Você está na página 1de 213

Materiais de Construção

MADEIRAS

série MATERIAIS

joão guerra martins


2.ª edição / 2005
jorge araújo
Apresentação

Este texto resulta inicialmente do trabalho de aplicação realizado pelos alunos da disciplina de
Materiais de Construção I do curso de Engenharia Civil, sendo baseado no esforço daqueles que
frequentaram a disciplina no ano lectivo de 1999/2000, vindo a ser anualmente melhorado e
actualizado pelos cursos seguintes.

No final do processo de pesquisa e compilação, o presente documento acaba por ser, genericamente, o repositório da
Monografia do Eng.º JORGE ANTÓNIO RIBEIRO DA SILVA ARAÚJO que, partindo do trabalho acima
identificado, o reviu totalmente, reorganizando, contraindo e aumentando em função dos muitos acertos que o

mesmo carecia.

Pretende, contudo, o seu teor evoluir permanentemente, no sentido de responder quer à


especificidade dos cursos da UFP, como contrair-se ainda mais ao que se julga pertinente e alargar-
se ao que se pensa omitido.

Esta sebenta insere-se num conjunto que perfaz o total do programa da disciplina, existindo uma por
cada um dos temas base do mesmo, ou seja:

I. Metais
II. Pedras naturais
III. Ligantes
IV. Argamassas
V. Betões
VI. Aglomerados
VII. Produtos cerâmicos
VIII. Madeiras
IX. Derivados de Madeira
X. Vidros
XI. Plásticos
XII. Tintas e vernizes
XIII. Colas e mastiques

Embora o texto tenha sido revisto, esta versão não é considerada definitiva, sendo de supor a
existência de erros e imprecisões. Conta-se não só com uma crítica atenta, como com todos os
contributos técnicos que possam ser endereçados. Ambos se aceitam e agradecem.

João Guerra Martins


As Madeiras na Construção Civil

ÍNDICE GERAL

ÍNDICE GERAL................................................................................................................................................... 1
ÍNDICE DE FIGURAS......................................................................................................................................... 5
INTRODUÇÃO..................................................................................................................................................... 6
CAPÍTULO I – NATUREZA, CLASSIFICAÇÃO, PROPRIEDADES, APLICAÇÕES E CONDIÇÕES
DE EMPREGO DA MADEIRA ........................................................................................................................ 12
1.1. CONCEITO DE MADEIRA ......................................................................................................................... 12
1.2. A NOMENCLATURA GENÉRICA ......................................................................................................... 15
A ÁRVORE É UMA PLANTA VIVAZ, ISTO É DURA MUITOS ANOS; E, NUNS ANOS, VAI PREPARANDO A VIDA PARA OS
SEGUINTES. ESQUEMATICAMENTE, A FORMA DA ÁRVORE PODE CONSIDERAR-SE (VER FIGURA SEGUINTE) UM
EIXO VERTICAL, EM QUE A PARTE SUPERIOR É A FLECHA (A) E A INFERIOR A RAIZ MESTRA (B); ESSE EIXO TEM
RAMIFICAÇÕES INSERIDAS A DIFERENTES ALTURAS: AS PERNADAS (C), SE FOREM ACIMA DO SOLO; AS RAÍZES
SECUNDÁRIAS (D), SE FOREM ABAIXO. .............................................................................................................. 21
1.3. ESTRUTURA DA MADEIRA.................................................................................................................. 23
1.4. COMPOSIÇÃO QUÍMICA DA MADEIRA............................................................................................. 38
1.5. IDENTIFICAÇÃO DA MADEIRA .......................................................................................................... 40
1.6. PROPRIEDADES DA MADEIRA ........................................................................................................... 41
1.6.1. PROPRIEDADES FÍSICAS ............................................................................................................... 41
1.6.1.1. HETEROGENEIDADE .............................................................................................................................. 42
1.6.1.2. ANISOTROPIA .......................................................................................................................................... 43
1.6.1.3. HIGROMETRICIDADE ............................................................................................................................. 44
1.6.1.4. HUMIDADE ............................................................................................................................................... 45
1.6.1.5. RETRACTIBILIDADE............................................................................................................................... 49
1.6.1.6. POROSIDADE............................................................................................................................................ 57
1.6.1.7. DUREZA..................................................................................................................................................... 57
1.6.1.8. TEXTURA, COR, BRILHO E ODOR ........................................................................................................ 57
1.6.1.9. DENSIDADE .............................................................................................................................................. 58
1.6.1.10. CONDUTIBILIDADE ELÉCTRICA........................................................................................................ 60
1.6.1.11. CONDUTIBILIDADE TÉRMICA............................................................................................................ 61
1.6.1.12. CONDUTIBILIDADE SONORA ............................................................................................................. 62
1.6.1.13. DURABILIDADE ..................................................................................................................................... 62
1.6.2. PROPRIEDADES MECÂNICAS ....................................................................................................... 64
1.6.2.1. RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO ............................................................................................................ 65
1.6.2.2. RESISTÊNCIA À TRACÇÃO.................................................................................................................... 68
1.6.2.3. RESISTÊNCIA À FLEXÃO ....................................................................................................................... 69
1.6.2.4. RESISTÊNCIA AO CHOQUE ................................................................................................................... 70
1.6.2.5. RESISTÊNCIA AO CORTE/CISALHAMENTO....................................................................................... 70
1.6.2.6. RESISTÊNCIA AO FENDILHAMENTO .................................................................................................. 71
1.6.2.7. ELASTICIDADE ........................................................................................................................................ 71
1.6.2.8. FLUÊNCIA E FADIGA .............................................................................................................................. 71
1.6.3. PROPRIEDADES TECNOLÓGICAS ................................................................................................ 72
1.7. FACTORES MODIFICATIVOS DAS PROPRIEDADES (FÍSICAS E MECÂNICAS).......................... 73
1.8. REQUISITOS PARA MADEIRA DE BOA QUALIDADE...................................................................... 75
1.9. APLICAÇÕES E CONDIÇÕES DE EMPREGO DA MADEIRA ............................................................ 78
CAPÍTULO II – ABATE, SERRAGEM E SECAGEM .................................................................................. 81
2.1. ABATE DA ÁRVORE .............................................................................................................................. 81
2.2. A PERMANÊNCIA OU NÃO DA CASCA .............................................................................................. 82
2.3. TRANSFORMAÇÃO DA ÁRVORE........................................................................................................ 83
2.4. SECAGEM DE MADEIRAS .................................................................................................................... 84
2.4.1. SECAGEM NATURAL....................................................................................................................... 86
2.4.2. SECAGEM ARTIFICIAL ................................................................................................................... 88
CAPÍTULO III – PATOLOGIAS E DEFEITOS............................................................................................. 92
3.1. GENERALIDADES.................................................................................................................................. 92

1
As Madeiras na Construção Civil

3.2. CARACTERÍSTICAS NEGATIVAS E DEFEITOS DAS MADEIRAS .................................................. 93


3.2.1. DEFEITOS DE CRESCIMENTO ...................................................................................................... 96
3.2.1.1. DFEITOS DA ESTRUTURA DA ÁRVORE.............................................................................................. 96
3.2.1.2. NÓS............................................................................................................................................................. 97
NÓS VIVOS ....................................................................................................................................................... 98
NÓS MORTOS ................................................................................................................................................... 98
NÓS VICIOSOS ................................................................................................................................................. 98
TIPOS DE NÓS .................................................................................................................................................. 99
EXCENTRICIDADE DA MEDULA ............................................................................................................... 101
FIBRAS TORCIDAS........................................................................................................................................ 102
FENDAS E FISSURAS .................................................................................................................................... 103
MADEIRA DE ÁRVORES COM TRONCO INCLINADO PARA O CHÃO................................................. 104
3.2.1.3. BOLSAS.................................................................................................................................................... 104
BOLSAS DE RESINA...................................................................................................................................... 104
BOLSAS DE CASCA DE ÁRVORE ............................................................................................................... 105
BOLSAS DE GOMA ........................................................................................................................................ 105
3.2.2. DEFEITOS DE SECAGEM ............................................................................................................. 105
3.2.3. DEFEITOS DE PRODUÇÃO.......................................................................................................... 105
3.2.4. DEFEITOS DE MODIFICAÇÃO .................................................................................................... 106
3.2.4.1. DEFEITOS DE ORIGEM VEGETAL (MADEIRA INFECTADA)......................................................... 107
3.2.4.2. DEFEITOS DE ORIGEM ANIMAL (MADEIRA INFESTADA)............................................................ 109
3.2.4.3. CLASSES DE DURABILIDADE................................................................................................... 110
3.2.4.5. CLASSES DE IMPREGNABILIDADE ......................................................................................... 111
3.3. PRINCIPAIS INSECTOS QUE ATACAM A MADEIRA...................................................................... 111
3.3.1. MODIFICAÇÕES PROVOCADAS POR FUNGOS ........................................................................ 113
3.3.1.1. ANTES DO ABATE DAS ÁRVORES ..................................................................................................... 113
3.3.1.2. DURANTE A SECAGEM DA MADEIRA .............................................................................................. 113
3.3.1.3. DEPOIS DE APLICADAS AS MADEIRAS ............................................................................................ 113
3.2.5. DEFEITOS DE EXPLORAÇÃO ...................................................................................................... 114
CAPÍTULO IV – PRESERVAÇÃO E TRATAMENTO .............................................................................. 118
4.1. TRATAMENTO E PRESERVAÇÃO DAS MADEIRAS....................................................................... 118
4.2 MÉTODOS DE TRATAMENTO ............................................................................................................ 121
4.2.1. PINCELAGEM E ASPERSÃO......................................................................................................... 121
4.2.2. IMERSÃO RÁPIDA E IMERSÃO PROLONGADA ......................................................................... 122
4.2.3. IMERSÃO A QUENTE-FRIO EM TANQUE ABERTO ................................................................... 122
4.2.4. IMPREGNAÇÃO POR PRESSÃO ................................................................................................... 122
4.2.5. IMPREGNAÇÃO POR VÁCUO ...................................................................................................... 123
4.2.6. DIFUSÃO ........................................................................................................................................ 123
4.2.6. SUBSTITUIÇÃO DA SEIVA ............................................................................................................ 123
4.3 MADEIRAS VERDES............................................................................................................................. 124
4.3.1. PROCESSO DE BOUCHERIE........................................................................................................ 124
4.3.2. OSMOSE ......................................................................................................................................... 124
4.4. MADEIRAS SECAS ............................................................................................................................... 125
4.4.1. IMPREGNAÇÃO......................................................................................................................................... 125
IMPREGNAÇÃO SUPERFICIAL ................................................................................................................... 125
IMPREGNAÇÃO PROFUNDA ....................................................................................................................... 126
4.5. CARBONIZAÇÃO SUPERFICIAL ....................................................................................................... 127
CONCLUSÕES ................................................................................................................................................. 128
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................................................ 130
ANEXOS............................................................................................................................................................ 134
ANEXO I - APRESENTAÇÃO RESUMIDA DAS DIVERSAS MADEIRAS POR ESPÉCIES DE
ÁRVORES EXISTENTES EM PORTUGAL ................................................................................................ 135
ANEXO II - APRESENTAÇÃO SINTÉTICA DAS DIVERSAS MADEIRAS POR REGIÕES
GEOGRÁFICAS MUNDIAIS ......................................................................................................................... 152
ANEXO III - LISTAGEM INTERNACIONAL (EXTRA-EUROPEIA/VERSÃO FRANCESA) DAS
MADEIRAS MAIS IMPORTANTES POR REGIÕES GEOGRÁFICAS MUNDIAIS ............................ 174
ANEXO IV - APRESENTAÇÃO RESUMIDA DAS MADEIRAS POR MOSTRUÁRIO GENÉRICO.. 177

2
As Madeiras na Construção Civil

ANEXO V - APRESENTAÇÃO RESUMIDA DAS MADEIRAS COMO APLICAÇÕES NA


CONSTRUÇÃO CIVIL.................................................................................................................................... 180
ANEXO VI – MADEIRAS PORTUGUESES E AFRICANAS, UTILIZAÇÕES, CARACTERÍSTICAS
FÍSICAS, MECÂNICAS E TECNOLÓGICAS [43]...................................................................................... 192
ANEXO VII – CONSERVAÇÃO, TRATAMENTO E DURABILIDADE DE MADEIRAS – NP 2080 [24]
............................................................................................................................................................................ 201
CLASSES........................................................................................................................................................... 202
P ..................................................................................................................................................................... 202
D.......................................................................................................................................................................... 202
A1........................................................................................................................................................................ 202
FUNGOS........................................................................................................................................................ 203
TÉRMITAS................................................................................................................................................. 203
PEQUENOS .............................................................................................................................................. 203
LICTOS...................................................................................................................................................... 203
OUTROS.................................................................................................................................................... 203
BORNE ...................................................................................................................................................... 203
CERNE ...................................................................................................................................................... 203
PSEUDOTSUGA ........................................................................................................................................... 203
M .................................................................................................................................................................... 203
MUTENE ....................................................................................................................................................... 203
DURÁVEL............................................................................................................................................................. 203
CCA .................................................................................................................................................................. 204
NP – 2080 ........................................................................................................................................................... 206
SIM..................................................................................................................................................................... 207
SIM..................................................................................................................................................................... 207
ANEXO VIII – NORMALIZAÇÃO DE MADEIRAS................................................................................... 208
I. NORMAS PORTUGUESAS (NP, NPEN) E PROJECTOS DE NORMAS PORTUGUESAS (PRNP) NO
DOMINIO DA MADEIRA............................................................................................................................... 209
1.1- MADEIRA – GERAL................................................................................................................................ 209
1.2 - MADEIRA – EMBALAGENS................................................................................................................. 209
1.3 - MADEIRA – PAVIMENTOS.................................................................................................................. 210
1.4 - MADEIRA – POSTES.............................................................................................................................. 210
1.5 - MADEIRA PARA ESTRUTURAS ......................................................................................................... 210
1.6 - PRESERVAÇÃO DE MADEIRA ........................................................................................................... 210

3
As Madeiras na Construção Civil

ÍNDICE DE TABELAS

TABELA 1 – CLASSIFICAÇÃO DA MADEIRA - SEGUNDO A ANISOTROPIA........................................... 44


TABELA 2 – ESTADO DA MADEIRA (SEGUNDO O TEOR DE ÁGUA) ....................................................... 48
TABELA 3 – HUMIDADE PREVISÍVEL DA MADEIRA FACE A SITUAÇÃO OU LOCAL DE APLICAÇÃO
..................................................................................................................................................................... 49
TABELA 4 – COEFICIENTE DE RETRACTIBILIDADE VOLUMÉTRICA (%) ............................................. 52
TABELA 5 - RETRACÇÃO VOLUMÉTRICA TOTAL (%)............................................................................... 56
TABELA 6 – RETRACÇÃO LINEAR TOTAL (%) ............................................................................................ 56
TABELA 7 – DENSIDADE (G / CM3) ................................................................................................................. 59
TABELA 8 - VALORES DE RESISTÊNCIA ELÉCTRICA DA MADEIRA (MEGAOHMS/CM) .......................... 61

4
As Madeiras na Construção Civil

ÍNDICE DE FIGURAS

FIGURA 1– NA FOTOGRAFIA DE SUPERIOR ILUSTRA-SE O AVANÇO DAS ZONAS DE PASTO SOBRE AS ARBORIZADAS
NO BRASIL, NAS A ESTA INFERIORES, PELO CONTRÁRIO, O RESULTADO DE UM CORRECTO PLANEAMENTO
FLORESTAL [12] ............................................................................................................................................. 8
FIGURA 2– FOTOGRAFIA DE ÁRVORE RESINOSA, COM FOLHA E FRUTO (IN “O MUNDO DA MADEIRA” 1987, P. 28)
..................................................................................................................................................................... 17
FIGURA 3 – PAISAGEM DA ALTERAÇÃO DE COLORAÇÃO DAS FOLHAS (IN “O MUNDO DA MADEIRA”, 1987, P. 108)
..................................................................................................................................................................... 17
FIGURA 4 – ÁRVORE DE FOLHA CADUCA, COM TRANSIÇÃO, FOLHA E FRUTO (IN “O MUNDO DA MADEIRA”, 1987,
P. 28) ............................................................................................................................................................ 18
FIGURA 5 – FOTOGRAFIA DE DIVERSOS TIPOS DE FOLHA (IN “ENCICLOPÉDIA LELLO UNIVERSAL”, P. 1029)....... 18
FIGURA 6 – FOTOGRAFIA DE UMA ENCOSTA COM VEGETAÇÃO VARIADA (IN “CABRAL E TELLES”, P. 50) ........... 19
FIGURA 7 - DIAGRAMA DE SECTOR CIRCULAR DO CAULE (CORTE TRANSVERSAL) COM OS ASPECTOS PRINCIPAIS
DA ESTRUTURA LENHOSA (IN “O MUNDO DA MADEIRA” , 1987, P. 48) ........................................................ 24

5
As Madeiras na Construção Civil

INTRODUÇÃO

Portugal possui cerca de 3 milhões de hectares de floresta e possivelmente detém


capacidade para dobrar esse valor, sendo o país europeu com a taxa mais elevada de floresta.
Contudo, esta mais valia tem vindo a ser ameaçada ano a ano, com a multiplicidade e
dimensão dos fogos que tem afectado o nosso país.

Sendo o Pinheiro a árvore dominante no nosso panorama arbóreo, esta espécie possui
uma relação densidade/resistência notável, embora tenha sérios problemas de durabilidade.

Por outro lado, o comércio internacional de produtos florestais apresenta,


actualmente, um novo e importante componente regulador às exigências impostas pela
sociedade consumidora de um modo geral, quanto à origem desses produtos e dos seus
derivados.

O Brasil, no contexto internacional, ocupa uma posição estratégica, possui a maior


reserva de florestas tropicais, é o maior consumidor de madeiras tropicais e será, num futuro
próximo, o maior exportador de madeiras tropicais do mundo.

Quer a Europa quer os Estados Unidos estão actualmente centralizados na questão


dos mercados futuros para os produtos florestais certificados, os quais se fundamentam na
produção e na preocupação ambiental dos extractores e consumidores.

A destruição de grandes áreas florestais na região amazónica, devido ao avanço das


fronteiras do desenvolvimento, tem sido motivo de críticas a nível nacional e internacional,
gerando polémicas sobre a viabilidade de utilização de tais recursos naturais. A política
florestal para a Amazónia é muito questionada. Entre as propostas de alteração desse quadro,
ressalta-se a necessidade de utilização racional e sustentada dos recursos florestais. O
desenvolvimento regional baseado na utilização de recursos naturais é necessário e pode ser
viável, desde que, levando-se em consideração os princípios da sustentabilidade destes
recursos, objective buscar alternativas que possam balancear as necessidades sociais,
económicas e ecológicas de cada região.

6
As Madeiras na Construção Civil

Historicamente, no Brasil, a obtenção de madeira e de outros produtos de florestas


nativas tem sido feita de forma predatória. A destruição florestal produz enormes prejuízos
para a geração de energia hidroeléctrica e abastecimento de água para cidades e agricultura,
através do aumento da erosão. Além disso, empobrece a biodiversidade e contribui para as
variações climáticas assim como para o aquecimento global.

É evidente que quando se fala de florestas vem como exemplo o Brasil,


designadamente a floresta da Amazónia, mas tais preocupações não são generalizadas só ao
nosso país irmão, mas também às grandes manchas florestais existentes na Africa, Ásia,
Oceânia e Europa.

Se fossem aproveitadas as florestas, de forma sustentada, a resposta à procura interna


e externa de madeira em cada grande área florestal poderiam gerar dezenas de milhares de
empregos e vários milhões de produtos em madeira. Além disso, o manejo florestal pode
incluir e gerar produtos que não sejam por si só o aproveitamento da madeira, mas sim outros
produtos provenientes da reconversão e aproveitamento dos extractos como, por exemplo,
borracha, celulose, assim como diversas substâncias utilizadas na indústria farmacêutica, etc.

Vários autores consideram que hoje em dia existe uma preocupação e um cuidado
técnico para o manuseamento e reflorestação das áreas arborizadas, além de informações
adequadas para identificar as condições nas quais o seu manuseamento terá êxito.
Invariavelmente, atribuem-se obstáculos do tipo político e socioeconómico para explicar a
falta de áreas sob domínio.

A Figura 1 mostra um fragmento de cerradão (área central da foto) cercado por cultura
canavieira, no município de Luiz Antônio, Brasil, como resultado da expansão agro-pastoril
na paisagem do Estado de São Paulo.

Neste contexto, áreas de florestas naturais do Brasil encontram-se cada vez mais
reduzidas a fragmentos florestais. A substituição da vegetação nativa por áreas de pasto,
monoculturas e culturas de subsistência implica na perda contínua e irreversível da
biodiversidade, seja directamente pela extinção de espécies, ou pela perda da variabilidade
genética das espécies ameaçadas de extinção.

7
As Madeiras na Construção Civil

FIGURA 1– Na fotografia de superior ilustra-se o avanço das zonas de pasto sobre as arborizadas no
Brasil, nas a esta inferiores, pelo contrário, o resultado de um correcto planeamento florestal [12]

O manuseamento florestal defensável é parte indispensável ao desenvolvimento de


cada país, especialmente pela sua aptidão e pelos ecossistemas de cada região, assim como

8
As Madeiras na Construção Civil

pelas suas vantagens do ponto de vista social, económico e ambiental a curto e a longo prazo.
Comparado com os demais sistemas de utilização da Terra (como sejam a agricultura,
pecuária, etc.) o manuseamento florestal produz melhor qualidade e quantidade de serviços
ambientais de que se destacam a biodiversidade e a protecção dos recursos hídricos, não
esquecendo um dos grandes flagelos da actualidade, os incêndios, que com estudos adequados
tanto no campo da prevenção como na pratica de intervenção são fundamentais para o
desenvolvimento e reconstrução florestal.

O comércio utiliza hoje cerca de 250 espécies de madeira, tanto a nível local como
regional e nacional. No entanto, a maior parte do volume comercializado concentra-se em
poucas espécies destas 250. Das cerca de 2000 espécies que se conhecem só algumas dezenas
possuem mercado no Mundo. Isto torna necessário que se proceda à promoção nos mercados
mais diversos das espécies que mais se encontram aptas a serem utilizadas nas mais diversas
utilizações no sector da indústria transformadora. Estas espécies, pelo menos algumas delas,
não se comercializam devido ao facto de, infelizmente, ser desconhecido quer o seu potencial
económico quer as suas propriedades físicas e mecânicas.

Se existir um melhor conhecimento das florestas e suas castas, então também existirá
um melhor aproveitamento e um aumento de produtos para a sua transformação. Na maior
parte dos casos é reduzido o número de espécies cujas madeiras se aproveitam, o que tem
como consequência o excessivo custo de infra-estruturas e das operações de exploração das
florestas, devido ao baixo volume de madeira comercial disponível por unidade de área. As
florestas da América Latina não são excepção a esta regra. Ampliar os conhecimentos sobre
as madeiras, que actualmente são sub-utilizadas pelos mercados nacionais e internacionais,
contribui para o aproveitamento racional e sustentado destes recursos.

Para além da necessidade de mudar a ênfase da ocupação actual, baseada na


agricultura e pecuária, para uma exploração florestal caracterizada pelo manuseamento dos
recursos visando a produção sustentada e crescente de produtos florestais, é necessário
melhorar o nível do aproveitamento industrial da matéria-prima gerada pelo sistema de
ocupação vigente. Por outro lado, a implantação de um parque de madeira forte e preocupado
com a utilização adequada da floresta, da qual dependeria a sua sobrevivência, ainda carece
de estudos adequados para ultrapassar os obstáculos à utilização e à comercialização

9
As Madeiras na Construção Civil

abrangente das madeiras, sendo um dos maiores obstáculos na actualidade o desconhecimento


das mesmas pelos mercados de destino da madeira.

As indústrias de base florestal têm dado a sua quota parte na contribuição nos
aspectos social e económico. No entanto, são necessários maiores investimentos em
tecnologia, visando aumentar o valor agregado dos produtos e o nível de utilização da
matéria-prima que é a madeira. Para tal, o primeiro passo seria fazer aperfeiçoar os
conhecimentos sobre as espécies de madeira existentes, com o objectivo da sua ulterior
utilização.

Assim, os estudos sobre novas espécies de madeira devem basear-se em pressupostos


científicos. As propriedades tecnológicas são importantes para a definição da qualidade da
madeira. As espécies de madeira tradicionais tiveram a sua resistência, aspecto visual, etc.,
comprovados ao longo de várias décadas, às vezes séculos, de utilização. Portanto, comparar
as características ou propriedades tecnológicas de novas espécies de madeira com as espécies
tradicionais é um método bastante eficaz para aferir as suas qualidades.

Considerando a alta diversidade de espécies de madeira existentes em todo o mundo,


as características tecnológicas possibilitam agrupar a madeira em função de suas propriedades
físicas, mecânicas e tecnológicas, identificando aquelas com possibilidades de substituir as
madeiras tradicionais nas mais diversas finalidades.

A determinação das propriedades e possíveis utilizações da madeira das espécies que


compõem a floresta da Amazónia, em especial aquelas que são pouco conhecidas, constitui
um requisito básico para qualquer acção que tenha por objectivo introduzir novas espécies no
mercado. A constatação de diversas características desejáveis em qualquer espécie deve estar
na base do trabalho a ser empreendido para a sua introdução no mercado, levando-se em linha
de conta, ainda, a sua ocorrência e disponibilidade volumétrica, a possibilidade de
suprimentos regulares e a sua competitividade no que diz respeito ao preço da madeira já
tradicionalmente estabelecida.

Há a necessidade de se obterem as informações no respeitante às tecnologias, para


encetar estratégias de mercado tendentes a promover as espécies nos mercados, interno e
externo, procurando substituir aquelas cujas quantidades conhecem um processo acelerado de

10
As Madeiras na Construção Civil

esgotamento das suas reservas. Para tal há que reduzir a exploração selectiva e colocar nos
mercados quantidades adicionais de matéria-prima a preço mais competitivo e, enfim, reduzir
o desperdício de matéria-prima que é originária das diversas formas de exploração das
florestas.

Hoje torna-se urgente uma política séria e eficiente de reflorestação e, sobretudo, de


conservação e defesa do património arbóreo existente e do que se pretenderá plantar.

11
As Madeiras na Construção Civil

CAPÍTULO I – NATUREZA, CLASSIFICAÇÃO, PROPRIEDADES,


APLICAÇÕES E CONDIÇÕES DE EMPREGO DA MADEIRA

Ao longo deste capítulo, o nosso propósito é efectuar, desde logo, uma definição do
que se entende por madeira, assim como as suas características propriedades. Com efeito,
muito embora seja uma noção que todas as pessoas têm, impõe-se que, num trabalho obedeça
a regras científicas, se efectue uma definição formal que proceda à confirmação ou não da
noção pré-existente de senso comum.

Mas, mais importante do que isso, é obrigatório delimitar o campo objecto de análise
e que é realizado a partir de uma definição que precise o âmbito de análise que constitui o
ponto de partida.

Como se deve depreender a madeira é proveniente da árvore. Assim, e como se pode


observar em diversos livros ou descrito em qualquer compêndio de botânica, uma árvore é
uma planta lenhosa, de grande porte, formada por raiz caule ou tronco, e a copa constituída
pelos ramos, folhas, flores ou frutos.

Para uma caracterização de madeira apresentamos uma nomenclatura das árvores a


partir das quais se pode extrair os mais diversos tipos de madeira e, de seguida, completa-se
com a descrição e caracterização dos principais elementos que se podem referir a propósito da
sua constituição, a sua composição química, bem como as propriedades físicas e mecânicas,
de modo a que tudo o que de relevante é necessário referir a propósito da madeira fique
abordado num capítulo inicial.

1.1. CONCEITO DE madeira

A ideia é um pouco efectuar alguma caracterização do que se entende por tal para
que possa, desde este ponto inicial, ficar com uma ideia de alguns aspectos, principais e
também secundários, daquilo que entende por ela e de algumas referências que à mesma se
pode associar necessárias para definir os seus contornos.

12
As Madeiras na Construção Civil

A madeira é constituída pelo conjunto dos tecidos que formam a massa dos troncos
da árvore, desprovidos de casca. É um material relativamente leve, resistente e fácil de
trabalhar, tendo, por isso mesmo, sido utilizada pelo homem desde os primórdios da cultura.

Segundo a “Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira” (GEPB)1, no seu volume


XV, a página 841, a noção de madeira é apresentada como sendo a “substância compacta,
sólida, fibrosa, que se diz lenhosa, que compõe as raízes, o tronco (fuste, haste ou caule) e os
ramos de certos vegetais”. São apresentadas noções, nesta mesma referência bibliográfica, no
âmbito da botânica e da silvicultura.

Relativamente à botânica, refere-se que a madeira é uma “porção de lenho de


dimensões suficientes para poder ser transformada depois de trabalhada em qualquer objecto
útil” citando a mesma página 841. Devido ao facto do seu maior ou menor desenvolvimento e
crescimento do diâmetro, normalmente denominado “cilindro central” do caule das plantas
gimnospérmicas e dicotiledóneas, é que se pode obter esta madeira como matéria-prima em
bruto, ou após tratamentos específicos para poder ser dada à mesma os mais diversos destinos
pelo Homem, ou suas transformações industriais e mecânicas.

O crescimento deste “cilindro central” ocorre pelo apelidado “câmbio”, que consiste
numa zona que fica entre o “líber” (órgão vegetal constituído por um conjunto de vasos
condutores, crivosos, também denominado floema) e o “lenho” das plantas gimnospérmicas
(a sua divisão refere precisamente o facto das suas sementes e óvulos destas plantas se
encontrarem expostas sobre a superfície dos esporófilos ou estrutura análoga) e dicotiledóneas
(a sua divisão refere ao facto do sistema de reprodução sexuada em meio terrestre e em
presença de animais ou insectos através da polinização na flor, ou pela produção de frutos
carnudos e apetecíveis, permitindo à planta utilizar os animais como transportadores e
distribuidores das sementes nele depositado.

Do ponto de vista da produção da madeira, apenas é relevante a parte do “câmbio”


cujos tecidos estão virados para o seu interior, o que inclui o já referido “lenho” bem como os
1
Esta obra foi consultada, no que concerne a algumas entradas. Os volumes consultados, na sua totalidade, não
possuem data do ano de publicação ou qualquer outra referência temporal. Tomou-se como data de referência,
nas citações e nas referências bibliográficas, a data do último volume de actualização disponível e que é datado
do ano de 2000. Toda e quaisquer referências a esta obra, deverá ser consultada, a quaisquer títulos, pelo critério
de consulta de um enciclopédia, isto é, a ordem alfabética, no volume respectivo. Se, porventura, existir alguma
edição publicada mais recentemente, a referência temporal que mencionamos é a do ano do último volume de
“actualização” a que tivemos acesso, ou seja, o referido ano 2000.

13
As Madeiras na Construção Civil

raios medulares. Porém, acontece que o próprio “câmbio” de raiz pode originar madeira. No
entanto, aquela que se obtêm extraindo a partir do tronco das árvores é a que se revela mais
importante.

De um ponto de vista que podemos designar de, “anatómico”, a madeira possui um


conjunto notável de espécies que são assaz variáveis e se encontram relacionadas com a
constituição do “lenho”. Nas árvores que se podem classificar como dicotiledóneas, e que são
também conhecidas como árvores “folhosas”, a constituição da madeira é, na maioria das
vezes de natureza menos simples. Esta menor simplicidade de constituição, prende-se com o
aspecto de existirem vasos de circulação da seiva de diferentes dimensões, os raios poderem
ser de formados por uma ou mais do que uma fiada de células, pelo surgimento de ramos ou
braços de sustentação das folhas.

No que se refere à silvicultura, a madeira é concebida como algo que resulta de um


produto da natureza e, como tal, assume três formas. Estas formas são a madeira, a “lenha” e
a “rama”.

Estas formas, são variáveis não a partir da definição que a caracteriza, mas sim em
função do diâmetro que possui na árvore. Estas formas variam com o desenvolvimento e
idade da árvore, da sua localização, na capacidade de nutrição do solo e suas características. A
partir do abate, a produção de madeira, surge a partir do designado “eixo principal” da
árvore, também conhecido por “fuste”. Porém, esta produção circunscreve-se até ao diâmetro
de 0,20 m.

A partir do decréscimo deste diâmetro, a árvore passa a ter as designações adequadas


com as características dos mesmos: de “lenha” até à formação das árvores que se designam
por “rama”. A parte que é mais importante é, sem dúvida, aquela da qual se extrai a madeira,
cujo elemento fundamental é a célula lenhosa, conhecida como fibra, apesar de ter outras
denominações mais específicas conforme a sua diversidade morfológica, a sua funcionalidade
e desempenho.

Como remate final, podemos então referir que a madeira, ou seja, a substância que é
extraída como matéria-prima, em bruto da natureza, pode ser definida segundo estas duas
perspectivas de auscultar a botânica e associar à silvicultura.

14
As Madeiras na Construção Civil

Aquela que consideramos ser a mais adequada, e se ajusta ao nosso enquadramento


lógico para esta terminologia como uma associação às duas ciências, será a de um conceito
misto, que reúne as principais características da botânica e da silvicultura.

Tal deve-se ao facto de a madeira ser uma matéria-prima que resulta de uma planta e
daí a acepção associada à botânica e, por outro lado, o facto de ser extraída de uma árvore
que vive em conjunto com um sem número de outras tantas iguais ou semelhantes e que se
estudam no domínio da silvicultura.

1.2. A NOMENCLATURA GENÉRICA

As árvores, a partir das quais se obtém, a madeira podem ser objecto de uma
classificação. Aquelas que o Homem se serve para especificamente proceder à extracção da
deste produto natural, podem ser agrupadas em dois grandes grupos: as árvores resinosas (ou
também conhecidas por árvores coníferas) e as árvores folhosas (ou conhecidas por folha
caduca).

• No que se refere ao primeiro grupo (árvores resinosas) é a designação comum e genérica


atribuída aos exemplares das espécies arbóreas de interesse florestal, subtipo
“Gimnospérmicas”, geralmente possuem resina (líquido viscoso produzido junto à casca)
e as suas folhas são do tipo persistente, isto é, as suas folhas resistem e têm uma maior
durabilidade temporal, podendo resistir no ramo um período que pode atingir dois anos.
São folhas do tipo acícula, ou seja, têm a forma de agulha. De um ponto de vista espacial
a sua constituição depende da sua espécie, mas pode atingir cerca de trinta metros de
altura, sendo de um modo geral de cor verde e amarelo esverdeado, o seu tronco é direito
e robusto, sendo o seu diâmetro tanto quanto maior quanto mais antiga for a árvore. Este
tipo de árvore encontra nos países mediterrânicos Ocidentais, tais como Portugal,
Espanha, Sul de França e na costa Ocidental Africana. Geralmente, é uma árvore que se
encontra na Europa em altitudes entre o zero e quatrocentos metros, podendo atingir
excepcionalmente os novecentos metros, e no Norte de África (Marrocos) a altitudes que
podem atingir os dois mil metros. De entre alguns tipos de árvores que se enquadram
neste grupo salientam-se os que se identificam com o pinho e os seus diversos tipos. As
árvores que dão pinho são essencialmente de dois tipos: os pinheiros bravos e os pinheiros
mansos. O tipo de madeira em pinho é frequente em qualquer parte do mundo e muito

15
As Madeiras na Construção Civil

usada na construção e nos demais ramos da construção civil, sem esquecer da sua
utilização no sector do mobiliário e da construção naval (para a construção de
embarcações de pequena e média dimensão). O grupo das resinosas é constituído pelas
árvores com folhas em forma de agulhas ou escamas e, em geral, persistentes, tais como o
pinheiro, o cedro, o cipreste, etc.

