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Escola de Engenharia
Departamento de Engenharia
Hidráulica e Recursos Hídricos
ENGENHARIA DE RECURSOS
HÍDRICOS
Mauro Naghettini
Belo Horizonte
1999
ii
Índice
Introdução à Problemática dos Recursos Hídricos............................................................1
Mauro Naghettini
EEUFMG-EHR
Avenida Contorno 842, 8o andar
30110-060 Belo Horizonte, MG
solo, bem como o tratamento prévio de efluentes domésticos e industriais são fatores
fundamentais para a conservação dos recursos hídricos.
equipamentos e técnicas que lhe permitiram construir sistemas mais eficazes para a
utilização e controle de grandes vazões. A construção metálica, primeiramente de ferro
fundido e depois de aço, permitiu obter equipamentos hidráulicos eficientes e condutos
de grandes diâmetros capazes de resistir a pressões elevadas. As turbinas hidráulicas e
as bombas centrífugas vulgarizaram-se a partir da primeira metade do século XX,
determinando a grande expansão da produção de energia elétrica e o consequente
desenvolvimento industrial. O concreto armado, difundido no início do presente século,
veio facilitar a construção de estruturas hidráulicas.
5000
Consumo(quilômetros
cúbicos por ano)
4000
3000
2000
1000
0
1900 1920 1940 1960 1980 2000
Ano
objetivos da gestão de recursos hídricos passa pela adesão das comunidades a esses
objetivos e aos princípios a eles subjacentes, o que torna imprescindível a
conscientização de lideranças, técnicos e população em geral para os problemas de
utilização da água.
Os usos consuntivos são aqueles em que ocorrem "perdas" entre o volume de água
captado e o volume que retorna ao curso d'água ou sistema natural. Apresenta-se abaixo
uma breve caracterização dos principais usos consuntivos da água.
Abastecimento Urbano
Todos os usos gerados em cidades, vilas e pequenos núcleos urbanos para fins de
abastecimento doméstico, comercial, público e industrial são considerados usos
urbanos. A demanda urbana é constituída pela demanda doméstica, acrescida de outras,
praticamente indissociáveis dessa por referirem-se às atividades que dão origem ao
núcleo urbano, quais sejam a indústria, o comércio e a prestação de serviços públicos e
privados. A demanda urbana de água é definida mediante a determinação da população
abastecível e a adoção de quotas per capita. A população deve ser estimada por estudos
demográficos, enquanto a quota per capita é função dos níveis de desenvolvimento
social e das condições sanitárias desejáveis; em geral, os consumos específicos de água
crescem com o nível de vida e com o tamanho do núcleo urbano.
Abastecimento Rural
O abastecimento doméstico nas áreas rurais é pouco significativo, sendo as demandas
dispersas e de pequena monta. Após o cálculo da população abastecível, é usual
adotarem-se quotas per capita, em geral bem menores do que as usadas para núcleos
urbanos. Outros usos, como a dessendatação de animais, poderão ser de importância em
regiões áridas ou semi-áridas.
Abastecimento Industrial
Existem vários tipos de uso da água nos processos industriais : refrigeração e geração de
vapor, incorporação ao produto, higiene e limpeza. As demandas industriais dependem
de coeficientes de uso e de perdas de cada tipo, de cada ramo industrial e da tecnologia
empregada. A Tabela 1 sumariza os consumos industriais específicos médios de água,
considerando alguns ramos da indústria e seu produto.
Irrigação
A irrigação artificial de culturas agrícolas é empregada para suprir as deficiências
pluviais, proporcionando teor de umidade no solo suficiente para promover o
crescimento das plantas e levá-las à maturidade. Representa o uso consuntivo de maior
importância face às perdas por evapotranspiração, as quais podem chegar a 90% do
volume de água aduzido ao perímetro irrigável.
Navegação Fluvial
Para que sejam atingidas as condições de navegação comercial em cursos d'água, é
preciso que sejam mantidas vazões que garantam o calado mínimo exigido pelas
embarcações. Em condições naturais, os cursos d'água são navegáveis somente durante
certa época do ano. Através de obras de melhoramento fluvial e regularização de
vazões, pode-se alargar os períodos em as condições de navegabilidade estejam
asseguradas. Embora se possa melhorar as condições de navegabilidade mediante a
criação de reservatórios, as barragens podem representar obstáculos à navegação caso
não sejam construídas as eclusas para a transposição de níveis.
Pesca
O desenvolvimento da pesca em reservatórios artificiais pode propiciar excelente fonte
de proteínas para as populações interiores. As demandas de água estão relacionadas a
requisitos de qualidade.
Usos Ecológicos
Os usos ecológicos estão associados à manutenção de padrões adequados de qualidade
das águas para a conservação da fauna e da flora, com a manutenção de ambientes
propícios às atividades humanas e à preservação da harmonia paisagística. Requer a
proteção dos recursos hídricos contra a ação de agentes poluidores.
Águas Superficiais
O regime das águas superficiais é variável, apresentando importantes variações
interanuais e sazonais. A regularização de vazões, através da criação de reservatórios de
acumulação, é uma das formas usadas para desenvolver o potencial hídrico de uma
bacia hidrográfica.
Águas Subterrâneas
Os aquíferos devem ser utilizados racionalmente, mediante o controle permanente dos
níveis de suas águas e das vazões extraídas, evitando assim a sua exaustão.
Controle de Cheias
As cheias são fenômenos naturais que estão na origem da formação das planícies
aluvionares, marginais aos cursos d'água, as quais são inundadas periodicamente. Essas
inundações restringem o uso desses terrenos para fins urbanos e/ou agrícolas, razão pela
qual o homem procura exercer algum controle sobre as cheias e minimizar os prejuízos
por elas causados.
Controle de Estiagens
Particularmente em climas semi-áridos, ocorrem períodos extensos sem nenhuma
chuva, o que tem obrigado o homem a construir açudes e reservatórios de acumulação.
Mesmo em regiões mais úmidas, a variabilidade sazonal das disponibilidades e o
aumento das demandas exigem a regularização das vazões, sem o que os riscos de
insuficiência tornar-se-iam muito altos.
Parte 1
Engenharia Hidrológica
14
Hidrologia é a ciência que trata da água na Terra, sua ocorrência, circulação e distribuição,
suas propriedades físico-químicas e suas reações com o meio ambiente e a vida sobre a
Terra.
Engenharia Hidrológica refere-se à parte da Hidrologia que trata das questões relativas ao
planejamento, projeto e operação de obras de engenharia para controle e uso da água.
Ev
ETP
Zona Int
Aerada
Inf
Ev
Ev
Es
Inf
Ess
Zona saturada
Eb
Substrato
Impermeável
Gregos e Romanos:
• Sabiam que os oceanos são a fonte básica da água no globo terrestre
• Não aceitavam a idéia de que a precipitação pode igualar ou exceder o escoamento
• Teorias absurdas para justificar a existência de rios e fontes
• Obras: Aquedutos
"Pont du Gard"
Egípcios:
• 4000 A.C. : barragem no rio Nilo para irrigação
• 3000 A.C. : canal entre Cairo e Suez
Mesopotâmia:
• cidades tinham barreiras para proteção contra cheias.
Chineses:
• obras de irrigação e de proteção contra cheias.
Marcus Vitruvius Pollio (100 A.C.) em “De Architectura Libri Decem” foi o primeiro a
reconhecer o papel da precipitação no ciclo hidrológico, aproximadamente conforme a
concepção atual.
A - Ciclo Simplificado
Sem Sub-ciclos
P − Q = dS
P dt
S : armazenamento
A
QQ
11 Es
Ss
Ts
Eg
Tg Q2
I
Rg
Sg
G1
G2
rocha
P − Q − G − E − T = ∆S
Intensidade de Chuva : mm / h
- Qual deve ser a vazão de enchente para o projeto de um vertedor de uma barragem? Para
um bueiro de uma estrada? Para a drenagem pluvial de uma cidade?
- Que efeito terão os reservatórios, diques e outras obras no controle das cheias de um rio?
2. - BACIA HIDROGRÁFICA
Climáticos: Fisiográficos:
Tipo da Precipitação Área de Drenagem
Intensidade da Chuva Uso da Terra
Duração da Chuva Cobertura Vegetal
Distribuição da Chuva s/ Região Tipo de Solo
Direção do Deslocamento do Temporal Forma e Drenagem
Chuva Antecedente Distribuição do Relevo
Umidade do Solo Antecedente Altitude Média
Evaporação Comprimento do Rio Principal
Transpiração Declividade da Bacia
Outros Reservatórios Naturais/Artificiais
310
405 +
+ 390
+ 410
414 +
+ 461
Bacia Bacia
Topográfica Real
camada impermeável
Camada impermeável
QBP QBG
Duas bacias sujeitas à mesma chuva >
ABP ABG
bacia grande maior tempo de resposta
maior armazenamento
QBP Q
Duas bacias sujeitas a chuvas diferentes >>> BG
ABP ABG
m
1
Q = c1 ⋅ A
L = L1 . s
Altitude
(m) A
d = D
L D
A
∆ ⋅ Lc
I= ∆ = diferença de cota entre as curvas de nível ( constante )
A
L c = comprimento total das curvas de nível na bacia
A = área de drenagem
Lt
Dd = L t = extensão total dos cursos d’água existentes na bacia
A
A = área de drenagem
0,28 ⋅ P
Coeficiente de Compacidade ( Cc ) → C c =
A
[ 1 : circular; >> 1 : alongada ]
150
140
130
100 110 120
Σ wi
100%
Altitude Média - Hm
Hm =
∑ Ai ⋅ H i
A 50%
Interpretação
∑ wi
Altitude
∑ wi
Vale encaixado
Altitude
3. - HIDROMETEOROLOGIA
3.1- INTRODUÇÃO
39
Umidade sobre
100 o Continente
Precipitação 385
Continental Precipitação
Marítima
61
Evaporação e
Evapotranspiração 424
Continentais Evaporação
Marítima
38
Escoamento
Superficial
1
Escoamento
Subterrâneo
3.3 PRECIPITAÇÃO
3.3.1 INSTRUMENTOS
A - PLUVIÔMETRO
Princípio : medida volumétrica da água recolhida sobre uma superfície horizontal de área
determinada.
Unidade : milímetros (mm) de tal forma que 1mm = 1 litro/m2 ( para isso, a superfície
coletora e o volume obtido pela proveta graduada devem ser compatíveis).
Tipos : vários. No Brasil usa-se o tipo "Ville de Paris".
1,5 m
2h
B - PLUVIÓGRAFO
Pluviógrafo I.H. é do tipo de massa com sifão para descarregar a cada 10mm.
suporte da
haste da pena estribo do suporte da
haste da pena
massa de
mínima
haste da pena
mesa
massa de limitador de
máxima balança
Pluviógrafo 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 1 2 3 4 5 6 7
Us.Biogás hora 10
9
colocado em 8
05/01/97 7
às 07 horas 6
5
retirado em
06/01/97 4
às 07 horas 3
2
Operador 1
CEMIG 0
mm -1
Geralmente, a precipitação cresce com a altitude. Em muitos casos, pode-se dizer que a
chuva decresce de montante para jusante em uma bacia hidrográfica. Para diversos tipos de
estudos hidrológicos, é necessária a determinação da chuva média na bacia.
Média Aritmética P3
P1 + P2 + P3
Pm =
3
P1
P2
Método de Thiessen
Área total = A
A1
p1 = P3 A3
A
A2
p2 =
A
P1 P2
A A1 A2
p3 = 3
A
Pm = p1 . P1 + p2 . P2 + p3 . P3
P Área Peso ( pi )
> 1500 A1 A1 / A
1400 - 1500 A2 A2 /A
1300 - 1400 A3 A3 /A
1200 - 1300 A4 A4 /A
< 1200 A5 A5 / A
A
1400 1500
Pm = Σ pi . Pi 1200 1300
Métodos
1 M M M
Px = x ⋅ P1 + x ⋅ P2 + x ⋅ P3
3 M1 M2 M3
P1 + P2 + P3 + P4
Padrão Regional : P =
4
Σ P4 63 β
62
(ano a ano)
64
67 Correção :
68 α
tgα
69
Pa = ⋅ P0
tgβ
Σ P (ano a ano)
3.4.1 - INTRODUÇÃO
Numa escala continental, cerca de 75 % da precipitação anual total retorna à atmosfera por
evaporação e transpiração (Linsley et al., 1975).
Geralmente, faz-se a distinção entre a ETP potencial e a ETP real . A ETP potencial é
definida como uma perda d’água da bacia, entendendo-se que, a todo instante, o solo pode
fornecer a água necessária as plantas. Sob condições máximas do teor de umidade do solo a
ETP potencial pode ser igual à evaporação de superfícies líquidas. Por outro lado,
diferenças muito significativas podem existir entre a ETP real e a ETP potencial
particularmente durante os períodos secos ou em regiões áridas.
3.4.2 - EVAPORAÇÃO
Umidade Relativa do Ar - U
3.4.3 - EVAPORIMETRIA
Descrição :
122 cm
micrômetro
5cm
Poço Estrado de
25,4cm
tranquilizador madeira
15 cm
3.4.4 - EVAPOTRANSPIRAÇÃO ( E T P )
Fatores que afetam a ETP : a radiação solar, o vento, a umidade relativa, a pressão
atmosférica, as características do solo e diversos fatores
vegetativos.
Quando a camada superficial do solo está úmida, a evaporação é regida pelas condições
atmosféricas. Quando ela se torna seca, a evaporação diminui rapidamente e começa a ser
governada pelas propriedades do solo como : a umidade relativa do ar no solo, a
composição, textura, granulometria e umidade presente neste solo e sua condutividade
hidráulica.
Evapotranspirômetros e Lisímetros
onde S representa o volume medido de água drenada por gravidade. Sem a aplicação de
chuva artificial, isto é se o teor de umidade do solo puder se deplecionar livremente até
mesmo abaixo do ponto de murchamento permanente, o evapotranspirômetro (ou
lisímetro, no caso presente) irá medir a evapotranspiração real ou efetiva.
Capacidade
de Campo
Métodos Teóricos
Equação de Penman :
100 − U
E a =(0,013 + 0,00016v 2 )es (3)
100
na qual, v2 é a velocidade do vento medida a 2 metros acima da superfície e expressa em
km/dia, es é a pressão de vapor de saturação em milibares, à temperatura do ar T °C, e U é a
umidade relativa do ar. O fator de ponderação α é uma função da temperatura do ar T (°C) e
dado por
α=
(0,00815T + 0,8912)
7
(4)
0,66
Solução :
-cálculo da pressão de vapor de saturação es
120
100
80
E
60
40
e
20
0
10
To 30
T 50
0 20 40
TEMPERATURA (graus Celsius)
4.1 - INTRODUÇÃO
Variáveis aleatórias são aquelas governadas pela chance, não podendo ser previstas com
certeza, mas somente em termos probabilísticos. A maioria das variáveis hidrológicas são
aleatórias. As variáveis aleatórias podem ser discretas ou contínuas.
f p
se N → ∞ FUNÇÃO DENSIDADE
ou ∆x → 0 DE PROBABILIDADE
população com
p = lim f
N →∞
HISTOGRAMA
∆x x x
intervalo de classe
F=Σf 0≤ P ≤1
se N → ∞ P
ou ∆x → 0
1 1
população com
∞
P= ∫ p ⋅ dx
−∞
FUNÇÃO ACUMULADA
0≤ F ≤1 DE PROBABILIDADE
∆x X X
p P
1
x
∫
−→
∞
0,5
x x
FX ( x ) = Ρ ( X ≤ x ) =
1
x
− 12 ( ) dx
x−µ 2
média = moda = mediana
σ 2π −∞
∫e σ
condição de simetria
Função Densidade de Probabilidade Normal Função Acumulada da Distribuição Normal
Uma variável hidrológica ou meteorológica pode ser representado por uma variável
aleatória. Na maioria dos problemas de inferencia estatística, supõe-se que uma AMOSTRA
de observações da variável em estudo possui uma distribuição de freqüência análoga à função
densidade de probabilidade da POPULAÇÃO [p(x)].A integração da função densidade de
probabilidade p(x) [ou f(x)] define a função acumulada de probabilidade ou função de
repartição P(x) [ou F(x)] da variável
x
F (x ) = P(x ≤ X ) = ∫ f (x ) ⋅ dx
−∞
1
∫
→
Freq f(x) P(x ≤ X)
0 x 0 0 X x
A função de repartição F(x) de uma variável aleatória contínua fornece para qualquer x , a
probabilidade de que X seja menor ou igual a x e [1 - F(x)] indica a probabilidade de
que X seja maior do que x. Inversamente, a partir de F(x) pode-se obter o valor de X
correspondente.
∞
Média : População µ = E( X )= ∫ x f X ( x )dx Amostra x = Σx
−∞
N
2
∞
∞
Desvio-Padrão da População : σ = Var( X )= ∫−∞x f X (x )dx− −∫∞ x f X (x )dx
2
Σ( x − x )
2
N Σx 2
Desvio-Padrão da Amostra : S = = − x 2
N −1 N −1 N
Coeficiente de Variação : C v =
σ S
≈
µ x
f (x) σ=1
σ=3
0 X=x-µ
f f f
γ=0 γ>0 γ<0
µ3
Coeficiente de Assimetria da População : γ = com µ 3 =E( X − µ )3
E( X − µ )
2
N2 Σx 3 Σx 2
Coeficiente de Assimetria da Amostra : g = ⋅ −3 ⋅ x + 2 x
(N − 1)(N − 2) N N
∑x i
1 n
Média: x = 1 Desvio Padrão : Sx = ∑ ( x i − x )2
n n −1 1
n
n
⋅ ∑ ( xi − x )
3
Coeficiente de Assimetria : g =
(n − 1)(n − 2) 1
Algumas variáveis podem ser DEPENDENTES entre si e, entretanto, não serem ligadas por
uma relação funcional ou determinística (exemplo de uma relação funcional : variação da
quantidade de calor fornecida com a elevação da temperatura de um corpo de massa m e
calor específico c ou Q = m.c.∆t) . No primeiro caso, as variáveis podem estar associadas
por uma relação correlativa e diz-se que elas são ESTOCASTICAMENTE dependentes.
Exemplo: o escoamento de uma bacia depende estocasticamente de inúmeras variáveis, tais
como precipitação, temperatura, umidade do solo, cobertura vegetal, relevo, geologia, etc..
Uma relação funcional ou determinística, tal como Q = f ( P, T, H, γ, R,G ), é impossível.
−1 ≤ R ≤ 1 Y Y
Modelos de Regressão :
Linear : Y = a . X + b
Simples
Não Linear : Y = a . X b
Linear : Y = a . X + b . Z + c . T + ...
Múltipla
Não Linear : Y = a . X m . Z n . T p
Resolução : zi = yi − (axi + b)
Para evitar que zi > 0 e zi < 0 distorça a medida dos desvios , eleva-se ao quadrado :
zi 2 = [ yi − ( a xi + b )] 2
Para n pontos zi :
n n
Z = ∑ z i = ∑ [ yi − (a ⋅ xi + b )]
2 2
i =1 i =1
Z é uma função de a e b .
Quando Z passar por um ponto de mínimo (soma dos quadrados dos desvios é mínima ), os
coeficientes a e b, nesse ponto, serão os que definem a reta que melhor se ajusta.
