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palavra do presidente
Educação judaica
e formação da família
Desde quando assumimos a presidência da Hebraica, a nossa principal atenção es- NOS
tava voltada para a educação e formação judaica das nossas crianças. Com a Esco- PRÓXIMOS DIAS
la Antonietta e Leon Feffer (Alef), aumentamos sensivelmente a frequência do clube RECEBEREMOS
com crianças e jovens no período mais importante da vida. NA HEBRAICA O
Também cresceram as atividades extracurriculares como Escola de Esportes, After EMINENTE RABINO
School, Ateliê Hebraica, além das diversas atividades esportivas, permitindo e viabi- JONATHAN
lizando a permanência delas durante grande parte do dia, com segurança e, princi- SACKS, NOMEADO
palmente, em um ambiente judaico, de modo a que em todas as atividades transmi- “LORD”
timos um pouco dos nossos valores e tradições. PELA RAINHA
Nos próximos dias receberemos na Hebraica o eminente rabino Jonathan Sacks, no- ELIZABETH II DA
meado “lord” pela rainha Elizabeth II da Inglaterra e ex-rabino-chefe da Grã-Bretanha. INGLATERRA E EX-
Como parte do roteiro oficial no Brasil insistiu em conhecer o nosso clube, onde está RABINO-CHEFE DA
prevista uma palestra dirigida aos educadores da nossa comunidade, e lançará o seu GRÃ-BRETANHA.
mais novo livro A Dignidade da Diferença, editado pela Sêfer, e cuja leitura recomendo. COMO PARTE
Aqui ele poderá constatar o vigor do trabalho comunitário, tema de vários dos seus DO ROTEIRO
livros, traduzidos em várias línguas e best-seller em muitos países. Teremos o maior OFICIAL NO
orgulho em mostrar o que a Hebraica tem feito em relação à educação e à transmis- BRASIL INSISTIU
são dos nossos mais caros valores morais e éticos, principalmente aqueles que se re- EM CONHECER
ferem ao respeito ao outro e ao diferente a quem devemos bem receber e acolher. O NOSSO CLUBE,
Vamos levá-lo à Escola Antonieta e Leon Feffer que, no primeiro ano funcionando na ONDE ESTÁ
Hebraica, recebeu mais de 160 novas matrículas sendo que pelo menos 80% dessas PREVISTA UMA
crianças eram antes alunos de escolas não judaicas. PALESTRA DIRIGIDA
Na Hebraica, todos os locais e todos os momentos são propícios para viver o juda- AOS EDUCADORES
ísmo, como nas comemorações de Purim, por exemplo, com três grandes eventos, DA NOSSA
para crianças, jovens e adultos. COMUNIDADE
Estou convencido de que, ao retornar à Grã-Bretanha, o rabino Jonathan Sacks vai
levar do Brasil a certeza de que, muito mais do que um clube, a Hebraica é um ver-
dadeiro centro comunitário, de que aqui se pratica a liberdade do judaísmo e aqui se
preservam e se cultuam os seus valores.
Baruch Habá
Shalom
Abramo Douek
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HEBRAICA | MAR | 2013 HEBRAICA
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| MAR | 2013
sumário 14 6
Carta da Redação
8
Destaques
do Guia
A programação de
março e abril
10
Visita
O rabino lord
Jonathan Sacks
vem à Hebraica
em março
28
Coluna um /
comunidade
Os eventos mais
significativos
na cidade
34
Fotos e fatos
Os destaques do
mês na Hebraica e
na comunidade
39
40
juventude
14
Capa / Hebraica 40
60 anos Adventure 52 74 92 107
Em 1968, a Bonito (MS) abriu o Master Ciência Literatura diretoria
Hebraica realizava roteiro de viagens São 21 anos de boa O que prometem Nachman Bialik,
o seu primeiro em 2013 forma, amizade e os avanços da poeta nacional e 108
Seder coletivo diversão nanotecnologia de criador de cultura Concessões
42 Israel? Spa ganha outro
20 Dança 54 96 layout, conceito e
Volta às aulas Grupo Carmel Vôlei 78 Lançamento direção
Mudanças de realizou Modalidade investe Documentário 1 As ligações entre
horário aumentam apresentações nas categorias de Filme sobre o Shin a Filarmônica de 110
procura por nos EUA base Bet é indicado ao Berlim e o III Reich Lista da Diretoria
serviços Oscar Saiba quem são os
44 55 98 seus representantes
After School Fotos e fatos Leituras no Executivo
25 Tudo sobre o As imagens 84 Os destaques do
cultural + curso de tradição e emocionantes do Cinema mês no mercado 128
costumes judaicos esporte A repercussão de das ideias Lista do Conselho
social Lincoln, o mais Veja a lista
novo filme de 100 completa de
26 47 59 Spielberg Música conselheiros,
Tu B’Shvat esportes magazine Onze lançamentos cargos e comissões
O ano novo das 88 imperdíveis, do
árvores abriu 48 60 A palavra popular ao erudito 130
42 calendário de Macabíada Eleições A versátil Nebech Conselho
festas Já começaram os israelenses e seus múltiplos O conselheiro Ari
preparativos para Decifre o enigma significados 104 Friedenbach na
27 o grande evento da formação da Ensaio Câmara Municipal
Meio-Dia em julho coalizão do novo 90 O abuso de
Danças e ritmos governo 10 notícias substâncias
gregos agitaram 50 Os destaques psicoativas – lícitas
domingo de Polo 72 do noticiário de e ilícitas
fevereiro As aventuras dos Religião Israel pelo nosso
nossos atletas Editora israelense correspondente
no mundial da lança Talmud-
Austrália Steinsaltz em APP
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HEBRAICA | MAR | 2013
carta da redação
Ao preparar a pauta desta edição, sabíamos que o assunto de capa de- FOTOGRAFIA BENJAMIN STEINER (EDITOR)
FLÁVIO M. SANTOS
veria ser algo relativo a Pessach. Magali Boguchwal deu a solução: como
neste ano a Hebraica se torna sexagenária, vamos contar como o clube DIREÇÃO DE ARTE JOSÉ VALTER LOPES
celebrou Pessach e a feliz ideia de criar o Segundo Seder de modo a trans-
EDITORAÇÃO HÉLEN MESSIAS LOPES
formar a sede em cenário de um seder coletivo e familiar. Ela mesma saiu ALEX SANDRO M. LOPES
a campo para escrever a reportagem e, para isso, se valeu das preciosas
ILUSTRAÇÃO CAPA MARCELO CIPIS
informações do chazan Gerson Herszkowicz. Daí foi só pedir ao artista
gráfico Marcelo Cipis uma solução para ilustrar o tema na capa da revista. EDITORA DUVALE RUA JERICÓ, 255, 9º - CONJ. 95
E o resultado é esse que os leitores têm à mão. E-MAIL DUVALE@TERRA.COM.BR
CEP: 05435-040
No “Magazine”, um vasto material a respeito das recentes eleições em Is- - SÃO PAULO - SP
rael tratando do surgimento da nova estrela Yair Lapid, do voto da comu-
nidade LGTB, do combate que os ultrarreligiosos preparam e do compor- DIRETOR PAULO SOARES DO VALLE
ADMINISTRAÇÃO CARMELA SORRENTINO
tamento eleitoral dos assentados sempre ajudados pelo governo. Tam- ARTE PUBLICITÁRIA RODRIGO SOARES DO VALLE
bém uma reportagem a respeito dos 140 anos do nascimento do poeta e DEPTO. COMERCIAL SÔNIA LÉA SHNAIDER
PRODUÇÃO PREVAL PRODUÇÕES
escritor Chaim Nachman Bialik, a possibilidade de “baixar” o Talmud no IMPRESSÃO E ACABAMENTO IBEP GRÁFICA
celular, o documentário acerca dos diretores do Shin Bet e concorrente AV. ALEXANDRE MACKENZIE, 619
destaques do guia
dores. O cardápio tradicional foi assina- Os anos 1980 go semelhante ao de Hecht e Trezmieli-
do pelo Buffet Torres, na época um dos Em 1980, a leitura da Hagadá no Se- na. “Já nos primeiros anos em que atuei
Arqueologia editorial mais renomados da cidade. gundo Seder foi partilhada pelo chazan no Seder, percebi a importância que o
Na terceira edição do Segundo Seder Oberman com os jovens Carlos Slivskin evento tinha para aquelas famílias. Para
já se estabelecera uma espécie de proto- (z’l) e Gerson Herszkowicz, hoje diretor elas, representa o cumprimento de uma
Contar a história dos sedarim de Pessach na Hebraica é mui- evento. O kavod aos organizadores fica por conta da men- colo. Algumas senhoras, entre elas Clari- de Cultura Judaica. É a primeira vez que mitzvá”, explica.
to mais difícil do que recordar a saga dos judeus libertos da ção aos nomes, pois a maioria já morreu. ce Rotenberg e Teresa Gabor, se encarre- a revista Hebraica menciona o Buffet Ka- Ao longo dos anos 1980, cada Segun-
escravidão do Egito. Principalmente porque a Hagadá já vem Uma característica da imprensa comunitária é a sensa- garam da bênção inicial das velas e o cha- sher na preparação do cardápio. “An- do Seder de Pessach juntava cerca de
com a divisão dos papéis, o roteiro e até trilha sonora. ção de proximidade entre leitor e repórter. Em 1968, o reda- zan prosseguia com o ritual. Em 1970, o tes disso, o nome do buffet era ‘Mosaico’ quinhentas pessoas e, apesar disso, He-
Para voltar no tempo, é preciso lançar mão do arquivo da tor mencionou o chazan Abraham Oberman sem acrescen- atual tesoureiro do clube, Luiz David Ga- e já preparávamos o jantar do Segundo cht e Trezmielina sempre se esforça-
revista Hebraica, guardado em uma das salas de estudo da tar mais informações, além do nome e que atuava na CIP: o bor, recitou o Ma Nishtaná diante de qua- Seder desde a década de 1970”, esclare- vam para acrescentar algo novo à tradi-
Biblioteca. A primeira menção ao Segundo Seder aparece autor do texto não considerou necessário dizer quem era trocentas pessoas no recém-inaugurado ce Rebeca Zakon, do restaurante Kasher. ção, por exemplo, convidando um co-
em uma página inteira da edição de junho, ilustrada com Oberman. De todo modo, se até o final dos anos 1970, Ober- Salão Azul, onde hoje funcionam a Biblio- Oberman voltou a cantar em 1981 e de- ral da Oficina das Artes para recitar o Ma
fotos, na coleção de 1968. Há 45 anos, revistas tinham as ca- man foi o chazan dos sedarim de Pessach da Hebraica, sem- teca e a Sinagoga. (ver box ). pois mudou-se para Israel. Nishtaná ou incluindo uma apresenta-
pas em quatro cores e interior em preto e branco. Fotos re- pre com trezentos convidados, então supõe-se que o traba- Diferentemente de um seder fami- Em 1983, Herszkowicz e Slivskin di- ção do grupo de danças Carmel.
queriam um cuidadoso trabalho de fotolito. Quatro ima- lho dele agradava. liar, o Segundo Seder da Hebraica re- rigiram juntos no Salão Nobre o Seder, Em 1990, o vice-presidente Giuseppe
gens em um artigo era luxo só. Nos anos 1980, a impressão da revista era terrível e ne- queria sempre uma atração especial e, que teve participação ativa do então di- Nahaissi (z’l) mandou imprimir uma ha-
Na era do blog e do Instagram é até engraçado pensar, nhuma das fotos publicadas pôde ser reproduzida digital- em 1974, os cantores israelenses que retor de juventude Cláudio Lottenberg, gadá com ilustrações de sua autoria. No
como antigamente, em juntar fotos em papel, redigir e re- mente. Outro dado interessante é que a partir da metade formavam o Duo Reim se apresentaram hoje presidente da Confederação Isra- ano seguinte, Gerson Herszkowicz esco-
visar o texto na máquina de escrever, passar tudo isso por daquela década os textos eram de minha autoria e as per- dias antes e deram uma “canja”. Naquele elita do Brasil (Conib). No ano seguin- lheu ao acaso uma criança entre as fa-
linotipia e revisar novamente. A revista de junho começava guntas se multiplicam. Não as do Ma Nishtaná, claro, que mesmo ano, os alunos do Colégio I. L Pe- te, Herszkowicz se firmaria como cha- mílias para ler o Ma Nishtaná no pal-
a ser escrita no final de abril. E isso explica porque os deta- não permitem dúvidas, mas as do dia-a-dia... Por que não retz e o Departamento de Cultura Judai- zan, trazendo o grupo Shesh Baesh, di- co. Nessa época, tornou-se comum cada
lhes do Pessach ficam a poucas páginas das reportagens a relacionei os jovens que compunham o conjunto Shesh Ba- ca organizaram um terceiro Seder con- rigido pela maestrina Sima Halpern para área organizar o seu seder, como o Ola-
respeito de Iom Hashoá e Iom Haatzmaut. esh? Por que não incluí o Seder na pauta de 1987? Por que junto no teatro lotado. acompanhar as bênçãos. mi, que elaborou um seder didático, e a
E o conteúdo do artigo acerca de Pessach traz o nome não temos as coleções de 1986? Em 1979, o chazan Oswie Solon subs- Herszkowicz atribui seu estilo ao cha- Escola Maternal e Infantil e a Juventude,
do chazan, do coral e do buffet. É o que se consegue ex- E sobram anotações, nomes, ideias... Escrever a respeito tituiu Oberman à mesa principal e foi zan Oswie Solon. “Reproduzo o que que também comemoravam a festa.
trair da noite que, segundo a Hagadá, deveria ser diferen- de mais um Seder de Pessach é tão complicado quanto or- acompanhado pelo coral da Hebraica aprendi com ele desde a infância. Tenho Em 1993, a comemoração de Pessach
te. E quando o esquema dá certo e se repete, ano após ano ganizar um! E as lembranças se multiplicam como o maná diante de 350 convidados. O movimento uma Hagadá toda rabiscada que usei foi enriquecida com uma palestra do rabi-
a noite fica menos diferente e o texto menos detalhado. no deserto... Melhor parar de cavar e dar tempo de o leitor juvenil da Hebraica Lapid Hanoar organi- desde a primeira vez que dirigi um Seder no Valt, no Teatro Anne Frank, e o esfor-
Ponto para a concisão e problema para a pesquisa, pois descobrir porque essa edição é diferente de todas as ou- zou um terceiro Seder para oitenta crian- na Hebraica até o ano passado, quando ço concentrado de algumas mulheres em
são as minúcias e mudanças que indicam a evolução do tras. (M. B.) ças que receberam uma hagadá elabora- adotei o material fornecido pelo clube”, preparar o Seder para o Espaço Jovens
da pelo Departamento de Juventude. conta Herszkowicz, hoje exercendo car- Casais, no restaurante do Clube 1000, e o
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Almoços e lanches
Como o número de alunos, pais e atletas é maior às segundas, o rodízio de GINÁSTICA ARTÍSTICA É
concessionários abertos nesse dia ganha um reforço significativo com o res- UMA DAS MODALIDADES
taurante Kasher, o Tomate Doce e o Rei do Mate trabalhando normalmente. PREFERIDAS ENTRE OS
“Respondemos a uma demanda de clientes que trabalham na região e de- ALUNOS DA ESCOLA
pois da reforma almoçam aqui quase diariamente”, explica Rebeca Zakon, do DE ESPORTES;
restaurante Kasher. No caso do Tomate Doce e do Rei do Mate, o mês de feve- GRUPO DE DANÇAS
reiro foi um teste antes da abertura definitiva no início da semana. SHALOM JÁ RETOMOU
OS ENSAIOS
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volta às aulas
Início promissor
A Escola Maternal e Infantil é mantida pela Hebraica e oferece classes de pré-es-
cola a partir de 1 ano e cinco meses a 6 anos de idade. “A proximidade da Esco-
la Antonietta e Leon Feffer estimula a continuidade do processo no ensino fun-
damental. Os pais dos nossos alunos não são obrigados a matricular os filhos
na Escola Antonietta e Leon Feffer, embora a proximidade das duas escolas esti-
mule isso. Da turma de 2012, oito crianças do infantil 3 e quinze do infantil 2 fo-
ram para lá por opção das famílias”, explica a coordenadora pedagógica da Esco-
la Maternal e Infantil Bela Vaie. ”As equipes pedagógicas das duas escolas traba-
lharam em conjunto para facilitar a adaptação das crianças”, conta ela.
Na filosofia da Escola Maternal e Infantil receber os alunos para um novo ano
letivo significa propor atividades desafiadoras e prazerosas, algumas remeten-
do aos projetos mais apreciados pelas crianças.
“O importante é incluir os pequenos em uma rotina adequada e permeada
por uma proposta pedagógica, que se baseia em três pilares: dar formação so-
cial e pessoal, conhecimento do mundo e vivência das tradições judaicas. Existe
também a preocupação em promover a autonomia das crianças e prepará-las
para o mundo”, observa a coordenadora.