• No que se refere ao grupo das árvores folhosas, é a designação comum e genérica


atribuída aos exemplares das espécies arbóreas de interesse florestal da classe
“dicotiledóneas” das Angiospérmicas, elas na realidade podem ser de folha caduca ou
perene. As folhosas no final do Outono ou início do Inverno, em alguns casos, tem uma
transição com perda da folha e/ou alteração da sua coloração primária, passando por uma
panóplia de cores que numa generalidade alegra a paisagem, como se pode constatar na
figura 3. De um ponto de vista espacial a sua constituição depende da sua espécie, mas
pode atingir alturas várias de acordo com a sua tipologia de copa. De um modo geral a
tonalidade das folhas são esverdeadas, o seu tronco é direito e robusto, sendo o seu
diâmetro tanto quanto maior quanto mais antiga for a árvore. As suas folhas têm
configurações distintas de acordo com a sua natureza, habitat, clima, sendo mais ou menos
recortada e pode ser analisada de acordo com a sua forma, contorno e nervura. Este tipo
de árvore encontra-se por todo o mundo, variando de acordo com as características
climatéricas. São árvores que se encontram, no nosso país, em altitudes superiores aos
quatrocentos metros, podendo excepcionalmente aparecer em altitudes inferiores e junto
ao litoral. O grupo das folhosas é constituído pelas árvores de folha caducas, tais como o
castanheiro, o carvalho, a faia, o freixo, etc.

Folhosas e Resinosas representam quase toda a vegetação arborescente da terra;


poucas espécies ficam fora destes dois grupos e essas, em geral, não fornecem madeira para a
construção civil.

Seguidamente, e após uma breve descrição da nomenclatura das árvores, são


referenciadas algumas das espécies que abundam no nosso território. A exposição será
efectuada segundo o nome pela qual a planta é conhecida, o seu nome botânico, algumas
características com o tipo de solo em que se fixam, tipo de folha e uma pequena descrição da
sua aplicação na extracção da madeira (e em alguns casos além de uma fotografia,

16
As Madeiras na Construção Civil

acompanhada ou não pelo mapa com a indicação das locais onde se pode encontrar esse tipo
de vegetação).

FIGURA 2– Fotografia de árvore resinosa, com folha e fruto (in “O Mundo da Madeira” 1987, p. 28)

FIGURA 3 – Paisagem da alteração de coloração das folhas (in “O Mundo da Madeira”, 1987, p. 108)

17
As Madeiras na Construção Civil

FIGURA 4 – Árvore de folha caduca, com transição, folha e fruto (in “O Mundo da Madeira”, 1987, p. 28)

FIGURA 5 – Fotografia de diversos tipos de folha (in “Enciclopédia Lello Universal”, p. 1029)

18
As Madeiras na Construção Civil

FIGURA 6 – Fotografia de uma encosta com vegetação variada (in “Cabral e Telles”, p. 50)

Resumindo, quanto à classificação botânica, a madeira pode pertencer a dois grupos:

• o grupo das “gimnospermas”, usualmente chamadas de “coníferas”, resinosas,


não porosas ou ainda “softwoods”;

• o grupo das “angiospermas”, também conhecidas como “folhosas”, porosas ou


“hardwoods”.

Ambos estes termos têm origem no grego. Para as “gimnospermas” vem do grego
“gimno” (que significa “nu”) e “sperma” (que significa “semente”) e significam “vegetais
com sementes «nuas»”. Para as “angiospermas” vem do grego “angio” (que significa
“cápsula”) e “sperma” e significam vegetais com sementes “encapsuladas”.

As “angiospermas” são vegetais que num modo geral produzem flores, constituem
um dos maiores grupos de plantas do mundo, sendo o que prevalece na flora terrestre. É
composto por cerca de 344 famílias e mais de 200.000 espécies.

19
As Madeiras na Construção Civil

Em consonância, as madeiras obtidas das árvores do tipo resinoso, as madeiras


principais que se podem obter podem ser de três tipos:

1. Madeiras tenras ou ligeiras (o abeto, por exemplo);

2. Madeiras semi-duras ou semi-pesadas (o pinheiro bravo);

3. Madeiras duras ou pesadas (a casquinha, por exemplo).

Relativamente às madeiras do tipo folhoso, temos as madeiras muito tenras ou muito


leves (o choupo é um exemplo), as madeiras tenras ou leves (a faia), as madeiras semi-duras
ou semi-pesadas (o carvalho), as madeiras duras ou pesadas (o buxo constitui um exemplo) e
as madeiras duras ou muito pesadas (por exemplo as madeiras exóticas).

Para podermos situar as espécies arbóreas, de interesse para a construção civil, entre
os outros vegetais, vamos relembrar uma possível classificação:

TIPOS SUBTIPOS CLASSES


ANGIOSPÉRMICAS MONOCOTÍLEDÓNEAS
(com sementes encerradas no (embrião com 1 cotilédone, etc.)
pericarpo)
ESPERMATÓFICAS DICOTILEDÓNEAS
(plantas com raiz, caule, folhas e
GIMNOSPÉRMICAS (embrião com 2 cotilédones)
flores; produtoras de sementes) (com sementes não envolvidas
pelo pericarpo) FOLHOSAS

RESINOSAS
LECOPODINEAS

PTERIDÓFITAS EQUISSETINEAS
(com raiz, caule e folhas)
FILICINEAS
HEPÁTICAS
BRIÓFITAS
(com rizóides, caulóide e
MUSGOS
filóides)
ALGAS
TALÓFITAS FUNGOS
(com o corpo reduzido a um
talo)
LIQUENES

20
As Madeiras na Construção Civil

A árvore é uma planta vivaz, isto é dura muitos anos e, nuns anos, vai preparando a
vida para os seguintes. Esquematicamente, a forma da árvore pode considerar-se (ver figura
seguinte) um eixo vertical, em que a parte superior é a flecha (a) e a inferior a raiz mestra
(b); esse eixo tem ramificações inseridas a diferentes alturas: as pernadas (c), se forem acima
do solo; as raízes secundárias (d), se forem abaixo.

É nestas ramificações que estão situados os órgãos de que depende a alimentação da


planta. Assim:
• Nas pernadas – os ramos e as folhas (e)
• Nas raízes secundárias – as radículas (f)

As ramificações constituem, portanto, o suporte dos órgãos de absorção ou


elaboração; nelas se encontram parte das reservas dos produtos elaborados e se localizam os
canais de circulação da seiva.

Toda a vida das árvores se passa entre as folhas e as radículas, por vezes situadas a
distâncias de 30 a040 metros. A árvore é um ser vivo; portanto, necessita de respirar, ou seja,
de absorver oxigénio e libertar anidrido carbónico. Nas plantas, ao contrário dos animais, as
trocas gasosas são geralmente directas dos tecidos para a atmosfera.

As folhas comportam-se como membranas perfuradas. Os estomas (pequenos


orifícios de abertura variável conforme a luz e a humidade) fazem o contacto entre as células
da folha e a atmosfera.

As plantas de folha caduca têm, no período de repouso, menores necessidades de


respiração do que as plantas de folha persistentes (por exemplo, o plátano, o freixo, etc., de
folha caduca, e o pinheiro ou o loureiro, etc., de folha persistente).

As plantas necessitam de ter ar suficiente, não somente nas folhas e ramos, mas
também nas raízes, morrendo por asfixia radicular quando o solo fica alagado. Alem das
trocas gasosas da respiração, é pelos estomas que se faz a absorção do anidrido carbónico do
ar, necessário para a fotossíntese. Já sabemos que é pela acção da luz solar sobre a clorofila,

21
As Madeiras na Construção Civil

que se faz, nas folhas e partes verdes das plantas, a síntese da matéria orgânica, formando-se
os açucares, a partir do carbono do ar e da água absorvida pelas raízes.

São estes os componentes primários com que se formam todas as substâncias que
entram na constituição da planta.

22
As Madeiras na Construção Civil

1.3. ESTRUTURA DA MADEIRA

A madeira no que se refere à estrutura anatómica é um organismo heterogéneo


formado por um conjunto de células com propriedades específicas. Desempenham estas várias
funções no que respeita ao crescimento, condução da água, transformação, armazenamento e
condução de substâncias nutritivas bem como sustentação vegetal.

Na verdade, as madeiras constituem um material complexo com características que


muito diferem dos outros materiais de construção, mais regulares nas suas propriedades. A
origem destas diferenças assenta, essencialmente, na sua índole orgânica, enquanto produto
natural, possuindo uma estrutura fibrosa heterogénea e anisotrópica.

A estrutura da madeira é diferente consoante o tipo de árvore em questão. De uma


forma geral, podemos ver que, qualquer que seja o tipo de árvore que tivermos em presença, o
seu crescimento é efectuado pela adição de camadas sucessivas, concêntricas e periféricas.
Estas camadas são oriundas da parte que atrás designamos por “câmbio”, a zona situada entre
o “líber” e o “lenho” de uma árvore. Este crescimento denomina-se de “anel de crescimento”.
Este é diferente consoante as árvores em questão se encontrem em regiões do globo que sejam
de clima tropical ou de clima temperado.

Se oriundas de regiões de clima tropical os “anéis de crescimento” alternam de


acordo com as estações do tipo “seco” ou do tipo “chuvoso” (isto porque as variações de
temperatura ao longo do ano não são muito significativas, sendo muito pouco adequado
falarmos das clássicas 4 estações). Neste tipo de clima os “anéis de crescimento” são largos e
pouco diferentes entre si de árvore para árvore.

No caso de regiões de clima temperado os “anéis de crescimento” são não apenas


mais estreitos como também mais semelhantes entre si. Porém, apresentam uma característica
que as distingue a coloração dos “anéis de crescimento” que é diferente consoante a madeira
seja desenvolvida na estação da Primavera ou na estação do Verão.

Se a madeira for gerada na estação da Primavera, caracteriza-se por ser de maior


dureza, de cor mais escura e de maior peso, para além das células da árvore crescerem de
forma mais lenta. Se a madeira for produzida na estação do Outono, então a sua
caracterização identifica-se mais com o facto de ser menos dura (com as concavidades mais

23
As Madeiras na Construção Civil

finas), a cor ser mais clara, ser menos pesada e as árvores encetarem o seu processo de
crescimento de forma mais célere no início desta estação.

FIGURA 7 - Diagrama de sector circular do caule (corte transversal) com os aspectos principais da
estrutura lenhosa (in “O Mundo da Madeira” , 1987, p. 48)

Costuma dizer-se que a madeira é um material lenho-celulósico, ou seja, um material


natural celular constituído por conjuntos de células fibrosas, de paredes essencialmente
celulósicas, intimamente constituídas por lenhina.

Naturalmente todo o estudo da arquitectónica da madeira requer a consideração de


planos principais de observação, para uma revelação completa e espacial dos elementos
constitutivos e respectiva avaliação biométrica. Assim, considera-se três planos fundamentais
de observação:

¾ O plano transversal;

¾ O plano radial;

¾ O plano tangencial.

Se observarmos, à vista desarmada, a secção transversal do tronco duma árvore


(figura anterior) distinguimos as seguintes partes:

24
As Madeiras na Construção Civil

FIGURA 8 – corte transversal dum tronco

• A Casca (1), é a camada exterior onde ainda se podem diferenciar duas


partes:

O Ritidoma (2), conjunto de tecidos mortos da parte externa da casca;

O entrecasco (3), parte interna da casca com vida.

• O câmbio vascular (4), é uma assentada geradora de células, que está


envolvida pela casca e envolve o lenho.

• O lenho (5), é o conjunto de tecidos envolvidos pelon câmbio vascular e


divide-se em duas partes:

O borne (6), zona externa do lenho, compreendida entre o câmbio vascular e


o cerne, geralmente mais clara que este ultimo;

O cerne (7), zona interdita do lenho circundada pelo borne. É a parte mais
dura, mais escura e mais resistente do lenho

Tanto o cerne como o borne são constituídos por tecidos, dispostos por anéis, cada
qual corresponde ao crescimento anual da árvore; por isso estes anéis se chamam de anéis de
crescimento anual.

25
As Madeiras na Construção Civil

• A medula (8), parte central, constituída por uma massa mole e esponjosa.

Na madeira de folhosas, muito mais diferenciada do que a das resinosas, um tecido


especial tem o papel da condução: o tecido vascular, que é formado por vasos. Quando eles
são visíveis a olho nu, esses vasos formam, numa secção transversal, o que vulgarmente se
chama “poros da madeira”.

Os vasos são formados por células alongadas, de direcção geralmente paralela ao


eixo da árvore, formando, pela sua reunião topo a topo, canais contínuos. Ao lado destes
elementos encontramos um outro género de tecido, quer nas folhosas quer nas resinosas, a que
se dá o nome de raios medulares.

Estes raios, de comprimento, espessura e altura variáveis segundo as essências, mais


unidos ou mais espaçados, visíveis ou não a olho nu, fazem comunicar entre si as camadas
sucessivas e contêm matérias de reserva. Aparecem, por vezes, nas secções radiais, em
características malhas, como no carvalho e são, sob o ponto de vista de resistência, elementos
fracos.

Nas resinosas temos os canais secretores que aparecem em massas mais ou menos
compactas, por vezes agrupados em torno dos diferentes canais e dispostos em zonas mais ou
menos importantes.

Bolsas de resina completam a organização geral e contribuem para dar à madeira


uma das suas principais características: a heterogeneidade.

O primeiro define-se como perpendicular ao eixo axial da árvore (que contém a


medula), os outros dois como planos paralelos aquele eixo, o radial por passar, teoricamente,
pela medula e seccionar perpendicularmente as camadas de crescimento, o tangencial por ser
apenas paralelo ao eixo e ao plano radial, consequentemente tangente ao contorno de qualquer
uma das camadas de crescimento, conforme se pode visionar na Figura 8.

A descrição anatómica que convencionalmente se faz da madeira resulta da


observação nos três planos:

ƒ Plano longitudinal (paralelo ao eixo);

26
As Madeiras na Construção Civil

ƒ Plano radial (perpendicular ao eixo ou plano transversal);

ƒ Plano tangencial (tangente às camadas definidas pelos círculos dos anéis de


crescimento).

FIGURA 9 – Rutura comparada de madeiras folhosas e resinosas

FIGURA 10 – Três planos da madeira

27
As Madeiras na Construção Civil

Em termos de observação/descrição do material lenhoso pode fazer-se em três níveis:

ƒ O macroscópico;

ƒ O microscópico;

ƒ O electrónico.

São importantes os “anéis de crescimento”, porque são eles que possibilitam


conhecer a idade de uma árvore a partir da qual se extrai um qualquer tipo de madeira. Por
outro lado, os mesmos possibilitam efectuar o estudo da característica de anisotropia da
madeira.

Uma das formas de proceder a uma avaliação da qualidade da madeira é através do


desempenho ou “performance” física e mecânica dos “anéis de crescimento”. Esta avaliação
faz-se através de três direcções possíveis:

• A “direcção tangencial”, também conhecida por “direcção transversal


tangencial” nos anéis de crescimento;

• A “direcção radial”, também conhecida por direcção transversal radial, nos


mesmos “anéis de crescimento”;

A “direcção axial” que vai no sentido das fibras e no sentido longitudinal ao caule da
árvore.

Ao longo do seu processo de evolução, os “anéis de crescimento” de uma árvore vão


crescendo através de um processo de substituição dos mais antigos pelos mais novos. De
facto, os mais velhos deixam de marcar presença no processo de evolução fisiológica da
mesma, que consiste no armazenamento e transporte de substâncias químicas alimentares da
árvore. Ao dar-se esta mudança produz-se o designado “cerne”, que fica situado entre a parte
interna da árvore, que se designa por “medula”, e o “alburno” (zona mais exterior,
imediatamente antes da casca e sua base).

28
As Madeiras na Construção Civil

FIGURA 11 - Diagrama de sector circular do caule (corte longitudinal) com os aspectos principais da
estrutura lenhosa (in “O Mundo da Madeira”, 1987 p. 48)

Este “cerne”, de um modo geral, é de cor escura e mais seco e duro que as restantes
camadas que se encontram em actividade do ponto de vista fisiológico.

O “alburno” é a parte externa e activa do tronco de uma árvore. Possui uma cor mais
clara, comparativamente com o “cerne”, sendo formado por células que se encontram em
estado perfeito de actividade, conferindo-lhe a pujança que lhe permite o seu crescimento.
Estas células possuem grandes quantidades de água e outras substâncias nutritivas, para além
de menor quantidade de impregnações que o tornam mais rijo.

Este aspecto, confere maior resistência mecânica e biológica, a possíveis ataques de


organismos “xilófagos”. Os “raios” são faixas de células, dispostas horizontalmente ao tronco,
e desempenham a função de armazenar e transportar horizontalmente a água bem como outras
substâncias nutritivas.

A “medula” ocupa o centro do tronco e tem como função o armazenamento destas


substâncias nutritivas.

29
As Madeiras na Construção Civil

A função que é desempenhada pelo “alburno” é a de contribuir para que a árvore seja
resistente de um ponto de vista da sua estrutura de base que a liga ao solo, onde se encontra
plantada. Para além do mais, tem também por missão efectuar a condução da seiva bruta, por
via da ascensão capilar, no trajecto que vai das raízes da árvore até à copa.

FIGURA 12 - Direcções fundamentais da madeira (in “Carvalho”, 1996, p. 29)

30
As Madeiras na Construção Civil

Pode-se referir que o “cerne”, no que se refere ao seu diâmetro, possui a


característica de diminuir a sua dimensão ou largura à medida que se caminha em direcção ao
cume da árvore. Tal decorre do facto de os “anéis de crescimento” estarem associados a cones
com uma estrutura de forma concêntrica.

Por seu lado, a “medula” constitui outra camada que circunda o “cerne”. Sendo,
portanto e em conclusão, o alburno (ou borne) a zona que se estende desde a “casca” até à
medula do tronco da árvore. Em algumas espécies de árvores, como o pinheiro, estes raios
denotam uma feição mais vincada sendo mais salientes e visíveis do que nos demais tipos de
árvores em que é possível extrair “madeira2”.

No que diz respeito à estrutura celular, ou estrutura das fibras que compõem as
árvores a partir das quais se extraem os vários tipos de madeira, que também é, por vezes,
apelidada de direcção longitudinal, podemos referir que, após ser considerada madeira, esta
possui aquilo que se denomina de “veios”. O conhecimento destes “veios” reveste de toda a
importância na medida em que, as madeiras ao serem extraídas das árvores e serradas,
deverão ser de tal forma cortadas que seja acautelado que estes “veios” fiquem paralelos em
relação ao corte ou à operação de serrar a madeira.

Se este desiderato não for observado, o resultado é o de que se observará uma


redução significativa na resistência da peça ou da quantidade de madeira cortada ou serrada.
Assim sendo, não é possível obter uma peça com suficiente tenacidade, ou uma quantidade de
madeira com valor, no caso de erros de corte da mesma. Na realidade, o modo de talhar terá
que assegurar, entre outras, a propriedade da resistência e um quantitativo adequado de peças,
em condições normais.

Estes “veios”, essencialmente, são de dois tipos: os “veios” do tipo “aberto” e do tipo
“fechado” ou “cerrado”. Fundamentalmente a diferença entre os dois reside no facto de, no
primeiro, os poros da árvore cobrirem toda a superfície exposta (como ocorre no caso da
árvore do tipo “carvalho”) e, no segundo caso, os poros não cobrirem a superfície exposta,
para além de não serem visíveis a “olho nu” (é o caso na árvore do tipo “pinho”).

2
Quer-se com isto significar parte de uma árvore aproveitável para empregar em actividades como a Construção
Civil, ou outras.

31
As Madeiras na Construção Civil

a) Casca (morta); b) Entrecasca (viva): c) Câmbio; d) Alburno/Borne; e) Cerne; f) Eixo Longitudinal; g) Anéis.

FIGURA 13 - Representação da secção transversal do tronco de uma árvore (in “Morey”, 1978 p. 49)

Factores existem, ainda, que se revestem de toda a importância para a obtenção de


uma quantidade de madeira não apenas de boa qualidade, como também com as

32
As Madeiras na Construção Civil

características de “resistência” e de auto-sustentação (aquando do seu processo de


crescimento até à fase em que é cortada e aproveitada como matéria-prima).

Essencialmente, as células que formam a estrutura anatómica de um árvore, em


particular o “lenho”, constituem uma parte muito importante, se não mesmo a principal, para
que, no final, possamos ter uma árvore que efectuou o seu processo de crescimento em termos
normais. Para isto é necessário que a condução dos líquidos vitais, bem como o seu
armazenamento, se tenha operado de forma a que se extraia madeira com as características
que dela o Homem possa tirar todo o partido. Não obstante estas células possuírem
dimensões, estruturas e formas que são variáveis em conformidade com o tipo de árvore,
podemos e deveremos ter qualidade de produto final em termos de produto em bruto, com as
referidas características de “resistência” e auto-sustentação (no seu processo evolutivo).

Como é heterogénea a constituição celular das árvores no seu processo de


crescimento, não é de estranhar que o comportamento físico e o comportamento mecânico da
madeira que se extrai das árvores, bem como o seu desempenho/performance, sejam díspares.
Na realidade, árvores da mesma espécie e de uma mesma floresta podem ter qualidades
diferenciadas.

Conforme a divisão que fizemos das árvores em secção anterior, as árvores podiam
ser resinosas ou folhosas.

O “lenho” de uma árvore do tipo “resinoso” caracteriza-se pelo facto de as células


que o compõem serem do tipo alongado, com um diâmetro mais ou menos constante e
regular, que se assemelha à forma de tubos de espessura fina e que possuem a função de,
simultaneamente, constituir um veículo de condução da seiva e de outros líquidos vitais que
circulam na árvore, associado a um papel de suporte mecânico. Os raios medulares (também
conhecidos por raios lenhosos) têm por função servir para a condução e armazenamento das
substâncias que circulam na árvore durante todo o seu processo de nascimento até que
“morre”.

Podemos dividir o “lenho” de uma árvore resinosa, nas seguintes partes constitutivas:

33
As Madeiras na Construção Civil

1. As células longas e estreitas denominadas de “fibras”, que possuem a função


de sustentação vegetal;

2. Os “vasos ou poros”, que são dispostos na direcção longitudinal ao tronco e


que possuem a função de conduzir as substâncias nutritivas e água;

3. A “parênquima axial”, que se encontra disposta ao longo dos vasos e que tem
a função principal de proceder ao armazenamento de substâncias nutritivas;

4. A “parênquima radial e raios”, dispostos na direcção horizontal do “câmbio”


para a medula, que tem as funções de armazenar e de conduzir substâncias
nutritivas para o “alburno”.

A sua disposição é mostrada na Figura 12.

As células que constituem o tecido lenhoso, inicialmente, são muito semelhantes.


Com o crescimento, estas células adquirem formas especializadas, passando a ser célula do
parênquima axial e radial, de fibras, de vasos, etc. Cada uma delas possui actividade
fisiológica e/ou mecânica específica.

São exemplos de funções específicas das células da madeira, os seguintes: as fibras


que participam do mecanismo de sustentação da planta; as células do parênquima possuem
funções diversas, sendo que uma das principais é o armazenamento de substâncias nutritivas.
Os vasos do lenho têm a função de conduzir a seiva bruta, a qual é formada por água e sais
minerais retirados do solo por meio dos pêlos absorventes das raízes.

O “lenho” pode ser de dois tipos: um “inicial” e outro e outro “tardio”. Basicamente,
a diferença reside no facto de que enquanto que o primeiro surge durante a fase inicial do
processo de crescimento da árvore, desde que é plantada, o segundo surge numa fase mais
adiantada deste mesmo processo de crescimento. Saliente-se, ainda mais, o facto de o “lenho”
das resinosas ser constituídos por “anéis resinosos” que visíveis a “olho nu” estão
normalmente impregnados de óleo e de resina (Figura 13).

34
As Madeiras na Construção Civil

FIGURA 14 - Partes de Lenho de uma folhosa nos três planos espaciais de observação

No que concerne ao “lenho” de uma árvore do tipo “folhoso” (ver Figura 14),
podemos apontar, como características mais vincadas, o facto de ela conter “vasos lenhosos”
(também conhecidos por “traqueias”) em número elevado e com poros circulares. Como se
pode ver, numa perspectiva transversal do lenho, os vasos possuem uma textura mais elevada
que os elementos de fibra. Estes vasos, possuem a função de efectuar a condução da seiva
bruta e demais líquidos constitutivos da árvore, ao longo dela.

Como se pode constatar, as árvores folhosas, possuem células fibrosas ou fibras, que
constituem grande parte do “lenho”. O seu diâmetro é menor do que nas árvores do tipo
“resinoso”. O seu comprimento é geralmente de dimensão variável, as extremidades são
fechadas e afiadas (em “bico”). Estas células são a base da “resistência” e da auto-sustentação
das árvores. Os seus raios medulares são mais grossos e desenvolvidos do que nas congéneres
resinosas (como, aliás, patenteia a Figura 14 comparativamente com a Figura 13).

No que concerne às características e funções das partes que constituem o tronco e o


“lenho”, é importante efectuar ainda algumas referências mais.

35
As Madeiras na Construção Civil

A casca é constituída pelo “floema”, responsável pelo armazenamento e condução de


nutrientes, e pelo “ritidoma” ou “córtex”, que tem a função de proteger o vegetal contra a
secagem, ataques fúngicos, ofensas de índole mecânica e variações do clima.

A região do “câmbio” localiza-se entre o “alburno” e o “floema” (ver Figura 15),


sendo constituída por uma faixa de células que são responsáveis pela formação e o
crescimento das células do “lenho” e da casca. Os “anéis de crescimento” representam o
aumento anual que o “lenho” sofre, uma vez que em cada ano se forma um anel, permitindo
conhecer a idade de uma árvore.

O “cerne” do tronco da árvore, de um modo geral, distingue-se pela coloração mais


escura que possui, cuja origem fisiológica advém do facto de à medida que a madeira
envelhece as suas células perdem as suas funções vitais (ou, pelo menos, vão enfraquecendo).

FIGURA 15 – Estrutura anatómica das árvores resinosas

36
As Madeiras na Construção Civil

FIGURA 16 – Estrutura anatómica das árvores folhosas

FIGURA 17 – Corte transversal de um tronco de árvore

37
As Madeiras na Construção Civil

1.4. COMPOSIÇÃO QUÍMICA DA MADEIRA

De uma forma geral, tal como sucede com quaisquer seres vivos, as plantas (algumas
em particular) possuem algumas substâncias que constituem a sua composição química, sendo
as madeiras um bio-polímero tridimensional. Como sua composição, temos cé1ulas
elementares formadas por celulose, cheias de uma matéria incrustante variável com as
espécies.

Este bio-polímero tridimensional é constituído por celulose, numa percentagem


muito significativa. A celulose é definida como sendo, quimicamente, um complexo formado
por grandes cadeias de moléculas de glicose insolúvel em água. Estes polímeros formam a
parede celular da madeira, sendo responsáveis pela maioria das suas propriedades físicas,
mecânicas e químicas. De uma forma simplificada, pode-se afirmar que a celulose forma um
esqueleto imerso numa matriz de hemicelulose e lignina, sendo o material aglutinante. As
proporções em que, aproximadamente, se encontram na madeira são de 60% e 25%,
respectiva e aproximadamente.

As hemiceluloses são consideradas amorfas, muito embora sejam aparentemente


orientadas na mesma direcção das “microfibrilas” de celulose. Estas são o menor elemento
que constitui o esqueleto celulósico, também denominado por “fibrila elementar”, sendo
formadas por um feixe paralelo de 36 moléculas de celulose ligadas entre si, por meio de
pontes de hidrogénio. As fibras, também chamadas de “micelas”, são agregadas em unidades
maiores. Estas são combinadas em “macrofibrilas” e “lamelas” (que são as paredes primárias
e secundárias da células, respectivamente, conforme Figura 16).

A “lignina” também é igualmente amorfa, além de ser isotrópica.

No entanto, para além destas ainda temos (obviamente que noutras proporções)
outras substâncias de que a madeira é composta: os óleos, as resinas, os açúcares, os amidos,
os taninos, as substâncias nitrogenadas, os sais orgânicos e ainda os ácidos orgânicos.

Qualquer uma destas componentes encontra inclusa nas cavidades das células que
compõem a árvore de onde é extraída a madeira, na maior parte dos casos. Há, no entanto,

38
As Madeiras na Construção Civil

circunstâncias em que estas substâncias são como que produzidas devido a alterações das
cavidades destas células.

FIGURA 18 – Representação esquemática da estrutura fibrilar da parede celular de uma célula de


madeira

Naquilo que designamos, até esta parte por “lenho”, a madeira, de um ponto de vista
químico, é composta por hidratos de carbono, de que fazem parte elementos como o oxigénio
(numa percentagem de cerca de 42%), o carbono (com um peso de 50%) e o hidrogénio (com
um peso de 6%). Residualmente, a “madeira ainda possui na sua composição os elementos
azoto (numa percentagem de 1%) e outros elementos naturais (com um peso de também 1%).

De entre os hidratos de carbono temos uns do tipo mais elementar, de que são
exemplos alguns açúcares e outros do tipo mais complexo, podendo-se mencionar a celulose
(cuja composição química é C6-H10-O5 e cuja estrutura molecular pode ser ilustrada conforme
a Figura 17).

A “celulose” é a substância mais importante constitutiva da estrutura anatómica das


plantas, em geral. É o principal componente da estrutura da madeira representando um peso
de 50% de todos os elementos que a constituem, de um ponto de vista da sua composição
química.

Pode ser descrita como sendo longa e sem quaisquer ramificações, ao longo do seu
comprimento possui regiões que são cristalinas, porém, entrecortadas por regiões ou zonas

39
As Madeiras na Construção Civil

que são amorfas (de um ponto de vista da sua ruptura sob o efeito de solicitações mecânicas
são consideradas descontinuidades do tipo frágil). A composição química da madeira é muito
importante, porque é a partir dela que se pode considerar como sendo mais ou menos durável
no tempo. Substâncias como a “resina” e o “tanino” constituem como que factores de
protecção da madeira.

FIGURA 19 - Esquema da Unidade Básica da cadeia da Celulose

Existem três tipos de celulose: a celulose alfa, a celulose beta e a celulose sigma. A
do primeiro tipo é a mais importante e constitui a base estrutural das paredes celulares.
Caracteriza-se por ser incolor, elástica, solúvel em ácido sulfúrico e insolúvel em soda
cáustica e em ácidos que sejam diluídos.

Por seu turno, a “lignina” é uma resina que reveste as células da madeira, sendo
também composta de oxigénio, o carbono e o hidrogénio encontrando-se também em estreita
ligação com a celulose. Possui as características de impermeabilidade, reduzida elasticidade,
elevada resistência do ponto de vista mecânico e insensibilidade à humidade bem como às
temperaturas.

1.5. IDENTIFICAÇÃO DA MADEIRA

A identificação da madeira pode fazer-se mais ou menos minuciosamente, conforme


as exigências do trabalho que vamos executar. Assim, a identificação mais vulgar é baseada

40
As Madeiras na Construção Civil

na simples observação, a olho nu, e nos conhecimentos que a cultura ou experiência dão a
quem a vai utilizar; podemos, sempre que seja necessário, recorrer à identificação botânica,
baseada nos conhecimentos dos especialistas; enfim, podemos ainda recorrer aos laboratórios
onde, na observação e no estudo, se poderão usar aparelhos especiais, inclusive o
microscópio.

1.6. PROPRIEDADES DA MADEIRA

A madeira é um material heterogéneo, isto é, não apresenta as mesmas propriedades


em todos os seus pontos; também é um material anisótropo, isto é, não apresenta a mesma
propriedade, com valores iguais, em todas as direcções.

Das várias características que diferenciam os diversos tipos de madeira, que se


podem obter a partir da sua extracção das árvores que a produzem na natureza, temos as
propriedades ditas de “físicas” e as propriedades “mecânicas”.

Fundamentalmente, o que as diferencia é o facto de, no que diz respeito às primeiras


(as físicas), elas se referirem às características intrínsecas independentemente da utilização
que dela se faça, ou do destino que se lhe pretenda dar. No que se refere às segundas (às
mecânicas), já é relevante o que toca às suas utilizações ou destinos, constituindo um
importante meio de verificação da sua aptidão para ser utilizada nos mais diversos fins para
que é extraída.

Dada a sua importância como forma de a caracterizar, também, e de aferir a sua


qualidade, dividimos o tratamento destas propriedades em duas secções autónomas.

1.6.1. PROPRIEDADES FÍSICAS

Relativamente às propriedades físicas que caracterizam as “madeiras” podemos


enquadrá-las num conjunto de doze principais e que se passa a expor (embora algumas delas
se devam entender mais como características do que por propriedades, dado que não
beneficiam o comportamentos das madeiras):

1. Heterogeneidade;

41
As Madeiras na Construção Civil

2. Anisotropia;

3. Higrometricidade;

4. Humidade;

5. Retractilidade;

6. Porosidade;

7. Dureza;

8. Textura, Cor, Brilho e Odor;

9. Densidade;

10. Condutibilidade Eléctrica;

11. Condutibilidade Térmica;

12. Condutibilidade Acústica;

13. Durabilidade.

Por outro lado, não se tendo incluído a resistência nas propriedades aqui ditas de
físicas, não se trata de uma omissão. Na verdade, esta grandeza está sempre presente na
avaliação e verificação de qualquer material construtivo, sendo apresentada na secção
seguinte: propriedades mecânicas. Contudo, sempre que se mostrar pertinente com serão
efectuadas as observações necessárias para a relacionar esta importantíssima entidade com as
propriedades aqui abordadas.

1.6.1.1. HETEROGENEIDADE

Entende-se por propriedade da “heterogeneidade” da madeira, o facto de qualquer


que seja a porção que é extraída, mesmo que seja de um mesmo tipo de árvore, ser sempre
diferente o pedaço em questão. Tal assim é derivado da existência de, para o mesmo tipo,

42
As Madeiras na Construção Civil

existirem tecidos celulares das árvores que são diferentes. É o caso dos tecidos dos “anéis de
crescimento” na estação da Primavera e na estação do Outono, ou mesmo quando temos os
tecidos do “cerne” comparados com outros tecidos (do “alburne”, por exemplo).

