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Escavação e Exploração de Minas A Céu Aberto PDF
Escavação e Exploração de Minas A Céu Aberto PDF
FACULDADE DE ENGENHARIA
JUIZ DE FORA
FACULDADE DE ENGENHARIA DA UFJF
2013
UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA
JUIZ DE FORA
2013
i
LEONARDO ASSIS FERREIRA
Juiz de Fora
Faculdade de Engenharia da UFJF
2013
ii
ESCAVAÇÃO E EXPLORAÇÃO DE MINAS A CÉU ABERTO
Trabalho Final de Curso submetido à banca examinadora constituída de acordo com o Artigo
9o do Capítulo IV das Normas de Trabalho Final de Curso estabelecidas pelo Colegiado do
Curso de Engenharia Civil, como parte dos requisitos necessários para a obtenção do grau de
Engenheiro Civil.
Por:
_____________________________________
Prof. Guilherme Soldati Ferreira, M. Sc. (Orientador)
_____________________________________
Prof. Ana Maria Stephan, D. Sc.
_____________________________________
Prof. Roberto Lopes Ferraz, D. Sc.
iii
“Bem sei que tudo podes, e nenhum dos teus planos pode ser frustrado.”
Jó 42.2
iv
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus pela sua misericórdia que se renova todos os dias da minha vida; por ser Ele
quem me dirige todos os passos, desde o meu levantar até o meu deitar. Agradeço a Ele pelos
Teus olhos terem me visto uma substância ainda informe, e no Teu livro ter sido escrito todos
os meus dias, cada um deles escrito e determinado, quando nenhum deles havia ainda.
Agradeço aos meus pais, Geraldo e Luzia, pelo amor incondicional que a mim demonstraram,
fazendo de tudo para que eu pudesse me tornar uma pessoa melhor. Amo vocês.
Agradeço a minha irmã, Pollyana, por ser a minha companheira dessa longa jornada, e por
mais que a vida tenha nos separado, fui feliz a cada minuto da sua presença. Conte sempre
comigo.
Agradeço aos amigos que conquistei durante todos estes anos, sendo eles grandes
companheiros de batalha. Lembro-me bem de todas as noites mal dormidas que nos levaram a
um imenso cansaço, mas juntamente com este cansaço, conquistamos a vitória.
Agradeço a Bia por ser aquela que esteve ao meu lado durante toda a reta final, pessoa com
quem quero viver todos os dias da minha vida.
Agradeço por todos os meus familiares, que torceram por mim, mesmo não estando perto.
Agradeço aos meus mestres que tiveram papel fundamental na minha formação de
engenheiro, sou eternamente grato a tudo que aprendi com vocês.
Agradeço especialmente ao meu mestre Guilherme Soldati por ser responsável pelo
acompanhamento de todas as etapas desta monografia. Muito obrigado pelo seu apoio e
incentivo.
v
RESUMO
vi
LISTA DE FIGURAS
vii
Figura 27: Parâmetros que definem a geometria de uma mina a céu aberto. .......................... 46
Figura 28: Diferenciação entre praça e bancada de mina........................................................ 49
Figura 29: Padrões de inclinação para taludes. ....................................................................... 49
Figura 30: Trator de esteira “bulldozer”. ................................................................................ 54
Figura 31: Trator de rodas “bulldozer”. .................................................................................. 55
Figura 32: Lâmina de um trator de esteiras “bulldozer”. ....................................................... 55
Figura 33: Escarificador (“Ripper”). ...................................................................................... 56
Figura 34: “Scrapers” sendo rebocados por tratores de esteiras e rodas................................ 57
Figura 35: “Motoscrapers”..................................................................................................... 57
Figura 36: Caçamba de um “scraper” escavando e carregando o solo. ................................. 58
Figura 37: Carregadeira sobre esteiras. ................................................................................... 59
Figura 38: Carregadeira sobre rodas. ...................................................................................... 59
Figura 39: Escavadeira Hidráulica. ......................................................................................... 60
Figura 40: Escavadeira “Shovel”. ........................................................................................... 60
Figura 41: “Dragline”. ........................................................................................................... 61
Figura 42: Motoniveladora. ..................................................................................................... 62
Figura 43: Caminhão basculante comum empregado na mineração com capacidade de carga
de 35 toneladas. ........................................................................................................................ 62
Figura 44: Caminhão articulado empregado na mineração com capacidade de carga de 43
toneladas. .................................................................................................................................. 63
Figura 45: Caminhão “off-road” empregado na mineração com capacidade de carga de 200
toneladas. .................................................................................................................................. 63
Figura 46: Rolo vibratório liso. ............................................................................................... 64
Figura 47: Rolo vibratório “pé-de-carneiro”. .......................................................................... 64
Figura 48: Perfuratriz giratória empregada na mineração a céu aberto no desmonte de rocha e
minério. ..................................................................................................................................... 65
Figura 49: Dinamite. ............................................................................................................... 67
Figura 50: ANFO. ................................................................................................................... 67
Figura 51: Emulsão. ................................................................................................................ 67
Figura 52: Cordel detonante. ................................................................................................... 68
Figura 53: Retardo de cordel. .................................................................................................. 69
Figura 54: Espoleta de queima. ............................................................................................... 69
Figura 55: Sistema de iniciação não elétrico. .......................................................................... 70
viii
Figura 56: Sistema de iniciação eletrônico. ............................................................................ 70
Figura 57: Abertura de Trincheira. .......................................................................................... 75
Figura 58: Execução de sondagem a trado. ............................................................................. 75
Figura 59: Execução de sondagem rotativa............................................................................. 76
Figura 60: Testemunhos de sondagem. ................................................................................... 76
Figura 61: Cubagem de jazidas – Método dos polígonos (área de influência). ...................... 77
Figura 62: Cubagem de jazidas – Método dos polígonos (triângulos). ................................... 78
Figura 63: Emprego de correntes para remoção da vegetação. ............................................... 82
Figura 64: Emprego de lâmina para remoção da vegetação.................................................... 82
Figura 65: Emprego de destocador para remoção da vegetação. ............................................ 83
Figura 66: Escavadeira hidráulica decapando uma mina. ....................................................... 83
Figura 67: Mina de Carajás possuindo vias em forma de serpentina. ..................................... 85
Figura 68: Mina de Mirny na Rússia, possuindo vias em forma helicoidal. ........................... 85
Figura 69: Sistema de planos inclinados. ................................................................................ 86
Figura 70: Sistema de suspensão por cabos. ........................................................................... 87
Figura 71: Sistema de poço vertical. ....................................................................................... 87
Figura 72: Sistema de ádito inferior. ....................................................................................... 88
Figura 73: Sistema de funil. .................................................................................................... 89
Figura 74: Desmonte do minério por escavação direta de equipamentos. .............................. 91
Figura 75: Desmonte do minério por uso de explosivos. ........................................................ 91
Figura 76: Processo de carregamento do minério e ou estéril. ............................................... 92
Figura 77: Transporte de material estéril para um aterro especializado. ................................ 93
Figura 78: Transporte do minério para o seu ponto de beneficiamento. ................................. 94
Figura 79: Execução de aterro controlado de material estéril. ................................................ 95
Figura 80: Mapa de localização do empreendimento............................................................ 100
Figura 81: Vista geral do local onde se pretende instalar a mina. ......................................... 101
Figura 82: Pontos levantados do terreno natural. .................................................................. 102
Figura 83: Curvas de nível geradas a partir dos pontos levantados. ..................................... 102
Figura 84: Modelagem tridimensional do terreno natural. .................................................... 103
Figura 85: Seção transversal da mina. ................................................................................... 106
Figura 86: Projeto final da mina. ........................................................................................... 106
Figura 87: Modelagem tridimensional da mina. ................................................................... 107
Figura 88: Volume total de minério e estéril a ser extraído. ................................................. 108
ix
LISTA DE TABELAS
x
LISTA DE ABREVIATURAS, SIGLAS E SÍMBOLOS
xi
T Teor do minério.
TC Teor de corte.
xii
SUMÁRIO
RESUMO ............................................................................................................................. vi
1 INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 1
2 JUSTIFICATIVA ........................................................................................................... 9
3 OBJETIVOS .................................................................................................................. 11
xiii
4.5 Equipamentos e Insumos Empregados na Mineração a Céu
Aberto ....................................................................................................................... 52
xiv
4.6.2 Desenvolvimento ............................................................................. 80
xv
1 INTRODUÇÃO
O processo de formação de uma civilização, sendo ele material, técnico ou até mesmo
cultural, sempre esteve estritamente ligado à exploração dos recursos minerais presentes no
solo, atividade exercida pelo homem desde a pré-história.
