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Curso Lideranca - M-V - Teologia Pratica Da Diaconia
Curso Lideranca - M-V - Teologia Pratica Da Diaconia
Módulo V
SUMÁRIO
Competências-secundárias:
Introdução
O texto de At 6.1-7 apresenta uma divisão de dois blocos de ministérios: o primeiro
bloco se refere aos ministros da Palavra e Oração (nós perseveraremos na oração e no
ministério da palavra) e o segundo é o ministério das Mesas e Serviço (sirvamos às mesas).
O primeiro grupo contempla não apenas a pregação e as orações, mas também o ensino e
todas as ações de educação cristã. Já o segundo, compreende as atividades afetas à ação
social da igreja e ao exercício da misericórdia.
Historicamente, as igrejas têm acentuado e, algumas, até mesmo concentrado seus
esforços e ênfases nas atividades ministeriais da Palavra. Isso é sintoma da ausência de
uma teologia do diaconato, que pode ser constatada no silêncio nos currículos dos
seminários, não preparando os pastores para uma visão de ação social, o que leva as
igrejas também a serem desinteressadas por essa área de atuação. Na verdade, a própria
Confissão de Fé de Westminster apresenta essa lacuna, pois nela nada se fala de diaconia.
Algumas comunidades se encontram atualmente carentes da ação diaconal, sendo
esse ministério exercido pelos próprios pastores ou por membros não vinculados ao ofício
do diaconato. Assim, precisamos repensar o assunto da diaconia e fazer correções de
percurso na nossa caminhada cristã.
(9) Observar o movimento das pessoas ao bebedouro e aos banheiros para que não
haja prejuízos para a Igreja, como também ajuntamento de pessoas nos
mesmos.
(10) Supervisionar o estacionamento, observando os aspectos de segurança das
pessoas e dos veículos.
(11) Acompanhar a presença de pessoas estranhas presentes no ambiente da Igreja.
(12) Ajudar no recolhimento dos dízimos e das ofertas.
(13) Chegar cerca de trinta minutos antes do horário do culto, objetivando a
verificação das instalações e se está tudo em ordem.
(14) Elaborar e realizar programas sociais, que objetivem os necessitados e até
mesmo atinjam as estruturas sociais que conduzam essas pessoas às suas
necessidades. Por exemplo, apoio na qualificação e reprofissionalização dos
desempregados, montagem de um balcão de empregos, “baratilhos”, festa das
colheitas etc.
(15) Prestação de auxílio em providências de funeral e no ofício fúnebre.
(16) Outras atividades, tais como o apoio em casamentos, eventos cívicos etc.
Além disso, o ofício de diácono não impede que as pessoas exerçam outras funções
na igreja. Basta lembrar que Estevão e Felipe foram exímios pregadores e evangelistas,
sendo fiéis a Deus e operosos através dos dons espirituais que possuíam.
Na primeira escolha dos diáconos, o que prevaleceu não foram os aspectos da
intelectualidade, de capacidade de liderança, de disponibilidade de tempo, de dinamismo
ou de posição social, mas as características do caráter cristão: ser de confiança, ser cheio
do Espírito Santo e ser cheio de sabedoria (At 6.3). Desse modo, os diáconos poderiam ser
ministros da Igreja para o serviço necessário ao próximo e “mensageiros das igrejas e glória
de Cristo” (II Co 8.23).
