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Art. 5º Da Constituição Comentado PDF
Art. 5º Da Constituição Comentado PDF
O artigo 5º trata dos direitos e deveres individuais e coletivos que são objeto dos incisos I ao
LXXVIII e parágrafos. Estes são, em suma, os princípios fundamentais hoje genericamente
denominados Direitos Humanos.
O Caput do artigo 5º garante o princípio da isonomia, assegurando aos brasileiros (natos e
naturalizados) e aos estrangeiros residentes no país os direitos nele elencados (há autores que
afirmam que os turistas também têm os direitos do artigo 5º, e o caput desse artigo estaria com
falha de construção; há também quem diga que a Constituição quis dizer isso mesmo, e os turistas
seriam protegidos por tratados internacionais [{§3º} Leonardo Martins]. O princípio da isonomia é
um princípio jurídico informador de toda a ordem constitucional. A igualdade pode ser formal ou
material. Fala-se em igualdade formal [perante a lei] quando todos são tratados da mesma
maneira (igualdade perante a lei), e em igualdade material [real; na lei] quando os mais fracos
recebem um tratamento especial no intuito de se aproximar aos mais fortes.
“A legislação não pode diferenciar de forma arbitrária os indivíduos, para tanto considera-se
três finalidades fundamentais: 1º - A limitação do legislador - O legislador está obrigado no
exercício de sua função legislativa a respeitar o principio da igualdade não podendo por meio de
leis diferenciar abusivamente e até mesmo arbitrariamente as pessoas; 2º - Limitação ao
intérprete - Diz respeito principalmente à autoridade pública. Podemos citar como exemplo a
limitação ao poder judiciário quando tribunais diferentes ao aplicar a mesma lei a fatos idênticos
dão diversas interpretações aos casos concretos, neste caso caberá recurso especial para o STJ
garantir o principio da igualdade; 3º - Limitação aos particulares - Os particulares em suas
relações devem respeitar o princípio da igualdade, impedindo que façam discriminações abusivas,
para tanto poderão responder pelos seus atos, como por exemplo: responder por danos morais ou
constrangimento ilegal, etc”.
São características dos direitos fundamentais:
a) historicidade: tiveram origem no Cristianismo;
b) universalidade: são destinados a todos os seres humanos;
c) limitabilidade: não são absolutos. Dois direitos fundamentais podem se chocar, hipótese
em que o exercício de um implicará a invasão do âmbito de proteção de outro. Nesse caso, exige-
se um regime de cedência recíproca;
d) concorrência: podem ser “acumulados” (um mesmo titular pode ter diversos direitos);
e) irrenunciabilidade: os indivíduos não podem dispor desses direitos;
f) inalienabilidade;
g) imprescritibilidade: não há perda pelo não-exercício;
Também faz parte do princípio da igualdade. Reforça o princípio da isonomia, no qual todos
são iguais perante a lei sem distinção de qualquer natureza, mas dessa vez com enfoque na
igualdade entre os sexos.
Com relação a esse princípio, ele é baseado no artigo 3º, IV (afastamento de qualquer forma
de discriminação) e firma, por exemplo, o artigo 7º, XXX (proibição da diferença de salários para a
mesma função, por motivos de sexo, idade, cor ou estado civil). Nota-se influências também no
artigo 5º, XLVIII.
Decorre do direito à vida. A lei 9.455/97 define em seu artigo 1º o que é tortura:
Esse inciso está relacionado com a atividade da imprensa e com os limites à liberdade de
expressão. Resposta proporcional ao agravo seria, por exemplo, “publicação de resposta ou
retificação na mesma página de veículo impresso, com destaque, dimensões (...) idênticos ao
escrito ofensivo e em edição com tiragem normal” (art. 20, §1º, Nova lei de imprensa).
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Importante observar também a previsão de indenização por dano material (lesão concreta
que afeta um interesse relativo ao patrimônio da vítima), moral (O dano moral é aquele que traz
como conseqüência ofensa à honra, ao afeto, à liberdade, à profissão, ao respeito, à psique, à
saúde, ao nome, ao crédito, ao bem estar e à vida, sem necessidade de ocorrência de prejuízo
econômico) e dano à imagem (aqueles que denigrem, através da exposição indevida, não
autorizada ou reprovável, a imagem das pessoas físicas, bem como a utilização indevida do
conjunto de elementos como marca, logotipo ou insígnia, entre outros, das pessoas jurídicas).