NOS PRIMEIROS DIAS DE AULA DA ESCOLA MATERNAL, CONVERSAS SOBRE OS PERSONAGENS DA FESTA DE PURIM
>>
a procura por vagas para os horários de colar. Rachela Elimelek, por exemplo. Equilíbrio Efraim, de 7 e 5 anos respectivamente,
segundas e quartas-feiras, sempre bai- “O fato de ter meus filhos dentro da He- Quando menciona o início das aulas na têm aulas de ginástica artística às terças e
xa, igualou, ou superou, a dos horários braica me dá muita segurança, mesmo Escola de Esportes, Ana Portaro fornece quintas, depois da escola. “Elas saem do
de terças e quintas. E ainda esperamos que a alteração do integral tenha dimi- um dado adicional em relação às matrí- integral e vão para a ginástica e adoram
mais alunos para depois do Carnaval”, nuído a convivência deles com crianças culas. “Totalizamos 1.550 matrículas, pois tudo”, conta Michelle, a mãe.
assinala uma das três coordenadoras da de outros colégios, como acontecia até alguns alunos praticam uma ou mais mo- Em janeiro, os 25 professores da Esco-
Escola de Esportes Ana Portaro. o ano passado. Mas ainda acho válido a dalidades. A natação é quase uma unani- la de Esportes participaram de um cur-
Ainda nos primeiros dias do ano leti- Larissa (13), Fernanda, (12), e Rafael (7) midade, enquanto futebol, judô e ginásti- so de motricidade com o professor Cel-
vo houve quem discordasse dos benefí- frequentarem atividades extraclasse no ca artística empatam na preferência das so Divino Lemes. “Foi o segundo módulo
cios das alterações no cronograma es- clube”, afirma. crianças”, informa. Caroline e Gabriela de aulas. No ano passado, o foco foi nas
crianças a partir dos 4 anos e nesta etapa
o curso tratou da fase de 1 a 4 anos”, ex- saios do Kalanit para as segundas-feiras do semestre ela deve trabalhar com o
Curso de bat-mitzvá será concorrido plica Ana. “Estamos sempre investindo
na capacitação dos professores e, por-
e nem bem as garotas terminam, chegam
os integrantes do Ofakim cujos ensaios se
grupo Carmel”, adianta Nathalia.
Para viabilizar o cumprimento da
tanto, na melhoria do nível das aulas”, dividem em um chug (oficina) para os ini- agenda das crianças no clube, mui-
O curso de bat-mitzvá da Hebraica completa a coordenadora. ciantes e a outra metade dedicada às co- tos pais optam por inscrevê-las no Af-
mantém o mesmo esquema de au- O sistema de aulas do Centro de Música reografias”, explica a coordenadora do ter School com infraestrutura comple-
las às terças e quintas-feiras. A Coor- é bastante maleável e a escola manteve Centro de Danças Nathalia Benadiba. ta para fazer lição de casa e brincar en-
denadora do curso Joyce Szlak divide o mesmo número de alunos no início do O grupo Shalom ensaia às quintas- tre uma atividade e outra (ver matéria
com as professoras Tania Frenkiel Tra- ano letivo. Mas o Centro de Danças, que feiras, agora reforçado pela entrada de à pg. 44). Aos 6 anos, Nicolle Paes Viei-
vassos e Simone Benzinsky uma tare- oferece aulas de balé infantil e trabalha doze dançarinas que migraram do Kala- ra vai à escola e depois das aulas fica
fa extremamente cuidadosa. “Plane- com grupos de dança folclórica, alterou o nit, enquanto os grupos Carmel e Hakot- no After antes e depois das aulas de na-
jamos cada aula de forma a acompa- cronograma menos em razão do período zrim ensaiam aos domingos. “Temos tação e tênis. Patrícia, a mãe, pesqui-
nhar o calendário judaico e a oferecer integral das escolas e mais da preparação dois novos coreógrafos no Hakotzrim, sou muito antes de inscrever a filha.
um conteúdo interessante para essas para o bat-mitzvá das dançarinas. Eduardo Bousso (Dudu) e Dany Me- “Sou enfermeira e gestora de riscos e
meninas que não estudam em esco- “Algumas escolas criaram um perío- derdrut. A mudança libera Paloma Ge- em relação à Nicolle estou muito tran-
las judaicas”, afirma Joyce. do integral só para as aulas das meninas dankien para o trabalho na produção e quila com o cuidado que ela recebe na
com 12 anos. Então transferimos os en- na parte artística dos shows e no segun- Hebraica”, finaliza.
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cul
tu
+social
ral
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COLUNA 1
tas sinagogas e nenhum outro avan- Israelita do Brasil (Conib) e Associação Marcos, sobrinho-neto de Souza Dantas, Norma Tenenholz uma noite brasileira prima para
çou tanto no aprimoramento do rela- Cultural Israelita de Brasília, foi realiza- acenderam a sexta vela, a que se segui- Grinberg dirige o no Hotel Waldorf Débora Muszkat Festival do Gelo em Israel
cionamento com os judeus em vários da no Distrito Federal com a presença ram as orações de El Male Rachamim e o Encontro Internacio- Astoria. criar a exposição Para quem está com as malas prontas
∂
níveis... Ele percebeu que a negação da presidente Dilma Roussef. A cerimô- Kadish pelo rabino David Weitman. nal de Ceramistas, inédita “Frascos para Israel, uma “dica”: em versão am-
da Shoá pelos líderes da Igreja não nia lembrou o heroísmo do embaixador Este foi o terceiro ano em que Dilma Pela primeira vez, em sua segunda Em seu mais de Arte, Perfume pliada, o 1º. Festival Internacional do
deveria ficar sem resposta. E foi con- Luiz Martins de Souza Dantas (1876 – Roussef participa da cerimônia e deu “a o American College edição no Brasil. É recente encontro, Eterno”. Para essa Gelo fica aberto à visitação até dia 30
tra... Não concordamos com todas as 1954) e de Aracy de Carvalho Guimarães essa presença um significado especial of Gastroenterology uma realização da Mônica Guttmann mostra, Débora e de abril na antiga estação de trem em
decisões tomadas durante este ponti- Rosa (1908 – 2011), considerados “Justos porque o Brasil também passou por mo- premia um médico ECA-USP, FAU-USP, desenvolveu o curso Gregório Gruber Jerusalém. Dezenas de esculturas co-
ficado, mas ele sempre se revelou uma entre as Nações”, pelo Yad Vashem/Mu- mentos difíceis... O Holocausto sempre brasileiro. Flávio Associação Brasileira “Expressando e inauguraram duas loridas de gelo levam a uma viagem
pessoa aberta e ouviu atentamente as seu do Holocausto, em Israel. Eles conce- será para o Brasil uma questão que, de Steinwurz recebeu de Cerâmica e Grupo Criando Personagens grandes instalações: emocionante, um show com artistas,
reivindicações que fizemos”, segundo deram vistos para o Brasil a judeus e ou- maneira alguma, pode ser negado ou es- o International Terra. Entre os dias a partir dos Quatro “Idílio” e “Portal”, acrobatas e dançarinos chineses, e
o comunicado. tros grupos em busca de asilo político. A quecido”. Leadership Award, 12 e 15, na USP. Tipos Psicológicos esta montada muita música.
em Los Angeles. Programação para de Carl Jung”, por em etapas para
Médico no Hospital estudantes, artistas, meio de vivências envolver o público
Palestras no Beit Chabad Instituto Weizmann escolhe bolsistas Israelita Albert pesquisadores, arteterapêuticas, com o processo Einstein está na “Clinics”
“Ideias cabalísticas para Implementar Einstein, Steinwurz professores e interes- meditativas e de criativo. Aberta Clinics, revista científica do Hospital
Mudanças na sua Vida”, palestra men-
sal e temas diferentes com Sarah Stein-
metz, no Beit Chabad Central. Em mar-
H á seis anos, o grupo Amigos do Ins-
tituto Weizmann de Ciências con-
voca estudantes do primeiro ano do en-
história e arqueologia.
O processo seletivo começa com a fi-
cha de inscrição no site www.amigosdo-
é especialista em
doenças intestinais,
autor de cinco
sados na cerâmica
artística.
criação literária.
Vanessa Okrent,
até 21 de abril no
Espaço Perfume.
das Clínicas de São Paulo, que circula
há 68 anos, está com nova edição em
seu site. Um dos estudos revela que o
ço, o enfoque será “Falando Empati- sino superior a disputar as cinco vagas weizmann.org.br/issi e redigir um texto livros e um dos Mauro Zolko organi- a Tuka, avisa os As “Noites do condicionamento físico aeróbico evi-
camente – uma Abordagem Judaica à brasileiras no curso International Sum- em inglês (essencial para o curso) sob o sessenta médicos zou e Enock Sacra- amigos que é a mais Cupido” voltaram. ta a atrofia muscular e a oxidação de
Comunicação Ifetiva”. E “Viver com in- mer Science Institute, no campus de tema “My Interest in the Institute Weiz- do mundo membros mento foi o curador nova consultora Como sempre, proteínas e comprova que os exercí-
tegridade. Navegando pelos Dilemas Rehovot, Israel, de 1º a 31 de julho, com mann Summer School-Scientific Rese- da Organização da mostra instalada imobiliária da no Havana Club cios atenuam o aparecimento de lesão
Diários que Testam os Limites da sua setenta alunos de outros países. Após arch and my Future Life” e entregar até Internacional para no Espaço Buenos Cyrela, pronta para do Hotel muscular. O estudo foi realizado pela
Integridade” é o curso ministrado pelo três semanas nos laboratórios, haverá 18 deste mês. Os candidatos seleciona- o Estudo de Doença Ayres, tendo como ajudar a realizar o Renaissance. Faculdade de Medicina da USP, a Uni-
rabino Steinmetz, em três turmas. In- um trabalho de campo no deserto, próxi- dos terão uma entrevista pessoal, em Inflamatória do referência a capital sonho de compra Informações no site versidade de Joinville e o Hospital Is-
formações, 3087-0319. mo ao Mar Morto, em biologia, geografia, São Paulo. Intestino. paulista e os 459 de apartamentos e noitesdocupido. raelita Albert Einstein.
30
HEBRAICA | MAR | 2013 HEBRAICA
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| MAR | 2013
COLUNA 1
Chaverim em campanha
O Grupo Chaverim, que atende a pes-
soas com deficiência visando a inclu-
são, aceita novos integrantes: jovens a
partir dos 10 anos em sua seção Teen
e a partir dos 18 anos no Master. Infor-
mações, 3818-8876.
AGENDA
11/3, 14h – Dia Internacional da Mulher
2013. Realização do Grupo Chana Szenes,
da Wizo, na Maison Menorá. Homenageadas:
Lea della Casa Mingioni, do Graac, e Rosa
Garfinkel, ativista benemérita da Wizo SP.
Convites, 3257-0100, com Liane NONONON ONONONONOONO ONONONOONONOO ONO NON
18/3, das 9 às 17h – 8º. Seminário de
Capacitação de Dirigentes Profissionais e O BAIT FOI A SEDE DO SEMINÁRIO DE LÍDERES DOS ESTADOS UNIDOS E DA AMÉRICA DO SUL
Voluntários da Terceira Idade. Tema: “Quem
cuida dos idosos hoje e quem cuidará de
nós amanhã”. Realização da Área de Apoio Judaísmo visto globalmente
à Terceira Idade da Fisesp. Na Câmara Mu-
nicipal de São Paulo. Inscrições pelo e-mail
terceiraidade@fisesp.org.br.
25/4 a 9/5 – Visite Israel com a Wizo.
“D ando Novas Formas à Identida-
de Judaica e as Comunidades
Latino-Americanas” foi o tema de um en-
man e Michel Schlesinger, de São Paulo.
No final, os presidentes da Conib e
da Fisesp, Cláudio Lottenberg e Mário
Pensão completa e guia em português desde contro de líderes comunitários do Bra- Fleck, apresentaram um quadro da co-
a saída. Informações, 5087-3455 com Carla sil, Argentina, Uruguai, Paraguai, Cuba munidade brasileira. O diretor da Fi-
ou Viviana e Estados Unidos durante o Seminário sesp Alberto Milkewitz disse que “o di-
28/4 a 8/5 – Raizes. Viagem da GSP Travel, Nahum Goldmann Fellowship, promovi- ferencial desse seminário foi ouvir im-
apoio do CJL, para Polônia e República do pelo Memorial Foundation for Jewish portantes palestras e dialogar, de modo
Tcheca. Informações, 3231-4422, com Carol Culture, Federação Israelita do Estado de a transformar o aprendizado em ações
Verza/raizes@gsptravel.com.br São Paulo (Fisesp) e Confederação Isra- concretas”.
20/05 a 9 /06 – Israel e Turquia com elita do Brasil (Conib) durante o qual fo- A Memorial Foundation foi criada em
Perla’s Tour. Hoteis 5 estrelas plus. Guia em ram realizadas conferências de Daniel 1965, com fundos de reparação do go-
portugues. Vagas limitadas: 30. Informações: Fainstein, da Universidade Hebraica do verno alemão, para reconstruir a vida
pmosseri@hotmail.com México, Saul Berman, rabino, acadêmi- judaica após o Holocausto e hoje busca
26 a 30/06 – Grande Hotel São Pedro co norte-americano e professor da Yeshi- promover a conexão judaica e apoiar a
com a B’nai B’rith. Imperdivel!!! Reservas: vá University, Sérgio Wider, do Centro formação de líderes comunitários e pro-
3082.5844, Cris e Pedro Simon Wiesenthal, rabinos David Weit- fissionais capacitados.
1. 2. 3. 1. 2.
4. 5. 6. 3. 4.
5.
7. 8.
7. 8.
1. O sorriso de Thaís Cabuli, trabalhando no Mediterranée Rio das Pedras; 2. Tuna Duek 9.
em recente apresentação teatral; 3 e 4. Pose de carnavalescos antes do desfile da Gavi-
ões da Fiel; na avenida, Perla Mosseri (E), Danielle Mayo, Carolina Mayo, Silvana Prout,
Gladis e Rodrigo Wilner; 5. Leo Schetman convidado para reunião das “novas ricas” da
TV; 6. No Palácio dos Bandeirantes, representando a Hebraica, Guita Zarenchanski com
Dalva Christofoletti Paes da Silva e Aline Corrêa, no lançamento do Projeto Paraolím-
pico Brasileiro; 7. Em férias, os primeiros passos dos futuros mestres-cuca no Espaço
Gourmet; 8. Enio Lewinski, Fernando Lottenberg, Mário Fleck e Alberto Milkewitz em
reunião da Memorial Foundation; 9. Irene e George Legman com o ex-presidente Fer-
nando Henrique Cardoso em Cancún Chichen Itza
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1. 2.
3. 4.
5. 6.
ju
ven
tu
de
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O
Fotos Alon Lax
Bonito foi a
ração das cachoeiras e piscinas naturais
do rio Mimoso e rafting no rio Formoso.
O Buraco das Araras foi um dos locais
primeira viagem
mais apreciados pelos viajantes.
Davi Krasilchik, de 9 anos, cuja família
participou da viagem, apontou o Buraco
das Araras como o local mais curioso do
roteiro. “Foi uma excursão muito boa. Eu
A MISTURA DE PESSOAS DE VÁRIAS IDADES AJUDOU A TORNAR e meu irmão Leon, fizemos amizade com
INESQUECÍVEL A PRIMEIRA VIAGEM DO HEBRAICA ADVENTURE ESTE as duas outras crianças que viajaram e
ANO. OS PARTICIPANTES DO GRUPO FOTOGRAFARAM PÁSSAROS E os adultos também eram muito legais”,
ANIMAIS EXÓTICOS E LINDAS PAISAGENS elogiou o garoto. (M. B.)
LAGOS COM ÁGUA CRISTALINA POSSIBILITARAM O APRENDIZADO DE NOÇÕES BÁSICAS DE MERGULHO INDEPENDENTEMENTE DA IDADE, TODOS OS VIAJANTES SE DIVERTIRAM EM BONITO
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es
por
tes
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HEBRAICA | MAR | 2013
1. 2.
portivo para uma segunda turma de vô-
lei, desta vez para a faixa dos 13 aos 15
Renovação começa
anos às segundas e quartas, das 15h10 às
16h10. “Esses meninos vão treinar com
Ângela, uma técnica muito conceituada.
na base
Essa categoria ganhou o nome de júnior
e existem vagas para quem quiser parti-
cipar”, anuncia.
