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Aletheia, n.24, p.57-68, jul./dez.

2006

Estresse e resiliência em doença de Chagas


Daniela Cristina Grégio d’Arce Mota
Ana Maria T. Benevides-Pereira
Mônica Lúcia Gomes
Silvana Marques de Araújo

Resumo. Estudos indicam que o estresse altera o sistema imune e pode influir na etiolo-
gia, progressão e severidade de doenças. A resiliência pode ser definida como a capacida-
de que algumas pessoas desenvolvem e as ajudam a passar por situações adversas na vida,
a superá-las, e ainda a saírem fortalecidas ou mesmo transformadas. Este estudo teve o
intuito de verificar o nível de sintomatologia de estresse e aspectos relacionados à resiliên-
cia em portadores de doença de Chagas crônica (DC). Foram avaliadas cem pessoas infec-
tadas, 50% apresentando sintomatologia da DC. Utilizou-se de entrevista sócio-demográ-
fica, Inventário de Sintomas de Estresse (ISE) e Inventário de Resiliência (IR). Os que
apresentavam sintomas da DC obtiveram níveis mais elevados de sintomas psicológicos e
físicos de estresse e menores de resiliência, principalmente no que se refere aos fatores
desesperança e dificuldades emocionais.
Palavras-chave: doença de Chagas crônica, estresse, resiliência, psicologia da saúde.

Stress and Resilience in Chagas’ Disease

Abstract. Several studies show that stress changes the immunity system and may affect the
disease’s etiology, progression and severity. Resilience may be defined as the ability that
some people have to overcome the dire straights of life and come out of the difficulties
more fortified or even transformed. Current research verifies the symptomatology of stress
and other aspects related to resilience in people suffering from chronic Chagas’ Disease
(CD). One hundred infected people were evaluated, of whom 50% were CD positive. Social
and demographic interviews, Stress Symptoms Inventory (SSI) and Resilience Inventory
(RI) were employed. CD positive people had higher levels of psychological and physical
symptoms of stress and lower resilience ones, mainly with regard to factors involving
hopelessness and emotional difficulties.
Key words: Chronic Chagas’ Disease, stress, Resilience, Health Psychology.

Introdução gásicos. Estima-se que aproximadamente 15


milhões de pessoas estejam infectadas na
A doença de Chagas (DC), causada América Latina (WHO, 2002), 1,9 milhão
pelo protozoário Trypanosoma cruzi (T. cru- delas no Brasil (OPS, 2004). Ou seja, ape-
zi) é uma doença crônica que até o momen- sar do controle da transmissão, existe ain-
to não conta com tratamento etiológico da um contingente de pessoas infectadas,
completamente eficaz e sem efeitos colate- cientes ou não, que precisam de atendimen-
rais. É considerada uma das enfermidades to nos serviços de saúde (Araújo & colabo-
humanas mais relacionadas com o subde- radores, 2000; Araújo & colaboradores,
senvolvimento e a pobreza, o que torna crí- 2002).
tica a situação de milhões de pacientes cha- Segundo Ribeiro e Rocha (1998), mui-