A imagem pode ser de dois tipos: a “retrato”, que é literalmente o aspecto físico da pessoa; e
a “atributo”, que corresponde à exteriorização da personalidade do indivíduo, a forma como a
pessoa é vista socialmente. Quanto à sua violação, tanto a sua utilização indevida quanto o desvio
de finalidade de seu uso autorizado caracterizam-na.
Garantia ao cidadão do direito de assistência religiosa em entidade civis, como por exemplo
nos hospitais, e militares, além de garantir o acesso dos religiosos, às dependências internas dos
referidos estabelecimentos, mediante identificação, quando solicitado.
Nos dias de hoje, onde a tecnologia faz com que a informação prepondere, as Cartas
Políticas vêm buscando proteger o cidadão de devidas intromissões, impedindo a invasão à área
intangível de sua personalidade, no que diz respeito ao direto de privacidade, protegendo os bens
jurídicos da intimidade, da vida privada, da honra, da imagem e, até mesmo, o que se tem
denominado de “direito de estar só” (não ser invadido na personalidade).
O inciso X, do art. 5º, oferece guarida ao direito à reserva da intimidade, assim como ao
da vida privada. Consiste na faculdade que tem cada individuo de obstar a intromissão de
estranhos na vida privada e familiar, assim como de impedir-lhes o acesso a dados sobre a
privacidade de cada um, e também de impedir que sejam divulgadas informações sobre esta área
de manifestação existencial do ser humano.
Assim, o homem detém direitos sobre si e sobre suas projeções na sociedade, em categoria
jurídica, permitindo a manutenção e desenvolvimento de suas potencialidades individuais e sociais,
na consecução das respectivas metas e contínuo aperfeiçoamento. De conseguinte, a lesão
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provocada "contra ius" à esfera de outrem, tem-se a noção de dano no âmbito jurídico, que pode
ser material ou moral, conforme o efeito produzido no ofendido.
Direito coletivo que se diferencia da liberdade de reunião pela duração e pela finalidade. A
associação é uma reunião estável e permanente, que visa um fim comum.
Associação paramilitar é a que se destina ao treinamento de pessoas no manejo de armas,
com objetivos ilícitos.
O direito à livre associação constitui uma garantia básica de realização pessoal dos
indivíduos na vida em sociedade. O direito à constituição de associações passa a ser livre e a
personalidade jurídica adquire-se por mero ato de deposito dos estatutos, sendo vedada qualquer
interferência estatal em seu funcionamento. Tal vedação, contudo, não é absoluta, pois se exige
que a associação seja para fins lícitos, estando proibida, de qualquer forma, a que tenha caráter
paramilitar (que possui as características de uma força militar; órgãos particulares que se
estruturam de forma análoga às Forças Armadas).
No que toca à formação da cooperativa, a Constituição assegura a sua liberdade de
criação, condicionando-a á observância do disposto na lei. Não é possível qualquer interferência
estatal no funcionamento das cooperativas após terem sido legalmente constituídas.
É mister destacar também que o inciso XVIII, configura-se como norma de eficácia
contida, na medida em que esta sujeita a restrições a serem impostas pelo legislador ordinário
que limitem sua eficácia e aplicabilidade.
Com autorização expressa dos filiados (como um mandado, por exemplo) uma associação
tem legitimidade para mover um processo contra o Estado para obter benefícios que a eles façam
jus, representando-os judicial ou extrajudicialmente. Um sindicato de trabalhadores, por exemplo,
pode entrar, em nome de seus filiados, em negociação com o sindicato patronal para efetuar
determinados acertos salariais (representação extrajudicial).
A propriedade poderá ser urbana ou rural. Assim, a função social da propriedade urbana será
cumprida quando se atende às exigências do Plano Diretor (instrumento de política urbana) e, em
relação às propriedades rurais, sua função social está definida no art. 186 da Constituição, quando
define, por exemplo, que elas devem atender o aproveitamento racional e adequado.
