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I – Introdução
Coimbra, pp 5-12
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mas também da concepção de constituição dominante, ideia de Direito,
sentimento jurídico colectivo, etc. Não se exclui o apelo ao Direito Natural, ao
valor e à dignidade humana, entre outros. Mas esse apelo não serve para
dilucidar a problemática constitucional dos direitos fundamentais – os
direitos tidos como fundamentais são tantos que apenas alguns deles poderiam
entroncar (pelo menos directamente) na dignidade da pessoa (ex: direito de
antena, acção popular e comissões de trabalhadores, não entroncariam de
certeza).
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- SÉRVULO CORREIRA – adopção de um conceito material de qualificação de
direitos fundamentais para o efeito de na sua base seleccionar quais devem ou
não ingressar no catálogo
- Embora o seu núcleo duro esteja por recortar, existem, diz GOMES
CANOTILHO, alguns princípios inquebrantavelmente limitativos do Estado –
paz, independência, respeito pelos direitos humanos, auto-determinaçao dos
povos, solução pacífica de diferendos, não ingerência, etc.
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- GOMES CANOTILHO – Estado de Direito no plano interno deve respeitar
direitos humanos como um núcleo básico do Direito internacional
vinculativo para as ordens jurídicas internas (direitos consagrados em
grandes pactos internacionais, ou, como as constituições holandesa e austríaca,
proclamação do Direito Internacional Público como fonte de direito).
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- Art. 1.º DUDH precisa e explica a concepção de pessoa da Constituição,
recolhendo as inspirações de diversas filosofias e correntes jusnaturalistas –
‘todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e em direitos.
Dotados de razão e de consciência devem agir uns para com os outros em
espírito de fraternidade’.
- Até o facto do direito da propriedade estar nos DESC e não nos DLG mostra
que os direitos, liberdades e garantias respeitam, primeiro que tudo, ao ser
da pessoa e não ao ter, que às vezes a diminuição do ter pode contribuir para o
ser (art. 80.º - distribuição)
Introdução
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facto de alguns dos respectivos preceitos constitucionais não conferirem
quaisquer posições jurídicas subjectivas, estabelecendo somente regras e
princípios destinados a garantir os direitos individuais ou a definir o seu regime
jurídico.
- Para VIEIRA DE ANDRADE, essa distinção faz sentido para mostrar que os
preceitos relativos aos direitos fundamentais não podem ser pensados
apenas do ponto de vista dos indivíduos, enquanto posições jurídicas de
que estes são titulares perante o Estado, designadamente para deste se
defenderem, antes valem também do ponto de vista da comunidade, como
valores que esta se propõe prosseguir, em grande medida, através da acção
Estadual.
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um alcance subjectivo na medida em que se aceita haver faculdades ou
direitos subjectivos à protecção, organização e ao procedimento,
prestações, entre outros.
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fundamentais, não abarcando toda a relevância jurídica dos preceitos
constitucionais atinentes a essa matéria.
Garantias Institucionais
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papel que lhe cabia. Essa ideia do Estado amigo dos direitos fundamentais
traduz-se na responsabilidade do mesmo pela sua garantia efectiva através de
toda a actividade estadual: legislativa, administrativa e judicial.
- Era mais visto como exercício de uma função comunitária e não como
garantia de direitos fundamentais – só com a concepção de Estado-Prestador,
associada aos direitos sociais, se abriu caminho para a concepção do Estado
amigo dos direitos fundamentais.
- Caso Ärzte für das Leben – liberdade de reunião não se entende como um
mero direito de abstenção por parte do Estado – neste caso, se a liberdade de
reunião é entendida como um direitos fundamental para a participação política
dos cidadãos, ela exige uma protecção positiva do seu exercício por parte da
autoridade quando exista risco sério ao seu exercício. Assim, na
manifestação desses médicos pró-vida, a política devia ter actuado para evitar
confrontos com contra-manifestantes – nessa situação, a discricionariedade da
polícia para agir ou não reduz-se a 0.
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- Situação de perigo para o direito fundamental
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- Os DESC’s são direitos fundamentais, i.e., situações jurídicas das pessoas
garantidas perante o Estado numa Constituição formal (definição de JMA)
- Uma vez que os direitos fundamentais podem ser tomados como situações
compreensivas ou analíticas, quando na CRP se procede à distinção entre duas
categorias, tem-se unicamente em vista o plano das situações compreensivas.
