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Introdução à Intervenção Psicológica em

Crises e Emergências. Histórico, conceitos,


fundamentos teóricos
Introdução à Intervenção Psicológica em
Crises e Emergências
• Embora Moçambique não seja um País propenso a grandes
catástrofes naturais, a realidade é que qualquer profissional
que exerça a sua actividade, a nível da Saúde, muitas vezes se
depara com indivíduos que foram vítimas de algum tipo de
trauma ou crise - um acidente de viação com falecimento de
familiares, um incêndio, uma situação de violência
doméstica, de abuso sexual, de tentativa de suicídio, de
ataque de pânico, etc.
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• Por isso, é essencial que os profissionais saibam como


agir de imediato, perante estas e outras situações, pois
não há aqui a possibilidade de pedir ao indivíduo que
aguarde um pouco, enquanto vamos pesquisar qual a
melhor forma de lidar com a situação.
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 Esta disciplina pretende, então, dotar os estudantes de


conhecimentos básicos ao nível da intervenção na crise, de
forma a permitir-lhes saber como intervir na prática clínica
com esse tipo de casos. Termos como objectivo minimizar os
danos causados pelo elemento que suscitou a crise, reduzir a
ansiedade do indivíduo (os), fornecendo-lhe estratégias para
lidar com o trauma causado por esse, que envolve muita dor e
perda na maior parte dos casos.
Surgimento da psicologia das emergências
e desastres
• No inico do seculo XX surgiu o estudo da psicologia nas
emergências e desastres. Iniciando os estudos por meio das
pesquisas realizadas pelo Suiço Edward Stierlin em um de
seus trabalhos publicados em 1909, buscando compreender
as emoções dos indivíduos comprometidos as situações de
desastres onde também evidenciou o atendimento de pessoas
que estavam na explosão de uma mina de carvão em 1906 na
França. Estima-se que mais de mil mineiros não
sobreviveram ao acidente, as intervenções foram feitas com
familiares e amigos, onde a grande parte deles eram crianças.
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• Com tantos eventos que interferem de forma significativa a


vida do ser humano como chuvas, terremotos, guerras, novos
estudos foram feitos em vista de compreender não so as
emoções desses indivíduos, mas também a parte psicológica
afetada.
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• No ano de 1994, foi realizado o primeiro estudo a respeito da


intervenção psicológica construído por Lindemann, em
situação de pos-desastre por meio da analise das respostas
das vitimas e seus familiares que sobreviveram ao incendio
do Clube Noturno Coconut Crove, em Boston. Tendo em
registro 400 óbitos.
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• Para Molina (2006), destacou que os primeiro estudos de que


se tem registro em relação a emergência e desatres estão
vinculados as guerras mundiais, sobretudo ao fenómeno que
se deu nessa época, como o estresse pos-traumático,
conhecido como também fadiga de batalha, neurose de
guerra. Portanto, muitos dos soldados que estavam na guerra
acabavam desenvolvendo algum tipo de problema
psicológico.
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• Então, o inicio da pratica psicológica em situação de desastre


