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Grátis Pelo Sistema de Ensino a Distancia – SED
CNPJ º 21.221.528/0001-60
Registro Civil das Pessoas Jurídicas nº 333 do Livro A-l das Fls.
173/173 vº, Fundada em 01 de Janeiro de 1980, Registrada em
27 de Outubro de 1984
Presidente Nacional Reverendo Pr. Gilson Aristeu de Oliveira
Coordenador Geral Pr. Antony Steff Gilson de Oliveira
Apostila (29)
Novo Testamento
Estudo Teológico Sobre o Novo Testamento Dividido em XXXI Parte apostila
com 160 paginas "... O ANO ACEITÁVEL DO SENHOR"
"... O ANO ACEITÁVEL DO SENHOR”
Parte I
Então, pelo poder do Espirito, voltou Jesus para a Galiléia, e sua fama correu por
todas as regiões circunvizinhas. Ele ensinava nas suas sinagogas, e por todos era
louvado. Chegando a Nazaré, onde fora criado, entrou, num dia de sábado, na
sinagoga, segundo os eu costume, e levantou-se para ler. Foi-lhe dado o livro do
profeta Isaías. Ao abrir o livro, achou o lugar onde estava escrito: O Espirito do
Senhor está sobre mim, pelo que me ungiu para evangelizar aos pobres. Enviou-
me para apregoar liberdade aos cativos, dar vistas aos cegos, por em liberdade os
oprimidos, e anunciar o ano aceitável do Senhor. Fechando o livro, devolveu-o ao
assistente, e assentou-se. Os olhos de todos na sinagoga estavam fitos nele.
Então começou a dizer-lhes: Hoje se cumpriu esta Escritura em vossos ouvidos."
(Lc 4.14-21).
Começa no versículo quatorze uma das extraordinárias narrativas de todo o
evangelho. Jesus está no culto da sinagoga, onde lê Isaías 61.1,2 (acrescido de
58.6). Com essa narrativa, única nos Evangelhos, enquanto Mateus e Marcos
dizem que Jesus anuncia o reino, Lucas mostra que o reino é a Sua realidade, é o
Messias, o Cristo, o Ungido de Deus.
Diferentes critérios podem ser utilizados passar estudar este trecho. Pode
acontecer que alguém tenha uma veia literária, e através dela veja apenas o
aspecto poético de Isaías 61. Observe-se o paralelismo entre os termos
apresentados, entre os versos, por exemplo:
Porque, praticamente, é a mesma coisa que está sendo dita. Quando diz:
Pode ser que alguém deixe de lado o aspecto literário, mas queira destacar o
apelo político do que Jesus afirmou, o que, aliás, tem sido bastante
explorado. Busca-se ver o lado político de expressões tão fortes como,
"anunciar boas novas aos pobres", "libertação aos cativos", "restauração de
vista aos cegos", "por em liberdade os oprimidos". O apelo político é muito
do agrado dos radicais de plantão.
"O Espirito do Senhor está sobre mim, pelo que me ungiu para evangelizar
aos pobres. Enviou-me para apregoar liberdade aos cativos, dar vista aos
cegos, por em liberdade os oprimidos." (Lc 4.18).
Para os pobres, para os cativos, para os cegos, e para os oprimidos que são,
não apenas os desafortunados deste mundo, mas todos os que têm
necessidade especial de dependência de Deus (Lc 1.53; 6.20). Ou na
expressão do comentarista de Lucas da
Bíblia do Intérprete,
"o cativeiro a que Jesus se refere (Lc 4.18, 19) é evidentemente moral e
espiritual. O pensamento não se move no plano de abrir portas físicas, para
que os presos saiam], mas livrar os homens da invisível, porém
terrivelmente real prisão de suas almas".
E no verso 19: "e para proclamar o ano aceitável do Senhor". Esse ano a ser
proclamado é a era messiânica iniciada nele mesmo, na pessoa e na obra de
Cristo.
AS LIÇÕES
O ser humano vive preocupado com o seu salário, com a inflação que parece
querer voltar; com os aumentos das passagens dos ônibus (verdade que
agora mais espacejados), o avanço e engodo das seitas, com o
desenvolvimento do país, com a paz mundial. Pois Jesus traz uma nova
compreensão da vida humana, por isso que, plenamente de acordo com sua
plataforma de ação, é o portador da obra redentora de Deus, e oferece Sua
palavra e Suas ações como desafio à nossa própria fé.
Quais são as lições que tiramos desses fatos? A primeira é que Jesus Cristo
é o cumprimento das antigas profecias. Apesar de Suas palavras fazerem
nascer opiniões diferentes ou de admiração (Lc 4.22), ou de repulsa (v. 28),
Jesus cumpre as profecias! Apesar se quererem os Seus contemporâneos
os sinais do shalom que Ele traz (v. 23), Jesus Cristo traz a salvação integral,
o verdadeiro shalom, a paz. O apóstolo Paulo diz que "Ele é a nossa paz" (Ef
2.14).
e esse foi o seu grande erro, perto do reino, mas sem salvação: "Quase
aceito o evangelho". O erro de muita gente é um "quase".
A terceira lição a destacar é que a missão da Igreja é dada por Deus. "A
missão de Cristo [é] padrão e modelo para missão de sua igreja", diz Grellert
em Os Compromissos da Missão.
"Pois quem conheceu a mente do Senhor, para que o possa instruir? Mas
nós temos a mente de Cristo" (1 Co 2.16);
"De sorte que haja em vós o mesmo sentimento que houve em Cristo Jesus,
que, sendo em forma de Deus, não teve por usurpação ser igual a Deus, mas
a si mesmo se esvaziou, tomando a forma de servo, fazendo-se semelhante
aos homens. E, achando na forma de homem, humilhou-se a si mesmo,
sendo obediente até a morte, e morte de cruz." (Fp 2.5-8);
Assim, temos que moldar a nossa vida pela de Jesus Cristo. Então, se como
nós afirmamos, Missões é o nosso braço para alcançar este mundo para o
Senhor. Temos o fato de que o Deus vivo é um Deus que envia. Os povos
pagãos, vizinhos de Israel, não tinham deuses que enviavam a qualquer
lugar pessoas com uma mensagem. Mas o nosso Deus é um Deus que envia:
Ele enviou Seu Filho ao mundo, diz a Bíblia; enviou os apóstolos; Jesus
Cristo enviou os setenta; e envia a Igreja; ele mesmo manda o Espírito Santo
à Igreja para a unção, e a nossos corações, por isso Ele nos envia, também
ao mundo perdido. "Disse-lhes Jesus de novo: Paz seja convosco! Assim
como o pai me enviou, eu vos envio." (Jo 20.21) , "Assim como tu me
enviaste ao mundo, também eu vos enviei ao mundo." (Jo 17.18).
Além disso, o povo de Deus não pode perder a memória. Quanta gente
desmemoriada lá fora! De vez em quando é dito que "O Brasil está perdendo
a memória, destruindo os seus monumentos, e seu passado". A nossa
memória é o Novo Testamento, é a Escritura Sagrada! A nossa memória são
as ações apostólicas, o que eles fizeram no passado! A nossa memória são
os atos da Igreja Primitiva; como agia, assim queremos agora! O Povo de
Deus há de estar padrões acima do mundo. Que história é essa de
querermos nos igualar ao mundo?! E damos um exemplo: se o mundo vem à
Igreja e ouve sua própria música aqui sendo tocada, onde está o fermento
levedando a massa? Se nos colocamos no mesmo pé de igualdade, ou até
abaixo, como vamos elevar os padrões do mundo? Mas Jesus, o Cristo de
Deus, é decisivo e normativo para os assuntos de fé e prática.
Afunilando o assunto um pouco mais, isso vai trazer mais uma lição: é a de
que ninguém pode obedecer às ordens de "ir" ou de "servir" se não tiver
amor. Porque a obra de expansão do reino de Deus não pode ser realizada
com carência de amor. Aí Jesus perguntou a Pedro: "Simão, filho de João,
[verdadeiramente] tu me amas?" (Jo 21.16). E Jesus perguntou tantas vezes
porque Pedro nunca respondia "[verdadeiramente] eu te amo", mas tão
somente "eu te amo, eu tenho significativa amizade por ti". Que significa
isso hoje? Sem dúvida, temos três passos no compromisso nosso com
Cristo. Quando Jesus nos pergunta, "Fulano, você verdadeiramente me
ama?", temos um convite à autoconsciência. Você tem que tomar
consciência de quem é diante de Deus, e deste mundo também. Você
representa as mãos de Deus, os pés de Deus e os olhos de Deus; você é um
instrumento de Deus, um agente do reino de Deus. A segunda coisa é que
você tem um convite à consciência da Pessoa de Jesus Cristo que é o
Senhor do nosso futuro, é o Messias de Deus, é o ungido do Pai, é o Filho de
Deus, é o Senhor de nossas almas, é o Salvador de nossas vidas. Você tem,
igualmente, um compromisso. Há um hino que diz,
quer dizer, "caio fora, desapareço, não quero compromisso com a Igreja de
Cristo". Mas temos um convite ao compromisso com a Igreja de Cristo. Um
convite ao compromisso é o que precisa acontecer conosco, nos termos de
Romanos 5.8: "Mas Deus prova o seu amor para conosco, em que Cristo
morreu pôr nós, sendo nós ainda pecadores". Que o Senhor nos ajude
nesses compromissos!
Parte II
PARA UMA ALMA RELIGIOSA, CURIOSA E CONFUSA
"Se alguém não tiver sabedoria suficiente, peça-a a Deus, que a dá a todos de
graça sem humilhar ninguém" (Carta de São Tiago, 1.5, Tradução
Interconfessional dos Franciscanos Capuchinhos)
Estas perguntas, nós as recebemos para que déssemos uma resposta pastoral
dentro da Palavra de Deus. Foram devidamente encaminhadas tanto ao anônimo
consulente quanto ao portal evangélico que no-las enviou. Um amigo leu as
respostas dadas, e sugeriu-nos dar publicidade para ajudar outros espíritos
religiosos, curiosos porém confusos, assim como, nossos irmãos em Jesus Cristo.
O nível é apologético.
"Meus caros irmãos das Igreja Evangélicas, eu sou da Igreja Católica e gostaria
muito que vocês me respondessem a estas perguntas":
PERGUNTA # 1
NOSSA RESPOSTA:
Na realidade, caro consulente, só existe uma Igreja de Jesus Cristo. Ela é
formada por todos os salvos, de todos os tempos, de todos os quadrantes
da Terra, de todas as línguas, de todas as raças, de todas as condições
sociais, e não é conhecida por qualquer nome de Igreja particular, Grupo ou
Denominação. É um Corpo que reúne todos os que foram alcançados pela
Graça(1) de Deus, unido este Corpo pela fé a Jesus Cristo, o Filho de Deus, e
sem nenhuma cor sectária. A Igreja de Cristo não é qualquer organização
terrena, visível seja do movimento Ortodoxo em suas diversas formas
(Grego, Russo, Ucraniano, Igrejas Orientais, etc.), dos diversos
agrupamentos Católico-Romanos ou de quaisquer grupos Protestantes e
outros Evangélicos (2).
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PERGUNTA # 2
"Já que vocês dizem que as imagens que estão na Igreja Católica são
demônios ou ídolos, dêem-me a prova de que elas realmente o são".
NOSSA RESPOSTA
Pena que sua afirmação está certa somente em parte. Não conhecemos
qualquer afirmação entre os evangélicos de serem as imagens dos templos
católicos "demônios". No entanto, quem as coloca na categoria de "ídolos" é
a própria edição católico-romana da Bíblia Sagrada num livro considerado
deuterocanônico (nós o chamamos "apócrifo") e que não se encontra no
Cânon Original, que é o Palestino (escritos os livros em hebraico e
aramaico), e conseqüentemente, também não no Cânon
Protestante/Evangélico. Trata-se do livro de Sabedoria, do qual
transcrevemos uma parte e indicamos outras. Foi utilizada para essa
transcrição a edição da Bíblia Sagrada, traduzida pelo Pe. Matos Soares (4).
Não se envergonha de falar com aquele madeiro, que está sem alma; e roga
pela saúde a um inválido, e pede a vida a um morto, e invoca em seu socorro
um inútil; e, para o bom sucesso de uma jornada, recorre àquele que não
pode andar; e para as suas compras, suas empresas, e para o bom êxito de
todas as suas coisas, implora a quem é incapaz de tudo.
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PERGUNTA # 3
"Eu lhes pergunto quando Deus Todo Poderoso ordenou não fazer imagem,
proibiu se fazer imagens dos homens santos, ou de se fazer imagens de
deuses?"
NOSSA RESPOSTA
Leia o que diz a Bíblia. Vamos reproduzir as palavras da tradução do Pe.
Matos Soares em Êxodo 20.4,5:
Não farás para ti imagem de escultura, nem figura alguma do que há em cima
no céu, e do que há em baixo na terra, nem do que há nas águas debaixo da
terra. Não adorarás tais coisas, nem lhes prestarás culto.
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PERGUNTA # 4
NOSSA RESPOSTA
Do começo ao fim, a Bíblia Sagrada ensina uma Teologia da Santidade. Os
textos mencionados são dois entre centenas tanto no Antigo quanto no
Novo Testamento.
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PERGUNTA # 5
]
NOSSA RESPOSTA
Deus estava ordenando Seu povo, e, por extensão, aos salvos e fiéis da
Igreja de Jesus Cristo a serem diferentes, que é, sem dúvida, a melhor
interpretação para o conceito teológico veterotestamentário expresso pela
palavra Kadosh. Ser uma reserva especial para Deus e Jesus Cristo. A
Primeira Carta de São Pedro (2.5)esclarece:
Vós, também, como pedras vivas sede edificados sobre ele como casa
espiritual, sacerdócio santo para oferecer sacrifícios espirituais, agradáveis
a Deus por Jesus Cristo.
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PERGUNTA # 6
"Os homens que seguem a Jesus Cristo, estão ou não estão no caminho da
santidade? Ler: (I Coríntios 7,32-34)"
NOSSA RESPOSTA
Os verdadeiros discípulos já encontraram esse caminho como bênção inicial
de sua vida cristã. Caminhar por Ele é um ato de entrega e de adesão.
Ninguém é salvo por procuração ou representado por outra pessoa como se
pratica. A Bíblia registra as palavras de Jesus Cristo em João 14.6: "Eu sou
o Caminho, a Verdade e a Vida. Ninguém vem ao Pai a não ser por mim"
(Bíblia de Jerusalém). Os cristãos da Igreja do tempo dos apóstolos eram
chamados de "os do Caminho". Quem segue a Jesus Cristo busca a vida de
separação, vida de-fazer-diferença-neste-mundo, ou, para usar a palavra
bíblica: de santidade.
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PERGUNTA # 7
"Já que os que seguem a Jesus Cristo estão no caminho da santidade (para
serem santos), será que nenhum homem chegou a alcançar essa santidade,
chegou ou não chegou?"
NOSSA RESPOSTA
Santidade é separação deste mundo, já o vimos. Ao longo da História da
Salvação(8), milhões têm experimentado a santidade como estilo e prática de
vida. Nas ruas de qualquer cidade ou no campo, os santos estão andando e
passando por nós. Eles nos encorajam a tudo suportar pelo amor de Cristo e
de Seu reino.
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‘NOSSA RESPOSTA
A resposta da Pergunta # 1 cobre, de certo modo, o alcance desta questão. A
Igreja de Jesus Cristo, repetimos, não se identifica com uma Igreja nacional,
um grupo local ou organização religiosa. Não tem um nome específico
(Igreja Católica Apostólica Romana, Igreja Reformada, Igreja Evangélica de
Confissão Luterana, Igreja Presbiteriana do Brasil, Assembléia de Deus -
Ministério de Belém, Igreja Batista Sião, Jovens com uma Missão, Missão
Antioquia, etc, etc). A Igreja Cristo é supranacional, e atemporal; o Corpo
Místico de Cristo se forma de todos os fiéis sem distinção de raça, cor,
língua ou filiação cristã.
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PERGUNTA # 9
"O que Jesus queria dizer quando disse a Pedro: "Eu te darei as chaves do
reino dos céus: tudo o que ligares na terra, será ligado no céu e tudo o que
desligares na terra, será desligado no céu" ?, e o que significa ligar e
desligar?"
NOSSA RESPOSTA
O versículo mencionado se encontra no contexto de Mateus 16.13-20 que
registra uma pesquisa conduzida por Jesus para saber qual a opinião
popular em torno de Sua Pessoa. Os discípulos respondem que algumas
pessoas entendiam que Jesus era João Batista, outros que seria Elias, o
tesbita, outros, ainda, acreditavam que seria o profeta Jeremias ou talvez um
outro dos inflamados pregadores da Antiga Aliança.
O mesmo versículo aparece em 18.15-22 num contexto de disciplina e
perdão no âmbito da igreja.
Em João 20.23 em instruções que foram dadas aos apóstolos após a
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PERGUNTA # 10
"Baseado nesta observação: Pedro negou Jesus por três vezes antes de
Jesus morrer. Porém quando Jesus ressuscitou; Jesus confirmou Pedro
como primeiro pastor das suas ovelhas, também por três vezes. Ler: (João
21,15-17), agora me responda já que Pedro iria morrer um dia, e o seu lugar
ficaria vago, o substituto de Pedro teria ou não teria o mesmo poder que
Jesus outorgou a Pedro? Ler para comparar Atos 1,15-26, e responda".
NOSSA RESPOSTA
Cremos que será conveniente fazer uma exegese de João 21.15ss para
entender porque Jesus fez por três vezes a pergunta "Simão, filho de João,
amas-me?" para não se cair no pecado de ler o que não foi dito.
Não tendo ficado satisfeito com a resposta de Simão Pedro, Jesus repete a
pergunta. A palavra final do Mestre é "Apascenta as minhas ovelhas". Não
há qualquer indicação (nem por inferência) a um primado de Pedro. Há, sim,
uma dupla lição para os cristãos:
É preciso que cada discípulo de Jesus Cristo tenha uma PAIXÃO pelo
Senhor, pelo Seu reino, pela Sua Causa, pela Sua missão neste mundo
("agaposme?", "Amas-me verdadeiramente?");
É preciso que cada discípulo de Cristo tenha uma MISSÃO, que confiada à
Igreja é repassada a cada um individualmente ("apascenta as minhas
ovelhas").
Como louvamos a Deus por este e outros espíritos que, religiosos, porém
confusos, são curiosos a respeito de sua fé! Como pedimos que a
iluminação do Seu Santo Espírito revele a verdade eterna, salvadora,
purificadora e santificadora. Que sejam como os bereanos que "de bom
grado receberam a palavra, examinando cada dia nas escrituras se estas
coisas eram assim"(At 17.11).
Parte III
RELIGIÃO OU EVANGELHO?
"Pois é pela graça que sois salvos, por meio da fé - e isto não vem de vós, é Dom
de Deus - não das obras para que ninguém se glorie." Ef. 2:8,9
No antigo Egito, consideravam no seu panteão muitos deuses. Havia deuses para
todos os gostos; havia um centro de cultos na cidade de Heliópolis, a cidade do
Sol. O próprio deus do Sol era Rá, razão porque alguns faraós se consideram
"filho do sol", adotando o nome de Ramsés, palavra formada de Rá (sol) e Mses
(filho). Animais eram cultuados, o crocodilo (alguns podem ser vistos mumificados
em museus), que era considerado deus da água; o gato, deus da alegria e do
amor; o chacal era o guarda dos túmulos e deus dos mortos; Seu nome entre os
egípcios era Anúbis. E o touro também, o deus Ápis. Quando o povo de Israel
estava no deserto, notando a ausência de Moisés que estava no alto do monte
Sinai, o povo pediu a Arão que fizesse um bezerro de ouro, uma reprodução do
deus Ápis.
Aliás, Gênesis 1 é uma verdadeira canção marcial. Por isso, no relato da obra
criada parece no verso 11, "E disse Deus: Produza a terra relva, ervas que dêem
semente, e árvores frutíferas que dêem fruto segundo a sua espécie, cuja
semente estava nele, sobre a terra. E assim foi" (1.11). Florestas, e campos eram
cultuadas em Canaã como sendo a expressão da Mãe-natureza. O retorno à
natureza era o grande desejo dos cananeus. No entanto, o Senhor está dizendo:
"Vocês cultuam a natureza, mas Eu sou o Criador dessa natureza que vocês
admitem como deuses".
Mais adiante lemos: "Haja luminares". Eles eram cultuados, conforme vimos, no
Egito, na Assíria, na Babilônia. Seres aquáticos foram cultuados: o peixe (na
Filistia, Dagon), as aves (o íbis, no Egito). Em tudo Deus está dizendo, "Eu criei,
enquanto vocês estão se dedicando a esses falsos deuses".
Mas não é preciso ir ao passado. Hoje esse tipo de coisa acontece. Na Índia, o
Hinduísmo ensina que a salvação se obtém através das boas obras. E uma
pessoa vai realizando boas obras na sua presente vida e em outras do passado e
do futuro de maneira a alcançar a purificar-se. Naquele país, ainda hoje existe o
sistema de castas. A mais elevada é a dos brâmanes, os sacerdotes. Uma pessoa
da casta dos sacerdotes não se casa com alguém de uma casta inferior. A
seguinte é a dos militares, onde acontece o mesmo. Depois vem a dos
comerciantes, e a dos agricultores, e por fim a dos "zé-ninguém", o pária, aquele
cuja sombra tocando outra pessoa de casta acima, obriga-a a se purificar através
de um banho porque ficou maculada pela sua sombra.
No sistema hindu, se uma pessoa foi muito pecadora nesta vida, precisa cumprir a
lei do Karma, tem que sofrer muito, e vai nascer numa casta inferior. Se era da
casta militar, mas fez tanta coisa que não prestava nesta vida, tem que nascer
numa casta inferior, como agricultor pôr exemplo. Mas fez tanto nessa outra
condição que vai nascer como pária, e como pária foi tão ruim que pode nascer
como um animal inferior. Por isso não matam animais. A TV Cultura mostrou o
"Templo dos Ratos" alimentados com comida, com leite, e água levados pelas
pessoas, que depois de bebida, e pisada pelos ratos é passada no corpo dos fiéis.
Não é de admirar que na Índia haja uma explosão de epidemias por essa idéia
que têm. Isso é hoje, e nem comem carne, porque a vaca, que é um animal
sagrado, fica solta pelas ruas, atrapalhando, prejudicando o trânsito, mas ninguém
tem a ousadia de matar uma vaca porque é considerada sagrada.
Entre os nossos índios, ocorre o animismo, a idéia de que cada coisa tem o seu
espírito. Existe o espirito das árvores, o espirito das águas, e o das nuvens, o
espírito disso e daquilo. E cada pessoa que morre transforma-se num espírito
UM INSTINTO RELIGIOSO
Que quer dizer tudo isso? Esses fatos nos dizem que há um instinto religioso na
pessoa humana. Da mesma maneira que você tem o instinto de segurança, e o de
alimentação, tem, igualmente, o instinto religioso que se encontra não só em cada
pessoas individualmente falando, mas também em cada página da história. Por
isso, Jesus disse: "Errais não conhecendo as Escrituras". E iam não somente
atrás do crocodilo, atrás do peixe, ou atrás do trio elétrico, mas também atrás do
xamanismo, porque pensam, sentem e querem algo que lhes satisfaça o instinto.
E a religião é a expressão organizada desse instinto, razão porque o ser humano
tem feito de tudo um deus: rãs, bois, sol, lua, árvores, etc. Isso quer dizer então,
que todas as religiões sentem a mesma coisa, ou sejam elas primitivas ou
altamente elaboradas. Todas são motivadas porque o ser humano necessita de
Deus.
O EVANGELHO
O cristianismo tem suas raízes no conceito de salvação, o que significa que nada
que você faça, nada, absolutamente nada lhe pode dar a salvação. Somente a
graça de Deus pode salvar. É o que diz aqui: "Pois é pela graça que sois salvos,
por meio da fé - e isto não vem de vós, é Dom de Deus" (Ef. 2.8).
Que ensinam os outros sistemas religiosos? Todos dizem que você precisa fazer
alguma coisa para obter a salvação. Há os que dizem que você precisa realizar
boas obras. "fora da caridade, não há salvação", dizem eles. Mas a Bíblia diz "não
vem das obras, para que ninguém se glorie" (Ef. 2.9).
Há os que dizem que vem através dos rituais, das rezas, das penitências. Está
registrado no livro dos Atos dos Apóstolos o discurso que Paulo fez diante dos
intelectuais em Atenas, afina flor dainteligentzia ateniense. No meio do discurso
Então vejam o interesse do evangelho não é que os deuses sejam aplacador, não
é que se façam doações, ou rituais pelos quais espíritos sejam tranqüilizados, mas
quer você seja salvo dos seus pecados, razão porque é perfeitamente correta a
afirmação "O Cristianismo é uma religião de redenção."
Parte IV
OS OBJETOS DA PAIXÃO
Lucas 24. 13-35
"Em seguida, os soldados do governador, conduzindo Jesus ao pretório, reuniram
em torno dele toda a corte. E despindo-o, cobriram-no com um manto escarlate, e,
tecendo uma coroa de espinhos, puseram-lha na cabeça. Na mão direita puseram
um caniço e, ajoelhando-se diante dele, o escarneciam, dizendo: Salve, rei dos
judeus! E, cuspindo nele, tiraram-lhe o caniço, e batiam-lhe com ele na cabeça.
Depois de o haverem escarnecido, tiraram-lhe o manto, vestiram-lhe as suas
vestes. E o levaram para ser crucificado" (Mt 27.27-31).
Agora é a vez dos soldados. Diz a Bíblia que Jesus foi despido e chicoteado (v.
28). Na realidade, foi flagelado. O flagelo ou açoite consistia de uma tira de couro
largo com pedacinhos de osso e chumbo. Era comum o seu uso antes da
crucificação de um condenado, quando o corpo ficava reduzido a uma só chaga.