∂Z ∂Z
Portanto, condição de mínimo : =0 e =0
∂a ∂b
n ⋅ ∑ x i ⋅ y i − Σx i ⋅ Σy i Σy i ⋅ Σx i − Σx i ⋅ ∑ x i ⋅ y i
2
a= e b=
n ⋅ Σxi − (Σxi ) n ⋅ Σxi − (Σxi )
2 2 2 2
Y
variância explicada
yˆ i R2 =
variância total
y Coef. de Determinação
Σ( yˆ i − y )
2
2
R =
Σ( y i − y )
2
yi
X R = ± R2
n∑ xi y i − (∑ xi )(∑ y i )
Coef.de Correlação R=
i
( ) [
n∑ x 2 − ∑ x 2 n y 2 − ( y )2
i ∑ i ∑ i ]
Engenharia de Recursos Hídricos – Notas de Aula Mauro Naghettini
43
n ⋅ ∑ x ⋅ y − Σx ⋅ Σy Σx ⋅ Σy 2 − Σy ⋅ ∑ x ⋅ y
c= e d=
n ⋅ Σy 2 − (Σy )
2
n ⋅ Σy − (Σy )
2 2
Transformação de Variáveis
z m t
5. - F L U V I O M E T R I A
5.1 - INTRODUÇÃO
10
RN2 8
6
haot
C
4
RN1 0
0 1000 2000 3000 4000
Q
Descarga
curva chave
Med
Max
Min Descarga
Descargas
seção de controle
Requisitos :
PF
• permitir as observações dos níveis
seção de medição
d’água em qualquer época do ano;
• permitir condições favoráveis para a
PI realização de medições de descargas;
• permitir a boa definição da curva
linígrafo
chave.
observador
seção das réguas
Cotas Linimétricas :
Cotas Linigráficas :
Linigrama
Tomada d’água
Válvula
Métodos :
• vertedores ou calhas medidoras ;
L p(x )
1 1
Velocidade média na seção de medição : V =
L ∫0 ∫ p(x )v(x, y )dxdy
0
guincho fluviométrico
conta-giros
A medição pode ser feita a vau,
cabo fluviométrico a barco, a balsa, com carro
aéreo ou sobre pontes.
molinete
lastro
...
V2 , p2
V3 , p3
Di Vi , pi
l +l
Área no setor i : Ai = pi i −1 i m2
2
V + Vi ,0,8
Velocidade média no setor i : Vi = i ,0, 2 m/s
2
n
Descarga total na seção : Q=∑ qi m3/s
i =1
5.5 - C U R V A CHAVE
Na ausência dos dois, o controle pode ser o canal a jusante ou simplesmente a resistência à
vazão exercida pelo trecho de jusante. Exemplos :
Q=C L ( H − P) 3 2
= C L h3 2
h
H
Q≈C A I h
Q
h
Na maioria dos casos, não existe um controle único e bem definido.Existe sim uma série de
seções de controle variando com a cota.
controle de canal
para vazões altas
controle para
vazões baixas
controle para
vazões médias
6
Cota
0
0 1000 2000 3000 4000
Descarga
10
6
Cota
0
0 1000 2000 3000 4000
Descarga
10
8 1965-1978
6 1950-1965
Cota
1978-1995
(c) Curva Chave Instável
4
0
0 1000 2000 3000 4000
Descarga
As curvas estáveis e unívocas (tipo a) são aquelas de postos situados em trechos de rio de
morfologia pouco variável,de mesma declividade da linha d’água tanto nas cheias como nas
estiagens e controle de profundidade crítica ( cachoeira, corredeira, etc.).
O ajustamento pode ser feito por iteração de Ho , resolvendo-se ( para cada iteração)
o sistema por mínimos quadrados ou graficamente ( em papel log x log ) somando-
se ou subtraindo-se Ho às cotas até linearizar os pontos ( cota ± Ho , Q ).
Hi Qi
H1 Q1
H2 Q2
. . n observações simultâneas de H e Q
. .
. .
Hn Qn
H
n
Z = ∑ zi
2
(
z i = Qˆ i − Qi
2
) ; i =1
Q
Q̂i Qi
5.6.2 - FLUVIOGRAMA
1000
ESTAÇÃO CHUVOSA ESTAÇÃO SECA
Vazões
Médias
Diárias
(m3/s)
Recessão do fluviograma
Q = Q0 exp (-K t )
100 K : inclinação da recessão
Q0
Q
t dias
10
OUT NOV DEZ JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET
Q
Exemplo de Aplicação da Curva de Permanência (m3/s)
Uma indústria deseja se instalar próxima a um
curso d’água e lançar o seu efluente no mesmo. Q1
Feito o estudo de autodepuração e necessitando
de uma vazão de diluição Q1 , qual é a
porcentagem do tempo em que a vazão do curso
d’água será igual ou superior a esse valor? 0 50 100
Porcentagem Acumulada
6. - I N F I L T R A Ç Ã O
Capacidade de Infiltração ( f )
É a quantidade máxima de água que um solo, sob uma dada condição, pode absorver na
unidade de tempo por unidade de área horizontal. Só se verifica quando a intensidade da
precipitação excede a capacidade do solo em absorver água.
Precipitação
Infiltração
Escoamento
Superficial
Outras variações
Capacidade de Infiltracao (mm/h)
Tempo desde o inicio da chuva (h) Tempo desde o inicio da chuva (h)
Capacidade de Infiltracao (mm/h)
Capacidade de Infiltracao (mm/h)
Solo Cultivado
Solo Saturado
Tempo desde o inicio da chuva (h) Tempo desde o inicio da chuva (h)
Princípio : Pode ser feita através de aparelhos denominados INFILTRÔMETROS. Esses são
tubos cilíndricos curtos, de chapa metálica, com diâmetros variando de 200 a 900 mm,
cravados verticalmente no solo, de modo a restar uma pequena altura livre sobre
este.Durante todo o tempo da experiência, mantem-se sobre o solo, uma camada de água de
5 a 10 mm de espessura, medindo-se os volumes adicionados a cada intervalo de tempo. A
capacidade de infiltração média neste intervalo de tempo, é o volume adicionado dividido
pela seção transversal do tubo.Causas de erros :
- ausência do efeito de compactação produzida pela água de chuva,
- fuga do ar retido para a área externa do tubo,
- deformação da estrutura do solo com a cravação dos tubos.
Fórmula de Horton
fc valor aproximadamente constante
para o qual tende a capacidade de
infiltração, dependente das
fp = fc + ( f0 - fc ) exp ( -k t ) características de permeabilidade
do solo (mm/h)
fc f0 − fc
F= fc t − [exp(− kt ) − 1]
k
Tempo (horas)
b
f =a+ onde a e b são parâmetros relacionados com o grau de umidade
2 t
do solo e a permeabilidade.
Integrando a equação acima, teríamos a curva da infiltração acumulada F com o tempo,ou
F = a.t + b t
Indice de Infiltração φ
Os dados necessários para se obter uma curva de capacidade de infiltração válida em uma
região ou bacia são de difícil obtenção. Nessas circunstâncias, o indíce de infiltração φ ,
embora muito simplista, é uma alternativa para se estimar a infiltração a partir da análise
dos hidrogramas de enchentes e precipitações que as causaram. Esse índice é definido
como o valor constante a ser subtraído das intensidades variáveis de chuva de forma a
obter o volume de escoamento superficial observado. De posse da distribuição temporal da
precipitação e do volume observado (ou altura equivalente) de escoamento superficial,
calcula-se o índice φ através do processo de tentativa-erro, tal como exemplificado a seguir.
Solução : A altura total de chuva foi de 50 mm, o que significa que a altura equivalente do
volume de infiltração foi de 50-20=30 mm. Supondo-se que o índice φ esteja compreendido
entre 5 e 10 mm/h, a solução iterativa faz-se através da seguinte equação :
(i1-2 - φ)×∆t + (i2-3 - φ)×∆t + (i4-5 - φ)×∆t = S ou
(16-φ)×1+(13-φ)×1+(11-φ)×1 = 20 ⇒ φ = 6,667 mm/h, encontrando-se portanto no
intervalo entre 5 e 10 mm/h, como inicialmente suposto. Caso essa suposição estivesse
incorreta, o valor calculado estaria fora do intervalo e se procederia a uma nova tentativa.
Agora, faça um gráfico da variação temporal das intensidades de precipitação para o
exemplo acima. Você irá verificar que temos 20 mm acima do índice φ, correspondentes ao
escoamento superficial, e 30 mm abaixo, esses relativos ao volume de infiltração.
7. - ÁGUA SUBTERRÂNEA
7.1 - INTRODUÇÃO
Entre as partículas maiores existem grãos como argilas, óxidos de ferro e produtos de
decomposição orgânica. Este arranjo chama-se ESTRUTURA DO SOLO e cada elemento
constituinte é o AGREGADO ESTRUTURAL. A TEXTURA do solo está relacionada com a
distribuição das dimensões das partículas ( curva granulométrica ).
- vazios estruturais
VAZIOS OU POROS DO SOLO
( ar + água ) - vazios texturais
vazio
estrutural
agregado
estrutural Granuloso Prismático Em Blocos
ÁGUA VP = 0,3 m3
AREIA
SATURADA
3
AREIA VT = 1,0 m
SECA
0,3
n= = 0,3
1,0
A porosidade representa a quantidade máxima de água que um solo saturado pode conter.
Entretanto, somente parte desta água está disponível para abastecer um poço subterrâneo.
Argila : n = 50 , ne = 2 , nr = 48
n = ne + nr
Areia : n = 30 , ne = 26 , nr = 4
Zona do Solo
Zona de
Aeração Zona Intermediária
Franja Capilar
↑ ↑ ↑ ↑ ↑
PV = 0 CH PMP CC ( nr ) SATURAÇÃO
COMPLETA (n)
Teor de Umidade
CH: coef. higroscópico = umidade máxima que um solo inicialmente seco pode absorver
com umidade relativa = 50 %.
CC: capacidade de campo = quantidade de água presa ao solo depois que a água
gravitacional tenha sido drenada ( amostras submetidas a
uma sucção de 0,1 a 0,3 atm ).
d) Zona Saturada
A água preenche todos os poros da zona saturada
7.3 - AQUÍFEROS
Na zona de saturação, as questões são (i) qual é a quantidade de água presente? (ii) qual é a
quantidade que pode ser removida com segurança? (iii) como se dá o escoamento da água?
recarga
poço freático
aquífero freático
aquífero
confinado
a) Cheias
NF original
Escoamento
direto
Escoamento base
impermeável
Escoamento NF original
Direto
t impermeável
b) Estiagens
NF
NF
impermeável
impermeável
2 2
p1 v1 p v
∆h + + z1 = 2 + 2 + z 2 + ∆h
γ 2g γ 2g
p1
vi ≈ 0 ∆h → perda de carga
γ
p2
Lei de Darcy ( 1856 ) :
γ
v = velocidade aparente de infiltração
L
z1 v ∝ ∆h e v ∝ 1
v L
Q
k= → dimensões : LT -1
dh
A
dl
Refere-se à facilidade que um fluido irá passar pelo meio poroso. Depende do meio e do fluido.
k=f(µ,γ,d) A.D.
γ C : adimensional
k = C⋅d2 ⋅
µ
meio fluido
∆h
q⋅l
k=
q
L A ⋅ ∆h
Área A
Meio Anisotrópico : v x = k x ∂h , ∂h , ∂h
vy = k y vz = k z
∂x ∂y ∂z
Meio Isotrópico : v x = k ∂h ,
∂h , ∂h
vy = k vz = k
∂x ∂y ∂z
Fluxo Permanente :
∂ 2h ∂ 2h ∂ 2h ( Recarga = Descarga )
+ + =0
∂x 2 ∂y 2 ∂z 2
Representando 99 % de toda água doce não gelada da Terra, é uma importante reserva
hídrica para as diversas utilizações. O aproveitamento da água subterrânea se dá através de
poços ( hidráulica dos poços ).
Equação unidirecional : ∂ 2h = 0
2
Superfície
Piezométrica ∂x
h h
Solução : h = C1 . x + C2
h = 0 e x = 0 → C2 = 0
v
b
Lei de Darcy : → ∂h = v e
∂x k
x
v⋅x
h=
k
SP antes
SP
antes SP
Hipótese de Dupuit : v = k ⋅ dH
dH Q dr
depois
dr
dH
Q = 2πr ⋅ r ⋅ b ⋅ k ⋅
dr
v H2
H1 b
2R1 2π ⋅ k ⋅ b dr
⇒ dH =
R2
Q r
Integrando entre ( H1 , R1 ) e ( H2 , R2 ) :
2π ⋅ k ⋅ b(H 2 − H 1 )
H R2
2π ⋅ k ⋅ b 2 dr
∫ dH = ∫ → Q= Equação de Thiem
Q H1 R1
r ln(R2 / R1 )
v h2 Q=
(
π ⋅ k h2 2 − h12 )
h1
R
2R1 ln 2
R1
R2
(
π h2 2 − h1 2 )
N o caso do regime permanente, considera-se que o aquífero está sendo alimentado por uma
vazão igual à que dele se extrai. Na maior parte dos casos reais não é isso o que ocorre : a
medida que se extrai um volume d’água de um poço, cria-se ao seu redor um cone de
depressão que aumenta com o tempo. O volume agora é variável, podendo eventualmente
atingir um estado em que as variações de nível são tão pequenas que o regime pode ser
considerado como permanente.
Poço em Regime
Equação Diferencial para regime não permanente : Permanente
∂ 2 h 1 ∂h S ∂h
+ = ⋅ Lago
∂r 2 r ∂r T ∂t
S → coeficiente de armazenamento
T → Transmissibilidade
t → tempo desde o início do bombeamento
Baseado na analogia por condução do calor, Theiss obteve a solução para h = ho ( antes do
bombeamento ) e h → ho quando r → ∞.
∞
Q e −u
ho − h = ∫ du Equação do Desequilíbrio de Theiss
4π ⋅ T r 2 ⋅S
u
4⋅T ⋅t
r 2s
com : Q → vazão constante no poço e u =
T ⋅t
∞ e −u u2 u3 u4
W (u ) = ∫r 2 ⋅s du = −0,5772 − ln u + u − + + + ⋅⋅⋅
T ⋅t u 2 ⋅ 2! 3 ⋅ 3! 4 ⋅ 4!
RESOLUÇÃO
1- Método da Superposição de Theiss
h-h0 0,183 ⋅ Q
(m) T=
∆h10
∆h10=(h-h0)
to → t para depleção nula
t
1 ciclo S = 2,25 ⋅ T ⋅ o2
log r
8. - V A Z Õ E S D E E N C H E N T E S
8.1 - INTRODUÇÃO
A2
qi
A1
Q
qi (m3/s)
X
Área Total : A
t1 t2 t3 t4 ... t (h)
t (h)
fp = fc + ( f0 - fc ) e-kt
i Ves : volume do escoamento superfícial
(mm/h) φ Vh : volume do escoamento subsuperficial
ts te : duração da chuva efetiva
tr : tempo de resposta
te Ves ts : tempo de subida
Q tr tb : tempo de base
cg
(m3/s) tc : tempo de concentração
Vh
Escoamento Base
t (h)
tb
tc
Tentam estabelecer uma relação entre a vazão de pico e características físicas da bacia e/ou
fatores climáticos.Algumas principais:
a) Fórmula de Creager
0, 936 A −0 , 048
A onde : A= área da bacia ( km2)
Q = 1,30 ⋅ k
2,59
k= depende das características fisiográficas
da bacia
Q= vazão máxima em m3/s
b) Fórmula de Fuller
c⋅i ⋅ A
Q=
3,6
A = área em km2
c = coeficiente de escoamento, definido como a relação entre o pico de vazão por unidade
de área e a intensidade média da chuva i .
A - Aplicação : Bacias de área menor que 5 km2 , principalmente para projetos de drenagem
pluvial. Por ser muito simplista, deve ser usado com precaução.
i tc
2
B - Princípio : Para uma área de 3,6 km , tem-se:
perdas
i Q=c.i
t
C - Escolha do coeficiente de escoamento c
Varia com a natureza da superfície da bacia, com sua declividade, com o armazenamento
em depressão, com o grau de saturação e com a intensidade da precipitação.
Tipo de Área c
Plana ( ≤ 2 % ), residencial com 30 % de área impermeável 0,40
Declividade média ( 2 - 7 % ), residencial, 50 % área imp. 0,65
Declividade média, centro comercial, 70 % área impermeável 0,80
Topografia c’
Plana , 0,2 a 0,6 m/km 0,30
Moderada , 3 a 4 m/km 0,20
Montanhoso , 30 a 50 m/km 0,10
Solo c’
Argila compacta , impermeável 0,10
Combinação de silte e argila 0,20
Silte-Arenoso não muito compactado 0,40
Cobertura Vegetal c’
Terrenos cultivados 0,10
Densa 0,20
−0 , 385
Fórmula de Kirpich : 0.77 F
t c = 0,0195 ⋅ L ⋅
L
Obs.: existem diversas outras expressões empíricas para cálculo do tempo de concentração
(detalhes em Freitas, A J., "Tempo de Concentração", A E Sudecap, 1984)
A teoria baseia-se na hipótese de que uma vez que as características físicas da bacia não se
alterem, precipitações semelhantes produzirão hidrogramas semelhantes. O hidrograma
unitário ( H.U.) seria o hidrograma tipíco para a bacia. É chamado unitário porque suas
ordenadas estão divididas por 1 mm (1 cm ou 1 pol) de precipitação efetiva.
A - Aspectos Teóricos
Uma chuva homogênea cobrindo a totalidade de uma bacia, de intensidade efetiva constante
i0, de duração τ tal que a altura de precipitação (τ.i0) seja igual a uma unidade
pluviométrica, produz um hidrograma de forma e de vazões características, quando a sua
duração é suficientemente pequena ( τ < tc ). Esta precipitação é chamada “unitária”, de
duração τ, e o hidrograma resultante é o “hidrograma unitário”, de duração τ.
i Q
chuva unitária de H. U.
intensidade io
i0 Q0
t0 t t0 t
2Q0
2i0
chuva
de intensidade
2io
i Q
t0 t t0 t
i Q
chuva de
duração 2τ e
intensidade io
i0 Q0
τ τ
t0 t t0 t0+τ t
i Q
chuva de
duração nτ e Curva
intensidade io
em S
i0 Q0
τ τ
n . τ > tc
O H.U. teoricamente tem uma forma única para uma dada bacia, e pode ser visto como um
impulso unitário em um sistema linear.A duração da chuva unitária, segundo Linsley, deve
ser escolhida entre 1/2 e 1/3 do tempo de resposta da bacia.
yi m3 / s
7-Calcula-se as ordenadas do H.U. yi′ =
Pef mm
(observar que as ordenadas devem ser separadas entre si pela duração d )
8-Obtidos diversos H.U.'s para vários eventos, calcula-se a curva em S para cada um deles e
obtem-se a curva em S média. Essa, defasada de uma duração unitária e subtraída de si mesma,
fornecerá o H.U. médio. Esse procedimento pode ser usado para se obter o H.U. para chuvas
unitárias de outras durações.
Tendo-se obtido as ordenadas de H.U. para uma dada duração, o cálculo do hidrograma de
projeto pode ser assim resumido :
a) Determina-se a chuva de projeto : - pelo método probabilístico ou
( ± em torno de 10d de duração ) - pela curva IDF local ou
- pelo cálculo hidrometeorológico
b) Distribui-se a chuva de projeto em períodos unitários, utilizando-se para isso, por
exemplo, os eventos observados típicos ou os hietogramas de projeto
c) Calcula-se a chuva efetiva através do índice φ médio.
d) Faz-se a convolução do H.U., multiplicando-se suas ordenadas, devidamente defasadas
para os períodos unitários, pela chuva efetiva; obtem-se, assim, o hidrograma de
projeto.
tp
1cm
L
× CG tr qp
La
Ct tp 2,76 ⋅ C p ⋅ A tp
⋅ ( L ⋅ La )
0 ,3
tp = tr = qr = t = 3+
1,33 5,5 tp 8
onde:
tp - tempo de resposta em horas
Ct - coeficiente entre 0,8 e 2,2. Exemplo: bacias montanhosas : Ct = 1,20
bacias em sopé de montanhas : Ct = 0,74
bacias em vales : Ct = 0,35
L - comprimento do curso principal em km,
La - distância do ponto do rio principal mais próximo do centro geométrico da bacia até a
sua saída em km,
tr - duração da precipitação efetiva em horas,
qp - vazão de pico do H.U.S. em (m3/s)/cm de chuva efetiva,
Cp - coeficiente entre 0,56 e 0,69 , característico da bacia ( de modo geral diminui com a
densidade de vegetação ),
A - área de drenagem em km2 ,
t - tempo base em dias.