Segundo Marcelo, 10 anos é a idade
TODAS AS TERÇAS E QUINTAS, UM GRUPO DE GAROTOS ENTRE ideal para uma criança começar no vô-
10 E 12 ANOS OCUPA A QUADRA 3 DO POLIESPORTIVO A PARTIR lei. Ao mencionar a preferência pelo fu-
DAS 15H30 E LÁ APERFEIÇOA SAQUES, MANCHETES E, EVENTUALMENTE, tebol, Marcelo revela um conceito bas-
MOSTRA SUA EVOLUÇÃO EM PARTIDAS DE TRÊS tante atual sobre a prática de esportes.
“Segundo recomendação dos especialis-
5.
espaço saúde
Saúde da Mulher
O
termo saúde engloba diversos pelo profissional de saúde, seja ele espe- DRA. ALESSANDRA BEDIN RUBINO
conceitos e idéias, que muda- cialista ou não, quando se fala em pro- GINECOLOGISTA DO HOSPITAL ISRAELITA
ram progressivamente ao longo moção de saúde nas mulheres: estilo de ALBERT EINSTEIN
dos anos. Segundo a OMS, o termo “Saú- vida, saúde emocional, doenças cardio-
de” engloba o estado de bem estar físico, vasculares, câncer, concepção e contra-
emocional (mental) e social, e não mera- cepção, menstruação, sexualidade e do-
mente a ausência de doença. Se pensar- enças sexualmente transmissíveis. Cla-
mos especificamente no bem-estar femi- ro que em situações especiais, como gra-
nino, esta é uma preocupação antiga, que videz e menopausa, alguns cuidados
vem tomando novos contornos nas últi- tomam dimensões ainda maiores.
mas décadas. Se até os anos 1960 a gran- Estilo de vida: são altamente conhecidos
de preocupação era a saúde reproduti- todos os benefícios de um estilo de vida
va da mulher, hoje seu bem-estar físico e saudável. Dieta balanceada, atividade fí-
emocional passou a ter importância sig- sica, peso adequado, estão entre os fa-
nificativa. tores que mais se relacionam a melhor
Não só porque as mulheres muitas vezes qualidade de vida, e menor risco de apa-
têm papel fundamental na dinâmica de recimento de doenças. Há algumas dé-
uma família, mas também pela cada vez cadas, estamos vivendo um aumento tão
maior participação das mesmas no mer- grande nos casos de obesidade e seden-
cado de trabalho e na produtividade glo- tarismo, que ambos vêm sendo conside-
bal. Sem dúvida alguma, o médico tem rados problemas de saúde pública, da-
papel fundamental no aumento da qua- das as grandes consequências que pro-
lidade de vida, tanto em relação aos as- vocam. Assim, a adoção de uma rotina
pectos físicos, quanto nas questões emo- diária de exercícios físicos, como cami-
cionais femininas. E, muitas vezes, a di- nhada, aliada a uma dieta balanceada e
vulgação de conhecimento, pelas diver- interrupção de maus hábitos como o ta-
sas formas de mídia acaba estimulando a bagismo, são medidas que têm um enor-
procura por melhores condições de saú- me impacto na incidência de doenças,
de, ao esclarecer e divulgar informações aumentando sobremaneira a longevida-
úteis e importantes em relação à preven- de e a qualidade de vida.
ção de doenças. Desta forma, a mulher tem de ser vista de
Pensando em uma rotina de diagnóstico forma global, holística, pensada e respei-
e prevenção, naturalmente, deve-se levar tada como um todo. Não adianta pensar-
em consideração a idade, os anteceden- mos em seus órgãos genitais, se não pen-
tes pessoais e familiares, exposição a fa- sarmos neles como um reflexo de tudo
tores de risco, etc. Mas alguns temas ge- aquilo que se passa dentro dela, literal-
rais devem ser rotineiramente abordados mente da cabeça aos pés.
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ma
ga
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Yair Lapid
texto o que o israelense médio pensa
mas não consegue elaborar. No entanto,
teve de largar tudo para se dedicar à po-
lítica. Além disso, durante muitos anos
apresentou um talk show em horário
nobre da tv israelense.
Em razão disso tudo e da grande ex-
é o novo astro
posição na mídia, sabemos o suficiente
a respeito dos gostos e preferências do
agora segundo mais importante político
israelense: na música, é fã de Bob Dylan,
da política
Frank Zappa, Nina Simone e John Col-
trane; seu destino predileto é Paris; nas
horas vagas, gosta de um bom livro de
José Saramago e já pertenceu a uma si-
nagoga reformista de Tel Aviv.
Jura que não gosta de política mas,
BONITÃO, INEXPERIENTE, CARISMÁTICO, ELITISTA, ESCRITOR DE como a maioria dos políticos, também
TALENTO, COLEGIAL INCOMPLETO. A MAIS NOVA SURPRESA DA POLÍTICA promete que entra neste mundo para
ISRAELENSE, YAIR LAPID, AINDA PRECISARÁ PROVAR A QUE VEIO mudar as coisas a partir do seu inte-
rior. Por exemplo: “Política me parece
A
s eleições israelenses de janeiro mudaram pou- um jogo sujo em que todos enganam a
ca coisa no cenário político do país. O vencedor todos. Isto é verdade, mas o que fazer?
principal ainda foi o centro-direita, que há treze Não há outro jogo nesta cidade”, disse
anos lidera o país, espécie de fi lho desajeitado da certa vez.
segunda intifada. Mas também houve novidades e a principal Lapid é carismático, ostenta uma cabe-
delas foi o segundo lugar na votação, o novato Yair Lapid e o leira grisalha que alguns a comparam à
partido que formou às pressas para concorrer, Yesh Atid (“Há do ator George Clooney, faz o tipo “durão
Futuro”, em hebraico). simpático” que o israelense gosta de ima-
Lapid, 48 anos, é “peixe fresco” na política, mas velho co- ginar que pensem dele, e passou a re-
nhecido do público por sua atuação nos meios de comunica- presentar ideais da classe média há tem-
ção. Surgiu na vida israelense pela maneira mais tradicional, pos de fora do jogo político. Aceita que
a proteksia, nome dado a quem tem boas ligações familiares os imigrantes russos tenham maior par-
ou amigos certos nos lugares certos, isto é, os centros do poder. ticipação, mas se recusa a dar projeção
O empurrãozinho inicial, no caso, veio do pai, já falecido, a tipos esquisitos como Avigdor Lieber-
Tommy Lapid, sobrevivente do Holocausto e líder do partido man, o ex-ministro de Relações Exterio-
ultrassecular Shinui, que chegou a ser ministro da Justiça. Yair res que nem deveria ter sido. Sim ao ju-
entrou no jornalismo como “foca” do jornal Maariv, onde o pai daísmo, mas não às imposições políticas
trabalhou durante décadas. dos ortodoxos. Sim para um Israel forte
Educado em Londres e em uma das mais tradicionais esco- que negocie com os palestinos, mas não
las de Israel, o Gimnasya Herzlia, de Tel Aviv, Lapid foi bon ao radicalismo dos colonos.
vivant durante anos, adorava carros potentes, vinhos caros e Para reforçar a mensagem de candi-
viagens sofisticadas ao exterior. Divorciou-se da primeira mu- dato classe média, Lapid escolheu para
lher, com quem teve um filho, e casou-se com uma escritora, companheiros de bancada figuras que
que lhe deu mais dois filhos. são quase uma caricatura desse estrato
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Lapid soube aproveitar bem as vitó- rabino Ovadia Yosef, chamou-os de “gen-
rias, deixou a humildade de lado e em tios e hereges”. Os rabinos ashkenazim
uma das primeiras entrevistas, conhe- os acusaram de judeus reformistas – o
cido o resultado, já chutou alto. “Estou maior insulto possível a algum haredi.
convencido de que nas próximas elei- Pior até do que chamar alguém de “goy”.
ções serei o primeiro-ministro”, disse ao A UTJ conquistou sete cadeiras, au-
Canal 2 de tevê. Para mostrar disposição mentando seu poder na Knesset por ape-
É guerra e os rabinos
e bem assessorado por marqueteiros, foi nas uma vaga. O Shas, não, e ficou com
fotografado lutando boxe amador, que onze cadeiras. Mas o Habayit Hayehudi
diz praticar com frequência (deu para chegou às doze, muito mais do que sob a
lembrar de outro político?). Também em- liderança de Zevulun Orlev, quando não
punhou uma guitarra para cantar With
a Little Help from my Friends, dos Bea-
tles, na festa de comemoração do parti-
ultras já estão prontos passava de um dígito. O Yesh Atid, parti-
do de Yair Lapid e de agenda secular, ga-
nhou dezenove. O pior pesadelo haredi
do (lembram-se de outro alguém?). se materializava diante dos seus olhos:
Agora, passada a euforia das eleições, por Amir Mizroch * um governo sem os haredim, ou os “sem
o problema é aquele velho conhecido governo”. Um governo que dispensa os
da política: Lapid conseguirá entregar O RESULTADO DAS ÚLTIMAS ELEIÇÕES COLOCA O PRIMEIRO-MINISTRO DIANTE dezenove assentos dos partidos haredim
o que prometeu durante a campanha? DE UM QUEBRA-CABEÇAS PARA MONTAR O NOVO GOVERNO DE COALIZÃO. poderá mudar a atual situação e forçar
Se tiver êxito, será uma exceção na his- ESTÃO EM JOGO A ISENÇÃO DO SERVIÇO MILITAR E O MONOPÓLIO HAREDI o setor haredi da sociedade israelense a
tória de Israel. Os grandes governan- SOBRE ORGANIZAÇÕES FUNERÁRIAS, TRIBUNAIS RABÍNICOS, CONSELHOS servir o exército, participar das coisas da
tes do país – Ben-Gurion, Rabin, Sha- RELIGIOSOS, A AUTORIDADE DE CONVERSÃO, E TODAS AS INSTITUIÇÕES nação e entrar no mercado de trabalho.
ron, Begin – tinham longos anos de ser- RELIGIOSAS ATUALMENTE DIRIGIDAS PELOS ULTRAORTODOXOS E ainda pode piorar em razão das infor-
viços prestados no exército ou em ins- mações de que Bennett e Lapid teriam
>> tituições públicas antes de se tornarem feito um acordo segundo o qual um não
N
social. O número dois é um rabino, pai de seis filhos e que O BEIJO EM UM DIRIGENTE estadistas. Lapid, no entanto, veio do os primeiros dias de fevereiro, duas semanas depois entraria no governo sem o outro, e am-
atua em kibutzim. Uma das deputadas eleitas foi prefei- DO MERETZ APENAS nada e entrou na política poucos meses das eleições e a um mês do prazo para o governo ser bos trabalhariam em favor da mudança
ta de Hertzlia e apoiadora da Passeata Gay de Jerusalém, SUGERE UMA ALIANÇA antes das eleições. legalmente constituído, a cena política de Israel se en- na questão do serviço militar.
além de um esportista de origem russa e um ex-prefeito DE LAPID COM O PARTIDO, Se o resultado político de Lapid for caminha para uma batalha real, uma verdadeira guerra santa, Para os haredim, estudar a Torá sem
sefaradi de Dimona. SEGUNDO O TEXTO EM equivalente a zero será algo normal a respeito da questão da distribuição equitativa da carga da so- interrupções e não prestar o serviço mi-
HEBRAICO “A COALIZÃO para os padrões israelenses, portanto, ciedade israelense, melhor dizendo, a falta desta partilha. litar é uma questão existencial. Há ape-
Sonhando alto TEM FUTURO” nenhuma decepção. Em 2006, a gran- O primeiro-ministro Biniamin Netaniahu, incumbido de nas preto e branco: nem cinquenta tons
Lapid mirou na classe média, e também acabou acer- de surpresa das eleições foi o Partido formar a próxima coalizão, encara um enigma para decifrar: de cinza, nem mesmo dois tons de cin-
tando a elite. Em Kfar Shemariahu, vilarejo onde vive a dos Aposentados que, abrigado sob a ele quer formar uma aliança governista ampla, mas a incô- za. Toda a estrutura de poder do siste-
maior parte do PIB israelense, recebeu 32% dos votos, e bandeira da defesa dos velhinhos, con- moda questão da prestação de serviço militar pelos jovens ma político haredi é baseada no absolu-
no bairro de Savyon, de perfil semelhante, 35%, bem à seguiu eleger sete deputados, foi con- ultraortodoxos ameaça forçá-lo a escolher entre os parceiros to controle dos rabinos sobre o seu reba-
frente do segundo colocado. Também foi o mais votado vidado a participar do governo. Na úl- naturais – o haredi Shas mais os partidos da United Torá Ju- nho. Se os jovens entrarem no exército,
em Tel Aviv, Herzlia e Ramat Hasharon, fortalezas de ri- tima eleição este mesmo partido conse- daism (UTJ) – e os sionistas nacionalistas religiosos de Naftali no serviço nacional ou começar a traba-
queza e bem-estar. É gente cansada de ver os impostos se- guiu somente seis mil votos, e não ele- Bennett, do Habayit Hayehudi (“A Casa Judaica”, em hebrai- lhar para viver também podem come-
rem desviados para as yeshivot dos haredim, às colônias geu mais ninguém. co). Netaniahu provavelmente nunca imaginou um dia se en- çar a ter ideias próprias. Não importa se
na Cisjordânia onde vivem os extremistas ou para pode- De todo modo, isto não é garantia de contrar nesta situação. Bennett e Lapid propuseram planos gra-
rosos sindicatos como o do porto de Ashdod. fracasso do rapaz. Esta também é a era O Habayit Hayehudi ganhou fôlego com Bennett, antigo duais, moderados e significativos para
Ele conseguiu colocar na Knesset dezenove membros do Facebook, e Lapid admitiu a impor- membro de elite (e ainda reservista) das Forças de Defesa de distribuir igualmente o fardo nacional.
do Yesh Atid, todos novatos na política. Com isto, contri- tância da rede social para vencer, e do Israel (IDF) que fez do equilíbrio do fardo nacional, citado no Não existe um compromisso de que os
buiu decisivamente para o parlamento atual bater o re- predomínio da “sabedoria” dos jovens parágrafo acima, uma das principais plataformas do seu par- haredim concordem. Para os rabinos ha-
corde de caras novas, pois 48 deputados nunca antes ha- sobre a experiência dos mais velhos tido. O Habayit Hayehudi está bem representado na Knesset, redim – e não necessariamente seu reba-
viam sido eleitos. A novidade foi tão grande que a Knes- (“os garotos disseram aos pais como vo- com doze cadeiras, e apoia um candidato sionista nacionalista nho –, somente a perspectiva de mudan-
set teve de organizar às pressas um curso rápido para os tar nestas eleições”, disse). Eu acho que religioso para rabino-chefe de Israel – o santuário do monopó- ça já representa o final dos tempos. Todo
calouros a respeito do funcionamento do parlamento. E se Lapid fosse brasileiro e se aconse- lio religioso ultraortodoxo no país. o seu sistema e todas as suas energias es-
os funcionários, aturdidos com tantas novas caras, nos lhasse com um dos coronéis da políti- As coisas esquentaram tanto durante o final da campanha tão focadas em manter as coisas como
primeiros dias de trabalhos da atual legislatura circula- ca nacional, provavelmente ouviria: “Fi- eleitoral, em janeiro, que o Shas, temeroso de que alguns dos estavam nos guetos da Europa Oriental,
vam pelos corredores com fotos dos deputados para re- lho, se você quer ser presidente, antes seus eleitores fossem atraídos pela força gravitacional de Ben- nos séculos 18 e 19.
conhecê-los. se eleja vereador”. nett, investiu contra os ortodoxos. O líder espiritual do Shas, E eis que o partido de Bennett, do qual
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Comunidade LGBT
não vai à luta
por Ilan Manor *
ISOLADA EM TEL AVIV, ONDE É ACEITA, RESPEITADA E FAZ PARTE DA VIDA
CULTURAL DA CIDADE, A COMUNIDADE LÉSBICA, HOMOSSEXUAL, BISSEXUAL
E TRANSEXUAL (LGBT) DE ISRAEL AINDA NÃO POSSUI UMA AGENDA
POLÍTICA PARA LUTAR CONTRA A HOMOFOBIA NO RESTO DO PAÍS
A
s eleições israelenses terminaram com uma cena previ-
sível: o discurso de vitória de Biniamin Netaniahu para
centenas de simpatizantes do partido Likud. Mas esse Yair Shamir,
momento de triunfo também revelou algo novo – e alarmante recém-eleito
– nesta recente campanha eleitoral, porque viu surgir um novo pelo partido
tipo de retórica na política israelense, dirigida contra um gru- Israel
po minoritário, anteriormente ignorado pela maioria dos po- se alistar no Tzahal. E filiados ao partido politicamente pelos seus interesses, mas nem se compara be a discriminação com base na orienta- Beiteinu,
líticos israelenses: a comunidade lésbica, homossexual, bisse- Shas, importante integrante da coalizão a outros grupos – nem tão minoritários assim –, que institu- ção sexual e uma emenda reconhecen- disse que em
xual e transexual. Nos meses anteriores às eleições, políticos anterior de Netaniahu, geralmente se re- íram lobbies influentes e atuam agressivamente em favor da do o casamento homossexual. Será que Israel não há
de vários partidos de direita se manifestaram a respeito da in- ferem a homossexuais como “deprava- sua agenda, como os colonos e os ultraortodoxos que seguem o próximo governo de coalizão, com base lugar para
clusão de membros da comunidade LGBT israelense, da sua dos” e “pessoas doentes”. o modelo de grupos americanos de interesses especiais. A co- em uma parceria entre o Likud e o parti- casamentos
instituição mais preciosa, as Forças de Defesa de Israel. Os comentários dos políticos israe- munidade gay está longe de ser vista. O que aconteceu com os do centrista de Yair Lapid, Yesh Atid, agi- de pessoas do
Um dos maiores opositores da comunidade LGBT israelen- lenses pouco incomodam a maioria dos cartazes usados nas paradas de Tel Aviv e Jerusalém, onde se rá de forma diferente em relação à comu- mesmo sexo.