Alguns morriam durante a sessão de tortura; outros ficavam loucos, e poucos
permaneciam conscientes. Pois Jesus foi entregue aos soldados, enquanto os
últimos detalhes da malfadada pena eram preparados.
Há no relato acima transcrito (Mt 27.27-31) alguns objetos que chamam a atenção:
o manto real, a coroa real, o cetro real e a cruz.
O Manto Escarlate.
Coroas, havia-as de todo tipo: de ramos de louro como símbolo de vitória entre os
gregos e os romanos; havia coroas de ouro e de pedras preciosas. De espinhos,
porém, só de brincadeira, brincadeira de mau gosto; de espinhos, só mesmo as de
uma mascarada, como é o caso no episódio da prisão de Jesus.
A coroa, o manto e caniço feito cetro eram simbólicos do reinado de Cristo, do Rei
dos reis feito Servo Sofredor. Apontavam para o futuro reino (Ap 17.4), embora o
significado óbvio e original da coroa de espinhos tivessem sido a evidência da
crueldade, brutalidade e zombaria da soldadesca. Por outro lado, o significado
figurado e profético da coroa de espinhos é o símbolo do ministério terreno de
Jesus Cristo, representando, ainda o caráter do evangelho: a humildade, a
contrição, o arrependimento e a servidão, ao tempo que de paz, vitória e poder.
Oh, cruz do perdão!... O verso 34 expressa, "Pai, perdoa-lhes, porque não sabem
o que fazem". O perdão cristão é assombroso. Estevão também exclamou nos
seus momentos finais, "Senhor, não lhes imputes este pecado"; Paulo instruiu os
irmãos de Éfeso, "Antes sede uns para com os outros benignos, compassivos,
perdoando-vos uns aos outros, como também Deus vos perdoou em Cristo" (Ef
4.32). O perdão de Jesus aos Seus juízes e carrascos é, sem dúvida,
impressionante.
Parte V
A DÚVIDA DE JOÃO
De acordo com o dicionário Caldas Aulete, dúvida significa: "Incerteza, vacilação,
hesitação da inteligência entre a afirmativa e a negativa de um fato, ou de um
asserto, como verdadeiro". Mateus relata que "Quando João ouviu, no cárcere,
falar das obras de Cristo, mandou por seus discípulos perguntar-lhe: És tu aquele
que estava para vir ou havemos de esperar outro?" (Mt 11.2,3). Alguns intérpretes
acham que não foi João Batista quem duvidou se Jesus era ou não era "aquele
que estava para vir", mas tão somente os discípulos dele (de João). Ele os enviou
Parte VI
A FÉ QUE FALA (E NÃO FALA)
Tiago 3:1-12
Certa vez William Shakespeare comentou, "Quando palavras são raras, não são
gastas em vão." Outro erudito disse, "Homens sábios falam porque têm algo para
Salomão em Provérbios nos adverte, No muito falar não falta transgressão, mas o
que modera os seus lábios é prudente (Pv. 10:19)
Capítulo 3 de Tiago nos coloca na parede e nos desafia a viver uma fé genuína,
verdadeiramente cristã. No final do cp. 2, Tiago nos mostrou como a fé verdadeira
manifesta-se inevitavelmente em obras. Agora, no cp 3, ele mostra que "obras"
não são somente o que fazemos, mas também o que falamos. E não somente o
que falamos, mas o que NÃO falamos!
A língua é um músculo com sua origem no coração. Por isso a língua talvez revele
o verdadeiro estado do nosso coração mais rápido que qualquer outra prova de fé
genuína listada por Tiago. A língua sou eu. Eu sou o que a língua fala! Às vezes,
soltamos uma palavra tão pesada, que cheira mal, e depois exclamamos, "De
onde veio aquilo?" Mas o fato é que somos assim mesmo. Abaixamos a guarda e
revelamos o verdadeiro eu, mesmo que só por um instante. Assim como Jesus
disse, a boca só fala do que o coração está cheio (Mt 12:34). A língua é o dreno
do coração! A língua serve como escape daquilo que está borbulhando no
coração. Por isso, dizemos que É impossível domar a língua
Essa é uma mensagem tão simples, mas que precisamos ouvir todos os dias de
nossas vidas. O propósito de Tiago é que sejamos mais sensíveis ao poder
incrível da língua, e deixemos que Jesus peneire nossas palavras, filtre nossa fala
e lacre os nossos lábios. Veja o poder da língua em Tiago 3.1-12:
A língua é poderosa. Esse poder pode ser para o bem ou para o mal. Talvez, por
ser tão potente, Deus prendeu a língua atrás de duas fileiras de dentes e dentro
de uma caverna fechada. Tiago nos lembra que a língua tem um enorme potencial
para direcionar vidas.
Tiago não quis minimizar ou desencorajar os dons de falar na igreja (Hb 5:12, Ef
4:11,12; 1 Pe 4:10,11). Sua advertência é totalmente coerente com o princípio
ecoado em Mateus 12:26,27 "De toda palavra frívola que proferirem os homens,
dela darão conta no dia do juízo; porque pelas tuas palavras serás justificado, e
pelas tuas palavras serás condenado."
O mestre que não controla sua língua acaba tropeçando sobre a mesma. No
mundo da política vemos isso. Um representante do FMI tropeça sobre sua língua
e um país inteiro é colocado em descrédito. Um político num momento de
descuido fala um anti-semitismo e perde uma eleição.
II. A Língua Tem Poder para Destruir (5-8) A. Quem a língua solta causa grande
revolta. (5,6)
Em Chicago, nos Estados Unidos, no ano de 1871, um lampião num celeiro deixou
125.000 pessoas sem-teto, destruiu 17.500 prédios e matou 300 pessoas. Já na
Coréia, em 1903, 2,6 km2 foram queimados quando algumas brasas na cozinha
causaram um incêndio que destruiu 3000 edifícios.
O poder destrutivo das palavras é visto no livro em que Hitler declarou sua filosofia
nazista, Mein Kampf. Na II Guerra Mundial, as filosofias expressas naquele livro
levaram à morte de 125 pessoas para cada palavra do livro.
Uma vez que a faísca da língua ascende o fogo, é extremamente difícil pará-la,
até que tenha destruido tudo em seu caminho. É assim com as nossas palavras.
Uma pequena palavra mal-colocada, na hora errada, pode destruir uma vida. Uma
palavra de crítica destrutiva; uma fofoca; uma colocação verídica mas cruel, sem
tato, pode desmontar uma pessoa, uma família, uma igreja. Pior, a língua alimenta
a si mesma. E assim como a língua, o fogo só precisa de oxigênio e combustível
para queimar incessantemente . Com um pouquinho de fôlego, nossa fofoca,
nossa reclamação, nossa murmuração, encontra bastante respaldo para queimar
palavras para sempre. Precisamos evitar este fogo antes que comece!
Viver com a língua é como dormir com uma cascavel. Pode até parecer que está
tudo sob controle, mas na hora em que você menos espera, ela dá o bote.
Mas aqui entram as boas notícias. Jesus pode domar a língua porque Ele
transforma o coração. O mesmo Jesus, que habita em nós pelo Seu Espírito, quer
converter nossa boca! Já ouvi histórias de homens profanos, que cada palavra
que saía de seus corações eram palavrões ou piadas sujas, mas que Jesus
transformou completamente. Famílias desmontadas, foram reconstruídas por
Jesus.
Cristo vive em nós. Ele deseja usar nossa boca como um instrumento para a glória
dEle e edificação de vidas. Não para destruir, mas para edificar. Pense: "O que
Jesus falaria?"
Em seu livro, "War of Words" (Guerra de Palavras), Paul Tripp aplica essas idéias
ao contexto da família: Enquanto escrevo esse livro, fico triste pensando sobre
quanta conversa em minha família não reconhece a seriedade que [a Bíblia] dá [à
língua]. Não, não temos brigas feias, mas há muitas palavras impensadas, cruéis,
irritantes e de reclamações faladas todos os dias.
A língua dividida significa fonte corrompida, e que algo está errado com o coração!
Seria impossível para uma fonte natural produzir água doce e amargosa ao
mesmo tempo (11).
Seria impensável colher azeitonas de uma figueira (12), ou fonte de água salgada
dar água doce.
Mas a língua pode. A mesma língua, como no caso de Pedro, pode declarar uma
revelação celestial para Jesus, "Tu és o Cristo, o filho do Deus vivo" e na próxima
sentença ser reprovado pelo próprio Jesus por ter falado palavras do inferno,
"Arreda! Satanás" (Mt 16:17, 23).
Você já reparou no poder das palavras para fazer bem ou mal? Consegue se
lembrar de uma vez em que você foi desmontado por uma palavra desgraçada?
Por outro lado, lembra-se de alguma vez em que alguém falou uma palavra de
encorajamento que mudou toda a sua perspectiva de vida?
Como, então, desativar esta bomba entre nossos lábios? A resposta bíblica é de
pesar, pensar e peneirar nossas palavras. Em outras palavras, falar pouco e falar
bem o que falamos.
Parte VIII
A FÉ É QUE ENFRENTA PROVAÇÕES
Tiago 1:2-12
Certa vez um grupo de mulheres queria saber como eram confeccionadas as jóias
que elas tanto apreciavam. Foram, então, visitar um ourives. Chegando ao local
onde o ourives trabalhava, puderam observar como ele queimava a prata no fogo
cuidadosamente a fim de torná-la pura.
Porém, se sabemos que o fogo das provações nos purifica, como devemos reagir
a ele? Será que há alguma porção das Escrituras que nos ajude a reagir
positivamente diante das provações a fim de que Deus complete sua obra em
nós? Sim, existe. Na verdade existe um livro que pode nos ajudar muito.
Meus irmãos, tende por motivo de toda a alegria o passardes por várias provações
(1.2)
Como, porém, Tiago pode nos dizer imperativamente que devemos ter alegria em
meio à provação, se ela é tão ruim para nós? É porque ele sabe que o verdadeiro
crente crê que Deus torna isto possível. Fé é um verbo ativo que está no tempo
presente! Mas Tiago não pára por aí. Ele também nos ajuda de forma prática para
enfrentarmos as provações. Ele nos dá cinco passos pelos quais enfrentaremos a
refinação da nossa fé pelo fogo da provação.
A primeira prova talvez seja a mais difícil. Uma fé pura consegue enxergar a mão
invisível de Deus tirando o máximo proveito do fogo das provações. A fé se alegra
porque sabe que a provação tira as imperfeições da nossa fé. Confia única e
exclusivamente em Deus e pede sabedoria dEle para poder tirar o mesmo proveito
das tribulações da vida. Fica resoluta, sem vacilar, em meio às dificuldades. Ter
alegria quando chega os momentos difíceis não significa que provações são
divertidas ou engraçadas. Não significa que temos algum complexo de martírio ou
somos sado-masoquistas. A idéia é de uma avaliação cuidadosa, racional,
pensada, madura, que vê a longo prazo e reconhece o benefício que as provações
trazem consigo. Por exemplo, a mulher que está para dar a luz sabe muito bem
que deve suportar a dor do parto para ter a alegria de ver seu filho nascer; o atleta
sabe que tem de treinar muitas horas por dia para ter a alegria de vencer a
maratona. Na verdade, precisamos aprender a suportar as dores da provação hoje
para termos a alegria de colhermos seus doces frutos amanhã. Esta deve ser a
razão principal por que provações são motivo de alegria. Reconhecemos que a
mão de Deus está sobre nós, que Ele é maior que a provação, que não escapa
nada de seu controle, que Ele é capaz de produzir um bem muito maior (cp. José
Gn 50:20).
Não significa que não vamos tentar sair do sofrimento, pois não somos mártires.
Assim como a mulher pode fazer tudo para aliviar a dor do seu parto, nós também
podemos fazer tudo para aliviar a dor, mas sem pecado.
Precisamos entender que as provações que vêm da parte de Deus têm o objetivo
Os atletas são o melhor exemplo de perseverança para nós. Eles treinam muitas
horas para alcançarem seu prêmio. São perseverantes em repetir todos os dias
aqueles exercícios físicos que os condicionam para a vitória. O treinamento em si
com certeza não é muito agradável, pois consome muito tempo de sua semana e
também traz consigo dores para o corpo. Porém, no dia da vitória eles nem se
lembram mais destas dores de que foram "obrigados" a suportar. A perseverança
produz uma fé vibrante, forte, completa e íntegra.
Quando enfrentamos provação, normalmente vamos descobrir que nos falta algo .
Ela revela impaciência, incredulidade, fraqueza, ira e desânimo. Porém o que mais
nos falta é sabedoria-não necessariamente para saber a razão pelo sofrimento
(quase nunca descobrimos isso) mas para saber como responder quando
percebemos as falhas do nosso coração. E o que fazer nesta situação? Orar!
Suplicar a Deus por sabedoria para poder lidar com a provação da forma correta.
É comum ouvirmos este versículo fora de seu contexto sendo usado como um
pedido generalizado por sabedoria. Acredito que isto seja válido, pois Deus
sempre se agrada de pedidos por sabedoria, porém, a ênfase do texto está no
pedido por sabedoria em meio a tribulação. A nossa primeira opção em tempos
difíceis é voltarmos nossa face para Deus, confiante de que Ele há de responder
com liberalidade.
Mas existe um "porém" no texto. Podemos pedir, mas o pré-requisito é a FÉ. Não
é uma fé cega, mas que tem olhos espirituais abertos para compreender e confiar
na natureza de Deus. O ponto da provação é para desenvolver nossa fé. Então o
que adianta suplicar a Deus mas sem fé de que Ele se importa e de fato responde
às orações que lhe fazemos?
Os últimos versos deste parágrafo parecem fora do lugar, mas de fato fazem parte
do argumento. Por que Tiago começa falando sobre o pobre e o rico? O que tem a
ver?
O rico, por outro lado, precisava compreender que suas riquezas eram
insignificantes à luz do grande esquema do universo. Não garantiam nada em
termos da eternidade. De fato, suas riquezas eram superficiais, instáveis e
superficiais. Quem depende de posses e bens para seu "estatus" diante de Deus
está em sérios apuros.
O último versículo conclui essa parte sobre a prova da provação, mostrando que
havia, sim, possibilidade para o futuro. Quem persevera em Cristo em meio as
provações revela uma fé vibrante, viva e eficaz. No final do processo, terá o
galardão chamado "a coroa da vida".
Entendo que o galardão é a vida, ou seja, que essa pessoa terá o alívio final de
todos os seus sofrimentos numa vida sem fim.
Conclusão:
Sei que muitos estão sentindo o fogo do ourives em suas vidas. Mas todo esse
processo significa que Deus encontra em nós uma fé como brilhante, que vale a
pena trabalhar. Será que você e eu estamos permitindo que Deus trabalhe, mas
trabalhe mesmo, a nossa fé? Estamos dispostos, ao encontrarmos o ensino do
livro de Tiago, a deixarmos que o Ourives termine seu trabalho em nós?
As provas de uma fé genuína são oportunidades para aqueles que realmente são
filhos de Deus desenvolverem sua vida cristã. São oportunidades para dizer "SIM"
ao Espírito Santo, movidos pela Palavra de Deus.
Lembre-se:
Fé é um verbo ativo... no tempo presente.
Parte VIII
5 Ou supondes que em vão afirma a Escritura: É com ciúme que por nós
anseia o Espírito, que ele fez habitar em nós?
6 Antes, ele dá maior graça; pelo que diz: Deus resiste aos soberbos, mas dá
graça aos humildes.
Deus não aceita uma esposa de tempo parcial. Seu senhorio é total. Deus
não quer um pedaço, mas tudo. O amigo do mundo não pode ser amigo de
Deus.
O texto começa com uma pergunta retórica que expõe nosso coração, e
provoca uma reflexão mais filosófica. De onde vem as guerras, os conflitos,
as conflagrações entre homens?
Seja uma briga de duas crianças que querem o mesmo brinquedo, seja no
serviço, entre funcionário e patrão, ou entre motoristas no meio do trânsito;
sejam batalhas travadas entre pais e filhos, marido e esposa, ou, entre
nações as guerras e invasões—qual a raiz desses conflitos?
Outros como Marx diriam que todos os conflitos vêm por causa de opressão
econômica. Talvez Freud diria que conflito é o resultado de inibições sexuais
e repressão religiosa. Mas Deus deixa muito claro que o problema vem de
outra fonte. Vem do coração humano. Vem da cobiça.
Vss 1 e 2 dizem que o conflito humano vem dos prazeres carnais dentro de
nós (1), da inveja que temos. Há três termos nesses versículos que
descrevem essa idéia de cobiça:
Por isso, para viver em paz, preciso deixar que Deus arranque meu velho
coração, que me faz pecar, e que troque-o por outro.
E quando pede, é de forma egoísta. Nenhuma oração egoísta pode ser feita
“em nome de Jesus”. Oração “em nome de Jesus” é oração feita conforme
Jesus faria. E Jesus vivia sua vida para servir aos outros, não para satisfazer
seus próprios desejos!
2. Morte
Talvez você pense que sua cobiça nunca matou ninguém. Mas Jesus disse
que cada um que se irar contra seu irmão, já matou-o em seu coração (Mt
5:21,22). A diferença entre Guerra Mundial e meus conflitos é que eu tenho
uma língua e não uma bomba nuclear como arma principal.
A cura para conflito humano tem que ser aplicado onde reside o problema:
no coração. Somente um espírito dependente e humilde, que busca em Deus
tudo que precisa para vida, é capaz de resolver os conflitos humanos.
1. Lealdade (4,5)
Por isso, nossa lealdade a Deus, nossa amizade com Ele, toma precedência
sobre tudo. Amizade com o mundo requer inimizade com Deus (vs. 4).
O filósofo Epicuro disse, “Para fazer um homem alegre, não aumente suas
posses, mas limite seus desejos. A cura para conflito humano está aqui, em
humildade e dependência do Senhor. “Os humildes recebem o que os
arrogantes cobiçam.”
Parte IX
A LEI DO ESPÍRITO DA VIDA
Tiago 4:1-6
"Portanto, não existe mais condenação para aqueles que estão em Cristo Jesus. A
Lei do Espírito da vida em Cristo Jesus te libertou da lei do pecado e da morte. De
fato -- coisa impossível à Lei, porque enfraquecida pela carne -- Deus, enviando o
seu próprio Filho numa carne semelhante à do pecado e em vista do pecado,
condenou o pecado na carne, a fim de que o preceito da Lei se cumprisse em nós
que não vivemos segundo a carne, mas segundo o espírito. Com efeito, os que
vivem segundo a carne desejam as coisas da carne, e os que vivem segundo o
espírito, as coisas que são do espírito".
Romanos 8:1-5
ÍNDICE ANALÍTICO
O texto que estamos analisando está inserido numa epístola, forma literária
específica, amplamente utilizada pelos apóstolos e pela igreja primitiva. No
capítulo que segue, analisaremos com mais detalhes esta forma literária,
inserindo-a no contexto histórico de gregos e romanos durante o primeiro século
da era cristã.
A epístola aos Romanos é uma carta de difícil compreensão. Isto porque Paulo
tinha o costume de escrever intercalando um pensamento central com várias
digressões, tornando complexa a conexão das idéias expostas. Outra dificuldade é
o próprio tema, já que o apóstolo estava tratando de um assunto eletrizante para a
época, mas hoje aceito pela totalidade cristã: os gentios podem ou não tornarem-
se cristãos sem serem prosélitos dos judeus?
Em Romanos 8:1-5, encontramos cinco verbos fundamentais para a compreensão
Para muitos teólogos, que vão de Orígenes a Barth, a carta do apóstolo Paulo aos
Romanos é o ponto alto das Escrituras. Ela sedimentou a fé de Agostinho e a
Reforma de Lutero. Calvino, por exemplo, considerava que quem entendesse
Romanos estaria com a porta aberta para a compreensão de toda a Bíblia. E
Tyndale também diz algo parecido, ao afirmar que Romanos é "a parte principal e
mais excelente do Novo Testamento, e o mais puro Evangelion, isto é, as boas
novas a que chamamos Evangelho, e também uma luz e um caminho para
penetrar em toda a Escritura"4.
Em termos de doutrina, Paulo em Romanos mostra que a Lei de Moisés, em si
boa e santa (7:12), fez o homem conhecer a vontade de Deus, mas não lhe
transmitiu a força para cumpri-la. Deu-lhe consciência de seu pecado e da
necessidade que tem de socorro (3:20, 7:7-13). Esse socorro, inteiramente
gratuito, chegou através de Jesus. E a humanidade, morta no pecado, é recriada
em Cristo (5:12-21), podendo agora viver em liberdade e justiça, segundo a
vontade de Deus (8:1-4).
Romanos tem como tema central a revelação da justiça de Deus e a
universalidade da obra de Cristo. E, se Romanos é o centro nevrálgico das
Escrituras, o capítulo 8 é o coração de Romanos.
BIBLIOGRAFIA Recomendada
Dobson, John H., Aprenda o Grego do Novo Testamento, CPAD, Rio de Janeiro,
1994.
Gundry, Robert H., Panorama do Novo Testamento, Edições Vida Nova, São
Paulo, 1991.
Halley, H. H., Manual Bíblico, Edições Vida Nova, São Paulo, 1993.
Rega, Lourenço Stelio, Noções do Grego Bíblico, Edições Vida Nova, São Paulo,
1993.
Taylor, W.C., Dicionário do Novo Testamento Grego, JUERP, Rio de Janeiro,
1991.
The Greek New Testament, United Bible Societies, USA, 1994.
Virkler, Henry A., Hermenêutica - Princípios e Processos de Interpretação Bíblica,
Vida, São Paulo, 1994.
1 Davidson, F., "O Novo Comentário da Bíblia", Edições Vida Nova, São Paulo,
1994, pág. 1167.
2 "Cumprir, isto é, fazer que a vontade de Deus (revelada na Lei) seja obedecida
como deve ser, e as promessas de Deus (dadas pelos profetas) recebam seu
cumprimento". Taylor, W.C., Dicionário do Novo Testamento Grego, JUERP, São
Paulo, 1991, pág. 177, verbete plhrow, in citação de Thayer.
3 "A usual folha de papiro media cerca de 34 cm x 28 cm (...), podendo acomodar
entre 150 e 250 palavras (...), e a maioria das cartas antigas não ocupava mais
que uma página de papiro". Gundry, Robert H., Panorama do Novo Testamento,
Parte X
A SERVIÇO DE DEUS
TEXTO BÍBLICO: Atos 20 : 24
Introdução
A Serviço de Deus
1. Em um Ministério
1.1 - A Determinação do Apóstolo
1.2 - A Vocação do Crente - 1 Tm 12 : 13
2. Com um Dom
2.1 - Servindo uns aos outros - 1Pe 4 : 10
2.2 - Em um só corpo - Ilust. Sintonia / Rm 12 : 3 - 6a
3. Na Igreja
3.1 - A Vocação da Igreja - Mt 4 : 18
3.2 - A Rede Ministerial - Ilustração Rede
Conclusão - Cl 4 : 17
O SERMÃO
Mas, pior do que estas desculpas são as que encontramos entre os próprios
crentes, no seio da igreja, para não se comprometerem no serviço cristão. E pode,
os novamente enumerá-las:
Focado neste segundo grupo é que estaremos refletindo sobre quando estamos A
Serviço de Deus.
Leitura Bíblica
"Sou grato para com aquele que me fortaleceu, a Cristo Jesus, nosso Senhor, que
me considerou fiel, designando-me para o ministério, a mim que noutro tempo era
blasfemo e perseguidor e insolente. Mas obtive misericórdia, pois o fiz na
ignorância, na incredulidade. Transbordou, porém, a graça de nosso Senhor com
a fé e o amor que há em Cristo Jesus."
Todo aquele que buscar a Deus através de Jesus Cristo, será designado a um
ministério. Será capacitado pelo Espírito Santo e nele transbordará a Graça do
Senhor.
Mas é simples mesmo, desde que cada um de per si tome a decisão de servir a
Deus. E o salmista diz mais:"Servi ao Senhor com alegria e apresentai-vos diante
dele com cânticos.", O crente abraçando um ministério que irá exercer com
compromisso e alegria.
Ainda assim restará a pergunta: Mas servir à Deus de que maneira? Conforme
uma daquela desculpas já citada. A Palavra de Deus nos assegura que a todos
Deus concede graciosamente pelo menos um dom, com o qual podemos servi-lo.
O apóstolo Pedro em sua Primeira Epístola capítulo 4 verso 10 e 11, nos diz a
respeito disto:
"Servi uns aos outros, cada um conforme o dom que recebeu, como bons
despenseiros da multiforme graça de Deus. Se alguém fala, fale de acordo com os
oráculos de Deus, se alguém serve faça-o na força que Deus supre, para que em
todas as coisas seja Deus glorificado, por meio de Jesus Cristo, a quem pertence
a glória e o domínio pelos séculos dos séculos. Amém."
Pois aí está amados irmãos, não só recebemos o dom, mas quando nos
colocamos a serviço de Deus, somos supridos por Ele em força e capacitação.
Um exemplo prático disto é o nosso rádio, quando a estação emite o seu sinal, isto
quer dizer que suas ondas pulsam e o meu radio só conseguirá captar esta onda
se seu receptor oscilar na mesma freqüência. Rádios à parte, assim também
devemos ser com Deus, ou seja, oscilarmos na mesma freqüência que Ele para
podermos ouvir a sua voz, ou repetindo em uma visão mais antiga esta
explicação: "Falarmos de acordo com os oráculos de Deus."
Voltemos então nossas atenções para a questão do "servi uns aos outros
conforme o dom que recebemos de Deus." No momento em estivermos servindo
uns aos outros e aplicando nossos dons ao serviço de Deus, estaremos então
agindo como a igreja que Jesus Cristo nos legou.
Na Epístola aos Romanos no capítulo 12, verso de 3 a 6a, Paulo disserta sobre as
nossas responsabilidades dizendo:
"Porque pela graça que me foi dada, digo a cada um dentre vós que não pense de
si mesmo além do que convém, antes, pense com moderação segundo a medida
da fé que Deus repartiu a cada um. Porque, assim como num só corpo temos
muitos membros, mas nem todos os membros tem a mesma função, assim
também nós, conquanto muitos, somos um só corpo em Cristo e membros uns
dos outros, tendo, porém, diferentes dons segundo a graça que nos foi dada."