Exercício 1 : Determinar o H.U. de 6 horas para uma bacia de 2.236 km2 a partir das
observações tabeladas abaixo.
Precipitação Observada:
Hora P ( mm )
0- 6 66,4
6 - 12 12,1
12 - 18 3,6
18 - 24 0,0
Total = 82,1 mm
Vazões Observadas :
H.U.
3
Hora Q (m3/s ) Qbase ( m3/s ) Q − Qbase (m /s) ( Q − Qbase ) ÷ Pef
0 120 120 0 0
6 132 120 12 1,6
12 141 121 20 2,5
18 161 121 40 5,1
24 162 122 40 5,1
30 205 122 83 10,5
36 204 123 81 10,3
42 201 123 78 9,9
48 214 124 90 11,4
54 186 124 62 7,9
60 173 125 48 6,1
66 173 125 48 6,1
72 163 125 38 4,8
78 158 126 32 4,1
84 158 126 32 4,1
90 150 127 23 2,9
96 142 127 15 1,9
102 145 128 17 2,2
108 144 128 16 2,0
114 149 129 20 2,5
120 142 129 13 1,6
126 139 130 9 1,1
132 130 130 0 0
Σ = 817 103,55
Ves
Cálculo da Pef : Pef = (m) → mm
A
17,6472 × 10 6
Pef = = 0,00789m = 7,89mm
2.236,0 × 10 6
Exercício 2 - Suponha que o H.U. para uma chuva de 2 horas seja o da tabela abaixo.
Calcule a área de drenagem da bacia.
t(h) 2 4 6 8 10 12 14 16 18
3
m /s.mm 1 5 27 20 15 9 3 2 1
Solução :
Ves −3 Ves −3
Pef = 10 ⇒ A= 10 ∴ A = 597,6 km 2
Como A 1
Chuva de Projeto :
Intervalo i Tempo (horas) P(mm) Pef (mm)
1 2 10 5
2 4 20 15
3 6 15 10
4 8 5 0
Solução :
t HU HU×
×Pef (i=1) HU×
×Pef (i=2) HU×
×Pef (i=3) Qbase Q (m3/s)
2 1 5×1 -- -- 5 10
4 5 5×5 15×1 -- 5 45
6 27 5×27 15×5 10×1 5 225
8 20 5×20 15×27 10×5 5 560
10 15 5×15 15×20 10×27 5 650
12 9 5×9 15×15 10×20 5 475
14 3 5×3 15×9 10×15 5 305
16 2 5×2 15×3 10×9 5 150
18 1 5×1 15×2 10×3 5 70
20 -- -- 15×1 10×2 5 40
22 -- -- -- 10×1 5 15
1
1 − ( x− µ )2 / σ 2
f (x ) = ⋅e 2 −∞ < x < ∞
σ 2π
z2
x−µ
z
1 −
com : z = ⇒ f (z ) = ⋅e 2 ⇒ Φ(z ) = ∫ f (z ) dz
σ 2π −∞
0.5 1 1
0.4
f( z) Φ ( z) 0.5
0.2
0 0 0 0
0 0
4 z 4 4 z 4
0.5
0.4
f( x)
0.2
0 0
5 10
0.01 x 10
a = µ − 0,5772 b e 6
b= ⋅σ
π
Gráfico-exemplo para o caso α=2 e β= 30 :
0.85
0.5
f( x)
0 0
30 35
28 x 35
b −1
1 x−c x−c
f X ( x )= exp −
a Γ(b ) a a
2
µ =c + ab σ 2 =a 2 b e γ Y =
b
0.8
0.5
f( x)
0 0
5 10
1 x 10
O emprego dessas distribuições em Hidrologia varia de acordo com a variável em estudo :
8.9.2 - DEFINIÇÕES
A - Tempo de Retorno - T
B - Séries de Descargas
A - AJUSTAMENTO GRÁFICO
O método dos fatores de freqüência é uma generalização do cálculo da curva quantis (QT) x
tempo de retorno T. A proposição é que a curva quantis x tempo de retorno de qualquer
distribuição pode ser colocada na forma
x T =µ + K T σ
D
(7.26)
∑ Xi ∑ (X − X)
2
i
i =1
xˆT = X + K T S X ,com X = eS X = i =1
D
n n
• YT =Y + K T SY onde KT
N N
representa o fator de freqüência da distribuição normal e é
igual ao quantil da variável central reduzida Z~N(0,1), correspondente a T.
• calculam-se Y e SY ;
2 gY gY
3
K LP
T =
T K N
− + 1 − 1
gY 6 6
Características Amostrais :
Média das Vazões : 3262,43 Média dos Logaritmos Base 10 das Vazões : 3,490497
Desvio-Padrão das Vazões : 1073,55 Desvio-Padrão dos Log. das Vazões : 0,146020
Coeficiente de Assimetria das Vazões : 0,964 Coef. Assim Log. Vazões : -0,456038
Gráfico :
10000
Log-Normal
Descargas Medias Diarias Maximas Anuais (m3/s)
Log-Pearson III
Gumbel
8000
6000
4000
2000
1 10 100 1000
Periodo de Retorno (anos)
C - ESCOLHA DA DISTRIBUIÇÃO
Não existe um critério objetivo que permita a escolha da distribuição teórica a adotar.
Deve-se fazer os ajustamentos a diversas distribuições e escolher aquela cujos resultados
pareçam melhores, em função principalmente:
- do exame do valor do coeficiente de assimetria de Q e log Q,
- da inspeção visual, em papel de probabilidade, da aderência dos pontos à curva teórica,
- da aderência estatística à amostra ( testes do χ2 e de Kolmogorov-Smirnov), e
- da freqüência de uso de uma certa distribuição na região em estudo.
A probabilidade de uma cheia ocorrer ou ser ultrapassada num ano qualquer é ( 1/T ) e a
de não ocorrer é F = 1 - ( 1/T ). A probabilidade ou o RISCO de ocorrer pelo menos uma
cheia que se iguale ou exceda aquela de tempo de retorno T num intervalo de tempo de n
anos é J = 1 - F n . Dessa forma, pode-se determinar qual é o período de retorno a ser
utilizado no projeto de uma obra hidráulica, sabendo-se a sua VIDA ÚTIL PROVÁVEL e
escolhendo-se o RISCO admissível de falha.
Exercício : Na construção da UHE Nova Ponte, cuja duração foi de 5 anos, o Rio Araguari foi
desviado por dois túneis escavados em rocha. Qual foi o período de retorno da cheia de projeto
desses túneis, admitindo-se um risco de 10% para a proteção do canteiro de obras ?
Solução :
duração da obra : n=5 anos
9.1.- INTRODUÇÃO
120
0
0 400 800 1200
t (min)
400
300
Variação da
i (mm/h)
200 T=100
intensidade da chuva
com a duração e
T=50
frequência
100 T=25
T=10
T=2
0
0 40 80 120 160
t (min)
A aT b
i= =
(t + c )d (t + c ) d
onde i é a intensidade em mm/h, t é a duração da chuva em minutos, T é o tempo de retorno
em anos, a, b, c e d são parâmetros a serem estimados com base nos dados pluviográficos
de cada local. A estimação dos parâmetros a, b, c e d faz-se através do uso de
transformação logarítmica de variáveis e das técnicas de regressão linear simples. Por
exemplo, tomando-se os logaritmos em ambos os membros da primeira parte da equação da
intensidade de chuva, segue-se que
logi=log A−d log(t + c )
Observe que os parâmetros log A e d são os coeficientes de regressão linear entre as
variáveis log i e log (t+c). O parâmetro c é uma constante a ser obtida pelo método
tentativa-erro, a qual, somada às durações, lineariza a relação entre i e t+c em coordenadas
logarítmicas. Conhecidos A, c e d, e de volta à equação original, toma-se os logaritmos
novamente para se obter
log A=loga+blogT
Na sequência, as técnicas de regressão linear simples são empregadas mais uma vez para se
determinar os coeficientes angular log a e linear b da reta que relaciona log A e log T. A
À medida que as áreas urbanas crescem, englobando outros municípios de menor porte e
transformando-se em regiões metropolitanas, as curvas IDF puntuais deixam de ser
representativas da variação espacial das intensidades de precipitação. Esse é um fato
particularmente verdadeiro em áreas montanhosas e sujeitas a forte influência orográfica
sobre as precipitações, como é o caso dos 5852 km2 englobados pelos limites da Região
Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH). Para o caso da RMBH, Guimarães Pinheiro
(1997) realizou estudo, no qual propõe-se a seguinte equação do tipo IDF de abrangência
regional :
0 , 5360
iT ,t , j =0,76542t −0,7059 Panual µ T ,t ;T ≤ 200anos;10 min ≤ t ≤ 24 h
onde :
iT ,t , j é a estimativa de chuva (mm/h ou mm/min), de duração t (h ou min), no local j,
t
10 min 0,691 0,828 1,013 1,428 1,586 1,791 1,945 2,098 2,300 2,452
15 min 0,695 0,830 1,013 1,422 1,578 1,780 1,932 2,083 2,282 2,432
30 min 0,707 0,836 1,013 1,406 1,557 1,751 1,897 2,043 2,235 2,380
45 min 0,690 0,827 1,013 1,430 1,589 1,795 1,949 2,103 2,305 2,459
1h 0,679 0,821 1,014 1,445 1,610 1,823 1,983 2,143 2,353 2,512
2h 0,683 0,823 1,014 1,439 1,602 1,813 1,970 2,128 2,335 2,492
3h 0,679 0,821 1,014 1,445 1,610 1,823 1,983 2,143 2,353 2,512
4h 0,688 0,826 1,013 1,432 1,591 1,798 1,953 2,108 2,311 2,465
8h 0,674 0,818 1,014 1,451 1,618 1,834 1,996 2,157 2,370 2,531
14 h 0,636 0,797 1,016 1,503 1,690 1,931 2,112 2,292 2,530 2,710
24 h 0,603 0,779 1,017 1,550 1,754 2,017 2,215 2,412 2,672 2,868
10.1 - INTRODUÇÃO
Q Armazenamento
V
Vt=Vt-1 + (afluência-defluência)
tp t tp t
Q
Armazenamento
V
Vt=Vt-1 + (afluência-defluência)
tp t tp t
Os sistemas fluviais são caracterizados comumente por uma alternância de trechos largos
com muito armazenamento, seguidos de trechos estreitos em rápidos, cujos efeitos
agregados se assemelham ao de atenuação. Entretanto, existem trechos fluviais em que as
seções transversais e a declividade de fundo são praticamente uniformes. Nesses, deve-se
esperar um efeito de atenuação pequeno ou quase nulo, prevalecendo o efeito de translação.
∆V ou D = A − ∆V 10.1
Qd = Qa −
∆t ∆t
onde :
∆t (D1 + D2 ) ∆t ( A1 + A2 )
= − (V2 − V1 ) 10.2
2 2
Com relação à Figura 3, suponha que o trajeto de uma onda de cheia por um trecho fluvial
possa ser discretizado em sucessivas posições 1, 2, 3, ... . Entre essas, pode-se distinguir os
elementos prismáticos de armazenamento, os quais podem ser facilmente relacionados às
defluências do trecho. Também pode-se distinguir os elementos de armazenamento de
cunha, superpostos aos elementos prismáticos. Devido à grande variação das formas dos
cunha
NA
cunha prisma
4
3
prisma
2
Leito fluvial
1
O armazenamento em um trecho fluvial pode ser determinado por medida direta através de
mapas e seções tranversais. Entretanto, o processo da medida direta necessita de dados de
campo que dificilmente se acham disponíveis. O mais usual é o cálculo do volume de
armazenamento através de hidrogramas observados. Em qualquer instante, o volume
armazenado é igual à diferença acumulada entre a afluência e a defluência.
O método mais simples, porém talvez o menos realista, de propagação de cheias em rios
expressa o volume do trecho fluvial somente em função da defluência. Nesse caso, um
gráfico entre o volume de armazenamento e a defluência se mostraria como um "loop"
irregular, ao invés de uma relação unívoca; a irregularidade desse "loop" reflete a influência
do armazenamento de cunha. Uma abordagem mais elaborada, introduzida por McCarthy,
em 1938, e conhecida como o método de Muskingum, expressa o volume de
armazenamento em função da média ponderada da defluência e da afluência no intervalo de
tempo. Em termos formais,
Engenharia de Recursos Hídricos – Notas de Aula Mauro Naghettini
102
V = K [x A + (1 − x ) D] 10.3
onde :
K = inclinação da relação volume×(descargas ponderadas), com dimensão de tempo
x = constante adimensional de ponderação entre afluência e defluência.
O fator adimensional x deve ser calibrado, com base nos hidrogramas afluente e
defluente observados, de forma que o volume de armazenamento, correspondente a um
dado nível d'água ou cota, seja o mesmo tanto no ramo de ascensão como no ramo de
recessão do hidrograma de cheia. Para o caso das vazões de vertimento de um reservatório,
x deve ser nulo porque os níveis d'água, e conseqüentemente os volumes armazenados pelo
reservatório, são definidos unicamente pelas defluências. Teoricamente, para escoamentos
uniformemente progressivos, ou de translação pura, o valor de x deve ser igual a 0,5;
lembre-se que, nesse caso, a descarga afluente de pico deve permanecer inalterada. Para
efeitos mistos de translação e atenuação, típico do escoamento em trechos fluviais naturais,
o valor de x deve ser positivo e menor ou igual a 0,5. Desse modo, o valor de x deve ser
tomado entre os limites de 0 e 0,5, com um valor intermediário freqüente de 0,25 para a
maioria dos trechos fluviais.
onde :
K x − 0,5 ∆t
C0 = −
K − K x + 0,5∆t
K x + 0,5 ∆t
C1 =
K − K x + 0,5 ∆t
K − K x − 0,5 ∆t
C2 =
K − K x + 0,5 ∆t
∆t ( A1 + A2 ) ∆t (D1 + D2 )
V2 = V1 + − 10.5
2 2
valores próximos do escoamento base. As iterações seguintes devem prosseguir até a última
descarga do hidrograma defluente.
10.3.2 - ESTIMATIVA DE x
O valor do fator de ponderação x pode ser estimado pelo processo tentativa-erro. Assume-se
10.3.3 - ESTIMATIVA DE K
∆V
K=
∆[xA + (1 − x) D ] 10.6
O intervalo de tempo representado por K é equivalente ao tempo necessário para uma onda
de descarga elementar atravessar o trecho fluvial. Na ausência de dados de descargas, o
valor de K para canais naturais pode ser aproximado pelo quociente entre o comprimento do
trecho e a velocidade média do escoamento, multiplicada por um fator de correção C, o qual
varia com a forma do canal :
Triangular 1,33
x=0,3
14000
12000
10000
V (m3/s.dia)
8000
6000
4000
2000
0
0 1000 2000 3000 4000 5000 6000 7000
x.A+(1-x).D (m3/s)
x=0,2
14000
12000
10000
V (m3/s.dia)
8000
6000
4000
2000
0
0 1000 2000 3000 4000 5000 6000 7000
x.A+(1-x).D (m3/s)
x=0,1
14000
12000
10000
(m3/s.dia)
8000
6000
V
4000
2000
0
0 1000 2000 3000 4000 5000 6000 7000
x.A+(1-x).D (m 3/s)
V1 V
A1 + A2 + 2 − D1 = 2 2 + D2 10.7
∆t ∆t
Para uma solução iterativa dessa equação, na qual os termos do primeiro membro são
conhecidos e os do segundo membro são incógnitas, torna-se necessária uma segunda
equação relacionando volumes e defluências. Um exemplo dessa relação pode ser obtido a
partir da equação de descarga de um vertedor de soleira livre
Q = c l h3 2 10.8
onde :
Q = D = descarga defluente em m3/s
c = coeficiente de descarga (1,6 < c < 2,3)
l = largura do vertedor em m
h = nível d'água acima da crista do vertedor em m.
Engenharia de Recursos Hídricos – Notas de Aula Mauro Naghettini
108
Curva Cota-Volume :
Cota (m) Volume (106 m3) Cota (m) Volume (106 m3)
0 0 501 890
100 20 501,5 938
200 100 502 988
500 800 502,5 1043
500,5 845 503 1100
Hidrograma Afluente :
t (h) A (m3/s) t (h) A (m3/s) t (h) A (m3/s)
0 200 40 3240 80 1720
10 960 50 2860 90 1340
20 1720 60 2480 100 960
30 2480 70 2100 --- ---
Solução :
a) calcular as tabelas das relações auxiliares (i) e (ii) a partir da cota do NA máximo
normal de operação 500 m :
b) Tabela de Propagação
3500
3000
Descargas (m3/s)
2500
2000 Afluência
1500 Defluência
1000
500
0
0 20 40 60 80 100 120
Tempo (h)
Exercício : Solucionar o exemplo de aplicação para o caso da largura do vertedor ser 230 m
e seu coeficiente de descarga 1,95.
Ano P1 - mm P2 - mm P3 - mm P4 - mm
1970 1300 1400 1200 1100
1969 1500 1700 1450 1400
1968 1550 1710 1500 1420
1967 1100 1250 1050 980
1966 1300 1450 1180 1050
1965 1050 1200 980 910
1964 1350 1800 1250 1100
1963 1480 1900 1400 1300
1962 1550 2100 1420 1350
1961 910 1300 860 800
1960 1200 1700 1000 1000
P1
Escala : 1:1.000.000
P2 P3
P1 : 875 mm
P2 : 1360 mm
P3 : 1080 mm
P4 : 1510 mm
P4
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
1.50 1.50 1.20 1.40 1.00 1.40 2.00 2.50 3.00
0
.178 .11 0
.17 .321
.485
.271 .412 .500 .150
1.00
0.62
.257
1.40
.214
1.60 .390
1.75
velocidades puntuais (m/s)
.397
.380
5950 T 0.217
i=
( t + 26) 1.15 , sendo i em mm/h, t em min e T em anos.
Area : A=45 ha
A Ocupacao e uso do solo
20 % floresta, C= 0.20
70% pastagens, C= 0.45
10% varzea, C= 0.15
B
830 80
Perfil Longitudinal do Curso d'Agua A C h u v a d e P r o je t o
C u rv as A ltur a -D u ra ca o -F re q ue nc ia
) T=25 anos
m
Altitude (m )
m
( T=10 anos
a
820 v
u 40
h
C
e
d
a
r
tu
l
A
815 20
B
810 0
0 400 800 1200 0 20 40 60
Distancia da secao (m) Duracao (min)
Exercício 9 - Após um evento chuvoso de 3 horas de duração sôbre uma bacia de área de
2231 km2, foram observadas as descargas (em m3/s) listadas na tabela abaixo. Calcule o
hidrograma unitário, supondo que o escoamento base foi constante e igual a 600 m3/s.