se, Moshé Feiglin, colono e recém-eleito parlamentar à Knes- membros da comunidade LGBT israelen- lia “Nós estamos aqui. Nós somos homossexuais. Acostumem- nidade LGBT e se afastará de membros Uri Arieli,
set, integra o partido majoritário, o Likud. No passado, Feiglin se, que não se preocupam em esconder a se a isso!”? da Knesset, como Feiglin ou Arieli? Ain- veterano
se identificou com aqueles habitantes de Tel Aviv e Jerusalém, sua orientação sexual nem pedir descul- Talvez a aparente falta de interesse da comunidade LGBT da é muito cedo para saber. No entanto, do partido
que segundo ele, não têm onde se esconder quando “as repug- pas por seu modo de vida. Mas se a co- pela política de Israel seja consequência de ser plenamente está claro, que a comunidade LGBT de Is- religioso
nantes marchas da Parada do Orgulho Gay ocupam as princi- munidade LGBT israelense é orgulhosa, aceita no “Estado de Tel Aviv”. Aclamada por guias de viagem rael deve se convencer de que existe ho- sionista
pais avenidas da cidade”. Feiglin avançou o suficiente para se também é silenciosa, pois nunca encon- como uma das cidades do mundo mais “amistosas para com mofobia na política de Israel e na socie- Habayit
apresentar como um orgulhoso homofóbico, mas duas sema- trou uma forma de expressar seu poder os gays”, Tel Aviv tornou-se refúgio seguro para as pessoas da dade israelense e por isso precisa lutar Hayehudi,
nas depois das eleições, pressionado pela direção do partido, político por meio de um lobby que atua- comunidade LGBT que afluem de todo o país. Não só Tel Aviv pelos seus direitos e serem aceitos como acredita que os
reuniu-se com dirigentes da comunidade LGBT, em Tel Aviv, e ria para conquistar apoio político em fa- aceita pessoas do LGBT como membros iguais da sociedade, membros iguais da sociedade fazendo va- homossexuais
amenizou as suas declarações. vor de uma legislação que garantisse mas celebra a cultura gay e possibilita a criação de uma iden- ler o “Nós estamos aqui. Nós somos ho- que revelam
É claro que sentimentos homofóbicos não se limitam a Fei- seus direitos civis. Ela também se omitiu tidade israelense gay única. Isto é, as pessoas da comunida- mossexuais”. E mudar essa mentalidade sua condição
glin ou a outros membros do Likud. Yair Shamir, outro recém- da disputa política eleitoral e não apoiou de LGBT em Israel, aceitaram uma espécie de solução de dois de “Não se importe conosco”. sexual devem
eleito pelo partido Israel Beiteinu (“Israel Nossa Casa”, em he- abertamente candidatos homossexuais à Estados – com uma ilha de tolerância rodeada por um país ser proibidos
braico), disse que em Israel não há lugar para casamentos de Knesset. Atualmente há na Knesset um maior que agora está se voltando contra eles. * Ilan Manor escreve regularmente de se alistar
pessoas do mesmo sexo. Uri Arieli, veterano do partido reli- deputado declaradamente homossexual: O governo anterior liderado pelo Likud fez pouco para prote- para o haaretz.com e para o The Ti- no Tzahal
gioso sionista Habayit Hayehudi, acredita que os homossexu- Nitzan Horovitz, do Meretz. ger os direitos das pessoas do movimento LGBT. Bloquearam-se mes de Israel
ais que revelam sua condição sexual devem ser proibidos de É verdade, a comunidade LGBT age legislações importantes a favor dos gays, como uma que proí- Tradução de Yosi Turel
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Os colonos derrotaram
Netaniahu, que sempre os ajudou
por Ori Nir * parecimento às urnas faz uma diferença
irrelevante.
COMO BINIAMIN NETANIAHU FOI VOTADO NOS ASSENTAMENTOS DA Afinal, em quem os colonos votaram?
CISJORDÂNIA? CONSIDERANDO AS POLÍTICAS DO SEU PARTIDO LIKUD- A população de colonos não é monolí-
ISRAEL BEITEINU EM FAVOR DOS ASSENTAMENTOS E AS POSIÇÕES DOS SEUS tica: há os colonos “ideológicos”, aque-
PRINCIPAIS MEMBROS NA KNESSET, TODOS ESPERAVAM UM DESEMPENHO les que escolheram viver além da Linha
MELHOR ENTRE OS COLONOS DA CISJORDÂNIA. MAS, NÃO Verde (que no mapa separa o Estado
de Israel de antes da ocupação dos ter-
ritórios da Cisjordânia em 1967), cum-
S
urpreendentemente, apenas 19% dos votos dos colo- prindo uma missão bíblica, e os colo-
nos foram para o Likud-Israel Beiteinu, comparados aos nos da “qualidade de vida”, que foram
23% do total dos votos dos israelenses, segundo dados para a Cisjordânia em busca de habita-
oficiais da eleição. A rejeição dos colonos ao Likud impressio- ção mais barata. A maioria dos colonos
na ainda mais considerando os padrões do voto nos assenta- “ideológicos” vive em povoados remo-
mentos, identificado com “ideologias” nacionalistas religiosas, tos, longe da Linha Verde; os outros ha-
e cujos habitantes sempre foram muito favorecidos pelo gover- bitam geralmente mais próximo de Is-
no. O Likud teve 8% no assentamento de Beit El, 13% em Elon rael, nos chamados “blocos de assenta- A população
Moré e Eli, 11% em Ofrá e Kedumim e 5% em outros assenta- mentos”, que podem ser anexados a Is- de colonos não
mentos menores. rael no contexto de um acordo de paz é monolítica:
Agora, os líderes do maior partido de Israel examinam a vo- israelense-palestino. Esta categoria in- há os colonos
tação dos colonos para entender como Likud e Israel Beiteinu clui assentamentos predominantemen- “ideológicos”,
perderam quase um quarto da sua força somada, baixando de te seculares e também assentamentos aqueles que
42 assentos na Knesset para 31 assentos. Uma avaliação preli- em grande parte ou exclusivamente ul- escolheram
minar sugere que superestimaram o voto dos chamados colo- traortodoxos. Nos ultraortodoxos, a es- viver além da
nos ideológicos que correspondem a cerca de 5% da popula- magadora maioria dos votos (95% em Linha Verde,
ção israelense, e a uma porcentagem ainda menor do total do Modi’in Illit, por exemplo) foi para os cumprindo
eleitorado israelense e que inclui os árabes. partidos ultraortodoxos Yahadut Hatorá uma missão
E por que isso? Porque segundo os próprios colonos, ape- (Judaísmo da Torá) e Shas. Nos assenta- bíblica, e os
nas cerca de 45% dos israelenses que vivem na Cisjordânia mentos principalmente seculares a vo- colonos da
(menos Jerusalém Oriental) se identificam com o núcleo duro tação é um pouco à direita do padrão de “qualidade
do movimento de colonização nacional-religioso ideológi- votação nacional. de vida”, que
co. E porque apenas 51% dos colonos são habilitados a vo- O mais interessante, no entanto, é o foram para a
tar (49% são menores de 18 anos), comparado aos 72% da po- padrão de votação entre os colonos ide- Cisjordânia
pulação total israelense em condições de voto. É verdade que ológicos, o dínamo do movimento dos em busca de
a taxa de comparecimento às urnas entre os colonos é maior assentamentos da Cisjordânia. Ali, a habitação
que a média nacional – cerca de 80% contra 67%, mas como extrema-direita reina suprema. Nos as- mais barata
o número real de eleitores residentes na Cisjordânia é muito sentamentos ultrarradicais próximos a
pequeno comparado ao total nacional, mesmo o grande com- Nablus e Hebron, o principal partido é MAPA DA CISJORDÂNIA, A LESTE DO RIO JORDÃO, COM ASSENTAMENTOS MARCADOS POR BOLINHAS AZUIS
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O RESULTADO DESTAS ELEIÇÕES VAI INFLUIR NO FUTURO DESTAS CRIANÇAS DOS ASSENTAMENTOS
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o kahanista Otzmá Le-Israel (“Poder para Israel”). Este partido ca, em grande parte, o número de líde-
extremista, que no âmbito nacional não atingiu 2% dos votos, res extremistas do Likud nas primárias
mínimo necessário para conquistar uma cadeira na Knes- de novembro passado, e a rejeição aos
set, foi um dos três partidos mais votados em assentamen- relativamente moderados, como Dan
tos ideológicos. Em Itzhar, recebeu 72% dos votos, em Tapua- Meridor. Quarto, embora os colonos te-
ch 30%, em Kiriat Arba 28% e em Elon Moré 27%. Mesmo nos nham trabalhado arduamente para
assentamentos nacional-religiosos menos radicais, teve vota- moldar a composição da lista do Likud
ção de dois dígitos: 24% em Shiló, 14% em Karnei Shomron e para a Knesset de acordo com seus an-
13% em Kedumim. seios, votaram em partidos da extre-
Nos assentamentos ideologicamente menos radicais, o ma-direita. E, último, convém conside-
grande vencedor é o Habayit Hayehudi de Naftali Bennet, rar que numericamente, o voto dos co- Embora
nova encarnação do Partido Nacional-Religioso (ex-Mafdal), lonos ideológicos corresponde a talvez os colonos
de extrema-direita. Em Kedumim, teve 70% dos votos, em 2 ou 3% do eleitorado total de Israel. É tenham
Ofrá 74%, 71% em Eli, 78% em Psagot e 55% em Elon Moré. verdade que têm uma grande capacida- trabalhado
Nacionalmente, o partido de Bennet alcançou 9%. Em quase de de mobilização e são um influente arduamente
todos os assentamentos ideológicos, Habayit Hayehudi e Otz- grupo de pressão, mas numericamente para moldar
má Le-Israel somados receberam entre 80 e 90% dos votos. O são poucos. a composição
mais impressionante é o Likud que ficou muito atrás, com 5% Netaniahu deve considerar todos es- da lista do
(Matityahu, Itzhar), 8% (Beit El, Hagai), 11% (Kedumim, Ofrá), tes aspectos quando – e se – Obama, Likud para a
12% (Psagot) ou 13% (Elon Moré) dos colonos ideológicos. que vai a Israel ainda neste semestre, Knesset
O que depreender desse padrão? Primeiro, reafirma que pela primeira vez, e Yair Lapid o pres- de acordo
a visão de mundo dos colonos ideológicos é muito diferente sionarem a enfrentar os assentamentos com seus
daquela da maioria dos israelenses. Segundo, revela que os em busca da paz. anseios,
colonos ideológicos foram muito bem-sucedidos ao propagar votaram em
a imagem de uma capacidade eleitoral maior do que a reali- * Ori Nir, foi correspondente do partidos da
dade. Terceiro, mostra o êxito na manipulação do Likud. Nos Forward em Washington e é porta- extrema-
últimos anos, os colonos ideológicos se registraram em mas- voz dos Americanos para a Paz Agora direita
sa como membros no Comitê Central do partido, adquirin- (Americans for Peace Now)
do assim o direito de votar nas eleições primárias. Isso expli- Tradução de Yosi Turel
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braica da atualidade, e o rabino Adin Mas um passo fundamental para atrair o leitor contempo- paro para o shiur (‘aula’) ou então para se
Steinsaltz, o gênio talmúdico da nossa râneo ao Talmud é a entrada no mundo das APP’s e das re- preparar para a chavrutá.”
geração – juntaram forças para tentar des sociais. Formado em ciências da computação em sua In- A aliança entre estes dois gigantes, a
curar este mal: estão lançando a mais glaterra natal, Freeman montou na Editora Koren uma equi- Editora Koren e o talmudista Steinsaltz,
moderna edição do Talmud já realiza- pe especializada para transformar o Talmud em aplicação foi uma bênção para ambos. A Koren é fa-
da, que colocará esta obra ao alcance para ipads. mosa por sua Bíblia hebraica, considera-
de qualquer interessado (que entenda Entre as novidades em estágio de produção, um botão virtu- da a versão definitiva por públicos tão di-
inglês). al para ser clicado ao final de cada tratado talmúdico, para avi- versos como o Tzahal – que dá de presen-
“A filosofia de Steinsaltz, e também a sar os amigos via Facebook ou Twitter do término da façanha. te uma Bíblia da Koren para cada solda-
nossa, é que todos possam ter acesso ao “Hoje corri quatorze quilômetros antes de vir trabalhar e colo- do alistado – e os ultraortodoxos de Mea
Talmud, não seja um documento secreto quei isto no meu Facebook. Concluir o estudo de um tratado Shearim. Mas até agora não havia entra-
ou algo somente para a elite”, diz o edi- do Talmud também é uma coisa que as pessoas vão gostar de do no mundo do Talmud, e a associação
tor-executivo da Editora Koren Raphael compartilhar na rede social”, diz o editor. com Steinsaltz foi uma oportunidade.
Freeman, em entrevista à revista Hebrai- Devido à atual concorrência existente entre as grandes edi- Já para Steinsaltz, ser publicado pela
ca em seu escritório de Jerusalém. toras de Talmud (ver box), o editor não quer divulgar quais fer- Koren é a oportunidade de quebrar cer-
O novo Talmud Koren-Steinsaltz real- ramentas sua equipe desenvolve para sua APP. “Queremos de- tas resistências ao seu nome entre o pú-
mente dá vontade de ler. Contém o tex- senvolver algo realmente novo, que espante até os não judeus. blico mais conservador. O rabino isra-
to clássico talmúdico, em aramaico, mas Nossa intenção é mudar o jeito como as pessoas leem um tex- elense é muito apreciado tanto por re-
com uma grande novidade: pontinhos to. Não posso revelar mais sobre isto até o lançamento. Quan- ligiosos modernos quanto por gentios.
nos caracteres hebraicos para facilitar do você verem, entenderão.” Recebeu o Prêmio Israel, a maior con-
a leitura. Mais importante ainda, o tex- Apesar da ala ultraortodoxa de Jerusalém já ter demoniza- decoração do país, foi chamado de “bri-
to inteiro aparece traduzido em inglês e do o iphone e outras inovações do mundo tecnológico, isto não lhante” pela revista Time e lecionou na
com comentários de Steinsaltz que faci- afeta a mentalidade da Editora Koren, que também é uma em- Sorbonne e na Universidade de Oxford.
litam a compreensão. presa religiosa. “Aplicações e redes sociais são ferramentas po- Mas no “mundinho” ortodoxo, é conside-
Há ainda ilustrações a cores para fa- derosas que ajudam a expor mais a informação e fazer com rado liberal demais e pouco rigoroso em
cilitar o entendimento, o que certamen- que a experiência de aprender o Talmud aconteça num outro sua abordagem.
te assombraria talmudistas do passado nível”, diz Freeman. “O fato de publicar seu Talmud será
RAPHAEL FREEMAN QUER FACILITAR O ACESSO AO TALMUD como Rashi e Maimônides. Por exem- Com tanta facilidade moderna para se ler o Talmud sozinho bom também para o rabino Steinsaltz”,
plo, o Talmud diz que “quando o rabi- em casa, cabe pensar se o método tradicional de estudo – em diz o editor Freeman. “A resistência a
no Sheshet fazia uma reverência a al- grupos ou ao menos em dupla, chamada chavrutá –, não es- seu trabalho não faz mais sentido, mas
O
povo judeu vive na atualidade um transtorno de assim cansa menos os olhos. dora do judaísmo. israelense
dupla personalidade – ao menos em sua relação O editor Freeman, com a larga experi- O Talmud da ArtScroll, que também traz o texto original esmiuçado em hebraico moderno e em in- é muito
com o Talmud. Para o público religioso judeu, ência de ter trabalhado no jornal The Je- glês, é conhecido como Edição Schottenstein, homenageando o empresário judeu americano que finan- apreciado
trata-se de uma obra venerada, inspirada por rusalem Post, também teve o cuidado de ciou a obra. A ArtScroll também tem a Edição Edmond Safra, que verte o texto talmúdico para o francês, tanto por
Deus e a base de toda a vida cotidiana. Mas para a parcela colocar parágrafos completos em cada financiada pela família de banqueiros. religiosos
laica, o Talmud é um ilustre desconhecido, escrito em lin- página, evitando quebrá-los a cada vira- O Talmud da ArtScroll é famoso por seu método de apresentar o texto para o leitor não iniciado, apre- modernos
guagem hermética, incompreensível e que não apita nada da de folha, para facilitar a vida do leitor. sentando lado a lado o original em aramaico e a tradução trecho por trecho. Seus comentários são con- quanto por
em suas vidas. Também espalhou trechos em branco siderados elegantes e de acordo com a tradição mais rigorosa, enquanto a tradução de Steinsaltz é vis- gentios
Agora dois gigantes do mundo judaico – a Editora Koren, por todo o livro, para que se possa “res- ta como mais acessível ao leitor comum. É difícil dizer quem é o melhor nesta disputa de gigantes.
responsável por uma das melhores edições da Bíblia he- pirar” durante a leitura.