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ta controvérsia existe sobre os fatores que tindo-lhe a sobrevivência ou a sobrevida.
poderiam influenciar o surgimento de sin- Ainda de acordo com esta autora, o agente
tomatologia na doença de Chagas, já que estressor nem precisa estar presente para
alguns pacientes evoluem para as formas desencadear uma reação de estresse em se-
clínicas mais graves, enquanto outros per- res humanos, visto que o simples fato da
manecem assintomáticos por toda vida. pessoa imaginar ou antecipar sua ocorrên-
Brener, Andrade e Barral-Netto (2000) cia, a leva a vivenciar ou sofrer antecipada-
relatam que a relação parasita-hospedeiro mente, entrando em processo de estresse.
pode influenciar no surgimento dos sinto- Pinheiro (2004) relata que pessoas com
mas em pessoas infectadas pelo T. cruzi. trajetórias semelhantes diferenciam-se pelo
Hueb e Loureiro (2005) observam prejuí- fato de algumas conseguirem superar as cri-
zos cognitivos e psicossociais associados à ses enquanto outras não conseguem. Grot-
DC, os quais chamam a atenção para o im- berg (2005), afirma que pessoas resilientes
pacto da doença sobre o portador e as con- são capazes de enfrentar adversidades e que
dições contextuais perpetuadoras de misé- a resiliência reduz a intensidade do estres-
ria e de vergonhas. Quanto ao comprome- se e de sinais emocionais negativos, como a
timento de aspectos psicossociais relacio- ansiedade, depressão ou raiva, ao mesmo
nados à enfermidade, Araújo e colabora- tempo em que aumenta a curiosidade e a
dores (2000), apontam para a presença de saúde mental.
indicadores de medo, de redução da auto- A resiliência pode ser definida como
estima, de estigma frente à doença, além uma capacidade universal que possibilita a
de prejuízos na qualidade de vida e na con- pessoa, grupo ou comunidade prevenir, mi-
vivência com a família e o grupo social. nimizar ou superar os efeitos nocivos das
O desenvolvimento da sintomatologia adversidades, inclusive saindo dessas situa-
para a DC pode, portanto, estar relaciona- ções fortalecida ou até mesmo transforma-
do a processos psicológicos, como o estres- da, porém não ilesa (Grotberg, 1995). É ca-
se e a resiliência. De acordo com Borràs racterizada como um conjunto de proces-
(1995), a exposição a acontecimentos ou sos sociais e intrapsíquicos que possibilitam
circunstâncias vitais estressoras podem in- ter uma vida saudável vivendo em um am-
terferir no funcionamento do sistema imu- biente insano, se tratando então de um pro-
ne, aumentando a vulnerabilidade do or- cesso interativo entre o indivíduo e o meio
ganismo à enfermidade, o que poderia ex- em que este vive, integrando ingredientes
plicar a relação entre a ocorrência de acon- psicológicos, sociais, emocionais, cognitivos,
tecimentos estressores psicossociais e o sur- culturais, éticos, entre outros (Rutter, 1993).
gimento de sintomas em diversas doenças. A resiliência envolve fatores de risco e
Segundo Belloch, Sandín e Ramos de proteção. Para Rutter (1985), os fatores
(1995), a concepção teórica mais aceita pe- de risco são os acontecimentos estressan-
los estudiosos é a que o estresse é visto como tes da vida, tais como a pobreza, as perdas
um processo interativo entre o indivíduo e afetivas, as enfermidades, o desemprego, as
a situação em que ele se encontra, envol- guerras, as calamidades, entre outros. Se-
vendo, portanto, as relações particulares que gundo o autor, os fatores de proteção são
a pessoa estabelece na vida. Benevides-Pe- as influências que modificam, melhoram ou
reira (2002), afirma que estresse e agente alteram a resposta de uma pessoa a algum
estressor são dois elementos distintos do pro- perigo que predispõe a um resultado não
cesso de estresse, pois, enquanto o agente adaptativo. Estes fatores referem-se a carac-
estressor pode ter um caráter físico, cogni- terísticas que parecem mudar ou reverter
tivo ou emocional, que venha a interferir circunstâncias potencialmente negativas.
no equilíbrio homeostático do organismo, Entre os principais fatores de proteção es-
o estresse é a resposta a este estímulo e tem tão: relações parentais satisfatórias, dispo-
a função de ajustar a homeostase e de me- nibilidade de fontes de apoio social, auto-
lhorar a capacidade do indivíduo, garan- imagem positiva, crença ou religião, favo-