1
instalação pode ser transferida de um lugar para outro, por mais bem sucedida que tenha sido.
A tecnologia mineral deve ser desenvolvida em cada local de forma diferente, levando sempre
em consideração as características predominantes do mesmo. Ao fim da vida de um
empreendimento, todas as providências devem ser tomadas visando à reparação do dano
ambiental incorrido, caso esse processo não tenha sido realizado durante a sua vida útil.
É importante que seja ressaltado que a capacidade desta atividade em fornecer material
para a sociedade não é infinita, visto que, se trata de uma atividade que faz uso de materiais
não renováveis. Por conseguinte, é de fundamental importância que todos os processos que
englobam um empreendimento mineral sejam previamente analisados, objetivando assim a
retirada mais completa, mais segura e mais eficaz da massa mineral.
A história do Brasil possui uma íntima relação com a busca e o aproveitamento dos
seus recursos minerais, que sempre contribuíram para a construção do país. Geradora de
novas necessidades, a mineração se tornou um centro dinâmico, responsável pela
diversificação da economia e expansão territorial.
Segundo Cotrim (2002) até o século XVII, a economia açucareira era a atividade
predominante da colônia e o interesse metropolitano estava voltado inteiramente para o seu
desenvolvimento. Porém, a partir do ano de 1640, o açúcar brasileiro sofreu forte
concorrência antilhana, uma vez que, os espanhóis que haviam sido expulsos passaram a
produzir tal produto. Diante desta situação, a Coroa portuguesa revigorou o antigo sonho de
encontrar ouro no Brasil. Somente no final do século XVII, por volta de 1693 a 1695, os
bandeirantes encontram as primeiras jazidas de ouro em Minas Gerais. Mais tarde, já nos anos
de 1729, foram encontradas jazidas de diamantes no Serro Frio, atual cidade de Diamantina,
Minas Gerais.
2
As bandeiras eram expedições que reuniam uma quantidade considerável de homens
que se lançavam pelo sertão, passando meses e às vezes anos, em busca de índios e metais
preciosos. Sucessivos movimentos de penetração do território proporcionaram um melhor
conhecimento e “alargamento” do país. A figura 1 ilustra bem este fato, exemplificando os
caminhos abertos pelos bandeirantes.
3
Segundo Dean (2004) a extração de ouro era feita por lavagem na bateia. As turmas de
escravos trabalhavam com água pelos joelhos nos leitos e nos riachos, recolhendo o cascalho
e a água em bacias chatas e cônicas de madeira, que eram agitadas e novamente cheias até
restar apenas os flocos de ouro mais pesados. Nos anos de 1730, a trabalhosa e insalubre
atividade de batear não era mais lucrativa em diversas minas. Os arrendatários passaram a
dragar os riachos maiores com caçambas primitivas e desviavam os riachos menores para
pesquisar meticulosamente seus leitos. Feito isso, empreendia-se a lavagem dos aluviões. A
figura 2 mostra com clareza como era feita a exploração do ouro de aluvião.
Ao final do século XVIII, com a intensa exploração aurífera, até mesmo as maiores
jazidas foram se esgotando, revelando assim a fragilidade da mineração. O processo de
declínio esteve associado a dois principais fatores: dificuldades técnicas e os aspectos fiscais.
Os mineradores da época não dispunham de conhecimentos técnicos especializados, enquanto
o ouro se encontrava no leito dos rios era fácil a sua extração, porém à medida que ia se
aprofundando nas rochas a sua extração se tornava mais difícil e complexa, inviabilizando o
empreendimento. A Coroa Portuguesa por sua vez, adotou uma pesada carga tributária sobre
os mineradores, visto que, o seu único interesse era o recebimento dos impostos, contribuindo
de forma decisiva para a decadência da mineração.
4
Segundo Ramos (2000) o direito minerário brasileiro evoluiu de forma diferenciada ao
passar dos anos. Assim, durante a época colonial o regime predominante era o regaliano, em
que as jazidas pertenciam ao Rei de Portugal, isto é, à Coroa. Durante o Império (D.Pedro I e
D.Pedro II), adotou-se o regime dominial, em que as jazidas e minas pertenciam à Nação. A
constituição de 1891 (24 de fevereiro) elabora ao início da primeira faze republicana o regime
de acessão, em que as jazidas e minas pertenciam ao proprietário do solo. Finalmente, com o
advento do chamado “Código de Minas”, de 1934, foi instituído o regime res nullius, em que
as jazidas e minas a ninguém pertencem. Detêm-nas quem as explora legalmente, de forma
que este regime está vigente até hoje.
O Brasil possui, em seus mais de 8,5 milhões de Km², uma grande diversidade de
terrenos e formações geológicas, fato este que lhe confere um grande potencial mineral. Os
recursos minerais brasileiros abrangem uma produção de 72 substâncias, das quais 23 são
metálicas, 45 não metálicas e 4 energéticas. Segundo o DNPM (2012) dentre as principais
substâncias exploradas no país, as que mais se destacaram nos últimos anos em relação à
produção mundial foram: Nióbio (97,6%), Grafita (43,3%), Tântalo (39,8%), Ferro (17,4%),
Estanho (14,3%) e Níquel (10,5%).
5
Figura 3: A) Participação do Brasil na produção mineral mundial; B) Participação e posição no ranking mundial
das principais reservas minerais do Brasil.
Fonte: (DNPM, 2012).
Figura 4: Participação da indústria extrativa mineral no valor adicionado bruto a preços básicos no Brasil.
Fonte: (Sumário Mineral - DNPM, 2012).
6
Observando a imagem anterior, é possível notar que nos últimos anos a economia
mineral brasileira sofreu um grande avanço se comparada com os anos anteriores. De acordo
com Silva (2008) este comportamento foi impulsionado por alguns fatores preponderantes
para os estímulos nos investimentos.
Capacitação tecnológica;
Economia estável.
Segundo Germani (2002) o perfil do setor mineral brasileiro é composto por 95% de
pequenas e médias minerações. Estima-se que existam em torno de 17000 pequenas empresas,
com produção de US$ 2,0 bilhões, sendo que a maior parte atua em regiões metropolitanas na
extração de material para a construção civil. Há que se ressaltar que o cálculo exato do
número de empreendimentos de pequeno porte é uma empreitada complexa, fato que decorre
de um grande número de empresas que produzem na informalidade. As minas brasileiras
estão distribuídas regionalmente com 4% no norte, 8% no centro-oeste, 13% no nordeste,
21% no sul e 54% no sudeste. A divisão quanto ao porte não é bem definida, principalmente
quando se considera a natureza, o valor e o tipo de depósito. Para efeito de classificação,
adota-se um método empírico, como indicado na tabela 1, sendo considerada a capacidade
diária de produção de cada mina.
7
Segundo Calaes (2009) O Plano Nacional de Mineração 2030 explicita a intenção
estatal de expandir a exploração de minerais variados em até cinco vezes, considerando um
cenário otimista da economia mundial. Tais projeções efetuadas para o futuro revelam elevada
perspectiva de crescimento da indústria mineral brasileira, segundo uma rota de crescente
integração competitiva à economia mundial.
Figura 5: Comparação da economia mineral na atualidade e uma projeção para o ano de 2050.
Fonte: (IBRAM, 2009).
8
2 JUSTIFICATIVA
9
Atrelado a este fato, há de se destacar o crescimento da população mundial nos
próximos anos e a sua concentração em áreas urbanas. Segundo o IBRAM – Instituto
Brasileiro de Mineração (2009) a tendência é que as pessoas migrem do campo para as
cidades (Figura 7), afetando positivamente o setor mineral, uma vez que, a mineração é a base
de todo este processo de urbanização.
10
3 OBJETIVOS
i) Pesquisa Mineral;
ii) Desenvolvimento;
Para tal, foi realizada uma pesquisa bibliográfica acerca do tema proposto baseando-se
em trabalhos anteriores como: teses de mestrado e doutorado, revistas, artigos publicados,
periódicos e livros texto. As bibliografias consultadas versaram sobre os seguintes assuntos:
História sobre a Mineração, A Importância da Mineração na Economia, Métodos de Lavras,
Concessões de Lavra, Técnicas Empregadas na Mineração à Céu Aberto, Elementos de um
Projeto de Mineração, entre outros, que se fizeram importantes para a realização da presente
monografia.
