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ANO LIV | N º 613 | MARÇO 2013 | A DAR /N ISSAN 5773

Pessach na linha do tempo


HEBRAICA
3
| MAR | 2013

palavra do presidente

Educação judaica
e formação da família
Desde quando assumimos a presidência da Hebraica, a nossa principal atenção es- NOS
tava voltada para a educação e formação judaica das nossas crianças. Com a Esco- PRÓXIMOS DIAS
la Antonietta e Leon Feffer (Alef), aumentamos sensivelmente a frequência do clube RECEBEREMOS
com crianças e jovens no período mais importante da vida. NA HEBRAICA O
Também cresceram as atividades extracurriculares como Escola de Esportes, After EMINENTE RABINO
School, Ateliê Hebraica, além das diversas atividades esportivas, permitindo e viabi- JONATHAN
lizando a permanência delas durante grande parte do dia, com segurança e, princi- SACKS, NOMEADO
palmente, em um ambiente judaico, de modo a que em todas as atividades transmi- “LORD”
timos um pouco dos nossos valores e tradições. PELA RAINHA
Nos próximos dias receberemos na Hebraica o eminente rabino Jonathan Sacks, no- ELIZABETH II DA
meado “lord” pela rainha Elizabeth II da Inglaterra e ex-rabino-chefe da Grã-Bretanha. INGLATERRA E EX-
Como parte do roteiro oficial no Brasil insistiu em conhecer o nosso clube, onde está RABINO-CHEFE DA
prevista uma palestra dirigida aos educadores da nossa comunidade, e lançará o seu GRÃ-BRETANHA.
mais novo livro A Dignidade da Diferença, editado pela Sêfer, e cuja leitura recomendo. COMO PARTE
Aqui ele poderá constatar o vigor do trabalho comunitário, tema de vários dos seus DO ROTEIRO
livros, traduzidos em várias línguas e best-seller em muitos países. Teremos o maior OFICIAL NO
orgulho em mostrar o que a Hebraica tem feito em relação à educação e à transmis- BRASIL INSISTIU
são dos nossos mais caros valores morais e éticos, principalmente aqueles que se re- EM CONHECER
ferem ao respeito ao outro e ao diferente a quem devemos bem receber e acolher. O NOSSO CLUBE,
Vamos levá-lo à Escola Antonieta e Leon Feffer que, no primeiro ano funcionando na ONDE ESTÁ
Hebraica, recebeu mais de 160 novas matrículas sendo que pelo menos 80% dessas PREVISTA UMA
crianças eram antes alunos de escolas não judaicas. PALESTRA DIRIGIDA
Na Hebraica, todos os locais e todos os momentos são propícios para viver o juda- AOS EDUCADORES
ísmo, como nas comemorações de Purim, por exemplo, com três grandes eventos, DA NOSSA
para crianças, jovens e adultos. COMUNIDADE
Estou convencido de que, ao retornar à Grã-Bretanha, o rabino Jonathan Sacks vai
levar do Brasil a certeza de que, muito mais do que um clube, a Hebraica é um ver-
dadeiro centro comunitário, de que aqui se pratica a liberdade do judaísmo e aqui se
preservam e se cultuam os seus valores.

Baruch Habá
Shalom
Abramo Douek
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HEBRAICA | MAR | 2013 HEBRAICA
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| MAR | 2013

sumário 14 6
Carta da Redação

8
Destaques
do Guia
A programação de
março e abril

10
Visita
O rabino lord
Jonathan Sacks
vem à Hebraica
em março
28
Coluna um /
comunidade
Os eventos mais
significativos
na cidade

34
Fotos e fatos
Os destaques do
mês na Hebraica e
na comunidade

39
40

juventude
14
Capa / Hebraica 40
60 anos Adventure 52 74 92 107
Em 1968, a Bonito (MS) abriu o Master Ciência Literatura diretoria
Hebraica realizava roteiro de viagens São 21 anos de boa O que prometem Nachman Bialik,
o seu primeiro em 2013 forma, amizade e os avanços da poeta nacional e 108
Seder coletivo diversão nanotecnologia de criador de cultura Concessões
42 Israel? Spa ganha outro
20 Dança 54 96 layout, conceito e
Volta às aulas Grupo Carmel Vôlei 78 Lançamento direção
Mudanças de realizou Modalidade investe Documentário 1 As ligações entre
horário aumentam apresentações nas categorias de Filme sobre o Shin a Filarmônica de 110
procura por nos EUA base Bet é indicado ao Berlim e o III Reich Lista da Diretoria
serviços Oscar Saiba quem são os
44 55 98 seus representantes
After School Fotos e fatos Leituras no Executivo
25 Tudo sobre o As imagens 84 Os destaques do
cultural + curso de tradição e emocionantes do Cinema mês no mercado 128
costumes judaicos esporte A repercussão de das ideias Lista do Conselho
social Lincoln, o mais Veja a lista
novo filme de 100 completa de
26 47 59 Spielberg Música conselheiros,
Tu B’Shvat esportes magazine Onze lançamentos cargos e comissões
O ano novo das 88 imperdíveis, do
árvores abriu 48 60 A palavra popular ao erudito 130
42 calendário de Macabíada Eleições A versátil Nebech Conselho
festas Já começaram os israelenses e seus múltiplos O conselheiro Ari
preparativos para Decifre o enigma significados 104 Friedenbach na
27 o grande evento da formação da Ensaio Câmara Municipal
Meio-Dia em julho coalizão do novo 90 O abuso de
Danças e ritmos governo 10 notícias substâncias
gregos agitaram 50 Os destaques psicoativas – lícitas
domingo de Polo 72 do noticiário de e ilícitas
fevereiro As aventuras dos Religião Israel pelo nosso
nossos atletas Editora israelense correspondente
no mundial da lança Talmud-
Austrália Steinsaltz em APP
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HEBRAICA | MAR | 2013

carta da redação

ANO LIV | Nº 613 | MARÇO 2013 | ADAR/NISSAN 5773

DIRETOR-FUNDADOR SAUL SHNAIDER (Z’l)


PUBLISHER FLAVIO MENDES BITELMAN

DIRETOR DE REDAÇÃO BERNARDO LERER


EDITOR-ASSISTENTE JULIO NOBRE

Pessach na capa SECRETÁRIA DE REDAÇÃO MAGALI BOGUCHWAL


REPORTAGEM TANIA PLAPLER TARANDACH
TRADUÇÃO ELLEN CORDEIRO DE REZENDE

Ao preparar a pauta desta edição, sabíamos que o assunto de capa de- FOTOGRAFIA BENJAMIN STEINER (EDITOR)
FLÁVIO M. SANTOS
veria ser algo relativo a Pessach. Magali Boguchwal deu a solução: como
neste ano a Hebraica se torna sexagenária, vamos contar como o clube DIREÇÃO DE ARTE JOSÉ VALTER LOPES
celebrou Pessach e a feliz ideia de criar o Segundo Seder de modo a trans-
EDITORAÇÃO HÉLEN MESSIAS LOPES
formar a sede em cenário de um seder coletivo e familiar. Ela mesma saiu ALEX SANDRO M. LOPES
a campo para escrever a reportagem e, para isso, se valeu das preciosas
ILUSTRAÇÃO CAPA MARCELO CIPIS
informações do chazan Gerson Herszkowicz. Daí foi só pedir ao artista
gráfico Marcelo Cipis uma solução para ilustrar o tema na capa da revista. EDITORA DUVALE RUA JERICÓ, 255, 9º - CONJ. 95
E o resultado é esse que os leitores têm à mão. E-MAIL DUVALE@TERRA.COM.BR
CEP: 05435-040
No “Magazine”, um vasto material a respeito das recentes eleições em Is- - SÃO PAULO - SP
rael tratando do surgimento da nova estrela Yair Lapid, do voto da comu-
nidade LGTB, do combate que os ultrarreligiosos preparam e do compor- DIRETOR PAULO SOARES DO VALLE
ADMINISTRAÇÃO CARMELA SORRENTINO
tamento eleitoral dos assentados sempre ajudados pelo governo. Tam- ARTE PUBLICITÁRIA RODRIGO SOARES DO VALLE
bém uma reportagem a respeito dos 140 anos do nascimento do poeta e DEPTO. COMERCIAL SÔNIA LÉA SHNAIDER
PRODUÇÃO PREVAL PRODUÇÕES
escritor Chaim Nachman Bialik, a possibilidade de “baixar” o Talmud no IMPRESSÃO E ACABAMENTO IBEP GRÁFICA
celular, o documentário acerca dos diretores do Shin Bet e concorrente AV. ALEXANDRE MACKENZIE, 619

ao Oscar do gênero, um comentário ao respeito do filme Lincoln e seu di- JAGUARÉ – SP


PUBLICIDADE TEL./FAX: 3814.4629
retor Steven Spielberg e a condição da Filarmônica de Berlim como “a or- 3815.9159
questra do Reich”, maestros e músicos antissemitas. E-MAIL DUVALE@TERRA.COM.BR

Boa leitura – Bernardo Lerer – Diretor de Redação


JORNALISTA RESPONSÁVEL BERNARDO LERER MTB 7700

OS CONCEITOS EMITIDOS NOS ARTIGOS ASSINADOS SÃO DE


INTEIRA RESPONSABILIDADE DOS SEUS AUTORES, NÃO RE-
PRESENTADO, NECESSARIAMENTE, A OPINIÃO DE DIRETORIA
DA HEBRAICA OU DE SEUS ASSOCIADOS.
calendário judaico :: festas A HEBRAICA É UMA PUBLICAÇÃO MENSAL DA ASSOCIAÇÃO
BRASILEIRA“A HEBRAICA” DE SÃO PAULO RUA HUNGRIA,
1.000, PABX: 3818.8800
MARÇO 2013 ABRIL 2013
Adar | Nissan 5773 Nissan | Yar 5773 EX-PRESIDENTES LEON FEFFER (Z’l)
- 1953 - 1959 | ISAAC FIS-
CHER (Z’l) - 1960 - 1963 | MAURÍCIO GRINBERG (Z’l) - 1964
dom seg ter qua qui sex sáb dom seg ter qua qui sex sáb
- 1967 | JACOB KAUFFMAN (Z’l) - 1968 - 1969 | NAUM ROTEN-
1 2 1 2 3 4 5 6 BERG - 1970 - 1972 | 1976 - 1978 | BEIREL ZUKERMAN - 1973 -

3 4 5 6 7 8 9 7 8 9 10 11 12 13 1975 | HENRIQUE BOBROW - 1979 - 1981 | MARCOS ARBAITMAN


10 11 12 13 14 15 16 14 15 16 17 18 19 20 - 1982 - 1984 | 1988 - 1990 | 1994 - 1996 | IRION JAKO-
17 18 19 20 21 22 23 21 22 23 24 25 26 27 BOWICZ (Z’l) - 1985 - 1987 | JACK LEON TERPINS - 1991 - 1993
24
31
25 26 27 28 29 30 28 29 30 | SAMSÃO WOILER - 1997 - 1999 | HÉLIO BOBROW - 2000 -
2002 | ARTHUR ROTENBERG - 2003 - 2005 | 2009 - 2011 |
25/3 – Pessach, primeiro Seder 2/4 – Pessach, oitavo dia – Yizkor PETER T. G. WEISS - 2006 - 2008 | PRESIDENTE ABRAMO DOUEK
26/3 – Pessach, segundo Seder

Fale com a Hebraica REVISTA@HEBRAICA.ORG.BR


PARA FALAR COM A PRESIDÊNCIA OUVIDORIA
PARA COMENTÁRIOS, SUGESTÕES, MUDANÇA DE ENDEREÇO OU PRESIDENCIA@HEBRAICA.ORG.BR OUVIDORIA@HEBRAICA.ORG.BR PARA ANUNCIAR
CRÍTICAS DA REVISTA DÚVIDAS DE ENTREGA DA REVISTA 3814.4629 / 3815.9159
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HEBRAICA | MAR | 2013

por Raquel Machado

destaques do guia

MARÇO SERÁ O MÊS EM QUE


CELEBRAREMOS O PESSACH COM
NOSSAS FESTAS TRADICIONAIS E VAMOS
RECEBER COM MUITA HONRA A VISITA
DO RABINO LORD JONATHAN SACKS
PARA UMA CONVERSA EMOCIONANTE.
TAMBÉM TEREMOS O TORNEIO DE
TÊNIS EM HOMENAGEM AO DIA
INTERNACIONAL DA MULHER, O
PRIMEIRO WORKSHOP DE CORRIDA DA
HEBRAICA, NOVIDADES NO TEATRO DA
JUVENTUDE E MUITO MAIS! VENHA CELEBRAR O PESSACH NA HEBRAICA

cultura + social juventude Horários do ônibus

10/3 13 e 14/4 • Terça a sexta-feira


Visita do Rabino Lord Adventure: Curso de Mergulho Saídas Hebraica
Jonathan Sacks a Hebraica o dia inteiro, na piscina coberta 11h15 , 14h15, 16h45, 17h, 18h20 e 18h30
domingo, 10h Saída Avenida Angélica
26 a 28/4 9h, 12h, 15h, 17h30 e 17h45
26/3 Adventure
2º Seder de Pessach Curso de Mergulho em Parati • Sábados, domingos e feriados
às 19h30, no Espaço Adolpho Bloch Saídas Hebraica –10h30, 11h30, 14h30,
16h45, 17h, 18h20 e 18h30

esportes Saídas Avenida Angélica


9h, 11h, 12h, 15h , 16h15, 17h30 e 17h45
2/3 9/3
1o Workshop de Corrida Hebraica/ Torneio de Tenis em Homenagem ao • Linha Bom Retiro/Hebraica
Run & Fun Dia Internacional da Mulher Saída Bom Retiro – 9h, 10h
Das 9h às 11h, na Pista de coopper a partir das 8h, nas quadras 1, 2, 9 e 10 Saída Hebraica – 13h45, 18h30
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HEBRAICA | MAR | 2013

visita | por Bernardo Lerer

O rabino lord Jonathan Sacks vai


proferir uma palestra e cuja pla-
teia será formada principalmente por
professores e educadores comunitários.

Rabino Jonathan Sacks A visita dele consta do roteiro oficial de


três dias no Brasil – de 8 a 11 de março
– de onde segue para a Argentina.

na Hebraica Sacks é interlocutor frequente da


rainha Elizabeth II que o nomeou pri-
meiro sir e depois lord, possibilitando,
portanto, a que participe das reuniões
O RABINO LORD JONATHAN SACKS QUERIA CONHECER UM CENTRO da Câmara dos Lordes da Grã-Breta-
COMUNITÁRIO JUDAICO E, POR ISSO, VISITARÁ A HEBRAICA DIA nha. Ele é autor de dezenas de livros e
10 DE MANHÃ. VAI PERCORRER AS PRINCIPAIS INSTALAÇÕES DO CLUBE EM se tornou conhecido e famoso por tra-
COMPANHIA DOS DIRETORES E DO PRESIDENTE ABRAMO DOUEK – QUE O tar dos assuntos espirituais nos quais
SAUDARÁ NO TEATRO ANNE FRANK encontra justificativas, explicações e
significados éticos e morais para e a
partir de fatos, casos e eventos con-
temporâneos.
No Brasil ele vai lançar três livros,
entre os quais A Dignidade da Diferen-
ça – Como Evitar o Choque de Civili-
zações, em edição revista, ampliada e
melhorada do livro originalmente lan-
çado em 2001 e que faz um apelo em
favor da tolerância em uma era de ra-
dicalismos.
Sacks sugere que precisamos apren-
der a arte de dialogar da qual emerge
a verdade, não como nos diálogos so-
cráticos, desmentindo a falsidade, mas
de modo bem diferente, para o mundo
ser enriquecido pela presença de ou-
tros que pensam, agem e interpretam
a realidade de maneira radicalmente
oposta.
Outro livro é Do Otimismo à Espe-
rança – Coletânea de Pensamentos
do Dia a Dia, reunião de alguns dos
melhores textos que escreveu duran-
te quase uma década para o progra-
ma “Reflexões para o Dia”, na BBC
de Londres. E o terceiro é Tempo Fu-
turo – Judeus, Judaísmo e o Século 21
SELO no qual conclama os judeus a rejeitar
COMEMORATIVO a imagem de “povo sozinho no mun-
DE SACKS NO do, cercado de inimigos” – que funcio-
BRASIL E CAPAS na como uma profecia que se autorre-
DOS LIVROS aliza – e recuperem o sentido do obje-
LANÇADOS PELA tivo original do judaísmo: atuar como
EDITORA SÊFER parceiros de Deus e de pessoas de ou-
tras crenças na luta por liberdade e
justiça social para todos.
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HEBRAICA | MAR | 2013 HEBRAICA
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| MAR | 2013

capa | hebraica 60 anos | por Magali Boguchwal

Quarenta e cinco anos


para contar uma história
EM 2008, O SEGUNDO SEDER
DE PESSACH COMPLETOU QUARENTA A proximidade do Segundo Seder de Pessach, no Espaço Adolpho Blo-
ch, serve como pretexto para contar uma história bem mais recente
ANOS, IGUALANDO O PERÍODO de como a Hebraica incorporou a ceia ritual ao seu calendário.
Em 1968, por iniciativa dos diretores de Cultura Judaica Salomão Trez-
EM QUE OS JUDEUS LIBERTOS POR
mielina (z’l) e Henrique Hecht, 270 pessoas celebraram o Pessach em uma
MOISÉS LEVARAM PARA ATRAVESSAR cerimônia dirigida pelo chazan Abraham Oberman, que atuava na Con-
O DESERTO E CHEGAR À PROMETIDA gregação Israelita Paulista (CIP) e naquela noite foi acompanhado pelo co-
TERRA DOS ISRAELITAS. NESTE ral do Groisser Shil, como era conhecida a sinagoga da rua Newton Prado,
26 DE MARÇO, O CLUBE PROMOVE no Bom Retiro.
MAIS UM SEGUNDO SEDER DE
Anos antes, Salomão e Henrique tiveram êxito na criação dos serviços
religiosos das Grandes Festas e, com o mesmo entusiasmo, se empenha-
PESSACH COM O MESMO PRINCÍPIO ram na concepção do Segundo Seder. Escolhiam e contratavam pessoal-
QUE ORIENTOU A PRIMEIRA LEITURA mente o chazan, supervisionavam a decoração e respondiam pelos erros e
DA HAGADÁ, EM 1968 acertos em cada edição.
>>

ILUSTRAÇÃO DA PRIMEIRA HAGADÁ DE PESSACH PUBLICADA PELO DEPARTAMENTO


DE CULTURA JUDAICA, DE AUTORIA DE GIUSEPPE NAHAISSI (Z’L) POR VÁRIOS ANOS, SALOMÃO TREZMIELINA (Z’L) ENCARREGOU-SE DE DAR AS BOAS-VINDAS AOS CONVIDADOS DO SEGUNDO SEDER DE PESSACH
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HEBRAICA | MAR | 2013 HEBRAICA
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capa | hebraica 60 anos


>>
Independentemente das crenças pes-
soais, os dois diretores sempre fizeram
questão de incluir no Seder todos os ele-
mentos tradicionais da festa. “Se é para fa-
zer um Seder, que seja completo”, repetia
Trezmielina. Os dois ativistas continuaram
esse trabalho até o início dos anos 1990,
acumulando histórias e experiências.
Em entrevista à revista Hebraica, He-
cht destacou um fato que o fazia sor-
rir. “No final do Seder, abrimos a porta
para a chegada simbólica de Eliahu Ha-
navi (profeta Elias) e apareceu o fotógra-
fo, que não era da comunidade... Todos
riram, mas levamos um tempo para ex-
plicar-lhe o que acontecera”, contou. O
principal objetivo daquele Seder inau-
gural era os jovens casais, mas a adesão
das famílias surpreendeu os organiza- O CHAZAN OBERMAN, DE CHAPÉU RITUAL, DIRIGIU OS PRIMEIROS SEDARIM DE PESSACH NA HEBRAICA NOS ANOS 1980, GERSON HERSZKOWICZ CONQUISTOU O PÚBLICO DO SEGUNDO SEDER DE PESSACH

dores. O cardápio tradicional foi assina- Os anos 1980 go semelhante ao de Hecht e Trezmieli-
do pelo Buffet Torres, na época um dos Em 1980, a leitura da Hagadá no Se- na. “Já nos primeiros anos em que atuei
Arqueologia editorial mais renomados da cidade. gundo Seder foi partilhada pelo chazan no Seder, percebi a importância que o
Na terceira edição do Segundo Seder Oberman com os jovens Carlos Slivskin evento tinha para aquelas famílias. Para
já se estabelecera uma espécie de proto- (z’l) e Gerson Herszkowicz, hoje diretor elas, representa o cumprimento de uma
Contar a história dos sedarim de Pessach na Hebraica é mui- evento. O kavod aos organizadores fica por conta da men- colo. Algumas senhoras, entre elas Clari- de Cultura Judaica. É a primeira vez que mitzvá”, explica.
to mais difícil do que recordar a saga dos judeus libertos da ção aos nomes, pois a maioria já morreu. ce Rotenberg e Teresa Gabor, se encarre- a revista Hebraica menciona o Buffet Ka- Ao longo dos anos 1980, cada Segun-
escravidão do Egito. Principalmente porque a Hagadá já vem Uma característica da imprensa comunitária é a sensa- garam da bênção inicial das velas e o cha- sher na preparação do cardápio. “An- do Seder de Pessach juntava cerca de
com a divisão dos papéis, o roteiro e até trilha sonora. ção de proximidade entre leitor e repórter. Em 1968, o reda- zan prosseguia com o ritual. Em 1970, o tes disso, o nome do buffet era ‘Mosaico’ quinhentas pessoas e, apesar disso, He-
Para voltar no tempo, é preciso lançar mão do arquivo da tor mencionou o chazan Abraham Oberman sem acrescen- atual tesoureiro do clube, Luiz David Ga- e já preparávamos o jantar do Segundo cht e Trezmielina sempre se esforça-
revista Hebraica, guardado em uma das salas de estudo da tar mais informações, além do nome e que atuava na CIP: o bor, recitou o Ma Nishtaná diante de qua- Seder desde a década de 1970”, esclare- vam para acrescentar algo novo à tradi-
Biblioteca. A primeira menção ao Segundo Seder aparece autor do texto não considerou necessário dizer quem era trocentas pessoas no recém-inaugurado ce Rebeca Zakon, do restaurante Kasher. ção, por exemplo, convidando um co-
em uma página inteira da edição de junho, ilustrada com Oberman. De todo modo, se até o final dos anos 1970, Ober- Salão Azul, onde hoje funcionam a Biblio- Oberman voltou a cantar em 1981 e de- ral da Oficina das Artes para recitar o Ma
fotos, na coleção de 1968. Há 45 anos, revistas tinham as ca- man foi o chazan dos sedarim de Pessach da Hebraica, sem- teca e a Sinagoga. (ver box ). pois mudou-se para Israel. Nishtaná ou incluindo uma apresenta-
pas em quatro cores e interior em preto e branco. Fotos re- pre com trezentos convidados, então supõe-se que o traba- Diferentemente de um seder fami- Em 1983, Herszkowicz e Slivskin di- ção do grupo de danças Carmel.
queriam um cuidadoso trabalho de fotolito. Quatro ima- lho dele agradava. liar, o Segundo Seder da Hebraica re- rigiram juntos no Salão Nobre o Seder, Em 1990, o vice-presidente Giuseppe
gens em um artigo era luxo só. Nos anos 1980, a impressão da revista era terrível e ne- queria sempre uma atração especial e, que teve participação ativa do então di- Nahaissi (z’l) mandou imprimir uma ha-
Na era do blog e do Instagram é até engraçado pensar, nhuma das fotos publicadas pôde ser reproduzida digital- em 1974, os cantores israelenses que retor de juventude Cláudio Lottenberg, gadá com ilustrações de sua autoria. No
como antigamente, em juntar fotos em papel, redigir e re- mente. Outro dado interessante é que a partir da metade formavam o Duo Reim se apresentaram hoje presidente da Confederação Isra- ano seguinte, Gerson Herszkowicz esco-
visar o texto na máquina de escrever, passar tudo isso por daquela década os textos eram de minha autoria e as per- dias antes e deram uma “canja”. Naquele elita do Brasil (Conib). No ano seguin- lheu ao acaso uma criança entre as fa-
linotipia e revisar novamente. A revista de junho começava guntas se multiplicam. Não as do Ma Nishtaná, claro, que mesmo ano, os alunos do Colégio I. L Pe- te, Herszkowicz se firmaria como cha- mílias para ler o Ma Nishtaná no pal-
a ser escrita no final de abril. E isso explica porque os deta- não permitem dúvidas, mas as do dia-a-dia... Por que não retz e o Departamento de Cultura Judai- zan, trazendo o grupo Shesh Baesh, di- co. Nessa época, tornou-se comum cada
lhes do Pessach ficam a poucas páginas das reportagens a relacionei os jovens que compunham o conjunto Shesh Ba- ca organizaram um terceiro Seder con- rigido pela maestrina Sima Halpern para área organizar o seu seder, como o Ola-
respeito de Iom Hashoá e Iom Haatzmaut. esh? Por que não incluí o Seder na pauta de 1987? Por que junto no teatro lotado. acompanhar as bênçãos. mi, que elaborou um seder didático, e a
E o conteúdo do artigo acerca de Pessach traz o nome não temos as coleções de 1986? Em 1979, o chazan Oswie Solon subs- Herszkowicz atribui seu estilo ao cha- Escola Maternal e Infantil e a Juventude,
do chazan, do coral e do buffet. É o que se consegue ex- E sobram anotações, nomes, ideias... Escrever a respeito tituiu Oberman à mesa principal e foi zan Oswie Solon. “Reproduzo o que que também comemoravam a festa.
trair da noite que, segundo a Hagadá, deveria ser diferen- de mais um Seder de Pessach é tão complicado quanto or- acompanhado pelo coral da Hebraica aprendi com ele desde a infância. Tenho Em 1993, a comemoração de Pessach
te. E quando o esquema dá certo e se repete, ano após ano ganizar um! E as lembranças se multiplicam como o maná diante de 350 convidados. O movimento uma Hagadá toda rabiscada que usei foi enriquecida com uma palestra do rabi-
a noite fica menos diferente e o texto menos detalhado. no deserto... Melhor parar de cavar e dar tempo de o leitor juvenil da Hebraica Lapid Hanoar organi- desde a primeira vez que dirigi um Seder no Valt, no Teatro Anne Frank, e o esfor-
Ponto para a concisão e problema para a pesquisa, pois descobrir porque essa edição é diferente de todas as ou- zou um terceiro Seder para oitenta crian- na Hebraica até o ano passado, quando ço concentrado de algumas mulheres em
são as minúcias e mudanças que indicam a evolução do tras. (M. B.) ças que receberam uma hagadá elabora- adotei o material fornecido pelo clube”, preparar o Seder para o Espaço Jovens
da pelo Departamento de Juventude. conta Herszkowicz, hoje exercendo car- Casais, no restaurante do Clube 1000, e o
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HEBRAICA | MAR | 2013

capa | hebraica 60 anos


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Casais, no restaurante do Clube 1000, e o
Clube da Idade de Ouro (hoje, Feliz Idade)
organizaram seu pré-seder. Naquele ano,
a Hagadá da Hebraica ganha um novo
formato, graças à parceria entre Giuseppe
Nahaissi e Jairo Fridlin, da Editora Sêfer.
Em 1995, o recém-reformado Salão
Nobre recebeu 650 pessoas no Segundo
Seder, dirigido por Herszkowicz e acom-
panhado pelo coral Zemer, regido pela
maestrina Sima Halpern. O jovem Mi-
chael Schlesinger, que orientou o seder
naquela noite, é hoje um dos rabinos da
Congregação Israelita Paulista. E a atriz
Nathália Thimberg, que realizava alguns NO SEDER DE 2012, O CHAZAN E O CORAL SE MISTURARAM AOS CONVIDADOS
espetáculos no clube, no início da noite
leu um poema de Moacyr Scliar. la Maternal e Infantil e o Clube da Idade sach com os sócios. Pela primeira vez, a
A segunda noite de Pessach de 1996 de Ouro fizeram o primeiro Seder juntos Hagadá foi lida na Hebraica sob a con-
também merece menção em razão da unindo duas gerações diante da keará dução de um rabino – Adrian Gottfried –
participação do poeta Haroldo de Cam- no Espaço Adolpho Bloch. e uma rabina – Luciana P. Lederman.
pos e da historiadora Anita Novinsky, Nesse mesmo ano, as crianças puse- “O Segundo Seder de Pessach de 2012
que ilustraram com textos e poesias a ram a mão na massa e assaram as pró- nos aproximou daqueles que a Hebrai-
narração da Hagadá, a convite do então prias matzot, graças à instalação tem- ca realizava no passado. Para mim, foi
diretor de Cultura Judaica, José Luiz Gol- porária de uma minifábrica de matzá. como voltar para casa, pois o Espaço
dfarb. Três anos depois, em 1999, foi re- Fábio Grabarz, Avi Bursztein e Claudio Adolpho Bloch estava cheio e voltei a
alizada a primeira “Mostra de Mesas de Goldman dirigiram com sucesso os se- dividir a leitura com os cantores do Ze-
Pessach” na Hebraica. darim entre 2004 e 2007. mer, que nos acompanharam por tan-
Em 2009, uma parceria com o Beit tos anos. Mal posso esperar pelo mo-
Década de mudanças Chabad Itaim resultou em um Seder sem mento de fazer a primeira bênção do vi-
A chegada do século 21 trouxe algumas microfone ou aparelhos eletrônicos. A nho em algumas semanas”, diz Gerson
mudanças para o Segundo Seder de Pes- Hagadá foi lida por quatro rabinos, que Herszkowicz. “Como diretor, valorizo o
sach. Em 2000, o chazan David Kullock interagiram com as famílias no Espaço trabalho dos meus antecessores e como
conduziu a leitura da Hagadá e os con- Adolpho Bloch. chazan sinto como se meu povo tives-
vidados ouviram o ator Caco Ciocler ler Em 2010 e 2011 a Comunidade Sha- se finalmente chegado à Terra de Isra-
um trecho da história de Moisés. A Esco- lom partilhou o Segundo Seder de Pes- el”, compara.

