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LISTA DE EXERCÍCIOS

QUINHENTISMO
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Questão 1/33

Quanto ao sentimento nativista das primeiras manifestações literárias feitas no Brasil:

A é um sentimento de apego aos valores culturais portugueses, conforme se vê nos poemas de Anchieta.
B consiste na propagação da mentalidade colonial portuguesa, sobre o que giram os poemas de Gregório de Matos.
C a obra dos cronistas viajantes representa o apogeu deste sentimento.
D é um sentimento tênue de apego à terra brasileira que, mais tarde, irá desaguar no nacionalismo do Romantismo.
E só se observa nos poetas árcades devido ao seu envolvimento na inconfidência Mineira.

Questão 2/33

Esse texto do século XVI reflete um momento de expansão portuguesa por vias marítimas, o que demandava a apropriação de
alguns gêneros discursivos, dentre os quais a carta. Um exemplo dessa produção é a Carta de Caminha a D. Manuel. Considere a
seguinte parte dessa carta:
Nela [na terra] até agora não pudemos saber que haja ouro nem prata... porém a terra em si é de muito bons ares assim frios e
temperados como os de Entre-Doiro-e-Minho. Águas são muitas e infindas. E em tal maneira é graciosa que querendo-a
aproveitar, dar-se-á nela tudo por bem das águas que tem, porém o melhor fruto que nela se pode fazer me parece que será
salvar esta gente e esta deve ser a principal semente que vossa alteza em ela deve lançar.
Assinale a alternativa INCORRETA.

A Na obra de José de Anchieta, encontram-se poesias seguindo a tradição medieval e textos para teatro com clara intenção
catequista.
B A literatura informativa do Quinhentismo brasileiro empenha-se em fazer um levantamento da terra, daí ser
predominantemente descritiva.
C A literatura seiscentista reflete um dualismo: o ser humano dividido entre a matéria e o espírito, o pecado e o perdão.
D O Barroco apresenta estados de alma expressos através de antíteses, paradoxos, interrogações.
E O Conceptismo caracteriza-se pela linguagem rebuscada, culta, extravagante, enquanto o Cultismo é marcado pelo jogo de
ideias, seguindo um raciocínio lógico, racionalista.

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Questão 3/33

Capítulo II
Como os homens daquela terra principiaram a tratar conosco, das suas casas e de alguns peixes que ali há, muito diversos dos
nossos.
Naquele mesmo dia, que era no oitavário da Páscoa, a 26 de abril, determinou o capitão-mor de ouvir missa, e assim mandou
armar uma tenda naquela praia, e debaixo dela um altar, e toda a gente da armada assistiu tanto à missa como à pregação,
1juntamente com muitos dos naturais, que bailavam e tangiam nos seus instrumentos; logo que se acabou, voltamos aos navios,
e aqueles homens entravam no mar até aos peitos, cantando e fazendo muitas festas e folias. Depois de jantar tornou a terra o
capitão-mor, e a gente da armada para espairecer com eles, e achamos neste lugar um rio de água doce. Pela volta da tarde
tornamos às naus e no dia seguinte determinou-se fazer aguada e tomar lenhas, 2pelo que fomos todos a terra e os naturais
vieram conosco para ajudar-nos. 3Alguns dos nossos caminharam até uma povoação onde eles habitavam, coisa de três milhas
distante do mar, 4e trouxeram de lá papagaios e uma raiz chamada inhame, que é o pão de ali que usam, e algum arroz, dando-
lhe os da armada cascáveis e folhas de papel em troca do que recebiam. Estivemos neste lugar cinco ou seis dias; 5os homens,
como já dissemos, são baços, e andam nus sem vergonha, têm os seus cabelos grandes e a barba pelada; as pálpebras e
sobrancelhas são pintadas de branco, negro, azul ou vermelho; trazem o beiço de baixo furado e 6metem-lhe um osso grande
como um prego; outros trazem uma pedra azul ou verde e assobiam pelos ditos buracos; as mulheres andam igualmente nuas,
são bem feitas de corpo e trazem os cabelos compridos. As suas casas são de madeira, cobertas de folhas e ramos de árvores,
com muitas colunas de pau pelo meio e entre elas e as paredes pregam redes de algodão, nas quais pode estar um homem, e de
[baixo] cada uma destas redes fazem um fogo, de modo que numa só casa pode haver quarenta ou cinqüenta leitos armados a
modo de teares.
OLIVIERI, Antonio Carlos e VILLA, Marco Antonio. Cronistas do descobrimento. São Paulo: Editora Ática, 1999, pp. 30 e 31.

Analise as proposições em relação à obra Cronistas do descobrimento, Olivieri, Antonio Carlos e Villa, Marco Antonio e ao texto.
I. Da leitura do texto, infere-se que havia, a princípio, contato amistoso entre os homens da nau de Pedro Álvares Cabral e os
índios que aqui residiam.
II. No período “Como os homens daquela terra principiaram a tratar conosco” se a preposição destacada for substituída por de a
regência do verbo permanece de acordo com língua padrão.
III. É a partir dos textos literários que remontam o século XVI que a corrente modernista vai se apoiar para propor uma nova ideia
de nacionalismo – uma releitura dos moldes da Literatura de Informação em relação ao nacionalismo.
IV. A leitura da obra leva o leitor a inferir que esta não é apenas uma obra que retrata a historiografia do período da Literatura de
Informação, mas também traz resquícios de valores estéticos que remontam os textos literários do período medieval.
V. Nas estruturas linguísticas “os homens, como já dissemos, são baços” (referência 5) e “metem-lhe um osso grande como um
prego” (referência 6) constata-se que o emprego das estruturas paralelísticas foi na intenção de estabelecer uma comparação,
aludindo às características físicas dos nativos.
Assinale a alternativa correta.

