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Rapineiras Urbanas PDF
Rapineiras Urbanas PDF
www.avesderapinabrasil.com
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Autor: Willian Menq
Email: willianmenq@gmail.com
Hoje em dia não é muito difícil ver um falcão voando entre os prédios da cidade ou de um
gavião perseguindo pássaros nos quintais de casas. Aves de rapina já ocorrem em
praticamente todos os centros urbanos e alguns dos fatores responsáveis pela presença
destas aves nas cidades é o aumento da disponibilidade de presas (como roedores, aves e
insetos), locais para ninhos (como cavidades artificiais, forros de casas), além de ser um
ambiente mais seguro e com poucos competidores. A perda dos habitats naturais de
algumas espécies também colaboram com a presença das aves de rapina nas cidades. É
curioso notar que a maioria das aves presentes nos centros urbanos são aquelas que
normalmente habitam bosques, e áreas abertas com árvores esparsas, pois a cidade
simula, a grosso modo, um habitat parecido com uma savana.
Rapinantes urbanos
O caracará Caracara plancus, muito comum no Brasil, é um dos rapinantes mais vistos nos
centros urbanos. Sua aparência lembra a de uma águia, sendo até confundido como tal
pelas pessoas mais leigas. É um gavião oportunista, sobrevive nas cidades se alimentando
de restos de comida nos lixo das casas, animais atropelados, invertebrados em terrenos
baldios ou em solos revirados por tratores e de forma mais rara predando filhotes de aves
e roedores. O caracará tem uma boa relação com os urubus, costuma procurar alimento
junto a eles, e quando estão pousados podem até trocar “carícias” onde um fica retirando
carrapatos do outro, comportamento chamado de “Allopreening”.
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Citação recomendada
MENQ, W. (2012) Aves de Rapina Brasil: Aves de rapina urbanas. Disponível em:
<http://www.avesderapinabrasil.com/materias/avesderapina_urbanas.htm>
Aves de Rapina BR - Águias, gaviões, falcões e corujas do Brasil (Publicações online)
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em postes, fios de eletricidade e antenas, estruturas usadas como poleiro para localizar e
se atirar sobre suas presas. Em ambientes naturais costuma nidificar em ninhos
abandonados em árvores e cavidades arbóreas, já nas cidades o quiriquiri pode usar forro
de casas, torres e outras cavidades artificiais que julgar adequadas. É um falcãozinho
bastante valente, quando percebe a presença de um gavião maior em seu território,
imediatamente voa em direção a ele dando rasantes em sua cabeça e vocalizando sem
parar, comportamento comum nas aves, chamado de “mobbing”. O falcão-de-coleira Falco
femoralis é outro falcão que pode ser encontrado nas cidades, da mesma forma que o
quiriquiri usa postes e antenas para localizar suas presas. Do poleiro, se atira sobre sua
presa no solo ou inicia fantásticas perseguições “mano a mano” contra suas presas, que
em geral são aves.
Nas áreas mais arborizadas das cidades pode ser encontrado o gavião-de-cauda-curta
Buteo Brachyurus, um gavião de porte médio especializado na captura de aves. O gavião-
de-cauda-curta é bastante ágil e veloz para seu gênero, em suas caçadas costuma realizar
rápidas perseguições sobre a copa das árvores ou abaixo delas, capturando suas pesas em
voo ou pousadas. No inicio da primavera, em muitas cidades do sul e sudeste do Brasil
aparecem os gaviões-sauveiros Ictinia plumbea, também chamado de sovi. São gaviões
insetívoros que aparecem em dezenas de indivíduos sobrevoando os céus das cidades,
especialmente sobre bosques e parques, onde a presença de insetos voadores é maior. Em
algumas cidades como a de São Paulo, o gaviãozinho (Accipiter striatus) pode ser
encontrado. Passa despercebido vivendo oculto entre os bosques e parques da cidade. É
um predador nato, ágil e esperto, sendo ele o terror dos passarinhos, e mesmo pequeno
não hesita em capturar aves de seu tamanho. O gavião-bombachinha-pequeno (Harpagus
diodon) e o gavião-tesoura (Elanoides forficatus) também costumam aparecer em bosques
urbanos.