Uma noite diferente


A reportagem do Seder de Pessach na edição de maio de 1970 traz o ativista
Uron Mandel (z’l) e o jovem Luiz Roberto Gabor em destaque diante de uma
Hagadá. Gabor guarda algumas lembranças daquele momento:
“Meu bar-mitzvá foi em 1969. No ano seguinte, meu pai, Roberto Gabor, di-
rigia o Departamento Social, o que deve ter motivado o convite que me fize-
ram. Eu realmente cantei sozinho o Ma Nishtaná, na frente de todos, e podem
imaginar o quanto fiquei nervoso. Mas eu me lembro de ter decorado as qua-
tro perguntas com perfeição e de antes ter cantado algumas centenas de ve-
zes, por medo de errar. Lembro também de achar interminável. Foi uma das
poucas vezes em que houve um solo para o Ma Nishtaná, porque, na maioria
das vezes, todas as crianças eram convidadas a cantar juntas. Deve ter sido
uma tentativa de fazer algo diferente”. URON MANDEL (Z’L) E LUIZ DAVID GABOR EM 1970
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volta às aulas | por Magali Boguchwal

ENTRADA DOS ALUNOS DA


ESCOLA ALEF É FEITA PELA
PORTARIA DO CENTRO CÍVICO

Cinco dias para


aproveitar a Hebraica
O PERÍODO INTEGRAL ÀS TERÇAS E QUINTAS FEIRAS NA ESCOLA
ANTONIETTA E LEON FEFFER (ALEF) MULTIPLICOU A OFERTA DE HORÁRIOS
NOS CURSOS LIVRES OFERECIDOS PELA HEBRAICA

C aiu mais um obstáculo para a fre-


quência ao clube às segundas-fei-
ras: a Escola Antonietta e Leon Feffer es-
Vaie. O Maternal integra a vice-presidên-
cia de Juventude por meio da diretora
Sarita Kreimer e do diretor superinten-
tabeleceu as terças e quintas-feiras como dente Gaby Milevsky.
dias de aulas em período integral, ga- Para alguns pais cujos filhos estudam
nhando um diferencial em relação às na Escola Antonietta e Leon Feffer e fre-
outras escolas da comunidade que, tra- quentam o Ateliê Hebraica à tarde, pare-
dicionalmente, às segundas e quartas- ceu natural ampliar o horário de funcio-
feiras funcionam até às 16 horas. A no- namento às segundas-feiras. “Algumas
vidade mexeu com os horários de aulas crianças já estão inscritas nesse dia e ou-
de todos os cursos livres oferecidos pela tras podem seguir o exemplo”, informa
Hebraica, menos a Escola Maternal que a coordenadora do Ateliê Hebraica Bet-
sempre teve aulas nos cinco dias da se- ty Lindenbojm. Os adultos que represen-
mana. tam grande parte do público do Ateliê
“Estamos com 250 alunos inscritos e voltaram às aulas antes do Carnaval e as
começamos o ano como sempre: aco- mães dos bebês preferem começar a tra-
lhendo pais e alunos com muito carinho zê-los depois do feriado prolongado.
e procurando transmitir-lhes seguran- Em fevereiro, o número de alunos ma-
ça e tranquilidade no início da vida es- triculados na Escola de Esportes chegou
colar”, comenta a coordenadora pedagó- a 1.112. “Igualamos a marca do ano pas-
gica da Escola Maternal e Infantil Bela sado com a grande diferença de que a
>>

Almoços e lanches
Como o número de alunos, pais e atletas é maior às segundas, o rodízio de GINÁSTICA ARTÍSTICA É
concessionários abertos nesse dia ganha um reforço significativo com o res- UMA DAS MODALIDADES
taurante Kasher, o Tomate Doce e o Rei do Mate trabalhando normalmente. PREFERIDAS ENTRE OS
“Respondemos a uma demanda de clientes que trabalham na região e de- ALUNOS DA ESCOLA
pois da reforma almoçam aqui quase diariamente”, explica Rebeca Zakon, do DE ESPORTES;
restaurante Kasher. No caso do Tomate Doce e do Rei do Mate, o mês de feve- GRUPO DE DANÇAS
reiro foi um teste antes da abertura definitiva no início da semana. SHALOM JÁ RETOMOU
OS ENSAIOS
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| MAR | 2013

volta às aulas

Início promissor
A Escola Maternal e Infantil é mantida pela Hebraica e oferece classes de pré-es-
cola a partir de 1 ano e cinco meses a 6 anos de idade. “A proximidade da Esco-
la Antonietta e Leon Feffer estimula a continuidade do processo no ensino fun-
damental. Os pais dos nossos alunos não são obrigados a matricular os filhos
na Escola Antonietta e Leon Feffer, embora a proximidade das duas escolas esti-
mule isso. Da turma de 2012, oito crianças do infantil 3 e quinze do infantil 2 fo-
ram para lá por opção das famílias”, explica a coordenadora pedagógica da Esco-
la Maternal e Infantil Bela Vaie. ”As equipes pedagógicas das duas escolas traba-
lharam em conjunto para facilitar a adaptação das crianças”, conta ela.
Na filosofia da Escola Maternal e Infantil receber os alunos para um novo ano
letivo significa propor atividades desafiadoras e prazerosas, algumas remeten-
do aos projetos mais apreciados pelas crianças.
“O importante é incluir os pequenos em uma rotina adequada e permeada
por uma proposta pedagógica, que se baseia em três pilares: dar formação so-
cial e pessoal, conhecimento do mundo e vivência das tradições judaicas. Existe
também a preocupação em promover a autonomia das crianças e prepará-las
para o mundo”, observa a coordenadora.

NOS PRIMEIROS DIAS DE AULA DA ESCOLA MATERNAL, CONVERSAS SOBRE OS PERSONAGENS DA FESTA DE PURIM

>>
a procura por vagas para os horários de colar. Rachela Elimelek, por exemplo. Equilíbrio Efraim, de 7 e 5 anos respectivamente,
segundas e quartas-feiras, sempre bai- “O fato de ter meus filhos dentro da He- Quando menciona o início das aulas na têm aulas de ginástica artística às terças e
xa, igualou, ou superou, a dos horários braica me dá muita segurança, mesmo Escola de Esportes, Ana Portaro fornece quintas, depois da escola. “Elas saem do
de terças e quintas. E ainda esperamos que a alteração do integral tenha dimi- um dado adicional em relação às matrí- integral e vão para a ginástica e adoram
mais alunos para depois do Carnaval”, nuído a convivência deles com crianças culas. “Totalizamos 1.550 matrículas, pois tudo”, conta Michelle, a mãe.
assinala uma das três coordenadoras da de outros colégios, como acontecia até alguns alunos praticam uma ou mais mo- Em janeiro, os 25 professores da Esco-
Escola de Esportes Ana Portaro. o ano passado. Mas ainda acho válido a dalidades. A natação é quase uma unani- la de Esportes participaram de um cur-
Ainda nos primeiros dias do ano leti- Larissa (13), Fernanda, (12), e Rafael (7) midade, enquanto futebol, judô e ginásti- so de motricidade com o professor Cel-
vo houve quem discordasse dos benefí- frequentarem atividades extraclasse no ca artística empatam na preferência das so Divino Lemes. “Foi o segundo módulo
cios das alterações no cronograma es- clube”, afirma. crianças”, informa. Caroline e Gabriela de aulas. No ano passado, o foco foi nas
crianças a partir dos 4 anos e nesta etapa
o curso tratou da fase de 1 a 4 anos”, ex- saios do Kalanit para as segundas-feiras do semestre ela deve trabalhar com o
Curso de bat-mitzvá será concorrido plica Ana. “Estamos sempre investindo
na capacitação dos professores e, por-
e nem bem as garotas terminam, chegam
os integrantes do Ofakim cujos ensaios se
grupo Carmel”, adianta Nathalia.
Para viabilizar o cumprimento da
tanto, na melhoria do nível das aulas”, dividem em um chug (oficina) para os ini- agenda das crianças no clube, mui-
O curso de bat-mitzvá da Hebraica completa a coordenadora. ciantes e a outra metade dedicada às co- tos pais optam por inscrevê-las no Af-
mantém o mesmo esquema de au- O sistema de aulas do Centro de Música reografias”, explica a coordenadora do ter School com infraestrutura comple-
las às terças e quintas-feiras. A Coor- é bastante maleável e a escola manteve Centro de Danças Nathalia Benadiba. ta para fazer lição de casa e brincar en-
denadora do curso Joyce Szlak divide o mesmo número de alunos no início do O grupo Shalom ensaia às quintas- tre uma atividade e outra (ver matéria
com as professoras Tania Frenkiel Tra- ano letivo. Mas o Centro de Danças, que feiras, agora reforçado pela entrada de à pg. 44). Aos 6 anos, Nicolle Paes Viei-
vassos e Simone Benzinsky uma tare- oferece aulas de balé infantil e trabalha doze dançarinas que migraram do Kala- ra vai à escola e depois das aulas fica
fa extremamente cuidadosa. “Plane- com grupos de dança folclórica, alterou o nit, enquanto os grupos Carmel e Hakot- no After antes e depois das aulas de na-
jamos cada aula de forma a acompa- cronograma menos em razão do período zrim ensaiam aos domingos. “Temos tação e tênis. Patrícia, a mãe, pesqui-
nhar o calendário judaico e a oferecer integral das escolas e mais da preparação dois novos coreógrafos no Hakotzrim, sou muito antes de inscrever a filha.
um conteúdo interessante para essas para o bat-mitzvá das dançarinas. Eduardo Bousso (Dudu) e Dany Me- “Sou enfermeira e gestora de riscos e
meninas que não estudam em esco- “Algumas escolas criaram um perío- derdrut. A mudança libera Paloma Ge- em relação à Nicolle estou muito tran-
las judaicas”, afirma Joyce. do integral só para as aulas das meninas dankien para o trabalho na produção e quila com o cuidado que ela recebe na
com 12 anos. Então transferimos os en- na parte artística dos shows e no segun- Hebraica”, finaliza.
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cul
tu
+social

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cultural + social > tu b’shvat cultural + social > hebraica meio-dia

Sociais e Comunicação Digital José Luiz


Goldfarb receberam os diretores do Ke-
ren Kayemet LeIsrael (KKL) Ary Diesen-
Folclore grego reabre espetáculos
druck e Marcelo Schapochnik, a asses-
FÃS DO HEBRAICA MEIO-DIA AGUARDAVAM O INÍCIO DA PROGRAMAÇÃO
sora do Executivo Miriam Roth e a pre-
sidente de Na’amat Pioneiras Clarice
Schucman. A secretária de Educação do
DE 2013 E LOTARAM O TEATRO ARTHUR RUBINSTEIN JÁ NA PRIMEIRA
APRESENTAÇÃO DOMINICAL. O TEMA ESCOLHIDO FOI A DANÇA DA GRÉCIA
O público aplaudiu o Grupo Zor-
bás de Danças Gregas, primeira
atração de 2013, com suas roupas co-
Rio de Janeiro Cláudia Costin falou a res- loridas, a alegria dos assovios acom-
peito da data. Seguiram-se o kidush fes- panhando as danças e a explicação de
tivo e o plantio simbólico de uma árvore cada uma.
junto ao prédio da sede. “Há uma diferenciação entre as dan-
A novidade deste ano foi estender a ças do continente e das ilhas, da vida
festa de Tu B’Shvat para o domingo se- do campo, das montanhas e também as
guinte, quando as crianças voltavam de defesa”, explica o apresentador. Da
das férias. A atividade na Praça Carmel Macedônia, no norte da Grécia, prós-
foi preparada para despertar a consciên- pera região habitada desde o ano 2.200
cia ecológica dos pequenos. Eles pinta- antes da Era Comum, vieram as primei-
ram pequenos vasos, ganharam mudas ras influências artísticas. E as danças fa-
do KKL e ajudaram a plantar várias es- zem parte da vida cotidiana, dos casa-
pécies. Os pais ouviram uma palestra do mentos e das festas familiares, das cele-
ganhador do Prêmio Cidadão Sustentá- brações religiosas em louvor dos princi-
vel 2012 Alexandre Chut sobre a neces- pais santos, os panegiris, característicos
sidade de transmitir para as próximas dos vilarejos gregos.
gerações a importância da preservação O diretor e coreógrafo José Paulo Ser-
e do cuidado com a natureza. “Esta festa tek e a coordenadora e figurinista Selma
milenar mostra o significado de estimu- Sertek dirigem o entusiasmado grupo
lar a consciência ecológica desde cedo”, de jovens que divulgam a dança grega
disse Chut, rodeado pelas crianças. em espaços variados como a Expoflora,
a Festa do Morango de Atibaia, as unida-
Na Terra de Israel des do Sesc, na Virada Cultural e na Vi-
No século 16, o rabino Itzhak Luria, caba- rada Paulista.
lista de Sfat, convidou os discípulos a cria- Na Hebraica, o grupo mostrou o ikari-
rem um seder de Tu B’Shvat, no qual des- ótiko, dança romântica da ilha de Ikária,
tacava a simbologia dos frutos da região. conhecida porque Ícaro caiu na sua cos-
O seder previa comer as espécies nativas ta após desobedecer ao pai Dédalo, que
ALEXANDRE CHUT ACOMPANHOU AS CRIANÇAS NO PLANTIO DAS MUDAS e beber quatro copos de vinho, seguin- o aconselhou a não voar próximo ao sol.
do uma ordem e recitando as bênçãos es- Em seguida foram apresentadas danças
pecíficas de modo a trazer a perfeição aos urbanas, originadas nos grandes cen-

Para os judeus, homens e ao mundo. Muito tempo depois


o costume foi reavivado em Israel e é ce-
lebrado por judeus religiosos e seculares,
tros, como Atenas, Constantinopla, Es-
mirna e Pireus.
Um espetáculo de dança grega não

ecologia é coisa antiga com hagadot criadas para esse fim.


A tradição de plantar árvores é de 1890,
com o rabino Ze’ev Yavetz, um dos funda-
A EMOÇÃO CONTAGIANTE DOS RITMOS GREGOS NO HEBRAICA MEIO-DIA podia terminar sem a quebra de pratos,
que o mundo conheceu pela atuação de
Anthony Quinn no filme Zorba, o Gre-
ESTE ANO, A HEBRAICA INOVOU NA COMEMORAÇÃO DO dores do movimento Mizrachi, e tomou go. Ao som de sirtáki, música criada
TU B’SHVAT, O ANO NOVO DAS ÁRVORES, COM ATIVIDADES vulto a partir da década de 1910, quando o Programação de março em 1964 para o filme, as pilhas de pra-
NA SINAGOGA E NA PRAÇA CARMEL EM DOIS DOMINGOS SEGUIDOS Fundo Nacional Judaico (hoje KKL) iniciou tos foram quebradas no palco, seguindo
COM O TRADICIONAL PLANTIO SIMBÓLICO o reflorestamento da Terra de Israel, ativi- 3 /3 – Cantor Carlos Navas apresenta “Tributo a Vinicius de Moraes” o ritmo e deixando extravasar as emo-
dade que ainda continua. Alunos, profes- 10/3 – Homenagem ao Dia da Mulher, com o grupo de cantoras “Rosa Vocal” ções, uma das explicações para esse

A festa do Ano Novo das Árvores,


prova de que a ecologia faz par-
te da vida judaica desde os tempos bí-
calendário – 15 de Shvat – na reza da
manhã na Sinagoga.
O diretor de Cultura-Judaica Gerson
sores, soldados e muitos seguidores torna-
ram Tu B’Shvat uma festa de caráter nacio-
nal e de importância ecológica para o mo-
17/3 – MPB e chorinho com Luciano Botosso
24/3 – Consulado da Coreia apresenta show de danças típicas
31/3 – DVD especial (Pessach)
costume. O público acompanhou com
palmas e vibrou ao som dos cacos que
caíam e dos passos vibrantes dos dan-
blicos, foi comemorada no dia exato do Herszkowicz e o assessor para Redes derno Estado de Israel. (T. P. T.) çarinos. (T. P. T.)
C
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por Tania Plapler Tarandach | imprensa@taran.com.br

COLUNA 1

foto Peter Halmagyi


Um presente para São Paulo
A Catedral da Praça da Sé ficou lotada
Depois de criar Este mês, o livro anos de fundação. escritórios. durante a apresentação da cantata cê-
objetos de decoração K será lançado em Na estação nica O Diário de Anne Frank, monta-
em resina, Eliana inglês. Conta o desa- Butantã da linha 4/ da pela primeira vez na América La-
Schussel criou parecimento de Ana amarela do metrô, tina por iniciativa do Instituto Vla-
a grife “Eliana Rosa, irmã do autor, as pessoas se dimir Herzog, e composta em 1958,
Schussel Design” Bernardo Kucinski, detinham para com a colaboração de Otto Frank, pai
para comercializar em 1973, e a busca admirar as aquarelas de Anne. O espetáculo durou noven-
joias em prata, ouro desesperada por da artista plástica ta minutos, com participação do Co-
e pedras brasileiras. ela do pai, Meir. Diana Dorothéa ral Luther King, da Orquestra Jardim

A primeira coleção Ele fará palestras Danon, que Harmônico, da soprano italiana Patri-
traz as linhas em três eventos: no já expôs na Galeria zia Zanardi, no papel de Anne Frank,
orgânicas e a Centro de Estudos Duas festas mar- de Arte do clube. da violoncelista japonesa Yuriko Mi-
religiosidade judaica Latino-Americanos, caram as bodas de A mostra é itinerante kami, e da atriz Clarisse Abujamra. A
como inspiração. na Semana do Kelly e Maurice. Em e já passou pelas direção de cena foi de Naum Alves de
coluna comunidade SENADOR JOSÉ SARNEY E CLAUDIO LOTTENBERG AO LADO DE DILMA ROUSSEF Para conhecê- Livro Judaico e na São Paulo, Céline e estações Paulista, Souza e a regência e direção artística
las: LikeStore no Conference on Post- Harry Bauer foram República, Luz e do maestro Martinho Lutero Galati.
Facebook. Transitional Justice anfitriões no Hotel Faria Lima. Com de- A apresentação foi após o ato interre-
CJL e a renúncia papal Dilma Roussef homenageia in Brazil. Todos Gran Estanplaza talhes, Diana retrata ligioso das religiões monoteístas abrâ-
Ronald Lauder e Jack Terpins, presi- em Londres. Berrini, com ambien- as construções das micas no dia do aniversário da cidade.
dentes do Congresso Judaico Mundial os mortos da Shoá tação de Wilson Dmi- estações do metrô Conduzido pelo cônego José Bizon e a
(CJM) e Congresso Judaico Latino-Ame- Membro da Acade- trov; em Nova York, paulistano. participação de dom Odilo Scherer, do
ricano (CJL), manifestaram emoção ao
saber da renúncia do papa Bento XVI.
“Nenhum papa antes visitou tan-
A celebração do Dia Internacional
em Memória das Vítimas do Ho-
locausto, organizada pela Confederação
historiadora Maria Luíza Tucci Carneiro
discorreu a respeito. A presidente Dilma
Roussef e Eduardo Tess, filho de Aracy, e
mia Internacional
de Cerâmica, a
artista plástica
Izidore e Celine
Argoetti brindaram
os convidados com
Frascos descartados
tornaram-se matéria-
rabino Michel Schlesinger e do xeque
Hassan el Bustamante.

tas sinagogas e nenhum outro avan- Israelita do Brasil (Conib) e Associação Marcos, sobrinho-neto de Souza Dantas, Norma Tenenholz uma noite brasileira prima para
çou tanto no aprimoramento do rela- Cultural Israelita de Brasília, foi realiza- acenderam a sexta vela, a que se segui- Grinberg dirige o no Hotel Waldorf Débora Muszkat Festival do Gelo em Israel
cionamento com os judeus em vários da no Distrito Federal com a presença ram as orações de El Male Rachamim e o Encontro Internacio- Astoria. criar a exposição Para quem está com as malas prontas

níveis... Ele percebeu que a negação da presidente Dilma Roussef. A cerimô- Kadish pelo rabino David Weitman. nal de Ceramistas, inédita “Frascos para Israel, uma “dica”: em versão am-
da Shoá pelos líderes da Igreja não nia lembrou o heroísmo do embaixador Este foi o terceiro ano em que Dilma Pela primeira vez, em sua segunda Em seu mais de Arte, Perfume pliada, o 1º. Festival Internacional do
deveria ficar sem resposta. E foi con- Luiz Martins de Souza Dantas (1876 – Roussef participa da cerimônia e deu “a o American College edição no Brasil. É recente encontro, Eterno”. Para essa Gelo fica aberto à visitação até dia 30
tra... Não concordamos com todas as 1954) e de Aracy de Carvalho Guimarães essa presença um significado especial of Gastroenterology uma realização da Mônica Guttmann mostra, Débora e de abril na antiga estação de trem em
decisões tomadas durante este ponti- Rosa (1908 – 2011), considerados “Justos porque o Brasil também passou por mo- premia um médico ECA-USP, FAU-USP, desenvolveu o curso Gregório Gruber Jerusalém. Dezenas de esculturas co-
ficado, mas ele sempre se revelou uma entre as Nações”, pelo Yad Vashem/Mu- mentos difíceis... O Holocausto sempre brasileiro. Flávio Associação Brasileira “Expressando e inauguraram duas loridas de gelo levam a uma viagem
pessoa aberta e ouviu atentamente as seu do Holocausto, em Israel. Eles conce- será para o Brasil uma questão que, de Steinwurz recebeu de Cerâmica e Grupo Criando Personagens grandes instalações: emocionante, um show com artistas,
reivindicações que fizemos”, segundo deram vistos para o Brasil a judeus e ou- maneira alguma, pode ser negado ou es- o International Terra. Entre os dias a partir dos Quatro “Idílio” e “Portal”, acrobatas e dançarinos chineses, e
o comunicado. tros grupos em busca de asilo político. A quecido”. Leadership Award, 12 e 15, na USP. Tipos Psicológicos esta montada muita música.
em Los Angeles. Programação para de Carl Jung”, por em etapas para
Médico no Hospital estudantes, artistas, meio de vivências envolver o público
Palestras no Beit Chabad Instituto Weizmann escolhe bolsistas Israelita Albert pesquisadores, arteterapêuticas, com o processo Einstein está na “Clinics”
“Ideias cabalísticas para Implementar Einstein, Steinwurz professores e interes- meditativas e de criativo. Aberta Clinics, revista científica do Hospital
Mudanças na sua Vida”, palestra men-
sal e temas diferentes com Sarah Stein-
metz, no Beit Chabad Central. Em mar-
H á seis anos, o grupo Amigos do Ins-
tituto Weizmann de Ciências con-
voca estudantes do primeiro ano do en-
história e arqueologia.
O processo seletivo começa com a fi-
cha de inscrição no site www.amigosdo-
é especialista em
doenças intestinais,
autor de cinco
sados na cerâmica
artística.
criação literária.

Vanessa Okrent,
até 21 de abril no
Espaço Perfume.
das Clínicas de São Paulo, que circula
há 68 anos, está com nova edição em
seu site. Um dos estudos revela que o
ço, o enfoque será “Falando Empati- sino superior a disputar as cinco vagas weizmann.org.br/issi e redigir um texto livros e um dos Mauro Zolko organi- a Tuka, avisa os As “Noites do condicionamento físico aeróbico evi-
camente – uma Abordagem Judaica à brasileiras no curso International Sum- em inglês (essencial para o curso) sob o sessenta médicos zou e Enock Sacra- amigos que é a mais Cupido” voltaram. ta a atrofia muscular e a oxidação de
Comunicação Ifetiva”. E “Viver com in- mer Science Institute, no campus de tema “My Interest in the Institute Weiz- do mundo membros mento foi o curador nova consultora Como sempre, proteínas e comprova que os exercí-
tegridade. Navegando pelos Dilemas Rehovot, Israel, de 1º a 31 de julho, com mann Summer School-Scientific Rese- da Organização da mostra instalada imobiliária da no Havana Club cios atenuam o aparecimento de lesão
Diários que Testam os Limites da sua setenta alunos de outros países. Após arch and my Future Life” e entregar até Internacional para no Espaço Buenos Cyrela, pronta para do Hotel muscular. O estudo foi realizado pela
Integridade” é o curso ministrado pelo três semanas nos laboratórios, haverá 18 deste mês. Os candidatos seleciona- o Estudo de Doença Ayres, tendo como ajudar a realizar o Renaissance. Faculdade de Medicina da USP, a Uni-
rabino Steinmetz, em três turmas. In- um trabalho de campo no deserto, próxi- dos terão uma entrevista pessoal, em Inflamatória do referência a capital sonho de compra Informações no site versidade de Joinville e o Hospital Is-
formações, 3087-0319. mo ao Mar Morto, em biologia, geografia, São Paulo. Intestino. paulista e os 459 de apartamentos e noitesdocupido. raelita Albert Einstein.
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cultural + social > comunidade+coluna 1

COLUNA 1

foto André Nehmad


Dia do Holocausto na ONU
Um homem vem, todos os anos, ao au-
A revista “Machado Parceria de Simona Em cada Feira da ditório da ONU, na sessão em que é
de Assis – Litera- Misan e Thereza C. Comunidade, Moi- lembrado o Dia Internacional de Co-
tura Brasileira em Vasques, o “Guia sés Scharfchtein é memoração em Memória às Vítimas
Tradução” divulgou de Museus: Muito sinônimo de excelen- do Holocausto. Ele é Bernhard Storch,
a lista de vinte Prazer São Paulo!” te kumeshbroit (bolo tem 90 anos e perdeu toda a família em
selecionados para foi publicado em típico ashkenazi). campos de concentração nazistas en-
a segunda edição. 2002, reeditado em Ausente nas últimas quanto servia o exército polonês, em

Entre eles: Cíntia 2004 e agora em edições, ele volta a 1945, na reocupação de Varsóvia. “Ve-
Na’amat tem Moscovitch, com a formato digital. É o São Paulo preparan- nho para honrar a memória”, diz Stor-

nova diretoria versão em alemão site Guia_Museum, do suas receitas de ch, ostentando com garbo as medalhas
Clarice Schucman Jozsef foi eleita pre- do conto “Arquitetura Miriam Mehler ilustrado com fotos dar água na boca. recebidas durante a guerra.
sidente da Na’amat Pioneiras para o bi- do Arco-Íris”; trecho comemora 55 de Araquém Alcânta- Este ano, a data lembrada na ONU
ênio 2013/2014. A cerimônia de pos- do livro Sinuca anos de carreira ra, Gregório Gruber Luís Terepins fazia GOVERNADOR ALCKMIN E PREFEITO HADDAD COM SUAS ESPOSAS, RECEBIDOS PELO RABINO SCHLESINGER teve como tema “Resgate durante o Ho-
se, conduzida por Rosa Helena Roizen, Embaixo D’água, de interpretando oito e Rõmulo Fialdini parte da diretoria E CLAUDIO LOTTENBERG locausto: a Coragem de se Importar”.
teve a presença de Ceres Maltz Bin, Carol Bensimon, em personagens no e informações dos presidida por Heitor Sobreviventes, familiares e represen-
presidente de Na’amat Brasil, Ricardo inglês; e Julian Fuks, monólogo Oscar quase 150 museus e Martins na Fundação Cerimônia em SP relembra a Shoá tantes de várias entidades lembraram
Berkiensztat, vice-presidente da Fisesp, trecho de Procura e Sra. Rosa, do instituições culturais Bienal de São Paulo. o 68º. ano da libertação de Auschwitz.
Myrian Mau Roth, assessora da presi-
dência de Na’amat Brasil e São Paulo.
“É uma diretoria mista com chave-
do Romance, em
espanhol.
dramaturgo francês
Eric-Emmanuel,
na Casa de Cultura
da cidade de
São Paulo.
Nos próximos dois
anos o empresário
dirigirá a entidade,
A Federação Israelita do Estado de
São Paulo (Fisesp) e a Congregação
Israelita Paulista (CIP), mais o Consulado
zida pelos rabinos Ruben Sternschein e
Michel Schlesinger.
“Que a memória das vítimas da Shoá
Após um minuto de silêncio, foi ouvida
uma mensagem gravada do secretário-
geral Ban Ki-moon: “Vamos nos inspirar
rot experientes e outras mais jovens. Maurício Sherman Laura Alvim, em “Era uma Vez uma em decisão unânime Geral de Israel em São Paulo e a Unibes nos inspire no caminho de novos tempos”, naqueles que tiveram a coragem de se
Desejo a mesma sorte e apoio que eu será o diretor artísti- Ipanema. Em sua Voz: o Cantar Ìdiche, do conselho. realizaram, na Sinagoga Etz Chayim, a disse o governador. “A minha própria exis- importar e prometemos que a ONU ja-
sempre tive”, disse Miriam Doris Li- co do Festival Mun- trajetória, a atriz suas Memórias e cerimônia do Dia Internacional em Me- tência é resultado de tudo o que aprendi mais permitirá que tal atrocidade acon-
lienfeld, deixando a presidência do dial das Artes pela atuou no Arena, Registros no Brasil” Em 2007, Lívio mória das Vítimas do Holocausto, da com os judeus e desejo que o Brasil cele- teça novamente”.
Centro São Paulo. Paz, que reunirá 1,8 TBC, Oficina e é o título da tese de Tragtenberg e qual participaram o governador Geraldo bre a tolerância e a convivência fraternas”, Além do embaixador de Israel Ron
“Dar continuidade ao trabalho e à mil artistas de 118 fundou o Teatro doutorado de Sônia Wilson Sukorski Alckmin, o prefeito Fernando Haddad, o destacou o prefeito Haddad. Prosor, cujo discurso foi muito aplaudi-
organização, em meio às transforma- países em Ubá, Mi- Paiol, em São Paulo. Goussinsky para a escreveram uma senador Aloysio Nunes Ferreira, o carde- O ato terminou com a presença repre- do, falaram somente dois embaixado-
ções e mudanças tão rápidas que ocor- nas Gerais, de 5 a 15 Para os paulistanos, cadeira de Língua composição especial al Dom Odilo Scherer, o ex-governador sentantes das diversas religiões, que fi- res, do Congo Raymond Serge Balé e da
rem no mundo, é uma grande respon- de setembro. Além Mehler apresenta-se Hebraica, Literatura para o filme São José Serra, o ex-prefeito Gilberto Kas- zeram uma bênção interreligiosa e com Suécia, Signe Burgstaller. O evento teve
sabilidade. Com apoio da diretoria e de semear a paz por em Aquilo não Foi e Cultura Judaicas, Paulo – A Sympho- sab, e outros, todos recebidos pelo pre- o público cantaram Imagine e Shalom/ a apresentação de uma orquestra de câ-
das chaverot, assumo um compromis- meio da cultura, o Feito para Ser Visto, orientada por Nancy nia da Metrópole. sidente da Fisesp Mário Fleck, e condu- Salam. mara e a reza de um chazan.
so com nossos parceiros, patrocinado- evento promoverá filme inspirado em Rozenchan. Na Este ano, o longa
res e com toda a comunidade. Desta o desenvolvimento conto do premiado banca examinado- foi exibido no Sesc

foto Prensa Miraflores


forma, cumpriremos a nossa missão”, turístico da zona da escritor Cristóvão ra os professores Ipiranga, com os
concluiu a nova dirigente. mata mineira. Tezza. Ecléa Bosi (IP-USP), músicos e o ator Terpins é reeleito
Gabriel Steinberg Paulo César Pereio
Schvartzman (Fflch- interpretou textos da presidente do CJL
Sinagoga de Pinheiros renasce USP), Carin Zwilling narrativa.

A os 75 anos, a Sinagoga de Pi-


nheiros, uma das mais antigas
(Fmcg) e Giacomo
Bartoloni (Unesp). Em Miami, a presi-
dente da Wizo São
O vice-presidente da Venezuela Ni-
colás Maduro recebeu no Palácio
de Miraflores uma delegação do Con-
de São Paulo, está sendo reformada A revista Showcase Paulo Iza Mansur e gresso Judaico Latino-Americano (CJL),
na parte elétrica, ar-condicionado, 500 Art Necklaces a tesoureira Helena liderada pelo brasileiro Jack Terpins,
pintura interna e externa e o sistema publica anualmente Nasser participaram seu presidente. Desta vez, o CJL reali-
de segurança. Para maior conforto, trabalhos selecio- de uma reunião do zou a Assembleia Geral em Caracas,
as cadeiras do setor feminino foram nados de joalheiros Executivo da e não em Israel, como é comum, para
substituídas. do mundo todo. A Wizo Flórida. Entre transmitir apoio e solidariedade aos ju-
“Os serviços de Shabat são realiza- ANTES DEPOIS criação “Rock in as chaverot, Vivian deus daquele país. Durante o encontro
dos por um rabino voluntário do Beit Pearls”, de Elka Frel- Norman, agora Jack Terpins foi reeleito presidente e
Chabad em um ambiente aconchegante e de muita espiritualidade”, segundo o presi- ler, estará na edição residente nos Esta- escolhida a nova diretoria para o biênio
dente Jacobo Kogan e o vice Davi Tarandach, que convidam a comunidade. de julho de 2013. dos Unidos. 2013-2014. CLARA ANT, JACK TERPINS, RONALD LAUDER E O VICE-PRESIDENTE NICOLAS MADURO
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HEBRAICA | MAR | 2013

cultural + social > comunidade

Chaverim em campanha
O Grupo Chaverim, que atende a pes-
soas com deficiência visando a inclu-
são, aceita novos integrantes: jovens a
partir dos 10 anos em sua seção Teen
e a partir dos 18 anos no Master. Infor-
mações, 3818-8876.