Imaginemos a malha de uma rede de pesca, onde cada nó, ou seja, aquele ponto
onde as linhas se unem seja um membro da nossa igreja. Que aquele ponto seja
você, eu, enfim todos nós. Cada um representado por um nó.
Imagine também que ao invés da linha de nylon, fazendo aquela união estejam
nossos braços abertos, sustentando, assim, o irmão da direita e o da esquerda. Ao
mesmo tempo que somos alcançados e sustentados pelos braços fortes de dois
outros irmãos. Pronto estará formada a redada Igreja de Jesus Cristo, pronta para
ser lançada, com um único objetivo, o de pescar almas, composta com homens
usando seus dons e comprometidos em seus ministérios
CONCLUSÃO
Esteja atento para o seu momento. Ore desde agora por este alvo, e mais ainda
ore por voce neste alvo, pelo momento em que for chamado para compor esta
rede de pescar homens.
Por fim, devemos ouvir o conselho que Paulo deu a Arquipo, líder da igreja de
Colossos, que se encontra em Colossenses capítulo 4 verso 17.
Parte XI
A VIDA ETERNA
Segundo o Evangelho de João
O substantivo "vida" em grego pode ser bíos ou zoê. Bíos significa a vida física,
biológica e zoê aquela qualidade espiritual de vida eterna que só Jesus é capaz de
oferecer. Em João zoê pode vir ou não acompanhado do adjetivo "eterno", que em
grego é aiõnios. Na maioria das vezes temos zoê aiõnios (vida eterna), e mesmo
quando zoê está sozinho, em João sempre significa vida eterna.
A vida eterna é uma obra da livre graça de Deus. A salvação em sua maior
expressão. Nem mesmo a morte física serve de obstáculo para a vida eterna; pelo
contrário, a morte, para os crentes, é "uma libertação do pecado e um passo para
a vida eterna" (Catecismo de Heidelberg). Disse Jesus: "Eu sou a ressurreição e a
vida. Quem crê em mim, ainda que morra, viverá; e todo o que vive e crê em mim,
não morrerá, eternamente" (Jo 11.25,26). Ter a vida eterna é o mesmo que estar
salvo num processo irreversível (cf. Jo 5.24; 6.47; 10.27,28). Como o próprio nome
indica, vida eterna não é uma coisa que temos hoje e perdemos amanhã. Neste
caso seria vida temporária e passageira, jamais eterna!
A natureza essencial da vida eterna foi descrita pelo Senhor Jesus assim: "E a
vida eterna é esta: que te conheçam a ti, o único Deus verdadeiro, e a Jesus
Cristo a quem enviaste" (Jo 17.3). Esta passagem "não define vida eterna, mas
mostra como se manifesta e quão maravilhosa é" (William Hendriksen). E de que
forma ela se manifesta? Hendriksen explica: "A vida eterna por meio da qual tanto
o Pai como o Filho são glorificados se manifesta no verdadeiro conhecimento do
que envia e do enviado". Segundo George Ladd, "Em João, o conhecimento é
uma relação com base na experiência. Existe uma relação íntima, mútua, entre o
Pai e o Filho; por sua vez, Jesus conhece seus discípulos e por eles é conhecido;
e, em conhecê-lO, eles também conhecem a Deus". Disse Jesus: "Eu sou o bom
pastor; conheço as minhas ovelhas, e elas me conhecem a mim, assim como o
Pai me conhece a mim e eu conheço o Pai; e dou a minha vida pelas ovelhas" (Jo
10.14,15).
Que a vida eterna já é uma realidade na vida de todo aquele que crê em Jesus, é
facilmente percebido em João 6.47, onde o verbo ter está no presente do
indicativo. Disse Jesus: "Em verdade, em verdade vos digo: Quem crê, tem a vida
eterna" (cf. I Jo 5.13). "A vida que pertence ao futuro, ao reino da glória", diz
Hendriksen, "passa a ser possessão do crente aqui e agora (...). Esta vida é
salvação e se manifesta na comunhão com Deus em Cristo (Jo 17.3); na
participação do amor de Deus (Jo 5.42), de sua paz (Jo 16.33), e de seu gozo (Jo
17.13)".
Para que a vida eterna seja uma realidade presente na vida de alguém, é
A vida eterna é qualidade e duração. Ter uma vida que não acaba jamais é o
grande anseio do ser humano. Haja vista a atitude da mulher samaritana quando
ouviu de Jesus: "Aquele, porém, que beber da água da vida que eu lhe der, nunca
terá sede, para sempre; pelo contrário, a água que eu lhe der será nele uma fonte
a jorrar para a vida eterna. Disse-lhe a mulher: Senhor, dá-me dessa água para
que eu não mais tenha sede, nem precise vir aqui buscá-la" (Jo 4.14,15). Ou dos
judeus quando ouviram Jesus dizer: "Porque o pão de Deus é o que desce do céu
e dá vida ao mundo. Então lhe disseram: Senhor, dá-nos sempre desse pão" (Jo
6.33,34). Infelizmente nem a mulher samaritana nem os judeus entenderam, a
princípio, o significado da vida eterna que Jesus lhes oferecia.
Quem beber da água viva descobrirá que ela também é uma fonte a jorrar para a
vida eterna (Jo 4.14); e aquela comida que Cristo oferece também produz vida
para o futuro (Jo 6.27).
O princípio da vida eterna que habita o corpo mortal do crente se estende para a
ressurreição do mesmo. Aquele a quem Jesus concedeu vida eterna será
ressuscitado no último dia (Jo 6.40,54). Jesus é a ressurreição e a vida. Quem
nEle crê poderá morrer fisicamente, mas viverá novamente (Jo 11.25,26), isto é, o
Caberia aqui uma ligeira observação acerca do castigo eterno. Não trataremos do
assunto propriamente dito, visto que este não é o tema do nosso estudo. Por isso,
mencionaremos o castigo eterno apenas como auxílio para uma compreensão
melhor da vida eterna.
Hoje em dia, não são poucos os que negam a condenação eterna. Igrejas, num
passado recente, se dividiram por causa desta questão. Os universalistas e os
aniquilacionistas de nossos dias rejeitam definitivamente a idéia de um inferno
onde pessoas sofrerão por toda a eternidade. Ambos argumentam que Deus é
muito bom e misericordioso para condenar qualquer pessoa por toda a eternidade.
Alguns universalistas defendem que as pessoas que viveram pecando deverão ser
castigadas durante certo tempo após a morte, mas depois todo mundo será salvo.
Os aniquilacionistas, por sua vez, entendem que os ímpios serão, como o próprio
nome diz, aniquilados. Alguns aniquilacionistas também crêem que depois da
morte um sofrimento temporário precederá o aniquilamento final e definitivo dos
ímpios.
Ora, seja Deus verdadeiro e todo homem mentiroso. Deus é amor mas também é
justiça! Nosso Senhor Jesus foi claro quando disse: "Por isso quem crê no Filho
tem a vida eterna; o que, todavia, se mantém rebelde contra o Filho não verá a
vida, mas sobre ele permanece a ira de Deus" (Jo 3.36; cf. Dn 12.2; Mt 25.46).
Quando Jesus diz que aquele que "se mantém rebelde contra o Filho não verá a
vida, mas sobre ele permanece a ira de Deus" (Jo 3.36), Ele está se referindo ao
destino final dos ímpios. O inferno é a manifestação permanente e eterna da ira de
Deus contra os pecadores impenitentes. O castigo que os ímpios sofrerão depois
desta vida será de igual maneira sem fim, como sem fim será a bem-aventurança
futura do povo de Deus.
Em segundo lugar, a vida eterna deve nos levar a uma atitude prática em
relação ao destino futuro dos justos e dos injustos. O que significa o céu
para os crentes? O que quer dizer viver para sempre? Estamos preparados?
A igreja do Senhor está pronta? Você está preparado para se encontrar com
Deus? Está certo que tem a vida eterna? E o que dizer daqueles que estão
indo para o inferno? Até onde somos culpados pelo destino eterno dos
pecadores? Essas indagações não devem ser menosprezadas. São
necessárias uma reavaliação de conceitos e uma ação salvífica urgente da
igreja no mundo.
Parte XII
ANÁLISE SEMÂNTICA
De I Pedo 2:4-10
Vers. 04 - Chegando-vos a ele, a pedra viva, rejeitada é verdade pelos homens,
mas diante de Deus eleita e preciosa.
Está clara a indicação de que Cristo é a pedra viva, pois o verbo zwnta (particípio
presente) denota a qualidade verbal 2 do substantivo giq on (pedra).
Essa qualificação é própria nos escritos petrinos e paulinos, pois além da ênfase
no Cristo, enquanto Salvador, é também ao aspecto sustentador da salvação - a
pedra é viva (Cf. I Cor 10:4; Rm 9:33, 10:11).
Comecemos a análise pela expressão giq on zwnteV (pedras vivas). embora seja
a mesma expressão dada a Cristo, a diferença se faz pelo verbo constituí-vos.
Essa constituição é mister por causa da ação prática de Deus na vida daqueles
que crêem. Trata-se mais de uma exigência, um dever a ser cumprido. Os que
crêem são chamados a se tornarem oikoV pnenmatikoV (edifícios espirituais).
Trata-se de termos pertinentes à posição dos que aceitam a pedra viva. de certa
forma, os “edifícios espirituais” são : o crer, o aceita, o confiar, o receber a pedra,
o adorar a Deus, etc. Esse edifício não tem uma característica física, isto é, não é
determinado por medidas conhecidas na arquitetura, mas sim, por características
Vers. 06 - Com efeito, nas Escrituras se lê : Eis que ponho em Sião uma pedra
angular, eleita e preciosa, quem nela confia não será confundido.
Este versículo é uma rememoração de Isaías 28:16. O uso das Escrituras denota
a autoridade do Antigo Testamento na releitura dos apóstolos. Para o autor da
carta, a “pedra angular” é Cristo por estar sustentando Sião (o povo que nele crê).
No contexto vétero-testamentário, Isaías 28 comenta o juízo de Deus sobre
Efraim, ao mesmo tempo que o profetiza com uma promessa (Vers. 16 : “quem
nela (pedra) crer não será confundido “. É uma releitura muito apropriada para o
contexto neo-testamentário, pois é Deus quem, através de Cristo, elege e torna
“essa pedra” preciosa.
Os apóstolos e discípulos da época neo-testamentária dão ênfase ao A.T por
questões de estilo literário : paralelismo, releitura e narrativa divina.5 Dessa forma,
entende-se as referências do A.T apenas como re-interpretação e ênfase teológica
por parte do apóstolo. Pedro, ao associar o contexto de Isaías com o da
comunidade de sua época, estaria atualizando a teologia (fé e prática) de Isaías
28:16. Certamente, as nuances da nova vida em Cristo extrapolaria os conceitos
de “pedra angular” de Isaías. Enquanto o “crer “de Isaías 28:16 é a sujeição dos
líderes à vontade de Deus, o “crer “ de I Pedro é a Fé depositada em Cristo.
Vers. 07 - Isto é, para vós que credes ela será um tesouro precioso, mas para os
que não crêem, a pedra que os edificadores rejeitaram, essa tornou-se pedra
angular.
Vers. 08 - Uma pedra de tropeço e uma rocha que faz cair. Eles tropeçam na
Palavra, para o que também foram destinados.
Esses versículos devem ser entendidos como uma conclusão dos argumentos
apresentados anteriormente. É como se o autor estivesse finalizando sua
exposição, mas dando ênfase nos aspectos positivos e negativos dessa
conclusão, por exemplo :
Eleita Tropeço
Faz Cair
Vers. 09 - Mas vós sois uma raça eleita, um sacerdócio real, uma nação santa, o
povo de sua particular propriedade, a fim de que proclameis as excelências
daquele que vos chamou das trevas para a sua luz maravilhosa.
Vers. 10 - Vós que outrora não éreis povo, mas agora sois povo de Deus, que não
tínheis alcançado misericórdia, mas agora alcançastes misericórdia.
Raça Eleita: Aqueles que são chamados para a grande construção. Essa eleição
desempenha a função dos responsáveis pela construção. São somente eleitos por
Deus porque crêem.
Sacerdócio Real: É o ofício exercido pelos que crêem. É uma função religiosa
identificada pela categoria dos responsáveis pela adoração a Deus. Crer é exercer
5 GABEL, John B. et al. A Bíblia como Literatura. Edições Loyola. São Paulo,
1993, pp 27 - 48.
Parte XIII
CHOQUE CULTURAL: O MUNDO E O CÉU
Tiago 3:13-18
Você já experimentou choque cultural? Choque cultural acontece quando
enfrentamos estilos de vida, língua, roupa, moeda, religião, valores, perspectivas,
totalmente diferentes dos nossos.
Com certeza você já enfrentou algum tipo de choque cultural. Quando mudou para
uma outra cidade ... Quando mudou de escola ou emprego, onde tudo é diferente:
Horários, serviços, o "jeitão" de fazer as coisas... quando mudou de igreja. Às
vezes enfrentamos choque cultural quando casamos. Os costumes, as tradições
familiares, as maneiras de celebrar aniversários, feriados, são todos diferentes.
Todos esses autores bíblicos identificam uma guerra entre culturas, um choque
cultural entre o mundo em que vivemos e o céu de onde vem nossa cidadania. O
livro de Tiago vai ainda mais longe. Ele não deixa dúvidas sobre os traços que
identificam um cidadão do mundo e um cidadão do céu.
O texto começa com uma pergunta: "Quem entre vocês é sábio e entendido?"
Muitos entre os leitores talvez pensavam que eram sábios, a ponto de quererem
ser mestres (vs 1). Mas será que eram sábios MESMO? Ou será que tinham
adotado a cultura do mundo e sua definição de sabedoria?
Sabedoria bíblica significa investir sua vida para sempre. Viver na presença de
Deus em todos os momentos. Sabedoria bíblica não pisa nos outros para subir
mais alto, mas dá uma mão para ajudar os outros a subirem. Não vem
geneticamente, mas pela Palavra de Deus, aplicada ao meu coração pelo Espírito
de Deus, pela obediência e pela graça. Por isso o salmista declarou "Os teus
mandamentos me fazem mais sábio que os meus inimigos; porque aqueles eu os
tenho sempre comigo. Compreendo mais do que todos os meus mestres, porque
medito nos teus testemunhos. Sou mais entendido que os idosos, porque guardo
os teus preceitos."(Sl 119:98-100).
Sabedoria bíblica significa viver a vida de Jesus na terra, uma vida dedicada a
outras pessoas. É reconhecer que somos abençoados para sermos uma bênção,
não para acumular mais bênçãos para nós mesmos. É mansa, humilde, digna,
cheia de boas obras, focalizada no outro e não em si mesma. "Mostre em
mansidão de sabedoria, mediante condigno proceder, as suas boas obras."
Cada cultura no mundo tem seus costumes, suas marcas peculiares. Vemos isso
especialmente nas formas de se vestir de cada grupo étnico. A cultura do inferno
"Somente o forte sobrevive" (Deus diz que os mansos herdarão a terra) "Você é
mestre do seu destino." (Mas o céu sabe que Deus é soberano) "Usa pessoas,
ama coisas." (Deus diz, "Usa coisas, ama pessoas") "Comamos, bebemos,
amanhã morreremos" (Deus diz, "Comam e bebam, mas lembrem-se de que tudo
que você faz será lembrado para sempre) "Eu sou número um, e não existe
número dois!" (Deus diz, "Amarás o teu próximo como a ti mesmo."
1. Inveja amargurada -- a palavra "inveja" literalmente diz "zelo". Zelo pode ser
bom ou ruim. Mas esse é ruim. É interesse demasiado em mim mesmo, um zelo
por mim mesmo. EU cuido de mim. EU me protejo. EU faço tudo em meu próprio
interesse. E quando não tenho meus desejos satisfeitos, fico magoado. Mas esse
zelo desorientado e diabólico também é vázio, e nunca pode ser satisfeito. Quanto
mais o ego se alimenta, tanto mais quer. Por isso é amargurado.
A ética do mundo está totalmente centrada no eu. Temos que tomar cuidado, pois
existe uma doutrina de amor próprio que passa mascarada como sabedoria
biblica, quando de fato é característica da cultura do inferno. Alguns afirmam que o
homem precisa amar a si mesmo para poder amar ao seu próximo. Mas
confundem o ensino biblico. A Palavra de Deus nunca nos manda amar a nós
mesmos - muito pelo contrário, usa o amor natural que as pessoas tem como o
padrão da medida de amor que devem ter para com os outros. A ética bíblica é
uma ética OUTRO-cêntrica. Essa é a vida de Jesus em nós. Está mais
preocupado com o bem-estar do outro do que consigo mesmo. Declarações sobre
"baixa auto-estima", "falta de amor próprio", "complexo de inferioridade" revelam
preocupações da cultura mundial. Pessoas deprimidas, vázias, em parafuso, às
vezes (nem sempre) passam pelas nuvens pretas pois vivem em torno de si
mesmas. Precisam elevar os olhos e ver outras pessoas ao seu redor, pessoas
com necessidades e dificuldades maiores que as suas. Quando nosso mundo gira
em torno de nós mesmos, quando defendemos os direitos de "numero 1"
seguimos a sabedoria desse mundo e do seu principe. Mas o fruto que colhemos
é muito amargo.
3. Terrena. "Não é a sabedoria que desce lá do alto", então deve ser de baixo!
Sabedoria do inferno é o padrão entre os homens. É "da terra". Uma terra em que
os mais fortes devoram os mais fracos. Cada um por si e que os demais que se
danem. Contudo, esses não são os padrões de Deus. Ele disse que "os mansos
herdarão a terra!", "Quem perder sua vida no serviço a outros, achá-la-á."
Sl 131 "Não é ambiciosa minha alma. Não anda a procura de grandes coisas, de
coisas maravilhosas demais para mim..."
Jesus disse "Vinde a mim... aprendei de mim, pois sou MANSO E HUMILDE DE
CORAÇÃO e achareis descanso para vossas almas!" Jesus ofereceu vida por
meio da morte--morte para si, para sua ambição, para sua fama, para a defesa
dos seus direitos, para a promoção dos seus interesses. Quando você não se
importa com quem recebe a gloria, fica livre para amar!
Assim como a cultura e sabedoria do inferno tem sua roupa típica, a sabedoria do
alto também se veste de forma única. Essa sabedoria manifesta-se numa vida
transformada-- coração, cabeça e conduta. (13). Sabedoria diante de Deus, não é
tanto uma questão intelectual, mas moral.
Criticamos a corrupção dos grandes, mas um dia eles eram pequenos como nós.
E a infidelidade nessas coisas pequenas transformou-se nessa grande corrupção
que nos deixa indignados.
Porque sabe viver pela graça, pela aceitação incondicional de Deus, não tem nada
a perder. Nada para defender. Não precisa proteger seus próprios interesses a
qualquer custo. Quando errado, é capaz de pedir perdão. Quando certo, não
precisa brigar até humilhar os outros. Para esse indivíduo, pessoas são mais
importantes que posições.
6. Imparcial. Não olha somente para si mesmo e seus interesses (2:1-11). Não
julga as pessoas pelo que tem, pelo que sabem, pelo que podem fazer por ela.
7. Sem fingimento -- Não faz da vida um "show". Não usa máscaras, nem finge ser
o que não é. Pois na verdade é transparente. Quem é assim? Mais uma vez,
descobrimos que não somos nós, mas Cristo. Ele é a sabedoria de Deus que se
tornou sabedoria para nós. E hoje quer viver Sua vida em nós.
Qual é a sua cultura? Você semeia a paz, procurando sempre levar vantagem? Ou
compartilha as vantagens que já recebeu em Cristo Jesus (v. 18)?
Parte XV
CRISTÃO TAMBÉM FAZ DIETA!
Tiago 1:22-25
Certa vez um pastor bem conhecido em sua cidade estava comendo peixe num
restaurante, quando o ateu mais arrogante da cidade entrou e sentou-se ao lado
dele. O ateu logo começou a zombar do pastor, e perguntou-lhe, “Pois é, pastor, a
Bíblia está cheia de contradições. O que você faz quando encontrar uma delas?”
“Simples” respondeu o pastor. “Há muito que ainda não entendo na Bíblia, mas
faço igual o que estou fazendo com esse peixe que estou comendo. Tiro os
espinhos, coloco-os de lado, e deixo qualquer tolo que quiser, engasgar-se neles.”
Tiago 2.14-26 é um que tem sido como espinho na garganta de alguns. Inclusive,
o grande Reformador, Martinho Lutero, quase engasgou neste mesmo texto. Ele
chamou o livro de Tiago uma “Epóstola de Palha”, pelo simples fato de que não
conseguia engolir o ensino de Tiago sobre Fé e Obras. O problema centraliza-se
em textos que parecem contraditórios:
Rm 4:5 Mas ao que não trabalha, porém crê naquele que justifica ao ímpio, a sua
fé lhe é atribuída como justiça.” Rm 3.28 “Concluímos, pois, que o homem é
justificado pela fé, independemente das obras da lei.”
Tg 2:24 “Verificais que uma pessoa é justificada por obras, e não por fé somente.”
Rm 3:10-12 “não há justo, nem sequer um; não há quem entenda, não há quem
busque a Deus; todos se extraviaram, à uma se fizeram inúteis; não há quem faça
o bem, não há nem um sequer.
Is 64:6 Mas todos nós somos como o imundo, e todas as nossas justiças como
trapo da imundícia
Ef 2:8,9—Porque pela graça sois salvos mediate a fé, e isto não vem de vós, é
dom de Deus; não de obras, para que ninguém se glorie.
Tt 3:5—não por obras de justiça praticadas por nós, mas segundo sua
misericórdia, ele nos salvou.
2 Tm 1:9—nos salvou e nos chamou com santa vocação; não segundo as nossas
obras, mas conforme a sua própria determinação e graça que nos foi dada em
Cristo Jesus antes dos tempos eternos.
Rm 3:20-28 “visto que ninguém será justificado diante dele por obras da lei . . .
Mas agora, sem lei, se manifestou a justiça de Deus testemunhada pela lei e pelos
profetas, justiça de Deus mediante a fé em Jesus Cristo, para todos os que
crêem . . . sendo justificados gratuitamente, por sua graça, mediante a redenção
que há em Cristo Jesus; . . . Concluímos, pois, que o homem é justificado pela fé,
independentemente das obras da lei.
Quando lemos esses textos, só podemos concluir que a salvação é obra de Deus,
independente das obras, para que somente Deus receba toda a glória. A fé não é
uma obra, mas uma resposta à obra prévia de Deus no coração humano. Significa
receber um presente dado por Deus. Ninguém se vangloria por estender a mão
para receber um presente. A glória pertence àquele que o doou.
Inclusive, à luz desse presente de valor inestimável, qualquer tentativa de comprá-
lo diminui tamanho sacrifício feito por Cristo para torná-lo possível. Por exemplo,
digamos que um dia você descobre que precisa de um transplante de rim. A única
pessoa no mundo que tem um órgão compatível com seu corpo é sua própria
mãe. Quando ela fica sabendo da sua necessidade, no mesmo instante oferece
doar o rim dela. Depois da cirurgia, você chega para sua mãe e diz, “Mãe, a
senhora me deu vida quando entrei nesse mundo; agora a senhora salvou a
minha vida. Sou muito grato. Quero fazer alguma coisa para pagar a senhora pelo
que fez por mim. Quanto posso te dar pelo seu rim? Será que R$7 seria bom?
Então, qual o lugar de obras na vida cristã? Obras são muito importantes, mas
como resposta de gratidão pelo que Deus já fez por nós em Cristo.
Paulo e Tiago estão falando em dois contextos diferentes. Paulo combate a idéia
de que um relacionamento com Deus pode ser “comprado” por boas obras,
enquanto Tiago luta contra aqueles que dizem que a salvação não precisa fazer
nenhuma diferença na maneira de se viver a vida. É como se os dois estivessem
de costas um para o outro, unidos, mas combatendo inimigos diferentes. Para
ambos, a fé em Cristo Jesus é o meio da salvação. Mas Paulo combate o
LEGALISMO enquanto Tiago combate a LIBERTINAGEM.
Se somos salvos somente pela fé, o que acontece depois? Voltemos para a
história do transplante de rim, doado pela sua mãe. Se você realmente se viu
como condenado à morte, sem esperança; se você recebeu um presente de valor
inestimável, um rim da sua própria mãe, sua vida depois será diferente! Você vai
amar sua mãe como nunca amava antes. Você faria de tudo para agradá-la—ela é
a sua vida! Você vai querer servi-la—lavar louça, levá-la para comer fora, enviar o
melhor cartão para o Dia das Mães, etc. Não para ganhar a salvação—você já a
tem! Mas porque você foi salvo, pela graça e pelo amor dela!
Tiago combate a idéia de que uma pessoa genuinamente convertida a Deus possa
continuar sua vida como se nada tivesse acontecido. A salvação verdadeira não
inclui nenhum requisito além da fé—a mão do mendigo esticado para receber a
esmola do céu. Mas implica em mudança radical de vida depois, pela obra do
Espírito Santo que habita no cristão, pela compreensão de tudo que Cristo fez por
nós na cruz.
Tiago não nos chama para “fabricar” obras, acrescentar ítens na nossa lista de
afazeres espirituais. O ponto é que uma fé verdadeira, que vem de Deus, que
trouxe nova vida pelo Espírito Santo, naturalmente produz o fruto de boas obras.
Temos parte no processo, sim. Cooperamos com a graça de Deus na produção de
boas obras. Caso contrário Tiago não teria razão de escrever.
Paulo diz a mesma coisa em 2Co 5:17 Se alguém está em Cristo, nova criatura é;
Num certo sentido, Paulo descreve como o homem é justificado diante de Deus,
enquanto Tiago descreve como o homem demonstra sua justificação diante dos
homens. Um fala da perspectiva vertical enquanto o outro, da horizontal.