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recimento da comunicação e colaboração nica, cadastradas no Laboratório de Doen-
na resolução de problemas (Pinheiro, 2004). ça de Chagas da Universidade Estadual de
Rutter (1987) acrescenta que os mesmos Maringá (LDC/UEM) no período de 12/
estressores podem ser experienciados de ma- 1997 a 09/2004. A população total de indi-
neira diferentes por diferentes pessoas. Ou víduos cadastrados no LDC/UEM, da qual
seja, fator de risco para alguns pode não ser a mostra foi obtida, era de 373 portadores
para outros, assim como acontece com os fa- de DC crônica.
tores de proteção. Kotliarenco, Cáceres e Fon-
tecilla (1997), observam que os fatores de pro- Instrumentos
teção não são necessariamente experiências Um Questionário Sócio-Demográfico
positivas ou benéficas, visto que em certas cir- elaborado pelas autoras para obtenção dos
cunstâncias, os eventos potencialmente es- dados e questões pessoais (sexo, idade, rela-
tressantes e perigosos podem fortalecer os in- cionamento afetivo estável ou não, filhos), pro-
divíduos frente a situações similares. fissionais (categoria profissional, situação de
Conforme afirma Stoudemire (2000), trabalho) e referentes à doença de Chagas
embora seja complexa a verificação de as- (reação ao saber do diagnóstico, se a doença in-
sociações precisas, fatores psicológicos afe- terfere na vida cotidiana, sintomas sim ou não).
tam o início, a evolução e o tratamento da O Inventário de Sintomas de Estresse
maioria das condições médicas. (ISE), de Benevides-Pereira e Moreno-Jimé-
A DC, enfermidade crônica capaz de nez (2002), apresenta afirmações relativas aos
desenvolver diversas lesões graves em dife- sintomas referenciados na literatura como
rentes órgãos, com conseqüências impor- freqüentes ou característicos de estresse na
tantes para a sobrevida de seus portadores, vida diária. O instrumento compreende 27
não dispõem de tratamento completamen- itens, sendo 07 referentes ao Fator sintomas
te eficaz e o controle de cura não está esta- físicos de estresse (SF) e os demais ao Fator
belecido (Brener & colaboradores, 2000).
sintomas psicológicos de estresse (SP). Em
Além disto, de acordo com Hueb e Lourei-
uma amostra de 1114 pessoas, tendo
ro (2005), em quase três décadas apenas dez
40,487% da variância acumulada explicada,
artigos relativos à associação da doença com
sendo que os itens da escala de sintomas
o funcionamento psicossocial dos portado-
psicológicos apresentaram saturações entre
res foram identificados na literatura inde-
xada, o que poderia estar refletindo, segun- 0,754 e 0,390 e a física de 0,725 a 0,330 com
do os autores, o pouco interesse no estudo alfas de Cronbach de á=0,9236 e á=0,7697
destes aspectos associados à DC. respectivamente, revelando adequada con-
Deste modo, fica evidente a necessida- sistência interna bem como validade de cons-
de de estudos que avaliem os prejuízos psi- tructo. Os valores médios da padronização
cossociais associados à DC assim como pen- brasileira são estimadas entre: SF de 4 a 8 e
sar outras alternativas de abordagem de pa- SP de 16 a 27.
cientes acometidos pela infecção chagásica. O Inventário de Resiliência (IR) se-
O objetivo deste estudo foi comparar gundo Benevides-Pereira1 , é composto por
o nível de sintomas físicos e psicológicos 25 afirmações divididas em cinco fatores:
de estresse e de fatores relacionados a resi- Fator 1 (F1), referente à desesperança e difi-
liência em portadores da doença de Cha- culdades emocionais; Fator 2 (F2): assertivi-
gas crônicos, sintomáticos e assintomáticos. dade; Fator 3 (F3): tenacidade e inovação;
Fator 4 (F4): empátia e Fator 5 (F5): sensibili-
dade emocional. Este instrumento apresen-
Método tou 46,444% de variância acumulada ex-
plicada com saturações e alfas de Cronba-
Sujeitos
___________
A amostra foi constituída por 100 pes- 1 Benevides-Pereira AMT, Inventário de Resiliência.
soas portadoras da doença de Chagas crô- Maringá, 2004. Dados inéditos não publicados.

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ch de: F1: -0,711 a -0,461, constando de 7 foram agendadas previamente em dia e
itens (á=0,7309); F2: 0,790 a 0,6297 cons- hora marcados em local combinado com
tando de 4 itens (á=0,6946); F3: 0,664 a o participante e tiveram duração média
0,330, constando de 9 itens (á=,7327); F4: de vinte minutos. Todos os instrumentos
0,739 a 0,479, constando de 3 itens foram aplicados somente por uma das
(á=,5939) e F5: -0,761 a -0,742, constan- autoras, o que garantiu a uniformidade
do de 2 itens (á=0,6086), indicando satis- no contato e na coleta de dados.
fatória qualidade psicométrica. Na popu- As análises foram realizadas de acordo
lação brasileira os valores médios para cada com a padronização e validação de cada
fator foram estimados em: F1 de 13 a 18, instrumento. Em relação aos fatores do ISE
F2 de 12 a 14, F3 de 33 a 37, F4 de 9 a 11 e e do IR, foram considerados como de alta
F5 de 6 a 8,. dimensão valores acima da média superior.
Valores dentro do intervalo da média foram
Procedimentos considerados de dimensão moderada e os
Para a composição da amostra foi re- valores abaixo da média inferior foram con-
alizada busca ativa, no período de junho siderados de dimensão reduzida.
a setembro de 2004, por meio de cartas, Para análise dos dados foram utiliza-
telefonemas, visitas domiciliares e às Uni- dos os testes t de Student para comparação
dades Básicas de Saúde (UBS). Após os de variáveis com dois grupos, ANOVA para
participantes serem esclarecidos a respeito comparação de variáveis que continham
dos objetivos da pesquisa, assinaram o mais de dois grupos, regressão linear atra-
termo de consentimento aprovado pelo vés de passos sucessivos para observar va-
Comitê de Ética em Pesquisas Envolven- riáveis preditoras de sintomatologia de es-
do Seres Humanos da Universidade Es- tresse ou resiliência e teste Qui-quadrado
tadual de Maringá. A presença de sinto- (Coeficiente de Pearson) para estudar a re-
matologia para DC foi averiguada pela lação entre variáveis qualitativas. Foram
consulta aos prontuários médicos dos destacadas preferencialmente as compara-
portadores de DC participantes. Foram ções entre portadores sintomáticos e assin-
considerados assintomáticos ou na forma tomáticos, em nível de 5% de significância.
crônica indeterminada da doença de Cha-
gas, de acordo com os critérios estabele-
cidos para a sua caracterização (Ribeiro Resultados
& Rocha, 1998; Neves, 2000), os indiví-
duos infectados que apresentavam posi- Os resultados referentes às variáveis só-
tividade sorológica e/ou parasitológica cio-demográficas distribuídas em três ca-
para doença de Chagas, ausência de sin- tegorias, “Pessoal”, “Profissional” e “Sobre
tomas e/ou sinais da moléstia, eletrocar- a Doença de Chagas”, são apresentados a
diograma convencional normal e estudos seguir. Quanto à categoria “Pessoal”, dos
radiológicos do coração, esôfago e cólon 100 participantes, 53 eram do sexo femini-
normais. Foram considerados na fase crô- no (53%). A idade variou entre 20 e 86 anos,
nica sintomática da DC os entrevistados (x=55,19 anos). Dos entrevistados, 73%
que apresentaram sintomatologia relaci- possuíam um relacionamento afetivo estável,
onadas com o sistema cardiovascular (for- 91% tinham filhos. Em relação ao nível edu-
ma cardíaca), digestivo (forma digestiva) cacional, 56% das pessoas não possuíam es-
ou ambos (forma cardiodigestiva ou mis- colaridade e apenas 2% realizaram estudos
ta), segundo os critérios estabelecidos e universitários.
apresentados por Neves (2000) e Ribeiro Considerando a categoria “Profissio-
e Rocha (1998). A recusa em participar nal”, quanto à situação de trabalho, 29%
do estudo foi o único critério de exclusão eram aposentados, 17% estavam na infor-
considerado. As entrevistas individuais malidade (artesãos, “do lar”, voluntários