11
iii) Definição dos Parâmetros Geotécnicos da Mina;
12
4 REVISÃO DA LITERATURA
Os minerais sempre foram utilizados pelo homem com o objetivo de satisfazer as suas
necessidades em termos de qualidade de vida. Mas, nos últimos trinta anos, a intensidade da
procura pelos minerais tem vindo a registrar um incremento assinalável (VELHO, 2005). O
desenvolvimento tecnológico das sociedades industrializadas é considerável, o surgimento de
novos materiais, de novas soluções, de novas técnicas e de novas propostas tem sido cada vez
mais constante. Os minerais constituem um parceiro ativo e decisivo neste processo evolutivo,
sem eles não seria possível o surgimento de tão grande variedade de materiais (VELHO,
2005). De acordo com Wicander e Monroe (2009) o critério – que ocorre naturalmente –
exclui dos minerais todas as substâncias manufaturadas pelo homem. Por consequência, o fato
dos minerais serem formados a partir de processos naturais, implica dizer que, não se pode
afirmar quais são as características de um mineral sem antes analisá-lo.
O mineral pode ser definido como sendo um sólido cristalino inorgânico que ocorre na
natureza, com uma composição química bem definida e com propriedades físicas
características (WICANDER e MONROE, 2009). De acordo com Schumann (2008) um
cristal é um corpo materialmente uniforme com uma estrutura regular das suas partículas
mínimas (átomos, íons ou moléculas). Os minerais cristalinos ocorrem em uma variedade de
formatos, três dos quais são apresentados na figura 8.
13
Figura 8: Formas dos Minerais: a) Cristal Cúbico; b) Cristais Octaedros; c) Cristais Hexaedros.
Fonte: (WICANDER e MONROE, 2009).
Cor
Na maioria dos minerais, a cor não é uma característica que sirva para reconhecê-los,
pois eles podem aparecer com várias cores ou tonalidades. As substâncias que dão a cor são
em muitos casos misturas metálicas (cromo, ferro, cobalto, cobre, manganês, níquel). A
irradiação atmosférica e as impurezas mecânicas podem, por sua vez, influenciar a cor
(SCHUMANN, 2008).
14
Brilho
Fratura
Densidade
Clivagem
15
De acordo com Schumann (2008) conforme a facilidade com que o mineral se deixa
fragmentar assim se diz que a clivagem é muito perfeita ou imperfeita. Existem vários tipos
de clivagem mineral, sendo que algumas são exemplificadas na figura 9.
Dureza
16
Cada um dos minerais representados na tabela 2 risca o anterior, de dureza inferior, e é
riscado pelos seguintes, mais duros. Os minerais de dureza igual não riscam uns aos outros
(SCHUMANN, 2008).
Ouro (Au)
17
Figura 10: Mineral – Ouro.
Fonte: (SCHUMANN, 2008).
Prata (Ag)
Cor branco-prateada com a tendência para ficar cinzenta, acastanhada ou negra (Figura
11). Traço branco-prateado, com brilho metálico. Dureza 2,5 a 3. Densidade 9,6 a 12,0. Brilho
metálico; opaco, translúcido azulado em lâminas finas. Não possui clivagem. Fratura
serrilhada. Dúctil, maleável, pode ser reduzido em lâminas finas. Os cristais são cubos e
octaedros (SCHUMANN, 2008).
18
Cobre (Cu)
Cor vermelha em superfície recente, depois acastanhada, por vezes com bordos
esverdeados (Figura 12). Traço vermelho do cobre, com brilho metálico. Dureza 2,5 a 3.
Densidade 8,3 a 8,9. Brilho metálico; opaco, translúcido em lâminas finas. Não possui
clivagem. Fratura serrilhada. Maleável, muito flexível. Os cristais raras vezes têm formas
perfeitas, são cubos ou octaedros (SCHUMANN, 2008).
Grafita (C)
Cor cinzento-clara a escura ou preta (Figura 13). Traço cinzento a negro com brilho
metálico. Dureza 1. Densidade 2,1 a 2,3. Brilho metálico a terroso; opaco, translúcido em
lâminas finas. Clivagem muito perfeita. Fratura irregular. Sensação de gordura, pois suja os
dedos. Isolado do ar é refratário. Os cristais são laminados e flexíveis (SCHUMANN, 2008).
19
Figura 13: Mineral – Grafita.
Fonte: (SCHUMANN, 2008).
Diamante (C)
Cor amarela, castanha ou incolor; por vezes também verde, azul, avermelhada ou
negra (Figura 14). Traço branco. Dureza 10. Densidade 3,47 a 3,55. Brilho adamantino;
transparente e opaco, refração elevada, forte dispersão da luz. Clivagem perfeita. Fratura
concóide estilhaçada. Os cristais são predominantemente octaedros, a par de cubos e
dodecaedros. Os agregados são compactos, de forma arredondada (chamados carbonado)
(SCHUMANN, 2008).
20
Segundo Geraldi (2011) no globo terrestre ocorre uma grande diversidade de minerais
que, agregados, formam os diversos tipos de rocha. Portanto, pode-se definir rocha como
sendo um componente sólido da crosta terrestre composta por um conglomerado de minerais
(SCHUMANN, 2008). De acordo com Geraldi (2011) as rochas que constituem o globo
terrestre são classificadas e agrupadas de acordo com a sua gênese, sua litologia, e por suas
características estruturais, sendo subdivididas em três grupos: Magmática ou Ígnea,
Sedimentar e Metamórfica. A seguir, serão apresentadas as principais rochas supracitadas,
que são exploradas em minas a céu aberto e empregadas em sua grande maioria no setor da
construção civil.
21
Rochas Sedimentares
Segundo Geraldi (2011) as rochas sedimentares (Figura 16) são formações originadas
pela ação dos processos de intemperismo e desagregação, provocados por agentes da natureza
– como a chuva, a neve e o vento – em maciços rochosos preexistentes, e a posterior
deposição (sedimentação) dos componentes minerais liberados, provenientes destes maciços.
Rochas Metamórficas
22
Figura 17: Exemplo de rocha metamórfica: Quartizito.
Fonte: (SCHUMANN, 2008).
Destas categorias, é evidente que a maior demanda para a aplicação dos princípios da
geologia concentra-se nas minerações de grande porte.
23
Depósito: É a ocorrência geológica de minerais em formas relativamente
concentradas;
Mina: Área onde explora um bem mineral. Quando a jazida passa a ser aproveitada,
ela se transforma em mina, podendo ser a céu aberto ou subterrânea. As minas a céu
aberto podem ainda ser desenvolvidas a meia encosta, cavas, tiras ou placers;
Minério: Toda substância ou agregado mineral, rocha ou solo, que pode ser
aproveitado tecnicamente;
Encaixante: Diz-se das rochas que se situam externamente ao corpo mineral, na quais
o mesmo se encaixou. Se a intrusão é inclinada, a rocha do topo é denominada capa e
da base, lapa;
24
Usina: Instalações industriais onde os minérios são cominuídos e concentrados, onde é
realizado o beneficiamento do minério. Nas usinas, os minérios podem ser
concentrados por processos gravimétricos, que se valem das diferenças de densidades
dos minerais, e/ou químicos, em que os mesmos são dissolvidos e depois precipitados
ou recuperados;
Cava: É a escavação a céu aberto em forma de uma cava (abertura no solo), com
bancadas descendentes para a extração dos bens minerais;
25
Alto Risco na Fase de Pesquisa Mineral
26
Na figura 19, compara-se o tempo de maturação de um depósito de ouro, no período
de 1969 a 1983, na Austrália, no Brasil e no Canadá, observando-se que este tempo varia, em
média, de 4 a 14 anos, implicando investimentos sem retorno durante este período
(SHINTAKU, 1998).
Investimentos Elevados
27
Figura 20: Evolução dos investimentos no setor mineral brasileiro.
Fonte: (IBRAM, 2011).
Rigidez Locacional
28
Especificidade Tecnológica
29
Analisando as duas afirmações acima, nota-se uma pequena divergência no que tange
o ponto do beneficiamento. O texto legal afirma que o beneficiamento também faz parte do
processo de lavra, já o autor Beall (1973 apud GIRODO, 2005) afirma que o processo de
lavra se encerra no beneficiamento, ou seja, o mesmo não se inclui no processo.
Naturalmente, não faz parte do objetivo desta monografia entrar no mérito da questão e
aprofundar no assunto, apenas torna-se importante a abordagem das duas opiniões para uma
melhor compreensão do leitor sobre a temática em questão.
