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INTRODUÇÃO
A pesquisa se desenvolve na em uma comunidade camponesa, Nossa Senhora das
Graças Vila do Cravo (também conhecida como Ccomunidade do Cravo e Vila do Cravo),
localizada no KM 35 da Rodovia PA-140, nordeste paraense, entre os municípios de Bujarú e
Concórdia do Pará, atualmente fazendo parte da jurisdição do município de Concórdia, desde
1988. Trata-se de É uma comunidade camponesa com que tem forte influência religiosa e
festiva forte ligação com o roçado, além de grande atividade festiva que podendom ser ligadas
a prática religiosa ou não. Além disso, verificamos intima relação com o roçado para a
produção, de vários produtos agrícolas, mas especialmente para o cultivo da mandioca e o
preparo da farinha. O Cravo é conhecido sabido nas comunidades vizinhas por seu calendário
festivo distribuído por todo o ano.
A pesquisa tem por objetivo analisar a territorialidade das festas (não religiosas) da
comunidade do Cravo, tendo em vista que faz parte do modo de vidas dos sujeitos. Colocando
em questão de que maneira a festa se estabelece como elemento constitutivo desse território?.
Vejam que aqui está o objetivo e problema da pesquisa...isso é bom mas na pag anterior tem
um objetivo
Para conhecer e vivenciar um pouco da representatividade desse calendário festivo
para a comunidade tomou-se o trabalho de campo como principal meio para conhecer a
comunidade e suas especificidades. O, o trabalho de campo se torna fundamental para
participar ativamente do cotidiano dos sujeitos e não apenas observar o que nos interessa
como pesquisadores. Desta forma, , o campo precisa ser vivido e compreendido muito além
doe apenas observado. Ao longo da pesquisa Ffoi necessário definir critérios para a escolha
dos sujeitos chave, baseado no objetivo da pesquisa. Optamos Defini-se então pelosos
participantes que tem forte envolvimento com a dinâmica festiva da vila: donos de bares e
balneários, festeiros, DJs, vendedores, moradores mais antigos, os mais jovens, presidente da
associação quilombola da comunidade (ARQUIC) e os frequentadores das festas, equipes,
galeras, seguidores. É necessário fazer um planejamento, e essa delimitação de sujeitos
precisa ser definida antes de iniciar o campo, mesmo com a possibilidade de mudança a partir
do contato com a comunidade.
ONosso trabalho de campo começoua nao final do mês de abril e se estendeu até o
começo do mês de maio de 200..., Ssendo o mês da padroeira estede maio é inteiramenteo
dedicado a sua festividade, envolvendo desde as visitas as casas com a imagem da santa até a
sua coroação no dia 31. atividades religiosas da Igreja De Nossa Senhora Das Graças, Nesse
período, participamos da primeira novena, e observamos a movimentação da comunidade no
período de 30 de abril a 3 de maio. Como nosso interesse eram as festas não religiosas
Rretornamos ndo no mês de julho, onde é o mês de maior fluxo dase festas de aparelhagem e
carretinha. Nesse período ocorre , tendo o objetivo de participar das duas maiores festas do
mês e contam com que levara duas aparelhagens de grande porte. , observando o antes,
durante e depois da festa. No período de 07 a 11 de julho participamos da, para a festa com a
da aparelhagem POP SOM. Nesse mesmo momento tivemos a, tendo a oportunidade de
também participar da festa da carretinha Chopp Sound. Retornamos ainda para a comunidade
E novamente no período de 21 a 25 de julho, para a festa da aparelhagem Carroça da Saudade.
Contar como tiveram contato com esse campo e a que se deveu a escolha por ele...la
no inicio
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Concessão da coroa portuguesa para ocupação do território amazônico e implantação de projetos agrícolas.
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A comunidade do Cravo surge a partir da Freguesia de Sant’anna e muito embora apresentem temporalidade
diferente possuem a mesma dinâmica de ocupação.
relação de sociabilidade, materializada na convivência durante as orações, celebrações e/ou
nas festas religiosas.
Uma característica marcante do Cravo é a sua forte ligação com a religiosidade, que
prevalece até os dias atuais, a intensa relação de familiaridade e religiosidade se estreitam
com as festas de santo, encontros semanais, formação de mutirões. Além disso, a relação
terra-trabalho , e o valor que tem a terra e o trabalho é a liga do vinculo entre os s moradores.
O mutirão tem um papel socializador muito importante na comunidade.
AJá a década de 1990 é marcada pelo o retorno dos mesmos para a comunidade, visto
que a cidade ofereceu para eles, a periferia, e a mesma falta de estrutura já conhecidavivida de
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Em 10 de maio de 1988, mediante a promulgação da Lei nº 5.442, estatuída pela Assembléia Legislativa do
Estado, Concórdia do Pará, foi reconhecido como município, adquirindo a sua emancipação política de Bujarú e
configurando a sua área patrimonial.
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Em 10 de maio de 1988, mediante a promulgação da Lei nº 5.442, estatuída pela Assembléia Legislativa do
Estado, Concórdia do Pará, foi reconhecido como município, adquirindo a sua emancipação política de Bujarú e
configurando a sua área patrimonial.
onde haviam saído. e por isso o retorno, Eesse fluxo migratório que mais se apresenta como
um movimento de ir e vir foi uma das pontes por onde se fez o transito da relação campo -
cidade (MACEDO e COSTA, 2016). Em meados da mesma década a Vila recebe a chegada
de energia elétrica e a água encanada, esses elementos, junto a outros que se estabeleceram,
configuram a mudança na dinâmica da vida dos sujeitos. Discutir um pouco mais isso.
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Art. 68. Aos remanescentes das comunidades dos quilombos que estejam ocupando suas terras é reconhecida a
propriedade definitiva, devendo o Estado emitir-lhes os títulos respectivos.