Em Atos 6.3, observa-se que foi a congregação que teve o privilégio de fazer a
seleção dos diáconos com base nas características explicitadas, que compreendiam um
estilo de vida exemplar, uma fé sólida e um relacionamento firme com o Espírito Santo. O
texto de I Tm 3.8-13 complementa os requisitos descritos em Atos, incorporando à
maturidade espiritual requerida, todos demais aspectos para os diáconos serem servidores
práticos e não necessariamente instrutores. O quadro a seguir sumariza as exigências
bíblicas:
3. Mulheres no Diaconato
Desde o início da Criação, Deus estabeleceu tanto papéis comuns, como outros
diferenciados para o homem e para a mulher. Naquilo em que eles são peculiarmente
diferentes seus papéis, eles são complementares, como, por exemplo, na sexualidade e na
liderança. Porém, nunca há diferença de valor perante Deus. Inclusive, no tocante aos
dons espirituais não existe gênero na sua concessão, pois as demonstrações carismáticas de
Atos 2.17-18 foram estendidas às mulheres, isto é, as mulheres cristãs e os homens cristãos
participam sem restrição da mesma graça de Deus e dos dons espirituais. Assim,
precisamos usar a Bíblia e não proibir o que Deus não proibiu.
É inegável que mulheres serviam como diaconisas. Em Romanos 16.1, observamos o
apóstolo Paulo elogiando explicitamente a diaconisa Febe pelos seus bons serviços
prestados. A melhor exegese de I Tm 3.11 considera que o ofício diaconal também deve ser
estendido às mulheres. Em I Tm 5.3-1, o apóstolo Paulo fala dos critérios para que viúvas
pudessem ser reconhecidas como diaconisas pelos seus serviços realizados com zelo.
Seguindo a linha de argumentação de Ferreira (1990) e acrescentando outros pontos,
temos a ponderar sobre a questão de mulheres no diaconato:
(1) No AT e no NT mulheres atuaram reconhecidamente como profetisas.
Apesar da cultura presente no AT ser patriarcal e discriminatória, restringindo
a participação das mulheres, várias delas foram profetisas (que tem o mesmo
sentido atual daquele que prega) tais como Miriã (Ex 15.20-21; Nm 12.1-2; Mq
6.2-4), , Ana (I Sm 1 e 2), Hulda (II Rs 22), Isabel (Lc 1.13-14 e 42), Maria (Lc
1.46-55), Ana (Lc 2.36-38), as filhas de Filipe (At 21.8-9) etc., e até juíza como
foi Débora (Jz 4.4-5). A pergunta que fica é: se mulheres podiam ser profetisas,
por que não podem ser diaconisas?
(2) A questão de gênero mudou a partir do dia de Pentecostes. Na época do AT,
a regra geral aplicada era dos homens assumirem todas as funções sociais, isto
é, pessoas do sexo masculino de idade avançada e que não fossem escravas
eram escolhidas para ocupar os cargos e funções. Esta tríplice discriminação foi
quebrada no dia de Pentecostes quando se cumpriu a profecia de Joel: “O
Senhor diz ao seu povo: Depois disso, Eu derramarei o meu Espírito sobre todas
as pessoas: os filhos e as filhas de vocês anunciarão a minha mensagem, os
velhos sonharão e os moços terão visões” (Jl 2.28-29; At 2.17 – grifo nosso).
(3) O respeito à cultura grega trazia restrições às mulheres. A cultura grega foi
uma das mais preconceituosas e discriminatórias contra as mulheres,
impedindo, por exemplo, elas de falar em público e de assumir posições de
autoridade (ensino e direção). Para os gregos, as mulheres não tinham alma, as
respeitáveis viviam reclusas e a participação delas nos cultos pagãos se
restringia à prostituição. Assim, Paulo, desejoso de expandir o Reino de Deus
por todas as nações, evitou o confronto cultural nas cidades gregas quando
proibiu das mulheres falarem na igreja (I Co 14.34-35; I Tm 2.11-15). Outro
aspecto a considerar é o da submissão da mulher ao seu esposo. Quando Paulo
escreve aos efésios que a “Esposa, obedeça ao marido, como você obedece ao
Senhor” (Ef 5.22), não intenta defender a superioridade e autoridade do
homem sobre a mulher no sentido social e cultural, mas a submissão ética,
funcional, necessária e coerente com a natureza do homem e da mulher na
criação. Para compreender melhor esse fato, observe que Paulo fala das
relações na igreja em ser “obediente uns aos outros” (Ef 5.21), independente
da posição social, do sexo e da idade, para falar depois, na seqüência, das
relações na família. A submissão da mulher ao marido é a mesma que deve
haver entre um crente a outro crente. Em resumo, Paulo transformou a família
em igreja.