Hora Dia 1 Dia 2 Dia 3 Hora Dia 1 Dia 2 Dia 3
3 600 4600 1700 15 8000 2700 900
6 650 4000 1500 18 7000 2400 800
9 6000 3500 1300 21 6100 2100 700
12 9500 3100 1100 24 5300 1900 600
5 30
4
Altura de Chuva Efetiva (mm)
Vazao unitaria (m3/s.mm)
20
3
10
0 0
0 4 8 12 16 0 1 2 3
Tempo (horas) Tempo (horas)
1 x
f ( x) = exp − ,
θ
0≤ x<∞
θ
X
Exercício 14 - Na tabela a seguir estão listadas as descargas médias diárias máximas anuais
observadas em um determinado posto fluviométrico.
a) Ajuste uma distribuição de probabilidades log-normal à amostra pelo método dos fatores
de frequência, plote os pontos e a reta de ajuste em papel apropriado e determine as vazões
que serão igualadas ou excedidas em um ano qualquer, em média uma vez a cada 10, 50,
100 e 500 anos.
b) Suponha que se tenha que construir uma ponte no local, cujo tabuleiro deve ter cota
mínima suficiente para permitir a passagem da cheia centenária. A equação da curva chave
desse posto é Q=10+40.h+15.h2, onde Q representa a vazão em m3/s e h é a leitura da régua
linimétrica em m. Determine a cota altimétrica mínima do tabuleiro da ponte.
Dados adicionais :
Parte 2
1. - RESERVATÓRIOS
1.1 - INTRODUÇÃO
Q Q3 > Q
impossível
Q
Q2 < Q
Meses
V2
Deflúvio
Acumulado
V1 Q2
Meses
NA
NAmxn
Meses
715 Altitude
(m)
710
710
705 705
700 2 4
Área (km , ha, 10 m )
2
715
Altitude
710 (m)
705 710
∆V700-705
700
705
V0 3 6 3
Volume (hm ou 10 m )
NA max NA max
NA mxn NA mxn
VU
VU
NA min NA min
VM VM
NA Máximo Normal de Operação (NA mxn) : cota máxima até a qual as águas se
elevam, nas condições normais de projeto. Corresponde à cota da crista vertente, no
caso de extravasor não controlado ou de crista livre, ou à cota da borda superior das
comportas, no caso de extravasor controlado.
NA Mínimo Normal de Operação (NA min) : cota mínima até a qual as águas
abaixam, em condições normais de operação. Corresponde à cota do conduto de saída
mais baixo da barragem ou à cota mínima capaz de permitir as melhores condições
operacionais de equipamentos como turbinas, de forma a evitar arrastamento de ar ou
formação de vórtices na tomada d'água.
Questões importantes:
• qual é a demanda a ser atendida ou a vazão a ser regularizada ?
• qual deve ser a capacidade (volume útil) de um reservatório, destinado a atender
uma demanda especificada (ou regularizar uma vazão especificada), com pequeno
risco de falha?
Exemplo :
Operação do Reservatório :
Se D < Qb ⇒ Qs = D
Qb
V Se D > Qb ⇒ Qs = Qb + (D-Qb)
Qs
Suprido pelo reservatório
D
6000
5000
4000
Q (10m3/s)
Demanda
3000
Vazao Bombeada
2000
1000
0
1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23
Tempo (h)
Precipitação Direta
[ Afluências + Precipitação ]
Afluências -
[ Evaporação + Demanda +
Evaporação Defluências + Vazão
Demanda Ecológica + Percolação ]
=
∆ Volume / ∆ t
Defluências + Vazão
Ecológica + Percolação
1.3.2.2 - Determinação do Volume Útil pelo Método Tabular (ex. de Linsley e Franzini)
A tabela a seguir apresenta os seguintes dados para uma seção onde se vai construir uma
barragem: vazões médias mensais, evaporação mensal medida em um tanque classe A,
os totais mensais de precipitação e as demandas mensais previstas. As vazões naturais
até o máximo de 125000 m3/mês devem ser liberadas para jusante. Supondo que a área a
ser inundada pelo reservatório é de 4 km2, qual deve ser o volume útil para atender as
demandas durante esse período crítico?
Mês Afluência Evapora- Precipi- Demanda Vazão Volume Volume Afluência Reserva-
103/mês ção tação 103/mês Liberada Evaporado Precipitado Coriigida tório
mm mm 103/mês 103/mês 103/mês 103/mês 103/mês
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
1.3.2.3 - Determinação do Volume Útil pelo Método Gráfico (Diagrama de Rippl, 1883)
2500
7
DEFLUVIOS ACUMULADOS (hm3 ou m3/s.mes)
6
2000
V2
5
1500
D2 (plurianual)
4
1000 3
V1
2 D1
500 1
0
0 20 40 60
MESES
observações :
a) declividade de 0 a 7 → vazão afluente média no período
b) a diferença de ordenadas é o volume escoado no período considerado
c) a tangente em qualquer ponto representa a vazão afluente no ∆t considerado
d) a vazão regularizada D1 (ou D2) é representada pela reta que passa pela origem e
com coeficiente angular D1 (ou D2)
e) Q min < D < Q med
f) trecho 0-1 → reservatório cheio e extravasando
g) trecho 1-2 → reservatório deplecionando (com insuficiente recuperação no período)
h) Ponto 2 → reservatório com acumulação mínima
i) trecho 2-3 → reservatório enchendo
j) Ponto 3 → reservatório cheio
A determinação do volume útil através do Diagrama de Rippl pode ser feita por 2
modos de regularização: ANUAL ou PLURIANUAL, de acordo com a demanda D.
• anual: o reservatório volta a encher a cada estação chuvosa e o volume útil é o
maior dentre os déficits anuais de armazenamento (eg : D1 na figura)
• plurianual: o reservatório pode exigir um intervalo de tempo maior do que o ano
para voltar ao NA máximo normal de operação. (eg : D2 na figura)
Desvantagens ;
• a demanda é considerada constante (pode ser adaptado para demandas variáveis)
• as afluências precisam ser corrigidas a priori, levando-se em conta a evaporação e a
precipitação
• não permite a estimação do risco de falha no atendimento da demanda.
Afluências com
Sedimentos
Delta
O peso específico das partículas sólidas depositadas varia com a idade dos depósitos e
com sua granulometria. Os pesos específicos de amostras secas de sedimentos retirados
de reservatórios variam de 640 a 1750 kg/m3, com um valor médio de 960 kg/m3 para
sedimentos recentes e 1280 kg/m3 para sedimentos antigos. Lane e Koelzer propõem a
expressão wt = w1 + K ln t , onde w1 é peso específico inicial (kg/m3), wt é o peso
específico (kg/m3) t anos depois e K é um coeficiente de consolidação que varia com a
depleção do reservatório e a granulometria do sedimento (para depleções pouco
significativas K≈0,25 para argila, K≈0,10 para silte e K≈0,0 para areia).
100
Sedi ment o Ret i do ( %)
80
curva mediana
60
40
curvas envoltorias
20
0
0.001 0.010 0.100 1.000 10.000
Capacidade / Defluvio Anual
Para que um reservatório fique totalmente assoreado, pode ser necessário um tempo
bastante longo. Na prática, a vida útil de um reservatório termina quando o volume
assoreado impede o seu funcionamento normal.
O assoreamento não pode ser evitado, mas pode ser retardado por meio de outras
medidas, tais como:
• melhores técnicas de conservação do solo na bacia de drenagem, entre as quais
podem ser citadas o reflorestamento, o cultivo e a aração em curvas de nível e a
construção de pequenas barragens de retenção nas ravinas.
• incorporação à barragem de órgãos de descarga parcial dos sedimentos depositados
ou em suspensão, como por exemplo válvulas de fundo, condutos e comportas
instaladas em diferentes cotas, abaixo do NA máximo normal de operação.
NA max
As barragens, principalmente as
de terra, necessitam ter uma
h
h0 BORDA LIVRE, acima do NA
de sobrelevação da cheia de
projeto, para conter a
ARREBENTAÇÃO DAS
ONDAS DEVIDAS À AÇÃO
DO VENTO.
1, 06
Fórmula de Saville et al. (1962) : h0 = 0,005Vv F 0, 47
d3
d4
d1
d2
d5 n
θ5 ∑d
i =1
i cos θ i
d6 F= n
∑ cosθ
i =1
i
d7
ilha
d8
d9
Velocidade do Vento :
Exercicios Propostos
cidade
estação de
Qn bombeamento
canal
Qj
descarregador de fundo
Quando da análise da localização dos postos, verificou-se que não existem dados fluviométricos
e pluviométricos no interior da bacia A, em estudo. Entretanto, esses dados existem para uma
outra bacia B, cujas características climáticas e geomorfológicas são semelhantes às da bacia A.
A área de drenagem da bacia B é duas vezes maior que a área da bacia A . O hidrograma de
vazões naturais da bacia B está apresentado na Figura 2.
100
90
Vazões Naturais (m3/s)
80
70
60
50 Bacia B
40
30 Média =
20 40 m3/s
10
0
0 20 40 60
Tempo
Pergunta-se :
a) com a construção da barragem, o rio terá condições de atender à demanda máxima do ano
2030 e à vazão a ser mantida para jusante (Qj)? Justifique sua resposta.
b) haverá risco do canal transbordar quando ele estiver escoando a demanda máxima prevista
para o ano 2030, dado que a solução recomendada mantem a mesma seção e declividade da
situação atual? Justifique sua resposta.
Dados adicionais :
S
Fórmula de Manning : Q = A R 2 3 onde Q é a vazão, n é o coeficiente de rugosidade, A é
n
a área molhada, R é o raio hidráulico e S é a declividade do fundo do canal, em unidades
métricas.
Dados adicionais :
- contribuição específica de sedimentos : qs = 421 m3 / km2 .ano
- vertedouro com 5 vãos de 7m de largura cada
Diagrama de Rippl
6000
3/s)
5000
uladas(m
4000
ensaisAcum
3000
escargasM
2000
D
1000
0
10 30 50
20 40 60
Mes
610
600
etrica(m)
590
otaAltim
580
C
570
560
550
Exercício 5 - Calcular a vida útil do reservatório da UHE Tres Marias, cujo eixo no Rio
São Francisco drena uma área de 50600 km2, a partir dos dados obtidos nos quatro
postos sedimentométricos situados a montante e indicados no esquema a seguir :
Rio Borrachudo
3
1 Rio Paraopeba
2
Rio Indaia'
N
S
Rio S. Francisco
Rio Para'
A descarga média de longo período afluente a Tres Marias é 732 m3/s e o volume total
do reservatório no NA máximo normal de operação (cota 568 m) é de 19252 . 106 m3.
100
Sedi ment o Ret i do ( %)
80
curva mediana
60
40
curvas envoltorias
20
0
0.001 0.010 0.100 1.000 10.000
Capacidade / Defluvio Anual
2. - BARRAGENS
A primeira barragem da qual se tem notícia foi construída no rio Nilo, por volta de 4000
AC. Segundo o historiador Heródoto, atribui-se, a construção dessa barragem, a Menes,
unificador dos reinos do alto e baixo Nilo e rei da primeira dinastia egípcia. A
barragem, denominada El Kafara, era de pedra bruta e se localizava em Kosheish, a 20
km a montante da antiga cidade planejada de Mênfis, para protegê-la das inundações de
alguns afluentes do rio Nilo. A barragem mais antiga, ainda em operação, é a de
Almanza, localizada na província espanhola de Albacete. Essa barragem, em forma de
arco, foi construída em alvenaria de pedra bruta, tendo iniciada a sua operação em 1384
e reformada em 1736.
As barragens classificam-se, por sua função estrutural, ou por sua forma ou ainda pelo
tipo de material empregado em sua construção, em :
• BARRAGENS DE GRAVIDADE
• BARRAGENS EM ARCO
• BARRAGENS DE CONTRAFORTES; e
• BARRAGENS DE TERRA.
G concreto ou alvenaria
de pedra bruta
A concreto
C concreto
A seleção do tipo de barragem mais adequado para uma determinada seção fluvial é um
problema de viabilidade técnica e de custo. A solução técnica depende principalmente
da topografia, clima e geologia locais. O custo relativo dos vários tipos de barragens
depende principalmente da disponibilidade dos materiais de construção na área próxima
ao local e da acessibilidade para seu transporte.
As principais forças atuantes sobre uma barragem são: a gravidade (peso próprio da
barragem), o empuxo hidrostático e a força devida à pressão ascensional exercida pelo
escoamento da água pela sua base. Os esforços resultantes são transmitidos ao terreno
sobre o qual se assenta a barragem, o qual reage com tensões iguais e contrárias.
Friant
EUA (USBR)
Grande Dixenxe
Suiça (GD)
Brasil (CEMIG)
Detalhes Construtivos :
Escoamento ensecadeira
pelo leito do rio Escoamento
(A) pelos condutos de
descarga
Trecho pronto
obra da barragem
ensecadeira
Monticello
EUA (USBR)
Fragma
Itália (ENEL)
Funil
Brasil (Furnas)
Detalhes Construtivos :
• Concretagem : o concreto deve ser lançado do mesmo modo que o descrito para as
barragens de gravidade. Os blocos, entretanto, tem altura de cerca de 3 m, podendo
chegar a 6 m nas camadas superiores de menor espessura. As juntas entre os blocos
devem ser radiais e longitudinais, com guarnições de vedação.
• Fundações : as escavações para as fundações e nas vertentes do vale devem atingir
a rocha sã. As superfícies de apoio nas vertentes devem ser perpendiculares ao eixo
do arco. Fendas e cavidades devem ser preenchidas com argamassa fina de cimento.
Uma barragem de contrafortes consiste em uma placa inclinada que transmite o empuxo
da água a uma série de contrafortes perpendiculares ao eixo da barragem. Os tipos mais
comuns são os de laje plana e os de arcos múltiplos. No primeiro caso, a barragem é
constituída de lajes planas de concreto armado e, no segundo, de superfícies em arco,
também de concreto armado, as quais permitem uma maior distância entre os
contrafortes, pela ação estrutural dos arcos. As barragens de contrafortes gastam
entre1/3 a 1/2 do concreto necessário para a construção de uma barragem de gravidade
de mesma altura. Entretanto, gastam muito mais formas e aço.
Manicouagan-5
Canadá (Hydro-Québec).
Tahoe
EUA (USBR)
Bartlett
EUA (USBR)
Detalhes Construtivos :
Nova Ponte
Brasil (CEMIG)
Euclides da Cunha
Brasil (CESP)
Três Marias
Brasil (CEMIG)
As barragens de terra mais antigas são simples aterros homogêneos, sem nenhum
zoneamento do material empregado em sua construção. Uma variante é representada
pelos diques simples zonados, os quais dispõem de uma zona central constituída de
material selecionado relativamente impermeável, seguida de zonas de transição dos dois
lados, para garantia de estabilidade. O objetivo de se criar um núcleo relativamente
impermeável é o de diminuir a velocidade de percolação da água pelo interior do
maciço e, assim, impedir a erosão tubular regressiva a partir do paramento de jusante. É
usual utilizar-se uma mistura de argila, areia e pedregulhos finos para a composição do
núcleo. As zonas externas podem ser de material mais permeável, de granulometria
suficiente para garantir a estabilidade do maciço. Os outros tipos de barragens de terra
são semelhantes aos anteriores, diferindo para os casos em que a barragem se assenta
sobre terreno permeável ou impermeável.
areia-silte pedregulho
- areia
1:2 0. 1:2
argila
silte silte
transiçào transiçào
camada permeável
Terreno impermeável
1 : 2,5
1:3 pedregulho
- areia 1:4
argila
Terreno permeável
Cortina de vedação de
concreto
Aterro Hidráulico : utiliza a água como meio de transporte do material até a seção em
que será usado. O material é lançado através de tubos perfurados; os de maior
granulometria depositam-se logo após a descarga e os finos são carreados para um
represamento sobre o núcleo central. O resultado é um aterro zonado com um núcleo
relativamente impermeável.
tubulação
núcleo
A altura de uma barragem de terra é a distância vertical entre o terreno que a recebe e a
superfície d'água do reservatório, considerada a sobrelevação devida à propagação da
cheia de projeto e a borda livre de segurança.
Largura do Coroamento :
A largura do coroamento deve ser suficiente para fazer com que a superfície freática
superior mantenha-se no interior do maciço, com o NA do reservatório em seu
máximo. O United States Bureau of Reclamation recomenda a seguinte fórmula
empírica:
H
L= +3
5
onde L é largura do coroamento (m) e H é a altura da barragem (m).
Percolação :
A percolação pode ser reduzida através de uma base muito larga, ou por uma cobertura
relativamente impermeável a montante, ou por um núcleo de argila, ou por um
diafragma de concreto, ou, ainda, por um filtro de areia no interior do maciço. A
percolação sob o aterro pode ser reduzida por meio de um tapete impermeável a
montante ou por um conjunto de estacas de concreto como prolongamentos do núcleo.
Com alguma freqüência, podem ser utilizados os filtros de pé, constituídos de brita e
pedregulho grosso, para os quais convergem as águas percoladas, sendo, em seguida,
drenadas para algum ponto onde possam ser lançadas sem causar danos.
O volume das águas percoladas é calculado por uma rede de fluxo, a qual consiste no
diagrama das linhas de igual carga hidráulica, ou linhas equipotenciais, e das linhas de
fluxo ou de corrente, as quais devem ser aproximadamenteperpendiculares entre si.
Essas linhas são traçadas de tal forma que a vazão entre cada par de linhas de fluxo seja
constante e que a perda de carga entre duas equipotenciais seja a mesma, formando,
dessa forma, uma série de pequenos quadrados, tal como ilustrado na figura abaixo.
Linha equipotencial
Linha de fluxo
brita
O talude de montante de uma barragem de terra deve ser protegido contra a ação
erosiva de ondas por uma camada de rip-rap ou de concreto. O talude de jusante, por
estar sujeito à erosão pela chuva, deve ser recoberto por grama.
Vista aérea :
Planta:
Vista do vertedor:
VISTA DE JUSANTE
AS 10 MAIORES BARRAGENS DO MUNDO (Fonte : Water Power & Dam Construction, 1982)
EM ALTURA
Ordem Nome País Altura (m)
1 Rogun Rússia 335
2 Nurek Rússia 300
3 Grande Dixence Suiça 285
4 Inguri Rússia 272
5 Boruca Costa Rica 267
6 Vaiont Itália 262
7 Chicoasen México 261
8 Tehri Índia 261
9 Kishau Índia 253
10 Sayano-Shushensk Rússia 245
EM VOLUME DE BARRAGEM
Ordem Nome País Volume (103 m3)
1 Syncrude Tailings Canadá 540000
2 Chapetón Argentina 296200
3 Pati Argentina 238180
4 New Cornelia EUA 209500
5 Tarbela Paquistão 153000
6 Fort Peck EUA 96050
7 Lower Usuma Nigéria 93000
8 Cipasang Indonésia 90000
9 Ataturk Turquia 84500
10 Guri Venezuela 77971
EM VOLUME DE RESERVATÓRIO
Ordem Nome País Volume (106 m3)
1 Bratsk Rússia 169270
2 Assuan Egito 168900
3 Kariba Zimbabwe/Zâmbia 160368
4 Akosombo Gana 148000
5 Daniel Johnson Canadá 141852
6 Guri Venezuela 138000
7 Krasnoyarsk Rússia 73300
8 Bennett Canadá 70309
9 Zeya Rússia 68400
10 Cabora Bassa Moçambique 63000
Exercício Propostos
Exercício 1 - A crista de uma barragem está na cota 500 m, com 0,65 m de borda livre
acima do NA máximo-maximorum, o qual engloba a sobrelevação devida à propagação
da cheia de projeto. O vertedor dessa barragem tem 5 vãos de 7m de largura e 9m de
altura e o seu coeficiente de descarga é c=2,10. Sabendo que a descarga máxima
defluente é 2101 m3/s, pergunta-se :
a) qual é a cota do NA máximo normal de operação?
b) na estação chuvosa do ano hidrológico de 1977/78, a operação prevista para a
segunda quinzena de Dezembro era a de alocar um volume de espera, correspondente a
um NA 5 metros acima da soleira do vertedor. Qual era o NA em 16 de Dezembro de
1977 ?
