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PERSEVERANÇA E FÉ EM TEMPO DE
APOSTASIA
Texto áureo
“Para que vos não façais
negligentes, mas sejais
imitadores dos que, pela fé e
paciência, herdam as
promessas.” (Hb 6.12)
LEITURA BÍBLICA EM
CLASSE – Hb 6. 1-15
COMENTÁRIO
INTRODUÇÃO
1
O étimo epístola, Etimologicamente falando vem do prefixo grego epi (por cima) mais o substantivo
estola (manta = grande pano de lã). Diz-se que, na época da Igreja Primitiva, as cartas, propriamente
ditas, eram colocadas nas bolsas que ficavam nas duas pontas de uma manta; essa manta era
colocada sobre o lombo do jumento que a levava ao destinatário das cartas. Então, nesse caso,
epístola era o recipiente que levava as cartas. Com o passar do tempo, esta palavra tornou-se
sinônima de missiva, carta, isto é, o próprio recipiente que as levava.
1
atualíssimos: Perseverança e fé, abordando o aspecto da apostasia, além do
significado do étimo rudimento e da palavra serviço.
Pois bem, mas o que vem a ser a palavra rudimento? O étimo rudimento não
tem nada a ver com a palavra rude, como pode à primeira vista parecer. Esta
palavra vem do grego clássico Stoixéion2, que significa: agulha que projeta a sua
sombra sobre um relógio de sol, hora, caracteres de escrita, letra, elemento ou
princípio de alguma coisa. Nos escritos do Novo testamento, segundo W. C Taylor,
significa princípio elementar, rudimento, e às vezes, elemento ou causa materiais do
universo. Já os autores F. Wilbur Gingrich e Frederick W. Danker dizem que
significa: elementos de aprendizado, princípios fundamentais, abecedário, como em
Hb 5.12. Em 2 Pe 3. 10, 12, significam espíritos elementares. Portanto, tem haver
com fundamentos ou princípios basilares que norteiam uma determinada instrução
ou doutrina.
Desta maneira, o autor aos Hebreus conclama aos seus leitores que já era
hora de eles crescessem espiritualmente, pois os mesmos já eram arrependidos e
salvos em Jesus Cristo, por meio da fé, e, portanto, deveriam prosseguir para um
amadurecimento mais profundo na vida cristã, deixando para trás estes princípios
elementares que não acrescentavam mais nada in totum no crescer perseverante da
fé.
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Obs: a pronúncia do X desta palavra é semelhante ao som espanhol J na palavra Juan, um tanto
aproximado ao som RR português na palavra carro, só que mais gutural.
2
2. Indo além dos rudimentos doutrinários sobre batismos e imposição de
mãos.
Neste caso, talvez, meu caro leitor você esteja a se perguntar: mais tanto o
batismo (no plural, batismos) e a imposição de mãos não eram usados pelos
cristãos do I século? A resposta, evidentemente, é sim! — mas refere-se à confissão
pública de fé. Nestes casos tais palavras são, portanto, de natureza eclesiástica.
Seguem a sequência histórica, pois a salvação pelo arrependimento e fé deve ser
publicamente confessada na Igreja.
É sabido que na era cristã apostólica e também pelos idos dos seguintes
II, III e IV séculos, que a imposição de mãos era o símbolo da concessão do
Espírito Santo, sendo posteriormente utilizada à ordenação dos anciãos ou líderes
da igreja. Destarte, segundo Orton Wiley era “apenas um símbolo, pois o Espírito
jamais foi comunicado de indivíduo para outro. A imposição das mãos simplesmente
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assinalava o candidato como objeto pelo qual se faziam orações intensas”.
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The Epistle to The Hebrews, comentada por Orton H. Wiley, Copyright 1959 Beacon Hill Press.
3
Mais uma vez surge uma pergunta: o que vem a ser apostasia? Apostasia
vem do Grego apostasia e significa: “rebelião deliberada, afastamento consciente”.
Segundo F.F Bruce, a palavra “apostasia era usada no grego secular como
referência a uma revolta política e, na LXX (cf. Js 22.22), a uma rebelião contra
Deus.”
Nesse caso estamos falando de uma pessoa que já havia sido iluminada, no
grego é Fôutisthéntas que significa literalmente “emitir luz ou brilhar sobre alguma
coisa de modo a levá-la ao conhecimento dos homens”. No grego comum, a palavra
se aplicava somente a objetos, mas, no grego helenístico, aplicava-se também a
pessoas no sentido de instrução. Este é o significado neste contexto.
É importante frisar que a palavra no (v.4), hapax não significa uma vez no
sentido de preparação para algo a seguir, mas de uma vez por todas. Isso significa
que “não é a insignificância, mas a magnitude das realizações e dos privilégios que
caracteriza o destino do apóstata”.
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Pois bem, a Igreja dita Reformada, sempre preocupada com a perseverança
final dos santos, reafirmou e aderiu, de forma corajosa, à opinião de Calvino. Não
obstante, Lindsay reafirmou que esta palavra tem o significado de provar “no sentido
de participar, recebendo plena e copiosamente”. Destacou ao uso da palavra em
Hebreus 2.9, onde se-lê que nosso Senhor provou a morte, “o que, certamente, não
significa que Ele tivesse tocado apenas de leve o sofrimento, mas, antes, que sentiu
toda a amargura da morte”. Percebemos que Calvino interpretada o seu pensamento
de modo a coadunar-se com as suas convicções arbitrárias sobre semelhante
assunto.
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Bruce observou que a maioria dos comentadores deixa de perceber, ou pelo
menos deixa de expressar adequadamente, o significado do
termoprodromos, precursor, que, neste versículo, assume um novo
significado espiritual e torna-se a tônica do capítulo, Foi demonstrado que
Cristo é o Capitão da nossa salvação, conduzindo-nos ao descanso da fé
como nossa herança terrestre e além, até o descanso eterno de nossa
herança celestial. Aqui, contudo, se expressa uma nova ideia: a de que
Cristo, como nosso Precursor, entrou e abriu o Santo dos Santos para nós.
[...], Cristo exerceu este ofício duplo por nós. Durante a Sua humilhação
terrena, Ele foi a nossa Oferta propiciatória e derramou o Seu sangue por
nós, para que fôssemos purificados de todo pecado e toda injustiça. Após
penetrar além do véu, Sua oferta é ainda aceita em benefício nosso e, do
trono intercessório, Ele ministra o Espírito que prometeu aos Seus
discípulos, a promessa que se cumpriu no Dia de Pentecostes, assinalando
a inauguração de uma nova dispensação espiritual, em que vivemos e
servimos mediante o poder do Espírito que em nós habita.
CONCLUSÃO
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Maceió, 08 de fevereiro de 2018.