A Somente as afirmativas II, III, IV e V são verdadeiras.


B Somente as afirmativas II e III são verdadeiras.
C Somente as afirmativas I, III e V são verdadeiras.
D Somente as afirmativas I, II e III são verdadeiras.
E Todas as afirmativas são verdadeiras.

Questão 4/33

À curiosidade geográfica e humana e ao desejo de conquista e domínio corresponde, inicialmente, o deslumbramento diante da
paisagem exótica e exuberante da terra recém-descoberta, testemunhado pelos cronistas portugueses

A Gonçalves de Magalhães e José de Anchieta.


B Pero de Magalhães Gândavo e Gabriel Soares de Sousa.

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C Botelho de Oliveira e José de Anchieta.


D Gabriel Soares de Sousa e Gonçalves de Magalhães.
E Botelho de Oliveira e Pero de Magalhães Gândavo.

Questão 5/33

O movimento literário que retrata as manifestações literárias produzidas no Brasil à época de seu descobrimento, e durante o
século XVI, é conhecido como Quinhentismo ou Literatura de Informação.
Analise as proposições em relação a este período.
I. A produção literária no Brasil, no século XVI, era restrita às literaturas de viagens e jesuíticas de caráter religioso.
II. A obra literária jesuítica, relacionada às atividades catequéticas e pedagógicas, raramente assume um caráter apenas artístico.
O nome mais destacado é o do padre José de Anchieta.
III. O nome Quinhentismo está ligado a um referencial cronológico — as manifestações literárias no Brasil tiveram início em 1500,
época da colonização portuguesa — e não a um referencial estético.
IV. As produções literárias neste período prendem-se à literatura portuguesa, integrando o conjunto das chamadas literaturas de
viagens ultramarinas, e aos valores da cultura greco-latina.
V. As produções literárias deste período constituem um painel da vida dos anos iniciais do Brasil colônia, retratando os primeiros
contatos entre os europeus e a realidade da nova terra.
Assinale a alternativa correta.

A Somente as afirmativas I, IV e V são verdadeiras.


B Somente a afirmativa II é verdadeira.
C Somente as afirmativas I, II, III e V são verdadeiras.
D Somente as afirmativas III e IV são verdadeiras.
E Todas as afirmativas são verdadeiras.

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Questão 6/33

As manifestações da literatura do Brasil-Colônia estão ligadas ao Quinhentismo português e ao Seiscentismo peninsular. Assim,
entre os anos de 1500 a 1600, encontram-se importantes produções, como as de José de Anchieta e a de Bento Teixeira, as
quais marcam presença nas origens da literatura brasileira.
Texto 1
PRIMEIRO ATO
(CENA DO MARTÍRIO DE SÃO LOURENÇO)
CANTAM:
Por Jesus, meu salvador,
Que morre por meus pecados,
Nestas brasas morro assado
Com fogo do meu amor.
Bom Jesus, quando te vejo
Na cruz, por mim flagelado,
Eu por ti vivo e queimado
Mil vezes morrer desejo.
Pois teu sangue redentor
Lavou minha culpa humana,
Arda eu pois nesta chama
Com fogo do teu amor.
O fogo do forte amor,
Ah, meu Deus!, com que me amas
Mais me consome que as chamas
E brasas, com seu calor.
Pois teu amor, pelo meu
Tais prodígios consumou,
Que eu, nas brasas onde estou,
Morro de amor pelo teu.
(Auto de São Lourenço, de José de Anchieta)

Texto 2
PROSOPOPEIA
I
Cantem Poetas o Poder Romano,
Sobmetendo Nações ao jugo duro;
O Mantuano pinte o Rei Troiano,
Descendo à confusão do Reino escuro;
Que eu canto um Albuquerque soberano,
Da Fé, da cara Pátria firme muro,
Cujo valor e ser, que o Céu lhe inspira,
Pode estancar a Lácia e Grega lira.
II
As Délficas irmãs chamar não quero,
que tal invocação é vão estudo;
Aquele chamo só, de quem espero
A vida que se espera em fim de tudo.
Ele fará meu Verso tão sincero,
Quanto fora sem ele tosco e rudo,
Que per rezão negar não deve o menos
Quem deu o mais a míseros terrenos.

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III
E vós, sublime Jorge, em quem se esmalta
A Estirpe d’Albuquerques excelente,
E cujo eco da fama corre e salta
Do Cauro Glacial à Zona ardente,
Suspendei por agora a mente alta
Dos casos vários da Olindesa gente,
E vereis vosso irmão e vós supremo
No valor abater Querino e Remo.
IV
Vereis um sinil ânimo arriscado
A trances e conflictos temerosos,
E seu raro valor executado
Em corpos Luteranos vigurosos.
Vereis seu Estandarte derribado
Aos Católicos pés victoriosos,
Vereis em fim o garbo e alto brio
Do famoso Albuquerque vosso Tio.
V
Mas em quanto Talia no se atreve,
No Mar do valor vosso, abrir entrada,
Aspirai com favor a Barca leve
De minha Musa inculta e mal limada.
Invocar vossa graça mais se deve
Que toda a dos antigos celebrada,
Porque ela me fará que participe
Doutro licor milhor que o de Aganipe.
(Bento Teixeira)

Sobre tais produções e seus autores, analise as proposições a seguir.


