias ou semanas
... Em geral não leva a cicatrizes psicológicas

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Aconselhamento do paciente com reação de


estresse agudo

• Recomendações básicas:
• Evitar reexposição a situações que lembrem o trauma;
• Passar o maior tempo possível com a família e os amigos;
• Ter paciência para que a recuperação normal ocorra.

(Friedman, 2009)

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O transtorno de estresse agudo ocorre no prazo de quatro semanas após um evento


traumático e dura pelo menos dois dias até um máximo de quatro semanas .

Quando os sintomas do TEA persistem além de quatro semanas, deve-se cogitar o


TEPT .

Os critérios diagnósticos para um TEA incluem uma resposta ao evento traumático


EM RESUMO caracterizada por medo, impotência e sintomas dissociativos (distanciamento,
redução da consciência quanto às coisas que rodeiam a pessoa, desrealização,
amnésia dissociativa) .

Os indivíduos com TEA se sentem distanciados, "irreais" e podem ter amnésia


dissociativa .

O desenvolvimento de TEPT ou TEA é influenciado por resiliência e fatores de risco,


mas a maior parte das pessoas desenvolve sintomas na ocorrência de um estressor
traumático de magnitude suficiente .

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TEPT
Transtorno do Estresse pós-traumático
CID 10 F43.10
DSM-5 309.81

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TRANSTORNO DO ESTRESSE PÓS-TRAUMÁTICO


• De acordo com a APA, o Transtorno de estresse pós-traumático – TEPT é caracterizado
por:

• memórias intrusivas do trauma, acompanhadas por alta excitação,


• esquiva em relação aos aspectos pertencentes ao evento traumático,
• além de humor e cognição alterados negativamente
• (DSM-5, 2014).

• A característica principal é a sintomatologia específica depois da exposição a um


trauma, podendo ser uma experiência vivenciada, não necessitando ter relação direta
com outra pessoa envolvida ou até mesmo tomar ciência de que familiares ou amigos
vivenciaram uma situação traumática.

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Fenomenologia do Transtorno de Estresse Pós-Traumático

Memórias intrusivas Evitação de estímulos e Sintomas de


• Repetição aleatória ou anestesia afetiva hiperexcitação
desencadeada por autonômica
estímulos do ambiente Evitação fóbica de respostas • Distúrbio de sono
(reais ou simbólicos) de emocionais;
• Sobressaltos
memórias intrusivas de
caráter aversivo; Estado dissociativo, afeto • Problemas de
empobrecido, não responsivo ao concentração e
• Geralmente sob a forma meio; memória
de pesadelos ou
flashbacks com vivência Não há sensação de satisfação
• Hipervigilância
sensorial nítida; antes vivenciado nas mesmas • Irritabilidade
• Grande resposta de situações;
estresse, fisiológica e
psicológica. Há forte esquiva de
desencadeadores de memórias.

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Transtorno de Estresse Pós-Traumático

Essa reação ao estresse traumático pode aparecer após um período de


latência e pode aparecer na vítima sobrevivente, em pessoas próximas ou
aquelas que prestam socorro (bombeiros, médicos intensivistas,
paramédicos, enfermeiros).

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Critérios de diagnósticos do TEPT (F43.10)

Nota: Os critérios a seguir aplicam-se a adultos, adolescentes e crianças acima de 6 anos


de idade.

A – Exposição a episódio concreto ou ameaça de morte, lesão grave ou violência


sexual em uma (ou mais) das seguintes formas:

1. Vivenciar diretamente o evento traumático.


2. Testemunhar pessoalmente o evento traumático ocorrido com outras pessoas.
3.Saber que o evento traumático ocorreu com familiar ou amigo próximo. Nos casos de
episódio concreto ou ameaça de morte envolvendo um familiar ou amigo, é preciso que
o evento tenha sido violento ou acidental.
4. Ser exposto de forma repetida ou extrema a detalhes aversivos do evento traumático (p.
ex., socorristas que recolhem restos de corpos humanos; policiais repetidamente expostos a
detalhes de abuso infantil).
Nota: o critério A4 não se aplica à exposição por meio de mídia eletrônica, televisão, filmes
ou fotografias, a menos que tal exposição esteja relacionada ao trabalho.

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B – Presença de um (ou mais) dos seguintes sintomas intrusivos associados ao


evento traumático, começando depois de sua ocorrência:

1. lembranças intrusivas angustiantes, recorrentes e involuntárias do evento traumático.


2. Sonhos angustiantes recorrentes com conteúdo relacionado ao trauma. Em crianças,
podem ser pesadelos mesmo sem conteúdo identificável.
(Nota: em crianças acima de 6 anos de idade, pode ocorrer brincadeira repetitiva na qual
temas ou aspectos do evento traumático são expressos.)
3. Reações dissociativas (p. ex., flashbacks) nas quais o indivíduo sente ou age como se o
evento traumático estivesse ocorrendo novamente. (Essas reações podem ocorrer em um
continuum, com a expressão mais extrema na forma de uma perda completa de percepção
do ambiente ao redor.)
Nota: Em crianças, a reencenação específica do trauma pode ocorrer na brincadeira.
4. Sofrimento psicológico intenso ou prolongado ante a exposição a sinais internos ou
externos que simbolizem ou se assemelhem a algum aspecto do evento traumático.
5. Reações fisiológicas intensas a sinais internos ou externos que simbolizem ou se
assemelhem a algum aspecto do evento traumático.

