JORNAL DA ALERJ

A S S E M B L É I A L E G I S L AT I VA D O E S TA D O D O R I O D E J A N E I R O
Ano V N° 159 – Rio de Janeiro, de 1º a 15 de setembro de 2007

Divulgação Petrobras/Steférson Faria

O futuro planejado
por 30 anos
 NESTE NÚMERO No aniversário da Bacia de Campos, parlamentares discutem na
Assembléia do Rio como investir os recursos do petróleo. Somente no
primeiro semestre de 2007, o estado arrecadou R$ 868 milhões
Ações civis

H
públicas garantem
cumprimento das leis
e direitos do cidadão á cerca de um mês, a atividade de ração de cartilhas para orientar os 87 municípios
PÁGINAS 4 e 5 exploração de petróleo na Bacia de fluminenses que recebem o dinheiro do petró-
Campos completou três décadas, leo, a apresentação de projetos para diminuir a
data propícia para avaliar ações passadas e desigualdade entre as regiões e a mobilização
Alerj distribuirá kits redefinir prioridades. A Assembléia Legislativa da bancada federal para defender a arrecadação
que contam a história do Rio aproveita este momento para discutir a do estado, através da luta contra a aprovação de
política fluminense arrecadação do estado com os royalties, sua um projeto que dividiria os royalties do petróleo
PÁGINA 9 distribuição entre os municípios e as formas de por mais de cinco mil municípios brasileiros.
investir os recursos. As comissões de Assuntos A mediação entre empresas petrolíferas e o
Municipais, de Economia e de Tributação da Poder Executivo no debate sobre alíquotas do
Natalino descobriu na Casa, além dos parlamentares representantes ICMS das plataformas também faz parte das
política uma forma de dos municípios beneficiados pelos royalties, atividades recentes dos parlamentares. No fim
ajudar a população estudam formas de planejar e otimizar a apli- das contas, 30 anos são um bom pretexto para
PÁGINA 12 cação dos recursos. se discutir o futuro.
Dentre as ações dos deputados, estão a elabo- PÁGINAS 6, 7 e 8
 2 Rio de Janeiro, de 1º a 15 de setembro de 2007 Rio de Janeiro, de 1º a 15 de setembro de 2007 3

FRASES CONSULTA POPULAR EXPEDIENTE

INTERNACIONAL

“
O mundo de olho na Alerj
O lucro de uma  Tive o fornecimento de energia elétrica da minha
companhia como a casa cortado em uma sexta-feira, às 18h30. Paguei a conta
Vale do Rio Doce não na manhã de sábado e a Light prometeu religar a energia
pode estar nas mãos até 21h do domingo. Isso não aconteceu, e eu e mais nove
e sob o interesse pessoas permanecemos até a tarde de segunda-feira sem
Visitas transformam Palácio

Fotos: Fabiano Veneza

exclusivo do capital energia. Isso é contra a lei? O que devo fazer?
privado. É um Ângela Santos – Cabo Frio ALERJ Tiradentes em território livre
para a troca de experiências
dinheiro que poderia ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA
DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
ser investido em

U
educação pública, escritório de atendimento ao Presidente NATALIA A LVES
em saúde pública, público que funcione durante Jorge Picciani

na preservação do os fins de semana e feriados. 1ª Vice-presidente m mundo sem fronteiras é o

”
Coronel Jairo
meio ambiente Deputado Caso contrário, o corte fica
2º Vice-presidente
anseio da globalização. Mas,
Glauco proibido. Não é justo que o Gilberto Palmares para parlamentares de diver-
Marcelo Freixo (PSOL), defendendo a
reestatização da Cia. Vale do Rio Doce. Lopes cidadão tenha sua luz cortada 3º Vice-presidente sos países que visitaram a Alerj desde o
(PSDB) numa sexta-feira e passe o Pedro Fernandes Neto início de 2007, o que interessa é conhecer

“
sábado, o domingo e parte da 4º Vice-presidente as diferenças que podem aproximá-los.
Acho que Gerson Bergher
segunda-feira sem energia. Desde janeiro, sete delegações estran-
o Estado hoje, 1ª Secretária
moderno, de futuro,  Ângela, isso é contra a E os alimentos que estavam Graça Matos geiras visitaram o Palácio Tiradentes.
lei sim. Em 24 de julho de 2006 na geladeira? E quem tem Formadas por deputados, senadores, côn-
tem que ser um 2º Secretário
foi sancionada a Lei 4.824, de uma pessoa doente em casa Zito sules e diplomatas da China, Espanha,
Estado racional.
minha autoria, que proíbe con- e precisa manter um aparelho 3º Secretário Hungria, Israel, Japão, República Tcheca
Humano, mas Dica
cessionárias de serviços públi- ligado 24 horas por dia? Se vo- e Rússia, essas comitivas buscaram
racional. E, nessa 4ª Secretário
cos de cortar energia, água, gás cê foi desrespeitada, entre em no intercâmbio com os parlamentares Deputados Luiz Paulo e Jodenir Soares visitaram o palácio com o rabino Benyamin Elon
perspectiva de um
ou telefone em vésperas de fins contato com o Procon, que está 1a Suplente estreitar os laços de cooperação. Para o
Estado racional, um Renata do Posto
de semana e feriados. O corte pronto para receber denúncias deputado Paulo Ramos (PDT), além do be-
Estado eficiente não 2 o Suplente
só será autorizado quando a de cortes irregulares, através lo cenário, os encontros, que ocorrem no
pode se prender a Armando José
concessionária possuir um do telefone 1512. Palácio Tiradentes, sede do Parlamento
setores sob a sua 3º Suplente
Pedro Augusto fluminense, contribuem para a divulga-
jurisdição, setores
ção da Casa no exterior e servem para
ALÔ, ALERJ
4º Suplente
que podem estar na “Consegui ser ressarcido”
”
Édino Fonseca
estabelecer interesses comuns. “Neles
iniciativa privada
Fabiano Veneza