AGENDA
11/3, 14h – Dia Internacional da Mulher
2013. Realização do Grupo Chana Szenes,
da Wizo, na Maison Menorá. Homenageadas:
Lea della Casa Mingioni, do Graac, e Rosa
Garfinkel, ativista benemérita da Wizo SP.
Convites, 3257-0100, com Liane NONONON ONONONONOONO ONONONOONONOO ONO NON
18/3, das 9 às 17h – 8º. Seminário de
Capacitação de Dirigentes Profissionais e O BAIT FOI A SEDE DO SEMINÁRIO DE LÍDERES DOS ESTADOS UNIDOS E DA AMÉRICA DO SUL
Voluntários da Terceira Idade. Tema: “Quem
cuida dos idosos hoje e quem cuidará de
nós amanhã”. Realização da Área de Apoio Judaísmo visto globalmente
à Terceira Idade da Fisesp. Na Câmara Mu-
nicipal de São Paulo. Inscrições pelo e-mail
terceiraidade@fisesp.org.br.
25/4 a 9/5 – Visite Israel com a Wizo.
“D ando Novas Formas à Identida-
de Judaica e as Comunidades
Latino-Americanas” foi o tema de um en-
man e Michel Schlesinger, de São Paulo.
No final, os presidentes da Conib e
da Fisesp, Cláudio Lottenberg e Mário
Pensão completa e guia em português desde contro de líderes comunitários do Bra- Fleck, apresentaram um quadro da co-
a saída. Informações, 5087-3455 com Carla sil, Argentina, Uruguai, Paraguai, Cuba munidade brasileira. O diretor da Fi-
ou Viviana e Estados Unidos durante o Seminário sesp Alberto Milkewitz disse que “o di-
28/4 a 8/5 – Raizes. Viagem da GSP Travel, Nahum Goldmann Fellowship, promovi- ferencial desse seminário foi ouvir im-
apoio do CJL, para Polônia e República do pelo Memorial Foundation for Jewish portantes palestras e dialogar, de modo
Tcheca. Informações, 3231-4422, com Carol Culture, Federação Israelita do Estado de a transformar o aprendizado em ações
Verza/raizes@gsptravel.com.br São Paulo (Fisesp) e Confederação Isra- concretas”.
20/05 a 9 /06 – Israel e Turquia com elita do Brasil (Conib) durante o qual fo- A Memorial Foundation foi criada em
Perla’s Tour. Hoteis 5 estrelas plus. Guia em ram realizadas conferências de Daniel 1965, com fundos de reparação do go-
portugues. Vagas limitadas: 30. Informações: Fainstein, da Universidade Hebraica do verno alemão, para reconstruir a vida
pmosseri@hotmail.com México, Saul Berman, rabino, acadêmi- judaica após o Holocausto e hoje busca
26 a 30/06 – Grande Hotel São Pedro co norte-americano e professor da Yeshi- promover a conexão judaica e apoiar a
com a B’nai B’rith. Imperdivel!!! Reservas: vá University, Sérgio Wider, do Centro formação de líderes comunitários e pro-
3082.5844, Cris e Pedro Simon Wiesenthal, rabinos David Weit- fissionais capacitados.

Nas telas, a arte da superação


Lise Forell, Sarenka, Catherine Gati e Agi Straus assinam as treze
obras expostas na sede da Unibes, na mostra “Sublime – o Poder da
Exposição”. Iniciativa da Claims Conference Brasil/Unibes (rua Rodol-
fo Miranda, 287), entidade que atende a sobreviventes da Shoá, repas-
sando verbas de governos europeus para programas de melhoria da
qualidade de vida dos beneficiados. Indicada em 2004 pela Conib, a
Unibes tornou-se parceira da Claims Conference – The Conference on
Jewish Material Claims Against Germany – e atende os sobreviventes
do Holocausto que vivem no Brasil. Em janeiro foram 290 sobreviven-
tes no Brasil, a maioria em São Paulo.
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cultural + social > fotos e fatos

1. 2. 3. 1. 2.

4. 5. 6. 3. 4.

5.
7. 8.

6. 1. Delegação da comunidade no Senado Federal; 2 e 6. Leoni


Bien e Leonor Szymonowicz, Geni Abuleac e Anna Schvartz-
man na troca de diretoria de Na’amat Pioneiras; 3. Apresen-
tador Otávio Mesquita mereceu aplausos por reportagens
sobre Israel; 4. Autoridades e convidados no Teatro Oi, em
Brasília; 5. A Feliz Idade ouviu atenta a monja Waho – San-
dra Degenszajn: Apreciando a Vida; 7 e 8. Hebraica, Na’amat
Pioneiras e KKL unidos; Chaverim entrou no espírito da festa
em Tu B’Shvat

7. 8.
1. O sorriso de Thaís Cabuli, trabalhando no Mediterranée Rio das Pedras; 2. Tuna Duek 9.
em recente apresentação teatral; 3 e 4. Pose de carnavalescos antes do desfile da Gavi-
ões da Fiel; na avenida, Perla Mosseri (E), Danielle Mayo, Carolina Mayo, Silvana Prout,
Gladis e Rodrigo Wilner; 5. Leo Schetman convidado para reunião das “novas ricas” da
TV; 6. No Palácio dos Bandeirantes, representando a Hebraica, Guita Zarenchanski com
Dalva Christofoletti Paes da Silva e Aline Corrêa, no lançamento do Projeto Paraolím-
pico Brasileiro; 7. Em férias, os primeiros passos dos futuros mestres-cuca no Espaço
Gourmet; 8. Enio Lewinski, Fernando Lottenberg, Mário Fleck e Alberto Milkewitz em
reunião da Memorial Foundation; 9. Irene e George Legman com o ex-presidente Fer-
nando Henrique Cardoso em Cancún Chichen Itza
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cultural + social > fotos e fatos

1. 2.

3. 4.

5. 6.

1, 3 e 4. Na CIP, em cerimônia do Dia do Holo- 7. 8.


causto: José Serra, rabino Michel Schlesinger e
Aloysio Nunes Ferreira; todas as religiões reu-
nidas em prece pela paz no mundo; jovens
acendem seis velas; 2. A Wizo Flórida rece-
beu Iza Mansur e Helena Nasser em conven-
ção; 5. Frascos de perfume na arte de Débora
Muszkat; 6. 7 e 8. Em Brasília: Samuel Szerman,
Maria do Rosário e Luiz Viana Queiroz, Luí-
za Barros, Jean Wyllys e Iradji Roberto Eghrari,
Walter Feldman e Jacques Wagner
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ju
ven
tu
de
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juventude > adventure

O
Fotos Alon Lax

Hebraica Adventure abriu a sua


agenda de viagens com uma ex-
cursão de cinco dias à região de Bonito,
em Mato Grosso do Sul, onze vezes esco-
lhido melhor destino ecoturístico no Bra-
sil pela revista Viagem.
No roteiro, visitas à Gruta do Lago
Azul, às nascentes do rio da Prata, explo-

Bonito foi a
ração das cachoeiras e piscinas naturais
do rio Mimoso e rafting no rio Formoso.
O Buraco das Araras foi um dos locais

primeira viagem
mais apreciados pelos viajantes.
Davi Krasilchik, de 9 anos, cuja família
participou da viagem, apontou o Buraco
das Araras como o local mais curioso do
roteiro. “Foi uma excursão muito boa. Eu
A MISTURA DE PESSOAS DE VÁRIAS IDADES AJUDOU A TORNAR e meu irmão Leon, fizemos amizade com
INESQUECÍVEL A PRIMEIRA VIAGEM DO HEBRAICA ADVENTURE ESTE as duas outras crianças que viajaram e
ANO. OS PARTICIPANTES DO GRUPO FOTOGRAFARAM PÁSSAROS E os adultos também eram muito legais”,
ANIMAIS EXÓTICOS E LINDAS PAISAGENS elogiou o garoto. (M. B.)

LAGOS COM ÁGUA CRISTALINA POSSIBILITARAM O APRENDIZADO DE NOÇÕES BÁSICAS DE MERGULHO INDEPENDENTEMENTE DA IDADE, TODOS OS VIAJANTES SE DIVERTIRAM EM BONITO
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juventude > dança

DANÇARINOS SE APRESENTARAM PARA QUATROCENTOS ESPECTADORES

O s dançarinos do grupo Carmel de-


dicaram boa parte dos esforços
em 2012 arrecadando fundos para uma
Carmel faz sucesso
viagem aos Estados Unidos que “estava
em pauta desde 2011 e só agora conse-
guimos concretizar de modo a equilibrar
ensaios e apresentações com turismo”,
entre os americanos
relata Nathalia Benadiba, que dividiu O GRUPO CARMEL INICIOU O ANO COM UMA TURNÊ AOS
com Gabriela Chalem a responsabilida- ESTADOS UNIDOS, ONDE SE APRESENTOU ATÉ DURANTE UM CRUZEIRO
de pelo grupo. NAS BAHAMAS A BORDO DE UM NAVIO DA ROYAL CARIBBEAN
No roteiro do Carmel os dias passa-
dos num parque da Disney possibili-
taram o encontro com os personagens de Danças e da família em expansão. munidade judaica local.
e uma apresentação de trinta minutos Em Miami, o grupo fez um show com Na terceira etapa da viagem, o grupo
em Downtown Disney, anfiteatro na uma hora de duração para outras qua- embarcou em um navio da Royal Carib-
Disney World, uma das sedes do Circo trocentas pessoas. “Fomos muito elo- bean e rumou para Bahamas. “Passar es-
du Soleil. giados, especialmente pelos integran- ses dias a bordo aumentou a integração
“Para os dançarinos foi uma experi- tes dos grupos folclóricos locais que do grupo, que estava sempre junto nas
ência muito emocionante, especialmen- nos prestigiaram”, relada a ex-dança- atividades de lazer e também nos ensaios
te porque havia quatrocentas pessoas rina. “Também fizemos um ensaio con- para a apresentação no teatro do navio.
muito diferentes do nosso público nor- junto com o Emshech, principal grupo Foi aí que entendemos como é instável a
mal”, afirmou Nathalia, que no segundo de danças de Miami” completou. O tour vida de artista, porque o barco balançou
semestre deixa de coreografar o Carmel pela cidade incluiu uma visita ao Me- um pouco enquanto o pessoal estava no
para cuidar da coordenação do Centro morial do Holocausto mantido pela co- palco”, brinca Nathalia. (M. B.)
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juventude > after school

SÍMBOLOS DO ANO NOVO JUDAICO NO CURSO OFERECIDO PELO AFTER SCHOOL

Tradição judaica “Essa aproximação com o judaísmo in-


centiva a convivência e as crianças sen-
tem-se parte de um grupo social”, afirma

fortalece identidade Sarita, que traz para o After School sua


experiência como mestre em língua he-
braica, literatura e cultura judaicas pela
ALUNOS DE ESCOLAS NÃO JUDAICAS VÊM AO CLUBE FAZER LIÇÃO DE Fflch/USP. Ela também é pesquisadora
CASA, TER AULA DE INGLÊS, BRINCAR E APRENDER MAIS SOBRE A do Arqshoah/Leer-USP e do Cedoc-Me-
TRADIÇÃO E OS COSTUMES JUDAICOS morial da Imigração Judaica
São adotados livros de alfabetização

N o After School, como o nome diz,


a criança pode passar a tarde toda.
Em um ambiente especial, os profissio-
nic Saruê. Da equipe fazem parte as mo-
rot Bruna Bromberger e Ariela Kalili e a
voluntária Luana Man.
seguindo o método israelense, e o he-
braico só é ministrado a partir dos 8
anos. De caráter não formal, o curso de
nais planejam o período entre o auxílio Nos seus três anos de existência, pas- tradição judaica leva as crianças a enten-
na lição de casa, repouso, lazer, aulas saram pelo curso do After School quase der a sua história e lhes acrescenta os va-
de inglês do Alumni e, também, tradi- cem crianças entre 5 e 11 anos, duran- lores morais e éticos do judaísmo.
ção judaica. te uma hora e meia semanal, quando vi- Segundo Gaby Milevsky, incentiva-
“Famílias preocupadas com o fortale- venciam um conteúdo adequado à sua dor do curso: “Acredito que um povo sem
cimento da identidade judaica dos filhos faixa etária. Alfabetização em hebraico, memória está condenado a repetir a his-
optam por esse curso. ‘Que bom, eles histórias bíblicas, festas judaicas, atuali- tória. Na medida em que a Hebraica cria
vão me relembrar o que aprendi na es- dades de Israel fazem parte do calendá- espaços – momentos – na nossa histó-
cola judaica e na casa dos meus pais’ é rio anual, que procura resgatar a memó- ria e aprofunda o estudo das nossas tra-
o que ouvimos muito na hora de receber ria da família, o sentimento de perten- dições, dá melhores condições de uma
as crianças”, diz coordenadora do curso cer, de ter um passado e caminhar para identidade sólida para a próxima gera-
de tradição judaica, a morá Sarita Muci- o futuro como um “ser” judeu. ção”. (T. P. T.)
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es
por
tes
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esportes > macabíada

A DELEGAÇÃO BRASILEIRA JUNTO AO KOTEL, DURANTE A ÚLTIMA MACABÍADA

Competir para integrar


ESTE MÊS SERÁ REALIZADO EM ISRAEL O CONGRESSO DA UNIÃO MUNDIAL MACABI QUE VAI DECIDIR AS
MODALIDADES E COMPETIÇÕES DA XIX MACABÍADA A SER REALIZADA DE 17 A 31 DE JULHO

E nquanto alguns diretores do Macabi


Brasil estão no congresso em Israel,
os dirigentes do movimento no Brasil e
quete, vôlei e natação, nos quais o Brasil
já tem tradição”, comenta Fábio Fisch-
man, do Macabi Brasil. Uma das novas
gundo Fischman, nesta Macabíada, Isra-
el vai privilegiar a integração e o convívio
dos jovens reunindo todas as competições
os responsáveis por vários setores espor- modalidades é a de águas abertas. no Instituto Wingate e “assim, mesmo
tivos no clube trabalham para divulgar o Atualmente, uma das principais tare- quando não estiverem competindo, os ga-
evento e estimular atletas e familiares. fas do Macabi Brasil é arrecadar fundos rotos e garotas terão atividades, gincanas,
“Quanto maior a delegação, mais en- para embarcar o maior número possível passeios para integrar as delegações. Vão
tusiasmo terão nossas equipes que cer- de atletas e, desta forma, aumentar a pro- passar o dia naquele local e só voltar aos
tamente disputarão futebol, xadrez, bas- babilidade de conquista de medalhas. Se- hotéis para dormir”. (M. B.)
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esportes > polo aquático

tou. “Ficamos em nono lugar e para nós,


estreantes, a experiência de jogar entre
os melhores do Brasil e ver o quanto pre-
cisamos melhorar como time para che-
gar ao nível dos outros países foi muito
legal”, afirmaram os dois rapazes.
Já no início deste ano, eles e mais cin-

Atletas da Hebraica co atletas do juvenil da Hebraica (Eduar-


do Wainberg, Patrick Licht, Willian Psan-
quevitch, José Vítor Souza e Felipe Alter-

na seleção brasileira thum) foram convocados para os treinos


seletivos visando o sul-americano a ser
disputado este mês no Chile.
“É bom que entre os quarenta convo-
NO FINAL DE 2012, O POLO AQUÁTICO FESTEJOU A CONVOCAÇÃO DE DOIS cados, os atletas da Hebraica estejam en-
ATLETAS JUVENIS QUE DISPUTARAM O MUNDIAL, NA AUSTRÁLIA. tre os melhores. Começamos os primei-
EM FEVEREIRO, FORAM PRÉ-CONVOCADOS SETE PARA DISPUTAR UMA VAGA ros treinos na piscina do Paineiras e daí
NA SELEÇÃO QUE IRÁ AO CHILE PARA O SUL-AMERICANO para frente é treinar muito”, completa
Pedro, que pretende obter uma bolsa de

L eon Psanquevitch e Pedro Verga-


ra ainda não processaram todas as
emoções vividas no seu primeiro com-
nal local publicou matérias a respeito do
torneio”, contou Pedro, da equipe titular.
A seleção brasileira jogou contra a Itá-
estudos no exterior jogando polo.
Leon tem outros planos para o futu-
ro, menos diminuir o ritmo dos treinos.
promisso oficial como atletas do polo lia, Sérvia, Cazaquistão, Estados Unidos, “Jogar polo me faz muito bem. Se puder,
aquático. Eles atuaram pela seleção bra- Irã e Nova Zelândia. “Contra os campe- convencerei meu irmãozinho a também
sileira no Mundial Júnior em Perth, na ões, os italianos, perdemos de 17 a 8”, escolher o polo. O do meio já se integrou
Austrália. “Muita gente foi ao Challenge comentou Leon, que foi reserva e apro- e também foi convocado, o que é muito
Stadium para assistir às partidas e o jor- veitou cada uma das partidas que dispu- bom”, festeja o adolescente. (M. B.)

LEON E PEDRO ESPERAM PARTICIPAR DA SELEÇÃO BRASILEIRA QUE DISPUTARÁ O SUL-AMERICANO


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esportes > master

O MASTER COMEMORA DUAS DÉCADAS DE BOA FORMA, AMIZADE E DIVERSÃO

Equipe chega que treinaram comigo quando tinham


12 ou 13 anos”, destaca a técnica.
Na água e fora dela, formou-se um cír-

aos 21 anos no embalo culo de amigos que se apoiou durante as


competições no Brasil e no exterior. O
exemplo dos maridos inspirou as mulhe-
res, que passaram a frequentar os trei-
FORMADO POR NADADORES ADULTOS, O MASTER ULTRAPASSA nos diários. A nadadora Cléa Pilnik ven-
DUAS DÉCADAS DE EXISTÊNCIA COM A MAIORIA DOS PRIMEIROS ceu um concurso de contos de uma re-
INTEGRANTES AINDA NA ATIVA E MUITAS HISTÓRIAS PARA CONTAR vista narrando os benefícios que obteve
ao incluir a natação no cotidiano.

N o início de fevereiro, a técnica


Adriana Silva enviou e-mail de
agradecimento pelo apoio dado duran-
“efes”, ou seja fit, friend and fun como
os objetivos primordiais do trabalho
do master.
“Muitas, além dela, mudaram de vida.
Temos casos de senhoras que só cui-
davam da família e decidiram cursar
te os 21 anos de existência do master de “Analisando esses 21 anos que passa- mestrado, retomar a carreira. Homens
natação. A revista Hebraica figurava en- ram voando, acho que traduzimos bem e mulheres que aceitaram o desafio de
tre os remetentes escolhidos a dedo. os três ‘efes’ e conseguimos ir muito participar de torneios e foram vitorio-
“No início de 1991, o Esporte Clube além da manutenção da forma, da ami- sos. Só o fato de cuidarem mais de si
Pinheiros e o Paulistano mantinham zade e da diversão”, analisa Adriana. mesmos já é um ganho e tanto”, exem-
um grupo de nadadores acima dos 25 Assim que o grupo foi criado, os três plifica Adriana.
anos e a ideia de termos algo pareci- primeiros nadadores ganharam muitos Em plena maturidade, o master en-
do na Hebraica partiu de Moacir Larg- companheiros nas raias da piscina. “O cara a próxima Macabíada Mundial
man, frequentador da piscina. E pro- perfil do público leva a uma grande ro- em julho deste ano. “Estamos tranqui-
pôs atender aos adultos que já nada- tatividade. Hoje temos noventa pessoas los. Como veteranos, sabemos valorizar
vam, gostariam de melhorar a técnica inscritas e 70% delas nos acompanham o que realmente importa, ou seja, estar
e talvez competir”, conta Adriana. Nos desde o início. Temos nadadores com lá e curtir cada minuto, na água ou fora
primeiros treinos, falava-se nos três mais de 80 anos e atletas na casa dos 20 dela”, resume Adriana. (M. B.)
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esportes > vôlei esportes > fotos e fatos

1. 2.
portivo para uma segunda turma de vô-
lei, desta vez para a faixa dos 13 aos 15

Renovação começa
anos às segundas e quartas, das 15h10 às
16h10. “Esses meninos vão treinar com
Ângela, uma técnica muito conceituada.

na base
Essa categoria ganhou o nome de júnior
e existem vagas para quem quiser parti-
cipar”, anuncia.
Segundo Marcelo, 10 anos é a idade
TODAS AS TERÇAS E QUINTAS, UM GRUPO DE GAROTOS ENTRE ideal para uma criança começar no vô-
10 E 12 ANOS OCUPA A QUADRA 3 DO POLIESPORTIVO A PARTIR lei. Ao mencionar a preferência pelo fu-
DAS 15H30 E LÁ APERFEIÇOA SAQUES, MANCHETES E, EVENTUALMENTE, tebol, Marcelo revela um conceito bas-
MOSTRA SUA EVOLUÇÃO EM PARTIDAS DE TRÊS tante atual sobre a prática de esportes.
“Segundo recomendação dos especialis-

“Q ueremos ampliar o número de


participantes para possibilitar
mes completos”, acrescenta Marcelo.
Até 2011, a Hebraica participava dos
tas, para se tornar um atleta completo
o ideal é praticar duas modalidades di-
a formação de dois times de seis, no mí- torneios da Federação de Vôlei com ti- ferentes. Isto é, quem joga futebol tam-
nimo, o que configura uma real partida”, mes masculinos que chegavam às finais. bém pode – e deve – jogar vôlei, hande-
explica o coordenador de vôlei competi- “Os atletas que jogavam no infantil estão
3. 4.
bol ou basquete.”
tivo no clube Marcelo Costa. No ano pas- preocupados com vestibular, compro- Além da abertura de novos horários, a
sado, esses meninos disputaram amisto- missos para estudar fora do país e ficou equipe técnica tenta um contato mais pró-
sos no Colégio Pentágono e torneios no para a equipe técnica da modalidade a ximo com as escolas para oferecer clíni-
Esporte Clube Pinheiros e no Colégio Al- tarefa de trabalhar a base e formar mais cas nas quais poderão mostrar os atrati-
bert Sabin. “É redundante, mas o que es- categorias para representar a Hebraica”, vos do vôlei. “Quem experimenta gosta. O
timula os garotos são os torneios e com explica o coordenador. que precisamos agora é trazer os garotos
um grupo reduzido. É difícil montar ti- Marcelo reservou a quadra do Polies- até a quadra”, conclui. (M.B.)

5.

1. Técnicos de basquete Adriano S. Geraldes e Ricardo


C. P. Couto e o coordenador Tácito Pinto Filho estão
reformulando a modalidade no clube; 2. Torneios
como o que foi promovido pela Acesc em 2012
estimulam a prática do vôlei nas categorias menores
3. Novo técnico de natação trabalha com as
categorias mini e petiz; 4. Recém-contratados, os
técnicos Daniel e Danilo preparam a próxima geração
de atletas da ginástica artística; 5. Nadadores do
juvenil I e II não esperaram o fim do Carnaval para
A ADESÃO DE GAROTOS ENTRE 10 E 12 ANOS AMPLIARÁ A EFICIÊNCIA DOS TREINOS E TRARÁ MAIS ESTÍMULO AO VÔLEI COMPETITIVO retomar os treinos
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espaço saúde

Saúde da Mulher

O
termo saúde engloba diversos pelo profissional de saúde, seja ele espe- DRA. ALESSANDRA BEDIN RUBINO
conceitos e idéias, que muda- cialista ou não, quando se fala em pro- GINECOLOGISTA DO HOSPITAL ISRAELITA
ram progressivamente ao longo moção de saúde nas mulheres: estilo de ALBERT EINSTEIN
dos anos. Segundo a OMS, o termo “Saú- vida, saúde emocional, doenças cardio-
de” engloba o estado de bem estar físico, vasculares, câncer, concepção e contra-
emocional (mental) e social, e não mera- cepção, menstruação, sexualidade e do-
mente a ausência de doença. Se pensar- enças sexualmente transmissíveis. Cla-
mos especificamente no bem-estar femi- ro que em situações especiais, como gra-
nino, esta é uma preocupação antiga, que videz e menopausa, alguns cuidados
vem tomando novos contornos nas últi- tomam dimensões ainda maiores.
mas décadas. Se até os anos 1960 a gran- Estilo de vida: são altamente conhecidos
de preocupação era a saúde reproduti- todos os benefícios de um estilo de vida
va da mulher, hoje seu bem-estar físico e saudável. Dieta balanceada, atividade fí-
emocional passou a ter importância sig- sica, peso adequado, estão entre os fa-
nificativa. tores que mais se relacionam a melhor
Não só porque as mulheres muitas vezes qualidade de vida, e menor risco de apa-
têm papel fundamental na dinâmica de recimento de doenças. Há algumas dé-
uma família, mas também pela cada vez cadas, estamos vivendo um aumento tão
maior participação das mesmas no mer- grande nos casos de obesidade e seden-
cado de trabalho e na produtividade glo- tarismo, que ambos vêm sendo conside-
bal. Sem dúvida alguma, o médico tem rados problemas de saúde pública, da-
papel fundamental no aumento da qua- das as grandes consequências que pro-
lidade de vida, tanto em relação aos as- vocam. Assim, a adoção de uma rotina
pectos físicos, quanto nas questões emo- diária de exercícios físicos, como cami-
cionais femininas. E, muitas vezes, a di- nhada, aliada a uma dieta balanceada e
vulgação de conhecimento, pelas diver- interrupção de maus hábitos como o ta-
sas formas de mídia acaba estimulando a bagismo, são medidas que têm um enor-
procura por melhores condições de saú- me impacto na incidência de doenças,
de, ao esclarecer e divulgar informações aumentando sobremaneira a longevida-
úteis e importantes em relação à preven- de e a qualidade de vida.
ção de doenças. Desta forma, a mulher tem de ser vista de
Pensando em uma rotina de diagnóstico forma global, holística, pensada e respei-
e prevenção, naturalmente, deve-se levar tada como um todo. Não adianta pensar-
em consideração a idade, os anteceden- mos em seus órgãos genitais, se não pen-
tes pessoais e familiares, exposição a fa- sarmos neles como um reflexo de tudo
tores de risco, etc. Mas alguns temas ge- aquilo que se passa dentro dela, literal-
rais devem ser rotineiramente abordados mente da cabeça aos pés.
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magazine > eleições israelenses 1 | por Ariel Finguerman, em Tel Aviv

Apesar de não ter concluído o cole- O RESULTADO DESTA ELEIÇÃO


gial, Lapid é sem dúvida um escritor ta- MOSTROU QUE YAIR LAPID

lentoso. Na última década, tornou-se fi- VAI MUITO ALÉM DE UMA

gura importante do jornalismo como o BOA CARICATURA

colunista mais lido da edição de fim de


semana do maior jornal do país, o Ye-
dioth Achronot. É considerado um exce-
lente redator, capaz de transformar em

Yair Lapid
texto o que o israelense médio pensa
mas não consegue elaborar. No entanto,
teve de largar tudo para se dedicar à po-
lítica. Além disso, durante muitos anos
apresentou um talk show em horário
nobre da tv israelense.
Em razão disso tudo e da grande ex-

é o novo astro
posição na mídia, sabemos o suficiente
a respeito dos gostos e preferências do
agora segundo mais importante político
israelense: na música, é fã de Bob Dylan,

da política
Frank Zappa, Nina Simone e John Col-
trane; seu destino predileto é Paris; nas
horas vagas, gosta de um bom livro de
José Saramago e já pertenceu a uma si-
nagoga reformista de Tel Aviv.
Jura que não gosta de política mas,
BONITÃO, INEXPERIENTE, CARISMÁTICO, ELITISTA, ESCRITOR DE como a maioria dos políticos, também
TALENTO, COLEGIAL INCOMPLETO. A MAIS NOVA SURPRESA DA POLÍTICA promete que entra neste mundo para
ISRAELENSE, YAIR LAPID, AINDA PRECISARÁ PROVAR A QUE VEIO mudar as coisas a partir do seu inte-
rior. Por exemplo: “Política me parece

A
s eleições israelenses de janeiro mudaram pou- um jogo sujo em que todos enganam a
ca coisa no cenário político do país. O vencedor todos. Isto é verdade, mas o que fazer?
principal ainda foi o centro-direita, que há treze Não há outro jogo nesta cidade”, disse
anos lidera o país, espécie de fi lho desajeitado da certa vez.
segunda intifada. Mas também houve novidades e a principal Lapid é carismático, ostenta uma cabe-
delas foi o segundo lugar na votação, o novato Yair Lapid e o leira grisalha que alguns a comparam à
partido que formou às pressas para concorrer, Yesh Atid (“Há do ator George Clooney, faz o tipo “durão
Futuro”, em hebraico). simpático” que o israelense gosta de ima-
Lapid, 48 anos, é “peixe fresco” na política, mas velho co- ginar que pensem dele, e passou a re-
nhecido do público por sua atuação nos meios de comunica- presentar ideais da classe média há tem-
ção. Surgiu na vida israelense pela maneira mais tradicional, pos de fora do jogo político. Aceita que
a proteksia, nome dado a quem tem boas ligações familiares os imigrantes russos tenham maior par-
ou amigos certos nos lugares certos, isto é, os centros do poder. ticipação, mas se recusa a dar projeção
O empurrãozinho inicial, no caso, veio do pai, já falecido, a tipos esquisitos como Avigdor Lieber-
Tommy Lapid, sobrevivente do Holocausto e líder do partido man, o ex-ministro de Relações Exterio-
ultrassecular Shinui, que chegou a ser ministro da Justiça. Yair res que nem deveria ter sido. Sim ao ju-
entrou no jornalismo como “foca” do jornal Maariv, onde o pai daísmo, mas não às imposições políticas
trabalhou durante décadas. dos ortodoxos. Sim para um Israel forte
Educado em Londres e em uma das mais tradicionais esco- que negocie com os palestinos, mas não
las de Israel, o Gimnasya Herzlia, de Tel Aviv, Lapid foi bon ao radicalismo dos colonos.
vivant durante anos, adorava carros potentes, vinhos caros e Para reforçar a mensagem de candi-
viagens sofisticadas ao exterior. Divorciou-se da primeira mu- dato classe média, Lapid escolheu para
lher, com quem teve um filho, e casou-se com uma escritora, companheiros de bancada figuras que
que lhe deu mais dois filhos. são quase uma caricatura desse estrato
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magazine > eleições israelenses 1 magazine > eleições israelenses 2

Lapid soube aproveitar bem as vitó- rabino Ovadia Yosef, chamou-os de “gen-
rias, deixou a humildade de lado e em tios e hereges”. Os rabinos ashkenazim
uma das primeiras entrevistas, conhe- os acusaram de judeus reformistas – o
cido o resultado, já chutou alto. “Estou maior insulto possível a algum haredi.
convencido de que nas próximas elei- Pior até do que chamar alguém de “goy”.
ções serei o primeiro-ministro”, disse ao A UTJ conquistou sete cadeiras, au-
Canal 2 de tevê. Para mostrar disposição mentando seu poder na Knesset por ape-

É guerra e os rabinos
e bem assessorado por marqueteiros, foi nas uma vaga. O Shas, não, e ficou com
fotografado lutando boxe amador, que onze cadeiras. Mas o Habayit Hayehudi
diz praticar com frequência (deu para chegou às doze, muito mais do que sob a
lembrar de outro político?). Também em- liderança de Zevulun Orlev, quando não
punhou uma guitarra para cantar With
a Little Help from my Friends, dos Bea-
tles, na festa de comemoração do parti-
ultras já estão prontos passava de um dígito. O Yesh Atid, parti-
do de Yair Lapid e de agenda secular, ga-
nhou dezenove. O pior pesadelo haredi
do (lembram-se de outro alguém?). se materializava diante dos seus olhos:
Agora, passada a euforia das eleições, por Amir Mizroch * um governo sem os haredim, ou os “sem
o problema é aquele velho conhecido governo”. Um governo que dispensa os
da política: Lapid conseguirá entregar O RESULTADO DAS ÚLTIMAS ELEIÇÕES COLOCA O PRIMEIRO-MINISTRO DIANTE dezenove assentos dos partidos haredim
o que prometeu durante a campanha? DE UM QUEBRA-CABEÇAS PARA MONTAR O NOVO GOVERNO DE COALIZÃO. poderá mudar a atual situação e forçar
Se tiver êxito, será uma exceção na his- ESTÃO EM JOGO A ISENÇÃO DO SERVIÇO MILITAR E O MONOPÓLIO HAREDI o setor haredi da sociedade israelense a
tória de Israel. Os grandes governan- SOBRE ORGANIZAÇÕES FUNERÁRIAS, TRIBUNAIS RABÍNICOS, CONSELHOS servir o exército, participar das coisas da
tes do país – Ben-Gurion, Rabin, Sha- RELIGIOSOS, A AUTORIDADE DE CONVERSÃO, E TODAS AS INSTITUIÇÕES nação e entrar no mercado de trabalho.
ron, Begin – tinham longos anos de ser- RELIGIOSAS ATUALMENTE DIRIGIDAS PELOS ULTRAORTODOXOS E ainda pode piorar em razão das infor-
viços prestados no exército ou em ins- mações de que Bennett e Lapid teriam
>> tituições públicas antes de se tornarem feito um acordo segundo o qual um não