Sobre o planejamento de lavra, Reis e Sousa (2003 apud SILVA, 2008) enfatiza que,
para a realização de um bom planejamento de lavra é necessário que se atente para alguns
critérios como: um dimensionamento bem elaborado dos equipamentos e instalações, assim
como o estudo de viabilidade econômica, sequência de atividades e custos no que diz respeito
aos impactos ambientais. Em concordância com o que foi dito, Macêdo et al (2001) afirma
que o emprego do termo “técnica de extração” reflete os aspectos técnicos da seleção do
método (parte fundamental da análise), o dimensionamento dos equipamentos, a disposição
das aberturas e a sequência da lavra.
30
De acordo com Macêdo et al (2001) a seleção do método de lavra pode ser dividida
em duas fases.
ii) Escolha do método que apresente o menor custo, sujeito às condições técnicas que
garantam uma maior segurança.
Geometria do Depósito
31
iii) Veios delgados: Correspondem a zonas ou faixas mineralizadas tipicamente extensas,
delgadas (abaixo de 3 metros) e geralmente com alto mergulho. Muitas vezes o
contato de minérios com as encaixantes é brusco, outras vezes gradacional. Grande
proporção de depósitos de ouro e minerais metálicos constituem-se em veios delgados;
iv) Veios Espessos: Semelhantes aos veios delgados, contínuos com espessura
mineralizada superior a 3 metros;
32
Características do Minério
Esta é uma das considerações mais óbvias, pois, em se tratando de estabilidade, sabe-
se que a água é um potencial “inimigo” de qualquer empreendimento de engenharia. Se lagos
e rios que cobrem o corpo do minério não podem ser drenados, os métodos de lavra que
resultarão em subsidência na superfície (lavra a céu aberto) devem ser desconsiderados. Caso
haja a presença de água fluindo em uma mina, deve-se prover a drenagem da mesma e, além
da drenagem, deve existir o cuidado suplementar no tratamento da água antes do seu
esgotamento, visando a não poluição do meio ambiente (MACÊDO et al, 2001).
Considerações Geotécnicas
33
De acordo com Macêdo et al (2001) o objetivo da avaliação geotécnica é prever o
comportamento do terreno quando as escavações são executadas e como elas afetarão a
segurança do projeto. Uma avaliação geotécnica pode iniciar-se com a aplicação de métodos
geofísicos e o mapeamento regional, no intuito de analisar a distribuição e o posicionamento
dos corpos geológicos e suas características físicas e tecnológicas (SOUZA et al, 1998).
Considerações Ambientais
34
Segundo Macêdo et al (2001) os custos de cada método devem ser definidos e a forma
de determiná-los é através da apropriação de seus componentes individuais. A decisão final
sobre a escolha do melhor método deve ser baseada em mais de um critério de avaliação
econômica. Deve também ser considerada a situação financeira da empresa, tendo em vista a
necessidade de grande injeção de capital em uma atividade sujeita a riscos elevados.
Lavra Subterrânea.
35
Em uma análise simplificada, Cavalcanti (2005) demonstra três equações que são
utilizadas para definir o limite entre os trabalhos, definindo o melhor método de lavra a ser
empregado.
Equação 4.3.1.1
Equação 4.3.1.2
Equação 4.3.1.3
Onde,
36
Segundo Macêdo et al (2001) além da análise econômica, o método de lavra adotado,
quer seja a céu aberto ou subterrâneo, deve possuir objetivos finais específicos.
Como pode ser verificado, não existe um processo produtivo que caracterize a
atividade da mineração. Para cada tipo de minério, corpo mineralizado e escala de produção,
existe uma solução tecnológica que melhor se ajusta aos diversos fatores intervenientes.
37
4.4 Mineração a Céu Aberto
De acordo com Damasceno (2008) a “vida” de uma exploração mineira a céu aberto é
composta por um conjunto de atividades que se podem resumir em: pesquisa para localização
do minério; prospecção para a determinação da extensão e do valor do minério localizado;
estimativa dos recursos em termos de extensão e teor do depósito; planejamento para
avaliação da parte do depósito economicamente extraível; estudo de viabilidade para
avaliação global do projeto e tomada de decisão entre iniciar ou abandonar a exploração do
depósito; desenvolvimento de acessos ao depósito que vai se explorar; exploração, com vista
à extração de minério em grande escala; e recuperação da zona afetada de forma a possibilitar
uso futuro. As atividades citadas acima, que compõem as fases de um empreendimento
mineral a céu aberto, serão representadas nesta monografia com uma maior riqueza de
detalhes em um tópico que trata especialmente deste assunto.
38
Segundo Girodo (2005) a lavra a céu aberto nada mais é do que uma escavação ampla
da superfície do terreno com o propósito de extrair minerais metálicos e não metálicos, em
qualquer tipo de rocha. As lavras a céu aberto podem ser desde pequenas raspagens manuais
na superfície do terreno até gigantescas escavações que alcançam centenas de metros em
profundidade, podendo ocupar dezenas ou eventualmente até centenas de quilômetros
quadrados em superfície. De acordo com Redaelli e Cerello (1998) escavações a céu aberto
podem envolver pequenos serviços executados por homens munidos de pás e picaretas até
grandes serviços executados por equipamentos de grande porte. Adicionalmente, a capacidade
e o poder de escavação dos equipamentos vêm crescendo com os anos, reduzindo assim a
necessidade de desmonte do minério a partir do uso de explosivos, todavia, a prática de
desmonte por fogo ainda é amplamente utilizada. A figura 21 mostra com clareza a
grandiosidade dos equipamentos de escavação que estão sendo fabricados na atualidade.
39
Quando se trata de um empreendimento mineral a céu aberto um dos grandes
problemas é a falta de planejamento ou, em muitos casos, um planejamento inadequado, o que
reflete na má escolha em relação aos equipamentos utilizados nas operações em geral dentro
da mina, gerando desta forma, desperdícios, diminuição de produtividade, e
consequentemente, custos elevados (SILVA, 2008). Segundo Girodo (2005) o planejamento
da lavra a céu aberto deve proceder concomitantemente com o seu estudo de viabilidade
técnica-econômica. Quando se estabelece a escala de produção para o projeto mineiro
definitivo, os estudos de lavra devem ser feitos de forma bastante detalhada para evitar
possíveis erros futuros.
40
i) Vantagens
Os métodos de lavra são mais seguros. Locais com rochas instabilizadas são notados
com maior facilidade e o problema pode ser prontamente sanado com relativa
facilidade. Os operadores são também mais facilmente vistos pelos seus superiores.
Trabalhando-se com grandes equipamentos tem-se um número menor de operários
melhor preparados, sendo mais fácil de serem administrados;
A lavra a céu aberto é mais compatível com operações seletivas. O controle dos teores
torna-se mais fácil, deixando para trás alguns blocos de minérios mais pobres ou
removendo-os como material estéril;
O custo unitário de uma lavra a céu aberto costuma ser apenas uma fração do custo de
uma lavra subterrânea, sendo a mesma explorada em profundidades menores;
ii) Desvantagens
Em uma lavra a céu aberto existe uma grande emissão de poeira, ruídos e diversas
vibrações decorrentes das detonações;
41
No Brasil, os métodos de lavra a céu aberto são representados basicamente por: Lavra
por bancadas (“Open Pit Mining”), Lavra por Tiras (“Strip Mining”) e Lavra Aluvionar
(“Placer Mining”) (SILVA, 2008). De acordo com Hartman (2002 apud SILVA, 2008) a
mineração em superfície (a céu aberto) inclui os métodos de escavação mecânica (a lavra por
bancadas e a lavra em tiras) e os métodos de escavação hidráulicos (lavras aluvionares).
De acordo com Silva (2008) na mineração a céu aberto, o método mais utilizado é a
lavra por bancadas (Figura 22). Este tipo de lavra pode ser definido como um processo de
mineração onde depósitos de sub-superfície a superfície são escavados em forma de bancos.
Geralmente este método é utilizado em depósitos minerais regulares, possuindo larga escala
em termos de taxa de produção, sendo responsável por mais de 60% de toda a produção
lavrada por métodos de superfície. Por ser este método tão importante, se fez necessário o
detalhamento deste em um tópico específico que será mostrado adiante.
Figura 22: Lavra por bancadas da Companhia Vale do Rio Doce, conhecida como mina de Brucutu.
Fonte: (TIME MAGAZINIE, 2013).