JORNAL DA ALERJ trocamos informações econômicas, po-

Pedro Paulo (PSDB), em prol da
manutenção da Vale do Rio Doce
como empresa privada.
Rafael Wallace
Paulo Cezar Vilhena
Motta, 44 anos,
procurou o Alô, Alerj
para ter ressarcido o
valor debitado duas
vezes de sua conta
pela Sky
“Todos os meses me or-
ganizo para ter uma reser-
desisti, por conhecer as
longas filas de espera do
Publicação quinzenal
do Departamento de
Comunicação Social da
Assembléia Legislativa do
Estado do Rio de Janeiro
Jornalista responsável
Fernanda Pedrosa
(MT-13511)
Coordenação: Geiza Rocha
Reportagem: Everton Silvalima,
Luciana Ferreira e Fernanda Porto
Estagiários: Ana Beatriz Couto,
Bruno Fernandes, Camila de Paula,
líticas e culturais, além de experiências
sobre o papel do Legislativo e sobre como
este Poder pode influenciar as grandes
decisões nacionais”, explica o parlamen-
tar, que participou do encontro com as
comitivas da Espanha e da Rússia.
A importância de promover a paz
Os membros da comitiva japonesa foram recebidos pela primeira-secretária, Graça Matos
foi ressaltada pelos representantes da
missão Agentes da Paz, da organização nuir a discriminação contra o povo judeu em 2008 para comemorar o aniversário
não-governamental (ONG) Amisrael – O é fundamental para mostrar o Parlamento e entregar a Medalha Tiradentes a um
Mensageiro da Paz, que foram recebi- como o lugar em que a diversidade de membro da família real japonesa. “Será
dos pelos deputados Jodenir Soares idéias e culturas encontra terreno fértil muito importante festejarmos esta inte-

“
Carla Boechat, Fabiano Veneza,
Nada mais é do va no banco para as contas órgão. Foi então que ami- Fernanda Meira, Karina Moura, (PTdoB), Armando José (PSB) e Luiz para se desenvolver. “O Legislativo deve gração”, declarou a primeira-secretária
que fazer com que pagas por meio de débito gos me indicaram o Alô, Marcela Maciel, Natalia Alves,
Sérgio Jardim, Zô Guimarães
Paulo (PSDB), em agosto. A ONG, que representar os anseios de toda a popu- da Casa, deputada Graça Matos (PMDB),
o Executivo atue automático. Em maio, fui Alerj. O atendimento é atua no combate à violência e às guer- lação e, por isso, a visita da delegação que também recebeu a comitiva húngara,
e cumpra o artigo surpreendido com a infor- ótimo. Logo tive meus R$ Fotografia: Rafael Wallace ras, buscou aprofundar a relação com israelense, que nos traz essa mensagem, interessada em saber mais detalhes sobre
da Constituição do mação de que minha conta 167,80 devolvidos e soube Diagramação: Daniel Tiriba os parlamentares. “O mais importante é tão importante para os dois países”, a economia e a violência no Rio.
estado que prevê a estava no vermelho porque que este era um serviço
Telefones: 2588-1404/1383
neste encontro foi a relação de amizade avaliou Soares. Outro assunto tratado nas visitas foi
remuneração quando a Sky tinha debitado uma ao qual iria recorrer sem- Fax: 2533-6786 que criamos. As instituições políticas A integração com o povo japonês, o estreitamento dos laços de cooperação
o servidor público mesma fatura duas vezes pre que precisasse. Já Rua Primeiro de Março s/nº sala 406
CEP-20010-000 – Rio de Janeiro/RJ
são importantíssimas, mas a paz tem possibilitada pelo fato de o Brasil possuir comercial entre as nações, o que moti-
civil ou militar faz no intervalo de dois dias. estou, inclusive, aguar- Email: dcs@alerj.rj.gov.br seu início nas relações interpessoais”, uma das maiores colônias nipônicas do vou visitas como as das comitivas da
um serviço fora do Entrei em contato com dando a resposta para www.alerj.rj.gov.br assinalou o presidente da liga parlamen- mundo, também foi discutida na ocasião República Tcheca e da Rússia. “Nossa
seu horário normal eles, que admitiram o erro, outra solicitação que fiz, tar do Congresso Nacional de Israel, o da visita da comitiva japonesa ao Palácio intenção é sensibilizar os brasileiros