e emergência, tiveram origem nas intervenções realizadas nas
guerras, pois necessitavam reestruturar seus soldados para
continuarem seus serviços, dando inicio aos estudos das
patologias apresentadas nessas situações, como o Transtono
de Estresse Pos-traumático como referido acima.
Conceito
• Fatores de risco: são condições ou variáveis
associadas à alta probabilidade de ocorrência de
resultados negativos ou indesejáveis. Dentre tais
fatores encontram-se: os comportamentos que podem
comprometer a saúde, o bem-estar ou o desempenho
social do indivíduo.
Conceito de vulnerabilidade
• Na linguagem corrente, vulnerabilidade é “qualidade
de vulnerável”, ou seja, o lado fraco de um assunto ou
questão; o ponto por onde alguém pode ser atacado,
ferido ou lesionado, fisicamente ou moralmente. Por
isso, vulnerabilidade implica risco, fragilidade ou
dano.
Vulnerabilidade, causas e consequências
• As primeiras consequências da vulnerabilidade são
sensações de perigo, angústia e vergonha de ser você mesmo,
alguém imperfeito. Não conseguindo resiliência para lidar
com situações cotidianas.
• A falta de aceitação das adversidades da vida e do seu próprio
eu interior, podem trazer consequências desastrosas a saúde
emocional. Que possui uma ligação direta com desvios
atrelados a incapacidade de lidar com a vulnerabilidade.
como o transtorno de ansiedade, depressão; solidão;
frustração; negativismo; tédio; estresse; raiva
Conceito de crise
• A crise é definida como um estado de desequilíbrio
emocional do qual uma pessoa se vê incapaz de sair
com os recursos de afrontamento que habitualmente
costuma empregar em situações que a afetam
emocionalmente.
• Crise reflete uma manifestação violenta e repentina de
ruptura do equilíbrio. O desenlace de uma crise pode
ameaçar a saúde mental nas pessoas.
Etapas de uma crise
• Desordem inicial – é a decorrência das reações iniciais diante
do impacto;
• Negação - tentativa de amortecer o impacto;
• Intrusão – surgimento de ideias involuntárias de dor pelo
evento verificado;
• Elaboração – expressão, identificação e comunicação de
sentimentos experimentados pela situação de crise;
• Termino ou resolução – integração do evento dentro da sua
vida e reorganização
O que precipita uma crise
• Eventos da vida - morte, divorcio, disputa, mudança na vida,
solidão, etc.
• Transtornos de estresse agudo – ausência de resposta emocional,
sentimentos de desconexão, redução do reconhecimento de
ambiente, sentimento de irrealidade e amnesia dissociativo.
Nota: existem pessoas com capacidade diferente a eventos
traumáticos, em resistir emocionalmente.
Tem equilíbrio estável quando acometidos por situações traumáticas.
Indivíduos resilientes permanece em nível funcionais apesar da
experiencia traumática.
Tipos de crises
Existem três tipos de crises, sendo estas: 1) Crise de desenvolvimento
ou maturacional; 2) Crise situacional; 3) Crise acidental
• 1) Crise de desenvolvimento ou maturacional - ocorre durante
qualquer período transacional ao longo do desenvolvimento e
crescimento normal do ser humano. Quando um indivíduo passa para
um estágio seguinte, este processo de transição pode gerar algum
“desequilíbrio”, pois os indivíduos irão passar por mudanças, quer a
nível cognitivo, emocional e/ou comportamental, que acompanham o
desenvolvimento e são necessárias para essa nova etapa como
acontece, por exemplo, na transição para a adolescência, para a vida
conjunta do casal, para o nascimento de um filho, para a fase da
reforma e etc.
Tipos de crises
2) Crise situacional - é uma resposta a um evento traumático
repentino e inevitável que afeta amplamente a identidade e os
papéis desempenhados por um indivíduo. São, portanto,
acontecimentos inesperados como, por exemplo, um acidente
de carro grave, a perda súbita do emprego, o falecimento
inesperado do cônjuge, o nascimento de um(a) filho(a) com
diagnóstico de doença grave ou crónica, e entre outros que vão
afetar de algum modo a forma como a pessoa se perceciona.
Tipos de crises
3) Crise acidental - refere a um tipo de crise que é pouco
comum, imprevisível e resulta em diversas perdas ou
mudanças ambientais drásticas. Esta crise pode resultar de um
acontecimento/evento que é inesperado como, por exemplo,
um incêndio, um desastre natural, uma inundação, uma guerra,
e etc.
Esta crise pode causar um elevado stress ou mesmo sintomas
de stress pós-traumático em um grande grupo de pessoas,
sendo que difere dos dois tipos de crise anteriormente
referidos.
Crise por Aquisição e por Perda
• Um período crítico é uma fase que requer do indivíduo
modificações essenciais na sua forma de se adaptar ao mundo.
Geralmente, engloba os momentos em que precisa enfrentar
alguma situação nova, para a qual não consegue encontrar uma
resposta em curto prazo.
• Crise por perda - o indivíduo se vê diante de circunstâncias
em que há perda ou ameaça de perda de pessoas afetivamente
relevantes ou de situações consideradas importantes. Nas crises
por perda é comum o aparecimento de sentimentos de
depressão e culpa.
Cont… Crise por Aquisição e por Perda