Exercício 2 - Dados os croquis das seções fluviais abaixo, indique o(s) tipo(s) de
barragem, dentre gravidade, contraforte, arco ou terra-enrocamento, apropriado(s) a
cada caso. Justifique sucintamente a sua escolha.
crista
rocha rocha
crista
rocha
rocha
crista
rocha
aluvião
crista
rocha aluvião
3.1 - EXTRAVASORES
Trata-se de uma seção de barragem projetada para permitir a passagem livre da água por
sobre sua crista. Diversos tipos de soleiras são empregados. No caso de grandes
barragens, o perfil deve ser tal que o escoamento se processe suavemente, com um
mínimo de turbulência, para que não haja descolamento da veia líquida e conseqüente
possibilidade de cavitação. O extravasor ideal deve ter a mesma forma da face inferior
da veia líquida que escoa por sobre um vertedor de soleira delgada em sua carga
máxima h (Figura a). Esse extravasor é chamado de soleira padrão (Figura b). Estudos
experimentais mostraram que algumas modificações efetuadas no parte de montante
tornam o vertedor em ogiva próximo do ideal (Figura c). As conseqüências de uma
carga hidráulica, ou seja, a de uma vazão superior à de projeto, encontram-se ilustradas
esquematicamente na Figura d.
>h
h h
Hd
a A vazão de um extravasor-vertedor é
x
dada por
R1
R2 1,85 0,85 Q = c l h3 2
x =2 yh
b
Q=vazão em m3/s
y a=0,175.h b= 0,282.h c=coeficiente de descarga (1,65<c<2,25)
R1=0,50.h R2=0,20.h l=largura do vertedor em m
(c) h=carga hidráulica em m
O coeficiente de descarga c
h´/Hd = 0
varia com o tipo de soleira,
= 1,5
possuindo valores maiores 2,2
para a soleira padrão, e = 2,0
também com o valor da carga
hidráulica. Geralmente, os 2,0
valores de c são determinados
através de ensaios em h´ = carga de projeto
modelos reduzidos, sob
diversas condições. 1,8
0 0,5 1 h/h'
Protótipo :
Modelo :
No extravasor canal, a água escoa sobre a crista da soleira, sem jorrar, indo para um
canal aberto de grande declividade, algumas vezes denominado rápido. As lajes de
concreto armado têm espessura de 25 a 50 cm e tem encaixes com juntas de dilatação.
Recomenda-se a instalação de
Curvatura drenos para recolher a água de
suave infiltração e evitar o
aparecimento de pressões
ascensionais. Em geral, o canal
Lajes de concreto
com juntas de
tem largura constante, com
dilatação de 10 curvas suaves e declividade
em 10 m suficientemente grande para
evitar que a veia líquida se
Drenos em valetas de brita descole do fundo. Pode ser
construído dentro ou fora do
corpo da barragem.
Trata-se de um tipo de extravasor no qual as águas, após passarem sem jorrar sobre a
soleira, vão escoar em um canal lateral. É usado em vales estreitos onde não se dispõe
de comprimento suficiente para a construção de extravasores-vertedores ou do tipo
canal (ver o item 3.1.5).
Barragem de terra - cota da crista 160m Nesse caso, a água escoa verticalmente por
200 um poço indo ter a um conduto horizontal
Canal de desvio 160 que a conduz através da própria barragem,
120 se essa for construída em concreto, ou
80
40 abaixo das fundações da barragem. É uma
40
solução muito usada onde não há espaço
80 para a construção de outros tipos de
120
160
extravasores. Não se recomenda passar a
200 galeria horizontal por dentro de uma
Tampão
barragem de terra. A galeria deve passar
pelo subsolo abaixo das fundações ou em
145 alguns casos pelas ombreiras.
Normalmente, em barragens de maior
porte, a entrada do extravasor possui
formas suaves e arredondadas, conhecida
como "tulipa". Em geral, o tubo vertical é
construido em concreto armado e o
horizontal é escavado em rocha. Para
impedir a entrada de corpos e detritos
flutuantes, usam-se grades de proteção.
h h' h"
ht=y+h"
y
3.2.1 - PRANCHÕES
escora
Vedação de
borracha
Lado de
Jusante
São comportas planas, construídas em aço, que deslizam em guias verticais colocadas
em pilares sobre as soleiras dos extravasores. Suas dimensões são limitadas pelo atrito
nas guias devido ao empuxo e por isso são empregadas em pequenas estruturas. Uma
variante alternativa é a comporta Stoney, a qual possui roletes livres entre a comporta
e as guias. Outra variante é a comporta de rodízios, os quais, são fixos à comporta e
deslizam sobre trilhos a jusante das guias. As comportas de rodízios podem ser usadas
em grandes estruturas; nesse caso, devido à necessidade de muito espaço livre acima das
comportas para o seu erguimento, elas são geralmente feitas em duas seções horizontais,
erguendo e afastando a superior, antes de alçar a inferior.
Guincho
A comporta segmento é constituída de um
paramento em forma de um segmento
cilíndrico, montado em uma estrutura de aço, a
Passarela
cabo entre os qual gira em torno de um munhão colocado
pilares
próximo à face de jusante dos pilares, acima da
soleira do vertedor. O seu acionamento pode ser
munhão feito através de cabos presos à comporta e a
guinchos mecânicos ou manuais instalados em
uma passarela entre os vãos dos pilares. Tiras de
borracha fazem a vedação entre os pilares e a
comporta, bem como entre essa e a soleira.
Exemplos :
Articulado e
Setor de cilindro ôco
São setores de cilindro que, quando se
vedado abaixam para abrir o vão, inserem-se em uma
vedado depressão estanque construída na soleira do
vertedor. Quando se permite a entrada de
água nessa depressão, a comporta, que é ôca,
é forçada a elevar-se por flutuação e fecha o
a vão (Fig. a).
São condutos ou túneis que atravessam a barragem, se essa for construida em concreto,
ou as ombreiras da barragem, se essa for de terra ou enrocamento. A função dos
condutos de descarga é descarregar para jusante parte do volume acumulado abaixo da
crista da soleira de um eventual vertedor de superfície, quando esse existir.
Caso seja imprescindível que o conduto
L atravesse uma barragem de terra,
aro recomenda-se que ele possua aros
x salientes para evitar ou dificultar a
percolação ao longo da face externa do
Comporta vertical conduto. Em geral, recomenda-se que o
comprimento de percurso seja
aumentado, através dos aros, em pelo
Percurso das águas de menos 25% do comprimento do
percolação conduto, ou seja Nx>0,25L, onde N é o
número de aros e x seu comprimento.
y
Descolamento da
veia líquida
x
Depressão e
possível cavitação
A não ser que façam parte integrante da barragem, devem ser previstas as tomadas
d'água nas entradas dos condutos de retirada de água do reservatório. Sua função é
permitir a retirada de água em qualquer nível dentro de uma faixa de variação pré-
fixada. Além disso, as tomadas d'água são usadas também para proteger a entrada do
conduto contra obstruções, ondas e correntes. Variam desde um simples bloco de
concreto, no qual se ancora a extremidade de um tubo, até as torres de tomada d'água, a
depender das finalidades e características do reservatório, bem como da capacidade
necessária.
Grade
São as mais econômicas e usadas em
Junta
pequenas obras. Como não interferem com a
flexível navegação, são recomendadas para captação
de água em rios. Sua principal desvantagem
FoFo
é a falta de acesso para reparos e
manutenção. Devem ser posicionadas em
pontos que, futuramente, não venham a ser
cobertos, por depósitos de sedimentos.
Nos casos em que ocorre ou se permite grande variação dos níveis d'água, em geral
recomenda-se a utilização de tomadas d'água em forma de torre. Essas dispõem de
aberturas em várias cotas que permitem a regulação das vazões e possibilitam um certo
controle da qualidade da água a ser retirada. Em alguns reservatórios destinados a
abastecimento de água potável, as mudanças climáticas podem provocar alterações
bruscas na estratificação térmica vertical do lago e, conseqüentemente, na variação da
qualidade da água com a profundidade. Nesses casos, as torres de tomada d'água, com
aberturas em diversos níveis, podem possibilitar uma certa seleção da qualidade da água
a ser retirada do reservatório.
As entradas das tomadas d'água e dos condutos de descarga devem dispor de grades de
proteção contra detritos. Em geral, são barras de aço distanciadas entre si de 5 a 15 cm,
sobre as quais os detritos se depositam; esses são retirados das grades periodicamente.
Existem alguns tipos de grades que são carregadas eletricamente para dificultar a
entrada de peixes nos condutos.
3.3.5 - ADUFAS
A válvula de agulha é usada para regular vazões e, quando conveniente, para formar os
jatos para as turbinas de ação (bicos injetores de turbinas do tipo Pelton). Consiste em 3
câmaras cheias de água nas quais a pressão pode variar. Com referência à figura que se
segue, as câmaras A e C são interligadas de modo que a pressão, em cada uma delas,
seja a mesma. A válvula se abre com o aumento da pressão em B, abaixando-a em A e
C, de modo a forçar a agulha para a esquerda. Para fechar a válvula, conecta-se a
câmara B com a atmosfera, aumentando-se a pressão em A e C. O diâmetro de saída das
válvulas de agulha pode variar de 10 a 270 cm.
B C
Abas de fixação A
Quando instaladas nas saídas dos condutos de descarga, as válvulas de agulha lançam
seus jatos com muita energia cinética, podendo provocar erosão a jusante. As válvulas
de jato divergente dissipam parte da energia, por meio da dispersão do escoamento
sobre uma grande área. Consiste em um cilindro fixo, envolto por outro cilindro móvel.
No cilindro fixo, adapta-se um cone com o vértice voltado para o lado de montante. A
vazão é regulada pelas aberturas do cilindro móvel. Os diâmetros para esse tipo de
válvula variam de 60 a 240 cm.
Cilindro móvel
4.1 - Introdução
1
Q NA res
2 Crista
(m3/s) (m)
3 NA máx. max.
4 NA mxn
NA normal
NA mín.
Q1
5
H
NAmxn
H : sobrelevação máxima
Q1 : descarga vertida no NAmxn
A não ser em casos particulares, nos arranjos de estudos de inventário somente deverão
ser utilizados vertedores do tipo de superfície controlados por comportas segmento ou
vertedores livres de superfície (soleira vertente).
Deverão ser evitados vertedores de emergência fusível ou outros visando reduzir a
capacidade requerida dos vertedores principais. Não se recomenda, da mesma forma,
posicionar o vertedor entre as unidades da casa de força, ou sobre a mesma.
A escolha do tipo de vertedor e sua localização dependerá da concepção do arranjo
geral, do tipo de desvio e das características geológicas do local.
O vertedor de ogiva alta é composto por uma soleira vertente, de altura significativa,
controlada ou não por comportas do tipo segmento, e um dissipador de energia. É
utilizado, em geral, em aproveitamentos com barragens de altura média e serve como
estrutura de desvio — através de adufas colocadas em seu corpo.
O vertedor de ogiva baixa é composto por uma soleira vertente baixa, controlada ou não
por comportas do tipo segmento, e um dissipador de energia. É utilizado, em geral, em
aproveitamentos com barragens baixas e pode servir como estrutura de desvio do rio.
O vertedor de encosta é composto por uma pequena soleira vertente, seguida de uma
calha e um dissipador de energia. Pode ser controlado ou não por comportas do tipo
segmento. É utilizado, em geral, em aproveitamentos com barragens altas de aterro
fechando a totalidade da seção do vale e com desvio do rio por túneis ou galerias. São
colocados de forma a aproveitar ou não a existência de um meandro do rio.
O escoamento pelo vertedor possui uma energia muito elevada que deve ser dissipada de forma eficiente
no menor trecho possível, principalmente para evitar danos em estruturas do próprio aproveitamento. A
dificuldade na dissipação de energia, sob o ponto de vista hidráulico, depende da vazão específica —
vazão por metro de largura do vertedor — e uma forma de minimizá-la é aumentar a estrutura de
dissipação, ou ainda diminuir a altura das comportas, com o conseqüente aumento na largura. Existem
vários tipos de dissipadores de energia. A seleção deverá levar em conta principalmente o tipo de
vertedor, os parâmetros hidráulicos de projeto e as condições geológicas locais. É usual recomendar-se a
utilização de dissipadores do tipo bacia de dissipação ou salto de esqui.A bacia de dissipação é
recomendada em local com condições geológicas pouco favoráveis.O salto de esqui, onde a dissipação da
energia é feita por impacto do jato na bacia de amortecimento, exige material mais resistente na bacia
para minimizar a profundidade do poço de erosão no ponto de impacto do jato. Neste tipo de dissipador
pode-se amenizar o efeito do impacto do jato através da diminuição da vazão específica ou produzindo-se
uma boa dispersão e aeração do jato. Na bacia de dissipação (Figura abaixo) a determinação da
profundidade é iterativa e baseada no número de Froude na entrada dela, para a vazão de cheia centenária.
Arbitra-se, inicialmente, uma cota para o fundo da bacia de dissipação e verifica-se a adequação do valor
arbitrado, calculando a velocidade, a profundidade do escoamento e o número de Froude antes do ressalto
hidráulico, a profundidade do escoamento após o ressalto e, finalmente, a cota do fundo da bacia. Caso
este valor calculado difira do arbitrado inicialmente, os cálculos deverão ser refeitos até ser atingida a
precisão desejada. É aconselhável que o número de Froude fique entre 4,5 e 9,0, pois nesta faixa o
ressalto é estável, bem definido e menos sensível à variação do nível d’água de jusante (Chow, 1959).
Para aumentar o número de Froude para 4,5 pode-se, por exemplo, abaixar o fundo da bacia de dissipação
além do resultado pelo cálculo acima. Para diminuir o número de Froude para 9,0 pode-se, por exemplo,
estreitar a largura da bacia de dissipação, sempre que as condições econômicas o permitirem.
No caso de salto de esqui, a sua seção transversal é formada por uma curva circular, com raio de 3 vezes a
profundidade da lâmina de água, tangente à calha e terminando em um ângulo com a horizontal de 25,8°.
Admite-se a cota da soleira do salto de esqui acima do nível d’água máximo do canal de restituição para a
vazão centenária. A largura da estrutura dissipadora de energia é a mesma da calha, exceto no caso de se
desejar adequar bacia de dissipação com número de Froude superior a 9,0. A altura das muros laterais ao
longo do paramento de jusante e do salto de esqui deverá ser igual a 1,6 vezes a profundidade do
escoamento para compensar o emulsionamento da lâmina d’água. Na bacia de dissipação a altura é fixada
acima da profundidade a jusante do ressalto. Esses muros são do tipo a gravidade ou estão ancorados na
rocha, com espessura mínima de 1,0 m e com paramento externo com 0,5H:1V quando não engastados na
rocha.
= −k , onde
yc n Ho Ho
y x
= − k Ho : altura de projeto,
P H0 H0 va : velocidade de aproximação
xc forma ha : carga cinética ( va2 / 2g )
arredondada va = Q / L ( P + ho )
k , n , xc , yc = f ( ha / Ho )
n ≈ 1,85
Ho = ho + ha, k ≈ 0,5
comporta
segmento de
altura H1.
Q
Vertedor "Tulipa"
d
H x Perfil para evitar o descolamento da lâmina :
1,87
z x
= 0,608
z H H
Descarga : Q = c . π . d . H3/2
Q = µ . F . 2gh
h
F : área do orifício
µ : depende da forma do orifício
(retangular : 0,4 ≤ µ ≤ 0,6)
Causas
ocorrência de cheias excepcionais
naturais
outras causas
Diretos Indiretos
• Método Direto
• Método Indireto
Frequência
Relativa (%)
Método Direto
30
20
10
Método Indireto
1960 69 70 1980
14000
12000
10000
Vazão Média (m3/s)
8000
6000
4000
2000
0
1 10 100 1000 10000
Te m p o d e R e to r n o (a n o s )
1 d ia 5 d ia s 1 0 d ia s 1 5 d ia s
3 0 d ia s 6 0 d ia s
12000
10000
8000
Descarga (m3/s)
6000
4000
2000
0
0 10 20 30 40 50 60
Dias
• Análise climatológica
• Análise dos processos de formação das precipitações sobre a região em estudo.
• Análise de fontes de umidade, sistemas frontais, direção predominante de transporte
do ar úmido e barreiras orográficas.
• Análise das séries históricas de precipitações.
• Análise das séries históricas das temperaturas de ponto de orvalho.
• Traçado de mapas isoietais de eventos chuvosos críticos para diversas durações.
• Cálculo das massas de vapor d'água efetivamente precipitável ao longo de uma
coluna de ar atmosférico, em conformidade com as respectivas temperaturas
máximas de ponto de orvalho, persistentes por 12 horas, associadas a eventos
críticos e eventos hipotéticos.
• Maximização dos eventos críticos pela razão entre as massas de vapor d'água
efetivamente precipitável associadas a eventos críticos e eventos hipotéticos.
∆P
P = KV12 W12 − 12 W34 , onde
∆P34
∆P
We = W12 − 12 W34 é a massa de vapor d’água efetivamente precipitável.
∆P34
W12 é a massa de vapor d'água contida numa coluna de ar, em uma atmosfera saturada,
desde o nível P1 até P2, a qual é função das temperaturas do ponto de orvalho Td (° C) e
pressões nos níveis 1 e 2, sendo calculada pela seguinte expressão :
1 n−2 1 *
W12 = ∑ (
g i =1 2
)
ri + ri*+1 ∆P , onde
e * (Td )
*
r = 0,622 representa a razão de mistura de saturação, e* a pressão de vapor
p − e (Td )
*
PMP = f PH , onde
We (TdM , P0 )
f denota o fator ou razão de maximização, dada por f = .
We (TdH , P0 )
b) O Modelo HSP-II
• Sequência dos meses mais chuvosos para todos os segmentos em que a bacia foi
dividida.
• Inserção da PMP sobre cada segmento, dentro da sequência dos meses mais
chuvosos.
• Simulação hidrológica da PMP utilizando-se o modelo já previamente calibrado,
obtendo-se assim a EMP.
• Propagação da EMP através do reservatório, considerando-se dimensões
preliminares do vertedor e até que a sobrelevação esteja dentro de limites aceitáveis.
5. CONTROLE DE CHEIAS
5.1 Generalidades
A magnitude de uma cheia pode ser avaliada a curto prazo, tarefa que se denomina
previsão de vazões, ou a longo prazo denominando-se, nesse caso, pré-determinação
de vazões. A previsão a curto prazo estabelece não só o valor como também quando
ocorrerá a cheia. A previsão prescinde de sistemas de telemetria e comunicação, além
de um modelo chuva-vazão calibrado para a bacia em questão. Trata-se de um
instrumento valioso para a definição de regras operacionais para reservatórios, bem
como para a tomada de decisões quanto às providências emergenciais para a atenuação
dos danos provocados por enchentes. A pré-determinação a longo prazo quantifica a
probabilidade de excedência de uma determinada cheia, sem precisar a data de sua
ocorrência.
Comentários :
a) Após analisarem a série de 94 anos do posto fluviométrico de Hartford (EUA) até
1934, Hoyt & Langbein (1955) ajustaram uma distribuição de probabilidades à
amostra e concluíram que cotas iguais ou superiores a 32 pés seriam muito raras,
com tempo de retorno de 300 anos. Em 1936, a cota foi de 38 pés e em 1938 de 35
pés.
b) O rio Itajaí em Blumenau, cuja série de 48 anos (1935 a 1982) não apresentava
nenhuma cota superior a 14 m, elevou-se em 1983 e 1984 a níveis superiores a 15
m.
c) "As magnitudes das cheias sempre aumentam com o tempo de retorno, mas
aumentam até um limite definido e não até o infinito" (Horton, 1930). Os
hidrometeorologistas desenvolveram estudos buscando definir a máxima
precipitação possível de ocorrer sobre uma dada área. A limitação de dados
conduziu esses estudos para a Precipitação Máxima Provável (PMP). Em 1941,
estimou-se a PMP para a bacia do rio Ohio, cujo valor foi ultrapassado pelo evento
hidrometeorológico associado à enchente de 1942.
d) "É um erro imaginar que a ocorrência seqüencial de grandes cheias significa que
essas estejam aumentando com o tempo ou que sejam conseqüência de modificações
substanciais na bacia. Essas modificações podem ter efeito sobre as enchentes de
freqüência média ou pequena, mas terão efeito pequeno sobre as enchentes raras."
