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Carta de Pero Vaz de Caminha
Carta de Pero Vaz de Caminha
Anos mais tarde, o documento foi enviado para o arquivo nacional, localizado na
Torre do Tombo do castelo de Lisboa ("tombo" tem a o sentido de conservao,
como quando se fala, por exemplo, em tombamento de uma cidade histrica). No
arquivo, o manuscrito de Caminha - 27 pginas de papel, com formato de 29,6 cm X
29,9 cm - repousou esquecido durante os sculos seguintes.
Somente em 1773, o diretor do arquivo, Jos Seabra da Silva, mandou fazer uma
nova cpia da Carta do Achamento. Seabra tinha ligaes familiares com o Brasil.
Supe-se que por meio dele o texto de Caminha tenha chegado aqui,
possivelmente com a sua transferncia para o Rio de Janeiro quando acompanhou
a famlia real portuguesa (http://educacao.uol.com.br/disciplinas/historia-
brasil/familia-real-no-brasil-1-coroa-portuguesa-antecipa-independencia.htm).
Essa cpia da carta foi encontrada no Arquivo da Marinha Real do Rio de Janeiro
pelo padre Manuel Aires do Casal, que a imprimiu em 1817, tornando-a pblica pela
primeira vez. O documento ganhou particular importncia para o Brasil com a
Independncia, em 1822.
Para o novo pas, tratava-se do manuscrito que encerrava o primeiro registro de sua
existncia. Alm disso, no sculo 19, com o desenvolvimento dos estudos
histricos, os estudiosos reconheceram o valor dos documentos escritos como
fontes privilegiadas para o conhecimento da histria.
Anlise lingustica
"Posto que o capitam moor, desta vossa frota e asy os outros capitaes screpuam a
vossa alteza a noua do achamento desta vossa terra noua que se ora neesta
nauegaam achou, nom leixarey tambem de dar disso minha comta avossa alteza
asy como eu milhar poder aimda que pera o bem contar e falar o saiba pior que
todos fazer."
Mas o texto acaba sendo mais do que isso, pois o escrivo no se comportou como
um simples burocrata. Sua linguagem nunca seca ou mesquinha. Pelo contrario,
Caminha se d o direito de ser bem-humorado, fazendo at trocadilhos e
brincadeiras ao comparar o corpo das ndias com o das mulheres portuguesas.
Assim, por meio da sua narrativa o leitor parece entrar numa mquina do tempo e
presenciar o momento em que portugueses e ndios se encontraram no litoral
baiano, quinhentos anos atrs.