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A transformada de Fourier e as
funções de Green
n=−∞
em que, �
1 L 2πnu
cn = f (u)e−i 2L du .
2L −L
Introduzindo os coeficientes de Fourier cn dentro do somatório, obtem-se,
+∞ � �L �
1 2π +∞ iyn x
f (x) = ∑ e i 2πnx
2L f (u)e −i 2πnu
2L du = ∑ e F(yn ) (8.1)
n=−∞ 2L −L 2L n=−∞
em que yn = (2πn/2L) e,
� L
1
F(yn ) = f (u)e−iyn u du . (8.2)
2π −L
91
92 8. A transformada de Fourier e as funções de Green
De (9.2),
� ∞
1
F(y) = f (x)e−iyx dx (8.4)
2π −∞
Definição 8.1. Seja f (x) : R → C uma função de domı́nio real e com valores em
C. O integral, tomado no sentido do valor principal de Cauchy1 ,
� +∞
1
(Fx f ) (ξ ) = √ v.p. f (x)e−iξ x dx
2π −∞
a) F ( f + g) = F ( f ) + F (g).
b) F (α f ) = αF ( f ).
Lema 8.2. Se, f ∈ L1 (R), então a transformada de Fourier de f está bem definida.
1 Supondo por hipótese que f (x) é uma função contı́nua em R, excepto, por exemplo, no ponto
x0 . Se f (x0 ) é infinito, o integral de f (x) sobre R pode não existir. No entanto, pode-se definir o
valor principal de Cauchy do integral como,
� +∞ �� x −ε � +∞ �
0
I = v.p. f (x)dx = lim f (x)dx + f (x)dx
−∞ ε→0 −∞ x0 +ε
Se, depois do limite tomado, obtivermos uma quantidade finita, então I é o valor principal de Cauchy
do integral, embora o integral da função não exista no sentido de Riemann. Por exemplo, se f (x) =
1/x3 , o integral desta função em R não existe no sentido de Riemann, mas o seu valor principal de
Cauchy é 0.
8.1. A transformada de Fourier 93
F f � = (iξ ) F f
F f (n) = (iξ )n F f
|F f |2 = FC .
pois f (x) é par e sin(ξ x) é uma função ı́mpar. Derivando esta última expressão em
ordem a ξ , vem que,
+∞ �
d k 2 2
Ff = −√ xe−a x sin(ξ x) dx
dξ 2π −∞ �+∞
� � +∞
k −a2 x2 k 2 2
= √ e �
sin(ξ x)� − √ ξ e−a x cos(ξ x) dx
2
2a 2π 2
2a 2π −∞
−∞
1
= − 2 ξ Ff.
2a
Com, φ (ξ ) = F f , a relação anterior define a equação diferencial,
d 1
φ =− 2 ξ φ.
dξ 2a
Com a condição,
� +∞ √
k −a2 x2 k π
φ (ξ = 0) = M = √ e dx = √
2π −∞ 2π a
vem que,
� +∞ 2
k 2 x2 k − ξ
φ (ξ ) = √ e−a e−iξ x dx = √ e (2a)2 .
2π −∞ a 2
Assim, a transformada de Fourier de uma função Gaussiana é ainda uma função
Gaussiana.
Vejamos dois dos resultados mais importantes da teoria de Fourier, o teorema
Integral de Fourier e a fórmula de reciprocidade das transformadas de Fourier.
em que v.p. se refere ao valor principal de Cauchy. Suponha-se ainda que f (x)
obedece a uma condição de Dini2 , i.e., f (x) é tal que,
� δ �� �
� f (x + t) − f (x) � dt < ∞
�
−δ
� t �
e portanto,
� +∞ � +∞
1
f (x) = f (t)dt eiξ (x−t) dξ (8.6)
2π −∞ −∞
A relação (8.6) designa-se por fórmula integral de Fourier, sendo válida nas condições
do teorema integral de Fourier. Da fórmula integral de Fourier decorre que,
� +∞
1
eiξ (x−t) dξ = δ (x − t) (8.7)
2π −∞
pois,
� +∞
f (x) = f (t)δ (x − t)dt = f (x)
−∞
em que �r = x�ex + y�ey + . . ., �ξ = ξ1�e1 + ξ2�e2 + . . . e tudo o que foi feito até aqui
generaliza-se facilmente. Isto é , os produtos ξ x são substituidos pelos produtos
√
internos �ξ .�r e a constante 2π é substituida por (2π)n/2 .
que surge na fórmula de Fourier (8.6), não está bem definido no sentido tradicional.