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No contexto das mobilizações acerca do artigo 68, nasce no final da década de 1980 no Pará, o mapeamento
das comunidades rurais negras, inicialmente pelo Centro de Estudos e Defesa do Negro no Pará (CEDENPA) e
posteriormente pela Universidade Federal do Pará (UFPA). Diante da necessidade do reconhecimento das terras
quilombolas em 1989 a Constituição do Estado do Pará lança o artigo 322, que garantiu o que está disposto no
artigo 68. E somente ao final de 1995 se efetivou a titulação de terras do Pará e do Brasil emitido pelo INCRA, a
comunidade Boa Vista, no município de Oriximiná. (SANTANA, 2010)
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A associação tem como objetivo administrar as terras ocupadas e de propriedade das famílias das comunidades
e representá-las nos seus interesses. Estas terras, depois do reconhecimento, não poderão ser vendidas,
arrendadas ou loteadas deverão ser utilizadas pelos associados para que produzam para o seu auto-consumo de
forma auto-sustentável, sendo que podem ser utilizadas pelos associados por moradores de outras comunidades
remanescentes de quilombos desde que autorizados pela associação e desde que seja respeitado o seu estatuto
(INCRA, 2005)
No Cravo mais recentemente em 2011 surge a Associação dos Remanescentes
Quilombolas do Cravo (ARQUIC), representando a Comunidade e mais três: o Km-35, Km-
40 e Castanhalzinho, todas reconhecidas pela Fundação Cultural Palmares (FCP). Tendo sua
certidão expedida em 16 de novembro de 2006 pela FCP, até fins de 2017 a comunidade do
Cravo ainda não havia sido titulada, estagnada no processo da auto-identificação como
quilombola e longe do consenso, pois instalou-se na comunidade discursos que colocavam em
dúvida o beneficiobenefício da titulação coletiva. Dentre os, diante de alguns motivos
colocados pelo posicionamento contra tem-se: o medo de perder o controle sobre a terra,
principalmente para aqueles que possuem a titulação individual, a idéiaideia de que se o
titulotítulo fosse aceito quem ficaria como proprietária das terras seria a associação.
De acordo com Pinheiro e Santos (2017) o Sindicato dos trabalhadores rurais (STR) de
Concórdia do Pará, que tinha grande influência no Cravo, disseminou esses discursos em
2005, no período da reunião da ARQUINEC com a comunidade tendo o objetivo de discutir e
apresentar esclarecimentos sobre a titulação das terras remanescentes de quilombos,
“Notamos que desde a origem da ARQUINEC, o STR de Concórdia do Pará atuou como uma
força contrária em relação à ampliação do território quilombola.” (PINHEIRO E SANTOS,
2017). Percebe-se nesta trajetória da luta pelo território quilombola, que todo esse processo
constituiu um campo político e organizacional intermediado pelas associações.
A discussão sobre a titulação coletivas gera discordância entre os moradores que não
achavam viável perder a titulação individual concedida pelo Instituto Nacional de
Colonização e Reforma Agrária na década de 1980, o debate foi mais efervescente na Vila do
Cravo e comunidades vizinhas, em virtude da influência dos grupos de evangelização. A
titulação coletiva se mostrou conflituosa e teve grande resistência. (MALCHER, 2011).
Aiainda hoje os moradores mais antigos mantêm o posicionamento contra a titulação coletiva,
mas o que se observa é que a questão quilombola vem hganhando cada vez mais adeptos.
diante dos mesmos motivos, se efetiva uma identidade quilombola a partir de 1988
quando se tem a formação dos movimentos sociais na luta pela questão quilombola, de posse
do titulo individual cria-se uma incerteza, sabendo que a titulação coletiva se tornaria uma
relação desconhecida com a terra, o que é o uso coletivo da terra para esses sujeitos? Talvez
se pratique, porém soa diferente ao parecer que os titulados individualmente vão perder a
legalidade da posse de suas terras, em parte foram os primeiros fundadores da Vila que se
mostraram resistente quanto a titulação, os mais jovens estariam abertos para essa nova
dinâmica em relação à terra.
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“No ano de 2002, muitas lideranças das comunidades quilombolas nestes municípios integraram o movimento
de lideranças camponesas do MPA – Movimento dos Pequenos Produtores, orientado para o uso de diferentes
modalidades de titulação de terras, no entanto, mesmo no seio do MPA, a questão de titular terras “quilombolas”
era algo novo. No mesmo limear, a CPT- Guajarina que já havia desenvolvido estudos sobre a regularização
fundiária na categoria quilombola nas mesmas comunidades tendo como base a Cartilha “Nossa Terra” que trata
dos procedimentos legais sobre titulação de terras quilombolas.” (MALCHER, 2011)
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“já existiam trabalhos anteriores, como os círculos de cultura, principalmente nas comunidades do Cravo,
Santo Antônio, Igarapé Dona, Campo Verde e Ipanema. Estes encontros denominados “círculos de cultura”,
tinham por objetivo “alfabetizar para a vida”. Nestes encontros, muitos elementos da história das comunidades
São Judas e Cravo ganharam espaço nas conversas cotidianas.” (MALCHER, 2011,)
coletiva parte de uma preocupação dos titulados individuais para com a sua família, a
responsabilidade tomada sobre a disponibilidade de terras para a sobrevivência de seus entes,
e, sobretudo o reconhecimento do valor da terra para a subsistência.