- Ora, uma vez que as normas constitucionais estão em geral pensadas desse
modo, a elaboração da distinção tem de olhar naturalmente para o
conteúdo principal dos direitos (podendo então esse conteúdo ser
reconduzido a um direito a acções negativas, prestações positivas e a
competências)
- Outros
- Ora, quanto aos critérios de distinção, os dois planos mais relevantes são o do
direito positivo e o técnico jurídico:
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- REIS NOVAIS – a grande diferença vê-se no facto dos DLG’s serem
determinados ou juridicamente determináveis, enquanto que os DESC’s são
indetermináveis e, por isso, para serem exigíveis, carecem de prévia
determinação por parte do legislador.
- A sua ratio passa a ser conferir maior efectividade jurídica a uma série
limitada de direitos ou posições de direitos fundamentais.
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- MELO ALEXANDRINO – as funções do preceito:
- art. 20.º/1 e 2, 21.º, 22.º, 23.º, 58.º/2 b), 61.º todo, 78.º/1, 103.º/3,
113.º/2, 115.º/2, 239.º/4, 268.º/2, 268.º/4 e 5, 271.º/3, 276.º/7, 280.º/1 b) e 2
b) – acesso ao direito e tutela jurisdicional efectiva, direito de resistência,
garantia jusfundamental da responsabilidade das entidades públicas por
violações de DLG’s, queixa ao Provedor de Justiça, garantias especiais de
igualdade no acesso ao trabalho e por aí fora. Leiam lá quais são.
- ATTN: diz o autor que nem sempre é análogo todo o direito fundamental,
mas apenas uma das suas dimensões; quanto aos extraconstitucionais, a
extensão do regime está ainda dependente do rigor colocado no critério da
fundamentalidade, sob pena de inaplicabilidade do regime orgânico e o de
revisão constitucional.
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A Abertura do Sistema7
- Qual o fundamento?
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sentido dessa cláusula venha a ser ainda o de afirmar o primado da
Constituição.
- A resposta deve ser encontrada no plano da CRP e fora dela. Boa pá!
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apresentam um potencial de situação jurídica fundamentalmente
relevante.
- O art. 16.º/1 vem assim exigir que todos os DF’s, formais ou materiais,
tenham obrigatoriamente de satisfazer o critério de fundamentalidade
material. A consequência prática dessa ideia é fácil de enunciar – os direitos
consagrados na CRP só serão direitos fundamentais se também eles satisfizerem
o critério de fundamentalidade material. Pode-se dar o caso de algum dos
DF’s previstos nos arts. 24.º-79.º não sejam direitos fundamentais, o ‘preço da
cláusula aberta’. O exemplo mais apontado será o do direito de antena, resposta e
réplica política dos partidos políticos – art. 40.º/1. Esse boss que é o Alexandrino
pergunta-se: porque não o direito de alimentar pombos na rua? Qual é o
critério de fundamentalidade material?
- Quando se fala em ‘lei’, o costume está incluído? PAULO OTERO acha que
sim e além disso, inclui na cláusula aberta direitos históricos pois a
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Constituição de 76 mostra, em relação às outras, a maior amplitude na
configuração da referida cláusula aberta + princípio interpretativo da
máxima efectividade das normas sobre os direitos fundamentais.
- Essa regra foi concebida pela Assembleia Constituinte como uma cláusula de
recurso, num momento em que a própria AC se achava condicionada pela
dinâmica pouco amiga da liberdade do processo revolucionário, para que a
DUDH funcionasse como uma válvula de segurança do sistema de direitos
fundamentais.
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- Não haverá conflitos insanáveis pois da incorporação funcional feita
pela CRP, resulta que ela quis que os preceitos internos relativos a DF’s
tivessem de conciliar-se sempre com o sistema da declaração, pretendendo
justamente evitar qualquer conflito extremado.
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O Regime Geral dos Direitos Fundamentais
Princípio da Universalidade 10 11 12
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- Existem, certamente, alguns limites constitucionais a essa presunção de
equiparação, no dizer de GOMES CANOTILHO. Segundo o autor, podem ser
identificados quatro ‘círculos’ subjectivos na norma:
Capacidade
- Fala-se muitas vezes da capacidade jurídica para exprimir a aptidão para ser
titular de um círculo, com mais ou menos restrições, de relações jurídicas.