Tg 2:24 “Verificais que uma pessoa é justificada por obras, e não por fé somente.
Esse é o ensino unânime das Escrituas: Primeiro fé, depois obras. Mas as obras
não nos santificam. Mesmo depois da salvação, a vida cristã se vive pela fé, e não
pelas obras. As obras são resposta de gratidão produzidas em nossas vidas pelo
Espírito Santo (Gal 3.1-3). Vejo como Paulo concorda com Tiago quanto à
importância de obras como resultado (sobre-natural) da salvação pela fé:
Ef 2:10—Pois somos feitura dele, criados em Cristo Jesus para boas obras, as
quais Deus de antemão preparou para que andássemos nelas.
Tito 1:16—No tocante a Deus professam conhecê-lo, entretanto o negam por suas
obras, por isso que são abomináveis, desobedientes e reprovados para toda boa
obra.
Tiago nos lembra de que a fé verdadeira, que abraça Jesus e Sua obra na cruz
como a única esperança de vida eterna, não pode ficar só. Infelizmente, algumas
pessoas afirmavam fé em Jesus, mas era uma fé que desejava muito a desejar.
Era uma fé como os demônios têm (Tg 2.19). Eles crêem no único Deus. Crêem
que Jesus é o Filho de Deus; sabem que Jesus morreu na cruz pelos pecados. E
além disso, sua “fé” os faz tremer! Eles têm uma resposta emocional. Mas nem
por isso são salvos!
Muitos hoje possuem itens um e dois acima. Mas não chegam à fé verdadeira, que
exige apropriação pessoal do Evangelho. Não lançam o peso da sua esperança
de vida eterna sobre o Jesus e somente Jesus. Afirmam os fatos do Evangelho,
mas não confiam unica e exclusivamente neles para vida eterna. Esse passo
“radical” só vem quando Deus converte a alma de alguém. E quando esse “novo
nascimento” acontecer, há mudanças radicais na vida da pessoa. É isso que
XV
FÉ QUE FUNCIONA
Tiago 2:14-26 (Parte II)
Casado com sua esposa Carol a 22 anos e têm 6 filhos. Leciona no Seminário
Bíblico Palavra da Vida, ministra como pastor auxiliar de exposição bíblica na
Primeira Igreja Batista de Atibaia, e é autor de 14 livros. E-Mail:
pr_dmerkh@piba.org.br
1. Só fé em Jesus Cristo é que salva, nunca obras. Obras não são uma condição
de salvação, nem da santificação, que acontece pela fé em Cristo (Ef 2.8,9).
Em Tiago 2.14-16 vamos descobrir pelo menos três características de uma fé “de
boca pra fora”, e não “de coração para dentro”. Essa fé sem o efeito dominó de
obras é inútil, inválida e morta.
Tiago pergunta, “qual o proveito” de uma fé sem obras (vss. 14,16). Tal fé sem
obras é inoperante (vs. 20). O que ele está dizendo? Uma fé verdadeira é como
uma semente plantada no solo fértil da vida de Jesus, que tem todas as condições
possíveis para gerar fruto. Se uma semente não der fruto, só existem duas opções
—ou o solo é ruim, ou a semente está morta. Sabemos que em Cristo o “Solo” é
perfeito. Então o problema deve estar na semente.
A. Fé Falsa é uma Fantasia! Fé sem obras, nas palavras de Jesus, é como sal
insípido, sem sabor, que não presta para nada. É um ramo não ligado à videira,
que só presta para ser podado e queimado.
“De jeito nenhum!”, vem a resposta tanto de Paulo como de Tiago. Quem tem
essa perspectiva nunca compreendeu a graça do Senhor! É a prova mais clara de
que nunca fora regenerado.
Fomos salvos com propósito. Salvação em Cristo é muito mais que um apólice de
seguros de vida, que alguém compra e coloca numa gaveta e esquece! A
salvação genuína significa uma vida “em Cristo” com “Cristo em nós”.
As perguntas no vs. 14 é retórica; os leitores já sabiam a resposta: “Qual é o
proveito, se alguém disser que tem fé, mas não tiver obras? Pode, acaso,
semelhante fé salvá-lo?” Entende-se que existem vários tipos de “fé”. Existe uma
fé verdadeira e uma fé falsa. A primeira é uma possessão, a outra é mera
profissão. Por isso a pergunta, “pode, acaso ‘semelhante’ fé salvá-lo?” Esse tipo
de fé falsa é inútil.
B. Fé Falsa é Insensível.
Vss 15 e 16 ilustram a insensibilidade (inutilidade) de tal fé. Por ser uma fé morta,
Temos que questionar a nós mesmos se temos criado calos na nossa fé. Se
estamos ficando endurecidos pelas necessidades que encontramos ao nosso
redor. Se não somos mais chocados pela miséria que o pecado tem produzido em
nosso mundo... crianças com defeitos físicos... mendigos ... bêbedos... aidéticos...
ovelhas sem pastor.
Será que somos compassivos diante de por atores e atrizes em filmes e novelas,
mas endurecidos diante de tragédias na vida real? De que vale nossa ortodoxia se
não resulta em ortopraxia?
Quantas vezes nossa fé não passa de hipocrisia, palavras vazias que soam
bonitas mas que fazem absolutamente nada? Quantas vezes caímos numa rotina
de chavões evangélicas, mas que não fazem bem para ninguém! Há pessoas que
conseguem farejar falsa doutrina de 50 km, mas não conseguem dar um copo de
água fria para uma pessoa sedenta. Tiago, falando em nome de Deus, não tem
paciência para esse tipo de fé cerebral e hipócrita.
II. Fé sem obras não se valida (18-25) A palavra “justificação” admite de mais de
um significado no Novo Testamento. Quando Paulo fala em “justificação” do
crente, normalmente descreve um ato judicial do Supremo Juíz, em que Ele
declara alguém não somente livre do pecado, mas coberto da justiça de Jesus (2
Co 5:21). Ser “declarado justo” é o significado básico de “justificação”. Nesse
caso, essa “transação” acontece entre Deus e o homem só, e é invisível por outros
homens. Então, como saber se é verdadeira?
Paulo diz, “Deus justifica quem crê em Jesus, sem obras da lei.” Tiago acrescenta,
“O homem tem sua fé validada pelo fruto que produz.” Em ambos os casos,
salvação é sempre pela fé, sem obras, sem condição, a não ser fé em Cristo
Jesus. Mas essa fé é “radical”—produz mudanças na “raíz” do coração, que com o
passar do tempo, produzem fruto.
Tiago usa o efeito “choque” para defender sua tese. Distingue entre dois tipos de
fé—uma fé falsa, invisível, ou pelo menos incompleta, que até os demônios tem, e
uma fé verdadeira, visível, que manifesta-se pelas obras.
Tiago afirma a salvação pela fé somente . . . vs. 23 deixa isso muito claro, citando
Gn 15:6.
“Abraão creu em Deus, e isso lhe foi imputado para justiça”. Mas veja bem: O
processo que se iniciou depois que ele creu em Deus--a semente da sua fé--
brotou, e 40 anos depois, justificou-se diante de Deus e do mundo. Sua fé na
realidade de Deus, na obra de Deus em sua vida, na promessa de Deus, era tão
grande, que ele podia colocar TUDO no altar de Deus, seu único filho, o filho da
promessa, sua esperança do futuro, sua alegria. Somente uma fé madura,
arraigada na soberania e no amor de Deus, é capaz disso.
Conforme vss 22 e 23, “foi pelas obras que a fé se consumou”, ou seja “se
aperfeiçoou”, se fez “perfeita”, completa. Em outras palavras, o fruto da fé é obras.
Às vezes, teremos que esperar muito tempo, como Abraão, para ver que tipo de
fruto a fé a de produzir. Mas certamente será produzido. E se não existe, temos
toda razão para questionar se a fé existe também.
Por isso vs. 24 diz que somos justificados—no sentido de sermos demonstrados
como pessoas de fé—pelo fruto da nossa fé. A pessoa é DEMONSTRADA justa
pelas obras baseadas em fé.,
O grande clímax do texto está no vs. 26. De fato, começa no vs. 17: A fé invisível
—fé “de boca pra fora”—não é uma fé viva, não é uma fé verdadeira, mas morta.
A ordem é simples: Recebemos a vida, e depois revelamos a vida (de Jesus).
Assim como um corpo sem o espírito não tem força, nem vida, assim uma “fé” que
não rompe-se em obras é morta. Fica totalmente insensível, fria, dura. Não reage.
Não sente. Não mexe. Não cresce.
O que fazemos revela quem somos. Se não fazemos nada, somos mortos. Se a
árvore só produz fruto podre, a árvore está podre:
1 Jo 3:7-10 Filhinhos, não vos deixeis enganar por ninguém; aquele que pratica a
justiça é justo, assim como ele é justo. Aquele que pratica o pecado procede do
diabro, porque o diabo vive pecando desde o princípio. Para isto se manifestou o
Filho de Deus, para destruir as obras do diabo. Todo aquele que é nascido de
Deus não vive na prática de pecado; pois o que permanece nele é a divina
semente; ora, esse não pode viver pecadno, porque é nascido de Deus. Nisto são
manifestos os filhos de Deus e os filhos do diabo: todo aquele que não pratica
justiça não procede de Deus, também aquele que não ama a seu irmão.
Não podemos “fabricar” boas obras. São o produto natural de quem tem vida em
si, a vida de Jesus, cultivada e demonstrada pelo Espírito Santo, que nos “cutuca”
em direção a um caráter aprovado por Deus. Tiago escreve por esse mesmo
Espírito para nos “cutucar” em direção às obras que revelam uma fé verdadeira.
Podemos recapitular as “obras” que ele mesmo já mencionou até esse ponto no
livro como provas de uma fé genuúina, uma fé presente e ativo:
2. Resiste tentação, CRENDO que Deus é bom e que não tenta a ninguém, mas
que a culpa pelo pecado vem de mim mesmo (1.13-18)
Mais tarde na carta, Tiago dará outras obras que são fruto natural de quem
realmente crê em Jesus. Mas por ora, cabe a nós fazermos o que Paulo sugere
em 2 Co 13:5, e examinar-nos a nós mesmos, para ver se realmente estamos na
fé. Se confiamos, mas confiamos mesmo em Cristo Jesus e somente Cristo, então
é hora de deixar que a vida dEle seja vivida em nós, em nosso caráter,
transformado diariamente, de glória a glória, à imagem de Cristo.
Só fé em Jesus Cristo é que salva, Mas fé em Jesus Cristo nunca fica só.
Parte XVI
FÉ QUE FUNCIONA
Tiago 2:14-26 (Parte II)
Como criança, eu gostava muito de brincar dom dominós, montando fileiras
sinuosas e derrubando o primeiro na esperança de que todos caíssem. Se por
acaso houve uma interrupção do “efeito dominó”, eu sabia que algo estava errado
—um dominó fora do lugar, um desnível na superfície, algum outro defeito.
1. Só fé em Jesus Cristo é que salva, nunca obras. Obras não são uma condição
de salvação, nem da santificação, que acontece pela fé em Cristo (Ef 2.8,9).
Jesus nos disse que “pelos frutos os conhecereis”. Se alguém professa ser crente
em Cristo mas sua vida não mudou em nada, será que realmente é salvo?
Embora não possamos julgar aos outros, segundo 2 Coríntios 13.5, devemos
julgar a nós mesmos: Examinai-vos a vós mesmos se realmente estais na fé;
provai-vos a vós mesmos. Por isso, Tiago sugere provas concretas de uma fé
genuína em seu livro. Para ele “’Crer’ é um verbo ativo e presente”.
Em Tiago 2.14-16 vamos descobrir pelo menos três características de uma fé “de
boca pra fora”, e não “de coração para dentro”. Essa fé sem o efeito dominó de
obras é inútil, inválida e morta.
Tiago pergunta, “qual o proveito” de uma fé sem obras (vss. 14,16). Tal fé sem
obras é inoperante (vs. 20). O que ele está dizendo? Uma fé verdadeira é como
uma semente plantada no solo fértil da vida de Jesus, que tem todas as condições
possíveis para gerar fruto. Se uma semente não der fruto, só existem duas opções
—ou o solo é ruim, ou a semente está morta. Sabemos que em Cristo o “Solo” é
perfeito. Então o problema deve estar na semente.
A. Fé Falsa é uma Fantasia! Fé sem obras, nas palavras de Jesus, é como sal
insípido, sem sabor, que não presta para nada. É um ramo não ligado à videira,
que só presta para ser podado e queimado.
“De jeito nenhum!”, vem a resposta tanto de Paulo como de Tiago. Quem tem
essa perspectiva nunca compreendeu a graça do Senhor! É a prova mais clara de
que nunca fora regenerado.
Fomos salvos com propósito. Salvação em Cristo é muito mais que um apólice de
seguros de vida, que alguém compra e coloca numa gaveta e esquece! A
salvação genuína significa uma vida “em Cristo” com “Cristo em nós”.
B. Fé Falsa é Insensível.
Vss 15 e 16 ilustram a insensibilidade (inutilidade) de tal fé. Por ser uma fé morta,
não responde. Não faz nada. Não reage. Não sente. Não faz bem para ninguém,
muito menos a pessoa que diz que a possui. Seria o auge de auto-engano e
crueldade imaginar que meras palavras de consolo tomariam o lugar de obras de
consolo. “Aquela” fé é “de boca pra fora”. As palavras de quem diz “Ide em paz,
aquecei-vos e fartai-vos” caem para terra. É uma fé falada, não uma vida vivida. É
uma falsa compaixão, sem coração, sem realidade, uma fantasia
Temos que questionar a nós mesmos se temos criado calos na nossa fé. Se
estamos ficando endurecidos pelas necessidades que encontramos ao nosso
redor. Se não somos mais chocados pela miséria que o pecado tem produzido em
nosso mundo... crianças com defeitos físicos... mendigos ... bêbedos... aidéticos...
ovelhas sem pastor.
Será que somos compassivos diante de por atores e atrizes em filmes e novelas,
mas endurecidos diante de tragédias na vida real? De que vale nossa ortodoxia se
não resulta em ortopraxia?
Quantas vezes nossa fé não passa de hipocrisia, palavras vazias que soam
bonitas mas que fazem absolutamente nada? Quantas vezes caímos numa rotina
de chavões evangélicas, mas que não fazem bem para ninguém! Há pessoas que
conseguem farejar falsa doutrina de 50 km, mas não conseguem dar um copo de
água fria para uma pessoa sedenta. Tiago, falando em nome de Deus, não tem
paciência para esse tipo de fé cerebral e hipócrita.
II. Fé sem obras não se valida (18-25) A palavra “justificação” admite de mais de
um significado no Novo Testamento. Quando Paulo fala em “justificação” do
crente, normalmente descreve um ato judicial do Supremo Juíz, em que Ele
declara alguém não somente livre do pecado, mas coberto da justiça de Jesus (2
Co 5:21). Ser “declarado justo” é o significado básico de “justificação”. Nesse
caso, essa “transação” acontece entre Deus e o homem só, e é invisível por outros
homens. Então, como saber se é verdadeira?
Paulo diz, “Deus justifica quem crê em Jesus, sem obras da lei.” Tiago acrescenta,
“O homem tem sua fé validada pelo fruto que produz.” Em ambos os casos,
salvação é sempre pela fé, sem obras, sem condição, a não ser fé em Cristo
Jesus. Mas essa fé é “radical”—produz mudanças na “raíz” do coração, que com o
passar do tempo, produzem fruto.
Tiago usa o efeito “choque” para defender sua tese. Distingue entre dois tipos de
fé—uma fé falsa, invisível, ou pelo menos incompleta, que até os demônios tem, e
uma fé verdadeira, visível, que manifesta-se pelas obras.
Tiago afirma a salvação pela fé somente . . . vs. 23 deixa isso muito claro, citando
Gn 15:6.
“Abraão creu em Deus, e isso lhe foi imputado para justiça”. Mas veja bem: O
processo que se iniciou depois que ele creu em Deus--a semente da sua fé--
brotou, e 40 anos depois, justificou-se diante de Deus e do mundo. Sua fé na
realidade de Deus, na obra de Deus em sua vida, na promessa de Deus, era tão
grande, que ele podia colocar TUDO no altar de Deus, seu único filho, o filho da
promessa, sua esperança do futuro, sua alegria. Somente uma fé madura,
arraigada na soberania e no amor de Deus, é capaz disso.
Conforme vss 22 e 23, “foi pelas obras que a fé se consumou”, ou seja “se
aperfeiçoou”, se fez “perfeita”, completa. Em outras palavras, o fruto da fé é obras.
Às vezes, teremos que esperar muito tempo, como Abraão, para ver que tipo de
fruto a fé a de produzir. Mas certamente será produzido. E se não existe, temos
Por isso vs. 24 diz que somos justificados—no sentido de sermos demonstrados
como pessoas de fé—pelo fruto da nossa fé. A pessoa é DEMONSTRADA justa
pelas obras baseadas em fé.,
O grande clímax do texto está no vs. 26. De fato, começa no vs. 17: A fé invisível
—fé “de boca pra fora”—não é uma fé viva, não é uma fé verdadeira, mas morta.
A ordem é simples: Recebemos a vida, e depois revelamos a vida (de Jesus).
Assim como um corpo sem o espírito não tem força, nem vida, assim uma “fé” que
não rompe-se em obras é morta. Fica totalmente insensível, fria, dura. Não reage.
Não sente. Não mexe. Não cresce.
O que fazemos revela quem somos. Se não fazemos nada, somos mortos. Se a
árvore só produz fruto podre, a árvore está podre:
1 Jo 3:7-10 Filhinhos, não vos deixeis enganar por ninguém; aquele que pratica a
justiça é justo, assim como ele é justo. Aquele que pratica o pecado procede do
diabro, porque o diabo vive pecando desde o princípio. Para isto se manifestou o
Filho de Deus, para destruir as obras do diabo. Todo aquele que é nascido de
Deus não vive na prática de pecado; pois o que permanece nele é a divina
semente; ora, esse não pode viver pecadno, porque é nascido de Deus. Nisto são
manifestos os filhos de Deus e os filhos do diabo: todo aquele que não pratica
justiça não procede de Deus, também aquele que não ama a seu irmão.
Não podemos “fabricar” boas obras. São o produto natural de quem tem vida em
si, a vida de Jesus, cultivada e demonstrada pelo Espírito Santo, que nos “cutuca”
em direção a um caráter aprovado por Deus. Tiago escreve por esse mesmo
Espírito para nos “cutucar” em direção às obras que revelam uma fé verdadeira.
Podemos recapitular as “obras” que ele mesmo já mencionou até esse ponto no
livro como provas de uma fé genuúina, uma fé presente e ativo:
2. Resiste tentação, CRENDO que Deus é bom e que não tenta a ninguém, mas
que a culpa pelo pecado vem de mim mesmo (1.13-18)
Mais tarde na carta, Tiago dará outras obras que são fruto natural de quem
realmente crê em Jesus. Mas por ora, cabe a nós fazermos o que Paulo sugere
em 2 Co 13:5, e examinar-nos a nós mesmos, para ver se realmente estamos na
fé. Se confiamos, mas confiamos mesmo em Cristo Jesus e somente Cristo, então
é hora de deixar que a vida dEle seja vivida em nós, em nosso caráter,
transformado diariamente, de glória a glória, à imagem de Cristo.
Só fé em Jesus Cristo é que salva, Mas fé em Jesus Cristo nunca fica só.
Parte XVI
LENDO MATEUS COM OLHOS JUDEUS
Os Evangelhos chamados Sinóticos têm sido objeto de intenso estudo desde a
primeira parte do século 19. O chamado "Problema Sinótico" tem ocupado os
estudiosos por dezenas de anos em uma verdadeira caçada às fontes destes
Evangelhos, tendo ficado claro para estes mestres que os Evangelhos de Lucas e
Mateus tinham incorporado a maior parte do Evangelho de Marcos, tendo, porém,
elementos comuns que nele não estavam. Tem-se dado, igualmente, a busca da
chamada fonte ou documento Q (inicial da palavra alemã Quelle, que significa
"fonte"), ou mesmo de várias formas deste documento, o qual é supostamente a
fonte ou fontes dos Sinóticos. Os pesquisadores do assunto hoje têm a tradição
oral e as primitivas narrativas escritas como fontes comuns dos Evangelhos
Sinóticos.
O Evangelho de Mateus tem sido sempre de elevada estima por seu íntimo
relacionamento com o ambiente palestino do qual Jesus veio e no qual viveu, e
pela admirável síntese de seu ensino. Seu autor, Mateus (ou Levi) foi um dos
apóstolos e testemunha ocular, que segundo Papias (c. 140 d.C.), "colocou em
ordem os ditos do Senhor na língua hebraica (aramaica), que cada um traduziu do
melhor modo que podia".
O conceituado pensador judeu Martin BUBER escreve em sua obra Dois Tipos de
Fé que o Cristianismo como tal teve início quando as convocações de Jesus para
entrar no chegado Malkut haShamaim foram entendidas como um convite à
conversão. Para Buber, esse foi o momento de infidelidade à religião de Israel. E a
doutrina de Cristo não é uma evolução e aperfeiçoamento do que viera
anteriormente (a Antiga Aliança), mas uma deturpação e um desvio.
CINCO BLOCOS
A Quarta coleção de palavras de Jesus (capítulo 18) registra Seu ensino sobre os
deveres dos discípulos. As narrativas da capacitação dos discípulos, a
transfiguração, a Sua paixão predita conduzem a essa seção. O capítulo 19.1 dá
por encerrado o bloco.
Presume-se que este Evangelho tenha sido escrito em Antioquia da Síria. Talvez o
fato da grande presença de judeus em Antioquia tenha levado a certa urgência na
sua confecção. Parece que Mateus havia se defrontado com essa pressa ao
responder à alegação de que Jesus não havia verdadeiramente morrido. É assim
que ficam registradas informações como 27.54, 62-66; 28.11-15, e que parecem
sugerir uma controvérsia com os judeus.
Ter sido escrito para os judeus. Foi escrito por um judeu para convencer os
judeus. Assim, um dos grandes objetivos deste Evangelho é demonstrar que todas
as profecias do Antigo Testamento se cumprem em Jesus, e por isso, é o
Messias. Daí, a frase com suas variantes que é dezesseis vezes recorrente: "Tudo
isso aconteceu para que se cumprisse o que fora dito pelo profeta..." O
nascimento e o nome de Jesus são cumprimento de profecias (1.21-23); a fuga
para o Egito também (2.14,15); a matança dos inocentes (2.16-18); o regresso e a
fixação de José, bem como a infância de Jesus em Nazaré (2.13); o uso de
parábolas (13.34,35); a traição por trinta moedas de prata (27.9); o sorteio da
roupa do Mestre enquanto preso à cruz (27.35).
judaismo de Jesus é percebido na sua atitude para com a Lei. Ele não veio para
destruir a Lei, mas para cumpri-la.
Há em Mateus um interesse apocalíptico particularmente forte. É basicamente
encontrado nos capítulos 24 e 25.
Seu evangelho docente é outra característica especial. A sistematização do seu
trabalho usando dois números significativos para o judeu: o 3 e o 7. Exemplos
desta sistematização são:
Para Jesus, a importância da Torah é sintetizada na fórmula "Não penseis que vim
destruir a lei ou os profetas; não vim para destruí-los, mas para cumpri-los" (5.17).
E quando denuncia a hipocrisia dos sopherim e dos perushim, mesmo assim
assume o ensino deles.
Para alguém tão versado na tradição judaica como Mateus, é evidente que, para
contar a história do Messias, a primeira tarefa a empreender é demonstrar que é o
Messias. E para isso, deve provar em primeiro lugar que o Messias pertence à
linhagem de Davi. Conseqüentemente, Mateus começa por apresentar uma
genealogia (1.1- 17). Registramos abaixo um paralelo entre fatos, eventos e
palavras do Evangelho de Mateus com sua correspondência no Antigo
Testamento.
Mt 1.22,23
Is 7.14
Mt 2.2
Nm 24.17; Is 60.3
Mt 2.5,6
Mt 2.16-18
Jr 1.24; Gn 35.19; Ex 15,16
Mt 2.13-15
Os 11.1
Mt 2.19,20
Ex 4.19
Mt 2.22,23
não se sabe onde, pois não há no Antigo Testamento qualquer referência ao
Messias como nazareno. É possível que Mateus tenha feito um jogo de palavras
com nazireu (= Jz 13.5), ou de Is 11.1 ou Zc 6.12, "Renovo", em hebraico netzer.
O jogo é "nazareno"" com "nazireu" ou "nazareno" com "netzer"
Mt 3.11,12
Ez 36.24-26; 2Rs 5.10
Mt 3.3
Is 40.3
Mt 3.4 4.4
2Rs 1.8; 1Rs 17.6;
Ml 4.5
Dt 8.3
Mt 4.6
Sl 91, 11, 12
Mt 4.7
Dt 6.16
Mt 4.10
Dt 6.13,14;
Mt 4.14-16
Is 9.1,2;
Mt 5.4
Sl 37.11
Mt 8.17
Is 53.4
Mt 21.1
Zc 14.4
Mt 21.12,13
Jr 7.1,11
Mt 24.31?
Dn 7.13,14
Mt 26.15
Zc 11.12
Mt 27.7-10
Zc 11.13
Mt 27.24
Dt 21.6,7
Mt 27.34
Sl 69.22
Mt 27.46
Sl 22.2, 17-19
Cristologia
Destacam-se na cristologia de Mateus:
Várias passagens podem ser compreendidas como uma firme defesa da Lei (ex.:
5.18,19; 8.4; 19.17,18) e mesmo a autoridade dos fariseus e mestres da Lei em
interpretá-la (23.2,3). Espera-se dos discípulos de Jesus que jejuem, dêem
esmolas (6.2-4) e que paguem as taxas do templo (17.24-27).