Nota-se através das entrevistas e da vivência em campo que a festa, seja ela de
qualquer seguimento, é um acontecimento importante e que marca a comunidade. A, as falas,
recolhidas em campo vem acompanhadas prenhes depor recordações nostálgicas sobre as
festas que aconteciam no passado, em comparação as festas de atualmente. O divertimento, as
trocas, as conversas, os motivos, e o esforço para dar uma festa sempre são citados. Muitos
dos aspectos da festa desde do “passado”, as tradições que se criam nesses festejos alguns
foram sendo transmitidas e ressignificadassão trazidas até nas festa atuais. Na fala de Dona
Andreza, agricultora aposentada e moradora da Vila, percebe-se a comparação
“Aqui no Cravo, antigamente, era festa pra tudo, festa pra plantar, festa pra colher,
festa pra roçar, às vezes era só pra reunir o pessoal pra dançar, uma brincadeira para
comemorar. Não é igual agora essas festas sem motivo, se tu vier aqui qualquer hora
agora ta tendo festa, virou uma bagunça” (entrevista concedida em maio de 2017)
Dona Andreza representa a fala da maioria dos moradores mais antigos que insinuam
que a festa tem que ter um motivo, uma finalidade, não festejar por festejar. Acostumados
com os motivos já citados e com o modo de festejar diferente do atual, a. A constituição da
memória dos moradores/devotos mais antigos, com relação às festividades religiosas,
converge para uma valorização do tempo passado (COSTA e MACEDO, 2010)
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As festas consideradas tradicionais pela comunidade são aquelas que possuem calendário já estabelecido e
trazem como atração principal uma aparelhagem, que de preferência, esteja fazendo sucesso no estado.
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As carretinhas consistem em pequenas ou médias estruturas de som que são acopladas a carros particulares, e
sua função se assemelha a da aparelhagem, que é a de ser atração da festa.
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No sentido estrito, aparelhagem é o equipamento sonoro sendo composto por uma unidade de controle, seu
operador (DJ) e as enormes caixas de som. (COSTA, 2007)
que a comunidade considera é a que ocorre no final no mês de julho. Sai daqui pq quebra
a ideia,,,,,
Foto:
SEIXAS, L. B. (maio/2017)
Seguindo por mais 400m, encontra-se o balneário São Lucas, este se apresenta como
um empreendimento familiar. , Cconstruído na propriedade da família Borges, o balneário é
também o lugar de morada da residindo no terreno a família da proprietária do local, a Sra.
Antonina Borges e seus filhos, que fizeram a nossa recepção, Sr. Lucas Borges e o Sr. Elias
Borges. Em grande medida, , tendo eles uma a vida econômicada família extensa que gira em
torno do funcionamento desse estabelecimento de lazer. O local dispõe de uma certa
infraestruturaEste com caráter mais particular, possuindo uma infraestrutura que dispõe de
cerca, bilheteria, bar, lanchonete, e o igarapé com iluminação, aparatos que permitem a
facilidade na recepção de festas de grande porte com aparelhagem. É neste balneário que
acontece a primeira festa do mês de julho a qual participamos.
Diferente dos outros dois bares, o Bar do Betinho (Filho de Antonina) e o bBar do
Pedro, apesar de estarem à margem do igarapé e da rua, possuem apenas a estrutura da pista
de dança coberta, esses tem a opção de promover apenas festas abertas ao som das
carretinhas. Soubemos que Muito embora o Sr. Pedro Braga se mostrasse resistente a
idéiaideia de promover festas de carretinha em seu bar, suas permissões seriam apenas para
festas de aniversarioaniversário, desde que animadas pelo seu som. OO oposto de seu Pedro,
oo Sr. Roberto e da Sra. Darcy Pantoja proprietários do bBar do Betinho, tem preferencia
pelas festas onde ocorrem às festas de carretinha, as mais freqüentadasfrequentadas, n do
Cravo. Geralmente atendem a um publico mais jovem que tem preferencia pelas carretinhas
oriundas , eles atendem ao pedido do seu publico mais jovem, levando ao Cravo as carretinhas
da preferência. Geralmente são as oriundas da região metropolitana de Belém.
Ainda como local de festa, porém voltado somente para festividades religiosas, a
comunidade dispõe da chamada “barraca da Santa” que é o salão de festas da igreja,
localizado logo ao lado da capela (foto 01). Nele se realizam os eventos promovidos pela
igreja, como: festas de santo, bingos, novenas. A principal festividade promovida pela igreja é
a festa dea santa, Nossa Senhora das Graças, padroeira da comunidade e que dá nome a
mesma. o nome da comunidade se da em homenagem a padroeira, é aA festa que se origina
ali a partir da construção da capela, atraindo pessoas das vilas vizinhas que se formaram as
margens da rodovia. , Eesse evento religioso possui características próprias, o mês inteiro de
maio é dedicado a realização de novenas, a Santa sai em visita à casa dos moradores. São 30
noites de novena e o encerramento acontece dia 31 de maio, com a festa. Faz-se leilões,
bingos, as famílias se reúnem, moradores das comunidades ao redor também participam, é
festa na Vila do Cravo.
Diante dos sujeitos e espaços festivos é necessário entender que grande parte da
população do Cravo possuía um já havia se acostumado com o modo especifico de festejar
estabelecido anteriormentes na construção da rodovia PA-140 e, que consistia nas festas de
antigamente, segundo a perspectiva de Macedo e Costa (2010). Nnos relatos memoriais,
apresentados se revela uma percepção do espaço geográfico dotado de um tributo cultural.
“Eu promovo evento não só aqui (vila do Cravo) tem a festa tradicional que a gente
faz que é o “Sábado de Aleluia” no castanheiro que é Bujarú, é na cidade de Bujarú,
agora no Círio provavelmente será “O Sideral” com algumas carretinhas “local”.
Sempre colocando atrações locais que é pra dá oportunidade também pra essa galera
do “Metrô” Gil som, que é uma aparelhagem nossa, se apresentar e mostrar seu
trabalho e seu potencial também, que hoje em dia é local, daqui. Sempre a minha
intenção foi essa, trazer atrações grandes, a nível Estadual, até as vezes nacional e dá
oportunidade para os artistas daqui local que tem talento e quem sabe um dia um DJ
que ta tocando numa carretinha pode ta tocando numa aparelhagem dessa como: o
Pop Som, Super Pop, Crocodilo enfim...” Entrevista concedida em julho de 2017
Entretanto, não basta pensar somente na festa pela festa, algo avulso ou aleatório, é
importante entender a época do ano que ocorre e torná-la mais uma festa tradicional, fazendo
parte do calendário festivo das festas não religiosas existentes na comunidade. O festeiro
precisa analisar e considerar uma série de fatores que sirvam também de atração para esse
aumento de fluxo tanto de capital quanto de pessoas, o período de férias, de grandes feriados,
datas comemorativas locais etc. A união desses fatores faz Gilson pensar na festa da seguinte
forma:
“Como é o período de férias, é uma tradição, uma cultura que já existia e a gente tá
resgatando aqui na vila do cravo porque é Concórdia e a gente pretende resgatar essa
cultura e todo ano dá esse ponta pé inicial no mês de julho, na verdade é uma
programação que começa hoje e todo domingo (do mês de julho) vai ter uma atração
diferente.” – entrevista concedida em julho de 2017.