Comece-se então começar por escrever,
Com,
f (t)eiξ (x−t) = f (t) cos ξ (x − t) + i f (t) sin ξ (x − t)
vem que,
� +∞
v.p. f (t) sin ξ (x − t) dξ = 0
−∞
1 � +∞ sin Az
Com, π −∞ z dz = 1, tem-se que,
�
1 +∞ f (z + x) − f (x)
I(A) − f (x).1 = sin Az dz
π �−∞ z
1 N f (z + x) − f (x)
= sin Az dz
π −N� −N z
1 f (x + z) − f (x)
+ sin Azdz
π �−∞ z
1 ∞ f (x + z) − f (x)
+ sin Az dz
π +N z
Escolhendo N suficientemente grande, os dois últimos integrais são tão pequenos
quanto quisermos. Como, para ϕ1 ∈ L1 ([a, b]),
� b
� � �b �
cos λ x ��b cos λ x
lim ϕ(x) sin λ xdx = lim −ϕ(x) + ϕ (x)
�
dx = 0
λ →∞ a λ →∞ λ �a a λ
f (x+z)− f (x)
e atendendo à condição de Dini, z é somável no intervalo [−N, N] e por-
tanto,
lim I(A) = f (x)
A→∞
no sentido do valor principal de Cauchy. Está assim demonstrado o Teorema Inte-
gral de Fourier.
em que,
� +x0 /2
1
cm = g(x)e−2πimx/x0 dx .
x0 −x0 /2
ou seja,
1
X(ξ ) = H(ξ ) .
(−ξ 2 + 2iξ λ + w20 )
Assim, a transformada de Fourier da solução x(t) da equação diferencial (9.9) é
o produto de duas transformadas de Fourier. Pelas propriedades da convolução,
existe uma função G(t) tal que,
F x = X(ξ ) = F (h).F (G) = F (h ∗ G) .
Então, a solução da equação diferencial (9.9) é,
+∞ �
1
x(t) = h(t) ∗ G(t) = √ h(s)G(t − s) ds .
2π −∞
Pela fórmula da inversão da transformada de Fourier,
� +∞ � +∞
1 1 eiξ t
G(t) = √ G(ξ )eiξ t dξ = √ dξ . (8.11)
2π −∞ 2π −∞ (−ξ 2 + 2iξ λ + w20 )
Analise-se o integral (9.10). Como a função integranda em (9.10) tem pólos
nos pontos, �
ξ± = iλ ± w20 − λ 2 (8.12)
podemos aplicar o teorema dos resı́duos para o cálculo do integral (9.10) (Apêndice
2).
Considerando que a variável ξ toma valores no plano complexo, pode-se calcu-
lar facilmente o integral de linha sobre um contorno circular fechado que contenha
os pontos ξ− e ξ+ no seu interior. Considere-se primeiro o caso em que ω02 > λ 2 ,
figura 8.2.
Figura 8.2: Circulação no plano complexo em torno dos pólos ξ− e ξ+ , para ω02 >
λ 2.
Tome-se o contorno fechado [−R, R] ∪ γ1 como indicado na figura 8.2, com
circulação anti-horária. Com ξ = Reiθ , sobre a curva γ1 , tem-se que,
∂ξ ∂ξ
dξ = dR + dθ = Rieiθ dθ
∂R ∂θ
8.2. Funções de Green 103
e,
eiξ t dξ = Rieiθ eiRt cos θ e−Rt sin θ dθ
Se t > 0, no limite quando R → ∞, e−Rt sin θ → 0, e,
� � R
1 1
√ lim G(ξ )eiξ t dξ = √ lim G(ξ )eiξ t dξ
2π R→+∞ [−R,R]∪γ1 2π R→+∞ −R
eiξ+t eiξ−t
Res( f , ξ+ ) = − , Res( f , ξ− ) =
(ξ+ − ξ− ) (ξ+ − ξ− )
�
em que, por (8.12), (ξ+ − ξ− ) = 2 w20 − λ 2 . Para t > 0, tem-se então que,
πi 1 � �
G(t) = − √ � eiξ+t − eiξ−t
2π w20 − λ 2
√ �
1
= −λt
2πe � sint w20 − λ 2 .