Algumas passagens podem ser vistas como um "amaciamento" da rejeição de
Marcos de certas partes da Lei. A adição da cláusula que encerra um "exceto"
("não sendo por causa", ARC) em 19.9 e a omissão de Marcos 7.19b ("ficando
puras todas as comidas) na perícope correspondente de Mateus (15.1-20) têm
convencido muitos que Mateus não anula qualquer ordem do Antigo Testamento.
Há algumas passagens onde, formalmente pelo menos, a letra da lei
veterotestamentária é suplantada (ex.: 5.33-37) ou uma instituição do Antigo
Testamento que é reverenciada parece ser depreciada e potencialmente
suplantada (ex.: 12.6).
Há uma passagem (5.17-20) que é amplamente reconhecida como programática
do ponto de vista legal de Mateus.
CARÁTER LITERÁRIO
FONTES PRIMÁRIAS
AHERN, Barnabas M. The Gospels in the Light of Modern Research. Em: RYAN,
M. Rosalie (Org.). Contemporary New Testament Studies. Collegeville, Liturgical
Press, 1965, pp. 131-`152
ASIMOV, Isaac. Guia de la Biblia - Nuevo Testamento. Barcelona, Plaza & Janes,
1988. Trad. B. G. Ibañez.
BARCLAY, William. Mateo 2 Vols. 1a Reimpressão. Buenos Aires, La Aurora,
1973. Trad. M. P. Rivas.
CARSON, D. A. Matthew Em: GAEBELEIN, Frank E. (Org.).The Expositor's Bible
Commentary, Vol. 8. Grand Rapids, Zondervan, 1984, pp. 3 - 600.
LAPIDE, Pinhas. O Sermão da Montanha - Utopia ou Programa? Petrópolis,
Vozes, 1986. Trad. F. Dattler.
PIKAZA, Javier. A Teologia de Mateus. SP, Paulinas, 1978. Trad. J. R. Vidigal.
RYAN, M. Rosalie. Saint Matthew. Em: RYAN, Op. Cit., p. 238.
SANDMEL, Anti-Semitism in the New Testament. Philadelphia, Fortress, 1978.
SCHLESINGER, Hugo. Os Evangelhos e os Judeus. SP, Paulinas, 1985
SLOYAN, Gerard S. The Gospel According to Matthew. Em RYAN, Op. Cit., pp .
239-246.
ZOLLI, Eugenio. Guia Do Antigo E Do Novo Testamento. SP, Paulinas, 1961.
Trad. F. Dattler.
FONTES SECUNDÁRIAS
Parte XVII
LEVANDO A SÉRIO A SEGURANÇA DA SALVAÇÃO
"Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que, segundo a sua
grande misericórdia, nos regenerou para uma viva esperança, pela ressurreição
de Jesus Cristo dentre os mortos, para uma herança incorruptível, incontaminável
e inacessível, reservada no céus para vós, que pelo poder de Deus sois
guardados mediante a fé, para a salvação que está preparada para se revelar no
último tempo" (1Pe 1.3-5)
Por isso, por ser uma dádiva de Deus não pode ser perdida (cf. Jo 6.39; 10.27-29;
Rm 2.4; (.37-39). Pelo contrário, Jesus nos diz para nosso conforto: "A vontade do
que me enviou é esta: Que eu não perca nenhum de todos aqueles que me deu,
mas que eu o ressuscite no último dia" (Jo 6.39); e nesta outra expressão do
Salvador:
"As minhas ovelhas ouvem a minha voz, e eu as conheço, e elas me seguem; eu
lhes dou a vida eterna, e jamais perecerão; e ninguém as arrebatará da minha
mão. Meu Pai, que mas deu, é maior do que todos; e ninguém pode arrebatá-las
da mão de meu Pai" (Jo 10.27-29).
É privilégio do salvo saber que está eternamente salvo (glória a Deus por isso!),
mas não é privilégio algum viver na incerteza da salvação. Pode alguém receber a
vida eterna, e depois perdê-la, indo eternamente para o inferno? Há grupos que
dizem que sim, e estão bem espalhados na Cristandade. A Bíblia diz um
veemente "NÃO!", ou como diz a antiga palavra de ordem:
E isso porque "os dons e a vocação de Deus são irrevogáveis" (Rm 11.29 TEB).
A doutrina da segurança eterna do salvo tem outros nomes: "perseverança dos
santos", "perseverança dos salvos", dos regenerados, daqueles que são feitos
novas criaturas em Cristo. Um crente pode até errar, mas ele cai e se levanta
porque essa queda é temporária. Spurgeon sugere que é como num navio:
podemos cair muitas vezes no seu convés, mas Deus não permitirá que sejamos
jogados no mar! Estávamos atravessando para a Ilha de Itaparica no ferry boat, e
aconteceu que o barco jogava tanto que algumas pessoas se desequilibraram, e
eu também teria caído se não estivesse me segurando no cabo. Que excelente
ilustração para a segurança da salvação... Nós estamos num barco (aliás, o barco
é uma figura da Igreja), podemos cair no chão, mas não somos jogados à fúria das
águas (Jo 6.37). O problema é que há muita gente que diz possuir a fé, mas não
sabe o que seja, nem crê no que fala (1Jo 2.19; 2Pe 2.22).
A CERTEZA DA SEGURANÇA
Querem ver outra que nos dá segurança? A posse do Espírito Santo. Não
andamos ansiosamente buscando o Espírito Santo, não, porque quando cremos
recebemos o Espírito: Ele é nosso (creio que fica melhor dizer, nós somos dEle);
não é um objeto a ser possuído, Ele é que nos possui quando somos convencidos
do pecado, da justiça e do juízo (1Jo 3.24; Rm 8.9, 14).
Porque temos segurança da nossa salvação? Por causa da aliança feita com
Deus. No profeta Jeremias, o texto diz: "E lhes darei um só coração, e um só
caminho, para que me temam para sempre, para o seu bem e o bem de seus
filhos, depois deles; e farei com eles um pacto eterno de não me desviar de fazer-
lhes o bem; e porei o meu temor no seu coração, para que nunca se apartem de
mim" (Jr 32.39,40). Como Deus é fiel; nós cantamos sempre a Sua fidelidade para
conosco:
Estamos seguros por causa do valor do sacrifício de Jesus Cristo, que não foi um
sacrifício em vão. Vejo em João 6.39, o próprio Senhor dizendo, e repetimos o que
já foi mencionado: "A vontade do que me enviou é esta: Que eu não perca
nenhum de todos aqueles que me deu, mas que eu o ressuscite no último dia".
Estamos seguros por causa do Espírito Santo que vive nos salvos, "o qual é o
penhor da nossa herança, para redenção da possessão de Deus, para o louvor da
sua glória" (Ef 1.14). Assim, até parece que as perguntas de Romanos 8.31 a 39
foram feitas a pessoas que não criam na salvação eterna do crente. essas
perguntas são:
"Se Deus é por nós, quem será contra nós?" (v. 31b);
Dá para entender, então, que essas dificuldades nos vêm porque fomos entregues
à morte o dia todo? Ora, quem ama a Deus é odiado pelo mundo; quem ora a
Deus Satanás odeia porque ele não pode ver o seu império estremecido pela
nossa oração. É por isso. Assim, a nossa maior qualidade dada por Jesus Cristo é
sermos "mais que vencedores", diz a Escritura (Rm 8.37). No entanto, coitado do
ímpio , ele é por natureza uma pessoa alienada, a Bíblia o diz: "Alienam-se os
ímpios desde a madre; andam errados desde que nasceram, proferindo mentiras"
(Sl 58.3). Vejam só: desde o útero, eles são alienados?! Precisa qualidade maior
para os verdadeiros crentes que a segurança da salvação? Mas um filho de Deus,
o salvo em Cristo Jesus, quem já recebeu o sopro, o toque do Espírito, esse pode
acontecer de cair em pecado, quando, então, vai perder muita coisa: a alegria da
salvação (Sl 51.12), a bênção da comunhão com os irmãos, mas deve se levantar.
Sim, porque o crente em Jesus Cristo, o verdadeiro crente, não fica derrubado,
não. Miquéias, o profeta, diz: "Não te alegres, inimiga minha, a meu respeito;
quando eu cair, levantar-me-ei; quando me sentar nas trevas, o Senhor será a
minha luz. Sofrerei a indignação do Senhor, porque tenho pecado contra ele; até
que ele julgue a minha causa, execute o meu direito. Ele me tirará para a luz, e eu
verei a sua justiça" (7.8,9), pois, "Confirmados pelo Senhor são os passos do
homem em cujo caminho ele se deleita; ainda que caia, não ficará prostrado, pois
o Senhor lhe segura a mão" (Sl 37.23,24).
Até o erro, o pecado, tem seu lado de crescimento. Paulo quando escreve o Hino
de Exaltação a Deus pelo Seu cuidado amoroso, diz que "sabemos que todas as
coisas concorrem para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são
chamados segundo o seu propósito" (Rm 8.28). Até o pecado, até o engano, até
aquilo que não devíamos fazer mas fizemos, sendo circunstancial, ele nos ensina,
tem seu valor pedagógico. O crente em Jesus Cristo não pode perder a salvação
porque tem um grande Salvador que não deixa a Sua obra pela metade, não. A
missão de Jesus não ficou no Calvário, não: foi até à ressurreição, e Ele saiu
dentre os mortos, e garantiu a nossa salvação. Como é que um grandioso
Também porque não podemos perder a nossa redenção, visto que, mesmo
acusados por Satanás, temos um advogado diante do Pai (1Jo 2.1; cf. Hb 9.24).
Outra razão é porque estamos guardados pelo poder de Deus. Volto à Palavra
Santa: "pelo poder de Deus sois guardados, mediante a fé" (1Pe 1.5a; cf. 2Tm
1.12). Uma das mais preciosas lições da Nova Aliança é que a salvação não
depende de mim, nem de minhas obras, nem de meus atos, mas me é concedida
pela graça, pela misericórdia, pelo amor de Deus, amor que eu não mereço. Assim
diz a Santa Escritura. E diz várias vezes que eu não mereço, e que você não
merece: "Sendo justificados gratuitamente pela sua graça, mediante a redenção
que há em Cristo Jesus...porque todos pecaram e destituídos estão da glória de
Deus" (Rm 3. 24, 23). Nós não merecemos, mas Deus nos concede Sua salvação.
Se formos a outros textos, temos também muita palavra abençoadora: "Porque
pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus; não
vem das obras, para que ninguém se glorie" (Ef 2.8,9; cf. Cl 1.12-14; 2Tm 1.8,9).
Isso quer dizer que o crente em Jesus Cristo é nascido de Deus (1Jo 5.1); nascido
de uma semente que não se estraga, não apodrece. Vejam só: "tendo renascido,
não de semente corruptível, mas de incorruptível, pela palavra de Deus, a qual
vive e permanece" (1Pe 1.23), razão porque cada filho de Deus, cada filha do Pai
Celestial participa igualmente da Sua natureza. Ora, o irmão participa da natureza
de Deus: se Deus morrer, o irmão morre. Mas como Deus não morre, não Se
corrompe, não Se esfuma, o irmão, a irmã está selado, e protegido, e guardado
quanto a sua salvação para o Dia Final (cf. 2Co 1.21,22; Ef 4.30).
E tem mais: o crente em Jesus Cristo não se perde porque a alegria dos anjos não
se acaba; a alegria que foi demonstrada nos céus no dia da sua conversão essa
não se acaba(Lc 15.10), ou será que existe um ciclo de ALEGRIA NO CÉU -
tristeza porque você caiu - ALEGRIA porque você voltou - tristeza porque você
novamente caiu? Será que a Bíblia ensina isso?
SEGURANÇA E PERSEVERANÇA
No entanto, que tranqüilidade tem o crente em Jesus Cristo que leva a sério a
segurança da salvação!... As promessas do Senhor nos dão segurança (cf. Jr
32.40; Jo 6.37; 2Tm 2.19); vida eterna não é fumaça (cf. Jo 6.47)! Não é "talvez
tenha", não é "quem sabe se eu vou ter a salvação", não! (cf. 1Jo 5.11-13). Nós
estamos seguros, seguros nas mãos fortes do Senhor! (cf. Sl 37.23,24,28a;
97.10). E lembremos que a ressurreição de Jesus Cristo é o alicerce desta
segurança (Ef 2.6).
Vejam agora uma coisa muito séria: só quando se confia em Jesus até certo ponto
é que se tem medo de perder a salvação ("Olha, Jesus, eu confio até chegar perto
do Calvário; lá em cima, não..." ). Se a nossa confiança é até certo ponto, fica
difícil, porque aí você tem medo de perder a salvação. Daí em diante, se a obra de
Jesus fica pelo meio do caminho, esse crente, essa irmã, é deixado só,
abandonado. Como fica, então, a promessa de Jesus em João 14.18 que diz:
Parte XVIII
PACIÊNCIA NA PROVAÇÃO
Tiago 5:7-12
Sou como aquela pessoa que orou a Deus, “Senhor, dá-me paciência, e eu a
quero AGORA!”
Talvez fiquemos impacientes por causa de filas intermináveis e carros lentos. Mas
o livro de Tiago consolava irmãos que enfrentavam situações bem mais difíceis.
Muitos deles eram pessoas pobres, marginalizadas, perseguidas por serem
cristãos (2:5-7). Precisavam de paciência para sobreviver as tribulações da vida.
No texto anterior (5:1-6), descobrimos que os ricos haviam oprimido esses pobres.
Haviam vivido uma vida luxuosa, enquanto retiveram o salário dos diaristas,
levaram os pobres diante dos tribunais para defraudá-los, condenando e matando
alguns pela injustiça.
Foi justamente neste contexto que Tiago agora fala às pessoas oprimidas,
atribuladas, sofridas, que estavam passando por males severos sem entender
porque Deus não fazia nada. O enfoque muda dos opressores para os oprimidos,
dos perseguidores para os perseguidos. Seus leitores enfrentavam a tentação de
serem impacientes; queriam que algo acontecesse, e já. Corriam o risco de
FAZER algo acontecer, tomando em suas próprias mãos a vingança.
7 Sede, pois, irmãos, pacientes, até à vinda do Senhor. Eis que o lavrador
aguarda com paciência o precioso fruto da terra, até receber as primeiras e as
últimas chuvas.
8 Sede vós também pacientes e fortalecei o vosso coração, pois a vinda do
Senhor está próxima.
9 Irmãos, não vos queixeis uns dos outros, para não serdes julgados. Eis que o
juiz está às portas.
11 Eis que temos por felizes os que perseveraram firmes. Tendes ouvido da
paciência de Jó e vistes que fim o Senhor lhe deu; porque o Senhor é cheio de
12 Acima de tudo, porém, meus irmãos, não jureis nem pelo céu, nem pela terra,
nem por qualquer outro voto; antes, seja o vosso sim sim, e o vosso não não, para
não cairdes em juízo.
Segundo, é interessante notar que o texto destaca pelo menos três vezes a vinda
do Senhor como a bendita esperança do cristão diante das tribulações.
Vs. 7 “até a vinda do Senhor”; Vs. 8 “A vinda do Senhor está próxima”; Vs. 9 “O
juiz está às portas”
Como que o cristão maduro enfrenta provação? Descobrimos pelo menos quatro
atitudes que nos encorajam nesse texto:
I. A Fé Verdadeira é Paciente em Provação . . . Confiante da Vinda do Senhor
(7,8)
7 Sede, pois, irmãos, pacientes, até à vinda do Senhor. Eis que o lavrador
aguarda com paciência o precioso fruto da terra, até receber as primeiras e as
últimas chuvas.
8 Sede vós também pacientes e fortalecei o vosso coração, pois a vinda do
Senhor está próxima.
A palavra “vinda” do Senhor significa mais que a chegada dele. Refere à presença
dele também, e esse é o nosso consolo. A dura realidade é que Deus não
consertará todos os males desse mundo até a volta de Jesus!
2 Co 4:17 Porque a nossa leve momentânea tribulação produz para nós eterno
peso de glória, acima de toda comparação, não atentando nós nas coisas que se
vêem, mas nas que se não vêem, porque as que se vêem são temporais, e as que
se não vêem são eternas.
Filipenses nos encoraja na vida cristã, que às vezes parece tão lenta, tão
demorada: Estou plenamente certo de que aquele que começou boa obra em vós
há de completá-la até ao dia de Cristo Jesus. (1:6). (Cf. 1 Jo 3:2,3: Amados, agora
somos filhos de Deus, e ainda não se manifestou o que havemos de ser. Sabemos
que, quando ele se manifestar, seremos semelhantes a ele, porque havemos de
vê-lo como ele é. A a si mesmo se purifica todo o que nele tem esta esperança,
assim como ele é puro.
Somos encorajados na vida cristã, mesmo que às vezes pareça tão lenta, tão
demorada. Deus está produzindo fruto em nossas vidas; mesmo que o resultado
final demore, virá!
Mas, como Tiago pôde afirmar que a vinda de Jesus estava próxima, se quase
2000 anos já se passaram, e Jesus ainda não voltou? Entendemos que, até a
primeira vinda de Jesus, todo o tempo e a história estavam marchando em direção
ao precipício chamado “eternidade”. Mas, depois da ressurreição e ascenção de
Cristo, o próximo evento na cronologia divina é o retorno de Cristo.
Não resta outro acontecimento antes do final dos tempos. Em outras palavras,
chegamos à beirada do precipício e estamos agora andando na margem dele. A
Ap 21:3,4 Então ouvi grande voz vinda do trono, dizendo, Éis o tabernáculo de
Deus com os homens. Deus habitará com eles. Eles serão povos de Deus e Deus
mesmo estará com eles. E lhes enxugará dos olhos toda lágrmia, e a morte já não
existirá, já não haverá luto, nem pranto, nem dor, porque as primeiras coisas
passaram.
9 Irmãos, não vos queixeis uns dos outros, para não serdes julgados. Eis que o
juiz está às portas.
A ordem é para não se queixarem uns contra os outros. A palavra “queixar” traz a
idéia de ficar exasperado com alguém, ao ponto de agonizar por dentro, de gemer.
Foi usada em vários outros textos:
2 Co 5:2, 4 E por isso, neste tabernáculo gememos, aspirando por ser revistidos
da nossa habitação celestial
Rm 8:23 E não somente ela, mas também nós que temos as primícias do Espírito,
igualmente gememos em nosso íntimo, guardando a adoção de filhos, a redenção
do nosso corpo
Mc 7:34 Jesus, erguendo os olhos ao céu, suspirou e disse . . .
Rm 8:26 O Espírito intercede por nós sobremaneira com gemidos inexprimíveis
Tiago adverte os leitores a não se queixarem entre si, pois existe um perigo real
deles mesmos serem julgados, caso tiverem errado. Mas ao mesmo tempo
oferece uma palavra de consolo—o Juiz está à porta. Em outras palavras,
vingança pertence ao Senhor, não a nós. Se nosso irmão nos maltrata, se somos
blasfemados, alvo de fofocas, Deus sabe disso. Ele pode providenciar uma
Temos uma rica tradição histórica! A fé dos nossos antepassados, que não
tiveram os mesmos privilégios como nós, nos deixa um exemplo. Os profetas, que
falaram com autoridade como representantes do Senhor, sofreram muitos males,
mas com grande paciência.
Hb 4:15, 16 “Porque não temos sumo sacerdote que não possa compadecer-se
(=sentir junto, sofrer junto conosco) das nossas fraquezas, antes foi ele tentado
em todas as coisas, à nossa semelhança, mas sem pecado. Acheguemo-nos,
portanto, confiadamente, junto ao trono da graça, a fim de recebermos
misericórdia e acharmos graça para socorro em ocasião oportuna. (cf. Hb 2:17,18)
Temos que confiar no caráter do nosso Deus! Em meio a sofrimento, temos que
fixar nossa âncora naquilo que sabemos ser verdadeiro a respeito de Jesus. O
difícil em tempos de crise é acreditar que Ele realmente quer o nosso bem . . . que
Ele realmente é um Deus bom . . . que Ele sente conosco . . . que nos ama.
12 Acima de tudo, porém, meus irmãos, não jureis nem pelo céu, nem pela terra,
nem por qualquer outro voto; antes, seja o vosso sim sim, e o vosso não não, para
não cairdes em juízo.
Esse versículo parece mudar de assunto. Mas está ligado à idéia de respostas à
Parte XIX
O “SHOW DO CRISTÃO"
Tiago 1:26-27
Como identificar uma pessoa “espiritual”? Se tivéssemos um “religiômetro”, qual
seria o índice?
O número de vezes que realiza uma hora silenciosa? A fidelidade no dízimo? A
freqüência aos cultos? O corte de cabelo? A “moda” de roupa que usa (ou deixa
de usar)?
Parte do problema está com a própria palavra “religião”, que vem do latim
“religione” e traz a idéia de “religar-se” a um deus. O problema é que essa é uma
tarefa impossível para o homem através do seu próprio esforço.
O texto começa jogando dúvida sobre a real existência da fé da pessoa que supõe
ser religiosa. O problema é que sua língua o trai! Se suas palavras só destroem,
não importa se ela vá à igreja sempre que as portas estejam abertas, se ela leia a
Bíblia inteira três vezes por ano ou se contribua generosamente para missões.
Sua religião é vazia!
Certa vez alguém disse que a língua é o músculo mais comprido do corpo
humano, pois tem sua origem no coração. Jesus disse, “A boca fala do que está
cheio o coração” . Tiago faz essa conexão entre a língua e o coração no final do
versículo quando diz que essa pessoa está “enganando o próprio coração”.
Tiago expõe o coração humano pelo que é, para que os cristãos deixem Jesus
tomar controle de seus corações. É triste imaginar que essa pessoa se engana,
pensando que ela é grande coisa no Reino de Deus, pois participa de muitas
atividades religiosas. Ela mantém um padrão de espiritualidade estabelecido por
homens, mas ignora o padrão divino. Seu coração está longe de Deus!
A palavra “refrear” foi usada para descrever o freio na boca dos cavalos, um
pequeno instrumento inserido na parte sensível da boca do cavalo e capaz de
direcionar seu corpo inteiro. O cristão que tem Jesus reinando em seu coração
usa uma santa peneira para pesar suas palavras ANTES que são faladas. O
Espírito Santo segura a peneira, e os furos são finos e feitos pela Palavra de
Deus. As palavras pesadas e podres ele joga fora. Somente o que passa pela
A resposta é inesperada! Tiago não cita uma lista de afazeres religiosos. Não dá
pontos pelos anos de freqüência na EBD. Fala do tratamento dado aos órfàos e às
viúvas.
Naquela época, ainda pior do que hoje, órfãos e viúvas eram pessoas muito
carentes. Numa sociedade agrícola, sem INSS, orfanatos, asilos, ou assistência
social, essas pessoas sofriam demais. Quem os ajudava não tinha perspectiva
nenhuma de retorno.
Quem “visita” órfãos e viúvas em suas tribulações demonstra “religião” (mudança
interior) verdadeira. A palavra “visitar” pode nos enganar... a idéia não é de
simplesmente passar na casa de alguém e dar um “alô” ocasional. O termo
significa “cuidar, acompanhar, preocupar-se com”. Está no tempo presente,
indicando que é uma ATITUDE CONSTANTE!
Logo, Tiago destacará ainda mais esse tema quando condena acepção de
pessoas na igreja (2.1-11) e insensibilidade às pessoas com necessidades reaias
(2.15-17).
Provérbios 21:13 O que tapa o ouvido ao clamor do pobre também clamará e não
será ouvido. 28:27 O que dá ao pobre não terá falta, mas o que dele esconde os
seus olhos será cumulado de maldições.
29:7 Informa-se o justo da causa dos pobres, mas o perverso de nada disso quer
saber.
19:17 Quem se compadece do pobre ao Senhor empresta, e este lhe paga o seu
benefício.
31:8,9 Abre a tua boca a favor do mudo, pelo direito de todos os que se acham
desamparados.
Abre a tua boca, julga retamente, e faze justiça aos pobres e aos necessitados.
Fico triste quando ouço como alguns que se dizem cristãos tratam pessoas mais
humildes. O problema é que não encaram as pessoas como Jesus as encarava.
Por isso, clamemos a Ele para que sejamos sensíveis, sábios e genuínos na
proteção dos menos-privilegiados.
Mais uma vez, notamos que Tiago vai voltar para essa idéia mais tarde no capítulo
quatro, quando trata da questão dos desejos mundanos que habitam em nossos
corações (4.1-4).
Aqui, Tiago soa como o Apóstolo Paulo, que sempre nos chama para uma vida
DIGNA da alta posição nos concedida em Cristo Jesus! Na conversão obtemos
essa posição, de sermos vestidos com a justiça de Cristo (2 Co 5:21). Agora,
baseado nessa alta posição que temos diante de Deus, pelos méritos de Jesus,
devemos andar de modo digno.
Outra vez, estamos falando sobre mais do que mero comportamento. Trata-se de
uma questão interna, do coração humano. Guardar-se incontaminado do mundo
fala sobre muito mais do que observar listas de atividades que você faz (ou deixa
de fazer). Iinfelizmente, muitas vezes somos mais conhecidos como crentes pelos
nossos não-fazeres do que pelos fazeres.
O povo do Exodo descobriu como isso é difícil uma vez que você é contaminado
pelos valores do mundo. Demorou uma noite para tirar Israel do Egito, mas 40
anos para tirar o Egito do coração de Israel.
O profeta Daniel nos deixa um exemplo positivo de como estar no mundo sem ser
do mundo. Resolveu não contaminar-se com as finas regalias ilícitas do rei.
Guardou-se incontaminado do mundo. E Deus honrou-o.
No “religiômetro divino” há três registros que nos ajudam a medir nosso próprio
coração. A fé verdadeira:
1) Peneira as Palavras
2) Protege os menos-Privilegiados
3) Preserva a Pureza
Resumindo, podemos afirmar que
A fé verdadeira REFLETE SUA RELIGIÃO num coração transformado por Jesus.