Das rapineiras noturnas, a coruja suindara Tyto alba é a habitante mais comum nas
cidades. Normalmente é visualizada voando o céu da cidade, onde costuma emitir um
chamado muito forte, parecendo um pano rasgando. A suindara passa o dia dormindo em
torres de igreja, galpões e sótão de casas. Assim que anoitece, a suindara sai de seus
dormitórios para suas áreas de caça preferidas, como terrenos baldios com árvores
esparsas, quintais de casas, campos de futebol, escolas, cemitérios além de parques e
praças da cidade. Fica de um poleiro até localizar sua presa e então atirar-se sobre ela. A
suindara é conhecida por ser uma grande exterminadora de ratos colaborando com a
saúde pública já que eles transmitem diversas doenças. Estima-se que durante o período
de um ano um casal consome entre 1.720 e 3.700 ratos e entre 2660 e 5800 insetos. De
noite, sua plumagem branca se destaca quando iluminada, parecendo fantasmas na
escuridão, o que dá margem a criação de vários mitos e lendas envolvendo essa espécie.
Outra coruja comum das paisagens urbanas é a corujinha-do-mato Megascops choliba,
extremamente noturna costuma se aproveitar da iluminação publica para encontrar e
capturar insetos que são atraídos pela luz. É estritamente noturna e passa quase todo o
tempo empoleirada em árvores de onde fica vocalizando. Seu canto é bem característico,
lembra o de um sapo-cururu. Durante o dia fica escondida em meio à folhagem densa das
árvores ou em cavidades e buraco de árvores, local que também usa para nidificar. È uma
coruja pequena, do tamanho de um sabiá, é facilmente encontrada nos parques urbanos,
bosques e até mesmo nos quintais de casas, desde que haja algumas árvores.
Aves de Rapina BR - Águias, gaviões, falcões e corujas do Brasil (Publicações online)
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No geral, os rapinantes não possuem muitos predadores nas cidades. Espécies menores
como a coruja-buraqueira, falcão-quiriquiri e corujinha-do-mato certamente estão sujeitas
a predação de rapinantes maiores como, por exemplo, o falcão-peregrino e alguns
gaviões. Filhotes de gaviões e corujas podem ser predados por gatos, cachorros e por
outras aves de rapina. O que mais é observado são interações agonísticas entre aves de
rapina, quase sempre ocasionadas por defesa territorial. Essas interações geralmente são
iniciadas pela espécie mais fraca, que ao observar outro predador em sua área inicia voos
rasantes até acuá-lo da área.
Gaviões e corujas, por serem predadores, são temidos por outras aves. Por isso, é muito
comum observar bem-te-vis, beija-flores, sanhaços e outros pequenos pássaros
“atacando” com voos rasantes as aves de rapina. Essa postura agressiva das aves contra
um potencial predador é chamada de “mobbing”. As aves reagindo desta forma
conseguem alguns benefícios como alertar a presença do gavião para outros indivíduos e
claro, afastar o predador da área. Alguns estudos apontam que as aves conseguem
identificar o tipo de predador, desta forma, aves de rapina mais ornitófagas (que comem
aves) causam mais tumulto do que as espécies que se alimentam de outras presas.
Não dá para negar que alguns gaviões e até corujas mais oportunistas ocasionalmente
podem predar aves em gaiolas. Mas há maneiras de se evitar isso sem precisar fazer mal
aos rapinantes. A predação ocorre quando as gaiolas estão dispostas em lugares onde
tem pouca presença humana, por isso o ideal é colocar as gaiolas próximas a janelas ou
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portas da casa e nunca deixar a gaiola para fora por muito tempo. Muitas pessoas
temem que cachorros pequenos e gatos sejam atacados por gaviões maiores, mas no
ambiente urbano esse risco é inexistente, visto que as únicas espécies que poderiam
predar estes animais não ocorrem nas cidades.
Algumas espécies mais raras e/ou florestais podem aparecer nas cidades embora não seja
comum, exemplo disso é o registro de algumas corujas florestais nos parques urbanos de
alguns municípios brasileiros. Aves de rapina imponentes como a águia-chilena e a águia
cinzenta podem aparecer nas áreas de entorno das cidades, usando postes ao longo das
rodovias e torres de energia como poleiros.
As fotografias são de propriedade de seus respectivos autores, na qual permitiram a exibição no site Aves de Rapina Brasil. É
proibida a reutilização, total ou parcial das fotografias, sem autorização de seus autores. As fotos estão protegidas
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