42
ii) Lavra em Tiras (“Strip Mining”)
Segundo Souza (1994 apud DNPM, 2004) a lavra a céu aberto por tiras é utilizada
principalmente em jazidas com predominância de camadas horizontais (stratabound), com
espessuras de minério menores em relação às grandes dimensões laterais (Figura 23). É
semelhante à lavra por bancadas, deferindo em um aspecto: o capeamento não é transportado
para um bota-fora ou pilhas de estéril, mas depositado diretamente nas áreas adjacentes já
lavradas. Às vezes a mesma máquina faz a escavação e o transporte do estéril, em uma
operação unitária.
43
Figura 24: Dragagem do canal do rio Paraguai.
Fonte: (AHIPAR – Administração da Hidrovia do Paraguai, 2013).
É importante ressaltar que os métodos de lavra a céu aberto foram aqui descritos de
uma forma simplória, ou seja, as informações sobre estes tipos de lavra não se esgotam nesta
monografia. Cada empreendimento de mineração deve aplicar as melhores técnicas para seu
planejamento e operação, estudando todas as variáveis envolvidas para cada situação
específica, através de pessoal técnico especializado, tendo em conta as observações de campo
e as orientações da literatura especializada.
Segundo Souza (1994 apud DNPM, 2004) a lavra por bancadas é aplicada quando a
jazida possui dimensões verticais e horizontais consideráveis, obrigando a retirada do minério
por meio de bancadas, bancos ou degraus. O método de lavra em bancadas pode ser tanto em
encosta (flanco) quanto em cava. A lavra em encosta está acima do nível de escoamento da
drenagem, e se faz sem acumular água. Já a lavra em cava está abaixo da cota topográfica
original, tornando a mina um grande reservatório, necessitando-se de bombeamento para o
esgotamento da água. A variação entre a lavra em cava ou em encosta se dá unicamente pela
topografia do local, ou seja, a localização do corpo do minério. Para uma melhor
compreensão, as figuras 25 e 26 exemplificam a diferença entre os dois métodos de lavra por
bancadas.
44
Figura 25: Lavra em Encosta.
Fonte: (IGM – Instituto Geológico e Mineiro, 1999).
45
Figura 27: Parâmetros que definem a geometria de uma mina a céu aberto.
Fonte: (DAMASCENO, 2008).
Onde,
ℎ𝐵 - Altura da bancada;
𝑏 - Largura da bancada;
𝛼𝑅 - Ângulo de inter-rampa;
𝑟 - Largura da rampa;
46
É importante ser ressaltado que cada mina possui suas características próprias, e
nenhum valor que aqui será apresentado é meramente inserido em um projeto de mineração.
Todos os parâmetros geotécnicos de uma mina devem ser calculados de forma a atender as
características do material a ser explorado. Por fugir ao objetivo desta monografia, não serão
mostrados todos os fatores intervenientes de cada parâmetro geométrico do talude de uma
mina, pois seria inviável a apresentação destes por ser vasta a temática em questão. Desta
forma, serão apresentadas a seguir as características e definições dos parâmetros mencionados
anteriormente, juntamente com alguns valores expostos pelas literaturas que servem de base
para o inicio de um projeto.
i) Altura da Bancada
Segundo Torres (2013) as vantagens das bancadas baixas são: possibilitar melhores
condições de segurança, melhores condições para o tratamento dos taludes finais e menores
vibrações. Já as bancadas altas possuem as seguintes vantagens: maior rendimento na
perfuração, melhor rendimento dos equipamentos de carga e menor quantidade de bancadas.
De acordo com Girodo (2005) a altura das bancadas nas principais operações minerais
do Quadrilátero Ferrífero é da ordem dos 13, 10 e 7 metros, para as minas de grande, médio e
pequeno porte, respectivamente. Segundo Germani (2002) a altura das bancadas jamais
devem exceder os 15 m. Já o DNIT – Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes
(2009) recomenda que a altura dos taludes em corte não ultrapasse os 8m. Este valor
apresentado pelo DNIT possui uma maior rigorosidade envolvida, por ser este órgão mais
criterioso quanto à segurança da estrutura. Para fins de um dimensionamento primário, este
valor pode ser considerado como válido, ficando sobre a responsabilidade do projetista a
otimização posterior do projeto, com valores mais adequados ao empreendimento mineiro.
47
ii) Largura da Bancada
A bancada é feita para a divisão do talude geral, quebrando sua continuidade, com
dimensões e posicionamento em níveis adequados, também servindo de acesso aos diferentes
níveis. A largura da bancada é dimensionada de maneira tal que permita o acesso de
equipamentos destinados à remoção dos materiais desmontados, mas evitando que os
materiais desmontados atinjam níveis inferiores (DNPM, 2004). Segundo Girodo (2005) as
bancadas são normalmente dimensionadas para reter algum material desgarrado das paredes
superiores, evitando assim o seu deslocamento até as partes inferiores da mina.
De acordo com Torres (2013) a largura das bancadas estão diretamente ligadas à altura
das mesmas.
Equação 4.4.1.1
b = 4,5m + 0,3.h𝑏
Onde:
b - Largura da Bancada;
É importante que seja feito uma pequena observação sobre a questão da definição de
bancada e praça da mina. De acordo com DNPM (2004) a praça da mina é compreendida
como a maior área de manobras dos equipamentos ou a área de cota inferior e que dá acesso a
todas as frentes da mina. Em uma mesma mina pode haver mais de uma praça, localizadas em
cotas diferentes. Portanto, é errado relacionar a praça da mina com a bancada da mesma, uma
vez que são parâmetros totalmente diferenciados. A figura 28 mostra a diferença entre praça
de serviço e bancada de talude.
48
Figura 28: Diferenciação entre praça e bancada de mina.
Fonte: (ELABORADO PELO AUTOR).
Por princípio, um ângulo de talude deve ser tal que permita a continuidade das
operações que se realizam em seu nível ou em níveis inferiores e superiores. Ou, em outras
palavras, um talude deve permanecer estável enquanto durarem as operações de lavra e após
seu fechamento (DNPM, 2004). Segundo Girodo (2005) o volume de estéril produzido é
significativamente afetado pelo ângulo de talude de escavação e assim deve ser levada a cabo
uma cuidadosa avaliação dos parâmetros geotécnicos envolvidos.
49
Estes gabaritos são frequentemente usados na prática da Engenharia, porém, para um
estudo mais detalhado de um empreendimento mineral, os taludes não obtêm a sua
estabilidade com estas inclinações, sendo necessária a realização de uma análise de
estabilidade mais aprofundada (MARANGON, 2010).
De acordo com Girodo (2005) os ângulos de talude das principais minerações a céu
aberto no Quadrilátero Ferrífero são variáveis e costumam estar por volta dos 50 a 60 graus. A
ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas, afirma na NBR 9061 (1985) que as
escavações devem ser executadas com paredes em taludes cujo ângulo horizontal não deve
exceder os seus valores máximos.
De acordo com o DNPM (2013 a) a largura mínima das vias de trânsito deve ser duas
vezes maior que a largura do maior veículo, no caso de pista simples, e três vezes maior, para
pistas duplas.
50
Segundo Torres (2013) a largura da via pode ser obtida levando-se em consideração a
largura do maior veículo que trafega na via.
Equação 4.4.1.2
Lv = Lc .(0,5+1,5 .n)
Onde,
Lv - Largura da via;
Assim como qualquer método de lavra, a lavra por bancadas possui vantagens e
desvantagens, sendo estas apresentadas a seguir (SILVA, 2008).
i) Vantagens
Relativamente flexível;
51
ii) Desvantagens
Este tópico tem por finalidade a apresentação dos equipamentos e insumos que são
empregados em um empreendimento mineral sem, contudo, detalhar todos os fatores
envolvidos. Portanto, os exemplos aqui descritos, apesar de serem numerosos, estão de certa
forma resumidos, sendo apresentado apenas as principais características dos mesmos.
4.5.1 Equipamentos
52
É fácil compreender que a mecanização das operações que envolvia o movimento de
terras foi decisiva para a decadência da mão de obra abundante, tornado os equipamentos
mecânicos o principal meio utilizado no ambiente da engenharia para a realização de obras de
infraestrutura.
Segundo Ricardo e Catalani (2007) a mecanização pode ser caracterizada por alguns
aspectos singulares.
53
ii) Unidades Escavo - Transportadoras;
v) Unidades de Transporte;
54
Figura 31: Trator de rodas “bulldozer”.
Fonte: (CATERPILLAR, 2013 c).