- No que toca aos DF’s, alguns autores recorrem ao Direito privado – segundo
MELO ALEXANDRINO e REBELO DE SOUSA, é útil a distinção entre capacidade de
gozo e capacidade de exercício de DF’s, em particular os direitos activos,
chegando a dizer que será sempre problemático o exercício da liberdade
religiosa e dos direitos de manifestação ou de associação por parte de menores
muito jovens.
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- VIEIRA DE ANDRADE – não tem sentido a distinção civilística entre a
capacidade de gozo e capacidade de exercício.
- Qual o alcance?
Princípio da Igualdade13 14
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- MELO ALEXANDRINO – o princípio da igualdade é o principal eixo estruturante
do sistema de direitos fundamentais e um dos mais complexos problemas
do Direito Constitucional.
- Diz o autor que a igualdade efectiva, real, material, concreta pode ser
vista como imposta pela igualdade jurídica, para lhe dar algum conteúdo,
pois não se tratam de dois princípios estanques.
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- A mesma pode ser percebida na CRP como:
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- MELO ALEXANDRINO – princípio da igualdade não deve ser visto tanto como um
direito das pessoas mas como um dever do Estado. E em quê que se traduz
esse dever?
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- Dimensão Positiva – exigência de tratamento desigual do que é desigual, na
medida da diferença, pressupondo introdução de compensações que
atenuem as desigualdades de partida.
- Tratamento das situações não apenas como existem mas como devem
existir, de acordo com os padrões próprios da Constituição material.
Destinatários do Princípio
- Igualdade perante a lei não é igualdade exterior à lei, sendo, antes de tudo,
igualdade na lei. Tem por destinatários, desde logo, os próprios órgãos de
criação do Direito.
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- Essa lei pode ser de revisão constitucional. Ainda que o princípio da
igualdade não conste dos limites materiais de revisão, tem de reputar-se
bem mais definidor e estruturante do sistema jurídico-constitucional do
que alguns princípios lá mencionados – é um limite material implícito da
revisão constitucional e a sua preterição acarretaria uma derrogação ou
quebra inadmissível.
- Lei no art. 13.º significa ordem jurídica – princípio da igualdade diz respeito a
todas as funções do estado e exige criação e aplicação igual da lei, da norma
jurídica.
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O Princípio da Proporcionalidade 15 16
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- Art. 18.º/2, in fine – restrições dos DLG’s
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- Vai também depender muito da aplicação de lei no tempo:
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para impugnação da violação de DF’s pelos órgãos do Estado (como a queixa
constitucional alemã) ou tribunais (como o recurso de amparo).
Os Meios de Defesa19 20
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apreciação. Se for de militares ou agentes militarizados é objecto de restrições
especiais – 270.º
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- Quanto à da União Europeia, com a entrada em vigor do Tratado de
Lisboa, a CDF da UE recebeu finalmente força jurídica vinculativa; além
disso, em 2010 a UE começou um processo de adesão à CEDH.
A Aplicabilidade Directa
- Art. 18.º/1 – ‘os preceitos constitucionais relativos aos DLG’s são directamente
aplicáveis’ – eles valem sem lei, contra a lei e em vez da lei.
- Isso significa que os preceitos que enunciam DLG’s são normas susceptíveis
de execução imediata (são direito actual e eficaz), podendo ser directamente
invocadas pelos seus beneficiários. São normas perceptivas e não
programáticas, nem meras proclamações de natureza moral ou política
cujo cumprimento não possa ser exigido perante um tribunal.
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constitucionalidade – ela nunca poderá exorbitar do âmbito constitucional
dos DLG’s
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- O legislador é quem recebe o mandato mais alargado para a efectivação dos
DLG’s, com várias dimensões:
- Negativa – sendo trunfos, o legislador não pode editar leis que afectem
desfavoravelmente o conteúdo jurídico-constitucional dos DF’s, quer por
contradição quer por lesão directa ou por violação dos requisitos constitucionais.