I. Em geral, a produção de José de Anchieta tem como finalidade prestar serviço à Companhia de Jesus; assim, é intencional o
caráter estético-doutrinário e pedagógico de suas obras.
II. O Auto de São Lourenço é dotado de técnica tomada de empréstimo de Gil Vicente e possui forte influência barroca, como
imaginação exaltada, ideia abstrata e valorização dos sentidos.
III. Prosopopeia é um poemeto épico com a finalidade de louvar o Governador de Pernambuco, Jorge de Albuquerque Coelho.
IV. Pode-se dizer que o Texto 2 distancia-se tanto na forma como no estilo de Os Lusíadas, de Camões.
V. Bento Teixeira compromete o valor estético de sua Prosopopeia, quando emprega um tom bajulatório no poemeto,
apresentando pobre motivo histórico e inconsistência nos recursos nele utilizados.
Estão corretas apenas:

A I, II e IV.
B II, III e V.
C I, III e IV.
D IV e V.
E I, II, III e V.

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Questão 7/33

“Duas relíquias históricas produzidas no Brasil, foram trazidas para exibição na Mostra do Redescobrimento, em São Paulo: o
manto tupinambá e a carta de Pero Vaz de Caminha.”
(Folha de São Paulo, 11 de maio de 2000.)

A carta de Pero Vaz de Caminha, sobre o achamento do Brasil, enviada a El-Rei Dom Manuel é a principal manifestação literária
do Quinhentismo, movimento literário brasileiro do século XVI.
Tendo em vista o seu teor, podemos afirmar que os visitantes da Mostra do Redescobrimento, ao se depararem com tal texto,
conseguiriam através dele:

A resgatar valores e conceitos sociais brasileiros.


B descobrir a história brasileira pela arte.
C ter mais informações sobre a arte brasileira.
D ver a cultura indígena brasileira.
E perceber o interesse português em explorar a nova terra.

Questão 8/33

O século XVI deve ser reconhecido, na história da literatura brasileira, como um período de:

A manifestações literárias voltadas basicamente para a informação sobre a colônia e para a catequese dos nativos.
B amadurecimento dos sentimentos nacionalistas que logo viriam a se expressar no Romantismo.
C exaltação da cultura indígena, tema central dos poemas épicos de Basílio da Gama e Santa Rita Durão.
D esgotamento do estilo e dos temas barrocos, superados pelos ideais estéticos do Arcadismo.
E valorização dos textos cômicos e satíricos, em que foi mestre Gregório de Matos.

Questão 9/33

A chamada atividade literária das primeiras décadas de nossa formação histórica caracterizou-se por seu cunho pragmático
estrito, seja a circunscrita ao parâmetro jesuítico, seja a decorrente de viagens de reconhecimento e informação da terra.
São representantes dos dois tipos de atividade literária referidos no excerto acima

A Gregório de Matos e Cláudio Manuel da Costa.


B Antônio Vieira e Tomás Antônio Gonzaga.
C José de Anchieta e Gabriel Soares de Sousa.
D Bento Teixeira e Gonçalves de Magalhães.
E Basílio da Gama e Gonçalves Dias.

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Questão 10/33

ECKHOUT, A. Índio Tapuia” (1610-1666). Disponível em: http://www.diaadia.pr.gov.br. Acesso em: 9: jul. 2009.

A feição deles é serem pardos, maneira d’avermelhados, de bons rostos e bons narizes, bem feitos. Andam nus, sem nenhuma
cobertura, nem estimam nenhuma cousa cobrir, nem mostrar suas vergonhas. E estão acerca disso com tanta inocência como têm
em mostrar o rosto.
CAMINHA, P. V. A carta. Disponível em: www.dominiopublico.gov.br. Acesso em: 12 ago. 2009.

Ao se estabelecer uma relação entre a obra de Eckhout e o trecho do texto de Caminha, conclui-se que

A ambos se identificam pelas características estéticas marcantes, como tristeza e melancolia, do movimento romântico das
artes plásticas.
B o artista, na pintura, foi fi el ao seu objeto, representando-o de maneira realista, ao passo que o texto é apenas fantasioso.
C a pintura e o texto têm uma característica em comum, que é representar o habitante das terras que sofreriam processo
colonizador.
D o texto e a pintura são baseados no contraste entre a cultura europeia e a cultura indígena.
E há forte direcionamento religioso no texto e na pintura, uma vez que o índio representado é objeto da catequização jesuítica.

Questão 11/33

A respeito do Quinhentismo no Brasil, marque (V) para verdadeiro ou (F) para falso e assinale a alternativa correta.
( ) A principal obra do período foi A moreninha, de Joaquim Manuel de Macedo, cuja temática era o índio brasileiro.
( ) Consta que o primeiro texto escrito no território do Brasil foi a Carta de Pero Vaz de Caminha, em que registra suas
impressões sobre a terra recém-descoberta.
( ) Entre as publicações daquela época, encontram-se cânticos religiosos, poemas dos jesuítas, textos descritivos, cartas,
relatos de viagem e mapas.
( ) A produção das obras escritas naquele período apresenta um caráter informativo, documentos que descreviam as
características do Brasil e eram enviados para a Europa.

A V, V, V, F.
B F, V, F, V.
C F, V, V, F.
D V, F, V, V.
E F, V, V, V.

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Questão 12/33

Texto I
Andaram na praia, quando saímos, oito ou dez deles; e daí a pouco começaram a vir mais. E parece-me que viriam, este dia, à
praia, quatrocentos ou quatrocentos e cinquenta. Alguns deles traziam arcos e flechas, que todos trocaram por carapuças ou por
qualquer coisa que lhes davam. […] Andavam todos tão bem-dispostos, tão bem feitos e galantes com suas tinturas que muito
agradavam.
CASTRO, S. A carta de Pero Vaz de Caminha. Porto Alegre: LPM, 1996 (fragmento).