Entretanto, para tais exigências existem algumas exceções, previstas ao final do inciso
XXIV:
- Desapropriação para reforma urbana (desapropriação-sanção): o pagamento pode ser
feito em títulos de divida pública de emissão previamente aprovada pelo Senado
Federal, com prazo de resgate de dez anos.
- Desapropriação para reforma agrária: o pagamento pode ser feito em títulos de divida
agrária, resgatáveis no prazo de até vinte anos.
- Iminente perigo público (requisição): a CF autoriza que a autoridade pública utilize
qualquer propriedade particular, mediante o pagamento de posterior indenização, se
houver dano.
O direito do autor de exploração exclusiva de sua obra é vitalício, conforme a lei 5988/73.
Perdura também por toda a vida de seus herdeiros, se esses forem filhos, pais ou cônjuges. Os
demais sucessores do autor gozarão de direito patrimonial pelo período de 60 anos. Esgotados os
prazos, a obra cai no domínio público, de forma que seu uso passa a ser inteiramente livre.
Quando a sucessão incidir sobre bens do estrangeiro situados no Brasil, aplicar-se-á sempre a
lei que for mais favorável aos filhos ou cônjuge brasileiros.
O direito de acesso às informações públicas e privadas está protegido nesse inciso, a fim de
que haja transparência dos atos administrativos. O inciso é regulamentado por uma lei, e o prazo é
de 15 dias. É parte do princípio da publicidade administrativa.
A violação dessa regra é passível de impetração de mandado de segurança e, caso a caso a
demora da administração cause prejuízo ao requerente, pode esse buscar reparação do prejuízo
pela via judicial.
A ressalva da lei se orienta para os casos que seu sigilo são imprescindíveis à segurança da
sociedade e do Estado. Porém, “A prática demonstra que há casos em que informações relevantes
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e à disposição de órgãos públicos são omitidas da sociedade, sob o argumento do sigilo, como é o
caso de financiamentos feitos pelo banco federal de investimento”.
Quanto à inafastabilidade jurisdicional, toda jurisdição só pode ser executada pelo Poder
Judiciário, sendo somente dele a prerrogativa de, quando provocado, dizer o direito aplicável em
cada fato concreto, solucionando um conflito de interesses.
Tanto a lesão quanto a ameaça de direito (que ocorre antes da concretização da lesão)
devem ser apreciados, uma vez que, havendo plausibilidade de ameaça ao direito, o Poder
Judiciário é obrigado a efetivar o pedido de prestação judicial requerido pela parte de forma
regular.
“Prevendo que cabe o controle judicial ocorrendo mera ameaça a direito individual, a
Constituição está implicitamente autorizando ao Poder Judiciário interferir em atos da órbita
administrativa”.
Esse inciso tem inequívoca relação com o princípio do juiz natural, mas há entendimentos de
que com ele não se confunde [há quem ache que ele está ligado com o princípio, mas não o
representa totalmente]. Quem sustenta essa posição, diz que o princípio do juiz natural está
consagrado no inciso LIII, que diz que “ninguém será processado nem julgado senão pela
autoridade competente”.
Tribunal de exceção é aquele constituído em caráter temporário e/ou excepcional, presente
mais comumente em estados ditatoriais. São eles tribunais que ferem o princípio da igualdade e da
legalidade democrática, onde as pessoas são julgadas, muitas vezes, sem que haja lei para o caso
correspondente.
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Não deve se entender por tribunal de exceção aquele que não seja realizado pelo Poder
Judiciário. O tribunal de exceção não se caracteriza somente pelo órgão que julga, mas,
fundamentalmente, por não ser legitimado pela própria Constituição para o regular exercício da
jurisdição.
Tribunal do Júri é aquele composto por um juiz de direito (que é o seu presidente) e de
sete jurados, que constituirão o conselho de sentença em cada sessão de julgamento. O serviço do
júri será obrigatório, devendo os jurados, escolhidos dentre os cidadãos de notória idoneidade,
serem cidadãos maiores de vinte e um anos.