N
social. O número dois é um rabino, pai de seis filhos e que O BEIJO EM UM DIRIGENTE estadistas. Lapid, no entanto, veio do os primeiros dias de fevereiro, duas semanas depois entraria no governo sem o outro, e am-
atua em kibutzim. Uma das deputadas eleitas foi prefei- DO MERETZ APENAS nada e entrou na política poucos meses das eleições e a um mês do prazo para o governo ser bos trabalhariam em favor da mudança
ta de Hertzlia e apoiadora da Passeata Gay de Jerusalém, SUGERE UMA ALIANÇA antes das eleições. legalmente constituído, a cena política de Israel se en- na questão do serviço militar.
além de um esportista de origem russa e um ex-prefeito DE LAPID COM O PARTIDO, Se o resultado político de Lapid for caminha para uma batalha real, uma verdadeira guerra santa, Para os haredim, estudar a Torá sem
sefaradi de Dimona. SEGUNDO O TEXTO EM equivalente a zero será algo normal a respeito da questão da distribuição equitativa da carga da so- interrupções e não prestar o serviço mi-
HEBRAICO “A COALIZÃO para os padrões israelenses, portanto, ciedade israelense, melhor dizendo, a falta desta partilha. litar é uma questão existencial. Há ape-
Sonhando alto TEM FUTURO” nenhuma decepção. Em 2006, a gran- O primeiro-ministro Biniamin Netaniahu, incumbido de nas preto e branco: nem cinquenta tons
Lapid mirou na classe média, e também acabou acer- de surpresa das eleições foi o Partido formar a próxima coalizão, encara um enigma para decifrar: de cinza, nem mesmo dois tons de cin-
tando a elite. Em Kfar Shemariahu, vilarejo onde vive a dos Aposentados que, abrigado sob a ele quer formar uma aliança governista ampla, mas a incô- za. Toda a estrutura de poder do siste-
maior parte do PIB israelense, recebeu 32% dos votos, e bandeira da defesa dos velhinhos, con- moda questão da prestação de serviço militar pelos jovens ma político haredi é baseada no absolu-
no bairro de Savyon, de perfil semelhante, 35%, bem à seguiu eleger sete deputados, foi con- ultraortodoxos ameaça forçá-lo a escolher entre os parceiros to controle dos rabinos sobre o seu reba-
frente do segundo colocado. Também foi o mais votado vidado a participar do governo. Na úl- naturais – o haredi Shas mais os partidos da United Torá Ju- nho. Se os jovens entrarem no exército,
em Tel Aviv, Herzlia e Ramat Hasharon, fortalezas de ri- tima eleição este mesmo partido conse- daism (UTJ) – e os sionistas nacionalistas religiosos de Naftali no serviço nacional ou começar a traba-
queza e bem-estar. É gente cansada de ver os impostos se- guiu somente seis mil votos, e não ele- Bennett, do Habayit Hayehudi (“A Casa Judaica”, em hebrai- lhar para viver também podem come-
rem desviados para as yeshivot dos haredim, às colônias geu mais ninguém. co). Netaniahu provavelmente nunca imaginou um dia se en- çar a ter ideias próprias. Não importa se
na Cisjordânia onde vivem os extremistas ou para pode- De todo modo, isto não é garantia de contrar nesta situação. Bennett e Lapid propuseram planos gra-
rosos sindicatos como o do porto de Ashdod. fracasso do rapaz. Esta também é a era O Habayit Hayehudi ganhou fôlego com Bennett, antigo duais, moderados e significativos para
Ele conseguiu colocar na Knesset dezenove membros do Facebook, e Lapid admitiu a impor- membro de elite (e ainda reservista) das Forças de Defesa de distribuir igualmente o fardo nacional.
do Yesh Atid, todos novatos na política. Com isto, contri- tância da rede social para vencer, e do Israel (IDF) que fez do equilíbrio do fardo nacional, citado no Não existe um compromisso de que os
buiu decisivamente para o parlamento atual bater o re- predomínio da “sabedoria” dos jovens parágrafo acima, uma das principais plataformas do seu par- haredim concordem. Para os rabinos ha-
corde de caras novas, pois 48 deputados nunca antes ha- sobre a experiência dos mais velhos tido. O Habayit Hayehudi está bem representado na Knesset, redim – e não necessariamente seu reba-
viam sido eleitos. A novidade foi tão grande que a Knes- (“os garotos disseram aos pais como vo- com doze cadeiras, e apoia um candidato sionista nacionalista nho –, somente a perspectiva de mudan-
set teve de organizar às pressas um curso rápido para os tar nestas eleições”, disse). Eu acho que religioso para rabino-chefe de Israel – o santuário do monopó- ça já representa o final dos tempos. Todo
calouros a respeito do funcionamento do parlamento. E se Lapid fosse brasileiro e se aconse- lio religioso ultraortodoxo no país. o seu sistema e todas as suas energias es-
os funcionários, aturdidos com tantas novas caras, nos lhasse com um dos coronéis da políti- As coisas esquentaram tanto durante o final da campanha tão focadas em manter as coisas como
primeiros dias de trabalhos da atual legislatura circula- ca nacional, provavelmente ouviria: “Fi- eleitoral, em janeiro, que o Shas, temeroso de que alguns dos estavam nos guetos da Europa Oriental,
vam pelos corredores com fotos dos deputados para re- lho, se você quer ser presidente, antes seus eleitores fossem atraídos pela força gravitacional de Ben- nos séculos 18 e 19.
conhecê-los. se eleja vereador”. nett, investiu contra os ortodoxos. O líder espiritual do Shas, E eis que o partido de Bennett, do qual
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magazine > eleições israelenses 2

nejamento de Políticas e o conselheiro


de Segurança Nacional, entre outros. O
primeiro-ministro também terá de se de-
cidir entre dois sionistas religiosos can-
>> didatos ao cargo de secretário do Gabi-
fazem parte muitos rabinos sionistas religiosos, ameaçava der- nete em substituição a Zvi Hauser, de sa-
rubar a ordem do mundo. Mas seria muita pretensão: os políti- ída: o ortodoxo moderno Perach Lerner e
cos ameaçavam legislar, e a legislar de fato. Convém lembrar o ex-secretário-geral do Conselho Yesha,
que os partidos religiosos estão representados na Knesset por Shlomo Filber.
políticos, mas o verdadeiro poder está nas mãos dos rabinos – Historicamente, Netanyahu sempre
que não são eleitos e não têm responsabilidade – que tomam escolheu a companhia de “parceiros na-
as verdadeiras decisões. turais” – os fiéis e previsíveis partidos
Diante disso, os rabinos foram à guerra e fizeram o que não ultraortodoxos. Em maio de 2011, op-
tinham feito em mais de uma geração: convocar uma reunião tou por eles e não por Shaul Mofaz, do
com os religiosos nacionalistas nas residências dos rabinos ha- Kadima, e ex-diretor do Shin Bet, inte-
redim. Eminentes rabinos sionistas, como Chaim Druckman, Ya- ressado em discutir uma legislação a
akov Ariel e Shmuel Eliahu – apenas duas semanas antes con- respeito da distribuição igualitária do
siderados “gentios e hereges” – foram instados a controlar Ben- chamado fardo da sociedade israelense,
nett e avisados a não apoiar o “desenraizamento do mundo da e o descartou. Os haredim preferiram
Torá agora”, porque, segundo o prefeito de Beit Shemesh, o rabi- Netaniahu a Livni, quando ela preten-
no Moshé Aboutboul (Shas), “Obama, em seu segundo mandato, deu formar um governo depois de “ga-
não se preocupará com nada e forçará Netaniahu a desmantelar nhar” a maioria das cadeiras nas elei-
os assentamentos. E quando isso acontecer, não esperem o nos- ções da Knesset de 2009.
so apoio na Knesset”. Esta é uma ameaça séria, mas de acordo No último governo, Netaniahu mante-
com um tarimbado observador da política israelense, os parti- ve a paz entre os seus parceiros religio-
dos haredim se omitiram na votação da evacuação de Gaza. Ago- sos nacionalistas e os haredim. Mas ago-
ra, portanto, pode ser uma boa oportunidade de os colonos reli- ra, o Habayit Hayehudi formou um gru-
giosos nacionalistas se vingarem dos haredim. po para apoiar a indicação do rabino
Aboutboul garante que disse aos rabinos: “Se vocês não en- David Stav ao cargo de rabino-chefe de
trarem na coligação, não venham chorar quando precisarem Israel. Isto significa que os “gentios e he-
de apoio político contra um primeiro-ministro que irá remover reges” da corrente religiosa nacionalis-
os assentamentos. Vimos Sharon fazê-lo. E ele, que era o pai ta estão de olho no monopólio haredi so-
dos assentamentos...”. bre as organizações funerárias, os tribu-
O Habayit
Em Beit Shemesh muitos consideram Aboutboul o rabino COM MAIS DE 90 ANOS, set e seus representantes espirituais. parcialmente parece compensar e um rabino disse a Bennett: nais rabínicos, os conselhos religiosos, a
Hayehudi
dos haredim, que zela apenas por seus interesses e contra os O GRÃO-RABINO OVADIA Mas há controvérsias se isso vai fun- “Você não é Lapid” – isto é, devagar nessa coisa da igualdade. autoridade de conversão, e todas as ins-
formou um
dos ortodoxos modernos. Estes sentem a pressão do mundo YOSEF VAI SE RETIRAR cionar. É que os parlamentares do parti- Os ultraortodoxos ashkenazim também entraram em ação. tituições religiosas atualmente dirigi-
grupo para
exterior e cujas filhas são alvo de cusparadas no caminho da E CUIDAR DO TRINETO do, apesar de intimamente ligados a cer- O rabino e parlamentar pela UTJ Uri Maklev foi despachado às das pelos ultraortodoxos. Isto seria uma
apoiar a
escola. A cidade que administra é uma espécie de microcosmo RECÉM-NASCIDO tos rabinos, não são manobrados pelos emissoras de rádio para alertar que “a reforma proposta pelo tragédia para os haredim, e por isso lu-
indicação
da guerra santa entre os ortodoxos modernos e os ultraortodo- rabinos no parlamento, diferentemen- Habayit Hayehudi e Tzohar – os rabinos religiosos nacionalis- tam com todas as suas forças. Stav quer
do rabino
xos a respeito de questões que dizem respeito à esfera pública, te dos representantes da UTJ e do Shas tas – conseguiu entrar na Knesset. Eles constituem o verdadei- moderar o sistema, tirar o poder do mo-
David Stav
como a exclusão das mulheres dos espaços públicos, as cha- e seus ministros que nunca fazem nada, ro problema, porque os parlamentares seculares não sabem nopólio haredi e tornar o judaísmo um
ao cargo de
madas patrulhas da modéstia, a supervisão cada vez mais exi- na Knesset ou no governo, sem consultar nada da Torá e nem fingem entender alguma coisa, mas mui- pouco mais inclusivo. Bennett ameaça
rabino-chefe
gente da kashrut e até mesmo as batalhas imobiliárias acerca e obter a aprovação do Conselho dos Sá- tos desses novos parlamentares religiosos pensam que sabem se aliar a Lapid para forçar Netaniahu a
de Israel. Stav
da natureza e do aspecto de novos bairros. bios da Torá – o corpo não eleito de oc- a respeito da Torá e que têm uma opinião acerca de tudo. Nos- mudar o status quo.
quer moderar
togenários que respondem apenas a um so trabalho é protegê-la contra eles. A nossa existência é a con- Ponto final. A paz acabou. Agora é
o sistema,
Aboutboul não está sozinho poder superior. tinuação do estudo da Torá”. guerra. Netaniahu poderia tentar evitar
tirar o poder
No começo de fevereiro, o rabino-chefe Ovadia Yosef enviou No que seria impossível nos partidos Aparentemente, portanto, Netaniahu está diante de uma es- este dilema salomônico e fazer algo dife-
do monopólio
seu adjunto Eli Ishai para explicar melhor aos rabinos religio- haredim, os ativistas e parlamentares do colha difícil, pois terá de escolher entre seus parceiros natu- rente: excluir Lapid e formar uma coali-
haredi e tornar
sos nacionalistas, passando por cima de Naftali Bennett, o que Habayit Hayehudi recomendaram aos rais: de um lado, os sionistas religiosos nacionalistas dos quais zão com Bennett e os haredim.
o judaísmo um
o seu chefe quis realmente dizer. Ishai disse que Bennett não rabinos do movimento não se envolver foi sempre próximo, e do outro, os partidos políticos ultraor-
pouco mais
tem condições de decidir a mudança do status quo sozinho. A nas negociações políticas acerca do ser- todoxos, em quem sempre confiou para reforçar suas coliga- * Editor da versão em inglês do jor-
inclusivo
estratégia haredi é provocar uma cisão entre Bennett e seus ra- viço militar haredi. No entanto, a pres- ções. Vários sionistas nacionalistas religiosos fazem parte de nal Israel Hayom e ex-editor do The
binos e entre os parlamentares do Habayit Hayehudi na Knes- são sobre os rabinos sionistas ao menos seu círculo íntimo, como o chefe da Secretaria, o chefe de Pla- Jerusalem Post
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magazine > eleições israelenses 3

O MOVIMENTO LGBT EM ISRAEL


É FAMOSO POR SUAS PARADAS MAS

CARECE DE CONTEÚDO POLÍTICO

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Comunidade LGBT
não vai à luta
por Ilan Manor *
ISOLADA EM TEL AVIV, ONDE É ACEITA, RESPEITADA E FAZ PARTE DA VIDA
CULTURAL DA CIDADE, A COMUNIDADE LÉSBICA, HOMOSSEXUAL, BISSEXUAL
E TRANSEXUAL (LGBT) DE ISRAEL AINDA NÃO POSSUI UMA AGENDA
POLÍTICA PARA LUTAR CONTRA A HOMOFOBIA NO RESTO DO PAÍS

A
s eleições israelenses terminaram com uma cena previ-
sível: o discurso de vitória de Biniamin Netaniahu para
centenas de simpatizantes do partido Likud. Mas esse Yair Shamir,
momento de triunfo também revelou algo novo – e alarmante recém-eleito
– nesta recente campanha eleitoral, porque viu surgir um novo pelo partido
tipo de retórica na política israelense, dirigida contra um gru- Israel
po minoritário, anteriormente ignorado pela maioria dos po- se alistar no Tzahal. E filiados ao partido politicamente pelos seus interesses, mas nem se compara be a discriminação com base na orienta- Beiteinu,
líticos israelenses: a comunidade lésbica, homossexual, bisse- Shas, importante integrante da coalizão a outros grupos – nem tão minoritários assim –, que institu- ção sexual e uma emenda reconhecen- disse que em
xual e transexual. Nos meses anteriores às eleições, políticos anterior de Netaniahu, geralmente se re- íram lobbies influentes e atuam agressivamente em favor da do o casamento homossexual. Será que Israel não há
de vários partidos de direita se manifestaram a respeito da in- ferem a homossexuais como “deprava- sua agenda, como os colonos e os ultraortodoxos que seguem o próximo governo de coalizão, com base lugar para
clusão de membros da comunidade LGBT israelense, da sua dos” e “pessoas doentes”. o modelo de grupos americanos de interesses especiais. A co- em uma parceria entre o Likud e o parti- casamentos
instituição mais preciosa, as Forças de Defesa de Israel. Os comentários dos políticos israe- munidade gay está longe de ser vista. O que aconteceu com os do centrista de Yair Lapid, Yesh Atid, agi- de pessoas do
Um dos maiores opositores da comunidade LGBT israelen- lenses pouco incomodam a maioria dos cartazes usados nas paradas de Tel Aviv e Jerusalém, onde se rá de forma diferente em relação à comu- mesmo sexo.
se, Moshé Feiglin, colono e recém-eleito parlamentar à Knes- membros da comunidade LGBT israelen- lia “Nós estamos aqui. Nós somos homossexuais. Acostumem- nidade LGBT e se afastará de membros Uri Arieli,
set, integra o partido majoritário, o Likud. No passado, Feiglin se, que não se preocupam em esconder a se a isso!”? da Knesset, como Feiglin ou Arieli? Ain- veterano
se identificou com aqueles habitantes de Tel Aviv e Jerusalém, sua orientação sexual nem pedir descul- Talvez a aparente falta de interesse da comunidade LGBT da é muito cedo para saber. No entanto, do partido
que segundo ele, não têm onde se esconder quando “as repug- pas por seu modo de vida. Mas se a co- pela política de Israel seja consequência de ser plenamente está claro, que a comunidade LGBT de Is- religioso
nantes marchas da Parada do Orgulho Gay ocupam as princi- munidade LGBT israelense é orgulhosa, aceita no “Estado de Tel Aviv”. Aclamada por guias de viagem rael deve se convencer de que existe ho- sionista
pais avenidas da cidade”. Feiglin avançou o suficiente para se também é silenciosa, pois nunca encon- como uma das cidades do mundo mais “amistosas para com mofobia na política de Israel e na socie- Habayit
apresentar como um orgulhoso homofóbico, mas duas sema- trou uma forma de expressar seu poder os gays”, Tel Aviv tornou-se refúgio seguro para as pessoas da dade israelense e por isso precisa lutar Hayehudi,
nas depois das eleições, pressionado pela direção do partido, político por meio de um lobby que atua- comunidade LGBT que afluem de todo o país. Não só Tel Aviv pelos seus direitos e serem aceitos como acredita que os
reuniu-se com dirigentes da comunidade LGBT, em Tel Aviv, e ria para conquistar apoio político em fa- aceita pessoas do LGBT como membros iguais da sociedade, membros iguais da sociedade fazendo va- homossexuais
amenizou as suas declarações. vor de uma legislação que garantisse mas celebra a cultura gay e possibilita a criação de uma iden- ler o “Nós estamos aqui. Nós somos ho- que revelam
É claro que sentimentos homofóbicos não se limitam a Fei- seus direitos civis. Ela também se omitiu tidade israelense gay única. Isto é, as pessoas da comunida- mossexuais”. E mudar essa mentalidade sua condição
glin ou a outros membros do Likud. Yair Shamir, outro recém- da disputa política eleitoral e não apoiou de LGBT em Israel, aceitaram uma espécie de solução de dois de “Não se importe conosco”. sexual devem
eleito pelo partido Israel Beiteinu (“Israel Nossa Casa”, em he- abertamente candidatos homossexuais à Estados – com uma ilha de tolerância rodeada por um país ser proibidos
braico), disse que em Israel não há lugar para casamentos de Knesset. Atualmente há na Knesset um maior que agora está se voltando contra eles. * Ilan Manor escreve regularmente de se alistar
pessoas do mesmo sexo. Uri Arieli, veterano do partido reli- deputado declaradamente homossexual: O governo anterior liderado pelo Likud fez pouco para prote- para o haaretz.com e para o The Ti- no Tzahal
gioso sionista Habayit Hayehudi, acredita que os homossexu- Nitzan Horovitz, do Meretz. ger os direitos das pessoas do movimento LGBT. Bloquearam-se mes de Israel
ais que revelam sua condição sexual devem ser proibidos de É verdade, a comunidade LGBT age legislações importantes a favor dos gays, como uma que proí- Tradução de Yosi Turel
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magazine > eleições israelenses 4

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Os colonos derrotaram
Netaniahu, que sempre os ajudou
por Ori Nir * parecimento às urnas faz uma diferença
irrelevante.
COMO BINIAMIN NETANIAHU FOI VOTADO NOS ASSENTAMENTOS DA Afinal, em quem os colonos votaram?
CISJORDÂNIA? CONSIDERANDO AS POLÍTICAS DO SEU PARTIDO LIKUD- A população de colonos não é monolí-
ISRAEL BEITEINU EM FAVOR DOS ASSENTAMENTOS E AS POSIÇÕES DOS SEUS tica: há os colonos “ideológicos”, aque-
PRINCIPAIS MEMBROS NA KNESSET, TODOS ESPERAVAM UM DESEMPENHO les que escolheram viver além da Linha
MELHOR ENTRE OS COLONOS DA CISJORDÂNIA. MAS, NÃO Verde (que no mapa separa o Estado
de Israel de antes da ocupação dos ter-
ritórios da Cisjordânia em 1967), cum-

S
urpreendentemente, apenas 19% dos votos dos colo- prindo uma missão bíblica, e os colo-
nos foram para o Likud-Israel Beiteinu, comparados aos nos da “qualidade de vida”, que foram
23% do total dos votos dos israelenses, segundo dados para a Cisjordânia em busca de habita-
oficiais da eleição. A rejeição dos colonos ao Likud impressio- ção mais barata. A maioria dos colonos
na ainda mais considerando os padrões do voto nos assenta- “ideológicos” vive em povoados remo-
mentos, identificado com “ideologias” nacionalistas religiosas, tos, longe da Linha Verde; os outros ha-
e cujos habitantes sempre foram muito favorecidos pelo gover- bitam geralmente mais próximo de Is-
no. O Likud teve 8% no assentamento de Beit El, 13% em Elon rael, nos chamados “blocos de assenta- A população
Moré e Eli, 11% em Ofrá e Kedumim e 5% em outros assenta- mentos”, que podem ser anexados a Is- de colonos não
mentos menores. rael no contexto de um acordo de paz é monolítica:
Agora, os líderes do maior partido de Israel examinam a vo- israelense-palestino. Esta categoria in- há os colonos
tação dos colonos para entender como Likud e Israel Beiteinu clui assentamentos predominantemen- “ideológicos”,
perderam quase um quarto da sua força somada, baixando de te seculares e também assentamentos aqueles que
42 assentos na Knesset para 31 assentos. Uma avaliação preli- em grande parte ou exclusivamente ul- escolheram
minar sugere que superestimaram o voto dos chamados colo- traortodoxos. Nos ultraortodoxos, a es- viver além da
nos ideológicos que correspondem a cerca de 5% da popula- magadora maioria dos votos (95% em Linha Verde,
ção israelense, e a uma porcentagem ainda menor do total do Modi’in Illit, por exemplo) foi para os cumprindo
eleitorado israelense e que inclui os árabes. partidos ultraortodoxos Yahadut Hatorá uma missão
E por que isso? Porque segundo os próprios colonos, ape- (Judaísmo da Torá) e Shas. Nos assenta- bíblica, e os
nas cerca de 45% dos israelenses que vivem na Cisjordânia mentos principalmente seculares a vo- colonos da
(menos Jerusalém Oriental) se identificam com o núcleo duro tação é um pouco à direita do padrão de “qualidade
do movimento de colonização nacional-religioso ideológi- votação nacional. de vida”, que
co. E porque apenas 51% dos colonos são habilitados a vo- O mais interessante, no entanto, é o foram para a
tar (49% são menores de 18 anos), comparado aos 72% da po- padrão de votação entre os colonos ide- Cisjordânia
pulação total israelense em condições de voto. É verdade que ológicos, o dínamo do movimento dos em busca de
a taxa de comparecimento às urnas entre os colonos é maior assentamentos da Cisjordânia. Ali, a habitação
que a média nacional – cerca de 80% contra 67%, mas como extrema-direita reina suprema. Nos as- mais barata
o número real de eleitores residentes na Cisjordânia é muito sentamentos ultrarradicais próximos a
pequeno comparado ao total nacional, mesmo o grande com- Nablus e Hebron, o principal partido é MAPA DA CISJORDÂNIA, A LESTE DO RIO JORDÃO, COM ASSENTAMENTOS MARCADOS POR BOLINHAS AZUIS
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magazine > eleições israelenses 4

O RESULTADO DESTAS ELEIÇÕES VAI INFLUIR NO FUTURO DESTAS CRIANÇAS DOS ASSENTAMENTOS

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o kahanista Otzmá Le-Israel (“Poder para Israel”). Este partido ca, em grande parte, o número de líde-
extremista, que no âmbito nacional não atingiu 2% dos votos, res extremistas do Likud nas primárias
mínimo necessário para conquistar uma cadeira na Knes- de novembro passado, e a rejeição aos
set, foi um dos três partidos mais votados em assentamen- relativamente moderados, como Dan
tos ideológicos. Em Itzhar, recebeu 72% dos votos, em Tapua- Meridor. Quarto, embora os colonos te-
ch 30%, em Kiriat Arba 28% e em Elon Moré 27%. Mesmo nos nham trabalhado arduamente para
assentamentos nacional-religiosos menos radicais, teve vota- moldar a composição da lista do Likud
ção de dois dígitos: 24% em Shiló, 14% em Karnei Shomron e para a Knesset de acordo com seus an-
13% em Kedumim. seios, votaram em partidos da extre-
Nos assentamentos ideologicamente menos radicais, o ma-direita. E, último, convém conside-
grande vencedor é o Habayit Hayehudi de Naftali Bennet, rar que numericamente, o voto dos co- Embora
nova encarnação do Partido Nacional-Religioso (ex-Mafdal), lonos ideológicos corresponde a talvez os colonos
de extrema-direita. Em Kedumim, teve 70% dos votos, em 2 ou 3% do eleitorado total de Israel. É tenham
Ofrá 74%, 71% em Eli, 78% em Psagot e 55% em Elon Moré. verdade que têm uma grande capacida- trabalhado
Nacionalmente, o partido de Bennet alcançou 9%. Em quase de de mobilização e são um influente arduamente
todos os assentamentos ideológicos, Habayit Hayehudi e Otz- grupo de pressão, mas numericamente para moldar
má Le-Israel somados receberam entre 80 e 90% dos votos. O são poucos. a composição
mais impressionante é o Likud que ficou muito atrás, com 5% Netaniahu deve considerar todos es- da lista do
(Matityahu, Itzhar), 8% (Beit El, Hagai), 11% (Kedumim, Ofrá), tes aspectos quando – e se – Obama, Likud para a
12% (Psagot) ou 13% (Elon Moré) dos colonos ideológicos. que vai a Israel ainda neste semestre, Knesset
O que depreender desse padrão? Primeiro, reafirma que pela primeira vez, e Yair Lapid o pres- de acordo
a visão de mundo dos colonos ideológicos é muito diferente sionarem a enfrentar os assentamentos com seus
daquela da maioria dos israelenses. Segundo, revela que os em busca da paz. anseios,
colonos ideológicos foram muito bem-sucedidos ao propagar votaram em
a imagem de uma capacidade eleitoral maior do que a reali- * Ori Nir, foi correspondente do partidos da
dade. Terceiro, mostra o êxito na manipulação do Likud. Nos Forward em Washington e é porta- extrema-
últimos anos, os colonos ideológicos se registraram em mas- voz dos Americanos para a Paz Agora direita
sa como membros no Comitê Central do partido, adquirin- (Americans for Peace Now)
do assim o direito de votar nas eleições primárias. Isso expli- Tradução de Yosi Turel
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magazine > religião | por Ariel Finguerman, em Jerusalém

braica da atualidade, e o rabino Adin Mas um passo fundamental para atrair o leitor contempo- paro para o shiur (‘aula’) ou então para se
Steinsaltz, o gênio talmúdico da nossa râneo ao Talmud é a entrada no mundo das APP’s e das re- preparar para a chavrutá.”
geração – juntaram forças para tentar des sociais. Formado em ciências da computação em sua In- A aliança entre estes dois gigantes, a
curar este mal: estão lançando a mais glaterra natal, Freeman montou na Editora Koren uma equi- Editora Koren e o talmudista Steinsaltz,
moderna edição do Talmud já realiza- pe especializada para transformar o Talmud em aplicação foi uma bênção para ambos. A Koren é fa-
da, que colocará esta obra ao alcance para ipads. mosa por sua Bíblia hebraica, considera-
de qualquer interessado (que entenda Entre as novidades em estágio de produção, um botão virtu- da a versão definitiva por públicos tão di-
inglês). al para ser clicado ao final de cada tratado talmúdico, para avi- versos como o Tzahal – que dá de presen-
“A filosofia de Steinsaltz, e também a sar os amigos via Facebook ou Twitter do término da façanha. te uma Bíblia da Koren para cada solda-
nossa, é que todos possam ter acesso ao “Hoje corri quatorze quilômetros antes de vir trabalhar e colo- do alistado – e os ultraortodoxos de Mea
Talmud, não seja um documento secreto quei isto no meu Facebook. Concluir o estudo de um tratado Shearim. Mas até agora não havia entra-
ou algo somente para a elite”, diz o edi- do Talmud também é uma coisa que as pessoas vão gostar de do no mundo do Talmud, e a associação
tor-executivo da Editora Koren Raphael compartilhar na rede social”, diz o editor. com Steinsaltz foi uma oportunidade.
Freeman, em entrevista à revista Hebrai- Devido à atual concorrência existente entre as grandes edi- Já para Steinsaltz, ser publicado pela
ca em seu escritório de Jerusalém. toras de Talmud (ver box), o editor não quer divulgar quais fer- Koren é a oportunidade de quebrar cer-
O novo Talmud Koren-Steinsaltz real- ramentas sua equipe desenvolve para sua APP. “Queremos de- tas resistências ao seu nome entre o pú-
mente dá vontade de ler. Contém o tex- senvolver algo realmente novo, que espante até os não judeus. blico mais conservador. O rabino isra-
to clássico talmúdico, em aramaico, mas Nossa intenção é mudar o jeito como as pessoas leem um tex- elense é muito apreciado tanto por re-
com uma grande novidade: pontinhos to. Não posso revelar mais sobre isto até o lançamento. Quan- ligiosos modernos quanto por gentios.
nos caracteres hebraicos para facilitar do você verem, entenderão.” Recebeu o Prêmio Israel, a maior con-
a leitura. Mais importante ainda, o tex- Apesar da ala ultraortodoxa de Jerusalém já ter demoniza- decoração do país, foi chamado de “bri-
to inteiro aparece traduzido em inglês e do o iphone e outras inovações do mundo tecnológico, isto não lhante” pela revista Time e lecionou na
com comentários de Steinsaltz que faci- afeta a mentalidade da Editora Koren, que também é uma em- Sorbonne e na Universidade de Oxford.
litam a compreensão. presa religiosa. “Aplicações e redes sociais são ferramentas po- Mas no “mundinho” ortodoxo, é conside-
Há ainda ilustrações a cores para fa- derosas que ajudam a expor mais a informação e fazer com rado liberal demais e pouco rigoroso em
cilitar o entendimento, o que certamen- que a experiência de aprender o Talmud aconteça num outro sua abordagem.
te assombraria talmudistas do passado nível”, diz Freeman. “O fato de publicar seu Talmud será
RAPHAEL FREEMAN QUER FACILITAR O ACESSO AO TALMUD como Rashi e Maimônides. Por exem- Com tanta facilidade moderna para se ler o Talmud sozinho bom também para o rabino Steinsaltz”,
plo, o Talmud diz que “quando o rabi- em casa, cabe pensar se o método tradicional de estudo – em diz o editor Freeman. “A resistência a
no Sheshet fazia uma reverência a al- grupos ou ao menos em dupla, chamada chavrutá –, não es- seu trabalho não faz mais sentido, mas