Texto II

PORTINARI, C. O descobrimento do Brasil. 1956. Óleo sobre tela, 199 x 169 cm. Disponível em: www.portinari.org.br. Acesso em: 12 jun. 2013. (Foto:
Reprodução)

Pertencentes ao patrimônio cultural brasileiro, a carta de Pero Vaz de Caminha e a obra de Portinari retratam a chegada dos
portugueses ao Brasil.
Da leitura dos textos, constata-se que

A a carta de Pero Vaz de Caminha representa uma das primeiras manifestações artísticas dos portugueses em terras
brasileiras e preocupa-se apenas com a estética literária.
B a tela de Portinari retrata indígenas nus com corpos pintados, cuja grande significação é a afirmação da arte acadêmica
brasileira e a contestação de uma linguagem moderna.
C a carta, como testemunho histórico-político, mostra o olhar do colonizador sobre a gente da terra, e a pintura destaca, em
primeiro plano, a inquietação dos nativos.
D as duas produções, embora usem linguagens diferentes – verbal e não verbal –, cumprem a mesma função social e artística.
E a pintura e a carta de Caminha são manifestações de grupos étnicos diferentes, produzidas em um mesmo momento
histórico, retratando a colonização.

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Questão 13/33

As manifestações da literatura do Brasil-Colônia estão ligadas ao Quinhentismo português e ao Seiscentismo peninsular. Assim,
entre os anos de 1500 a 1600, encontram-se importantes produções, como as de José de Anchieta e a de Bento Teixeira, as
quais marcam presença nas origens da literatura brasileira.
Texto I
Primeiro Ato
(Cena do martírio de São Lourenço)

Cantam:

Por Jesus, meu salvador,


Que morre por meus pecados,
Nestas brasas morro assado
Com fogo do meu amor.
Bom Jesus, quando te vejo
Na cruz, por mim flagelado,
Eu por ti vivo e queimado
Mil vezes morrer desejo.
Pois teu sangue redentor
Lavou minha culpa humana,
Arda eu pois nesta chama
Com fogo do teu amor.

O fogo do forte amor,


Ah, meu Deus!, com que me amas
Mais me consome que as chamas
E brasas, com seu calor.
Pois teu amor, pelo meu
Tais prodígios consumou,
Que eu, nas brasas onde estou,
Morro de amor pelo teu.
(Auto de São Lourenço, de José de Anchieta)

Texto II
Prosopopeia
I
Cantem Poetas o Poder Romano,
Sobmetendo Nações ao jugo duro;
O Mantuano pinte o Rei Troiano,
Descendo à confusão do Reino escuro;
Que eu canto um Albuquerque soberano,
Da Fé, da cara Pátria firme muro,
Cujo valor e ser, que o Ceo lhe inspira,
Pode estancar a Lácia e Grega lira.
II
As Délficas irmãs chamar não quero,
que tal invocação é vão estudo;
Aquele chamo só, de quem espero
A vida que se espera em fim de tudo.
Ele fará meu Verso tão sincero,
Quanto fora sem ele tosco e rudo,

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Que per rezão negar não deve o menos


Quem deu o mais a míseros terrenos.
III
E vós, sublime Jorge, em quem se esmalta
A Estirpe d'Albuquerques excelente,
E cujo eco da fama corre e salta
Do Cauro Glacial à Zona ardente,
Suspendei por agora a mente alta
Dos casos vários da Olindesa gente,
E vereis vosso irmão e vós supremo
No valor abater Querino e Remo.
IV
Vereis um sinil ânimo arriscado
A trances e conflictos temerosos,
E seu raro valor executado
Em corpos Luteranos vigurosos.
Vereis seu Estandarte derribado
Aos Católicos pés victoriosos,
Vereis em fim o garbo e alto brio
Do famoso Albuquerque vosso Tio.
V
Mas em quanto Talia no se atreve,
No Mar do valor vosso, abrir entrada,
Aspirai com favor a Barca leve
De minha Musa inculta e mal limada.
Invocar vossa graça mais se deve
Que toda a dos antigos celebrada,
Porque ela me fará que participe
Doutro licor milhor que o de Aganipe.
(Bento Teixeira)

Sobre tais produções e seus autores, analise as proposições a seguir.


I. Em geral, a produção de José de Anchieta tem como finalidade prestar serviço à Companhia de Jesus; assim, é intencional o
caráter estético-doutrinário e pedagógico de suas obras.
II. O Auto de São Lourenço é dotado de técnica tomada de empréstimo de Gil Vicente e possui forte influência barroca, como
imaginação exaltada, ideia abstrata e valorização dos sentidos.
III. Prosopopeia é um poemeto épico com a finalidade de louvar o Governador de Pernambuco, Jorge de Albuquerque Coelho.
IV. Pode-se dizer que o Texto 2 distancia-se tanto na forma como no estilo de Os Lusíadas, de Camões.
V. Bento Teixeira compromete o valor estético de sua Prosopopeia, quando emprega um tom bajulatório no poemeto,
apresentando pobre motivo histórico e inconsistência nos recursos nele utilizados.
Estão CORRETAS apenas:

A I, II e IV.
B II, III e V.
C I, III e IV.
D IV e V.
E I, II, III e V.

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Questão 14/33

Em relação ao momento histórico do Quinhentismo brasileiro, podemos afirmar que

A a Europa do século XVI vive o auge do Renascimento, com a cultura humanística recrudescendo os quadros rígidos da
cultura medieval.
B o século XVI marca também uma crise na Igreja: de um lado, as novas forças burguesas e, de outro, as forças tradicionais da
cultura medieval.
C os dogmas católicos são contestados nos tribunais da Inquisição (livros proibidos) e no Concílio de Trento, em 1545.
D o homem europeu estabelece duas tendências literárias no Quinhentismo: a literatura conformativa e a literatura
dominicana.
E a política das grandes navegações coíbe a busca pela conquista espiritual levada a efeito pela Igreja Católica.