• Crise por aquisição - é uma condição que envolve


aumento de responsabilidade ou de algum ganho. Para
as crises por aquisição podem acarretar em
sentimentos de insegurança, inferioridade e até
inadequação.
Sinais e sintomas de uma crise
• Instabilidade emocional;
• Falta de concentração;
• Ausência de clareza do pensamento;
• Sentimento de desesperança
• Inquietação motora global - na inquietação tem-se desde
um movimento repetido de partes do corpo – como as
mãos ou as pernas – até a incapacidade de permanecer
sentado por algum tempo;
Cont… Sinais e sintomas de uma crise

• Gesticulação abundante;
• Incapacidade de concentração;
• Expressão tensa;
• Fala rápida ou gritos;
• Comentários pejorativos em tom abafado;
• Ansiedade intensa ou irritabilidade;
• Hostilidade;
• Comportamento agressivo manifesto.
Como devemos agir diante das crises?

• Lembre-se de que cada caso é um caso, ou seja, as


suas ações devem ser aplicadas de acordo com uma
situação específica em um tempo específico.
• Diante disso, o maior objetivo da equipe de saúde é
ajudar os indivíduos a enfrentarem os eventos
estressantes de forma adaptada
Cont… Como devemos agir diante das crises?

• É fundamental respeitar os valores culturais dos indivíduos


que se encontram em crise. Isto é, você sempre deve
respeitar suas crenças, preceitos, seu modo de vida, a forma
como eles lidam com as situações inesperadas, as questões
familiares e como utilizam os familiares como suporte.
• Essas características dos pacientes estão profundamente
embutidas nos processos de pedir, dar e receber ajuda, ou
seja, cada paciente tem sua forma de pedir e você deve
ajudá-lo de maneira específica e particular.
Cont… Como devemos agir diante das crises?
Cont… Como devemos agir diante das crises?

• Durante o atendimento de um paciente em crise é importante


fortalecer a capacidade em buscar estratégias de
enfrentamento, o que significa que o indivíduo está tentando
superar o que está lhe causando a crise.
• É necessário antes de tudo, encontrarmos meios de nos
comunicar com a pessoa em questão.
Cont… Como devemos agir diante das crises?

Algumas das ações que podem ser realizadas são:


• Oferecer apoio à pessoa em crise, permanecendo ao seu lado;
• Demonstrar aceitação, com atitude de não julgamento,
respeito e confiança;
• Ouvir reflexivamente a pessoa, ajudando-a a descrever seus
sentimentos e pensamentos sobre sua experiência;
• Explorar os mecanismos de enfrentamento, ajudando a
pessoa a conhecer os modos alternativos dos mesmos;
Evento Traumático
• Trauma é uma consequência no organismo, uma violência
externa.
• O evento traumático é algo destrutivo na vida do individuo,
família ou comunidade afetada. É de natureza única e
imprevisível, e afeta muito mais do que vitimas imediatas;
• Pode acontecer em qualquer momento ou lugar;
• Pode favorecer o desenvolvimento de um quadro
psicopatológico.
Cont… Evento Traumático

• Um evento traumático é um incidente que causa danos


físicos, emocionais e psicológico. As pessoas que
experimentam o evento angustiante pode se sentir
fisicamente ameaçado ou extremamente assustado. Em
alguns casos pode não saber como responder ou pode estar
em negação sobre o efeito que tal evento teve.
• A pessoa precisara de apoio e tempo para se recuperar do
evento traumático e recuperar a estabilidade emocional e
mental.
Tipos de Eventos Traumáticos
Existem vários tipos de eventos tais como:
• Dor física ou lesão, por exemplo acidente de carro grave;
• Guerra;
• Desastres naturais;
• Terrorismo;
• Testemunhar uma morte;
• Estupro;
• Abuso domestico ou violência sexual.
Muito obrigado

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