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UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS/CAMPUS DO SERTÃO

CURSO DE ENGENHARIA CIVIL

DEMERSON DA SILVA BARROS


MELYSSA SOUSA DE LAVOR

DISCIPLINA: LABORATÓRIO DE MATERIAIS


ATIVIDADE: RELATÓRIO
PROFESSORA: MELYNA DE ALMEIDA LAMENHA
SEMESTRE LETIVO: 2017.2

Delmiro Gouveia
2018
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ENSAIO DE ACEITAÇÃO DE BLOCOS CERÂMICOS

1. INTRODUÇÃO E FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA


Os blocos cerâmicos constituem alvenarias externas ou internas que, quando têm
apenas a função de suportar seu peso próprio, são considerados como sendo de
vedação; e quando além do peso próprio podem receber carregamentos externos,
atuam com função estrutural – como é o caso do bloco estrutural.

Os blocos cerâmicos de vedação podem conter de furos na horizontal ou vertical,


e têm suas dimensões definidas conforme ilustrado nas Figuras 1 e 2.

FIGURA 1 – Bloco cerâmico de vedação com FIGURA 1 – Bloco cerâmico de vedação com
furos na horizontal. (Fonte: NBR 15270-1) furos na vertical. (Fonte: NBR 15270-1)

Seguem abaixo elencadas algumas definições da NBR 15270-1 úteis para o


desenvolvimento deste ensaio:

 Corpo de prova: Exemplar do bloco principal, integrante da amostra, a ser


utilizado no ensaio.
Desvio em relação ao esquadro (D): Ângulo que resulta do encontro entre o
plano de assentamento do bloco e sua face. É medido pela distância D (ver
Figura 3).

FIGURA 3 - Medidas dos desvios em relação ao esquadro de um bloco de vedação. (Fonte: NBR
15270-1)
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 Dimensões de fabricação: Altura (H), largura (L) e comprimento (C)


correspondentes a múltiplos e submúltiplos do módulo dimensional M menos
1cm, que identificam um bloco.

 Dimensões efetivas: Dimensões dos blocos obtidos segundo a ABNT NBR


15270-3.

 Módulo dimensional: Considera-se o módulo dimensional como sendo


M=10cm. É possível também utilizar os submódulos M/2 ou M/4.

 Parede externa do bloco: Lâmina externa do bloco.

 Planeza das faces ou flecha (F): Concavidades ou convexidades que se


manifestam nas faces dos blocos. É medida através da distância (F) ilustrada
na Figura 4.

 Septo: Elemento laminar que divide os furos do bloco.

FIGURA 4 – Planeza das faces ou flecha (F). (Fonte: NBR 15270-1)

Para que os blocos sejam recebidos na obra, é necessário que atendam aos
seguintes requisitos:

I. IDENTIFICAÇÃO: O bloco cerâmico de vedação deve conter em uma das


suas faces externas, identificação do fabricante e do bloco, em baixo relevo
ou reentrância, tendo seus caracteres um valor mínimo de 5 mm de altura,
sem que seu uso seja prejudicado. O mínimo que deve constar nesta
identificação é: a) identificação da empresa; b) dimensões de fabricação em
centímetros, na sequência largura (L), altura (H) e comprimento (C). O não
atendimento da identificação em qualquer corpo de prova é suficiente para a
rejeição do lote.
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II. CARACTERÍSTICAS VISUAIS: O bloco cerâmico não pode apresentar


anomalias sistemáticas (quebras, superfícies irregulares ou deformações) que
impeçam seu perfeito funcionamento. As características visuais do bloco
precisam atender aos critérios de avaliação da aparência especificados. Nas
situações em que há rejeição do lote decorrente de características visuais, se
o acordo entre fabricante e comprador permitir, pode-se proceder uma
inspeção de todos os blocos do lote, comprometendo-se o fabricante a repor
todos os blocos não-conformes.

III. CARACTERÍSTICAS GEOMÉTRICAS: a) medidas das faces – as dimensões


efetivas devem ser menores que a tolerância individual de ±5mm das medidas
de fabricação, e a média das medidas da amostra ±3 mm; b) espessura dos
septos (≥ 6 mm) e paredes externas dos blocos (≥ 7 mm); c) desvio em
relação ao esquadro (D ≤ 3 mm) e d) planeza das faces (F ≤ 3 mm).