A variabilidade e a sua heterogeneidade materializam-se na diferente dureza,


densidade e cor, entre outras características. A título de exemplo podemos ver duas porções
de madeira (ver Figura 18) que são heterogéneas, muito embora tenham sido retiradas da
mesma árvore - ilustrando convenientemente esta propriedade.

FIGURA 20 - Exemplo de duas porções de madeira retiradas da mesma árvore (in “Valente” 1988 p. 33)

1.6.1.2. ANISOTROPIA

Esta característica identifica-se com o facto de a madeira ser diferente do ponto da


vista da direcção ou do sentido em que cresceu na árvore, ou seja, as suas propriedades são
diferentes para cada uma das três dimensões.

Está intimamente ligada e é uma consequência de ela ter crescido mais ou menos em
altura, qualquer que seja a árvore. Desta forma as fibras que a compõe tomam a disposição
desta condicionante (a Figura 19 apresenta o modo como esta característica se materializa na
madeira).

43
As Madeiras na Construção Civil

De um ponto desta propriedade, podemos, citando Carvalho (1996, p. 20), efectuar o


seguinte quadro de classificação da madeira:

FIGURA 21 – Os três eixos tem características diferentes (in “Valente” 1988 p. 33)

TABELA 1 – CLASSIFICAÇÃO DA MADEIRA - SEGUNDO A ANISOTROPIA

CLASSE VALOR (%) EXEMPLO

BAIXA < 1,.5 CEDROS, ZIMBROS, NOGUEIRA PRETA, ADERNO

MÉDIA 1,5 a 2,0 PINHO BRAVO, PSEUDOTSUGA, CASTANHO, PLÁTANO

ALTA > 2,0 PINHO LARÍCIO, CRIPTOMÉRIA, CARVALHOS, EUCALIPTOS

Fonte: Retirado do site “http://www.estv.ipv.pt/paginaspessoais/jqomarcelo/Tim3/tim3_TP1_Na2.pdf”, a partir


de Carvalho (1996).

1.6.1.3. HIGROMETRICIDADE

Esta propriedade é referente à relação que se pode estabelecer entre um pedaço


extraído de madeira e a quantidade de humidade possuída por ela (pelo facto de estar em
contacto com a natureza antes de ser extraída da árvore que lhe deu origem). É importante
referir que a maior ou menor humidade afecta o crescimento da árvore da qual se procedeu à
extracção da madeira. Tecnicamente, estas diferenças consubstanciam-se em dois aspectos:
um que designamos de “empolamento” e outro que apelidamos de “retracção”.

O “empolamento” diz respeito ao maior corpo possuído pela madeira. Quando ela
absorve humidade, nota-se que com muita frequência ela aumenta de volume nas fases mais

44
As Madeiras na Construção Civil

iniciais do seu processo de crescimento (menos ou de forma insignificante na fase de


maturidade).

Por seu lado, a “retracção” traduz precisamente a ideia contrária: diminuição do


corpo possuído pela madeira quando perde humidade fazendo com que ela diminua de
volume. No entanto, neste caso, esta retracção pode ser definida como podendo ser de dois
tipos diferentes: “retracção transversal” quando atravessa o diâmetro da árvore (podendo ser o
mesmo “tangencial” ou “radial”); “retracção longitudinal” quando se refere ao comprimento
da árvore em altura (“ao alto”), por exemplo.

1.6.1.4. HUMIDADE

Como todo o tecido vivo, a madeira contém, sempre, uma forte proporção de água.
Esta água pode ser:

a. Água de constituição, se faz parte integrante da matéria lenhosa. Esta massa


de água mantém-se invariável, enquanto não se faça sofrer à madeira um
tratamento brutal, pelo calor ou pela acção de agentes químicos que a
destruam;

b. Água de embebição, que satura as paredes das células e que, por isso,
também, pr vezes, se costuma chamar água de saturação;

c. Água livre, que se encontra no interior das células e nos espaços


intercelulares, sob a forma líquida, que não aparece senão quando as paredes
estão saturadas e não podem mais absorver o liquido em excesso.

Esta propriedade identifica-se com o facto de a água estar presente como um dos
elementos que a constituem e que é imprescindível ao seu processo evolutivo. Com efeito, a
água fazendo parte do “lenho” só é possível ser eliminada se efectuar a destruição da própria
madeira ou, melhor dizendo, da árvore da qual se extraiu.

De um ponto de vista técnico, quando somente existe a água que faz parte intrínseca
do “lenho”, então diz-se que o teor de humidade é nulo. Se a humidade for retida nas paredes
das suas fibras, diz-se que a humidade ou água é de “impregnação”. Se a humidade ou água

45
As Madeiras na Construção Civil

for referente às fibras (surge quando as paredes que constituem estas atingiram o ponto de
saturação) designa-se de água “livre”.

Como a madeira é constituída por celulose, a sua ligação com a água é de extrema
importância pois absorve muito desta e de forma célere. As dimensões que a madeira
consegue atingir estão intrinsecamente associadas com a capacidade de absorver água, os
valores extraídos podem atingir grandes magnitudes. Se as “madeiras” forem de peso mais
leve, de um modo geral, retêm mais água dos que as madeiras mais pesadas. A quantidade de
água que uma madeira pode absorver depende da sua espécie, podendo-se encontrar valores
que variam entre os 30% aos 400% do seu peso (números de referência).

Quando de abate recente a humidade é muito variável, mas, em geral, as madeiras de


muito baixa densidade podem apresentar valores entre os 200 a 300% e as espécies de lata
densidade entre os 40 a 50%. A madeira é considerada ainda “verde” se a sua humidade ainda
assume valores entre os 20 e os 30%.

Por outro lado, uma madeira uma humidade entre os 18 e 20% já se pode classificar
de comercialmente seca.

Contudo, uma madeira só se encontra nas condições ideais de aplicação quando a sua
humidade está de acordo com a do local de aplicação, o que no nosso país corresponde,
grosso modo, a 15 a 18% no Inverno e 12 a 15% do Verão. Caso não seja este o valor da
humidade no seio da madeira a colocar podem advir abertura de juntas (se esta estiver com
humidade a mais que irá perder para o ambiente, após aplicação), ou empolamentos (caso a
madeira esteja excessivamente seca face ao local de emprego, o que determinará que a mesma
vai receber futuramente humidade do ambiente).

Um valor de referência para o emprego de madeiras em habitações e edifícios de


serviços é de 12%.

Se considerarmos a retracção da madeira do tipo “transversal” e, dentro deste, no


sub-tipo “tangencial”, as dimensões são mais variáveis no que se refere à evolução dos “anéis
de crescimento”. Esta variação pode ser maior do que 5% quando a madeira passa do estado
de “seca” para o estado de “saturada”, do ponto de vista da água ou humidade que absorve.

46
As Madeiras na Construção Civil

Do ponto de vista da humidade absorvida, se a madeira sofrer uma variação


acentuada da quantidade de humidade absorvida após ser extraída da árvore e ser tratada,
geralmente podem surgir algumas complicações. Estas podem assumir a forma de
“empenamentos”, aparecimento de fissuras (sobretudo quando se encontra na forma de tábua),
“afrouxamentos” de pregos embutidos, “rachaduras” nas suas extremidades (onde a humidade
e água penetra mais facilmente).

Existe uma classificação das madeiras segundo a óptica do teor de água que possui.
Para tal socorremo-nos da classificação mencionada em Carvalho (1996, p. 40) disponível na
Internet em ficheiro em formato PDF3 e que é reproduzida na Tabela 2.

Como se pode observar, no seu estado mais jovem ela pode atingir um teor de
humidade de mais de 150% (como se pode ver na primeira linha dessa tabela).

No entanto, no caso das “madeiras verdes”, a chamada água de “embebição” pode


constituir 70% da sua composição total (nos designados vazios das células), bem assim como
a água de “constituição” (nas paredes das células) poderá representar 20 a 30% da sua massa.
Já no caso da “madeira comercialmente seca” (“madeira enxuta”) a água de “embebição”
representa 12 a 22% da totalidade da sua composição.

O cálculo do teor de humidade, que a madeira pode possuir, é efectuado através da


medição do peso da madeira na condição de humidade em que se encontra (Ph) e na condição
de seco numa estufa com uma temperatura de 100º a 150º graus (P0). A condição de seco
numa estufa é aferida após a passagem duas vezes na mesma, com um certo intervalo de
tempo, sob a restrição de apresentarem o mesmo valor para P0 (ou diferenças desprezáveis).
Em termos de cálculo de fórmula, calcula-se do seguinte modo:

H (em %) = [(Ph – P0) / P0] × 100

De salientar ainda, por fim, que a humidade é afectada pelos métodos de serração da
madeira. Alguns métodos de serração são apresentados na Figura 20. A ideia será utilizar

3
Este ficheiro pode ser consultado no seguinte endereço da internet: <http://www.estv.ipv.pt/paginaspessoais/
jqomarcelo/Tim3/tim3_TP1_Na2.pdf>. Porém também se encontra nas referências bibliográficas.

47
As Madeiras na Construção Civil

aquele que, para os nossos objectivos (tipo de peças a obter), permite obter madeira de melhor
qualidade, com um mínimo de desperdício.

Além de ser uma propriedade física é também um factor que afecta muito a resistência

mecânica da madeira. A madeira "verde” tem uma resistência mínima relativamente te a todos
os tipos de solicitações com excepção do choque. A 1ei de variações da resistência da madeira

com a humidade tem sido estudada por inúmeros investigadores.

Na Tabela 2 temos uma classificação da madeira em função do seu teor em humidade,

sendo ainda este valor relacionado com a situação ambiente em que a madeira se encontra.

As curvas Tensão/Humidade geralmente obtidas conduzem a resultados que mostram


que a resistência vai decrescendo brutalmente entre a situação de madeira seca (valor de

referência de 100% da máxima resistência) e os 24% de humidade (valor de referência 20%

da máxima resistência), índice a partir do qual estabiliza.

TABELA 2 – ESTADO DA MADEIRA (SEGUNDO O TEOR DE ÁGUA)

DENOMINAÇÃO TEOR DE ÁGUA CONDICIONALISMO DO MEIO


(HUMIDADE EM %)

MADEIRA SATURADA 70 a mais de 150 MADEIRA LONGO TEMPO IMERSA


EM ÁGUA

MADEIRA VERDE De 51 a 70 MADEIRA EM PÉ OU DE CORTE


RECENTE

MADEIRA SEMI-SECA de 23 ao 50 MADEIRA SERRADA EM VERDE

MADEIRA COMERCIALMENTE 12 a 22 MADEIRA ENXUTA (FORA DO


SECA RISCO DE ALTERAÇÃO
CROMÁTICA)

MADEIRA SECA AO AR (SOB 13 a 17 INVERNO: 16 A 18%;


COBERTO)
PRIMVERA/OUTONO: 14 A 16%;
VERÃO: 12 A 14%

MADEIRA MUITO SECA 8 a 12 INTERIORES. AMBIENTES


AQUECIDOS

MADEIRA COMPLETAMENTE 0 ESTABILIZADA EM PESO A 103 ± 2ª


SECA CENTÍGRADOS

48
As Madeiras na Construção Civil

Fonte: Retirado do site “http://www.estv.ipv.pt/paginaspessoais/jqomarcelo/Tim3/tim3_TP1_Na2.pdf”, a partir


de Carvalho (1996).

TABELA 3 – HUMIDADE PREVISÍVEL DA MADEIRA FACE A SITUAÇÃO OU LOCAL DE


APLICAÇÃO

SITUAÇÕES HUMIDADE EM DA
MADEIRA
OU
(%)
LOCAIS DE APLICAÇÃO DA MADEIRA

CONTACTO COM FOCOS DE HUMIDADE 22 – 30

LOCAIS ABERTOS E DESCOBERTOS 18 – 22

LOCAIS ABERTOS E COBERTOS 15 – 18

LOCAIS FECHADOS E COBERTOS 13 – 15

LOCAIS FECHADOS E AQUECIDOS 10 – 13

LOCAIS FECHADOS E CONTINUAMENTE AQUECIDOS 08 – 10

Fonte: Tomás J. E. Mateus, A Humidade da Madeira, Boletim do Instituto dos Produtos Florestais – Madeiras –
N.º 11, Junho de 1976.

Na Tabela 3 insere-se uma estimativa da percentagem de humidade das madeiras face à

situação de colocação da mesma ou da sua aplicação.

1.6.1.5. RETRACTIBILIDADE

É a propriedade que se traduz no facto de a madeira conhecer uma alteração das suas
dimensões quando se modifica o teor de água que ela possui. Ao absorver água a madeira
aumenta de volume (incha) e ao libertar água perde volume (desincha).

Tal como acontece para a maior parte dos corpos sólidos, a madeira varia de
dimensões com a temperatura. No entanto, esta variação é pequena e, na prática, desprezável.
É que, deve notar-se, a cada aumento de temperatura que conduz a uma dilatação
correspondente, em geral, uma diminuição do grau de humidade e, portanto, uma retracção.

Define-se coeficiente de dilatação da madeira como a percentagem da variação


duma dimensão (axial, radial ou tangencial) para uma variação de temperatura de 1ºC, sendo
a madeira tomada nas condições iniciais de 0ºc e 0% de humidade.

49
As Madeiras na Construção Civil

O coeficiente de dilatação é variável com a essência e a amostra a ensaiar; a sua


ordem de grandeza é a seguinte:

• Na direcção axial……………………………………0,05*10-4

• Na direcção radial ou tangencial……… …………..0,50*10-4

Este fenómeno, traduzido nesta propriedade, pode ser quantificado pelo recurso a um
indicador conhecido por “coeficiente de retractilidade” (S). Ele mede a variação do volume
(V) induzida pela variação de 1% do teor de humidade (B). Matematicamente, traduz-se na
seguinte fórmula:
S=B/V

Podemos construir um quadro onde se exibem os valores que este coeficiente pode
tomar (veja-se a Tabela 4).

A figura seguinte representa o fenómeno da retracção para diversas localizações no


tronco.

FIGURA 22 – retracção para diferentes localizações no tronco

Parece-nos útil transcrever a especificação oficial E-31-1954, que refer os seguintes


coeficientes de retracção:

• Coeficiente de retracção axial – é o coeficiente de retracção linear


correspondente à retracção na direcção axial.

50
As Madeiras na Construção Civil

• Coeficiente de retracção radial – é o coeficiente de retracção linear


correspondente à retracção na direcção radial.

• Coeficiente de retracção tangencial – é o coeficiente de retracção linear


correspondente à retracção na direcção tangencial.

• Coeficiente de retracção volumétrica – é o quociente, expresso em


percentagem, da variação de volume devido à diminuição de humidade, pelo
volume correspondente ao menor teor de humidade.

• Coeficiente de retracção volumétrica total – é o coeficiente de retracção


volumétrica correspondente à variação de humidade, desde o teor de
humidade de saturação das fibras até 0%.

• Coeficiente de retracção volumétrica unitária – é o coeficiente de


retracção volumétrica total, pelo teor de humidade de saturação das fibras.

• Coeficiente de retracção linear – quociente, expresso em percentagem, da


deformação linear de um segmento tomado sobre uma peça de madeira,
devida à diminuição de humidade, pelo comprimento desse segmento
correspondente ao menor teor de humidade.

Não devemos empregar senão madeira relativamente seca, isto é, com um teor de
humidade relativamente baixo; assim ficaremos ao abrigo de futuras alterações por podridão
ou outras.

A madeira se for seca e for colocada num ambiente de carácter húmido, absorve água
o que provoca um aumento do seu volume, bem como do seu peso. Este fenómeno, designa-se
por “inchamento da madeira” tendo consequências (maléficas) no que diz respeito ao seu
tempo de duração.

Por outro lado, e tal como se pode ver na Figura 21, uma peça de madeira pode-se
caracterizar com dois cortes. Segundo o eixo radial, no corte tangencial, o “coeficiente de

51
As Madeiras na Construção Civil

retractilidade” ascende a uma ordem de grandeza de 0,1% e no eixo radial, no mesmo corte,
entre 10 a 20%.

O desigual coeficiente nos eixos e nas direcções conduz ao aparecimento de fendas e


ainda a “empenamentos” das peças de madeira. Pela Figura 21 podemos constatar que
consoante a zona em que nos situamos na secção transversal do tronco, assim essa região
apresenta diferentes disposições dos anéis circunscritos, a que corresponde também distinto
comportamento das peças dai retiradas.

Os efeitos da retractilidade podem ser atenuados, para tal existindo vários processos.
De entre destaque-se o mais simples: adoptar a utilização de “madeiras” que se encontrem no
estado bem seco e, após serem trabalhadas, envolvê-las de uma película que seja impermeável
à humidade e à água. A ideia, em geral, é impedir a penetração da humidade na peça.

TABELA 4 – COEFICIENTE DE RETRACTIBILIDADE VOLUMÉTRICA (%)

CLASSE VALOR COMPORTAMENTO DA MADEIRA

MADEIRA MUITO 1,00 a 0,75 MADEIRA MUITO SENSÍVEL A VARIAÇÕES DA


NERVOSA HUMIDADE (ALTO DINAMISMO HIGROSCÓPICO –
FAIA, EUCALIPTOS)

MADEIRA NERVOSA 0,75 a 0,55 MADEIRA PREFERIVELMENTE SERRADA


RADIALMENTE (CARVALHOS DUROS, DE RÁPIDO
CRESCIMENTO, ROBÍNIA)

MADEIRA 0,55 a 0,35 MADEIRA DE CONSTRUÇÃO NORMAL (PINHOS


MEDIANAMENTE HETEROGÉNEOS; CASTANHOA BRAVO)
NERVOSA

MADEIRA POUCO 0,35 a 0,15 MADEIR DE MARCENARIA, EBANISTERIA,


NERVOSA ESCULTURA E TORNEAMENTO (NOGUEIRAS,
RESINOSAS HETEROGÉNEAS; FOLHOSAS BRANDAS;
CARVALHOS MOLES DE LENTO CRESCIMENTO)

Fonte: Retirado do site “http://www.estv.ipv.pt/paginaspessoais/jqomarcelo/Tim3/tim3_TP1_Na2.pdf”, a partir


de Carvalho (1996).

Se o corte for radialmente consegue-se que a peça de madeira fique menos exposta a
este processo de erosão e desgaste. Estes efeitos, para além de afectarem a qualidade atingem
igualmente a resistência, em particular no que se refere às tensões que ela suporta sem causar
defeitos ou consequências na flexão paralela às fibras. A resistência da madeira à compressão

52
As Madeiras na Construção Civil

é inferior quando ela é exercida perpendicularmente à fibra do que quando é exercida


paralelamente.

FIGURA 23 – Métodos de serrar madeira ou métodos de corte

53
As Madeiras na Construção Civil

Tronco em corte
Transversal de
Longitudinal

Tronco em corte
Transversal de
Tronco em corte Longitudinal
Transversal
FIGURA 24 - Madeira em corte

54
As Madeiras na Construção Civil

Madeira serrada tangencialmente

Madeira serrada radialmente

Madeira serrada de um quadrante

FIGURA 25 - Efeitos de retractilidade conforme a localização de uma peça na secção transversal

55
As Madeiras na Construção Civil

Podemos construir uma tabela que nos dê uma ideia da retractilidade da madeira do
ponto de vista volumétrico total (Tabela 5).

TABELA 5 - RETRACÇÃO VOLUMÉTRICA TOTAL (%)

CLASSE VALOR COMPORTAMENTO DA MADEIRA

FORTE (MUITO 20 a 15 TORAGEM COM FORTE TENDÊNCIA PARA A


RETRÁCTIL)
DEFINIÇÃO DE GRANDES FENDAS DE SACAGEM.
TRANSFORMAÇÃO PREFERENCIAL EM VERDE
(CARVALHOS, EUCALIPTOS, ETC.)

MÉDIA (RETRÁCTIL) 15 a 10 TORAGEM COM MÉDIA TENDÊNCIA PARA A


FENDIMENTOS. CONSERVAÇÃO EM NATUREZA
ALGUNS MESES, SEM GRAVE DEPRECIAÇÃO
(RESINOSAS, FOLHOSAS, DE MÉDIA DENSIDADE)

FRACA (POUCO 10 a 5 TORAGEM COM FRACA TENDÊNCIA PARA A


RETRÁCTIL)
FENDIMENTOS. CONSERVAÇÃO EM NATUREZA SEM
RISCOS DE DEPRECIAÇÃO (CHOUPOS, NOGUEIRAS,
CEREJEIRAS, ETC.)

Fonte: Retirado do site “http://www.estv.ipv.pt/paginaspessoais/jqomarcelo/Tim3/tim3_TP1_Na2.pdf”, a partir


de Carvalho (1996).

Ainda se pode analisar a retracção do ponto de vista da retracção linear. Para tal
atente-se na Tabela 6.

TABELA 6 – RETRACÇÃO LINEAR TOTAL (%)

CLASSE TANGENCIAL RADIAL

FORTE > 11 >7

MÉDIA 7 a 11 4A7

FRACA <7 <4

Fonte: Retirado do site “http://www.estv.ipv.pt/paginaspessoais/jqomarcelo/Tim3/tim3_TP1_Na2.pdf”, a partir


de Carvalho (1996).

56
As Madeiras na Construção Civil

1.6.1.6. POROSIDADE

É a propriedade que se traduz no facto de a madeira ser um material que deixa passar
determinados elementos de carácter fluído através da sua superfície e saliências. O “cerne” é
menos poroso do que o “borne”.

1.6.1.7. DUREZA

Opõe-se, de certo modo e por contraposição, à “porosidade”, muito embora esta


propriedade faça alusão mais à penetração de outros elementos, como sejam “ferramentas”,
“parafusos”, “pregos” e outros objectos que podem ser aplicados ou com os quais a madeira
possa estar com contacto. Varia esta propriedade, com o tempo de duração ou a idade da
madeira, com a espécie que estiver em causa e, normalmente, é maior a dureza na parte do
“cerne” do que no “borne”.

Esta propriedade reflecte-se na resistência que a madeira possui, sendo um tanto


proporcional a sua resistência em relação à sua dureza (aliás, à semelhança do que acontece
com a maioria dos materiais).

1.6.1.8. TEXTURA, COR, BRILHO E ODOR

A textura que a madeira possui é variável e encontra-se intimamente ligada com a


distribuição dos tecidos e das células que a compõem, assim como da porosidade (e também
da cor possuída).

Já no que diz respeito à cor, propriamente dita, ela é variável de espécie para espécie
de árvore. Todavia, de um modo geral, o “cerne” é mais escuro do que o “borne”. As cores
vão desde a branca (no caso dos choupos, por exemplo), amarela (no caso do buxo), passando
pela castanha (no caso do carvalho e do castanho), mesmo avermelhada (é o caso da cerejeira)
e até preta (caso do pau preto).

O brilho depende da intensidade dos raios medulares.

Por seu turno, o odor é algo que provém das seivas. Muito embora não pareça,
sucede que este aspecto reveste de toda a importância, uma vez que é através dele que se
procede à identificação de algumas espécies de madeiras que possuem peculiaridades no que

57
As Madeiras na Construção Civil

diz respeito ao odor: é o caso da cânfora, do cedro, do cipreste, do sândalo, do pau-rosa,


designadamente. Também o cheiro é importante como propriedade das madeiras na medida
em que se pode aquilatar do estado em que se encontra alguns tipos de madeira no que é
atinente à sua verdura (grau de amadurecimento), estado no que diz respeito à humidade,
estado de conservação, etc.

1.6.1.9. DENSIDADE

A densidade é uma característica que se completa com o teor de humidade possuído pela
madeira. Um dos indicadores através do qual se pode efectuar a mediação desta característica
é por via da “massa específica aparente” (MEA), isto é, pelo peso que a madeira possui por
unidade de volume aparente (com base no teor de humidade).

A densidade pode ser calculada por via da seguinte e corrente fórmula de cálculo:

Dh = Ph / Vh (g / cm3)

O peso e o volume da madeira são alterados pela humidade, razão pela qual se deve
efectuar um ajustamento nesta fórmula de cálculo da “MEA”. Esta, então, deve levar em linha
de conta com o facto de se considerar um nível de humidade estabelecido como “normal”.
Um valor de referência aceite é o de entre 12 a 15% de humidade relativamente à sua
composição total, em conjunto com outras substâncias. Assim sendo, a fórmula em questão,
Dh, deverá então ser a seguinte:

D15 = Dh - d (h – 15)

Assumindo um determinado volume e um peso de uma dada porção de madeira, bem


como um dado “d”, que é o coeficiente correcção da variação da “MEA” induzida por uma
variação de 1% de humidade, sendo “v” o coeficiente de retractilidade volumétrica, então
temos a fórmula do cálculo da humidade com a seguinte configuração matemática:

D = dh [(1 - v) / 100]

De uma forma mais geral, a fórmula corrigida da “MEA” é a seguinte:

58
As Madeiras na Construção Civil

D15 = Dh [(1 – (1 - v) (h - 15)) / 100] (g / cm3)

A interpretação do valor da “MEA” é a de ser um indicador que traduz a


compacidade da madeira. Esta propriedade (compacidade) indica-nos a maior ou menor
concentração de tecido lenhoso por cada unidade de volume. Varia de pedaço de madeira para
pedaço de madeira, mesmo sendo extraído do mesmo tipo de árvore. Tal é assim, uma vez
que existem valores diferentes deste indicador conforme o local concreto da árvore de onde a
madeira é extraída, o estado de conservação da árvore, a sua idade, etc. Na Tabela 7 temos
exibida uma classificação de quais as classes de densidade pelos dois grupos de árvores até
aqui tratados: resinosas e folhosas.

TABELA 7 – DENSIDADE (G / CM3)

ÁRVORES RESINOSAS

CLASSE VALOR EXEMPLO

MUITO PESADA > 0,70 TEIXO

PESADA 0,60 a 0,70 ZIMBRO COMUM, PINHO BRAVO

MODERADAMENTE 0,50 a 0,59 PINHOS (BRAVO, MANSO, LARÍCIO, SILVESTRE, DE


PESADA ALEPO)

LEVE 0,40 a 0,49 ESPRUCE, ABETO, CIPRESTES, CAMECIPAR

MUITO LEVE < 0,40 CRIPTOMÉRIA, PINHO BRANCO, TUIA

ÁRVORES FOLHOSAS

CLASSE VALOR EXEMPLO

MUITO PESADA > 0,95 AZINHO, CASUARIA VERMELHA, OLIVEIRA

PESADA 0,80 a 0,95 EUCALIPTO DE CERNE CLARO A NEGRO; CARVALHOS


DUROS (RÁPIDO CRESCIMENTO)

MODERADAMENTE 0,65 a 0,79 CARVALHOS MOLES (LENTO CRESCIMENTO), FAIA,


PESADA PLÁTANO, AUSTRÁLIA, CASTANHO BRAVO

LEVE 0,50 a 0,64 VIDOEIRO, SICÓMORO, CASTANHO MANSO,


NOGUEIRAS, CEREJEIRA, EUCALIPTOS DE CERNE ROSA

MUITO LEVE < 0,50 CHOUPOS, AMIEIRO

Fonte: Retirado do site “http://www.estv.ipv.pt/paginaspessoais/jqomarcelo/Tim3/tim3_TP1_Na2.pdf”, a partir


de Carvalho (1996).

59
As Madeiras na Construção Civil

Este é um dos factores que mais determina a variabilidade da resistência da madeira de


pinho, estando esta variabilidade intimamente relacionada com os factores de clima e solo da
região e também das próprias condições do povoamento e ate da exploração dos pinhais. A
densidade real da matéria lenhosa e constante para todas as madeiras (1,56) mas a densidade
aparente e muito variável pois depende da humidade da amostra.
Acresce que esta propriedade é um dos índices que mais informações fornecem sobre
as características gerais de uma madeira. A uma maior dureza corresponde, com efeito,
quase sempre, uma maior retractilidade, uma maior dificuldade de laboração e secagem,
uma maior resistência mecânica, uma menor permeabilidade, uma maior durabilidade
natural.
Trata-se, pois, de uma característica cujo conhecimento é basilar para a definição das
espécies florestais, e a sua determinação deve sempre fazer-se mesmo nas situações em que
apenas haja possibilidade de realizar um estudo sumário da madeira.

1.6.1.10. CONDUTIBILIDADE ELÉCTRICA

Esta propriedade relaciona-se com o facto de a madeira constituir um material que


permite, em determinados casos, efectuar um isolamento. Quando temos materiais que
contém sais minerais e, no caso da madeira quando ela a se encontra húmida, também permite
ser utilizada como condutora de electricidade. As suas características como factor de
isolamento podem ser aumentadas pelo recurso a impregnação, sujeição a resinas sobre
pressão e à cobertura por baquelite, designadamente. Estes processos permitem, por seu lado e
em acréscimo, a obtenção de substâncias melhorias das propriedades mecânicas da madeira.

Supondo dado um determinado valor de humidade possuído pela madeira, a


resistência desta vai encontrar-se dependente da espécie lenhosa em que se enquadram as suas
fibras, bem como da sua “massa específica”. Se considerarmos o sentido axial, repara-se que
ela é entre duas a quatro vezes menor do que se considerarmos no sentido transversal. Se
compararmos os sentidos radial e tangencial é mais fraca no primeiro do que no segundo.

Se a madeira se encontrar no estado seco, no que se refere ao grau de humidade que


possui, ela constitui um material bom isolante para quaisquer equipamentos que possuam uma
tensão eléctrica baixa. A sua eficácia como factor de isolamento é maior se a madeira for
pintada e/ou envernizada. Podemos avançar, de uma forma geral, para quaisquer tipos de

60
As Madeiras na Construção Civil

madeira, uma tabela com os valores da resistência desta no sentido transversal, uma vez
conhecido o valor de humidade possuída (na Tabela 8, em megaohms/cm).

TABELA 8 - VALORES DE RESISTÊNCIA ELÉCTRICA DA MADEIRA (megaohms/cm)

VALORES DA HUMIDADE VALORES DE RESISTÊNCIA

7% 22.000

10% 600

15% 18

25% 0,5

Fonte: www.demad.estv.ipv.pt, com base em Carvalho (1996).

1.6.1.11. CONDUTIBILIDADE TÉRMICA

Esta propriedade está relacionada com o facto de a madeira ser ou não um bom
condutor de calor. Uma vez que a sua estrutura celular retém algumas massas de ar, em maior
ou menor grau, não se pode afirmar que os valores da condutibilidade eléctrica sejam os
mesmos independentemente do tipo de madeira. Este facto prende-se essencialmente com o
facto de a celulose que a compõe ser um mau condutor térmico, pelo que a madeira é, em
geral, também um isolante térmico (embora não excelente, e desvanecendo-se essa
característica em função do aumento de densidade e o teor em humidade).

Graças à sua estrutura celular, que encerra uma multitude de minúsculos volumes de
ar, e à sua composição celulósica, a madeira é má condutora de calor. A sua condutibilidade
varia com a essência, o grau de humidade e a direcção da transmissão, sendo maior
paralelamente às fibras do que transversalmente.

Para dar ideia do interesse da madeira como isolante térmico, seguem-se valores do
coeficiente de condutibilidade térmica de alguns materiais:

61
As Madeiras na Construção Civil

Por isso, a madeira é muito procurada para a construção de revestimentos isolantes e


de paredes de espaços isotérmicos (caixas frigorificas, vagões frigoríficos, contentores, etc.)

1.6.1.12. CONDUTIBILIDADE SONORA

Também aqui, em geral, a madeira é um isolante acústico (de som ou ruído,


entendendo-se ruído como um som indesejável). Para se saber com mais rigor se ela é um
bom ou mau isolante, tudo depende da quantidade de ar que ela possui no interior e da sua
maior ou menor compactação. Só após ser adequadamente medido o seu desempenho em cada
caso, se está em condições de conhecer se ela é um bom ou mau isolante acústico, pelo que
não é possível saber à partida esta característica com segurança.

1.6.1.13. DURABILIDADE

Poderemos dizer que durabilidade é a propriedade que possui a madeira de resistir,


num grau maior ou menor, aos ataques dos organismos destruidores, tais como insectos,
bolores, etc.

Esta qualidade sobe de importância quando o emprego da madeira se faz num meio
húmido, sem que se possa proteger ou abrigar. Tal é o caso, por exemplo, dos pilares de
madeira, assentes directamente no solo (escoramentos de minas, postes telegráficos ou
telefónicos, etc.) as travessas do caminho-de-ferro, etc. Nestes casos, a durabilidade da
madeira depende da presença, na sua estrutura, de materiais anti-sépticas, sejam naturais

62
As Madeiras na Construção Civil

como os taninos (castanheiro, carvalho, etc.), as resinas (pinho marítimo, cedro, etc.), as
oleorresinas (várias essências africanas e outras); sejam artificiais, tais como os sais anti-
sépticos, o creosote, etc.

Além disso, a madeira deve estar, o mais possível, isenta de substâncias nutritivas
para os insectos xilófagos ou para os fungos. Estas substâncias (amido, açúcares, etc.) estão,
geralmente, localizadas no alburno; assim este é muito mais vulnerável que o cerne.

Portanto, as madeiras mais duráveis são as que possuem um cerne distinto, bem
corado (entre as folhosas: o castanheiro, o carvalho, o ulmeiro, etc.; entre as resinosas: o
pinheiro, o cedro, o lárix. etc.).

A madeira fortemente lenhificada ou mineralizada, portanto muito densa, terá mais


possibilidades de durar.

As madeiras pesadas e duras da nossa região (o carvalho, a acácia bastarda, o


ulmeiro, etc.) conservar-se-ão bem; ao contrário, as folhosas tenras e leves (a tília, o choupo,
o salgueiro, etc.) conservar-se-ão muito dificilmente.

Em geral, de duas essências, a mais durável será a que apresente maior densidade.
Há, no entanto, excepções por razões especiais. Por exemplo, a faia e o amieiro, relativamente
pesados, são pouco duráveis por causa do amido que contêm; o pinho, madeira leve, tem uma
certa durabilidade por causa da resina que contém.

Quanto mais forte for a textura do pinheiro e mais finos os seus anéis de
crescimento, mais lenhificada será a sua madeira, e portanto, mais durável.

A durabilidade da madeira depende ainda das condições em que é posta em obra.


A humidade é o seu principal inimigo; mantida seca, pode conservar-se milhares de anos,
como provam as madeiras das velhas catedrais e os sarcófagos egípcios. Quando
completamente imersa em água doce, a madeira pode manter-se em bom estado durante
centenas de anos, desde que não seja demasiado tenra ou muito porosa.

63
As Madeiras na Construção Civil

O amieiro ou o salgueiro, que ao ar não têm longa duração, dão os melhores


resultados utilizados como estacas completamente imersas; do mesmo modo a faia e o pinho,
desde que não haja alternâncias de humidade-secura.