A lâmina possui uma seção transversal curva para facilitar a operação de desmonte e
na parte inferior recebe a ferramenta de corte, constituída de peça cortante, denominada faca
da lâmina. Nas extremidades, temos duas peças menores que são os cantos da lâmina. As
facas e os cantos são facilmente removíveis para substituição, quando desgastados pela
abrasão resultante da operação de corte, ou quando sofrem fraturas pelo choque com
obstáculos diversos: blocos de rocha, matacões, etc (RICARDO e CATALANI, 2007). A
figura 32 mostra um trator de esteira “bulldozer” destacando a parte que constitui a sua
lâmina.
55
Outro implemento do trator é o escarificador ou “ripper”. Estes dispositivos constam
de um ou mais dentes reforçados, providos de pontas cortantes, utilizados para romper os
solos muito compactos, para depois serem transportados por uma lâmina comum (RICARDO
e CATALANI, 2007). A figura 33 mostra um escarificador ou “ripper”.
O “scraper” rebocado consiste numa caçamba montada sobre dois eixos com
pneumáticos para acionamento da lâmina, normalmente tracionado por trator de esteira ou
rodas (FERREIRA, 2011). A figura 34 mostra “scrapers” sendo rebocados tanto por um
trator de esteiras quanto por um trator de rodas.
56
Figura 34: “Scrapers” sendo rebocados por tratores de esteiras e rodas.
Fonte: (JOHN DEERE, 2013).
57
Os comandos de acionamento são executados por pistões hidráulicos de duplo sentido
e acionados por bomba hidráulica de alta pressão. A escavação é feita pelo movimento
sincronizado da lâmina de corte que entra em contato com o terreno pelo abaixamento da
caçamba ao mesmo tempo em que o avental é elevado com a movimentação gradual do ejetor.
A carga se faz pelo arrastamento do scraper, a qual a lâmina penetra no solo, empurrando-o
para o interior da caçamba (FERREIRA, 2011). A figura 36 mostra a movimentação e
deposição do solo na caçamba do “scraper” durante a escavação.
4.5.1.3.1 Carregadeiras
58
Figura 37: Carregadeira sobre esteiras.
Fonte: (CATERPILLAR, 2013 g).
4.5.1.3.2 Escavadeiras
59
As figuras 39, 40 e 41 representam as escavadeiras mais utilizadas no ambiente da
mineração sendo elas, a escavadeira hidráulica, a escavadeira “shovel” e a escavadeira
“dragline” respectivamente.
60
Figura 41: “Dragline”.
Fonte: (CATERPILLAR, 2013 k).
61
Figura 42: Motoniveladora.
Fonte: (CATERPILLAR, 2013 l).
Figura 43: Caminhão basculante comum empregado na mineração com capacidade de carga de 35 toneladas.
Fonte: (SCANIA, 2013).
62
Figura 44: Caminhão articulado empregado na mineração com capacidade de carga de 43 toneladas.
Fonte: (CATERPILLAR, 2013 m).
Figura 45: Caminhão “off-road” empregado na mineração com capacidade de carga de 200 toneladas.
Fonte: (CATERPILLAR, 2013 n).
63
Os solos, para que possam ser utilizados nos aterros, devem preencher certos
requisitos, ou seja, certas propriedades que melhoram o seu comportamento técnico,
transformando-os em verdadeiro material de construção. Esse objetivo é atingido de maneira
rápida e econômica através das operações de compactação (FERREIRA, 2011). Na
mineração estes equipamentos são utilizados na execução de aterros de materiais estéreis
(materiais que não possuem nenhum aproveitamento para a indústria). As figuras 46 e 47
ilustram os rolos mais utilizados na compactação de um aterro de material estéril.
64
4.5.1.7 Unidades de Perfuração
Figura 48: Perfuratriz giratória empregada na mineração a céu aberto no desmonte de rocha e minério.
Fonte: (CATERPILLAR, 2013 q).
4.5.2 Insumos
A descoberta da pólvora, por volta do século IX, pode ser considerada como um marco
para o processo evolutivo das escavações (desmonte) dos minerais e rochas. O homem contou
com suas próprias descobertas e com muita ousadia para enfrentar grandes volumes de
escavações, abrindo cortes cada vez maiores nos maciços rochosos e aventurando-se nas
primeiras obras e minas de grande porte (GERALDI, 2011). Os processos e métodos de
escavação de rocha evoluíram ao longo dos séculos em virtude de alguns fatores essências
(GERALDI, 2011).
65
Incremento das atividades de escavação de rocha destinadas à produção de blocos de
rocha e também à busca de metais;
4.5.2.1 Explosivos
Segundo Weyne (1980 apud DNPM, 2004) explosivos são substâncias ou misturas de
substancias capazes de se transformarem quimicamente em gases, com extraordinária rapidez
e com elevado desenvolvimento de calor, produzindo elevadas pressões e temperaturas. Os
explosivos, de acordo com a sua composição, apresentam propriedades diversas, sendo a base
para uma escolha tecnicamente correta para cada tipo de uso. As principais propriedades de
um explosivo que são analisadas para o emprego destes são: Força, velocidade de detonação,
resistência à água, coesão, resistência ao congelamento e sensibilidade (DNPM, 2004).
O importante nos serviços com explosivos é que a energia gerada nas detonações, que
é praticamente instantânea, seja corretamente aproveitada na fragmentação da rocha ou
minério, evitando-se perdas e abalos resultantes de sua dissipação pelo maciço e pelo
ambiente (GERALDI, 2011).
São aqueles que, mesmo confinados em furos ou embalagens especiais, liberam a sua
energia a baixas velocidades (abaixo de 500 m/s) (GERALDI, 2011). Um exemplo deste tipo
de explosivo é a pólvora negra, muito utilizada na fabricação de armamentos.
66
ii) Detonantes
São os explosivos industriais propriamente ditos, que liberam sua energia a grandes
velocidades, na faixa de 1200 a 7000 m/s (GERALDI, 2011). As figuras 49, 50 e 51
exemplificam os explosivos que são caracterizados como detonantes, sendo eles a dinamite, o
ANFO e as emulsões respectivamente.
67
iii) Explosivos de Segurança
São explosivos especiais, de uso reservado das Forças Armadas (GERALDI, 2011).
Estes explosivos, sob determinadas especificações, podem ser usados em ambientes
inflamáveis, como na presença de grisu (metano misturado com o ar) ou poeiras carbonosas
(DNPM, 2004).
i) Cordel Detonante
68
ii) Retardos de Cordel
Permitem a ligação com o tempo de retardo entre furos ou entre filas de furos. Estes
dispositivos permitem uma maior adequação do tempo de retardo ao tipo de rocha e condições
estruturais do maciço rochoso a desmontar. Também proporcionam melhor adequação da
sequência de detonação dos furos, visando orientar a direção de lançamento dos fragmentos
de rocha, em função da posição geográfica da frente de escavação (GERALDI, 2011). A
figura 53 exemplifica um retardo de cordel.
iii) Espoletas
69
iv) Sistema de Iniciação Não Elétrico
É um sistema composto por uma espoleta (detonador) acionada por pressão, ligada a
um tubete plástico de pequeno diâmetro e com comprimentos variados, de acordo com a
profundidade e distância entre furos a serem detonados. Possui uma iniciação (detonação)
silenciosa, não provocando maiores impactos de ar no meio ambiente (GERALDI, 2011). A
figura 55 exemplifica um sistema de iniciação não elétrico.
São modernos acessórios ainda de alto custo de aquisição que permitem uma melhor
adequação dos tempos de retardo ao tipo e às condições geomecânicas do maciço de
escavação, reduzindo as vibrações pelo terreno causadas pela detonação e melhorando a
fragmentação da rocha (GERALDI, 2011). A figura 56 exemplifica um sistema de iniciação
eletrônico.
70
4.6 Fases da Mineração a Céu Aberto
O bom aproveitamento de todo e qualquer depósito mineral passa por uma pesquisa
mineral de boa qualidade, de forma que, uma pesquisa mineral de baixa qualidade leva
inexoravelmente a enormes perdas e até ao fracasso total do empreendedor mineiro
(GIRODO, 2005). Como o empreendimento mineiro compreende um grande volume de
capital e alta taxa de risco por repousar em uma entidade (jazida), cujo seu conhecimento
nunca é completo, e como são consideráveis os custos dos trabalhos de pesquisa, é
aconselhável que a evolução de um projeto mineiro se faça norteada por uma série de decisões
baseadas em um conjunto de dados levantados durante todo o desenvolvimento dos trabalhos
de pesquisa (IBRAM, 1981).
i) Exploração Geológica;
71
iii) Avaliação dos Depósitos.