(Tucci, 1987).
1936: Foi aprovada uma lei, de abrangência nacional, sobre o controle de cheias. A
federação assumia a responsabilidade pelo programa de implantação de medidas
estruturais. Não era necessário verificar as relações benefício-custo para justificar a
proteção das áreas sujeitas a inundações. Como conseqüência, aceleraram-se a ocupação
e o desenvolvimento das planícies de inundação. De 1936 a 1966, foram gastos 7
bilhões de dólares em obras e serviços. Apesar disso, durante esse período, os prejuízos
causados por enchentes aumentaram até alcançar a cifra de 1 bilhão de dólares por ano.
1973: Foi aprovada uma lei sobre proteção de cheias, enfatizando as medidas não
estruturais, entre as quais, podem ser citadas a exigência de seguro contra enchentes, a
regulamentação de uso da terra e proteção de novas estruturas, dentro do leito ocupado
pela cheia de tempo de retorno 100 anos.
Tempo (dias)
pelo menos 1/3 da área de drenagem deve estar controlada por um ou mais
reservatórios. Apesar de não se poder prescrever regras gerais, geralmente os estudos
econômicos favorecem diversos pequenos reservatórios, a despeito de sua menor
eficiência, em contraposição a um único reservatório de grande porte.
Operação de reservatórios
Na situação idealizada, descrita no início do item 5.3.1, a operação do reservatório
visaria unicamente a limitação da capacidade de jusante, para o caso de uma cheia
isolada. Se o volume da cheia tivesse excedido a capacidade de armazenamento do
reservatório, a operação não poderia ser tão simples. Além disso, se uma segunda cheia
ocorresse quando o reservatório estivesse cheio, o efeito poderia ser até o de piorar as
conseqüências dessa segunda cheia. A incerteza quanto às próximas vazões afluentes,
durante a ocorrência de uma cheia, assim como a necessidade de reservar uma parte do
volume para atenuar uma eventual segunda cheia, mostram que um reservatório não é
capaz de proporcionar uma eficiência completa. Uma medida indispensável ao
planejamento da operação de um reservatório é um sistema de previsão de vazões,
incluindo a instalação, na bacia de controle, de uma rede telemétrica de monitoramento
pluvio-fluviométrico, combinada a um modelo de previsão.
Tipos de Reservatórios
Um reservatório de acumulação dispõe de comportas e válvulas, as quais são operadas
conforme uma regra definida e de forma a permitir uma rápida depleção do nível d'água,
antes e/ou depois de uma cheia. Por outro lado, um reservatório de retardamento
dispõe de dispositivos permanentes de descarga, sem comportas, os quais regulam
automaticamente a vazão defluente, de acordo com o volume armazenado. A descarga
se dá por um grande extravasor ou por diversos condutos de descarga desprovidos de
comportas.
Diques
Os diques marginais são barragens de terra, geralmente construídas com material
escavado das valas de empréstimo próximas ao rio. O material escavado é depositado
em camadas e compactado, de forma que o material menos permeável fique do lado em
contato com a água. Em geral, como o material apropriado para a construção de um
núcleo impermeável não está disponível na maioria dos casos, muitos diques são aterros
homogêneos. A seção transversal de um dique deve ajustar-se ao local e aos materiais
disponíveis. Os taludes devem ser pouco íngremes não só pela qualidade geralmente
baixa dos materiais disponíveis, com também por razões estéticas.
Devem ser protegidos contra a erosão através de grama e/ou enrocamento. Deve haver
uma vala de drenagem no sopé de jusante para recolher a água infiltrada através do
dique. Em geral, os diques possuem bases muito grandes, fato que restringe o seu uso
em áreas urbanas, devido ao custo de desapropriação e à falta de espaço. Seção típica :
3 a 7,5 m
Borda livre 0,6 a 1,5 m 4:1 a 7:1
Cheia de projeto
Berma de 6 a 9 m
3:1 a 5:1
Muros de Contenção
Os muros de contenção exigem menos espaço do que os diques. Em geral, são
construídos em concreto e projetados para suportar os empuxos hidrostáticos e pressões
ascensionais, considerado o nível d'água correspondente à cheia de projeto. Se o muro
for escorado por aterro, ele deverá funcionar como muro de arrimo quando o NA
abaixar. Seções transversais típicas:
Vala de drenagem
desvio
Bacia de acumulação
B
A
A
Vala de drenagem
Esquema d Esquema e
Essas medidas são os canais de desvio e os leitos de alívio. Os leitos de alívio desviam o
escoamento, ou parte dele, para terrenos que possam ser inundados, aliviando assim o
rio principal. Uma das possibilidades de desvio é a construção de diques "fusíveis", ou
diques facilmente erodíveis, a partir de uma certa cota. A utilização dessas medidas é
limitada pela topografia e pela existência de terrenos de baixo valor ou desabitados.
As medidas estruturais, anteriormente descritas, não são e não poderiam ser projetadas
para proporcionar total proteção contra as enchentes. Isso exigiria a proteção contra a
"maior enchente possível", o que seria fisica e economicamente inviável. Além disso, as
medidas estruturais podem criar uma falsa sensação de segurança, acelerando a
ocupação e o desenvolvimento indevidos da planície de inundação. As medidas não
estruturais, em conjunto com as estruturais ou em alguns casos sem essas, podem
diminuir significativamente os prejuízos devidos às cheias, a um custo menor. Como
exemplo, cita-se o caso da cidade de Denver, no estado americano do Colorado, onde a
proteção por medidas estruturais de 1/4 da área inundável foi orçada em US$110
milhões; para proteger os 3/4 restantes por medidas não estruturais, o orçamento era
equivalente ao anterior.
As medidas não estruturais podem ser agrupadas em:
• Regulamentação do uso da terra, a partir das estimativas dos riscos de inundação
para as diferentes cotas, dentro da área a ser protegida.
• Proteção contra enchentes para prédios e benfeitorias localizadas nas várzeas de
inundação.
• Seguro contra enchentes, permitindo a indivíduos e empresas a devida cobertura
econômica por eventuais perdas ou prejuízos.
• Medidas de emergência, trabalho em geral planejado pela Defesa Civil, visando
reduzir as perdas durante as cheias; os sistemas de previsão e alerta podem ser aqui
incluídos.
4
4
3 1
2 2 3
1
1 Leito Menor 1
Definida a magnitude da cheia contra a qual se pretende proteger e para a qual se deseja
regulamentar a ocupação das áreas sujeitas a inundação, a próxima etapa é particionar a
planície ou leito maior nas seguintes zonas:
• Zona de Passagem da Cheia: parte da seção que trabalha hidraulicamente e
permite o escoamento da enchente. Qualquer construção nessa área reduzirá a área
de escoamento e provocará a elevação dos níveis de montante. Em termos de
planejamento urbano, deve-se manter essa área desobstruída.
• Zona com Restrições: área restante da superfície inundável, a qual deve sofrer
regulamentação quanto à sua ocupação. Embora essa parte da seção transversal
fique inundada durante a passagem da cheia de projeto, as pequenas profundidades e
baixas velocidades não contribuem significativamente para a drenagem da enchente.
• Zona de Baixo Risco: parte da seção transversal acima do nível da cheia de projeto,
a qual está associada a pequenas probabilidades de excedência, sendo ocupada em
anos muito excepcionais por pequenas lâminas d'água, com baixas velocidades; para
essa área, não haveria regulamentação quanto à sua ocupação.
NA max
632
P VU
NA min
A
VM
B
Perímetro urbano
Em Fevereiro de 1992, ocorreu um evento chuvoso de intensidade uniforme sobre a bacia a montante da
seção A; a jusante de A, a precipitação foi insignificante. A tabela 1 apresenta as alturas horárias de
precipitação, obtidas pela redução dos pluviogramas do posto P, durante esse evento chuvoso. A tabela 2
mostra as descargas horárias correspondentes, observadas nas estações A e B.
Recomenda-se separar a chuva efetiva usando o índice φ anteriormente calculado, fazer a convolução do
HU para obter a EMP afluente ao reservatório. O escoamento-base do hidrograma total pode ser
considerado constante e igual a 10 m3/s.
Recomenda-se : a partir de um valor preliminar para a largura do vertedor, propagar a EMP afluente
pelo reservatório, usando o método de Puls (ver parte 1 - Engenharia Hidrológica). Em seguida, calcular
o hidrograma defluente e verificar se a altura máxima sobre a soleira encontra-se abaixo de 2,50 m.
Modificar a largura do vertedor até que se atinja a especificação.
Curva-Chave em B
7
Cota sobre o zero da régua (m)
0
0 100 200 300 400 500 600
Vazão (metros cúbicos por segundo)
As seções transversais do rio ao longo do trecho próximo ao perímetro urbano tem forma muito
semelhante à seção de controle do posto B. Os bairros da cidade que se estendem ao longo desse trecho
sofrem inundações se a cota linimétrica em B atingir valores iguais ou superiores a 3,20 m. A cota
altimétrica do zero das réguas é 616,230 m.
6. IRRIGAÇÃO*
6.1 Introdução
• Vantagens da irrigação
- maior produção por unidade de área;
- obtenção de mais de uma colheita por ano;
- obtenção de colheitas fora da época normal;
- quase que total independência das precipitações pluviométricas;
M = ETP − P′ − ∆W ± G
onde: ETP : evapotranspiração potencial
P’ : fração da precipitação que se infiltra e que é utilizada pelas plantas durante o
período vegetativo;
∆W : variação do volume de água presente na camada ativa do solo entre o início e o
fim do período vegetativo; e
G : troca de umidade entre a zona saturada e a zona aerada.
*
Adaptado de seminário preparado e apresentado pelos alunos Leonardo Mitre Alvim de Castro e
Marcelo Garcia Miranda, 1998.
• Evapotranspiração
• Métodos climatólogicos:
Os métodos climatológicos são fórmulas empíricas que relacionam a evapotranspiração
potencial (ETP) aos dados climáticos da região. As fórmulas existentes se diferenciam
entre si pelo número de variáveis climáticas consideradas.
Outro modelo que vem sendo muito utilizado para determinar a evapotranspiração
potencial é o de Penman (ver parte I : Engenharia Hidrológica).
• Balanço hídrico:
A seguir é apresentado um exemplo de balanço hídrico mensal para uma irrigação de
tomate, cujo ciclo vegetativo começa em abril e termina em agosto. A
evapotranspiração potencial mensal (ETP), determinada através do tanque classe A, é
conhecida, assim como a precipitação média mensal, e a sua fração utilizada pela planta
(P’). Considera-se que não existe dotação por capilaridade à zona radicular (G) e as
reservas de água (∆W) no princípio de cada mês são desprezíveis.
• Eficiência de rega:
Eficiência de rega é a relação entre o volume de água utilizado pela planta (somado às
perdas no solo) e o volume extraído da fonte de suprimento.
natureza do solo: nos solos permeáveis podem ocorrer grandes perdas por percolação, o
que significa uma menor eficiência de rega;
espécie vegetal: considerar a profundidade e a distribuição do sistema radicular. Nas
plantas semeadas com menor espaçamento, a eficiência é maior que naquelas plantadas
em leiras ou fileiras. Plantas mais jovens apresentam menor eficiência pois o
desenvolvimento das raízes é menor, assim como a quantidade de água absorvida.
sistema de irrigação: os diversos tipos de irrigação apresentam diferentes eficiências de
rega;
habilidade do agricultor: o agricultor pode controlar fatores importantes que influenciam
na eficiência de rega: preparo do terreno, sistema de irrigação, a vazão, o volume e o
tempo de aplicação da água em cada rega.
• Água de lixiviação
Em zonas áridas e semi-áridas pode-se prever uma quantidade extra de água ao terreno
para drenar o excesso de sais, transportando-os para as camadas inferiores do solo não
alcançadas pelas raízes. Esse processo de lavagem dos sais do solo é conhecido como
lixiviação.
É necessário que se conheça a quantidade de água disponível que o solo pode reter, até a
profundidade do sistema radicular. O processo de retenção de água pelo solo pode ser
mais facilmente entendido fazendo uma analogia com o reservatório abaixo:
Umidade de saturação
ÁGUA
GRAVITACIONAL
Drenagem
Capacidade de campo
ÁGUA
DISPONÍVEL
Após um evento chuvoso ou uma aplicação de rega, o reservatório enche até quase a
umidade de saturação. A água gravitacional, não sendo retida pelo solo, percola pela
ação da gravidade. A passagem da água gravitacional pelo solo depende do estado e tipo
de drenagem do solo, durando de 1 a 4 dias. Atingindo a capacidade de campo, a água
fica disponível para ser aproveitada pela planta até o ponto de murcha (ou murchamento
permanente). A água abaixo deste ponto não pode ser extraída pelas raízes, por isso é
denominada água inativa.
• Características do solo:
Umidade de saturação: é um ponto que raramente é atingido; ocorre quando os vazios
do solo estão totalmente preenchidos por água.
Capacidade de campo: quantidade máxima de água capilar que pode ser retida, contra a
força de gravidade, por um solo bem drenado. Uma vez atingido este ponto, o solo, na
ausência de vegetação e a partir de 30 cm de profundidade (onde há ausência de
evaporação), permanece com esta umidade praticamente constante por meses.
Ponto de murcha: representa a percentagem de umidade que o solo ainda conserva
quando as plantas mostram, pela primeira vez, sinais de murchamento permanente, não
conseguindo mais extrair água.
V =
(CC − PMP ) × d × p × Y × 10 4
100
V
Tr =
M
Consiste em fornecer água ao solo sob a forma de chuva artificial, por meio de
equipamento especial (conjunto moto-bomba, tubulações portáteis, aspersores e peças
acessórias).
Atualmente a irrigação por aspersão se constitui num dos métodos mais utilizados no
mundo. Destaca-se entre os demais por sua versatilidade, facilidade de manejo e por sua
possibilidade de aplicação a quase todo tipo de cultura, solo e topografia do terreno.
Para o funcionamento da irrigação por aspersão é necessária a existência de uma ampla
infra-estrutura de distribuição de água, que começa na fonte de abastecimento e termina
nos aspersores.
Sistemas convencionais
• Aspersores:
São dispositivos mecânicos que recebem a água sob pressão da rede e a distribui em
forma de chuva sobre a superfície do terreno. Sua função consiste em pulverizar o jato,
repartindo-o (ao girar) sobre uma superfície aproximadamente circular. O raio do
círculo molhado representa o alcance do aspersor.
• Eficiência de rega:
O sistema de aspersão convencional apresenta perdas de água principalmente por
percolação e evaporação, resultando numa eficiência de rega variando de 60%, em
zonas semi-áridas, a 90%, quando a irrigação é feita a noite.
• Canhão hidráulico:
• Pivô central:
aspersores, que são abastecidos pela tubulação metálica (ala do pivô), dão origem a uma
irrigação uniformemente distribuída sobre uma grande superfície circular.
A tubulação que recebe água sob pressão do dispositivo central, denominado ponto
pivô, se apoia em várias torres metálicas triangulares, montadas sobre grandes rodas
pneumáticas. As torres se movem continuamente, acionadas individualmente por
dispositivos elétricos ou hidráulicos, descrevendo circunferências concêntricas ao redor
do ponto pivô.
Dimensões: - comprimento da ala do pivô: inferior a 500 m;
- altura livre entre a ala do pivô e o terreno: 3,0 a 4,0 m;
- distância entre as torres do pivô: 30 a 50m;
Devido a variação da velocidade tangencial de deslocamento da ala do pivô, é
necessário que os aspersores possuam características hidráulicas diferentes para que
haja uma precipitação uniforme sobre a área circular.
• Eficiência de rega:
Os sistemas de irrigação por aspersão não convencionais apresentam em geral, quando
analisadas as mesmas condições, eficiências de rega 5% superiores àquelas do sistema
convencional.
• Vazão aplicada:
Inicialmente aplica-se em cada sulco a vazão máxima que não cause erosão, a fim de
que a água atinja o mais depressa possível a parte final do sulco, umedecendo-o
totalmente. Feito isso, a corrente líquida deve ser reduzida (vazão reduzida) o suficiente
para que o sulco se mantenha coberto por uma lâmina d’água em toda sua extensão e
com o mínimo de perda na sua parte final, até que o solo seja suprido de água.
• Eficiência de rega:
A irrigação por infiltração apresenta uma eficiência de rega baixa, próxima de 60%.
• Eficiência de rega:
O sistema de irrigação por inundação apresenta, em média, a maior perda de água
quando de seu funcionamento, o que lhe garante uma eficiência de rega em torno de
40%.
• Vantagens:
- não há a necessidade de se molhar toda a superfície do terreno;
- proporciona um maior desenvolvimento da cultura irrigada devido a dois
fatores: a umidade do solo se mantém pouco variável, próximo à capacidade de
campo, exigindo menos esforço para as plantas retirarem a água; maior aeração do
solo devido às pequenas vazões dos gotejadores;
- perdas de água por evaporação e percolação muito baixas – economia de água
em relação à aspersão de 20 a 30%;
- economia de mão-de-obra para adubação, pois os fertilizantes são misturados
com a água na cabeceira do sistema;
• Desvantagens:
- alto custo de implantação; por essa razão, atualmente é mais indicado para
irrigar culturas nobres ou economicamente rentáveis (fruteiras, hortaliças, flores);
• Eficiência de rega:
A irrigação por gotejamento é o sistema que apresenta uma das maiores eficiências de
rega, em torno de 90%, onde as maiores perdas de água ocorrem por percolação.
7. NAVEGAÇÃO FLUVIAL*
7.1 INTRODUÇÃO
A navegação foi extremamente importante para o transporte nas épocas em que veículos
como carros, caminhões, aviões e trens ainda não existiam. As navegações consistiam
no meio de transporte mais rápido e barato, abriam portas ao comércio e exploração de
continentes, sendo parte da economia e cultura dos povos.Com o tempo a evolução da
engenharia mecânica, para a construção das máquinas, e a hidráulica, para adaptação e
construção e de vias navegáveis, fizeram com que a navegação fluvial se desenvolvesse.
A primeira obra hidráulica realizada tendo como função principal a navegação é o canal
entre o Rio Nilo e o Mar Vermelho, planejada por volta de 1300 a.C. e concluída por
volta de 500 a.C. Segundo historiadores, foi nessa obra que se fez a primeira utilização
de comportas para navegação.
Muitos canais foram construídos na Europa no início do século XVI. Está época marcou
a era dos canais na Inglaterra, com construção de uma malha fluvial grande o suficiente
para colaborar com a Revolução Industrial ocorrida em seguida no país.
Mas foi nos Estados Unidos, durante o século XIX, que as obras foram mais
importantes e de grande porte, de forma a possibilitar o desenvolvimento do interior do
país. Este desenvolvimento foi causado principalmente pelo fato do território americano
ser muito extenso e o transporte por terra ser mais difícil. Nesta época, os Estados
Unidos ampliou sua malha fluvial de cerca de 160 km para mais de 6000 km
navegáveis. Este desenvolvimento só parou com a predominância das estradas de ferro
no meio do século XIX. Atualmente os Estados Unidos contam com mais de 40000 km
de vias navegáveis.
Dentre as principais obras realizadas nos Estados Unidos estão os canais de Illinois e
Michigan, ligando o Mississipi aos Grandes Lagos e o St. Lawrence Seaway, com
diversas eclusas, ligando o Atlântico Norte aos Grandes Lagos. Uma grande série de
*
Adaptado de seminário preparado e apresentado pelo aluno Vinícius Roman, 1998.
barragens e eclusas, tornando navegável grande parte dos rios Mississipi, Illinois, Ohio,
Cumberland e Tennessee.