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Nanotecnologia de Israel
abre novos horizontes
EM DEZ ANOS, OS PESQUISADORES ESPERAM CONSTRUIR MODELOS Lily Safra da Universidade Hebraica, es-
COMPUTADORIZADOS DAS ATIVIDADES CEREBRAIS PARA AJUDAR pecialista em computação neural.
NA PREVENÇÃO DE DOENÇAS NEUROLÓGICAS, E PRODUZIR O projeto Blue Brain era imitar a ma-
ROBÔS MINÚSCULOS QUE PASSEARÃO PELO CORPO HUMANO E temática dos processos cerebrais a par-
TRANSMITIRÃO DADOS EM TEMPO REAL tir de imagens matemáticas cerebrais,
num processo de “engenharia rever-
sa”. “A ideia era usar os dados existen-
U
m projeto deverá programar um modelo mate- tes acerca do comportamento das vá-
mático computadorizado do cérebro humano a rias células nervosas com suas interco-
partir do qual poderão ser desenvolvidos “com- nexões, construir um modelo matemá-
putadores biológicos” baseados na atividade do tico ordenado de todos os processos e,
cérebro humano, de modo a se criar computadores com habi- desta forma, avaliar a mente e recons-
lidades sociais capazes de expressar emoções. truir reversamente como ela funciona”,
Outro vai desenvolver um fio de carbono com a espessura de explica Segev. Ele e Markram consegui- YADIN DUDAÍ (ESQ) COM O PROFESSOR PERETZ LAVIE, PRESIDENTE DO TECHNION E ESPECIALISTA EM PSICOFISIOLOGIA DO SONO
um átomo, chamado grafeno, que será o futuro do mundo da ram descrever a seção central de milha-
miniaturização. Ambos venceram a disputa pelo financiamen- res de células nervosas do cérebro de
to de um bilhão de euros instituído pelo Programa de Investi- um camundongo de centenas, por meio tar milhões de cálculos. Se conseguirmos entender completa- soas que sofrem de tumores benignos
gação e Desenvolvimento da União Europeia. De ambos parti- de um modelo matemático, e certifican- mente a atividade cerebral, poderemos desenvolver chips de e cancerosos do cérebro, e de pacien- Futuras
cipam cientistas israelenses do Instituto Weizman e da Univer- do-se de que, na simulação computado- computador que produzem cálculos com baixo consumo de tes submetidos a cirurgia cerebral pro- descobertas
sidade Hebraica de Jerusalém. Concorreram vinte e uma equi- rizada, as conexões entre as células cere- energia e uma nova geração de computadores energeticamen- funda. “Nos pacientes dos quais foram podem
pes de pesquisadores, seis passaram para a fase final e duas brais se comportam de forma semelhan- te eficientes, que simulam a atividade das células nervosas”, removidos tumores ou focos epilépti- favorecer o
foram as escolhidas. te ao comportamento das células nervo- diz Segev. cos, na maioria dos casos o tecido ce- desenvolvi-
O objetivo é compreender o cérebro humano, um dos gran- sas no córtex cerebral do rato. Outro ramo do projeto avança em direção a um banco de rebral retirado vai para o lixo. Sob cer- mento de
des desafios da ciência moderna, e consolidar o conhecimen- Os pesquisadores do projeto atual dados acessível a médicos e pesquisadores com informações tas condições, em soluções fisiológicas computadores
to a respeito do cérebro a partir de pesquisas já realizadas e querem programar um modelo matemá- a respeito de todas as doenças neurológicas – as 560 conhe- que simulam o ambiente cerebral, po- com
construir modelos de atividades cerebrais com computadores. tico que simule o cérebro humano para cidas, relacionadas a lesões ou à atividade cerebral, como o demos estudar durante um dia inteiro características
O objetivo é programar um modelo matemático computadori- entender a atividade do cérebro e os me- mal de Alzheimer, Parkinson, epilepsia e doenças psiquiátri- a atividade elétrica das células e, com do cérebro
zado do cérebro e desenvolver “computadores biológicos” com canismos relacionados às doenças que cas como esquizofrenia, depressão, e perturbações do sono. as informações, elaborar modelos ma- humano,
base nas atividades cerebrais de modo a construir computado- se expressam na condução patológica “O objetivo é documentar as doenças e suas bases genéticas temáticos”, diz Segev. incluindo
res que possam expressar emoções. das células nervosas. E planejam proje- e neurais, e construir um banco de dados que possibilitará en- habilidades
O primeiro passo foi dado em maio de 2005, no chamado tar e desenvolver computadores biológi- contrar a conexão entre as doenças, e o tratamento médico”, Limites éticos da ciência sociais e
Blue Brain Project (Projeto do Cérebro Azul), pelo neurocien- cos baseados na atividade cerebral, que diz Segev. Também planejam usar os museus de ciência na Eu- O segundo projeto é o grafeno, do qual emocionais,
tista Henry Markram – do Instituto Suíço de Tecnologia, em simularão a atividade do cérebro huma- ropa, e em Jerusalém, para atualizar o público com as novas também participam pesquisadores is- e, portanto,
Lausanne –, que se doutorou no Instituto Weizmann. Markram no e que serão extremamente eficientes descobertas ao longo do projeto. raelenses em nanotecnologia, e é dirigi- questões éticas
dirige o atual projeto com pesquisadores do Instituto Weiz- no estudo do uso da eletricidade. A atividade elétrica das células individuais do cérebro do pelo físico finlandês Jari Kinaret, da difíceis
mann e da Universidade Hebraica de Jerusalém, como o pro- “Nossos cérebros consomem doze vivo será analisada para construir a simulação matemática Universidade de Tecnologia Chalmers,
fessor Idan Segev do Centro de Pesquisa do Cérebro Edmond e watts por dia, muito pouco para execu- do cérebro humano por meio de tecidos removidos de pes- na Suécia. Trata-se de desenvolver um
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CARTAZ DO DOCUMENTÁRIO
COTADO PARA GANHAR O OSCAR
Um marco
na história The
Gatekeepers
de Israel
foi exibido
nos cinemas e
cinematecas
de Jerusalém,
Tel Aviv e
Haifa e é um
OS SEIS ENTREVISTADOS NO DOCUMENTÁRIO THE GATEKEEPERS dos cinco
ARRISCARAM A VIDA DE VÁRIAS PESSOAS ENVIANDO-AS AO TERRITÓRIO finalistas
DO INIMIGO. OS SEIS TAMBÉM CONCORDARAM QUE DETIDOS PARA ao Oscar
INTERROGATÓRIO FOSSEM TORTURADOS, CONVENCERAM CIDADÃOS A TRAIR de melhor
OS PRÓPRIOS PAÍSES E ORDENARAM ASSASSINATOS SELETIVOS documentário.
O filme de
Dror Moré a
O
s seis entrevistados em The Gatekeepers dirigi- pelos líderes políticos aos quais explica- tar conversar. Não há alternativa”, afirma Shalom. “É da natu- Ayalon, duvida da eficácia dos assas- respeito do
ram o Shin Bet (diminutivo do hebraico Shabak vam as suas ações. reza do profissional inteligente falar com todos. Somente as- sinatos seletivos de líderes espirituais Shin Bet foi
que vem a ser sherut bitachon klali – serviço de “Depois dos combates é preciso cons- sim vamos ao fundo das coisas e descobrimos que ele não do inimigo. E o antecessor imediato de apresentado
segurança geral), uma das agências de seguran- truir a paz por intermédio de relações de come vidro e vê que eu não bebo petróleo.” Ayalon na agência de segurança Carmi pela primeira
ça mais importantes do país. Eles usaram o seu grande poder confiança. Conheço bem os palestinos e O filme exibe um texto escrito em 1968 pelo falecido intelec- Gillon acredita na possibilidade de um vez no último
para evitar ataques terroristas e proteger a população de Isra- sei que podemos criar esta reação com tual e filósofo Yeshayahu Leibowitz, um ano após a Guerra dos novo atentado político em Israel como Festival de
el, mas, para isso, o preço moral e em vidas foi muitas vezes eles”, revela o chefe do Shin Bet de 2000 Seis Dias: “Um país que controla uma população hostil de um aquele que matou o primeiro-ministro Jerusalém
enorme. e 2005 Avi Dichter. milhão de estrangeiros será necessariamente um estado poli- Itzhak Rabin, em 1995, quando os as- e depois
Os seis conheceram muito bem o lado mais violento e cruel “No Estado de Israel, é um luxo não cial, com tudo o que isso significa, com repercussões na educa- sentamentos judaicos na Cisjordânia fo- participou
do conflito israelense-palestino, deram informações surpreen- conversar com nossos inimigos”, con- ção, na liberdade de expressão e de pensamento e naquilo que rem evacuados. Para o chefe da agência dos melhores
dentes e fizeram revelações chocantes a respeito da realidade corda Avraham Shalom, comandan- expressa um governo democrático. A corrupção que caracteri- de 1988 a 1994 Jacob Pery, qualquer um festivais
israelense. te do serviço de segurança entre 1980- za todo regime colonial, também infectará o Estado de Israel. que serviu no Shin Bet e lembra das ope- mundiais,
O filme ganhou o prêmio de melhor documentário da Socie- 1986. “Devemos falar com qualquer um Por um lado, a administração terá de lidar com o fim dos movi- rações noturnas em residências de famí- ganhou muitos
dade Nacional de Críticos de Cinema dos EUA, porque o dire- que esteja disposto, incluindo o Hamas, mentos rebeldes árabes, e, por outro, recrutar colaboradores e lias assustadas para prender “acaba vi- prêmios e
tor Dror Moré extraiu afirmações sinceras e análises fascinan- o Jihad Islâmico e o presidente irania- traidores árabes”. O chefe do Shin Bet entre 2005 e 2011 Yuval rando um pouco esquerdista”. aplausos
tes dos ex chefes do Shin Bet. Eles reconhecem erros cometi- no Mahmoud Ahmadinejad. Mesmo se a Diskin concorda com cada palavra. Os seis ex-diretores do Shin Bet reco-
dos no exercício das funções e criticam as decisões tomadas resposta for insolente, sou a favor de ten- No documentário, o chefe do Shin Bet entre 1996-2000 Ami nheceram também que a ocupação da
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CINCO CÂMERAS
QUEBRADAS DISPUTA
O OSCAR DE MELHOR
DOCUMENTÁRIO COM
OS GUARDIÃES
A
produção de Os Guardiões (2012) foi mais um si- res no exército americano – tema emo-
nal da pujança da democracia israelense, onde cionalmente explosivo para as audiên-
tudo, virtualmente tudo é intensamente debati- cias dos EUA. How to Survive a Plague
do, até mesmo a delicada questão da segurança (“Como Sobreviver a uma Peste”, 2012)
interna comandada pelo Shin Bet. O confl ito israelo-palesti- também deve mexer com Hollywood,
no ficou sob o holofote nas semanas que antecederam a pre- duramente atingida que foi pela epide-
miação da Academia de Cinema de Hollywood porque outro mia de aids nos anos 1980. O documen-
documentário sobre o problema aparece entre os indicados. tário dirigido por David France conta a
Cinco Câmeras Quebradas (Five Broken Cameras – 2011) en- história de duas organizações – Act Up
frenta Os Guardiães, ao lado de Searching Sugar Man, How to e TAG (Treatment Action Group) – que
Survive a Plague e The Invisible War. ajudaram a mudar radicalmente a ma-
Cinco Câmeras Quebradas, documentário palestino dirigi- neira como a doença deveria ser enca-
do por Emad Burnat e Guy Davidi, lembra em alguns aspec- rada e tratada.
tos o filme da brasileira Julia Bacha (Budrus – 2009), sobre for- Tanto o filme palestino quanto o isra-
mas de resistência não violenta contra a ocupação militar isra- elense desnudam o caráter perverso da
elense. Desta vez o cenário é a aldeia de Bil’in, na Cisjordânia, ocupação militar israelense na Cisjordâ-
onde o protagonista decide registrar com a câmera as cenas do nia e apontam para a necessidade de se
conflito entre militares e civis quando Israel resolve construir chegar a um acordo de paz. No caso do
na aldeia a Muro da Separação. filme de Burnat, são especialmente ar-
O filme foi inteiramente gravado pelo agricultor palestino rebatadoras as cenas já proverbiais em
Burnat, que comprou a primeira câmera em 2005 para regis- que aldeões palestinos armados de paus
trar o nascimento do filho caçula. As gravações foram mais e pedras enfrentam uma força militar
tarde entregues ao israelense Davidi para a edição e monta- moderna e bem treinada. No caso do fil-
gem finais. Ao longo do processo de cinco anos, ele teve cin- me de Moré, temos um retrato devasta-
co câmeras quebradas pelas forças israelenses. E cada uma dor da natureza da ocupação israelense
dessas câmeras representa em si mesma um aspecto do con- através dos depoimentos dos dirigentes
flito, pela violência com que foi destruída. O esquema de co- das forças de segurança.
direção israelo-palestina suscitou a polêmica: o filme é isra- Não importa qual deles – ou se um de-
elense ou palestino? Quando foi indicado pela Academia de les – será o escolhido porque a simples
Cinema de Hollywood, a embaixada de Israel em Washington indicação desses dois documentários já
classificou-o como “produção israelense” gerando celeuma. fornece sinais muito claros de para onde
Os outros três concorrentes seguem o cânone cinemato- caminha a política norte-americana em
gráfico de Hollywood nesse tipo de premiação. Searching Su- relação ao conflito israelo-palestino nos
gar Man (“À Procura de Sugar Man”, 2012), dirigido por Mark próximos anos.