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em igrejas e comunidades, trabalhadores IR x=20,42; F 2 /IR x=11,90; F 3 /IR
do campo) e 25% eram contratados legal- x=33,93; F4/IR x=8,86; F5/IR x=6,76.
mente, sendo que, destes, 7% eram funci- Portadores de DC sintomáticos e as-
onários da construção civil e 8% emprega- sintomáticos não apresentaram diferenças
dos domésticos. Reclassificando o grupo significativas quanto aos valores médios
quanto a escolaridade necessária para a para os fatores do ISE quando considera-
execução da atividade laboral, foi observa- das as variáveis sócio-demográficas das ca-
do que 61% dos entrevistados exerciam tegorias “Pessoal” e “Profissional”. Para o
atividades que não exigiam muitos anos IR não foram significativas as diferenças
de estudo. entre os grupos acima referidos para as va-
Na categoria “Sobre a Doença de Cha- riáveis sócio-demográficas: sexo, relaciona-
gas”, a informação a respeito da reação ao mento afetivo e filhos.
saber do diagnóstico da DC mostrou que o
choque e/ou medo de morrer foi a reação re- A distribuição das dimensões para os
ferida para 48% dos entrevistados. Respon- fatores de estresse (ISE) e de resiliência
deram que a doença de Chagas interferia na (IR) podem ser observadas na Tabela 1.
vida atual 38% dos casos. Metade dos par- Notou-se que das pessoas entrevistadas,
ticipantes (50%) apresentou sintomatologia 44% apresentavam alta dimensão para sin-
relacionada à doença de Chagas. tomas psicológicos de estresse, 39% para
Com relação aos instrumentos utiliza- os sintomas físicos de estresse e 69% apre-
dos para a coleta de dados, as médias de sentavam dimensão alta para F1, fator in-
pontos obtidas para o grupo em estudo fo- dicativo de sentimentos de desesperança e di-
ram: SP/ISE x=25,31; SF/ISE x=7,88; F1/ ficuldades emocionais.
Tabela 1 – Distribuição das dimensões do ISE e IR por fator em portadores de doença de Chagas crônica de Maringá
e Região Noroeste do Paraná.

Legenda: ISE= Inventário de Sintomatologia de Estresse; SP= Sintomas psicológicos, SF= Sintomas físicos, ISE=
Inventário de Sintomas de Estresse, F1= Referente à desesperança e dificuldades emocionais, F2= Capacidade de
assertividade, F3= Capacidade de tenacidade e inovação, F4= Capacidade empática, F5= Capacidade extremada de
reação emocional, IR= Inventário de Resiliência

A Tabela 2 mostra a distribuição e cru- mas para DC, mostravam alta dimensão de
zamento entre as variáveis sócio-demográ- sintomas psicológicos de estresse. Da mes-
ficas Doença interfere na vida atual ou Sinto- ma forma, 52% (26) dos sintomáticos para a
mas da DC e os fatores dos instrumentos DC apresentavam alta dimensão de sinto-
ISE e IR considerando as dimensões des- mas físicos de estresse. Estas diferenças fo-
tes, analisadas pelo teste do Qui-quadrado ram estatisticamente significativas entre os
(Coeficiente de Pearson). Dos entrevistados, grupos de sintomáticos e assintomáticos
60% (30) daqueles que apresentavam sinto- para DC.

