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Seminários Clínicos
Estudos de Casos Clínicos –
Transtorno de Estresse Pós-
Traumático (TEPT)
Transtorno de Estresses Pós-Traumático:
Introdução

Bloco 1
Autora: Gabriela Fabbro Spadari
Palestrante: Aline Monique Carniel
Transtorno de Estresses Pós-Traumático:
Introdução

• Estresse agudo: refere-se à reação, com sintomas


específicos, que ocorre logo após um evento traumático,
por um período limitado de tempo.
• Evento traumático: também conhecido como incidente
crítico, é aquele considerado altamente perturbador pela
maioria das pessoas.
(ALBUQUERQUE et al., 2013)
Transtorno de Estresses Pós-Traumático:
Introdução

Ocorre em consequência de:


• Exposição a um evento traumático de natureza variada.
• 40 a 70% de pessoas da população geral experimentarão ao
menos um evento traumático na vida.

(DAY et al., 2003; FRIEDMAN, 2009)


Transtorno de Estresses Pós-Traumático:
Introdução
• Abuso sexual: 80% das crianças que passam por essa experiência
apresentam TEPT.
• Assalto: 25% das vítimas de assalto atingem o critério para
diagnóstico de TEPT.
• Acidentes: 21% das pessoas envolvidas em acidentes
automobilísticos graves apresentam um quadro sintomático de
TEPT.
• Há várias teorias que tentam explicar por que algumas pessoas,
vítimas de grandes incidentes críticos, não desenvolvem o TEPT e
outras ficam profundamente abaladas e até desenvolvem
psicopatologias graves após algum tempo.

(ALBUQUERQUE et al., 2013; DAY et al., 2003; DORIGO; LIMA, 2007; FRIEDMAN, 2009)
Transtorno de Estresses Pós-Traumático:
Introdução

• Uma das teorias mais em evidência é de base


neuropersonológica e propõe o modelo de dois fatores.

1. Hipersensibilidade neurológica
Efeito cascata no funcionamento neurológico, alterando o
seu processo normal, aumentando o nível de certos
neurotransmissores e levando outros neurônios a uma
hiperatividade.

(FRIEDMAN, 2009)
Transtorno de Estresses Pós-Traumático:
Introdução

2. Hipersensibilidade psicológica
A reação aguda ao estresse surge devido a uma agressão à
estrutura da personalidade e reflete uma violação de uma
crença profundamente estabelecida de forma estrutural.

(FRIEDMAN, 2009)
Transtorno de Estresses Pós-Traumático:
Introdução
Fatores de risco para o TEPT:
• Reatividade exagerada ao estresse.
• Traumas anteriores.
• Antecedentes psiquiátricos.
• Sexo feminino.
• Isolamento social.
• Nível de apoio social.

(FRIEDMAN, 2009)
Transtorno de Estresses Pós-Traumático:
Introdução

• O incidente crítico quebra a ordem do mundo presumido e


rompe com as crenças de controlabilidade,
invulnerabilidade e imortalidade que, em geral, o ser
humano mantém a fim de viver o seu dia a dia com
tranquilidade.

(FRIEDMAN, 2009)
Estudos de Casos Clínicos –
Transtorno de Estresse Pós-
Traumático (TEPT)
Principais Características

Bloco 2
Autora: Gabriela Fabbro Spadari
Palestrante: Aline Monique Carniel
TEPT – Principais Características
• Exposição à guerra como combatente ou civil.
• Ameaça ou ocorrência real de agressão física (ex. assalto).
• Ameaça ou ocorrência real de violência sexual.
• Sequestro, ser mantido refém, ataque terrorista, tortura,
encarceramento como prisioneiro de guerra.
• Desastres naturais ou perpetrados pelo homem.
• Acidentes automobilísticos graves.

(LIPP, 2019; LIPP; MALAGRIS; NOVAIS, 2007)


TEPT – Principais Características
• TEPT: a sintomatologia se assemelha à da reação do
transtorno de estresses agudo – TEA (CID-10, F-43.0);
porém, a duração do TEA é menor, e seus sintomas devem
persistir por, no mínimo, dois dias e, no máximo, quatro
semanas.
• Portanto, o TEPT só poder ser diagnosticado um mês
depois da exposição ao trauma.

(LIPP, 2019; VAZQUEZ-AQUINO, 2019)


TEPT – Principais Características
Principais vítimas:
Sobrevivente

Pessoas
próximas

Profissionais
da ocorrência

(LIPP, 2019; LIPP; MALAGRIS; NOVAIS, 2007)


TEPT – Principais Características
1. Revivência: pensamentos invasivos e lembranças do
trauma.
2. Esquiva: retraimento social e fuga de situações.
3. Hiperatividade e/ou hiperfunção do sistema nervoso
autônomo.