2
w0 − λ 2
G(t) = 0 se t <0
em que,
�
√ 1
2πe−λt √ sint w20 − λ 2 se t > 0
G(t) = w20 −λ 2
0 se t < 0 .
Com �ξ = ξ1�e1 +ξ2�e2 +ξ3�e3 , ξ = |�ξ |,�r = x�ex +y�ey +z�ez , a transformada de Fourier
da equação (8.14) nas três variáveis x, y e z é,
1
G(�ξ ) = − 2 .
ξ
Invertendo a transformada de Fourier,
� � �
+∞ +∞ +∞ eiξ .�r �
1
G(�r) = − d�ξ
(2π)3/2 −∞ −∞ −∞ ξ 2
� +∞ � 2π � π
1
= − eiξ r cos θ sin θ dθ dφ dξ
(2π)3/2 0 0 0
� +∞ � π (8.15)
1
= − eiξ r cos θ sin θ dθ dξ
(2π)1/2 0 0
√ � √
2 +∞ sin ξ r π 1
= −√ dξ = − √
π 0 ξr 2 |�r|
8.2. Funções de Green 105
em que se fez uma transformação para coordenadas polares4 com eixo polar �ξ ,
dξ1 dξ2 dξ3 = ξ 2 sin θ dθ dφ dξ , e se utilizou a igualdade,
� +∞ ix � +∞
e sin(x)
v.p. dx = 2i v.p. dx = iπ .
−∞ x 0 x
A função de Green (8.15) é a solução da equação de Poisson (8.14). Assim, a
solução da equação de Poisson (9.11) é,
� +∞ � +∞ � +∞
1
ψ(�r) = G(�r) ∗ (−4πρ(�r)) = ρ(�s)d�s
−∞ −∞ −∞ |�r −�s|
que é a expressão geral para o potencial gerado por uma distribuição espacial
estática de cargas. Se ρ(�s) = δ (�r −�r0 )/(4πε0 ), então,
1 1
ψ(�r) = .
4πε0 |�r −�r0 |
∂ 2 G(x, y) ∂ 2 G(x, y)
+ = 2πδ (x)δ (y) . (8.16)
∂ x2 ∂ y2
Usando a técnica de transformadas de Fourier, chega-se a um integral dificilmente
calculável. No entanto, por um cálculo simples, tem-se que,
� 2 �
∂ ∂2
+ log(x2 + y2 ) = 0 , para (x2 + y2 ) �= 0
∂ x 2 ∂ y2
∂ φ (r,0) ∂ φ (r,2π)
pois, tanto φ como as suas derivadas são contı́nuas e portanto ∂θ = ∂θ .
Introduzindo (9.14), (8.21) e (8.22) em (9.13), obtem-se,
� 2π � 2π
2 ∂ φ (ε, θ )
F = − lim A ε log ε dθ + 2A φ (0, θ )dθ . (8.23)
ε→0 0 ∂r 0
1
G(x, y) = log(x2 + y2 ) = log r . (8.25)
2
8.3. Distribuições temperadas. 107
∂ 2φ ∂ 2φ
+ 2 = f (x, y)
∂ x2 ∂y
é, � ∞� ∞
1
φ (x, y) = f (u, v) log((x − u)2 + (y − v)2 )dudv .
4π −∞ −∞
A função de Green (8.25) designa-se por potencial logarı́tmico, sendo usada
para o estudo da vorticidade em fluidos.
8.4 Exercı́cios
8.1) Mostre que f ∗ g = g ∗ f .
8.2) Mostre que se uma função é par, a sua transformada de Fourier é real. Analo-
gamente, a transformada de Fourier de uma função ı́mpar é imaginária.
8.3) Determine a transformada de Fourier e a potência das funções:
a) �
sin(ax) se |x| < 2πn/a
f (x) =
0 se |x| > 2πn/a
b) �
1 se |x| < a
f (x) =
0 se |x| > a
c) �
0 se |x| > a
f (x) =
c(1 − |x|/a) se |x| < a
d) �
e−ax se x ≥ 0
f (x) =
0 se x < 0
� +∞ sin x
a) f (x) = 1/x. Com o resultado obtido, calcule −∞ x dx.
b) f (x) = 1/(x2 + a2 ).