Parte XX
SIGNIFICADO DE 'FIM DA LEI"
Em Romanos 10.4
O grande volume de literatura produzida nos últimos anos enfocando o tema da lei
em Paulo demonstra o caráter polêmico do assunto.1 Os principais textos "legais"
do apóstolo têm sido cuidadosamente investigados,2 interpretações tradicionais
são postas em cheque, surgem novas questões e perspectivas,3
conseqüentemente soluções inusitadas e desafiadoras são apresentadas.4 A
interpretação de Romanos 10.4, já bem conhecida como um "campo de batalha",
tornou-se ainda mais debatida com o surgimento da chamada "nova perspectiva"
sobre Paulo e a lei.
I. Análise Contextual
Paulo introduz esta seção da carta (caps. 9-11) falando da tristeza do seu coração
pela incredulidade dos seus compatriotas judeus (9.1-3) e menciona os privilégios
concedidos por Deus a eles (9.4-5). Contudo a palavra de Deus não falhou7 , pois
somente são verdadeiros israelitas os filhos da promessa, os quais são objeto do
decreto soberano da eleição de Deus (9.6-13). Esta eleição não depende das
obras praticadas pelas pessoas, quer sejam obras boas ou más, mas da vontade
do que chama.8 Não há injustiça em Deus porque esta é uma questão de
misericórdia (9.14-18); assim Deus manifesta tanto a sua ira e poder em vasos de
ira, preparados para a destruição, como a riqueza da sua glória em vasos de
misericórdia, preparados de antemão para a glória (9.19-23). A estes (que somos
nós os crentes) Deus chamou não só dentre os judeus mas também dentre os
gentios segundo seu propósito manifestado anteriormente pelos profetas (9.25-
29). Nas passagens de Oséias (Os 2.25 e 2.1) citadas em 9.25-26 Paulo faz
referência à salvação concedida aos dentre os gentios, e nas de Isaías (Is 10.22;
28.22; 1.9), citadas em 9.27-28, ele faz referência à salvação somente do
remanescente dos filhos de Israel, que são os seus verdadeiros descendentes.9
Se até aqui Paulo focalizou o seu tema da perspectiva dos propósitos soberanos e
do caráter justo de Deus, agora, de 9.30-10.21, ele o focaliza da perspectiva da
atitude de Israel. No capítulo 11 ele abordará a questão a partir de uma
perspectiva harmonizada na qual a soberania divina e a responsabilidade humana
são enfatizadas.
Deus se mantém fiel para com o seu povo ("a quem de antemão conheceu")
salvando-lhe no presente o remanescente segundo a eleição da graça, do qual
Paulo faz parte (11.1-5). Sendo pela graça, fica excluído o caminho das obras; a
justiça17 que Israel continua buscando (e)pizhtei=, "busca"), somente a eleição
(ou seja, os eleitos) obteve ( e)pe/tuxen, "alcançou"), os demais foram
endurecidos como profetizado no passado (11.6-10). A incredulidade dos judeus
serve ao propósito divino de trazer a salvação aos gentios; contudo, essa queda é
reversível, pois, mediante o ciúme, a "plenitude" de Israel (o número total dos
eleitos) haverá de ser salva, abandonando a incredulidade, sendo reenxertada na
sua própria raiz (11.11-24). Somente uma parte de Israel é endurecida e isso
durará enquanto a plenitude dos gentios está também sendo salva. É desta
maneira (ou(/twj, "assim") que todo o Israel18 será salvo, como prometido nas
Escrituras (11.25-27). Por causa da irrevocabilidade dos dons e da vocação de
Deus, Israel, apesar de estar em posição de inimizade, também participa (desta
maneira)19 da sua misericórdia concedida a todos (judeus e gentios), pois todos
estão igualmente encerrados na desobediência (11.28-32). Paulo termina
exaltando a Deus por sua sabedoria e conhecimento manifestados em seus juízos
e caminhos soberanos (11.33-36).
Sua própria justiça, em outras palavras, significa aquela justiça que somente os
judeus têm o privilégio de possuir, antes que justiça própria que consiste em os
indivíduos apresentarem seus méritos como uma reivindicação diante de Deus.20
O problema descrito em 10.3, portanto, não é que Israel, pelos seus esforços
meritórios, esteja procurando criar a sua própria justiça, mas que o seu zeloso
apego à sua visão exclusivista do pacto impede a possibilidade da oferta da
salvação aos gentios fora do pacto.22
Todavia, toda esta seção (capítulos 9-11), bem como toda a carta, mostra que a
justiça própria que os judeus procuram estabelecer encontra-se em oposição à
justiça de Deus, ficando assim do lado oposto no paralelismo antitético que
permeia toda a carta: por um lado a miséria e as realizações humanas e por outro
a ação redentora divina em Cristo através da justiça e)k pi/stewj, "pela fé". Não há
como negar o fato de que Paulo estabelece fortemente uma antítese ao legalismo
judaico; é o que comprovaremos abaixo.
2. Romanos 9.30-10.21 - Não foi o esforço humano (mh\ diw/konta, "que não
buscavam") que levou os gentios a alcançarem a justiça e)k pi/stewj, "que decorre
da fé". Por outro lado, Paulo mostra que Israel fracassou em sua busca da no/mon
dikaiosu/nhj, "lei de justiça", porque o fez ouk ) e)k pi/stewj a)ll )w(j e)c e)/rgwn,
"porque não decorreu da fé, e, sim, como que das obras"24 (9.30-32). O caminho
das obras (em contraste com o caminho da fé) implica num tropeço na pedra que
Deus colocou justamente para que o homem, nela crendo, não ficasse mais nessa
miserável posição de humilhação (ou) kataisxunqh/setai, "não será confundido")
(9.32-33). Paulo deixa claro que apesar do zelo que demonstram por Deus, os
judeus não possuem a salvação (10.1-2). Esta salvação de Deus é recebida
quando o homem cessa de usar a lei (te/loj no/mou, "fim da lei") para estabelecer
3. Romanos 11.1-36 - É a graça de Deus (xa/riti, "pela graça") e não as obras dos
homens (ou)ke/ti e)c e)/rgwn , "já não é pelas obras") que determina a eleição
divina do remanescente de Israel, eleição essa que traz salvação a esse
remanescente (ontem e hoje), em contraste com o fracasso da atual busca de
Israel que só traz mais endurecimento, cegueira e miséria (11.1-10). Somente
Deus pode reverter a miséria humana: primeiro, Deus usa o tropeço de Israel para
trazer a salvação, riqueza e reconciliação aos gentios; segundo, Deus usa o ciúme
de Israel para salvar e restabelecer à vida os que fazem parte da plh/rwma
a)utw=n, "sua plenitude"; só Deus, em sua bondade, é poderoso para enxertar
(pela fé) os gentios na oliveira boa, e nela reenxertar (afastando a
incredulidade)26 os ramos naturais cortados (judeus incrédulos) (11.11-24).
Enquanto as palavras "impiedades", "pecados", "inimigos" descrevem a miséria
judaica, por outro lado, Deus, em sua fidelidade e amor, é aquele que liberta
completamente o seu povo (11.25-29). Tanto gentios como judeus estão
aprisionados na desobediência; somente pela misericórdia de Deus podem ser
libertados (11.30-32). Só Deus merece o louvor das suas criaturas, pois ninguém
primeiro deu a ele para que Deus lhe ficasse devendo uma retribuição, pelo
contrário, "dele e por meio dele e para ele são todas as cousas. A ele, pois, a
glória eternamente. Amém."(11.33-36).
Parece que a maneira mais natural de se ler Romanos 9.32 e 10.3 é ver que os
B. Antítese na carta
3. Romanos 4.6-8 - Davi fala de uma "justiça à parte das obras" como sendo a
bênção do perdão das iniqüidades e pecados. Para Davi, "iniqüidades" e
"pecados" (verso 7) são uma outra maneira de descrever as obras que se diz
estarem faltando (xwri\j e)/rgwn, "independentemente de obras") no verso 6. Não
se pode inferir das palavras de Paulo que os "pecados de Davi" consistiam numa
ênfase na circuncisão ou em outros "emblemas separadores" que causavam a
exclusão dos gentios do povo de Deus (a circuncisão, as leis dietárias, e o
calendário religioso judaico). As suas "impiedades" e "pecados" descritos aqui são
...o ataque de Paulo às "obras da lei" em Gálatas faz parte da sua polêmica mais
geral contra o sistema legalista e inadequado do judaísmo palestino, como uma
religião de méritos e em direta oposição ao evangelho da graça revelado em
Cristo, conforme tradicionalmente se vem afirmando. Embora a ênfase de Dunn na
função sociológica da lei nos desafie a ampliar nossa interpretação e incluir
também este aspecto na polêmica de Paulo contra as "obras da lei" em Gálatas,
sua tese fundamental, bem como muitas teses da "nova perspectiva" sobre o
judaísmo e Paulo, não pode ser aceita senão debaixo de severas restrições e
qualificações. Portanto, desde que não conseguimos ser convencidos por elas,
resta-nos permanecer com a interpretação tradicional, que, mesmo parecendo
antiquada e indefensável para muitos, continua refletindo mais exatamente a
intenção de Paulo ao afirmar que a salvação é pela fé, sem as "obras da lei".33
Já vimos que o contexto mostra (1) que Paulo está combatendo o legalismo
judaico, (2) que os judeus deveriam ter cessado de usar a lei para tentar
estabelecer a justiça própria, (3) que a salvação oferecida na pregação da fé
implica numa sujeição à justiça de Deus, ou seja, em cessar de confiar nos
supostos méritos próprios (provindos da prática das obras da lei) para confiar
somente em Cristo, o Redentor, (4) que Cristo é um salvador tão suficiente que
para o homem receber essa salvação ele deve cessar de inquirir sobre o que
precisa praticar para ser salvo, pois basta invocar o nome do Senhor, crendo e
confessando a Jesus como Senhor. Diante disso, vemos que Paulo está tratando
da questão da experiência pessoal da salvação, da apropriação da justiça de Deus
em Cristo. É nesse contexto que ele afirma que Cristo é fim da lei (te/loj no/mou)
para justiça a/para/de todo o que crê, e a maneira mais natural de entender esta
expressão, de acordo com o contexto é: "Cristo é a cessação da lei com vistas à
justiça, isto para todo o que crê."
Notamos que Paulo não está fazendo uma declaração abrangente sobre o
relacionamento entre o Velho Testamento e o Novo Testamento, ou afirmando que
no Novo Testamento a lei tem um papel predominantemente negativo. Parece ser
esse o receio dos que, apesar de aceitarem que no contexto Paulo trata do
legalismo judaico, ainda preferem traduzir te/loj por "alvo". É o caso de C. E. B.
Cranfield:
A. A Palavra "te/loj"
Alguns afirmam que te/loj em Paulo geralmente significa "alvo". Todavia, essa
teoria não pode ser sustentada pela evidência. A única passagem Paulina em que
te/loj pode significar "alvo" é 1 Timóteo 1.5. Os dois usos de te/loj em Romanos
6.21-22 devem ser traduzidos por "resultado" e não por "alvo". Em 2 Coríntios 3.13
te/loj deve ser traduzido por "fim"; dificilmente poderia significar "alvo". O sentido
temporal de te/loj pode ser constatado como predominante no Novo Testamento,
tanto em construções preposicionais (certamente em Mt 10.22; 24.13; Mc 13.13; 1
Co 1.8; Hb 3.14; 6.11; Ap 2.26; provavelmente em Lc 18.5; Jo 13.1; 2 Co 1.13; 1
Ts 2.16), como em construções sem preposição (certamente em Mt 24.6, 14; Mc
3.26; 13.7; Lc 1.33; 21.9; 1 Co 15.24; Hb 7.3; 1 Pe 4.7; Ap 21.6; 22.13;
provavelmente em Mt 26.58). As únicas passagens em que te/loj poderia significar
"alvo", em nosso entender, além de 1 Timóteo 1.5, são 1 Pedro 1.9 e Lucas 22.37.
A íntima conexão entre os versos 3-4 demonstra que Paulo não está fazendo uma
declaração teológica global entre a lei e o evangelho no verso 4. Ele está
respondendo ao problema específico levantado no verso 3 de pessoas
erroneamente usando a lei para estabelecer sua própria justiça. No verso 4 Paulo
afirma que aqueles que crêem em Cristo cessam de usar a lei como um meio para
se estabelecer a justiça própria.38
Há pessoas que desaprovam esta exegese afirmando que ei)j dikaiosu/nhn, "para
justiça," está mais próximo de Xristo/j, "Cristo", do que de te/loj ga/r no/mou,
"porque o fim da lei". Devemos notar, entretanto, que esta última frase é movida
para o início da oração para dar ênfase ao fato de que Cristo põe um fim nessa
atitude errada para com a lei. "Seifrid corretamente argumenta que ei)j
dikaiosu/nhn, "para justiça," não está relacionado a tudo quanto precede mas
somente ao nominativo predicativo te/loj no/mou, "fim da lei"."39
A expressão panti\ t%= pisteu/onti, "a/para/de todo o que crê," dá suporte à idéia
de que Paulo não está fazendo uma declaração global sobre a relação entre o
evangelho e a lei. Cristo não é o fim de se usar a lei para justiça no caso dos
A partícula ga/r, "pois, ora," no verso 5 indica que os versos 5-8 provêem uma
base para o verso 4: o verso 5 afirma que aquele que busca a justiça da lei viverá
somente se praticar a lei . Por causa da exigência da prática da lei pelo homem40
nesse verso 5 e o contraste das obras com a fé em todo o contexto, como temos
mostrado, deve-se concluir que há uma idéia implícita neste verso, qual seja:
ninguém pode cumprir a lei e, assim, a justiça não pode ser alcançada através da
tentativa de se guardar a lei. Os versos 6-8 ensinam que Cristo já realizou tudo o
que nos era impossível de cumprir. A justiça não vem pela prática da lei, pois
ninguém pode cumpri-la perfeitamente; a justiça é oferecida mediante a fé em
Cristo. Desta maneira, os versos 5-8 fundamentam o verso 4 ao confirmarem que
o crer em Cristo põe um fim em toda a tentativa de se obter justiça através da lei.
É importante observar que Paulo não está sugerindo aqui que antes da vinda de
Cristo todos os judeus usavam a lei para estabelecer a justiça própria. Paulo
ensina que Abraão (Rm 4.1-5; Gl 3.6-9) e Davi (Rm 4.6-8) foram salvos pela fé e
não pelas obras. É justo entender que Paulo está mencionando Cristo no verso 4
porque agora, com a chegada de Cristo na plenitude dos tempos41 (Gl 4.4), o
modo específico de se manifestar confiança em Deus e em suas promessas é
depositar a confiança em Deus que enviou seu Filho para fazer propiciação pelos
nossos pecados (Rm 3.21-26).
IV. Conclusão
Notas
1 Ver, por exemplo, o artigo de Douglas J. Moo, "Paul and the Law in the Last Ten
Years," em Scottish Journal of Theology 40 (1987) 287-306.
3 John M. G. Barclay, em seu artigo "Paul and the Law: Observations on Some
Recent Debates," em Themelios 12 (September 1986) 5-15, oferece um excelente
resumo dos principais pontos em debate.
7 "E não pensemos que a palavra de Deus haja falhado" (9.6) é confirmado
10 Romanos 10.19-20 revela que esta conquista dos gentios é fruto da iniciativa
de Deus.
11 A antítese agora é entre "das obras" e "da fé" sendo que em 9.11 (no grego,
v.12) é entre "por obras" e "por aquele que chama", isto por causa da perspectiva
usada em cada seção. Em 11.6 é entre "pelas obras" e "pela graça".
13 Paulo já havia tratado desta justiça de Deus em Cristo "no tempo presente" em
3.21-26.
15 Comparar com 2.13 ("Porque os simples ouvidores da lei não são justos diante
de Deus, mas os que praticam a lei hão de ser justificados") e 2.25 ("Porque a
circuncisão tem valor se praticares a lei").
17 Não há como negar o paralelo com 9.30-32 (diw/kwn no/mon dikaiosu/nhj, "que
buscava lei de justiça") e 10.1-5.(th\n i)di/an [dikaiosu/nhn] zhtou=ntej sth=sai,
"procurando estabelecer a sua própria (justiça)".
18 "Todo o Israel" (11.26) que será salvo é distinto da nação de Israel como um
todo (11.25), tal como em 9.6: "nem todos os de Israel são de fato israelitas". Ver
também 2.28, 29; 4.12; 9.7-8.
22 S. R. Bechtler, "Christ, the te/loj of the Law: The Goal of Romans 10:4," em
Catholic Biblical Quarterly, 56 (1994) 298, tradução minha.
29 Ver a defesa de Schreiner de que 3.27-28 trata do mesmo assunto que 4.1-5,
em "‘Works of the Law’ in Paul," 232.
31 Para uma defesa convincente a partir deste e de outros textos paulinos de que
Paulo combatia o legalismo, veja R. H. Gundry, "Grace, Works, and Staying Saved
in Paul," em Biblica 66 (1985) 1-38. Também B. L. Martin, Christ and the Law in
Paul, SuppNovT 62 (Leiden: Brill, 1989) 93-96.
35 Schreiner, "Paul’s View of the Law in Romans 10:4-5," 124, tradução minha.
37 L. Morris, The Epistle to the Romans (Grand Rapids: Eerdmans, 1988) 381,
tradução minha.
38 Schreiner, "Paul’s View of the Law in Romans 10:4," 122, tradução minha.
40 Cranfield entende que se trata do homem Jesus Cristo e que o de\, "mas," no
verso 6 indica o contraste entre o justo estado que Cristo obteve por sua
obediência, por suas obras, e o justo estado que os homens recebem pela fé nele
(Romans, 2:521-22). Ao fazer isso Cranfield se vê obrigado a afirmar que a citação
desse mesmo verso de Levítico 18.5 em Gl 3.12 também refere-se à obediência
de Cristo (Romans, 2:522 n. 2), o que é totalmente improvável. Contra Cranfield
veja a argumentação de F. F. Bruce, Commentary on Galatians, NIGNTC (Grand
Rapids: Eerdmans, 1982) 163; e também Schreiner, "Paul’s View of the Law in
Romans 10:4," 126.
Parte XX
OS IRMÃOS DE JESUS
Os "irmãos de Jesus", de que fala a Bíblia, seriam apenas seus primos? José
continuou sem conhecer sua esposa mesmo depois do nascimento de Jesus? O
que dizem os comentaristas nas bíblias aprovadas pela Igreja Católica? É
admissível supor que os irmãos de Jesus, que não criam nele, fossem seus
apóstolos? Tentaremos encontrar respostas para essas indagações. Usaremos as
seguintes versões bíblicas:
"Não é ele o filho do carpinteiro? E não se chama a mãe dele Maria e seus irmãos
Tiago, José, Simão e Judas? E as suas irmãs não vivem todas entre nós? Donde
então lhe vêm todas essas coisas? E se escandalizavam dele. Mas Jesus lhes
disse: "Não há profeta sem honra, exceto em sua pátria e em sua casa" (Mateus
13.55-58; Marcos 6.3-6).
"Estando ainda a falar às multidões, sua mãe e seus irmãos estavam fora,
procurando falar-lhe.Jesus respondeu àquele que o avisou: "Quem é minha mãe e
quem são meus irmãos?" E apontando para os discípulos com a mão, disse: "Aqui
estão a minha mãe e os meus irmãos, porque aquele que fizer a vontade de meu
Pai que está nos Céus, esse é meu irmão, irmã e mãe". (Mateus 12.46-50; Marcos
3.32-35; Lucas 8.19-21).
"Depois disso, desceu a Cafarnaum, ele, sua mãe, seus irmãos e seus discípulos,
e ali ficaram apenas alguns dias". (João 2.12).
"Tendo entrado na cidade, subiram à sala superior, onde costumavam ficar. Eram
Pedro e João, Tiago e André, Filipe e Tomé, Bartolomeu e Mateus;Tiago, filho de
Alfeu, e Simão, o Zelota; e Judas, filho de Tiago.Todos estes, unânimes,
perseveravam na oração com algumas mulheres, entre as quais Maria, a mãe de
Jesus, e com os irmãos dele" (Atos 1.13-14). Comentários da Bíblia de Jerusalém:
"O apóstolo Judas é distinto de Judas, irmão de Jesus (cf. Mt 13.55; Mc 6.3) e
irmão de Tiago (Judas 1). Não se deve também, parece, identificar o apóstolo
"Não temos o direito de levar conosco, nas viagens, uma mulher cristã, como os
outros apóstolos e os irmãos do Senhor e Cefas?" (1 Coríntios 9.5).
"Em seguida, após três anos, subi a Jerusalém para avistar-me com Cefas e fiquei
com ele quinze dias.Não vi nenhum apóstolo, mas somente Tiago, o irmão do
Senhor. Isto vos escrevo e vos asseguro diante de Deus que não minto" (Gálatas
1.18-20). Comentários da Bíblia de Jerusalém: "Outros traduzem: "a não ser
Tiago", supondo que Tiago faça parte dos Doze e se identifique com o filho de
Alfeu (Mt 10.3p), ou tomando "apóstolo" em sentido lato (cf.Rm 1.1+)".
"A isto objeta-se por vezes que a Escritura menciona irmãos e irmãs de Jesus. A
Igreja sempre entendeu que essas passagens não designam outros filhos da
Virgem Maria: Com efeito, Tiago e José, "irmãos de Jesus" (Mateus 13.55), são os
filhos de uma Maria discípula de Cristo (Mateus 27.56), que significativamente é
designada como "a outra Maria" (Mateus 28.1). Trata-se de parentes próximos de
Jesus, consoante uma expressão conhecida do Antigo Testamento (Gênesis 13.8;
14.16; 29.15, etc.)" (Catecismo da Igreja Católica, p. 141. # 500).
"São Lucas esclarece que Tiago e Judas eram filhos de Alfeu ou Cléofas (Lucas
6.15-16). Portanto o eram também José e Simão. Mas não Jesus, que sabemos
era filho de "José, o carpinteiro". Portanto, não poderiam ser irmãos carnais. Por
outro lado, São Mateus dá o nome da mãe deles: "Entre as quais estava... Maria,
mãe de Tiago e de José" (Mateus 27.56). Não se pode confundir esta Maria com
sua homônima, esposa de José, o carpinteiro. São João deixa bem clara essa
distinção: "Junto à cruz de Jesus estava sua mãe e a irmã (prima) de sua Mãe,
Maria, mulher de Cléofas" (João 19.25), cuja filha se chamava Maria Salomé. São
as bem conhecidas "três Marias". Aliás, atualmente os protestantes mais cultos já
nem levantam mais essa objeção".
NA CRUCIFICAÇÃO
"E também ali estavam ali algumas mulheres, olhando de longe. Entre elas, Maria
Madalena, Maria, mãe de Tiago, o Menor, e de José, e Salomé" (Mc 15.40).
"Perto da cruz de Jesus, permaneciam de pé sua mãe, a irmã de sua mãe, Maria,
mulher de Clopas, e Maria Madalena" (Jo 19.25). Comentários da referida Bíblia,
referindo-se "a irmã de sua mãe": "Ou se trata de Salomé, mãe dos filhos de
Zebedeu (cf. Mt 27.56p) ou, ligando essa denominação ao que se segue, "Maria,
mulher de Clopas".
NA RESSURREIÇÃO
1. Tiago - "O Maior (mais velho), filho de Zebedeu e Salomé e irmão de São João
Evangelista (Mt 4.21). era de Betsaida na Galiléia, pescador (Mc 1.19) e
companheiro de São Pedro como seus irmãos (Lc 5.10)."
2. Tiago - "O Menor (mais moço), filho de Alfeu ou Cléofas (Mt 10.3; Mc 3.18; Lc
6.15; At 1.13) e de Maria (Jo 19.25). Foi chamado "irmão do Senhor" (Gl 1.19), no
sentido semita [relativo aos judeus] que tem essa palavra que pode se aplicar aos
primos e outros consangüíneos em linha colateral mais afastados, e até mesmo
aos simples conacionais. Tiago Menor era primo de Jesus por ser sobrinho de S.
José. N. Senhor apareceu-lhe uma semana depois da Ressurreição (1 Co 15.7).
Foi o primeiro bispo de Jerusalém depois da dispersão dos Apóstolos.O fato de
Paulo o ter procurado (Gl 1.19) e de ter ele feito o discurso final no Concílio de
Jerusalém parece provar isto (At 15.13) Foi morto no Templo por instigação do
sumo Sacerdote Anás II, tendo sido lançado de uma galeria e espancado até à
morte (62 depois de Cristo)".
3. Judas Tadeu - "Um dos doze apóstolos (Mt 10.3; Mc 3.18; Lc 6.16; Jo 14.22). É
o irmão de Tiago o Menor e "irmão", isto é, primo do Senhor (At 1.13); Mt 13.55;
Mc 6.3)".
Por outro lado, a Bíblia Sagrada, católica, como discriminada no início deste
trabalho, assume posição diferente. O dicionário que compõe essa Bíblia diz que
"Tiago, o Menor, filho de Alfeu ou Cléofas (Mt 19.3; Mc 3.18; Lc 6.15; At 1.13) e de
Maria (Jo 19.25), foi chamado "irmão do Senhor". Diz mais que "Tiago Menor era
primo de Jesus por ser sobrinho de S.José". Confirmando, diz que "Judas Tadeu,
um dos apóstolos (Mt 10.3; Mc 3.18...) é o irmão de Tiago, o Menor, e "irmão", isto
é, primo do Senhor (At 1.13; Mt 13.55; Mc 6.3)". O descompasso é lamentável, a
menos que se configure aí o "livre-exame" - situação em que comentaristas ou
exegetas católicos interpretam livremente os textos bíblicos sem guardar
coerência com a cúpula do Vaticano.
Segundo, a tia de Jesus - irmã de sua mãe Maria - era Salomé, mãe dos filhos de
Zebedeu, ou era Maria, mulher de Cléofas?
Vejamos mais uma vez o que relata João 19.25: "Perto da cruz de Jesus,
permaneciam de pé sua mãe, a irmã de sua mãe, Maria, mulher de Cléofas, e
Maria Madalena".