Constitucionalmente são assegurados para as atividades do Tribunal do Júri:
a) plenitude de defesa: o réu tem assegurado o exercício irrestrito da sua defesa
(autodefesa e defesa técnica);
b) sigilo das votações: os jurados devem votar em segredo;
c) soberania dos veredictos: somente os jurados podem dizer se é procedente ou não a
pretensão punitiva e essa decisão, em regra, insusceptível de modificação pelos Tribunais.
d) competência para julgamento de crimes dolosos contra a vida: homicídios
dolosos; infanticídio; auxilio, induzimento ou instigação ao suicídio e ao aborto; em suas formas
tentadas ou consumadas. Além dos crimes dolosos, é competência do Júri os crimes comuns que
lhe são conexos. O júri não julga pessoas que gozam de foro privilegiado, ainda que pratiquem
crimes contra a vida (salvo estabelecido em Constituição Estadual).
A garantia constitucional do Tribunal do Júri esta prevista também nos arts. 443 a 438 do
Código de Processo Penal.
XXXIX – não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia
cominação legal;
Eis o princípio da reserva legal. Não é sinônimo do princípio da legalidade, mas espécie dele.
O princípio da legalidade estabelece a submissão e o respeito à lei (art. 5º, II); já o princípio da
reserva legal, consiste em dizer que a regulamentação de determinadas matérias há de se fazer
necessariamente por lei formal. O primeiro trata de lei em sentido amplo (constituição, leis
ordinárias, leis complementares, resoluções, etc...), enquanto o segundo refere-se especificamente
à emenda constitucional, à lei complementar, etc, para regular determinado assunto.
“Se todos os comportamentos humanos estão sujeitos ao princípio da legalidade, somente
alguns estão submetidos ao da reserva da lei” (Alexandre de Moraes).
Fiança vem de garantia (em dinheiro, por exemplo) prestada pelo réu, ou por alguém para
ele, a fim de poder defender-se em liberdade, nos casos em que a lei permitir. É prestada perante
a autoridade judicial ou policial. No caso desse inciso, os autores dos crimes mencionados devem
permanecer presos até a sentença final do processo.
A tortura pode ser tanto crime, como circunstância agravante ou como qualificadora.
Os crimes de tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, estão definidos na lei
11.343/06.
Terrorismo é a prática de violência que coloque em risco a incolumidade física de um
número indeterminado de pessoas.
Crimes hediondos são os mencionados na lei 8072/90, que foi parcialmente modificada pela
lei 11464/07 no que diz respeito à progressão de regime. A lei 11464/07 é uma novatio legis in
pejus, e não retroage para produzir efeitos em fatos anteriores a ela. Ela prevê a possibilidade de
progressão de regimes após 2/5 da pena cumprida (pelo réu primário) ou 3/5 (pelo réu
reincidente).
É a previsão do princípio da pessoalidade das penas, na qual as penas nunca poderão passar
da pessoa do autor dos crimes. Porém, ele admite exceções, como no caso do perdimento de bens
ou da pena de confisco.
O inciso XLVI, da atual CF, versa a respeito de temas que deverão ser objeto de
regulação da lei, como o principio da individualização da pena, a privação ou restrição da
liberdade, a perda de bens, a multa, a prestação social alternativa e a suspensão ou interdição de
direitos.
Pelo principio da individualização da pena, entende-se que não deve haver a padronização
da sanção penal, assim, para cada crime tem-se uma pena que varia de acordo com a
personalidade do agente, meio de execução e etc.
A privação ou restrição da liberdade consiste na sanção penal imposta pelo Estado, em
execução de uma sentença, ao culpado pela prática de uma infração penal. Várias são as
possibilidades dessa sanção estatal: reclusão, detenção, prisão simples, e as demais que
restringem direitos e liberdades dos indivíduos infratores.
A perda de bens ocorre com o confisco generalizado do patrimônio licito do agente (bens
móveis, imóveis ou de valores) para que seja revertido em favor do Fundo Penitenciário
Nacional. Trata-se de uma pena principal substitutiva da privativa de liberdade imposta.
A multa possui um caráter reparatório, mediante depósito judicial em favor da vitima e seus
sucessores. O valor será fixado de acordo com a extensão do dano e a capacidade econômica
do agente, ficando a cargo do juiz buscar a justa medida entre ambos.
A prestação social alternativa consiste na atribuição de tarefas ao condenado, junto a
entidades sociais, hospitais, orfanatos e outros estabelecimentos congêneres, em programas
comunitários ou estatais, ou em beneficio de entidades públicas.