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Tabela 2 – Distribuição e cruzamento entre as variáveis sócio-demográficas Sintomas da DC e Doença interfere na vida
atual e os instrumentos ISE e IR em portadores de DC de Maringá e Região do Paraná.

Legenda: SP= Sintomas Psicológicos e SF= Sintomas Físicos; IR= Inventário de Resiliência; F1= Referente a desespe-
rança e dificuldades emocionais e F3= capacidade de tenacidade e inovação.

Em relação aos fatores do IR, 76% foram estatisticamente significativas, com


(38) dos entrevistados sintomáticos para exceção da última comparação.
DC apresentavam dimensão elevada de F1 Considerando o cruzamento entre as
(p=0,210). Da mesma forma, 78,9% (30) variáveis: doença interfere na vida atual e sin-
dos que afirmavam que a doença interferia tomas da DC, dos 38 portadores que afir-
na vida atual apresentavam dimensão ele- mavam que a doença interferia na vida atu-
vada de F1 (p=0,116), bem como médias al, 32 (84,2%) apresentavam sintomas da
mais elevadas em sintomas psicológicos DC. Na Tabela 3 pode ser observado que
de estresse (t=3,482, p=0,001). Dos en- dos 30 entrevistados sintomáticos que re-
trevistados, 40% (20) revelavam sintomas velavam dimensão elevada de estresse psi-
da DC e F 3 em dimensão reduzida cológico, 20 (66,7%) asseveravam que a
(p=0,122) e 52,6% (20) dos que afirma- doença interferia na vida atual. Das 26
vam que a doença interferia na vida atual pessoas sintomáticas para DC que deno-
denotavam também F3 em dimensão re- tavam alta dimensão de sintomas físicos
duzida (p=0,001). Em todas estas com- de estresse, 17 (65,4%) relatavam que a
parações o grupo de portadores sintomá- doença interferia em sua vida atual. A di-
ticos apresentava maior percentagem para ferença entre grupo que apresentava sin-
F1 e menor para F3 que o grupo de assin- tomas da DC e o que não apresentava foi
tomáticos. No entanto as diferenças não significativa em nível de 5%.

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Tabela 3 – Distribuição e cruzamento entre as variáveis sócio-demográficas Doença interfere na vida atual e Sintomas da
DC e o instrumento ISE em portadores de DC de Maringá e Região do Paraná.
Nº de respostas afirmativas para Variável Sintomas
Instrumento – ISE variável Doença interfere na Portadores Nível de significância
vida atual da DC

Fator Dimensão Total N no Fator /Instrumento Grupo Total N % p


sim 30 20 66,7
SP alta 38 24 0,033
não 14 04 30,8

sim 26 17 65,4
SF alta 38 22 0,015
não 13 03 23,1
Legenda: ISE= Inventário de Sintomatologia de Estresse; SP= Sintomas Psicológicos e SF= Sintomas Físicos

No Gráfico l, é apresentada a compa- e F3/IR x=33,12; t=-2,041; p=0,044) em


ração de médias dos fatores do ISE e IR relação às médias dos assintomáticos (F1/
em portadores da doença de Chagas em IR x=19,34 e F3/IR x=34,74).
relação à variável sócio-demográfica Sinto- A análise de regressão linear, por meio
mas da DC. Portadores sintomáticos da DC de passos sucessivos, não detectou qualquer
apresentavam médias (SP/ISE x=31,04; variável sócio-demográfica predisponente
t=3,769; p=0,000 e SF/ISE x=9,38; para estresse psicológico e físico quando con-
t=2,742; p=0,007) significativamente mais sideradas as categorias “Pessoal” e “Profissi-
elevadas de sintomas psicológicos e físicos onal”. Com relação à categoria “Sobre a Do-
de estresse que os assintomáticos (SP/ISE ença de Chagas”, as variáveis sintomas da DC
x=19,58 e SF/ISE x=6,38). Quanto à resili- e a reação ao saber do diagnóstico foram pre-
ência, os indivíduos com sintomas da DC disponentes ao desenvolvimento de sinto-
apresentavam média mais elevada para o mas psicológicos de estresse (R2=0,114;
fator F1, referente à desesperança e dificulda- 38,87; t=4,579; p=0,000 e R2=0,91;
des emocionais e média mais baixa para F3 42,04; t=7,978; p=0,000 respectivamen-
que se refere à capacidade de tenacidade e te). O mesmo não ocorreu para os sinto-
inovação (F1/IR x=21,50; t=2,806; p=0,006 mas físicos de estresse.
Gráfico 1 – Comparação de médias dos fatores do ISE e IR em portadores de doença de Chagas crônica de Maringá
e Região Noroeste do Paraná em relação à variável sócio-demográfica Sintoma da DC.
Média de Pontos Alcançados nos

40
35
**
30 **
Instrumentos

25
20
**
Sintomáticos
15
Assintomáticos
10 **
5
0
SP/ISE SF/ISE F1/IER F3/IER

Fator/Instrumento

Legenda: ISE = Inventário de Sintomas de Estresse, SP = Sintomas psicológicos, SF = Sintomas físicos, IR = Inventário
de Resiliência, F1 = Referente à desesperança e dificuldades emocionais, F3 = Capacidade de tenacidade e inovação.
* = diferença significativa (p < 0,05).