”
de trabalho
Flávio Bolsonaro (PP), sobre a
indicação legislativa de sua autoria que
prevê remuneração de horas extras de
policiais civis, militares e bombeiros.
Impressão: Gráfica da Alerj
mas não deram prazo para sobre uma taxa abusiva Coordenação: Leandro Pinho
Montagem: Bianca Marques e
Knesset, rabino Benyamin Elon. Tiradentes, em agosto. Durante o encon- para que lembrem da cooperação da Re-
o ressarcimento. Cheguei de serviço que o banco Rodrigo Graciosa Para o deputado Jodenir Soares, tro, os parlamentares e os membros da pública Tcheca com o Brasil em fábricas
a considerar o Procon, mas Itaú vem me cobrando.” presidente da Frente Parlamentar Brasil- Comissão de Eventos Comemorativos do de cimento, geração de energia e infra-
Tiragem: 2 mil exemplares
Israel, criada em 2005 , trazer à baila a Centenário de Imigração Japonesa arti- estrutura”, afirmou o vice-presidente do
Dúvidas, denúncias e reclamações: 0800 22 00 08 discussão sobre a importância de dimi- cularam a realização de uma solenidade Senado tcheco, Petr Pithart.
4 Rio de Janeiro, de 1º a 15 de setembro de 2007
JUSTIÇA
Ações civis públicas movidas
pela Alerj buscam garantir
o cumprimento das leis e
os direiros da população
V
F ERNANDA PORTO
ocê, provavelmente, já foi be-
neficiado por uma ação civil
pública. Disciplinadas pela
Lei Federal 7.347/85 – que determina que
órgãos de defesa do consumidor podem
mover ações em benefício de um grupo de
pessoas –, as ações civis públicas foram
responsáveis, nos últimos anos, pela solu-
ção de muitos impasses. E, na Assembléia
Legislativa do Rio, elas se tornaram um
importante instrumento de fiscalização
do cumprimento das leis aprovadas pe-
la Casa. Segundo a deputada Cidinha
Campos (PDT), que preside a Comissão
de Defesa dos Direitos do Consumidor da
Alerj (Codecon), as ações civis públicas
recuperam um aspecto importante da
função do legislador. “Faz parte do nosso
trabalho fiscalizar para fazer valer as leis
em vigor. E muitas leis aprovadas pela
Casa precisaram do nosso empenho para
vigorar”, acentua a deputada, lembrando
especificamente da lei da meia-entrada
estadual, que não estava sendo cumprida
pelas casas de shows Canecão e Claro
Hall, e da lei que extinguia a consuma-
ção mínima em bares e boates. Os dois
episódios foram resolvidos por meio da
comissão, que de 2003 para cá, já deu
entrada em 74 ações. Destas, 19 obtiveram
resultados favoráveis, 10 foram arquivadas
Fiscais na
defesa do
consumidor
e 45 aguardam decisão, ou por ainda não
terem sido julgadas ou porque uma das
partes recorreu da sentença proferida. Só
neste ano, 24 ações foram propostas.
Apesar dos resultados, considerados
positivos pela comissão, para fazer valer
o direito de mover estas ações em bene-
fício da população foi preciso modificar
o Regimento Interno da Casa. “Tivemos
nossa atuação dificultada pela alegação
de alguns juízes de que nos faltava legiti-
midade para propor ações civis públicas”,
lembra a coordenadora judicial da comis-
são, Adriana Lacaz. Para contornar essa
situação, a deputada Cidinha Campos
“ Tivemos nossa atuação
dificultada pela alegação de
alguns juízes de que nos faltava
legitimidade para propor as
”
Ações Civis Públicas
Deputada Cidinha Campos (PDT)
apresentou, em 2006, um projeto de reso-
lução que incluiu no Regimento Interno
da Alerj o precedente de mover ações
civis públicas dentre as atribuições da
Codecon. “Como a desculpa recorrente
era a ausência de qualquer citação no
regimento quanto a essa possibilidade,
fizemos o projeto para corrigir a questão.
E, assim, acabar com os argumentos dos
juízes”, explica a pedetista. A alteração
regimental, segundo Adriana Lacaz, po-
derá ser crucial no julgamento do recurso
da comissão no caso da Net Rio, em que
um juiz concedeu liminar extinguindo
a cobrança pelo chamado ponto adicio-
nal. A empresa recorreu e, no segundo
julgamento, outro magistrado entendeu
que a comissão não tinha competência
para defender os consumidores através
das ações. O processo está em fase de
recurso especial.
Ampla foi acionada por comissão
Das 24 ações movidas pela comissão
este ano, e que ainda aguardam julga-
mento, uma beneficia milhares de pessoas
que sofrem com o serviço da empresa de
energia Ampla, que, desde que trocou os
relógios de luz por medidores de consumo
digitais do tipo aéreo – também conhecidos
como chip –, vem sendo alvo de denúncias
de erro de aferição em todos os municípios
onde atua. “Já entramos com umas quatro
ou cinco ações contra a Ampla, por várias
razões. Esta, especificamente, foi idéia de
um advogado nosso que voltou de uma
reunião promovida pela empresa com a
certeza de que esse medidor daria margem
a imprecisões”, lembrou Adriana, que se
inspira, sobretudo, nas denúncias feitas ao
atendimento da comissão e em notícias de
jornal, na hora de redigir as ações.
A ação que pretende obrigar a Ampla a
instalar seus medidores em locais visíveis,
em cumprimento à Lei 4.901/06, de autoria
do deputado Paulo Ramos (PDT) – e que,
desde maio, aguarda o despacho do juiz
–, se baseou na enorme quantidade de
queixas recebidas pela comissão, tanto
Rio de Janeiro, de 1º a 15 de setembro de 2007 5
Rafael Wallace
JUSTIÇA
no Ônibus do Consumidor, quanto na
O escrivão Ariclio
central de atendimento, no Centro do
Sampaio aguarda decisão
Rio. O escrivão da Polícia Militar Ariclio
do processo movido pela
Sampaio Sales, de 58 anos, foi um dos
comissão contra a Ampla
que procurou a comissão para reclamar.
Ele, que sempre viveu em Duque de
Caxias, diz que nunca pagou tão caro
pela luz quanto nos últimos seis meses,
desde que instalaram o chip no poste
em frente à sua casa. “Nada justifica um
aumento de 150%, a não ser a má-fé da
empresa. Eu, que sempre paguei algo
em torno de R$ 50, já me vi obrigado a
pagar R$ 300. E, após reclamar, passei
12 horas sem luz, o que só pode ser re-
presália”, denunciou o aposentado, que
vive em uma casa de quatro cômodos
com a mulher e desligou defi nitivamente
o ar-condicionado, para diminuir os
gastos com energia elétrica.
Outro caso exemplar ainda sem
julgamento é o que trata das discre-
pâncias entre os veículos que são fa-
“ Muitas leis aprovadas pela
Casa precisaram do nosso
”
empenho para vigorar
Deputada Cidinha Campos
bricados para a exportação e os feitos
para o mercado nacional. Segundo
Cidinha Campos, os carros voltados
para o mercado interno trazem artigos
de segurança como itens opcionais, o
que onera a compra para o consumidor
que desejar adquiri-los. Por outro lado, As principais conquistas
os carros fabricados no Brasil para ex-
portação já possuem estes itens como
básicos. A comissão tenta corrigir
Copos plásticos
18 empresas fabricantes de copos plásticos descartáveis foram obrigadas a retirar
esta diferença na 2ª Vara Empresarial. do mercado os copos que não estão de acordo com o Termo de Ajustamento de
Outra ação, também relativa à questão
Conduta (TAC) 14.865, da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT).
automotora, tenta anular resolução
do Conselho Nacional de Trânsito Aumento para idosos
(Contran) que obriga a instalação de As seguradoras Assim, Bradesco Saúde, Sul América Seguros e Golden
equipamento antifurto de bloqueio e Cross foram alguns dos planos de saúde impedidos, com base no Estatuto
rastreamento nos automóveis, o que do Idoso, de aumentar a mensalidade dos maiores de 65 anos.
também encarece os carros. Caso eles
recebam liminar favorável, trilharão o Consumação mínima
mesmo caminho de ações como a que Uma ação da Comissão obrigou a casa noturna Bombar a cumprir a lei que
tirou os aparelhos de ginástica passiva extingüiu a consumação mínima em bares e boates.
AB Toner das prateleiras e a que obri-
gou a empresa de brinquedos Mattel a Propaganda enganosa
disponibilizar, em cada município do A rede de supermercados Carrefour foi obrigada a cobrar no caixa o valor
Estado do Rio, pontos de entrega do divulgado em anúncios que faziam propaganda enganosa.
recall de brinquedos que a empresa
fez recentemente, em função de falhas
em algumas peças.