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merecia um Spielberg
Em vez de tomar o sucinto “Discur-
so de Gettysburg” como modelo, Kush-
ner prefere a narrativa lenta e frustrante
– amável e paternal, mas também longa
e cansativa – de Lincoln nos momentos
de descontração. Mesmo para o talento-
so Daniel Day-Lewis, um visionário, se
COM LINCOLN, MAIS UMA VEZ STEVEN SPIELBERG É ACUSADO DE ERRAR NA MÃO QUANDO RESOLVE FILMAR TEMAS alguma vez houve um, é difícil manter
HISTÓRICOS. AINDA BEM QUE HÁ O TALENTO INQUESTIONÁVEL DE DANIEL DAY-LEWIS... o interesse em uma interminável piada
a respeito de um retrato de George Wa-
L
incoln nasce das câmeras de Steven Spielberg, pro- Lincoln), publicado em 2005. O filme en- shington em uma latrina. Duvido que
vavelmente o mais influente contador de histórias foca alguns dias de janeiro de 1865 – ali- o verdadeiro Abe, o Honesto, pudesse
no cinema moderno, e certamente um dos mais ir- ás, uma decisão prudente, pois Spiel- conseguir um efeito tão soporífero sem
ritantes. Vários dos seus primeiros fi lmes – Tubarão berg desenvolve esse breve período em algo apreciado pelos governantes de to-
(1975), Contatos Imediatos do Terceiro Grau (1977), Caçadores uma saga de duas horas e meia. dos os tempos: um público cativo que
da Arca Perdida (1981), ET – O Extraterrestre (1982) – mere- A cena de abertura mostra um pouco tem de prestar atenção em cada palavra,
cem lugar de destaque no hall da fama dos fi lmes do gênero do caos e da carnificina da Guerra Civil, queira ou não.
fantasia. Mas quando os temas não são puro faz-de-conta, os e lembra, embora ainda esteja bem lon- Outro erro de cálculo é a tentativa de
seus fi lmes tendem a encalhar nas complexidades do mundo ge, o deslumbrante episódio do desem- Spielberg de injetar suspense na vota-
real em que a imaginação solta não pode dar conta do recado. barque do Dia D que dá ao Resgate do ção da Câmara, o clímax do filme. Cine-
Este problema é ainda mais evidente quando Spielberg trata Soldado Ryan os únicos momentos de mas são o último lugar para ir quando se
de temas históricos importantes inadequados a um espetácu- grandeza. Em seguida, a atenção se vol- procura a verdade histórica, por isso dis-
lo sentimental. Para perceber os méritos de A Lista de Schind- ta para a política. Lincoln corre contra o penso as imprecisões de Lincoln, como o
ler (1993), é preciso esquecer a maneira como o cineasta reduz relógio para obter do Congresso a apro- fato de a sessão de votação na vida real
os nazistas a psicopatas, e as vítimas do Holocausto, a cifras. vação da Décima Terceira Emenda, já DANIEL DAY-LEWIS SENDO PREPARADO PARA REPRESENTAR LINCOLN, PERSONAGEM QUE O CATIVOU ter sido bem menos clara e ordeira do
Cavalo de Guerra (2012) transforma toda a Primeira Guerra aprovada pelo Senado, mas parada na que a exibida na tela. Mas mesmo quem
Mundial em um melodrama vistoso a respeito de um garoto Câmara dos Deputados, onde as opini- desconhece que, em 1865, a Câma-
e seu cavalo baio. Uma cena piegas de o Resgate do Soldado ões estão polarizadas. ra aprovou a Décima Terceira Emenda,
Ryan (1998) finge que o presidente Franklin Roosevelt era me- Ao acabar de vez com a escravidão, a sabe que alguma emenda pôs fim à es-
nos deficiente físico do que a história sugere. E há ainda Muni- emenda vai trazer ao debate a possibili- cravidão durante a Guerra Civil, e a de-
que (2005), acerca das represálias israelenses contra terroris- dade real de a Suprema Corte derrubar cisão de Spielberg de valorizar a cena da
tas depois do massacre dos Jogos Olímpicos, em 1972. Depois a Proclamação de Emancipação, após o votação com closes de rostos ansiosos e
de duas horas e meia de melodrama violento, o filme atinge o fim da Guerra Civil. É cada vez mais cla- a lenta contagem das cédulas é supérfluo
seu pesado clímax em uma cena que intercala o orgasmo de ro que logo o Sul vai se render – no mo- e forçado.
um personagem com flashbacks dos assassinatos que plane- mento uma delegação confederada está
jou. Com essa montagem infame, a história, à moda de Spiel- a caminho de Washington– e se a notí- Day-Lewis parece o melhor
berg, atinge o seu ponto mais baixo. cia vazar isso poderia arruinar os pla- Day-Lewis é o mais recente dos vários
Lincoln é consideravelmente superior à maior parte dos fil- nos de Lincoln. É que a indignação do atores imponentes – e altos – escalados
mes mencionados acima. Tony Kushner, que escreveu Muni- Norte em relação à guerra é o instru- para retratar Abraham Lincoln em gran-
que, baseou o roteiro, em parte, no livro da historiadora Do- mento mais forte de que dispõe para des filmes. Em 1930, Walter Huston fez
ris Kearns Goodwin: Team of Rivals: The Political Genius of convencer os membros da Câmara a vo- este papel no filme homônimo de D.W.
Abraham Lincoln (Time de Rivais: O Gênio Político de Abraham tar em favor da alteração, não importa CENA DE LINCOLN, CONSIDERADO SUPERIOR A MUITAS DAS OBRAS DE SPIELBERG Griffith. O jovem Henry Fonda foi o pro-
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Nebech
Podemos, por exemplo, traduzir a pri-
meira frase como: “Aquele zero à es-
querda bagunçou de novo”; o segundo
como “o coitado nunca foi um sucesso”;
o terceiro seria: “Ela quebrou a perna –
que vergonha!”; o quarto como: “É mui-
to ruim, eu queria vir, mas não pude”;
NEBECH É UMA PALAVRA ÍDICHE ULTRAVERSÁTIL, COMO NOS MOSTRA e, no último, “Os judeus, sinto dizer, são
O NOSSO ESPECIALISTA EM TERMOS JUDAICOS. COMO MUITAS OUTRAS um povo teimoso”.
PALAVRAS ADOTADAS PELOS JUDEUS, A ORIGEM DE NEBECH É CONTROVERSA Alternativamente, podemos tentar en-
contrar uma única palavra para encai-
Q
uando certa vez mencionei a palavra xar em todos os exemplos. A melhor,
ídiche nebech, cuja última consoante sem contar a primeira sentença, prova-
se pronuncia como o “ch” de Bach, vá- velmente seria “infelizmente”. Se você
rios leitores se lembraram de terem sido substituí-la por nebech nas outras quatro
chamados assim em algumas – e diferentes – ocasi- frases, é possível uma tradução razoavel-
ões. Um deles, quando criança após a morte do pai, mente precisa.
com o evidente sentido de “coitado”. “Razoavelmente precisa” porque ne-
Nebech é uma palavra de difícil tradução que em bech, como advérbio, possui uma quali-
uma frase em ídiche pode funcionar como substan- dade emocional que “infelizmente” não
tivo, adjetivo implícito, advérbio, exclamação ou lo- tem. Se eu disser: “Infelizmente, ela que-
cução adverbial, dependendo bastante da colocação, brou a perna”, significa que, conside-
com a qual quem fala ou escreve em ídiche dispõe de rando tudo, não é bom quebrar a perna.
uma grande dose de liberdade. Considere os exem- Se disser: “Zi hot gebrochn a fus, nebe-
plos: ch”, também expresso simpatia pela aci-
1. “Der nebech hot noch amol geplontert.” (“Esse ne- dentada. Nebech tem dupla face: apon-
bech bagunçou de novo.”) ta tanto para uma pessoa ou evento in-
2. “Er iz keynmol nit geven, nebech, a gerotener.” feliz como para a angústia que isso traz
(“Ele nunca foi, nebech, um sucesso.”) com quem fala. Às vezes há um toque
3. “Zi hot gebrochn a fus, nebech!” (“Ela quebrou a de pena em nebech, sentimento que se
perna, nebech!”) acentua com o diminutivo nebechl, e seu
4. “Nebech, ich hob gevolt kumen, ober ich hob nit tom de afeto.
gekont.” (“Nebech, meu queria vir, mas não pude.”) Nebech é definitivamente uma palavra
5. “Di yidn, nebech, zenen an am kshey-oyref.” (“Os de origem eslava, apesar das controvér-
judeus, nebech, são um povo teimoso.”) sias entre os etimologistas se do polonês
nieboga, “coitado”; do tcheco medieval
No primeiro desses exemplos, nebech é o sujeito nebohy (em tcheco moderno se diz nebo-
da frase. No segundo, o termo vem depois do predi- zák), de significado similar; ou de outra
cado (“ele nunca foi”) e está no meio da frase. Na ter- língua eslava. É uma polêmica com ra-
ceira sentença, segue-se um objeto direto (“perna”) e mificações, pois traz a questão a respei-
encontra-se no fim. Na quarta, está no início e pre- to de qual foi a rota ídiche de difusão do
cede a tudo. No quinto, o termo está novamente no termo entre aqueles que falavam línguas
meio, mas depois do sujeito (“os judeus”). eslavas na Europa Oriental.
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Branco bom
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Adeus doloroso
de bola Stanley Fischer, o crânio das finanças mun-
A Copa de Futebol da África, diais, que largou empregos top no FMI e no
realizado na África do Citigroup para ajudar a manejar a economia
Sul, trouxe uma novidade. israelense como diretor do Banco Central,
Pela primeira vez, entre os anunciou que deixará o cargo em junho,
368 atletas participantes antes do prazo previsto. Durante sete anos de
havia um judeu: Dean brilhantes serviços, segurou firme o leme da
Furman, 24 anos, nascido economia israelense em vários momentos de
na Cidade do Cabo, joga crise global e foi escolhido o “melhor diretor
atualmente no Oldham de Banco Central do mundo”. É considerado
Athletic, clube da terceira uma peça fundamental na aceitação de Israel
divisão inglesa. Começou no restrito clube da Oecd, que reúne as trinta ∂
10 notícias de Israel
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a carreira no Chelsea e até economias mais desenvolvidas do mundo.
1
tentou a sorte no Macabi Deixa o Banco Central e Israel e voltará a Herói da pátria
Tel Aviv. Despontou há dois morar em Nova York com a mulher. Três meses depois de emocionar o país ao perder um braço numa batalha na
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Multiplica-vos anos, quando fez um gol fronteira de Gaza e lutar para não morrer no hospital, o capitão Ziv Shilon voltou
O líder espiritual do partido ortodoxo- considerado o mais bonito a colocar o uniforme do Tzahal na cerimônia de formação de novos soldados da
sefaradi Shas rabino Ovadia Yosef, das ligas secundárias da Brigada Givati, a tropa de elite da infantaria israelense. Shilon apareceu em uma
92 anos, não ficou muito feliz com Inglaterra. Foi convocado quadra esportiva de Jerusalém adaptada para o evento com uma prótese em forma
os resultados das últimas eleições, para a seleção sul-africana, de gancho no lugar da mão esquerda, e a direita ainda enfaixada. Logo após a
mas a frustração foi compensada em estreando num amistoso Santo tratamento explosão que o feriu, conseguiu achar a mão que lhe fora arrancada e entrar sozinho
família: ele agora é trisavô porque a contra o Brasil em setembro Jihad tem 3 anos e é filho de um eletricista no jipe de resgate. Na cerimônia, abraçou cada um dos seus comandados alinhados
neta teve uma neta. Considerado um passado. Caso se classifique muçulmano de Jerusalém Oriental. Nasceu em quatorze fileiras, que responderam quebrando o protocolo e o aplaudindo por
gênio do Talmud, Ovadia abençoou o para a Copa do Mundo, olho com uma doença genética rara que o impedi- longos minutos.
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novo membro da família, Ofrat. Lido no rapaz. rá de crescer mais de 1,20m, terá problemas
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ao contrário em hebraico, este nome no coração, olhos e ossos e tendência a mor-
forma as letras do ano judaico em que rer depois dos 10 anos de idade. Em Israel, Boa nova
Yosef nasceu, equivalente a 1920. O Adeus ao boss ninguém padece deste mal. O orçamento Agora é oficial: o Departamento de Águas israelense anunciou que terminou a seca
bebê é bisneta da quinta filha – de um Morreu Ed Koch, o prefeito judeu de Nova York que marcou a história da cidade deste ano destinado a remédios da rede no país que já durava sete anos. As fortes chuvas deste inverno ajudaram, mas não
total de nove – Yafa. É, portanto, uma nas décadas de 1970 e 1980. Metódico, já havia preparado o túmulo num cemitério pública do Ministério da Saúde é de trezentos foram o principal fator. O herói desta história é a dessalinização, que hoje já supre
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bisavó com um pai vivo. cristão de Manhattan, onde, orientado por rabinos, fez um cercado para marcar sua milhões de shekels, contra um total de dois metade do consumo de água em Israel. Vem de três usinas instaladas na costa e até
identidade. Mandou esculpir uma estrela de David, o Shemá Israel e uma menção bilhões de shekels em pedidos de cobertura. o final do ano que vem haverá mais duas, que suprirão 70% da necessidade do país.
Cana brava à sua atuação como soldado norte-americano na Segunda Guerra Mundial. Depois Mesmo assim, por “razões humanitárias”, Esta é a razão porque o preço ao consumidor não cai: sugar água do mar e retirar o
Depois de cumprir pena de três mandou inscrever na lápide as últimas palavras do jornalista Daniel Pearl, assassina- decidiu-se bancar os 1,2 milhão de shekels do sal é um processo caro. Enquanto isto, os jornais aproveitaram para publicar anúncios
anos e meio, acusado de desviar o do por islâmicos radicais no Paquistão: “Meu pai é judeu, minha mãe é judia, eu sou tratamento do menino, que poderá viver com históricos em que o governo apelava à população para economizar água. Como um de
equivalente a um milhão de reais do judeu”. Tanta preparação foi ouvida “lá em cima” e Koch morreu exatamente no dia menos sofrimento até os 30 anos. 1990, onde um ministro sugeriu que casais se banhassem juntos.
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caixa da Histadrut, o maior sindicato do assassinato de Pearl, 1º. de fevereiro.
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do país, o ex-ministro das Finanças
∂
Avraham Hirschson foi solto da prisão
em janeiro. Mas a alegria da família Oy vey
durou pouco. Um mês depois, em Susto na indústria de filmes pornô dos EUA, com a internação às pressas de Ron Nova família
fevereiro, o filho dele, Barak, 29 anos, Jeremy, vítima de um aneurisma. Jeremy, 59 anos, judeu de Nova York, filho de um Em Israel são realizados dezenove mil abortos ilegais por ano, segundo o último levan-
começou a cumprir sentença de sete médico e de uma editora de livros, atuou em mais de dois mil filmes pornográficos tamento do Ministério da Saúde. A legislação proíbe a uma mulher casada e saudável
meses de cadeia. A razão: há um ano, e foi considerado “um dos cinquenta maiores pornostars de todos os tempos”. Após interromper a gravidez, o que explica esse setor da economia que atua no mercado
Barak foi a um restaurante com a se formar em pedagogia e quebrar a cara tentando a sorte como ator, foi convidado negro e cobra o equivalente a R$ 2.500,00 em alguma clínica chique de Tel Aviv ou
namorada e encheu a cara, o que não para participar de “filmes adultos” e ficou milionário. Para alguns, o sucesso surpre- R$ 250,00 num muquifo de Yaffo. Existe risco de prisão e a pena é de cinco anos.
o impediu de pilotar a moto. Ocorreu endeu porque Jeremy é, digamos, pouco atraente, com bigode e cabelo comprido Segundo a ONG Mispachá Chadashá (“Nova Família”, em hebraico), do total de casos
um acidente que deixou a garota de fora de moda. Especialistas explicam que o segredo de Jeremy é a esperança que de gravidez no país, cerca de 10% são interrompidos por abortos ilegais. E, surpresa: o
23 anos paralítica pelo resto da vida. infunde ao sujeito mediano que assiste aos filmes. número de mulheres seculares e religiosas que abortam ilegalmente é o mesmo.
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PARA BIALIK,
A TERRA DE
ISRAEL ERA O
RENASCIMENTO
NACIONAL, NÃO
A DIÁSPORA
A
o discursar no 78º aniversário da morte de Bia- universal se combinam. E no lugar onde
lik, em julho de 2012, o premiado poeta e tradu- se encontra seu nacionalismo, também
tor Meir Wieseltier se derramou em elogios pela se encontra sempre um elemento uni-
contribuição de Bialik à sua geração e seguintes: versal”, escreveu Bialik ao amigo e es-
“Os poemas de Bialik realizaram, e ainda realizam, o traba- critor Nathan Bistritzky. A este respeito,
lho divino com relação à linguagem da nova poesia hebraica”. Bialik se igualava aos profetas liberais Havia aqueles,
Mas Wieseltier perguntou: “Faz sentido continuar insistindo de libertação nacional e reflorescimen- como o
em chamar Bialik pela velha e conhecida expressão de ‘poe- to do século 19, como Mazzini (Giuseppe poeta David
ta nacional’? Talvez pudéssemos usar outro termo – um gran- Mazzini, 1805-1872, lutou pela unifica- Frishman, que
de poeta, por exemplo, o maior dos novos poetas hebraicos”. ção da Itália) Masaryk (Tomás Garrigue discordavam
Em 1994, dezoito anos antes de Wieseltier, o poeta Moshé Mazaryk, 1850-1937, fundador e primei- do elemento
Ben-Shaul também discursou ao pé do túmulo de Bialik, pro- ro presidente da república da Tchecoslo- nacional e
feriu louvores ao “mais importante dos poetas hebreus na váquia) e também Herzl. profético
era moderna” e também disse que talvez ele não fosse mais Bialik não aceitava a ostensiva con- do trabalho
o “poeta nacional. Bialik fala a todos, inclusive à juventude... tradição entre o pessoal e o nacional, de Bialik,
Neste rótulo de ‘poeta nacional’ há algo que imediatamente tornado consenso em nosso tempo. preferindo, por
semeia a divisão, cada liderança política está pronta e dis- Além de apoiar a liberdade e a inde- várias razões,
posta a cooptá-lo”. pendência do poeta, enfatizava o óbvio: a sua poesia
Mesmo enquanto vivo – e Bialik nasceu há 140 anos –, ha- nenhum indivíduo está em um espa- lírica. Mas o
via aqueles, como o poeta David Frishman, que discordavam ço desprovido de um contexto que for- declínio da
do elemento nacional e profético do seu trabalho, preferin- ma o cultural, o nacional e o universal. legitimidade
do, por várias razões, a sua poesia lírica. Mas o declínio da le- Além disso, para a ele e sua geração a do
gitimidade do nacionalismo de uns tempos para cá deve ser “coroa de louros” de poeta nacional não nacionalismo
visto em um contexto maior, além do literário. Esse recuo de- era desprovida de sentido como é hoje, de uns tempos
corre, principalmente, da vitória do liberalismo no Ocidente, pois o trabalho da vida de Bialik, poéti- para cá deve
como parte da supremacia do indivíduo como tal. Daí emer- co ou não, estava profundamente ligado ser visto em
ge o olhar desconfiado para qualquer valor coletivo (incluin- à empreitada do renascimento nacional um contexto
do o nacional) capaz de anular ou restringir a individualida- do povo judeu. maior, além do
de ou a escolha pessoal do indivíduo. A ideia de nacionalis- Observar exclusivamente as obras po- literário
mo tornou-se associada à discriminação, guerras e genocídio. éticas de Bialik e ignorar as tarefas maio-
Daí, também, a tendência de subestimar a natureza profun- res que se impôs diminui a sua estatura.
