Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
RESUMO
Os derivados sintéticos de testosterona (EAA) tratam-se de esteroides que possuem propriedades
anabólicas que contribuem consideravelmente para o aumento da síntese proteica, podendo resultar no
balanço nitrogenado positivo e na hipertrofia de fibras musculares por meio de exercícios físicos e dieta
nutricional, bem como a propriedade androgênica que está correlacionada com a função reprodutora e
o desenvolvimento das características sexuais secundárias, logo, essas substâncias são conhecidas
popularmente como esteroides anabólicos androgênicos. O uso indiscriminado e cumulativo desses
esteroides está constantemente associado ao desenvolvimento de disfunções anatômicas, fisiológicas e
histológicas no organismo humano. No entanto, essas substâncias passaram a serem utilizadas por
praticantes de musculação e atletas, visando apenas os efeitos benéficos, e desconsiderando as
disfunções estruturais e teciduais a curto, médio e longo prazo que essas substâncias podem causar ao
organismo. Foi realizado uma revisão descritiva da buscando compreender o impacto do uso de
esteroides anabólicos androgênicos (EAAs) no sistema humano. Foi encontrado três possíveis
modificações químicas possíveis na testosterona permitindo a melhora da performance do esteroide
como no aumento da sua biodisponibilidade local, meia-vida e na diminuição de efeitos adversos. Seu
mecanismo de ação assemelha-se ao da testosterona endógena atuando em receptores androgênicos,
mas também interações com outros fatores tróficos como IGF-1, induzindo numa maior expressão de
receptores androgênicos em diversos tipos celulares. Por isso, seu crônico resulta de danos sistêmico
(sistemas cardiovascular, hepático, renal, reprodutor, endócrino, tegumentar e sistema nervoso central).
O conhecimento sobre seu mecanismo de ação e efeitos no corpo humano permite a conscientização
da sociedade as consequências do uso indiscriminado desses compostos.
ABSTRACT
Synthetic testosterone derivatives are steroids that have anabolic properties that contribute considerably
to increased protein synthesis, which may result in positive nitrogen balance and hypertrophy of muscle
fibers through physical exercise and nutritional diet, as well as androgenic property that is correlated
with reproductive function and development of secondary sexual characteristics therefore, these
substances are popularly known as anabolic androgenic steroids. The indiscriminate and cumulative
use of these steroids is constantly associated with the development of anatomical, physiological and
histological dysfunctions in the human body. However, these substances began to be used by
bodybuilding practitioners and athletes, aiming only at the beneficial effects, and disregarding the
structural and tissue dysfunctions in the short, medium and long term that these substances can cause
to the body. A descriptive review of the seeking to understand the impact of anabolic androgenic steroid
(AAs) on the human system was performed. Three possible chemical modifications in testosterone
were found allowing the improvement of steroid performance as in increasing its local bioavailability,
half-life and in decreasing adverse effects. Its mechanism of action resembles endogenous testosterone
acting on androgenic receptors, but also interactions with other trophic factors such as IGF-1, inducing
a greater expression of androgenic receptors in several cell types. Therefore, its chronic result from
systemic damage (cardiovascular, hepatic, renal, reproductive, endocrine, tegumentary and central
nervous system). Knowledge about its mechanism of action and effects on the human body allows
society to raise awareness of the consequences of the indiscriminate use of these compounds.
1 INTRODUÇÃO
Os esteroides anabólicos androgênicos (EAA) são compostos lipossolúveis derivados da
metabolização do colesterol e quimicamente semelhantes ao hormônio testosterona, geralmente são
extraídos de testículos de bovinos e modificadas em laboratório (ABRAHIN et al., 2013). Esses
esteroides possuem duas atividades principais, a anabólica que contribui para o aumento da massa
muscular e da deposição de cálcio nos ossos, favorece o balanço nitrogenado positivo, promove
também a elevação da concentração de hemoglobina como do hematócrito. A segunda é a ação
androgênica responsável pela função reprodutora e influência no desenvolvimento das características
sexuais secundárias do gênero masculino (EVANS, 2004).
A princípio os derivados sintéticos de testosterona foram desenvolvidos para uso terapêutico,
sendo empregados na reposição de testosterona em indivíduos que apresentam quadro de
hipogonadismo, visto que, ocorre um desequilíbrio da produção natural do hormônio (CONWAY et
al., 2000). O uso terapêutico dessas substâncias também é frequentemente indicado na intervenção de
doenças que apresentam deficiência na produção de proteínas, como por exemplo, a síndrome da
imunodeficiência humana (HIV/AIDS) e o câncer (BASARIA; WAHLSTROM; DOBS, 2001;
HINIKER et al., 2016)
No entanto, essas substâncias têm sido utilizadas de forma indiscriminada por indivíduos
saudáveis, em especial por adolescentes e atletas, tanto para usos estéticos quanto para melhorar o
desempenho. Os efeitos do uso a longo prazo de EAAs entre adolescentes são muito semelhantes aos
de adultos, mesmo que as doses e duração sejam significativamente menores. Os andrógenos mais
2 METODOLOGIA
Foi realizado uma revisão descritiva da literatura nos bancos de dados Scielo
(https://scielo.org/) e Pubmed (https://www.ncbi.nlm.nih.gov/), como em site de buscas
(https://scholar.google.com.br/), utilizando os descritores; “esteroides anabólicos androgênicos” OR
EAA AND “uso indiscriminado” AND/OR “disfunções anatomo-fisiológicas”.