6 Rio de Janeiro, de 1º a 15 de setembro de 2007
CAPA
Futuro do Rio está no mar
Estado recebe 75% dos royalties pagos pela
Petrobras ao Brasil. Só a Bacia de Campos
responde por 84% da produção de petróleo do País
A
S ÉRGIO JARDIM E E VERTON S ILVALIMA
Bacia de Campos, que completou 30 anos
no dia 13 de agosto, é fonte importante
de renda para o estado, mas também de
preocupação. Ao mesmo tempo que a ex-
ploração do petróleo gera renda e empregos,
traz problemas como o crescimento desordenado das cidades e
prejuízos ambientais. “A indústria do petróleo causa impactos
que devem ser indenizados com os royalties. A legislação acha
justo o pagamento dos royalties e as empresas de petróleo têm
que atender a legislação”, explica o gerente da Petrobras para a
Bacia de Campos, Carlos Eugênio da Ressureição. A receita, fruto
desta compensação, que se integra ao orçamento dos municípios,
é alvo da atenção dos deputados da Assembléia Legislativa do
Rio. “O estado recebe 75% dos royalties pagos pela Petrobras no
País. Só no primeiro semestre deste ano, o Rio arrecadou R$ 868
milhões. Se este dinheiro não for bem utilizado agora, poderá fazer
muita falta no futuro, uma vez que o petróleo é um recurso não-
renovável”, esclarece o deputado Rodrigo Neves (PT), que preside a
Comissão de Assuntos Municipais da Alerj e está elaborando, em
conjunto com a Organização dos Municípios Produtores de Petróleo
(Ompetro), uma cartilha para ser distribuída aos 87 municípios
fluminenses beneficiados pelos royalties. “Temos exemplos também
da boa aplicação dos royalties. O objetivo da cartilha é encontrá-los
e mostrar a importância disso para o futuro”, explica.
Responsável por 84% da produção nacional de petróleo do
País, a Bacia de Campos, que se estende do Estado do Espírito
Santo, nas imediações da capital Vitória, até Arraial do Cabo, no
litoral norte do Rio, trouxe inúmeros investimentos para as cidades
localizadas no seu entorno. Em Quissamã, 20% da verba anual
dos royalties vão para o Fundo de Desenvolvimento Econômico do
município. Com esse dinheiro, a cidade adquiriu, há três anos, um
provedor para oferecer Internet banda larga de graça para 1.500
locais da cidade. “O dinheiro deve ser revertido para a melhoria da
infra-estrutura e da qualidade de vida da população”, contabiliza
o prefeito de Quissamã, Armando Cunha Carneiro da Silva, que
preside a Ompetro.
Em Campos, município que está em primeiro lugar na arre-
cadação de recursos advindos dos royalties, com R$ 217 milhões
apenas no primeiro semestre deste ano, a prefeitura usa parte dos
R$ 30 milhões que recebe por mês para financiar a instalação de
novas empresas na cidade. Nos últimos cinco anos, o fundo de
desenvolvimento de Campos estimulou a instalação de 57 novas
indústrias, a maioria do setor de construção civil, que juntas ge-
raram 4.400 empregos. Representante da região Norte fluminense
na Alerj, o deputado Wilson Cabral (PSB) afirma que Campos foi
abençoada. “São três décadas de investimentos, sobretudo no setor
de infra-estrutura. O dinheiro dos royalties precisa ser canalizado
para novos investimentos para que o município possa diversificar
sua produção”, salientou.
Beneficiada recentemente pela descoberta de novas reservas de
petróleo na cidade, Cabo Frio saltou para terceiro lugar no ranking
das cidades beneficiadas pelos royalties e recebeu R$ 66 milhões.
O deputado Alair Corrêa (PMDB), que foi prefeito da cidade por
três mandatos, comemora o aumento na arrecadação. “Cabo Frio
mudou a partir dos recursos dos royalties. Foram feitos investimos
na pavimentação das ruas, na coleta de lixo e na segurança. Tudo
isso gerou o incremento do turismo na cidade. Recebemos um
milhão de pessoas no verão. O foco agora é usar os recursos para
melhorias na área social”, analisa o parlamentar.
Mas, se há casos de sucesso, os de mau uso dos recursos
advindos dos royalties também são comuns. “A informação que
temos é que algumas prefeituras utilizam os royalties para realizar
shows e eventos. Como o petróleo é um recurso finito, os valores
recebidos precisam gerar emprego e renda, atrair novas fontes
de arrecadação para o município. E é neste sentido que nossa
comissão tem trabalhado pensando em formas de adensamento da
cadeia produtiva”, afirma o presidente da Comissão de Economia
da Alerj, deputado André Corrêa (PPS).
Rio de Janeiro, de 1º a 15 de setembro de 2007
Com o objetivo de diminuir as desigualdades entre as regiões
do estado, o deputado Glauco Lopes (PSDB), natural da cidade
de Macaé, segundo lugar em arrecadação de royalties, apresen-
tou a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 54/2005, que
cria o Fundo das Desigualdades Regionais. Os recursos deste
fundo, que receberia 50% dos royalties do petróleo pertencentes
ao estado, seriam aplicados no desenvolvimento regional dos
municípios mais necessitados. Dessa quantia, a região Noroeste
receberia 25%, a Norte fluminense 30% e a área metropolitana
do Rio, mais especificamente a Baixada Fluminense, incluindo
São Gonçalo, teria direito a 35%. Os 10% restantes iriam para
as demais regiões do estado. “Além de garantir uma maior
transparência na distribuição dos recursos para áreas em que
o estado é ausente em setores fundamentais como Educação,
Saúde e Infra-estrutura, o fundo seria uma forma de compensar
estas regiões e estruturá-las para novas atividades econômicas”,
assegura o parlamentar.
Para o secretário estadual de Desenvolvimento, Energia, In-
dústria e Serviços, Júlio Bueno, é preciso que ocorram mudanças
no pacto federativo imposto pela Constituição Federal. “O petróleo
tem que ser taxado na origem e não no destino, como acontece
agora. Se o petróleo fosse taxado na origem, os benefícios para o
7
Divulgação Petrobras/Steférson Faria
“ Não é possível saber
quanto o Governo irá
arrecadar apenas com a
definição de alíquotas,
nem o impacto que a
cobrança terá para as
empresas
”
Deputado Luiz Paulo (PSDB)
Rio seriam bem maiores”, argumenta o secretário, que defende
um melhor aproveitamento dos royalties e participações especiais
na produção do petróleo e gás natural no estado. “Em 1988, o
petróleo era muito menos importante do que hoje na economia
fluminense e do Brasil”, afirma. Segundo o secretário, a partir de
1997, entre Governo do estado e municípios, foram recebidos cerca
de R$ 32 bilhões advindos dos royalties e participações especiais.
“Em uso e valor, estes recursos foram muito mal utilizados. Mas
o petróleo terá vida longa. Portanto, essa é uma questão que tem
que ser discutida, para que possamos consertar o que foi feito
até agora”, diz ele.
Para participar deste debate, a Comissão de Assuntos Munici-
pais quer integrar a Alerj no programa Rio Além do Petróleo, que
busca mobilizar os diferentes níveis de governo, empresariado,
universidade e sociedade civil em torno do tema, bem como sis-
tematizar e divulgar, em ampla escala, seus resultados, de modo
a alimentar políticas públicas voltadas à melhoria acelerada das
condições de vida da população do Rio. “O grande objetivo do
programa é pensar o estado depois que os recursos do petróleo
se esgotarem”, explica o presidente da comissão. O parlamentar
pretende, ainda, mobilizar a bancada fluminense na Câmara
Federal para impedir a aprovação do projeto de lei 1.618/03,
de autoria do ex-deputado federal Mauro Passos (PT-SC), que
propõe que os recursos advindos dos royalties do petróleo sejam
divididos pelos mais de 5,5 mil municípios brasileiros. Hoje, 800
deles recebem os recursos. ‘Este tipo de discussão não tem o
menor cabimento. Se fosse assim, as outras riquezas naturais
do Brasil, como o minério, por exemplo, teriam que ser divididas
também. Daí a importância da realização de audiências públicas
para tratar do assunto, que é de total interesse de nosso estado”,
questiona Neves, que solicitou à Mesa Diretora da Alerj o envio
ao presidente da Câmara Federal, Arlindo Chinaglia (PT-SP), de
uma moção de preocupação com o projeto de lei.
 8 Rio de Janeiro, de 1º a 15 de setembro de 2007 Rio de Janeiro, de 1º a 15 de setembro de 2007 9