E, por fim, a suspensão ou interdição de direitos trata de limitações impostas ao agente
infrator, tais como proibição do exercício de cargo, função ou atividade pública, bem como de
mandato eletivo; proibição do exercício de profissão, atividade ou oficio que dependam de
habilitação especial, autorização ou licença do Poder Público; proibição de freqüentar
determinados lugares; e suspensão da autorização ou habilitação para dirigir veículos.
A LEP (Leis de Execuções Penais) enumera as instituições nas quais as penas podem
ser cumpridas. Os presos cujas penas têm de ser cumpridas em regime fechado serão mantidos
em unidades prisionais ou penitenciárias. As penas a serem executadas em regime semi-aberto
devem ser cumpridas em colônias industriais ou agrícolas. E os presos condenados cujas penas
têm de ser cumpridas em regime aberto devem ser mantidos em uma "casa do albergado".
Entretanto, em conformidade com o inciso XLVIII, do art. 5º da Constituição
Federal, "a pena será cumprida em estabelecimentos distintos, de acordo com a natureza do delito,
a idade e o sexo do apenado". Assim, as mulheres devem cumprir suas sentenças em
estabelecimentos prisionais distintos, dispondo de berçários, onde possam cuidar de seus filhos.
Deverão também ser supervisionadas por agentes penitenciários femininos. Já as pessoas com
idade superior a 60 anos precisam ser acomodadas em uma instituição penal própria e adequada a
sua situação pessoal. Quanto à natureza do delito, tem-se a diferenciação das penas que deverão
ser cumpridas em prisão especial, diante das prerrogativas funcionais ou profissionais.
Extradição é “um ato de entrega que um Estado faz de um indivíduo procurado pela Justiça
para ser processado ou para a execução da pena, por crime cometido fora de seu território, a outro
Estado que o reclama e que é competente para promover o julgamento e aplicar a punição”. É um
ato bilateral que visa à cooperação internacional no combate ao crime. A extradição pode ser ativa
(quando solicitada pelo Brasil) ou passiva (quando for solicitada ao Brasil por outro Estado).
Como um dos requerimentos essenciais da extradição, está a necessidade de o crime não ser
político. Não poderá ser extraditado também o que houver de responder, no Estado requerente,
perante Tribunal ou Juízo de exceção.
Apenas o brasileiro naturalizado poderá ser extraditado, desde que obedecidas as condições
desse inciso:
a) em caso de crime comum praticado antes da naturalização;
b) em hipótese de comprovado envolvimento em tráfico ilícito de entorpecentes e drogas.
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“A extradição do naturalizado condiciona-se à prestação de compromisso de reciprocidade
específico por parte do Estado requerente”.
É a consagração do princípio do juiz natural, pelo qual “todas as pessoas têm o direito de
ser processado e julgado por pessoa devidamente investida no cargo, tendo sua competência
previamente estipulada pela Constituição Federal ou por lei”, de forma que não deverá haver juízes
pré-constituídos nem tribunais de exceção. O juiz deve ser imparcial, e a autoridade deve propiciar
igualdade entre as partes.
LIX – será admitida ação privada nos crimes de ação pública, se esta não
for intentada no prazo legal;
O que esse inciso trata é a ação penal subsidiária da pública. Ação penal é a atividade
que impulsiona a jurisdição penal. No direito brasileiro, as ações penais podem ser privadas
(quando a iniciativa for do ofendido) ou públicas (quando a iniciativa for do Ministério Público,
iniciada através da denúncia). Quando o crime for de ação pública, e o representante do Ministério
Público se omitir, ou for negligente, o ofendido pode propor uma ação penal subsidiária da pública.
LXI – ninguém será preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e
fundamentada de autoridade judiciária competente, salvo nos casos de
transgressão militar ou crime propriamente militar, definidos em lei;
A prisão e o local onde o preso se encontra devem ser informados imediatamente ao juiz
competente, à família do preso ou à pessoa por ele indicada. O instituto da incomunicabilidade do
preso, outrora permitido, não é mais aceito no nosso ordenamento jurídico.
O preso também deverá ser informado de seus direitos, entre eles o de ficar em silêncio, ou
pedir para conversar com seu advogado.