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- Tem-se também avançado algumas soluções doutrinárias, como a teoria
de princípios de SALGADO DE MATOS, mas que deixam periclitante o princípio da
segurança jurídica. Sob esse pano de fundo, têm sido avançadas excepções à
regra da impossibilidade de desaplicação pela AP de leis violadoras de
DLG’s:
- Quanto aos tribunais, sendo eles o último reduto da tutela de DLG’s, a CRP
conferiu-lhes, no dizer de LÚCIA AMARAL, o singular poder de apreciarem a
inconstitucionalidade e de desaplicarem todas as normas (não só leis) que
infrinjam as regras ou ofendam os princípios constitucionais, o que de
algum modo transforma qualquer tribunal num tribunal da
constitucionalidade (um quase, TC); além disso, é aos tribunais que, na
generalidade dos casos, compete a aplicação-concretização das normas
constitucionais de DLG’s, às quais, no seu conjunto e em articulação com as
circunstâncias do caso, devem conferir a máxima eficácia possível.
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- Por exemplo: saber se é não lícito que uma entidade patronal exija aos
candidatos a um lugar se submetam a exames médicos não deve ser resolvido
por força da aplicação directa do direito à intimidade da vida privada do 26.º/1
mas sim com recurso ao art. 19.º CT ou aos princípios gerais de direito privado.
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Doutrina da Eficácia Directa
As Restrições de Direitos
- Art. 18.º/2 – ‘a lei só pode restringir os DLG’s nos casos expressamente previstos
na Constituição, devendo as restrições limitar-se ao necessário para salvaguardar
outros direitos ou interesses constitucionalmente protegidos’. Para MELO
ALEXANDRINO, há três ideias a reter:
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- As restrições são, pois, uma das modalidades de intervenção do Estado-
legislador num direito fundamental, a sua feição normativa traduz-se na
modificação do nível de protecção e o que dela resulta é a fixação do âmbito de
protecção efectivo do direito. Enquanto que o limite é uma norma, uma
restrição é uma acção. Os primeiros são auto-justificados e imediatamente
referidos à decisão de conjunto do legislador constituinte, e as restrições
só colhem justificação por referência a esses limites.
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- Pode haver outro tipos de leis não necessariamente restritivas:
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a solução melhor. De facto, a constituição não pode arrogar-se à
possibilidade de prever, nem pretende, eventos verdadeiramente
restritivos fora dos casos explicitamente enunciados.
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existam efeitos colaterais negativos; tem de se visar apurar o equilíbrio na
relação entre importância do fim visado e gravidade do sacrifício imposto,
já que uma medida pode ser adequada e necessária mas afectar de forma
excessiva, intolerável ou desproporcionada o direito em questão – é tudo um
raciocínio de pesar, sopesar e ponderar prós e contras.
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Alguns até chegam a uma relativização absoluta, sustentando que a garantia do
conteúdo essencial, salvo uma função discursiva, não desempenha
qualquer papel jurídico efectivo enquanto limite aos limites dos DF’s – REIS
NOVAIS.
- Uma hipótese que deve ser autonomizada das restrições é a das situações de
colisão ou de conflito de direitos fundamentais das pessoas num caso
concreto.
- Estas colisões, são, na sua essência, colisões de princípios. Como são colisões
de princípios, a lógica, baseada no princípio da proporcionalidade é uma de
harmonia, não uma de validade/invalidade, que seria aplicada às normas.
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- VIEIRA DE ANDRADE – uma lei que resolve colisões de direito chama-se lei
harmonizadora
O Direito de Resistência 22
- Art. 21.º - todos têm o direito de resistir a qualquer ordem que ofenda os
seus DLG’s e de repelir pela força qualquer agressão, quando não seja
possível recorrer à autoridade pública.
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uma das expressões visíveis do princípio da aplicabilidade directa dos
DLG’s.
- Isto não só é uma regra sobre direitos e uma forma de (auto)tutela dos
DF’s, mas também um verdadeiro direito autónomo, normalmente
considerado de natureza análoga – ASSUNÇÃO ESTEVES e JORGE MIRANDA
- Pode ser activa ou passiva, vale para os poderes públicos e pode ser feita
valer nas relações privadas, servindo para proteger a generalidade dos DLG’s.
- VIEIRA DE ANDRADE – é um meio que só tem sentido como ultima ratio e de que o
particular deve fazer uso prudente, quando esteja convencido, pela gravidade
e evidência da ofensa, de que há violação do seu DF, tendo de ter em conta as
máximas da proporcionalidade.