(VAZQUEZ-AQUINO, 2019)
TEPT – Principais Características

Revivescência

TEPT

Esquiva e
Hipervigilância distanciamento
afetivo

(LIPP, 2019; VAZQUEZ-AQUINO, 2019)


TEPT – Principais Características

• Persistência de pensamentos, sensações e


comportamentos relacionados ao evento traumático.
• Tais memórias são intrusivas, impossibilitando outros tipos
de pensamentos e trazendo à tona sintomas de desgaste
psicológico (ex.: terror) ou reações fisiológicas anormais
(ex.: pulso acelerado, respiração rápida ou sudorese).

(LIPP, 2019; VAZQUEZ-AQUINO, 2019)


TEPT – Principais Características

• Reação de sobressalto: comportamento assustado; reação


de proteção exagerada a ruídos ou movimentos de outras
pessoas.

(LIPP, 2019; VAZQUEZ-AQUINO, 2019)


TEPT – Principais Características

• Entorpecimento psíquico ou “anestesia emocional”: a


pessoa reprime todos os sentimentos, tanto positivos
(amor e prazer) quanto negativos (medo e culpa), de
modo a bloquear os sentimentos intoleráveis. Esforço
para evitar pensamentos, sensações, atividades, pessoas
e locais relacionados ao evento traumático original.

(LIPP, 2019; VAZQUEZ-AQUINO, 2019)


Estudos de Casos Clínicos –
Transtorno de Estresse Pós-
Traumático (TEPT)
Prevenção e Tratamento do Transtorno de
Estresse Pós-Traumático

Bloco 3
Autora: Gabriela Fabbro Spadari
Palestrante: Aline Monique Carniel
Prevenção e Tratamento do TEPT

Falar no assunto é bom ou ruim?


• Experimentos mostraram que o relato de uma vivência
traumática evoca emoções e respostas fisiológicas aversivas
na hora, mas tem efeitos benéficos a longo prazo.
• Expressar emoções que foram guardadas durante muito
tempo constitui o encerramento de um trabalho ativo e
desgastante de inibição que estava prejudicando a saúde
do sujeito.

(ALBUQUERQUE et al., 2013; DAY et al., 2003; DORIGO; LIMA, 2007; FRIEDMAN, 2009)
Prevenção e Tratamento do TEPT

• Recuperar o senso pessoal de controle e estabilidade.


• Possibilitar a integração do desconhecido, do inaceitável, do
inesperado e do incompreensível.
• Facilitar ao paciente ver o evento crítico como uma exceção.
• Comparar com o que poderia ter acontecido de ainda pior.
• Reinterpretar o evento traumático, mudando de “catastrófico”
para “ruim”.
• Reduzir a importância do evento no esquema maior da vida.

(ALBUQUERQUE et al., 2013; DAY et al., 2003; DORIGO; LIMA, 2007; FRIEDMAN, 2009)
Prevenção e Tratamento do TEPT

• Usa-se a técnica Critical Incident Debriefing (inquérito).


• Nessa intervenção, pessoas que passaram por uma vivência
potencialmente traumática são reunidas para uma
entrevista coletiva o mais rápido possível depois do evento.
• Cada participante descreve o que aconteceu, na sua
perspectiva, e em seguida expressa os seus principais
pensamentos e preocupações sobre o evento e comunica a
si o pior aspecto da situação.

(ALBUQUERQUE et al., 2013; DAY et al., 2003; DORIGO; LIMA, 2007; FRIEDMAN, 2009)
Prevenção e Tratamento do TEPT

• Técnicas de exposição gradual.


• Trabalhar crenças e sentimentos negativos relacionados à
culpa.
• Reestruturação dos conteúdos evocados através da
psicoeducação e da reestruturação cognitiva.
• Outro aspecto importante da recuperação de traumas é
aprender com o que aconteceu, assim como ensinar ao
indivíduo formas de se proteger.
• Intervenção junto com a família, se necessário.

(ALBUQUERQUE et al., 2013; DAY et al., 2003; DORIGO; LIMA, 2007; FRIEDMAN, 2009)
Teoria em Prática
Bloco 4
Autora: Gabriela Fabbro Spadari
Palestrante: Aline Monique Carniel
Reflita sobre a seguinte situação
• Paciente sexo feminino, 45 anos, chega ao consultório
apresentando palpitação, sudorese, dificuldade para dormir
e pensamentos obsessivos.
• Relata ter vivenciado um sequestro relâmpago há duas
semanas e, desde então, afirma “não ter mais paz,
felicidade” e diz estar “sempre hipervigilante, esperando o
pior”.
Norte para a resolução
• Refletir sobre as principais técnicas utilizadas pela TCC para
casos de TEPT.
• Não esquecer a base teórica da TCC – o modelo cognitivo.