LXVI – ninguém será levado à prisão ou nela mantido quando a lei permitir
a liberdade temporária, com ou sem fiança;
De acordo com o inciso LXVI do art. 5º, ninguém poderá ser levado para a prisão
se a lei diz que o ato se enquadra na liberdade temporária com ou sem fiança. Todavia, a liberdade
provisória com ou sem fiança somente é admissível na prisão em flagrante, na prisão decorrente
de pronuncia e na prisão resultante de sentença condenatória recorrível, não sendo compatível
com a prisão temporária ou preventiva.
LXVII – não haverá prisão civil por dívida, salvo a do responsável pelo
inadimplemento voluntário e inescusável de obrigação alimentícia e a do
depositário infiel;
Habeas Corpus são duas palavras de origem latina que significam: TENHA (habeas)
CORPO (corpus). É a ação constitucional para a tutela da liberdade de locomoção, utilizada sempre
que alguém estiver sofrendo (habeas corpus liberatório), ou na iminência de sofrer (habeas
corpus preventivo, através do salvo-conduto), constrangimento ilegal em seu direito de ir e vir.
Embora não seja o único remédio jurídico para cessar uma prisão ilegal, trata-se do mais eficaz e
célere.
O CPP estabeleceu o procedimento a ser adotado em ação de habeas corpus. Trata-
se de um rito especial, sem maiores formalidades, sempre em favor do bem jurídico maior: a
locomoção. Já se admitiu habeas corpus apresentado por telefone e reduzido a termo pela
serventia judicial. Existem três figuras importantes quando se fala em tal remédio constitucional:
impetrante (a pessoa que ingressa com o habeas corpus); paciente (é a pessoa em favor de
quem é impetrada a ordem do habeas corpus, sempre pessoa física); e a autoridade coatora (a
pessoa em relação a quem é impetrada a ordem de habeas corpus).
É importante saber que o habeas corpus pode ser concedido também de oficio pela
autoridade judicial, que não é exigível a capacidade postulatória para impetrá-lo e também que a
ordem pode ser concedida contra atos de particulares, como diretores de estabelecimento
psiquiátricos, casas geriátricas, clinicas de repouso e donos de fazenda.
Mandado de segurança é uma medida constitucional que protege direito certo, do qual não há
dúvidas, e que não pode ser defendido nem por habeas-corpus nem por habeas-data. São os casos
em que se cabe mandado de segurança os de ilegalidade ou abuso de poder praticado por alguma
autoridade.
Quando a constituição assegura um direito que ainda precisa de uma lei regulamentadora,
poder-se-á utilizar o mandado de injunção, a fim de utilizar-se daquele direito previsto. “Trata-se, o
mandado de injunção, de uma ação constitucional que autoriza o juiz a romper com a tradicional
aplicação rígida de lei ao caso concreto para, de acordo com o pedido e o ordenamento jurídico,
construir uma solução satisfatória, de modo a concretizar o direito constitucional do impetrante”.
O pressuposto essencial para o mandado de injunção é a falta de uma norma
regulamentadora de qualquer espécie ou natureza;
O habeas data é uma ação constitucional, de caráter civil, conteúdo e rito sumário, o qual
tem por objeto a proteção de direito liquido e certo do impetrante em conhecer todas as
informações e registros relativos à sua pessoa e constantes de repartições públicas ou
particulares acessíveis ao público, para eventual retificação de seus dados pessoais.
No que tange aos legitimados ativos para impetração desse remédio constitucional, pode ser
pessoa física, brasileira ou estrangeira ou até mesmo pessoa jurídica, pois essa tem existência
diversa das pessoas físicas que a integra. É vedado o requerimento de informações através de
terceiros, há nessa ação caráter personalíssimo.
O habeas data está presente tanto no inciso LXXII, art. 5º da CF como na Lei nº 9.507/97,
que regula o direito de acesso as informações e disciplina seu rito processual.
A ação popular é um remédio legal para proteger a sociedade das autoridades corruptas, que
não zelam pelos bens públicos e pela natureza. É um meio processual a que tem direito qualquer
cidadão para se questionar os atos que forem considerados lesivos ao patrimônio público, à
moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural. Qualquer cidadão
é titular desse direito. Para quem usa a ação popular de boa fé, ela é gratuita, de forma que o
autor fica isento das custas judiciais e, se perder na justiça, fica isento da responsabilidade de
pagar os ônus processuais.