Apresenta-se, em seguida, um quadro , em que estão resumidas as características


físicas, mais notáveis, de algumas essências:

FIGURA 26 – características físicas de algumas essências

1.6.2. PROPRIEDADES MECÂNICAS

Na madeira existe uma direcção paralela às fibras, privilegiada para resistir a esforços
mecânicos. Como vimos, a cada ano de vida da árvore corresponde a formação de dois anéis,
aproximadamente concêntricos. Afirmamos que um destes é mais claro, o anel de Primavera,
e outro mais escuro, o anel de Outono ou tardio, cerca de 10 vezes mais resistente a esforços
mecânicos que o primeiro.

A existência ou formação anual deste duplo anel faz com que numa secção transversal
de um tronco se observe uma alternância de anéis claros e escuros. É esta alternância é uma
das razões que confere à madeira um carácter de heterogeneidade. Como à medida que
caminhamos em altura ao longo do tronco encontramos zonas sucessivamente mais novas,

64
As Madeiras na Construção Civil

consequentemente as secções superiores terão menor número de anéis, pelo que a madeira
dessas zonas e menos resistente.

Sendo concisos em relação às importantes propriedades de natureza mecânica,


destacamos as seguintes oito:

1. Resistência compressão;

2. Resistência à tracção;

3. Resistência à flexão;

4. Resistência ao choque;

5. Resistência ao cisalhamento/corte;

6. Resistência ao fendilhamento;

7. Elasticidade;

8. Fluência e fadiga.

Individualmente, impõe-se que se efectue uma breve caracterização de cada uma destes
tipos.

1.6.2.1. RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO

No domínio da engenharia das madeiras, afirma-se que uma peça de madeira se


encontra sujeita à compressão “quando nas extremidades, actuam duas forças segundo o seu
eixo, tendendo a proceder a uma diminuição do seu comprimento”, como afirma Araújo
(1997, p. 24). “Se a compressão for paralela às fibras e ao eixo da peça”, então a compressão
é do tipo “axial”. Se a compressão for paralela às fibras, então a compressão é do tipo
“transversal” e se ela for oblíqua no sentido das fibras é do tipo “oblíquo”.

65
As Madeiras na Construção Civil

FIGURA 27 - Modos de Rotura

FIGURA 28 - Efeitos da direcção dos Anéis face à direcção da Compressão: 90º - Elevada resistência; 45ª -
Resistência mediana; 0º - Baixa resistência

FIGURA 29 - Situações de Encurvadura: A – Toro circular: encurvadura segundo plano imprevisível; B –


Peça quadrada: encurvadura segundo plano imprevisível; C – Menoridade de uma dimensão:
encurvadura segundo o eixo de menor inércia.

Do ponto de vista da comparação dos vários tipos de madeira, pode-se afirmar que,
de um modo geral, a resistência da madeira à compressão do tipo “axial” é superior à
compressão do tipo “transversal”. Para ilustrar com exemplos as situações que provocam a
existência de compressões, temos o caso dos prumos de madeira (conhecidos, também por
escoras) como suporte de pavimentos, de coberturas, entre outros possíveis. A resistência à
compressão de um pedaço de madeira vê a sua capacidade diminuída em função do maior teor
de humidade que ele possui. Assim, citando Araújo (1997, p. 25), “em média o valor da

66
As Madeiras na Construção Civil

resistência diminui cerca de 4% por cada aumento de 1% do grau de humidade acima de um


valor tido por «normal»”.

A resistência à compressão transversal, como podemos ver na parte inferior da figura


anterior, é bastante mais fraca. A parte rectilínea (período elástico) é muito reduzida; não se
poderá falar, aqui, mesmo para pequenos esforços, em período elástico; a linha do gráfico
baixa rapidamente para um “patamar”, para o qual as deformações, sob carga mais ou menos
constante, se tornam muito importantes. A peça enfraquece, enfraquecimento que aumenta
rapidamente com o tempo de aplicação da carga. É a tensão correspondente a este “patamar”
que se torna, em geral, como característica da resistência à compressão transversal (resistência
à rotura).

Segundo J. Campredon, podemos contar para uma madeira de densidade D, com uma
resistência à rotura da ordem dos 300D2. Para as madeiras leves (resinosas e folhosas moles)
de densidade D =~0.5 teríamos uma resistência à rotura da ordem dos 75Kg/cm2, se for nas
madeiras duras, de densidade D =~0.8 teríamos uma resistência à rotura da ordem dos
192Kg/cm2.

67
As Madeiras na Construção Civil

Se quiséssemos ter uma relação entre a resistência transversal e a resistência


axial, veríamos que essa relação passa de 5 ou 6, nas madeiras de resinosas leves, para 3 ou 4,
nas madeiras de espécies meio pesadas e para 2 ou 3 na madeira pesada.

Verifica-se também que a anisotropia, no aspecto da compressão, é bem mais


marcada entre as madeiras pesadas que entre as leves, como podemos verificar no quadro que
se segue:

1.6.2.2. RESISTÊNCIA À TRACÇÃO

Por resistência à tracção entende-se a propriedade que a madeira possui na


circunstância de sobre as suas extremidades serem exercidas forças iguais, mas opostas, com
o intuito de procurar aumentar o seu comprimento.

Estas forças são exercidas segundo o seu eixo (axial, transversal ou oblíquo).

Em qualquer um destes tipos de eixos a resistência exibida pela madeira é sempre


diferente. Assim, segundo Araújo (1997, p. 25), “a resistência à tracção axial é,
sensivelmente, o dobro da resistência à compressão”. Na realidade, o que se verifica é que no

68
As Madeiras na Construção Civil

que se refere, por exemplo, ao eixo transversal e na situação de tracção, como as fibras que a
constituem não se mantêm unidas a madeira exibe uma resistência aquém daquilo que seria
desejável. Ora, a compressão axial provoca tracções transversais (recorde-se o significado do
coeficiente de Poisson), dai que a resistência axial de compressão diminua em função da
menoridade da resistência transversal à tracção.

1.6.2.3. RESISTÊNCIA À FLEXÃO

No que concerne à propriedade da resistência à flexão, ela consiste, como afirma


Araújo (1997, p. 26), na circunstância “de uma peça se encontrar sujeita à flexão quando as
cargas estão distribuídas em todo o comprimento, ou actuam em vários pontos isolados”. No
que respeita aos trabalhos de flexão são exemplos os casos em que ela é utilizada para
construir vigas de pavimentos.

69
As Madeiras na Construção Civil

A resistência à flexão da madeira é, em geral, boa. A condicionante maior será a


deformabilidade no tempo (fluência) que afecta este material orgânico, surgindo flechas
eventualmente significativas se a secção for mal dimensionada a este Estado Limite de
Serviço.

1.6.2.4. RESISTÊNCIA AO CHOQUE

A propriedade da resistência ao choque pode ser vista como sendo aquela que se
observa quando a madeira se rompe, ou se danifica, em consequência de ela se ter exposto à
acção de cargas menores que não foram aplicadas gradualmente (ou seja, acções dinâmicas).

Em especial nas madeiras do tipo resinoso, constata-se que, por exemplo, o cedro,
exibe uma reduzida resistência a choques. Já o mesmo não sucede, por exemplo, com o pinho,
o freixo entre outros tipos de madeira. Para Araújo (1997, p. 27) se “as madeiras tiverem um
tratamento físico ou químico” a sua “secagem em estufas e hidrofugação” é, geralmente,
muito parca a resistência a choques e daí a fraca performance no que se refere a esta
propriedade.

Esta propriedade é determinante na escolha de madeiras para pavimentos e


mobiliário, como se compreende.

1.6.2.5. RESISTÊNCIA AO CORTE/CISALHAMENTO

A resistência ao cisalhamento, também conhecida por resistência ao corte, é um


fenómeno que pode ocorrer em quaisquer peças de madeira, em particular no que se refere às
formas das fibras que compõem a madeira: paralela, oblíqua, ou outras.

No caso de o cisalhamento se desenvolver de um modo que é paralelo às fibras, a


resistência a ele é a menor possível. Nas vigas, quando são longas, é típica esta ocorrência.
Por outro lado, a resistência ao cisalhamento longitudinal é seriamente prejudicada quando na
madeira existem uma infinidade de defeitos.

O aparecimento de fendas e fissuras costuma ser a origem da menor capacidade de


resistência da madeira ao cisalhamento.

70
As Madeiras na Construção Civil

1.6.2.6. RESISTÊNCIA AO FENDILHAMENTO

O fendilhamento, tal como refere Araújo (1997, p. 28), consiste “no deslocamento ao
longo das fibras (da madeira) provocado por um esforço de tracção normal às mesmas e
exercido excentricamente em relação à direcção considerada”.

No sentido de impedir que a madeira se fenda na direcção das fibras que a


constituem, fendilhamento, é a resistência a este que constitui esta propriedade. É uma
característica que é típica de qualquer material que seja fibroso.

A madeira, em geral, tem razoável resistência ao fendilhamento, mas esta perde-se


dramaticamente em função de variações dimensionais e de estado físico impostas, como é o
caso da repetida variação de humidade.

1.6.2.7. ELASTICIDADE

Por elasticidade da madeira entende-se uma medida da sensibilidade da madeira à


flexão, isto é, à força que sobre ela é exercida no sentido de a quebrar ou dobrar alterando a
sua forma (também podíamos colocar o modelo em termos de tensões/deformações axiais –
Lei de Hooke – mas pensa-se que o caso da flexão é mais perceptível). É, assim, uma medida
da resistência a deformações por alongamento ou encurtamento de uma peça sob tracção ou
compressão uniforme (induzida ou não por flexão), respectivamente.

É uma propriedade que pode servir de forma aproximada como aferição/medição


genérica das propriedades mecânicas da madeira, porque os seus vários tipos apresentam uma
capacidade diferente nesta particularidade.

1.6.2.8. FLUÊNCIA E FADIGA

De certo modo, são propriedades que se encontram em ligação estreita com a do


ponto anterior (elasticidade). Consoante o tempo de duração das pressões sobre as madeiras, a
sua resistência varia em especial com a sua elasticidade (aludida anteriormente). Quanto
maior (menor) for a duração de uma pressão exercida sobre um pedaço de madeira maior
(menor) é a possibilidade de a mesma sofrer deformações.

71
As Madeiras na Construção Civil

Na verdade, os efeitos da tensão de forma contínua no tempo sobre a madeira


modificam as suas propriedades:

a) A “fluência” que consiste no aumento da deformação da madeira com a


permanência da tensão no tempo;

b) A “fadiga” que consiste na diminuição da resistência mecânica quando ela é


sujeita, de forma regular no tempo, a tensões que podem provocar
deformações permanentes.

Claro que, por si só, a fenómenos de fluência podem estar associados perdas ou
diminuição da resistência, sem necessariamente se ter entrado em fadiga, propriamente dita
(situação que pode ocorrer com outros matérias).

1.6.3. PROPRIEDADES TECNOLÓGICAS

De um modo extremamente abreviado, mas vantajosamente preciso, diremos que as


propriedades tecnológicas a que uma madeira deve obedecer são as seguintes:

1) Facilidade de laboração (de uma forma geral é verdade par quase todas as
espécies, exceptuando o caso de madeiras duras e, sobretudo, as extremamente
duras que exigem ferramentas especiais, como o “Pau-preto” e o “Pau-santo”.
Esta propriedade está fortemente relacionada com a densidade e a dureza da
madeira, com certas anomalias do tecido lenhoso, designadamente fio revessso,
fio torcido, inclusões, etc. Também a humidade representa um papel importante,
sendo o trabalho de serragem muito facilitado quando o seu valor se situa acima
da humidade de saturação das fibras.

2) Isenção da propensão para fendas e empenos (o que é uma quase uma utopia
para qualquer tipo de madeira que seja, mas depende muito da retractilidade da
madeira, da relação entre a retracção tangencial e radial, de certos aspectos da
estrutura lenhosa, etc).

3) Facilidade de secagem (que varia muito em função da árvore de origem do teor


de humidade natural da própria madeira);

72
As Madeiras na Construção Civil

4) Facilidade de acabamento (insere-se nas condicionantes do ponto 1, mas também


se relaciona com a facilidade de polimento e aceitação de tintas, ceras ou
vernizes pela madeira – o que normalmente acontece. Está relacionada com as
características anatómicas - disposição dos feixes de fibras e do parênquima,
dimensão dos poros e dos raios lenhosos, etc. - e com aspectos com elas
relacionados, como o fio, o brilho, a textura e o desenho, desempenhando um
papel importante certas anomalias como o lenho de reacção, o fio revesso, o fio
diagonal, o fio torcido e outras. Também o plano de corte da madeira, segundo
se aproxima da situação radial ou da situação tangencial, sobretudo nos casos em
que os raios são grandes, tem influência na facilidade de acabamento.

5) Durabilidade natural (depende extraordinariamente da espécie da madeira e no


ambiente em que esta é colocada, mas está relacionada com a densidade a
porosidade, a permeabilidade e ainda a presença de substâncias extractáveis,
como resinas e gomas, que desempenham um papel de natureza tóxica em face
de agentes destruidores, insectos e fungos, mas também um papel de natureza
física, por reduzirem a permeabilidade do lenho a líquidos e gases, uma vez que
estes produtos vão colmatar ao vazios celular e intercelulares);

6) Facilidade de impregnação por produtos preservadores (esta propriedade está


directamente relacionada com a permeabilidade e porosidade do tecido lenhoso

1.7. FACTORES MODIFICATIVOS DAS PROPRIEDADES (FÍSICAS E


MECÂNICAS)

Para que se possa utilizar a madeira para os diversos fins a que é possível dar-lhe
destino, é necessário conhecer qual o grau de “preparação” que ela possui.

Com efeito, é necessário conhecer qual a sua performance/desempenho físico, no


respeitante às suas propriedades, e mecânica, no que concerne à sua resistência. De facto, tal
informação é decisiva para ajuizar da sua aptidão para os vários destinos. Neste contexto, é,
então, necessário saber que valores são os considerados mínimos nestes aspectos, para que a
madeira possa ser utilizada convenientemente.

73
As Madeiras na Construção Civil

Para a obtenção deste conhecimento é indispensável que se efectuem numerosos


ensaios de qualificação das várias espécies de madeira em causa. Estes ensaios devem,
necessariamente, levar em consideração todos os factores de alteração das características do
material, tanto os factores naturais, decorrentes da própria natureza do material, como os
factores tecnológicos, decorrentes da técnica de execução de ensaios.

Estes ensaios, devem, sempre, considerar quais são os factores que estão na base das
modificações das características da madeira. Como se disse, estes factores tanto podem ser de
índole natural, tecnológica, como tendo origem na própria natureza da madeira, ou até mesmo
decorrentes das técnicas de execução dos ensaios. De entre os factores de índole natural,
podemos mencionar os seguintes:

• A espécie botânica a que pertence a madeira, a estrutura anatómica e a constituição


do tecido lenhoso. São os factores naturais responsáveis pela performance física e
mecânica da madeira. São variáveis de entre as várias espécies de madeira em questão,
o que requer que se efectue a identificação concreta da espécie botânica em apreço
para se conhecer quais os valores concretos de resistência, entre outros;

• A massa específica do material, em particular a massa específica aparente4, pois o


peso por unidade de volume aparente da madeira é um indicador da forma como se
encontra distribuída ou concentrada na madeira as suas fibras constitutivas, dando
também indicações no que concerne à resistência do seu tecido lenhoso. Este
indicador, por segurança, nunca pode ser visto de isoladamente, mas completado com
outros indicadores e outras formas de aquilatar a performance. É possível avaliar as
propriedades do material pelo simples conhecimento desta constante e relacioná-la
com fórmulas apropriadas que estabelecem a correlação entre outras propriedades e a
MEA;

• A localização da peça no lenho. Se extrairmos um pedaço de madeira, no que se


refere às modificações de que pode ser objecto, estas variam consoante a parte da
árvore de que é extraído (por exemplo, se o pedaço de madeira for extraído do “cerne”
ou do “alburno”, ou próximo às raízes ou à copa). São notáveis as alterações do tecido
lenhoso e a massa específica aparente conforme as diferentes zonas do “lenho”;

4
Ver a secção 1.5.1.9., para mais pormenores sobre este indicador.

74
As Madeiras na Construção Civil

• A existência de defeitos naturais da madeira. A qualidade de uma madeira é


seriamente comprometida se esta for possuidora de defeitos de variada índole: como
nós, fendas, fibras que se encontram torcidas, etc. Dai que na presença destes a sua
performance, física e mecânica, conhece uma diminuição considerável. Em particular,
a distribuição, as dimensões destes defeitos e o local na madeira onde eles se
encontram, é de singular importância para conhecer a magnitude dos mesmos e a sua
influência;

• A humidade. Este factor é particularmente importante quando interfere com a


constituição das fibras das paredes de celulose “hidrófilas” (absorventes de água). Se a
madeira se encontrar com uma porção de humidade elevada, esta determina
modificações das suas propriedades. Assim sendo, se um pedaço de madeira se
encontrar seco, então ele estará nas condições óptimas quanto à sua resistência,
apresentando mesmo os seus valores máximos. Pelo contrário, patenteia os valores
mais baixos (senão mesmo os mínimos) quando estiver com altos valores de
humidade. Entre estes dois extremos, a madeira apresenta uma variedade de situações
intermédias de variada índole das suas características;

Os factores de índole tecnológica são outros que se revestem de importância digna de


realce no que diz respeito aos defeitos da madeira. Com efeito, estes identificam-se com as
consequências provocadas nos ensaios a que a madeira é sujeita nas suas qualificações. Se
estes ensaios provocam modificações, inadvertidas e não intencionais, sobre a madeira, como
alterações das suas formas e dimensões, sentidos de evolução dos “anéis de crescimento”,
velocidade de aplicação das pressões mecânicas, então estes exemplos de causas denominadas
de tecnológicas tem resultados perniciosos. É óbvio que quando falamos de ensaios, também
incluímos todo o processo de corte da madeira, desde o abate à saída da carpintaria.

1.8. REQUISITOS PARA MADEIRA DE BOA QUALIDADE

Assim, como referimos quais são os factores que se encontram na base de alterações
das propriedades e performance, mínimas e adequadas, da madeira, também deveremos citar,
que não apenas por oposição aos defeitos, quais são os aspectos que a madeira, qualquer que
seja o seu tipo e qualquer que seja a árvore de onde foi extraída, deve ter.

Geralmente, a madeira deve possuir entre outros os seguintes requisitos:

75
As Madeiras na Construção Civil

1) Estar seca;

2) Não possuir nós;

3) Estar isenta de porções que se encontrem escurecidas, de forma a indiciar a


existência de fermentação;

4) Serem rectas, no sentido de não possuir quaisquer deformações que


suponham a existência de contracções em virtude de ter secado rapidamente;

5) Não ter as extremidades rachadas, ou qualquer tipo de fendilhação ou


fissuração;

6) Não possuir qualquer tipo de praga animal ou vegetal;

7) Não conter casca inclusa (crescimento para o interior do tronco) ou ser esta
anomalia discreta.

Como por sequência do exposto e genericamente, para uma madeira ser é


considerada como de 1.ª qualidade/ordem deve reunir as seguintes características:

1) Não possuir quaisquer nós;

2) Estar limpa nas faces;

3) Ser seca;

4) Estar sã;

5) Possuir a cor natural;

6) Ter sido cortada de forma correcta;

7) Exibir a bitola (medida) exacta, o que supõe que tenha as arestas em


esquadria rigorosa;

76
As Madeiras na Construção Civil

8) Não ostentar furos de larvas, não possuir quaisquer manchas oriundas de


bolores ou de outros fungos, agentes físicos, agentes químicos, ou de outra
índole;

9) Em acréscimo deve encontrar-se de tal forma que não tenha defeitos do tipo
rachaduras, abaulamentos, arqueaduras, fibras reversas, carunchos, ardiduras,
apodrecimentos, quina morta ou esmoada, bolsas de resina, gretas ou ventos e
serragens de forma irregular.

No entanto, existem defeitos de alguma índole que se consentem:

• Existência de pequenas fendas rectas nos dois topos da madeira;

• Manchas que se encontrem isoladas, superficialmente azul, desde que


resultem de um processo de secagem num tempo húmido;

• As fibras estejam revessas e um fendilhado levíssimo, de forma


longitudinal numa das faces, desde que tal se deva a origens atmosféricas;

• Abaulamentos que não excedem 1 cm de flecha;

• Arqueaduras que não excedam 2 cm de flecha;

Inversamente, se possuir nós ou extremidades que se encontrem com rachas, então


ela se designa de 2.ª qualidade/ordem. Nestas circunstâncias encontra-se, então, a madeira que
satisfaça em uma das suas faces aos aspectos referidos no que respeita à madeira de primeira
ordem.

Neste contexto, são tolerados os seguintes aspectos ou defeitos:

• Se as fendas estiverem rectas em um ou em ambos os topos, não excedendo os


15 cm em cada topo;

• Manchas isoladas, levemente azuladas e superficiais, provenientes de secagem


em tempo húmido;

77
As Madeiras na Construção Civil

• Fibras revessas e leve fendilhado longitudinal nas duas faces;

• Abaulamento que não ultrapasse 1 cm de flecha;

• Arqueadura que não exceda 4 cm de flecha;

• Esmodo de um só lado da peça, não excedendo um terço da espessura e do


comprimento;

• Pequenos nós firmes em uma das faces.

Se a madeira for de 3.ª qualidade/ordem, ela varia de acordo com a extensão,


profundidade e desenvolvimento das imperfeições possuídas pela madeira. Mas, de entre as
características mais importantes como defeitos que a caracterizam nesta ordem, temos os
seguintes:

• As peças com fendas rectas em um ou em ambos os topos, não excedendo


15cm em cada topo;

• Com nós firmes em ambas as faces, distanciadas um do outro em mais de um


pé ou 30.48cm, desde que não se apresentem em grupos;

• Esmoado em uma das arestas, não excedendo um terço da espessura;

• Arqueadura que exceda 4 cm de flecha e com abaulamentos que ultrapasse 1


cm de flecha;

Assim sendo e dentro deste espírito, se ela possuir muito nós, ou até mesmo
manchas, ela considera-se como que “refugo”, mas, em rigor, ela é-o se não possuir as
características da madeira de terceira ordem.

1.9. APLICAÇÕES E CONDIÇÕES DE EMPREGO DA MADEIRA

Faremos agora um muito breve apanhado das principais aplicações da madeira


serrada e das condições que esta deve cumprir para satisfazer o seu uso para esses destinos.

78
As Madeiras na Construção Civil

¾ Postes. Média a elevada resistência mecânica à flexão e compressão; retracção


média ou baixa; grande durabilidade natural ou facilidade de impregnação por
produtos preservadores. Humidade na altura da impregnação inferior a 25 %.

¾ Travessas. Média a elevada densidade e dureza; elevada resistência ao choque e ao


esmagamento transversal; boa capacidade de retenção de órgãos metálicos; grande
durabilidade natural ou facilidade de impregnação por produtos anti-sépticos.
Humidade na altura da impregnação inferior a 25 %.

¾ Estacaria. Média a elevada densidade e dureza. Alta resistência à compressão e à


flexão. Grande durabilidade contra fungos nas situações em que a madeira não fica
totalmente abaixo do nível freático ou elevada resistência aos xilófagos marinhos
quando aplicada em obras portuárias. Humidade da madeira na altura da aplicação
superior a 25 %.

¾ Estruturas. Média a grande resistência a todos os tipos de solicitações. Retracção


média a baixa. Fraca propensão para fender e empenar. Fio recto. Nós limitados em
número e dimensões. Elevada durabilidade contra insectos e fungos ou facilidade
de impregnação por produtos preservadores. Capacidade de suportar sem fender
órgãos metálicos de ligação.

¾ Tacos e Parquete. Textura homogénea, cor e desenho agradáveis, permitindo bom


acabamento. Média a elevada resistência ao desgaste, que corresponde geralmente
a média e elevada dureza. Média e baixa retracção. Durabilidade satisfatória contra
fungos e particularmente contra insectos. Humidade na altura da aplicação entre 12
e 14 % em pavimentos de dependências não aquecidas e de 10 e 12 % em
aquecidas.

¾ Soalho. Características idênticas às anteriores.

¾ Portas. Características idênticas às indicadas para Tacos e Parquete. Alam disso


muito fraca tendência para empenar.

¾ Janelas. Média a elevada densidade e resistência. Fio recto. Facilidade de


laboração. Retracção média a baixa. Fraca propensão para fender e empenar e
boa aptidão à colagem. Elevada durabilidade contra fungos. Humidade na altura da
aplicação entre 12 e 14 %.

79
As Madeiras na Construção Civil

¾ Guarnições. Características idênticas às indicadas para Portas.

¾ Folhas para Contraplacados e Aglomerados. Textura homogénea, cor e desenho


agradáveis, permitindo bom acabamento. Retracção média a baixa. Facilidade de
corte, por desenrolamento e guilhotinagem. Boa aptidão à colagem. Humidade na
altura da aplicação entre 10 e 12 %.

¾ Mobiliário. Características idênticas às indicadas para Portas e Guarnições. Neste


caso ainda, quando se trate de elementos esbeltos, como pernas, braços e costas de
cadeiras, elevada resistência ao choque Durabilidade elevada contra insectos. Em
mobiliário, com estrutura interior revestida, características idênticas às indicadas
para portas planas. Baixa retracção, sobretudo em folhas de portas, gavetas e peças
à vista, no sentido de não se abrirem as juntas entre elementos. Humidade na altura
da aplicação entre 10 e 12 % ou entre 12 e 14%, se o ambiente a que se destina for
ou não aquecido.

80
As Madeiras na Construção Civil

CAPÍTULO II – ABATE, SERRAGEM E SECAGEM

2.1. ABATE DA ÁRVORE

FIGURA 30 – local de abate (in J.Pinto Leitão,SA)

O corte das árvore destinadas a fornecer madeira só deve ser feito quando elas
tenham atingido o máximo crescimento.

Não existe um período exacto para o abate das árvores, mas haverá alturas mais
oportunas e recomendáveis, como é evidente quando se tratar de árvores de fruto, é justo que
esta seja abatida após a germinação do fruto, criado e amadurecido, e antes da próxima
florestação.

Por outro lado, se possível e em geral, a época de Inverno é de privilegiar, isto


porque desde que a madeira, após o corte, fique ao abrigo de madeiras infestadas, estará isenta
de certas pragas xilófagas, cujos adultos emergem em época bem definida do ano, que vai em
geral entre o fim da Primavera e começo do Verão. É o caso do Caruncho Grande, que é o
principal insecto responsável pelos maiores prejuízos nas madeiras de pinho das construções.

É também no Inverno que as árvores contêm menores teores em amido e açucares, o


que torna esta época menos susceptível de ataque de xilófagos após o seu corte.

As fendas produzidas por secagem natural da madeira serrada serão também


mínimas, durante aquela estação, sendo tal factor significativo na conservação do material
lenhoso.

81
As Madeiras na Construção Civil

É evidente que existem países em que os respectivos governos criaram um período


de defeso, inclusive demarcando áreas florestais que controlem directamente as zonas para
substituir as que foram abatidas.

Assim, consoante os tipos de árvores que se procede ao seu abate, se refaz o


reflorestamento na época mais própria para o efeito.

Em princípio quanto mais tarde a árvore for abatida (maior idade, portanto), mais o
cerne já se encontra bem diferenciado e ocupa uma área importante da secção do tronco, pelo
que as peças dele extraídas apresentarão uma durabilidade natural superior, com maior
resistência a insectos e fungos (isto porque, em regra, o cerne é mais resistente a estas pragas,
como também detém superior resistência mecânica face ao alburno).

FIGURA 31 – Processo mecânico, utilizando moto-serra (in “O mundo da madeira”, p. 51)

2.2. A PERMANÊNCIA OU NÃO DA CASCA

Se os troncos permanecem longo tempo nas matas sem que lhes tenha sido retirada a
casca, o insecto perfeito – que aparece desde os fins da primavera até aos princípios do verão
– sentir-se-á atraído pelo cheiro activo dos produtos contidos no alburno desses troncos, que
cedo entrarão em fermentação, e depositará os seus ovos nos interstícios ca carrasca e em

82
As Madeiras na Construção Civil

possíveis fendas ou feridas existentes, esses ovos produzem larvas que começaram por ali o
seu trabalho destruidor.

Por isso, os troncos devem ser imediatamente descascados e convertidos em secções


correntes de tabuado, vigamento, etc.

2.3. TRANSFORMAÇÃO DA ÁRVORE

Após a operação de abate da árvore, que é executado na altura programada e quando


as árvores já estão com a idade e diâmetro de tronco suficientes para fornecer uma boa
madeira, é efectuado a remoção dos ramos e transportados os toros para a serração para
desfiamento e posteriormente para corte e transformação.

Assim as madeiras são serradas de diferentes formas:

- Vigas;

- Barrotes;

- Pranchas;

- Soalho ou solho;

- Vigamento;

- Tabuado;

- Tabuinha;

- Varas de rio;

- Meio fio;

- Ripa de telhado;

- Rodapé a 3 fios;

- Sarrafão;

- Tábua de forro a 2 e a 3 fios;

- etc.

83
As Madeiras na Construção Civil

Os desperdícios, ou mesmo as partes mais nobres (conforme se trate de aglomerados


ou contraplacados, normalmente5), são conduzidas para as diversas indústrias de laminados,
folheados, contraplacados ou triturado para a celulose.

FIGURA 32 – Exemplo de esfiamento dos toros (in O mundo da madeira p. .54)

2.4. SECAGEM DE MADEIRAS

Consiste em eliminar a água em excesso no seio da madeira, equilibrando o seu teor


de humidade, a fim de evitar variações de dimensões, obtendo maior resistência e evitando a
degradação e putrefacção.

Para o manuseamento da madeira é exigível um grau de humidade compatível com o


ambiente e utilização. O teor de humidade deve ser tal que garanta o não aparecimento de
retractilidade (empenamentos, por exemplo) e máxima resistência mecânica.

De entre as vantagens da secagem, salientam-se as seguintes:

1) Diminuição de peso da madeira;

5
Como se frisou este trabalho não inclui o estudo de Derivados de Madeira.

84
As Madeiras na Construção Civil

2) A madeira torna-se estável;

3) Aumenta a resistência com a eliminação da água;

4) Os produtos de preservação que possibilitam a impregnação exigem um


determinado estado de secura;

5) A madeira para ser pintada ou envernizada tem de estar seca (sob pena de tal
não ser possível).

No que concerne à humidade nas madeiras ela subsiste, no interior do tecido lenhoso,
sob a forma de água de constituição, água de impregnação e água livre.

Podem ser subtraídas, por secagem, a água que existe livre nos vazios capilares e a
água de impregnação das paredes celulósicas das células.

Logo que árvore é abatida, a madeira principia a perder o seu conteúdo de água livre,
de forma mais ou menos rápida e sem sofrer qualquer tipo de retracção. A seguir, existindo
condições para tal, evapora a água de impregnação, de forma muito mais lenta e acompanhada
de contracções, até a madeira atingir um teor de humidade em equilíbrio com o ambiente onde
se encontra. A perda gradual dessas duas fracções de humidade tem um desenvolvimento e
uma dependência de factores internos e externos que devem ser levados em consideração em
qualquer processo de secagem.

O desenvolvimento da secagem de peças de madeira processa-se através de uma


evaporação superficial, acompanhada de uma transfusão interna de humidade, do núcleo para
a periferia. A velocidade da evaporação superficial varia em sentido directo ao gradiente entre
pressão do vapor de água no tecido lenhoso do material (pressão máxima de vapor saturado) e
a pressão do vapor de água do ambiente de secagem (função da temperatura e grau
higrométrico).

A velocidade de transfusão da humidade do núcleo para a periferia depende da


constituição do tecido lenhoso e das condições em que se encontram no mesmo a água rápida
e a água de constituição. Quanto mais vasos condutores contiver o tecido lenhoso, mais rápida
será a migração da humidade.

85
As Madeiras na Construção Civil

Parte da água livre não é tão livre como se possa pensar: em algumas espécies, uma
fracção da mesma adere por absorção, sob forte tensão superficial, às paredes internas das
células. Noutras espécies, a água de impregnação está fortemente associada às fibras de
celulose que constituem as paredes das células onde se infiltrou, ou mantêm-se em suspensão
coloidal com as próprias substâncias da madeira.

Um procedimento de secagem está bem conduzido quando se atinge uma perfeita


sincronização entre evaporação superficial e a transfusão interna da humidade. Quando a
evaporação superficial muito rápida não é acompanhada pela difusão, as camadas superficiais,
além de se tornarem endurecidas e quase impermeáveis, ficam sujeitas a tensões de retracção
consideráveis e diferenciadas em relação ao núcleo das peças. Essa retracção superficial,
impedida ou restringida pelo núcleo incompreensível, gera tensões de tracção na superfície
que conduzem a deformações (empenos) ou rupturas (fendas), defeitos de uma secagem mal
conduzida.

A condição de êxito de uma secagem resume-se, portanto, no perfeito controlo da


velocidade de evaporação superficial, ajustada à espécie lenhosa da madeira e às dimensões
das peças. Nas estufas de secagem consegue-se esse controlo por meio de sucessivas e
decrescentes modificações do grau higrométrico ambiente com injecções de vapor. E a
marcha da secagem desenvolve-se sob temperaturas crescentes e graus higrométricos
decrescentes a partir de 80%, de modo a atingirem-se sucessivas e decrescentes situações de
equilíbrio higroscópio do material com o ambiente.

2.4.1. SECAGEM NATURAL

A secagem natural tem como finalidade a redução da humidade de peças de madeira


a um valor mínimo compatível com as condições climatéricas regionais, no menor tempo
possível.

É realizada em pátios junto às serrações onde as peças de madeira convenientemente


entabuadas, ficam depositadas em pilhas e separadas por ruas orientadas em relação aos
ventos predominantes. Como protecção contra chuvas, o material recebe coberturas
provisórias.

A secagem natural deve ser feita nas seguintes condições:

86
As Madeiras na Construção Civil

9 Os locais de secagem devem ser enxutos, bem expostos e bem arejados;

9 As pilhas de madeira devem ser estáveis e bem definidas, de fraca largura,


isoladas do terreno natural, contendo no seu interior chaminés que favoreçam
a ventilação;

9 As diversas pilhas devem ser afastadas umas das outras para que se possa
velar pela sua sanidade;

9 Devem-se retirar imediatamente das pilhas peças que já tenham sido atacadas.

As madeiras brandas, que normalmente possuem um elevado grau de humidade,


devem ter as suas superfícies expostas o mais possível ao ar. A secagem natural é mais activa
nas épocas do ano em que a temperatura é mais elevada. A sua eficiência e velocidade
dependem, ainda, da circulação do vento no interior e entre as pilhas de madeira. É difícil,
portanto, predizer tempo e resultados.