Na fase de exploração geológica, que tem caráter regional e em que se tem a pretensão
de reconhecer a potencialidade mineral de vastas áreas, trabalha-se principalmente com dados
secundários adquiridos através da utilização de mapas (preferencialmente em escalas ≤
1:50000) geológicos, geoquímicos, metalogenéticos e geofísicos, além de imagens
provenientes dos diversos tipos de sensores acoplados a satélites ou aerotransportados. Os
poucos dados primários obtidos nesta fase o são por intermédio de levantamentos geológicos
de campo expeditos. O objetivo primordial desta fase é selecionar áreas para serem
posteriormente trabalhadas mais detalhadamente (PEREIRA, 2012).
Visitas às jazidas e ocorrências minerais existentes na região, onde todas deverão ser
cadastradas, localizadas por GPS (preferencialmente por coordenadas UTM) e serem
sumariamente descritas com relação às rochas encaixantes, tipo da mineralização,
paragênese mineral, etc;
72
Nesta fase, o geólogo deve procurar extrair do terreno, durante a realização desses
caminhamentos, não só o máximo de informações possíveis com relação à geologia, mas
também atentar para todas as evidências que sirvam como indicadores da possível presença de
mineralizações. Portanto, um acurado senso de observação representa, nesta etapa, o mais
poderoso aliado do geólogo. Isso se dá em virtude de, no campo, a procura dos indícios da
presença de mineralizações em uma determinada área passar pelas observações dos seus
aspectos mais gerais, tais como as feições morfológicas, os tipos de vegetação e solos
(PEREIRA, 2012).
Esta etapa tem por objetivo a complementação das informações adquiridas durante o
mapeamento geológico de detalhe. A complementação destas informações se torna às vezes
indispensável, principalmente, em virtude do desenvolvimento do manto de intemperismo, ou
mesmo coberturas sedimentares mais recentes, que podem recobrir e mascarar as zonas que
contêm as mineralizações. (PEREIRA, 2012).
73
Mapeamento Geológico
Prospecção Geoquímica
Prospecção Geofísica
Trabalhos de Superfície
74
Figura 57: Abertura de Trincheira.
Fonte: (MGA – Mineração e Geologia Aplicada, 2013).
Sondagem Rotativa
75
As figuras 59 e 60 exemplificam a execução de uma sondagem rotativa e o
armazenamento dos testemunhos obtidos a partir de uma sondagem rotativa respectivamente.
76
4.6.1.3 Avaliação dos Depósitos
77
Figura 62: Cubagem de jazidas – Método dos polígonos (triângulos).
Fonte: (PEREIRA, 2012).
Equação 4.6.1.3.1
T = MM/M
Onde,
T - Teor do minério;
MM - Mineral minério (substância mineral útil ao homem que possui valor econômico);
M - Minério (Rocha que hospeda a mineralização, ou seja, rocha que contem o mineral-
minério).
78
De acordo com Neto e Rocha (2010) na atividade de lavra de minas costumam-se usar
diferentes definições de teores.
Teor Crítico
É o teor em que a operação de lavra não dá lucro e nem prejuízo, sendo uma espécie
de limiar entre o lucro e o prejuízo.
Teor de Corte
É o teor mínimo da substância útil que permite a sua extração econômica. Pode ser
resumindo como sendo o teor crítico mais o lucro.
Teor Diluído
EC .T
Td =
TC
Onde,
Td - Teor diluído;
EC - Espessura da camada;
T - Teor do minério;
TC - Teor de corte.
Teor Limite
79
4.6.2 Desenvolvimento
A extração das substâncias úteis de uma jazida não pode ser iniciada imediatamente
após a descoberta da mesma. Caso a extração se iniciasse imediatamente, o acesso às partes
mais afastadas do local da extração resultaria extraordinariamente difícil ou quase impossível.
Desta forma, se faz necessário uma prévia preparação do local onde será implantado um
empreendimento mineral, dentro de um determinado planejamento, sendo esta preparação
denominada desenvolvimento da mina (SENAI - SERVIÇO NACIONAL DE
APRENDIZAGEM INDUSTRIAL, 2013).
Como esta é uma fase que envolve grandes despesas, por segurança, ela só deve ser
iniciada após a certeza do potencial da jazida, de forma que, o seu planejamento deve ser
condicionado ao tipo de lavra que se irá executar (SÁNCHEZ, 2012).
Para uma melhor compreensão do desenvolvimento de uma mina, este será subdivido
em três etapas distintas.
80
i) Desmatamento;
ii) Decapeamento;
4.6.2.1 Desmatamento
Etapa que compreende os serviços de remoção da cobertura vegetal do local onde será
instalado um empreendimento. O porte da vegetação, o número de árvores, a densidade da
vegetação e o diâmetro das árvores, são fatores que devem ser determinados através de uma
inspeção local. Assim, conclui-se que a inspeção do local é indispensável para a averiguação
dos fatores favoráveis ou desfavoráveis aos serviços de limpeza da vegetação (RICARDO e
CATALANI, 2007).
Emprego de Correntes
Emprego de Lâmina
81
Emprego de Destocador
82
Figura 65: Emprego de destocador para remoção da vegetação.
Fonte: (RICARDO e CATALANI, 2007).
4.6.2.2 Decapeamento
83
4.6.2.3 Abertura de Vias de Acesso
Em lavras a céu aberto, as vias de acesso são, comumente, simples estradas principais,
convenientemente construídas para possibilitar a lavra dos diversos bancos, que verticalmente
dividem a jazida (SENAI, 2013).
Em certos casos especiais, outros acessos que não são estradas, podem ser utilizados,
sendo estes representados pelos túneis, planos inclinados, poços verticais e, até mesmo,
simples furos de sondagem (SENAI, 2013).
Segundo o SENAI, 2013 existem diferentes tipos de acesso em lavra a céu aberto.
A estrada de acesso se desenvolve por vários lances, com declividade compatível com
o tipo de transporte. Os diversos lances são concordados por curvas de grande ou pequeno
raio, plataformas horizontais ou plataforma de reversão de marcha. Apresentam a vantagem
de imobilizarem pequena área horizontal, com a desvantagem de uma baixa velocidade de
transporte. A figura 67 exemplifica o sistema de vias na forma de serpentina empregado na
mineração a céu aberto.
84
Figura 67: Mina de Carajás possuindo vias em forma de serpentina.
Fonte: (EBC, 2013).
ii) Sistema de Via Helicoidal Contínua
Usado para jazidas de grande área horizontal, em cavas profundas, este sistema se
constitui em uma via contínua, em hélice, apresentando lances planos e outros em
declividade. O acesso é executado à medida que vão sendo extraídas as fatias horizontais,
compreendidas no núcleo da hélice. A figura 68 exemplifica o sistema de vias na forma de
helicoidal empregado na mineração a céu aberto.
85
iii) Sistema de Planos Inclinados a Céu Aberto
86
Figura 70: Sistema de suspensão por cabos.
Fonte: (MINNET, 2013).
Um ou mais poços verticais, próximos da cava, são ligados aos bancos por travessas
dotadas de chutes, para carregamento de skips que farão o transporte vertical, descarregando
em silos na superfície. O sistema tem produção diária limitada, mesmo que o transporte
horizontal, até os chutes do poço, se faça por pás-carregadeiras. A figura 71 exemplifica o
sistema de poço vertical.
87
vi) Sistema de Ádito Inferior
Utilizados para minas lavradas em flanco ou, em casos que a topografia permite, para
lavra em cava. Consiste de um ádito sob o minério, associado a uma caída de minério que se
liga aos vários bancos por travessas. Do ádito o minério é transportado para chutes externos,
por veículos compatíveis com as dimensões de sua seção. A figura 72 exemplifica o sistema
de ádito inferior.
88
Figura 73: Sistema de funil.
Fonte: (MINNET, 2013).
i) Escavação ou Desmonte;
ii) Carregamento;
iii) Transporte;
89
iv) Descarga.
De acordo com Redaelli e Cerello (1998) existem ainda diferentes tipos de escavação
conforme a categoria do material.
Escavação Comum
90
Escavação de Rocha por Explosivos
Utilizado para material de terceira categoria, qual seja rocha sã ou pouco alterada que
não consegue ser escavada por métodos a “frio”.
91
4.6.3.2 Carregamento
4.6.3.3 Transporte
92
De acordo com Quevedo (2009) os pontos de descarga de material podem ser
divididos em três pontos.
Pilhas de Estéril;
Beneficiamento.
93
Figura 78: Transporte do minério para o seu ponto de beneficiamento.
Fonte: (ELABORADO PELO AUTOR).