CAPA RESPONSABILIDADE SOCIAL

Rafael Wallace

 Para deputados, royalties precisam ser melhor utilizados pelas cidades

Fotos: Rafael Wallace

“Temos que defender o

Estado do Rio deixando a
ideologia partidária de lado.
A sociedade deve observar
e cobrar de que forma
os recursos estão sendo
utilizados. A Comissão de
Assuntos Municipais estará
presente nos debates em
torno da melhor utilização
dos royalties. É preciso
uma grande mobilização
da sociedade para orientar
a utilização dos royalties
“Como representante de
Campos me sinto muito
satisfeito em ver a bacia
completando 30 anos.
Esse projeto que está
tramitando no Congresso
Nacional é mais uma
tentativa de esvaziar o
nosso estado. É hora de
ganharmos recursos e
não de perdermos.
Precisamos estar atentos
às movimentações na
Câmara Federal para
“Os números dos royalties
são bastante animadores,
mas não condizem com a
realidade socioeconômica
dos moradores da nossa
região, que, na maioria
das vezes, não vêem os
resultados dos investimentos.
Foi com o intuito de
melhorar os indicadores
socioeconômicos dessas
regiões que dei entrada na
PEC para a criação do Fundo
Especial da Redução das
“A Bacia de Campos
foi uma grande dádiva
Kits levam História
que recebemos de
Deus. Temos que saber
aproveitar os benefícios
do Rio a todo o País
que podem advir dos
recursos gerados ali. O
grande desafio é encontrar O monge Dom Basilio, o irmão Bento e a diretora da biblioteca do Colégio São Bento, Tânia Basto, foram os primeiros a receber as publicações
formas de produzir
riquezas a partir dos
royalties. O petróleo é um Livros editados pela Casa são distribuídos aí”, avaliou a chefe da biblioteca do colégio, Tânia Basto, que,
bem finito e os municípios para universidades, escolas, câmaras de junto ao monge Dom Basílio e ao irmão Bento, recebeu o kit
precisam estar preparados vereadores e assembléias legislativas das mãos da diretora do Departamento de Biblioteca da Alerj,
para sobreviver Isabela Aguiar.