FIGURA 33 – Exemplo de secagem natural (in “Teconlogia da Madeira”, p. 14)

Quando se trata de secar toros desfiados, é conveniente empilhá-los sem os


desmontar, seguindo a ordem de serragem e colocando entre cada prancha ripas de 2 a 4 cm
de espessura, distantes de, pelo menos, um metro umas das outras, com vista a separá-las,
permitindo uma secagem uniforme nas duas faces.

87
As Madeiras na Construção Civil

Quando a secagem se faz a céu aberto, deve-se prever uma cobertura de zinco ou de
tábuas de refugo (costaneiras) para proteger as madeiras da chuva e do sol.

Nas épocas apropriadas, em secagem ao tempo e sob a forma de tábuas, a maioria


das espécies perde a metade da sua humidade (água livre) em 20 a 30 dias e o restante até
atingir o equilíbrio com o ambiente, num tempo 3 a 5 vezes maior.

É óbvio, que os inconvenientes da secagem natural, especialmente o prejuízo


decorrente da imobilização de um capital de grandeza elevada e de retorno demorado no
tempo, são ultrapassados pela secagem artificial em estufas, onde, se for bem conduzida, a
marcha de secagem pode demorar apenas 2 a 3 semanas.

2.4.2. SECAGEM ARTIFICIAL

A secagem artificial é conduzida em estufas com temperaturas crescentes e graus


higrométricos adequados, conforme a tabela de secagem da espécie lenhosa. Conhecida a
humidade do lote, a estufa é regulada, em temperatura e grau higrométrico para um ponto de
equilíbrio imediatamente inferior à humidade de origem.

Uma vez alcançada esta humidade de equilíbrio no material, verificado pela retirada
de pequenas peças, modificam-se as condições para uma nova situação e assim por diante, até
se alcançar o teor de humidade pretendido.

Todas as estufas de secagem, contínuas ou intermitentes, dispõem dos seguintes


elementos:

1) Uma fonte de aquecimento (geralmente serpentinas com vapor);

2) De diapositivos de humidificação (borrifadores de água ou dispersores de


vapor);

3) De circuladores de ar, como sejam ventiladores, exaustores e aparelhos para


___ ___
controlo de temperaturas (termómetros de bulbo seco e húmido e
psicómetros).

88
As Madeiras na Construção Civil

FIGURA 34 – Exemplo de secagem artificial (in “Tecnologia da madeira”, p. 15)

A secagem artificial pode fazer-se por:

• Por ar condicionado – a secagem por ar condicionado é feita num ambiente em


que a temperatura e o estado higrométrico do ar são reguláveis, este processo tem
por finalidade evitar a evaporação muito rápida das camadas periféricas que, a dar-
se produziria fendas de retracção na superfície, bem como uma camada superficial
muito dura que paralisaria, praticamente, a saída da humidade interna. A esta
camada chama-se camada de cementação. As madeiras estão sujeitas, durante um
certo tempo, a uma atmosfera saturada que tem a faculdade de as tornar
permeáveis no exterior. A secagem começa, em geral, quando o grau de humidade
é de 90% e a temperatura de 40 a 50ºC; depois vai-se aumentando a temperatura
até 60 a 70ºC, reduzindo-se a humidade para 25%. Os secadores podem ser
descontínuos, ou de estufa; e contínuos, ou de túnel.

89
As Madeiras na Construção Civil

• Por correntes de alta frequência – a migração da humidade da madeira faz-se


mais facilmente das partes quentes para as partes frias. É o que se produz na
secagem normal com ar quente condicionado. Então apareceu a ideia de provocar a
migração da humidade mesmo no interior da madeira, de modo a assegurar a
queda da temperatura, necessária para que a secagem possa fazer-se duma maneira
regular. A produção dum campo eléctrico por ondas curtas de alta frequência, foi
utilizada para este fim. Submete-se à acção deste campo a zona interna de uma
peça de madeira, levando, assim, uma certa quantidade de calor, mesmo ao seio da

90
As Madeiras na Construção Civil

sua massa. As zonas externas estão a uma temperatura mais baixa, pelo contacto
que têm com a atmosfera exterior, não aquecida. Daí resulta, por um lado, uma
evaporação mais intensa pelas camadas superficiais, por outro, uma migração mais
forte da humidade. Os tempos de3 secagem são muito inferiores aos que resultam
da secagem normal.

• Por raios infravermelhos – este processo baseia-se na propriedade que têm os


raios infravermelhos de penetrarem no interior da madeira. A instalação deste
processo é formada por duas baterias de lâmpadas (figura seguinte), que se
dispõem, uma por cima e outra por baixo da peça a secar. Este processo é caro;
portanto, só utilizado para peças finas de madeira.

• Por vácuo – neste processo, as peças a secar são colocadas numa autoclave, onde
a temperatura é de 70 a 80ºC. quando a madeira já está quente, produz-se um
vácuo, de pequena duração, destinado a eliminar a humidade superficial sem que
se forme a “camada de cementação”. Depois, e durante algumas horas,
restabelece-se a pressão atmosférica, a fim de que a humidade interior possa
atingir a periferia. Faz-se novamente o vazio durante algum tempo, e assim
sucessivamente, até que a madeira atinja o estado higrométrico desejado.

91
As Madeiras na Construção Civil

CAPÍTULO III – PATOLOGIAS E DEFEITOS

3.1. GENERALIDADES

Como se sabe a madeira só atinge a plenitude das suas propriedades quando se


encontra no estado normal. Todas as suas irregularidades ou desvios em qualquer das suas
fases de crescimento diminuem-lhe a capacidade de utilização. Mas, o tecido lenhoso é o
produto de uma actividade, já que a árvore faz parte de uma sociedade multiforme, a floresta
ou pinhal, onde a luta pela sobrevivência atinge proporções grandiosas e nem sempre é
favorável aos seres aparentemente mais vigorosos ou dotados.

Acontece, também, que a formação do lenho é constituído por imperativos


fundamentais da planta como ser vivo de longa duração, para satisfação de necessidades
fisiológicas (de nutrição e crescimento), de reprodução e de suporte ou de sustentação do seu
organismo, por isso, nem sempre se identificam os interesses do homem e da planta que se
pretende transformá-la.

Encontrada a idade para a sua exploração, iniciam-se as operações do seu


aproveitamento tecnológico. Há, em primeiro lugar, que proceder à marcação e escolha das
espécies. Então, durante o trabalho de abate, de extracção e de transporte, da mesma forma o
material lenhoso está sujeito a ser depreciado ou desvalorizado, por deficiências, imperfeições
ou inadequados procedimentos.

Seguidamente, e numa primeira triagem, para a secagem, conservação, e, por fim,


para a laboração, sucedendo de igual modo em cada fase de transformação, há oportunidades
para que, por imprevidência ou ignorância, se valorize algum ou alguns defeitos, sendo
indevidamente desvalorizada a matéria-prima.

O estudo dos defeitos constitui um dos capítulos mais vastos e importantes da


tecnologia madeireira. Assim, esta matéria interessa tanto o produtor como o utilizador, na
medida em que tanto um como outro têm a obrigação de conhecer todos os factores que
podem determinar a qualidade da madeira.

Mas afinal o que se entende por defeito da madeira?

92
As Madeiras na Construção Civil

“Defeito é toda e qualquer irregularidade, descontinuidade ou anomalia estrutural,


alteração química ou de coloração, modificação do fuste ou das peças, originada durante a
vida da árvore, na exploração e transporte da madeira, na conversão primária, na secagem,
na preparação e noutras operações tecnológicas, sempre que qualquer um desses aspectos
comprometa o valor intrínseco da madeira”6.

Os defeitos físicos podem classificar-se do seguinte modo:

ƒ Deficiência, heterogeneidade perniciosa da estrutura dolenho, exemplos: nós,


fendas;

ƒ Anomalia, que é uma irregularidade estrutural, exemplos: fio torcido, anel


desigual;

ƒ Alteração, que é uma modificação mais ou menos complexa do lenho, exemplos:


mancha, azulado, madeira carunchosa;

ƒ Deformação, que é um desvio morfológico do fuste ou modificação anormal das


peças, por exemplo: empenos, fuste torto;

ƒ Defeito de exploração, que é resultante dum abate mal feito, por exemplo fissura
de abate, fenda de abate;

ƒ Defeito de secagem e laboração, que é proveniente da má realização da secagem,


por exemplo, ressalto, fendas de secagem;

3.2. CARACTERÍSTICAS NEGATIVAS E DEFEITOS DAS MADEIRAS

Não obstante a qualidade apreciáveis das madeiras como material de construção, é


indispensável, nas suas múltiplas utilizações, que elas sejam resguardadas contra as suas
características negativas. Sob essa denominação são frequentes as seguintes ocorrências:

• Degradação das suas propriedades e o aparecimento de tensões internas,


resultantes de modificações ocorridas no teor de humidade possuído;

6
Carvalho, Albino – Madeiras Portuguesas, Pág.68.

93
As Madeiras na Construção Civil

• Deterioração ou modificação das sua durabilidade quando em ambientes que


estimulem a proliferação dos principais agentes de deterioração, como sejam
os fungos e os insectos;

• A sua pronunciada heterogeneidade e anisotropia, próprias do tecido lenhoso, e


a limitação das dimensões nas peças de madeira natural.

FIGURA 35 - Defeitos traumáticos ocorridos durante a vida da árvore e podridão da madeira (in
“Carvalho”, 1996, p. 113)

FIGURA 36 - Tipos de nós em peças serradas e desramação e qualidade da madeira (in “Carvalho”, 1970,
p. 111)

94
As Madeiras na Construção Civil

A madeira poderá ser efectivamente considerada um moderno e competitivo material


de construção, quando esses inconvenientes forem mantidos sob domínio, por meio de outros
processos de melhoria da sua qualidade.

De entre eles podem ser referidos os seguintes:

a) A execução de secagem natural ou artificial: para emprego do material com


o mínimo teor de humidade compatível com o ambiente de emprego;

b) Condução de processos de preservação ou tratamento: para prevenir o


ataque de agentes de deterioração da madeira;

c) Transformação do material: para alteração da sua estrutura fibrosa orientada


e produção de peças com maiores e mais adequadas dimensões.

Em face do aparecimento dos aços perfilados e do betão armado, foram tais


características negativas que relegaram as madeiras, durante um certo tempo, para um plano
secundário como material de construção, destinado a estruturas provisórias de breve
amortização.

Presentemente, a madeira seca, preservada e/ou transformada, apresenta-se com as


suas insubstituíveis qualidades, como um material ajustado às exigências das modernas
técnicas de construção, necessitando de precauções na sua utilização que não são mais
complexas do que aquelas que são referentes aos materiais mais similares a ela.

Como defeitos, propriamente ditos, são consideradas todas as anomalias ou


deformações que na sua integridade, ou na sua constituição, modificam a sua performance,
bem assim como as suas propriedades tanto físicas como mecânicas.

A normalização dos defeitos, isto é, a definição exacta da sua terminologia e


estandardização é básica para qualquer preocupação de classificação das madeiras em
categorias de qualidade, com objectivos tanto comerciais como de índole tecnológica. Apenas
com base na sua perfeita identificação, bem como com base em critérios normalizados para

95
As Madeiras na Construção Civil

localização de agrupamentos e dimensionamento dos mesmos, é que poderão ser definidas


especificações de qualidade técnica da madeira, para a finalidade de utilização, de qualidade e
classificação de categorias.

Os critérios de classificação dos defeitos, de acordo com as suas origens de


ocorrência, permite agrupar nos seguintes quatro grupos:

1) Defeitos de crescimento – que são originados em resultado de modificações no


crescimento e estrutura fibrosa do material;

2) Defeitos de secagem – que são as que têm por base consequências da secagem
mal conduzida;

3) Defeitos de produção – que decorrem do desdobro e aparelhamento das peças;

4) Defeitos de modificação – originados por agentes de deterioração, com fungos


ou insectos.

FIGURA 37 - Empolamentos (aumento de volume por absorção de água – lado esquerdo) e abertura de
juntas por perda de humidade (retracção – lado direito) [29]

3.2.1. DEFEITOS DE CRESCIMENTO

3.2.1.1. DFEITOS DA ESTRUTURA DA ÁRVORE

A madeira é um produto da natureza, sujeita durante a sua formação às mais variadas


influências - solo, clima, regime florestal, tratamento, etc. - apresenta certos defeitos e

96
As Madeiras na Construção Civil

anomalias que precisamos de ter em conta, a fim de rejeitarmos as madeiras impróprias para a
obra a executar.

Os defeitos da madeira têm grande interesse na resistência mecânica, na durabilidade


e no aspecto estético. Para a tecnologia da madeira é fundamental o estudo destes defeitos que
podem ter várias origens e consequências diversas.

3.2.1.2. NÓS

A inserção dos ramos nos troncos das árvores dá origem a nós. Quanto maior for o
ramo maior será o nó. Há toda a conveniência em eliminar os nós da madeira e para isso
teremos de eliminar os ramos.

Quando as árvores crescem em florestas densas, os pequenos ramos ao longo do


tronco desaparecem por falta de luz e espaço vital.

FIGURA 38 - Perda do nó numa peça de madeira [29]

Mas quando isso não ocorre, é o próprio Homem que corta os ramos a fim de
aproveitar a madeira para aquecimento ou para indústria, evitando assim a formação de nós de
grandes dimensões.

Depois de o ramo ter desaparecido, quer de forma natural quer por acção humana,
dá-se a cicatrização química da árvore.

É, no entanto, recomendável fazer-se um tratamento artificial, a fim de evitar que a


água, os insectos e os fungos, aproveitando a ferida do tronco, penetrem no interior da
madeira.

97
As Madeiras na Construção Civil

NÓS VIVOS

São aqueles provenientes dos ramos que permanecem aderentes às árvores até estas
serem abatidas. Estão perfeitamente aderentes à madeira do tronco, acompanhando a sua
formação (figura 37).

FIGURA 39 – Nós Vivos (in “Carvalho”, 1970, p. 110)

NÓS MORTOS

Denominam-se de “nós mortos” aqueles que são originários dos ramos que
desaparecem durante o crescimento das árvores. O tecido morto do nó não acompanhou o
desenvolvimento do restante tecido da árvore. É, assim, como que um corpo estranho dentro
própria árvore (figura 38).

NÓS VICIOSOS

Existem quando, como desaparecimento dos ramos durante o crescimento, a


cicatrização não se fez de forma conveniente e o tecido cambial não recobriu a ferida a tempo
de impedir a penetração de humidade, insectos ou fungos no interior da madeira, causando-
lhe estragos (Figura 35).

98
As Madeiras na Construção Civil

FIGURA 40 – Nós Mortos (in “Valente” 1988 p. 39)

FIGURA 41 - Nós Viciosos (in “Valente” 1988 p. 40)

TIPOS DE NÓS

Podemos considerar a existência dos seguintes tipo de nós: nós pequenos, nós médios
e nós grandes, nós aderentes e soltadiços, nós isolados e agrupados, nós de face, de canto e de
aresta.

Na medida em que, a forma dos nós nas faces em que ocorrem pode dar uma ideia da
extensão de madeira por eles afectada, importa ainda classificá-la em nós elípticos e nós
deitados ou nós parabólicos. Assim, os nós que se apresentam como circulares são, em geral,

99
As Madeiras na Construção Civil

os que mais afectam a resistência das peças, por corresponderem a formações que,
normalmente, as atravessam em toda a espessura.

Contrariamente, os nós deitados que, embora aparentemente maiores, apenas


perturbam a direcção geral das fibras nas zonas mais superficiais das peças, não constituem
formações profundas. Veja-se, a este propósito, alguns exemplos nas seguintes Figura 37 e
38.

FIGURA 42 – Diversos tipos de nós (in “Tecn. da madeira”, p. 22)

100
As Madeiras na Construção Civil

FIGURA 43 – Tipos de Nós (in “Valente”, 1988, p. 40)

EXCENTRICIDADE DA MEDULA

Por acção dos ventos dominantes, do desenvolvimento anormal da copa das árvores,
ou ainda da raiz, o tronco das árvores fica sujeito a forças de compressão e tracção. E, se
___
observarmos um corte transversal, veremos que os anéis de crescimento são excêntricos
mais largos na zona de tracção, mais estreitos na zona de compressão.

Os tecidos na zona de tracção são menos resistentes e têm uma textura diferente da
dos tecidos na zona de compressão. Temos, portanto, na mesma árvore, madeiras com
diferentes características de resistência mecânica, de retractilidade e ainda com diferente
aspecto estético. Ao serrarmos um tronco, podemos retirar peças com características
totalmente diferentes (Figura 39).

101
As Madeiras na Construção Civil

FIGURA 44 – Excentricidade da Medula (in “Valente” 1988 p. 40)

FIBRAS TORCIDAS

As fibras dispõem-se, geralmente, paralelas ao eixo da árvore. No entanto, às vezes


por acção dos ventos ou de outros agentes, em vez de se disporem paralelamente, apresentam-
se inclinadas ou enroladas em hélice.

A madeira com fibras torcidas é difícil de trabalhar, tem menor resistência mecânica
e não apresenta desenho uniforme. É de tolerar uma inclinação das fibras não superior a 5%,
quando pretendemos madeiras que suportem bem o trabalho à compressão ou flexão. Na
figura 43 podemos ver um exemplo.

FIGURA 45 - Fibras Torcidas

102
As Madeiras na Construção Civil

FENDAS E FISSURAS

Já anteriormente referimos, uma das grandes desvantagens da madeira é a da maneira


como ela fendilha. O fendilhamento dá-se de forma paralela às fibras, sendo o mais vulgar na
direcção radial (ver Figura 41). Podem ainda verificar-se por deslocamento dos anéis de
crescimento.

As principais causas a que podemos atribui-las são:

¾ O deslocamento de dois anéis de crescimento. Este deslocamento pode ser devido


à tracção do vento ou ao abaixamento brusco da temperatura patente na figura 44.

¾
FIGURA 46 – Fendas Anelares

¾ Abaixamento brusco da temperatura. Provoca um fendilhamento axial radial a


partir da casca e que podem atingir a medula (ver Figura 42). Estas fecham no
Verão, mas reaparecem no Inverno.

FIGURA 47 – Fendas Radiais e Fissuras Internas (in “Valente” 1988 p. 41)

103
As Madeiras na Construção Civil

De forma pouco visível, as fissuras internas são provocadas pelo vento, ou por
pancada da árvore no acto da queda, ou ainda por faíscas eléctricas, etc.. Nas árvores muito
velhas aparecem, por vezes, fissuras internas a partir da zona da medula (Figura 43).

FIGURA 48 – Fissuras Internas (in “Valente” 1988 p. 41)

MADEIRA DE ÁRVORES COM TRONCO INCLINADO PARA O CHÃO

Este tipo de árvores produz madeira classificada do seguinte modo:

• Madeira de compressão – possui uma cor mais escura do que a normal, tem uma
densidade maior, menos tenacidade e maior contracção longitudinal. Apresenta
redução de resistência;

• Madeira de tracção – possui densidade e contracção longitudinal superiores à


normal. A resistência tanto pode ser maior ou menor do que a madeira normal.
Apresenta dificuldades à penetração dos pregos e as suas superfícies serradas são
crespas e de acabamento difícil;

3.2.1.3. BOLSAS

BOLSAS DE RESINA

É a cavidade que aparece em certas madeiras resinosas, em geral alongada, segundo


as camadas de crescimento e contendo resina (Figura 44).

104
As Madeiras na Construção Civil

FIGURA 49 – Bolsas de Resina (in “Valente”, 1988, p. 44)

BOLSAS DE CASCA DE ÁRVORE

São, geralmente, as bolsas que surgem nas inclusões de casca dentro da madeira.

BOLSAS DE GOMA

Consiste na cavidade que surge em determinados tipos de árvores de madeiras


folhosas contendo substâncias gomosas. O seu efeito é equivalente ao das bolsas de resina.

3.2.2. DEFEITOS DE SECAGEM

Os defeitos de secagem são provocados por efeitos de retractilidade do material,


quando perde a sua humidade nos processos de secagem natural ou artificial. Compreendem
as rachaduras, fendas, fendilhamento e os empenamentos de abaulamento, arqueamento e
encurvamento das peças.

3.2.3. DEFEITOS DE PRODUÇÃO

Os defeitos de produção são rigorosamente limitados nas especificações da qualidade


da madeira retirada das árvores, seja para fins comerciais seja para fins tecnológicos. O
prejuízo causado pelos mesmos sobre a resistência das peças atende às mesmas considerações
desenvolvidas para os defeitos naturais e de secagem.

Estes defeitos consistem naqueles que têm origem numa ou mais arestas das peças,
afectando-as parcial ou completamente ao longo do seu comprimento, sendo devido à
presença da superfície arredondada do toro que não foi retirada pela serragem (Figura 45).

105
As Madeiras na Construção Civil

FIGURA 50 – Descaio (in “Valente” 1988 p. 44)

3.2.4. DEFEITOS DE MODIFICAÇÃO

A madeira pode ser destruída por acção de parasitas, quer de origem vegetal quer de
origem animal ou ainda pelo fogo. Assim, na alimentação da planta a seiva bruta transforma-
se em seiva elaborada mediante uma série de reacções químicas. Dessas reacções resulta a
formação de açúcares, amidos e albuminóides, que constituem o alimento dos parasitas. Estes,
alimentam-se das substâncias, orgânicas que constituem a madeira, acabando por destrui-las
(Figura 46).

FIGURA 51 – A - Lágrimas e B – Tumores (in “Valente” 1988 p. 42)

O ataque à madeira pode verificar-se com as árvores ainda vivas e continuar depois
desta colocada em obra. Os agentes destruidores podem ser de origem vegetal e animal.

106
As Madeiras na Construção Civil

É de toda a conveniência proceder ao estudo do habitat de cada um destes parasitas


para melhor podermos evitar o seu ataque.

Os agentes biológicos que dão origem a deterioração economicamente significativa


da madeira são sobretudo fungos, insectos, moluscos e crustáceos, atingindo em geral apenas
o borne ou, mais raramente, o cerne.

Assim, estes defeitos podem ter origem em duas proveniências: de origem vegetal ou
de origem animal.

Na realidade, a madeira é utilizada em situações muito diversas de exposição,


principalmente no que se refere a condições ambientais higrotérmicas, as quais regulam em
grande parte a actividade dos agentes biológicos responsáveis pela deterioração deste
material.rotecção a efectuar está, portanto, dependente do que a peça ou os diferentes
componentes se destinam e até do local que irão ocupar.

Porém, também é importante conhecer, além das categorias de riscos emergentes das
condições de exposição, as principais características das madeiras utilizadas do ponto de vista
da sua durabilidade natural e da sua impregnabilidade com incidência determinante na sua
conservação.

3.2.4.1. DEFEITOS DE ORIGEM VEGETAL (MADEIRA INFECTADA)

Os fungos que atacam a madeira começando por transmitir-lhe uma coloração a


acabando com o seu apodrecimento, podem ser de duas naturezas: aqueles que apenas existem
nas árvores enquanto vivas e aqueles que continuam a atacá-las mesmo depois de mortas.

Naqueles que apenas existem nas árvores enquanto vivas, eles introduzem-se na
árvore através da raiz ou de quaisquer ferimentos incidentes sobre a casca. Os fungos que se
mantêm mesmo depois da árvore morta, requerem um certo grau de humidade e temperatura
para viverem.

Atacam de preferência, as madeiras húmidas e que se encontrem em locais pouco


ventilados.

107
As Madeiras na Construção Civil

FIGURA 52 - Ataque de fungos numa zona húmida de uma janela [29]

De entre os vários fungos é de toda a conveniência destacar aqueles que atacam as


árvores resinosas.

Com efeito, na primeira fase do ataque, a madeira apresenta uma coloração


___ ___
avermelhada madeira ardida e, numa fase posterior já avançada do ataque, a madeira
___
apresenta pequenos alvéolos revestidos a fibras brancas madeira cardida. Este fungo
penetra na árvore através dos ferimentos provocados pelo corte dos ramos ou feridas de
resinagem.

FIGURA 53 - Madeira sujeita ao ataque de Fungos [29]

108
As Madeiras na Construção Civil

A primeira fase do ataque dos fungos é caracterizada pela diferente coloração da


madeira e acaba no seu apodrecimento. Para que esses fungos consigam sobreviver, é
necessário que a madeira possua um certo grau de humidade entre 20 e 30% e uma
temperatura de 26 a 35 graus. As madeiras bem secas, ou então aquelas que se encontrem
permanentemente embebidas em água, não são atacadas. O fungo pode viver na obscuridade,
mas o seu aparelho reprodutor precisa de luz.

Como tipos de fungos mais comuns temos:

• Fungos (Xanthochrous pini) - fase do ardido e do cardido (após o abate da


árvore cessa a actividade deste fungo, podendo utilizar-se até à fase do ardido);
• Ceratostomella (azulado) - não afecta de forma sensível a resistência da
madeira, porque o fungo não destrói as paredes celulares);
• Merulins lacrymaus - reduz a níveis muito baixos a resistência da madeira.

FIGURA 54 - Cerastostomella (azulado) [29]

3.2.4.2. DEFEITOS DE ORIGEM ANIMAL (MADEIRA INFESTADA)

Os insectos xilófagos, cavando galerias no interior da madeira, acabam por destruí-la


quase completamente. A variedade destes insectos e muito grande e tanto se podem
desenvolver com a árvore de pé, como atacar a madeira bem seca e envelhecida.

De um modo geral, o insecto adulto põe os ovos nas fendas da casca das árvores e,
quando as larvas saem dos ovos, penetram na madeira. São larvas que escavam as galerias em
busca do amido, açúcares e albuminóides.

109
As Madeiras na Construção Civil

Há, porém, insectos que se alimentam na celulose e lenhina da madeira já bem seca e
velha, as mais das vezes. Quando o insecto atingir a fase adulta, abandona a madeira.

Reconhece-se que a madeira está infecta pelo aparecimento de orifícios por onde os
insectos adultos saíram (Figura 50).

FIGURA 55 – Caruncho Bicho – da – Madeira (in “Valente” 1988 p. 44)

Também em ambiente marinho os Moluscos, como o Tarêdo (bivale) e a Limnória (que

abunda no estuário do Tejo), atacam as madeiras submersas à vista (total ou periodicamente –

efeitos das marés).

3.2.4.3. CLASSES DE DURABILIDADE

A suscept1bilidade da madeira, borne ou cerne, pode ser tomada face aos principais
agentes xilófagos, embora seja mais frequente a apresentação de classes de durabilidade.

Sendo consideradas em relação ao ataque de fungos e assim deve ser entendido


sempre que não haja outra indicação. Adopta-se a seguinte escala de durabilidade:

• Muito durável - mais de 25 anos;


• Durável - de 10 a 25 anos;
• Pouco durável - menos de 10 anos.

110
As Madeiras na Construção Civil

3.2.4.5. CLASSES DE IMPREGNABILIDADE

Querendo efectuar uma diferenciação entre o lenho em borne e cerne, podemos dizer
que o primeiro mais fácil de impregnar do que o segundo, têm sido propostas várias escalas
de classificação.

Independentemente de outros grupos intermédios, podem classificar-se as madeiras


quanto à sua impregnabilidade em 4 classes:
• Facilmente impregnáveis - madeiras que podem ser completamente penetradas
sem dificuldade sob pressão, ou que absorvem grande quantidade de produto
por imersão, por exemplo a zona de borne do pinho ou do choupo;
• Moderadamente impregnáveis - madeiras que oferecem já alguma resistência
à penetração sob pressão, sobretudo lateral, enquanto por imersão essa
penetração é muito reduzida, por exemplo o cerne da criptomér1a ou do
eucalipto;
• Dificilmente impregnáveis - madeiras que requerem um longo período de
tratamento sob pressão, para se conseguir apenas alguma penetração
longitudinal com distribuição heterogénea do produto, por exemplo o cerne da
pseudotsuga ou do ulmo;
• Não impregnáveis - madeiras totalmente resistentes à penetração de 1íquidos,
por exemplo o cerne do pinho ou do castanho.

3.3. PRINCIPAIS INSECTOS QUE ATACAM A MADEIRA

Podemos destacar três tipos de insectos:

• Formiga Branca (Térmitas) ___


Recticulitermes Lucifugus ___
É uma térmita
subterrânea, bastante destruidora, atacando as madeiras próximas do solo,
principalmente as zonas húmidas. Infestadora da madeira em obra, quando está
mal impermeabilizada;

FIGURA 56– Térmitas Bicho – da – Madeira [29]

111
As Madeiras na Construção Civil

• Capricórnio das Casas, Carunchos Grandes (1 a 3 cm) ___


Hylotrupes
___
Bajulus As suas larvas destroem o borne das árvores resinosas, não
atacando as árvores folhosas. O processo evolutivo é longo (2 a 10 anos),
dependendo do teor em humidade, entre o borne e o cerne. De cor negra ou
castanha escura e providos de longas antenas e artículos bem visíveis;

FIGURA 57 – Capricórnio das casas (in “Santos”, 1991, p. 97)

• Caruncho Pequeno (2 a 4 mm) ___


Anobium Punctatum ___
Atacam as
madeiras velhas e secas, não fazendo distinção entre tipos de madeira, entre o
borne e o cerne. É bem conhecido pelo aparecimento de pequenos furos de
contorno circular por onde se verificou a emergência de adultos (de cor
castanha escura, que se imobilizam ao toque);

• Caruncho (3 a 5 mm) ___ Lyctus brunneus ___ De cor castanha-avermelhada ou


castanha escura, atacam contraplacados, pavimentos, escadas e mobiliários.
Muito difundido em Portugal, sendo responsável pelo aparecimento de
pequenos furos de contorno circular dos escoa serrim muito fino, semelhante a
farinha, que forma pequenos montículos.

FIGURA 58– Capricórnio das casas (in “Santos” 1991 p. 97)

112
As Madeiras na Construção Civil

FIGURA 59 - Ataque de insectos xilófagos [29]

3.3.1. MODIFICAÇÕES PROVOCADAS POR FUNGOS

3.3.1.1. ANTES DO ABATE DAS ÁRVORES

A “Tramates Pini” ataca, no nosso país, os pinheiros idosos. Na primeira fase


(ardido), o “cerne” toma o tom avermelhado, podendo a madeira ser ainda utilizada. Na
segunda fase (cardido), a madeira apodrece, ficando esbranquiçada e com alvéolos.

3.3.1.2. DURANTE A SECAGEM DA MADEIRA

A “Cerastostomeia”,ataca o pinheiro quando o teor de humidade está entre 25 a 30%


de temperatura mais ou menos a 220 C. Ataca as substâncias de reserva das células, dando um
tom sujo a madeira (azulado do pinho), não aderindo às tintas.

3.3.1.3. DEPOIS DE APLICADAS AS MADEIRAS

“Merilius-lacrymans”- É o mais destrutivo dos que aparecem no interior das


construções. Encontra-se sobretudo nos pisos térreos das habitações, em locais húmidos e mal
arejados, como as “caixas de ar” sem ventilação suficiente, junto das canalizações de água e
de esgotos em que se verifiquem roturas ou insuficiente vedação nas juntas de ligação.

113
As Madeiras na Construção Civil

“Trametes trabea”- esta espécie encontra-se nas madeiras situadas ao ar livre,


especialmente nas travessas de pinho e de eucalipto, onde produz, no primeiro caso, uma
podridão cúbica, e, no segundo, uma podridão fibrosa.

3.2.5. DEFEITOS DE EXPLORAÇÃO

Os defeitos de exploração são aqueles que são introduzidos pelo Homem, involuntária
ou intencionalmente, nomeadamente:

• Erros no abate (ex: corte fora de época);

• Acidentes de transporte (ex: mau acondicionamento da carga em madeira ainda


“verde”);

• Incorrecção no corte das peças (ex: má divisão nas peças extraídas do tronco);

• Carência de secagem (ex: duração demasiado curta deste);

• Ausência, exiguidade ou descuido no tratamento (ex: falta de ventilação na


secagem natural);

• Escolha imprópria do tipo de madeira (ex: encaixes sobre tensão);

• Deficiências no dimensionamento (ex: secção diminuta);

• Desacertos de montagem das peças (ex: encaixes sobre tensão);

• Imprecisões na união das peças (ex: excentricidades das ligações);

• Inadequação do uso em serviço (ex: excesso de carga);

• Falta de protecção da madeira a agentes exteriores deteriorantes (ex: infiltrações


de água);

114
As Madeiras na Construção Civil

• Ausência ou insuficiência de manutenção (ex: inexistência de protecção


periódica de madeiras em exterior).

FIGURA 60 - Fissuração da madeira por secagem demasiado rápida (retracção) [29]

FIGURA 61- Secagem natural da madeira com ventilação insuficiente [29]

115
As Madeiras na Construção Civil

FIGURA 62- Podridão por insuficiente ventilação na secagem natural da madeira [29]

FIGURA 63- Empenamento exuberante por contacto prolongado com água [29]

FIGURA 64 - Tintas em destaque por má preparação da superfície da madeira [29]

116
As Madeiras na Construção Civil

FIGURA 65 - Tintas em destaque por efeito do seu envelhecimento [29]

FIGURA 66 - Tintas em destaque por escorrimento continuado de águas pluviais [29]

117
As Madeiras na Construção Civil

CAPÍTULO IV – PRESERVAÇÃO E TRATAMENTO

4.1. TRATAMENTO E PRESERVAÇÃO DAS MADEIRAS

A durabilidade das madeiras é a resistência que apresentam aos agentes de


modificação e destruição do seu tecido lenhoso: fungos, insectos, etc. Configura-se a
durabilidade natural nas madeiras como um característica extremamente relativa, pois
depende não apenas de factores que decorrem da própria natureza do material (espécie
lenhosa, cerne ou alburno, presença de taninos, óleos e resinas em vasos lenhosos) como
também de factores externos que se relacionam com as condições do ambiente de utilização:
humidade, temperatura, arejamento, etc.

Pode, no entanto, como para os demais materiais de construção, ser-lhe incorporada


vantajosamente por meio de processos adequados de tratamento de preservação. Estes
processos terão complexidade e custo proporcionais à vida pretendida e às condições
ambientais de utilização.

Toda madeira em uso fica exposta ao ataque de fungos, insectos, moluscos e crustáceos
que se alimentam de seus componentes.

Como atrás se disse, os agentes biológicos destruidores necessitam para sua


sobrevivência de madeiras em condições propícias: uma fonte de material alimentício para
sua nutrição, temperatura adequada para seu crescimento, humidade suficiente para seu
desenvolvimento e quantidade adequada de oxigénio.

Ao existir estas condições que permitem o crescimento destes agentes biológicos, o


ataque produz alterações importantes na resistência mecânica da madeira, como em seu
aspecto exterior.

Outros agentes de natureza físico/químico contribuem para a deterioração da madeira.

O método usado na aplicação de um preservante é tão importante como sua composição


química. Um preservante de qualidade mal aplicado pode ser menos eficiente que um
preservante de qualidade inferior bem aplicado.