Os critérios de elegibilidade foram: (i) artigos combinados ou isolados nos idiomas inglês,
português e espanhol; (ii) estudos compreendidos entre os anos de 2000 e 2020; (iii) que retratem de
pelo menos um esteroide androgênico. Os principais critérios de exclusão foram: (i) estudos publicados
anterior ao ano 2000; (ii) pesquisas que não apresentaram informações sobre o fármaco ou
medicamento esteroide; (iii) publicação em duplicata; (iv) trabalhos publicados em anais e congressos.
Os artigos mais relevantes foram analisados separando de acordo com as alterações causadas pelo uso
crônico bem como o esteroide anabolizante analisada. As informações foram coletadas e descritas,
buscando compreender e ampliar o conhecimento sobre o tema.
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
3.1 CARACTERÍSTICAS, ESTRUTURA QUÍMICA DOS DERIVADOS SINTÉTICOS DE
TESTOSTERONA E MECANISMO DE AÇÃO
Os EAAs apresentam uma estrutura química semelhante à testosterona, figura 1, sendo
classificada de acordo com sua via de administração em três composições principais: oral, injetável à
base de óleo, injetável à base de água (BARCELOUX; PALMER, 2013). As modificações na estrutura
química da testosterona objetivam modificar as propriedades desse hormônio, de modo a aumentar a
ação anabólica, favorecendo a síntese proteica e reduzir os efeitos androgênicos, ou seja, diminua a
probabilidade dos efeitos sexuais secundários do hormônio. As principais modificações
são esterificação do grupo 17β-hidroxila, a alquilação na posição 17α e modificação do núcleo
esteroide para melhorar as propriedades anabólicas. Essas modificações são denominadas de A, B e
C, respectivamente (LIPPI; FRANCHINI; BANFI, 2011).
Figura 1. Estrutura comum à maioria dos esteroides derivados sintéticos da testosterona, EAAs, com indicação das posições
das variações na sua estrutura A (17β-hidroxila), B (alquilação na posição 17α) e C (modificação do núcleo esteroide).
A classe A esterificação do grupo 17β- hidroxil através de uma cadeia de porção ácida, de modo
que evite a liberação precoce do veículo oleoso na corrente sanguínea, essa variação atrasa a liberação
e a posterior biodegradação da testosterona como também prolongando seu tempo de meia-vida. Uma
vez administrado, via parietal, apresenta uma taxa de absorção mais lenta que as outras classes trazendo
muito menos estresse hepático. Nesta classe inclui cipionato de testosterona, propionato, enantato e
undecanoato (WU; KOVAC, 2016).
A classe B (EAAs 17α-alquilados) origina-se na substituição do hidrogênio do Carbono 17 por
um grupo metil (CH3) ou etil (C2H5), a alquilação do carbono 17 retarda sua inativação hepática
prolongando o efeito esteroide, entretanto sobrecarrega o sistema hepático, incluem os derivados
metiltestosterona, metandrostenolona, nortandrolona, fluoximesterona, danazol, oxandrolona e
estanozol. Já os EAAs da classe C, são produzidos por diferentes alterações em qualquer posição nos
anéis de sua estrutura, incluem os derivados mesterolona, nortestosterona e metenolona. Estas
modificações conferem grande número de vantagens ao EAA, que incluem: lenta metabolização, o
aumento da afinidade pelo receptor androgênico e resistência à aromatização a estradiol (CUNHA et
al., 2004). Ambas classes são mais utilizadas em composições de via oral, destacam-se por uma
excelente absorção e excreção rápida, porém eles geralmente têm meia-vida curta, tornando-se
necessário várias administrações diárias para manter os níveis dos esteroides na corrente sanguínea,
logo possuem uma maior probabilidade de gerar toxicidade hepática, visto que passam pelo
metabolismo de primeira passagem. Estas classes incluem estanozolol, oxandrolona e
metiltestosterona, (CUNHA et al., 2004; EVANS, 2004).