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- Ilicitude – violação de um DLG ou de outra norma de protecção análoga
- Culpa
- Dano
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- As leis de revisão têm de respeitar os DLG’s que correspondam a
limites imanentes à legitimidade democrática da CRP, como o direito de
sufrágio – corroborado por al. h)
- JORGE MIRANDA – a al. d) não versa senão sobre os DLG’s do Tit. II da Parte I
da CRP, não sobre os de natureza análoga, muito menos sobre os de natureza
análoga provenientes de lei ou DIP.
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- Só pode ter lugar verificado o pressuposto particularíssimo da declaração
de estado de sítio ou estado de emergência, declarações essas que dependem
de uma extraordinária série de pressupostos e de requisitos materiais, formais e
institucionais – art. 19.º/2 e 3 (requisitos materiais), limites internos nos nºs 4, 5
e 6; limites formais – emissão de um decreto do PR, que depende da audição do
Governo e autorização da AR.
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margem de actuação da entidade pública face às pretensões que decorriam
daquela posição.
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fim a liberdade e se realizam na liberdade, é, antes de mais ao beneficiário da
liberdade que deve ser reconhecido o poder de definir o conteúdo e o uso
concreto da sua liberdade. Mas a renúncia ainda tem como fundamento a não
compossibilidade da realização simultânea de todos os bens e interesses
da liberdade, pelo que ao titular dos direitos deve ser em regra
reconhecido um poder de definição de propriedades na realização concreta
da sua esfera de liberdade.
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- À luz desta ideia que, no plano dos DLG’s, se admite a possibilidade de
distinguir entre o estatuto geral das pessoas e o estatuto de determinados
círculos de pessoas, como dizia KONRAD HESSE, i.e., das pessoas que, por força da
Constituição ou da natureza das coisas, se encontram sujeitas – crianças, presos,
incapacitados – ou inseridos – militares, polícias, funcionários públicos e
titulares de órgãos de soberania – em relações regidas por um estatuto
jurídico especial.
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- Uma das mais importantes restrições na CRP é a dos militares e forças de
segurança, sendo que a CRP também se refere aos presos – 30.º/5 – e aos
funcionários públicos – arts. 269.º-271.º
Introdução e Evolução
- Houve uma primeira fase dos direitos sociais (entre 1917 e os textos
constitucionais do final dos anos 40), que incluía a constituição mexicana de
1917, a Constituição alemã de 1919 (Constituição de Weimar), considerada a
primeira formulação constitucional do modelo de Estado social.
- Após a I Guerra Mundial, regista-se as crises dos anos vinte: a de 1921 (que
contribuirá para levar ao poder na Itália o partido fascista); a “grande depressão”
de 1929/32 (que, do mesmo modo, criará as condições para a subida ao poder
do Partido nacional-socialista, na Alemanha).
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- Paulatinamente, as Constituições passaram a prevê-lo (v. g., para além da
hoje não vigente Constituição da IV República francesa (Constituição de 1946),
as Constituições italiana de 1947, alemã de 1949 , portuguesa de 1976 (actuais
arts. 2.º, 9.º, als. d) e d); arts. 58.º ss.), brasileira de 1988.
- A segunda fase dos direitos sociais sucede nos anos setenta e oitenta, em que
se acrescenta novos direitos, relacionados com a preocupação com as gerações
futuras); são, por vezes, chamados “direitos de terceira geração”.
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- Estes direitos estão condicionados triplamente:
iii) Para além da necessidade de previsão pela lei, será ainda necessária a
intervenção da Administração Pública: através da execução da lei (construção
de infra-estruturas, …) ; da elaboração de regulamentos administrativos.
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Regime?
- Mas têm eles um regime específico? Não será apenas um o regime aplicável a
todos os DF’s – o regime comum – como diz REIS NOVAIS e a dogmática unitária
dos DF’s?
- Não se confundem com direitos a prestações derivados da lei, uma vez que
tudo os separa em termos técnicos, pois os DESC’s são direitos fundamentais,
são situações jurídicas compreensivas colocadas no plano constitucional,
não têm por regra um conteúdo determinado e por regra não podem ser
qualificados como direitos subjectivos. Assim, quando se fala deste regime
específico, está-se a referir aos DESC’s e não a estes direitos a prestações
derivadas da lei.
