aspectos anátomo-morfológicos e
a farmacologia do tratamento
Autor
Alan de Oliveira
Curso Farmácia
Universidade Estácio de Sá
Unidade Nova Friburgo
Resumo
Disfunção erétil é a incapacidade de obter ou manter uma ereção para que ocorra uma relação
sexual satisfatória. A disfunção erétil é considerada como uma doença à nível cardiovascular,
e desta forma, a sua ocorrência indica que provavelmente alguma alteração cardiovascular está
ocorrendo. Muitas são as causas da disfunção erétil, sendo então, considerada como uma
doença multifatorial, porém, suas etiologias podem ser de origem orgânica, psicogênicas e
mistas, onde dentro de cada categoria há subdivisões que por muitas das vezes a disfunção
erétil é enquadrada. Sabe-se que a disfunção endotelial é a maior causa dos quadros de
disfunção erétil, que por meio de alterações à nível endotelial dá-se início a processos
ateroscleróticos e inflamatórios, diminuição da formação de óxido nítrico. Os tratamentos para
a disfunção erétil englobam as técnicas cirúrgicas de colocação de próteses penianas, auto-
injeção de substâncias vasodilatadoras e músculo-relaxadoras até aos tratamentos orais, que
constituem a maior parte da terapêutica. Dentro da terapêutica oral encontram-se os
medicamentos inibidores da enzima Fosfodiesterase - 5, que é a responsável pela linearização
do GMP cíclico, como o sildenafil, tadalafil, vardenafil, carbonato de lodenafila, estes
alcançam ótimo resultado, conforto ao paciente e melhoria da qualidade de vida do indivíduo.
Introdução
Caracteriza-se como disfunção erétil a incapacidade de obter e/ou manter uma ereção
suficiente para que haja um desempenho sexual satisfatório (FREITAS et al., 2008;
MATHEUS et al., 2009; LAYDNER et al., 2009).
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Volume 2º. – nº 02 – 2º. semestre 2012
realizado na cidade de São Paulo - SP - Brasil, 14,7% dos jovens entrevistados já haviam
usado algum desses medicamentos, onde na maioria das vezes por curiosidade, para que
houvesse potencialização da ereção, contra ejaculação precoce e para aumentar o prazer
(FREITAS et al., 2008).
As causas da disfunção erétil podem ser divididas em orgânicas, que possuem origem
vasculogênica, neurogênica, endócrina; e causas psicogênicas, que estão relacionadas ao
estresse emocional, coerção sexual, problemas de relacionamento, depressão. Na avaliação
clínica do indivíduo com disfunção erétil, deve-se levar em conta o histórico do paciente,
exames físicos, exames laboratoriais de nível sérico de testosterona, glicemia e lipídios, e a
avaliação psicológica desse paciente (MATHEUS et al., 2009).
Porém, nos dias de hoje se conhece que a disfunção endotelial é etiologia de maior
ocorrência na disfunção erétil, caracterizando-se como alterações a nível de endotélio, capazes
de promover doenças ateroscleróticas e cardiovasculares, danificando o endotélio (COSTA ;
VENDEIRA, 2007). Essa aterosclerose pode ser iniciada por processos inflamatórios e
estresse oxidativo, modificando a função plaquetária e o estado contrátil e proliferativo das
células musculares lisas vasculares, alterando, então, a vasodilatação mediada pelo endotélio,
que é importante na ereção. Na disfunção erétil encontram-se então, uma série de marcadores
inflamatórios aumentados. Ocorrendo também formação diminuída de óxido nítrico (NO),
diminuição de células precursoras da medula óssea que reparam as células endoteliais no
sangue periférico (LAYDNER et al., 2009).
Metodologia
Desenvolvimento
Anátomofisiologia Peniana
O aparelho genital masculino (figura 1) funciona tanto como órgão copulador como
órgão excretor (BARROS et al., 2005; ANDRADE, 2010; FARIA et al., 2005),
compreendendo as seguintes estruturas: próstata, vesículas seminais, ductos ejaculatórios,
glândulas bulbouretrais, pênis, testículos, epidídimo e ductos deferentes, porém nem todas as
estruturas funcionam como estruturas excretoras (BARROS et al., 2005).
O pênis em si é dividido em três partes, raiz, corpo e glande (FARIA et al., 2005) e é
nutrido pela artéria pudenda interna e drenado pela veia dorsal profunda. No corpo do pênis
encontram-se os corpos cavernosos e corpo esponjoso, ambos, são envolvidos pela fáscia de
Buck, e por uma pele glabra. Ao momento em que a pele se estende sobre a glande, forma-se o
prepúcio. Os corpos cavernosos ficam situados logo acima da sínfise púbica, onde por um
septo incompleto posiciona-os lado a lado (BARROS et al., 2005; FARIA et al., 2005). Os
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A inervação feita pelos nervos cavernosos fazem com que haja a inervação autônoma,
simpática e parassimpática vinda do plexo pélvico (FARIA et al., 2005)
O corpo esponjoso não fica tão rígido como os corpos cavernosos, pois a bainha que o
envolve é mais elástica, evitando a compressão exagerada da uretra esponjosa (ANDRADE,
2010).