Quanto aos fatores de resiliência, as doença interfere na vida atual (R 2=0,19;


variáveis sócio-demográficas nível educacio- 31,07; t=-2,623; p=0,000) e situação de
nal (R2=0,21; 23,13; t=-3,057; p=0,004), trabalho (R 2 =0,31; =26,37; t=-2,210;

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p=0,034) mostravam-se predisponentes ao Esta média foi superior a 37,78 anos obser-
desenvolvimento de sentimentos de deses- vada por Gontijo e colaboradores (1996),
perança e dificuldades emocionais (F1) em por- para chagásicos atendidos em ambulatório
tadores de DC. A variável sócio-demográfi- de referência para DC de Belo Horizonte/
ca reação ao saber do diagnóstico (R2=0,16; MG. Este fato pode ser explicado conside-
7,80; t=2,380; p=0,024) denotava ser rando os locais em que foi realizada a bus-
predisponente para o desenvolvimento da ca ativa para a composição da presente
capacidade de assertividade (F2). A variável amostra. A DC nem sempre é a primeira
sócio-demográfica situação de trabalho causa de cadastramento nos serviços de
(R2=0,11; =32,27; t=2,162; p=0,038) era saúde, pois nesta faixa etária as pessoas
predisponente ao desenvolvimento da ca- procuram estes serviços para prevenção ou
pacidade de tenacidade e inovação (F3). tratamento de outras doenças (hipertensão,
A análise por meio da ANOVA não diabetes, doenças reumáticas) que podem
denotou diferença significativa para os fa- surgir com o envelhecimento (Cianciarullo,
tores do ISE em relação as variáveis sócio- Gualda, Cunha & Silva, 2002).
demográficas pesquisadas. Quanto aos fa- Com relação ao nível educacional, 56%
tores do IR, foi verificado que a variável dos entrevistados não possuíam escolarida-
sócio-demográfica nível educacional foi sig- de e apenas 2% cursaram a universidade.
nificativa para F1 (F=5,609; p=0,000), mos- Este dado está de acordo com Gontijo e
trando médias mais elevadas entre os sem colaboradores (1996), que afirmam ser o
escolaridade (x=21,25) e entre os que cur- chagásico indivíduo com baixo nível de es-
saram o ensino fundamental (x=20,87), di- colaridade.
minuindo sensivelmente entre os que con- Quanto à situação de trabalho, 29% es-
cluíram cursos universitários (x=14,00). tavam aposentados e antes da aposentado-
ria desenvolviam atividades braçais ou que
não necessitavam de alto nível de instru-
Discussão ção formal. Este dado vem ao encontro dos
estudos realizados por outros autores que
Este trabalho mediu, ao mesmo tem- descrevem esta doença como limitante e
po, os sintomas psicológicos e físicos de que, portanto, pode ser a causa de aposen-
estresse e fatores relativos a resiliência em tadorias precoces de seus portadores sinto-
portadores de DC divididos em dois gru- máticos (Araújo & colaboradores, 2000;
pos, sintomáticos (50%) e assintomáticos Araújo & colaboradores, 2002; Neves, 2000).
(50%) em relação a enfermidade, compa- Além disso, 61% dos entrevistados desen-
rando-os entre si. volviam trabalhos que não exigiam muitos
Em relação à amostra, das 373 pessoas anos de estudo. Este dado está relacionado
portadoras de DC cadastradas no LDC/ ao fato da DC ser característica de popula-
UEM, 100 (26,8%) foram entrevistadas, sen- ções de baixa renda e com baixo nível de
do que destas, 50 (50%) apresentaram sin- escolaridade (Gontijo & colaboradores,
tomas para DC. Este percentual está de acor- 1996; Neves, 2000; Ribeiro & Rocha, 1998).
do com dados da literatura, visto que diver- Foi observado que no total, 62% dos
sos autores (Brener & colaboradores, 2000; entrevistados afirmavam que o diagnóstico
Gontijo, Rocha & Oliveira, 1996; Ribeiro & era motivo de preocupação sendo o choque
Rocha, 1998) citam que 50% a 69% dos in- e/ou medo de morrer referido para 47% dos
divíduos infectados pelo T. cruzi apresentam entrevistados. Este dado está de acordo com
sintomas relacionados à doença, enquanto outros autores (Araújo & colaboradores,
o restante permanece assintomático (forma 2000; Uchoa, Firmo, Dias, Pereira & Gonti-
indeterminada) indefinidamente. jo, 2002) que citam que de maneira geral a
A média de idade dos participantes notícia da soro-positividade é recebida com
observada neste estudo era de 55,19 anos. surpresa, medo, apreensão ou desespero. A