A frase está de tal forma postada que admite duas interpretações. A primeira é a
de que "a irmã de sua mãe" é uma pessoa, e Maria, mulher de Cléofas, outra. A
segunda hipótese é a de que o nome da tia de Jesus é Maria, a mulher de
Cléofas. A Bíblia [católica] de Jerusalém concorda comigo quando diz: "Ou se trata
de Salomé, mãe dos filhos de Zebedeu (Mt 27.56) ou, ligando essa denominação
ao que se segue, "Maria, mulher de Clopas".
Não eram filhos de Zebedeu e de sua provável mulher Salomé, porque os filhos
destes eram João e Tiago (Mt 4.21). Ora, os irmãos de Jesus foram Tiago, José,
Simão e Judas, afora algumas irmãs (Mt 13.55-56, Mc 6.3). João está excluído
dessa relação. Além disso, os irmãos de Jesus não criam nEle (Jo 7.5). Logo,
João, apóstolo, não foi seu irmão.
Não eram filhos de Maria, mulher de Alfeu ou Cléofas, cujo filho Tiago, o menor,
foi apóstolo (Mt 10.3; Mc 15.40), e como tal não poderia ser irmão de Jesus,
porque estes não criam nEle (Jo 7.5). Ademais, não consta que Tiago, José,
Simão e Judas, irmãos do Senhor, fossem filhos do referido casal.
Se os irmãos de Jesus não eram filhos de Zebedeu, nem o eram de Alfeu, seria da
tia de Jesus, não devidamente identificada em João 19.25? Não pode ser porque
essa tia de Jesus já foi devidamente identificada pelo catolicismo, ao dizer que ou
se chamava Salomé,mãe dos filhos de Zebedeu, ou era Maria, mulher de Cléofas.
Vamos agora ler o que dizem outros comentaristas a respeito dos irmãos de
Jesus.
SEUS IRMÃOS - "Não há razão para supor que estes irmãos, tanto como as irmãs
mencionadas (Mt 13.55-56), não eram filhos de José Maria" (O Novo Comentário
da Bíblia, vol. II, Nova Vida, 1990, 9a Edição).
A nossa análise terá como base o seguinte registro: "José, ao despertar do sono,
agiu conforme o Anjo do Senhor lhe ordenara e recebeu em casa sua mulher.Mas
não a conheceu até o dia em que ela deu à luz um filho. E ele o chamou com o
nome de Jesus" (Mateus 1.24-25, Bíblia [católica] de Jerusalém).
A passagem acima diz claramente que José, atendendo ao anjo, recebeu em sua
casa a sua esposa Maria, e foram viver como marido e mulher. Está dito que
Maria foi a mulher de José; que José não conheceu a sua esposa enquanto ela
estava grávida de Jesus; que Jesus nasceu de uma virgem, porque José somente
Católicos há que contestam o que está escrito na Bíblia, e dizem que "nas
Sagradas Escrituras a expressão "até que" é empregada muitas vezes para
indicar um tempo indeterminado, e não para marcar algo que ainda não
aconteceu". Não iremos nos estender na refutação dessa tese porque as duas
bíblias de início citadas, aprovadas pelo catolicismo, interpretam corretamente
referido versículo.Vejamos:
"Mas [José] não a conheceu até o dia em que ela deu à luz um filho, e ele o
chamou com o nome de Jesus": "O texto não considera o período ulterior [depois
do parto] e por si não afirma a virgindade perpétua de Maria, mas o resto do
Evangelho, bem como a tradição da Igreja, a supõem" (Comentário da Bíblia
[católica] de Jerusalém).
Em outras palavras, os exegetas católicos, que trabalharam na edição da referida
Bíblia, reconheceram o óbvio, ou seja, que até o nascimento de Jesus, José e
Maria não se "conheceram". Todavia, dizem bem quando entendem que a
Tradição "supõe", isto é, o dogma da perpétua virgindade de Maria é uma
suposição, não uma realidade bíblica. O comentário acima coloca por terra
argumentos outros não oficiais, segundo os quais José não conheceu sua esposa
nem antes nem depois do nascimento de Jesus.
Outro comentário: "Enquanto (ou até que): esta palavra portuguesa traduz o latim
donec e o grego heos ou, que por sua vez estão calcados sobre a expressão
hebraica ad ki que se refere ao tempo anterior a esse limite sem nada dizer do
tempo posterior, cf. Gn 8.7;Sl 109.1; Mt 12.20; 1 Tm 4.13. A tradução exata seria:
"sem que ele a tivesse conhecido, deu à luz...", pois a nossa expressão "sem que"
tem o mesmo valor" (Bíblia [católica] Sagrada.
O que a Bíblia acima está dizendo em seus comentários é que o "ATÉ" não foi
ALÉM do nascimento de Jesus, ou seja, enquanto grávida e até dar à luz não
houve "conhecimento" mútuo do casal.
Concordando com as Bíblias Católicas, a Bíblia Apologética, usada pelos
evangélicos, assim esclarece: "Veja a preposição "até" em qualquer concordância
bíblia e ficará surpreso a respeito do seu significado. Observe alguns exemplos:
Levíticos 11.24-25: "E por estes sereis imundos: qualquer que tocar os seus
cadáveres, imundo será ATÉ à tarde". E depois da tarde, eles permaneceriam
imundos? Vejamos agora Apocalipse 20.3: "E lançou-o no abismo, e ali o
encerrou, e pôs selo sobre ele, para que não mais engane as nações, ATÉ que os
mil anos se acabem. E depois importa que seja solto por um pouco tempo". Assim,
a relação existente antes do nascimento de Jesus se modificou [como se
modificou a situação de Satanás após os mil anos de prisão], não a conheceu até
que ela deu à luz. Essa passagem declara que, depois do nascimento de Jesus,
José Maria tiveram uma vida conjugal normal, como qualquer outro casal. Nenhum
autor do Novo Testamento ensina a doutrina da virgindade perpétua de Maria. Se
se tratasse de uma doutrina ou ensinamento vital ou essencial como requer o
catolicismo romano, certamente Paulo e os outros discípulos teriam mencionado a
respeito. Assim resta ao catolicismo romano apegar-se à tradição, porque a Bíblia
A expressão "não coabitou com Maria ATÉ QUE nascesse Jesus" está muito
clara. Ligada à fala do anjo que disse a José que RECEBESSE Maria, sua mulher,
ficou entendido que passado o período da gravidez e do descanso depois do
parto, José e Maria, marido e mulher, continuariam uma vida a dois como todos os
casais do mundo. Assim aconteceu, pois tiveram muitos filhos, conforme está em
Mateus 13.55-56. José e Maria constituíram um casal muito feliz e foram
abençoados por Deus. E por ter filhos, por amar o seu esposo, por ter sido mãe,
Maria não pecou nem perdeu a sua santidade. Maternidade e santidade podem
caminhar juntas, sem que uma prejudique a outra. Sexo no casamento não
pecado.
Quinto, houve ordem divina para que José não "conhecesse" sua mulher?
Se não havia a intenção formal nem de José nem de Maria de viverem sem
relações íntimas, embora residissem sob o mesmo teto, teria havido alguma
ordem divina nesse sentido? O leitor deverá ler cuidadosamente Mateus 1.18-25 e
Lucas 1.26-38 para verificar a inexistência de qualquer tipo impedimento. A
resposta de Maria ao anjo - "Como é que vai ser isso, se eu não conheço homem
algum?" (Lc 1.34) - pode ser interpretada como um voto de virgindade? A Bíblia
[católica] de Jerusalém, em seus comentários, responde: "A "virgem" Maria é
apenas noiva (v.27) e não tem relações conjugais (sentido semítico de "conhecer",
cf. Gn 4.1; etc.). Esse fato, que parece opor-se ao anúncio dos vv. 31-33, induz à
explicação do v. 35. NADA NO TEXTO IMPÔE A IDÉIA DE UM VOTO DE
VIRGINDADE" (realce acrescentado).
a) "Os atos com os quais os cônjuges se unem íntima e castamente são honestos
e dignos e a sexualidade é fonte de alegria e prazer"? (Catecismo da Igreja
Católica, p. 612, # 2362). Por que com Maria seria diferente?
b) "Pela união dos esposos realiza-se o duplo fim do matrimônio: o bem dos
cônjuges e a transmissão da vida", pois que "esses dois significados ou valores do
casamento não podem ser separados sem alterar a vida espiritual do casal" (C.I.C.
p. 612, # 2363). Por que com o casal José Maria seria diferente? Esses "valores"
não diziam respeito também a eles?
f) "A sexualidade está ordenada para o amor conjugal entre o homem e a mulher,e
no casamento a intimidade corporal dos esposos se torna um sinal de um penhor
de comunhão espiritual"? (C.I.C., p.611 #2360). Por que eles não podiam?
g) "Por causa da prostituição cada um tenha a sua própria mulher, e cada uma
tenha o seu próprio marido", e que "a mulher não tem poder sobre o seu próprio
corpo, mas tem-no o marido"; e que "não vos defraudeis [negar relação íntima] um
ao outro, senão por consentimento mútuo por algum tempo, para vos aplicardes à
oração; mas que "depois ajuntai-vos outra vez para que Satanás não vos tente por
causa da incontinência [ausência de relações sexuais]", tudo como está escrito
nas palavras inspiradas do apóstolo Paulo (1 Coríntios 7.2-5). A abstinência do
casal não estaria fora dos propósitos de Deus? Lembremo-nos das palavras de
Jesus: "Aquele que fizer a vontade de meu Pai que está nos Céus, esse é meu
irmão, irmã e mãe" (Mt 12.46-50). Lembremo-nos também das palavras de Maria:
"Fazei tudo o que Ele vos disser" (Jo 2.5)
OUTRAS CONSIDERAÇÕES
1) Lemos em João 2.12: "Desceu [Jesus] a Carfanaum, com sua mãe, seus irmãos
e seus discípulos. E ficaram ali muitos dias". Não pode ser outro o entendimento:
Jesus com sua família, a mãe com seus filhos ficaram muitos dias naquela cidade.
Não há como forçarmos uma interpretação que nos levaria a pensar que Maria,
não tendo filhos com José, resolvera criar seis ou mais parentes. Vejam também a
distinção entre "discípulos" e "irmãos".
Adelphos - Usada 343 vezes para designar pessoas que têm em comum pai e
mãe, ou apenas pai ou mãe; indicar duas pessoas que têm um ancestral comum
ou que faz parte do mesmo povo, ou membros da mesma religião. Com essa
Anepsios - Usada somente uma vez para identificar o termo "primo", na seguinte
passagem: "Saúdam-vos Aristarco, meu companheiro de prisão, e Marcos, PRIMO
de Barnabé..." (Colossenses 4.10, Bíblia [católica] de Jerusalém). Nota: Havia
portanto na linguagem grega palavras para identificar irmãos, primos e parentes.
Logo, se Tiago, José, Simão, Judas e mais algumas mulheres (Mt 13.55-56; Mc
6.3) fossem parentes de Jesus, e não filhos de Maria, a palavra grega mais correta
seria "anepsios" ou "syngenes".
4) Gostaria de chamar a atenção dos leitores para o que está em Atos 1.13-14:
Tendo chegado, subiram ao cenáculo, onde permaneciam. Os presentes eram
Pedro e Tiago, João e André, Filipe e Tomé, Bartolomeu e Mateus; Tiago, filho de
Alfeu, Simão, o Zelote, e Judas, filho de Tiago. Todos estes perseveravam
unanimemente em oração e súplicas, com as mulheres, e Maria, mãe de Jesus, e
com seus irmãos".
Entendo que Maria, as outras mulheres e os irmãos de Jesus eram pessoas
distintas dos apóstolos acima citados. Tiago e Judas, irmãos de Jesus, não
estavam incluídos naquela relação. Juntaram-se aos apóstolos naquela ocasião.
Não me parece justo procurarmos uma mãe para os irmãos de Jesus. A outra
Maria, que pode ser a de Alfeu ou Cléofas, era mãe de Tiago e de José. Vejam:
"Maria, mãe de Tiago e de José" (Mt 27.56); "Maria, mãe de Tiago, o menor, e de
Parte XXI
QUEM ME FEZ PECAR?
Tiago 1:13-16
Quando André aceitou assumir a diretoria daquela escola publica já sabia que
teria muito trabalho pela frente. Aquela escola era muito conhecida pela
indisciplina dos alunos, mas, ele estava disposto a mudar esta situação.
---Pedro, perguntou o diretor, por que você roubou os biscoitos de seu amigo?
---Sabe o que é, disse Pedro, é que meus pais discutiram quando eu tinha seis
anos de idade e hoje eu não consigo parar de comer. E depois eu iria pagar pelos
biscoitos... André ficou surpreendido com aquela resposta, mas era apenas o
começo. Veja o que disseram outros alunos:
Quem me faz pecar? Certamento não pode ser minha a culpa. Tem que haver
alguém que posso culpar.
Mas como vamos descobrir, reconhecer que a fonte do pecado está dentro em
mim, e não fora, é um dos primeiros sinais de alguém que tem uma fé viva. De
fato, é condição ou pré-requisito para uma fé verdadeira, pois sem esse
reconhecimento ninguém se salva!
O autor bíblico, Tiago, já 2000 anos atrás, antecipava essa tendência do coração
humano de culpar a todos menos a si mesmo pelo pecado. Pior é que, quando
culpamos aos outros, estamos de fato culpando o próprio Deus pelo nosso
pecado.
Olhando para o texto de Tiago 1.13-16 percebemos como ele lidava com esta
tendência do coração humano. Primeiro ele deixou uma clara proibição de não
jogar a culpa pelo pecado em outros, principalmente Deus e, segundo, ele
explicou que a raíz de todo pecado não está nos outros, mas, sim, em mim
mesmo.
Alguns leitores de Tiago estavam culpando a Deus por uma provação que levava
ao pecado. Como alguns hoje não pagam seus impostos e se justificam dizendo:
"Se eu pagar tais impostos minha empresa não vai sobreviver", muitos ali se
justificavam com desculpas semelhantes.
Mas essas justificativas pelo pecado, em efeito, culpavam o próprio Deus que
prometeu Não vos sobreveio tentação que não fosse humana; mas Deus é fiel, e
não permitirá que sejais tentados além das vossas forças; pelo contrário,
juntamente com a tentação vos proverá livramento, de sorte que a possais
suportar (1 Co 10:13).
Afirmar que outros são responsáveis pelo meu pecado é o caminho mais fácil e
mais popular de escaparmos responsabilidade pessoal.
Talvez você esteja pensando, "Mas eu nunca iria culpar a Deus pelo meu pecado."
Mas pense de novo. Somos experts em racionalização e justificação do nosso
pecado. Temos "n" maneiras de passar a culpa pelo nosso próprio a outros e, na
última análise, no próprio Senhor.
A expressão Deus não pode ser tentado pelo mal indica que não há nada em
Deus que corresponda à tentação. Não há nada em Deus que possa ser seduzido
a fazer o mal. É como alguém que tenta agarrar com suas mãos a neblina da
manhã: sua tentativa será tola e inútil.
Uma vez que Deus não é seduzido pelo mal e nada há nele de mal, Ele não é a
fonte nem o responsável, direta ou indiretamente, pelo meu pecado. Seria
totalmente incoerente para Deus tentar incitar alguém ao mal, visto que Ele é tão
distante do pecado que não podia nem encarar seu próprio Filho na cruz do
Calvário.
Gostaria que você me acompanhasse por um pequeno tour, primeiro pelo mundo,
depois pelas Escrituras, para descobrir como o homem atual não é muito diferente
do que o homem antigo em termos do desvio da culpa.
O Mundo Atual
1. Ciência
Medicina-o homem está "doente", mas não culpado. Ele sofre da doença de
alcoolismo, mas não pode ser chamado um "alcoólatra" ou bêbedo (hoje, usa-se o
2. Psicologia
Auto-estima-a raiz de todos os males é que não me amo o suficiente . . . por isso,
fico desanimado, bebo demais, fofoco, minto, etc. Culpado são os que me
oprimiram.
Vitimização-não sou membro de uma família conturbada pelo pecado, mas uma
família disfuncional.
Psicánálise-sou dirigido por instintos básicos que, quando remprimidos, me levam
a extrapolar meus desejos. Complexos sexuais causados pelos pais, pela
sociedade, pelo id, ego ou contra-ego, mas certamente não pela minha natureza
pecaminosa. Culpada é a sociedade, a religião e o instinto básico.
3. Teologia/Filosofia
Alguns movimentos chegam a dar nomes para esses demônios que não
encontramos de forma alguma na Bíblia. O efeito é que, de forma sutil, culpamos a
Não negamos a influência e o impacto que o pecado de outros têm, que existem
feridas profundas, circatrizes e verdadeiras vítimas do pecado. Mas não podemos
culpar essas circunstância pelo nosso pecado! De uma forma ou outra, todas
essas respostas, todas essas tentativas, representam maneiras de nós culparmos
o próprio Deus pelo nosso pecado. Afinal de contas, é como que disséssemos que
foi Ele que nos colocou naquela família, foi Ele que permitiu que nossos ancestrais
fossem assim, foi Ele que não impediu que os demônios nos atacassem, foi Ele
que permitiu que perdéssemos nosso emprego, foi Ele que enviou aquela mulher
para trabalhar na minha firma, foi Ele que...
Será que eu e você caímos no mesmo erro que Tiago adverte? Culpar aos outros,
e especialmente a Deus, é marca de quem não está permitindo que a vida de
Jesus seja vivida nele.
Onde não há culpa pessoal, não há graça individual. Para alguém ser salvo, tem
que ficar perdido. Tentamos salvar algumas pessoas mostrando todos os
benefícios sem primeiro mostrar que são perdidas.
Tiago mostra como eu sou o principal responsável pelo meu próprio pecado. O
verdadeiro cristão, para se tornar cristão, tem que reconhecer esse fato. O
primeiro ponto do Evangelho é: Eu sou pecador! Essa mensagem não é muito
Tiago usa uma analogia apropriada de pecado sexual para descrever o processo
mortífero que leva ao pecado:
As Escrituras
Culpar outros pelo meu pecado tem uma longa história nas Escrituras. Veja:
Quando Deus confrontou Adão ele transferiu sua culpa para outro dizendo que a
culpa não era dele, mas sim da mulher. Aliás, disse Adão, foi a mulher que Tu me
deste; ou seja, no final das contas a culpa era de Deus que lhe tinha dado aquela
mulher. E, afinal, por que Deus tinha de criar a serpente? Mais uma razão pela
qual ele não era culpado e sim Deus, até a serpente que o enganou existia pela
vontade de Deus.
Moisés teve de confrontar seu irmão por Ter levado o povo à idolatria. Mas este
também transferiu sua culpa para outro. "Olha Moisés, visto que você sumiu e não
voltava, e o povo precisava de uma direção espiritual dadas as desfavoráveis
circunstâncias, não tive escolha a não ser fazer este bezerro de ouro".
3. Saul (1 Sm 13:12)
Samuel ficou extremamente triste quando viu que Saul havia oficiado o sacrifício
que era de sua responsabilidade. Confrontado, Saul não admitiu sua
desobediência, apenas disse que o fez por causa das circunstâncias tão urgentes.
Vemos, portanto, que o homem de hoje não é diferente do homem do passado.
Pv 28:13 diz: O que encobre as suas transgressões, jamais prosperará; mas o que
as confessa e deixa, alcançará misericórdia. (Sl 32:1-5)
1 Jo 1:9 diz que se confessarmos os nossos pecados Deus é fiel para nos
perdoar. Esse é um caminho confiável, tanto para aquele que nunca abraçou
Jesus como seu Salvador, quanto para aquele que já conhece Jesus mas é
tentado a se desculpar pelo pecado. Confissão significa concordar com Deus
sobre o meu pecado. Os pecados devem ser identificados pelos seus nomes e
Não há necessidade para os alunos da escola do Diretor André, muito menos nós,
justificarmos nosso pecado. O caminho da graça começa quando reconhecemos a
nossa culpa, e corremos até o perdão oferecido por Cristo Jesus.
Parte XXII
REAVIVAMENTO HOJE
Tiago 5:13-18
O Brasil precisa de um reavivamento. Um reavivamento que provoca mudanças
reais e duradouras no seio da igreja, da sociedade e da família. Um reavivamento
que é mais que fogo de palha, show gospel, louvorzão e emoção. Algo que
transforma-nos de tal forma, que somos controlados pelo Espírito de Deus,
usando a Palavra de Deus, para nos conformar à imagem de Deus.
O último texto do livro é considerado por alguns como um dos trechos mais
difíceis, não somente de Tiago, mas de todo o NT. Mas se analisarmos bem o
contexto, o texto em si não é tão problemático. De fato, vai direto ao assunto. E o
assunto principal é oração, ou seja, uma comunhão viva com Deus. Nos ensina
que A FÉ VERDADEIRA FALA COM DEUS, em todas as circunstâncias, na
alegria e tristeza, na força ou na fraqueza, na bonança ou na tempestade. Esse é
o reavivamento verdadeiro que Tiago quer provocar—uma comunhão constante
13 Está alguém entre vós sofrendo? Faça oração. Está alguém alegre? Cante
louvores.
14 Está alguém entre vós doente? Chame os presbíteros da igreja, e estes façam
oração sobre ele, ungindo -o com óleo, em nome do Senhor.
15 E a oração da fé salvará o enfermo, e o Senhor o levantará; e, se houver
cometido pecados, ser-lhe-ão perdoados.
16 Confessai, pois, os vossos pecados uns aos outros e orai uns pelos outros,
para serdes curados. Muito pode, por sua eficácia, a súplica do justo.
17 Elias era homem semelhante a nós, sujeito aos mesmos sentimentos, e orou,
com instância, para que não chovesse sobre a terra, e, por três anos e seis
meses, não choveu.
18 E orou, de novo, e o céu deu chuva, e a terra fez germinar seus frutos.
Infelizmente, alguns têm até lucrado com a venda de “óleos sagrados”. É possível
ver propagandas e fazer compras, por exemplo, de 6 frascos de 10 ml de "Óleo
Sagrado da Unção" por somente R$168. Existe também "óleo da unção bíblico""
que contém azeite de oliveira, incenso e canela (somente R$ 96); "Óleo da unção
Rosa de Sarom" (somente R$96); "Óleo da unção de alegria"(também R$ 96);
"Bálsamo de Gileade para Unção". Uma propaganda afirma "Muitos têm sido
roubados por Satanás, que tudo faz para que o uso da unção com óleo não
aconteça no dia-a-dia do crente.. . você vai ver, porém, que muitas bênçãos estão
ao seu alcance, ao entender o simbolismo e o sentido espiritual da unção com
óleo, e fazendo dele uso em sua vida."
E se eu e você não compramos esse óleo? Será que estamos perdendo uma
bênção? Será que perdemos nossa chance para reavivamento pela unção
sagrada?
2. O tema do texto é oração, não unção com óleo! Todos os 6 vss. falam de
oração. Note as frase e os termos usados:
Vs. 13: sofrendo? Ore! Alegre? Cante louvores (forma de oração)
Vs. 14: doente? (fraco) Ore!
Vs. 15: oração (não óleo) salvará o enfermo; o Senhor o levantará.
Vs. 16: orai uns pelos outro . . . . a súplica do justo (a oração tem poder, não
porque torce o braço de Deus, mas porque expressa nossa fé no poder de Deus, e
glorifica a Ele quando Ele responde!)
Vs 17: Elias orou (era como nós—fraco, falho, depressivo . . . )
Vs. 18: orou
“sofrendo”— traz a idéia de estar em apertos, passando por uma situação difícil,
passando mal. Esta é uma situação que exige oração! Uma forma da mesma
palavra “sofrendo” foi usada no vs 10. Foi usada por Paulo em 2 Tm 2.9 do
sofrimento de Paulo na prisão (perseguição) e na exortação para Timóteo para
“suportar as aflições” associadas com seu ministério (4:5). Mal-tratamento por
causa do evangelho está em vista.
Nós oramos, sim, nas nossas aflições (veja Tiago 1:2-5, 1 Pe 5:7, Fp 4:6). Mas
nem sempre aproveitamos da oração como a nossa primeira linha de defesa em
meio as dificuldades. Às vezes é nosso último recurso—quando ficamos
desesperados, depois de tentar tudo. Mas Deus quer que a oração seja nossa
primeira opção.
Você está sofrendo hoje? Sofrendo injustiças por causa da sua fé? Sendo
Tiago nos apresenta uma segunda situação em que devemos falar com Deus. É o
oposto da primeira.
A última situação em que o cristão fala com Deus é a que Tiago mais desenvolve.
Fé em Deus não tenta enfrentar a luta sozinho! Nas horas de fraqueza física-
espiritual, clama a Deus.
14 Está alguém entre vós doente? Chame os presbíteros da igreja, e estes façam
oração sobre ele, ungindo -o com óleo, em nome do Senhor.
17 Elias era homem semelhante a nós, sujeito aos mesmos sentimentos, e orou,
com instância, para que não chovesse sobre a terra, e, por três anos e seis
meses, não choveu.
18 E orou, de novo, e o céu deu chuva, e a terra fez germinar seus frutos.
Vamos examinar esse texto mais de perto. Os termos usados são interessantes,
pois apontam mais que uma mera doença física, como muitos entendem. Falam
mais de “doença espiritual”, ou seja, desânimo, fraqueza, ou até mesmo
enfermidade física que tem origem espiritual. Quase todos os termos admitem
desse sentido duplo (físico-espiritual).
"doente" (vs. 14) = esse termo foi usado no NT com significado de “fraqueza”,
tanto emocional como espiritual; (At 20:35, Rm 4:19, 8:3, 14:1-2, 1 Co 8:11-12, 2
Co 11:21, 29, 12:10, 13:3,4,9), além de doença física.
"o enfermo"(vs 15)—mais uma vez, o termo pode indicar mais que uma doença
física, e inclui idéias como exaustão (cp. Hb 12:3--para não vos fatigueis,
desmaiando em vossas almas).