Em grande medida, é dessa forma que No caso do Gilson, também é desta forma que
funciona a divulgação, entretanto enquanto a empresa da festa de aparelhagem divulga na
capital ou em cidades mais distantes, devido sua grande influência, o festeiro que possui laço
mais próximo com a comunidade e as vilas vizinhas é responsável para fortificar a divulgação
local do evento.
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Todos funcionam como forma de sociabilidade dentro do circuito bregueiro, porém cada um com sua
especificidade.
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“A empresa faz vinhetas para a televisão, que tem como único objetivo anunciar a data, o preço e local das
festas. Todas as vinhetas possuem imagens dos shows passados, que geralmente não demonstram a verdadeira
imagem do local e do estilo da festa que irá acontecer. Outros meios de divulgação que são frequentes são o
rádio, o carro-som, outdoors e faixas.” (RODRIGUES, AGUIAR, RAMOS, OLIVEIRA, CEZAR, 2010, p.5)
“Como todo evento que a gente vai fazer, a gente depende parceiros, pessoas que
nos ajudam a promover, uma pessoa só não consegue desenvolver isso aqui. O
piquenique é uma coisa pra ti explorar (no sentido de conhecer) a localidade. A
pessoa de fora vem, pessoas que querem conhecer o lugar e não tem oportunidade,
uma atração dessa, a pessoa vem e conhece uma localidade diferente”. Entrevista
concedida em julho de 2017
Tivemos a oportunidade de conversar com os DJs responsáveis pela festa do Pop Som,
sendo dois da aparelhagem e um convidado, em conjunto iriam animar e selecionar o
repertório da primeira festa de julho da Vila. São eles Fábio Soares, Janderson Barroso e
Felipe Furtado, com exceção do último, os outros dois primeiros eram contratados efetivos da
aparelhagem POP SOM que por sua vez podem convidar outros DJs para fazer pequenas
participações. Os DJs procuram tocar todos os ritmos e buscando agradar o publicopúblico da
comunidade, com das músicas mais antigas até as mais atuais, as variações vão de tecno
melody para forró, reggae, trance, pop internacional, pop rock nacional entre outros, sendo o
melody o o ritmo mais tocado na festa dessa aparelhagem. DJ Fábio afirma:
“A sequência varia muito, tipo, de uma comunidade pra outra. É comunidades, tipo
cidade, a gente tá aqui em Bujarú, então a gente procura saber o que acontece, o que
as pessoas gostam do ritmo de: funk, músicas marcantes, do tecno melody atual,
toca de tudo um pouco: forró, mas varia muito de acordo com as comunidades”.
Entrevista concedida em julho de 2017
As festas de grande porte vieram para comunidade e trouxeram consigo uma nova
organização do espaço. O, o presidente da Associação Remanescente do Quilombo do Cravo
ARQUIC, Elias Borges, fala sobre as pessoas que se deslocam para o Cravo em busca de
lazer, dos piqueniques16, na maioria das vezes são os parentes e filhos dos moradores locais
que retornam a comunidade no período férias buscando lazer e a mantençãor dos laços
familiares. , CONFUSO...(..que segundo Macedo e Costa (2010) os chamados “filhos do
Cravo que moram em Belém só vem nas festas de aparelhagem”, reforçando a idéia de que o
calendário festivo da comunidade coincide com o calendário da reunião familiar.) ou arruma
ou tira esse trecho está sem sentido
O presidente da associação tem foco na mobilização que as festas desse porte fazem na
Vila, e reforça a oportunidade dos moradores de obterem uma renda, fazendo fluir uma
dinâmica econômica que envolve, lanche, bebidas e outros produtos de vendedores
ambulantes locais e das vilas vizinhas. Assim Elias afirma:
“A princípio vale ressaltar que com a saída dos próprios moradores do Cravo indo
para cidade, o chamado êxodo rural, é esse próprio pessoal no mês de julho sempre
voltava pra cá, e aproveitando o potencial que são os lindos Igarapés que nós temos
na região, as pessoas querem fazer um piquenique. E hoje essa tradição vem
passando de geração em geração até o dia atual até o nosso cotidiano gente foi
verificando a grande potencialidade que a comunidade do cravo tem que representar
a região [...] Pessoas que moram aqui na comunidade e as pessoas também que vêm
de outros municípios de Belém do Pará também aqui para comunidade o turismo,
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Os piqueniques aparecem como uma importante estratégia para a mobilização de pessoas de fora para as festas
da comunidade e será tratado no segundo capitulo.
com certeza aí é bom para comunidade ele desenvolve a visibilidade da comunidade
a comunidade ela se torna conhecida no Estado do Pará e a nível internacional na
comunidade do cravo é uma comunidade muito conhecida, através dos lindos
Igarapés que nós temos nome da comunidade isso traz desenvolvimento emprego e
renda para as pessoas que depende desse momento como está acontecendo aqui no
Balneário São Lucas aí tem venda de churrasco da região com isso gerando emprego
e renda para ajudar no desenvolvimento financeiro local.” Entrevista concedida em
julho de 2017
O Cravo sendo reconhecido pelas outras comunidades pelo seu calendário festivo tem
a festa (de modo geral) como elemento constitutivo do seu território. , pPercebe-se que há
festejos importantes da comunidade existentes trazidos desde as décadas de 1940, 1950,
religiosos ou não, mas que compoemunham o cotidiano da comunidade., tendo em vista que
havia e/ou se criara vários motivos para se festejar.