Questão 15/33

A “literatura jesuíta”, nos primórdios de nossa história:

A tem grande valor informativo.


B marca nossa maturação clássica.
C visa à catequese do índio, à instrução do colono e sua assistência religiosa e moral.
D está a serviço do poder real.
E tem fortes doses nacionalistas.

Questão 16/33

Sobre a literatura produzida no primeiro século da vida colonial brasileira, é correto afirmar que:

A É formada principalmente de poemas narrativos e textos dramáticos que visavam à catequese.


B Inicia com Prosopopéia, de Bento Teixeira.
C É constituída por documentos que informam acerca da terra brasileira e pela literatura jesuítica.
D Os textos que a constituem apresentam evidente preocupação artística e pedagógica.
E Descreve com fidelidade e sem idealizações a terra e o homem, ao relatar as condições encontradas no Novo Mundo.

Questão 17/33

Leia, abaixo, o fragmento da História da Província de Santa Cruz, de Pero de Magalhães Gândavo, para responder à questão.
Finalmente que como Deus tenha de muito longe esta terra dedicada à cristandade, e o interesse seja o que mais leva os homens
trás si que nenhuma outra coisa haja na vida, parece manifesto querer entretê-los na terra com esta riqueza do mar até
chegarem a descobrir aquelas grandes minas que a mesma terra promete, para que assim desta maneira tragam ainda toda
aquela bárbara gente que habita nestas partes ao lume e ao conhecimento da nossa santa fé católica, que será descobrir-lhe
outras minas maiores no céu, o qual nosso Senhor permita que assim seja, para glória sua, e salvação de tantas almas.
G NDAVO, Pero de Magalhães. História da Província de Santa Cruz. Org. Ricardo Martins Valle. Introd. e notas Ricardo Martins Valle e Clara Carolina Souza
Santos. São Paulo: Hedra, 2008. p. 115.

A leitura atenta do texto permite afirmar que

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A nos textos de informação estavam consorciados o projeto de exploração das novas terras descobertas e o de difusão da fé
cristã.
B o autor julga desinteressante a perspectiva de exploração mercantil do Brasil, preferindo a ela o projeto de difusão da fé
cristã.
C o autor condena os homens ambiciosos e interesseiros, que preferem a exploração mercantil ao projeto abnegado de difusão
da fé cristã.
D o autor condena a hipocrisia dos que afirmam empreender em nome da fé cristã, mas que apenas se interessam pelas
“grandes minas” a descobrir.
E havia discrepância e dissenso entre o projeto de exploração das novas terras descobertas e o de difusão da fé cristã.

Questão 18/33

Quanto à organização social de nossos selvagens, é coisa quase incrível – e dizê-la envergonhará aqueles que têm leis divinas e
humanas – que, 1apesar de serem conduzidos apenas pelo seu natural, ainda que um tanto degenerado, eles se deem tão bem e
vivam em tanta paz uns com os outros. Mas com isso me refiro a cada nação em si ou às nações que sejam aliadas; pois quanto
aos inimigos, já vimos em outra ocasião o tratamento terrível que lhes dispensam2. Porque, em ocorrendo alguma briga (o que se
dá com tão pouca frequência que durante quase um ano em que com eles estive só os vi brigar duas vezes), os outros nem
sequer 3pensam em separar ou pacificar os contendores; ao contrário, se estes tiverem de arrancar-se mutuamente os olhos, 4
ninguém lhes dirá nada, e eles assim farão. 5Todavia, se alguém for ferido por seu próximo, e se o agressor for preso, ser-lhe-á
6infligido o mesmo ferimento no mesmo lugar do corpo, por parte dos parentes próximos do agredido, e caso este venha a
morrer depois, ou caso morra na hora, os parentes do defunto tiram a vida ao assassino de um modo semelhante. De tal forma
que, para dizer numa palavra, é vida por vida, olho por olho, dente por dente etc. Mas, como já disse, são coisas que raramente se
veem entre eles.
2
O autor tratou do assunto no capítulo XIV, “Da guerra, combate e bravura dos selvagens”.
Olivieri, Antonio Carlos e Villa, Marco Antonio. Cronistas do descobrimento. São Paulo: Ed. Ática,1999, p.69.

A obra Cronistas do descobrimento, Antonio Carlos Olivieri e Marco Antonio Villa, faz referência à história do descobrimento do
Brasil. A literatura está dividida em diversas estéticas literárias que também pontuam características que se assemelham ou
resgatam elementos da história nacional. Com base nesta analogia, relacione as colunas.
1. Literatura de Informação
2. Romantismo
3. Modernismo
( ) A gênese da formação literária brasileira se encontra, basicamente, no século XVI, constituem-na os relatos dos cronistas
viajantes.
( ) Oswald de Andrade reestrutura a Carta de Caminha em poemas, criando uma paródia e sugerindo uma releitura crítica da
história do Brasil.
( ) A imagem do índio é resgatada por José de Alencar em obras indianistas. E assim, com tipos heroicos como Peri e Iracema, o
autor cria em seus romances uma imagem gloriosa do povo indígena.
( ) A produção literária deste período foi marcada pela recuperação do passado histórico brasileiro, visto sob uma ótica às
vezes crítica, outras irônica.
( ) Devido à ausência de um passado medieval, o indianismo foi um dos elementos de sustentação do sentimento nacionalista, o
qual era característica deste período literário.
Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta, de cima para baixo

A 2-2-2-1-3
B 1-3-3-3-2
C 1-3-2-3-2
D 2-3-2-1-3

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E 2-2-3-1-2

Questão 19/33

Em relação ao momento histórico do Quinhentismo brasileiro, podemos afirmar que

A a Europa do século XVI vive o auge do Renascimento, com a cultura humanística recrudescendo os quadros rígidos da
cultura medieval.
B o século XVI marca também uma crise na Igreja: de um lado, as novas forças burguesas e, de outro, as forças tradicionais da
cultura medieval.
C os dogmas católicos são contestados nos tribunais da Inquisição (livros proibidos) e no Concílio de Trento, em 1545.
D o homem europeu estabelece duas tendências literárias no Quinhentismo: a literatura conformativa e a literatura
dominicana.
E a política das grandes navegações coíbe a busca pela conquista espiritual levada a efeito pela Igreja Católica.