118
As Madeiras na Construção Civil

A impregnação com pressão é o método mais efectivo para preservar madeira que será
usada em lugares com perigo de podridão e ataque persistente de insectos.

O sistema vácuo/pressão necessita de um equipamento industrial denominada autoclave:


cilindro de alta pressão na qual a madeira é introduzida e depois os produtos químicos
preservantes são injectados a pressões consideravelmente maiores que a atmosférica.

Os preservantes de madeira podem ser compostos químicos puros ou mistura de


compostos. Variam amplamente em sua natureza, custo, eficiência e modo de usar nas
diferentes condições.

A protecção da madeira consegue-se tratando-a com preservantes capazes de


permanecer fixos em sua estrutura e que resistem ao ataque de fungos, insectos ou brocas
marítima.

Um bom preservante deve ser tóxico ao ataque de agentes biológicos, mas não para
homens ou animais, uma vez introduzido na madeira.

Não deve perder sua efectividade por efeito de lixiviação e deve penetrar facilmente nas
estruturas celulares da madeira, para obter uma adequada distribuição até o interior das
mesmas.

Deve estar garantido por patentes industriais que resguardem sua qualidade e
demonstrem sua eficiência através de testes de campo ou de vida em serviço. Não deve
aumentar a combustibilidade da madeira tratada e deve proporcionar uma superfície limpa e
inodora.

O factor permanência é fundamental. A madeira devidamente tratada durará 40 a 50


anos ou mais; portanto, uma substância que se evapore ou que mude quimicamente durante
um curto período, ou se transforme em composto ineficiente ou se lixivie, não é adequado
como preservativo de madeira.

A protecção oferecida à madeira por um tratamento preservativo depende,


fundamentalmente, da qualidade do produto utilizado e da quantidade introduzida na madeira.

119
As Madeiras na Construção Civil

Os produtos preservativos de madeira são constituídos por elementos químicos e são


balanceados de tal forma a se conseguir uma solução de compromisso entre eficiência e poder
de fixação na madeira.

Os produtos preservadores devém, sempre, obedecer aos seguintes pressupostos: Os


produtos químicos para tratamento de madeiras devem possuir algumas propriedades e
características para ser considerados um preservativo, como:

1) Toxicidade. Relativamente a fungos e insectos xilófagos, com acção


inibidora e letal contra agentes deterioradores da madeira;

2) Poder de penetração. Sobretudo para permitir uma protecção a longo prazo,


alta penetrabilidade através dos tecidos lenhosos permeáveis;

3) Permanência. Deve possuir fraca volatilidade, principalmente no que se


refere aos elementos tóxicos que entram na sua composição, com alto grau de
fixação nos tecidos lenhosos;

4) Alta estabilidade química. Não perdendo características directas nem afectar


indirectamente as de outros produtos;

5) Segurança na manipulação. Não pondo em risco a saúde e segurança dos


aplicadores;

6) Acção sobre a madeira, metais e outros materiais. Não deve deteriorar os


elementos atrás citados, aumentar a sua combustibilidade ou ter acção
corrosiva sobre os mesmos. Não deverá, se for caso disso, manchar rebocos
ou estuques, pinturas e outros tipos de acabamentos que se pretenda dar as
madeiras tratadas;

7) Acção sobre o homem e animais superiores. Não deverá, sobretudo se


aplicado em madeiras de lugares ocupáveis, deter qualquer cheiro
desagradável ou duque acção prejudicial à saúde dos ocupantes ou utentes.

Os produtos preservadores existentes no mercado dividem-se em:

120
As Madeiras na Construção Civil

1) Preservadores Oleosos. Caso do creosote e os óleos de antraceno, sendo


aplicáveis em exteriores devido ao seu forte odor e possibilidade de
mancharem rebocos e acabamentos;

2) Preservadores constituídos por Sais dissolvidos em água. Como os


cloretos de zinco e mercúrio, os sulfatos de cobre e de zinco, os fluoretos, etc.
Muitas vezes estes produtos são aplicados sobre pressão em autoclave;

3) Preservadores em que o elemento tóxico se dissolve num solvente


orgânico, mais ou menos volátil. Caso dos naftenatos metálicos, os fenóis
clorados, os cloronaftalenos, o pentaclorofenatode cobre e certos compostos
de estanho, por vezes reforçados com produtos aditivos de forte acção
insecticida.

4.2 MÉTODOS DE TRATAMENTO

Por métodos de tratamento de madeiras é uso entender-se o conjunto de técnicas e


práticas utilizadas para fazer penetrar no lenho os produtos preservadores, por forma a
permitir uma profundidade e uma retenção convenientes.
O número de métodos é numeroso e conferem pela sua natureza diferentes graus de efi-
cácia. É muito importante a escolha do método de tratamento mais adequado ao fim
pretendido a qual depende necessariamente da espécie de madeira e do seu grau de humidade,
do risco de ataque a que vai ficar sujeita e da duração que se pretende obter

4.2.1. PINCELAGEM E ASPERSÃO

Presentemente grande quantidade grande quantidade de madeira e ainda tratada por


pincelagem ou por aspersão.
Estes métodos são quase sempre os menos eficazes e só devem ser usados para peças de
pequena secção quando os riscos de ataque por fungos ou por insectos sejam diminutos ou
quando não seja necessária uma duração longa.
A pincelagem para uma maior eficácia deve-se aplicar em duas ou mais demãos.
A aspersão deve realizar-se preferentemente em túneis. Neste tratamento as peças são
conduzidas por transportadores para o interior de uma câmara, onde recebem o produto

121
As Madeiras na Construção Civil

preservador por aspersão intensa feita por bicos convenientemente localizados, assegurando-
se, assim, uma distribuição regular em todas as superfícies das peças.

4.2.2. IMERSÃO RÁPIDA E IMERSÃO PROLONGADA

Neste método as madeira são mergulhadas em recipientes de tratamento contendo o


produto preservador adequado à temperatura ambiente, durante o tempo considerado
necessário para se conseguir a penetração e a absorção desejadas.
O período de imersão pode variar de alguns segundos a alguns dias, sendo
consequentemente muito diversa a eficácia conseguida.
Com a imersão prolongada consegue obter-se uma penetração bastante maior, sem que
esta seja, todavia, directamente proporcional aos tempos de tratamento. .

4.2.3. IMERSÃO A QUENTE-FRIO EM TANQUE ABERTO

A técnica de tratamento a quente-frio consiste, fundamentalmente, em duas operações


distintas: uma imersão a quente seguida de outra a frio.
Devido a elevação de temperatura o ar contido nos espaços celulares expande-se e sai da
madeira, o mesmo acontecendo a alguma água livre ainda existente no lenho. O arrefecimento
efectuado durante a imersão a frio provoca a contracção do volume do ar e da água
remanescente nas células, resultando a formação de um vácuo parcial naqueles espaços, o que
origina um fluxo de produto preservador para o interior da madeira.
Com este método, sempre que é possível utilizar temperaturas entre 80 e 90ºC,
consegue-se em muitos casos notáveis penetrações e retenções. A sua aplicação a madeiras
permeáveis e com elevada percentagem de borne, como é o caso do pinho bravo, conduz a
resultados que se podem aproximar dos obtidos com os métodos de impregnação por pressão.

4.2.4. IMPREGNAÇÃO POR PRESSÃO

Neste método a madeira é tratada em autoclave, em que o produto preservador é


submetido a pressões que chegam a atingir por vezes mais de 1,5 MPa.
Pressões da ordem dos 0,8 a 1,0 MPa são normalmente suficientes para garantir uma
penetração muito profunda nas madeiras mais permeáveis, desde que se mantenham durante
algum tempo, em regra até cessar a absorção do líquido pela madeira.

122
As Madeiras na Construção Civil

Na prática a pressão mantém-se por períodos de uma ou mais horas.

4.2.5. IMPREGNAÇÃO POR VÁCUO

Este método conhecido por "duplo vácuo" e aplica-se somente a madeiras preparadas
nas suas dimensões e formas finais.
Neste método a madeira é sujeita a um período de vácuo ainda sem preservador na
autoclave, o que facilita a absorção posterior do produto pela madeira. No final aplica-se de
novo vácuo para retirar da madeira o produto em excesso.
É mais recomendável para madeiras pouco permeáveis.

4.2.6. DIFUSÃO

Este método baseia-se na propriedade que certos produtos aquosos têm de se difundir
profundamente na madeira recentemente abatida e, portanto, com elevado teor em água.
De um modo geral, a madeira é primeiramente sujeita a uma aspersão em túnel, ou a
uma imersão total, em que uma certa quantidade de solução sob a forma de película fina adere
à superfície das peças ou penetra na camada superficial.
As soluções de tratamento, usua1mente compostos de boro em concentração elevada,
devem ser aquecidas para que haja completa dissolução.
O material tratado é a seguir armazenado durante várias semanas em pilha compacta,
fechada e coberta, numa atmosfera saturada de humidade, para difusão do preservador no
interior das peças. O tempo necessário varia com a espécie a tratar aumentando com a
espessura das peças de madeira.
O tratamento por difusão apresenta duas importantes vantagens:
1) Dispensar a primeira operação de secagem, por se aplicar a madeira no estado
verde;
2) Permitir uma completa penetração do lenho, mesmo nas madeiras mais resistentes
à impregnação, conseguida através de uma difusão lenta.

4.2.6. SUBSTITUIÇÃO DA SEIVA

Este método consiste em substituir a seiva bruta e a água livre contidas no lenho por
uma solução aquosa, imediatamente a seguir ao abate das árvores.

123
As Madeiras na Construção Civil

Destina-se, principalmente, ao tratamento de postes e só permite empregar produtos


preservadores aquosos.
No tratamento intervêm uma pressão hidrostática apropriada e as forças osmóticas dos
elementos constituintes do lenho ainda vivos. A pressão usada e pequena, de cerca de 0,1
MPa resultante da pressão hidrostática da solução preservadora contida num depósito
colocado a uma altura aproximada de 10 metros.
Na base dos postes, não descascados, colocados num estaleiro em pequeno declive, são
aplicadas "ventosas" que se ligam ao depósito por tubos. Pelas extremidades livres dos postes
vai saindo a seiva e por fim a própria solução preservadora, momento em que se dá por
terminada a operação de tratamento.
Vários aperfeiçoamentos técnicos têm sido preconizados para este método,
nomeadamente no modo de fixar as "ventosas" aos postes, na própria constituição destas e,
ainda, na utilização de compressores em substituição da pressão hidrostática.

4.3 MADEIRAS VERDES

Os processos de tratamento e preservação destas madeiras baseiam-se basicamente


na eliminação da seiva e na sua substituição por um líquido anti-séptico injectado. Os
processos utilizados são a seguir, resumidamente, enunciados e explicados.

4.3.1. PROCESSO DE BOUCHERIE

Consiste em injectar na madeira uma solução de sulfato de cobre a 1 ou 1,5%.

É utilizado para a conservação de postes telefónicos e telegráficos, mas de pouca


duração, em virtude das águas da chuva diluírem o sulfato.

4.3.2. OSMOSE

Os troncos das árvores, depois de descascados, são pintados com uma composição à
base de cloreto de sódio, cloreto de mercúrio ou de arsénio. Seguidamente, são empilhados e
cobertos com um impermeável. Ao fim de três meses descobrem-se para secarem.

124
As Madeiras na Construção Civil

4.4. MADEIRAS SECAS

No caso das madeiras secas podemos tratá-las e preservá-las por impregnação ou por
carbonização.

FIGURA 67 - Tratamento de um poste em madeira contra os ciclos de molhagem e secagem [32]

4.4.1. IMPREGNAÇÃO

Consiste em incorporar na madeira produtos que a protegem de agentes destruidores


e da humidade. A impregnação pode ser superficial ou profunda.

IMPREGNAÇÃO SUPERFICIAL

Consiste na protecção das madeiras através de uma película que tapa os poros e
fendas, impedindo a passagem da humidade, designada por imunização simples ou inductos
protectores. São utilizadas principalmente na construção civil como acção protectora e de
embelezamento das madeiras. Compreendem os esmaltes sintéticos, os vernizes, as pinturas a
óleo, lacas, etc., e ainda as pinturas a alcatrão e óleos pesados, destinadas, neste caso, a
madeiras com fins que não decorativos.

125
As Madeiras na Construção Civil

IMPREGNAÇÃO PROFUNDA

Os processos de tratamento deste tipo de impregnação são a imunização profunda e


os processos de “Ruping” e “Dessemont”. A imunização profunda é feita em autoclave,
durante, aproximadamente, 12 horas sob a acção do vapor de água à pressão de 1,5 Kg/cm2,
onde, posteriormente, se lança tricloreto de mercúrio.

No processo Ruping é injectado ar comprimido nos poros da madeira e, em seguida,


creosote a pressão elevada, sem deixar escapar o ar.

No processo Dessemont injecta-se uma solução de sulfato de cobre a 1% e em


seguida faz-se vácuo, para sair parte do sulfato de cobre. Depois, injecta-se creosote a 70º
centígrados. Volta-se a fazer vácuo, para sair parte do sulfato de cobre e creosote em excesso

São necessários meios algo complexos e industriais para atingir uma penetração
profunda e uniforme do preservativo, proporcionando urna protecção efectiva.

Os diferentes métodos a pressão, se diferenciam nos detalhes, mas o procedimento geral


é o mesmo em todos os casos que consiste em introduzir a madeira que será impregnada em
autoclaves, cuja porta é fechada hermeticamente e a madeira é submetida a acção dos
produtos químicos preservantes, em ciclos alternados de vácuo e de pressão.

Como mero exemplo de sequência simplificada temos as seguintes etapas:

• 1ª Etapa - Introduz a madeira, depois de seca no cilindro de alta pressão (autoclave) e


fecha a porta. A pressão interna é igual ao da externa.
• 2ª Etapa - Inicia-se o vácuo inicial, com a finalidade de extrair o ar da autoclave e das
cavidades (celulares) da madeira, a 650 mmHg.
• 3ª Etapa - Mantendo o vácuo, se inicia o enchimento da autoclave com a solução
preservante, com a ajuda do próprio vácuo existente dentro da autoclave.
• 4ª Etapa - Quando a autoclave está totalmente cheia com a madeira e solução
preservante, finaliza o vácuo inicial, dá-se a pressão até a saturação de 18Kg/cm².
• 5ª Etapa - Finalizando a pressão a solução excedente é transferida para o tanque
reservatório, esvaziando totalmente a autoclave.

126
As Madeiras na Construção Civil

• 6ª Etapa - Inicia-se o vácuo final para a retirada do excesso de solução preservativa da


superfície da madeira, a duração do ciclo de tratamento são de 4 horas.

4.5. CARBONIZAÇÃO SUPERFICIAL

Este processo é bastante simples e consiste em queimar levemente as camadas


exteriores da madeira, até se formar uma camada de carvão, preservando-se assim contra
agentes destruidores e tendo sido eliminados os que eventualmente se encontrassem nessa
zona.

127
As Madeiras na Construção Civil

CONCLUSÕES

Tendo tido por objectivo a recolha de elementos básicos sobre a madeira na construção
civil, abordaram-se as áreas mais importantes que este tema encerra, embora a consciência
exista que longe se ficou de o ter esgotado ou, sequer, de o ter desenvolvimento de forma
minimamente completa.

De facto, quando mais se estudava este vasto assunto, mais se percebia que ele não tinha
um fim visível. Ao assemelhar-se como um campo simples, descobriu-se que, eventualmente,
será um dos mais alargados do âmbito dos Matérias de Construção.

De qualquer modo, neste trabalho procurou-se compilar o mais possível os elementos


essências sobre as madeiras, desde a sua importância no equilíbrio ecológico e ambiental
(como a problemática da reflorestação e desertificação natural e artificial da floresta, que o
homem por ambição a ela se dedica, para uma extracção desenfreada de diversas espécies
raras).

Apresentou-se a madeira quanto à sua natureza, procurando sintetizar o seu processo


natural de fabrico, estudou-se a sua classificação, descreveram-se de forma exaustiva as suas
propriedades.

Fizeram-se recomendações sobre o abate as árvores, deram-se indicações sobre a melhor


forma de proceder à serragem, secagem e armazenagem.

Referiram-se as principais patologias e defeitos da madeira, enumerando-os e


descrevendo-os nas suas principais ocorrências.

Abordou-se, com brevidade mas de modo suficientemente completo, a problemática da


preservação e tratamento.

Incluíram-se diversos anexos, que desde uma apresentação, ainda que ligeira, da riqueza
florestal que possuímos a nível nacional, se estendeu ao existente em alguns continentes,
nomeadamente o africano e o americano, mostrando-se algumas das mais significativas
aplicações da madeira, tanto na forma de ilustração como de quadro resumo.

128
As Madeiras na Construção Civil

Assim, e apesar do tema apresentado não se ter esgotado, de qualquer maneira, teve este
trabalho a intenção de mostrar que a madeira na construção civil tem um interminável
percurso, sendo um material por excelência que continuará a ser largamente utilizado.

129
As Madeiras na Construção Civil

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
01. Araújo, H. e Silva, I. (2000). Lista de Espécies Florestais do Acre (Ocorrência com Base
em Inventários Florestais), Rio Branco, Embrapa-CPAF/AC, (EMBRAPA – CPAF/AC,
Documentos, 48).

02. Brown, H., Panshin, A. e Forsaith, C. (1949). Textbook Of Wood Technology, Structure,
Identification, Defects And Uses Of The Commercial Wood Of The United States, New
York, McGraw-Hill, Volume 1.

03. Carvalho, A. (1996). Madeiras Portuguesas – Estrutura Anatómica, Propriedades,


Utilizações, Volume I, Instituto Florestal.

04. Chichignoud, M., Déon, G., Détienne, P., Parant, B., e Vantomme, P. (1990). Atlas de
Maderas Tropicales de América Latina, Yokohama, OIMT/CTFT..

05. Fabião, A. (1996). Árvores e Florestas, 2.ª Edição, Publicações Europa-América, Colecção
Euroagro.

06. Forest Products Laboratory (1974). Wood Handbook: Wood As An Engineering Material,
Madison, USDA Forest Service, Volume 1.

07. Forest Products Laboratory (1987). Wood Handbook: Wood As An Engineering Material,
USDA Forest Service FPL Agricultural Handbook.

08. Governo do Estado do Acre (1999), Diagnóstico do Setor Florestal Madeireiro do Estado
do Acre, Rio Branco, Secretaria Executiva de Floresta e Extrativismo – SEFE.

09. Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira, Editorial Enciclopédia, Limitada, Lisboa, Rio
de Janeiro, Volume XV.

10. Guía de la Madera en la Construcción.

11. Humphreys, R. (1990), Propriedades Estereológicas como Estimadores de Propriedades


Físicas e Mecânicas de Madeiras, Congresso Florestal Brasileiro, Volume 6, Campos do
Jordão, Anais, SBS/SBEF.

130
As Madeiras na Construção Civil

12. Humphreys, R.e Chimelo, J. (1992), Comparação entre Propriedades Físicas, Mecânicas e
Estereológicas para Agrupamento de Madeiras, Congresso Nacional Sobre Essências
Nativas, 2, São Paulo, Anais.

13. Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal (1981), Madeiras da Amazónia,


Características e Utilização, Floresta Nacional do Tapajós, Brasília, IBDF.

14. Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal (1988), Madeiras da Amazónia,


Características e Utilização, Estação Experimental de Curuá-Una Brasília, IBDF.

15. Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (1997),
Madeiras da Amazónia: Características e Utilização, Amazónia Oriental, Brasília, IBAMA,
Volume 3.

16. Instituto Nacional de Pesquisas da Amazónia, (1991), Catálogo de Madeiras da Amazónia:


Características Tecnológicas, Área da Hidreléctica de Balbina, Manaus, INPA.

17. Instituto Superior Técnico, Lisboa, Materiais de Construção I, 1999/2000, Documento de


Apoio n.º 8, Madeira e seus derivados.

18. Jankowsky, I. (1990), Fundamento de Preservação de Madeiras, Piracicaba, ESALQ/USP,


Documentos Florestais, 11.

19. Joly, A. (1979), Introdução à Taxonomia Vegetal, 5.ª Edição, São Paulo, Companhia
Editora Nacional.

20. Lepage, E., Oliveira, A., Lelis, A., Lopez, G., Chimelo, J., Oliveira, L., Cañedo, M.,
Cavalcante, M., Ielo., P., Zanotto, P. e Milano, S. (1986), Manual de Preservação de
Madeiras, São Paulo, IPT, 2.ª Edição.

21. Lisboa. P. (1991), A Anatomia da Madeira, Ciência Hoje, Volume 13, n.º 74, Julho de 1991.

22. Nascimento, C., Garcia, J., Diáz, M. (1997), Agrupamento de Espécies Madeireiras da
Amazónia dm função da Densidade BásicafE Propriedades Mecânicas, Madera Y Bosques,
Volume 3, Número 1, Córdoba.

23. NP-180, 1962, Anomalias e defeitos da madeira.

131
As Madeiras na Construção Civil

24. NP-2080, 1985, Tratamento das madeiras para construção.

25. NP-480, 1983, Madeira serrada de resinosas – Dimensões, Termos e definições.

26. Página da Internet: http://www.botanik.uni-bonn.de/conifers/pi/pin/pinaster.htm

27. Página da Internet:


http://www.estv.ipv.pt/paginaspessoais/jqomarcelo/Tim3/tim3_TP1_Na2.pdf (foi retirado o
ficheiro PDF “Classificação das Madeiras”)

28. Página da Internet:


http://www.estv.ipv.pt/paginaspessoais/jqomarcelo/Tim3/Madeira%20Ens%20Mecanics.pdf

29. Página da Internet: http://www.fpl.fs.fed.us

30. Página da Internet: http://wwww.cirad.fr

31. Página da Internet:


www.estv.ipv.pt/paginaspessoais/jqomarcelo/Tim3/Madeira%20e%20Agua.pdf (foi retirado
o ficheiro pdf “madeira e água”)

32. Página da Internet: www.forestprod.org

33. Página da Internet: http://www.jpleitao.pt

34. Página da Internet: www.casema.pt

35. Página da Internet: www.postbeam.com

36. Pandolfo, C. (1978), Floresta Amazónica Brasileira. Enfoque Econômico – Ecológico,


Belém, SUDAM.

37. Richter, H., Burger, L. (1978), Anatomia da Madeira, 2.ª Edição, Curitiba, Universidade
Federal do Paraná – UFPR.

38. Rocha, J. (1994), A Segurança de Estruturas de Madeira Determinada a partir da


variabilidade da Densidade Básica e de Propriedades Mecânicas de Madeiras Amazônicas,
Piracicaba, Tese de Mestrado – Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiróz”,
Universidade de São Paulo.

132
As Madeiras na Construção Civil

39. Santos, E. (1991). Madeiras, 8.º Ano de Escolaridade, Educação Tecnológica, Areal
Editores.

40. Souza, M., Magliano, M., Camargos, J. e Souza, M. (1997), Madeiras Tropicais
Brasileiras, Brasília, IBAMA-LPF.

41. Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia (1981), Grupamento de Espécies


Tropicais da Amazônia por similaridade de características básicas e por utilização, Belém,
SUDAM-CTM/IPT.

42. Tomás J. E. Mateus, A Humidade da Madeira, Boletim do Instituto dos Produtos Florestais
– Madeiras – N.º 11, Junho de 1976.

43. Tomás J. E. Mateus, As características das Madeiras nas suas relações com as aplicações.

44. Tomás J. E. Mateus, Condições de aplicação de Madeiras em edifícios tendo em vista


minimizar os riscos de ataques por agentes biológicos (insectos e fungos xilófagos), Curso
de Promoção Profissional, LNEC, 1975.

45. Valente, V. (1991). Madeiras – 7.º e 8.º Anos, Porto Editora.

46. Viana, V., (2000), Os Caminhos para nossas florestas, Folha de São Paulo, 20 Junho.

47. Wangaard, F. (1950), The Mechanical Properties of Wood, New York, John Wiley.

48. Zanetti, E. (2000), As Florestas Brasileiras e os Mercados Globalizados, Albert-Ludwig-


Universitat Freiburg, Alemanha, Instituto de Política Florestal.

133
As Madeiras na Construção Civil

ANEXOS

134
As Madeiras na Construção Civil

ANEXO I - Apresentação resumida das diversas


madeiras por espécies de árvores existentes em
Portugal

135
As Madeiras na Construção Civil

Pinheiro-Manso

Nome botânico “Pinos Pinea” é um tipo de árvore que se caracteriza por ser constituída
por uma grande quantidade de ramificações o que origina, na extracção da sua madeira, que
seja constituída por muitos nódos (nodoso). A sua estrutura semelhante às da sua espécie, tem
uma copa semi–esférica e encontra-se muito bem implantada no nosso país, como se pode
constatar no mapa junto com a fotografia.

Tem muita boa adaptação à secura do solo e da atmosfera, grande resistência ao vento,
tem sementes comestíveis (o pinhão), a sua madeira utilizada a construção civil, marcenaria e
tanoaria, sendo uma árvore com folha persistente.

“Pinheiro-Manso” incluindo a sua implantação em território nacional

136
As Madeiras na Construção Civil

Pinheiro-Bravo

Nome botânico “Pinos Pinaster” é uma espécie muito comum nas nossas áreas
florestais, embora como se trata de uma árvore resinosa é uma das mais destruídas (a sua
resina é um forte combustível) quando afectada pelas calamidades do fogo. Trata-se de um
tipo de árvore de onde se pode obter madeira de pinho, que tipo de madeira muito utilizado na
execução de cofragem para as estruturas na construção civil. Juntamente com a sua figura
encontra-se um mapa onde se exemplifica as áreas onde se encontra esta espécie no nosso
país.

Tem muita boa adaptação a solos degradados, grande resistência ao vento, encontra-se
nas encostas e cumes dos montes, não resiste ao esforço mecânico da neve, é uma boa
madeira para a construção civil, é uma árvore com folha persistente.

“Pinheiro-Bravo” incluindo a sua implantação em território nacional

137
As Madeiras na Construção Civil

Pinheiro-de-Alepo

Nome botânico “Pinous Halepensis” é uma espécie comum nas nossas áreas florestais
da zona centro do país, também sendo uma das mais fustigadas pela calamidade do fogo,
trata-se de um tipo de árvore de onde se obtém madeira de pinho, que é, como se viu, um tipo
de madeira que seja muito utilizado na construção civil e na indústria de transformação de
madeiras e laminados.

Tem boa adaptação a solos calcários, grande resistência ao vento, é uma boa madeira
para a construção civil e indústria transformadora, é uma árvore com folha persistente.

“Pinheiro de Alepo”

Carvalho-Negral

Nome botânico “Quercus Pyrenaica”, geralmente conhecido por carvalho, é um tipo de


árvore que, segundo GEPB (2000, p. 67), se caracteriza por possuir “amentilhos masculinos

138
As Madeiras na Construção Civil

delgados interrompidos, pendentes com uma flor na axila de cada bráctea”. Existem, segundo
esta mesma fonte por nós citada, aproximadamente 200 espécies de árvores com esta
designação.

A madeira proveniente desta árvore possui os raios medulares bastante diferenciados, no


que se refere à sua espessura uns são delgados e outros mais grossos ou largos. No que
respeita ao tipo de folha, os carvalhos podem ser de dois tipos de folha caduca (também
conhecida, pelo carácter marcescente da folha que só cai pouco antes da rebentação). A
madeira de carvalho foi sempre considerada como uma das mais nobres das essenciais das
florestas europeias.

Tem uma enorme resistência, boa adaptação à zona temperada húmida, é uma madeira
utilizada na construção civil, construção naval, marcenaria, tanoaria, indústria transformadora,
é uma árvore com folha caduca.

“Carvalho-Negral” incluindo a sua implantação em território nacional

139
As Madeiras na Construção Civil

Castanheiro

Nome botânico “Castanha Sativa”, sendo “castanho” a designação conhecida da madeira


que se extrai do castanheiro. Os veios que a constituem, segundo a GEPB (2000, p. 165), são
de vários tamanhos, espessura e comprimento, sem padrão definido no que diz respeito a estas
medidas. As aplicações mais correntes que constituem o seu destino são a tanoaria,
marcenaria para o sector do mobiliário.

Tem boa adaptação em solos ácidos, encontra-se em encostas e vales apertados das
zonas montanhosas, é uma madeira muito durável, de boa qualidade para a carpintaria e
marcenaria, sendo uma árvore com folha caduca. Usada na construção civil para estruturas,
caixilharias e estruturas.

“Castanheiro” incluindo a sua implantação em território nacional

140
As Madeiras na Construção Civil

Eucalipto

Nome botânico “Eucalyptus Globulus” é uma árvore com raízes profundas, tem
provocado problemas de erosão do solo e alteração do regime hídrico em algumas zonas do
país, principalmente Alentejo e Algarve. De um modo geral, este tipo de árvores caracteriza-
se por serem muito altas e de rápido crescimento, muito embora algumas delas apenas se
ficam pelo simples tamanho do arbusto. É uma das fontes para a indústria da celulose e pasta
de papel, também tendo sido e sendo muito aplicada na construção civil.

Clima marítimo, solo profundo e argiloso, grande resistência ao vento, é uma madeira
com utilização na construção civil e aplicada na indústria transformadora, é uma árvore com
folha persistente com grande apetite de água.

“Eucalipto”

“Nogueira”

Nome botânico “Juglans Regia”, distribui-se por todo o país, é uma árvore de grande
copa e alta, de “casca acinzentada, folhas compostas com 7 a 9 “folíolos”, como refere a
GEPB (2000, p. 821). A madeira que se extrair desta árvore destina-se a ser utilizada em
marcenaria (embora também como soalho na Construção Civil).

A nogueira não é originária das nossas latitudes, mas adaptou-se a elas há muito tempo. É originária do
Sudoeste Asiático e do Mediterrâneo Oriental e foram os Romanos que a introduziram na Europa. Apresenta diversas

141
As Madeiras na Construção Civil

variedades cultivadas, que geralmente se reproduzem por enxertia. As suas sementes, as nozes, de sabor agradável e
ricas em óleo, consomem-se directamente ou são espremidas para obter o óleo de nozes, que se utiliza como óleo
alimentar, como combustível ou como base de determinadas pinturas. Em anos de boa colheita, uma árvore de copa
grande pode produzir até 150 kg de nozes.

A madeira da nogueira é considerada uma das mais valiosas das diversas classes de
madeira existentes entre nós. É de uma dureza comparável à do carvalho, mas fácil de
trabalhar, e além disso é extraordinariamente decorativa pelos tons vivos e escuros. É uma
madeira utilizada sobretudo no fabrico de móveis e no revestimento interno das habitações,
sendo também muito requisitada para trabalhos de talha e para culatras de armas de fogo.

A nogueira cultiva-se fundamentalmente pelos seus frutos e necessita de solos


profundos, ricos em nutrientes e protegidos das geadas tardias, pois as suas flores são muito
sensíveis. Dão-se bem à beira dos rios.

“Nogueira”

É uma árvore com uma copa largamente ramificada, sendo os ramos inferiores grandes e
sinuosos e os mais pequenos densos e retorcidos. Pode atingir os 30 metros de altura e é
reconhecível pelas suas folhas pinuladas, alternas, com os folíolos inteiros, que aumentam

142
As Madeiras na Construção Civil

claramente de tamanho do pecíolo até à ponta. As folhas, quando esmagadas, e a casca verde
dos frutos lançam um intenso e característico aroma.

A sua fixação é em solos férteis, árvore de fruto, é uma madeira utilizada na marcenaria
e indústria transformadora, é uma árvore com folha caduca e com uma madeira
particularmente bonita.

Sobreiro

Nome botânico “Quercus Suber”, é uma árvore de grande porte, considerada de folha
persistente, mas que a perde totalmente antes da floração, rebentando logo a seguir, ficando
despida no início da primavera e num período máximo de um mês. Uma das grandes
extracções do sobreiro é a cortiça, que tem inúmeras aplicações, desde a indústria de rolhas,
revestimentos e aglomerados.

“Sobreiro”

É visível por todo o país com maior incidência na zona do Alentejo, o seu fruto é a
bolota, a sua grande valorização é o aproveitamento da casca na indústria transformadora, é
considerada uma árvore com folha persistente.

143
As Madeiras na Construção Civil

É do tronco do sobreiro que se extrai a cortiça, de que Portugal é o maior produtor


mundial. É com essa finalidade que o sobreiro é cultivado desde a Antiguidade. A primeira
cortiça, suberosa, pouco elástica, tem pouco valor. Eliminada esta capa, aos vinte anos de
idade, o sobreiro desenvolve um súber macio de alta qualidade, que pode descortiçar-se de 10
em 10 anos. Depois de descortiçado, o tronco apresenta uma cor pardo-avermelhada, como no
exemplo que aqui se apresenta.

As folhas medem 2,5 a 10 cm por 1,2 a 6,5 cm, de cor verde escura e sem pelos. Têm
forma denticular, uma nervura principal algo sinuosa e 5 a 8 pares de nervuras secundárias.
Os frutos são secos, de cor castanho-amarelado e revestidos por uma cúpula com escamas
lanceoladas.

“Sobreiro” incluindo a sua implantação em território nacional

Choupo-negro (Populus nigra)

144
As Madeiras na Construção Civil

O choupo ou álamo negro, assim chamado pela cor verde escura da sua folhagem, é uma
das três espécies de choupos que crescem espontaneamente na Europa (as outras são o
choupo-branco e o choupo-tremedor). É uma árvore que também em Portugal cresce
espontaneamente, embora cada vez mais se proceda à plantação de outras variedades e
híbridos criados artificialmente, dado o seu interesse comercial. Esse interesse deriva do facto
de o choupo ser uma árvore que cresce rapidamente (comparados com as píceas, podem
produzir o dobro da madeira em apenas um terço do tempo) e exige pouco trabalho.

“Choupo-negro”

Normalmente facultam rendimentos apenas 10 anos após o seu plantio. A sua madeira,
leve, macia, branca e de pouca durabilidade, emprega-se no fabrico de fósforos, colheres de
pau e caixas.

Chega a atingir 35 metros de altura e pode durar 300 anos. Tem preferência por solos
húmidos, como por exemplo as margens de rios ou ribeiras. As suas folhas, triangulares e

145
As Madeiras na Construção Civil

palmadas, com 5 a 8 cm por 6 a 8, têm as margens denteadas e translúcidas. A página superior


é verde-escuro e a inferior é mais clara, amarelecendo quando envelhece.

Freixo (Fraxinus excelsior L.)

O freixo é uma das nossas folhosas mais importantes, tanto ecológica como
industrialmente. Cresce muito rapidamente se o terrenos for favorável (por exemplo a margem
de um rio), chegando a atingir os 40 m de altura. Pode cortar-se aos 70/80 anos e a sua idade
máxima ronda os 300 anos.

