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TRANSTORNO DO

ESTRESSE PÓS
TRAUMÁTICO
(TEPT)
Índice:

1. Transtorno de Estresse Pós 3. Influência Negativamente em uma


Traumático (TEPT); Organização;

1.1. Definição de TEPT; 4. Caso Clínico;

1.2. Sintomatologia; 5. TEPT na Polícia Militar;

1.3. Prevalência. 6. TEPT a partir da Clínica PDT .

2. TEPT como causa de acidente de


trabalho;

2.1. Vulnerabilidades no trabalho;


Definição

O Transtorno do Estresse Pós-Traumático (TEPT) é um distúrbio da


ansiedade caracterizado por um conjunto de sinais e sintomas físicos,
psíquicos e emocionais em decorrência de o portador ter sido vítima ou
testemunha de atos violentos ou de situações traumáticas que, em geral,
representaram ameaça à sua vida ou à vida.

● Entre os sintomas estão pesadelos ou lembranças repentinas (flashbacks),


fuga de situações que relembrem o trauma, reações exageradas a estímulos,
ansiedade e humor deprimido;
● A condição pode durar meses ou anos, com gatilhos que podem trazer de
volta memórias do trauma acompanhadas por intensas reações emocionais e
físicas.
Sintomatologia

O Transtorno do Estresse Pós-traumático (TEPT) tem como causas uma exposição à uma
experiência traumática que de algum modo estabelece uma ameaça à condição de vida,
oferece iminência de danos físicos ou ainda situação de violência sexual.

O evento pode ser da seguinte ordem:

● Vivência direta do evento traumático, testemunho pessoal do evento traumático


ocorrido com outras pessoas;
● Conhecimento da ocorrência de um evento traumático ocorrido com familiar ou amigo;

O evento traumático precisa ser de ordem violenta ou acidental. Por fim, exposição
repetida ou extrema a detalhes aversivos do evento traumático também compõe os
elementos caracterizadores desse tipo de transtorno.
Sintomatologia

● Entre os sintomas estão pesadelos ou lembranças repentinas (flashbacks), fuga


de situações que relembrem o trauma, reações exageradas a estímulos,
ansiedade e humor deprimido.

● A condição pode durar meses ou anos, com gatilhos que podem trazer de volta
memórias do trauma acompanhadas por intensas reações emocionais e físicas.
Prevalência

Um estudo de BACH et al. publicado em


2018 aponta que a prevalência de exposição
a eventos traumático tem variado entre o
percentual de 57.1% até 89.6%.

Em um artigo publicado por MACEDO et al.


(2018) apresenta dados de prevalência do
estresse pós-traumático na população geral
de cerca de 6,8 % ao longo da vida dos
indivíduos.

Fonte: American Psychological Association. Clinical Practice Guideline for the


Fonte Imagem: maps.org/gmp-phase3
Treatment of Posttraumatic Stress Disorder
Prevalência

De acordo com CUNHA e BORGES


(2013) a prevalência do TEPT é de
6,5% na população brasileira.
TEPT como causa de acidente de trabalho

● Escassez de um estudo ligado a Psicologia do Trabalho;


● Estudo Previdência Social (João Pessoa/PB - jan/2007 a jun/2010;
● 5219 casos registrados, dos quais 22 com o diagnóstico de TEPT;
● 2,3 vezes maior nas mulheres;
● 22 a 53 anos;
● Pessoas solteiras, divorciadas ou viúvas;
● Capital e região metropolitana;
● 2 casos com agressão física;
● Tempo médio de recuperação de 6 meses;
● Profissões ligadas ao atendimento público;
● Aspectos organizacionais.
O Que Torna uma Organização Mais
Vulnerável?

● Políticas de gestão com foco exclusivo em produtividade;


● Alta competitividade (gera insegurança e diminui a rede de apoio);
● Metas altas demais;
● Ambiente estressante;
● Alta periculosidade ocupacional e/ou que envolvam lidar com dinheiro (como
os bancários);
● Um prescrito muito rígido.

Ou seja, limitar a liberdade e criatividade do trabalhador, além de criar um


ambiente estressante, inseguro e competitivo
Como o TEPT Influencia Negativamente
uma Organização?

● Absenteísmo;
● Presenteísmo;
● De acordo com uma pesquisa feita nos EUA, o TEPT causa um
prejuízo de 3 bilhões de dólares ao país por ano.
Caso clínico

● João (nome fictício;


● 26 anos;
● Vigilante;
● Procurou o serviço de psicologia para obter uma CAT
(Comunicação de Acidente de Trabalho);
● Três assaltos no período de um mês.
Caso clínico

“Chegaram bem armados e, foi lá, já me ameaçando, colocou a arma na minha coluna,
assim, e falando, se eu mexesse eles iam atirar mesmo. Eu falei: “pelo amor de Deus, vocês
pode fazer o que vocês quiser, mas não machuca ninguém, eu sou um pai de família, num
machuca ninguém não”. Aí, eles pegou e falou: “não, você fica na sua aí que nós vamos lá
pegar o que nós tem que pegar!”. Foram lá, roubou a bilheteria, roubou os ingressos, até, se
eu não me engano, foi dessa vez que eles roubaram os funcionários de lá também, as
bolsas dos funcionários.”