Questão 20/33

Carta de Pero Vaz


A terra é mui graciosa,
Tão fértil eu nunca vi.
A gente vai passear,
No chão espeta um caniço,
No dia seguinte nasce
Bengala de castão1 de oiro.
Tem goiabas, melancias.
Banana que nem chuchu.
Quanto aos bichos, tem-nos
muitos.
De plumagens mui vistosas.
Tem macaco até demais.
Diamantes tem à vontade,
Esmeralda é para os trouxas.
Reforçai, Senhor, a arca.
Cruzados2 não faltarão,
Vossa perna encanareis3,
Salvo o devido respeito.
Ficarei muito saudoso
Se for embora d'aqui.
(Murilo Mendes)
1
castão - remate superior de uma bengala;
2
cruzado - antiga moeda portuguesa;
3
vossa perna encanareis - a expressão quer dizer que o rei "estava mal das pernas", isto é, sem dinheiro, "quebrado". As riquezas
do Brasil poderão tirá-lo dessa situação.
Assinale o fragmento que representa uma retomada modernista da carta de Pero Vaz de Caminha;

A "O Novo Mundo nos músculos / Sente a seiva do porvir." (Castro Alves)
B "Minha terra tem palmeiras, / Onde canta o sabiá"(Gonçalves Dias)
C "A terra é mui graciosa / Tão fértil eu nunca vi."(Murilo Mendes)

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D "Irás a divertir-te na floresta, / sustentada,Marília, no meu braço"(Tomás Antônio Gonzaga)


E "Irás a divertir-te na floresta, / sustentada,Marília, no meu braço"(Tomás Antônio Gonzaga)

Questão 21/33

A respeito do Quinhentismo no Brasil, marque (V) para verdadeiro ou (F) para falso e assinale a alternativa correta.
( ) A principal obra do período foi A moreninha, de Joaquim Manuel de Macedo, cuja temática era o índio brasileiro.
( ) Consta que o primeiro texto escrito no território do Brasil foi a Carta de Pero Vaz de Caminha, em que registra suas
impressões sobre a terra recém-descoberta.
( ) Entre as publicações daquela época, encontram-se cânticos religiosos, poemas dos jesuítas, textos descritivos, cartas,
relatos de viagem e mapas.
( ) A produção das obras escritas naquele período apresenta um caráter informativo, documentos que descreviam as
características do Brasil e eram enviados para a Europa.

A V, V, V, F.
B F, V, F, V.
C F, V, V, F.
D V, F, V, V.
E F, V, V, V.

Questão 22/33

Leia a estrofe abaixo e faça o que se pede:


Dos vícios já desligados
nos pajés não crendo mais,
nem suas danças rituais,
nem seus mágicos cuidados.
(ANCHIETA, José de. O auto de São Lourenço [tradução e adaptação de Walmir Ayala]Rio de Janeiro: Ediouro[s.d.]p. 110)

Assinale a afirmativa verdadeira, considerando a estrofe acima, pronunciada pelos meninos índios em procissão:

A Os meninos índios representam o processo de aculturação em sua concretude mais visível, como produto final de todo um
empreendimento do qual participaram com igual empenho a Coroa Portuguesa e a Companhia de Jesus.
B A presença dos meninos índios representa uma síntese perfeita e acabada daquilo que se convencionou chamar de literatura
informativa.
C Os meninos índios estão afirmando os valores de sua própria cultura, ao mencionar as danças rituais e as magias praticadas
pelos pajés.
D Os meninos índios são figura alegóricas cuja construção como personagens atende a todos os requintes da dramaturgia
renascentista.
E Os meninos índios representam a revolta dos nativos contra a catequese trazida pelos jesuítas, de quem querem libertar-se
tão logo seja possível.

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Questão 23/33

O movimento literário que retrata as manifestações literárias produzidas no Brasil à época de seu descobrimento, e durante o
século XVI, é conhecido como Quinhentismo ou Literatura de Informação.
Analise as proposições em relação a este período.
I. A produção literária no Brasil, no século XVI, era restrita às literaturas de viagens e jesuíticas de caráter religioso.
II. A obra literária jesuítica, relacionada às atividades catequéticas e pedagógicas, raramente assume um caráter apenas artístico.
O nome mais destacado é o do padre José de Anchieta.
III. O nome Quinhentismo está ligado a um referencial cronológico — as manifestações literárias no Brasil tiveram início em 1500,
época da colonização portuguesa — e não a um referencial estético.
IV. As produções literárias neste período prendem-se à literatura portuguesa, integrando o conjunto das chamadas literaturas de
viagens ultramarinas, e aos valores da cultura greco-latina.
V. As produções literárias deste período constituem um painel da vida dos anos iniciais do Brasil colônia, retratando os primeiros
contatos entre os europeus e a realidade da nova terra.
Assinale a alternativa correta.

A Somente as afirmativas I, IV e V são verdadeiras.


B Somente a afirmativa II é verdadeira.
C Somente as afirmativas I, II, III e V são verdadeiras.
D Somente as afirmativas III e IV são verdadeiras.
E Todas as afirmativas são verdadeiras.