- JORGE MIRANDA – o suposto regime dos DESC’s está ligado com tarefas e
incumbências do Estado, como a tarefa fundamental de promover a
efectivaçao dos DESC’s – diz o autor que se trata de uma promoção não
estatizante e não autoritária, aberta à promoção pelos próprios interessados e
às iniciativas da sociedade civil, para se criarem as condições para o
aprofundamento da própria democracia.
- MELO ALEXANDRINO – não há apoio na lei para se poder falar num regime
específico dos DESC’s, cabendo à dogmática constitucional edificar e construir
as soluções mais ajustadas a esses direitos, como conjunto constitucional, e a
cada uma das figuras, como realidades específicas e diferenciadas. Na verdade,
aquilo a que a doutrina muitas vezes refere como expressões de um regime
específico – como a conexão com tarefas e incumbências do Estado, participação
dos interessados e da sociedade e a dependência da realidade constitucional –
não é mais, para este autor, do que uma forma de explanação do pano de
fundo onde se movem esses direitos e da revelação de algumas das formas
pelas quais ocorre a concretização dessas tarefas, incumbências e
vinculações do Estado.
- Continua o autor, respondendo à segunda questão, deve ser dito que, por várias
razões, não há nem pode haver, em face da CRP, um regime jurídico unitário
para todos os direitos fundamentais.
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- Finalmente, sobre a dogmática unitária, uma vez que a mesma tem de ser
efectivamente construída pelo esforço dos juristas, podemos hoje reconhecer
que essa reclamação já superou, entre nós, a sua fase retórica, encontrando-se
numa nova fase de gestação. Contudo, diz JMA, mesmo que venha a ocorrer
uma comunhão total de vistas sobre a existência de uma dogmática
unitária dos DF’s, daí não segue que deva existir um único regime jurídico.
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- JORGE PEREIRA DA SILVA – proibição absoluta é insustentável por ignorar a
natureza dos DESC’s enquanto sujeitos à reserva do possível – aceita quando
se verifique uma anulação, revogação ou aniquilamento puro e simples do
núcleo essencial dos DESC’s
- A versão originária dos Tratados não continha, como agora também não, um
catálogo de direitos fundamentais.
- Tornou-se, contudo, claro, que desde o início da integração europeia, apesar das
Comunidades terem um carácter predominantemente económico e das suas
atribuições serem funcionais, a importância dos poderes conferidos aos
órgãos comunitários possibilitava uma violação dos direitos dos cidadãos –
assim, os direitos não podiam continuar a perspectivar-se apenas por
referência aos Estados-Membros. Contudo, havia desde logo uma preocupação
com os direitos fundamentais que se retira implicitamente do preâmbulo do TCE,
onde se afirmam ideais de paz, liberdade, melhoria das condições de vida,
etc.
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Tentativas de Colmatar a Lacuna Através da Jurisprudência do TJUE
- Após uma primeira fase em que se recusou a aceitar a relevância dos direitos
fundamentais, o TJ acabou, numa segunda fase, por os integrar no Direito da
União (na altura Comunitário) por via dos princípios gerais de direito.
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- Princípios comunitários retirados do direito escrito –
promoção dos direitos sindicais básicos, igualdade de remuneração entre
géneros
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- Inovação – protecção dos direitos fundamentais após Maastricht
aplica-se tanto em relação aos nacionais dos Estados-Membros como a de
países terceiros.
- Actual art. 6.º - TJUE passa a ter competência expressa para apreciar
os actos das instituições com base em violação da protecção dos direitos
fundamentais.
- Tratado de Nice – foi no seu âmbito que foi convocada a conferência que
acabou pro elaborar a CDFUE, que, mesmo assim, não logrou consenso para
inclusão no Tratado de Nice nem obteve carácter juridicamente
vinculativo.
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ao CE – apesar de tudo, não se tratava de uma ‘assembleia constituinte’ por
falta de legitimidade democrática.
- Objectivos – a CDFUE não tem em vista criar direitos novos, mas sim tornar
visíveis os direitos que já existem e que fazem parte do património comum
dos europeus – assim, um dos principais objectivos é a segurança jurídica e
consequente protecção dos cidadãos.