Agora, o Talmud guém, o fazia como uma Hizra”. A edi-


ção Steinsaltz-Koren explica a palavra
hizra, ilustrando-a com uma foto de
bambus, informando que esta deve ser
taria com os dias contados. “É uma questão interessante. Não
pensei nisto antes”, diz o editor. “Mas aprender Talmud me pa-
rece que será sempre uma experiência social. Penso que os lei-
tores modernos usarão a versão em APP mais como um pre-
como somos uma editora consagrada,
estamos dando a ele um carimbo de au-
tenticidade válido para todo o mundo
ortodoxo.”
Para
Steinsaltz,
ser publicado

no seu celular a planta mencionada, devido à sua fle- pela Koren é a


xibilidade. oportunidade
Outras técnicas atualíssimas foram re- de quebrar
crutadas para esta edição de modo a ten- Gigantes disputam o leitor certas
EM ENTREVISTA À REVISTA HEBRAICA, O EDITOR DA MAIS tar quebrar as barreiras do leitor com o resistências ao
MODERNA EDIÇÃO DO TALMUD JÁ REALIZADA EXPLICA COMO A OBRA Talmud. As páginas são em cor creme, O rabino Steinsaltz não está sozinho no mercado do Talmud dirigido ao grande público. Enquanto seu nome entre
MILENAR SE TORNARÁ APP – ABREVIAÇÃO PARA APPLICATION que já substituiu o branco em boa parte trabalha em Israel sob a bênção dos rabinos da linha hassídica Chabad, a que pertence, e admirado o público mais
(COMPUTER PROGRAM) – E PODERÁ SER TUITADA dos livros da atualidade, porque provo- tanto por religiosos de cabeça aberta quanto pelo pessoal moderno que usa kipá tricotada, o maior conservador.
ca menos contraste que o preto-branco e competidor de Steinsaltz é nos EUA, a Editora ArtScroll, venerada pela ala mais ortodoxa e conserva- O rabino

O
povo judeu vive na atualidade um transtorno de assim cansa menos os olhos. dora do judaísmo. israelense
dupla personalidade – ao menos em sua relação O editor Freeman, com a larga experi- O Talmud da ArtScroll, que também traz o texto original esmiuçado em hebraico moderno e em in- é muito
com o Talmud. Para o público religioso judeu, ência de ter trabalhado no jornal The Je- glês, é conhecido como Edição Schottenstein, homenageando o empresário judeu americano que finan- apreciado
trata-se de uma obra venerada, inspirada por rusalem Post, também teve o cuidado de ciou a obra. A ArtScroll também tem a Edição Edmond Safra, que verte o texto talmúdico para o francês, tanto por
Deus e a base de toda a vida cotidiana. Mas para a parcela colocar parágrafos completos em cada financiada pela família de banqueiros. religiosos
laica, o Talmud é um ilustre desconhecido, escrito em lin- página, evitando quebrá-los a cada vira- O Talmud da ArtScroll é famoso por seu método de apresentar o texto para o leitor não iniciado, apre- modernos
guagem hermética, incompreensível e que não apita nada da de folha, para facilitar a vida do leitor. sentando lado a lado o original em aramaico e a tradução trecho por trecho. Seus comentários são con- quanto por
em suas vidas. Também espalhou trechos em branco siderados elegantes e de acordo com a tradição mais rigorosa, enquanto a tradução de Steinsaltz é vis- gentios
Agora dois gigantes do mundo judaico – a Editora Koren, por todo o livro, para que se possa “res- ta como mais acessível ao leitor comum. É difícil dizer quem é o melhor nesta disputa de gigantes.
responsável por uma das melhores edições da Bíblia he- pirar” durante a leitura.
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magazine > ciência | por Dan Even

Nanotecnologia de Israel
abre novos horizontes
EM DEZ ANOS, OS PESQUISADORES ESPERAM CONSTRUIR MODELOS Lily Safra da Universidade Hebraica, es-
COMPUTADORIZADOS DAS ATIVIDADES CEREBRAIS PARA AJUDAR pecialista em computação neural.
NA PREVENÇÃO DE DOENÇAS NEUROLÓGICAS, E PRODUZIR O projeto Blue Brain era imitar a ma-
ROBÔS MINÚSCULOS QUE PASSEARÃO PELO CORPO HUMANO E temática dos processos cerebrais a par-
TRANSMITIRÃO DADOS EM TEMPO REAL tir de imagens matemáticas cerebrais,
num processo de “engenharia rever-
sa”. “A ideia era usar os dados existen-

U
m projeto deverá programar um modelo mate- tes acerca do comportamento das vá-
mático computadorizado do cérebro humano a rias células nervosas com suas interco-
partir do qual poderão ser desenvolvidos “com- nexões, construir um modelo matemá-
putadores biológicos” baseados na atividade do tico ordenado de todos os processos e,
cérebro humano, de modo a se criar computadores com habi- desta forma, avaliar a mente e recons-
lidades sociais capazes de expressar emoções. truir reversamente como ela funciona”,
Outro vai desenvolver um fio de carbono com a espessura de explica Segev. Ele e Markram consegui- YADIN DUDAÍ (ESQ) COM O PROFESSOR PERETZ LAVIE, PRESIDENTE DO TECHNION E ESPECIALISTA EM PSICOFISIOLOGIA DO SONO
um átomo, chamado grafeno, que será o futuro do mundo da ram descrever a seção central de milha-
miniaturização. Ambos venceram a disputa pelo financiamen- res de células nervosas do cérebro de
to de um bilhão de euros instituído pelo Programa de Investi- um camundongo de centenas, por meio tar milhões de cálculos. Se conseguirmos entender completa- soas que sofrem de tumores benignos
gação e Desenvolvimento da União Europeia. De ambos parti- de um modelo matemático, e certifican- mente a atividade cerebral, poderemos desenvolver chips de e cancerosos do cérebro, e de pacien- Futuras
cipam cientistas israelenses do Instituto Weizman e da Univer- do-se de que, na simulação computado- computador que produzem cálculos com baixo consumo de tes submetidos a cirurgia cerebral pro- descobertas
sidade Hebraica de Jerusalém. Concorreram vinte e uma equi- rizada, as conexões entre as células cere- energia e uma nova geração de computadores energeticamen- funda. “Nos pacientes dos quais foram podem
pes de pesquisadores, seis passaram para a fase final e duas brais se comportam de forma semelhan- te eficientes, que simulam a atividade das células nervosas”, removidos tumores ou focos epilépti- favorecer o
foram as escolhidas. te ao comportamento das células nervo- diz Segev. cos, na maioria dos casos o tecido ce- desenvolvi-
O objetivo é compreender o cérebro humano, um dos gran- sas no córtex cerebral do rato. Outro ramo do projeto avança em direção a um banco de rebral retirado vai para o lixo. Sob cer- mento de
des desafios da ciência moderna, e consolidar o conhecimen- Os pesquisadores do projeto atual dados acessível a médicos e pesquisadores com informações tas condições, em soluções fisiológicas computadores
to a respeito do cérebro a partir de pesquisas já realizadas e querem programar um modelo matemá- a respeito de todas as doenças neurológicas – as 560 conhe- que simulam o ambiente cerebral, po- com
construir modelos de atividades cerebrais com computadores. tico que simule o cérebro humano para cidas, relacionadas a lesões ou à atividade cerebral, como o demos estudar durante um dia inteiro características
O objetivo é programar um modelo matemático computadori- entender a atividade do cérebro e os me- mal de Alzheimer, Parkinson, epilepsia e doenças psiquiátri- a atividade elétrica das células e, com do cérebro
zado do cérebro e desenvolver “computadores biológicos” com canismos relacionados às doenças que cas como esquizofrenia, depressão, e perturbações do sono. as informações, elaborar modelos ma- humano,
base nas atividades cerebrais de modo a construir computado- se expressam na condução patológica “O objetivo é documentar as doenças e suas bases genéticas temáticos”, diz Segev. incluindo
res que possam expressar emoções. das células nervosas. E planejam proje- e neurais, e construir um banco de dados que possibilitará en- habilidades
O primeiro passo foi dado em maio de 2005, no chamado tar e desenvolver computadores biológi- contrar a conexão entre as doenças, e o tratamento médico”, Limites éticos da ciência sociais e
Blue Brain Project (Projeto do Cérebro Azul), pelo neurocien- cos baseados na atividade cerebral, que diz Segev. Também planejam usar os museus de ciência na Eu- O segundo projeto é o grafeno, do qual emocionais,
tista Henry Markram – do Instituto Suíço de Tecnologia, em simularão a atividade do cérebro huma- ropa, e em Jerusalém, para atualizar o público com as novas também participam pesquisadores is- e, portanto,
Lausanne –, que se doutorou no Instituto Weizmann. Markram no e que serão extremamente eficientes descobertas ao longo do projeto. raelenses em nanotecnologia, e é dirigi- questões éticas
dirige o atual projeto com pesquisadores do Instituto Weiz- no estudo do uso da eletricidade. A atividade elétrica das células individuais do cérebro do pelo físico finlandês Jari Kinaret, da difíceis
mann e da Universidade Hebraica de Jerusalém, como o pro- “Nossos cérebros consomem doze vivo será analisada para construir a simulação matemática Universidade de Tecnologia Chalmers,
fessor Idan Segev do Centro de Pesquisa do Cérebro Edmond e watts por dia, muito pouco para execu- do cérebro humano por meio de tecidos removidos de pes- na Suécia. Trata-se de desenvolver um
>>
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HEBRAICA | MAR | 2013

magazine > ciência

caminho de um monumental desenvol-


vimento tecnológico, mas os computa-
dores com cérebros humanos ou que
dominarão as pessoas não estarão dis-
poníveis nos próximos anos. Estamos
muito longe de computadores com ha-
bilidades sociais e emoções, e inicial-
mente nos limitaremos ao modelo ma-
temático do cérebro, que permitirá si-
mular as funções cerebrais básicas.
Toda pesquisa científica causa impactos
éticos e é importante o debate público
em torno destes impactos. A pesquisa
abre uma porta para a imaginação, mas
no prazo de dez anos ainda não have-
rá um robô capaz de realizar interação
com pessoas”, afirma Dudaí.
Uma das características do cérebro
que merecerá ênfase na pesquisa é a ca-
pacidade de aprender, de modo a desen-
volver robôs em condições de aprender
os hábitos dos operadores, semelhantes
MAKRAM REUNIU PESQUISADORES EM NEUROCIÊNCIAS DA UNIVERSIDADE à capacidade de aprendizagem do cére-
HEBRAICA DE JERUSALÉM bro. “Estamos cientes do fato que, no fu-
turo, como em todas as áreas de pesqui-
>> sa, as implicações potenciais de um robô “Algumas
fio com a espessura de um único átomo de carbono, chama- capaz de pensar e agir transcendem o in- coisas
do grafeno, que será a base futura da miniaturização no mun- divíduo, mas a equipe de ética examina- assustam
do. Por meio do grafeno, usado como condutor elétrico e de rá escrupulosamente todos os impactos o público
calor, muito leve e flexível, a ideia é desenvolver instrumen- futuros possíveis, e os levará ao público quando se
tos em miniatura para projetar robôs miniaturizados que po- para seu escrutínio”, diz Dudai. “Enquan- trata de
derão produzir energia e transmitir dados do interior do cor- to isso, convém colocar as coisas em cérebros
po humano. perspectiva. Estamos muito distantes de artificiais,
Estas futuras descobertas podem favorecer o desenvolvi- desenvolver robôs tipo Avatar, com a ca- e esses
mento de computadores com características do cérebro hu- pacidade de dominar a raça humana.” temores se
mano, incluindo habilidades sociais e emocionais, e, portan- Para Segev, o desenvolvimento de um justificam, mas
to, questões éticas difíceis. “Isso vai além dos próximos dez computador contendo uma memória se- especialistas
anos, mas acreditamos poder construir uma máquina inspi- melhante à da mente humana “é neces- em ética
rada no cérebro, e não há razão para ela não ter habilidades sário para compreender o cérebro total- acompanham
cerebrais semelhantes às do cérebro humano. De maneira si- mente, e para avançar no tratamento de a pesquisa
milar ao cérebro que executa processos de aprendizagem rá- doenças. Embora isso leve à possibilida- e podem
pida, a próxima geração de computadores será de máquinas de de manipulações, a sociedade vai de- responder às
capazes de aprender”, diz Idan Segev. “Algumas coisas assus- cidir quais os limites do uso desse co- perguntas que
tam o público quando se trata de cérebros artificiais, e esses nhecimento. Como cientista não estabe- preocupam
temores se justificam, mas especialistas em ética acompa- leço limites, e não construo robôs para o público
nham a pesquisa e podem responder às perguntas que preo- substituir seres humanos, mas para tra- a respeito
cupam o público a respeito do cérebro humano.” zer conhecimento à sociedade e desen- do cérebro
Filósofos e cientistas estão sendo preparados para acom- volver meios e modos para lidar com as humano.”
panhar o projeto do cérebro humano, desde o início, e res- muitas doenças do cérebro. É a socieda- (Idan Segev, da
ponder às preocupações em relação a “computadores que do- de quem decide os limites do uso dos co- Universidade
minarão o homem”. Segundo o pesquisador da memória no nhecimentos”. Hebraica)
Instituto Weizmann de Ciências, professor Yadin Dudaí, par-
ceiro da pesquisa e membro da equipe de ética, “estamos a Tradução de Yosi Turel
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magazine > documentário 1 | por Nirit Anderman

CARTAZ DO DOCUMENTÁRIO
COTADO PARA GANHAR O OSCAR

DE MELHOR FILME DO GÊNERO

Um marco
na história The
Gatekeepers

de Israel
foi exibido
nos cinemas e
cinematecas
de Jerusalém,
Tel Aviv e
Haifa e é um
OS SEIS ENTREVISTADOS NO DOCUMENTÁRIO THE GATEKEEPERS dos cinco
ARRISCARAM A VIDA DE VÁRIAS PESSOAS ENVIANDO-AS AO TERRITÓRIO finalistas
DO INIMIGO. OS SEIS TAMBÉM CONCORDARAM QUE DETIDOS PARA ao Oscar
INTERROGATÓRIO FOSSEM TORTURADOS, CONVENCERAM CIDADÃOS A TRAIR de melhor
OS PRÓPRIOS PAÍSES E ORDENARAM ASSASSINATOS SELETIVOS documentário.
O filme de
Dror Moré a

O
s seis entrevistados em The Gatekeepers dirigi- pelos líderes políticos aos quais explica- tar conversar. Não há alternativa”, afirma Shalom. “É da natu- Ayalon, duvida da eficácia dos assas- respeito do
ram o Shin Bet (diminutivo do hebraico Shabak vam as suas ações. reza do profissional inteligente falar com todos. Somente as- sinatos seletivos de líderes espirituais Shin Bet foi
que vem a ser sherut bitachon klali – serviço de “Depois dos combates é preciso cons- sim vamos ao fundo das coisas e descobrimos que ele não do inimigo. E o antecessor imediato de apresentado
segurança geral), uma das agências de seguran- truir a paz por intermédio de relações de come vidro e vê que eu não bebo petróleo.” Ayalon na agência de segurança Carmi pela primeira
ça mais importantes do país. Eles usaram o seu grande poder confiança. Conheço bem os palestinos e O filme exibe um texto escrito em 1968 pelo falecido intelec- Gillon acredita na possibilidade de um vez no último
para evitar ataques terroristas e proteger a população de Isra- sei que podemos criar esta reação com tual e filósofo Yeshayahu Leibowitz, um ano após a Guerra dos novo atentado político em Israel como Festival de
el, mas, para isso, o preço moral e em vidas foi muitas vezes eles”, revela o chefe do Shin Bet de 2000 Seis Dias: “Um país que controla uma população hostil de um aquele que matou o primeiro-ministro Jerusalém
enorme. e 2005 Avi Dichter. milhão de estrangeiros será necessariamente um estado poli- Itzhak Rabin, em 1995, quando os as- e depois
Os seis conheceram muito bem o lado mais violento e cruel “No Estado de Israel, é um luxo não cial, com tudo o que isso significa, com repercussões na educa- sentamentos judaicos na Cisjordânia fo- participou
do conflito israelense-palestino, deram informações surpreen- conversar com nossos inimigos”, con- ção, na liberdade de expressão e de pensamento e naquilo que rem evacuados. Para o chefe da agência dos melhores
dentes e fizeram revelações chocantes a respeito da realidade corda Avraham Shalom, comandan- expressa um governo democrático. A corrupção que caracteri- de 1988 a 1994 Jacob Pery, qualquer um festivais
israelense. te do serviço de segurança entre 1980- za todo regime colonial, também infectará o Estado de Israel. que serviu no Shin Bet e lembra das ope- mundiais,
O filme ganhou o prêmio de melhor documentário da Socie- 1986. “Devemos falar com qualquer um Por um lado, a administração terá de lidar com o fim dos movi- rações noturnas em residências de famí- ganhou muitos
dade Nacional de Críticos de Cinema dos EUA, porque o dire- que esteja disposto, incluindo o Hamas, mentos rebeldes árabes, e, por outro, recrutar colaboradores e lias assustadas para prender “acaba vi- prêmios e
tor Dror Moré extraiu afirmações sinceras e análises fascinan- o Jihad Islâmico e o presidente irania- traidores árabes”. O chefe do Shin Bet entre 2005 e 2011 Yuval rando um pouco esquerdista”. aplausos
tes dos ex chefes do Shin Bet. Eles reconhecem erros cometi- no Mahmoud Ahmadinejad. Mesmo se a Diskin concorda com cada palavra. Os seis ex-diretores do Shin Bet reco-
dos no exercício das funções e criticam as decisões tomadas resposta for insolente, sou a favor de ten- No documentário, o chefe do Shin Bet entre 1996-2000 Ami nheceram também que a ocupação da
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magazine > documentário 1

mara, a respeito do secretário da defesa americano, e já exibi- morrer numa explosão.”


do no Brasil. Moré aproximou-se primeiro de Ami Ayalon que E os chefes do Shin Bet tratam com os
aceitou convencer os outros diretores do Shin Bet para partici- dirigentes do país da mesma forma que
par do filme, menos Yuval Diskin que, à época, ainda dirigia a falaram com ele, Moré?: “Imagino que
agência. Depois deu seu depoimento. tomaram consciência dos fatos depois
The Gatekeepers é uma coprodução israelense, francesa e que deixaram os cargos. Por isso pude-
belga, compreende o período de 1967 até agora e os eventos ram olhar para trás num retrospecto do
que ocorreram nestes 45 anos. Os entrevistados descrevem di- trabalho que realizaram. Além disso,
ficuldades, desafios, discussões e os dilemas morais das pri- os chefes do Shin Bet são funcionários
sões em massa de palestinos, a primeira intifada, atentados do governo. Yuval Diskin, por exemplo,
suicidas, manifestações da direita contra os Acordos de Oslo, o contou que em, alguns casos, as discus-
assassinato de Rabin, a segunda intifada, etc. sões terminavam em berros e xingamen-
O documentário trata do incidente do ônibus 300, de 1984, tos a ponto de não se poder distinguir
no qual terroristas sequestraram um ônibus israelense, foram entre o chefe do Shin Bet e o primeiro-
fotografados vivos, algemados e depois, mortos. O então chefe ministro.”
do Shin Bet, Avraham Shalom, deu a ordem para matá-los e na No filme “os entrevistados não expres-
entrevista recusou-se a discutir o assunto. Mas no filme o caso sam opiniões políticas, não revelam po-
é explorado em detalhes. sições ideológicas. São pragmáticos com
O documentário é o filme mais caro já produzido em Israel, uma profunda compreensão do que este
ao custo de cerca de 1.5 milhões de euros, mais o apoio do Ca- conflito tem custado, custa e continuará
nal 1 e da Fundação Yehoshua Rabinowitz, criada para incen- a custar se tudo continuar sendo tratado
tivar o cinema no país. A animação tridimensional reproduz do mesmo jeito que agora. Sabem disso,
cenas inteiras, como o resgate dos reféns no ônibus 300, por usaram a força e como nossos represen-
exemplo. tantes fizeram todo o possível para aca-
“É importante o espectador saber que o filme se vale de do- bar com o terror e a insegurança e hoje
cumentos originais”, disse Moré, “e isso principalmente em dizem: ‘Chega, não é possível continuar
momentos de pouco material visual, como no caso do ônibus por esse caminho. Já usamos força o su-
300, um dos eventos mais importantes do Estado de Israel, e ficiente. Ela não funciona e também não
que quase derrubou o governo”. Shalom finalmente aceitou fa- vai funcionar [no futuro]’. Mas o proble-
>> lar do caso o que valoriza muito o filme. ma está nos diplomatas e nos políticos
Cisjordânia prejudica o lado israelense. Em um dos comentá- ACIMA Á ESQUERDA, de Nova York. Ele é um dos melhores fil- Moré reconhece ter sido surpreendido pelos entrevistados. aos quais cabe decidir para onde que-
rios mais chocantes do filme, Avraham Shalom afirma. “O futu- YUVAL DISKIN ACHA mes de 2012 segundo o New York Times, “Em cada entrevista ficava perplexo muitas vezes”, diz ele, rem levar este país e nem sempre cum-
ro é negro. A ocupação causa mudanças na sociedade, pois ao QUE NÃO SE VAI Los Angeles Times e a revista americana como quando perguntou a Yuval Diskin acerca de uma ordem prem suas tarefas. De todo modo, é im-
se alistar nossos jovens veem as contradições: de um lado, pre- ALCANÇAR A PAZ Entertainment Weekly. ilegal. “De repente, acontece este monólogo, que abre o filme, portante não deixar a impressão de que
tendem que seja um exército do povo, mas sentem que se trata FAZENDO A GUERRA; A ideia do filme surgiu quando o dire- a respeito de o que acontece com você quando acorda e decide o palestino é um parceiro maravilhoso”,
de um exército de ocupação cruel, semelhante àquele dos ale- À DIREITA DROR MORÉ tor Dror trabalhava na fita Sharon, em tirar a vida de um ser humano. Eu absolutamente não espera- afirma Moré.
mães durante a Segunda Guerra Mundial”. NO SUNDANCE FILM 2008. Dov Weisglass, ex-chefe de gabi- va uma coisa dessas.” Realizar este filme fez do diretor mais Moré revela
FESTIVAL, ONDE O nete do primeiro-ministro, confessou otimista ou pessimista? “Muito mais pes- que Diskin,
O que influenciou Sharon FILME FOI EXIBIDO E que Ariel Sharon fora profundamente in- Trabalho sujo simista. Nós passamos do ponto sem re- junto com
The Gatekeepers foi exibido nos cinemas e cinematecas de Je- ACLAMADO fluenciado por uma entrevista concedi- Moré revela que Diskin, junto com Moshé Yaalon, agora mem- torno, e não vejo hoje um líder capaz de Moshé Yaalon,
rusalém, Tel Aviv e Haifa e é um dos cinco finalistas ao Oscar da em 2003 ao repórter de assuntos mi- bro do gabinete, e ex-chefe do Estado-Maior das Forças de De- tomar as decisões necessárias para re- agora membro
de melhor documentário. O filme de Dror Moré a respeito do litares Alex Fishman, do diário Yedioth fesa de Israel, é chamado de o “pai do assassinato seletivo”. solver este conflito. Os chefes do Shin do gabinete,
Shin Bet foi apresentado pela primeira vez no último Festival Achronot, na qual, segundo quatro che- “Interessam mais o escrúpulo moral e a razão psicológica que Bet são muito mais otimistas do que eu e ex-chefe do
de Jerusalém e depois participou dos melhores festivais mun- fes do Shin Bet, Israel chegaria a um im- levam uma pessoa a tomar uma decisão dessas. Os integran- e dizem: ‘Não seja pessimista, porque a Estado-Maior
diais, ganhou muitos prêmios e conseguiu aplausos e críticas passe se Sharon continuasse governan- tes do Shin Bet”, diz Moré, “nada mais são do que emissários. liderança firme e forte pode fazer isto’. das Forças
favoráveis dos especialistas. do o país como vinha fazendo. Weisglass Eles são enviados pelo Estado de Israel para lidar com o confli- Mas como não vejo esse tipo de lideran- de Defesa
No certame promovido pela Sociedade Nacional de Críticos explicou que o primeiro-ministro ficou to palestino-israelense, em nome do país. Para o público israe- ça no horizonte, perdi a esperança. Para de Israel, é
de Cinema dos Estados Unidos, The Gatekeepers venceu Este muito abalado com os comentários dos lense, especialmente em Tel Aviv, é sempre muito fácil criticar mim o último dos gigantes que podiam chamado
não É um Filme, do diretor iraniano Jafar Panahi, que teria sido responsáveis pela segurança e a defesa e dizer que o Shin Bet é violento”, afirma Moré. “É importan- fazer isso, está em coma há seis anos [o de o “pai do
contrabandeado do Irã para a França em um bolo, antes do úl- do país. te que critiquem, mas também é preciso lembrar que o pesso- primeiro-ministro Ariel Sharon]. Hoje na assassinato
timo Festival de Cinema de Cannes. O filme israelense também Moré também se inspirou no filme al do Shin Bet faz o trabalho sujo e asqueroso em nosso nome política israelense ninguém é capaz de seletivo”
ganhou o prêmio de melhor documentário dos Críticos de Ci- de Errol Morris Sob a Névoa da Guerra: e não pode ser de outro modo, para que possamos nos sentar levar esta carga. Tudo é lúgubre e depri-
nema de Los Angeles e o segundo lugar dos Críticos de Cinema Onze Lições da Vida de Robert S. McNa- aqui e conversar em paz e tranquilidade sem correr o risco de mente.”
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magazine > documentário 2 | por Julio Nobre

CINCO CÂMERAS
QUEBRADAS DISPUTA
O OSCAR DE MELHOR
DOCUMENTÁRIO COM
OS GUARDIÃES

E o Oscar vai para...


QUANDO ESTA EDIÇÃO CHEGAR À CASO DO LEITOR, JÁ SERÁ CONHECIDO O Bendjelloul, mostra dois sul-africanos
VENCEDOR DO OSCAR 2013 DE MELHOR DOCUMENTÁRIO. em busca de um ídolo musical pop. Em
MAS VALE A PENA MOSTRAR QUEM FORAM OS CONCORRENTES DO The Invisible War (“A Guerra Invisível”,
ISRAELENSE OS GUARDIÃES (THE GATEKEEPERS) 2012), Kirby Dick constrói um docu-
mentário investigativo sobre uma onda
de estupros contra soldados mulhe-

A
produção de Os Guardiões (2012) foi mais um si- res no exército americano – tema emo-
nal da pujança da democracia israelense, onde cionalmente explosivo para as audiên-
tudo, virtualmente tudo é intensamente debati- cias dos EUA. How to Survive a Plague
do, até mesmo a delicada questão da segurança (“Como Sobreviver a uma Peste”, 2012)
interna comandada pelo Shin Bet. O confl ito israelo-palesti- também deve mexer com Hollywood,
no ficou sob o holofote nas semanas que antecederam a pre- duramente atingida que foi pela epide-
miação da Academia de Cinema de Hollywood porque outro mia de aids nos anos 1980. O documen-
documentário sobre o problema aparece entre os indicados. tário dirigido por David France conta a
Cinco Câmeras Quebradas (Five Broken Cameras – 2011) en- história de duas organizações – Act Up
frenta Os Guardiães, ao lado de Searching Sugar Man, How to e TAG (Treatment Action Group) – que
Survive a Plague e The Invisible War. ajudaram a mudar radicalmente a ma-
Cinco Câmeras Quebradas, documentário palestino dirigi- neira como a doença deveria ser enca-
do por Emad Burnat e Guy Davidi, lembra em alguns aspec- rada e tratada.
tos o filme da brasileira Julia Bacha (Budrus – 2009), sobre for- Tanto o filme palestino quanto o isra-
mas de resistência não violenta contra a ocupação militar isra- elense desnudam o caráter perverso da
elense. Desta vez o cenário é a aldeia de Bil’in, na Cisjordânia, ocupação militar israelense na Cisjordâ-
onde o protagonista decide registrar com a câmera as cenas do nia e apontam para a necessidade de se
conflito entre militares e civis quando Israel resolve construir chegar a um acordo de paz. No caso do
na aldeia a Muro da Separação. filme de Burnat, são especialmente ar-
O filme foi inteiramente gravado pelo agricultor palestino rebatadoras as cenas já proverbiais em
Burnat, que comprou a primeira câmera em 2005 para regis- que aldeões palestinos armados de paus
trar o nascimento do filho caçula. As gravações foram mais e pedras enfrentam uma força militar
tarde entregues ao israelense Davidi para a edição e monta- moderna e bem treinada. No caso do fil-
gem finais. Ao longo do processo de cinco anos, ele teve cin- me de Moré, temos um retrato devasta-
co câmeras quebradas pelas forças israelenses. E cada uma dor da natureza da ocupação israelense
dessas câmeras representa em si mesma um aspecto do con- através dos depoimentos dos dirigentes
flito, pela violência com que foi destruída. O esquema de co- das forças de segurança.
direção israelo-palestina suscitou a polêmica: o filme é isra- Não importa qual deles – ou se um de-
elense ou palestino? Quando foi indicado pela Academia de les – será o escolhido porque a simples
Cinema de Hollywood, a embaixada de Israel em Washington indicação desses dois documentários já
classificou-o como “produção israelense” gerando celeuma. fornece sinais muito claros de para onde
Os outros três concorrentes seguem o cânone cinemato- caminha a política norte-americana em
gráfico de Hollywood nesse tipo de premiação. Searching Su- relação ao conflito israelo-palestino nos
gar Man (“À Procura de Sugar Man”, 2012), dirigido por Mark próximos anos.
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HEBRAICA | MAR | 2013 HEBRAICA
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magazine > cinema | por David Sterritt *

o que seus eleitores possam pensar.