“Freixo”

A madeira, dura e pesada, utiliza-se tanto na indústria de mobiliário como no


revestimento de interiores. Pela sua grande consistência e dureza, é ideal para fabricar
escadas, aparelhos desportivos e cabos de ferramentas. As flores do freixo apenas são visíveis

146
As Madeiras na Construção Civil

individualmente, uma vez que lhes falta o cálice e a corola. Aparecem na Primavera, antes das
folhas, e polinizam-se através do vento. As folhas são pinuladas, e medem entre 20 e 35 cm
de comprimento, com 9 a 15 folíolos lanceolados ou ovados, de 4 a 10 cm de comprimento,
finamente serrados nos bordos.

Oliveira (Olea europaea L.)

A oliveira é uma das plantas cultivadas mais antigas e tem actualmente um grande
interesse comercial. A sua forma silvestre (Olea eropaea ssp. Silvestris) é geralmente
arbustiva e tem folhas mais pequenas, frutos esféricos e ramos espinhosos.

“Oliveira”

Já na Antiguidade o azeite era utilizado na cozinha, como iluminação e também com


fins litúrgicos. Trás-os-Montes é um dos maiores produtores nacionais de azeite e o brilho
prateado dos seus olivais são uma presença constante na paisagem transmontana. É uma
árvore que raramente ultrapassa os 10 m de altura e, como geralmente o homem intervém no
seu crescimento, pode apresentar diferentes tipos de copas.

147
As Madeiras na Construção Civil

Pode atingir os 1500 anos, sendo por isso a árvore europeia de maior longevidade.
Necessita de muita luz para se desenvolver e de solo de boa qualidade. As geadas costumam
afectar o seu crescimento e a maturação dos frutos, pelo que convém que o terreno esteja
protegido do frio. As folhas da oliveira são um pedúnculo curto, com 4 a 8 cm de
comprimento, com uma cor verde acizentada na página superior e prateada na página inferior,
devido à presença de inúmeras escamas apertadas em toda a superfície. As flores são
pequenas e brancas, e com um aroma agradável.

Os frutos, as azeitonas, são a princípio verdes e, quando maduros, variam entre o


violáceo e o preto. São comestíveis, depois de curados, ou transformadas em azeite.

Salgueiro

Os salgueiros são um género de árvores que compreende cerca de 500 espécies, na sua maior
parte apenas com um desenvolvimento arbustivo. As espécies mais comuns em Trás-os-
Montes são o salgueiro-branco (Salix Alba L.) e o salgueiro-chorão (Salix babylonica L.). O
primeiro é comum nas margens dos rios e em outros terrenos húmidos, podendo atingir os 30
m de altura. Distingui-se pela sua folhagem cinzento-prateada, constituída por folhas
lanceoladas, com 5 a 10 cm e de margem serrada e um pedúnculo de 2 a 8 cm, piloso.

“Salgueiro-chorão”

O salgueiro-chorão, assim designado porque os seus ramos pendentes lhes conferem um


ar triste, encontra-se sobretudo em jardins, e pode atingir 8 a 10 m de altura. As suas folhas
contêm grandes quantidades de ácido acetilsalicílico, de que se produz a Aspirina. Os seus
compridos ramos são também usados na confecção de cestos. A sua madeira é clara e não se
esfarela, o que explica o seu emprego nas mesas dos talhos.

148
As Madeiras na Construção Civil

Amieiro (Alnus glutinosa Gaertn)

O amieiro é uma árvore que atinge uma altura máxima de 35 m e raramente ultrapassa
os 120 anos de idade. As suas folhas são redondas/ovadas, com 4 a 10 cm de comprimento e 5
a 8 pares de nervuras laterais. Os seus frutos são uma espécie de pinha, com 1 a 2 cm de
comprimento. Os amieiros formam simbioses com os actinomicetos, que podem captar o
azoto do ar.

“Amieiro”

O lugar em que se produzem mais simbioses são as excrescências bolbosas das raízes,
que podem alcançar o tamanho de um punho. Daí que o solo situado sob os amieiros seja rico
em azoto. Em Trás-os-Montes são muito comuns na margem dos rios.

149
As Madeiras na Construção Civil

Ulmeiro ou negrilho (Ulmus minor)

Depois de praticamente dizimado pela doença que o afectou – um fungo que destrói os
vasos condutores de água da árvore – o negrilho parece estar agora a recuperar nos campos
transmontanos. Trata-se de uma árvore que pode atingir os 30 m de altura, com folhas
elípticas de 4 a 12 cm, lustrosas e serradas, e frutos constituídos por uma núclea plana rodeada
por asas membranosas.

“Ulmeiro ou negrilho”

A madeira de negrilho é muito decorativa: tem um alburno de tom amarelo-claro e um


durame entre pardo-claro e pardo-chocolate; é bastante pesada, dura e elástica. Utiliza-se no
fabrico de móveis, em cabos de ferramentas e em artigos de desporto. As folhas costumam ser
utilizadas como forragem para os animais, sobretudos porcos.

150
As Madeiras na Construção Civil

Acácia-Mimosa (Acacia dealbata)

A acácia-mimosa é originária da Austrália e é uma das árvores ornamentais preferidas


da Europa do Sul. Em condições favoráveis pode atingir os 20 m de altura. As suas flores
fazem lembrar um cacho, com pequenos globos amarelos lustroso, muito aromáticos. É uma
árvore que tolera bem a secura e que por vezes aparece a ladear as estradas ou a ornamentar
jardins.

“Acácia-Mimosa”

151
As Madeiras na Construção Civil

ANEXO II - Apresentação sintética das diversas


madeiras por Regiões Geográficas Mundiais

152
As Madeiras na Construção Civil

MADEIRAS DA EUROPA

As madeiras que vamos apresentar são as mais utilizadas nas diversas indústrias de
transformação, são do tipo folhosas, mas duras, são geralmente de cor acentuada, com borne e
cerne distintos, de textura e desenho agradáveis, bom comportamento mecânico e boa
durabilidade natural.

De entre os vários tipos de madeira deste Continente podemos salientar as seguintes


com as suas características, densidade, e as suas aplicações:

Acácia: Madeira de coloração branco-amarela no borne e castanho-escura no cerne, de


textura fina, moderadamente pesada, fácil de trabalhar, pouco retráctil, e muito durável.
Aplicada em construção civil e marcenaria;

Ácer ou Bordo: Madeira de cor branca, ligeiramente rosada, com brilho sedoso e de textura
fina, moderadamente, pesada e dura, excelente para tornear e folhear, recebendo um bom
acabamento. É utilizada em marcenaria, revestimentos de interiores, peças decorativas e
objectos utilitários;

Azinho: madeira de coloração castanho-escura, por vezes com reflexos prateados de bom
efeito decorativo, com desenho espelhado nas secções radiais devido à presença de raios
lenhosos muito longos e abundantes, de textura uniforme e orientação por vezes irregular dos
elementos fibrosos, muito compacta, pesada, de elevada dureza, difícil de trabalhar e com
tendência para empenar durante a secagem. Empregada, sobretudo, em parqueteria e
mobiliário;

Buxo: madeira de cor amarela, de textura fina, uniforme e muito compacta, dura, muito
pesada fácil de trabalhar, particularmente ao torno e muito agradável. Recebe bem qualquer
tipo de acabamento. Utilizada principalmente em embutidos e pequenas peças castanhas;

153
As Madeiras na Construção Civil

Carvalho: madeira de coloração acastanhada, com raios lenhosos bem marcados de que
resulta desenho flor nos cortes radiais, de cerne distinto, desenho flor, poro em anel, textura
não uniforme, dura, moderadamente pesada e fácil de trabalhar. Muito apreciada desde longa
data em trabalhos de construção, carpintaria interior e exterior, mobiliário, revestimentos e
guarnições. A madeira de tons claros ou castanhos-amarelados é preferida à de cor mais
escura, pela sua textura mais fina e menor porosidade.

¾ Peso Específico 12% h: 0,68


¾ Carga unitária de ruptura (kPa): 105000
¾ Dureza transversal (N): 6000
¾ Módulo de elasticidade em flexão (MPa): 12300
¾ Aplicações: Pavimentos; carpintaria interior e exterior

Castanho: madeira folhosa, pálida ou acastanhada de cerne distinto, poro em anel, com
desenho venado e, por vezes, ondulado, de textura grosseira e não uniforme, dura, leve, fácil
de trabalhar e com boa resistência mecânica Apreciável durabilidade natural, embora
susceptível ao ataque dos carunchos de pequenas dimensões. Aplicada em carpintaria de
interior, parquetaria e mobiliário.

¾ Resistência a deformações: Fraca


¾ Resistência aos choques: Muito fraca
¾ Durabilidade: Muito durável
¾ Densidade: 600 kg / m3

154
As Madeiras na Construção Civil

¾ Aplicações: Decoração e revestimento de interiores

Cerejeira: madeira de cor castanho-avermelhada no cerne, de veios rectos, com desenho


espelhado e de textura fina e uniforme, fácil de trabalhar e pouco retráctil. Aplicada em
marcenaria, recebe com facilidade o polimento, as tintas e os vernizes;

¾ Massa volumétrica a 12% (kg/m³): 590


¾ Contracção de ruptura à compressão axial a 12% (N/mm²): 45
¾ Contracção de ruptura à flexão estática a 12% (N/mm²): 81
¾ Módulo de elasticidade em flexão a 12% (N/mm²): 8800
¾ Aplicações: Carpintaria interior

Eucalipto: madeira de cor pálida ou castanho-rosada e textura uniforme, dura, pesada e difícil
de trabalhar, com tendência para empenar e fender durante a secagem. Pode ser empregue na
construção civil, mobiliário e parquetaria;

Faia: madeira de cor clara, castanho-rosada, com desenho espelhado, de textura fina, e
uniforme, dura, moderadamente pesada, com boas características de estabilidade e de
conservação e fácil de trabalhar. Muito utilizada em mobiliário e revestimentos de interiores e
decoração.

155
As Madeiras na Construção Civil

¾ Peso Específico 12% h: 0,64


¾ Carga unitária de ruptura (kPa): 103000
¾ Dureza transversal (N): 5800
¾ Módulo de elasticidade em flexão (MPa): 11900
¾ Aplicações: Carpintaria interior e de decoração

Freixo: madeira de cor amarelo-claro venado, por vezes com tons rosados junto aos raios, de
textura não uniforme, moderadamente dura, pesada, tenaz, flexível de trabalhar e de
envernizar. Aplicada em mobiliário e carpintaria interior, pavimentos e construção.

¾ Peso Específico 12% h: 0,60


¾ Carga unitária de ruptura (kPa): 106000
¾ Dureza transversal (N): 5900
¾ Módulo de elasticidade em flexão (MPa): 12000
¾ Aplicações: Construção; pavimentos; carpintaria interior

Nogueira: madeira de cor castanha com laivos escuros no cerne, podendo apresentar desenho
enrugado, ondulado ou acetinado, de textura fina, e uniforme, moderadamente dura e pesada
fácil, de trabalhar, de tingir e de envernizar. É uma madeiras mais apreciada para a decoração
de interiores e construção de mobiliário;

Oliveira: madeira de cor amarela com veios escuros, de textura fina e compacta, pode ser
trabalhada com facilidade d recebe bem o polimento. É muito utilizado em trabalhos
artesanais, principalmente, a zona da raiz;

156
As Madeiras na Construção Civil

Plátano: madeira de cor pálida embora mais escura do que a faia, por vezes, com tons
esverdeados e desenho espelhado muito evidente, de textura uniforme, moderadamente dura,
pesada e retráctil. É utilizada em revestimentos e em marcenaria, sendo fácil de trabalhar ao
torno, de tingir e de envernizar;

Ulmo: madeira de cor castanho-avermelhada e desenho espelhado, de textura grosseira, dura


pesada, com tendência para fender e empenar ao secar e susceptível de ser atacada por
carunchos. É utilizada em marcenarias, embora seja difícil de polir;

Nas madeiras do tipo folhoso, mas brandas, elas de um modo geral são de cor
clara, textura e desenho uniforme e fáceis de trabalhar. Possuem reduzida resistência
mecânica e baixa durabilidade natural. De entre as várias existentes podemos mencionar as
seguintes:

Amieiro: madeira sem cerne distinto, de cor amarelo-alaranjada, de textura fina e uniforme,
áspera ao tacto, branda e moderadamente leve, pouco propensa a empenar e fácil de trabalhar.
É, contudo, muito susceptível ao ataque de insectos. Utiliza-se em revestimento de interiores,
marcenaria e pequenas peças utilitárias;

Bétula: madeira de cor branco-rosada, de textura fina e de veio recto, branda, medianamente
leve e pouco retráctil. É fácil de trabalhar e permite obter um bom acabamento;

Choupo: madeira de cor branco-amarelado, de textura fina, branda, leve e pouco rectráctil. É
fácil de trabalhar ___ embora tenha tendência para fender ___ e muito pouco durável. Utilizada
em marcenaria, principalmente em interiores de móveis;

Tília: madeira de cor branco-rosada, textura fina e uniforme, sem cerne distinto, mas
comanéis de crescimento bem marcados e desenho finamente espelhado. De propriedades

157
As Madeiras na Construção Civil

semelhantes às do choupo, embora com maiores retracções, é um, madeira leve, utilizada em
marcenaria e revestimentos;

Relativamente às madeiras do tipo resinoso, elas são de um modo geral de cor


clara, pouco pesadas e fáceis de trabalhar. Possuem anéis de crescimento quase sempre bem
marcados, desenho acentuadamente venado e bom comportamento mecânico. Alguns
exemplos podem ser salientados:

Abeto: madeira de cor branca ou branco-amarelado, de fio direito e rectilíneo, de anéis largos
e com nós escuros e muito duros, leve e muito pouco durável quando exposta aos agentes
atmosféricos do exterior. É utilizada em carpintaria e revestimentos;

Casquinha: madeira pálida, branda, leve, pouco retráctil muito fácil de ser trabalhada e de
receber acabamento. Proveniente, principalmente, da Escandinávia, é muito aplicada em
carpintarias, marcenaria e decoração;

Cipreste do Buçaco: madeira pálida, aromática, com textura fina e uniforme, moderadamente
dura, moderadamente pesada, muito fácil de trabalhar e muito durável. Permite um bom
acabamento e é utilizada, principalmente, em marcenaria e carpintaria;

Pinho: madeira pálida ou castanho-amarelado, de cerne distinto, textura grosseira,


moderadamente dura e pesada, fácil de trabalhar, pouco durável e moderadamente retráctil.
Peças de anel estreito oferecem um agradável desenho venado em corte radial e espinhado em
corte tangencial. Profusamente utilizado na construção civil, em carpintaria interior,
revestimentos e guarnecimentos, parqueria e mobiliário e pavimentos.

158
As Madeiras na Construção Civil

¾ Peso Específico 12% h: 0,38


¾ Carga unitária de ruptura (kPa): 67000
¾ Dureza transversal (N): 1900
¾ Módulo de elasticidade em flexão (MPa): 10100
¾ Aplicações: Construção; pavimentos; carpintaria interior.

159
As Madeiras na Construção Civil

MADEIRAS DE ÁFRICA

Constituem um grupo muito vasto e diversificado nas suas características,


apresentando em geral cores acentuadas, texturas e desenhos agradáveis, boa resistência
mecânica e boa durabilidade natural. De entre os seus vários exemplo encontram-se os
seguintes:

Acajou

¾ Massa volumétrica a 12% (kg/m³): 530


¾ Contracção de ruptura à compressão axial a 12% (N/mm²): 47
¾ Contracção de ruptura à flexão estática a 12% (N/mm²): 102
¾ Módulo de elasticidade em flexão a 12% (N/mm²): 9500
¾ Aplicações: Carpintaria interior

Afzélia

¾ Massa volumétrica a 12% (kg/m³): 750


¾ Contracção de ruptura à compressão axial a 12% (N/mm²): 7
¾ Contracção de ruptura à flexão estática a 12% (N/mm²): 1
¾ Módulo de elasticidade em flexão a 12% (N/mm²): 13700
¾ Aplicações: Pavimentos; Carpintaria exterior

160
As Madeiras na Construção Civil

Ayous

¾ Massa volumétrica a 12% (kg/m³): 380


¾ Contracção de ruptura à compressão axial a 12% (N/mm²):30
¾ Contracção de ruptura à flexão estática a 12% (N/mm²): 73
¾ Módulo de elasticidade em flexão a 12% (N/mm²): 6000
¾ Aplicações: Carpintaria Interior e molduras

Azobê: madeira de cor castanho-escura ou violácea, muito dura, muito retráctil, muito estável
depois de seca. Boa resistência mecânica, particularmente ao desgaste. Elevada durabilidade
natural, fácil de trabalhar e de envernizar. Aplicada, principalmente, em carpintaria e
parquetaria;

Badi

¾ Massa volumétrica a 12% (kg/m³): 760


¾ Contracção de ruptura à compressão axial a 12% (N/mm²): 60
¾ Contracção de ruptura à flexão estática a 12% (N/mm²): 134
¾ Módulo de elasticidade em flexão a 12% (N/mm²): 11800
¾ Aplicações: Carpintaria Interior

161
As Madeiras na Construção Civil

Bissilão: madeira do tipo mogno, vermelho-acastanhada, de fio revesso, desenho listado,


dura, pesada, durável e muito retráctil. Proveniente da guiné, é utilizada, principalmente, em
carpintaria e mobiliário;

Bubinga

¾ Massa volumétrica a 12% (kg/m³): 925


¾ Contracção de ruptura à compressão axial a 12% (N/mm²): 75
¾ Contracção de ruptura à flexão estática a 12% (N/mm²): 192
¾ Módulo de elasticidade em flexão a 12% (N/mm²): 16000
¾ Aplicações: Pavimentos; Carpintaria exteriores

Câmbala ou Kambala: madeira amarelo-dourada e acastanhada, de fio geralmente revesso,


desenho venado ou listado, moderadamente dura e pesada, com boa estabilidade dimensional
e muito durável. Utilizada em construção civil, carpintaria interior e exterior e decoração. É
muito característica da região de África Ocidental, África Central e África Oriental.

¾ Massa volumétrica a 12% (kg/m³): 650


¾ Contracção de ruptura à compressão axial a 12% (N/mm²): 57
¾ Contracção de ruptura à flexão estática a 12% (N/mm²): 118
¾ Módulo de elasticidade em flexão a 12% (N/mm²): 9900

162
As Madeiras na Construção Civil

¾ Aplicações: Indústria mobiliário; Carpintaria interior e exterior

Cúngulo: madeira castanho-avermelhada, de textura fina e uniforme, dura, pesada, muito


durável e com tendência para abrir fendas e empenar durante a secagem. Usada,
principalmente, em marcenaria e parqueteria de qualidade superior;

Ébano Africano (Pau-preto)


Madeira de cerne negro e muito duro, é muito apreciada em marcenaria. É muito durável,
pesada, compacta e uniforme, sendo principalmente utilizada em escultura de peças artísticas
e em embutidos. É característico da África Central.

¾ Massa volumétrica a 12% (kg/m³): 1050


¾ Contracção de ruptura à compressão axial a 12% (N/mm²): 53
¾ Contracção de ruptura à flexão estática a 12% (N/mm²): 144
¾ Módulo de elasticidade em flexão a 12% (N/mm²): 12400
¾ Aplicações: Decoração, Mobiliário, Carpintaria Interior

Freijó

163
As Madeiras na Construção Civil

¾ Massa volumétrica a 12% (kg/m³): 530


¾ Contracção de ruptura à compressão axial a 12% (N/mm²): 47
¾ Contracção de ruptura à flexão estática a 12% (N/mm²): 100
¾ Módulo de elasticidade em flexão a 12% (N/mm²): 8400
¾ Aplicações: Carpintaria interior
Izombé

¾ Massa volumétrica a 12% (kg/m³): 720


¾ Contracção de ruptura à compressão axial a 12% (N/mm²): 61
¾ Contracção de ruptura à flexão estática a 12% (N/mm²): 139
¾ Módulo de elasticidade em flexão a 12% (N/mm²): 10500
¾ Aplicações: Indústria de mobiliário

Jambire: madeira de cor castanho-escura, regularmente venada, com desenho fortemente


marcado, de textura grosseira e fio recto. Moderadamente retráctil, dura e pesada, muito
durável, é trabalhada sem grande dificuldade e pode adquirir um bom polimento. É utilizada,
principalmente, em marcenaria e decoração;

Latandza

¾ Massa volumétrica a 12% (kg/m³): 590


¾ Contracção de ruptura à compressão axial a 12% (N/mm²): 50

164
As Madeiras na Construção Civil

¾ Contracção de ruptura à flexão estática a 12% (N/mm²): 113


¾ Módulo de elasticidade em flexão a 12% (N/mm²): 10000
¾ Aplicações: Carpintaria exterior; pavimentos

Limba: madeira amarelo-acinzentada, moderadamente dura, leve, fácil de trabalhar, pouco


retráctil, e susceptível ao ataque dos insectos xilófagos. Aplica-se largamente em folheados e
contraplacados, em obras de carpintaria, marcenaria e decoração;

Mecrusse: madeira de tom claro, castanho-pálida ou castanho-amarelada, de textura muito


fina e uniforme com suave desenho venado, ligeiramente cerosa ao tacto, pesada,
medianamente retráctil e muito dura. É fácil de trabalhar, resistente aos ataques dos insectos
xilófagos e permite um bom acabamento das superfícies. É utilizada em parqueteria e
decoração;

Mussibi: madeira de cor vermelha raiada de laivos mais escuros, de textura muito fina e de
fio revesso. Muito dura, pesada e pouco retráctil, possui bom comportamento mecânico,
particularmente, ao choque e ao desgaste. Recomendada para a construção civil, carpintaria e
parqueteria;

Mutene:

Madeira de coloração castanho-amarelada ou castanho-dourada, raiada de listas mais escuras


ou negras, de textura muito fina e desenho venado ou listado consoante a direcção de corte. É
dura e pesada, medianamente retráctil, é fácil de trabalhar e permite obter um bom

165
As Madeiras na Construção Civil

acabamento. Muito utilizada em marcenaria e decoração, em peças maciças ou em folheados e


contraplacados;

Pau Rosa

¾ Massa volumétrica a 12% (kg/m³): 1010


¾ Contracção de ruptura à compressão axial a 12% (N/mm²): 89
¾ Contracção de ruptura à flexão estática a 12% (N/mm²): 208
¾ Módulo de elasticidade em flexão a 12% (N/mm²): 17000
¾ Aplicações: Indústria de mobiliário; Decoração; Instrumentos
musicais (xilofone)

Sapele ou Sapelli

Madeira do tipo mogno, de coloração castanho-avermelhada, de textura fina e de fio revesso


com desenho listado muito regular. Medianamente dura e pesada, possui bom comportamento
mecânico e é fácil de trabalhar, permitindo obter um bom acabamento. É muito aplicada em
marcenaria e decoração e no fabrico de painéis folheados. Das regiões de África Ocidental,
África Central e África Oriental é oriunda.

¾ Massa volumétrica a 12% (kg/m³): 680


¾ Contracção de ruptura à compressão axial a 12% (N/mm²): 62
¾ Contracção de ruptura à flexão estática a 12% (N/mm²): 142
¾ Módulo de elasticidade em flexão a 12% (N/mm²): 11200
¾ Aplicações: Indústria de mobiliário; Carpintaria interior e exterior

166
As Madeiras na Construção Civil

Sipo

¾ Massa volumétrica a 12% (kg/m³): 610


¾ Contracção de ruptura à compressão axial a 12% (N/mm²): 55
¾ Contracção de ruptura à flexão estática a 12% (N/mm²): 127
¾ Módulo de elasticidade em flexão a 12% (N/mm²): 10700
¾ Aplicações: Indústria de mobiliário; Carpintaria interior e exterior

Takula

¾ Massa volumétrica a 12% (kg/m³): 770


¾ Contracção de ruptura à compressão axial a 12% (N/mm²): 56
¾ Contracção de ruptura à flexão estática a 12% (N/mm²): 164
¾ Módulo de elasticidade em flexão a 12% (N/mm²): 12300
¾ Aplicações: Pavimentos; Carpintaria interior e exterior

Tali

167
As Madeiras na Construção Civil

¾ Massa volumétrica a 12% (kg/m³): 990


¾ Contracção de ruptura à compressão axial a 12% (N/mm²): 78
¾ Contracção de ruptura à flexão estática a 12% (N/mm²): 177
¾ Módulo de elasticidade em flexão a 12% (N/mm²): 15700
¾ Aplicações: Pavimentos; Carpintaria interior e exterior

Tiama

¾ Massa volumétrica a 12% (kg/m³): 560


¾ Contracção de ruptura à compressão axial a 12% (N/mm²): 47
¾ Contracção de ruptura à flexão estática a 12% (N/mm²): 118
¾ Módulo de elasticidade em flexão a 12% (N/mm²): 9000
¾ Aplicações: Indústria de mobiliário; Carpintaria interior

Tola Branca ou Tola: madeira amarelo-pálida, de textura fina e medianamente grosseira mas
uniforme, moderadamente dura, leve, pouco retráctil e fácil de trabalhar. Possui resistência
mecânica e permite obter bom acabamento das superfícies. Muito utilizada no fabrico de
contraplacado e aplicada frequentemente na construção, em carpintaria, mobiliário, e
revestimentos interiores. É um tipo de madeira característica da África Ocidental e África
Central.

168
As Madeiras na Construção Civil

¾ Massa volumétrica a 12% (kg/m³): 510


¾ Contracção de ruptura à compressão axial a 12% (N/mm²): 37
¾ Contracção de ruptura à flexão estática a 12% (N/mm²): 93
¾ Módulo de elasticidade em flexão a 12% (N/mm²): 8700
¾ Aplicações: Indústria de mobiliário; Carpintaria interior

Umbila: madeira castanha, por vezes com laivos avermelhados, de bom desenho, leve e
moderadamente pesada, fácil de trabalhar permitindo bom acabamento. Utilizada em
marcenaria, decoração e no fabrico de contraplacados;

Undianuno: madeira do tipo mogno, de coloração castanho-avermelhada, de fio em geral


revesso, desenho listado, dura, leve a moderadamente pesada. Fácil de trabalhar, permite obter
um bom acabamento. É utilizada em folheados e contraplacados com larga aplicação na
decoração e no mobiliário;

Wengé (Panga-Panga)

− Massa volumétrica a 12% (kg/m³): 870


− Contracção de ruptura à compressão axial a 12% (N/mm²): 85
− Contracção de ruptura à flexão estática a 12% (N/mm²): 200
− Módulo de elasticidade em flexão a 12% (N/mm²): 17000
− Aplicações: Indústria de mobiliário; Decoração

169
As Madeiras na Construção Civil

MADEIRAS DO BRASIL E DA AMÉRICA DO SUL

Também se constituem num grupo muito vasto e diversificado nas suas características,
apresentando em geral cores exóticas, texturas e desenhos graciosos, boa resistência mecânica
e excelente durabilidade natural.

De entre os seus vários exemplos encontram-se os seguintes:

Andiroba

¾ Massa volumétrica a 12% (kg/m³): 670


¾ Contracção de ruptura à compressão axial a 12% (N/mm²): 59
¾ Contracção de ruptura à flexão estática a 12% (N/mm²): 111
¾ Módulo de elasticidade em flexão a 12% (N/mm²): 11700
¾ Aplicações: Indústria de mobiliário; Carpintaria interior

Jatobá

¾ Massa volumétrica a 12% (kg/m³): 955


¾ Contracção de ruptura à compressão axial a 12% (N/mm²): 107
¾ Contracção de ruptura à flexão estática a 12% (N/mm²): 198
¾ Módulo de elasticidade em flexão a 12% (N/mm²): 20870

170
As Madeiras na Construção Civil

¾ Aplicações: Indústria de mobiliário; Carpintaria interior e exterior

Sucupira

¾ Massa volumétrica a 12% (kg/m³): 915


¾ Contracção de ruptura à compressão axial a 12% (N/mm²): 88
¾ Contracção de ruptura à flexão estática a 12% (N/mm²): 156
¾ Módulo de elasticidade em flexão a 12% (N/mm²): 18000
¾ Aplicações: Carpintaria interior e exterior; Pavimentos

Tatajuba

¾ Massa volumétrica a 12% (kg/m³): 795


¾ Contracção de ruptura à compressão axial a 12% (N/mm²): 78
¾ Contracção de ruptura à flexão estática a 12% (N/mm²): 121
¾ Módulo de elasticidade em flexão a 12% (N/mm²): 17300
¾ Aplicações: Indústria de mobiliário; Carpintaria interior

171
As Madeiras na Construção Civil

MADEIRAS DA AMÉRICA DO NORTE

De entre os seus vários exemplos encontram-se os seguintes:

Carvalho

¾ Peso Específico 12% h: 0,68


¾ Carga unitária de ruptura (kPa): 105000
¾ Dureza transversal (N): 6000
¾ Módulo de elasticidade em flexão (MPa): 12300
¾ Aplicações: Pavimentos; carpintaria interior e exterior

Carvalho Vermelho

¾ Peso Específico 12% h: 0,63


¾ Carga unitária de ruptura (kPa): 99000
¾ Dureza transversal (N): 5700
¾ Módulo de elasticidade em flexão (MPa): 12500
¾ Aplicações: Pavimentos; carpintaria interior e exterior

172
As Madeiras na Construção Civil

Cerejeira

¾ Massa volumétrica a 12% (kg/m³): 590


¾ Contracção de ruptura à compressão axial a 12% (N/mm²): 45
¾ Contracção de ruptura à flexão estática a 12% (N/mm²): 81
¾ Módulo de elasticidade em flexão a 12% (N/mm²): 8800
¾ Aplicações: Indústria de mobiliário; Carpintaria interior

173
As Madeiras na Construção Civil

ANEXO III - Listagem Internacional (extra-


europeia/versão francesa) das madeiras mais
importantes por Regiões Geográficas Mundiais

174
As Madeiras na Construção Civil

Madeiras Africanas

• Abura • Congotali • Igaganga • Niove


• Acajou cailcedrat • Coula • Ilomba • Oboto
• Acajou d'afrique • Dabema • Iroko • Okan
• Afrormosia • Dibetou • Izombe • Okoume
• Aiele • Difou • Kanda • Olon
• Ako • Doussie • Kekele • Onzabili
• Akossika • Ebène • Kondroti • Ossabel
• Alep • Ebiara • Kosipo • Ovengkol
• Andoung • Ekaba • Kotibe • Ovoga
• Angueuk • Ekoune • Koto • Ozigo
• Aningre • Emien • Landa • Ozouga
• Avodire • Essia • Lati • Padouk
• Awoura • Etimoe • Limbali • Pao Rosa
• Ayous • Eveuss • Longhi • Safukala
• Azobe • Eyong • Lotofa • Sapelli
• Bete • Faro • Makore • Sipo
• Bilinga • Framire • Moabi • Tali
• Bodioa • Fraké • Movingui • Tchitola
• Bomanga • Fromager • Mukulungu • Tiama
• Bosse • Gheombi • Mutenye • Tola
• Bubinga • Gombe • Naga • Vene
• Celtis d'afrique • Iatandza • Niangon • Wenge
• Zingana

Madeiras Sul Americanas

• Abarco • Copaiba • Jaboty • Pin de parana


• Açacu • Coraçao de • Jatoba • Pinus patula
• Aieoueko negro • Jequitiba • Piquiarana
• Amarante • Couroupita • Louro • Quaruba
• Andira • Cumaru • Louro vermelho • Sali
• Andiroba • Cupiuba • Macacauba • Sande
• Angelim • Curupixa • Maçaranduba • Santa maria
• Angelim rajado • Faveira • Macucu de paca • Satine
• Angelim • Faveira • Mandioqueira • Sucupira preta
vermelho amargosa • Manil • Tamboril
• Araracanga • Freijo • Manil montagne • Tanimbuca
• Bacuri • Goiabao • Marupa • Tatajuba
• Balsa • Gommier • Melancieira • Tauari
• Basralocus • Grapia • Mogno • Tento
• Batibatra • Greenheart • Mora • Timborana
• Breu • Guariuba • Morototo • Tornillo
• Cardeiro • Guatambu • Muiracatiara • Virola
• Castanheiro • Hevea • Muiratinga • Wacapou
• Cedro • Imbuia • Para-para • Wallaba
• Cerejeira • Inga • Pau amarelo
• Chicha • Ipe
• Itauba

175
As Madeiras na Construção Civil

Madeiras Asiáticas e da Oceânia

• Acacia mangium • Jarrah • Lauan (white) • Pinus merkusii


• Agathis • Jelutong • Machang • Pulai
• Alan-batu • Kapur • Mayapis • Punah
• Almon • Karri • Mengkulang • Ramin
• Balau (red) • Kasai • Meranti (dark • Seraya (white)
• Bangkirai • Kedondong red) • Sesendok
• Bintangor • Kelat • Meranti (light red) • Sugi
• Bungur • Keledang • Meranti (white) • Teak
• Chengal • Kembang • Meranti (yellow)
• Duabanga semangkok • Merbau
• Geronggang • Kempas • Merpauh
• Gerutu • Keruing • Mersawa
• Haldu • Lauan (red) • Nyatoh
• Pinus kesiya

176
As Madeiras na Construção Civil

ANEXO IV - Apresentação resumida das madeiras


por Mostruário Genérico

177
As Madeiras na Construção Civil

TIPOS DE MADEIRA

Auodiné Carvalho flôr Carvalho liso

Castanho Cedro Eneixo

Faia Kambaia Mahoné

Moabi Mucibe Mutene

Nogueira Pau rosa Pau santo

178
As Madeiras na Construção Civil

Sicomoro Teca Tola

Umbila Undianuno listado Undianuno

Zebra Zimba Zumbica

179
As Madeiras na Construção Civil

ANEXO V - Apresentação resumida das madeiras


como Aplicações na Construção Civil

180
As Madeiras na Construção Civil

Pontes

Casas

181
As Madeiras na Construção Civil

Pavilhões

Pavimentos

182
As Madeiras na Construção Civil

Coberturas

183
As Madeiras na Construção Civil

Cancelas

Currais

Entradas

Postes

184
As Madeiras na Construção Civil

Cercas

Alpendres

Escadas

Muros

185
As Madeiras na Construção Civil

Derivados de Madeira (algomerados e contraplacados)

MDF

Corte de um Algomerado Folheado

OSB

186
As Madeiras na Construção Civil

Esquema simplificado de fabrico de um Aglomerado de Madeira

i) Pasta de Algomerado

ii) Pasta de Algomerado a entrar para prensa de pressão e aquecimento

iii) Produto Algomerado em bruto

187
As Madeiras na Construção Civil

Esquema de fabrico de OSB

188
As Madeiras na Construção Civil

Folha de madeira

189
As Madeiras na Construção Civil

Aplicação de Derivados e Madeira no Fabrico de Compartimentação Pré-fabricada

Estratificados em Fachadas

190
As Madeiras na Construção Civil

Madeira serrada e seus derivados (em geral) em Interiores

191
As Madeiras na Construção Civil

ANEXO VI – Madeiras portugueses e africanas,


utilizações, características físicas, mecânicas e
tecnológicas [43]