4.6.3.4 Descarga
Estudo geral abrangendo a escolha das áreas mais favoráveis à disposição (descarga)
dos estéreis;
94
Investigação de campo e laboratório envolvendo mapeamento geológico e geotécnico,
amostragem de solos, rochas, determinação de parâmetros de resistência e capacidade
de suporte;
95
4.6.4 Recuperação da Mina
Reabilitação: Criar, no sítio onde existia a mina, condições para o uso do terreno
substancialmente diferentes daquelas existentes antes dos estabelecimentos de
mineração;
Recuperação: Termo mais amplo, correspondendo tão somente à tomada de ações para
o uso futuro do terreno para quaisquer propósitos.
96
A equipe encarregada do planejamento da recuperação da área degradada por
atividades minerais deve considerar os diagnósticos pregressos realizados nos estudos de
impacto ambiental que certamente identificaram características específicas da mina e do local
onde a mesma é instalada. Estas características dizem respeito aos aspectos físicos como a
topografia, geologia, solos, rede hidrográfica, entre outros; aos aspectos biológicos como a
vegetação e a fauna, bem como aos aspectos socioeconômicos e culturais da região
(GIRODO, 2005).
i) Curto prazo
Revegetação do solo;
97
ii) Médio prazo
Ressurgimento da fauna.
Utilização da área.
98
5 PROJETO BÁSICO DE UM EMPREENDIMENTO MINERAL
Para dar suporte a elaboração do projeto foi utilizado o software Topograph 98 SE.
Este software é utilizado para o processamento de dados topográficos, cálculos de volumes de
terraplenagem, projetos viários e elaboração de notas de serviço. Segundo a Char Pointer
(2010) desenvolvedora do sistema, este programa é destinado às diversas áreas da engenharia
e da construção que se utilizam de uma base topográfica no desenvolvimento de seus
trabalhos, como Edificações, Loteamento, Regularização Fundiária, Reflorestamento,
Irrigação, Mineração, Estradas, Barragens, entre outros.
Para uma melhor compreensão do projeto a ser realizado, o mesmo foi subdivido em
cinco etapas.
99
5.1 Localização e Situação do Empreendimento
A escolha de uma região a ser analisada deve ser baseada em fundamentos geológicos
juntamente com um profissional competente capaz de orientar todas as decisões que possam
ser tomadas. Este projeto não possui em seu escopo tais estudos prévios da região, de forma
que, o seu objetivo torna-se exclusivamente didático. Porém é importante destacar que todo e
qualquer projeto básico deve possuir um estudo minucioso da região onde se pretende instalar
um empreendimento mineral.
100
O local exato do empreendimento possui as seguintes coordenadas de amarração:
Latitude (19°45'44.26"S) e Longitude (42°08'43.27"O). A figura 81 mostra com clareza o
local onde se pretende instalar a mina.
101
Ao possuir os dados anteriormente mencionados, o programa Topograph 98 SE torna-
se capaz de gerar as curvas de nível do local levantado e por consequência modelar o terreno
tridimensionalmente. As figuras 82, 83 e 84 detalham este processo.
102
Figura 84: Modelagem tridimensional do terreno natural.
Fonte: (ELABORADO PELO AUTOR).
103
O presente projeto não possui tais informações do local onde será implantado o
empreendimento. Portanto, considerando o fato deste projeto básico não possuir a finalidade
executiva, mas sim de proporcionar a informação ao leitor sobre as suas etapas de elaboração,
o mesmo será baseado em um empreendimento mineral a céu aberto por bancadas, no qual
todos os parâmetros geotécnicos foram extraídos de minas que estão em funcionamento ou já
foram fechadas. Para obter os valores que serão empregados neste projeto, foi feita uma
média com os valores de três minas situadas no quadrilátero ferrífero, Minas Gerais
(GIRODO, 2005).
- Altura da bancada: 15 m
- Largura da bancada: 7m
- Altura da bancada: 10 m
- Largura da bancada: 8 m
- Altura da bancada: 10 m
- Largura da bancada: 7 m
104
Os parâmetros adotados pela média dos valores mencionados anteriormente estão
expressos a seguir:
Altura da bancada
Equação 5.3.1
15 + 10 + 10
h𝑏 = = 11,67 m ∴ h𝒃 =12 m
3
Largura da bancada
Equação 5.3.2
7 +8 +7
b= = 7,33 m ∴ b=7 m
3
Equação 5.3.3
60 +57 + 62
αB = = 59,67° ∴ αB = 60°
3
Equação 5.3.4
105
Possuindo as informações reunidas na tabela 4, é possível determinar qual será a seção
transversal utilizada no empreendimento, sendo a mesma mostrada na figura 85.
Para a execução desta etapa é importante que o local exato da mina e a sua geometria
final já estejam determinados. As figuras 86 e 87 mostram o projeto final do empreendimento.
106
Figura 87: Modelagem tridimensional da mina.
Fonte: (ELABORADO PELO AUTOR).
Os dados do local da mina e sua geometria final são inseridos no programa Topograph
98 SE, e o mesmo executa diversos procedimentos para chegar ao resultado final mostrado
nas figuras 86 e 87. Tais procedimentos possuem diversos detalhes que tornaria a sua
explicação bastante complexa, desta forma, não serão aqui pormenorizados.
107
Figura 88: Volume total de minério e estéril a ser extraído.
Fonte: (ELABORADO PELO AUTOR).
Para se possuir o valor exato do volume de minério e estéril a ser extraído é necessário
ter o conhecimento de dois parâmetros fundamentais.
Fator de Empolamento.
Segundo Ricardo e Catalani (2007) quando se escava o terreno natural, o material que
se encontrava em certo estado de compactação, proveniente do seu próprio processo de
formação, experimenta uma expansão volumétrica que chega a ser considerável em certos
casos. Entende-se como o empolamento do solo este ganho de volume ao ser escavado.
Por não possuir o valor exato da relação estéril / minério do projeto, foi gerada uma
tabela (Tabela 5) que apresenta várias possibilidades para o volume total de minério a ser
extraído, considerando diferentes valores de relação estéril / minério.
108
Tabela 5 – Tabela de Volumes de Materiais Extraídos no Empreendimento.
109
6 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES
Observou-se que a história do país possui uma íntima relação com a busca e o
aproveitamento dos seus recursos minerais, contribuindo de forma decisiva para o seu
crescimento e desenvolvimento. Foram também aqui destacados os pontos da economia
mineral brasileira e a sua forte influência no comércio mundial de commodities, bem como, o
alto valor de capital investido no setor da mineração.
Vale destacar que a mineração a céu aberto foi um dos principais assuntos abordados,
especialmente a lavra por bancadas (“open pit mine”), sendo este método de lavra
representado pelo seu uso corrente nas empresas brasileiras. Dentro desta questão foram ainda
apresentados os equipamentos e insumos empregados neste setor, bem como, as fases do seu
desenvolvimento: pesquisa mineral, desenvolvimento, operações de lavra e recuperação da
mina.
Cabe ressaltar que a mineração a céu aberto, de certa forma, possui grande influência
no meio ambiente, pois a sua exploração geralmente abrange grandes áreas. Desta forma, é
necessário que se possua um estudo detalhado da área explorada, visando sempre a sua
recuperação ambiental.
Por fim, o projeto básico realizado teve por finalidade apresentar as fases que devem
conter o estudo de um empreendimento sem, contudo, utilizar dados específicos de uma
empresa de mineração. Este estudo reuniu diversos artigos, com diferentes dados, formando
assim o corpo do projeto.
110
Para o caso de futuros estudos, recomenda-se que sejam feitos estudos minuciosos da
área apresentada no projeto básico. De posse dos dados específicos do local onde seria
implantando o empreendimento, o projeto passaria a conter dados reais, o que proporcionaria
uma maior confiabilidade.
111
7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Paulo: Cia. das Letras, 2004. 484p.
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Paginada.
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HERRMANN, H. et al. Código de Mineração de “A” a “Z”. 2. ed. Campinas, São Paulo:
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PINTO, M. S. Brasil 500 Anos: A construção do Brasil e da América Latina pela Mineração –
Aspectos da História no Brasil Colonial. Rio de Janeiro: CETEM/MCT, 2000. p 27-44.
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Mina a Céu Aberto. Rio de Janeiro, 2009. 133 p.
SCHUMANN, W. Guia dos Minerais. Barueri, São Paulo: DISAL, 2008. 127 p.
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http://www.time.com/time/photogallery/. Acesso em 20 de Julho de 2013.
118