IV. CARACTERÍSTICAS FÍSICAS: a) massa seca (ms) e b) índice de absorção


d’água (8% ≤ AA ≤ 22%).

V. CARACTERÍSTICA MECÂNICA: A característica mecânica dos blocos


cerâmicos de vedação é a resistência à compressão individual (fb). Seus
limites mínimos estão apresentados no Quadro 1.

Posição dos furos Fb (Mpa)

Para blocos usados com furos na


horizontal. (Figura 1) ≥1,5

Para blocos usados com furos na


vertical. (Figura 2) ≥3,0
QUADRO 1 – Resistência à compressão individual. (Fonte: NBR 15270)

1.1. Normas pertinentes


Para a realização deste ensaio foi considerada a Norma Brasileira
Regulamentadora de número 1520/2003 – da Associação Brasileira de Normas
Técnicas, que se subdivide em três partes, das quais apenas duas foram úteis a
este trabalho:

- ABNT NBR 15270 - 1:2005 – Componentes cerâmicos – Parte 1: Blocos cerâmicos


para alvenaria de vedação – Terminologia e requisitos.
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- ABNT NBR 15270 - 3:2005 – Componentes cerâmicos – Parte 3: Blocos cerâmicos


para alvenaria estrutural e de vedação – Métodos de ensaio.

2. OBJETIVO
Analisar a conformidade de 13 blocos cerâmicos de vedação em relação às
especificações estabelecidas pela norma ABNT NBR 15270-1/05, seguindo os
métodos de ensaio contidos na NBR 15270-3/05.

3. MATERIAL UTILIZADO
o Amostragem simples de 13 blocos cerâmicos de vedação;

o Balança;

o Paquímetro;

o Régua Milimétrica de 30 cm (precisão 0,5mm);

o Esquadro metálico;

o Superfície plana.

4. PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL
Os ensaios de recebimento constantes na NBR 15270 são organizados em dois
grupos: Inspeção Geral e Inspeção por Ensaios. A realização dessas inspeções se
deu da seguinte forma:

4.1. INSPEÇÃO GERAL

4.1.1. Identificação
Com o lote em mãos, os 13 blocos da amostra são separados e identificados com
números de 1 a 13. Feito isso, observa-se a presença ou não da identificação
conforme especificada em norma. Se pelo menos um dos corpos de prova não
estiverem conforme a norma, o lote pode ser rejeitado em obra.

4.1.2. Características Visuais


Nesta etapa, são observadas as características visuais dos 13 blocos, um a um.
Se percebida a existência de trincas, quebras ou superfícies irregulares que
comprometam o seu uso, determina-se o bloco como fora de norma.

Concluída a inspeção geral, prossegue-se para a inspeção por ensaios.


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4.2. INSPEÇÃO POR ENSAIOS

4.2.1. Características Geométricas


Os ensaios devem ser realizados sobre uma superfície plana e indeformável.

a) Medida das faces

Os valores de altura (H), largura (L) e comprimento (C) devem ser obtidos a partir
da média das leituras feitas nos pontos expressos na Figura 5.

FIGURA 5 – Locais para leitura das dimensões do bloco (H, L e C). (Fonte: NBR 15270)

b) Espessura dos septos e das paredes externas

As paredes externas devem ter suas espessuras medidas com auxílio do


paquímetro digital nos pontos indicados na Figura 6, localizando o ponto em que a
parede possui a menor espessura, sendo determinada pela média de quatro
medições. O processo é o mesmo para os septos, sendo realizada a medida em
suas regiões centrais fazendo uso de no mínimo quatro medições, buscando os
septos de menor espessura.

FIGURA 5 – Locais para medição dos septos e paredes externas. (Fonte: NBR 15270)
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c) Desvio em relação ao esquadro

Deve ser medido entre uma das faces de assentamento e a maior face de
revestimento. Para esta medição, é necessário o uso do paquímetro e do esquadro
metálico, conforme ilustrado na Figura 3.

d) Planeza das faces ou flecha (F)

Para determinar a planeza de uma das faces de revestimento, utiliza-se o


esquadro e o paquímetro na flecha diagonal, conforme mostrado na Figura 4,
sempre no ponto onde a distância é maior.