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Bioquímica da ereção
Um estímulo de cunho erótico é percebido por algum dos cinco sentidos e este
estímulo é processado no hipotálamo. O hipotálamo inibe o tônus simpático acarretando em
um aumento do tônus parassimpático e liberação de NO (NEVES et al., 2004).
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Porém a inervação peniana acontece por três vias: adrenérgica, colinérgica e não-
adrenérgica e não-colinérgica, esta última é a responsável pela liberação de outros mediadores
que levam ao relaxamento da musculatura lisa do pênis. O peptídeo vasoativo intestinal,
substância P, purinas, aminoácidos descarboxilados, prostaglandinas, bradicinina fatores
endoteliais são alguns dos mediadores liberados pela via não-adrenérgica e não-colinérgica
(NEVES et al., 2004).
Disfunção Erétil
Chama-se de disfunção erétil a incapacidade do homem em ter e/ou manter uma ereção
peniana suficiente para que ocorra uma relação sexual completa e satisfatória (RODRIGUES
et al., 2010; GIAMI et al., 2009), com a gravidade medida pelo índice de recorrência do
aparecimento da perda da rigidez peniana, permanente ou temporária (GIAMI et al., 2009),
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A disfunção erétil (DE) deve ser entendida atualmente como um problema de saúde
pública, devido a sua relativa alta prevalência na população masculina e de alterações
emocionais e psicossociais que corroboram para a piora dos casos (ABDO et al., 2006;
RODRIGUES et al., 2010).
Conhece-se que a disfunção erétil é capaz de causar impactos negativos sobre a vida do
indivíduo que a desenvolve, impacto tanto na vida familiar, social e econômica (MOURA;
CERESÉR, 2002), e que a baixa auto-estima, problemas no relacionamento com a parceira,
filhos e amigos, problemas no trabalho são algumas das situações recorrentes em homens com
disfunção erétil, observando que o número de relações sexuais desse grupo é menor que no
grupo de homens que não sofrem de nenhum tipo de disfunção erétil (ABDO et al., 2006).
É visto também que um adulto com algum tipo de disfunção sexual teve deficiências
no que tange a formação sexual quando criança e que um início de vida sexual traumático
pode levar à disfunção erétil, uma vez que essa situação pode alterar a auto-estima do adulto
em formação, abalando os vínculos emocionais (ABDO et al., 2006).
Porém fatores de risco como diabetes mellitus, hipertensão arterial sistêmica, doença
vascular periférica, hipercolesterolemia, baixos níveis de lipoproteínas de alta densidade,
hiperlipidemia, drogas, fármacos utilizados em uso crônico, doenças neurológicas, alcoolismo,
tabagismo, insuficiência renal, infarto do miocárdio, neoplasias, obesidade, hipoandrogenismo
(MOURA; CERESÉR, 2002) e depressão podem acarretar na disfunção erétil (GIAMI et al.,
2009). Porém a prática de exercícios físicos, redução do tabagismo e o controle do peso são
alterações na vida do indivíduo que, melhoram a qualidade de vida à nível cardiovascular e
como visto, ajudam a evitar e/ou como tratamento adjunto para àqueles que sofrem de
disfunção erétil (RODRIGUES et al., 2010).
É visto que um adulto com algum tipo de disfunção sexual teve deficiências no que
tange a formação sexual quando criança. Um início de vida sexual traumático pode levar à
disfunção erétil, uma vez que essa situação pode alterar a auto-estima do adulto em formação.
Homens com disfunção erétil costumam ter seus vínculos emocionais abalados,
levando a estes, na tentativa de solucionar o problema, buscar relações extraconjugais.
É possível observar que indivíduos com algum tipo de cardiopatia e hipertensão arterial
sistêmica, possuem uma elevada probabilidade de desenvolverem a disfunção erétil, devido ao
comprometimento do sistema cardiovascular (ABDO et al., 2006).
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A atividade sexual é uma atividade física e pode-se mensurar seu gasto energético, que
é maior na fase do orgasmo, devido ao aumento do consumo de oxigênio, pode ser dividida
em fase de excitação, platô, orgasmo e resolução. Como, normalmente, se trata de as respostas
metabólicas e cardiovasculares da atividade sexual estão relacionadas mais à fase de excitação
do que ao esforço físico propriamente dito (SOUZA et al., 2011).