"ungindo-o com óleo" (14) Esse ato acompanha a oração e é subordinada a ela,
gramatica e logicamente. A palavra “ungir” não é o termo mais comum para unção
espiritual nas Escrituras (aquele termo é chrio, de onde vem o nome "Cristo", ou
seja, "Ungido"). A unção com óleo é secundária no texto, subordinada à oração,
acompanhando a oração. Como ato visível e palpável ministra esperança para o
“doente”, daquilo que é invisível e abstrato (a oração e o perdão).
Óleo foi usado com fins medicinais (Lc 10:34) e sobrenaturais (Mc 6:13) no NT.
Também foi um símbolo nas Escrituras de uma separação especial de alguém
para uma atuação especial divina. Pode ser que os líderes também ministravam a
unção como forma de consolo e refrigério físico para reanimar o fraco, além de
simbolizar seu pedido por uma atuação especial de Deus em sua vida.
“em nome do Senhor”-- Essa frase já virou chavão em nossos dias traz a idéia
de uma oração feita dentro da vontade do Senhor, debaixo da autoridade dEle,
conforme a vontade dEle, como representantes dEle. Não é uma forma de
mandar, exigir ou reivindicar bênção, como se fosse um feticho evangélico. Muito
pelo contrário. Expressa humildade e submissão à vontade de Jesus. Oração feita
“em nome de Jesus” precisa ser “como Jesus faria”.
“O Senhor o levantará”-- Repare que é uma oração de fé, não do doente, mas
dos presbíteros, que faz com que o Senhor o levante! (Aqueles que argumentam
que alguém não foi curado por falta de fé enganam-se, pois a fé reconhecida por
Deus nesse texto não é do doente/fraco mas daqueles que oram sobre ele, ou
seja, os líderes espirituais!) Repare também que é o SENHOR e não algum
milagreiro que recebe a glória como responsável pela restauração. O Senhor o
levantará.
Será que a fé verdadeira manifesta-se em nós numa vida mais e mais marcada
pela comunhão com Deus? Em todas as situações da vida, será que nossa
primeira resposta é falar com ele?
Jesus quer ser nosso melhor amigo. Esse tipo de relacionamento com Jesus é
exatamente isso—um relacionamento! Uma amizade!
Aplicação: Como tornar esse estilo de vida algo natural? Quantas vezes eu
preciso ser lembrado desses mesmos princípios? No início, talvez um pouco
forçado. Para alguns, é mais fácil do que para outros. Mas temos um
Companheiro, um Advogado, alguém chamado ao nosso lado para nos ajudar.
Parte XXIII
VIDA IMPREVISÍVEL
Tiago 4:13-17
Nunca me esquecerei do testemunho feito por meu amigo, Roberto, no cemitério,
depois do falecimento trágico de sua esposa Valéria. Roberto deu um desafio para
todos ali presentes, em que mencionou um texto estranho do livro de Eclesiastes:
Certa vez um sábio comentou sobre o texto: “Uma visita a um lar abalado pela
tragédia nos relembra a brevidade da vida e a necessidade de um viver sábio. Tal
visita é melhor do que a visita a um lugar de festividade impetuosa.”
Tiago 4.13-17 nos lembra de que a vida, sim, é breve e imprevisível e por isso,
deve ser vivida com humildade e submissão sob a soberana mão de Deus.
Atendei agora, vós que dizeis: Hoje, ou amanhã, iremos para a cidade tal, e lá
passaremos um ano, e negociaremos e teremos lucros. Vós não sabeis o que
sucederá amanhã. Que é a vossa vida? Sois apenas como neblina que aparece
por instante e logo se dissipa. Em vez disso, devíeis dizer, Se o Senhor quiser,
não só viveremos, como faremos isto ou aquilo. Agora, entretanto, vos jactais das
vossas arrogantes pretensões. Toda jactância semelhante a essa é maligna.
Portanto, aquele que sabe que deve fazer o bem e não o faz, nisso está pecando.
Quantas vezes nesses últimos anos, temos sido lembrados de que a nossa vida é
breve. Que ninguém entre nós é capaz de controlar seu destino. Que ninguém de
fato sabe o que há de acontecer amanhã.
Esses pensamentos podem nos levar ao desespero. Mas devem nos levar a
esperança. Não em nós, mas em Deus, o único que sabe exatamente o que há de
acontecer amanhã. O número dos nossos dias já está escrito no livro dEle. Não há
nenhuma surpresa! Ele sabe quanto tempo nos resta. Cada dia, temos
exatamente um dia a menos para gastar em torno de Jesus e Seu Reino. A
pergunta é: Como estamos investindo nossa vida, nosso tempo? Estamos vivendo
hoje, para a eternidade?
Atendei agora, vós que dizeis: Hoje, ou amanhã, iremos para a cidade tal, e lá
passaremos um ano, e negociaremos e teremos lucros.
Penso comigo mesmo sobre os nossos planos, nossos sonhos, nossos ideais,
nossos alvos como casal. Planos para crescer e envelhecer juntos. Planos para
celebrar bodas de prata. Planos para visitar os filhos, os netos. Planos para viajar.
Planos para conhecer, quem sabe, outros lugares do mundo.
Mas Tiago nos adverte. Enquanto planejamos, nunca podemos esquecer de quem
somos. Somos seres frágeis e dependentes. Somos finitos, limitados, fracos,
vítimas de um mundo contaminado pelo pecado.
Esse texto nos alerta sobre duas razões porque todos os nossos planos devem
ser submetidos à soberania de Deus:
Esse fato deve nos levar a humildade e dependência, cientes de que, no momento
em que Jesus tira sua mão sustentadora das nossas vidas, pararemos de respirar.
Por isso, vivemos nossas vidas cientes da soberania de Deus. Ele sabe. Ele se
importa. Ele traça os planos para nossa vida.
Ele direciona. Podemos lançar sobre Ele toda a nossa ansiedade, porque Ele tem
cuidado de nós!
Uma fábula européia conta a história de uma aranha orgulhosa: “Havia uma
aranha no canto de um celeiro que admirava tanto sua teia, que a cada dia
limpava, arrumava e mostrava para todos que passavam. Porém um dia, enquanto
admirando sua bela obra-de-arte, ficou incomodada com a única coisa que
impedia que esta fosse a melhor teia-de-aranha na história do mundo. Foi aquele
fio lá em cima, que estragava toda a estética do resto. Não teve dúvidas, cortou
logo o fio que ligava sua teia ao teto, porém logo em seguida, seu mundo ruiu.
Infelizmente é isso que muitas pessoas estão fazendo. Cortam o fio que leva a
Deus. Decidem que podem construir sua teia-de-aranha sem nenhum fio no teto.
Abandonam a fé.
O triste hoje, é que esta frase “se Deus quiser” virou chavão, assim como a
saudação “Graça e paz”. Mas a frase está cheia de significado, quando expressa a
confiança do nosso coração. Mostra que somos seres dependentes, não
autônomos, não auto-suficientes, não capazes de fazer nada fora da boa mão de
Deus. Isso mexe com nosso orgulho. Elimina nossa arrogância.
Assim como Jesus falou, se alguém quer ganhar sua vida, precisa perdê-la num
plano maior. Investe na eternidade. Constrói hoje para sempre. A única maneira
de fazer sentido de um mundo assim é confiar na soberania de Deus, descansar
nEle, e viver cada dia como se fosse seu último.
Às vezes, gostaria muito de ser Deus. Gostaria muito que todos os meus planos já
saíssem com o carimbo divino de aprovação. Gostaria que todos os meus sonhos
fossem realizados. Mas eu não sou Deus. Ainda bem!
O versículo 17, avaliado dentro desse contexto, tem uma aplicação bem mais
direta.
Portanto, aquele que sabe que deve fazer o bem e não o faz, nisso está pecando.
Qual é o bem que se deve fazer, nesse contexto? VIVER SUA VIDA DEBAIXO DA
SOBERANIA DE DEUS, INVESTINDO SEUS POUCOS ANOS HOJE PARA O
REINO DE DEUS!
Parte XXIV
JESUS E A MULHER SAMARITANA:
Repensando velhos conceitos
O encontro de Jesus com a mulher samaritana poderia ser descrito como "a vitória
do evangelho sobre os preconceitos sócio-culturais". Os judeus e samaritanos não
se entendiam desde os tempos de Oséias, o último rei de Israel.
I
Tudo começou quando Oséias conspirou contra Salmanasar, rei da Assíria.
Samaria, a capital de Israel, foi sitiada pelas tropas assírias por três anos e,
posteriormente, seus moradores foram transportados para a Assíria (2 Rs 17.3-6).
Isto aconteceu em 722 a.C. Somente os pobres puderam ficar em Israel (cf. Jr
39.10). Logo, vieram também estrangeiros e se estabeleceram na região
A questão era: Jesus necessitava ir por aquele caminho e chegar numa cidade
samaritana de nome Sicar porque "precisava atender a um compromisso divino
junto ao poço de Jacó".3
Não há unanimidade entre os estudiosos quanto ao horário da chegada de nosso
Senhor ao poço (v6). João estaria usando o horário judaico (meio dia) ou o horário
romano (seis da tarde)? Este detalhe não é tão importante. Basta saber que Jesus
chegou na hora certa. Nem antes; nem depois. "Ele estava no local e no tempo
indicados por Deus, determinado a fazer a vontade do Pai. Ele estava lá para
buscar e salvar uma única, triste e desventurada mulher".4
II
"Nisto veio uma mulher samaritana tirar água. Disse-lhe Jesus: Dá-me de beber"
(Jo 4.7).
"Então lhe disse a mulher samaritana: Como, sendo tu judeu, pedes de beber a
mim que sou mulher samaritana..." (Jo 4.9).
Com uma simples petição (dá-me de beber), o nosso Senhor declara que a
separação entre os povos em geral, e judeus e samaritanos em particular, estava,
de certa forma, com os dias contados. A parede divisória desaparece onde o
evangelho se faz presente (cf. Gl 3.28; Ef 2.14).
No simples fato de viajar por Samaria e pedir água à uma samaritana, Jesus
estava derrubando barreiras centenárias de preconceito racial. "A misericórdia de
nosso Senhor transpôs as barreiras do ódio nacionalista, como se vê não somente
aqui, João 4, mas também em Lc 9.54,55; 17.11-19; e na parábola do Bom
Samaritano (Lc 10.25-37)".5 É interessante observarmos que o encontro de Jesus
com a mulher samaritana foi precedido pela ida dos discípulos à cidade de Sicar
para comprar alimentos (v8). Mandar os discípulos comprar alimentos foi um santo
pretexto do Mestre. Nem tanto para ficar simplesmente sozinho e conversar
sossegado com a mulher. Muito menos porque precisasse de comida naquela
hora (veja vv31-34). É que as barreiras deveriam ser destruídas em seus
discípulos também (cf. Lc 9.51-56).
Embora estivesse verdadeiramente cansado e necessitasse de água (vv6,7),
Aquele que pedia tinha muito mais a oferecer. Pedir água àquela mulher fazia
parte de uma estratégia evangelística, se é que podemos dizer assim. "À medida
que o Grande Evangelista procura ganhá-la, Ele orienta sabiamente a conversa,
levando-a de um simples comentário sobre beber água à revelação de que Ele era
o Messias".6 Aquele que pedia água fria estava oferecendo água viva, a saber, a
Si mesmo.
Conhecendo a tradição discriminatória, a mulher ficou perplexa com o pedido de
Jesus. Nos tempos do Novo Testamento havia uma desigualdade muito grande
entre homem e mulher. Nos tempos bíblicos (e em muitos países orientais de
hoje) os homens não conversavam com mulheres em público, mesmo sendo suas
esposas. Se entre um judeu e um samaritano existiam preconceitos profundos,
imagine-se entre um judeu e uma samaritana, e uma samaritana de vida imoral!
Independente do modo em que vivia uma samaritana, os judeus sempre
III
"Senhor, disse-lhe a mulher: Vejo que tu és profeta. Nossos pais adoravam
neste monte; vós, entretanto, dizeis que em Jerusalém é o lugar onde se
deve adorar" (vv 19,20).
Constrangida com a revelação de sua vida de pecado, e aproveitando a
capacidade profética de seu interlocutor, a mulher tentou mudar de assunto.
Digo "tentou" porque na verdade era Jesus quem conduzia o diálogo. A
mulher estava estrategicamente cercada do princípio ao fim da conversa. E a
evangelização acabaria na hora exata, com os assuntos devidamente
tratados. Não é curioso que os discípulos chegassem exatamente no fim da
conversa?
Contudo, uma nova era estava surgindo para a adoração. Logo, logo tanto
judeus como samaritanos compreenderiam que para adorar a Deus o que
menos importava era o espaço físico. O que conta "não é onde se deve
adorar, mas a atitude do coração e da mente, e a obediência à verdade de
Deus quanto ao objeto e o método de adoração. Não é o onde, mas o como e
o quê o que realmente importa".14 Deus quer homens e mulheres que O
adorem com o espírito dos samaritanos e a verdade dos judeus.15
O resultado do encontro de Jesus com a mulher samaritana não poderia ser
menos que excelente. A pecadora tornou-se missionária! Extremamente
feliz, deixou seu cântaro e correu para anunciar na cidade sua grande
descoberta: o Messias chegou! A mulher despertou o interesse dos seus
concidadãos de tal modo que conseguiu levá-los a Jesus (vv29,30). Houve
uma grande colheita: Muitos samaritanos creram em Cristo Jesus (vv39-42).
IV
São grandes as lições que aprendemos do encontro de Jesus com a mulher
samaritana. A começar pelo resultado da conversa, vemos uma mulher
outrora desprezada por todos, sendo usada poderosamente por Cristo para
influenciar os moradores de sua cidade. Quão glorioso é Cristo: "Ele ergue
do pó o desvalido, e do monturo, o necessitado" (Sl 113.7).
Como esta mulher, existem tantas outras em nossas cidades. Assim como
elas, tantos outros se encontram à margem da sociedade, roubados de seus
direitos e dignidade. E nós, evangélicos, lamentavelmente somos culpados
por boa parte da marginalização do indivíduo pela sociedade, pois fazemos
pouco ou nada em mostrar para a sociedade que o homem e a mulher, a
criança e o idoso, o deficiente, os proscritos em geral , etc., são valorizados
por Cristo e como humanos que são devemos valorizá-los também.
Falhamos em não ver (ou fingimos que não vemos) a pessoa por trás de
seus pecados.
Outra lição importante que aprendemos de João 4 são os princípios básicos
para uma boa evangelização. Notamos que Jesus conduzia a conversa,
utilizando-Se, primeiramente, de Sua sede física para chegar à sede
espiritual daquela mulher. Com habilidade o Senhor invalida as tentativas da
samaritana de controlar o diálogo, mudar de assunto e perguntar coisas sem
NOTAS
1. O historiador judeu Flávio Josefo disse que, por volta do ano 19 d.C., um
grupo de samaritanos entrou no templo de Jerusalém e espalhou ossos
humanos sobre o altar, profanando o santuário e acirrando contra si o ódio
judaico. Este ato causou revolta e indignação por parte de todos os judeus
das sinagogas de Israel, que passaram a encerrar suas orações diárias
lançando uma maldição sobre os samaritanos. Cf. A Missão da Igreja,
(Missão Editora, Belo Horizonte,1994), pp. 65,6.
4. Idem, p. 58
15. É importante observar, porém, que os judeus aceitavam todo o VT, tendo
a oportunidade de conhecer tudo o que de Deus se podia conhecer "naquela
época". Entretanto, hoje já não é possível dizer que os judeus conhecem
verdadeiramente a Deus porque rejeitam a revelação de Deus em Cristo
Jesus, conforme nos é ensinado no Novo Testamento.
Parte XXV
VISÃO: ENXERGAR ALÉM DA MAIORIA
A confrontação da mediocridade exige pensamento claro.
as pessoas que enfrentam a mediocridade devem fazê-lo mediante a perspectiva
de outro reino, não governado por nós, mas pelo próprio Senhor.
Custa nosso compromisso e revela-se periodicamente em expressões@
extravagantes.
MUNDO: Inteligência humana, simpatia persuasiva, lógica inteligente e atraente,
competição, criatividade e riqueza de recursos, mas tem falta dos ingredientes
essenciais que capacitam a pessoas alçar vôo sublime, como o da águia.
- A parte traiçoeira é a maneira como nosso cérebro passa por lavagem pelo
sistema, ficando, assim, bloqueado, impedido de atingir seu potencial total.
O resultado final é previsível : ansiedade interna e mediocridade externa.
Mateus 6:24-34
- "Ninguém pode...", NÃO andeis...", "Qual de vós poderá"
"Basta a cada dia seu próprio mal..."
- A águia possui oito vezes mais células visuais por centímetro cúbico do que o ser
humano.
- Voando à altura de 200 metros a águia consegue detectar um objeto do tamanho
de uma moedinha, movendo-se na grama de 15 cm de altura.
- A águia pode enxergar um peixe de oito centímetros saltando num lago e oito
quilômetros de distância.
- As pessoas que têm a visão de uma águia conseguem enxergar o que a maioria
não vê.
DETERMINAÇÃO:
PRIORIDADES:
PRESTAÇÃO DE CONTAS:
Números 13
1. Houve um exodo.
2. Sob a liderança de Moisés, o povo escolhido de Deus chegou às fron-teiras da
Terra Prometida.
3. O novo território lhes pertencia : "Voces terão a terra!"
4. Deus ordenou a Moisés que espiassem a terra.
- Nem uma só vez os espias foram consultados e encorajados a dar sua opinião
quanto a se poderiam conquistar Canaã.
- NÃO havia a minima necessidade disto, porque o Senhor já havia prometido a
vitória.
- Os espias eram homens famosos entre os israelitas (Nm 13:3-16.)
RELATÓRIO NEGATIVO
28-29,31 "MAS..."
- Quem havia perguntado?
- Ninguém queria saber se seria capaz de subir ou não.
- Deus tinha prometido que a terra seria deles.
- Só precisavam saber como era a terra.
- Extrapolaram os objetivos de sua missão : (32-33)
RELATÓRIO POSITIVO
O A-B-C-D-E da Visão...
A. ATITUDE
B. BASE DE FÉ
C. CAPACIDADE
D. DETERMINAÇÃO
E. ENTUSIASMO
Parte XXVI
O “Evangelho de Judas”
As investidas dos inimigos da cruz surgem por todos os lados. Nos primeiros
séculos da era cristã, os gnósticos foram uma ameaça à igreja primitiva. Uma
mistura de ensinos cristãos, filosofias pagãs e tradições judaicas motivou Paulo a
escrever a epístola aos colossenses, onde ressalta:
“Tende cuidado para que ninguém vos faça presa sua, por meio de filosofias e vãs
sutilezas, segundo a tradição dos homens, segundo os rudimentos do mundo e
não segundo Cristo” (Cl 2.8). O motivo de sua preocupação era “para que
ninguém vos engane com palavras persuasivas”.
A novidade é que o texto indica que a traição de Judas Iscariotes teria sido a
pedido do próprio Jesus, que lhe teria dito: “Tu superarás todos eles. Tu
sacrificarás o homem que me cobriu”. Ou seja: O traidor ajudaria Jesus a libertar-
se do seu invólucro carnal (Jornal O Povo, Fortaleza, (CE), 08.04.06, p.28). Foi
assunto de capa da revista ÉPOCA. Edição 405, 20.02.06. O manuscrito ainda
está em processo de tradução. A nossa análise abrange apenas o que foi
divulgado.
Ateus e anticristos de um modo geral estão dançando de alegria. Há dois mil anos
tentam dar um xeque-mate na Igreja. Ainda não conseguiram. Nem conseguirão.
Os cristãos seguem cada vez mais confiantes.
A notícia não o diz qual dos personagens da Bíblia com o nome “Judas” é o autor
do dito Evangelho: Judas (apóstolo - Lc 6.16; Jo 14.22); Judas (Barsabás – At
15.22); Judas (de Damasco – At 9.11); Judas (irmão de Jesus – Mt 13.55; Mc 6.3).
O manuscrito ainda está em processo de tradução. Sabe-se que referido
evangelho foi classificado de herético pelo bispo Irineu, de Lyon, no segundo
século.
Jesus disse na presença dos Doze que Judas Iscariotes era um adversário: “Um
Se Jesus houvesse permitido que Judas O traísse, iria se manifestar desse modo
na frente dos Doze? Agindo assim não estaria se arriscando a ser desmascarado
pelo traidor? Ora, Judas poderia ter dito: “Como sou diabo se o Senhor mesmo me
pediu para que o traísse?”. Judas não foi influenciado por Jesus. A sua traição não
foi para atender a um pedido do Mestre. Na verdade, como diz o apóstolo, foi o
próprio diabo que entrou no seu coração e o transformou num traidor. Muitos dos
mais ferrenhos inimigos da cruz reconhecem que Jesus não era de meias
verdades. O Espiritismo, por exemplo, reconhece que Ele veio nos ensinar uma
elevada moral. Ele jamais iria fazer algum tipo de acordo particular com Judas,
sem o conhecimento dos demais. O conluio não fazia parte do Seu caráter.
Vejam que Judas não ia trair; ele já vinha traindo; já houvera iniciado as conversas
com “os príncipes dos sacerdotes”; a traição já se estabelecera no seu coração.
Esperava apenas o momento de colocar em prática aquilo que já estava decidido.
Por isso a Bíblia fala “o que o traía”.
“Então Judas, o que o traíra, vendo que fora condenado, trouxe, arrependido, as
trinta moedas de prata aos príncipes dos sacerdotes e aos anciãos, dizendo:
Pequei, traindo o sangue inocente. Eles, porém, disseram: Que nos importa? Isso
é contigo. E ele, atirando para o templo as moedas de prata, retirou-se e foi-se
Com base na pequena amostra do que já foi publicado, podemos dizer que o tal
Evangelho de Judas é um documento espúrio, que não abala as estruturas do
Cristianismo, nem coloca dúvida em qualquer parte das Escrituras Sagradas, a
inerrante Palavra de Deus.
Parte XXVII
Ressurreição e Reencarnação
Não há porque confundir as duas doutrinas. Ressurreição é doutrina cristã;
reencarnação é doutrina espírita. São caminhos que não se cruzam. A doutrina ou
teoria do Espiritismo está contida no Livro dos Espíritos, escrito pelos “espíritos”,
com 1009 quesitos, e em outros livros de autoria de Allan Kardec. As doutrinas
básicas do Cristianismo estão detalhadas na Bíblia Sagrada, regra de fé e prática
dos cristãos, escrita sob inspiração divina. A Bíblia é a palavra de Deus. O
Cristianismo é único, exclusivo, e não se confunde com qualquer outra religião não
cristã. Somente os que seguem a Cristo podem ser considerados cristãos. Dito
isto, examinemos as duas doutrinas.
Reencarnação
Ressurreição
O Senhor Jesus ensinou que o injusto, quando morre, vai para um lugar de
tormentos. O justo, para um lugar de paz. Tal ensino está na parábola do rico e
Lázaro (Lucas 16.19-31). Todos ficam aguardando a ressurreição.
Parte XXVIII
Ex-Mórmon Relata sua Conversão: “Não Preciso Mais do Profeta Joseph
Smith”
Thelma Geer, carinhosamente chamada de “Granny”, foi criada na igreja mórmon.
Desde menina seu alvo era casar-se e, após a morte, tornar-se uma rainha
celestial eternamente unida a seu marido terrestre, produzindo juntos, numa ampla
mansão, bebês espirituais”. Em seu livro Por que abandonei o mormonismo, ela
relata a sua própria história, inclusive como se converteu a Jesus Cristo, e
examina, à luz da Bíblia, algumas das suas antigas crenças, como estas:
Não, aquele ministro batista não se dirigia a mim – eu era mórmon. Mas Deus
falava comigo. Mesmo sendo um dos “Santos dos Últimos Dias”, eu ainda era uma
pecadora necessitada de salvação. Foi por minha causa que `Deus amou o
Quando o missionário rogou: “Oh, por que você não aceitaria meu Jesus?”, Deus
falou ao meu coração e disse: “Por que você não aceita o meu Filho? Ele morreu
pelos mórmons tanto quanto pelos batistas”.
Então entendi que, mesmo sendo um dos SUD, tinha de depositar todo o meu ser
em Jesus. Com prazer entreguei-me a ele, com os olhos tão arregalados de
admiração que não pude nem fecha-los nem curvar a cabeça. Sentia-me feliz por
saber que Deus e Jesus amavam tanto a mim. Meu coração palpitava em êxtase e
se condoia em vergonha e arrependimento enquanto buscava perdão por ter
desconsiderado a Cristo.
Agora eu sabia que era pecadora e não santa, não uma criança gerada por pais
celestiais, mas por pecadores indignos a quem Deus “amou de tal maneira”. Eu o
sabia porque ali na santa Palavra de Deus, e porque Deus Espírito Santo trouxe
esse conhecimento incontestável de pecado ao meu coração. Pedi a Jesus que
me perdoasse por não tê-lo amado enquanto ele me amou ao ponto de morrer por
mim. Cristo, que não conheceu pecado, deixou sua glória nos céus para ser “feito
pecado por nós para que nele fôssemos feitos justiça de Deus” (2 Co 5.21). Eu
agradeci a ele por tomar meu lugar na cruz e prometi assumir minha posição como
cristã, e a partir daí trabalhar para que outros mórmons pudessem dar a Jesus o
primeiro lugar em seu coração e em suas vidas.
Agora não canto mais hinos sobre Joseph Smith, pois desde que recebi Jesus
como meu Salvador pessoal, não preciso mais do “profeta” Joseph Smith. Agora
canto a respeito de Jesus. Eu o louvo por tê-lo recebido como meu Salvador e
Senhor, por ele ter-me dado novo coração, nova vida e novo propósito. Eu exulto
quando canto meu novo cântico de louvor ao nosso Deus e proclamo essa
promessa sem igual” (Thelma `Granny´Geer, “Por Que Abandonei o Mormonisno”,
Editora Vida, 1991, p. 31-32).
Joseph Smith morreu e seus ossos estão em algum lugar. Jesus morreu, mas
ressuscitou. Seu sepulcro está vazio. Eis a grande diferença entre o Cristianismo e
as demais religiões.