do petróleo” brecarmos o projeto”
Deputado Rodrigo Deputado Wilson
Neves (PT) Cabral (PMDB)
Alíquota de ICMS: ponto de discórdia entre petrolíferas e Governo estadual
Discussões nacionais sobre a divisão
dos royalties à parte, um outro imbróglio
que envolve as empresas petrolíferas está
em marcha, hoje, no estado: o que inclui
o Rio no Repetro, regime aduaneiro espe-
cial de exportação e importação de bens
destinados às atividades de pesquisa e
lavra de jazidas de petróleo. A questão
que tem colocado Governo estadual e
petrolíferas em lados opostos refere-se à
alíquota do Imposto sobre Circulação de
Mercadorias e Serviços (ICMS) das pla-
taformas. “Já resolvemos a permanência
do Rio no Repetro, pois o secretário (de
Fazenda) Joaquim Levy, que era a favor
de retirar o estado do benefício, voltou
atrás. Agora, vamos nos debruçar sobre os
valores da taxação”, explica o presidente
da Comissão de Tributação da Alerj,
deputado Luiz Paulo (PSDB).
Desigualdades Regionais”
Deputado Glauco
Lopes (PSDB)
No último dia 11 de setembro, a Co-
missão de Tributação, junto à Comissão
de Assuntos Municipais, presidida pelo
deputado Rodrigo Neves (PT), realizou
uma reunião extraordinária para discutir
o assunto. O Governo sugere alíquotas
de 8% e de 16%, dependendo de haver
ou não ressarcimento para as empre-
sas. As companhias de petróleo, mais
especificamente a Petrobras, querem
percentuais menores, 2%, sem devolução
do imposto pago, e 5%, com devolução
em até 48 parcelas. Líder do Governo
na Assembléia e membro da Comissão
de Tributação, o deputado Paulo Melo
(PMDB) diz que o que interessa para
o Poder Executivo é “ter dinheiro em
caixa”. “O Rio contribui muito para o
País com a produção de petróleo. O que
queremos é ter um retorno justo para
economicamente a isso”
Deputado André
Corrêa (PPS)
tudo isso”, reivindica.
O presidente do Instituto Brasileiro
de Petróleo e Gás (IBP), João Carlos de
Luca, que participou da reunião, acha
que taxar a indústria nos investimentos
e não na produção pode diminuir a com-
petitividade das empresas brasileiras.
O deputado Luiz Paulo afirma que as
discussões vão continuar. “Enviamos
um ofício ao secretário Levy solicitando
que o Governo faça simulações de arre-
cadação de ICMS sobre equipamentos
de produção de petróleo para as alíquo-
tas sugeridas na reunião e para o caso
de campos superiores a 50 milhões e a
500 milhões de barris”, expôs. Assim
que a Secretaria de Fazenda enviar as
simulações, a Comissão de Tributação
realizará nova rodada de negociações
com as petrolíferas.
C
E VERTON S ILVALIMA
apital do Brasil até 1960, a história do Rio de Janeiro
guarda um importante valor patrimonial e cultural
para todo o País. Com o intuito de manter esta história
viva, a Alerj está doando às demais assembléias legislativas, câ-
maras municipais, universidades, instituições jurídicas, centros
culturais e bibliotecas, 4,6 mil livros que revelam informações,
imagens e dados sobre a política fluminense.
“Essas edições fazem parte de kits que já dis-
tribuímos a pessoas e instituições interessadas
que procuram nossa biblioteca todos os dias.
“ É de suma importância pais acontecimentos que marcaram a trajetória
A idéia agora é massificar esta distribuição”, contribuir para outros
informa o diretor do Departamento de Material acervos. Nosso papel é
da Casa, Marcos Pinto. A importância dessas disseminar um pouco
publicações ultrapassou as fronteiras nacionais da produção intelectual
e chegou a países como a Guatemala, para incentivada pela Casa
onde alguns kits foram levados após a visita
de uma delegação guatemalteca à Alerj. Isabela Aguiar, diretora da biblioteca
Numa primeira etapa, os kits serão entre-
gues a 30 bibliotecas do município do Rio, 27 assembléias, 89
câmaras, 48 colégios estaduais que obtiveram as melhores notas
no Enem, 69 universidades no estado e 30 universidades em todo
o País. Depois, 114 bibliotecas estaduais serão contempladas. O
Colégio São Bento, no Centro, foi o primeiro a receber os livros.
“São todos excelentes e fazem com que nossos alunos tenham
mais informação sobre a memória do País. As publicações mos-
tram muito sobre os brilhantes parlamentares que passaram por
Os livros que compõem os 417 kits – cada um deles inclui 11
publicações – foram editados pelo Núcleo de Memória Política
Carioca e Fluminense, que nasceu de um convênio firmado
entre o Centro de Pesquisa e Documentação de História Con-
temporânea do Brasil (CPDOC), da Fundação Getúlio Vargas, e
a Assembléia, e começaram a ser enviados pela Alerj para todo
o Brasil em setembro. “É de suma importância contribuir para
outros acervos. Nosso papel social é disseminar um pouco da
produção intelectual incentivada pela Casa”,
salientou Aguiar.
As edições formam um panorama dos princi-
política no estado, e que vão da fusão da Gua-
nabara com o Rio, em 1975, às reflexões sobre
transformações ocorridas já no século XXI. Dentre
os títulos contidos nos kits estão os livros Palácio
” Tiradentes – Lugar de Memória do Parlamento
brasileiro; Palácio Tiradentes – 70 anos de His-
tória; Grandes Manifestações Políticas do Rio
de Janeiro; e A Construção de um Estado – A
Fusão em Debate; além da coleção Conversando sobre Política,
com transcrições de depoimentos de José Talarico, Célio Borja,
Hamilton Xavier e Saramago Pinheiro.
Além dessa distribuição, 120 kits estão prontos para serem
enviados a outras instituições interessadas. Para receber os
livros, basta entrar em contato com a Biblioteca da Alerj, através
dos números (21) 2588-1418 ou 2588-1419. O setor funciona de
segunda a sexta, das 11h às 17h30.
10
 CURTAS
Gripe como alvo
O Departamento Médico da
Assembléia Legislativa do
Estado do Rio de Janeiro
engajou-se na Campanha
do Ministério da Saúde de
Vacinação contra a Gripe e
já vacinou 350 funcionários.
De acordo com a diretora do
departamento, Mônica Antun,
ainda estão disponíveis cerca de
700 doses e não existe contra-
indicação para a vacinação.
“A campanha do Ministério da
Saúde é voltada para maiores
de 60 anos, para diminuir a
incidência de pneumonia.
Na Alerj, estamos vacinando
maiores de 18 anos”, explicou
a médica. Além das vacinas
contra a gripe, também foram
oferecidas pelo departamento
300 vacinas contra a rubéola.
O Departamento Médico fica
no primeiro andar do Palácio
Tiradentes e atende das 10h às
13h e das 14h às 17h.
Concurso sobre a Alerj
O Clube de Criação do Rio
de Janeiro abriu, no dia 10 de
setembro, as inscrições para o
Clube do Futuro, festival que
premiará estudantes com estágios
no departamento de criação das
principais agências cariocas.
Este ano, o Clube do Futuro
tem patrocínio da Alerj. Para
participar os universitários terão
que criar um anúncio de página
dupla no formato revista (42 x
28 cm) mostrando que a Alerj é
a casa do cidadão fluminense e
está sempre aberta para ouvi-
lo e recebê-lo. Os cartazes de
divulgação, criados pela agência
Staff, mostram Luiz Nogueira,
da McCann-Erickson, e Adilson
Xavier, da Giovanni+DraftFCB,
transformados em monstros
com o seguinte título: “Você
sempre quis trabalhar com os
monstros da propaganda. Esse dia
chegou”. Mais informações sobre
o concurso pelo link http://www.