Esteroides anabólicos para exercer sua ação por vários mecanismos diferentes que incluem a
interação do esteroide com o receptor androgênico localizado na musculatura esquelética, cuja
regulação dependente de feedback positivo, que podem se encontrar hiper-regulado quando exposto a
substância esteroide anabólica. A ações anabólicas complementares, incluindo um efeito psicoativo no
desenvolvimento corporal idealizado como padrão estético por esses usuários, mas que podem trazer
danos irreversíveis nos sistemas e tecidos do organismo (LIMA-OLIVEIRA; SCHWINGEL, 2015).
Essas alterações no perfil lipídico, pode estar relacionada ao aumento do catabolismo do colesterol
HDL e VLDL (lipoproteínas de muito baixa densidade) que é induzido pela enzima triglicerídeo lipase
hepática (HTGL) como consequência provoca o aumento nas concentrações plasmáticas de LDL, um
aumento da predisposição a alterações cardíacas.
e túbulos contorcidos proximal e distal, além de alterações histológicas como fibrose e proliferação de
células do tecido renal (POZZI et al., 2013; TOFIGHI et al., 2018).
comportamentos antissociais, delírio, problemas de psicose paranoica aguda, transtorno afetivo, surtos
esquizofrênicos, quadro de depressão e até mesmo tentativas de suicídio. Até mesmo a interrupção do
uso dessas substâncias, pode levar o indivíduo a desenvolver abstinência (PIACENTINO et al., 2015).
Estudos recentes realizados em modelos animais, observaram uma redução nos níveis de fatores
neurotróficos e dopamina no hipocampo e córtex pré-frontal, como na diminuição da expressão de
receptores de glicocorticóides no hipocampo, além do aumento dos níveis de cortisol plasmático. Essas
alterações metabólicas têm sido relacionadas tanto em distúrbios do humor como em depressão
(TUCCI et al., 2012).
As alterações no sono relata (PEDROSO, 2001) são comumente encontrados em pacientes que
fazem uso crônico de hormônios esteroides, elas atuam em diversos neurotransmissores,
principalmente no sistema GABA, fazendo com que, haja uma elevação na excitabilidade neuronal,
contribuindo para a redução da eficácia do sono e permanência em estado de alerta e excitação.
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O uso indiscriminado de derivados sintéticos do hormônio testosterona influência
consideravelmente no aparecimento e progressão de diversas disfunções do corpo humano atuando de
forma multisistêmica, a nível hormonal, celular e tecidual. A prática educativa é fundamental para a
prevenção do uso sem orientação médica desses esteroides sintéticos, portanto, a capacitação e
atualização dos profissionais de saúde sobre o tema se faz necessário permitindo sua participação da
comunidade de maneira mais direcionada e eficaz, em escolas e academias de ginásticas. Como
também, reforçar o controle e fiscalização na fabricação, distribuição e consumo dessas substancias
pelos órgãos competentes nacionais em especial na atualização da legislação vigente no acrescimento
de novos fármacos sintetizadas anualmente.
REFERÊNCIAS
ACHAR, S.; ROSTAMIAN, A.; NARAYAN, S. M. Cardiac and Metabolic Effects of Anabolic-
Androgenic Steroid Abuse on Lipids, Blood Pressure, Left Ventricular Dimensions, and Rhythm. The
American Journal of Cardiology, v. 106, n. 6, p. 893–901, set. 2010.
BASARIA, S.; WAHLSTROM, J. T.; DOBS, A. S. Anabolic-Androgenic Steroid Therapy in the Treatment
of Chronic Diseases. The Journal of Clinical Endocrinology & Metabolism, v. 86, n. 11, p. 5108–5117, 1
nov. 2001.
BOND, P.; LLEWELLYN, W.; VAN MOL, P. Anabolic androgenic steroid-induced hepatotoxicity.
Medical Hypotheses, v. 93, p. 150–153, ago. 2016.
CHRISTOU, M. A. et al. Effects of Anabolic Androgenic Steroids on the Reproductive System of Athletes
and Recreational Users: A Systematic Review and Meta-Analysis. Sports Medicine (Auckland, N.Z.), v.
47, n. 9, p. 1869–1883, set. 2017.
CONWAY, A. J. et al. Use, misuse and abuse of androgens. The Endocrine Society of Australia consensus
guidelines for androgen prescribing. The Medical Journal of Australia, v. 172, n. 5, p. 220–224, 6 mar.
2000.
CUNHA, T. S. et al. Esteróides anabólicos androgênicos e sua relação com a prática desportiva. Revista
Brasileira de Ciências Farmacêuticas, v. 40, n. 2, p. 165–179, jun. 2004.
DE SOUZA, G. L.; HALLAK, J. Anabolic steroids and male infertility: a comprehensive review. BJU
international, v. 108, n. 11, p. 1860–1865, dez. 2011.
DUVAL, P. A. et al. Prevalência de Caquexia Neoplásica e Fatores Associados na Internação Domiciliar.