O conflito entre o governo e setores
das duas casas do Congresso continua a
ser um tema oportuno – é bom ressaltar
os termos “polarizar” e “Câmara dos De-
putados” acima – e, embora para o pú-
blico atual a história de Lincoln não seja

Este Lincoln não


exatamente nova, ainda é bem dramáti-
ca. Ou seria, se Kushner tivesse escrito
diálogos mais expressivos e menos dis-
cursos prolixos.

merecia um Spielberg
Em vez de tomar o sucinto “Discur-
so de Gettysburg” como modelo, Kush-
ner prefere a narrativa lenta e frustrante
– amável e paternal, mas também longa
e cansativa – de Lincoln nos momentos
de descontração. Mesmo para o talento-
so Daniel Day-Lewis, um visionário, se
COM LINCOLN, MAIS UMA VEZ STEVEN SPIELBERG É ACUSADO DE ERRAR NA MÃO QUANDO RESOLVE FILMAR TEMAS alguma vez houve um, é difícil manter
HISTÓRICOS. AINDA BEM QUE HÁ O TALENTO INQUESTIONÁVEL DE DANIEL DAY-LEWIS... o interesse em uma interminável piada
a respeito de um retrato de George Wa-

L
incoln nasce das câmeras de Steven Spielberg, pro- Lincoln), publicado em 2005. O filme en- shington em uma latrina. Duvido que
vavelmente o mais influente contador de histórias foca alguns dias de janeiro de 1865 – ali- o verdadeiro Abe, o Honesto, pudesse
no cinema moderno, e certamente um dos mais ir- ás, uma decisão prudente, pois Spiel- conseguir um efeito tão soporífero sem
ritantes. Vários dos seus primeiros fi lmes – Tubarão berg desenvolve esse breve período em algo apreciado pelos governantes de to-
(1975), Contatos Imediatos do Terceiro Grau (1977), Caçadores uma saga de duas horas e meia. dos os tempos: um público cativo que
da Arca Perdida (1981), ET – O Extraterrestre (1982) – mere- A cena de abertura mostra um pouco tem de prestar atenção em cada palavra,
cem lugar de destaque no hall da fama dos fi lmes do gênero do caos e da carnificina da Guerra Civil, queira ou não.
fantasia. Mas quando os temas não são puro faz-de-conta, os e lembra, embora ainda esteja bem lon- Outro erro de cálculo é a tentativa de
seus fi lmes tendem a encalhar nas complexidades do mundo ge, o deslumbrante episódio do desem- Spielberg de injetar suspense na vota-
real em que a imaginação solta não pode dar conta do recado. barque do Dia D que dá ao Resgate do ção da Câmara, o clímax do filme. Cine-
Este problema é ainda mais evidente quando Spielberg trata Soldado Ryan os únicos momentos de mas são o último lugar para ir quando se
de temas históricos importantes inadequados a um espetácu- grandeza. Em seguida, a atenção se vol- procura a verdade histórica, por isso dis-
lo sentimental. Para perceber os méritos de A Lista de Schind- ta para a política. Lincoln corre contra o penso as imprecisões de Lincoln, como o
ler (1993), é preciso esquecer a maneira como o cineasta reduz relógio para obter do Congresso a apro- fato de a sessão de votação na vida real
os nazistas a psicopatas, e as vítimas do Holocausto, a cifras. vação da Décima Terceira Emenda, já DANIEL DAY-LEWIS SENDO PREPARADO PARA REPRESENTAR LINCOLN, PERSONAGEM QUE O CATIVOU ter sido bem menos clara e ordeira do
Cavalo de Guerra (2012) transforma toda a Primeira Guerra aprovada pelo Senado, mas parada na que a exibida na tela. Mas mesmo quem
Mundial em um melodrama vistoso a respeito de um garoto Câmara dos Deputados, onde as opini- desconhece que, em 1865, a Câma-
e seu cavalo baio. Uma cena piegas de o Resgate do Soldado ões estão polarizadas. ra aprovou a Décima Terceira Emenda,
Ryan (1998) finge que o presidente Franklin Roosevelt era me- Ao acabar de vez com a escravidão, a sabe que alguma emenda pôs fim à es-
nos deficiente físico do que a história sugere. E há ainda Muni- emenda vai trazer ao debate a possibili- cravidão durante a Guerra Civil, e a de-
que (2005), acerca das represálias israelenses contra terroris- dade real de a Suprema Corte derrubar cisão de Spielberg de valorizar a cena da
tas depois do massacre dos Jogos Olímpicos, em 1972. Depois a Proclamação de Emancipação, após o votação com closes de rostos ansiosos e
de duas horas e meia de melodrama violento, o filme atinge o fim da Guerra Civil. É cada vez mais cla- a lenta contagem das cédulas é supérfluo
seu pesado clímax em uma cena que intercala o orgasmo de ro que logo o Sul vai se render – no mo- e forçado.
um personagem com flashbacks dos assassinatos que plane- mento uma delegação confederada está
jou. Com essa montagem infame, a história, à moda de Spiel- a caminho de Washington– e se a notí- Day-Lewis parece o melhor
berg, atinge o seu ponto mais baixo. cia vazar isso poderia arruinar os pla- Day-Lewis é o mais recente dos vários
Lincoln é consideravelmente superior à maior parte dos fil- nos de Lincoln. É que a indignação do atores imponentes – e altos – escalados
mes mencionados acima. Tony Kushner, que escreveu Muni- Norte em relação à guerra é o instru- para retratar Abraham Lincoln em gran-
que, baseou o roteiro, em parte, no livro da historiadora Do- mento mais forte de que dispõe para des filmes. Em 1930, Walter Huston fez
ris Kearns Goodwin: Team of Rivals: The Political Genius of convencer os membros da Câmara a vo- este papel no filme homônimo de D.W.
Abraham Lincoln (Time de Rivais: O Gênio Político de Abraham tar em favor da alteração, não importa CENA DE LINCOLN, CONSIDERADO SUPERIOR A MUITAS DAS OBRAS DE SPIELBERG Griffith. O jovem Henry Fonda foi o pro-
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magazine > cinema


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tagonista de A Mocidade de Lincoln, no
clássico de John Ford, de 1939, e Ray- Faltou contar o papel dos judeus
mond Massey foi O Libertador, em
1940, para mencionar apenas alguns. Mas o rabino da congregação reformista Kneset Israel em Elkins Park (Pensilvânia) Lance J. Sussman,
Fica de lado o recente Lincoln caçador que escreveu a respeito do judaísmo americano, gostou muito do filme. No entanto, como historia-
de vampiros deitado em seu túmulo bo- dor judeu americano acha que poderia ter sido melhor se Spielberg tivesse colocado ao menos um
lorento. judeu no filme como “Chunk” Cohen na comédia de aventura Os Goonies. E o soldado Stanley Mellish
Em contraste com os antecessores, em O Resgate do Soldado Ryan, provocando os prisioneiros alemães ao gritar que era um soldado ju-
Day-Lewis é corajoso o suficiente para deu. No início de Lincoln, por exemplo, Spielberg fala rapidamente da Batalha de Jenkins’ Ferry em
amainar as qualidades mais proeminen- que dois membros da U.S. Colored Troops (tropa de soldados negros da União formada em 1863) tra-
tes do personagem, tornando-o não um tam disso. Mas omite a existência do general Frederick C. Salomon, um dos comandantes da União
herói divino, mas um líder introspecti- nesse episódio, um imigrante judeu da Prússia?
vo, de personalidade paradoxalmente No telégrafo do Departamento de Guerra acontecem episódios mais interessantes e divertidos do
ambígua – pelo menos quando não di- filme. E Spielberg poderia ter mostrado Lincoln conversando lá com o telegrafista Edward Rosewater
vaga a respeito de George Washington e (nascido Rosenwasser, na Boêmia), que enviou a Proclamação de Emancipação em 1º de janeiro de 1863?
latrinas. A atuação de Day-Lewis está de Edward estava fora de Washington, transferido para Omaha (Nebraska), no início de 1865, período da
acordo com a conhecida tendência de- trama do filme.
pressiva de Lincoln, mas Spielberg nun- Muito de Lincoln retrata a vida nos aposentos da família na Casa Branca. Por que Isachar Zacha-
ca demonstrou muito interesse em psi- rie não é citado eis que é o podólogo judeu inglês recomendado a Lincoln pelo secretário de Guerra.
cologia. Então, o trabalho de projetar a Zacharie “gozava da confiança do sr. Lincoln talvez mais do que qualquer outro indivíduo privado”,
vida interior do presidente recai inteira- segundo editorial de 24/9/1864 publicado no New York World, e “talvez o visitante familiar mais es-
mente sobre o ator, que o faz com habi- timado na Casa Branca”. Nessa época, Zacharie se correspondia com o presidente.
tual facilidade. Segundo o rabino, Spielberg omitiu essas pessoas o que não diminui a qualidade deste que “é, de
Ao contrário da estrela do filme, fato um grande filme americano”. Para Lance Sussman, do ponto de vista judaico, Lincoln é a oportu-
Spielberg vê Lincoln como um herói nidade perdida de informar o público – incluindo muitos judeus –que os judeus chegaram aos Esta-
divino, de modo a impregnar o filme dos Unidos bem antes de os autores dos pogroms incendiarem casas no território judeu na Rússia.
com o tipo de fundo mágico dos filmes
de fantasia, evocando o brilho de santi-
dade que a atuação de Day-Lewis inte-
ligentemente evita. Junto com o diretor noites, isto é, vai para a cama com a governanta negra, uma rece o deselegante Amistad (1997) de A atuação de
de fotografia, Janusz Kaminsky, Spiel- mulher digna e inteligente com quem é retratado na forma Spielberg, que torna a história baseada Daniel Day-
berg valoriza o ambiente com ilumina- de um casamento caloroso e amoroso em todos os sentidos, em uma rebelião de escravos real, em Lewis está de
ção e auras que não emanam de nenhu- menos diante da lei do mundo. 1839, em algo tão sem graça que Spiel- acordo com
ma fonte detectável. Quando Lincoln Apesar de tudo, por noventa minutos ou mais Lincoln é ra- berg finalmente admitiu que tinha es- a conhecida
tem uma morte trágica em uma pensão zoavelmente envolvente, e deve fazer para o período da Guer- premido a vida e a alma de um assun- tendência
perto do Teatro Ford, a faixa de luz ima- ra Civil o que A Lista de Schindler fez pelo Holocausto, o de to até então inspirador. Desta vez, ele é depressiva
culadamente branca que banha o seu conscientizar uma geração de jovens cinéfilos. Spielberg tam- resgatado por atores dedicados que vi- de Lincoln,
corpo tem mais a ver com o sentimen- bém montou um excelente elenco de apoio: Tommy Lee Jo- vem à altura do padrão grandioso es- mas Spielberg
talismo hollywoodiano do que com a nes como Stevens, cujo arranjo conciliatório no Congres- tabelecido por Day-Lewis no papel-tí- nunca
história americana. so seria quase impensável na política americana hoje; David tulo. Spielberg pode não ter sido o di- demonstrou
O tratamento que o filme dá à ques- Strathairn, como William Seward, o secretário de Estado de retor ideal para este filme biográfico muito interesse
tão de raça às vezes também parece ar- SPIELBERG RECEBE respeitosos sem o recurso de fazer média? A solução foi in- Lincoln; Jackie Earl Haley, como Alexander Stephens, vice- ambicioso, mas Lincoln e Day-Lewis em psicologia.
tificial. Como os negros eram de pro- BEM AS CRÍTICAS E O cluir alguns episódios nos quais os personagens afro-ame- presidente da Confederação e mensageiro da paz; Sally Field, formam um par verdadeiramente me- Então,
priedade de brancos no Sul e domina- DINHEIRO QUE JORRA ricanos falam por alguns momentos, depois, voltam para o como Mary Todd Lincoln, que supera a melancolia tranquila morável. o trabalho de
dos pelos brancos no Norte, a abolição DOS SEUS FILMES segundo plano, para a verdadeira história prosseguir. Essa de Abe com seu próprio tipo histérico; e Joseph Gordon-Levitt projetar
da escravatura foi necessariamente um tática provoca alguns resultados implausíveis em que um como o jovem Robert Lincoln, cuja ânsia de se juntar à guerra * David Sterritt é presidente da Socie- a vida
projeto de cima para baixo, executado soldado negro em um campo de batalha praticamente ros- causa as emoções mais angustiantes e fortes no pai. Outros fa- dade Nacional de Críticos de Cinema e interior do
principalmente por políticos brancos na para o presidente acerca do lento progresso dos direitos mosos que merecem elogios são Hal Holbrook, John Hawkes e professor de cinema na Universidade presidente
e lobistas poderosos. Com essas reali- civis. Mas também produz o que considero a cena mais co- James Spader, que tiram o melhor de papéis menores. Eu não de Columbia e do Maryland Institute recai
dades em mente, Spielberg e Kushner movente do filme – quando o velho e rabugento Thaddeus sou fã do Oscar, mas a estatueta de melhor ator para Day-Lewis College of Art. Escreveu The Films of inteiramente
parecem ter ficado um pouco perple- Stevens, político republicano radical que acaba desempe- é uma barbada, e é bem possível Jones e Fields levem o prê- Alfred Hitchcock, Guiltless Pleasures: sobre o ator
xos com a seguinte questão: como atri- nhando um papel fundamental para a Emenda ser aprova- mio de melhores coadjuvantes. A David Sterritt Film Reader, e The
buir aos negros papéis significativos e da, termina o dia gratificante fazendo o habitual de todas as Nos momentos mais cansativos e pomposos, Lincoln pa- Honeymooners
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HEBRAICA | MAR | 2013

magazine > a palavra | por Philologos

E como traduzir esses cinco nebe-


ch em lugares diferentes? Uma manei-
ra de fazer isso seria usar uma palavra
diferente em português em cada caso.

Nebech
Podemos, por exemplo, traduzir a pri-
meira frase como: “Aquele zero à es-
querda bagunçou de novo”; o segundo
como “o coitado nunca foi um sucesso”;
o terceiro seria: “Ela quebrou a perna –
que vergonha!”; o quarto como: “É mui-
to ruim, eu queria vir, mas não pude”;
NEBECH É UMA PALAVRA ÍDICHE ULTRAVERSÁTIL, COMO NOS MOSTRA e, no último, “Os judeus, sinto dizer, são
O NOSSO ESPECIALISTA EM TERMOS JUDAICOS. COMO MUITAS OUTRAS um povo teimoso”.
PALAVRAS ADOTADAS PELOS JUDEUS, A ORIGEM DE NEBECH É CONTROVERSA Alternativamente, podemos tentar en-
contrar uma única palavra para encai-

Q
uando certa vez mencionei a palavra xar em todos os exemplos. A melhor,
ídiche nebech, cuja última consoante sem contar a primeira sentença, prova-
se pronuncia como o “ch” de Bach, vá- velmente seria “infelizmente”. Se você
rios leitores se lembraram de terem sido substituí-la por nebech nas outras quatro
chamados assim em algumas – e diferentes – ocasi- frases, é possível uma tradução razoavel-
ões. Um deles, quando criança após a morte do pai, mente precisa.
com o evidente sentido de “coitado”. “Razoavelmente precisa” porque ne-
Nebech é uma palavra de difícil tradução que em bech, como advérbio, possui uma quali-
uma frase em ídiche pode funcionar como substan- dade emocional que “infelizmente” não
tivo, adjetivo implícito, advérbio, exclamação ou lo- tem. Se eu disser: “Infelizmente, ela que-
cução adverbial, dependendo bastante da colocação, brou a perna”, significa que, conside-
com a qual quem fala ou escreve em ídiche dispõe de rando tudo, não é bom quebrar a perna.
uma grande dose de liberdade. Considere os exem- Se disser: “Zi hot gebrochn a fus, nebe-
plos: ch”, também expresso simpatia pela aci-
1. “Der nebech hot noch amol geplontert.” (“Esse ne- dentada. Nebech tem dupla face: apon-
bech bagunçou de novo.”) ta tanto para uma pessoa ou evento in-
2. “Er iz keynmol nit geven, nebech, a gerotener.” feliz como para a angústia que isso traz
(“Ele nunca foi, nebech, um sucesso.”) com quem fala. Às vezes há um toque
3. “Zi hot gebrochn a fus, nebech!” (“Ela quebrou a de pena em nebech, sentimento que se
perna, nebech!”) acentua com o diminutivo nebechl, e seu
4. “Nebech, ich hob gevolt kumen, ober ich hob nit tom de afeto.
gekont.” (“Nebech, meu queria vir, mas não pude.”) Nebech é definitivamente uma palavra
5. “Di yidn, nebech, zenen an am kshey-oyref.” (“Os de origem eslava, apesar das controvér-
judeus, nebech, são um povo teimoso.”) sias entre os etimologistas se do polonês
nieboga, “coitado”; do tcheco medieval
No primeiro desses exemplos, nebech é o sujeito nebohy (em tcheco moderno se diz nebo-
da frase. No segundo, o termo vem depois do predi- zák), de significado similar; ou de outra
cado (“ele nunca foi”) e está no meio da frase. Na ter- língua eslava. É uma polêmica com ra-
ceira sentença, segue-se um objeto direto (“perna”) e mificações, pois traz a questão a respei-
encontra-se no fim. Na quarta, está no início e pre- to de qual foi a rota ídiche de difusão do
cede a tudo. No quinto, o termo está novamente no termo entre aqueles que falavam línguas
meio, mas depois do sujeito (“os judeus”). eslavas na Europa Oriental.
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por Ariel Finguerman | ariel_finguerman@yahoo.com

3
Branco bom
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Adeus doloroso
de bola Stanley Fischer, o crânio das finanças mun-
A Copa de Futebol da África, diais, que largou empregos top no FMI e no
realizado na África do Citigroup para ajudar a manejar a economia
Sul, trouxe uma novidade. israelense como diretor do Banco Central,
Pela primeira vez, entre os anunciou que deixará o cargo em junho,
368 atletas participantes antes do prazo previsto. Durante sete anos de
havia um judeu: Dean brilhantes serviços, segurou firme o leme da
Furman, 24 anos, nascido economia israelense em vários momentos de
na Cidade do Cabo, joga crise global e foi escolhido o “melhor diretor
atualmente no Oldham de Banco Central do mundo”. É considerado
Athletic, clube da terceira uma peça fundamental na aceitação de Israel
divisão inglesa. Começou no restrito clube da Oecd, que reúne as trinta ∂
10 notícias de Israel

8
a carreira no Chelsea e até economias mais desenvolvidas do mundo.

1
tentou a sorte no Macabi Deixa o Banco Central e Israel e voltará a Herói da pátria
Tel Aviv. Despontou há dois morar em Nova York com a mulher. Três meses depois de emocionar o país ao perder um braço numa batalha na

7
Multiplica-vos anos, quando fez um gol fronteira de Gaza e lutar para não morrer no hospital, o capitão Ziv Shilon voltou
O líder espiritual do partido ortodoxo- considerado o mais bonito a colocar o uniforme do Tzahal na cerimônia de formação de novos soldados da
sefaradi Shas rabino Ovadia Yosef, das ligas secundárias da Brigada Givati, a tropa de elite da infantaria israelense. Shilon apareceu em uma
92 anos, não ficou muito feliz com Inglaterra. Foi convocado quadra esportiva de Jerusalém adaptada para o evento com uma prótese em forma
os resultados das últimas eleições, para a seleção sul-africana, de gancho no lugar da mão esquerda, e a direita ainda enfaixada. Logo após a
mas a frustração foi compensada em estreando num amistoso Santo tratamento explosão que o feriu, conseguiu achar a mão que lhe fora arrancada e entrar sozinho
família: ele agora é trisavô porque a contra o Brasil em setembro Jihad tem 3 anos e é filho de um eletricista no jipe de resgate. Na cerimônia, abraçou cada um dos seus comandados alinhados
neta teve uma neta. Considerado um passado. Caso se classifique muçulmano de Jerusalém Oriental. Nasceu em quatorze fileiras, que responderam quebrando o protocolo e o aplaudindo por
gênio do Talmud, Ovadia abençoou o para a Copa do Mundo, olho com uma doença genética rara que o impedi- longos minutos.

9
novo membro da família, Ofrat. Lido no rapaz. rá de crescer mais de 1,20m, terá problemas

4
ao contrário em hebraico, este nome no coração, olhos e ossos e tendência a mor-
forma as letras do ano judaico em que rer depois dos 10 anos de idade. Em Israel, Boa nova
Yosef nasceu, equivalente a 1920. O Adeus ao boss ninguém padece deste mal. O orçamento Agora é oficial: o Departamento de Águas israelense anunciou que terminou a seca
bebê é bisneta da quinta filha – de um Morreu Ed Koch, o prefeito judeu de Nova York que marcou a história da cidade deste ano destinado a remédios da rede no país que já durava sete anos. As fortes chuvas deste inverno ajudaram, mas não
total de nove – Yafa. É, portanto, uma nas décadas de 1970 e 1980. Metódico, já havia preparado o túmulo num cemitério pública do Ministério da Saúde é de trezentos foram o principal fator. O herói desta história é a dessalinização, que hoje já supre

2
bisavó com um pai vivo. cristão de Manhattan, onde, orientado por rabinos, fez um cercado para marcar sua milhões de shekels, contra um total de dois metade do consumo de água em Israel. Vem de três usinas instaladas na costa e até
identidade. Mandou esculpir uma estrela de David, o Shemá Israel e uma menção bilhões de shekels em pedidos de cobertura. o final do ano que vem haverá mais duas, que suprirão 70% da necessidade do país.
Cana brava à sua atuação como soldado norte-americano na Segunda Guerra Mundial. Depois Mesmo assim, por “razões humanitárias”, Esta é a razão porque o preço ao consumidor não cai: sugar água do mar e retirar o
Depois de cumprir pena de três mandou inscrever na lápide as últimas palavras do jornalista Daniel Pearl, assassina- decidiu-se bancar os 1,2 milhão de shekels do sal é um processo caro. Enquanto isto, os jornais aproveitaram para publicar anúncios
anos e meio, acusado de desviar o do por islâmicos radicais no Paquistão: “Meu pai é judeu, minha mãe é judia, eu sou tratamento do menino, que poderá viver com históricos em que o governo apelava à população para economizar água. Como um de
equivalente a um milhão de reais do judeu”. Tanta preparação foi ouvida “lá em cima” e Koch morreu exatamente no dia menos sofrimento até os 30 anos. 1990, onde um ministro sugeriu que casais se banhassem juntos.

10
caixa da Histadrut, o maior sindicato do assassinato de Pearl, 1º. de fevereiro.

5
do país, o ex-ministro das Finanças


Avraham Hirschson foi solto da prisão
em janeiro. Mas a alegria da família Oy vey
durou pouco. Um mês depois, em Susto na indústria de filmes pornô dos EUA, com a internação às pressas de Ron Nova família
fevereiro, o filho dele, Barak, 29 anos, Jeremy, vítima de um aneurisma. Jeremy, 59 anos, judeu de Nova York, filho de um Em Israel são realizados dezenove mil abortos ilegais por ano, segundo o último levan-
começou a cumprir sentença de sete médico e de uma editora de livros, atuou em mais de dois mil filmes pornográficos tamento do Ministério da Saúde. A legislação proíbe a uma mulher casada e saudável
meses de cadeia. A razão: há um ano, e foi considerado “um dos cinquenta maiores pornostars de todos os tempos”. Após interromper a gravidez, o que explica esse setor da economia que atua no mercado
Barak foi a um restaurante com a se formar em pedagogia e quebrar a cara tentando a sorte como ator, foi convidado negro e cobra o equivalente a R$ 2.500,00 em alguma clínica chique de Tel Aviv ou
namorada e encheu a cara, o que não para participar de “filmes adultos” e ficou milionário. Para alguns, o sucesso surpre- R$ 250,00 num muquifo de Yaffo. Existe risco de prisão e a pena é de cinco anos.
o impediu de pilotar a moto. Ocorreu endeu porque Jeremy é, digamos, pouco atraente, com bigode e cabelo comprido Segundo a ONG Mispachá Chadashá (“Nova Família”, em hebraico), do total de casos
um acidente que deixou a garota de fora de moda. Especialistas explicam que o segredo de Jeremy é a esperança que de gravidez no país, cerca de 10% são interrompidos por abortos ilegais. E, surpresa: o
23 anos paralítica pelo resto da vida. infunde ao sujeito mediano que assiste aos filmes. número de mulheres seculares e religiosas que abortam ilegalmente é o mesmo.
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magazine > literatura | por Shmuel Avneri *

PARA BIALIK,
A TERRA DE
ISRAEL ERA O
RENASCIMENTO
NACIONAL, NÃO
A DIÁSPORA

Bialik, muito além de um


poeta nacional
COMO CONTADOR DE HISTÓRIAS, EDITOR, LINGUISTA, damente enraizada do fenômeno do na-
COMENTARISTA E ESTRELA-GUIA, CHAIM NACHMAN BIALIK ERA cionalismo, a ponto de defini-lo como
UM PERSONAGEM A QUEM TODOS PROCURAVAM EM BUSCA DE algo “imaginado”.
ORIENTAÇÃO EM QUESTÕES DE IDENTIDADE NACIONAL “O autêntico poeta nacional – quem
é ele? É aquele em quem o nacional e o

A
o discursar no 78º aniversário da morte de Bia- universal se combinam. E no lugar onde
lik, em julho de 2012, o premiado poeta e tradu- se encontra seu nacionalismo, também
tor Meir Wieseltier se derramou em elogios pela se encontra sempre um elemento uni-
contribuição de Bialik à sua geração e seguintes: versal”, escreveu Bialik ao amigo e es-
“Os poemas de Bialik realizaram, e ainda realizam, o traba- critor Nathan Bistritzky. A este respeito,
lho divino com relação à linguagem da nova poesia hebraica”. Bialik se igualava aos profetas liberais Havia aqueles,
Mas Wieseltier perguntou: “Faz sentido continuar insistindo de libertação nacional e reflorescimen- como o
em chamar Bialik pela velha e conhecida expressão de ‘poe- to do século 19, como Mazzini (Giuseppe poeta David
ta nacional’? Talvez pudéssemos usar outro termo – um gran- Mazzini, 1805-1872, lutou pela unifica- Frishman, que
de poeta, por exemplo, o maior dos novos poetas hebraicos”. ção da Itália) Masaryk (Tomás Garrigue discordavam
Em 1994, dezoito anos antes de Wieseltier, o poeta Moshé Mazaryk, 1850-1937, fundador e primei- do elemento
Ben-Shaul também discursou ao pé do túmulo de Bialik, pro- ro presidente da república da Tchecoslo- nacional e
feriu louvores ao “mais importante dos poetas hebreus na váquia) e também Herzl. profético
era moderna” e também disse que talvez ele não fosse mais Bialik não aceitava a ostensiva con- do trabalho
o “poeta nacional. Bialik fala a todos, inclusive à juventude... tradição entre o pessoal e o nacional, de Bialik,
Neste rótulo de ‘poeta nacional’ há algo que imediatamente tornado consenso em nosso tempo. preferindo, por
semeia a divisão, cada liderança política está pronta e dis- Além de apoiar a liberdade e a inde- várias razões,
posta a cooptá-lo”. pendência do poeta, enfatizava o óbvio: a sua poesia
Mesmo enquanto vivo – e Bialik nasceu há 140 anos –, ha- nenhum indivíduo está em um espa- lírica. Mas o
via aqueles, como o poeta David Frishman, que discordavam ço desprovido de um contexto que for- declínio da
do elemento nacional e profético do seu trabalho, preferin- ma o cultural, o nacional e o universal. legitimidade
do, por várias razões, a sua poesia lírica. Mas o declínio da le- Além disso, para a ele e sua geração a do
gitimidade do nacionalismo de uns tempos para cá deve ser “coroa de louros” de poeta nacional não nacionalismo
visto em um contexto maior, além do literário. Esse recuo de- era desprovida de sentido como é hoje, de uns tempos
corre, principalmente, da vitória do liberalismo no Ocidente, pois o trabalho da vida de Bialik, poéti- para cá deve
como parte da supremacia do indivíduo como tal. Daí emer- co ou não, estava profundamente ligado ser visto em
ge o olhar desconfiado para qualquer valor coletivo (incluin- à empreitada do renascimento nacional um contexto
do o nacional) capaz de anular ou restringir a individualida- do povo judeu. maior, além do
de ou a escolha pessoal do indivíduo. A ideia de nacionalis- Observar exclusivamente as obras po- literário
mo tornou-se associada à discriminação, guerras e genocídio. éticas de Bialik e ignorar as tarefas maio-
Daí, também, a tendência de subestimar a natureza profun- res que se impôs diminui a sua estatura.
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magazine > literatura

à ruptura com a religião e à perda da in- e estéticas – foi publicada em outubro de 1932 no jornal Yedio- acrescentou elogios à tarefa de Bialik de
tegridade baseada na fé – não eram vis- th Achronot com o título “O que fazer para melhorar Tel Aviv”. reviver o idioma hebraico, e pela sua reali-
tos por ele como ocupações menos im- Como parte de ampla atividade cultural fundou, em Tel Aviv, zação como poeta nacional compositor de
portantes do que escrever poemas. Isto a organização Oneg Shabat cujo objetivo era incluir nas come- canções folclóricas: “Este milagre que Bia-
é, dedicar-se ao longo de mais de trinta morações de Shabat conteúdos modernos originários da his- lik operou eleva o poeta ao nível da con-
anos à tarefa de “juntar” os tesouros da tória, cultura e legado judaicos. A Oneg Shabat continuou ope- sagração popular nacional mais do que to-
cultura judaica. O carro-chefe dessa ta- rando mesmo décadas depois da morte dele. dos os seus poemas de reprovação”.
refa era Sefer Ha’Aggadah (“O Livro das A personalidade afável e sociável, a simplicidade de com- No espírito desta associação pesso-
Lendas”), que Bialik co-editou com o co- portamento, a franqueza e vontade de ajudar qualquer um no al-nacional-universal, em dezembro de
lega Y. H. Ravnitzky. O aspecto nacional país, do reitor da Universidade Hebraica ao mascate no Mer- 1971 Nathan Bistritzky escreveu no jor-
deste trabalho enorme foi fundamental cado Carmel (Shuk HaCarmel) ajudaram a identificar Bialik nal Ha’am Kol, que Hachnisini Tachat
no pensamento de Bialik. como poeta nacional, pois todos pareciam sentir que conti- Knafech foi o poema mais nacionalis-
“A terceira parte do Sefer Ha’Aggadah, nham uma parte dele. Em conferência de escritores em Jerusa- ta de Bialik: porque “em seus abarrota-
renovado, está perto do arranjo final”, lém, na primavera de 1930, Bialik também pregou o caminho dos esboços mentais, há a soma dramá-
disse Bialik a um amigo, pouco antes da responsabilidade nacional, como registrou depois em De- tica da posição lírica de um indivíduo e
de morrer (em Igrot Bialik, Editora F. varim She’be’al Pé (Dvir, 1935): “Algumas pessoas pensam que da história de seu universo, e este... Tam-
Lakhover. Dvir, 1939). E destaca: “Esta o artista-escritor-poeta cumpre as suas obrigações por meio bém esgota, em si, de forma lírica, o dra-
parte, do ponto de vista dos temas, todos do trabalho, e que está acima do ‘Código da Lei Judaica’ e das ma de um coletivo nacional, cuja tragé-
de conteúdo nacional, é maior do que mitzvot; que está isento de todas as obrigações nacionais, e só dia assim vem à luz instantaneamen-
todas as outras, e em Israel não há ne- os ‘simples’ mortais são obrigados a segui-las. Nunca dei tal te em um retrato muito humano, isto é,
nhum livro nacional que possa se rivali- privilégio a um artista hebreu”. universal”.
zar com ele”. Esta posição também fazia parte da doutrina educacional Em Tel Aviv, junho de 1933, duran-
Como poeta nacional, e no âmbito de Bialik, e se manifestou, por exemplo, no discurso “Keren te uma conferência de escritores, Bialik
do esforço literário, cultural e público Kayemet e as mitzvot nacionais”, que proferiu na aldeia infan- discutiu a justiça e a pureza moral que
como um todo, Bialik deu voz ao sofri- til Ben Shemen, em 1927: “A religião tornou-se algo menor na pesa sobre o autor (de Devarim She’be’al
mento e às esperanças do individual e educação. Não vou dizer se isto é ou não é bom, mas é preciso Pé): “O escritor também tem direito a ser
>> do coletivo na Palestina e na Diáspora, preencher esse vazio com um ensino nacional, é necessário li- membro de qualquer organização e par-
Afinal, além de poeta, também era contador de histórias, tra- A POETA LEA e, como “quase-presidente” da sua ge- gar os problemas nacionais à educação... Devemos educar as tido se ele assim o desejar, mas, como Bialik deu uma
dutor, editor, compilador, linguista e comentarista – habilida- GOLDBERG DIZIA ração, até mesmo emitindo decisões a crianças na prática das mitzvot nacionais. As crianças não de- escritor, não deve se tornar escravo de contribuição
des que compõem a construção da cultura nacional renovada. QUE BIALIK respeito de várias questões fundamen- vem ser educadas apenas a respeito de questões particulares... qualquer ídolo. Ele deve ser livre. A pró- decisiva para o
E, acima de tudo, ao longo da vida, Bialik serviu como estrela- DEVOLVEU A tais do período. O dízimo nacional, a doação para beneficiar instituições nacio- pria consciência será seu guia, e não o reflorescimento
guia moral e política, para os colegas escritores e intelectuais, INFÂNCIA AO POVO Como tal, para Bialik a terra de Isra- nais – o trabalho em seu favor deve ser um elemento impor- seu partido. E a consciência e a medi- da língua
e também para o público de todos os tipos e idades, da esquer- DE ISRAEL el, e não a Diáspora, era o palco do re- tante da educação”. da moral do escritor são nada menos do hebraica e
da e da direita, de origens religiosa e secular, e de diferentes di- nascimento nacional. Ele deu uma con- que lealdade absoluta à própria verda- trabalhou
ásporas. Todos olharam para ele quando confrontados com di- tribuição decisiva para o reflorescimen- Gêneros variados de, o compromisso com o talento e com para que fosse
lemas a respeito da formação da identidade nacional. to da língua hebraica, à qual acrescen- A identificação de Bialik como poeta nacional está geralmen- si mesmo, para não forjar o seu selo por declarada a
Por exemplo, Yona Shulman, jovem do Vale de Jezreel: em tou inovações próprias e trabalhou para te relacionada aos seus poemas de Sion, como El Hatzipor e meio de falsidade e de fazer vistas gros- única língua
carta de novembro de 1929, confessa a Bialik a aflição pela que fosse declarada a única língua na- Basadé; seu trabalho no beit midrash (casa de estudo da Torá), sas, para que não comercialize notas fal- nacional, em
comemoração mundana dos feriados onde vive, assim como cional, em vez da sua rival, o ídiche. como Lifnei Aron Ha’sefarim e Hamatmid; e também seus po- sas de palavras”. vez da sua
pelo vazio que sente em relação à alienação das fontes de Ele foi crítico feroz da passividade dos emas de repreensão e fúria, de Ahen Hatzir Ha’am (1897) a Em 1929, aos 57 anos, Bialik encerrou rival, o ídiche.
cultura e costumes judaicos. Um trecho: “Perdemos todos os judeus na época das revoltas árabes na Re’item Shuv Bekotzer Yadhem (1931). assim outra conferência: “As obras literá- Foi crítico feroz
valores nacionais. Perdemos todo o sentido do positivo, que Palestina na década de 1920, e apelou Além desses, Bialik também escreveu poemas a respeito rias intencionalmente escritas para a Pa- da passividade
é orgulho do nosso povo e da nossa cultura, porque não a re- para se organizarem em autodefesa. Ele da natureza, o amor, ars poetica, canções folclóricas, infantis lestina e para várias instituições são uma dos judeus
conhecemos, e tudo é como um livro fechado diante de nós. trabalhou para fazer a ponte entre a tra- e muito mais. Em In a Foreign Corner (“Em um Canto Estran- vergonha para nós. Transformar nossos na época das
E a questão aguarda por uma solução... O Shabat deve chegar dição e a modernidade, e pediu que se geiro”, Davar, 1938), o poeta Elisha Rodin aponta, entre outras escritores em bedéis? Eu expulso tais es- revoltas árabes
a Naalal. É possível e positivo que a juventude se reúna em preservassem os bens culturais autên- coisas, a dimensão nacional que sentiu no Zohar de Bialik: “É critores. Se agir de acordo com sua capa- na Palestina
todo o vale e dedique um encontro especial para isso – e você ticos dos variados grupos étnicos judai- uma rede de memórias, experiências geográficas, [o] pessoal cidade e trabalho todo mundo é útil ao na década
deve dirigi-lo. Espero com ansiedade a sua chegada, e para cos – seja da Polônia, da Espanha ou do e biográfico-nacional... e nesse mesma rede do indivíduo e do povo. A utilidade está em o escritor ser de 1920, e
falar com você sobre isso”. Iêmen – e os colocasse em um único tribal, eu li a respeito da infância de Bialik, e senti como ela se livre, e isso é mais benéfico para ambos, apelou para se
molde cultural. entrelaça com a da minha nação”. o povo de Israel e o escritor”. organizarem
A tarefa de “reunir” Além disso, Bialik se envolvia em to- A poeta e escritora Lea Goldberg, por sua vez, viu Zohar e a em autodefesa
As atribuições de Bialik como criador de cultura e alguém para das as áreas. A sua doutrina “verde” – na história Safiá como obras nas quais “Bialik deu ao povo de Is- * Shmuel Avneri é o diretor do Arqui-
quem convergiam os anseios da geração – no período seguinte qual fazia despontar questões ecológicas rael a sua infância de volta” (Mishmar, julho de 1944). Ela então vo Bialik, em Tel Aviv
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magazine > lançamento | por Bernardo Lerer