Para diagnosticar uma situação de disfunção erétil deve-se levantar o histórico médico
do indivíduo, incluindo o histórico sexual (início do problema e tratamentos já tentados),
histórico emocional, qualidade das ereções, alterações relacionadas às ejaculações e orgasmos,
mesclando com uma avaliação psicológica bem realizada, levantando os antecedentes
psiquiátricos dos pacientes (MATHEUS et al., 2009; RODRIGUES et al., 1992).
Deve-se proceder com uma investigação urogenital para eliminação, ou não, de outras
afecções. Dentre os exames urogenitais, busca-se identificar se há ocorrência de curvatura
peniana anormal, presença de placas de fibrose peniana, alterações prostáticas e do tônus anal,
entre outras alterações, e com um exame geral pode-se visualizar se há alterações sistêmicas
capazes de promover a disfunção erétil, dentre elas citam-se a hipertensão arterial sistêmica,
alterações tireoidianas, hipogonadismo (RODRIGUES et al., 1992).
Como qualquer outra terapia farmacológica, o tratamento para a disfunção erétil busca
encontrar bons resultados com o menor número possível de alterações biológicas resultantes
dessa terapia, aumentando dessa forma a eficácia do tratamento e a qualidade de vida do
indivíduo (NEVES et al., 2004). Complementando esta ideia sabe-se que a prática de
exercícios físicos reduzem a probabilidade de indivíduos apresentarem disfunção erétil, uma
vez que melhoram a saúde cardiovascular do paciente (SOUZA et al., 2011).
Cabe salientar que os inibidores da PDE-5 devem ser utilizados na existência do desejo
sexual (ABDO et al., 2007).
Sensações como cefaléia, rubor facial, epigastralgia e congestão nasal são alguns dos
efeitos colaterais mais comuns que podem aparecer aos usuários de inibidores de PDE-5, sem
alterações significativas sobre a pressão arterial sistólica e diastólica e tampouco na função
cardíaca. Seu metabolismo se dá pelo citocromo CYP 3A4, fármacos como o cetoconazol,
inibidores da protease desativam esta via de metabolização, dessa maneira aumentam as
concentrações séricas dos inibidores de PDE-5, já drogas indutoras enzimáticas como a
rifampicina, promove uma redução das concentrações plasmáticas dos inibidores. Com relação
às interações medicamentosas, não deve-se fazer uso dos inibidores de PDE-5
concomitantemente com alfabloqueadores, devido ao efeito hipotensor gerado, e não devem
ser utilizados juntamente com nitratos, devido à sensibilidade dos inibidores frente aos nitratos
(ABDO et al., 2007).
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Sildenafil
Vardenafil
Porém novos inibidores foram lançados, inibidores estes mais específicos, como o
vardenafil (figura 5) (4-[2-etoxi-5-(4-etilpiperazina-1-il)sulfonil-fenil]-9-metil-7-propil-
3,5,6,8-tetrazabiciclo[4.3.0]nona-3,7,9-trien-2-ona), que pode ser ingerido meia hora antes da
relação sexual e seu efeito pode perdurar por até mais de sete horas após a sua ingestão
(CLARO; SROUGI, 2003).
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Tadalafil
Um outro inibidor bastante conhecido, que fora lançado após o advento do sildenafil, é
o tadalafil (figura 6) ((6R-trans)-6-(1,3-benzodioxol-5-yl)- 2,3,6,7,12,12a-hexahidro-2-metil-
pirazino [1', 2':1,6] pirido[3,4-b]indol-1,4-diona), que também pode ser ingerido cerca de meia
hora antes da relação sexual, porém possui uma meia-vida longa (cerca de 17,5 horas), seus
resultados podem chegar até 48 horas. A especificidade dos inibidores de PDE-5 mais
modernos trazem mais segurança e conforto ao paciente que necessita do seu uso (CLARO;
SROUGI, 2003).
Com relação aos efeitos colaterais, tem-se que a dor lombar e mialgia são os mais
comuns (ABDO et al., 2007).
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O lodenafil por sua vez é metabolizado por enzimas hepáticas e plasmáticas, atingindo
a concentração efetiva máxima superior a do sildenafil, causando maior relaxamento com
menor concentração de fármaco (SILVA et al., 2010)
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Considerações Finais
Pode ser visto que o problema da disfunção erétil é bem mais complexo do que se
imagina, uma vez que os mecanismos envolvidos no reflexo da ereção são complexos e
extremamente delicados, haja visto que alterações à nível endotelial, tecidual e psicológicos
interferem de maneira surpreendentemente grande para a instalação de tal patologia.
Porém torna-se claro que uma conversa franca e aberta com o indivíduo que sofre de
disfunção erétil, deixando-o seguro e confiante pode auxiliar no tratamento, uma vez que essa
alternativa pode ser um excelente remédio para tal.
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