7.3. DEFINIÇÕES
Canais abertos são rios naturais, onde é escolhido o trecho onde é possível a navegação.
Contração é usada quando o canal natural possui margens com solos granulares e pouco
coesivos. A contração refere-se ao estreitamento e aprofundamento de seções fluviais,
sendo recomendada para trechos com margens (ou diques) relativamente permeáveis
com carreamento de grãos maiores ou impermeáveis com carreamento de finos. Existem
diversos tipos de materiais e técnicas para a construção de diques, como por exemplo o
"pile-clump dike", existente em rios como o Missouri, nos EUA.
A retificação do canal natural às vezes se faz necessária, pois a navegação não pode ser
feita com curvas muito acentuadas. A erosão se torna progressiva na parte exterior e
forma bancos de sedimentos na parte interior das curvas. Somente a estabilização de
margens e os trabalhos de contração não são suficientes para se evitar a erosão em
curvas acentuadas.
Serviços de remoção de obstáculos, tais como troncos de árvores, rochas, entre outros,
são muito importante para o desenvolvimento da navegação, pois esses obstáculos
representam um risco para os cascos de barcos. Os métodos variam de acordo com as
condições locais, podendo ser usados guinchos, tratores, explosivos, etc.
7.3.2. Barragens
As barragens destinadas à navegação podem ser fixas ou móveis. As barragens fixas são
as convencionais, citadas nos dois parágrafos anteriores. As grandes barragens fixas
proporcionam elevadas regularizações e, normalmente, maiores extensões para a
navegação.
Barragens móveis são paramentos colocados no fundo do canal, que podem ser
erguidos ou abaixados, através de um sistema de cavalo hidráulico, para permitir a
passagem do excedente de água.
7.3.3. Eclusas
A transposição de nível tem valores máximos com que se pode trabalhar. Nos Estados
Unidos, a maior eclusa construída é a John Day no rio Columbia, com cerca de 34 m de
desnível. O tamanho da eclusa em planta depende do tipo de embarcação que se espera
trafegar por ela. No sistema dos rios Mississipi, Ohio e Tennessee, elas medem 33,5 m
de largura por 183 m de comprimento.Estudos em modelos reduzidos tornam-se
necessários para transposições de mais de 12 m de altura.
EMISSÃO DE POLUENTES
Poluentes (em libras) emitidos para transportar uma tonelada de carga por
1000 milhas (gráfico a seguir)
MODAL HIDROCARBONETOS MONÓXIDO DE ÓXIDO NITROSO
CARBONO
Fluvial 0,09 0,20 0,53
Ferroviário 0,46 0,64 1,83
Rodoviário 0,63 1,90 10,17
CAPACIDADE DE CARGA
UNIDADE BALSA REBOQUE VAGÃO TREM CAMINHÃO
toneladas 1.500 22.500 100 10.000 25
galões 453.600 6.894.000 3.240 3.024.000 7.560
OBS: O REBOQUE LEVA EM MÉDIA 15 BALSAS E O TREM, 100 VAGÕES.
COMPRIMENTO EQUIVALENTE
Veículo Quantidade Comprimento (milhas)
Balsa 15 0,25
Trem 2,25 2,75
Caminhão (com 150 pés de distância) 36
FONTE: ENVIRONMENTAL ADVANTAGES OF BARGE TRANSPORTATION - US MARITIME
ADMINISTRATION
7.5. EXEMPLOS
Os EUA foi quem mais desenvolveu a navegação interior, principalmente no que diz
respeito ao uso de barragens com eclusas. Segue abaixo uma tabela com as principais
hidrovias americanas.
Segue abaixo a partição de queda da parte navegável do rio Mississipi em planta e corte.
7.5.2. Grã-Bretanha
Outra característica propícia à navegação é o fato dos rios ingleses desembocarem sob a
forma de grandes estuários, facilitando a navegação e interligando o interior do país ao
litoral e daí para o restante do planeta. Possui grandes portos de muita importância para
a economia do país, como Glasgow, Liverpool, Cardiff e Bristol.
Entre os rios da Escócia, destaca-se o Clyde, que deságua no Atlântico sob a forma de
estuário, onde citua-se a cidade de Glasgow. A cidade adaptou o leito do rio às suas
necessidades, o que gerou grande transporte de sedimentos e conseqüente acumulação
de bancos de areia. Foi importante passo para a navegação a freqüente dragagem do rio.
A Escócia possui também grandes e estreitos lagos, propícios à navegação. Dentre eles
destacam-se o lago Lomond com 71 km2 e o lago Ness.
O canal de Suez, no Egito, com obras iniciadas em 1859 e se prolongando por dez anos,
com custo de 17 milhões de libras esterlinas, liga o Mar Mediterrâneo ao Mar
Vermelho. O canal, com 166 km de extensão teve como principal função o tráfego de
grandes navios petroleiros.
O Canal do Panamá, construído pelos Estados Unidos para ligar os oceanos Atlântico e
Pacífico, desencadeou a independência do Panamá, antigo território colombiano.
Durante dez anos 35500 homens trabalharam na construção do canal que custou aos
cofres americanos 371 milhões de dólares. O canal mede 81 km, com larguras de 90 a
350 m e profundidade de 12 a 30 m. Para resolver o problema de desnível entre as duas
extremidades, foram construídos três sistemas de comportas : Gatún, Pedro Miguel e
Miraflores.
No Brasil, são importantes as vias navegáveis os rios São Francisco e Tietê. Dentre
outras obras influentes nestas vias, está a represa de Três Marias, que regula a vazão a
jusante, possibilitando a navegação a partir daquele ponto. No rio Tietê existem várias
barragens com eclusas, possibilitando a transposição de nível por parte das
embarcações.
Transporte
A Hidrovia do Paraná foi projetada também para absorver cargas que tenham como
origem/destino os estados limítrofes e não só o estado de São Paulo. Assim sendo,
quando completa, terá uma capacidade potencial de 35 milhões de toneladas anuais, que
atingirão, em 15-20 anos, o total de 50 bilhões de toneladas. quilômetros úteis, somadas
às cargas dos rios Tietê e Piracicaba. No rio Paraná, as eclusas possuem maiores
dimensões, capazes de operar comboios de até 6.600 t no futuro. As cargas do rio
Paraná serão grãos transportados principalmente no sentido norte-sul, visando atender
às necessidades do Estado do Paraná, além da carga geral (MERCOSUL) e madeira
para abastecer as fábricas de papel e celulose.
Hidrovia do Mercosul
A transposição dos 120 m de desnível de Itaipu foi orçada em 1980 em US$ 900
milhões, constituída por um sistema de três eclusas em cascata, separadas por canais
intermediários.
7.7. BIBLIOGRAFIA
ANDREWS, Steven T., Transportation on Inland Rives, Special report: Locks, 1990.
ENCICLOPÉDIA GEO, Editora Abril, vol. 3, pg. 1026-1031, São Paulo, 1977.
ENCICLOPÉDIA GEO, Editora Abril, vol. 5, pg. 1479-1487, São Paulo, 1977
Parte 3
*
adaptado de "Atlas Hidrológico do Brasil", Versão 1.0, ANEEL/MME/SRH/IBAMA/MMA, 1998.
Bacia do Tocantins-Araguaia
Características físicas
A bacia hidrográfica do Tocantins-Araguaia localiza-se quase que integralmente entre os paralelos 2º e
18º e os meridianos de longitude oeste 46º e 56º. Sua configuração alongada no sentido longitudinal,
seguindo as diretrizes dos dois importantes eixos fluviais – o Tocantins e o Araguaia – que se unem no
extremo setentrional da Bacia, formando o baixo Tocantins, que desemboca no Rio Pará, pertencente ao
estuário do rio Amazonas.
A bacia do rio Tocantins possui uma vazão média anual de 10.900m3/s, volume médio anual de 344 Km3
e uma área de drenagem de 767.000Km2 , que representa 7,5% do território nacional; onde 83% da área
da bacia distribuem-se nos Estados de Tocantins e Goiás (58%), Mato Grosso (24%); Pará ( 13%) e
Maranhão (4%), além do Distrito Federal ( 1%). Limita-se com bacias de alguns do maiores rios do
Brasil, ou seja, ao Sul com a do Paraná, a Oeste, com a do Xingu e a leste, com a do São Francisco.
Grande parte de sua área está na região Centro Oeste, desde as nascentes do rios Araguaia e Tocantins até
sua confluência, na divisa dos estados de Goiás, Maranhão e Pará. Desse ponto para jusante a bacia
hidrográfica entra na região Norte e se restringe a apenas um corredor formado pelas áreas marginais do
rio Tocantins.
Para efeito de estudos, a bacia do Uruguai foi dividida em sub-bacias: Canoas, Pelotas, Forquilha,
Ligeiro, Peixe, Irani, Passo Fundo, Chapecó, da Várzea, Antas, Guarita, Itajaí, Piratini, Ibicuí, alto
Uruguai e Médio Uruguai.
A bacia do Atlântico Sul – Trecho Sudeste, com uma área de drenagem em território nacional de 224.000
Km2 , banha extensas áreas do Estado do Rio Grande do Sul e parte dos Estados de Santa Catarina, Paraná
e São Paulo. Está compreendida entre as longitudes 44º W a 54º W e latitude de 22º S a 32º S. Fazem
parte desta bacia, os rios Ribeira do Iguape, Itajaí, Mampituba, Jacuí, Taquari, Jaguarão (e seus
respectivos afluentes), lagoa dos Patos e lagoa Mirim. Para efeito de estudo e do gerenciamento dos
recursos hídricos esta bacia foi dividida em um conjunto de 10 sub-bacias enumeradas de 0 a 9. Sendo,
que a Sub-bacia 89 localiza-se fora do Território Nacional. A referida divisão facilita não só o
armazenamento e recuperação das informações hidrometerológicas, mas também o gerenciamento da
operação de coleta de tais dados e a própria referência geográfica dos cursos d’água nacionais.
* área em território brasileiro, ** até a foz do rio Iguaçu , *** até a foz do rio Apa
1.5 Bibliografia
LEGISLAÇÃO FEDERAL
LEI No 9.433, DE 08 DE JANEIRO DE 1997
Institui a Política Nacional de Recursos Hídricos, cria o
Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos,
regulamenta o inciso XIX do art.21 da Constituição Federal
e altera o art. 1o da Lei no 8.001, de 13 de março de 1990,
que modificou a Lei no 7.990, de 28 de dezembro de 1989.
DECRETO Nº 24.643, DE 10 DE JULHO DE 1934
Decreta o Código de Águas
LEGISLAÇÃO ESTADUAL
Excertos do Livro I :
Excertos do Livro II
...
§ 1º - Quando este uso depender de derivação, será regulado nos termos do Capítulo IV, do Título II, do
Livro II, tendo em qualquer hipótese preferência a derivação para o abastecimento das populações.
§ 2º - O uso comum das águas pode ser gratuito ou retribuído, conforme as leis e regulamentos da
circunscrição administrativa a que pertencerem.
...
CAPÍTULO IV Derivação
Art. 43º - As águas públicas não podem ser derivadas para as aplicações da agricultura, da indústria e da
higiene, sem a existência de concessão administrativa, no caso de utilidade pública e, não se verificando
esta, de autorização administrativa, que será dispensada, todavia, na hipótese de derivações
insignificantes.
§ 1º - A autorização não confere, em hipótese alguma, delegação de poder pública ao seu titular.
§ 2º - Toda concessão ou autorização se fará por tempo fixo, e nunca excedente de trinta anos,
determinado-se também um prazo razoável, não só para serem iniciadas, como para serem concluídas, sob
pena de caducidade, as obras propostas pelo peticionário.
§ 3º - Ficará sem efeito a concessão, desde que, durante três anos consecutivos, se deixe de fazer o uso
privativo das águas.
Art. 44º - A concessão para o aproveitamento das águas que se destinem a um serviço público será feita
mediante concorrência pública, salvo os casos em que as leis ou regulamentos a dispensem.
Parágrafo único - No caso de renovação será preferido o concessionário anterior, em igualdade de
condições, apurada em concorrência.
Art. 45º - Em toda a concessão se estipulará, sempre, a cláusula de ressalva dos direitos de terceiros.
Art. 46º - A concessão não importa, nunca, a alienação parcial das águas públicas, que são inalienáveis,
mas no simples direito ao uso destas águas.
Art. 47º - O Código respeita os direitos adquiridos sobre estas águas, até a data de sua promulgação, por
título legítimo ou posse trintenária.
Parágrafo único - Estes direitos, porém, não podem ter maior amplitude do que os que o Código
estabelece, no caso de concessão.
Art. 48º - A concessão, como a autorização, deve ser feita sem prejuízo da navegação, salvo:
a) no caso de uso para as primeiras necessidades da vida;
b) no caso da lei especial que, atendendo a superior interesse público, o permita.
Parágrafo único - Além dos casos previstos nas letras a e b deste artigo, se o interesse público superior o
exigir, a navegação poderá ser preterida sempre que ela não sirva efetivamente ao comércio.
Art. 49º - As águas destinadas a um fim não poderão ser aplicadas a outro diverso, sem nova concessão.
Art. 50º - O uso da derivação é real; alienando-se o prédio ou o engenho a que ela serve, passa o mesmo
ao novo proprietário.
Art. 51º - Em regulamento administrativo se disporá:
a) sobre as condições de derivação, de modo a se conciliarem quanto possível os usos a que as águas se
prestam;
b) sobre as condições da navegação que sirva efetivamente ao comércio, para os efeitos do parágrafo
único do artigo 48º.
Art. 52º - Toda cessão total ou parcial da concessão ou autorização, toda mudança de concessionário ou
permissionário depende de consentimento da administração.
...
CAPÍTULO V Desobstrução
Art. 53º - Os utentes das águas públicas de uso comum ou os proprietários marginais são obrigados a se
abster de fatos que prejudiquem ou embaracem o regime e o curso das águas, e a navegação, exceto se
para tais fatos forem especialmente autorizados por alguma concessão.
Parágrafo único - Pela infração do disposto neste artigo, os contraventores, além das multas estabelecidas
nos regulamentos administrativos, são obrigados a remover os obstáculos produzidos. Na sua falta, a
remoção será feita à custa dos mesmos pela administração pública.
Art. 54º - Os proprietários marginais de águas públicas são obrigados a remover os obstáculos que tenham
origem nos seus prédios e sejam nocivos aos fins indicados no artigo precedente.
Parágrafo único - Se, intimados, os proprietários marginais não cumprirem a obrigação que lhes é imposta
pelo presente artigo, de igual forma serão passíveis das multas estabelecidas pelos regulamentos
administrativos, e à custa dos mesmos, a administração pública fará remoção dos obstáculos.
Art. 55º - Se o obstáculo não tiver origem nos prédios marginais, sendo devido a acidentes ou à ação
natural das águas, havendo dono, será este obrigado a removê-lo, nos mesmos termos do artigo anterior;
se não houver dono conhecido, removê-lo-á a administração, à custa própria, a ela pertencendo qualquer
produto do mesmo proveniente.
Art. 56º - Os utentes ou proprietários marginais, afora as multas, serão compelidos a indenizar o dano que
causarem, pela inobservância do que fica exposto nos artigos anteriores.
Art. 57º - Na apreciação desses fatos, desses obstáculos, para as respectivas sanções, se devem ter em
conta os usos locais, a efetividade do embaraço ou prejuízo, principalmente com referência às águas
terrestres, de modo que sobre os utentes ou proprietários marginais, pela vastidão do País, nas zonas de
população escassa, de pequeno movimento, não venham a pesar ônus excessivos e sem real vantagem
para o interesse público.
...
CAPÍTULO VII Competência administrativa
Art. 61º - É da competência da União a legislação de que trata o art. 40º, em todos os seus incisos.
Parágrafo único - Essa competência não exclui a dos Estados para legislarem subsidiariamente sobre a
navegação ou flutuação dos rios, canais e lagos de seu território, desde que não estejam compreendidos
nos nºs I e II do art. 40º.
Art. 62º - As concessões ou autorizações para derivação que não se destine à produção de energia
hidrelétrica serão outorgadas pela União, pelos Estados ou pelos Municípios, conforme o seu domínio
sobre as águas a que se referir ou conforme os serviços públicos a que se destine a mesma derivação, de
acordo com os dispositivos deste Código e as leis especiais sobre os mesmos serviços.
Art. 63º - As concessões ou autorizações para derivação que se destine à produção de energia hidrelétrica,
serão outorgadas pela União, salvo nos casos de transferência de suas atribuições aos Estados, na forma e
com as limitações estabelecidas nos arts. 192º, 193º e 194º.
Art. 64º - Compete à União, aos Estados ou aos Municípios providenciar sobre a desobstrução nas águas
do seu domínio.
Parágrafo único - A competência da União se estende às águas de que trata o art. 40, nº II.
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA
Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
TÍTULO I
DA POLÍTICA NACIONAL DE RECURSOS HÍDRICOS
CAPÍTULO I
DOS FUNDAMENTOS
Art. 1º A Política Nacional de Recursos Hídricos baseia-se nos seguintes fundamentos:
I - a água é um bem de domínio público;
II - a água é um recurso natural limitado, dotado de valor econômico;
III - em situações de escassez, o uso prioritário dos recursos hídricos é o consumo humano e a
dessedentação de animais;
IV - a gestão dos recursos hídricos deve sempre proporcionar o uso múltiplo das águas;
V - a bacia hidrográfica é a unidade territorial para implementação da Política Nacional de Recursos
Hídricos e atuação do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos;
VI - a gestão dos recursos hídricos deve ser descentralizada e contar com a participação do Poder Público,
dos usuários e das comunidades.
CAPÍTULO II
DOS OBJETIVOS
Art. 2º São objetivos da Política Nacional de Recursos Hídricos:
I - assegurar à atual e às futuras gerações a necessária disponibilidade de água, em padrões de qualidade
adequados aos respectivos usos;
II - a utilização racional e integrada dos recursos hídricos, incluindo o transporte aquaviário, com vistas
ao desenvolvimento sustentável;
III - a prevenção e a defesa contra eventos hidrológicos críticos de origem natural ou decorrentes do uso
inadequado dos recursos naturais.
CAPÍTULO III
DAS DIRETRIZES GERAIS DE AÇÃO
Art. 3º Constituem diretrizes gerais de ação para implementação da Política Nacional de Recursos
Hídricos:
I - a gestão sistemática dos recursos hídricos, sem dissociação dos aspectos de quantidade e qualidade;
II - a adequação da gestão de recursos hídricos às diversidades físicas, bióticas, demográficas,
econômicas, sociais e culturais das diversas regiões do País;
III - a integração da gestão de recursos hídricos com a gestão ambiental;
IV - a articulação do planejamento de recursos hídricos com o dos setores usuários e com os
planejamentos regional, estadual e nacional;
V - a articulação da gestão de recursos hídricos com a do uso do solo;
VI - a integração da gestão das bacias hidrográficas com a dos sistemas estuarinos e zonas costeiras.
Art. 4º A União articular-se-á com os Estados tendo em vista o gerenciamento dos recursos hídricos de
interesse comum.
CAPÍTULO IV
DOS INSTRUMENTOS
Art. 5º São instrumentos da Política Nacional de Recursos Hídricos:
I - os Planos de Recursos Hídricos;
II - o enquadramento dos corpos de água em classes, segundo os usos preponderantes da água;
III - a outorga dos direitos de uso de recursos hídricos;
IV - a cobrança pelo uso de recursos hídricos;
V - a compensação a municípios;
VI - o Sistema de Informações sobre Recursos Hídricos.