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à ruptura com a religião e à perda da in- e estéticas – foi publicada em outubro de 1932 no jornal Yedio- acrescentou elogios à tarefa de Bialik de
tegridade baseada na fé – não eram vis- th Achronot com o título “O que fazer para melhorar Tel Aviv”. reviver o idioma hebraico, e pela sua reali-
tos por ele como ocupações menos im- Como parte de ampla atividade cultural fundou, em Tel Aviv, zação como poeta nacional compositor de
portantes do que escrever poemas. Isto a organização Oneg Shabat cujo objetivo era incluir nas come- canções folclóricas: “Este milagre que Bia-
é, dedicar-se ao longo de mais de trinta morações de Shabat conteúdos modernos originários da his- lik operou eleva o poeta ao nível da con-
anos à tarefa de “juntar” os tesouros da tória, cultura e legado judaicos. A Oneg Shabat continuou ope- sagração popular nacional mais do que to-
cultura judaica. O carro-chefe dessa ta- rando mesmo décadas depois da morte dele. dos os seus poemas de reprovação”.
refa era Sefer Ha’Aggadah (“O Livro das A personalidade afável e sociável, a simplicidade de com- No espírito desta associação pesso-
Lendas”), que Bialik co-editou com o co- portamento, a franqueza e vontade de ajudar qualquer um no al-nacional-universal, em dezembro de
lega Y. H. Ravnitzky. O aspecto nacional país, do reitor da Universidade Hebraica ao mascate no Mer- 1971 Nathan Bistritzky escreveu no jor-
deste trabalho enorme foi fundamental cado Carmel (Shuk HaCarmel) ajudaram a identificar Bialik nal Ha’am Kol, que Hachnisini Tachat
no pensamento de Bialik. como poeta nacional, pois todos pareciam sentir que conti- Knafech foi o poema mais nacionalis-
“A terceira parte do Sefer Ha’Aggadah, nham uma parte dele. Em conferência de escritores em Jerusa- ta de Bialik: porque “em seus abarrota-
renovado, está perto do arranjo final”, lém, na primavera de 1930, Bialik também pregou o caminho dos esboços mentais, há a soma dramá-
disse Bialik a um amigo, pouco antes da responsabilidade nacional, como registrou depois em De- tica da posição lírica de um indivíduo e
de morrer (em Igrot Bialik, Editora F. varim She’be’al Pé (Dvir, 1935): “Algumas pessoas pensam que da história de seu universo, e este... Tam-
Lakhover. Dvir, 1939). E destaca: “Esta o artista-escritor-poeta cumpre as suas obrigações por meio bém esgota, em si, de forma lírica, o dra-
parte, do ponto de vista dos temas, todos do trabalho, e que está acima do ‘Código da Lei Judaica’ e das ma de um coletivo nacional, cuja tragé-
de conteúdo nacional, é maior do que mitzvot; que está isento de todas as obrigações nacionais, e só dia assim vem à luz instantaneamen-
todas as outras, e em Israel não há ne- os ‘simples’ mortais são obrigados a segui-las. Nunca dei tal te em um retrato muito humano, isto é,
nhum livro nacional que possa se rivali- privilégio a um artista hebreu”. universal”.
zar com ele”. Esta posição também fazia parte da doutrina educacional Em Tel Aviv, junho de 1933, duran-
Como poeta nacional, e no âmbito de Bialik, e se manifestou, por exemplo, no discurso “Keren te uma conferência de escritores, Bialik
do esforço literário, cultural e público Kayemet e as mitzvot nacionais”, que proferiu na aldeia infan- discutiu a justiça e a pureza moral que
como um todo, Bialik deu voz ao sofri- til Ben Shemen, em 1927: “A religião tornou-se algo menor na pesa sobre o autor (de Devarim She’be’al
mento e às esperanças do individual e educação. Não vou dizer se isto é ou não é bom, mas é preciso Pé): “O escritor também tem direito a ser
>> do coletivo na Palestina e na Diáspora, preencher esse vazio com um ensino nacional, é necessário li- membro de qualquer organização e par-
Afinal, além de poeta, também era contador de histórias, tra- A POETA LEA e, como “quase-presidente” da sua ge- gar os problemas nacionais à educação... Devemos educar as tido se ele assim o desejar, mas, como Bialik deu uma
dutor, editor, compilador, linguista e comentarista – habilida- GOLDBERG DIZIA ração, até mesmo emitindo decisões a crianças na prática das mitzvot nacionais. As crianças não de- escritor, não deve se tornar escravo de contribuição
des que compõem a construção da cultura nacional renovada. QUE BIALIK respeito de várias questões fundamen- vem ser educadas apenas a respeito de questões particulares... qualquer ídolo. Ele deve ser livre. A pró- decisiva para o
E, acima de tudo, ao longo da vida, Bialik serviu como estrela- DEVOLVEU A tais do período. O dízimo nacional, a doação para beneficiar instituições nacio- pria consciência será seu guia, e não o reflorescimento
guia moral e política, para os colegas escritores e intelectuais, INFÂNCIA AO POVO Como tal, para Bialik a terra de Isra- nais – o trabalho em seu favor deve ser um elemento impor- seu partido. E a consciência e a medi- da língua
e também para o público de todos os tipos e idades, da esquer- DE ISRAEL el, e não a Diáspora, era o palco do re- tante da educação”. da moral do escritor são nada menos do hebraica e
da e da direita, de origens religiosa e secular, e de diferentes di- nascimento nacional. Ele deu uma con- que lealdade absoluta à própria verda- trabalhou
ásporas. Todos olharam para ele quando confrontados com di- tribuição decisiva para o reflorescimen- Gêneros variados de, o compromisso com o talento e com para que fosse
lemas a respeito da formação da identidade nacional. to da língua hebraica, à qual acrescen- A identificação de Bialik como poeta nacional está geralmen- si mesmo, para não forjar o seu selo por declarada a
Por exemplo, Yona Shulman, jovem do Vale de Jezreel: em tou inovações próprias e trabalhou para te relacionada aos seus poemas de Sion, como El Hatzipor e meio de falsidade e de fazer vistas gros- única língua
carta de novembro de 1929, confessa a Bialik a aflição pela que fosse declarada a única língua na- Basadé; seu trabalho no beit midrash (casa de estudo da Torá), sas, para que não comercialize notas fal- nacional, em
comemoração mundana dos feriados onde vive, assim como cional, em vez da sua rival, o ídiche. como Lifnei Aron Ha’sefarim e Hamatmid; e também seus po- sas de palavras”. vez da sua
pelo vazio que sente em relação à alienação das fontes de Ele foi crítico feroz da passividade dos emas de repreensão e fúria, de Ahen Hatzir Ha’am (1897) a Em 1929, aos 57 anos, Bialik encerrou rival, o ídiche.
cultura e costumes judaicos. Um trecho: “Perdemos todos os judeus na época das revoltas árabes na Re’item Shuv Bekotzer Yadhem (1931). assim outra conferência: “As obras literá- Foi crítico feroz
valores nacionais. Perdemos todo o sentido do positivo, que Palestina na década de 1920, e apelou Além desses, Bialik também escreveu poemas a respeito rias intencionalmente escritas para a Pa- da passividade
é orgulho do nosso povo e da nossa cultura, porque não a re- para se organizarem em autodefesa. Ele da natureza, o amor, ars poetica, canções folclóricas, infantis lestina e para várias instituições são uma dos judeus
conhecemos, e tudo é como um livro fechado diante de nós. trabalhou para fazer a ponte entre a tra- e muito mais. Em In a Foreign Corner (“Em um Canto Estran- vergonha para nós. Transformar nossos na época das
E a questão aguarda por uma solução... O Shabat deve chegar dição e a modernidade, e pediu que se geiro”, Davar, 1938), o poeta Elisha Rodin aponta, entre outras escritores em bedéis? Eu expulso tais es- revoltas árabes
a Naalal. É possível e positivo que a juventude se reúna em preservassem os bens culturais autên- coisas, a dimensão nacional que sentiu no Zohar de Bialik: “É critores. Se agir de acordo com sua capa- na Palestina
todo o vale e dedique um encontro especial para isso – e você ticos dos variados grupos étnicos judai- uma rede de memórias, experiências geográficas, [o] pessoal cidade e trabalho todo mundo é útil ao na década
deve dirigi-lo. Espero com ansiedade a sua chegada, e para cos – seja da Polônia, da Espanha ou do e biográfico-nacional... e nesse mesma rede do indivíduo e do povo. A utilidade está em o escritor ser de 1920, e
falar com você sobre isso”. Iêmen – e os colocasse em um único tribal, eu li a respeito da infância de Bialik, e senti como ela se livre, e isso é mais benéfico para ambos, apelou para se
molde cultural. entrelaça com a da minha nação”. o povo de Israel e o escritor”. organizarem
A tarefa de “reunir” Além disso, Bialik se envolvia em to- A poeta e escritora Lea Goldberg, por sua vez, viu Zohar e a em autodefesa
As atribuições de Bialik como criador de cultura e alguém para das as áreas. A sua doutrina “verde” – na história Safiá como obras nas quais “Bialik deu ao povo de Is- * Shmuel Avneri é o diretor do Arqui-
quem convergiam os anseios da geração – no período seguinte qual fazia despontar questões ecológicas rael a sua infância de volta” (Mishmar, julho de 1944). Ela então vo Bialik, em Tel Aviv
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WILHELMFURTWÄNGLER
inquenta dos 74 músicos se afastaram e criaram lhelm Furtwängler e, depois, com Her- des Regentes em Busca do Poder”. A respeito disso, Ni-
uma nova orquestra, na forma de uma associação bert von Karajan. kolaus Harnoncourt – maestro alemão nascido na Áus-
musical autônoma e autogerida, em que os músi- A crise de 1929 e a brutal inflação da tria, – sempre que lhe perguntam menciona a existência
cos eram os próprios acionistas; uma espécie de Alemanha no entreguerras provocou es- de um ambiente de obediência não ilustrada, de auto-
cooperativa. Nascia a Filarmônica de Berlim, e a partir daí tragos na cooperativa de músicos que anulação, de pobreza espiritual, de competição dilace-
a história da interpretação musical não seria mais a mesma e logo procurou a proteção do Estado para rante e de medo.
se descobria que orquestra pode desempenhar papel político. não desaparecer e, em março de 1933, Para ele, “a profissão de maestro é muito perigosa. Ele
A Orquestra do Reich – A Filarmônica de Berlim e o Nacio- já com o nazismo no poder, Furtwängler conduz uma orquestra de cem ou mais homens, ano a
nal-Socialismo, 1933-1945, de Misha Aster (Editora Perspecti- pediu socorro ao poderoso ministro da ano, o tempo todo. Tem sempre razão, e ponto final. A ele
va, 337 pp., R$ 70,00) vai muito além de contar a história da Propaganda Joseph Goebbels. Os dois se cabe decidir e convencer as pessoas. É uma das poucas OTTO KLEMPERER
orquestra que, aliás, consome algumas poucas páginas. O in- reuniram e, depois, ficou registrado que profissões em que alguém exerce sobre muitos homens TAMBÉM SE CONVERTEU,
teresse do autor, a respeito de quem nem a editora nem o pró- “o dr. Goebbels planeja assumir as res- uma autoridade permanente, direta, sem a mediação de MAS RETORNOU AO
prio livro, no prefácio ou na orelha de capa, fazem qualquer ponsabilidades da Filarmônica”. outras instâncias como ocorre em uma grande empresa”. JUDAÍSMO DEPOIS DO
referência, foi mostrar as relações incestuosas entre o regime Claro, houve impasses burocráticos, Era bem mais do que isso na Filarmônica de Berlim, HOLOCAUSTO PARA
nazista e o conjunto da orquestra, primeiro com o maestro Wi- disputas políticas em torno do butim durante o nazismo. DENUNCIÁ-LO
L
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AH
Vital Battaglia | Editora Detalhe | 281 pp.
O Pacifista É o livro magistral de um velho colega, companheiro de criação do Jornal da Tarde, e cuja agonia relata logo
John Boyne | Companhia das Letras | 304 pp. | no começo com o “Atestado de Óbito”. O jornal deixu de circular em outubro passado. As dezenas de capítu-
R$ 39,50 los, contando histórias de reportagens e bastidores do futebol, são puro jornalismo e evidência de que não se
O livro mais famoso de Boyne é O Menino do Pi- faz mais jornal como antigamente. É uma obra-prima que deve servir de guia para estudantes de jornalismo
jama Listrado. Esse também trata de guerra, interessados em fazer a profissão de fé na verdade.
mas da Primeira, em que os principais perso-
nagens são dois soldados britânicos, Tristan Sa-
dler e William Bancroft, que se conheceram na Fuga do Campo 14
academia militar e estiveram juntos nas mesmas Blaine Harden | Intrínseca Editora | R$ 24,90
trincheiras do norte da França, contra os ale- Shong Ding-hyuk tinha 23 anos quando descobriu que havia vida para além dos muros e das cercas de arame
mães. Tristan carrega um segredo que lhe pesa farpado do “campo categoria controle total”, o tal campo 14, onde nasceu e durante todos esses anos se ali-
na alma e vai à procura da irmã de William para mentou de mingau de milho e sopa de repolho e, de carne, quando capturava um rato, espécie de que, aliás,
tratar disso sob o pretexto de entregar cartas do se tornou exímio caçador. Aos 13 anos, delatou a mãe e o irmão que planejavam fugir, foram presos e execu-
leituras magazine irmão que morrera em combate. tados. O livro revela um mundo que pensávamos extinto depois das atrocidades nazistas.
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Avodat Shabbat
Naxos | R$ 29,90 Six Violin Concertos for Anna Maria
As pessoas precisam conhecer o “Milken Ar- Antonio Vivaldi | CPO | R$ 49,90
chive” (www.milken archive.org), criado em Vivaldi, o “padre vermelho”, escreveu 31 concertos e 24 deles, para violino, têm o autógrafo dele. Alguns foram
1982 por dois irmãos para produzir educação agrupados em um Caderno Musical de Anna Maria para Violino. Numa época, final do século 17 e começo do
e investigações médicas, e a preservação da 18, quando o mundo era fechado às mulheres, despontou a violinista Anna Maria, nascida em Veneza, e que em
música judaica dispersa pelos países que aco- meados dos anos 1720 conheceu a glória e a fama, apresentando-se nos melhores palcos da Europa.
lheram os judeus durante centenas de anos.
Isso explica porque de tempos em tempos
surgem lançamentos pela gravadora Naxos, La musica notturna delle strade di Madrid
de que as pessoas não têm o menor conheci- Boccherini | Harmonia Mundi | R$ 69,90
mento. Como este Avodat Shabat composto Nos últimos anos parece ter havido a redescoberta das virtudes e das qualidades de Luigi Boccherini e se
por Herman Berlinski (1910-2001), nascido multiplicam as gravações de suas obras, às vezes separando-as por fases da vida do compositor, nascido em
músicas magazine na Europa Oriental. Lucca (Itália) em 1743 e morto em Madrid em 1805. Ele é mais conhecido por um famoso minueto composto
em Madrid e os fandangos que escreveu revelando a influência espanhola.