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C – Evitação persistente de estímulos associados ao evento traumático,


começando após a ocorrência do evento, conforme evidenciado por um ou ambos dos
seguintes aspectos:

1. evitação ou esforços para evitar recordações, pensamentos ou sentimentos


angustiantes acerca de ou associados de perto ao evento traumático;

2. evitação ou esforços para evitar lembranças externas (pessoas, lugares, conversas,


atividades, objetos, situações) que despertem recordações, pensamentos ou
sentimentos angustiantes acerca de ou associados de perto ao evento traumático.

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D – Alterações negativas em cognições e no humor associadas ao evento


traumático, começando ou piorando depois da ocorrência de tal evento, conforme
evidenciado pelos seguintes aspectos:

1. incapacidade de recordar algum aspecto importante do evento traumático (geralmente


devido à amnésia dissociativa, e não a outros fatores como traumatismo craniano,
álcool ou drogas);

2. crenças ou expectativas negativas persistentes e exageradas a respeito de si mesmo,


dos outros e do mundo (p.ex., “Sou mau”, “Não se deve confiar em ninguém”, “O
mundo é perigoso”, “Todo o meu sistema nervoso está arruinado para sempre”).

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E – Alterações marcantes na excitação e na reatividade associadas ao evento


traumático, começando ou piorando depois do evento, conforme evidenciado por dois (ou
mais) dos seguintes aspectos:

1. Comportamento irritadiço e surtos de raiva (com pouca ou nenhuma provocação),


geralmente expressos sob a forma de agressão verbal ou física em relação a pessoas e
objetos;
2. Comportamento imprudente ou autodestrutivo;
3. Hipervigilância;
4. Resposta de sobressalto exagerada;
5. Problemas de concentração;
6. Perturbação do sono (p. ex., dificuldade para iniciar ou manter o sono, ou sono agitado).

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F – A perturbação (critérios B, C, D e E) dura mais de um mês.

G – A perturbação causa sofrimento clinicamente significativo e prejuízo social, profissional


ou em outras áreas importantes da vida do indivíduo.

H – A perturbação não se deve aos efeitos fisiológicos de uma substância (p. ex.,
medicamento, álcool) ou a outra condição médica.

Os episódios dissociativos, geralmente conhecidos como flashbacks, são em


geral breves, mas envolvem uma sensação de que o evento traumático está
acontecendo no presente em vez de estar sendo recordado como um evento
passado, e estão associados a sofrimento significativo.

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FATORES DE RISCO

•NÍVEL DE DESENVOLVIMENTO DO PAÍS

•Quanto menor, maior a possibilidade de


traumas por violência social, política ou étnica.
•Exemplos:

•Refugiados da Bósnia nos EEUU: 65%


sofriam de TEPT;
•Crianças palestinas expostas à guerra: 73%

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FATORES DE RISCO
• TRANSTORNOS MENTAIS ANTERIORES
• Transtornos de humor
• Outros transtornos ansiosos
• Abuso e dependência de substâncias
• Aumentam o risco dos indivíduos expostos a eventos traumáticos desenvolverem TEPT. O risco é maior ainda
em mulheres com episódio de depressão maior anterior.

• OUTROS
• História de trauma ou maus tratos na infância
• Transtornos de personalidade
• Ocupação: policiais, bombeiros, combatentes
• Sexo: mulheres são mais vulneráveis

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CURSO
• Crônico e de longa duração - 20 anos ou mais;
• Boa parte das pessoas com TEPT manifestaram episódios múltiplos do
transtorno associado a diferentes traumas;
• Há casos em que o quadro clínico é mais complexo, com manifestações
dissociativas graves.
• Pessoas com TEPT têm uma probabilidade SEIS VEZES maior de ter tentativas de
suicídio.

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PREJUÍZO FUNCIONAL
TRABALHO:
• Prejuízo equivalente ao acarretado pela depressão maior;
• Perda de dias de trabalho ou diminuição no rendimento no trabalho;
• Busca de ocupações menos qualificadas, com menos responsabilidades e menor remuneração.

OUTRAS ÁREAS:
• Abandono de escola;
• Instabilidade no casamento ou relacionamentos conturbados;
• Isolamento social;
• Parto precoce.

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TRATAMENTO
• Objetivos:
• Redução dos sintomas nucleares do TEPT;
• Aumento da resistência ao estresse;
• Melhora da qualidade de vida;
• Redução da comorbidade e da incapacidade;
• O uso de medicação: menos efeito do que o esperado e alteração da auto-
eficácia. Porém, pode aliviar os sintomas. O ideal é que seja associado à
intervenção psicoterápica.