“Então, aí, passaram mais uns dias, outro assalto. Aí, esses já parecia ser de maior. Aí, eles
pegaram, assaltaram, chegaram lá, pressão psicológica de novo. Um chegou a me dar uma
coronhada aí, falou: “cala a boca e tal, deita no chão e tal”.
Caso clínico

“O último assalto, foi lá na cidade industrial. O cara me jogou no chão assim e falou que se
eu olhasse para cara dele ele atirava ni mim. Apontou a arma na minha cabeça o tempo
todo. Sempre vinha de três ou de quatro pessoas. Uma vez de três, duas vezes de quatro. E,
eles pegaram e, foi assim, sabe, aquela coisa toda, aquele pânico todo querendo a chave
de cofre. O chefe de estação teve que falar com eles que o cofre não abria, que eles só iam
lá para recolher dinheiro. Ia, recolhia dinheiro e levava a chave. E foi um pânico danado.
Aí, eu não peguei ocorrência, não peguei nada porque eu não sabia de nada, tava todo
desorientado.”
Caso clínico - Articulação

● “as neuroses de guerra são apenas neuroses traumáticas, que, como sabemos,
ocorrem em tempos de paz também, após experiências assustadoras ou graves
acidentes, sem qualquer referência a um conflito no ego” (Freud, 1996a, p. 226).

● “Foi fácil, portanto, inferir que a causa imediata de todas as neuroses de guerra
era uma inclinação inconsciente, no soldado, para afastar-se das exigências
perigosas ou ultrajantes para os seus sentimentos, feitas sobre ele pelo serviço
ativo. Medo de perder a própria vida, oposição à ordem de matar outras pessoas,
rebeldia contra a supressão implacável da própria personalidade pelos seus
superiores - eram estas as mais importantes fontes afetivas das quais se nutria a
tendência para escapar da guerra” (Freud, 1996b, pp. 227-228).
TEPT na Polícia Militar

● Profissão de constante perigo;


● Alta exposição ao trauma aliada a outras condições do ambiente de
trabalho, a aspectos organizacionais e aspectos sociais;
● 2,8 vezes mais chances de sofrer um ataque na folga;
● Dificuldade de diagnóstico;
● Coexistência com outros transtornos;
● No Brasil, pelos menos 43 policiais militares são afastados por dia
(16.026 afastamentos em 2018);
● Estigma dentro das corporações;
● Rede deficitária de apoio e de acolhimento .
Fonte: Caderno Técnico de Tratamento do TEPT, 2019
Fonte: Caderno Técnico de Tratamento do TEPT, 2019
Fonte: Caderno Técnico de Tratamento do TEPT, 2019
Outras Regiões

● Centro-Oeste: GO, MT e DF
● Nordeste: AL e SE
● Norte: PA e RR
● Sul: PR, RS e SC
TEPT e a legislação trabalhista

● TEPT relacionado ao trabalho tendo ocorrido em ambiente laboral e


horário de expediente;
● Estudo de caso na área de abrangência da Gerência do INSS em João
Pessoa (PB): 2,3x maior em mulheres, variadas ocupações (maior
vulnerabilidade encontrada em atendimento público, valores monetários e
mais susceptíveis a violência urbana);
● Observa-se dados epidemiológicos (aspectos sociais, culturais, econômicos,
etc) se houve comunicação de Acidente de Trabalho (CAT), ou
caracterização pela Perícia Médica Previdenciária através do Nexo Técnico
Epidemiológico Previdenciário após análise da história clínica e
documentação médica;
● Adoção do NTEP possibilita maiores notificações do TEPT a partir de 2007.
TEPT a partir da Clínica PDT

● Atividades laborais fundamentais;


● Organizações oferecem atendimento psicológico precário;
● Lógica da “flexibilização” e seu preço nas relações de trabalho;
● Exposição a eventos traumáticos e precarização do trabalho;
● Possíveis intervenções psicoterápicas ;
● Foco da PDT em mobilização subjetiva;
● Método da PDT centradas na escuta e na fala;
● Dispositivos .
Referências

ALMEIDA, C. W. D. N. C. D. et al. Transtorno por estresse pós-traumático como causa de


acidente de trabalho. Revista Brasileira de Medicina do Trabalho, João Pessoa, v. 10, n. 1,
p. 100-105, 2012. Disponível em: <http://www.rbmt.org.br/how-to-cite/81/pt-BR>. Acesso em:
22 nov. 2019.

BACH et al. (2018). Suicide risk and childhood trauma in individuals diagnosed with
posttraumatic stress disorder. Trends in Psychiatry and Psychotherapy, 40(3), 253-257. Epub
August 23, 2018. https://dx.doi.org/10.1590/2237-6089-2017-0101

Caderno técnico de tratamento do transtorno de estresse pós-traumático – TEPT / Ministério


da Justiça e Segurança Pública, Secretaria Nacional de Segurança Pública -- Brasília : Ministério
da Justiça e Segurança Pública, Secretaria Nacional de Segurança Pública – SENAP, 2019. 194 p.
Referências

GOMES SOUZA, Ronaldo; MENDES, Ana Magnólia. Ressignificação do TEPT a partir da


Psicodinâmica do Trabalho. Revista Guillermo de Ockham. Brasília, 2016. Disponível em
<https://revistas.usb.edu.co/index.php/GuillermoOckham/article/view/2424/2141>. Acesso em
26 de Novembro de 2019.

REVISTA BRASILEIRA DE MEDICINA DO TRABALHO. Transtorno do Estresse


Pós-Traumático como causa de Acidente de Trabalho. Disponível em
<http://www.rbmt.org.br/about-the-authors/81/pt-BR> . Acesso em 26 Nov. 2019.

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