cultural representado pela orquestra e rusgas de pres- O MAESTRO BRUNO


tígio, mas um memorando de 30 de junho de 1933, as- WALTER EM FOTO TIRADA
sinado pelo gerente filarmônico Lorenz Höber e cuja EM VIENA EM 1912, BEM

saudação final é “Heil Hitler” revela que acabava de ANTES DE SE CONVERTER AO

nascer a Reichsorchester, isto é, a orquestra do Rei- CATOLICISMO

ch. Em novembro, Hitler pessoalmente abençoou a or-


questra, e não havia mais músicos judeus.
Com “assumir as responsabilidades” entenda-se, além de
colocá-la a serviço do nazismo e de seus projetos e progra-
mas, promover uma limpeza étnica em seus naipes, isto é,
erradicá-la principalmente de judeus. A orquestra pratica-
va música e política em permanente diálogo com o regime
que, em escala mais ampla, fazia o mesmo.
Os patrões políticos concederam à Filarmônica de
Berlim privilégios exclusivos entre as instituições cultu-
rais alemãs e que a orquestra aceitou docemente cons-
trangida, com um misto de gratidão, apreensão e apolo-
gia. É verdade que o maestro tinha – como ainda tem –
poder, domínio, influência e controle sobre as vidas de
dezenas de músicos cuja sobrevivência depende da or-
questra, mas não se pode subestimar as escolhas indi-
viduais dos seus integrantes, muitos dos quais usaram a
FURTWÄNGLER CONDUZ A FILARMÔNICA DE BERLIM NUMA FÁBRICA DE ARMAMENTOS ALEMÃ, EM 1944 ideologia para se ver livres da presença e da concorrên-
cia de colegas judeus disputando vagas e estantes na or-
questra. A experiência da orquestra do Reich resumia,

Filarmônica de Berlim a no palco e nas salas de administração, a condição ambi-


valente da Alemanha nazista que variava entre o deses-
pero e o medo, a ingenuidade e a ambição, a reticência e
o oportunismo.

serviço do nazismo É interessante notar que, antes de Furtwängler, a or-


questra fora dirigida por dois judeus, Bruno Walter e Otto
Klemperer, que se converteram ao cristianismo. Walter
era de direita; Klemperer, de esquerda. Depois da guerra,
Klemperer retornou ao judaísmo, condenava o Holocaus-
EM 1882, OS MÚSICOS DA BILSESCHEN KAPELLE (ORQUESTRA BILSE), DE BERLIM, REGIDA POR to e recusava a proximidade de ex-nazistas; Walter, não, e
BENJAMIM BILSE, EXCURSIONARAM PARA A POLÔNIA. ELES JÁ ESTAVAM IRRITADOS COM O REGIME DURO IMPOSTO concedia o “perdão cristão” a colaboradores musicais. O VIOLINISTA JUDEU
PELO MAESTRO, MAS AQUELA VIAGEM FOI DEMAIS: AS PASSAGENS ERAM DE QUARTA CLASSE Há pouco mais de dez anos, foi editado o livro O Mito YEHUDI MENUHIN E O
MAESTRO ANTISSEMITA
do Maestro, de Norman Lebrecht, cujo subtítulo é “Gran-

C
WILHELMFURTWÄNGLER
inquenta dos 74 músicos se afastaram e criaram lhelm Furtwängler e, depois, com Her- des Regentes em Busca do Poder”. A respeito disso, Ni-
uma nova orquestra, na forma de uma associação bert von Karajan. kolaus Harnoncourt – maestro alemão nascido na Áus-
musical autônoma e autogerida, em que os músi- A crise de 1929 e a brutal inflação da tria, – sempre que lhe perguntam menciona a existência
cos eram os próprios acionistas; uma espécie de Alemanha no entreguerras provocou es- de um ambiente de obediência não ilustrada, de auto-
cooperativa. Nascia a Filarmônica de Berlim, e a partir daí tragos na cooperativa de músicos que anulação, de pobreza espiritual, de competição dilace-
a história da interpretação musical não seria mais a mesma e logo procurou a proteção do Estado para rante e de medo.
se descobria que orquestra pode desempenhar papel político. não desaparecer e, em março de 1933, Para ele, “a profissão de maestro é muito perigosa. Ele
A Orquestra do Reich – A Filarmônica de Berlim e o Nacio- já com o nazismo no poder, Furtwängler conduz uma orquestra de cem ou mais homens, ano a
nal-Socialismo, 1933-1945, de Misha Aster (Editora Perspecti- pediu socorro ao poderoso ministro da ano, o tempo todo. Tem sempre razão, e ponto final. A ele
va, 337 pp., R$ 70,00) vai muito além de contar a história da Propaganda Joseph Goebbels. Os dois se cabe decidir e convencer as pessoas. É uma das poucas OTTO KLEMPERER
orquestra que, aliás, consome algumas poucas páginas. O in- reuniram e, depois, ficou registrado que profissões em que alguém exerce sobre muitos homens TAMBÉM SE CONVERTEU,

teresse do autor, a respeito de quem nem a editora nem o pró- “o dr. Goebbels planeja assumir as res- uma autoridade permanente, direta, sem a mediação de MAS RETORNOU AO

prio livro, no prefácio ou na orelha de capa, fazem qualquer ponsabilidades da Filarmônica”. outras instâncias como ocorre em uma grande empresa”. JUDAÍSMO DEPOIS DO

referência, foi mostrar as relações incestuosas entre o regime Claro, houve impasses burocráticos, Era bem mais do que isso na Filarmônica de Berlim, HOLOCAUSTO PARA
nazista e o conjunto da orquestra, primeiro com o maestro Wi- disputas políticas em torno do butim durante o nazismo. DENUNCIÁ-LO
L
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por Bernardo Lerer

AH
Vital Battaglia | Editora Detalhe | 281 pp.
O Pacifista É o livro magistral de um velho colega, companheiro de criação do Jornal da Tarde, e cuja agonia relata logo
John Boyne | Companhia das Letras | 304 pp. | no começo com o “Atestado de Óbito”. O jornal deixu de circular em outubro passado. As dezenas de capítu-
R$ 39,50 los, contando histórias de reportagens e bastidores do futebol, são puro jornalismo e evidência de que não se
O livro mais famoso de Boyne é O Menino do Pi- faz mais jornal como antigamente. É uma obra-prima que deve servir de guia para estudantes de jornalismo
jama Listrado. Esse também trata de guerra, interessados em fazer a profissão de fé na verdade.
mas da Primeira, em que os principais perso-
nagens são dois soldados britânicos, Tristan Sa-
dler e William Bancroft, que se conheceram na Fuga do Campo 14
academia militar e estiveram juntos nas mesmas Blaine Harden | Intrínseca Editora | R$ 24,90
trincheiras do norte da França, contra os ale- Shong Ding-hyuk tinha 23 anos quando descobriu que havia vida para além dos muros e das cercas de arame
mães. Tristan carrega um segredo que lhe pesa farpado do “campo categoria controle total”, o tal campo 14, onde nasceu e durante todos esses anos se ali-
na alma e vai à procura da irmã de William para mentou de mingau de milho e sopa de repolho e, de carne, quando capturava um rato, espécie de que, aliás,
tratar disso sob o pretexto de entregar cartas do se tornou exímio caçador. Aos 13 anos, delatou a mãe e o irmão que planejavam fugir, foram presos e execu-
leituras magazine irmão que morrera em combate. tados. O livro revela um mundo que pensávamos extinto depois das atrocidades nazistas.

Origens do Totalitarismo História dos Mercenários – De 1789 aos Nossos Dias


Hannah Arendt | Companhia das Letras | 832 pp. | R$ 39,50 Walter Bruyère-Ostells | Editora Contexto | 237 pp. | R$ 47,00
Os três títulos cabem num só volume, entre outras razões porque guardam uma relação muito próxima: afi- Durante muito tempo os mercenários constituíram a principal força dos exércitos europeus, foi uma das mais
nal, o antissemitismo é sempre uma das primeiras consequências da falta de liberdade. O prefácio é do pro- antigas profissões do mundo e ainda hoje participam dos principais conflitos. O mercenário é, por princípio,
fessor Celso Lafer, ex-aluno de Hannah, na New School for Social Research, em Nova York. O livro foi publi- um prestador de serviços a quem não interessam causas, motivações, acontecimentos, para se colocar a si
cado pela primeira vez em 1951. Arendt realizava as pesquisas para escrevê-lo ao mesmo tempo em que atu- próprio, ou sua organização, à disposição de um empregador público ou privado. Interessa a remuneração. É
ava numa organização sionista que resgatava órfãos da Segunda Guerra e os enviava à antiga Palestina. muito atual, aliás.

Inferno: O Mundo em Guerra


Às Armas, Cidadãos Max Hastings| Intrínseca Editora | 764 pp. | R$ 59,90
José Murilo de Carvalho e outros | Companhia das Letras | 240 pp. | R$ 42,00 O autor pesquisou durante 35 anos para descrever as causas da Segunda Guerra, seu curso e os combates, mas
Embora o título remeta ao francês (Aux armes, citoyens), trata-se de uma coleção de panfletos políticos escri- se concentra com muita sensibilidade nas consequências para o ser humano, desde soldados, marinheiros e pi-
tos à mão entre 1820 e 1823 conclamando à mobilização popular, seja para defender a Coroa portuguesa no lotos até donas de casa inglesas, camponeses indianos, assassinos das SS e moradores de uma Leningrado sitia-
Brasil, seja para lutar pela independência dela e criar o império brasileiro, com D. Pedro I. A conclamação do da. Trata da agonia do povo indiano em 1943, quando um milhão de pessoas morreram devido à negligência do
título, certamente inspirado no exemplo francês de décadas anteriores, era o lema preferido dos panfletos governo britânico. Segundo o autor, o exército de Hitler era muito eficiente mas o esforço de guerra alemão foi
chamados de “papelinhos”. São 32 panfletos redigidos em Salvador, no Rio de Janeiro e em Portugal. incompetente e sugere que a indústria norte-americana foi mais significativa para a vitória do que seu exército.

Paris sobre Trilhos Toda Sua


Ina Caro | Editora LeYa | 410 pp. | R$ R$ 44,90 Sylvia Day | Editora Paralela | 274 pp. | R$ 29,90
O subtítulo “Viajando de Trem pela História da França” já é autoexplicativo. A “viagem” começa no século 12, Na capa, a recomendação de que se trata de “leitura adulta”. No conteúdo a combinação de livro de autoajuda
em Saint-Denis, e a autora apresenta a explosão arquitetônica que foi a construção das catedrais góticas da e erotismo e isso explica, em parte, o fato de, segundo o New York Times, ser um best-seller. Conta como Eva
França de Laon, Chartres e Reims; depois ela chega à Renascença, passa pelo século 17 e a criação de Versa- Tramell, 24 anos, funcionária de uma agência de propaganda de Manhattan (sempre lá), passa a ser assediada
lhes, retorna a Paris no século 19 e acompanha a transformação que Napoleão II realizou em Paris transfor- por Gideon, belo, forte, bilionário, sedutor, jovem, a quem resiste, mas cede, primeiro por sexo, depois por
mando-a na metrópole que conhecemos hoje. Fascinante. amor. E aí as coisas se complicam. É uma trilogia e o segundo volume é “Profundamente Sua”.

História da Máfia Carcereiros


Salvatore Lupo | Editora Unesp | 442 pp. | R$ 58,00 Dráuzio Varella | Companhia das Letras | 227 pp. | R$ 33,00
A palavra “máfia” fascina e, ao mesmo tempo, assusta, desde quando surgiu, em meados do século 19, en- O médico trabalhou no complexo penitenciário do Carandiru durante vinte anos. Escreveu Estação Caran-
tre os grandes proprietários de terra da Sicília que se uniram em sociedades secretas de autoproteção para diru, que virou best-seller e revelou um grande contador de histórias. Nesse, mostra o mundo dos carcerei-
garantir a realização da justiça pelas próprias mãos, à margem da justiça oficial, que geralmente beneficia- ros e como funcionam as leis e os códigos de conduta próprios que sustentam o tênue equilíbrio de forças que
va os pequenos camponeses. Com o passar do tempo, a Máfia foi se envolvendo, dentro e fora da Itália, em mantém a ordem entre os dois lados das grades. Dráuzio guardou as memórias das conversas com os carce-
atividades ilícitas. reiros nos botequins próximos da Casa de Detenção, depois do expediente.
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HEBRAICA HEBRAICA

por Bernardo Lerer

Avodat Shabbat
Naxos | R$ 29,90 Six Violin Concertos for Anna Maria
As pessoas precisam conhecer o “Milken Ar- Antonio Vivaldi | CPO | R$ 49,90
chive” (www.milken archive.org), criado em Vivaldi, o “padre vermelho”, escreveu 31 concertos e 24 deles, para violino, têm o autógrafo dele. Alguns foram
1982 por dois irmãos para produzir educação agrupados em um Caderno Musical de Anna Maria para Violino. Numa época, final do século 17 e começo do
e investigações médicas, e a preservação da 18, quando o mundo era fechado às mulheres, despontou a violinista Anna Maria, nascida em Veneza, e que em
música judaica dispersa pelos países que aco- meados dos anos 1720 conheceu a glória e a fama, apresentando-se nos melhores palcos da Europa.
lheram os judeus durante centenas de anos.
Isso explica porque de tempos em tempos
surgem lançamentos pela gravadora Naxos, La musica notturna delle strade di Madrid
de que as pessoas não têm o menor conheci- Boccherini | Harmonia Mundi | R$ 69,90
mento. Como este Avodat Shabat composto Nos últimos anos parece ter havido a redescoberta das virtudes e das qualidades de Luigi Boccherini e se
por Herman Berlinski (1910-2001), nascido multiplicam as gravações de suas obras, às vezes separando-as por fases da vida do compositor, nascido em
músicas magazine na Europa Oriental. Lucca (Itália) em 1743 e morto em Madrid em 1805. Ele é mais conhecido por um famoso minueto composto
em Madrid e os fandangos que escreveu revelando a influência espanhola.

Avner Dorman Edelsteine Der Musik


Naxos | R$ 29,90 Berliner Pavillon Orchester | Revivendo | R$ 27,90
A música não tem relação com o judaísmo, mas Avner é um compositor israelense vencedor de prestigiosos prê- O fato de este cd ser um lançamento do selo Revivendo sugere que se trata de antigas gravações remasterizadas
mios por sua Ellef Symphony, quando tinha 25 anos. Os prêmios o projetaram para o mundo e depois foi contrata- e, no caso, de uma orquestra com base em Berlim, de antes da ascensão do nazismo. Portanto, além da intuição
do para compor pelos regentes de orquestras como a Filarmônica de Israel, de Nova York, Viena, de Munique, Los pessoal nada mais ajuda a informar a respeito deste cd, da orquestra e das muitas músicas que interpreta, reu-
Angeles, etc. Os concertos para bandolim, para piccolo e para piccolo e piano, deste álbum são prova disso. nidas em vários pot-pourris, todos muito bem executados, sinal de que se tratava de uma orquestra conceituada.

Nicolai Gedda Return of Django


Myto Records | R$ 79,90 The Best of The Upsetters | Trojan Records | R$ 39,90
Este tenor nascido na Suécia, em 1925, é um recordista com mais de duzentas gravações e possivelmen- Upsetter é o nome dado a uma banda de reggae criada por Lee “Scratch” Perry, que depois de conseguir su-
te o mais gravado tenor da história da música. Neste cd, ele nos presenteia com belíssimas interpretações, a cesso no gênero de música apresentou-se nos melhores palcos de Londres e, logo, foi convidada a escrever
maioria da década de 1970, menos uma ária da Carmem (de 1954) e três árias de La Dame Blanche, de Boiel- trilhas musicais de filmes. Este cd é um dos seus melhores e se vale de temas de músicas de Enio Morricone
dieu (de 1965). As outras faixas são excertos de Meyerbeer, e de Gounod. escritas para filmes de spaghetti western.

Anna Netrebko – Rolando Villazón Duets Woody Herman


Deutsche Grammophon | R$ 34,90 Poll Winners Records | R$ 59,90
Os críticos apontam Anna e Rolando como um dos melhores pares em duetos famosos de grandes óperas A orquestra de Woody Herman foi um dos grupos mais populares do mundo na década de 1940, pois combi-
como La Bohème, Rigoletto, Lucia di Lammermoor, Romeo et Juliette, Les Pêcheurs de Perles e Manon, que nava a virtuosidade de Herman à clarineta, sax alto e o talento dos integrantes da orquestra que, além de in-
constam deste cd. Anna nasceu na Rússia e Rolando, no México. Segundo ele, foi descoberto por um famoso terpretarem, também eram arranjadores. Muitos deles se tornaram grandes nomes do jazz, como Stan Getz
tenor que visitava o vizinho e perguntou quem estava cantando no chuveiro. ao piano e Buddy Rich à bateria, e arranjadores como Neal Hefti e Al Cohn.

Famous Overtures – March Classics Ramones Greatest Hits


Leader Music | R$ 54,90 Rhino | R$ 19,90
É claro que todos já ouvimos muitas vezes as aberturas de A Flauta Mágica, da Cavalaria Ligeira, de Guilher- Este conjunto foi constituído em Nova York em 1974 e apesar do pequeno sucesso comercial são considerados os
me Tell, dos Mestres Cantores de Nurenberg, etc., assim como as marchas que fazem parte de composições fa- introdutores do punk rock e, por isso, influenciaram este movimento musical nos Estados Unidos e no Reino Uni-
mosas como uma suíte de Carmem, um trecho de Fidélio e outras. Agora tudo isso está reunido em quatro cd’s do. Os integrantes agregaram o pseudônimo Ramone aos sobrenomes, embora não exista nenhum parentesco
e executado pelas melhores orquestras e de domínio público. entre eles. Realizaram quase 2.300 apresentações ao longo de 22 anos ininterruptos de turnês.

“Os cd’s acima estão à venda na Livraria Cultura ou pela internet www.livrariacultura.com.br. Pesquisem as promoções. Sempre as há e valem a pena”
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magazine > com a língua e com os dentes | por Breno Raigorodsky *

ingredientes. Mas não, jamais passaria


despercebida, por quem, como eu, até
tem o poder de fazer salivar.
É uma legítima hering, longe está da-

O alimento
quelas que acabam frequentando latas
de sardinhas por erro voluntário comum
de autenticidade e de produtores que en-

da nossa mente
ganam o consumidor, sem com isso le-
sá-los em gosto e força alimentar, pois o
arenque do Atlântico Norte é tão gostoso
quanto ou mais, e é tão precioso alimen-
to proteico ou mais, que as sardinhas do
Tirreno Sul (ricas em ácidos graxos ôme-
COMIDA NÃO É SÓ COMIDA. É EMOÇÃO, INFORMAÇÃO E POLÊMICA. ga 3, ácido eicosapentaenóico e ácido
COMIDA FAZ VIVER QUANDO É BOA, PODE MATAR QUANDO NÃO É; FAZ docosahexanóico). Fonte de vitamina D,
SORRIR DE TRISTEZA E CHORAR DE ALEGRIA, GERA PROFUNDAS EMOÇÕES; contêm baixas taxas de toxinas bifenil
TRAZ SATISFAÇÃO NA SACIEDADE, GERA FRUSTRAÇÃO QUANDO NÃO policlorados, dioxinas e mercúrio. É da-
ATENDE ÀS EXPECTATIVAS quela espécie sugerida como a melhor
escolha ecológica para a alimentação, de

N
a raiz da palavra “comemoração” lá está ela, a comida acordo com o Órgão de Defesa Ambien-
num alegre coletivo que partilha a comilança sem li- tal dos Estados Unidos, por conta dos
mites. Neste mundo de fartura e diversificação que vi- predicados acima apontados, mas tam-
vemos hoje, somos sete bilhões a povoar o planeta, dos bém porque se equilibra entre os pre-
quais um quarto abaixo da linha pobreza e passa fome, ao mesmo dadores e a procriação, privilégio para
tempo em que milhares de toneladas de comida de todo gênero são poucas espécies nos sete mares.
jogadas fora, segundo a FAO (Food and Agriculture Organization). A fêmea exposta está na forma que
Somos assim, nossa crueldade e falta de olhar voltado para quem mais aprecio, por mais que não des-
não tem o parnusse (“sustento”) são impressionantes. Isto é, comida carte os outros preparos a que se pres-
não é só comida, é business, interesse político, cultura, antropolo- ta, particularmente em pratos frios que
gia, turismo, etc. recheiam os livros de receitas nórdicas
Enquanto me lê, algum nutricionista está indicando uma nova e germânicas. Do rolmops ao preparo
panaceia para todos os males, algo tiro-e-queda contra a gordura com creme azedo, passando pelas ovas
localizada, definitivo contra o diabetes e fulminante contra os ma- amassadas e preparadas em salada, ao
les do aparelho respiratório. Alguém cultiva novos cogumelos vin- modo grego.
dos do Japão, não apenas os shitakes e shimejis, mas tantos outros, Chego em casa com ela enrolada num
que se juntam aos cultivados europeus como os de Paris (champig- papel. Desenrolo e corto em pedaços de
non). Agora mesmo, algum defensivo agrícola está sendo proibi- dois dedos de largura, não sem antes de-
do por alguma legislação enquanto alguém coloca em prática uma sembaraçá-la das ovas. Acondiciono em
nova técnica biodinâmica de produzir leguminosos. Neste instan- um vidro vazio de 250 gramas, original-
te alguém publica mais um livro com a palavra “Food” no título, mente para acondicionar pepinos em con-
que se juntará aos 246.470 títulos já à disposição na livraria virtu- serva, e que agora se presta perfeitamen-
al Amazon!. te para a nova função. Cubro-o todo com
No meio de toda esta complexidade e profusão, olho no fundo do leite e fica um dia no líquido para dessal-
olho esquerdo de um arenque defumado, exposto em uma barra- gar. Deixo escorrer e lavo durante cerca de
ca que vende azeite, especiarias, queijos, bacalhau, latarias, e o que cinco minutos com água corrente, delica-
mais houver, no Mercado Municipal de São Paulo. Penso no meu pas- damente, para não destruir as ovas. Cubro
sado, na minha família, na Europa Oriental. Arenque é nostalgia de com azeite e sirvo no dia seguinte com ca-
um passado prazeroso. viar de berinjelas, azeitonas da Toscana,
O espécime clupea harengus, fêmea de mais de trezentos gramas e tomates maduros e alface crespa.
quinze centímetros de comprimento, bonita como o quê, cor de ouro
pela defumação – e prata quando nada em meio a cardumes enor- * Breno Raigorodsky é filósofo, publici-
mes pelos mares do hemisfério norte, seu habitat – prenha de suas tário, juiz internacional de vinho. É con-
ovas, orgulhosa delas, parece olhar para mim e perdida entre tantos sultor de comunicação e wine coach
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magazine > ensaio | por Flávia Serebrenic Jungerman *

não se apropria dos seus desejos e não recebemos sem nem saber do que se tratava, e depois passa- em tua casa e quando estiveres andando
luta pelos seus ideais. mos a compreender os seus conteúdos e significados. Trata- pelo teu caminho, quando te deitares e
Ao trabalhar em serviços especializa- se justamente de obedecer aos preceitos para depois refletir a quando te levantares”. Só recentemen-
dos para dependentes de substâncias, respeito. É, de certa forma, o que os pais fazem com os filhos, te descobri este tesouro da Torá, sábia e
atendi a usuários de maconha desespe- que obedecem e depois podem questionar. contemporânea, ao sugerir a necessida-

A dependência de rados para se livrar do consumo abusi-


vo. Os prejuízos são mais sutis – perda
de memória, falta de vontade e concen-
Na literatura cientifica da prevenção, existe o conceito “fa-
tores de risco e proteção” que tornam a pessoa mais suscetível
ao uso. Seriam fatores de risco um lar pouco acolhedor no qual
de de sempre dialogar com os filhos, em
casa, em todas as situações e lugares.
Prevenir também é transmitir valo-

substâncias psicoativas tração – do que aqueles provocados pelo


cigarro, e demoram a ser percebidos. Es-
tudos atuais revelam uma queda no quo-
as relações são instáveis, agressivas e com usuários de subs-
tâncias; ambiente hostil, acesso fácil à substância; amigos que
consomem drogas; dificuldades escolares e econômicas. Ao
res, servir de modelos de valores. “Faça
o que eu faço”, diz o ditado popular. É
importante criar os filhos para saberem
PREVENIR É TRANSMITIR VALORES E SERVIR DE MODELOS DE VALORES. ciente de inteligência (QI) nos usuários contrário, os “fatores de proteção” são aqueles que diminuem enfrentar os dilemas da vida, como fa-
É IMPORTANTE CRIAR OS FILHOS PARA SABEREM ENFRENTAR OS DILEMAS de maconha comparados aos não usuá- a chance de o jovem ter contato com a droga: lar acolhedor de zer escolhas, serem assertivos, desfru-
DA VIDA, COMO FAZER ESCOLHAS, SEREM ASSERTIVOS, DESFRUTAREM DAS rios. No entanto, um efeito do uso de ma- relações saudáveis entre os membros, regras estabelecidas e tarem das coisas boas da vida, aprovei-
COISAS BOAS DA VIDA, APROVEITAREM O SEU POTENCIAL conha independe da frequência e da sua possibilidade de opções de lazer. tarem o seu potencial. O papel dos pais
quantidade e não demora a aparecer: Destaco ainda três deles: o primeiro é o papel dos pais como é mostrar quais os caminhos possíveis e