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Tratamentos Psicológicos para o TEPT


• Psicoeducação
• Terapia de Grupo
• Psicoterapia Individual

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Psicoeducação
• Mostrar ao paciente como vários sintomas de revivência, evitação/entorpecimento e
hipervigilância se encaixam em uma síndrome coerente;
• Psicoeducação é um componente importante em qualquer abordagem terapêutica.
• Benefícios da Psicoeducação:
• Atingir a normalização;
• Remover a autoculpa e autodúvida;
• Corrigir mal-entendidos;
• Aumentar a confiabilidade no tratamento.

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Terapias de grupo
• Elas podem ser de abordagem psicodinâmica, de
TCC ou de terapias de apoio (cada uma com foco
diferente)
• Podem ser combinadas com as demais terapias
• Em todos os casos, os sobreviventes do trauma
aprendem sobre o TEPT e se ajudam
mutuamente, com o auxilio de um profissional
• É eficaz e popular para aqueles que sobreviveram
ao mesmo tipo de trauma

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Psicoterapias Individuais
• Terapia cognitivo-comportamental
• Psicoterapia psicodinâmica

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Técnica da TCC Foco do tratamento


Terapia de exposição Desconectar a sensação devastadora de medo das memórias do trauma
prolongada (EP)
Terapia Cognitiva Reaprender pensamentos e crenças geradas pelo evento traumático, que
impedem as habilidades para lidar com o fato no presente

Terapia por processamento Entender tanto as consequências emocionais quanto as consequências


cognitivo cognitivas da exposição ao trauma
Treino de inoculação de Controle de ansiedade para aumentar as habilidades para lidar com situações
estresse (TIE) presentes
Biofeedback e treino de Controle de ansiedade para ajudar o paciente a controlar sensações
relaxamento avassaladoras de ansiedade e reações fisiológicas provocadas pelos eventos
que lembram o trauma

Terapia comportamental Tratamento da personalidade borderline, um transtorno com frequência


dialética associado ao TEPT e ao TEPT complexo

(Friedman, 2009)

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VAMOS
EXERCITAR?

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CASO 1
Uma mulher de 34 anos procura um psiquiatra com a queixa principal de humor deprimido. Afirma
que foi estuprada há um ano por um desconhecido no estacionamento de um supermercado e,
desde então, "as coisas nunca mais foram as mesmas". Diz que fica irritada e zangada com o
marido sem razão aparente e se sente emocionalmente desconectada dele. Seu sono é inquieto, e
está tendo dificuldade de concentração em seu trabalho como técnica de laboratório.
Tem pesadelos sobre o estupro, nos quais o fato volta a acontecer. A paciente contou a poucas
pessoas o que ocorreu e se esforça ao máximo para "não pensar no assunto". Evita se aproximar
do local onde ocorreu o evento. No exame do estado mental, sua aparência, seu comportamento e
seu discurso são normais. Seu humor é descrito como deprimido, e seu afeto é congruente e
restrito. Seu processo de pensamento é linear e lógico. Nega sintomas psicóticos ou ideação suicida
ou homicida, embora diga que gostaria que seu agressor "sofresse uma morte horrível". Sua
cognição está praticamente intacta. Seus discernimento e controle de impulsos não foram
prejudicados .

Qual é o diagnóstico mais provável?

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Caso 2
Um homem de 35 anos é levado ao psiquiatra por um amigo porque "desde o desastre que matou sua mulher, tem
estado fora de seu normal". O paciente conta que há uma semana um tornado atingiu a cidade onde mora. Sua casa foi
destruída, e sua esposa, com quem estava casado há dois anos, morreu. Diz que se sente como se "estivesse vivendo
em um sonho - isso não pode ser rea l". Relata que se sente desconectado de tudo e de todos - sabe que estão
tentando ajudá-lo, mas se sente anestesiado. Diz que, quando fecha os olhos, tudo o que vê é a imagem da esposa
sendo soterrada pelos escombros, e ouve o ruído estrondoso do tornado. Segundo ele, desde aquele momento isolou-
se das demais pessoas o máximo possível para não ter de falar sobre o que aconteceu.
Não dorme bem há vários dias e, quando ouve um barulho alto, acha que o tornado está voltando, o que o deixa
ansioso e sobressaltado. Não tem conseguido trabalhar e ainda não ligou para nenhuma das companhias de seguro
para lhes informar sobre o desastre. Afirma que nunca foi a um psiquiatra antes e que só veio hoje porque o amigo
insistiu .

Qual é o diagnóstico mais provável para esse paciente?

Qual deve ser o próximo passo em seu tratamento?

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REFERÊNCIAS
• DSM-5
• CID-10
• Friedman, M. Transtorno de estresse agudo e pós-traumático. Porto Alegre:
Artmed. 4 ed. 2009.
• Sadock, Benjamin J. ;Sadock, Virginia A.; Ruiz, Pedro. Compêndio de psiquiatria:
ciência do comportamento e psiquiatria clínica – 11. ed. – Porto Alegre : Artmed,
2017.
• Toy, Eugene C. Casos clínicos em psiquiatria. - 4. ed. – Porto Alegre : AMGH,
2014.

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