(4) A posição dos diáconos e diaconisas na igreja não é de autoridade, mas de
serviço. A natureza própria do diaconato não é de status de dirigente ou de
autoridade, mas de servo. Nas igrejas primitivas havia uma diferença essencial
A diaconia, em seu sentido mais amplo, não surgiu com a instituição de diáconos em
At 6.1-7, mas permeia toda a Bíblia. Os profetas do AT chamavam a atenção dos reis e do
povo para os órfãos, viúvas e os pobres que estavam sendo oprimidos e privados de seus
direitos. O Sl 46.1-9 fala do Deus que liberta o oprimido e o perseguido. No NT vemos que
a diaconia de Jesus cura os enfermos (Lc 4:18-19), dá pão à multidão (Jo 6.1-15), se faz
presente aos pequeninos marginalizados (Mt 11.25) etc.
Reconhecemos que na abordagem da ação social, há dois extremos. Por um lado,
temos o assistencialismo com a sua aceitação do estado presente (“status quo”). Do outro
lado, encontra-se a teologia da libertação que procura, através de um posicionamento
radical, analisar as causas da miséria humana e atuar politicamente para mudar a situação.
Há, também, o caso de algumas igrejas que querem concentrar seus esforços apenas
em “assuntos espirituais”, como se a diaconia não fosse pertinente à vida como um todo.
Tal redução de exercício eclesiástico conflita com os fundamentos da fé cristã.
Felizmente, a tendência atual da prática social da igreja é buscar agir no sentido de
mudar e transformar as situações de miséria, sofrimento e injustiça, dentro da relação
entre a fé e a sociedade. Contudo, dentro do enfoque da atuação social da igreja, devemos
distinguir (sem separar) a ação diaconal da ação política. A ação diaconal atua a partir da
comunidade, tendo como alicerce o que é igreja. Já a ação política tem seu campo de
atuação a sociedade, onde deve realizar análises da realidade e construir opções
ideológicas e políticas. Um exemplo pode ser dado para tornar mais clara essas diferenças:
a visitação de doentes nos hospitais é uma ação diaconal, mas elaborar um posicionamento
acerca da situação dos doentes nos hospitais públicos é uma ação política.
Considerando uma possível ampliação da ação da diaconia na igreja, podemos pensar
em atividades e programas complementares de maior impacto, tais como:
Conclusão
Em qualquer serviço que façamos somos cooperadores do Senhor. E quando
ministramos fielmente, iremos contribuir para levar a bom termo o plano de Deus relativo
à sua Igreja. Na verdade, não há serviço tão importante quanto o que prestamos ao Senhor
Jesus Cristo. Essa é a glória do ministério cristão, para o qual todos nós somos chamados a
participar.
A diaconia na Igreja Católica é realizada através das suas diversas pastorais, mas, na
Igreja Reformada é parte integrante de cada membro e, em especial, dos diáconos. O
diaconato significa a ação do cristão em favor de seu semelhante, atendendo o plano de
Deus em benefício do ser humano. Além disso, o verdadeiro cristão não pode manter-se em
posição de indiferença perante as necessidades do mundo que o rodeia, em particular as
da igreja. Assim, um pouco de tempo colocado a serviço de Deus e do próximo pode aliviar
positivamente o sofrimento de muitos.
Bibliografia
CALVINO, Juan. Institución de la religión cristiana. Rijswijk, Holanda: FELiRé, 1981. Vol.
II, liv. IV.
FERREIRA, Edijéce Martins. Por que não diaconisas? Recife: Junta Diaconal da IPM, 1990.