D
o que os pais mais gostariam? Da certeza de que está comprovada a associação do consu- modelos e exemplos. É obrigação informar os filhos a respeito lhes dar meios e instrumentos para al-
nossos fi lhos estariam protegidos, para sempre, mo da maconha, mesmo que ocasional, das drogas e seus efeitos o que, de resto, é possível saber por cançar seus objetivos, o que é uma for-
de todos os possíveis males que assolam a hu- ao surgimento de quadros psiquiátricos meio da internet. É nesse ponto que os pais, além de fonte de ma de contribuir para se tornarem pes-
manidade, entre eles o abuso e a dependência de gravíssimos e irreversíveis em pessoas informação, servem de modelo e exemplo. Ser modelo não se soas conscientes, capazes e saberem
substâncias. E não apenas aquelas denominadas ilícitas, isto predispostas à esquizofrenia, por exem- refere apenas ao consumo de substâncias: em muitas casas é que podem recorrer aos pais. A linda
é, proibidas por lei como maconha, cocaína, mas também as plo. Mas quem tem essa pré-disposição? hábito beber às refeições ou fazer o kidush às sextas-feiras, no canção israelense Uf Gozal (“Voe, meu
lícitas – álcool e tabaco. Quem fuma deve imaginar, pois de Por enquanto, não se descobriu ainda. Shabat. A bebida alcoólica deve ser abolida? Isso está fora de filhote”) de autoria de Arik Einstein, diz:
todas as drogas, o tabaco tem o maior potencial de gerar de- Isto significa, portanto, que estamos à discussão e o que se propõe é decidir de forma coerente. “Voe, meu filhote, eles saíram em bus-
pendência: um em cada três fumantes se torna dependente; mercê da sorte. Atendi a algumas famílias desesperadas que pediam me- ca de suas próprias vidas. Abriram suas
no álcool, um em cada cinco. É um tema delicado: as drogas estão didas de urgência para os filhos “problemáticos” em razão do asas e voaram. Desejo de verdade que
A tendência é nos preocupar com o que está mais distante, em todo lugar, algumas em cada esqui- uso de substâncias, e logo surgia o consumo diário de álcool, tudo corra bem” e o refrão “Voe, meu fi-
as drogas ilícitas, mas o álcool e tabaco causam sérios prejuí- na e até dentro de casa. Se não podemos como o uísque do fim do dia, pelo pai, a mãe ou ambos. Ques- lhote, voe até onde puder, apenas não
zos e a grande maioria dos jovens começa pelo tabaco e o álco- proteger nossos filhos e pessoas queri- tionadas a respeito da possibilidade de mudança de hábito, esqueça, há gaivotas no céu, cuide-se
ol a experimentar substâncias ilícitas. O tabaco é um inimigo das da experiência e do risco de se tor- talvez por ser um gatilho, isto é, uma situação de risco em rela- bem.” É uma bela imagem de como os
silencioso, leva tempo até mostrar a que veio e o fumante quei- narem escravos da substância, podemos ção ao filho, respondiam que era um hábito intocável. Se que- pais se sentem ao ver os filhotes cres-
ma milhares de cigarros até sentir os efeitos adversos. Em um influenciar a relação da pessoa com a remos que um dos membros da família mude é importante sa- cendo: enchem de orgulho ao desbrava-
primeiro momento, o “barato” da nicotina gera mais atenção e substância? Sim, é possível. ber que esta mudança vai afetar a toda a família e também vai rem o mundo, ao mesmo tempo em que
mais disposição ao fumante. Com os anos, quem percebe o es- Prevenção é isso. A quem cabe pre- requerer um ajuste dos pais que precisam mudar para o outro preocupam.
trago descobre que os pulmões estão cinzentos, e esta suposta venir? À escola. E aos pais, familiares, também mudar. A arte de educar está justamente na
“disposição” inicial se transforma em excesso de cansaço, sen- amigos e todos em torno dos adolescen- Outro aspecto importante são as conversas: uma ferramen- medida do quanto são protegidos e se
do que o desgaste é evidente. tes sempre disponíveis para novas situ- ta essencial na prevenção é o diálogo. Precisamos conversar lhes permite voar. Usando a metáfora
Os sinais da dupla personalidade do álcool surgem desde o ações e em busca frenética de aventu- com os filhos e se não quiserem, de todo modo devemos es- das aves, educar é alimentar, ensinar a
inicio: se ajuda o jovem a ficar mais relaxado e solto para se ras e emoções fortes. O cérebro huma- tar disponíveis. Conversar não é dar bronca, lição de moral, ou voar e como se valer dos próprios po- Se queremos
aproximar da menina que paquera ou desinibe a adolescen- no só está totalmente formado por volta discursar para o outro. Conversar é ouvir, escutar, dialogar. Na tenciais para seguir voando. O resto a que um dos
te a encarar uma balada, a ressaca também mostra a cara no dos 25 anos, e, assim, qualquer substân- cerimônia de bat-mitzvá da minha filha, o rabino Michel Sch- vida revela. membros da
dia seguinte. E a pessoa não precisa se tornar um dependente cia que interfira na sua evolução natu- lesinger, da CIP, disse: escutar é uma das maiores virtudes do família mude
e começar a tremer pela abstinência para sentir os efeitos da ral perturba. Eis porque muito se fala em ser humano. Aliás, o Shemá Israel, para mim a reza mais im- * Flávia Serebrenic Jungerman é psi- é importante
substância: bastam algumas doses para atropelar ou ser atro- adiar o uso quando não se pode evitá-lo. portante, começa assim: “Escuta, ó Israel”. E mais, conversar cóloga pela PUC-SP, mestre em de- saber que
pelado. O que me remete a uma máxima da se planta com o tempo e não se injeta de um momento para o pendência química pela Universida- esta mudança
Em relação às substâncias ilícitas, e em particular a maco- religião judaica, Naassé venishmá (“Fa- outro, é um processo semeado ao longo da vida. É difícil para de de Londres, doutora pela Unifesp vai afetar
nha, em toda roda de conversa, e não importa a idade, há pelo remos e escutaremos”). Parece que Ha- os pais conversarem com o filho de 15 anos a respeito de dro- em “Tratamento Breve para Usuários a toda a
menos uma pessoa é a favor da legalização. Esta é vista por shem pensava nos adolescentes quan- gas se nunca trocaram alguma palavra com ele a respeito de de Maconha”. Coordena o serviço de família e
muitas pessoas como natural, sem prejuízo. De fato, muitos fu- do propôs isso. Primeiro, os adolescen- qualquer outra coisa – mesmo que das emoções na monta- psicologia do Grea (Grupo de Estudos também vai
mam maconha, não se tornam dependentes e tocam a vida de tes fazem, depois pensam. Todavia, de nha-russa, uma prova difícil ou um jogo de futebol. Prossegue em Álcool e outras Drogas) no Institu- requerer um
maneira aparentemente funcional, como disse uma vez uma um outro ponto do vista, essas palavras o Shemá: “...e estarão, permanentemente, em teu coração...es- to de Psiquiatria do HC em clínica, en- ajuste dos pais
colega, “com o breque de mão puxado”. Parodiando o conjunto se justificam por aquilo que ocorreu ao tas palavras que hoje te recomendo. E as ensinarás ... a teus fi- sino e pesquisa. É terapeuta familiar
de música Skank, o usuário de maconha deixa a vida levá-lo, povo judeu ao receber a Torá: primeiro, lhos e falarás a respeito das mesmas quando estiveres sentado e mediadora
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diretoria > concessões

NO ESPAÇO PRANA, O AMBIENTE COMPLEMENTA OS BENEFÍCIOS TRAZIDOS PELOS TRATAMENTOS ESTÉTICOS E MEDICINAIS

N
inguém vai reconhecer o Spa
depois da reforma pela qual
está passando para se transfor-
Espaço Prana renova
conceito do Spa
mar no Espaço Prana, novo concessioná-
rio que assume as instalações na área do
cabeleireiro e da sauna masculina.
“Não se trata de alterar a estrutura fí-
sica, mas de aplicar cores e texturas e A PARTIR DE ABRIL, SÓCIOS DE AMBOS OS SEXOS TERÃO, SEPARADAMENTE,
espalhar aromas indicados para o re- OS SERVIÇOS DO ESPAÇO PRANA, E AS MAIS RECENTES TÉCNICAS E
laxamento da mente e do corpo”, infor- EQUIPAMENTOS PARA RELAXAR CORPO E MENTE
ma Eliane Emoto, uma das idealizado-
ras do Espaço Prana. Ela e o marido Ri-
cardo pretendem estender aos sócios da No Espaço Prana tudo converge para Ao sair, estão prontos para enfrentar
Hebraica os mesmos benefícios ofereci- o bem-estar dos clientes. Ao entrar, es- os desafios da rotina moderna”, pro-
dos na unidade do Shopping Jardim Sul. tão em um ambiente em que atenden- mete Eliane.
“Nossos clientes escolhem entre diver- te, massoterapeutas e esteticistas trei- Embora dirija um instituto que visa ao
sos tipos de massagens terapêuticas e ser- nados na própria organização se orien- relaxamento, ela está ansiosa para co-
viços de estética, que provocam relaxa- tam por uma ficha detalhada com to- meçar o trabalho na Hebraica. “Vamos
mento e complementam tratamentos mé- dos os seus dados. “Muitos dos nossos surpreender os sócios com a qualidade
dicos diversos. Um dos nossos diferenciais clientes escolhem entre uma varieda- dos nossos serviços e a eficácia dos nos-
são os banhos de ofurô”, anuncia Eliana. de de serviços ou optam pelo Day Spa. sos tratamentos”, garante. (M. B.)
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diretoria

Diretoria Executiva – Gestão 2012-2014


PRESIDENTE ABRAMODOUEK HANDEBOL JOSÉEDUARDOGOBBI
ADJUNTOS NICOLASTOPOROVSKYDRYZUN
DIRETORSUPERINTENDENTE GABYMILEVSKY DANIELNEWMAN
JULIANAGOMESSOMEKH
ASSESSORFINANCEIRO MAUROZAITZ
ASSISTENTEFINANCEIRO MOISESSCHNAIDER PARQUEAQUÁTICO MARCELOISAACGUETTA
ASSESSORͲOUVIDORIA JULIOK.MANDEL POLOAQUÁTICO FABIOKEBOUDI
ASSESSORͲESCOLA BRUNOLICHT NATAÇÃO BETYCUBRICLINDENBOJM
ASSESSORAͲFEMININO HELENAZUKERMAN ÁGUASABERTAS ENRIQUEMAURICIOBERENSTEIN
ASSESSORͲREVISTA FLÁVIOBITELMAN RUBENSKRAUSZ
ASSESSORͲREDESSOCIAISECOMUNICAÇÃODIGITAL JOSÉLUIZGOLDFARB
ASSESSORͲSEGURANÇA CLAUDIOFRISHER(Shachor) TRIATHLON JULLIANTOLEDOSALGUEIRO
ASSESSORͲASSUNTOSACESC MOYSESGROSS CORRIDA ARIHIMMELSTEIN
ASSESSORͲASSUNTOSRELIGIOSOS RABINOSAMIPINTO
DIRETORDECAPTAÇÃO JOSEPHRAYMONDDIWAN
DIRETORDEMARKETING CLAUDIOGEKKER CICLISMO BENOMAUROSHETHMAN
CERIMONIALERELAÇÕESPÚBLICAS EUGENIAZARENCZANSKI(Guita)
RELAÇÕESPÚBLICAS ALANBALABAN GINÁSTICAARTÍSTICA HELENAZUKERMAN
DEBORAHMENIUK
GLORINHACOHEN RAQUETES(SQUASH/RAQUETEBOL) JEFFREYA.VINEYARD
LUCIAF.AKERMAN BADMINTON SHIRLYGABAY
SERGIOROSENBERG
TIROAOALVO FERNANDOFAINZILBER
VICEͲPRESIDENTEADMINISTRATIVO MENDELL.SZLEJF GAMÃO VITORLEVYCASIUCH
COMPRAS HENRIZYLBERSTAJN
RECURSOSHUMANOS CARLOSEDUARDOALTONA SINUCA ISAACKOHAN
CONCESSÕES LIONELSLOSBERGAS FABIOKARAVER
TECNOLOGIADAINFORMAÇÃO SERGIOLOZINSKY
DEPARTAMENTOMÉDICO RICARDOGOLDSTEIN XADREZ HENRIQUEERICSALAMA
CULTURAJUDAICA GERSONHERSZKOWICZ
ASSESSORESDASINAGOGA JAQUESMENDELRECHTER SAUNA HUGOCUPERSCHMIDT
MAURÍCIOMARCOSMINDRISZ
VICEͲPRESIDENTEDEPATRIMÔNIOEOBRAS NELSONGLEZER
VICEͲPRESIDENTEDEESPORTES AVIGELBERG
MANUTENÇÃO ABRAHAMGOLDBERG
ASSESSORES CHARLESVASSERMANN MANUTENÇÃOEOBRAS GILBERTOLERNER
DAVIDPROCACCIA PAISAGISMOEPATRIMÔNIO MAIERGILBERT
MARCELOSANOVICZ PROJETOS RENATALIKIERS.LOBEL
SANDROASSAYAG
YVESMIFANO VICEͲPRESIDENTESOCIALECULTURAL SIDNEYSCHAPIRO

GERALDEESPORTES JOSÉRICARDOM.GIANCONI CULTURAL SERGIOAJZENBERG


GESTÃOESPORTIVA ROBERTOSOMEKH SOCIAL SONIAMITELMANROCHWERGER
ESCOLADEESPORTES VICTORLINDENBOJM FELIZIDADE ANITAG.NISENBAUM
MARKETING/ESPORTIVO MARCELODOUEK RECREATIVO ELIANESIMHON(Lily)
FLÁVIACIOBOTARIU GALERIADEARTES MEIRILEVIN
HERMANFABIANMOSCOVICI SHOWMEIODIA AVANICOLED.BORGER
RAFAELBLUVOL EDGARDAVIDBORGER

MARKETING/INFORMÁTICAESPORTIVO AMITEISLER VICEͲPRESIDENTEDEJUVENTUDE MOISESSINGALGORDON

RELAÇÃOESPORTIVASCOMESCOLAS ABRAMINOSCHINAZI ESCOLAS SARITAKREIMER


GRAZIELAZLOTNIKCHEHAIBAR
GERALDETÊNIS ARIELLEONARDOSADKA ILANAW.GILBERT
SOCIALTÊNIS ROSALYNMOSCOVICI(Rose)
SECRETÁRIOGERAL ABRAHAMAVIMEIZLER
TÊNISDEMESA GERSONCANER
SECRETÁRIO JAIROHABER
DIRETORESSECRETÁRIOS ANITARAPOPORT
FITͲCENTER MANOELK.PSANQUEVICH
GEORGESGANCZ
MARCELOKLEPACZ
JURÍDICO ANDRÉMUSZKAT
CENTRODEPREPARAÇÃOFISICA ANDRÉGREGÓRIOZUKERMAN
SINDICÂNCIAEDISCIPLINA ALEXANDREFUCS
JUDÔ ARTHURZEGER
BENNYSPIEWAK
JIUJITSU FÁBIOFAERMAN
CARLOSSHEHTMAN
FUTEBOL(CAMPO/SALÃO/SOCIETY) CARLOA.STIFELMAN GILMEIZLER
FABIOSTEINECKE LIGIASHEHTMAN
TOBIASERLICH
GERALDEBASQUETE AVNERI.MAZUZ
BASQUETEOPEN DAVIDFELDON TESOUREIROGERAL LUIZDAVIDGABOR
WALTERANTONION.DESOUZA
TESOUREIRO ALBERTOSAPOCZNIK
DIRETORES SABETAIDEMAJOROVIC
BASQUETECATEGORIADEBASE MARCELOSCHAPOCHNIK
MARCOSRABINOVICH
BASQUETECATEGORIAMASTERATÉ60ANOS GABRIELASSLANKALILI
BASQUETEHHHMASTER LUIZROZENBLUM

VOLEIBOL SILVIOLEVI
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vitrine > informe publicitário vitrine > informe publicitário

CASA MENORAH MR. KNICH

Tradição em produtos para Pessach Saborosa viagem às tradições


A Casa Menorah é um tradicional local onde o recheadas com carne, frango ou ricota, pernil de Mr. Knich é representado por Ruth Zveibil Bien vilhoso. É só pedir e ele será enviado imedia-
cliente encontrará tudo para que a festa de Pes- vitela com molho madeira e champignons além – que há anos o conduz com maestria. Ela aca- tamente. Os pedidos fechados até quinze dias
sach se torne um momento inesquecível. Com das saborosas tortas salgadas com farinha de ba de voltar do exterior com mais dois cursos: antes de Pessach terão 10% de desconto e en-
grande estoque de mercadorias das melhores matzá, gefilte fish e biscoitos de matzá. “Culinária Mediterrânea” e “Confeitaria Vie- trega em domicílio.
procedências, nacionais e importadas inclusive Rua Guarani, 114, Bom Retiro nense”, o que permitiu enriquecer ainda mais Fones 3333-7551 / 3361-4496 / 99115-1399
com seção kasher, nhoque de matzá, panquecas Fones 3228-6105/ 3229-6819 as opções para Pessach. O cardápio está mara- E-mail mrknich@terra.com.br

AZ PRESENTES E CASA ZILANNA ORIGINALE TRATORIA

Planeje agora o Seder e Chag Sameach! O seu ponto de encontro na Vila Madalena
A AZ Presentes oferece muitas opções. A em- delícias da cozinha judaica para a montagem A cantina Originale proporciona aos clientes de uma variada carta de vinhos nacionais e
presária Zizi sabe quais são os produtos re- das mesas mais requintadas como gefilte fish, um ambiente sofisticado e elegante no me- importados. Para quem não pode sair de casa,
lacionados à simbologia judaica e mantém o hering e uma linha de produtos kasher impor- lhor ponto de Vila Madalena, ao lado do fó- a Originale oferece serviços de entrega em do-
estoque de mercadorias sempre atualizado. tados de Israel e dos Estados Unidos. rum de Pinheiros. No cardápio, muitas saladas, micílio das 12 às 16 horas e 19 às 23 horas.
E para aproveitar melhor o passeio, bem ao AZ Presentes | Rua Itambé, 488 | F. 3259-5632 massas, risotos, sopas, peixes, carnes assados, Rua Original, 123, Vila Madalena
lado da AZ Presentes fica a Casa Zilanna, com Casa Zilanna | Rua Itambé, 506 | F. 3257-8671 frutos do mar e sobremesas acompanhados Fones 3816-4884 / 3895-4289

SUPERMERCADOS FUTURAMA HIDEKI SUSHI


Sempre perto da comunidade judaica Os melhores peixes e frutos do mar
Os supermercados Futurama ampliaram e Av. Pedroso, 382, Bela Vista O Hideki Sushi tem o mesmo nome do seu no cardápio das três unidades localizadas na
modernizaram as lojas para melhor atender Av. Casper Líbero, 390, Sta. Ifigênia proprietário que comemora trinta anos como Bela Vista, Pinheiros e Moema.
aos clientes. Um dos preferidos da comunida- R. Gal. Jardim, 384, Vila Buarque sushiman, sendo dez deles passados den- Rua Treze de Maio, 1050 | Fone 3283-1833
de judaica, o Futurama tem sete pontos estra- R. Guaicurus, 1469, Lapa tro dos mais variados restaurantes de Tó- Rua dos Pinheiros, 70 | Fone 3086-0685
tégicos na cidade. R. dos Pinheiros, 1518, Pinheiros quio, Osaka e Kyoto. Referências da culinária Avenida dos Imarés, 542 | Fone 5049-3324
Av. Angélica, 526/546, Santa Cecília Pça. Dom Francisco de Souza, 126 de cada um desses lugares estão presentes Site www.hidekisushi.com.br

HORTIFRUTI CONCEIÇA MANUK FOTO & VÍDEO HISTÓRICO


Uma tradição em Higienópolis Há quarenta anos no mercado
Quem não conhece o Hortifruti Conceiça, dutos kasher que o Hortifruti Conceiça ofe- A Manuk Foto & Vídeo Histórico está no mer- além de estar sempre em dia com as tendên-
localizado na esquina da rua Baronesa de rece para que você prepare o seu seder de cado de fotografia há quarenta anos, sendo cias, e foi o primeiro estúdio fotográfico de
Itu com a Gabriel dos Santos? O ponto já se Pessach. hoje a terceira geração de fotógrafos da fa- eventos no Brasil a utilizar a tecnologia da fo-
tornou uma referência para quem procura Hortifruti Conceiça mília. Foram mais de dez mil casamentos re- tografia digital.
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LES MACARONS ERETZ TUR


Opção sofisticada para Pessach Viagens em grupo ou individuais
A Les Macarons uniu a tradição da culinária um recheio macio e cremoso por dentro. Sem Em comemoração aos seus onze anos de de parceria com a CVC e com a Maestro Ope-
francesa com o sofisticado paladar brasileiro. adição de fermento, o macaron é uma sofistica- existência, em que incentivou a comunidade radora, beneficiando os clientes com descon-
Esse delicado doce francês, feito à base de fa- da opção para presentear em Pessach. Podem judaica a visitar Israel, Europa, Estados Uni- tos maravilhosos na compra de pacotes na-
rinha de amêndoas, que veio da Itália, mas ga- ser personalizados e embalados de acordo com dos, a Eretz Tur ganhou uma casa nova, com cionais e internacionais.
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roteiro gastronômico roteiro gastronômico


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roteiro gastronômico indicador profissional


ADVOCACIA ADVOCACIA CIRURGIA PLÁSTICA

ANGIOLOGIA

CLÍNICA HIPERBÁRICA

ARTETERAPIA CLÍNICA MÉDICA/ENDOCRINOLOGIA

BIOPSICOLOGIA
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indicador profissional indicador profissional


DERMATOLOGIA FISIOTERAPIA GENÉTICA MANIPULAÇÃO ODONTOLOGIA ODONTOLOGIA

MEDICINA PREVENTIVA OFTALMOLOGIA

ODONTOLOGIA OTORRINOLARINGOLOGIA

FONOAUDIOLOGIA MANIPULAÇÃO

GINECOLOGIA/ OBSTETRÍCIA PEDIATRIA


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indicador profissional indicador profissional


PSICOLOGIA PSICOLOGIA PSIQUIATRIA

QUIROPRAXIA TRAUMATOLOGIA ESPORTIVA

REPRODUÇÃO

compras e serviços

PSIQUIATRIA

PARA ANUNCIAR NA
REVISTA HEBRAICA

LIGUE: 3815-9159
3814-4629
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compras e serviços compras e serviços


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compras e serviços compras e serviços


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conselho deliberativo conselho deliberativo

Lista de Conselheiros
E OS INTEGRANTES DAS COMISSÕES, DO CONSELHO FISCAL E DA DIRETORIA EXECUTIVA

NOME CARGO NOME CARGO NOME CARGO NOME CARGO

AARON BERNARDO SONDERMAN EDUARDO ROTENBERG JONNY CUKIER NAUM SCHAPIRO


ABRAHAM AVI MEIZLER Secretário Geral Executivo ELCIO NEUSTEIN JOSÉ ABRAMOVICZ NELSON GLEZER Vice-Presidente Obras
ABRAM BERLAND ELIE K. HAMADANI JOSÉ BIRKMAN NELSON ZLOTNIK Obras
ABRAMO DOUEK Presidente do Executivo ELISA RAQUEL NIGRI GRINER Administração e Finanças JOSÉ EDUARDO GOBBI NESSIM HAMAOUI
ABRAMINO ALBERTO SCHINAZI ERNESTO MATALON JOSÉ HENRIQUE CHAPAVAL NESSIM MIZRAHI
ABRAO B. ZWEIMAN ERVINO SOICHER JOSÉ LUIZ GOLDFARB Assessor Redes Sociais NICOLE SZTOKFISZ Obras
ADOLPHO FISCHMAN ESTER R. TARANDACH JOSÉ RICARDO MONTEIRO GIANCONI NILSON ABRAO SZYLIT
AIRTON SISTER EUGEN ATIAS Administração e Finanças JOSÉ WOILER PAULO BRONSTEIN Obras
ALAN BOUSSO Jurídica EUGENIO VAGO Jurídico JOSEPH RAYMOND DIWAN PAULO DANILA
ALAN CIMERMAN EVA ZIMERMAN Jurídico JULIO KAHAN MANDEL Assessor Ouvidoria PAULO R. FELDMAN
ALBERTO GOLDMAN EVELYN H. GOLDBACH KRYSTYNA OKRENT PAULO ROBERTO EGEDY
ALBERTO HARARI FABIO AJBESZYC Jurídico LEONARDO CUSCHNIR PEDRO MAHLER Obras Secretário
ALBERTO RACHMAN FABIO KEBOUDI LEO TOMCHINSKY PERLA JOSETTE MOSSERI
ALBERTO SAPOCZNIK Tesoureiro Executivo FERNANDO ROSENTHAL 2º Secretário Conselho LEON ALEXANDER PETER T. G. WEISS Presidente do Conselho
ALEXANDRE L. S. LOBEL FISZEL CZERESNIA LIONEL SLOSBERGAS RAMY MOSCOVIC
ALEXANDRE OSTROWIECKI FLORA GHITA TAKSER LORENA QUIROGA RAQUEL MIZRAHI
ALZIRA M. GOLDBERG FRANCISCO AMERICO RAICHMAN LUBA GLEZER ROSEMBERG RAUL CZARNY
ANITA GOTLIB NISENBAUM GABRIEL R. KUZNIETZ LUCIA FELMANAS AKERMAN REBECA LISBONA
ANITA RAPOPORT GEORGES GANCZ LUIZ FLAVIO LOBEL 1º Secret. Mesa Conselho RENATO FEDER
ANITA W. NOVINSKY GILBERTO LERNER 1º Secretário Conselho RENATO KASINSKY
ANTONIO FLORIANO P. PESARO GIUSEPPE PIHA LUIZ GABOR Tesoureiro Geral Executivo RICARDO BERKIENSZTAT
ARI FRIEDENBACH Assessor Mesa Conselho GLORINHA COHEN LUIZ JAYME ZABOROWSKY ROBERTO GARBATI BECKER Conselho Fiscal
ARIEL LEONARDO SADKA GRAZIELA ZLOTNIK CHEHAIBAR LUIZ KIGNEL RONEY ROTENBERG
ARTHUR ROTENBERG Ex-Presidente GUSTAVO CIMERMAN LUIZ MESTER RONY SZTOCKFISZ
AVRAHAM GELBERG Vice-Presidente Conselho GUSTAVO ERLICHMAN MAIER GILBERT ROSA BRONER WORCMAN Obras
Esportivo HELENA NISKIER MANOEL KRON PSANQUEVICH ROSALYN MOSCOVICI
BEATRIZ WOILER RAICHER HELENA ZUKERMAN Assessora Feminino MARCELO DE WEBER ROSITA KLAR BLAU
BEIREL ZUKERMAN Ex-Presidente HELIO BOBROW Ex-Presidente MARCEL HOLLENDER RUBENS BISKER
BERNARDO GOLDSZTAJN Administração e Finanças HENRIQUE BOBROW Ex-Presidente MARCELO KAHAN MANDEL RUBENS KRAUSZ
BERNARDO KRONGOLD HENRIQUE FISBERG Conselho Fiscal MARCELO MIROCZNIK RUBENS ERNANI GIERSZTAJN
BORIS BER HENRIQUE JOSEF MARCELO SCHAPOCHNIK RUGGERO DAVID PICCIOTTO Conselho Fiscal Coordenador
BORIS CAMBUR HENRIQUE MELSOHN MARCIA MELSOHN SAAD ROMANO Conselho Fiscal Secretário
BORIS KARLIK HENRY JACQUES KLEIN Obras MARCOS ARBAITMAN Ex-Presidente SALIM KEBOUDI
BORIS MOISES MIROCZNIK Obras Relator HORACIO LEWINSKY Vice-Presidente Conselho MARCOS BURCATOVSKY SASSON SALO FLOH
BRUNETE GILDIN HUGO CUPERSCHMIDT MARCOS CHUSYD SALOMON WAHBA
BRUNO JOSÉ SZLAK Obras Coordenador IDA SEMER MARCOS KARNIOL Obras SAMI SZTOCKFISZ
CAIO MAGHIDMAN ISAAC AMAR MARIZA DE AIZENSTEIN SAMSÃO WOILER Ex-Presidente
CARLOS GLUCKSTERN Jurídico Coordenador ISAQUE RUBIN MARLI KOTUJANSKY SANDRO ASSAYAG
CARLOS KAUFMANN ISRAEL ISSER LEVIN MAURICIO FOGEL SARITA KREIMER
CELIA BURD Assessora Mesa Conselho ISY RAHMANI Adm. Finanças Coordenador MAURICIO JOSEPH ABADI Jurídico Relator SAUL ANUSIEWICZ Jurídico
CELSO SZTOKFISZ IVETTE MANDELBAUM MAURICIO PAULO MATALON SERGIO CIMERMAN
CHARLES TAWIL JACKSON CIOCLER Jurídico MAURO JOSE DE SALLES NAHAISSI SERGIO GARBATI GROSS
CHARLES WASSERMANN Obras JACOBO KOGAN Administração e Finanças MAURO ZAITZ Assessor Financeiro SERGIO KORN
CHYJA DAVID MUSZKAT JACK TERPINS Ex-Presidente MAX WAINTRAUB SERGIO PRIPAS
CLARA NOEMI TREIGER JACQUES ADONI MENDEL L. SZLEJF Vice-Presidente Administrativo SERGIO ROSENBERG
CLAUDIA MARIA COSTIN JAIME CIMERMAN MENDEL VAIDERGORN SIDNEY SCHAPIRO Vice-Presidente Social Cultural
CLAUDIA ZITRON SZTOKFISZ JAIME SHNAIDER MICHEL STOLAR SILVIA L. S. TABACOW HIDAL Assessora Mesa Conselho
CLAUDIO LUIZ LOTTENBERG JAIRO HABER Secretário Executivo MILTON RZEZAK SILVIA WAISSMAN ZLOTNIK
CLAUDIO STEINER JAIRO OKRET MIREL WALDMANN SILVIO BRAND
CLAUDIO STERNFELD Vice-Presidente Conselho JAIRO PEKELMAN MIRIAM KRUGLIANSKAS SILVIO CHAN
CLAUDIO WEINSCHENKER Jurídico JAIRO ZYLBERSZTAJN Conselho Fiscal MOACYR LUIZ LARGMAN Jurídico Secretário SIMAO A. LOTTENBERG
DANI AJBESZYC Administração e Finanças JAQUES LERNER MOISÉS SCHNAIDER SIMAO PRISZKULNIK
DAVE LAFER JAQUES MENDEL RECHTER MOISÉS SINGAL GORDON Vice-Presidente Juventude SIMCHA BINEM BERENHOLC Jurídico
DAVID LEDERMAN JAYME BOBROW MOISÉS SUSLIK SZLOMA ZATYRKO
DAVID PROCACCIA JAYME MELSOHN MONICA R. ROSEMBERG VANESSA KOGAN ROSENBAUM Conselho Fiscal Secretária
DAYVI MIZRAHI JAYME SZUSTER MONICA TABACNIK Adm.Finanças Relatora VICTOR LINDENBOJM Obras
DEYVID ARAZI JAYME WIDATOR MOSZE GITELMAN WALTER MEYER FELDMAN
DIANA CHARATZ ZIMBARG JEFFERSON JANCHIS GROSMAN Conselho Fiscal MOYSÉS BOBROW YUDAH BENADIBA
DOV BIGIO JEFFREY ADONIS VINEYARD Administração e Finanças MOYSÉS DERVICHE Adm.Finanças Secretário YVES MIFFANO
EDUARDO DE AIZENSTEIN JOEL RECHTMAN MOYSÉS GROSS Obras/Assessor Acesc ZEEV TUCHMAJER
EDUARDO GRYTZ Administração e Finanças JONAS GORDON NAUM ROTENBERG Ex-Presidente
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HEBRAICA | MAR | 2013

conselho deliberativo

O discurso de
Friedenbach
Ari Friedenbach, conselheiro e vereador recentemente
eleito, enviou o depoimento abaixo, relatando as suas ex-
pectativas em relação à nova função municipal.
Reuniões Ordinárias
“Tenho muito orgulho de fazer parte da comunidade ju-
do Conselho em 2013
daica em São Paulo e, especialmente, de ser parte do
Conselho Deliberativo da Hebraica de São Paulo. Des- LOCAL: TEATRO ANNE FRANK
de muito jovem venho atuando, efetivamente, em nos- HORÁRIO: 19H30
sos movimentos; dos 11 aos 23 anos fui membro do Mo-
vimento Juvenil Sionista, Chazit Hanoar. Devido a essa 4/3/2013
participação ativa, passei o ano de 1980 em Israel, num 22/4/2013
kibutz, para ampliar minha vivência com a cultura judai- 12/8/2013
ca e a do país. 10/11/2013 – ASSEMBLÉIA GERAL
“Essa experiência foi fundamental na minha formação 25/11/2013
pessoal e na aquisição de valores morais que regem o 9/12/2013
meu caminho até hoje.
“Hoje atuo como Conselheiro da Hebraica, onde sou só- ERRATA
cio desde 1963, e como vereador do município de São NA EDIÇÃO DE FEVEREIRO, A DATA DA ASSEMBLÉIA
Paulo. Grandes desafios e um só objetivo: garantir a me- GERAL (ELEIÇÃO) FOI GRAFADA COM ERRO.
lhoria contínua e a transparência, tanto do clube quanto A INFORMAÇÃO ACIMA É A CORRETA
da cidade.
“Como conselheiro e assessor da presidência, busco au-
xiliar o presidente do Conselho Peter T. G. Weiss a tomar
as melhores decisões para os sócios e frequentadores do Mesa do Conselho
clube. Já como vereador, fiscalizo as ações tomadas pelo
poder executivo, na figura do prefeito Fernando Haddad, Peter T. G. Weiss Presidente
além de representar os interesses da população. Para Horácio Lewinski Vice-presidente
exercer essas funções, parto dos mesmos princípios: éti- Cláudio Sternfeld Vice-presidente
ca, dedicação, responsabilidade e transparência. Luiz Flávio Lobel Secretário
E assim sigo nas duas funções com a minha dedicação e Fernando Rosenthal Segundo secretário
a confiança que em mim foi depositada, para realizar um Sílvia Hidal Assessora da Presidência
trabalho digno e que corresponda aos valores que adqui- Célia Burd Assessora da Presidência
ri com o tempo, pensando sempre no benefício da comu- Ari Friedenbach Assessor da Presidência
nidade judaica e da população de São Paulo.”

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