4.2.2. Índice de Absorção de Água – AA(%)


a) Determinação da massa seca

É preciso separar uma amostra de 6 blocos cerâmicos, identificá-los, remover seus


excessos e limpá-los. Feito isso, deixá-los secar por no mínimo 24 horas. Para a
secagem, utiliza-se uma estufa com temperatura ajustável a (105 ± 5)ºC. Concluída
a secagem, é realizada a pesagem dos blocos, obtendo-se assim a massa seca (𝑚𝑠 )
dos mesmos.

b) Determinação da massa úmida

Submetem-se os blocos à imersão na água por pelo menos 24 horas. Retirados


da água, os blocos devem ser levemente secos para retirar o excesso de água. Feito
isso, realiza-se a pesagem obtendo a massa úmida.

c) Determinação do Índice de Absorção de Água (AA)

O índice de absorção de água (AA) de cada bloco é determinado pela expressão:

𝑚𝑢 × 𝑚𝑠
𝐴𝐴(%) = × 100
𝑚𝑠

onde 𝑚𝑢 e 𝑚𝑠 representam a massa úmida e a massa seca de cada corpo de prova,


respectivamente, expressas em gramas.

4.2.3. Resistência à compressão individual


Não foram realizados ensaios desta característica mecânica.
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5. RESULTADOS E DISCUSSÕES
Nas inspeções gerais, foram identificados em diversos blocos cerâmicos a
existência de rachaduras e quebras, além de outras irregularidades que podem
comprometer o seu uso. Os resultados da identificação e características visuais
seguem abaixo apresentados.

1 IDENTIFICAÇÃO
BLOCO SITUAÇÃO

1 NÃO CONFORME
2 NÃO CONFORME
3 NÃO CONFORME
4 NÃO CONFORME
5 NÃO CONFORME
6 NÃO CONFORME
7 NÃO CONFORME
8 NÃO CONFORME
9 NÃO CONFORME
10 NÃO CONFORME
11 NÃO CONFORME
12 NÃO CONFORME
13 NÃO CONFORME
UNC*
TABELA 1 – Resultados obtidos na Identificação. (Fonte: Autores)

2 CARACTERÍSTICAS VISUAIS
BLOCO 1ª AMOSTRA

1 CONFORME
2 CONFORME
3 NÃO CONFORME
4 NÃO CONFORME
5 NÃO CONFORME
6 NÃO CONFORME
7 NÃO CONFORME
8 NÃO CONFORME
9 NÃO CONFORME
10 CONFORME
11 NÃO CONFORME
12 NÃO CONFORME
13 CONFORME
UNC*
TABELA 2 – Resultados obtidos nas Características Visuais. (Fonte: Autores)

Já nas inspeções por ensaios, os resultados observados foram os seguintes:


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a) Medidas das faces:

3 MEDIDAS DAS FACES


BLOCO Nº LARGURA (mm) ALTURA (mm) COMPRIMENTO (mm)
L1 L2 L3 H1 H2 H3 C1 C2 C3
1 8,9 8,9 8,9 18,6 18,6 18,6 18,8 19,2 19,05
2 9,1 9,1 9,1 18,8 18,9 18,55 19,2 19,0 19,1
3 9,0 9,1 9,05 18,85 19,10 18,975 18,9 18,7 18,8
4 9,0 8,9 8,25 18,90 18,70 18,80 19,0 19,1 19,05
5 9,0 8,9 8,65 18,60 18,70 18,65 19,0 19,1 19,05
6 8,8 8,95 8,875 18,85 18,70 18,775 19,1 18,8 18,95
7 8,7 8,8 8,75 18,60 18,70 18,65 18,6 18,8 18,7
8 8,9 8,9 8,9 18,70 18,75 18,725 18,9 18,9 18,8
9 8,95 8,9 8,925 18,75 18,75 18,75 19,1 18,7 18,9
10 8,6 8,8 8,7 18,80 18,80 18,80 19,1 18,9 19,0
11 8,9 8,9 8,9 18,80 18,75 18,775 19,100 19,04 19,07
12 8,9 8,9 8,9 18,75 18,80 18,775 18,7 18,6 18,65
13 8,8 8,9 8,45 18,60 19,10 18,85 18,6 18,7 18,75
UNIDADES NÃO CONFORMES - -
MÉDIA DAS DIMENSÕES - -
TABELA 3 – Medidas das faces dos blocos. (Fonte: Autores)