Questão 24/33

Leia o soneto a seguir e marque a alternativa correta quanto à proposição apresentada.


Se amor não é qual é este sentimento?
Mas se é amor, por Deus, que cousa é a tal?
Se boa por que tem ação mortal?
Se má por que é tão doce o seu tormento?
Se eu ardo por querer por que o lamento
Se sem querer o lamentar que val?
Ó viva morte, ó deleitoso mal,
Tanto podes sem meu consentimento.
E se eu consinto sem razão pranteio.
A tão contrário vento em frágil barca,
Eu vou por alto-mar e sem governo.
É tão grave de error, de ciência é parca
Que eu mesmo não sei bem o que eu anseio
E tremo em pleno estio e ardo no inverno.
O artista do Classicismo, para revelar o que está no universo, adota uma visão

A Subjetiva.
B Idealista.
C Racionalista.
D Platônica.
E Negativa.

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Questão 25/33

A feição deles é serem pardos, um tanto avermelhados, de bons rostos e bons narizes, bem feitos. Andam nus, sem cobertura
alguma. Nem fazem mais caso de encobrir ou deixa de encobrir suas vergonhas do que de mostrar a cara. Acerca disso são de
grande inocência. Ambos traziam o beiço de baixo furado e metido nele um osso verdadeiro, de comprimento de uma mão
travessa, e da grossura de um fuso de algodão, agudo na ponta como um furador.
(Carta de Pero Vaz de Caminha. www.dominiopublico.com.br. Acesso em: 04.12. 2012.)

O trecho acima pertence a um dos primeiros escritos considerados como pertencentes à literatura brasileira. Do ponto de vista
da evolução histórica, trata-se de literatura

A de informação.
B de cordel.
C naturalista.
D ambientalista.
E árcade.

Questão 26/33

No período compreendido entre o descobrimento do Brasil e o ano de 1601, produziu-se, no Brasil a literatura informativa, cuja
temática está resumida na opção:

A a vida dos habitantes nativos.


B o perfil físico, étnico e cultural da nova terra.
C o modelo de catequese adotado pelos jesuítas.
D as aventuras do europeu descobridor.
E a política predatória de Portugal em relação ao Brasil.

Questão 27/33

Pero Vaz de Caminha, referindo-se aos indígenas escreveu:


“Eles não lavram nem criam. Não há aqui boi ou vaca, cabra, ovelha ou galinha, ou qualquer outro animal que esteja acostumado
ao convívio com o homem. E não comem senão deste inhame, de que aqui há muito, e dessas sementes e frutos que a terra e as
árvores de si deitam. E com isto andam tais e tão rijos e tão nédios que o não somos nós tanto, com quanto trigo e legumes
comemos.”
CASTRO, Silvio. A carta de Pero Vaz de Caminha. Porto Alegre: LPM, 1996.

“E naquilo sempre mais me convenço que são como aves ou animais montesinhos, aos quais faz o ar melhor pena e melhor cabelo
que aos mansos, porque os seus corpos são tão limpos, tão gordos e formosos, a não mais poder.” […] “Parece-me gente de tal
inocência que, se nós entendêssemos a sua fala e eles a nossa, seriam logo cristãos, visto que não têm nem entendem crença
alguma, segundo as aparências. E, portanto, se os degredados que aqui hão de ficar aprenderem bem a sua fala e eles a nossa,
não duvido que eles, segundo a santa tenção de Vossa Alteza, se farão cristãos e hão de crer na nossa santa fé, à qual praza a
Nosso Senhor que os traga, porque certamente esta gente é boa e de bela simplicidade. E imprimir-se-á facilmente neles todo e
qualquer cunho que lhes quiserem dar, uma vez que Nosso Senhor lhes deu bons corpos e bons rostos, como a homens bons. E o
fato de Ele nos haver até aqui trazido, creio que não o foi sem causa. E portanto, Vossa Alteza, que tanto deseja acrescentar à
santa fé católica, deve cuidar da salvação deles. E aprazerá Deus que com pouco trabalho seja assim.” […]
De acordo com o texto e seus conhecimentos, marque a alternativa correta:

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A Caminha, numa visão eurocentrista, exalta a cultura do “descobridor”, menosprezando todos os aspectos referentes ao modo
de vida dos nativos, por exemplo, a não exploração daqueles mamíferos placentários exóticos, citados na carta, introduzidos
no Brasil quando da colonização.
B Caminha realiza, através de farta adjetivação, descrições botânicas minuciosas acerca da flora da nova terra, destacando o
tipo de alimentação do europeu — rica em vitaminas e sais minerais — em contraposição à indígena, que é rica em lipídios.
C A religiosidade está presente ao longo do texto, quando se constata que o emissor, tendo em mente a conversão dos índios
à “santa fé católica” — pretensão dos europeus conquistadores —, ressalta positivamente a existência de crenças animistas
entre os nativos.
D Na carta de Pero Vaz de Caminha, que apresenta linguagem formal, por ser o rei português o destinatário, há forte
preocupação com aspectos da necessária conversão dos índios ao catolicismo, no contexto de crise religiosa na Europa.
E Ao realizar concomitantemente a narração e a descrição dos hábitos dos nativos, o remetente destaca informações não só do
habitat como dos usos e costumes indígenas, exaltando o cultivo das plantas de lavouras e dos pomares.

Questão 28/33

Assinale a incorreta:

A a literatura de viagens constitui valioso documento do Brasil-Colônia.


B na literatura de viagens encontramos informações sobre a natureza e o homem brasileiro.
C os primeiros escritos sobre o Brasil pertencem à categoria de literatura, uma vez que notamos neles preocupações estéticas.
D o mito ufanista é representado pelo louvor à terra fértil e a natureza como algo exuberante.
E nenhuma das anteriores.