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falta de informação sobre a DC e o estigma Em relação à resiliência, é importante
da doença colaboraram para a ocorrência salientar que não houve nenhum caso na
desta resposta no presente estudo. Muitos amostra que apresentasse o fator F1 em di-
participantes responderam que o choque e/ mensão reduzida. Este resultado sugere que
ou o medo de morrer foram tão grandes no o fato de ser portador da DC, independente
momento após o diagnóstico que até a data de apresentar ou não sintomas da infecção
da entrevista os familiares não sabiam que o no momento, fez com que todos os entre-
entrevistado era portador da DC. vistados manifestassem sentimentos de de-
Com relação aos instrumentos utiliza- sesperança e dificuldades emocionais em
dos para a coleta de dados, ISE e IR, as dimensão alta ou moderada. Deve ser ainda
médias de pontos obtidas para o grupo em destacado que os portadores sintomáticos da
estudo estão de acordo com as médias dos DC apresentavam mais constantemente di-
estudos brasileiros referidos. mensão elevada de F1 e reduzida de F3 ale-
As variáreis sócio-demográficas das gando com maior freqüência que a doença
categorias “pessoal” e “profissional” não interferia na vida atual. Embora a diferença
apresentavam diferenças significativas en- não tenha sido significativa, estes achados
tre os portadores sintomáticos e assintomá- são importantes uma vez que portadores sin-
ticos em relação ao estresse. Para as pessoas tomáticos para DC apresentavam médias
que denotavam sintomatologia da DC foi mais elevadas que os assintomáticos para F1
observado que estas refletiam índices mais e mais baixas para F3. Estes resultados estão
elevados de sintomas psicológicos de estres- em concordância com Uchôa e colaborado-
se, maior inclusive do que a presença de res (2002) que afirmam que a insegurança e
sintomas físicos, revelando a importância a depressão surgem em conseqüência do que
deste fator para o agravamento do quadro é vivido como imutável.
existente. Rutter (1985) aponta que estres- Vários autores (Araújo & colaborado-
sores adicionais aumentam o impacto de res, 2000; Araújo & colaboradores, 2002;
outros estressores presentes. Uchôa & colaboradores, 2002) relatam que
Este resultado vem confirmar o que foi ser chagásico implica em conviver com uma
descrito em outros trabalhos sobre a rela- doença crônica que traz consigo o medo
ção entre desenvolvimento de sintomas de da morte, inclusive a morte súbita, além do
estresse e agravamento de enfermidades sofrimento antecipado em relação ao sur-
crônicas (Belloch & colaboradores, 1995; gimento de sintomas. Este fato pode levar
Borràs, 1995; Cantero & Brisach, 1998). Foi a mudanças no cotidiano e no estilo de vida
ainda observado que portadores sintomáti- de seus portadores.
cos para DC, além de apresentarem alta di- A presença de sintomas da DC foi fator
mensão de SP e SF, asseveravam com mai- de risco para o desenvolvimento de senti-
or freqüência que a DC interferia na vida mentos de desesperança e dificuldades emo-
atual. Este resultado concorda com os acha- cionais, diminuição da capacidade de tena-
dos de Uchôa e colaboradores (2002) que cidade e inovação. Os indivíduos infectados
afirmam que o conhecimento do diagnós- pelo T. cruzi estão expostos a uma situação
tico desencadeia muita apreensão em fun- de risco, já que a doença de Chagas é relaci-
ção de uma concepção de doença associa- onada à pobreza e estigmatizada socialmen-
da a limitações progressivas, à inexistência te. Segundo Kotliarenco e colaboradores
de tratamento eficaz e a idéia de que a mor- (1997), a pobreza e/ou o fato de pertencer a
te pode ocorrer a qualquer momento. Além grupos minoritários significa estar exposto
disto, segundo estes autores, o fato da DC a situações de risco que, dependendo dos
comprometer órgãos como coração e de fatores de proteção disponíveis e dos recur-
repercutir negativamente sobre a vida pro- sos de enfrentamento, podem contribuir
fissional dos indivíduos infectados é consi- para a baixa capacidade de resiliência.
derado como o principal agravante da DC. A reação ao saber do diagnóstico para DC