b) Espessura dos septos e das paredes externas

4 PAREDES E SEPTOS
BLOCO PAREDES LONGITUDINAIS (mm) SEPTOS (mm)

e1 e2 e3 e4 e1 e2
1 0,9 0,9 1 0,9 0,8 1
2 1 0,8 0,8 1,1 0,9 1
3 1,3 1 1 0,9 0,8 1
4 1 0,9 1 0,9 0,9 1,1
5 1 0,9 0,9 0,8 1 0,7
6 0,9 1,1 1,1 0,9 0,9 1
7 0,7 0,8 1 0,8 0,8 1
8 1 1,2 1,1 1,1 1 1,2
9 0,8 0,9 0,8 1,2 0,9 0,9
10 0,8 1,1 1,1 1,1 1,1 0,8
11 0,7 0,9 0,7 0,9 1,1 0,7
12 1 0,8 1 0,8 0,8 1
13 1 0,8 1 0,8 1 0,9
UNC*
TABELA 4 – Septos e paredes externas. (Fonte: Autores).
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c) Desvio em relação ao esquadro (D)

5 DESVIO EM RELAÇÃO
AO ESQUADRO
BLOCO Nº DESVIO (mm)

1 0,2
2 -
3 0,5
4 -
5 0,1
6 0,2
7 -
8 -
9 0,1
10 -
11 0,2
12 0,5
13 -
TABELA 5 – Desvio em relação ao esquadro. (Fonte: Autores)

d) Planeza das faces ou flecha (F)

6 PLANEZA DAS FACES

BLOCO Nº FLECHA (mm)

1 0,2
2 -
3 0,4
4 -
5 -
6 -
7 0,1
8 -
9 -
10 -
11 0,1
12 0,2
13 -
TABELA 6 – Planeza das faces. (Fonte: Autores).
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e) Índice de absorção de água e massa úmida e seca.

7 MASSA SECA E INDICE DE ABSORÇÃO

BLOCO MASSA SECA MASSA UMIDA INDICE DE


Nº (kg) (kg) ABSORÇÃO
(%)
1 1,793 2,032 13,33%
2 1,731 1,970 13,81%
3 1,742 1,968 12,97%
4 1,786 2,026 13,44%
5 1,802 1,953 8,38%
6 1,842 2,074 12,60%
MEDIA 12,42%
TABELA 7 – Índice de absorção de água e massa úmida e seca. (Fonte: Autores)

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A partir dos ensaios realizados foi possível observar que a amostra de blocos
cerâmicos em questão apresentou maiores índices de irregularidades nas inspeções
gerais, não tendo nenhum deles apresentado a identificação mínima prevista pela
NBR 15270. A maioria dos corpos de prova também apresentou-se incoerente no
que se refere às características visuais.

Os blocos cerâmicos estudados foram do tipo 9x19x19. Suas dimensões medidas


no laboratório encontraram-se numa faixa aceitável de variação, bem como as
espessuras dos septos e paredes externas. No caso dos desvios em relação ao
esquadro e à planeza das faces, houve pouquíssima irregularidade.

Por fim, os índices de absorção de água e as massas úmida e seca apresentaram-


se dentro do permitido pela NBR 15270.
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REFERÊNCIAS

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS – ABNT. Componentes


cerâmicos – Parte 1 – Blocos cerâmicos para Alvenaria de Vedação – Terminologia
e Requisitos. Rio de Janeiro. ABNT, 2005a. (NBR 15270-1)

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS – ABNT. Componentes


cerâmicos – Parte 1 – Blocos cerâmicos para Alvenaria Estrutural e de Vedação –
Método de Ensaio. Rio de Janeiro. ABNT, 2005c. (NBR 15270-3)

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