Dentre as festas que foram citadas, em visita a Escola João Braga de cristo 17, emna
entrevista, a coordenadora nos citou inúmeras festas da década de 1980 que aconteciam no
Cravo, como funcionavam e por que acabaram. São elas: festa da bicharada, festa da pimenta,
festa da fruta.
A festa da fruta se dava no mesmo sentido, tsendo como premiação do bingo com
premiação de frutas da época. De acordo com a entrevistada, Aambas foram enfraquecendo
até que acabaram por conta da proibição do consumo de bebida alcoólica no território da
santa. nas festas promovidas pela igreja. Aos poucos eEstas festividades foram saindo do
calendário da igreja devido o dissenso sobre como elas deveriam ocorrer. Assim, , sendo
proibido o consumo de bebida alcoólica e os bailes dançantes foram sendo empurrados para
fora dentro da área do patrimônio. Soubemos em campo que havia umo desconforto na
população da Vila, quando do acontecimento de festa com venda de bebida alcoolica, o que
era considerado um desrespeito ao território da santa. causado na população sob a ótica de
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Nota apresentando a escola rapidamente
uma falta de respeito diante do território da santa, principalmente nos moradores da Vila, foi
outro fator forte para que essas festas chegassem ao fim.
No passado as Esta, assim como outras festas, animava o Cravo, a exemplo tem-se as
apresentações de boi bumbá, cordões e pássaros e de bichos, animavam a Vila. eEstas
ocorriam em meados de 1950 voltadas para um sentido mais lúdico. No entanto, havia as
festividades religiosas, essas tomavam uma dimensão que envolvia maior fluxo econômico e
de pessoas de outras comunidades. Como já mencionado, o Cravo tem uma forte influencia
religiosa, e essas festividades tem características próprias, que não necessariamente seja o de
festejar com baile dançante.
A tradição de anunciar as festas, seja religiosa ou não, foi trazida das festas de
santos da comunidade, “em eventos como a festa da padroeira da vila (N. Sra. Das Graças,
festejada em maio), os padres passaram a ser trazidos de casco, sendo a chegada anunciada,
via de regra com foguetório.” (COSTA e MACEDO, 2010). Hhá a continuação da tradição
da queima de fogos na alvorada como forma de anunciar que vai ter festa, essa tradição é
usada tanto para celebrações da igreja, quanto para as festas de aparelhagem. As 5h da manhã
é feito a queima de fogos no dia da festa ou celebração, no caso da festa de aparelhagem a
anunciação é feita em dois momentos, as 5h da manhã tradicionalmente, e na hora em que
chega as carretas que trazem a estrutura do som.
Decerto, a festa não religiosa mais presente na memória dos moradores antigos da
comunidade é a festa de rabeca, segundo Macedo e costa (2010) essas festas aconteciam aos
sábados, na casa de um dos moradores da comunidade, com a presença de dança, esta seria
ocasionada por outra festa chamada de “festa da irmandade”, este tipo de festejo teria
instituído um modelo festivo para a comunidade, “Fala-se de festas que aconteciam todos os
sábados na casa de um dos moradores da comunidade, em que os casais dançavam
“agarrados” e que “iam até altas horas da noite”, das 7 da noite às 7 da manhã.” (COSTA e
MACEDO, 2010) tanto é verdade que estas festas estabeleceram o padrão estabelecido, que
nota-se na fala de Dona Edina, dona de bar e moradora da Vila:
“Essas festa de hoje nem se vê clarear o dia, ninguém dança, só querem saber de
comprar bebida de monte, ninguém paquera, não se brinca mais como antigamente”
(entrevista concedida em maio de 2017)
Percebe-se duas coisas na fala de Dona Edina, a primeira é a afirmação de que foi nas
festas de antigamente que se constituiu o modelo festivo que permanece na memória dos
moradores mais antigos da comunidade, e que esse resgate nostálgico surge o tempo todo em
comparação ao padrão de festa que se instalou nas últimas décadas . E segundo, foi constatado
que aderiu-se a ostentação na festa. Essa ostentação pode ter relação com os frequentadores
das festas oriundos de Belém, que pode ser um antigo morador do Cravo, mas que vive em
Belém ou um visitante.
“Tudo isso indica que as representações que estes jovens fazem no seu cotidiano –
mostrando que são “por dentro” da moda, que têm condições de consumir muita
cerveja e frequentar uma festa mesmo quando o ingresso é caro, ostentando bens e
artefatos que oficialmente não condizem com sua capacidade de renda ou mesmo
adorando ídolos e ícones de uma cultura musical cosmopolita – são idealizações
para atender às expectativas que eles crêem que a sociedade impõe a eles.”
(VILHENA, 2015, p.14)
A ostentação nas festas funciona da seguinte maneira, reúne várias pessoas que podem
ser de equipe18 ou não e faz-se coleta para comprar o maior numeronúmero de pacotes de
cerveja, isso é uma forma de obter status na festa, é a busca do prestigio por meio do
consumo., Aa ostentação também te cobra estar o mais perto possível da aparelhagem e ser
anunciado variasvárias vezes no decorrer da festa.