- Fontes de Inspiração –
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coerência necessária entre CEDH e CDFUE, nomeadamente com a jurisprudência
do TEDH, não se opondo a um tratamento mais favorável da UE; quanto ao nº
4 ele trata das tradições constitucionais dos EM’s, não salvaguardando,
todavia, que os DUE consagre uma protecção mais ampla, o que poderá ter
consequências a nível do primado.
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- art. 2.º Protocolo – GUERRA MARTINS – não é uma verdadeira
cláusula de opt-out porque só reafirma a ideia de que as disposições da Carta
precisam de implementação nacional para o exercício dos direitos nela
consagrados.
- Conteúdo da CDFUE:
- GUERRA MARTINS – a CDFUE não pode ser vista como um standard máximo,
devendo ser antes encarada como um limite mínimo abaixo do qual não se
deve descer. Apesar de tudo, ela consagra um conjunto bastante amplo de
direitos, desde direitos civis e políticos aos direitos sociais.
- Toda esta moscambilha começou no fim dos anos 70. Em 1979, a Comissão
sobre a Adesão das Comunidades Europeias à CEDH. Segundo esta Comissão,
as vantagens da adesão das CE’s à CEDH são:
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- Passaria a existir um catálogo de direitos, que seria o fundamento
jurídica das decisões do TJUE – certeza jurídica
- Esta comissão não conseguiu convencer os órgãos, pois esta adesão também
traria dificuldades, nomeadamente a concorrência de sistemas jurisdicionais
distintos, que obedecem a princípios diferentes.
- Na esteira do TECE, o art. 6.º/2 TUE determina que a União adere à CEDH e que
essa adesão não altera as competências da UE, tal como definidas nos
Tratados. Assim, diz GUERRA MARTINS, a UE adere à CEDH a dois importantes
níveis:
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geração e a CEDH não ou pouco; do ponto de vista jurisdicional, a adesão da UE
à CEDH significaria colocar no âmbito do DUE a necessidade de esgotamento
dos meios de jurisdição internos – nacionais e União – o que dificultaria o
acesso ao TEDH, acabando, para este autor, por reverter num ‘nivelamento
por baixo da protecção’
- As negociações ainda não acabaram, e não parece que seja tão cedo. As
directivas de negociação incluem a preservação dos princípios gerais de ambos
os sistemas, a elaboração de um instrumento jurídico que estabeleça as
modalidades de adesão da UE à CEDH, a participação da UE nos órgãos da
CEDH, como o Comité de Ministros e o TEDH, e as relações entre o TJUE e o
TEDH.
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IV - O Sistema do Conselho da Europa, em Especial, a Convenção
Europeia dos Direitos do Homem27
65
- Atenção que a CEDH e os seus protocolos não se aplicam
retroactivamente, pelo que o facto de um Estado não ratificar um determinado
protocolo significa que as eventuais violações do mesmo por parte desse
Estado só serão relevantes a partir da sua ratificação.
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culturas europeias; teoria da margem de apreciação dos Estados na
aplicação da CEDH – retirada desse carácter subsidiário do sistema da CEDH,
significa que as autoridades nacionais estão melhor posicionadas que os
órgãos do CE para se pronunciarem sobre certos efeitos da CEDH (Ac.
Rasmussen).
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- Os Direitos Relativos à Vida e à Integridade Física da Pessoa
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- Os Direitos que Incidem sobre a Administração da Justiça
- Os Direitos Intelectuais
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- Os Direitos Relativos ao Funcionamento das Instituições Democráticas –
- O sistema começou por ser composto pela Comissão Europeia dos Direitos
Humanos, pelo TEDH e por um órgão pré-existente à CEDH, o Comité de
Ministros – era um sistema misto pois participavam dois órgãos políticos e um
jurisdicional.
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- A Comissão tinha competência para se pronunciar sobre a
admissibilidade das petições, para fixar os factos, conciliar as partes e, caso
isso falhasse, formular um parecer sobre a violação ou não da CEDH.
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O Tribunal Europeu dos Direitos do Homem
- Competência –
- Processo contraditório
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ou capacidade dos indivíduos – assim a protecção da CEDH pode ser invocada
contra um Estado parte não só pelos seus nacionais, mas também pelos
nacionais doutros Estados ou terceiros ou apátridas desde que violação
tenha tido lugar nos limites da jurisdição do Estado parte. Os incapazes podem-
se dirigir mesmo sem representante.