ccrj.com.br/v2/noticias/index.
php?id_m=3860&idSecao=1
ILEGALIDADE
Alerj ganha comissão
para combater a pirataria
Objetivo é agir contra os
“grandes tubarões” que
fomentam a atividade ilegal
A
S ÉRGIO JARDIM
Comissão Permanente da
Assembléia Legislativa do
Rio para prevenir e combater
a pirataria no estado, instalada no dia 6 de
setembro, vai atuar em parceria com a De-
legacia de Repressão aos Crimes contra a
Propriedade Imaterial (DRCPIM-RJ) e com
o Instituto Nacional de Metrologia, Norma-
lização e Qualidade Industrial (Inmetro)
para que a comercialização de produtos
piratas seja cada vez mais reprimida.
“O objetivo não será pegar o pequeno
camelô. No caso do filme Tropa de Elite
(obra do cineasta José Padilha que mostra
o surgimento do Batalhão de Operações
Especiais da PM), por exemplo, já rece-
bemos denúncias de que video-locadoras
estão vendendo a cópia ilegal. O grande
problema do País
é a impunidade. A
comissão será uma
ótima ferramenta
para se combater
os grandes tubarões
desse mal”, expli-
cou o presidente da
comissão, deputado
Dionísio Lins (PP). O
parlamentar garan-
tiu que uma de suas
primeiras ativida-
des à frente da co-
missão será realizar
blitzes para recolher
as cópias de Tropa
de Elite e fechar os Presidente da comissão, Dionísio Lins diz ter recebido 118 denúncias
estabelecimentos que
as estejam comercializando.
Lins comentou que, no início de 2007,
lançou-se em uma cruzada contra a pi-
rataria, tendo, inclusive, disponibilizado
o telefone do seu gabinete para receber
denúncias e reclamações sobre a comer-
cialização de produtos ilegais em todo o
estado. “Durante o mês de agosto, foram
118 ligações recebidas. Os campeões de
denúncia são os CDs, DVDs e artigos
Rio de Janeiro, de 1º a 15 de setembro de 2007
esportivos. Fiquei surpreso com o número
de ligações que recebemos. Inclusive,
foi-nos denunciada a existência de uma
fábrica clandestina de DVDs em Niterói”,
afirmou o parlamentar, que, a partir de
agora, usará o telefone do Alô, Alerj (0800
22 0008) para receber as queixas. “É im-
portante ressaltar ainda que não haverá a
necessidade de as pessoas se identifica-
rem na hora da denúncia. A participação
popular será muito importante, já que
a iniciativa de criar a comissão surgiu
por causa das inúmeras reclamações da
população”, salientou.
Outro foco de atuação da comissão
será a falsificação de remédios. Para o
deputado do PP, esse tipo de falsificação
é “a mais cruel de todas”. “Essa máfia é
muito grande. A falsificação pode gerar
morte. A punição para quem comete um
crime como esse deve ser a mais rígida
entre as punições de todos os crimes”,
disse. De acordo com Lins, que já foi presi-
dente do Instituto de Pesos e Medidas do
Rio (Ipem-RJ), as pessoas que trabalham
Rafael Wallace
corretamente não precisam se preocupar
com as ações da comissão. “Será um tra-
balho muito sério que irá separar o joio do
trigo. Os trabalhadores legalizados serão,
certamente, beneficiados”, explicou. O
deputado João Pedro (DEM) será o vice-
presidente da comissão e os deputados
Olney Botelho (PDT), Alessandro Calazans
(PMN) e Comte Bittencourt (PPS) atuarão
como membros efetivos.
Rio de Janeiro, de 1º a 15 de setembro de 2007
DESENVOLVIMENTO
Valença será sede de debates sobre
situação da agricultura no estado
Comissão quer discutir
soluções para a agropecuária
e a agroindústria fluminenses
V
CAMILA DE PAULA
alença será o ponto de parti-
da dos fóruns regionais que
a Comissão de Agricultura
da Assembléia Legislativa do Rio vai
realizar para discutir soluções para a
agropecuária e a agroindústria no es-
tado. O primeiro encontro foi marcado
para o próximo dia 5 de outubro, quando
secretários municipais de Agricultura,
produtores rurais e profissionais ligados
ao setor das regiões Sul e da Costa Verde
do estado irão participar de seminários
para tratar das fragilidades e potencia-
lidades agrícolas fluminenses. A agenda
de realização dos fóruns foi decidida, no
dia 11 de setembro, durante audiência
pública. “A idéia de criar este fórum
surgiu quando eu era secretário de
Agricultura de Nova Friburgo. Tive difi-
culdades porque não havia dados sobre a
produção agrícola. Pretendo mudar esse
cenário e levantar esses dados em todo o
Rio”, informou o presidente da comissão,
deputado Rogério Cabral (PSB).
Depois do Sul fluminense, as dis-
cussões serão levadas para as regiões
Noroeste (Itaperuna); Centro-Sul e Ser-
rana (Petrópolis); Baixada Litorânea e
Metropolitana (São Gonçalo); e Norte
(Campos), todas em datas a serem defini-
das. “Entre os temas que serão discutidos
nas palestras com profissionais do setor
estão projetos de fomento e incentivos
fiscais para pequenos produtores, gestão
de organizações cooperativas, fontes de
financiamento e políticas públicas para
a agricultura familiar, um de nossos
principais focos”, completou Cabral. O
presidente da comissão esclareceu que,
após os fóruns, irá realizar um congresso
para tratar de todos os assuntos discu-
tidos em cada região.
Como secretário de Friburgo, o de-
putado pôde concluir que as péssimas
condições das estradas, a pequena
quantidade de pontos de comercializa-
ção e a falta de cadastro como produtor
rural por parte de, pelo menos, 16% dos
produtores locais são alguns dos proble-
mas que atingem a agricultura em boa
parte da Região Serrana. “Conhecemos
muitas iniciativas para melhorar o setor
em todo o interior. O que está dando
certo em determinada região deve servir
de exemplo”, comentou Rogério Cabral,
para quem os fóruns servirão como um
meio de se saber quais são as ações
que estão sendo realizadas em prol da
agricultura fluminense.
O coordenador da Secretaria de Agri-
cultura do município do Rio, Júlio César
Barros, disse que é necessário criar um
programa de incentivos fiscais para os
produtores. “Há taxação de Imposto
sobre Circulação de Mercadorias e Servi-
ços (ICMS) que onera muito o produtor.
Temos que criar incentivos como os que
já existem para o setor em São Paulo,
Mato Grosso e Paraná”, defendeu. O
“ Conhecemos
muitas iniciativas para
melhorar o setor em
todo o interior. O
que está dando certo
em determinada
região deve servir
de exemplo
”
Deputado Rogério Cabral (PSB)
11
vice-presidente da comissão, deputado
Nelson Gonçalves (PMDB), acredita que
essa é uma reivindicação que merece
entrar na pauta de discussão dos parla-
mentares. Para a secretária do Conselho
Estadual de Secretários Municipais de
Agricultura e de Meio Ambiente (Cesma-
RJ), Ana Paula Guimarães de Farias, a
segurança para o meio rural também de-
ve ser abordada nos encontros. “Recebi
denúncias de atos de violência na briga
por pasto. Alguns criadores invadem a
terra de seus vizinhos por falta de área
fértil para seu gado”, relata.
Participaram ainda da audiência o
atual secretário de Agricultura e Meio
Ambiente de Nova Friburgo, Selmo
de Oliveira Santos, e representantes
da Empresa de Assistência Técnica e
Extensão Rural do Rio (Emater-Rio) e da
Empresa Brasileira de Pesquisa Agro-
pecuária (Embrapa), além de técnicos
das prefeituras de Valença, Nova Iguaçu,
Mesquita, São Gonçalo, Japeri, Paty do
Alferes e Teresópolis.
Fabiano Veneza
12 Rio de Janeiro, de 1º a 15 de setembro de 2007