“O circuito das festas de aparelhagem extrapola o espaço da festa em si. Ele remonta
a uma compreensão maior, de todos os elementos simbólicos que fazem parte da
festa: participar da festa, conhecer as músicas, conhecer os locais onde elas se
realizam, saber os passos de dança, formar grupos, conhecer as bandas e os DJs e,
também, vestir-se conforme as tendências que apreciam no momento. Tais práticas
evidenciam padrões coletivos de comportamento e de pensamento destes jovens,
fazendo que as festas adquiram um significado sociocultural que vai muito além do
seu ambiente específico.” (VILHENA, 2015, p. 11)
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As “equipes” funcionam como uma nova forma de sociabilidade dentro do circuito das festas de aparelhagem
que fortalece e consolida a relação dos jovens com a festa (Costa, 2007)
Percebe-se que a comunidade também apresenta seus suportes, têm suas equipes, as
sedes têm seus amigos, patrocinadores e apoiadores do evento, esse laço da festa com os
“amigos” apoiadores é tão importante, que na festa que acontece na sede do Bragantino, estas
não são apenas anunciadas pelos DJs a todo o momento, como também tem um lado do muro
dedicado apenas aos agradecimentos a eles. Entre os amigos tem: bares, oficinas, equipes,
professores, lideranças políticas, deposito de bebidas, sedes e DJs. Isso está ligado ao que
Vilhena (2015) fala sobre o ser “considerado”, “Ter uma imagem de prestígio e ser um
considerado são construções influenciadas pelo viés do consumo”.
Pudemos observar não somente pela proximidade do balneário com a igreja, como
também com a Escola João Braga de Cristo gerou o desconforto, uma vez que eram realizadas
festas durante as segundas-feiras e muitos alunos da escola participavam da mesma e, por
consequência, faltavam aula. Segundo a coordenadora da escola, em entrevistada em maio de
2017, muitos alunos vinham de suas comunidades no ônibus escolar, no entanto não iam para
a escola, participavam da festa no balneário e voltavam para suas casas no ônibus.
Para Sack (2013, p. 76), territorialidade é a “tentativa, por indivíduo ou grupo, de
afetar, influenciar, ou controlar pessoas, fenômenos e relações, ao delimitar e assegurar seu
controle sobre certa área geográfica”. Partindo do exposto entendemos que a territorialidade
do balneário afetou o modo de vida dos moradores mais antigos, principalmente por
desrespeitar o “território da santa” (a área geográfica), território este carregado de simbolismo
e parte da identidade da parcela de moradores que exercem a fé católica. O Balneário fechou
as portas no final de 2016, após várias reclamações de moradores e da própria escola.
Principalmente após uma festa com uma cantora de brega famosa de Belém, onde ocorreram
confusões dentro do balneário, o que fora visto como forte desrespeito ao território da santa.
Foto 05: Balneário Senzala
F
oto: SEIXAS, L. B. (Maio/2017)
A festa tradicional, que citamos ao longo do texto, definida como uma categoria nativa
é a festa que tem período do ano e sede já estabelecidos, sendo obrigatório que a atração
principal das mesmas seja de uma aparelhagem de grande porte. Aparelhagens são grandes
estruturas sonoras de alta tecnologia, normalmente controlada por dois DJs, que prima por
usar do lúdico em suas estruturas, com telões de LED, iluminação e “naves” no formato
referente à sua proposta. A festa tradicional com presença de aparelhagens sonoras quer seja
de grande ou pequeno porte, é datada de meados da década de 1990 em diante e mesmo sendo
teoricamente recente, é mais bem aceita pelos moradores mais antigos da vila do que as festas
de carretinha.
Até hoje, esse tipo de festa mantêm o status de festa tradicional, e a festa mais
marcante e presente nos relatos memorialísticos de moradores/frequentadores assíduos dessas,
se reporta a julho de 2003, a festa se realizaria na quadra do Bragantino, tendo como atração
principal a aparelhagem “Luxuoso Jackson”, na ocasião da festa havia-se feito uma
“raspagem19” no ramal e em decorrência de chuva a estrada ficou quase intrafegável, o que
gerou a idéia de que não iam conseguir ir a festa. Eis que para a solução do problema alguém
deu a idéia de ir descalço com uma garrafa de água e na frente da festa lavasse os pés e se
calçassem. Foi a solução para chegar até a festa. Percebe-se nesse relato concedido por um
grupo de moradores em conversa informal, a importância simbólica que tem a festa para os
sujeitos.
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Espécie de regulação do solo em estrada de terra batida
TABELA 01: CARRETINHAS DE PREFERENCIA
Carretinha De onde
CHOPP SOUND Interlan/Bujarú
NEGA VIGARISTA Marituba
MAL CRIADA Alça Viária
PAREDÃO FORÇA BRUTA Bujarú
METRO LIGTH Concórdia
“A melhor festa que teve aqui no Cravo foi em 2007, na quadra do bragantino, teve
1350 pagantes, foi na aparelhagem do Rubi, que naquela época tava estourado em
Belém, não tinha espaço naquele lugar, e não parava de chegar “caboco”, tinha gente
de tudo quanto era lugar ao redor do Cravo, foi a maio festa daqui, deu o que falar
em todas as comunidades daqui de perto, e eu tava la” (entrevista realizada em julho
de 2017)
“Poucos são os que conseguem cortesias para entrada gratuita, caso de algumas
poucas pessoas ligadas à organização do evento. Isso ocorre porque estas festas
visam o lucro, a ser repartido entre o pagamento da aparelhagem e dos trabalhadores
que prestaram serviço durante o evento (policiais, seguranças particulares,
bilheteiros, garçons, dentre outros).” (COSTA e MACEDO, 2015, p. 115)
A mobilização da comunidade diante da festa chama a atenção. Para a festa mais
importante de Julho a divulgação foi feita desde Maio, em todos os bares, mercadinhos e
balneários havia uma placa indicando a festa tradicional daquele período, a divulgação do
evento também foi feito pelas rádios locais, de Concórdia e Bujarú, sites da aparelhagem que
tocara na festa (a carroça da saudade nesse caso) e a disposição de faixas com o anúncio das
festas no porto da balsa em Bujarú e no decorrer da rodovia PA-140 sentido Bujarú –
Concórdia do Pará, neste caso a rodovia se apresenta como o ponto de interface entre as
comunidades, é diante dessa divulgação que as outras comunidades tomam conhecimento de
onde vai ter festa.