- Procedimento:
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particulares nem contra UE. A legitimidade activa, como vimos, pertence aos
Estados e aos indivíduos.
- Acórdão não tem autoridade erga omnes e não vale como título
executivo no território dos Estados condenados – art. 46.º/1 – sendo que o
TEDH considera que os seus acórdãos deixam aos Estados a escolha dos meios
para se conformar com as obrigações por eles impostas.
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alterando frequentemente a sua legislação, na sequencia de ‘condenações’ do
TEDH.
O Protocolo nº 14
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dos direitos inerentes à dignidade da pessoa humana, apesar de ser um
sistema cuja efectividade está longe de ser satisfatória
Cooperação Intergovernamental
- Deve-se sublinhar que a evolução tem ido no sentido de atenuar esse carácter,
introduzindo pequenas franjas de subordinação neste domínio, nomeadamente
por certas normas originariamente provenientes da ONU se incluem no conceito
de ius cogens.
Multiplicidade de Fontes
Identidade de Objetivos
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Fontes Convencionais
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Declaração Universal dos Direitos do Homem
- Adoptada em 1948
- Preâmbulo e 30 artigos
- Há quem entenda que ela tem o mesmo valor jurídico do que as outras
resoluções da AG, i.e., não cria obrigações para os Estados membros da
ONU e não é fonte imediata de DIP
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para o que deve ser visto como a codificação e progressivo
desenvolvimento do DIDH.
- Com excepção do direito dos povos à autodeterminação – art. 1.º - que não
pode ser objecto de comunicações individuais, o Pacto apenas garante os
direitos da Parte III. A comparar o PIDCP com a DUDH verificamos a ausência
do direito de propriedade, à nacionalidade e de asilo.
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personalidade jurídica, e ainda liberdade de pensamento, consciência e religião
comungam dessa característica. A maior parte dos direitos do PIDCP são,
portanto, susceptíveis de ser objecto de derrogações, restrições, limitações, o
que deixa uma ampla margem de apreciação aos Estados, permitindo-se a
adaptação de direitos humanos universais às circunstâncias políticas, sociais,
económicas e culturais de cada Estado.
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tendo os Estados a obrigação de adoptar, o mais rápida e eficazmente
possível. Estão previstas no art. 2.º, devendo ser implementadas por medidas
individuais como também de assistência internacional e cooperação. Alguns
direitos são passíveis de implementação imediata – art. 7.º a)-i), 8.º, 13.º
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Estado é obrigado a perseguir ou extraditar os acusados de tortura, de
modo a limpar o seu território de torturadores.
- Direito a não ser torturado e não estar sujeito a penas ou tratamentos cruéis,
desumanos ou degradantes – art. 7.º PIDCP e 5.º DUDH
- Direito a não ser tornado escravo, servo ou obrigado a trabalho forçado – art. ??
- Relativamente aos direitos condicionados, há que reter que o art. 30º DUDH e
5.º/1 PIDCP proíbe a dedicação de alguém a uma actividade ou a realização
de actos que visem destruição dos direitos e liberdades previstos no Pacto,
nem limitações mais amplas, o que veda o abuso de direito.
- Direitos há uma data deles, e não os vou enumerar. Que se foda. Também há
garantias processuais ao que parece. E ainda um princípio da não
discriminação.
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Os Direitos Económicos, Sociais e Culturais
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Conselho dos Direitos Humanos, que se aplicam a todos os Estados-membros
da ONU e têm em vista fiscalizar o cumprimento por parte dos Estados das
obrigações que lhes são impostas, no domínio dos DH’s.
Mecanismos de Controlo
- Relatórios Periódicos:
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- Protocolo Adicional ao PIDCP – previu o direito de comunicação
individual, reconhecendo competência ao CDH para receber e examinar as
comunicações individuais, que denunciem a violação pelo Estado parte dum
direito do pacto. O CDH examina as comunicações quanto à admissibilidade e
quando ao seu bem fundado. Art. 1.º do Protocolo – os titulares são apenas os
‘particulares’, pelo que não é competente para apreciar comunicações de
associações, sociedades, partidos ou ONG’s, mas pode apreciar uma questão
relativa a vários particulares.
Mecanismos Extra-Convencionais
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