Revista Brasileira de Cancerologia, v. 61, n. 3, p. 261–267, 30 set. 2015.
FORTUNATO, R. S. et al. Chronic administration of anabolic androgenic steroid alters murine thyroid
function. Medicine and Science in Sports and Exercise, v. 38, n. 2, p. 256–261, fev. 2006.
FRATI, P. et al. Anabolic Androgenic Steroid (AAS) Related Deaths: Autoptic, Histopathological and
Toxicological Findings. Current Neuropharmacology, v. 13, n. 1, p. 146–159, 13 abr. 2015.
GRAUL, A. I.; STRINGER, M.; SORBERA, L. Cachexia. Drugs of Today (Barcelona, Spain: 1998), v.
52, n. 9, p. 519–529, set. 2016.
HINIKER, S. M. et al. A Prospective Clinical Trial Combining Radiation Therapy With Systemic
Immunotherapy in Metastatic Melanoma. International Journal of Radiation Oncology*Biology*Physics,
v. 96, n. 3, p. 578–588, nov. 2016.
KAHAL, A. et al. Abuse of androgenic anabolic drugs with “Cycling” induces hepatic steatosis in adult
male mice. Steroids, v. 155, p. 108574, 2020.
KOVAC, J. R. et al. A positive role for anabolic androgenic steroids: preventing metabolic syndrome and
type 2 diabetes mellitus. Fertility and Sterility, v. 102, n. 1, p. e5, jul. 2014.
LIPPI, G.; FRANCHINI, M.; BANFI, G. Biochemistry and Physiology of Anabolic Androgenic Steroids
Doping. Mini-Reviews in Medicinal Chemistry, v. 11, n. 5, p. 362–373, 1 maio 2011.
LUCHI, W. M. et al. Nephrocalcinosis associated with the use of anabolic steroid. Jornal Brasileiro de
Nefrologia, v. 37, n. 1, 2015.
LUIJKX, T. et al. Anabolic androgenic steroid use is associated with ventricular dysfunction on cardiac
MRI in strength trained athletes. International Journal of Cardiology, v. 167, n. 3, p. 664–668, 10 ago. 2013.
MARAVELIAS, C. et al. Adverse effects of anabolic steroids in athletes. A constant threat. Toxicology
Letters, v. 158, n. 3, p. 167–175, 15 set. 2005.
NIESCHLAG, E.; VORONA, E. Doping with anabolic androgenic steroids (AAS): Adverse effects on non-
reproductive organs and functions. Reviews in Endocrine and Metabolic Disorders, v. 16, n. 3, p. 199–211,
set. 2015.
POORZAND, H. et al. Acute myocardial infarction in a young male wrestler: A case report. ARYA
atherosclerosis, v. 11, n. 6, p. 366–369, nov. 2015.
POZZI, R. et al. Nandrolone decanoate induces genetic damage in multiple organs of rats. Archives of
Environmental Contamination and Toxicology, v. 64, n. 3, p. 514–518, abr. 2013.
SEVERO, C. B. et al. Increased atherothrombotic markers and endothelial dysfunction in steroid users.
European Journal of Preventive Cardiology, v. 20, n. 2, p. 195–201, abr. 2013.
SHALABY, A. M.; BAHEY, N. G. Reversal of the hepatic damage induced by the supraphysiological dose
of nandrolone decanoate after its withdrawal in the adult male rat. Tissue & Cell, v. 53, p. 44–52, ago. 2018.
SOARES FEITOSA, G. et al. Avaliação Crítica dos Malefícios Cardiovasculares Resultantes do Uso
Indiscriminado de Esteroides Androgênicos Anabolizantes. Revista Científica Hospital Santa Izabel, v. 2,
n. 4, p. 12–16, 14 maio 2020.
TOFIGHI, A. et al. Nandrolone administration with or without strenuous exercise promotes overexpression
of nephrin and podocin genes and induces structural and functional alterations in the kidneys of rats.
Toxicology Letters, v. 282, p. 147–153, 5 jan. 2018.
WU, C.; KOVAC, J. R. Novel Uses for the Anabolic Androgenic Steroids Nandrolone and Oxandrolone in
the Management of Male Health. Current Urology Reports, v. 17, n. 10, p. 72, out. 2016.
WU, Y.; YANG, H.; WANG, X. The function of androgen/androgen receptor and insulin growth
factor‑1/insulin growth factor‑1 receptor on the effects of Tribulus terrestris extracts in rats undergoing high
intensity exercise. Molecular Medicine Reports, v. 16, n. 3, p. 2931–2938, set. 2017.
WYSOCZANSKI, M.; RACHKO, M.; BERGMANN, S. R. Acute Myocardial Infarction in a Young Man
Using Anabolic Steroids. Angiology, v. 59, n. 3, p. 376–378, jun. 2008.