“Os cd’s acima estão à venda na Livraria Cultura ou pela internet www.livrariacultura.com.br. Pesquisem as promoções. Sempre as há e valem a pena”
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O alimento
quelas que acabam frequentando latas
de sardinhas por erro voluntário comum
de autenticidade e de produtores que en-
da nossa mente
ganam o consumidor, sem com isso le-
sá-los em gosto e força alimentar, pois o
arenque do Atlântico Norte é tão gostoso
quanto ou mais, e é tão precioso alimen-
to proteico ou mais, que as sardinhas do
Tirreno Sul (ricas em ácidos graxos ôme-
COMIDA NÃO É SÓ COMIDA. É EMOÇÃO, INFORMAÇÃO E POLÊMICA. ga 3, ácido eicosapentaenóico e ácido
COMIDA FAZ VIVER QUANDO É BOA, PODE MATAR QUANDO NÃO É; FAZ docosahexanóico). Fonte de vitamina D,
SORRIR DE TRISTEZA E CHORAR DE ALEGRIA, GERA PROFUNDAS EMOÇÕES; contêm baixas taxas de toxinas bifenil
TRAZ SATISFAÇÃO NA SACIEDADE, GERA FRUSTRAÇÃO QUANDO NÃO policlorados, dioxinas e mercúrio. É da-
ATENDE ÀS EXPECTATIVAS quela espécie sugerida como a melhor
escolha ecológica para a alimentação, de
N
a raiz da palavra “comemoração” lá está ela, a comida acordo com o Órgão de Defesa Ambien-
num alegre coletivo que partilha a comilança sem li- tal dos Estados Unidos, por conta dos
mites. Neste mundo de fartura e diversificação que vi- predicados acima apontados, mas tam-
vemos hoje, somos sete bilhões a povoar o planeta, dos bém porque se equilibra entre os pre-
quais um quarto abaixo da linha pobreza e passa fome, ao mesmo dadores e a procriação, privilégio para
tempo em que milhares de toneladas de comida de todo gênero são poucas espécies nos sete mares.
jogadas fora, segundo a FAO (Food and Agriculture Organization). A fêmea exposta está na forma que
Somos assim, nossa crueldade e falta de olhar voltado para quem mais aprecio, por mais que não des-
não tem o parnusse (“sustento”) são impressionantes. Isto é, comida carte os outros preparos a que se pres-
não é só comida, é business, interesse político, cultura, antropolo- ta, particularmente em pratos frios que
gia, turismo, etc. recheiam os livros de receitas nórdicas
Enquanto me lê, algum nutricionista está indicando uma nova e germânicas. Do rolmops ao preparo
panaceia para todos os males, algo tiro-e-queda contra a gordura com creme azedo, passando pelas ovas
localizada, definitivo contra o diabetes e fulminante contra os ma- amassadas e preparadas em salada, ao
les do aparelho respiratório. Alguém cultiva novos cogumelos vin- modo grego.
dos do Japão, não apenas os shitakes e shimejis, mas tantos outros, Chego em casa com ela enrolada num
que se juntam aos cultivados europeus como os de Paris (champig- papel. Desenrolo e corto em pedaços de
non). Agora mesmo, algum defensivo agrícola está sendo proibi- dois dedos de largura, não sem antes de-
do por alguma legislação enquanto alguém coloca em prática uma sembaraçá-la das ovas. Acondiciono em
nova técnica biodinâmica de produzir leguminosos. Neste instan- um vidro vazio de 250 gramas, original-
te alguém publica mais um livro com a palavra “Food” no título, mente para acondicionar pepinos em con-
que se juntará aos 246.470 títulos já à disposição na livraria virtu- serva, e que agora se presta perfeitamen-
al Amazon!. te para a nova função. Cubro-o todo com
No meio de toda esta complexidade e profusão, olho no fundo do leite e fica um dia no líquido para dessal-
olho esquerdo de um arenque defumado, exposto em uma barra- gar. Deixo escorrer e lavo durante cerca de
ca que vende azeite, especiarias, queijos, bacalhau, latarias, e o que cinco minutos com água corrente, delica-
mais houver, no Mercado Municipal de São Paulo. Penso no meu pas- damente, para não destruir as ovas. Cubro
sado, na minha família, na Europa Oriental. Arenque é nostalgia de com azeite e sirvo no dia seguinte com ca-
um passado prazeroso. viar de berinjelas, azeitonas da Toscana,
O espécime clupea harengus, fêmea de mais de trezentos gramas e tomates maduros e alface crespa.
quinze centímetros de comprimento, bonita como o quê, cor de ouro
pela defumação – e prata quando nada em meio a cardumes enor- * Breno Raigorodsky é filósofo, publici-
mes pelos mares do hemisfério norte, seu habitat – prenha de suas tário, juiz internacional de vinho. É con-
ovas, orgulhosa delas, parece olhar para mim e perdida entre tantos sultor de comunicação e wine coach
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não se apropria dos seus desejos e não recebemos sem nem saber do que se tratava, e depois passa- em tua casa e quando estiveres andando
luta pelos seus ideais. mos a compreender os seus conteúdos e significados. Trata- pelo teu caminho, quando te deitares e
Ao trabalhar em serviços especializa- se justamente de obedecer aos preceitos para depois refletir a quando te levantares”. Só recentemen-
dos para dependentes de substâncias, respeito. É, de certa forma, o que os pais fazem com os filhos, te descobri este tesouro da Torá, sábia e
atendi a usuários de maconha desespe- que obedecem e depois podem questionar. contemporânea, ao sugerir a necessida-
D
o que os pais mais gostariam? Da certeza de que está comprovada a associação do consu- modelos e exemplos. É obrigação informar os filhos a respeito lhes dar meios e instrumentos para al-
nossos fi lhos estariam protegidos, para sempre, mo da maconha, mesmo que ocasional, das drogas e seus efeitos o que, de resto, é possível saber por cançar seus objetivos, o que é uma for-
de todos os possíveis males que assolam a hu- ao surgimento de quadros psiquiátricos meio da internet. É nesse ponto que os pais, além de fonte de ma de contribuir para se tornarem pes-
manidade, entre eles o abuso e a dependência de gravíssimos e irreversíveis em pessoas informação, servem de modelo e exemplo. Ser modelo não se soas conscientes, capazes e saberem
substâncias. E não apenas aquelas denominadas ilícitas, isto predispostas à esquizofrenia, por exem- refere apenas ao consumo de substâncias: em muitas casas é que podem recorrer aos pais. A linda
é, proibidas por lei como maconha, cocaína, mas também as plo. Mas quem tem essa pré-disposição? hábito beber às refeições ou fazer o kidush às sextas-feiras, no canção israelense Uf Gozal (“Voe, meu
lícitas – álcool e tabaco. Quem fuma deve imaginar, pois de Por enquanto, não se descobriu ainda. Shabat. A bebida alcoólica deve ser abolida? Isso está fora de filhote”) de autoria de Arik Einstein, diz:
todas as drogas, o tabaco tem o maior potencial de gerar de- Isto significa, portanto, que estamos à discussão e o que se propõe é decidir de forma coerente. “Voe, meu filhote, eles saíram em bus-
pendência: um em cada três fumantes se torna dependente; mercê da sorte. Atendi a algumas famílias desesperadas que pediam me- ca de suas próprias vidas. Abriram suas
no álcool, um em cada cinco. É um tema delicado: as drogas estão didas de urgência para os filhos “problemáticos” em razão do asas e voaram. Desejo de verdade que
A tendência é nos preocupar com o que está mais distante, em todo lugar, algumas em cada esqui- uso de substâncias, e logo surgia o consumo diário de álcool, tudo corra bem” e o refrão “Voe, meu fi-
as drogas ilícitas, mas o álcool e tabaco causam sérios prejuí- na e até dentro de casa. Se não podemos como o uísque do fim do dia, pelo pai, a mãe ou ambos. Ques- lhote, voe até onde puder, apenas não
zos e a grande maioria dos jovens começa pelo tabaco e o álco- proteger nossos filhos e pessoas queri- tionadas a respeito da possibilidade de mudança de hábito, esqueça, há gaivotas no céu, cuide-se
ol a experimentar substâncias ilícitas. O tabaco é um inimigo das da experiência e do risco de se tor- talvez por ser um gatilho, isto é, uma situação de risco em rela- bem.” É uma bela imagem de como os
silencioso, leva tempo até mostrar a que veio e o fumante quei- narem escravos da substância, podemos ção ao filho, respondiam que era um hábito intocável. Se que- pais se sentem ao ver os filhotes cres-
ma milhares de cigarros até sentir os efeitos adversos. Em um influenciar a relação da pessoa com a remos que um dos membros da família mude é importante sa- cendo: enchem de orgulho ao desbrava-
primeiro momento, o “barato” da nicotina gera mais atenção e substância? Sim, é possível. ber que esta mudança vai afetar a toda a família e também vai rem o mundo, ao mesmo tempo em que
mais disposição ao fumante. Com os anos, quem percebe o es- Prevenção é isso. A quem cabe pre- requerer um ajuste dos pais que precisam mudar para o outro preocupam.
trago descobre que os pulmões estão cinzentos, e esta suposta venir? À escola. E aos pais, familiares, também mudar. A arte de educar está justamente na
“disposição” inicial se transforma em excesso de cansaço, sen- amigos e todos em torno dos adolescen- Outro aspecto importante são as conversas: uma ferramen- medida do quanto são protegidos e se
do que o desgaste é evidente. tes sempre disponíveis para novas situ- ta essencial na prevenção é o diálogo. Precisamos conversar lhes permite voar. Usando a metáfora
Os sinais da dupla personalidade do álcool surgem desde o ações e em busca frenética de aventu- com os filhos e se não quiserem, de todo modo devemos es- das aves, educar é alimentar, ensinar a
inicio: se ajuda o jovem a ficar mais relaxado e solto para se ras e emoções fortes. O cérebro huma- tar disponíveis. Conversar não é dar bronca, lição de moral, ou voar e como se valer dos próprios po- Se queremos
aproximar da menina que paquera ou desinibe a adolescen- no só está totalmente formado por volta discursar para o outro. Conversar é ouvir, escutar, dialogar. Na tenciais para seguir voando. O resto a que um dos
te a encarar uma balada, a ressaca também mostra a cara no dos 25 anos, e, assim, qualquer substân- cerimônia de bat-mitzvá da minha filha, o rabino Michel Sch- vida revela. membros da
dia seguinte. E a pessoa não precisa se tornar um dependente cia que interfira na sua evolução natu- lesinger, da CIP, disse: escutar é uma das maiores virtudes do família mude
e começar a tremer pela abstinência para sentir os efeitos da ral perturba. Eis porque muito se fala em ser humano. Aliás, o Shemá Israel, para mim a reza mais im- * Flávia Serebrenic Jungerman é psi- é importante
substância: bastam algumas doses para atropelar ou ser atro- adiar o uso quando não se pode evitá-lo. portante, começa assim: “Escuta, ó Israel”. E mais, conversar cóloga pela PUC-SP, mestre em de- saber que
pelado. O que me remete a uma máxima da se planta com o tempo e não se injeta de um momento para o pendência química pela Universida- esta mudança
Em relação às substâncias ilícitas, e em particular a maco- religião judaica, Naassé venishmá (“Fa- outro, é um processo semeado ao longo da vida. É difícil para de de Londres, doutora pela Unifesp vai afetar
nha, em toda roda de conversa, e não importa a idade, há pelo remos e escutaremos”). Parece que Ha- os pais conversarem com o filho de 15 anos a respeito de dro- em “Tratamento Breve para Usuários a toda a
menos uma pessoa é a favor da legalização. Esta é vista por shem pensava nos adolescentes quan- gas se nunca trocaram alguma palavra com ele a respeito de de Maconha”. Coordena o serviço de família e
muitas pessoas como natural, sem prejuízo. De fato, muitos fu- do propôs isso. Primeiro, os adolescen- qualquer outra coisa – mesmo que das emoções na monta- psicologia do Grea (Grupo de Estudos também vai
mam maconha, não se tornam dependentes e tocam a vida de tes fazem, depois pensam. Todavia, de nha-russa, uma prova difícil ou um jogo de futebol. Prossegue em Álcool e outras Drogas) no Institu- requerer um
maneira aparentemente funcional, como disse uma vez uma um outro ponto do vista, essas palavras o Shemá: “...e estarão, permanentemente, em teu coração...es- to de Psiquiatria do HC em clínica, en- ajuste dos pais
colega, “com o breque de mão puxado”. Parodiando o conjunto se justificam por aquilo que ocorreu ao tas palavras que hoje te recomendo. E as ensinarás ... a teus fi- sino e pesquisa. É terapeuta familiar
de música Skank, o usuário de maconha deixa a vida levá-lo, povo judeu ao receber a Torá: primeiro, lhos e falarás a respeito das mesmas quando estiveres sentado e mediadora
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NO ESPAÇO PRANA, O AMBIENTE COMPLEMENTA OS BENEFÍCIOS TRAZIDOS PELOS TRATAMENTOS ESTÉTICOS E MEDICINAIS
N
inguém vai reconhecer o Spa
depois da reforma pela qual
está passando para se transfor-
Espaço Prana renova
conceito do Spa
mar no Espaço Prana, novo concessioná-
rio que assume as instalações na área do
cabeleireiro e da sauna masculina.
“Não se trata de alterar a estrutura fí-
sica, mas de aplicar cores e texturas e A PARTIR DE ABRIL, SÓCIOS DE AMBOS OS SEXOS TERÃO, SEPARADAMENTE,
espalhar aromas indicados para o re- OS SERVIÇOS DO ESPAÇO PRANA, E AS MAIS RECENTES TÉCNICAS E
laxamento da mente e do corpo”, infor- EQUIPAMENTOS PARA RELAXAR CORPO E MENTE
ma Eliane Emoto, uma das idealizado-
ras do Espaço Prana. Ela e o marido Ri-
cardo pretendem estender aos sócios da No Espaço Prana tudo converge para Ao sair, estão prontos para enfrentar
Hebraica os mesmos benefícios ofereci- o bem-estar dos clientes. Ao entrar, es- os desafios da rotina moderna”, pro-
dos na unidade do Shopping Jardim Sul. tão em um ambiente em que atenden- mete Eliane.
“Nossos clientes escolhem entre diver- te, massoterapeutas e esteticistas trei- Embora dirija um instituto que visa ao
sos tipos de massagens terapêuticas e ser- nados na própria organização se orien- relaxamento, ela está ansiosa para co-
viços de estética, que provocam relaxa- tam por uma ficha detalhada com to- meçar o trabalho na Hebraica. “Vamos
mento e complementam tratamentos mé- dos os seus dados. “Muitos dos nossos surpreender os sócios com a qualidade
dicos diversos. Um dos nossos diferenciais clientes escolhem entre uma varieda- dos nossos serviços e a eficácia dos nos-
são os banhos de ofurô”, anuncia Eliana. de de serviços ou optam pelo Day Spa. sos tratamentos”, garante. (M. B.)
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diretoria
VOLEIBOL SILVIOLEVI
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Lista de Conselheiros
E OS INTEGRANTES DAS COMISSÕES, DO CONSELHO FISCAL E DA DIRETORIA EXECUTIVA
conselho deliberativo
O discurso de
Friedenbach
Ari Friedenbach, conselheiro e vereador recentemente
eleito, enviou o depoimento abaixo, relatando as suas ex-
pectativas em relação à nova função municipal.
Reuniões Ordinárias
“Tenho muito orgulho de fazer parte da comunidade ju-
do Conselho em 2013
daica em São Paulo e, especialmente, de ser parte do
Conselho Deliberativo da Hebraica de São Paulo. Des- LOCAL: TEATRO ANNE FRANK
de muito jovem venho atuando, efetivamente, em nos- HORÁRIO: 19H30
sos movimentos; dos 11 aos 23 anos fui membro do Mo-
vimento Juvenil Sionista, Chazit Hanoar. Devido a essa 4/3/2013
participação ativa, passei o ano de 1980 em Israel, num 22/4/2013
kibutz, para ampliar minha vivência com a cultura judai- 12/8/2013
ca e a do país. 10/11/2013 – ASSEMBLÉIA GERAL
“Essa experiência foi fundamental na minha formação 25/11/2013
pessoal e na aquisição de valores morais que regem o 9/12/2013
meu caminho até hoje.
“Hoje atuo como Conselheiro da Hebraica, onde sou só- ERRATA
cio desde 1963, e como vereador do município de São NA EDIÇÃO DE FEVEREIRO, A DATA DA ASSEMBLÉIA
Paulo. Grandes desafios e um só objetivo: garantir a me- GERAL (ELEIÇÃO) FOI GRAFADA COM ERRO.
lhoria contínua e a transparência, tanto do clube quanto A INFORMAÇÃO ACIMA É A CORRETA
da cidade.
“Como conselheiro e assessor da presidência, busco au-
xiliar o presidente do Conselho Peter T. G. Weiss a tomar
as melhores decisões para os sócios e frequentadores do Mesa do Conselho
clube. Já como vereador, fiscalizo as ações tomadas pelo
poder executivo, na figura do prefeito Fernando Haddad, Peter T. G. Weiss Presidente
além de representar os interesses da população. Para Horácio Lewinski Vice-presidente
exercer essas funções, parto dos mesmos princípios: éti- Cláudio Sternfeld Vice-presidente
ca, dedicação, responsabilidade e transparência. Luiz Flávio Lobel Secretário
E assim sigo nas duas funções com a minha dedicação e Fernando Rosenthal Segundo secretário
a confiança que em mim foi depositada, para realizar um Sílvia Hidal Assessora da Presidência
trabalho digno e que corresponda aos valores que adqui- Célia Burd Assessora da Presidência
ri com o tempo, pensando sempre no benefício da comu- Ari Friedenbach Assessor da Presidência
nidade judaica e da população de São Paulo.”