Questão 29/33

A feição deles é serem pardos, um tanto avermelhados, de bons rostos e bons narizes, bem feitos. Andam nus, sem cobertura
alguma. Nem fazem mais caso de encobrir ou deixa de encobrir suas vergonhas do que de mostrar a cara. Acerca disso são de
grande inocência. Ambos traziam o beiço de baixo furado e metido nele um osso verdadeiro, de comprimento de uma mão
travessa, e da grossura de um fuso de algodão, agudo na ponta como um furador.
(Carta de Pero Vaz de Caminha. www.dominiopublico.com.br. Acesso em: 04.12. 2012.)

O trecho acima pertence a um dos primeiros escritos considerados como pertencentes à literatura brasileira. Do ponto de vista
da evolução histórica, trata-se de literatura

A de informação.
B de cordel.
C naturalista.
D ambientalista.
E árcade.

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Questão 30/33

Leia um trecho do poema Ilha da Maré, do escritor brasileiro Manuel Botelho de Oliveira.
E, tratando das próprias, os coqueiros,
galhardos e frondosos
criam cocos gostosos;
e andou tão liberal a natureza
que lhes deu por grandeza,
não só para bebida, mas sustento,
o néctar doce, o cândido alimento.
De várias cores são os cajus belos,
uns são vermelhos, outros amarelos,
e como vários são nas várias cores,
também se mostram vários nos sabores;
e criam a castanha,
que é melhor que a de França, Itália, Espanha.
(COHN, Sergio. Poesia.br Rio de Janeiro: Azougue, 2012.)

Podemos relacionar os versos desse poema ao Quinhentismo Nacional, pois

A o eu lírico repudia a presença de colonizadores portugueses em nossa terra.


B a fauna e a flora tropicais são descritas de maneira minuciosa e idealizada.
C o poeta enriqueceu devido à exportação de produtos brasileiros para a metrópole.
D a exuberância e a diversidade da natureza tropical são exaltadas pelo poeta.
E a natureza farta e bela é o cenário onde ocorrem os encontros amorosos do eu lírico.

Questão 31/33

Murilo Mendes, em um de seus poemas, dialoga com a Carta, de Pero Vaz de Caminha:
A terra é mui graciosa
Tão fértil nunca vi.
A gente espeta um caniço,
No dia seguinte nasce
Bengala de castão de oiro.
Tem goiabas, melancias,
Banana que nem chuchu.
Quanto aos bichos, tem-nos muito.
De plumagens mui vistosas.
Tem macaco até demais
Diamantes tem à vontade
Esmeralda é para os trouxas.
Reforçai, Senhor, a arca,
Cruzados não faltarão,
Vossa perna encanareis
Salvo o devido respeito.
Ficarei muito saudoso
Se for embora daqui.
(MENDES, Murilo – Poesia completa e prosa. RJ: Nova Aguilar, 1994)

Arcaísmos e termos coloquiais misturam-se nesse poema, criando um efeito de contraste, como ocorre em:

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A a terra é mui graciosa / tem macacos até demais;


B salvo o devido respeito / ficarei muito saudoso;
C a gente vai passear / ficarei muito saudoso;
D de plumagens mui vistosas / bengala de castão de oiro;
E no chão espeta um caniço / diamantes tem à vontade;

Questão 32/33

ECKHOUT, A. Índio Tapuia” (1610-1666). Disponível em: http://www.diaadia.pr.gov.br. Acesso em: 9: jul. 2009.

A feição deles é serem pardos, maneira d’avermelhados, de bons rostos e bons narizes, bem feitos. Andam nus, sem nenhuma
cobertura, nem estimam nenhuma cousa cobrir, nem mostrar suas vergonhas. E estão acerca disso com tanta inocência como têm
em mostrar o rosto.
CAMINHA, P. V. A carta. Disponível em: www.dominiopublico.gov.br. Acesso em: 12 ago. 2009

Ao se estabelecer uma relação entre a obra de Eckhout e o trecho do texto de Caminha, conclui-se que

A ambos se identificam pelas características estéticas marcantes, como tristeza e melancolia, do movimento romântico das
artes plásticas.
B o artista, na pintura, foi fi el ao seu objeto, representando-o de maneira realista, ao passo que o texto é apenas fantasioso.
C a pintura e o texto têm uma característica em comum, que é representar o habitante das terras que sofreriam processo
colonizador.
D o texto e a pintura são baseados no contraste entre a cultura europeia e a cultura indígena.
E há forte direcionamento religioso no texto e na pintura, uma vez que o índio representado é objeto da catequização jesuítica.

Questão 33/33

São características da poesia do Padre José de Anchieta:

A a temática, visando a ensinar os jovens jesuítas chegados ao Brasil.


B linguagem cômica, visando a divertir os índios; expressão em versos decassílabos, como a dos poetas clássicos do século
XVI.
C temas vários, desenvolvidos sem qualquer preocupação pedagógica ou catequética.
D função pedagógica; temática religiosa; expressão em redondilhas, o que permitia que fossem cantadas ou recitadas
facilmente.

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Gabarito

1 A B C D E 31 A B C D E

2 A B C D E 32 A B C D E

3 A B C D E 33 A B C D

4 A B C D E

5 A B C D E

6 A B C D E

7 A B C D E

8 A B C D E

9 A B C D E

10 A B C D E

11 A B C D E

12 A B C D E

13 A B C D E

14 A B C D E

15 A B C D E

16 A B C D E

17 A B C D E

18 A B C D E

19 A B C D E

20 A B C D E

21 A B C D E

22 A B C D E

23 A B C D E

24 A B C D E

25 A B C D E

26 A B C D E

27 A B C D E

28 A B C D E

29 A B C D E

30 A B C D E

20

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