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Resumo do tema: Fisiopatologia da ansiedade e dos transtornos do humor

Aluno: João Gabriel Oliveira Rosa

Homeostase é o termo utilizado para se referir a um estado em que o


organismo se encontra funcionando de forma harmônica. Entendê-la é
fundamental para entender-se o conceito de estresse, tendo em vista que esse
é o rompimento da própria, pois sempre que a homeostase é quebrada, por
qualquer razão que seja, estamos sob uma condição de estresse. Essa
alteração se aplica a qualquer fator. Pode ser uma febre, que altera a
temperatura e os hábitos alimentares; pode ser uma maratona, que altera a
frequência cardíaca e respiratória; ou pode ser uma preocupação com um
compromisso do trabalho, que altera as faculdades mentais. Logo, todos esses
exemplos são tipos diferentes de estresse, pois alteram o estado da
homeostase. A visão mais clássica do estresse psicológico compreende que
ele é formado por três fases distintas, sendo elas:
1° - Fase de alerta. Aumento da adrenalina consequente de um estímulo
estressor forte.
2° - Fase de resistência. Na continuidade do estímulo estressor, o organismo
usa toda energia para se reequilibrar, consequentemente, há a redução da
liberação de adrenalina e o aumento de corticosteróides, fazendo assim com
que o organismo fique mais fraco e suscetível a doenças.
3° - Fase de exaustão. Exaustão do organismo podendo acarretar distúrbios
psicológicos e doenças.
Embora o nosso organismo esteja bastante adaptado ao estresse agudo
(estresse que surge de repente e dura pouco tempo), não é possível dizer o
mesmo sobre o estresse crônico (estresse que se alarga ao longo dos dias).
Na condição crônica, que ocorre sempre que o agente estressor não é
resolvido rapidamente, o estresse pode precipitar várias doenças autoimunes,
dermatológicas e até cardiovasculares, além de fomentar episódios de
depressão. Contudo, é preciso parar de nutrir uma visão eminentemente
negativa acerca do estresse, pois o estresse, principalmente o agudo, é
bastante funcional, e um exemplo simplório disso é o orgasmo.
O dicionário de psicologia da APA define o humor como uma tendência a
responder emocionalmente às situações do cotidiano de uma determinada
forma, que permanece estável ao longo de horas, dias ou semanas. Logo, ele
difere do conceito de emoção, pois emoções têm gatilhos específicos. Já no
caso do humor, não há gatilhos específicos, o indivíduo simplesmente está
bom ou mau humor. Contudo, é fato que o humor influenciará o tipo de emoção
que você sentirá ao longo do tempo. Antes de falarmos sobre os transtornos do
humor, é importante esclarecer os tipos de humor, que são:
Humor eutímico (ou eutimia) – É quando o humor está equilibrado (lembrando
que a “linha reta" não existe);
Humor depressivo (ou depressão) – É quando o humor está significativamente
rebaixado;
Humor maníaco (ou mania) – É quando o humor está significativamente
aumentado.
Quando se diz que o humor está rebaixado ou aumentado, isso não significa
que a pessoa esteja sob efeito de uma tristeza ou alegria. Tristeza, alegria,
medo, raiva, nojo, desprezo, surpresa, inveja, culpa, vergonha, ciúmes,
orgulho... Todas essas emoções que fazem parte do nosso repertório e têm até
sua função em determinados contextos. A disfunção reside numa tendência a
manifestar sempre (ou quase sempre) um tipo de emoção, mesmo em
contextos nos quais outras emoções seriam mais adaptativas. Dito isso, iremos
ver com mais detalhes os transtornos de humor:
Depressão – É um dos transtornos do humor e talvez a condição psiquiátrica
mais frequente na população. Sua característica principal é o rebaixamento
crônico do humor, que faz com que o indivíduo apresente uma redução na
volição ou vontade para realizar atividades cotidianas (anedonia), redução no
nível de prazer decorrente de atividades outrora prazerosas e desesperança
em relação ao presente e futuro. Ainda, a depressão está relacionada a
determinadas alterações neuropsicológicas que, por vezes, explicam a
manutenção dos sintomas. A saber, a severidade do quadro depressivo
correlaciona-se com déficits mais acentuados em várias funções cognitivas,
mas sobretudo na memória episódica, nas funções executivas e na velocidade
de processamento. Além disso, alterações na cognição social também já foram
descritas em pacientes depressivos. Devido ao comprometimento nesse
processo, é possível que pacientes com depressão apresentem dificuldades de
compreender o mundo social.
Transtorno afetivo bipolar (TAB) – É outro transtorno de humor, mas bem
menos frequente na população. Sua característica principal é a oscilação entre
estados de mania e de depressão, com durações variáveis. Ainda, apresenta
dois tipos de manifestação. Uma delas é o transtorno bipolar tipo I, em que o
paciente cicla do episódio depressivo para um episódio e mania bem
caracterizada. Já o transtorno bipolar tipo II, apesar de apresentar a fase
depressiva em comum, não possui mania extrema, o paciente atinge um nível
mais brando de mania (hipomania). Vale salientar que, devido à própria
natureza clínica da doença, há momentos em que o paciente passa pela zona
de eutimia. Esse transtorno também apresenta, em todas as fases do ciclo,
alguns comprometimentos cognitivos que merecem destaque. As funções
executivas são as faculdades mentais mais comprometidas no transtorno,
seguidas pela cognição. O déficit em funções executivas, principalmente no
controle inibitório, pode explicar a impulsividade característica da doença,
principalmente durante a fase maníaca. Além disso, a alteração em cognição
social, principalmente na teoria da mente afetiva e positiva, ajuda a explicar o
viés de hostilidade, que é tão característico do transtorno.
Entrando nos transtornos da ansiedade, a raiz da própria é um pensamento
catastrófico, que pode ter como base algo da realidade objetiva, como também
pode ser uma fantasia criada pela mente humana. Vale ressaltar que a
ansiedade pura e simples não é, necessariamente, a vilã da história. Os
transtornos da ansiedade surgem quando há uma desregulação no circuito da
ansiedade, fazendo com que ela ocorra com frequência ou de formas
desproporcionais. Em decorrência disso, o indivíduo acaba tendo prejuízos no
seu funcionamento diário. Iremos ver dois tipos de transtornos psiquiátricos que
envolvem a ansiedade:
Transtorno do pânico – Nesse transtorno o sintoma principal é a ocorrência dos
ditos ataques de pânico, seguida pelo medo de ter um novo ataque de pânico
ou de enlouquecer, pois o ataque de pânico é um fenômeno muito abrupto, no
qual o indivíduo apresenta um conjunto de sinais e sintomas que simulam
condições clínicas graves, contudo, caso a pessoa vá a um hospital e faça os
exames necessários, o resultado, provavelmente, acusará negativo para
qualquer doença grave.
Transtorno de ansiedade generalizada (TAG) – Muitas vezes é considerada a
doença do “e-se", pois o paciente fica o tempo inteiro preocupado com uma
possível catástrofe futura. Lembrando que esse tipo de preocupação é normal,
principalmente diante de novidades. No entanto, no caso do TAG, a
preocupação é tão frequente e intensa que faz com que o paciente desista de
fazer certas coisas (até mesmo coisas necessárias), gerando inúmeros
prejuízos na vida pessoal ou profissional do indivíduo.

15/10/2022

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