SEÇÃO I
DOS PLANOS DE RECURSOS HÍDRICOS
Art. 6º Os Planos de Recursos Hídricos são planos diretores que visam a fundamentar e orientar a
implementação da Política Nacional de Recursos Hídricos e o gerenciamento dos recursos hídricos.
Art. 7º Os Planos de Recursos Hídricos são planos de longo prazo, com horizonte de planejamento
compatível com o período de implantação de seus programas e projetos e terão o seguinte conteúdo
mínimo:
I - diagnóstico da situação atual dos recursos hídricos;
II - análise de alternativas de crescimento demográfico, de evolução de atividades produtivas e de
modificações dos padrões de ocupação do solo;
III - balanço entre disponibilidades e demandas futuras dos recursos hídricos, em quantidade e qualidade,
com identificação de conflitos potenciais;
IV - metas de racionalização de uso, aumento da quantidade e melhoria da qualidade dos recursos
hídricos disponíveis;
V - medidas a serem tomadas, programas a serem desenvolvidos e projetos a serem implantados, para o
atendimento das metas previstas;
VI - responsabilidades para execução das medidas, programas e projetos;
VII - cronograma de execução e programação orçamentário-financeira associados às medidas, programas
e projetos;
VIII - prioridades para outorga de direitos de uso de recursos hídricos;
IX - diretrizes e critérios para a cobrança pelo uso dos recursos hídricos;
X - propostas para a criação de áreas sujeitas a restrição de uso, com vistas à proteção dos recursos
hídricos.
Art. 8º Os Planos de Recursos Hídricos serão elaborados por bacia hidrográfica, por Estado e para o País.
SEÇÃO II
DO ENQUADRAMENTO DOS CORPOS DE ÁGUA EM CLASSES, SEGUNDO OS USOS
PREPONDERANTES DA ÁGUA
Art. 9º O enquadramento dos corpos de água em classes, segundo os usos preponderantes da água, visa a:
I - assegurar às águas qualidade compatível com os usos mais exigentes a que forem destinadas;
II - diminuir os custos de combate à poluição das águas, mediante ações preventivas permanentes.
Art. 10º. As classes de corpos de água serão estabelecidas pela legislação ambiental.
SEÇÃO III
DA OUTORGA DE DIREITOS DE USO DE RECURSOS HÍDRICOS
Art. 11º. O regime de outorga de direitos de uso de recursos hídricos tem como objetivos assegurar o
controle quantitativo e qualitativo dos usos da água e o efetivo exercício dos direitos de acesso à água.
Art. 12º. Estão sujeitos a outorga pelo Poder Público os direitos dos seguintes usos de recursos hídricos:
I - derivação ou captação de parcela da água existente em um corpo de água para consumo final, inclusive
abastecimento público, ou insumo de processo produtivo;
II - extração de água de aqüífero subterrâneo para consumo final ou insumo de processo produtivo;
III - lançamento em corpo de água de esgotos e demais resíduos líquidos ou gasosos, tratados ou não, com
o fim de sua diluição, transporte ou disposição final;
IV - aproveitamento dos potenciais hidrelétricos;
V - outros usos que alterem o regime, a quantidade ou a qualidade da água existente em um corpo de
água.
§ 1º Independem de outorga pelo Poder Público, conforme definido em regulamento:
I - o uso de recursos hídricos para a satisfação das necessidades de pequenos núcleos populacionais,
distribuídos no meio rural;
II - as derivações, captações e lançamentos considerados insignificantes;
III - as acumulações de volumes de água consideradas insignificantes.
§ 2º A outorga e a utilização de recursos hídricos para fins de geração de energia elétrica estará
subordinada ao Plano Nacional de Recursos Hídricos, aprovado na forma do disposto no inciso VIII do
art. 35º desta Lei, obedecida a disciplina da legislação setorial específica.
Art. 13º. Toda outorga estará condicionada às prioridades de uso estabelecidas nos Planos de Recursos
Hídricos e respeitar a classe em que o corpo de água estiver enquadrado e a manutenção de condições
adequadas ao transporte aquaviário, quando for o caso.
Parágrafo único. A outorga de uso dos recursos hídricos deverá preservar o uso múltiplo destes.
Art. 14º. A outorga efetivar-se-á por ato da autoridade competente do Poder Executivo Federal, dos
Estados ou do Distrito Federal.
§ 1º O Poder Executivo Federal poderá delegar aos Estados e ao Distrito Federal competência para
conceder outorga de direito de uso de recurso hídrico de domínio da União.
§ 2º O Poder Executivo Federal articular-se-á previamente com o dos Estados e o do Distrito Federal
para a outorga de direitos de uso de recursos hídricos em bacias hidrográficas com águas de domínio
federal e estadual.
Art. 15º. A outorga de direito de uso de recursos hídricos poderá ser suspensa parcial ou totalmente, em
definitivo ou por prazo determinado, nas seguintes circunstâncias:
I - não cumprimento pelo outorgado dos termos da outorga;
II - ausência de uso por três anos consecutivos;
III - necessidade premente de água para atender a situações de calamidade, inclusive as decorrentes de
condições climáticas adversas;
IV - necessidade de se prevenir ou reverter grave degradação ambiental;
V - necessidade de se atender a usos prioritários, de interesse coletivo, para os quais não se disponha de
fontes alternativas;
VI - necessidade de serem mantidas as características de navegabilidade do corpo de água.
Art. 16º. Toda outorga de direitos de uso de recursos hídricos far-se-á por prazo não excedente a trinta e
cinco anos, renovável.
Art. 17º. A outorga não confere delegação de poder público ao seu titular.
Parágrafo único. A outorga de direito de uso de recursos hídricos não desobriga o usuário da obtenção
da outorga de serviço público prevista nas Leis nº 8.987, de 13 de fevereiro de 1995, e nº 9.074, de 7 de
julho de 1995.
Art. 18º. A outorga não implica a alienação parcial das águas que são inalienáveis, mas o simples direito
de seu uso.
SEÇÃO IV
DA COBRANÇA DO USO DE RECURSOS HÍDRICOS
Art. 19º. A cobrança pelo uso de recursos hídricos objetiva:
I - reconhecer a água como bem econômico e dar ao usuário uma indicação de seu real valor;
II - incentivar a racionalização do uso da água;
III - obter recursos financeiros para o financiamento dos programas e intervenções contemplados nos
planos de recursos hídricos.
Art. 20º. Serão cobrados os usos de recursos hídricos sujeitos a outorga, nos termos do art. 12º desta Lei.
Parágrafo único. Isenções de pagamento pelo uso de recursos hídricos, ou descontos nos valores a pagar,
com qualquer finalidade, somente serão concedidos mediante o reembolso, pelo poder concedente, do
montante de recursos que deixarem de ser arrecadados.
Art. 21º. Na fixação dos valores a serem cobrados pelo uso dos recursos hídricos devem ser observados,
dentre outros:
I - nas derivações, captações e extrações de água, o volume retirado e seu regime de variação;
II - nos lançamentos de esgotos e demais resíduos líquidos ou gasosos, o volume lançado e seu regime de
variação e as características físico-químicas, biológicas e de toxidade do afluente.
Art. 22º. Os valores arrecadados com a cobrança pelo uso de recursos hídricos serão aplicados
prioritariamente na bacia hidrográfica em que foram gerados e serão utilizados:
I - no financiamento de estudos, programas, projetos e obras incluídos nos Planos de Recursos Hídricos;
II - no pagamento de despesas de implantação e custeio administrativo dos órgãos e entidades integrantes
do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos.
§ 1º A aplicação nas despesas previstas no inciso II deste artigo é limitada a sete e meio por cento do total
arrecadado.
§ 2º Os valores previstos no caput deste artigo poderão ser aplicados a fundo perdido em projetos e obras
que alterem, de modo considerado benéfico à coletividade, a qualidade, a quantidade e o regime de vazão
de um corpo de água.
§ 3º Até quinze por cento dos valores arrecadados com a cobrança pelo uso de recursos hídricos de
domínio da União poderão ser aplicados fora da bacia hidrográfica em que foram arrecadados, visando
exclusivamente a financiar projetos e obras no setor de recursos hídricos, em âmbito nacional.
Art. 23º. Os valores arrecadados com a cobrança pelo uso de recursos hídricos de domínio da União serão
consignados no Orçamento Geral da União em fontes de recursos próprias, por bacia hidrográfica,
destinadas a instituições financeiras oficiais, para as aplicações previstas no artigo anterior.
SEÇÃO V
DA COMPENSAÇÃO A MUNICÍPIOS
Art. 24º. Poderão receber compensação financeira ou de outro tipo os Municípios que tenham áreas
inundadas por reservatórios ou sujeitas a restrições de uso do solo com finalidade de proteção de recursos
hídricos.
§ 1º A compensação financeira a Município visa a ressarcir suas comunidades da privação das rendas
futuras que os terrenos, inundados ou sujeitos a restrições de uso do solo, poderiam gerar.
§ 2º Legislação específica disporá sobre a compensação prevista neste artigo, fixando-lhe prazo e
condições de vigência.
§ 3º O disposto no caput deste artigo não se aplica:
I - às áreas de preservação permanente previstas nos arts. 2º e 3º da Lei nº 4.771, de 15 de setembro de
1965, alterada pela Lei nº 7.803, de 18 de julho de 1989;
II - aos aproveitamentos hidrelétricos.
SEÇÃO VI
DO SISTEMA DE INFORMAÇÕES SOBRE RECURSOS HÍDRICOS
Art. 25º. O Sistema de Informações sobre Recursos Hídricos é um sistema de coleta, tratamento,
armazenamento e recuperação de informações sobre recursos hídricos e fatores intervenientes em sua
gestão.
Parágrafo único. Os dados gerados pelos órgãos integrantes do Sistema Nacional de Gerenciamento de
Recursos Hídricos serão incorporados ao Sistema Nacional de Informações sobre Recursos Hídricos.
Art. 26º. São princípios básicos para o funcionamento do Sistema de Informações sobre Recursos
Hídricos:
I- descentralização da obtenção e produção de dados e informações;
II - coordenação unificada do sistema;
III acesso aos dados e informações garantido à toda a sociedade.
Art 27º. São objetivos do Sistema Nacional de Informações sobre Recursos Hídricos:
I - reunir, dar consistência e divulgar os dados e informações sobre a situação qualitativa e quantitativa
dos recursos hídricos no Brasil;
II - atualizar permanentemente as informações sobre disponibilidade e demanda de recursos hídricos em
todo o território nacional;
III - fornecer subsídios para a elaboração dos Planos de Recursos Hídricos.
CAPÍTULO V
DO RATEIO DE CUSTOS DAS OBRAS DE USO MÚLTIPLO, DE INTERESSE COMUM OU
COLETIVO
Art. 28º. As obras de uso múltiplo, de interesse comum ou coletivo, terão seus custos rateados por todos
os seus beneficiários diretos.
CAPÍTULO VI
DA AÇÃO DO PODER PÚBLICO
Art. 29º. Na implementação da Política Nacional de Recursos Hídricos, compete ao Poder Executivo
Federal:
I - tomar as providências necessárias à implementação e ao funcionamento do Sistema Nacional de
Gerenciamento de Recursos Hídricos;
II - outorgar os direitos de uso de recursos hídricos, e regulamentar e fiscalizar os usos, na sua esfera de
competência;
III - implantar e gerir o Sistema de Informações sobre Recursos Hídricos, em âmbito nacional;
IV - promover a integração da gestão de recursos hídricos com a gestão ambiental.
Parágrafo único. O Poder Executivo Federal indicará, por decreto, a autoridade responsável pela
efetivação de outorgas de direito de uso dos recursos hídricos sob domínio da União.
Art. 30º. Na implementação da Política Nacional de Recursos Hídricos, cabe aos Poderes Executivos
Estaduais e do Distrito Federal na sua esfera de competência:
I - outorgar os direitos de uso de recursos hídricos e regulamentar e fiscalizar os seus usos;
II - realizar o controle técnico das obras de oferta hídrica;
III - implantar e gerir o Sistema de Informações sobre Recursos Hídricos, em âmbito estadual e do
Distrito Federal;
IV - promover a integração da gestão de recursos hídricos com a gestão ambiental.
Art. 31º. Na implementação da Política Nacional de Recursos Hídricos, os Poderes Executivos do Distrito
Federal e dos municípios promoverão a integração das políticas locais de saneamento básico, de uso,
ocupação e conservação do solo e de meio ambiente com as políticas federal e estaduais de recursos
hídricos.
TÍTULO II
DO SISTEMA NACIONAL DE GERENCIAMENTO DE RECURSOS HÍDRICOS
CAPÍTULO I
DOS OBJETIVOS E DA COMPOSIÇÃO
Art. 32º. Fica criado o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos, com os seguintes
objetivos:
I - coordenar a gestão integrada das águas;
II - arbitrar administrativamente os conflitos relacionados com os recursos hídricos;
III - implementar a Política Nacional de Recursos Hídricos;
IV - planejar, regular e controlar o uso, a preservação e a recuperação dos recursos hídricos;
V - promover a cobrança pelo uso de recursos hídricos.
Art. 33º. Integram o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos:
I - o Conselho Nacional de Recursos Hídricos;
II - os Conselhos de Recursos Hídricos dos Estados e do Distrito Federal;
III - os Comitês de Bacia Hidrográfica;
IV - os órgãos dos poderes públicos federal, estaduais e municipais, cujas competências se relacionem
com a gestão de recursos hídricos;
V - as Agências de Água.
CAPÍTULO II
DO CONSELHO NACIONAL DE RECURSOS HÍDRICOS
Art. 34º. O Conselho Nacional de Recursos Hídricos é composto por:
I - representantes dos Ministérios e Secretarias da Presidência da República com atuação no
gerenciamento ou no uso de recursos hídricos;
II - representantes indicados pelos Conselhos Estaduais de Recursos Hídricos;
III representantes dos usuários dos recursos hídricos;
IV - representantes das organizações civis de recursos hídricos.
Parágrafo único. O número de representantes do Poder Executivo Federal não poderá exceder à metade
mais um do total dos membros do Conselho Nacional de Recursos Hídricos.
Art. 35º. Compete ao Conselho Nacional de Recursos Hídricos:
I - promover a articulação do planejamento de recursos hídricos com os planejamentos nacional, regional,
estaduais e dos setores usuários;
II - arbitrar, em última instância administrativa, os conflitos existentes entre Conselhos Estaduais de
Recursos Hídricos;
III - deliberar sobre os projetos de aproveitamento de recursos hídricos cujas repercussões extrapolem o
âmbito dos Estados em que serão implantados;
IV - deliberar sobre as questões que lhe tenham sido encaminhadas pelos Conselhos Estaduais de
Recursos Hídricos ou pelos Comitês de Bacia Hidrográfica;
V - analisar propostas de alteração da legislação pertinente a recursos hídricos e à Política Nacional de
Recursos Hídricos;
VI - estabelecer diretrizes complementares para implementação da Política Nacional de Recursos
Hídricos, aplicação de seus instrumentos e atuação do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos
Hídricos;
VII - aprovar propostas de instituição dos Comitês de Bacia Hidrográfica e estabelecer critérios gerais
para a elaboração de seus regimentos;
VIII - aprovar o Plano Nacional de Recursos Hídricos e encaminhá-lo ao Presidente da República, para
envio, na forma de projeto de lei, ao Congresso Nacional;
CAPÍTULO IV
DAS AGÊNCIAS DE ÁGUA
Art 41º. As Agências de Água exercerão a função de secretaria executiva do respectivo ou respectivos
Comitês de Bacia Hidrográfica.
Art. 42º. As Agências de Água terão a mesma área de atuação de um ou mais Comitês de Bacia
Hidrográfica.
Parágrafo único. A criação das Agências de Água será autorizada pelo Conselho Nacional de Recursos
Hídricos ou pelos Conselhos Estaduais de Recursos Hídricos mediante solicitação de um ou mais Comitês
de Bacia Hidrográfica.
Art. 43º. A criação de uma Agência de Água é condicionada ao atendimento dos seguintes requisitos:
I - prévia existência do respectivo ou respectivos Comitês de Bacia Hidrográfica;
II - viabilidade financeira assegurada pela cobrança do uso dos recursos hídricos em sua área de atuação.
Art. 44º. Compete às Agências de Água, no âmbito de sua área de atuação:
I - manter balanço atualizado da disponibilidade de recursos hídricos em sua área de atuação;
II - manter o cadastro de usuários de recursos hídricos;
III - efetuar, mediante delegação do outorgante, a cobrança pelo uso de recursos hídricos;
IV - analisar e emitir pareceres sobre os projetos e obras a serem financiados com recursos gerados pela
cobrança pelo uso de Recursos Hídricos e encaminhá-los à instituição financeira responsável pela
administração desses recursos;
V - acompanhar a administração financeira dos recursos arrecadados com a cobrança pelo uso de recursos
hídricos em sua área de atuação;
VI - gerir o Sistema de Informações sobre Recursos Hídricos em sua área de atuação;
VII - celebrar convênios e contratar financiamentos e serviços para a execução de suas competências;
VIII - elaborar a sua proposta orçamentária e submetê-la à apreciação do respectivo ou respectivos
Comitês de Bacia Hidrográfica;
IX - promover os estudos necessários para a gestão dos recursos hídricos em sua área de atuação;
X - elaborar o Plano de Recursos Hídricos para apreciação do respectivo Comitê de Bacia Hidrográfica;
XI - propor ao respectivo ou respectivos Comitês de Bacia Hidrográfica:
a) o enquadramento dos corpos de água nas classes de uso, para encaminhamento ao respectivo Conselho
Nacional ou Conselhos Estaduais de Recursos Hídricos, de acordo com o domínio destes;
b) os valores a serem cobrados pelo uso de recursos hídricos;
c) o plano de aplicação dos recursos arrecadados com a cobrança pelo uso de recursos hídricos;
d) o rateio de custo das obras de uso múltiplo, de interesse comum ou coletivo.
CAPÍTULO V
DA SECRETARIA EXECUTIVA DO CONSELHO NACIONAL DE RECURSOS HÍDRICOS
Art. 45º. A Secretaria Executiva do Conselho Nacional de Recursos Hídricos será exercida pelo órgão
integrante da estrutura do Ministério do Meio Ambiente, dos Recursos Hídricos e da Amazônia Legal
responsável pela gestão dos recursos hídricos.
Art. 46º. Compete à Secretaria Executiva do Conselho Nacional de Recursos Hídricos:
I - prestar apoio administrativo, técnico e financeiro ao Conselho Nacional de Recursos Hídricos;
II - coordenar a elaboração do Plano Nacional de Recursos Hídricos e encaminhá-lo à aprovação do
Conselho Nacional de Recursos Hídricos;
III - instruir os expedientes provenientes dos Conselhos Estaduais de Recursos Hídricos e dos Comitês de
Bacia Hidrográfica;
IV - coordenar o Sistema de Informações sobre Recursos Hídricos;
V - elaborar seu programa de trabalho e respectiva proposta orçamentária anual e submetê-los à
aprovação do Conselho Nacional de Recursos Hídricos.
CAPÍTULO VI
DAS ORGANIZAÇÕES CIVIS DE RECURSOS HÍDRICOS
Art. 47º. São consideradas, para os efeitos desta Lei, organizações civis de recursos hídricos:
I - consórcios e associações intermunicipais de bacias hidrográficas;
II - associações regionais, locais ou setoriais de usuários de recursos hídricos;
III - organizações técnicas e de ensino e pesquisa com interesse na área de recursos hídricos;
IV - organizações não-govemamentais com objetivos de defesa de interesses difusos e coletivos da
sociedade;
V - outras organizações reconhecidas pelo Conselho Nacional ou pelos Conselhos Estaduais de Recursos
Hídricos.
Art. 48º. Para integrar o Sistema Nacional de Recursos Hídricos, as organizações civis de recursos
hídricos devem ser legalmente constituídas.
TÍTULO III