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e a presença de sintomas da DC mostraram Chagas acaba transformando toda a vida
ser variáveis sócio-demográficas predispo- do indivíduo, pois leva à mudança negati-
nentes para o aparecimento dos sintomas psi- va de atitude frente à vida. Estes autores
cológicos de estresse e/ou da capacidade de acrescentam que a consciência da vulnera-
assertividade. Este dado vem confirmar que bilidade imposta pela DC transforma a re-
em seres humanos o agente estressor não lação do indivíduo com sua própria vida e
precisa estar presente para que o estresse se abala a percepção que ele tem de si mesmo,
desenvolva (Belloch & colaboradores, 1995; de seus recursos e de suas capacidades.
Benevides-Pereira, 2002; Uchôa & colabo-
radores, 2002). O sofrimento antecipatório
apresenta-se como um componente impor- Conclusão
tante, podendo desencadear o processo de
estresse, com pensamentos negativos sobre Os portadores sintomáticos para a do-
a própria vida e conseqüentemente agravar ença de Chagas crônica apresentam mais
o quadro existente. sintomas psicológicos e físicos de estresse e
As variáveis nível educacional, situação de menor capacidade de resiliência que os in-
trabalho e doença interfere na vida atual foram divíduos assintomáticos infectados pelo T.
predisponentes ao desenvolvimento de sen- cruzi. A baixa resiliência foi expressa por
timentos de desesperanças e dificuldades sentimentos de desesperança e dificulda-
emocionais bem como diminuição da capa- des emocionais e menor capacidade de te-
cidade de tenacidade e inovação. Como o nacidade e inovação.
nível educacional elevado é considerado fa- Este estudo aponta para o fato de que
tor de proteção envolvido no processo de re- a baixa resiliência predispõe conseqüente-
siliência (Kotliarenco & colaboradores, 1997; mente à ocorrência do desenvolvimento
Melillo & Ojeda, 2005; Pinheiro, 2004), a bai- dos sintomas de estresse, principalmente
xa escolaridade observada no grupo estuda- os de cunho psicológico, levando, portan-
do contribuiu para que os chagásicos sinto- to, à predisposição do surgimento de sin-
máticos apresentassem esses sentimentos e tomas de DC, os quais estão diretamente
dificuldades. Nos indivíduos com melhor
relacionados a uma maior morbidade.
escolaridade este fator estava diminuído.
As intervenções preventivas, psicoló-
Considerando os resultados, os sinto-
gicas ou psicossociais, que se ocupem da
máticos para a DC relatavam ser a situação
detecção precoce e oportuna de sintomas
de trabalho muito difícil, visto que além de
emocionais bem como de recuperação psi-
exercerem atividades que proporcionam bai-
xa remuneração, muitos ainda tinham que cológica de doenças físicas, podem vir a ser
se deparar com aposentadoria precoce por importantes fontes de ajuda, na medida em
invalidez (Araújo & colaboradores, 2000; que podem fornecer estratégias de enfren-
Araújo & colaboradores, 2002; Ribeiro & tamento diante do processo da doença, as-
Rocha, 1998; Uchôa & colaboradores, 2002). sim como ao estresse associado a esta.
A situação de trabalho, junto com a baixa A compreensão do paciente chagásico
escolaridade, neste caso, deve ser conside- com relação à própria doença deve ser vista
rada como um fator de risco ao desenvolvi- dentro de uma realidade que vai além da
mento de sintomas de estresse e da baixa compreensão do fisiológico. As questões de
capacidade de resiliência, dado este também cuidados preventivos que poderiam retardar,
relatado por Yunes (2003) e Pinheiro (2004). amenizar ou mesmo evitar o surgimento dos
A variável doença interfere na vida atual sintomas em DC, provavelmente demandam
foi predisponente à baixa capacidade de conhecimentos e atitudes que extrapolam os
resiliência. Este resultado confirma o que recursos e oportunidades que caracterizam
relatam Uchôa e colaboradores (2002). Es- a vida de seus portadores, já que é conside-
tes autores afirmam que o conhecimento rada uma enfermidade associada à pobreza
do diagnóstico positivo para doença de e ao subdesenvolvimento.

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Fazem-se necessárias medidas que Saúde na família e na comunidade. São Paulo:
instrumentem as práticas educativas de saú- Robe Editorial.
de, assim como os serviços e os profissio- Gontijo, E. D., Rocha, M. O. C., & Oliveira,
nais da área, visando maior acesso as infor- V. T. (1996). Perfil clínico-epidemiológico
mações e ao tratamento da DC, propician- de chagásicos atendidos em ambulatório de
do a diminuição do estigma da doença e referência e proposição de modelos de aten-
do estresse associado a ela. ção ao chagásico na perspectiva do SUS.
De outra parte, é preciso repensar as Revista da Sociedade Brasileira de
políticas públicas, visando proporcionar MedicinaTropical, 29, 101-108.
sentimento de esperança de um futuro Grotberg, E. (1995). A guide to promoting
melhor, com melhoria na qualidade de vida resiliense in children: strengthening the human
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