Figura 1 – Cérebro

Fonte: banco de imagens do Office.


Dicas do(a) Professor(a)
Bloco 5
Autora: Gabriela Fabbro Spadari
Palestrante: Aline Monique Carniel
Leitura Fundamental
Prezado aluno, as indicações a seguir podem estar disponíveis
em algum dos parceiros da nossa Biblioteca Virtual (faça o login
por meio do seu AVA), e outras podem estar disponíveis em sites
acadêmicos (como o SciELO), repositórios de instituições
públicas, órgãos públicos, anais de eventos científicos ou
periódicos científicos, todos acessíveis pela internet.
Isso não significa que o protagonismo da sua jornada de
autodesenvolvimento deva mudar de foco. Reconhecemos que
você é a autoridade máxima da sua própria vida e deve,
portanto, assumir uma postura autônoma nos estudos e na
construção da sua carreira profissional.
Por isso, nós o convidamos a explorar todas as possibilidades da
nossa Biblioteca Virtual e além! Sucesso!
Indicação de leitura 1
Este trabalho tem por objetivo identificar, por meio de uma
revisão sistemática de estudos clínicos controlados, as
estratégias que apresentam maior eficácia dentro da
abordagem cognitivo-comportamental para tratamento do
Transtorno de Estresses Pós-Traumático.

Referência
ROMANI-SPONCHIADO, A.; SILVA, C. R.; KRISTENSEN, C. H. Psicoterapia Cognitivo-
comportamental para o Transtorno de Estresse Agudo: Uma Revisão
Sistemática. Revista Brasileira De Terapia Comportamental e Cognitiva, [s.l.], v. 15,
n. 2, p. 64-74, 2013.
Indicação de leitura 2
Este estudo objetiva descrever como a TCC auxilia no
tratamento de TEPT em vítimas de violência sexual.

Referência
PAZ, F. M.; ARAÚJO, N. A Terapia Cognitivo-Comportamental em pessoas com
transtorno de estresse pós-traumático vítimas de abuso sexual na infância–uma
revisão da literatura. Conecte-se! Revista Interdisciplinar de Extensão, [s.l.], v. 6, n.
11, p. 34-50, 2022.
Dica do(a) Professor(a)

Filme: O Franco Atirador


Direção: Michael Cimino.
Roteiro: Michael Cimino. Figura 2 – Pipoca
Elenco: Robert de Niro,
Christopher Walken e Meryl
Streep.
Ano: 1978.

Fonte: Shutterstock.com
Referências
ALBUQUERQUE, P. P. et al. Efeitos Tardios do Bullying e Transtorno de Estresse Pós-
Traumático: Uma Revisão Crítica. Psicologia: Teoria e Pesquisa, [s.l.], v. 29, n. 1, p.
91-98, 2013.
DAY, V. P. et al. Violência doméstica e suas diferentes manifestações. Revista de
Psiquiatria do Rio Grande do Sul, [s.l.], v. 25, supl. 1, p. 9-21, 2003.
DORIGO, J. N.; LIMA, M. E. A. O transtorno de estresse pós-traumático nos
contextos de trabalho: reflexões um caso clínico. Cadernos de Psicologia Social do
Trabalho, [s.l.], v. 10, n. 1, p. 55-73, 2007.
FRIEDMAN, M. As Mais Recentes Estratégias de Avaliação e Tratamento –
Transtorno de Estresse Agudo e Pós-Traumático. Porto Alegre: Artmed, 2009.
Referências
LIPP, M. E. N. Terapia Racional-Emotiva Comportamental para o estresse. In: LIP,
M.E. N., LOPES, T. M.; SPADARI, G. F. (org). Terapia racional-emotiva
comportamental na teoria e na prática clínica. Novo Hamburgo: Sinopsys, 2019.
LIPP, M. E. N.; MALAGRIS, L. E. N.; NOVAIS, L. E. Stress ao longo da vida. São Paulo:
Ícone, 2007.
VAZQUEZ-AQUINO, S. Tratamento do Transtorno de Estresse Pós-Traumático com a
técnica “memória-tempo-processamento”, uma metáfora de resgate em doze
passos. In: LIP, M.E. N., LOPES, T. M.; SPADARI, G. F. (org). Terapia racional-emotiva
comportamental na teoria e na prática clínica. Novo Hamburgo: Sinopsys, 2019.
Bons estudos!

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