 ENTREVISTA NATALINO (DEM)

Zô Guimarães

“Quero fazer
projetos que
beneficiem a
população”

E
K ARINA MOURA

leito para o parlamento estadual pela primeira vez

com 49.405 votos, o deputado Natalino (DEM) acre-
dita que encontrou na política uma forma de mudar
a realidade da população. Como presidente da Comissão de
Obras Públicas da Alerj, o parlamentar mantém sob vigilância
constante a qualidade das obras no estado. “Tenho acompa-
nhado e pedido informações à Empresa de Obras Públicas
do Estado do Rio (Emop) sobre os valores e a forma como foi
licitada cada uma das obras”, ressalta. Antes de ingressar na
política, Natalino, que é cantor gospel e inspetor da Polícia Civil,
trabalhou nas delegacias de Entorpecentes, Roubos e Furtos
de Autos (DRFA) e na Polinter, na Zona Oeste. “Lancei meu
terceiro CD recentemente por uma gravadora independente e
nossas músicas tocam nas rádios em todo o País”, afirma.

Como começou sua tra-
jetória política?
Sempre tive vontade de fazer
alguma coisa para ajudar
a população. Nunca pensei
que fosse fazer política, mas
quando meu irmão Jerominho
se candidatou a vereador (do
município do Rio de Janeiro),
comecei a acompanhar o seu
trabalho e a gostar. Quero
Dos projetos de sua autoria,
apresentados até agora,
qual o senhor destacaria?
Tenho vários projetos, prin-
cipalmente para essas três
áreas citadas anteriormente.
Mas gostaria de destacar um
projeto que criei para desen-
volver a consciência ecológica,
auxiliando na redução de da-
nos causados
da pelo senhor?
Nossa comissão tem traba-
lhado com a supervisão de
um engenheiro, para evitar
o desperdício e garantir
a qualidade do material
empregado nas obras que
estão sendo realizadas no
estado, porque se elas fo-
rem mal-feitas, quem vai
pagar o preço é
Outra questão importante
é o direito à defesa. Ho-
je, qualquer denúncia feita
contra o policial deve ser
apurada de forma justa e
digna. Se ele realmente for
culpado, vai pagar por aqui-
lo que cometeu.
E a música gospel? Como
surgiu na sua vida?

“
fazer projetos que tragam à natureza. a população. Sou cantor evangélico e já
Se o policial tiver
benefícios à população. É Ele obriga tenho três CDs gravados.
um salário decente,
muito triste, por exemplo, ter as empresas O que o senhor Este último, chamado O
acompanhamento
que interceder para possibi- que fabricam acredita que amigo, tem a participação
psicológico e acesso a
litar uma cirurgia ou inter- embalagens pode ser feito do cantor Agnaldo Timóteo
cursos de reciclagem,
nação. Os cidadãos pagam PET a reco- para melhorar e foi produzido por uma
poderá desempenhar

impostos e têm direito de
ser atendidos.
Que áreas o senhor prio-
riza no seu mandato?
O nosso governador Sérgio
Cabral vem com a motiva-
ção de promover dias me-
lhores e trazer uma nova
esperança para todo o es-
tado do Rio. Nossa luta é
por melhorias na Educação,
Saúde e Segurança. Estas
são minhas bandeiras no
Parlamento.
lherem as
um ótimo trabalho
garrafas para
reciclagem.
Se não me engano, cada em-
balagem dessa demora 200
anos para se decompor. Caso
o projeto seja transformado em
lei, além de ajudar o meio am-
biente, propiciará a geração de
novos empregos e economia
para as indústrias.
Como tem sido o tra-
balho da Comissão de
Obras Públicas, presidi-
”
a segurança da
população no
estado?
O policial precisa ter mais
tranqüilidade para fazer um
bom trabalho. Como um
profissional pode se desen-
volver se ele e sua família
não vivem bem? Na minha
opinião, se o policial tiver
um salário decente, acom-
panhamento psicológico e
acesso a cursos de recicla-
gem, ele poderá desempe-
nhar um ótimo trabalho.
gravadora independente.
Sempre gostei de música.
Meu pai tocava violão e
eu e meu irmão acabamos
aprendendo a tocar com ele.
Quando ele morreu, há 17
anos, o violão ficou comigo.
Meu pai sempre falou de
Deus em nossa casa e um
dia começamos a escolher
algumas passagens na Bí-
blia e as musicamos. Até
hoje canto, quando convi-
dado, em igrejas, clubes e
até na rua.