O inciso LXXIV vem com o propósito de assegurar aos que comprovarem insuficiência de
recursos o direito fundamental a Justiça gratuita. Na assistência judiciária, o Estado assume a
obrigação de arcar não só com as despesas processuais, como também com os honorários
advocatícios do patrono do assistido (advogado).
A garantia constitucional de não serem cobradas as custas processuais do hipossuficiente
não revogou a de assistência judiciária gratuita da Lei nº 1.060/50 (Lei de assistência
judiciária aos necessitados). Essa norma infraconstitucional põe-se, ademais, dentro do espírito
da CF que deseja que seja facilitado o acesso de todos a Justiça.
Conforme o artigo 37, §6º da Constituição Federal, o Estado é responsável pelos atos
praticados pelos seus agentes que causem dano a terceiro, garantindo assim que qualquer prejuízo
decorrente da atividade estatal será reparado pelo Estado, independentemente de se caracterizar
erro judiciário.
No Brasil todos os cidadãos têm direito de serem registrados e de possuir uma certidão de
nascimento. O documento será feito gratuitamente nos Cartórios de Registro Civil. Em caso de
perda, outra via poderá ser requerida, porém, mediante pagamento de uma taxa. Essas são as
garantias estabelecidas na Lei nº 9.534/97.
Já a CF, no inciso LXXII do art. 5º reza que os comprovadamente hipossuficientes
terão assegurados seus direitos ao registro civil de nascimento e à certidão de óbito gratuitos,
independente de serem primeira via ou não, bastando o atestado de pobreza.
Previsão legal da gratuidade das ações de habeas corpus e habeas data, além de atos
necessários ao exercício da cidadania.
O texto constitucional em seu art. 5º, LXXVIII faz referencia à razoável duração
do processo, elevando-o à categoria dos direitos e garantias constitucionais fundamentais. Esse
dispositivo foi incorporado ao texto constitucional pela Emenda nº 45/2004 e advém da
compreensão que a tutela jurisdicional não engloba apenas a garantia do direito de ação, mas,
principalmente o direito a um a tutela adequada e efetiva entregue ao jurisdicionado de forma
tempestiva.
Conforme pondera Canotilho, sob a ótica da razoável duração do processo, a atuação
dos sujeitos processuais deve ser pautada pela boa-fé, de forma que não sejam praticados atos
processuais desnecessários, que causem a dilatação indevida da demanda. Mas também, por outro
lado, não se deve buscar uma “justiça acelerada”, pagando-se o preço de uma proteção jurídica
que se traduz em diminuição de garantias processuais e materiais (prazos de recurso, supressão de
instâncias), conduzindo a uma justiça pronta, mas materialmente injusta.
Referências utilizadas:
1. Eliane Alfradique;
2. Emilson José Tavares;
3. Fernanda Maria Gundes Salazar;
4. Curso de Direito Constitucional, Ricardo Cunha Chimenti, Fernando Capez, Márcio F. Elias
Rosa e Marisa F. Santos;
5. Novo Curso de Direito Civil, Parte Geral. Pablo Stolze Gagliano e Rodolfo Pamplona Filho;
6. Reunião de julgados do STF;
7. Fernando Trizolini;
8. Damásio de Jesus;
9. Francisco Bruno Neto;
10. Leonardo Martins e Dimitri Dimoulis;
11. Geomundo.com.br;
12. Jornal Tribuna Popular;
13. ABDL – Associação Brasileira para o Desenvolvimento de Lideranças;
14. DireitoNET;
15. VEMConcursos.com;
16. ClubJus – Clube Jurídico do Brasil;
17. Alexandre de Moraes;
18. Águia Brasil;
19. Fórum Jus Navegandi;
20. Amaury Silva;
21. Luiz Gonzaga Lima;
22. ABE – Ministério das Relações Exteriores;
23. DIREITONET – Dicionário Jurídico;
24. Recanto das Letras;
25. Newton Freitas;
26. Bueno e Constanze Advogados;
27. DHNet;
28. Célio da Silva Aragon;
29. BoletimJurídico.com.br;
30. E outras.