Foto 06: As placas
F
oto: SEIXAS, L. B (Julho2017) Foto: GUIMARÃES, A. C. (Julho2017)
Mesmo não sendo consenso, a festa tradicional é mais bem vista pelos moradores da
comunidade do que as festas de carretinhas. A Festa Tradicional carrega memória, uma vez
que acontece desde meados de 1990. João Macedo e André da Silva nos relatam com
nostalgia sobre as festas tradicionais que traziam as mais famosas aparelhagens da época,
como o Rubi, Luxuoso Jackson e Pop Som, relatam também a importância do Igarapé nestas
festas, onde, após o término da festa (pela manhã do dia posterior ao início da festa) a
“ressaca” era curada às margens do Igarapé do Cravo. Através do que fora exposto, nos
permite citar sobre a importância simbólica e material do Igarapé, os laços com os igarapés
hoje são voltados quase que exclusivamente para o lazer, mesmo no começo da década de
2000, sem as estruturas atuais dos balneários, os igarapés faziam parte do final da festa.
As festas tradicionais também são marcadas pelo reencontro das gerações, onde há a
participação de moradores que varia, de jovens aos idosos e, ainda, os filhos do Cravo que,
atualmente, residem fora e retornam para a Vila nos dias das grandes festas.
Após vivenciar um pouco do cotidiano festivo do lócus da pesquisa através do
trabalho de campo, observamos que a dinâmica festiva dessa comunidade tem um papel
socializador, para Costa (2007)
“A festa, percebida em sua dimensão histórica e social, é uma prática que está inserida
no campo dos conflitos e negociações desenvolvidas na sociedade. A festa popular, na
sociedade urbana e industrial, é um fenômeno complexo que abarca mediações
econômicas (empreendimentos, oferecimento de bens culturais) e políticas (sistemas
de troca de interesses, conflitos por poder e prestígio). Por conta disso, ela não pode
ser considerada unicamente como expressão da alienação de um ou vários grupos
sociais ou, num pólo oposto, como meramente um mecanismo de “resistência” à
indústria cultural ou a esta entidade opaca que é a “cultura dominante”. Trata-se de
uma experiência cultural mutante ligada às diversas esferas da vida social, cuja
reprodução está condicionada à multiplicidade de interesses de agentes internos e
externos ao evento.” (COSTA, 2007, p.75)
Diante do surgimento das festas de aparelhagem, que juntam o que Costa (2007)
denomina de circuito bregueiro20 com os costumes tradicionais do Cravo no que se refere ao
lazer, ergue-se uma economia voltada ao entretenimento que renova as relações pessoais de
dentro e fora do Cravo. É importante ressaltar, que o calendário festivo sempre se fez presente
no modo de vida dos sujeitos dessa comunidade, entretanto, com as mudanças históricas e
socioespaciais que ao longo do tempo vão se consolidando, ocorre também as mudanças na
forma de festejar. A festa de aparelhagem de grande porte passa a ser um elemento
constitutivo desta nova territorialidade festiva, um grande evento que dará lugar ao
entretenimento que antes não usufruía das estruturas espaciais que a comunidade comporta
atualmente, à medida que essas estruturas vão sendo construídas novas formas de aproveitar
os festejos surgem também, como percebe-se na preparação que acontece com a espera da
montagem do som, entre uma serie de elementos que aparecem no sentido de modificar a
forma de promover eventos.
21
Material das sacas de farinha de mandioca
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“O uso do slogan constitui uma estratégia de publicidade da aparelhagem, ressaltando uma qualidade que a
acompanha em todas as apresentações e que lhe fornece identidade. apesar disso, é comum que os slogans sejam
trocados ao longo do tempo. Em geral essa mudança acompanha a “evolução” da aparelhagem, de modo a
representar uma nova etapa marcada pela acentuação de uma nova qualidade.” (COSTA, 2007, p.142)
Foto: SEIXAS, L. B. (Maio/2017)
Nestas encontramos o produto mais consumido da festa, a cerveja, e por isso é tão
importante o preço delas divulgadas nas placas. Existe uma diferença quase que determinante,
do ponto de vista do público, quando caracterizamos esses espaços e notamos que sua
configuração natural modifica a forma como se festeja.
Os bares, por exemplo, são espaços mais acessíveis, onde a cerveja é mais em conta,
as carretinhas costumam fazer seu público ali, em meio ao som automotivo e espaço aberto,
uma festa não tradicional e bem rotativa, quando se trata de atração, que ocorre nos finais de
semana, tem em seu potencial uma territorialidade que se apresenta até nos dias de grandes
festas, o “aquecimento” antes da festa principal. Mesmo em espaços diferentes, os bares dos
locais de festas grandes tradicionais coexistem e se conciliam quando se trata da dinâmica
festiva da vila.
Equipe os DG Bujarú
Os DJs fazem a festa, mixando as músicas e anunciando os nomes das pessoas que
fazem parte da festa e seus lugares de origem, neste momento temos a construção ideológica
da formação de território na festa. A divulgação do nome do sujeito e sua cidade ou vila se
torna uma forma de influência, passando a criar novas relações de “poder”, qual lugar está
mais presente na festa? Qual equipe tem mais membros? Até os famosos rivais futebolísticos
do Estado do Pará: Remo e Paysandu, são anúncios chaves para a construção de uma
territorialidade diversa, porém integrador em sua essência festiva. O público consta, nesta
festa, com a presença predominante de casais mais jovens, o som atende também um estilo
moderno como o ritmo eletrônico e as músicas pops internacionais a dança é um elemento
importante, porém não é o único, apreciar as músicas e beber ao lado do/a acompanhante,
amigo já é o gosto de grande parte das pessoas da festa.
O ambiente festivo está formado e por ser em um meio rural as leis da cidade não se
aplicam quando se diz respeito à interrupção do som, por isso a festa costuma ser finalizada
por volta das 03h00min da manhã, na primeira festa de julho os consumidores se juntaram em
volta de um carro com som de grande potência e continuou a tocar até amanhecer. Ali se
encontram, o dono do local, algumas equipes e amigos que, por terem uma relação mais
amistosa com o proprietário, o mesmo permitiu que a festa continuasse independente do Pop
som ter finalizado sua apresentação. Novas territorialidades são formadas e os sujeitos que
antes eram só participantes da festa de aparelhagem, passam a comandá-la com o seu som
automotivo, as relações se estreitam e novos vínculos são formados a partir das amizades que
restaram e das mesas que se juntam no final.