192
As Madeiras na Construção Civil

MADEIRAS PORTUGUESAS

Quadro I

Número
Designação Designação Densidade
de Cor
Comercial Botânica (*)
Referência

1 Acácia Acácia spp. 0,57 Castanho avermelhada


2 Azinho Quercus ilex 1,07 Acastanhada
3 Carvalho português Quercus fogines 0,78 Acastanhada
4 Carvalho roble Quercus robur 0,80 Acastanhada
5 Casquinha Pinus silvestris 0,50 Pálida
6 Castanho Castanea sativa 0.58 Acastanhada
7 Choupo Populus spp. 0,47 Pálida
8 Cipreste do Buçaco Cupressus lusitanica 0,56 Pálida
9 Criptoméria Cryptomeria japonica 0,27 Castanha rosada
10 Eucalipto Eucalyptus globulus 0,80 Amarelada
11 Freixo Fraxinus angustifolia 0,66 Pálida amarelada
12 Nogueira Julens regia 0,68 Castanha com laives
13 Pinho bravo Pinus pinaster 0,53 Pálida castanho avermelhado
14 Pinho manso Pinus pinea 0,58 Pálida castanho avermelhado
15 Pinho de Alepo Pinus halepensis 0,62 Pálida
16 Plátano Platanus occidentalis 0,72 Pálida acastanhada
17 Umo Utmus glabra 0,70 Castanho avermelhado

( * ) Referida a 12% de humidade

193
As Madeiras na Construção Civil

MADEIRAS PORTUGUESAS

CARACTERÍSTICAS FÍSICAS E MECÂNICAS

Quadro II

Número
de Referência Densidade Dureza Retracção Resistência Mecânica
(*)

Baixa Média Elevada Baixa Média Elevada Baixa Média Elevada

1 0,57 + + +
2 1,07 + + +
3 0,78 + + +
4 0,80 + + +
5 0,50 + +
6 0.58 + + +
7 0,47 + +
8 0,56 + +
9 0,27 + + +
10 0,80 + + +
11 0,66 + + + +
12 0,68 + + + +
13 0,53 + + + + +
14 0,58 + + + +
15 0,62 + + + +
16 0,72 + + + +
17 0,70 + + + +
(*) Ver Quadro I

194
As Madeiras na Construção Civil

MADEIRAS PORTUGUESAS

CARACTERÍSTICAS TECNOLÓGICAS

Quadro III

Número
de Referência Laboração Propensão para fender Propensão para empenar Secagem Durabilidade natural Impregnação
(*)
Cerne Borne
Difícil Média Fácil Fraca Média Elevada Fraca Média Elevada Difícil Média Fácil Baixa Média Elevada
difícil fácil
1 + + + + + + +
2 + + + + + + +
3 + + + + + + +
4 + + + + + + +
5 + + + + + + +
6 + + + + + + +
7 + + + + + +
8 + + + + + +
9 + + + + + +
10 + + + + + +
11 + + + + + +
12 + + + + + + +
13 + + + + + + +
14 + + + + + + +
15 + + + + + + +
16 + + + + + +
17 + + + + +

( * ) Ver Quadro I

195
As Madeiras na Construção Civil

MADEIRAS PORTUGUESAS

PRINCIPAIS UTILIZAÇÕES

Quadro IV

contraplacado
Número Limpos da Construção Mobiliário

Embalagens
de Esteios

Folha
Referência Postes Trav Estac de Estrut

e
(*) essas aria minas uras Portas Portas Grades
Janel Guarniçõe Maciç Interiore Tornead
Tacos Solho Exterior Interiore interior
as s o s os
es s es

1 + + + + + + +
2 + +
3 + + + + + + + +
4 + + + + + + + + + +
5 + + + + + + + + + +
6 + + + + + + + + + + +
7 + + + + + + +
8 + + + + + + +
9 + + + + +
10 + + + + + + + + +
11 + + + + + + + +
12 + + + + + +
13 + + + + + + + + + + + + + + + +
14 + + + + + + + + + + + + + +
15 + + + + + + + + + + + + + +
16 + + + +
17 + + + + + + +

( * ) Ver Quadro I

196
As Madeiras na Construção Civil

MADEIRAS AFRICANAS

Quadro V

Número
de Designação Designação Densidade Cor
Referência Comercial Botânica

1 Bissilão Khaya senegalensis 0,73 Castanho avermelhada


2 Câmbala Calorophora excelsa 0,88 Castanho clara
3 Cúngulo Baillonella taxisperma 0,85 Castanho avermelhada
4 Jambire Millettia stuhlmannii 0,88 Castanho escura
5 Limba Terminalia superba 0,50 Amarelo esverdeada
6 Mancone Erythrophlocum guineense 0,95 Acastanhada
7 Mecrusse Androstachys johnsonii 0,90 Acastanhada
8 Menga – Menga Staudtia gabonensir 0,90 Castanho avermelhada
9 Mucali Malacantha superi 0,76 Acastanhada
10 Mucarala Burkea africana 0,95 Castanha
11 Mussibe Guibourtia coleasperma 0,83 Avermelhada
12 Mutene Guibourtia arnoldiana 0,83 Castanha com laivos
13 Pau conta Afzelia africana 0,80 Acastanhada
14 Pau sangue Pterocarpus erinaceus 0,80 Castanho avermelhada
15 Tola branca Gassur…… 0,48 Amarelo esverdeado
16 Umbila Pterocarpus angolensis 0,65 Acastanhada
17 Undianuno Khaya ivorensis 0,55 Castanho avermelhado

197
As Madeiras na Construção Civil

MADEIRAS AFRICANAS

CARACTERÍSTICAS FÍSICAS E MECÂNICAS

Quadro VI

Número
de Densidade Dureza Retracção Resistência Mecânica
Referência
(*)
Baixa Média Elevada Baixa Média Elevada Baixa Média Elevada

1 0,73 + + + +
2 0,88 + + + + + +
3 0,85 + + +
4 0,88 + + +
5 0,50 + + + +
6 0,95 + + + + + +
7 0,90 + + +
8 0,90 + + + + +
9 0,76 + + + +
10 0,95 + + + +
11 0,83 + + +
12 0,83 + + + +
13 0,80 + + + + +
14 0,80 + + +
15 0,48 + + + +
16 0,65 + + +
17 0,55 + + + +
(*) Ver Quadro V

198
As Madeiras na Construção Civil

MADEIRAS AFRICANAS
CARACTERÍSTICAS TECNOLÓGICAS
Quadro VII

Número
de Laboração Propensão para fender Propensão para empenar Secagem Durabilidade natural Impregnação
Referênci
a Difíci Cerne Borne
(*) Média Fácil Fraca Média Elevada Fraca Média Elevada Difícil Média Fácil Baixa Média Elevada
l difícil fácil
1 + + + + + + + +
2 + + + + + + +
3 + + + + + +
4 +
5 + + + + + +
6 + + + + +
7 + + + + + +
8 + + + +
9 + +
10 + + +
11 + + + + +
12
13 + + + +
14 + + + +
15 + + + + + + +
16 + + + + +
17 + + + + + +

( * ) Ver Quadro V

199
As Madeiras na Construção Civil

MADEIRAS AFRICANAS
PRINCIPAIS UTILIZAÇÕES
Quadro VIII

contraplacado
Número Limpos da Construção Mobiliário

Embalagens
de Obra Const

Folha
Referênc Trav s rução Estru

e
ia essas port naval turas Portas Grades
Taco Degrau Portas Guarniçõ Maci Interior Torneado
(*) uária Exterior Janelas interiore Faixas
s s Interior es ço es s
s es s
es
1 + + + + + + +
2 + + + + + + + +
3 + + + + + + +
4 + + + + + +
5 + + + + + + + +
6 + + + + + +
7 + + + +
8 + + +
9 + + + + + +
10 + + +
11 + + + + + + + + + +
12
13 + + + +
14 + + + + + + + +
15 + + + + + + + + + + + +
16 + + + + + +
17 + + + + + + +

( * ) Ver Quadro V

200
As Madeiras na Construção Civil

ANEXO VII – Conservação, tratamento e


durabilidade de madeiras – NP 2080 [24]

201
As Madeiras na Construção Civil

NP 2080
ANEXO VII
QUADRO I
MEDIDAS A ADOPTAR NA CONSERVAÇÃO DE MADEIRAS
CONDIÇÕES DE TIPOS DE ELEMENTOS ATAQUES MAIS RISCO DE ATAQUE MEDIDAS A ADOPTAR
CLASSES
EXPOSIÇÃO FREQUENTES
Madeiras no exterior e em Estacas de fundação Fungos da podridão Máximo, podendo reflectir- Tratamento preventivo
contacto com o solo; no (colocadas acima do nível cúbica castanha nas se na segurança estrutural. obrigatório ou utilização de
interior em contacto com freático), soleiras, prumos, resinosas e da podridão Reparações geralmente madeira naturalmente
paredes húmidas ou em vigamentos, barrotes, fibrosa branca nas difíceis e onerosas. muito durável.
A
ambientes mal ventilados. Arcos de vãos, soleiras, roda- folhosas Térmitas. Grande, sem reflexo na Disposições construtivas
pés, etc.. segurança estrutural. adequadas.
Reparações em geral pouco
dispendiosas.
P Madeiras no exterior sem Caixilharias de janelas e de Fungos de podridões do Grande, se não forem Tratamento facultativo
contacto com o solo e em portas, portadas, persianas, mesmo tipo dos da classe respeitadas disposições desde que sejam tomadas
A condições de humidade etc.. ª Fungos causadores de construtivas adequadas, convenientes disposições
R elevada, sazonal ou manchas (bolores). nem dispensadas construtivas e de
A acidental. regularmente medidas de acabamento periodicamente
conservação. Reparações conservado.
E geralmente fáceis e
D localizadas.
I
F
Í
C
I B
O
S

Madeiras no interior em Estruturas de cobertura, Insectos do tipo Grande, podendo fazer Tratamento preventivo
ambientes secos e madres e outros elementos de caruncho (grandes ou perigar a segurança obrigatório ou utilização de
C desempenhando funções contraventamento, vigas, pequenos). Fungos nos estrutural. Reparações madeira de durabilidade
essencialmente estruturas de pisos madeiramentos em caso difíceis e onerosas. natural compatível.
estruturais. intermédios escadas, etc.. de infiltrações.
Madeiras no interior em Divisórias, lambris, parquetes Insectos do tipo Pequeno ou médio, aceitável Tratamento facultativo.
ambientes secos e e soalhos, roda-pés, aros de caruncho (grandes em em face do custo dos
D desempenhando funções vãos, etc.. borne de resinosas ou tratamentos.
essencialmente de pequenos em borne de Reparações fáceis e
revestimento ou de folhosas e de resinosas). localizadas em zonas
remate. acessíveis.
Madeiras no exterior e em Pontes, pavimentos e Fungos da podridão Máximo, podendo reflectir- Tratamento preventivo
contacto com o solo e plataformas; postes, esteios, cúbica castanha, da se na segurança estrutural. obrigatório ou utilização de
P A1 balastro; em contacto com vedações e tutores; travessas, podridão fibrosa branca Reparações geralmente madeira naturalmente
A água doce ou salgada ou estacaria, defensas e obras de e da podridão mole. difíceis e onerosas. muito durável.
R sob a acção de água hidráulica; torres de Térmitas. Xilófagos
A quente. refrigeração, etc.. marinhos.
Madeiras no exterior sem Pontes, pavimentos e Fungos de podridões do Grande, podendo reflectir- Tratamento preventivo
O contacto com o solo. plataformas; travessas de mesmo tipo dos da classe se na segurança estrutural. obrigatório sempre que o
U postes, esteios, vedações, etc.. A1. Reparações por vezes risco possa reflectir-se na
T Fungos causadores da difíceis e onerosas. segurança estrutural, ou
R manchas (bolores). utilização de madeiras
A naturalmente muito
S durável.

A
P
B1
L
I
C
A
Ç
Õ
E
S

202
As Madeiras na Construção Civil

NP 2080
QUADRO II
CARACTERÍSTICAS DE DURABILIDADE NATURAL E DE IMPREGNABILIDADE DAS
MADEIRAS MAIS UTILIZADAS EM PORTUGAL
DURABILIDADE NATURAL RELATIVAMENTE A
NOME NOME CARUNCHOS IMPREGNABILIDADE
M R VULGAR BOTÂNICO GRANDES
A E
D S FUNGOS TÉRMITAS
E I
PEQUENOS
I N
R O
A S
S A
S LICTOS OUTROS
D BORNE CERNE BORNE CERNE BORNE BORNE CERNE BORNE
A

E BORNE CERNE
U
R CASQUINHA Pinus silvestris • • Ø • Ø N S S „ … ˆ
O CEDRO DO Cupressus • Ø • Ø N N N N „ …
P BUÇACO lusitanica
A
CRIPTOMÉRIA Cryptomeria • • • • N N N N „ ˆ
Japonica
PINHO BRAVO Pinus Pinastar • • Ø • Ø N S N S „ …
PINHO MANSO Pinus Pinea • • Ø • Ø N S N S „ …
Pseudotsuga • • • • N S N S ˆ …
Mansiesli

PSEUDOTSUGA
F ACÁCIA Acacia • Ø • • S S N „ …
O melanoxylon
L AZINHO Quercus • • Ø • • S S S „ …
H rotandifolia
O CARVALHO Quercus robur • Ø 0 • • S S „ …
S
A CASTANHO Castanea Sativa • Ø 0 • • Ø S S N „ …
S CHOUPO Populus app. • • • • N S N „ „ ˆ
EUCALIPTO Eucalyptus • • • • S S S „ „ ˆ
globulus
FAIA Fagus silvatica • • • • N S S „ „
FREIXO Fraxinus exoslsior • • • • S S S „ …
NOGUEIRA Juglans regia • Ø • • S S S „ …
PLÁTANO Platanus acerifolia • • • • S S S „ „
ULMO Ulmus acabra • Ø • • • • S S N „ …
F CÂMBALA Chlorophora • Ø 0 0 S „ …
O excelsea
L COTIBÊ Nesogordonia • Ø Ø 0 S „ ˆ …
H leplasi
M
O CUNGULO Autponella Ø Ø Ø 0 S ˆ …
A S congolensis
D A GULO-MAZA Nauclea diderrichii • Ø • 0 N „ …
E S
I LIMBA Terminalia superba • • • „ „
R LIVUITE Entandrophragma • Ø • • S „ …
A sp.
S MERANTI Shora spp. • Ø • Ø S „ …
MUSSIBI Guibourtia • Ø • Ø S „ …
T Coleosperma
R
Guibourtia • Ø • Ø S „ …
O
Arnoldiana
P
I
C MUTENE
A SUCUPIRA Boudichia • Ø • 0 S „ …
I virgilioites
S
TALI Erythrophloeum • Ø • 0 N „ …
TOLA BRANCA Gossveilerodendron • Ø • Ø S „ …
balsamiferum
UNDIANUNO Karya Ivorensis • Ø • • S „ …

LEGENDA:
• POUCO DURÁVEL „ FÁCILMENTE IMPREGNÁVEL
Ø ˆ MODERADAMENTE IMPREGNÁVEL

DURÁVEL

0 MUITO DURÁVEL … DIFICILMENTE OU NÃO IMPREGNÁVEL


S SUSCEPTÍVEL
N NÃO ATACADA

203
As Madeiras na Construção Civil

NP – 2080
QUADRO III
TRATAMENTO DA MADEIRA PARA EDIFÍCIOS
ELEMENTOS GERAIS DA ELEMENTOS CLASSES MÉTODOS DE TRATAMENTO (2) E PRODUTOS PRESERVADORES (3) OBSERVAÇÕES
CONSTRUÇÃO DIFERENCIADOS DA (1) PINCELAGEM IMERSÃO IMERSÃO IMPREGNAÇÃO IMPREGNAÇÃO DIFUSÃO
CONSTRUÇÃO ASPERSÃO A POR PRESSÃO POR VÁCUO
QUENTE-
(TEMPO) FRIO (RETENÇÃO)
SO SO AQ/SO CCB SO BO

CCA
COBERTURAS ASNAS C NÃO NÃO SIM (a) SIM SIM SIM (a) SIM (a) Em madeira
MADRES (4 (6 de pinho a
FRECHAIS KG/M3) KG/M3) penetração do
RIPADOS C SIM SIM SIM borne deve ser
VAREDOS (10 MIN.) total como na
CONTRAVENAMENTOS impregnação por
GUARDA-PÓS D SIM SIM pressão.
ESTEIRAS (3 MIN.)
PAVIMENTOS TÉRREOS VIGAMENTOS E A NÃO NÃO SIM (a) SIM SIM SIM (a) NÃO (a) Em madeira
TARUGOS SOBRE (4 (6 de pinho a
CAIXA DE AR KG/M3) KG/M3) penetração do
BARROTES SOBRE borne deve ser
MASSAME total como na
PARQUETES SOBRE A SIM SIM SIM SIM impregnação por
MASSAME (60 MIN.) pressão.
RODAPÉS (b) Quando
TÁBUAS DE SOLHO (b) D SIM SIM aplicadas sobre
(3 MIN.) massame ou
ELEVADOS VIGAMENTOS A NÃO NÃO SIM (a) SIM SIM SIM (a) SIM sobre caixa de ar
TARUGOS C SIM SIM (4 (6 SIM mal ventilada
BARROTES SOBRE (10 MIN.) KG/M3) KG/M3) deve adoptar-se o
LAJE DE BETÃO tratamento
TÁBUAS DE SOLHO D SIM SIM preconizado para
PARQUETES (3 MIN.) as asnas (Classe
RODAPÉS C).
PARAMENTOS EXTERIORES SOLEIRAS A NÃO NÃO SIM (a) SIM SIM SIM (a) NÃO (a) Em madeira
RESISTENTES QUADROS (6 (9 de pinho a
FORROS EXTERIORES KG/M3) KG/M3) penetração do
FORROS INTERIORES borne deve ser
(ZONAS HÚMIDAS) total como na
FORROS INTERIORES C SIM SIM SIM SIM SIM SIM impregnação por
(ZONAS SECAS) (10 MIN.) (4 (6 pressão.
KG/M3) KG/M3)
EXTERIORES SOLEIRAS B NÃO SIM SIM SIM SIM SIM NÃO
DE QUADROS (10 MIN.) (6 (9
ENCHIMENTO FORROS EXTERIORES KG/M3) KG/M3)
FORROS INTERIORES
INTERIORES SOLEIRAS A NÃO NÃO SIM (a) SIM SIM SIM (a) NÃO
RESISTENTES QUADROS (4 (6
FORROS (ZONAS KG/M3) KG/M3)
HÚMIDAS)
FORROS (ZONAS C SIM SIM SIM SIM
SECAS) (10 MIN.)
INTERIORES SOLEIRAS A NÃO SIM SIM (a) SIM SIM SIM (a) SIM
NÃO FORROS (ZONAS (60 MIN.) (4 (6
RESISTENTES HÚMIDAS) KG/M3) KG/M3)
QUADROS B SIM SIM SIM SIM
FORROS (ZONAS (30 MIN.)
SECAS)
LAMBRIS

204
As Madeiras na Construção Civil

NP – 2080
QUADRO III (CONTINUAÇÃO)
TRATAMENTO DA MADEIRA PARA EDIFÍCIOS
ELEMENTOS GERAIS DA ELEMENTOS CLASSES MÉTODOS DE TRATAMENTO (2) E PRODUTOS PRESERVADORES (3) OBSERVAÇÕES
CONSTRUÇÃO DIFERENCIADOS (1)
DA
CONSTRUÇÃO PINCELAGEM IMERSÃO IMERSÃO IMPREGNAÇÃO IMPREGNAÇÃO DIFUSÃO
E ASPERSÃO (TEMPO) A POR PRESSÃ POR VÁCUO
QUENTE- (RETENÇÃO)
FRIO
SO SO AQ/SO CCA CCB SO BO
ESCADAS INTERIORES PERNAS C NÃO SIM (10 SIM SIM SIM SIM SIM
(ESTRUTURA DE DEGRAUS M.) (4 (6
MADEIRA) GUARDAS D SIM SIM (3 M.) KG/M3) KG/M3)

D SIM

INTERIORES DEGRAUS A NÃO SIM (3 M.) SIM SIM SIM SIM SIM
(ESTRUTURA DE GUARDAS (4 (6
BETÃO) KG/M3) KG/M3)

GUARDAS (ESTRUTURA PRUMOS B NÃO NÃO SIM (a) SIM SIM SIM (a) NÃO (a) Em madeira
DE COROAMENTOS (6 (9 de pinho a
VARANDA KG/M3) KG/M3) penetração do
DE GUARDA-SAIAS B NÃO SIM (60 borne deve ser
M.) total como na
MADEIRA) impregnação por
pressão.
ESTRUTURA CAPEAMENTOS B NÃO SIM (60 SIM (a) SIM SIM SIM (a) NÃO
METÁLICA DE GUARDAS M.) (6 (9
KG/M3) KG/M3)

JANELAS AROS MONTANTES B NÃO SIM (10 SIM SIM SIM SIM NÃO
VERGAS M.) (6 (9
PEITORIS A NÃO SIM (a) KG/M3) KG/M3)
FOLHAS QUADROS B NÃO SIM (10 SIM SIM SIM SIM (a)
PINÁZIOS M.) (6 (9
BORRACHAS A NÃO SIM (a) KG/M3) KG/M3)
PORTADAS EXTERIORES B NÃO SIM (10 SIM SIM SIM SIM NÃO (a) Em madeira
M.) (4 (6 de pinho a
KG/M3) KG/M3) penetração do
borne deve ser
total como na
impregnação por
INTERIORES D SIM SIM (3 M.) SIM SIM pressão.

DIVERSOS PERSIANAS B NÃO SIM (10 SIM SIM SIM SIM NÃO
ESTORES M.) (4 (6
CAIXAS DE D SIM SIM (3 M.) KG/M3) KG/M3)
ESTORES

205
As Madeiras na Construção Civil

NP – 2080
QUADRO III (CONTINUAÇÃO)
TRATAMENTO DA MADEIRA PARA EDIFÍCIOS
ELEMENTOS GERAIS DA ELEMENTOS CLASSES MÉTODOS DE TRATAMENTO (2) E PRODUTOS PRESERVADORES (3) OBSERVAÇÕES
CONSTRUÇÃO DIFERENCIADOS (1)
DA
CONSTRUÇÃO PINCELAGEM IMERSÃO IMERSÃO IMPREGNAÇÃO IMPREGNAÇÃO DIFUSÃO
E ASPERSÃO (TEMPO) A POR PRESSÃ POR VÁCUO
QUENTE- (RETENÇÃO)
FRIO
SO SO AQ/SO CCA CCB SO BO
PORTAS EXTERIORES AROS B NÃO SIM SIM SIM (6 SIM (9 SIM NÃO (a)Em madeira
FOLHAS (60 M.) KG/M3) KG/M3) de pinho a
penetração do
borne deve ser
total como na
impregnação por
pressão.
DE PATIM PRÉ-AROS A NÃO SIM SIM (a) SIM (4 SIM (6 SIM (a) SIM (c) Se não for
(60 M.) KG/M3) KG/M3) utilizado ,o pré-aro
a aduela deve
ADUELAS (c) D SIM SIM SIM SIM
receber o
FOLHAS (3 M.)
tratamento
INTERIORES PRÉ-AROS A NÃO SIM SIM (a) SIM (4 SIM (6 SIM (a) SIM preconizado para
(60 M.) KG/M3) KG/M3) a Classe ª
ADUELAS (c) D SIM SIM SIM SIM
FOLHAS (3 M.)
EQUIPAMENTO FIXO (d) ARMÁRIOS DE A NÃO SIM SIM SIM (4 SIM (6 SIM NÃO (d) Só aplicável a
COZINHA (60 M.) KG/M3) KG/M3) mobiliário de
INFERIORES madeira maciça
ARMÁRIOS DE D SIM SIM SIM SIM (4 SIM (6 SIM SIM
COZINHA (3 M.) KG/M3) KG/M3)
SUPERIORES
ARMÁRIOS-
ROUPEIROS
ORGÃOS DE FIXAÇÃO TACOS A NÃO SIM SIM (a) SIM (4 SIM (6 SIM (a) NÃO
EMBEBIDOS NAS (60 M.) KG/M3) KG/M3)
ALVENARIAS

(a) Em madeira
de pinho a
penetração do
borne deve ser
total como na
impregnação por
pressão.

NOTAS:
(1) – Veja-se quadro 1.
(2) – Tratamentos indicados para madeiras não ou pouco duráveis; no caso de se pretender utilizar madeiras sem tratamento, estas devem satisfazer as
seguintes condições de durabilidade:
Classe A ou B: madeiras muito duráveis;
Classe C: madeiras duravéis ou de classe superior;
Classe D: madeiras pouco duráveis ou de classe superior;
(3) Produtos preservadores:
SO – em solvente orgânico;
AQ – aquosos;
CCA – sais de cobre, crómio e arsénio;
CCB – sais de cobre, crómio e boro;
BO – compostos de boro;

206
As Madeiras na Construção Civil

QUADRO IV
TRATAMENTO DA MADEIRA PARA DIVERSAS APLICAÇÕES COM
EXCEPÇÃO DE EDIFÍCIOS
ESTRUTURAS SITUAÇÕES CLASSES MÉTODOS DE TRATAMENTO (2) E PRODUTOS PRESERVADORES (3) OBSERVAÇÕES
PINCELAGEM IMERSÃO IMPREGNAÇÃO POR SUBSTITUIÇÃO
E ASPERSÃO (TEMPO) PRESSÃO DA SEIVA
(RETENÇÃO)
CR/SO CR/AQ CR CCA CCB CCB
PONTES, EM A1 NÃO NÃO SIM SIM (12 NÃO NÃO (a) Quando
PAVIMENTOS, CONTACTO (160 KG/M3) se utilizam sias deve realizar-se
PLATAFORMAS, COM O KG/M3) em 2.º tratamento com
ETC.. SOLO creosote.
SEM B1 NÃO SIM (c) SIM SIM (10 SIM (18 NÃO (b) Em
CONTACTO (1000 KG/M3) KG/M3) madeiras de pinho a penetração
COM O KG/M3) do borne deve ser total como na
SOLO impregnação por pressão.

POSTES, EM A1 NÃO SIM (c) SIM SIM (12 SIM (21 SIM (c) Só admíssivel para
ESTEIOS, CONTACTO (1100 KG/M3) KG/M3) madeira redonda de pinho
VEDAÇÕES, COM O KG/M3) com diâmetro inferior a 10
TUTORES, ETC.. SOLO cm.
SEM B1 SIM (c) SIM (c) SIM SIM (10 SIM (18 SIM
CONTACTO (1000 KG/M3) KG/M3)
COM O KG/M3)
SOLO
TRAVESSAS DE EM A1 NÃO NÃO SIM SIM (10 NÃO NÃO (a) Quando se
CAMINHO DE CONTACTO (1000 KG/M3) utilizam sais
FERRO COM O KG/M3) deve realizar-se
BALASTRO um 2.º
TORRES DE SOB A A1 NÃO NÃO SIM SIM (24 NÃO NÃO tratamento
REFRIGERAÇÃO ACÇÃO DE (2000 KG/M3) com creosote.
ÁGUA KG/M3) (d)A concentraçãoda
QUENTE solução não deve ser
inferior a 5%.
ESTACARIA, EM A1 NÃO NÃO SIM SIM (24 NÃO NÃO
DEFENSAS, CONTACTO (4000 KG/M3)
OBRAS DE COM ÁGUA KG/M3)
HIDRÁULICA, SALGADA
ETC.. EM A1 NÃO NÃO SIM SIM (12 NÃO NÃO
CONTACTO (2000 KG/M3)
COM ÁGUA KG/M3)
DOCE
NOTAS:
(1) Veja-se quadro 1.
(2) Tratamentos indicados para madeiras não ou pouco duráveis; no caso de se pretender utilizar madeiras sem tratamento, estas devem
satisfazer as seguintes condições de durabilidade:
Classe A ou B: madeiras muito duráveis;
Classe C: madeiras duravéis ou de classe superior;
Classe D: madeiras pouco duráveis ou de classe superior;
(3) Produtos preservadores:
SO – em solvente orgânico;
AQ – aquosos;
CCA – sais de cobre, crómio e arsénio;
CCB – sais de cobre, crómio e boro;
BO – compostos de boro;

207
As Madeiras na Construção Civil

ANEXO VIII – Normalização de Madeiras

208
As Madeiras na Construção Civil

I. NORMAS PORTUGUESAS (NP, NPEN) E PROJECTOS DE


NORMAS PORTUGUESAS (prNP) NO DOMINIO DA MADEIRA

1.1- MADEIRA – GERAL

NP 180: 1962 - Anomalias e defeitos da madeira.


NP 480: 1983 - Madeira serrada de resinosas - Dimensões - Termos e definições.
NP 481: 1983 - Madeira serrada de resinosas - Dimensões - Métodos de medição.
NP 482: 1988 - Madeira serrada de resinosas - Dimensões nominais.
NP 486:1983 - Madeira serrada de resinosas - Tolerância nas dimensões.
NP 614: 1973 - Madeiras - Determinação do teor em água.
NP 615:1973 - Madeiras - Determinação da retracção.
NP 616:1973 - Madeiras - Determinação da massa volúmica.
NP 617: 1973 - Madeiras - Determinação da dureza.
NP 618:1973 - Madeiras - Ensaio de compressão axial.
NP 619: 1973 - Madeiras - Ensaio de flexão estática.
NP 620: 1973 - Madeiras - Ensaio de flexão dinâmica.
NP 621: 1973 - Madeiras - Ensaio de tracção transversal.
NP 622: 1973 - Madeiras - Ensaio de fendimento.
NP 623: 1973 - Madeiras - Ensaio de corte.
NP 890: 1972 - Madeiras resinosas - Nomenclatura comercial.
NP 987:1973 - Madeiras serradas - Medição de defeitos.
NP 1877: 1990 - Madeiras redondas - Classificação por dimensões.
NP 1881: 1982 - Madeiras redondas - Métodos de medição.
NP 3229: 1988 - Madeiras redondas de resinosas - Classificação por qualidade.

1.2 - MADEIRA – EMBALAGENS

NP 710: 1968 - Embalagens de madeira - Classificação e terminologia.


NP 3226:1987 - Madeiras para embalagens em contacto com géneros alimentícios sólidos -
Características - Conservação.

209
As Madeiras na Construção Civil

NP 4099: 1991 - Peças serradas de pinho bravo para embalagens - Características e


classificação.
1.3 - MADEIRA – PAVIMENTOS

NP 747: 1969 - Pavimentos de edifícios - Tacos de madeira - Definições e características


gerais.
NP 748:1969 - Pavimentos de edifícios - Tacos de pinho bravo - Características e
classificação.
NP 749: 1987 - Madeiras - Painéis de parquete mosaico.
NP 750:1969 - Pavimentos de edifícios - Tacos de eucalipto comum - Características e
classificação.
NP 751: 1969 - Pavimentos de edifícios - Tacos de castanho - Características e classificação.
NP 752:1969 - Pavimentos de edifícios - Tacos de azinho - Classificação.
NP 892: 1972 - Madeiras - Símbolos das espécies de madeiras a utilizar no revestimento de
pavimentos.
NP 969:1973 - Tacos de madeiras tropicais para pavimentos - Características e classificação.

1.4 - MADEIRA – POSTES

NP 267:1986 - Postes de madeira de pinheiro bravo para linhas eléctricas - Características,


dimensionamento, preparação e tratamento.

1.5 - MADEIRA PARA ESTRUTURAS

NP 4305: 1995 - Madeira serrada de pinheiro bravo para estruturas - Classificação visual.

1.6 - PRESERVAÇÃO DE MADEIRA

NP 2080: 1985 - Preservação de madeiras - Tratamento de madeiras para construção.


prNP 3153: 1986 - Produtos preservadores de madeiras - Determinação da eficácia preventiva
contra Lyctus brunneus (Stephens) - Método laboratorial.
prNP 3164: 1986 - Produtos preservadores de madeiras - Determinação da eficácia curativa
contra larvas de Hylotrupes bajulus - Método laboratorial.

210
As Madeiras na Construção Civil

prNP 3928: 1989 - Preservação da madeira - terminologia.


NP EN 21: 1991 - Produtos preservadores de madeiras - Determinação do limite de eficácia
contra Anobium punctatum (De Geer) por transferência lavar - Método laboratorial.
NP EN 46: 1989 - Produtos preservadores de madeiras - Determinação da eficácia preventiva
contra larvas recentemente eclodidas de Hylotrupes bajulus (Linnaeus) - Método laboratorial
NP EN 47:1992 - Produtos preservadores de madeiras - Determinação do limite de eficácia
contra larvas de Hylotrupes bajulus (Linnaeus) - Método laboratorial.
NP EN 48:1992 - Produtos preservadores de madeiras - Detenninação da eficácia curativa
contra larvas de Anobium punetatum (De Geer) - Método laboratorial.
NP EN 73:1991 - Produtos preservadores de madeiras - Prova de envelhecimento acelerado
de madeiras tratadas antes dos ensaios biológicos - Prova de evaporação.
NP EN 84: 1992 - Produtos preservadores de madeiras - Prova de envelhecimento acelerado
de madeiras tratadas antes dos ensaios biológicos - prova de deslavagem.
NP EN 117: 1992 - Produtos preservadores de madeiras - Determinação do limite de eficácia
contra Reticulitermes santonensis de Feytaud - Método laboratorial.
NP EN 118: 1992 - Produtos preservadores de madeiras - Determinação da eficácia
preventiva contra Reticulitermes santonensis de Feytaud - Método laboratorial.
NP EN 152-1: 1993 - Métodos de ensaio dos produtos preservadores de madeiras - Método
laboratorial para determinação da eficácia preventiva de um tratamento de madeira aplicada
contra o azulamento Parte 1: Aplicação por pincelagem.
NP EN 252: 1992 - Ensaio de campo para determinação da eficácia protectora de um produto
preservador de madeiras em contacto com o solo.
NP EN 335-1:1994 - Durabilidade da madeira e de produtos derivados - Definição das classes
de risco de ataque biológico - Parte 1: Generalidades.
NP EN 335-2:1994 - Durabilidade da madeira e de produtos derivados - Definição das classes
de risco de ataque biológico - Parte 2: Aplicação à madeira maciça.
NP EN 460: 1994 - Durabilidade da madeira e de produtos derivados - Durabilidade natural
da madeira maciça - Guia de exigências de durabilidade das madeiras na sua utilização
segundo as classes de risco.
NP EN 212: 1988 - Produtos preservadores de madeiras - Guia de amostragem e preparação
para análise de produtos preservadores de madeira tratada.

211

Você também pode gostar