Por isso percebe-se que o território do Bragantino fez com que a dinâmica mudasse, ao
terminar o jogo, todas as famílias, jogadores e amigos, se direcionaram para os bares e
balneários que se localizam perto dos igarapés, não tornando a montagem do som um pré-
evento, como no caso do Super pop no balneário São Lucas. Isso deve a dinâmica territorial e
a configuração do espaço que se diferenciam, entre o balneário e a sede. A chegada das
carretas com as estruturas da Carroça da saudade também foi anunciada com fogos de artificio
e grande movimentação da vila. A montagem começa, e a presença de alguns curiosos e
apreciadores existe, mas não contempladas com apresentações das carretinhas. Homens,
mulheres e crianças assistem os operários da aparelhagem organizar tudo e enquanto isso o
“aquecimento” da festa que será à noite, está acontecendo longe dali, e não existindo o
consumo e a movimentação que existente na festa anterior.
Tudo preparado por volta das 20:00 horas, a festa começa, músicas do passado sendo
tocadas pelo DJ Wellington Franginha, as barraquinhas de lanches e vendedores de tabuleiro
estão postos em seus lugares, construindo a mesma configuração territorial da festa anterior.
Percebe-se um maior número de pessoas que não param de chegar, o estacionamento na frente
do Bragantino começa a lotar, com grande movimentação de motos e carros na frente do
evento, os seguranças e flanelinhas compõem o cenário na frente da sede mantendo a ordem e
organização. Um dos grandes diferenciais da festa da sede do Bragantino comparado a do
balneário São Lucas, é que a primeira já é tradicional há mais de 15 anos, já a segunda não.
Essa diferença influencia bastante na presença da comunidade na festa. Nota-se grande parte
do público são de casais mais velhos e de moradores locais, contagiados predominantemente
pelas músicas do passado que tocam a festa toda, dando sentido ao nome da mesma. O baile
segue com as danças que é um elemento muito importante, no centro da sede uma estrutura
coberta cria uma territorialidade do baile, onde todos se juntam e dançam as musicas do
passado, seus passos únicos e mostrando bastante habilidade e experiência, os participantes da
festa constroem um território em cima da dança, música e tradição.
A atração principal da aparelhagem ainda está por vir, por volta da 01h00min da
manhã, o DJ Toninho assume o palco e comanda a estrutura mencionada anteriormente que
ganha vida através de movimentos mecânicos e limitados. O público se diverte com a atração
e o DJ agita com os bordões da festa e interagindo com todos, o show de luzes, a maquina do
búfalo em movimento e as musicas marcantes, constroem um cenário festa com um ar
diferenciado. Ao final da festa a aparelhagem encerra sua atividade, mas ainda existem
aqueles que querem que a festa continue, então as carretinhas que não tiveram a sua
oportunidade antes do evento principal, passam a ter no final, sai a aparelhagem de grande
porte e entra em cena o som das miniaparelhagens, permitindo que a festa se prolongue até de
manhã.
Acará Belém
Bujarú Santa Isabel
Concórdia do Pará Americano/Santa Isabel
Barubá Bujarú
Foz do Cravo Concórdia do Pará
KM-29 Km-35
KM-39 Km-40
KM-40 Km-29
Km-25
Castanheirinho
Curuperé
Curuperezinho
Santana
São Judas
EQUIPES E GALERAS -– LUGAR EQUIPES E GALERAS - LUGAR
Equipe Nova Geração – Vila do Cravo Equipe Os DG – Bujarú
Equipe Baila – Bujarú Galera do Big Brother – Concórdia
Galera da Mídia – Vila do Cravo
Os elementos culturais que constituem uma comunidade não podem ser pensados
desarticulados do seu modo de vida, ou seja, eles se forjam a partir de elementos cotidianos,
que fazem parte da vivência e de elementos simbólicos que permitiram a construção
identitária daquele grupo, “tratar o território entende que o local se ergue como elemento
importante na construção da resistência e luta” (FABRINI, 2007, p.23). Sendo assim, é
importante pensar tais elementos na comunidade do Cravo, onde na última década houve suas
modificações socioespaciais que acarretaram na modificação do lazer festivo, entendemos que
é imprescindível discutir as ações locais e modo de vida seja ele ligado ao roçado, à
religiosidade ou festas, ou estes três juntos.
Os elementos culturais que constituem uma comunidade não podem ser pensados
desarticulados do seu modo de vida, ou seja, eles se forjam a partir de elementos cotidianos,
que fazem parte da vivência e de elementos simbólicos que permitiram a construção
identitária daquele grupo, “tratar o território entende que o local se ergue como elemento
importante na construção da resistência e luta” (FABRINI, 2007, p.23). Sendo assim, é
importante pensar tais elementos na comunidade do Cravo, onde na última década houve suas
modificações socioespaciais que acarretaram na modificação do lazer festivo, entendemos que
é imprescindível discutir as ações locais e modo de vida seja ele ligado ao roçado, à
religiosidade ou festas, ou estes três juntos.
Perseguindo um pouco mais o tema... (Considerações finais)
Sinalizar para uma possibilidade de leitura desse tipo de festa em uma comunidade camponesa....
quais as afirmações que vcs podem fazer a partit dos dados empícos.... Pensar !!!!!!!! Apesar da festa
ser resultado de trajetórias sociais e suas representações de vida, a exemplo do transito entre o
campo e a cidade... aos poucos a festa na comunidade vai apresentando nuances da festa na cidade,
ainda assim, a festa é de certa forma também moldada pelas territorialidades que se forjam no
território da santa,
O texto precisaria de uma boa revisão gramatical e ortográfica.... cuidado com a pontuação!!!